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Nº 06 – MAIO/2016

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DO PARAÍSO AO DESERTO, DO FRACASSO AO TRIUNFO


O ambiente não seria tão hostil, se suas reais motivações não estivessem nas
palavras, escolhas e atitudes (Gên. 3.1-7; Mat. 4.1-11).

MAGNO VENTURA MARTINS1


Resumo
Entender quais as reais motivações, que levam o ser humano a agir de forma
a não analisar suas consequências, em uma tentativa de realizar ou não seus desejos,
seria a abordagem ou um analisar através do contexto das perícope de Gênesis e
Mateus, onde Adão e Eva fracassaram quando se esperava uma conduta sincera pelo
que Deus tinha requerido deles; e Jesus com sua cosmovisão pautada em um ideal
obteve êxito triunfando por meio de um diálogo hermenêutico que conduzia a uma
intencionalidade, que a lutar primordial não seria em confrontar a tentação, mas
confrontar os próprios desejos humano. Mesmo diante de uma desconstrução de uma
comunhão constante em um local singular, fica claro um projeto retratado de um lugar
hostil, mas que reconstrói os vínculos muito mais equilibrado e potencializados para
algo eterno.
Palavras-chaves: desejos, tentação, cosmovisão, abordagem, contexto

Abstract
Understand what the real motivations that lead human beings to act in ways
that do not analyze its consequences, in an attempt to perform or not their wishes,
would be to approach or look through the pericope of the context of Genesis and
Matthew, where Adam and Eve failed when it expected a sincere conduct for what God
had required of them; and Jesus with his worldview guided by an ideal succeeded
triumphing through a hermeneutic dialogue leading to an intentionality that the fight
would not be essential to confront temptation, but confront the very human desires.
Even before a deconstruction of a constant communion in a unique location, a portrait
design of a hostile place, but rebuilding the much more balanced ties and boosted to
something eternal is clear.
Keywords: desire, temptation, worldview, approach, contexto

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Magno Ventura Martins, Bacharelado em Teologia pela FCC – Faculdade Cristã de Curitiba –
possiblemagno@gmail.com
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Introdução
Até que ponto as atitudes por meio de escolhas levam o ser humano a
desconstruir ou construir um projeto de comunhão constante, no qual as palavras
criam vínculos e potencializam seus efeitos?
Analisaremos as perícope bíblicas ligadas ao paraíso, bem como o deserto,
extraindo as reais motivações que as mesmas procuram apresentar em suas
dinâmicas. Tal abordagem teológica coloca o paraíso e o deserto junto com suas
implicações no tocante ao caminho que permeia o fracasso e o triunfo, descrevendo
como estas atitudes e escolhas influenciam as ações do ser humano.
Encontramos nas perícope em análise tanto de Gênesis como de Mateus, um
relato de diálogo em que as estruturas textuais apresentam distinções mesmo que
ambas sejão narrativas, porém a finalidade dos textos é inerente procurando construir
uma ideia puramente pedagógica. Sendo assim as narrativas tem construções simples
ambientadas tanto no cenário do jardim do Éden bem como no deserto da Judeia2
entre Jerusalém e o Mar morto, sua particularidade está na transgressão ou não,
resultando de um diálogo tentador. Entende-se que a sugestão de ambos os textos
colocar em evidência o horizonte do mesmo sentido para alcançar o objetivo
independente de seus meios, ou seja o objetivo da tentação é deturpar a natureza
humana.

Extraindo as reais motivações


Pensando em ambas perícope, mesmo que o texto de Gênesis seja visto sua
plausibilidade literária como parte de uma narrativa com estrutura mítica3, e o texto de
Mateus como uma narrativa histórica, nossa proposta é demonstrar que as ações do
ser humano não estão condicionadas ao seu ambiente físico, ou influência do mesmo,

2
BÍBLIA ARQUEOLÓGICA, 2013, p.1673, nota 4.1
3
“O mito é o relato de um acontecimento originário, no qual os deuses agem e cuja finalidade é dar sentido a
uma realidade significativa” (CROATTO, 2001; 1996). “Quem formula o texto de um mito quer influenciar os
ouvintes ou leitores em determinada direção, pois o mito é uma projeção hermenêutica da realidade” (REIMER,
p. 98).
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mas que seu resultado parte de uma cosmovisão4 puramente reflexível de uma certa
circunstância.
No primeiro texto, a conversa gira em torno do que é bom para comer com
atrativo em dar desenvolvimento intelectual – “Porque Deus sabe que, no dia em que
dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o
mal” (Gên 3.5)5; já no segundo, algo que também é bom para comer e tende a suprir
uma necessidade, bem como a fazer uma possível demonstração de poder –
“...depois teve fome; e, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus
manda que estas pedras se torne em pães” (Mt 4.2-3)6. A finalidade de ambos os
diálogos é a mesma, a quebra de uma relação íntima e quase umbilical com Deus,
consumando a transgressão tanto desobedecendo quanto fazendo o seu próprio
querer, caracterizar-se ao interpelar e relativizar o que foi determinado por Deus. O
fato é quer no livro de Gênesis o diálogo questiona as ordens dadas por Deus, veja o
que afirma Venâncio:
A serpente, que nesse livro é o próprio Satanás, foi ter com Eva, sussurrando-
lhe algo como “sua boba, você não vai morre não, Deus só falou aquilo porque
não quer que vocês conheçam o bem e o mal como ele conhece”. Naquele
momento, algo horrível aconteceu: Eva acreditou na serpente, ou seja,
acolheu a mentira de que Deus não estava enunciando uma consequência,
sendo zeloso com eles, mas apenas protegendo sua própria imagem. Em vez
do bondoso Criador, Deus passou a ser, para Eva, apenas um egomaníaco,
um egoísta, que não tolerava possível competidores em suas qualidades.
“Satanás acusa Deus de falsidade, inveja e malignidade, e nosso primeiros
pais aceitam essa calúnia vil e execrável”. 7

Simultaneamente no Evangelho de Mateus o diálogo colocar a bondade de


Deus em dúvida. A conclusão do objetivo da tentação em ambos os textos é única,
perverter a natureza humana. A guarda e o cuidado com o jardim determinado por
Deus ao homem, não apenas estava relacionado ao ambiente físico, mas conforme o

4
S. F. Maneira subjetiva de ver e entender o mundo, esp. as relações humanas e os papéis dos indivíduos e o seu
próprio na sociedade, assim como as respostas a questões filosóficas básicas, como a finalidade da existência
humana, a existência de vida após a morte etc.; visão de mundo. (https://www.google.com.br).
5
BIBLIA DE ESTUDO PALAVRA-CHAVE Hebraico e Grego, p. 8
6
Ibidim, p. 996
7
VENÂNCIO, N.B. A mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã, p. 106
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texto (Gn 2.15-17), sua abrangência também envolvia o abstrato8, que logo após seria
fruto de um diálogo inteligente onde colocaria em evidência os reais anseios da
essência humana. Dever, comenta tal transformação passando do abstrato a uma
ação concreto: “Lemos sobre Eva olhando totalmente o fruto, debatendo com Satanás
sobre o que Deus falou e examinando a aparência e os efeitos do fruto. Ela até
comenta que o fruto é bonito de se olhar”.9
Não se sabe ao certo as motivações de Adão, todavia sua análise estava
condicionada e focada ao diálogo de Eva, tal pressuposto vem das traduções
(BJ/TEB/NVI) que alegam a presença de Adão ao debate (Gn 3.6). Dever, também
declara: “Adão, antes de tornar o pecado seu também, falhou em sua
responsabilidade de proteger e de guiar sua esposa”.10 E ainda conclui: “Há um Deus,
Ele o criou com a intenção e propósito e você falhou em amar e viver conforme o
propósito para o qual foi criado”11. Ao se referir ao mesmo assunto, Champlin diz: “Por
muitas vezes, as pessoas caem em tentação sob a plena luz do conhecimento. Há
tentações sutis que assaltam de súbito as pessoas”.12 Para Champlin, a mistura de
fraqueza e inocência seria o caminho ideal pelo qual as instruções de Deus fossem
invertidas, ele diz: “A mulher sabia quais eram as instruções de Deus. Embora Eva
tivesse falado em ter sido “enganada”, parece que sua dificuldade estava em sua
fraqueza interior, em meio mesmo à sua inocência”.13
Entender as reais motivações no Éden nos colocar diante do desejo de Deus,
em quere que homem e mulher imagens Dele (Gn 1.26), crescessem gradativamente
mediante as suas orientações, isso é retratado na proibição do consumo do fruto das
arvores do meio do jardim (Gn 2.16,17), bem como suas visitas ao homem, ou ao
casal (Gn 2.19; 3.8). Champlin, contribui afirmando: “Todavia, não podemos duvidar

8
Sub. Que exprime uma ação, estado ou qualidade. Refere-se a coisas inanimadas. Designa ideia ou conceitos,
cuja existência está vinculada a alguém ou a alguma coisa. (https://dicionarioinformal.com.br/abstrato).
9
DEVER, Mark. A Mensagem do Antigo Testamento. p. 71
10
DEVER, Mark. A Mensagem do Antigo Testamento. p. 71
11
Ibidim, p. 71
12
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo, p. 32
13
Ibidim, p. 32
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que essa participação gradual na natureza divina opera através da vontade do


Senhor”14. O caminho do crescimento partiu de uma outra maneira: “sereis como
deuses, possuindo o conhecimento” (TEB)15. No deserto com Jesus não foi diferente,
não havia o jardim nem as árvores, mas estava ali o senhor do jardim o detentor do
conteúdo das árvores. A responsabilidade em guardar e o cuidado tanto do que é
essencialmente divino bem como ao que está relacionado ao ser humano, dependeria
de suas escolhas e atitudes, no entanto não foi poupado aos questionamentos e a
plataforma de uma problemática de desobediência. No Éden, a verdadeira motivação
da tentação parte do pressuposto do crescimento passando por um caminho que não
era da vontade de Deus, no deserto seria a tentativa de mostra que a missão de Jesus
fracassaria diante da mesma argumentação, realizando sua própria vontade! O
Evangelista ao recitar três vezes na perícope “está escrito”, demonstra que em Jesus
seu comprometimento é irrefutável diante de seu Deus, e que o resultado de suas
ações seriam a mais pura obediência.
Relembro que ambos os textos identificam um diálogo, onde a força das
palavras assume um poder persuasivo de característica racional. Mas até que ponto
essas palavras podem ser destrutivas na vida do ser humano? A construção
argumentativa de um referido assunto tem sido um ponto chave dentro de um
determinado dialogo; passando a abordar dois polos, onde um cede à construção
argumentativa racional, e o outro que se contrapõe de maneira a fundamentar seus
princípios. Venâncio, afirma: “não deixe de apontar para uma visão muito simplista do
mal, como algo que acontece ao homem se ele não prestar atenção”.16 A falta de
atenção pode ser devastadora! Tais palavras podem ter um aspecto de algo coerente,
todavia é preciso cautela e analise cuidadoso para avaliar o que é importante, pois “o
mal não é algo desprovido de sentido e moralidade; logo, não pode ser combatido
com atos exteriores sem significado”.17 Dentro dessa compreensão mora um grande

14
Ibidim, p. 33
15
BÍBLIA TEB – Tradução Ecumênica, ed. Loyola, 1996.
16
VENÂNCIO, N.B. A mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã, p. 31
17
Ibidim, p. 31
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perigo, não havendo uma representação mental de valores ou de que se propõe a


viver, ocorre: “uma inversão que nos faz “chamar o mal de bem e o bem de mal” (Is
5.20). Essa inversão, ainda que não resultasse em atos externos, já seria suficiente
para configurar o mal como um reflexo da moralidade ao avesso”. 18 Ou seja, uma
afronta e uma recusa do amor de Deus e aos homens. Sim, pois a recusar não era
apenas do próprio Deus, mas também ao ser humano, e Venâncio deixa bem claro
isso, ao dizer:
Quando Deus cobrou dele a responsabilidade (porque ele era o líder: veja
1Co 11.3), apontou para o lado, acusando Eva e, por tabela, o próprio Deus:
“A mulher que me deste deu-me da árvore, e eu comi” (3.12). Não era mais
“osso dos meus ossos e carne da minha carne”, mas “essa ai que o Senhor
me deu”.19

O texto acima fala da atitude de Adão em transferir a responsabilidade de sua


falta a outro, de maneira a retrata o efeito do mal. Além de desobedece a Deus acusa
o outro por sua deslealdade, fica claro a quebra de comunhão entre o homem e Deus,
e o homem e seu próximo.
Perceba que ao contrário de Adão e Eva, Jesus conduziu o diálogo de forma
oposta, com a mesma incumbência que tinha o casal em aceita a submissão do amor
a Deus e trazer bênçãos à futura humanidade (Gn 1.28 [Frutificai, e multiplicai-vos, e
enchei]; cf. Lc 4.4). A inversão foi destrutiva! Pois segundo Venâncio: “impessoaliza
Deus (e o manipula à vontade) e subjetiviza a criação (simbolizável ao extremo),
divinizando o homem, que, mesmo frágil, se coloca como referencial absoluto”. 20 E
isso afundou a humanidade e desconstruiu um projeto de comunhão constante, cuja
a dependência em humildade não seria mais a “Razão Divina”, mas “atribuindo à
subjetividade humana um poder de realidade absoluta”. Venâncio, complementa:
“Por mais poderoso que sejam, nossos sentimentos não garantem a
realidade; é preciso uma exterioridade que nos ultrapasse, em todos os
sentidos: que contenha a realidade e nos contenha, ao mesmo tempo que é
mais do que somos em todos os sentidos, inclusive o da subjetividade. Só um
Deus pessoal cumpre essas exigências”.21

18
Ibidim, p. 31
19
Ibidim, p. 107
20
VENÂNCIO, N.B. A mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã, p. 36
21
Ibidim, p. 36-37
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Jesus veio para cumprir essa exigência, enfrentando a mesma dinâmica


adotada do jardim no deserto, utilizada pelos subterfúgios de um diálogo puramente
egocêntrico. Como homem estava em sua fragilidade humana, não cedeu as
afirmações do diálogo colocando-se humilde e submisso a “Razão Divina” sem se
projetar como referencial absoluto; o objetivismo de sua verdade era a importância
dada ao próprio Deus.
Entende-se que a afirmação de Deus era como uma ordem de instância
objetiva cujo seu descumprimento gerava uma consequência: “mas da árvore da
ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres,
certamente morrerás” (Gn 2.17)22. A ordem de Deus é objetiva e perfeita, mas a
natureza humana passou a apoiasse na subjetividade, “Certamente não morrereis”
(Gn 3.4)23, e a tarefa de Jesus era ainda maior que Adão e Eva que deveria apenas
resistir à tentação, além disso deveria subjugar a subjetividade humana. Venâncio
afirma:
Ele veio para dizer que só com ele essa ordem ideal de Deus é possível. Nele,
somos capazes de satisfazer o padrão objetivo divino, ao sermos purificados
por seu perdão. Nele alcançamos graça para não vivermos em pecado. Um
dia, ele restaurará todo a ordem do mundo, e não viveremos mais sujeito ao
pecado. Dessa forma, ele une as duas pontas em si, objetividade e
subjetividade, sem conflitá-las”.24

Essa duas pontas inimaginável foi trabalhada na vida e morte de Jesus, que
fora exposta como um resumo de sua história terrena, retratados na tentação. Sua
evidencia Richards chama de submissão, vejamos: “a tentação expande nossa mente
para que compreendamos a profundidade de sua submissão”25. Nessa compreensão
seu aprofundamento torna a submissão em uma característica peculiar ao ser
humano, passando assumir a forma de humilhação, sendo definido por Richards da
seguinte forma:

22
BIBLIA DE ESTUDO PALAVRA-CHAVE Hebraico e Grego, p. 7
23
Ibidim, p. 8
24
VENÂNCIO, N.B. A mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã, p. 160-161
25
RICHARDS, L. C. Comentário Bíblico do Professor, 2004, p. 615
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A humilhação de Jesus é chamada kenosis, que significa “esvaziar-se”. Paulo


desenvolver essa doutrina de forma resumida em Filipenses 2. Ele escreve:
“[Jesus], embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo
a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo,
tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma
humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de
cruz! ” (v.6-8).26

Sua real motivação era cumprir as ordens de seu Pai, e deixar claro sua
intenção de viver como ser humano na terra, pois tratava-se de vencer o pecado na
mesma esfera que o ser humano caiu (natureza humana). O recurso usado por
Satanás era o mesmo do Éden, comparando o caminho de crescimento na presença
de Deus, com o caminho proposto a Jesus, Richards diz: “O caminho para o trono
significa o cumprimento total da vontade de Deus. Não havia lugar para atalhos. Não
havia outro caminho”.27

Implicações para o fracasso e triunfo


Talvez a proibição de Deus exposta na perícope que estamos abordando em
Gênesis, foi uma similaridade com uma lei, onde sua ordem expressa o desejo de que
fosse obedecida, fazendo com que o conceito de impulso do ser humano pudesse ser
alvo de uma escolha justa. O diálogo trazia átona “a expressão dos seus pensamentos
e desejos mais profundos”28.
Como base nisso, uma certa compreensão torna-se necessária! Por serem
acadêmicos, não sei ao certo se John Grinder (Professor de Linguística) e Richard
Bandler (matemática/psicólogo), tiveram contato com os textos sagrados, porém o
desenvolvimento de sua pesquisa29 chama atenção por uma linha de raciocínio, para
tentar compreender as implicações no Éden. Em seu artigo, Marques faz um breve
resumo do que seja a PNL:

26
Ibidim, p. 615
27
Ibidim, p. 616
28
Ibidim, p. 160
29
PNL-Programação Neurolinguística, foi desenvolvida em meados da década de 1970, na universidade
da Santa Cruz, na Califórnia, pelo professor de linguística John Grinder, e o então aluno de matemática
Richard Bandler, e é fruto do movimento pelo Potencial Humano. http://www.ibccoaching.com.br/tudo-
sobre-coaching/coaching-e-psicologia/programacao-neurolinguistica/
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A PNL estuda como nossas experiências subjetivas, nossas concepções e


visões de mundo, demonstradas através da nossa linguagem, afetam nossas
ações. A Programação explica como organizamos nossos sentimentos e
emoções e as mobilizamos para alcançar nossas metas e objetivos. A parte
Neuro corresponde aos nossos pensamentos, e a Linguagem diz respeito à
maneira como utilizamos as palavras para influenciar as outras pessoas e a
nós mesmos.30

Tal diálogos em Gênesis, não tinham apenas uma forma simplória apenas de
um contexto literário, mas retrata a maneira persuasiva que podem canalizar
sentimentos e emoções para atingir um objetivo, onde a linguagem é instrumento
fundamental para promover esse impacto. Marques, demonstra ainda as posições
perceptivas que o ser humano tem sobre um determinado assunto:
A Programação Neurolinguística defende que temos três posições
perceptivas, ou seja, três modos distintos de ver uma mesma questão. Num
primeiro plano está o ponto de vista do EU – como eu penso, quais são os
meus valores, crenças, desejos, interesses. A segunda posição diz respeito
ao Outro, a forma com que concebemos a outra pessoa e seus sentimentos,
como nos colocamos no lugar desta. A terceira posição faz uma observação
sistêmica, de fora, de onde se observa a primeira e segunda posição, tecendo
uma terceira visão das duas perspectivas, sem necessariamente precisar
adotar uma das duas, mas para criar uma visão mais abrangente do eu e do
outro. Ao evoluir de um patamar único, e criar esta visão sistêmica, a PNL
defende que podemos mudar de três formas: 1 – Mudando o modo como
abordamos determinado assunto; 2 – Mudando nosso pensamento sobre o
assunto; 3 – Mudando nossos comportamentos31.

Seu objetivo é basicamente ensinar como o indivíduo pode trabalha sua


maneira de pensar, consequentemente sua forma de agir e por fim, o resultado de
alcançar o que se deseja. Sua dinâmica é demonstra que seu comportamento tem
intensão positiva mesmo que ela seja nociva, e que as escolhas das pessoas será
sempre o melhor para elas.
Passamos a percebe isso no texto, quando Eva demostra sua insatisfação ao
acrescentar a frase “Nem nele tocareis” (Gn 3.3), Champlin demonstra que:
Alguns eruditos pensam que a mulher adicionou isso à proibição divina, visto
que esse item não é mencionado antes. Mas há quem suponha que temos aí
um detalhe simples, sem maior significado, adicionado pelo autor sacro. Se
foi a mulher quem fez tal adição..., Os homens fazem adições à Palavra de

30
http://www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/coaching-e-psicologia/programacao-
neurolinguistica/
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http://www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/coaching-e-psicologia/programacao-
neurolinguistica/
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Deus, pervertendo-a ou dificultando a obediência a ela, e isso só aumenta o


peso da tentação32.

Venâncio, ao falar sobre camuflagens linguísticas, descreve que tal recurso


tende a entorpecer a consciência através de um procedimento que repetidamente
coloca no mal a etiqueta de bem, e/ou de um mal menor. Em sua argumentação
citando George Orwell, no que diz:
A linguagem pode ser um eficiente recurso para falsear a realidade,
camuflando o mal em bem. Atos ilícitos não são, portanto, nomeados, mas
disfarçados e/ou positivados com nomes novos – nomes neutros, nomes com
apelo emocional, nomes mais nobres ou pomposos33.

Champlin, ainda conclui: “O ludíbrio vindo de fora agora era ajudado pelo
autoludíbrio. A mulher disse a si mesma que seus desejos eram legítimos, e que esses
desejos deviam ser satisfeitos”34.
Diante disso, encontramos uma outra faceta dessas implicações,
chamada de orgulho, tanto no sentido de prazer (grande satisfação com o próprio
valor) quando pejorativo (sentimento egoísta), mostra a tentativa do ser humano em
ser independente de Deus, reivindicando direito do atributo divino da onisciência, fora
da vontade do Senhor. Champlin declara: “Vemos isso nos castigos que atingem o
orgulho dos que estavam envolvidos no problema”35. Na serpenta, sua locomoção e
alimentação seria as mais humilhantes; a mulher, desejos e liberdade dominados; o
homem, não mas mordomo e sim escravo (suor e dor).
É claro que tais observações, também alcança o texto de Mateus, no
qual diferenciam, nas condições intelectuais dos personagens. As investidas bem
fundamentadas e linguisticamente elaboradas, não foram suficientes aquém tinha
uma cosmovisão bem definida.
Para Jesus como ser humano, estava livre para demonstra suas
escolhas, e comprovar em ser um servo de verdade, mediante ao que Adão e Eva
rejeitaram, exercer domínio. O livre-arbítrio do ser humano é para suas escolhas e

32
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo, p. 32-33
33
VENÂNCIO, N.B. A mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã, p. 163
34
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo, p. 33
35
Ibidim, p. 161
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atitudes mesmo que seja para exerce domínio sobre si. Mas como fazer isso?
Richards, diz: “Ao escolher esvaziar-se e se humilhar, Jesus mostrou o caminho de
Deus para exercer domínio”.36 Ele ainda comenta: “Nosso alvo não deve ser o
egoísmo, e sim o auto-esvaziamento”37. Completando quer: “Jesus demonstrou seu
direito de reinar sobre o pior inimigo do homem – o próprio homem”38. A diferenciação
entre o fracasso e o triunfo, está intrinsicamente na demonstração da natureza do ser
humano, que é preciso um esforço, coragem e uma vontade de si próprio (autoridade)
para fazer com quer as regras do domínio seja ativado, e isso apenas é possível
através de Jesus. Richards conclui:
Devemos ganhar poder sobre nós mesmos: poder para humilhar-nos, para
submeter-nos a Deus, para renunciarmos aos nossos direitos, para obedecer.
Jesus demonstrou esse tipo de autoridade. Em sua humanidade, foi exaltado
acima do maior homem que o mundo conheceu. Foi o único capaz de
controlar seu mundo interior.39

Seu exemplo deve ser seguido, ao contrário da modernidade, que


atualmente cultua ao egoísmo, ao orgulho e a soberba e outras mazelas, colocando o
homem diante de conceitos camuflados de legitimidade, distorcendo sua visão interior,
afetando sua forma de pensar, conduzindo o homem a sua perca de identidade.

Atitudes e escolhas do ser humano


Deus tinha dado ao homem a liberdade de ser moral responsável, e com isso
adotar um sistema de valores cuja a habilidade está em suas atitudes e escolhas,
talvez isso diz respeito a questão em torno do homem, em ser igual a imagem e
semelhança de Deus, Richards declara bem isso, ao dizer: “O ser humano só seria
semelhante a Deus se tivesse liberdade para fazer escolhas morais e oportunidade
de escolher, não importando o tamanho do risco que tal liberdade envolvesse”. 40 A
fascinante estratégia da tentação maculou essa semelhança e imagem pelos efeitos

36
RICHARDS, L. C. Comentário Bíblico do Professor, 2004, p. 617
37
Ibidim, p. 617
38
Ibidim, p. 618
39
Ibidim, p. 618
40
Ibidim, p. 37
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dessas atitudes e escolhas, onde o conhecimento tão desejado revelou uma


experiência pessoal. Richards continua a dizer que tal experiência estava ligado a
liberdade, que agora transformava-se em Morte, que vai além da existência do final
da vida física, ele afirma: “Morte significa distorção da personalidade humana, a
deformação dos relacionamentos, a alienação do ser humano de Deus e de seus
caminhos”41, (cf. Ef 1.1-3).
Uma outra consequência é a consciência de culpa e vergonha, que os afastam
de Deus, e isso fica bem claro no texto Sagrado. O ser humano ao longo de sua
existência sofre os efeitos dessa tragédia, que fica retratada no linear da história da
humanidade. Richards, declara: “Nossas escolhas erradas, a culpa e a vergonha que
carregamos, a forma com que ferimos e prejudicamos os outros, tudo isso é prova
constante e sempre presente do que perdemos no Éden”42. Smith ao citar De Vries,
fala que o ser humana tem uma capacidade mais elevada que as dos animais (Sl 8.5-
8), mas quando o homem a usa de forma errada: “com frequência fazemos escolhas
errôneas e agimos de maneiras que resultam em fracasso, frustações, sofrimentos e
alienação de Deus e dos outros. Pecamos! ”.43 Para Smith, em sua argumentação ele
diz: “O pecado é quase sempre pessoal. É resultado de uma decisão consciente”44. E
conclui: “Os pecadores são responsáveis por suas escolhas, atitudes e ações”45.
Ao participar do desfrute, naquele momento buscavam conhecimento e
independência, foram frustrados ao descobrir que estavam nus. No comentário da
NVI, Bruce diz: “Aqui o sentimento de nudez, assume um significado simbólico ainda
mais profundo”46. Entender isso é descortinar um véu diante da nossa compreensão,
quando Kidner diz: “O homem viu o mundo que lhe era familiar, e o contaminou ao vê-
lo, projetando o mal sobre a inocência (cf. Tt 1.15) e reagindo ao bem com vergonha

41
Ibidim, p. 39
42
RICHARDS, L. C. Comentário Bíblico do Professor, 2004, p. 40
43
SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento, 2001, p. 272
44
Ibidim, p. 269
45
Ibidim, p. 269
46
BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI, 2009, p. 160
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e fuga”47. Quiseram encontrar algo benéfico, e por fim, o fracasso de uma atitude sem
reflexão, levando em consideração uma escolha de inversão: liberdade por
escravidão, independência por morte, firmeza por fraqueza. Encontraram sua própria
vergonha e medo, perceberam que estavam despidos de uma inconformidade que os
levariam a escondesse de Deus; tal frase parece contraditório, pois ninguém pode se
esconder de Deus, porém sua conotação demonstrava como foram infiéis ao Seu
querer e vontade.
Em contrapartida no Evangelho de Mateus, tal como um elo a passagem de
Gênesis, encontramos não apenas citações do AT, mas um campo de atuação (está
escrito), onde o que está por traz, é uma batalha hermenêutica, que segundo Beale e
Carson: “elas refletem o uso do AT como apoio ou reprovação a certos tipos de
comportamentos”48. Sabendo isso, seus ataques promovendo a tentação, parte de
uma compreensão audaz, Beale e Carson, afirma: “Ele está interessado em descobrir
que tipo de Filho é Jesus”49. A utilização da mesma complexidade aplicada com Eva
e Adão no Jardim Jesus é submetido, conforme a afirmação de Bruce: “lutar contra as
sugestões de Satanás”50.
A tentativa do Diabo é fazer com que a escolha de Jesus, em sua condição
humana, assuma uma ação que evite o querer de Deus, porém, a refutação de Jesus
mostra que satisfazer sua necessidade humana, “manda que estas pedras se tornem
em pães” (Mt 4.3), não é tão importante quanto realizar a “Palavra de Deus”. Com
base ao uso das fontes judaicas, e a expressão do contexto histórico do AT, onde
tomando como princípio o sustento pelo maná dado por Deus ao povo de Israel no
deserto, é contextualizado por Filo ao dizer: “terem em mente o fato de que Deus é
sempre capaz de nutrir e preservar seu povo”51, e que Jesus apresenta tal princípio
demonstrando que seu sustento vem de Deus e não de sua própria vontade. Para

47
KIDNER, D. Gênesis: Introdução e Comentário, 2001, p. 65
48
BEAKE, G. e CARSON, D. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento, 2014, p. 18
49
Ibidim, p. 18
50
BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI, 2009, p. 1651
51
BEAKE, G. e CARSON, D. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento, 2014, p. 18
67
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Bruce, a sugestão de Satanás é: “usar seu poder sobrenatural para a satisfação de


suas necessidades puramente materiais”52. A hermenêutica empregada é
dependência de Deus! Para Beale e Carson: “Jesus está extraindo a essência do
princípio moral ou espiritual eterno contido no texto de Deuteronômio (8.2-4) e
aplicando-o àquela tentação”53. Exercer esse princípio, é a resposta ao pedido do
Diabo, de legislar com poder divino em causa própria e dizer que não está disposto a
depender de Deus no que lhe for peculiar.
Uma outra face da tentação, está na segunda investida que o Diabo faz em
sua conjectura, distorcendo o texto Sagrado para atrair Jesus para o pecado (Mt 4.5-
6). O Senhor deixa claro que ninguém pode levar Deus a pecar (fazer o mal cf.Tg
1.13), ou tão pouco submetê-lo a prova (tentação, Dt 6.16). Mas ao se utilizar da
obediência a Deus, retratando em uma conduta correta, marcada pelo que é bom,
Jesus neutraliza a ação do mal ao afirmar “Não tentarás ao Senhor, teu Deus” (Mt
4.7). Beale e Carso declara: “Jesus está aplicando o princípio de Deuteronômio ao
seu comportamento pessoal como ser humano obediente e não as ações de
Satanás”54. Em outras palavras: não tentarei o meu Deus!
É interessante que as palavras de Jesus ao cita Deuteronômio 6.16, não
apenas adota uma postura de comportamento, pois o versículo aponta para o que
aconteceu em Massá, onde o povo de Israel colocando Deus à prova, dizendo: “o
Senhor está ou não no meio de nós? (Êx. 17.7). A tentativa de Satanás era fazer Jesus
se auto revelar, fora da glorificação do próprio Deus, e assim ser desobediente a sua
vontade. Será que tal pensamento gerava uma dúvida, se realmente estava conosco
a personificação do próprio Deus? A intensão era a demonstração de sua disposição!
Se Deus estava conosco seu poder se revelaria. Bruce, afirma: “testar o poder e a
disposição de Deus para protegê-lo ao se envolver numa escapada insensata e
irrefletida, mergulhando da parte mais alta do templo”55. Tal sugestão demoníaca,

52
BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI, 2009, p. 1651
53
Ibidim, p. 19
54
BEAKE, G. e CARSON, D. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento, 2014, p. 21
55
BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI, 2009, p. 1651
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sendo levado em consideração a localização, teria mais um motivo, que segundo


Bruce: “seria conseguir adeptos”56. A artimanha da tentação não tem limites, e o texto
Sagrado (Sl 91) é colocado como proposta a enfatiza uma provável guarda e proteção
de Deus. Conforme as tradições judaicas, tal proteção tem interpretação exegética no
foco contra os demônios, segundo Beale e Carso: “o salmo 91 é compreendido como
um texto a ser usado na liturgia exorcista”57; ele ainda conclui: “Assim o uso desse
salmo por Satanás na narrativa da tentação é impressionante, por que o poder
oferecido a Jesus é na realidade um poder a ser usado contra o maligno”58. É tal
compreensão da tradição interpretativa, é visto como alusão ao correlacionar o texto
de Lucas 10.19, onde Jesus habilita seus apóstolos a dominar os poderes do mal;
cumprindo assim o que foi falado no Gênesis: “E porei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua semente e a sua semente; Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar” (3.15). Jesus tinha em suas mãos as armas mais poderosas para vencer a
tentação, atitude e escolha, e elas seriam exercidas de forma humana.
A investida continua (Mt 4.8) só que visando a missão de Jesus. A essência
dessa tentação era destruir com toda a possibilidade de cumpri o projeto de Deus de
forma correta, sua intencionalidade era atingir o coração humano por meio de
concessões, através de acordo (Mt 4.9). Bruce diz: “Satanás sugeriu caminhos mais
fáceis de conquistar o coração dos homens e de cumprir sua missão do que o caminho
da cruz que estava diante dele”59. Sua confusão teológica, promovida pelo Diabo, era
fazer com que Jesus evitasse o caminho do sofrimento que terminaria na cruz. Jesus
poderia assumir um outro caminho, mas não o fez! Tasker afirma:
Fugir do caminho da cruz pela desobediência à sua vocação de Servo
Sofredor, desprezado e rejeitado pelos homens sobre quem recairia a
iniquidade de todos nós, foi a mais forte e mais persistente tentação de Jesus.
E, de acordo com o relato de Mateus, foi o ponto alto das tentações no
deserto. Jesus foi, de fato, tentado a aceitar a doutrina diabólica de que os
fins justificam os meios, ou seja, que, uma vez obtida a soberania universal
no final, não importaria como ela houvesse sido atingida. A segurança
falaciosa era de que, se os meios pelos quais uma coisa fosse atingida

56
Ibidim, p. 1653
57
BEAKE, G. e CARSON, D. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento, 358
58
Ibidim, p. 358
59
BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI, 2009, p. 1652
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fossem corruptos, a coisa em si não seria afetada pela corrupção do


processo. Mais uma vez o diabo estava citando a Escritura na base do “ faz
de conta”60.

Ao resplendor de ser reconhecido pelo Diabo como o Messias através da


expressão “filho de Deus”, ele não tinha o direito de barganhar com o que não era seu,
mas cabe aqui entender, que o fato da posse passaria pela entrega do próprio Deus.
Mas uma vez Satanás procura usurpar o lugar de Deus na colocação: “ Tudo isso te
darei se, prostrado me adorares” (Mt 4.9). Bruce cita Sl 2.8, em afirmar: “Essa
promessa deve ter se fixado na mente de Jesus desde que a voz no batismo tinha
citado as palavras anteriores: “Tu és o meu Filho amado” (Lc 3.21; Sl 2.7). O que
pertencia a Deus e só este poderia dar, ele não aceitaria de nenhum outro” 61. Jesus
não iria por esse caminho! Veja o que Morris diz:
“Para Jesus, significava virar as costas à Sua vocação. Seu reino era de um
tipo bem diferente (Jo 18.36-37). Já se identificara com os pecadores que
viera salvar (3:21). Isto significava que seguiria o caminho da humildade, não
aquele da glória terrestre. Significava que Ele teria uma cruz, não uma coroa.
Procurar a soberania terrestre era adorar à maldade, e Jesus decisivamente
a renunciou. Mais uma vez, apelou à Bíblia (Dt 6:13), indicando que a
adoração a Deus é exclusiva. Nenhum outro deve ser adorado senão Ele”62.

A cosmovisão de Jesus tinha além de tudo uma postura puramente ética


diante de Deus, e isso fazia a diferença. Seu ideal partia de uma visão que o próprio
Deus tinha agora do homem, um significado onde o tentador não conseguia absorver,
pois a dinâmica da tentação mostra isso, tanto quanto as partes que implicar a
natureza humana no relato da tragédia dos seus desejos.

Ideia puramente pedagógica


Encontramos no texto Sagrada uma autoridade que reflete uma liberdade,
onde as escolhas e atitudes são feitas na essência do livre-arbítrio. Sem regras, mas
por uma vontade puramente natural. Para a contemporaneidade o termo autoridade
passa a andar de braços com a sujeição, que é uma derivação para minimização do

60
TASKER, R. V. B. Mateus: introdução e comentário, 2006, p. 43
61
BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI, 2009, p. 1652
62
MORRIS, Leon L. Lucas: introdução e comentário, 2007 p. 99
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caos, segundo Richards: “O tema da autoridade e sujeição é introduzido aqui somente


após a queda”63. Ele ainda conclui: “Com o pecado, porém, a harmonia da ordem
natural foi destruída. Cada um de nós agora tem de viver sob a autoridade de alguém.
As sociedades ou famílias só conseguem conduzir vidas saudáveis quando existem
padrões de autoridade”64. Tal padrão seria a prerrogativa de controle, onde o ser
humano não vive mais sem uma regra, pois assim tudo se tornaria um caos. O texto
nos diz que perdemos o controle de si próprio! Nos evangelhos sintipos de Mateus e
Lucas, novamente encontramos a autoridade como reflexo da liberdade disposto na
perícope da tentação, Richards diz que: “Jesus demonstrou a liberdade que
possuía”65. E todas as vezes que era interpelado por Satanás não assumia a postura
de tentado, e sim que suas indagações tinham caratê de confrontamento da sua
natureza humana, que lhe fazia mostra sua liberdade em poder agir de maneira
voluntaria mediante ao que “está escrito”. É o que segundo Richards afirma: “Ao
provar que a liberdade é possível”66. Em outras palavras, sou livre para obedecer!
Uma outra ideia é, por quando o ser humano pode ser comprado? E pelo que
lutamos? Champlin diz que Jesus: “sentiu, em sua própria consciência, a dificuldade
de alguém ser justo neste mundo; ele sentiu sobre si mesmo a pressão das razões e
atrações que inclinam os homens ao pecado, para que escapem do sofrimento e da
morte”67. A corrupção do gênero humano, que assumiu forma através da nova maneira
de pensar dos nossos antepassados, tornou o ser humano vulnerável na medida que
a fraqueza aos anseios pertinentes a queda no Éden lhe molda como perfil, passando
a não ser honesto com seus reais valores, sendo vendido a preço de propinas para
uma vida completamente deformada e aparentemente livre de infortúnios. O ser
humano é comprado por qualquer valor que lhe traga satisfação própria, lhe
demonstrado uma falsa conquista pelo que se propôs lutar. Para Jesus vencer seus

63
RICHARDS, L. C. Comentário Bíblico do Professor, 2004, p. 42
64
Ibidim, p. 42
65
Ibidim, p. 750
66
Ibidim, p. 750
67
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo, Vol.5 p. 523

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maiores temores, não estava em jogo apenas seu êxito, mas a existência de todos
aqueles que por Ele haveria de viver conforme sua plausibilidade.

Conclusão
É preciso observar que tal estrutura e principalmente a propostas das
perícope envolvidas, leva a evidencia de um mal puramente inteligente, foçando a
capacidade do ser humano em extrair considerações mediante a forma como a
tentação é trabalhada. Vale aqui entender, que os pontos refletidos são a ponta de um
grande iceberg, que em partes mostra suas intenções na tentativa de corromper a
natureza humana, e por fim, frustra os caminhos de um projeto de reconciliação
através de escolhas e atitudes erradas, que apenas favorece ao ego do próprio
homem.
Se as mesmas indagações surgem não importando o distanciamento de
tempo entre os eventos, em contrapartida é necessário que alguém aborte as
estratégias contraria a vontade de Deus, e assuma a responsabilidade em querer
defender interesses de conceitos que beneficie toda humanidade.
É necessário encontra as reais motivações, e pôr na balança os contras e
poréns, que justifique contundentemente as ações que vierem a ser promovidas. Não
se pode envolver interesses menores, nem tão pouco se conivente! É preciso
combater com conhecimento de causa, “está escrito” é o mesmo que dizer: tenho
conhecimento e sou capaz de defender aquilo que me convém, não cederei as
formulações por mais que argumentem como fins, sem que seus meios não sejão
legítimos. Não se pode pula etapas, é preciso uma cosmovisão definida, e acima de
tudo ter uma interpretação cognitiva, que nos ajude a defender contra ataques
externos e principalmente desejos que ecoa vindo do próprio homem.
A estrutura do fazer por meios de palavras, pode ser canalizado e
potencializa-lo em direção tanto do bem quanto do mal, mas o controle, cabe ao ser
humano lutar com suas forças a evitar consequências desastrosas. Em Jesus

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alcançamos equilíbrio, é nele que as tentações assumem um outro papel, é partindo


dele que a forma de padrão ideal é alcançada passando pelo crivo da tentação.

REFERÊNCIAS

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BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento – São Pulo:


Editora Vida, 2009.

CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo: 2a


Edição, Volume 1 – Hagnos – São Paulo, 2001.

CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol.5,


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CROATTO, José Severino. O mito como interpretação da realidade: considerações


sobre a função da linguagem mítica na estrutura mítica do Pentateuco. Revista de
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CROATTO, José Severino. Linguagem da experiência religiosa. São Paulo:


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DEVER, Mark. A mensagem do Antigo Testamento: uma exposição teológica e


homilética. 1a Edição, CPAD, Rio de Janeiro, 2008.

KIDNER, Derek. Gênesis: Introdução e Comentário – série cultura bíblica, São Paulo:
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REIMER, Haroldo. Forma e Lugar de gênesis 3 na história da religião hebraica.


Fragmentos da cultura, Goiânia, v. 19, n.1/2, p. 91-109, jan/fev. 2009.

RICHARDS, Lawrence C. Comentário bíblico do professor: um guia didático


completo para ajudar no ensaio das Escrituras Sagradas do Gênesis ao Apocalipse;
tradução Valdemr Kroker e Haroldo Janzen – São Paulo: Editora Vida, 2004.

SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento: história, método e mensagem –


São Paulo: Vida Nova, 2001.

VENÂNCIO, Norma Braga. A mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã – São


Paulo: Vida Nova, 2012.

http://www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/coaching-e-
psicologia/programacao-neurolinguistica/ IBC – INSTITUTO BRASILEIRO DE
COACHING - Jose Roberto Marques.

http://www.dicionarioinformal.com.br/abstrato.

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