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Um Breve Panorama da História da Música “Erudita” Ocidental.

Por Karine Teles Alves

Introdução

Antes de traçarmos um breve panorama da História da Música Erudita Ocidental, faz-se


necessário delimitar sobre o que a mesma trata, já que o campo de estudo em música é amplo:
abordando desde o Popular – a música dos emboladores nas feiras populares - até o Sinfônico – a
música das grandes orquestras. Vemos claramente que os termos utilizados para intitular tal música
referem-se ao material culto e bem estudado (acadêmico), por isso o uso do termo “erudito”, da música
produzida num determinado período da história do ocidente, desde o século IX até hoje.
Ao delinear um panorama histórico da produção musical erudita, pontuamos determinados
momentos onde uma sociedade estruturou de maneira única uma música igualmente única, pois, a
música é uma expressão simbólica de como uma sociedade é, produzindo sonoramente o que
determinados contextos sociais, culturais, econômicos, filosóficos e políticos refletem. Stefani afirma
que : “Porque as pessoas criam a música, elas reproduzem na estrutura básica de sua música a
estrutura básica de seus próprios processos de pensamento” (STEFANI, 2002). A exemplo, toda
clareza da forma-sonata “Mozarteana” que descodifica o pensamento iluminista vigente no século XVI.
Merriam, em The Anthropology of Music, caracteriza a música através da seguinte definição:

O som musical é o resultado de processos comportamentais humanos que são


modelados pelos valores, atitudes e crenças das pessoas que compartilham uma
determinada cultura. O som musical não pode ser produzido exceto por pessoas
para outras pessoas, e embora possamos separar os dois aspectos (o aspecto
sonoro e o aspecto cultural) conceitualmente, um não está realmente completo sem
o outro. O comportamento humano produz música, mas o processo é contínuo; o
comportamento é amoldado para produzir som musical, e assim, o estudo de um
converge para o outro (MERRIAN, 1980).

Cabe ressaltar que entender o background de um gênero musical é tão importante quanto ouvi-
lo, trazendo mais significado a escuta de uma determinada obra. Ao passarmos pelas etapas
cronológicas da História da Música, estaremos abordando períodos artísticos e os contextos específicos
que o geraram, pois, existem fatores antropológicos determinantes na construção de uma peça musical
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que vão além da música propriamente dita, bem como, existem elementos essencialmente musicais
que estão intrinsecamente ligados ao contexto a qual a peça foi gerada.
O nosso estudo abrangerá desde a estática monodia do cantochão medieval até a intensa
mutabilidade da música contemporânea, acompanhando as dinâmicas sociais, culturais e filosóficas no
qual estão inseridos seus elementos de maior expressividade e suas grandes obras.

Idade Média ( 800 – 1400 )


- Melodia - Um Instrumento de Fé

Por volta do século IX, com o fim do Império Romano,


a Europa estava destruída após séculos de dominação romana e
ataques bárbaros. As cidades, outrora grandes, se reduziram
a feudos murados e pequenas vilas rurais onde a única
instituição legítima era a Igreja Católica Apostólica Romana, que
dominava todo o Continente com seu poder religioso. A figura
do senhor feudal dominando a classe servil, era o centro da
estrutura sócio – política e econômica, onde o clero tinha a
função de legitimar esse poder, justificando as relações feudais como necessárias e imutáveis.
A Igreja Católica, com sede em Roma, matinha seus braços nos demais países através de
Mosteiros e Conventos. Essas construções se destacavam por sua monumentalidade, onde
predominava a horizontalidade de sólidas e pesadas paredes de pedra, com poucas aberturas para a
entrada de luz natural. Tanto seu interior quanto exterior, não possuíam ornamentos. “Essa austeridade
tinha a função social de pregar o desapego às coisas materiais, e a busca das coisas espirituais”
(RAMALHO, 1992).
O monasticismo confirmava a orientação transcendental do pensamento da Igreja, onde o
ascetismo era um ideal de vida. Nestas "fortalezas" sagradas os religiosos se refugiavam dos males
deste mundo mergulhando em atividades que os elevassem ao divino. A música assume, então, um
papel de veículo dessa transcendência, dando ênfase “a contemplação no lugar do envolvimento; o
idealismo no lugar do realismo; a instrução no lugar do prazer” (STEFANI, 2002).
A música litúrgica foi o padrão durante o período medieval ao liderar a hierarquia musical,
determinando a direção do desenvolvimento artístico como um todo. O Canto Gregoriano, instituído no
século VI pelo Papa Gregório I - responsável pela unificação dos ritos da Igreja Católica -, foi o
“princípio disciplinador” (SCHURMANN, 1985) da música na idade média.
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O seu caráter era monódico (uma única linha melódica), com textura monofônica monofônico
(sem acompanhamento) , seguindo o sistema modal (uso dos modos gregos) e com métrica irregular
(em notação rítmica, fluindo de acordo com o texto cantado) . A exemplo, um cantochão usado em
abadias na atualidade:

Arquitetura e Música Medieval

São características desta natureza que sem dúvida eram relevantes para dotar a
liturgia da austeridade pesada e opressora, também presente nas formas arquitetônicas do
estilo românico. Todas as características da Arquitetura Românica estavam presentes na
música desta época: a horizontalidade, gerada pela pouca diferença de altura entre a nota
mais baixa e a mais alta da melodia; a falta de ornamentos, pela ausência de "voltas" em
suas escalas; a já citada simetria; a unidade, pela estrutura harmônica em uníssono.
Além disso, suas pesadas e sólidas paredes de pedra, sua forma retangular com um
comprimento da nave muito maior que sua altura, e um teto em forma côncava (abóbada),
proporcionava um tempo de reverberação altíssimo, causando muito eco. Se a melodia e a
harmonia fosse complexa, o som ficaria "embolado". Com uma melodia simples e em uníssono,
o eco acabava gerando uma "polifonia" e um "contracanto" natural, pela superposição das
notas cantadas e do eco, criando um clima misterioso e místico.
Trecho do texto A História da Música de Fábio Lindquist.

A inspiração para as melodias viam dos Salmos bíblicos, onde solos e Coros, ou Coros
alternados, dialogavam (estilo responsório e antifônico). Essas melodias tornaram-se base (chão, daí o
termo cantochão) para composições subsequentes, pois, aos poucos, formaram-se artistas
profissionais tais como Leónin ( ? ) e Pérotin ( ? ) - ambos mestres-de-capela da catedral de
NotreDame (França) - que modificaram o estilo gregoriano, enriquecendo-o com: intervalos (4ª, 5ª e 8
ª), uma “nascente” independência de vozes ( movimentos paralelos e oblíquos) e mensuração
(pequenos padrões rítmicos ), ornamentos vocais (melisma) e contracantos que traziam traços das
canções populares dos aldeões.

O 'batismo' das notas musicais

Guido D’Arezzo(955-1050), monge beneditino,


utilizou as sílabas iniciais da primeira
estrofe do hino a São João Batista:

Utqueant laxis (dó) Para que possam


Resonare fibris ressoar as
Mira gestorum maravilhas de teus feitos
Famulli tuorum com largos cantos
Solve polluit apaga os erros
Labii reatum dos lábios manchados
Sancti Ioannis Ó São João
O ut passou a ser do por sugestão de Giovanni
Battista Doni.
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Livre da rigidez litúrgica estava a música profana, composta por danças e canções que reuniam
num mesmo canto várias melodias sobreposta (moteto), conduzindo a música em direção a polifonia .
Eis que surge na França a "Ars Nova" (polifonia erudita), que consistia numa simples forma de tirar
efeito de um som contra outro, "punctus contra punctus" (contraponto), tendo como grande teórico o
Bispo Filipe de Vitry.
Compositores ganharam evidência, entre eles, Guillaume de Machaut (1310-1377), poeta da
corte francesa de Carlos V, criador de cantigas e baladas profanas, também, o inglês John Dunstable
(?- 1453), responsável pela renovação da música medieval, ao empregar cadeias de acordes com
intervalos de terças e sextas ( falso bordão ) , prenunciando a “harmonia” renascentista.

Instrumentação típica da Música Profana Medieval


Obras Expressivas:
 Messe Notre Dame, a primeira missa polifônica, de Guillaume de Machaut;
 Motetos Veni Sancte Spiritus e Quam pulchra es – peças vocais que possuíam um
tratamento polifônico, de John Dunstable.

Renascimento ( 1450 – 1600 )


Esmero das Formas Vocais

No início do século XV, as monarquias desenvolviam um potencial


político independente ao encontrarem na burguesia (classe recém formada
por moradores de centros urbanos que detinham a forma econômica vigente
- o comércio) os meios necessários para a concretização do seu poder que,
até então, era exercido numa dependência quase absoluta da Igreja.
Com o surgimento de uma nova forma de organização social, política
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e econômica, há uma mudança de paradigma – de um sistema feudal, a uma economia urbana e


comercial . “ Essa mudança de mentalidade trouxe consequências pra todos os aspectos da
sociedade, inclusive na música” (STANLEY, 1994).
As cortes, agora enriquecidas, eram frequentadas por grandes comerciantes, que passaram a
assumir o papel de Mecenas - figura presente no financiamento de atividades artísticas. Surge o
conceito da arte como objeto de consumo, não cotidiano, destinado a satisfazer às necessidades de
contemplação e entretenimento da aristocracia. A música se converteria em espetáculo, onde os
melhores músicos passariam a serem disputados por sua fama.
O renascimento italiano é um retorno aos valores clássicos greco-romanos de equilíbrio, forma,
pureza, razão, proporcionalidade, antropocentrismo e humanismo. “ Tudo isso para enaltecer as
conquistas intelectuais e econômicas do Homem Moderno. No lugar das catedrais, o que interessa
agora são os palácios da corte e as mansões da burguesia capitalista” (PISCHEL, 1966).

A Música como Ciência

As ciências se desenvolvem incrivelmente, e são escritos tratados e regras para


reger todas as Artes. A Música passa a ser considerada ciência, como a Matemática e a
Astronomia, entre outras. De fato, a Renascença musical constituiu-se em uma arte que os
próprios compositores, cantores e instrumentistas sabiam estar aberta a experimentações e
inovações. A possibilidade de aventuras sonoras teve sua correspondência mais próxima com
as descobertas do Novo Mundo e a física de Galileu e Newton. Por outro lado, o que teve
em comum com seu tempo foi justamente o refinamento da sensibilidade, o ideal de
perfeição e grandeza, a ampliação de públicos educados e a incorporação de um espírito
humanista e cosmopolita.
Trecho do texto A História da Música de Fábio Lindquist.

A música polifônica ganhou sua mais requintada e complexa estrutura: o contraponto; com peças
que permitiam a exploração de multiplicação de vozes independentes, resultando numa melhoria e
maior domínio do sistema de notação musical e da harmonia ainda em construção. Regras e princípios
racionais tornaram-se fundamentais na manipulação da melodia, da harmonia e do ritmo no estilo
imitativo.
O virtuosismo passou a ser uma norma seguida por compositores como: Guillaume Dufay (1400-
1474), Josquin des Prés (1445-1521), William Byrd (1543-1623), Orlando de Lassus (1531-1594)
Giovanni da Palestrina (1525-1594); grandes nomes da música renascentista que destacaram-se por
suas habilidades em compor a várias vozes .
Gioseffe Zarlino (1517-1590) formulou as noções básicas da Tríade Tonal, estabelecendo que a
tônica, a dominante e a subdominante seriam, respectivamente, a primeira, a quinta e a quarta notas de
uma determinada escala. Essa invenção teórica trouxe novos recursos à música.
A música instrumental passa a ser vista como igual, ou até superior, a música vocal, surgindo o
interesse pelas peças destinadas a grupos instrumentais, tanto para audição, como para execução.
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Nascem os consorts, grupos instrumentais divididos por timbres semelhantes - whole consort - e
diferentes - broken consort.

.
Alguns estilos instrumentais Renascentistas

Canzona – Canções instrumentais;


Ricercar – Melodias exploradas em estilo imitativo ;
Tocata – Peças que exigiam grande habilidade ;
Variações – sobre melodias populares;
Fantasia – Peças marcantemente contrapontísticas;
Baixo Ostinado - Melodia no baixo e elementos
variados na parte superior.

No que se refere a questões “harmônicas”, a música renascentista ainda utiliza os modos


medievais, mas com muitas modulações, transposições e alterações cromáticas, havendo uma
preocupação quase que “harmônica” com a sobreposição das vozes. Os acordes de terças e sextas
eram usados em tempos fortes, mas os uníssonos, quartas, quintas e oitavas justas começavam e
terminavam a música.
A imitação de melodias inteiras ou trechos é mais frequente entre as vozes. Surge a subdivisão
binária, ou seja, notação métrica, e a fórmula de compasso. O uso dos consorts, demonstra a busca em
extrair um som homogêneo de uma massa sonora. Os grupos instrumentais e vocais saem das igrejas,
e ganham as salas principais de palácios e mansões burguesas.

Obras Expressivas:
 El Grillo , peça vocal profana que imita a sonoridade do inseto, de Josquin des Prés;
 Missa Papae Marcelli, peça inteiramente original sem qualquer cantus firmus, de
Palestrina;
 The Earle of Salisbary , pavana feita em homenagem ao 1 º secretário da Rainha
Elisabeth I grande incentivadora da música instrumental (de teclado), de William Byrd;
 Lagrime di San Pietro, coletânea de 21 madrigais dedicada ao Papa Clemente VIII de
Orlando de Lassus;
 Se la face ay pale, Missa de Guillaume Dufay.
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Barroco ( 1600 – 1750 )


A Ópera Barroca

A arte barroca emerge como manifestação de preferências de uma


sociedade. Neste ponto da história, a obra adequa-se às preferências dos
diversos encomendadores, e a ditadura do gosto dita as regras,
incrementando o comércio de arte, que seguia o jogo da oferta e
procura. Sendo uma característica marcante desse período a busca por
um caráter unitário das artes, inter-relacionando e englobando
manifestações artísticas diversas, na procura por uma arte total.
Em contraponto ao racionalismo renascentista, a expressão das
paixões e a dramaticidade da vida, encontram seu lugar na música,
ancorada pela filosofia-musical encontrada na teoria dos afetos .

A música viera estabelecer-se como a linguagem mais adequada sempre


que se tratava de expressar ou provocar certos sentimentos, emoções e
paixões, ou seja, os afetos humanos. Durante esse período, diferentes
estereótipos de certos estados emocionais foram traduzidos em temas
musicais que um compositor poderia usar para compor uma música.
(STEFANI, 2002).

As consequências desse novo espírito foram sentidas na exigência de um claro entendimento


das palavras cantadas, até então pelos coros polifônicos, que gradativamente foram substituídas pelo
canto individual com acompanhamento instrumental. Buscava-se centralizar na voz de um único cantor
a comunicabilidade musical, levando a simplificação das vozes sobrepostas, adequando a música a
uma nova concepção harmônica: a homofonia. Surge a figura do solista, apoiado por um baixo
contínuo. Nasce a melodia acompanhada.

Barroco e Reforma

A estreita integração da música com o texto, tanto melodicamente como ritmicamente,


se adequara aos ideais da recém-criada Igreja Protestante. Os instrumentos musicais,
antes proibidos, são incorporados no acompanhamento dos hinos. Lutero estabelece canções
de adoração congregacionais e vernáculas (na língua do povo). Esteticamente, isso
significou a adoção de ideais que eram mais próximos do homem comum e da realidade
natural da experiência cotidiana. A música congregacional necessitou de um estilo de
música mais apropriada para vozes destreinadas e linguagens vernáculas.

Trecho do Livro Música Sacra, Cultura & Adoração de Wolfgang Hans Martin Stefani.
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Outro sinal da mudança dos tempos foi o retorno às grandes tragédias gregas, agora cantadas,
que conduziria ao desenvolvimento da ópera na Itália. Esse gênero refletia a vida opulenta dos
burgueses ricos das cidades italianas desfrutando, desde o início, uma grande popularidade.
A Eurídece de Jacopo Peri (1561-1633) e Giulio Caccini (1550-1618)
fez tanto sucesso, que fez seguidores como Claudio Monteverdi
(1567-1643); que foi mais além, introduzindo na ópera a orquestra,
dinamizando a sua harmonia com acordes avançados para a época, e
aperfeiçoando o Melodrama, que se tornaria uma característica básica do
gênero.
A revolução monteverdiana estendeu-se, inspirando a formação de
grandes mestres do Barroco, como o alemão Heinrich Schütz
(1585-1672) e o ítalo-francês Jean Baptiste Lully (1658-1695) criador
das Trio-Sonatas. Com duas partes agudas e uma grave, esse gênero
foi um percussor da música instrumental do século seguinte.
Em sua expansão, a ópera barroca invadiu a igreja romana, que absorvendo o caráter teatral
dos Dramas Litúrgicos, inauguravam o gênero oratório que musicava a Paixão de Cristo e outros
episódios das Escrituras.
A ideologia barroca ao longo de sua jornada modificou-se, saindo do modelo de simplicidade
para um desejo de ostentar a opulência e magnificência, essa opulência se refletirá na música. A
polifonia tonal atinge grande complexidade com a Fuga - onde linhas melódicas independentes fogem
uma das outras e se entrelaçam numa trama de sons, mas com uma unidade precisa, baseada nos
princípios da harmonia agora estabelecida (sistema tonal). As linhas melódicas usam e abusam de
escalas ascendentes e descendentes, os acordes ficam complexos (diminutos), a música é
extremamente ornamentada e teatral.
Nesse mesmo período o progresso do artesanato
de instrumentos permitia a formação dos primeiros
virtuosi, que levaram a música instrumental até os salões
da nobreza. Tornaram-se então comuns as Orquestras
de Câmara (conjuntos de poucos intérpretes) e o
Concerto Grosso, o mais genuíno produto da criação
barroca. No Concerto Grosso, diversos instrumentos
disputavam prevalência com a orquestra, em vez de um
só, como acontece no concerto tradicional.
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A Sonata de Câmara transformou-se nessa época numa verdadeira suíte de danças,


distinguindo-se da Sonata da Chiesa, (ancestral da Sonata Clássica tocada apenas por piano, violino
ou violoncelo).
O grande vigor assumido pela música instrumental se explica, sobretudo, pelos talentos
excepcionais que se dedicaram a ela. Um deles foi Arcangelo Corelli (1653-1713), violinista e
compositor, tanto religioso como profano. Outro foi Antonio Vivaldi (1678-1741), criador de uma vasta
obra profana, principalmente violinística. Georg Philip Teleman (1681-1767) demonstrou preferência
pelos instrumentos de sôpro, tendo criado para eles um grande número de peças notáveis. Domenico
Scarlatti (1685-1757) escreveu para cravo e, assim como os franceses Jean-Philipe Rameau (1683-
1764) e François Couperin (1668-1773), com suas peças cheias de adornos e floreados.
Georg Friederich Händel e Johann Sebastian Bach, alemães e protestantes, dominavam
magnificamente a arte da composição, criando peças em quase todos os gêneros da música vocal e
instrumental. Ambos deram vida nova à polifonia e conduziram o estilo barroco ao apogeu.
Com a estruturação do sistema temperado, Bach revolucionou o sistema musical vigente, que
era baseado em intervalos sonoros desiguais. O primeiro volume do Cravo Bem Temperado foi
publicado em 1722, o mesmo ano em que surgiu o Tratado de Harmonia de Rameau. Os dois
acontecimentos, em conseqüência, efetivaram a nova ordem tonal, anunciando grandes períodos para
a música erudita ocidental.

Obras Expressivas:
 L'Art de toucher le clavecin , continha sugestões para dedilhado, toque, ornamentação
e outros aspectos da técnica para teclado, de François Couperin;
 Le quattro stagioni, concerto para violino e orquestra que trazia figurações de sons
naturais em suas linhas melódicas , de Antonio Vivaldi;
 Messiah, cantata considerada o maior repertório da língua inglesa de Georg Friedrich
Händel;
 Paixão segundo São Mateus, oratório de grande impacto dramático, e culminância da
paixão pela tradição vocal luterana, de Johann Sebastian Bach.
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Classicismo ( 1750 – 1800 )


Forma – O Ideal Clássico

O século XVIII é freqüentemente descrito como a Idade da


Razão, já que na medida que os filósofos e cientistas começavam a
desafiar os pressupostos tradicionais sobre a natureza da fé e da
autoridade, era posto em questão o poder ilimitado da Igreja e da
Monarquia.
Nas artes, o estilo Rococó suavizava a opulência do Barroco,
tendo como marcas a graciosidade e a frivolidade.
Na música, ficou conhecido como estilo galante, que estabeleceu sua base de leveza e
elegância, substituindo a escrita complexa da música barroca por melodias de grande fluência e
sentimentalidade.
Tendo como base filosófica o Iluminismo, o classicismo se constitui em um mergulho na cultura
da antiga Grécia e Roma, onde há modelos a imitar quanto a: clareza, simplicidade, moderação e
equilíbrio. Em termos práticos, significava um “afastamento da polifonia da música barroca e um maior
interesse por uma melodia e harmonia sem adornos, numa abordagem mais intelectual e distante”
(STANLEY, 1994).
Pela primeira vez na história da música, as formas instrumentais tornaram-se mais consideradas
que as formas vocais. A orquestra se torna o grande veículo da música clássica, suprindo a falta de
adornos, antes empregados em massa. A expressividade era dada, através da quantidade de
instrumentos, com predominância das cordas. Cabe ressaltar, que os classicistas, não pretendiam que
sua música fosse linguagem para cantar a religião, o amor ou qualquer outra coisa. Buscavam a pureza
total, a fim de que o mero ato de ouvir música bastasse para dar prazer. A perfeição da forma era o seu
ideal e a abstração completa o meio que viam para atingi-lo. E essa abstração eles obtiveram
desenvolvendo a Sonata Clássica (ou Forma-Sonata) e a Sinfonia. , sendo os dois filhos de Bach -
Johann Christian e Carl Philipp Emanuel – os responsáveis pelo amadurecimento dessas novas formas
musicais..
O compositor mais representativo do espírito classicista foi Joseph Haydn (1732-1809), autor de
uma obra vastíssima, na qual as possibilidades musicais da sinfonia foram exploradas com grande
riqueza inventiva.
Outra grande mudança classicista foi quanto a ópera. Cansados do "bel-canto" complicado e
obsoleto, alguns compositores decidiram renová-lo, voltando a melodia natural sem apelos
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sentimentais. Christoph W. Gluck (1714-1787) foi um dos promotores das mudanças no drama musical,
retirando qualquer sombra de virtuosismo vazio que agradasse os amantes da ópera bufa.
A maturidade do classicismo musical vem com a figura de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-
1791), cuja obra é considerada por alguns como a mais clássica de todo o século, escrevendo com a
mesma desenvoltura gêneros instrumentais e vocais, criando uma obra que só não foi mais extensa
devido à sua morte prematura.

O Classicismo e a Cultura Musical Européia


No período clássico um compositor poderia trabalhar
independente, tentando ganhar sua vida vendendo
músicas sob encomenda, ou através de espetáculos
públicos que, patrocinados por nobres ou burgueses,
representavam fontes potenciais de rendimento.
A maior parte das principais cidades podia
orgulhar-se de ter pelo menos um recinto público para
concertos, as salas de concertos.
A publicação de música tornara-se uma indústria com
bastante peso. As novas revistas que surgiam incluíam
críticas aos últimos concertos, juntamente com
conselhos úteis para o número crescente de músicos
amadores que desejavam tocar em casa. Técnicas
sofisticadas de fabrico tinha feito descer o preço da
maior parte dos instrumentos musicais, fato que
contribuiu para tornara-se moda adquirir um mínimo de
dotes musicais como um complemento social
indispensável.
Trecho do texto A História da Música de Fábio
Lindquist.

Obras Expressivas:

 Pequena Serenata Noturna K525, têm o material temático concentrado pontuando bem a idéia
da forma-sonata, de Wolfgang Amadeus Mozart;
 Sonaten für Kenner und Liebhabe, tida como obra fundamental do classicismo, de Carl Philipp
Emanuel Bach;
 Sinfonia nº45 em fá sustenido menor, nela os músicos paravam de tocar um de cada vez,
fechavam a partitura e saiam da sala até sobrarem dois únicos executantes no final, com o intuito
de demonstrar ao príncipe que eles mereciam um melhor tratamento, visto que eram
considerados meros serviçais do palácio, de Joseph Haydn;
 Orfeo ed Euridice, ao contrário das versões anteriores, iniciava-se com Euridice já morta, sendo
os personagens reduzidos a três. Com poesia simples e leve, de Christoph Willibald Gluck.
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Romantismo ( 1810-1910 )
A Liberdade de Criar

A palavra "romântico" tinha uma longa história, que vinha desde os antigos "romances" da Idade
Média “Este gosto pelo medievalismo permeava todas as artes. Na arquitetura, produziu o estilo gótico
revivalista. A música, mais precisamente a ópera, incorporava temas de fantasia e lendas medievais”
(STANLEY, 1994).
Regados pelos ideais de liberdade e fraternidade da Revolução Francesa, os românticos,
opunham-se ao classicismo, proclamando a superioridade da emoção sobre a razão, exigindo o direito
à livre expressão, elevando o poder da imaginação a um estatuto quase divino. A ideia do Romantismo
é de que algumas coisas não poderiam ser deduzidas apenas por meio de máxima sentença, e sim
através do sentimento, da emoção e da intuição. Por isso este estilo é conhecido pela maior
flexibilidade de formas musicais e procura focar o sentimento
transmitido pela música mais do que a própria estética
musical.
Os artistas, agora, podiam fazer tais afirmações,
devido ao fato dos seus patronos não serem mais as cortes
aristocráticas, e sim a classe média, que desfrutava dos
benefícios econômicos, culturais e sociais decorrentes da
Revolução Industrial, tornando-se um novo público,
permitindo a alguns músicos granjear grande fama.
Tendo um maior controle sobre suas carreiras, os compositores românticos tentaram, ao unir as
estruturas harmônicas de Haydn e Mozart e os conceitos de tonalidade herdados do Barroco,
aperfeiçoar a música erudita, buscando maior fluidez, maior contraste e suporte harmônico e orquestral
para suas obras, cada vez mais extensas. A forma de se compor mudava novamente. As mudanças de
tom aconteciam de maneira mais brusca que no classicismo, e as modulações ocorriam entre tons cada
vez mais distantes. Um dos recursos extremamente explorado foram as propriedades dos acordes de
sétima diminuta, que possibilitavam modular a praticamente qualquer tonalidade.
Beethoven – A transição

Considerado "O Napoleão da Música", e com razão. Indiscutivelmente, era único. Foi o
primeiro compositor a impor condições aos editores, numa desafiadora afirmação da sua
individualidade. O racionalismo do século XVIII não afinava com a sua natureza e ele o
deixou gradativamente de lado para compor com liberdade, dando plena vazão ao seu
temperamento impulsivo e violento, mas também sonhador e bucólico.
A ordem classicista estabelecia que o desenvolvimento de um tema sinfônico devia
conter um ponto de partida, criar uma tensão e depois aliviá-la com um afrouxamento,
Beethoven não se importou em ser o primeiro a romper com a tradição, com sua 1ª Sinfonia,
que principiava em tensão. E mais: em vez de minueto, o compositor deu ao terceiro
movimento uma forma aproximada à do scherzo.
A contradição esteve presente na vida e no trabalho de Beethoven. O grande 13
inconformado que afrontava o Classicismo compunha também sonatas clássicas, as quais, por
sinal, se tornaram célebres. Porém, no conjunto da sua obra, o mestre alemão foi coerente.
Deixou clara a superação do refinamento do velho Classicismo, denunciando o fim da
aristocracia e apontando o romântico mundo novo que estava pela frente.
A obra de Beethoven iria proporcionar a seus pósteros o modelo decisivo das
reformas.

Trecho da Apostila A Música Clássica de Fernando Magarian de Freitas.

Outra preocupação dos românticos era a natureza e suas belas e bucólicas paisagens. Com o
alastramento da Revolução Industrial e a crescente urbanização das cidades, o campo tornou-se o
ideal. Isso se refletiu nos projetos urbanísticos das "cidades jardins"; e na arquitetura, no estilo Art
Nouveau, com suas formas fazendo referência a temas florais.
As transformações do mundo puseram em primeiro plano o indivíduo, com seus conflitos,
inquietações, seus pesadelos e sonhos, indignações e esperanças. A corrente romântica teve assim
uma grande variedade de expressões. Paganini (1782-1840), com seu virtuosismo, expressava os
seus sentimentos desenfreados de paixão, ódio e loucura. Em seus seiscentos lieder, Schubert (1797-
1828) expunha a sua natureza terna e delicada. Mendelssohn (1809-1847) contava através da música
as suas impressões de viagem, nas sinfonias Italiana e Escocesa.
Na Itália, a ópera aderiu ao Romantismo e, consequentemente, teve que reformar os padrões de
interpretação até então vigentes. Agora, o cantor tinha que se dar inteiramente ao público e empolgá-lo
também por seu próprio talento teatral. As óperas do italiano Giuseppe Verdi (1813-1901) celebram o
realismo, trazendo intensa força dramática ao gênero. Influenciados por textos literários, Rossini (1792-
1868), Bellini (1801-1835) e Donizetti (1797-1848) tornaram-se os senhores da criação operística
romântica, que logo cruzou as fronteiras italianas e se popularizou em outros países.
Em contrapartida, uma crescente onda nacionalista fez compositores contextualizarem
suas obras musicais, trazendo o exotismo e a riqueza da música de raízes folclóricas para a música de
concerto. Essa construção rítmica e melódica, foi sem dúvida, uma das mais importantes para a
elevação do Romantismo ao seu nível mais alto.

O Nacionalismo romântico

Carl Maria Von Weber (1786-1826), germanizou a ópera, inspirando-se na mitologia


alemã. Seu herdeiro, Richard Wagner (1813-1883), que na busca de "uma obra de arte
integral", criou o Drama Musical. Este reunia a pintura, a poesia e a arquitetura, além da
música.
Em Paris, o polonês Frédiric Chopin (1810-1849) ganhou fama tocando ao piano as
mazurcas e polonaises que compunha, numa evocação dos ritmos típicos de sua terra. Por volta
da mesma época, um prodigioso pianista húngaro chamado Franz Liszt (1811-1886) percorria o
continente encantando as platéias com a agilidade rítmica das suas Rapsódias Húngaras.
Inspirado pela brilhante arte orquestral do seu contemporâneo Hector Berlioz (1803-1869),
introduziu o Poema Sinfônico.
Na Rússia, Michail Glinka (1804-1857) liderou um movimento nacionalista que originou o
famoso Grupo dos Cinco - Rimsky-Korsakov (1834-1908), Cesar Cui (1835-1918), Balakriev
(1837-1910), Borodin (1833-1887) e Moussorgsky (1839-1881). Afastando-se da música
ocidental, esses imaginosos autodidatas buscaram deixar de lado o sistema tonal tradicional
para cultuar os exóticos sons modais da música sacra eslava e do folclore russo.
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Pyotr Ilitch Tchaikowsky (1840-1893) também buscou dar à música da Rússia uma
expressão autêntica. Mas fêz o contrário dos "Cinco", assimilando da música ocidental de
Mozart, Berlioz, Liszt e Délibes muitos elementos que fundiu com os do patrimônio cultural
russo nas suas composições.
A Tchecoslováquia teve dois representantes notáveis do romantismo nacionalista:
Bedrich Smetana (1824-1884) e Antón Dvorak (1841-1904). Na Noruega, foi durante esse período
que surgiu o maior dos seus compositores: Edvard Grieg (1843-1907).

Chopin
Tchaikowsky
Berlioz
Liszt

Trecho do Texto Pequena História da Música autor desconhecido.

Obras Expressivas:
 Sinfonia Fantástica, o irracional, a loucura e o horror são temas comuns dessa peça
influenciada por alucinações induzidas pelo ópio, de Hector Berlioz;
 Sinfonia nº 9 em Ré Menor- Op.125, pela primeira vez é inserido um coral num movimento de
sinfonia, de Ludwig van Beethoven;
 Concerto Nº 1 para piano em Si Bemol Menor, Op. 23, foi inicialmente rejeitado por Rubinstein,
que o teve como mal-escrito e impossível de ser tocado, de Piotr Ilitch Tchaikovsky ;
 Der Ring des Nibelungen, é uma tetralogia de quatro óperas baseadas na mitologia germânica.
A obra levou vinte e seis anos para ser completada, exigindo cerca de quinze horas para ser
executada, de Richard Wagner.

Música do Século XX ( 1910 - 1980 )


Mordenismo e Vanguardismo

O final do século XIX é um período de crise : “a produção musical europeia perde sua
homogeneidade, o sistema tonal passa a ser questionado e surge uma multiplicidade de
direcionamentos novos e contraditórios entre si, que diversos grupos de músicos procuram imprimir à
sua produção” (SCHURMANN, 1989).
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A música no século XX constitui uma longa história de tentativas e experiências que levaram a
uma série de novas e fascinantes tendências, técnicas e, em certos casos, também à criação de novos
sons, tudo contribuindo para que este seja um dos períodos mais empolgantes da história da música. A
medida que aparece uma nova tendência, um novo rótulo surge imediatamente para definição, daí
resultando um emaranhado de nomes terminados em "ismos" e "dades". No entanto como iremos ver, a
maioria desses rótulos compartilha uma coisa em comum todos representam uma reação consciente
contra o estilo romântico do século XIX. Tal fato fez com que certos críticos descrevessem essa música
como "antirromântica". Dentre as tendências e técnicas mais importantes da música do século XX
encontram-se ¹ :

- Impressionismo e Nacionalismo -
Em 1900, o longo debate entre wagnerianos e não wagnerianos resultara em impasse: a
possibilidade de criar algo novo dentro do sistema tonal, já tão explorado. Os acordes da harmonia
convencional pareciam gastos demais. Os compositores idealizavam uma música que "exalasse
cheiro", "provocasse visões" e "sugerisse cores". Por tentarem encontrar uma saída, os alemães
Gustav Mahler (1860-1911) e Richard Strauss (1864-1949) foram considerados "ultramodernos".
Quase ignorado por seus contemporâneos, Claude Debussy (1862-1918) resolvia o problema
com uma concepção musical nova: O Impressionismo. Esteticamente,
Debussy visava uma arte de nuanças, que sugerisse em vez de descrever.
Para realizá-la, desenvolveu uma técnica que consistia em explorar o
encadeamento de acordes, os quais sugeriam várias tonalidades.
Enquanto isto, uma nova onda nacionalista corria a Europa. Na
Rússia, surgiram Proskofieff (1891-1953), Shostakovitch (1906-1975), Kabalevsky (1904) ; na Espanha,
Albéniz (1860-1909). Bartók (1881–1945) e Kodály (1882-1967), na Hungria, fizeram uma abordagem
científica recolhendo cantos folclóricos e estudando seus padrões rítmicos e melódicos -
frequentemente baseados em modos e escalas incomuns. O finlandês Sibelius (1865-1957), baseou
muitas de suas obras em lendas finlandesas, embora não usasse canções folclóricas, muitas de suas
músicas evocam a atmosfera de sua terra natal. Nos Estados Unidos, George Gershwin (1898-1937)
valeu-se do "jazz", em busca das fontes originais da expressão musical de seu povo.

¹ BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed 1986 , pg 68.
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Modernismo
As catástrofes sociais que abalaram o mundo na primeira metade do século XX mostraram o
quanto era falso continuar fazendo música em termos de passado. Pesquisas rítmicas, o ressurgimento
de formas musicais antigas para resultados modernos, o uso de várias tonalidades (politonalismo) ou
de nenhuma (atonalismo) não constituem mero exotismo. Simplesmente refletem, com a força do real, a
verdade da nossa época.
Quando Igor Stravinsky (1882) estreou a sua Sagração da Primavera, a 29 de maio de 1913, foi
um escândalo. mas o escândalo passou e a influência do compositor cresceu sem cessar, a despeito
de todos os ataques da crítica.

Dodecafonismo/ Serialismo
As investidas feitas por Wagner contra o sistema tonal foram retomadas por Arnold
Schöemberg (1874-1951) para realizar radical revolução. Schoenberg levou às últimas conseqüências o
cromatismo wagneriano, provocando a superação da tonalidade, levando a música à atonalidade.
Posteriormente, organizou um sistema para compor dentro da atonalidade: a Teoria do Dodecafonismo,
que se baseia na escala dos Doze Sons (sete tons e cinco semitons). Sua grande novidade é pretender
dar a cada um deles a mesma função numa obra musical. Vai formar novas séries ou escalas,
empregando livremente os Doze Sons da escala cromática.

Outras Tendências ( Trecho do Texto "A antimúsica para salvar a música” de Ana Bautista Ogando )

O francês Pierre Boulez, levou às últimas conseqüências o Dodecafonismo, explorando-o sob os


aspectos do ritmo, da dinâmica, do timbre, chegando ao Serialismo Total . Em 1948, ainda na França,
Pierre Schaeffer (1910) introduz a Música Concreta. Esta se baseia na pesquisa de "sons concretos",
como o barulho do avião, o tilintar de vidros, o canto das aves, etc., os quais são captados por
gravadores e tratados em aparelhos eletrônicos. Como decorrência disto surge a Música Eletrônica,
que emprega sons tratados em laboratórios, ao lado da Música Aleatória, que é organizada à medida
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que se processa a execução. Esses gêneros constituem o fenômeno mais recente e mais controvertido
de toda a história da música.
A máxima minimalista de Mies van der Rohe, que dizia que "Menos é mais", é levada às últimas
consequências fazendo surgir um estilo musical também denominado Minimalismo. Neste estilo a
estrutura melódica é composta de um mínimo de elementos, e nessas pequenas "células" melódicas,
que eram repetidas ad infinitum, vai sendo acrescentado material sonoro novo, o qual vai modificando,
quase que imperceptivelmente, o material melódico original.
Guiados pela moderna teoria da comunicação de massas, e tendo como lema a "antimúsica para
salvar a música", os compositores contemporâneos se permitem ter total liberdade para chocar ou
divertir o público.
A fúria, o desgosto, o estarrecimento e o entusiasmo provocados pelas apresentações dessa Música de
Vanguarda refletem com clareza o entrechoque de conceitos e a guerra de gerações que caracterizam
o momento atual.
É certo que a Música Contemporânea não se esgota aqui. Os recursos hoje disponíveis para a
criação sonora são muitos e variados. Largos horizontes se abrem e o mundo dos sons ainda tem muito
a oferecer. Mas os rumos que a expressão musical seguirá são imprevisíveis. Quanto a isso, não há
dúvida.

Obras Expressivas:
 Prelúdio à Tarde de um Fauno, ilustrada por instrumentos que realçam e colorem as emoções e
as impressões das passagens invocadas. Segundo o autor "…São na verdade sucessivos
cenários por onde se movem os desejos e os sonhos do fauno no calor da tarde", de Claude
Debussy;
 Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk, a crítica descreveu a ópera como "ruído ao invés de
música", de Dmitri Shostakovitch;
 O Pássaro de Fogo, um ballet baseado nos contos populares russos sobre o pássaro mágico
brilhante que é tanto uma bênção como uma perdição para o seu captor, de Igor Stravinsky;
 Pierrot Lunaire, composição feita em estilo atonal , de Arnold Schönberg;
 Étude aux chemins de fer, primeira peça completa com os seus experimentos, de Pierre
Schaeffer.
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REFERÊNCIAS

BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed 1986.
FREITAS, Fernando Magarian. A Música Clássica de Freitas. 2009.
LINDQUIST, Fábio. A História da Música .
MERRIAM, A. P. The Anthropology of Music, Evanston, Nortwestern University Press. 1980
OGANDO, Ana Bautista. "A antimúsica para salvar a música” .
PISCHEL, Gina – "História Universal da Arte" – Vol. 2 – São Paulo – Editora Melhoramentos – 1966.
_____________– "História Universal da Arte" – Vol. 3 – São Paulo – Editora Melhoramentos – 1966.
RAMALHO, Germán – "Saber Ver a Arte Românica" – São Paulo – Martins Fontes – 1992.
SHURMANN, Ernst F. – "A Música Como Linguagem – Uma Abordagem Histórica" – São Paulo – Ed.
Brasiliense – 1989.
STANLEY, John – "Música Clássica" – São Paulo, SP – Editora Livros & Livros – 1994.
STEFANI, Wolfgang Hans Martin - Música Sacra, Cultura & Adoração, Unaspress - Imprensa
Universitária Adventista (Engenheiro Coelho, SP 2002).

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