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Introdução
Cabe ressaltar que entender o background de um gênero musical é tão importante quanto ouvi-
lo, trazendo mais significado a escuta de uma determinada obra. Ao passarmos pelas etapas
cronológicas da História da Música, estaremos abordando períodos artísticos e os contextos específicos
que o geraram, pois, existem fatores antropológicos determinantes na construção de uma peça musical
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que vão além da música propriamente dita, bem como, existem elementos essencialmente musicais
que estão intrinsecamente ligados ao contexto a qual a peça foi gerada.
O nosso estudo abrangerá desde a estática monodia do cantochão medieval até a intensa
mutabilidade da música contemporânea, acompanhando as dinâmicas sociais, culturais e filosóficas no
qual estão inseridos seus elementos de maior expressividade e suas grandes obras.
O seu caráter era monódico (uma única linha melódica), com textura monofônica monofônico
(sem acompanhamento) , seguindo o sistema modal (uso dos modos gregos) e com métrica irregular
(em notação rítmica, fluindo de acordo com o texto cantado) . A exemplo, um cantochão usado em
abadias na atualidade:
São características desta natureza que sem dúvida eram relevantes para dotar a
liturgia da austeridade pesada e opressora, também presente nas formas arquitetônicas do
estilo românico. Todas as características da Arquitetura Românica estavam presentes na
música desta época: a horizontalidade, gerada pela pouca diferença de altura entre a nota
mais baixa e a mais alta da melodia; a falta de ornamentos, pela ausência de "voltas" em
suas escalas; a já citada simetria; a unidade, pela estrutura harmônica em uníssono.
Além disso, suas pesadas e sólidas paredes de pedra, sua forma retangular com um
comprimento da nave muito maior que sua altura, e um teto em forma côncava (abóbada),
proporcionava um tempo de reverberação altíssimo, causando muito eco. Se a melodia e a
harmonia fosse complexa, o som ficaria "embolado". Com uma melodia simples e em uníssono,
o eco acabava gerando uma "polifonia" e um "contracanto" natural, pela superposição das
notas cantadas e do eco, criando um clima misterioso e místico.
Trecho do texto A História da Música de Fábio Lindquist.
A inspiração para as melodias viam dos Salmos bíblicos, onde solos e Coros, ou Coros
alternados, dialogavam (estilo responsório e antifônico). Essas melodias tornaram-se base (chão, daí o
termo cantochão) para composições subsequentes, pois, aos poucos, formaram-se artistas
profissionais tais como Leónin ( ? ) e Pérotin ( ? ) - ambos mestres-de-capela da catedral de
NotreDame (França) - que modificaram o estilo gregoriano, enriquecendo-o com: intervalos (4ª, 5ª e 8
ª), uma “nascente” independência de vozes ( movimentos paralelos e oblíquos) e mensuração
(pequenos padrões rítmicos ), ornamentos vocais (melisma) e contracantos que traziam traços das
canções populares dos aldeões.
Livre da rigidez litúrgica estava a música profana, composta por danças e canções que reuniam
num mesmo canto várias melodias sobreposta (moteto), conduzindo a música em direção a polifonia .
Eis que surge na França a "Ars Nova" (polifonia erudita), que consistia numa simples forma de tirar
efeito de um som contra outro, "punctus contra punctus" (contraponto), tendo como grande teórico o
Bispo Filipe de Vitry.
Compositores ganharam evidência, entre eles, Guillaume de Machaut (1310-1377), poeta da
corte francesa de Carlos V, criador de cantigas e baladas profanas, também, o inglês John Dunstable
(?- 1453), responsável pela renovação da música medieval, ao empregar cadeias de acordes com
intervalos de terças e sextas ( falso bordão ) , prenunciando a “harmonia” renascentista.
A música polifônica ganhou sua mais requintada e complexa estrutura: o contraponto; com peças
que permitiam a exploração de multiplicação de vozes independentes, resultando numa melhoria e
maior domínio do sistema de notação musical e da harmonia ainda em construção. Regras e princípios
racionais tornaram-se fundamentais na manipulação da melodia, da harmonia e do ritmo no estilo
imitativo.
O virtuosismo passou a ser uma norma seguida por compositores como: Guillaume Dufay (1400-
1474), Josquin des Prés (1445-1521), William Byrd (1543-1623), Orlando de Lassus (1531-1594)
Giovanni da Palestrina (1525-1594); grandes nomes da música renascentista que destacaram-se por
suas habilidades em compor a várias vozes .
Gioseffe Zarlino (1517-1590) formulou as noções básicas da Tríade Tonal, estabelecendo que a
tônica, a dominante e a subdominante seriam, respectivamente, a primeira, a quinta e a quarta notas de
uma determinada escala. Essa invenção teórica trouxe novos recursos à música.
A música instrumental passa a ser vista como igual, ou até superior, a música vocal, surgindo o
interesse pelas peças destinadas a grupos instrumentais, tanto para audição, como para execução.
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Nascem os consorts, grupos instrumentais divididos por timbres semelhantes - whole consort - e
diferentes - broken consort.
.
Alguns estilos instrumentais Renascentistas
Obras Expressivas:
El Grillo , peça vocal profana que imita a sonoridade do inseto, de Josquin des Prés;
Missa Papae Marcelli, peça inteiramente original sem qualquer cantus firmus, de
Palestrina;
The Earle of Salisbary , pavana feita em homenagem ao 1 º secretário da Rainha
Elisabeth I grande incentivadora da música instrumental (de teclado), de William Byrd;
Lagrime di San Pietro, coletânea de 21 madrigais dedicada ao Papa Clemente VIII de
Orlando de Lassus;
Se la face ay pale, Missa de Guillaume Dufay.
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Barroco e Reforma
Trecho do Livro Música Sacra, Cultura & Adoração de Wolfgang Hans Martin Stefani.
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Outro sinal da mudança dos tempos foi o retorno às grandes tragédias gregas, agora cantadas,
que conduziria ao desenvolvimento da ópera na Itália. Esse gênero refletia a vida opulenta dos
burgueses ricos das cidades italianas desfrutando, desde o início, uma grande popularidade.
A Eurídece de Jacopo Peri (1561-1633) e Giulio Caccini (1550-1618)
fez tanto sucesso, que fez seguidores como Claudio Monteverdi
(1567-1643); que foi mais além, introduzindo na ópera a orquestra,
dinamizando a sua harmonia com acordes avançados para a época, e
aperfeiçoando o Melodrama, que se tornaria uma característica básica do
gênero.
A revolução monteverdiana estendeu-se, inspirando a formação de
grandes mestres do Barroco, como o alemão Heinrich Schütz
(1585-1672) e o ítalo-francês Jean Baptiste Lully (1658-1695) criador
das Trio-Sonatas. Com duas partes agudas e uma grave, esse gênero
foi um percussor da música instrumental do século seguinte.
Em sua expansão, a ópera barroca invadiu a igreja romana, que absorvendo o caráter teatral
dos Dramas Litúrgicos, inauguravam o gênero oratório que musicava a Paixão de Cristo e outros
episódios das Escrituras.
A ideologia barroca ao longo de sua jornada modificou-se, saindo do modelo de simplicidade
para um desejo de ostentar a opulência e magnificência, essa opulência se refletirá na música. A
polifonia tonal atinge grande complexidade com a Fuga - onde linhas melódicas independentes fogem
uma das outras e se entrelaçam numa trama de sons, mas com uma unidade precisa, baseada nos
princípios da harmonia agora estabelecida (sistema tonal). As linhas melódicas usam e abusam de
escalas ascendentes e descendentes, os acordes ficam complexos (diminutos), a música é
extremamente ornamentada e teatral.
Nesse mesmo período o progresso do artesanato
de instrumentos permitia a formação dos primeiros
virtuosi, que levaram a música instrumental até os salões
da nobreza. Tornaram-se então comuns as Orquestras
de Câmara (conjuntos de poucos intérpretes) e o
Concerto Grosso, o mais genuíno produto da criação
barroca. No Concerto Grosso, diversos instrumentos
disputavam prevalência com a orquestra, em vez de um
só, como acontece no concerto tradicional.
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Obras Expressivas:
L'Art de toucher le clavecin , continha sugestões para dedilhado, toque, ornamentação
e outros aspectos da técnica para teclado, de François Couperin;
Le quattro stagioni, concerto para violino e orquestra que trazia figurações de sons
naturais em suas linhas melódicas , de Antonio Vivaldi;
Messiah, cantata considerada o maior repertório da língua inglesa de Georg Friedrich
Händel;
Paixão segundo São Mateus, oratório de grande impacto dramático, e culminância da
paixão pela tradição vocal luterana, de Johann Sebastian Bach.
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sentimentais. Christoph W. Gluck (1714-1787) foi um dos promotores das mudanças no drama musical,
retirando qualquer sombra de virtuosismo vazio que agradasse os amantes da ópera bufa.
A maturidade do classicismo musical vem com a figura de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-
1791), cuja obra é considerada por alguns como a mais clássica de todo o século, escrevendo com a
mesma desenvoltura gêneros instrumentais e vocais, criando uma obra que só não foi mais extensa
devido à sua morte prematura.
Obras Expressivas:
Pequena Serenata Noturna K525, têm o material temático concentrado pontuando bem a idéia
da forma-sonata, de Wolfgang Amadeus Mozart;
Sonaten für Kenner und Liebhabe, tida como obra fundamental do classicismo, de Carl Philipp
Emanuel Bach;
Sinfonia nº45 em fá sustenido menor, nela os músicos paravam de tocar um de cada vez,
fechavam a partitura e saiam da sala até sobrarem dois únicos executantes no final, com o intuito
de demonstrar ao príncipe que eles mereciam um melhor tratamento, visto que eram
considerados meros serviçais do palácio, de Joseph Haydn;
Orfeo ed Euridice, ao contrário das versões anteriores, iniciava-se com Euridice já morta, sendo
os personagens reduzidos a três. Com poesia simples e leve, de Christoph Willibald Gluck.
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Romantismo ( 1810-1910 )
A Liberdade de Criar
A palavra "romântico" tinha uma longa história, que vinha desde os antigos "romances" da Idade
Média “Este gosto pelo medievalismo permeava todas as artes. Na arquitetura, produziu o estilo gótico
revivalista. A música, mais precisamente a ópera, incorporava temas de fantasia e lendas medievais”
(STANLEY, 1994).
Regados pelos ideais de liberdade e fraternidade da Revolução Francesa, os românticos,
opunham-se ao classicismo, proclamando a superioridade da emoção sobre a razão, exigindo o direito
à livre expressão, elevando o poder da imaginação a um estatuto quase divino. A ideia do Romantismo
é de que algumas coisas não poderiam ser deduzidas apenas por meio de máxima sentença, e sim
através do sentimento, da emoção e da intuição. Por isso este estilo é conhecido pela maior
flexibilidade de formas musicais e procura focar o sentimento
transmitido pela música mais do que a própria estética
musical.
Os artistas, agora, podiam fazer tais afirmações,
devido ao fato dos seus patronos não serem mais as cortes
aristocráticas, e sim a classe média, que desfrutava dos
benefícios econômicos, culturais e sociais decorrentes da
Revolução Industrial, tornando-se um novo público,
permitindo a alguns músicos granjear grande fama.
Tendo um maior controle sobre suas carreiras, os compositores românticos tentaram, ao unir as
estruturas harmônicas de Haydn e Mozart e os conceitos de tonalidade herdados do Barroco,
aperfeiçoar a música erudita, buscando maior fluidez, maior contraste e suporte harmônico e orquestral
para suas obras, cada vez mais extensas. A forma de se compor mudava novamente. As mudanças de
tom aconteciam de maneira mais brusca que no classicismo, e as modulações ocorriam entre tons cada
vez mais distantes. Um dos recursos extremamente explorado foram as propriedades dos acordes de
sétima diminuta, que possibilitavam modular a praticamente qualquer tonalidade.
Beethoven – A transição
Considerado "O Napoleão da Música", e com razão. Indiscutivelmente, era único. Foi o
primeiro compositor a impor condições aos editores, numa desafiadora afirmação da sua
individualidade. O racionalismo do século XVIII não afinava com a sua natureza e ele o
deixou gradativamente de lado para compor com liberdade, dando plena vazão ao seu
temperamento impulsivo e violento, mas também sonhador e bucólico.
A ordem classicista estabelecia que o desenvolvimento de um tema sinfônico devia
conter um ponto de partida, criar uma tensão e depois aliviá-la com um afrouxamento,
Beethoven não se importou em ser o primeiro a romper com a tradição, com sua 1ª Sinfonia,
que principiava em tensão. E mais: em vez de minueto, o compositor deu ao terceiro
movimento uma forma aproximada à do scherzo.
A contradição esteve presente na vida e no trabalho de Beethoven. O grande 13
inconformado que afrontava o Classicismo compunha também sonatas clássicas, as quais, por
sinal, se tornaram célebres. Porém, no conjunto da sua obra, o mestre alemão foi coerente.
Deixou clara a superação do refinamento do velho Classicismo, denunciando o fim da
aristocracia e apontando o romântico mundo novo que estava pela frente.
A obra de Beethoven iria proporcionar a seus pósteros o modelo decisivo das
reformas.
Outra preocupação dos românticos era a natureza e suas belas e bucólicas paisagens. Com o
alastramento da Revolução Industrial e a crescente urbanização das cidades, o campo tornou-se o
ideal. Isso se refletiu nos projetos urbanísticos das "cidades jardins"; e na arquitetura, no estilo Art
Nouveau, com suas formas fazendo referência a temas florais.
As transformações do mundo puseram em primeiro plano o indivíduo, com seus conflitos,
inquietações, seus pesadelos e sonhos, indignações e esperanças. A corrente romântica teve assim
uma grande variedade de expressões. Paganini (1782-1840), com seu virtuosismo, expressava os
seus sentimentos desenfreados de paixão, ódio e loucura. Em seus seiscentos lieder, Schubert (1797-
1828) expunha a sua natureza terna e delicada. Mendelssohn (1809-1847) contava através da música
as suas impressões de viagem, nas sinfonias Italiana e Escocesa.
Na Itália, a ópera aderiu ao Romantismo e, consequentemente, teve que reformar os padrões de
interpretação até então vigentes. Agora, o cantor tinha que se dar inteiramente ao público e empolgá-lo
também por seu próprio talento teatral. As óperas do italiano Giuseppe Verdi (1813-1901) celebram o
realismo, trazendo intensa força dramática ao gênero. Influenciados por textos literários, Rossini (1792-
1868), Bellini (1801-1835) e Donizetti (1797-1848) tornaram-se os senhores da criação operística
romântica, que logo cruzou as fronteiras italianas e se popularizou em outros países.
Em contrapartida, uma crescente onda nacionalista fez compositores contextualizarem
suas obras musicais, trazendo o exotismo e a riqueza da música de raízes folclóricas para a música de
concerto. Essa construção rítmica e melódica, foi sem dúvida, uma das mais importantes para a
elevação do Romantismo ao seu nível mais alto.
O Nacionalismo romântico
Pyotr Ilitch Tchaikowsky (1840-1893) também buscou dar à música da Rússia uma
expressão autêntica. Mas fêz o contrário dos "Cinco", assimilando da música ocidental de
Mozart, Berlioz, Liszt e Délibes muitos elementos que fundiu com os do patrimônio cultural
russo nas suas composições.
A Tchecoslováquia teve dois representantes notáveis do romantismo nacionalista:
Bedrich Smetana (1824-1884) e Antón Dvorak (1841-1904). Na Noruega, foi durante esse período
que surgiu o maior dos seus compositores: Edvard Grieg (1843-1907).
Chopin
Tchaikowsky
Berlioz
Liszt
Obras Expressivas:
Sinfonia Fantástica, o irracional, a loucura e o horror são temas comuns dessa peça
influenciada por alucinações induzidas pelo ópio, de Hector Berlioz;
Sinfonia nº 9 em Ré Menor- Op.125, pela primeira vez é inserido um coral num movimento de
sinfonia, de Ludwig van Beethoven;
Concerto Nº 1 para piano em Si Bemol Menor, Op. 23, foi inicialmente rejeitado por Rubinstein,
que o teve como mal-escrito e impossível de ser tocado, de Piotr Ilitch Tchaikovsky ;
Der Ring des Nibelungen, é uma tetralogia de quatro óperas baseadas na mitologia germânica.
A obra levou vinte e seis anos para ser completada, exigindo cerca de quinze horas para ser
executada, de Richard Wagner.
O final do século XIX é um período de crise : “a produção musical europeia perde sua
homogeneidade, o sistema tonal passa a ser questionado e surge uma multiplicidade de
direcionamentos novos e contraditórios entre si, que diversos grupos de músicos procuram imprimir à
sua produção” (SCHURMANN, 1989).
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A música no século XX constitui uma longa história de tentativas e experiências que levaram a
uma série de novas e fascinantes tendências, técnicas e, em certos casos, também à criação de novos
sons, tudo contribuindo para que este seja um dos períodos mais empolgantes da história da música. A
medida que aparece uma nova tendência, um novo rótulo surge imediatamente para definição, daí
resultando um emaranhado de nomes terminados em "ismos" e "dades". No entanto como iremos ver, a
maioria desses rótulos compartilha uma coisa em comum todos representam uma reação consciente
contra o estilo romântico do século XIX. Tal fato fez com que certos críticos descrevessem essa música
como "antirromântica". Dentre as tendências e técnicas mais importantes da música do século XX
encontram-se ¹ :
- Impressionismo e Nacionalismo -
Em 1900, o longo debate entre wagnerianos e não wagnerianos resultara em impasse: a
possibilidade de criar algo novo dentro do sistema tonal, já tão explorado. Os acordes da harmonia
convencional pareciam gastos demais. Os compositores idealizavam uma música que "exalasse
cheiro", "provocasse visões" e "sugerisse cores". Por tentarem encontrar uma saída, os alemães
Gustav Mahler (1860-1911) e Richard Strauss (1864-1949) foram considerados "ultramodernos".
Quase ignorado por seus contemporâneos, Claude Debussy (1862-1918) resolvia o problema
com uma concepção musical nova: O Impressionismo. Esteticamente,
Debussy visava uma arte de nuanças, que sugerisse em vez de descrever.
Para realizá-la, desenvolveu uma técnica que consistia em explorar o
encadeamento de acordes, os quais sugeriam várias tonalidades.
Enquanto isto, uma nova onda nacionalista corria a Europa. Na
Rússia, surgiram Proskofieff (1891-1953), Shostakovitch (1906-1975), Kabalevsky (1904) ; na Espanha,
Albéniz (1860-1909). Bartók (1881–1945) e Kodály (1882-1967), na Hungria, fizeram uma abordagem
científica recolhendo cantos folclóricos e estudando seus padrões rítmicos e melódicos -
frequentemente baseados em modos e escalas incomuns. O finlandês Sibelius (1865-1957), baseou
muitas de suas obras em lendas finlandesas, embora não usasse canções folclóricas, muitas de suas
músicas evocam a atmosfera de sua terra natal. Nos Estados Unidos, George Gershwin (1898-1937)
valeu-se do "jazz", em busca das fontes originais da expressão musical de seu povo.
¹ BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed 1986 , pg 68.
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Modernismo
As catástrofes sociais que abalaram o mundo na primeira metade do século XX mostraram o
quanto era falso continuar fazendo música em termos de passado. Pesquisas rítmicas, o ressurgimento
de formas musicais antigas para resultados modernos, o uso de várias tonalidades (politonalismo) ou
de nenhuma (atonalismo) não constituem mero exotismo. Simplesmente refletem, com a força do real, a
verdade da nossa época.
Quando Igor Stravinsky (1882) estreou a sua Sagração da Primavera, a 29 de maio de 1913, foi
um escândalo. mas o escândalo passou e a influência do compositor cresceu sem cessar, a despeito
de todos os ataques da crítica.
Dodecafonismo/ Serialismo
As investidas feitas por Wagner contra o sistema tonal foram retomadas por Arnold
Schöemberg (1874-1951) para realizar radical revolução. Schoenberg levou às últimas conseqüências o
cromatismo wagneriano, provocando a superação da tonalidade, levando a música à atonalidade.
Posteriormente, organizou um sistema para compor dentro da atonalidade: a Teoria do Dodecafonismo,
que se baseia na escala dos Doze Sons (sete tons e cinco semitons). Sua grande novidade é pretender
dar a cada um deles a mesma função numa obra musical. Vai formar novas séries ou escalas,
empregando livremente os Doze Sons da escala cromática.
Outras Tendências ( Trecho do Texto "A antimúsica para salvar a música” de Ana Bautista Ogando )
que se processa a execução. Esses gêneros constituem o fenômeno mais recente e mais controvertido
de toda a história da música.
A máxima minimalista de Mies van der Rohe, que dizia que "Menos é mais", é levada às últimas
consequências fazendo surgir um estilo musical também denominado Minimalismo. Neste estilo a
estrutura melódica é composta de um mínimo de elementos, e nessas pequenas "células" melódicas,
que eram repetidas ad infinitum, vai sendo acrescentado material sonoro novo, o qual vai modificando,
quase que imperceptivelmente, o material melódico original.
Guiados pela moderna teoria da comunicação de massas, e tendo como lema a "antimúsica para
salvar a música", os compositores contemporâneos se permitem ter total liberdade para chocar ou
divertir o público.
A fúria, o desgosto, o estarrecimento e o entusiasmo provocados pelas apresentações dessa Música de
Vanguarda refletem com clareza o entrechoque de conceitos e a guerra de gerações que caracterizam
o momento atual.
É certo que a Música Contemporânea não se esgota aqui. Os recursos hoje disponíveis para a
criação sonora são muitos e variados. Largos horizontes se abrem e o mundo dos sons ainda tem muito
a oferecer. Mas os rumos que a expressão musical seguirá são imprevisíveis. Quanto a isso, não há
dúvida.
Obras Expressivas:
Prelúdio à Tarde de um Fauno, ilustrada por instrumentos que realçam e colorem as emoções e
as impressões das passagens invocadas. Segundo o autor "…São na verdade sucessivos
cenários por onde se movem os desejos e os sonhos do fauno no calor da tarde", de Claude
Debussy;
Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk, a crítica descreveu a ópera como "ruído ao invés de
música", de Dmitri Shostakovitch;
O Pássaro de Fogo, um ballet baseado nos contos populares russos sobre o pássaro mágico
brilhante que é tanto uma bênção como uma perdição para o seu captor, de Igor Stravinsky;
Pierrot Lunaire, composição feita em estilo atonal , de Arnold Schönberg;
Étude aux chemins de fer, primeira peça completa com os seus experimentos, de Pierre
Schaeffer.
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REFERÊNCIAS
BENNETT, Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed 1986.
FREITAS, Fernando Magarian. A Música Clássica de Freitas. 2009.
LINDQUIST, Fábio. A História da Música .
MERRIAM, A. P. The Anthropology of Music, Evanston, Nortwestern University Press. 1980
OGANDO, Ana Bautista. "A antimúsica para salvar a música” .
PISCHEL, Gina – "História Universal da Arte" – Vol. 2 – São Paulo – Editora Melhoramentos – 1966.
_____________– "História Universal da Arte" – Vol. 3 – São Paulo – Editora Melhoramentos – 1966.
RAMALHO, Germán – "Saber Ver a Arte Românica" – São Paulo – Martins Fontes – 1992.
SHURMANN, Ernst F. – "A Música Como Linguagem – Uma Abordagem Histórica" – São Paulo – Ed.
Brasiliense – 1989.
STANLEY, John – "Música Clássica" – São Paulo, SP – Editora Livros & Livros – 1994.
STEFANI, Wolfgang Hans Martin - Música Sacra, Cultura & Adoração, Unaspress - Imprensa
Universitária Adventista (Engenheiro Coelho, SP 2002).