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1. Introdução
O artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 192/2015, de 11 de setembro, refere que o SNC-AP é de aplicação
obrigatória “a todos os serviços e organismos da administração central, regional e local que não
tenham natureza, forma e designação de empresa, ao subsetor da segurança social, e às Entidades
Públicas Reclassificadas”.
Contudo, o SNC-AP previu um regime simplificado disponível para as entidades de menor dimensão
e menor risco orçamental, as denominadas “Pequenas Entidades” e as “Microentidades”.
Assim, temos um regime geral, no qual as entidades terão de aplicar o normativo na íntegra e o
regime simplificado regulamentado pela Portaria n.º 218/2016, de 9 de agosto, que diferencia
“Pequenas Entidades” de “Microentidades” e para cada tipo de entidade define um conjunto de
regras de aplicação obrigatória diferente.
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No entanto, a NCP 26 - Contabilidade e Relato Orçamental é uma norma de aplicação universal.
Por um lado é obrigatória no regime geral, no regime simplificado e para as microentidades, por
outro lado, até as Entidades Públicas Reclassificadas com valores admitidos à negociação em
mercado regulamentado, que de acordo com o preconizado no n.º 3 do artigo 3º do Decreto-Lei n.º
192/2015, de 11 de setembro, constituem a exceção na aplicação do SNC-AP, estão sujeitas ao
cumprimento dos requisitos legais relativos à contabilidade orçamental.
Daqui sobressai a importância dada à NCP 26, pois é através desta que se definem as regras
aplicadas à contabilidade orçamental, estabelecendo os conceitos e os modelos de demonstrações
orçamentais, que permitem assegurar a comparabilidade do relato orçamental com o período
anterior da própria entidade e do mesmo período com outras entidades.
O grande objetivo da reforma da contabilidade pública, em curso, é conseguir que se passe a dispor
de contas públicas credíveis que permitam melhorar a governação, reforçar o controlo e avaliar o
desempenho (MOITA, 2018).
A NCP 26 contém as notas de enquadramento que explicam com detalhe a movimentação dessas
contas. Nesta classe, há contas para o registo do orçamento inicial, para alterações orçamentais,
para a execução orçamental, para a receita e despesa com incidência em períodos futuros, para
operações de tesouraria, discriminando os tipos de recebimentos e pagamentos que podem ocorrer
por este tipo de operações, para contas de passivos contingentes, com indicação dos tipos de
passivos contingentes relevantes, e para o encerramento da contabilidade orçamental.
2.1 Estrutura
Os assuntos abordados pela NCP 26 estão divididos como a figura a seguir discrimina:
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Figura 1 - Estrutura da NCP 26
Fonte: elaboração própria
Pela figura conseguimos retirar que a norma pode ser agrupada em sete pontos essenciais para a
sua compreensão. A primeira parte, mais geral, respeita ao Objetivo, Âmbito, Definições,
Reconhecimento e Mensuração ($1, $2, $3, $6). A segunda parte, respeita ao Ciclo Orçamental
(4$), a terceira parte, fala-nos dos Classificadores (5$), a quarta parte da Consolidação (7$). A
quinta parte fala-nos do Plano de Contas (8$), a sexta parte das Demonstrações Orçamentais
(9$,10$ e 11$) e por último, os Anexos (12$).
A Norma aplica-se a todas as entidades sujeitas ao SNC-AP, ou seja aplica-se a todos os serviços
e organismos da administração central, regional e local, com exceção do setor empresarial, incluindo
a Segurança Social e as entidades públicas reclassificadas, consideradas como aquelas que no
âmbito do Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais tenham sido incluídas, nas últimas
contas setoriais publicadas pela autoridade estatística nacional, nos subsetores da administração
central, regional, local e segurança social.
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No ponto 3 da NCP 26 são definidos importantes conceitos para a completa compreensão dos
termos utilizados. Os ciclos orçamentais são expostos logo em seguida no ponto 4, separados pela
receita (inscrição de previsão - liquidação - recebimento) e despesa (inscrição de dotação
orçamental - cabimento - compromisso - obrigação - pagamento).
No SNC-AP já está definido um plano de contas que também poderá servir como classificador
económico para o orçamento. Surge assim o conceito de plano de contas multidimensional, já que
serve para a contabilidade financeira, orçamental e para as contas nacionais. O plano de contas em
vigor classifica as despesas em corrente e de capital e as receitas da mesma forma: receitas
corrente e receitas de capital.
Por fim, o ponto 6 da NCP-26 define que as dotações e previsões são reconhecidas após a
aprovação do orçamento e que os lançamentos nas contas orçamentais são feitos em valor nominal.
Conforme descrito no diploma, o ciclo orçamental divide-se em ciclo orçamental da despesa e ciclo
orçamental da receita, em que este último deverá ser sequencial e tem três fases. A primeira respeita
à inscrição de previsão de receita, a segunda à liquidação e a terceira ao recebimento, sem prejuízo
de eventuais anulações de receita emitida que corrijam a liquidação ou de eventuais reembolsos e
restituições que corrijam o recebimento e, eventualmente, a liquidação. O reembolso corresponde
à devolução ao sujeito passivo de imposto do valor das entregas por conta do imposto devido a final,
por si efetuados ou por uma terceira pessoa, na parte em que exceda o montante da receita
liquidada. A restituição corresponde à devolução ao devedor do montante total ou parcial por este
já pago, quando a entidade pública tenha liquidado indevidamente a receita em causa ou a
liquidação se revele excessiva face a um facto superveniente ou ainda quando se verifique que não
a deveria ter recebido, no caso de auto liquidação, ou quando, por erro do devedor este a tenha
pago em excesso. A liquidação pode exceder a previsão de receita, sendo que só poderão ser
liquidadas as receitas previstas em orçamento.
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Figura 2 - ciclo orçamental da receita
Fonte: elaboração própria
O ciclo orçamental da despesa deverá ser sequencial e tem cinco fases. A primeira surge com a
inscrição de dotação orçamental, a segunda com o cabimento, a terceira com o compromisso, a
quarta com a obrigação e a última com o pagamento, sem prejuízo de eventuais reposições abatidas
aos pagamentos que para além de corrigirem os pagamentos podem igualmente corrigir todas as
fases a montante até ao cabimento. O cabimento não pode exceder a dotação disponível, assim
como o compromisso não pode exceder o respetivo cabimento. A obrigação não pode exceder o
valor do compromisso, assim como o pagamento não pode exceder o valor da obrigação. Os limites
definidos devem ser aferidos por transação ou evento e segundo as classificações orçamentais
vigentes.
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Figura 3 - ciclo orçamental da despesa
Fonte: elaboração própria
2.4 Consolidações
Este será sempre o eterno objetivo das constantes reformas, para que, de uma forma coerente e
consistente, se possa avançar com modelos de consolidação de contas do Estado,
independentemente da origem do serviço ou organismo público (autarquias, saúde, educação,
finanças, etc).
Para as entidades abrangidas pelo SNC-AP, as regras de consolidação, são as que estão
compreendidas no subsistema da contabilidade orçamental e no subsistema da contabilidade
financeira do SNC-AP.
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O sistema de normalização contabilística, na perspetiva da consolidação de contas, estabelece a
necessidade de apresentação de demonstrações orçamentais consolidadas (previstas na NCP 26)
de forma a que as mesmas representem as contas de um grupo como se de uma única entidade se
tratasse.
A NCP 26, nos parágrafos 35 e 36, considera o método de consolidação orçamental simples, como
a soma algébrica de rubricas equivalentes de obrigações, de pagamentos, de liquidações e de
recebimentos das demonstrações orçamentais individuais das entidades pertencentes ao perímetro
de consolidação e na posterior eliminação, tendo em consideração as entidades dependentes de
cada um dos níveis de consolidação, dos saldos resultantes de obrigações e liquidações recíprocas
por natureza, assim como dos saldos de pagamentos e recebimentos de operações internas por
natureza.
Uma das grandes novidades do SNC-AP é o plano de contas multidimensional. Nos termos do
decreto lei que aprovou o SNC-AP, o plano de contas pode ser central, local ou multidimensional. O
Plano de contas central é o aplicado pela entidade consolidante e deve estar alinhado e ser
consistente com o plano de contas multidimensional, servindo para agregação dos saldos de contas
locais. O Plano de contas local é plano aplicado pelas entidades consolidadas e deve estar alinhado
e ser consistente com o plano de contas central. O plano de contas multidimensional é o plano que
compreende as contas das classes um a oito em base de acréscimo, a classificação das operações
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por natureza em base caixa modificada (códigos associados a contas classe 0) e ainda ao
apuramento da informação relevante para as contas nacionais.
Plano de Contas
01 Receita do período corrente 02 Despesa do período corrente
Esta conta contempla as diversas fases do ciclo da despesa e as
Esta conta tem como função concentrar a gestão do orçamento da
diversas fases da sua execução orçamental. Todas as contas, com
receita, assim como a sua execução orçamental. No caso da
exceção de dotações iniciais, dependentes da conta em epígrafe
gestão orçamental, considera contas que suportam os registos
apresentam saldo diferente de zero, proporcionando, através do
contabilísticos desde a aprovação do orçamento pelo órgão
balancete da classe zero, informação compreensível para efeitos de
competente até ao apuramento do orçamento corrigido à data de
controlo e de gestão, assim como para verificação do conteúdo do
relato. Está prevista uma conta que estabelece a ligação entre a
relato, seja na perspetiva de orçamento corrigido ou alterações
gestão orçamental e a execução orçamental
orçamentais, seja na perspetiva da execução orçamental.
011 Previsões iníciais 021 Dotações iníciais
012 Previsões corrigidas 022 Dotações corrigidas
013 Alterações orçamentais 023 Modificações orçamentais
Permite rever as previsões iniciais de receita em função da Abrange as contas relativas a alterações orçamentais segundo a forma
cobrança registada em cada rubrica. Os saldos das contas que podem assumir — inscrição ou reforço, anulação ou diminuição e
01311, 01321 e 01331 desagregados pelas classificações crédito especial —, assim como contas destinadas a operacionalizar
orçamentais vigentes permitirão atribuir e verificar o conteúdo da um instrumento de gestão orçamental — cativos e descativos.
demonstração de alterações orçamentais da receita
0131 Reforços 0231 Reforços
01311 Reforços em previsões 02311 Reforços em dotações corrigidas
01312 Reforços em previsões por liquidar 02312 Reforços em dotações disponíveis
0132 Anulações 0232 Anulações
01321 Anulações em previsões corrigidas 02321 Anulações em dotações corrigidas
01322 Anulações em previsões por liquidar 02322 Anulações em dotações disponíveis
0133 Créditos especiais 0233 Créditos especiais
01331 Créditos especiais em previsões corrigidas 02331 Créditos especiais em dotações corrigidas
01332 Créditos especiais em previsões por liquidar 02332 Créditos especiais em dotações disponíveis
014 Previsões por liquidar 0234 Dotações retidas
Previsões que ainda não foram objeto de liquidação,
proporcionando a base de cálculo de um indicador avançado de
execução orçamental da receita. É movimentada pela atribuição do
orçamento aprovado e pelas alterações orçamentais, liquidações e
respetivas anulações. 02341 Cativos
015 Liquidações 02342 Descativos
0151 Liquidações transitadas 024 Dotações disponíveis
0152 Liquidações emitidas 025 Cabimentos
0153 Liquidações recebidas 0251 Cabimentos registados
0154 Liquidações a transitar 0252 Cabimentos com compromisso
016 Liquidações anuladas 026 Compromissos
0161 Liquidações transitadas anuladas 0261 Compromissos assumidos
0162 Liquidações emitidas anuladas 0262 Compromissos com obrigação
0163 Previsões por liquidar anuladas 0263 Compromissos a transitar
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017 Recebimentos 027 Obrigações
0171 Recebimentos do período 0271 Obrigações processadas
0172 Recebimentos de períodos findos 0272 Obrigações pagas
0173 Recebimentos diferidos 0273 Obrigações a transitar
018 Reembolsos e restituições 028 Pagamentos
0181 Reembolsos e restituições emitidos 0281 Pagamentos do período
0182 Reembolsos e restituições pagos 0282 Pagamentos de períodos findos
029 Reposições abatidas aos pagamentos
0291 RAP emitidas
0292 RAP recebidas
03 Receita de períodos futuros 04 Despesa de períodos futuros
Registo dos contratos celebrados pela entidade pública que geram
Registo dos contratos celebrados pela entidade pública cuja responsabilidades, assim como aqueles que geram também contas a
liquidação da receita tem efeito no período corrente, mas também pagar (obrigações) com incidência em períodos futuros. Esta conta
em períodos futuros. Esta conta encontra -se desagregada em encontra -se desagregada em subcontas que suportam o registo
031 e 032 contabilístico daquelas responsabilidades e, quando aplicável, das
contas a pagar.
031 Orçamento 041 Orçamento
Direito a receber uma determinada quantia em períodos futuros por
contrapartida da conta 032. Ambas as contas estão desagregadas
em períodos (n+1), período (n+2), período (n+3), período (n+4) e
períodos seguintes devendo usar -se as subcontas respeitantes
aos períodos que enquadram cronologicamente as liquidações
com incidência em períodos futuros, cumprindo -se a regra de
movimentação de contas referida. No âmbito do processo de Debita -se pela assunção de compromissos com incidência em
abertura de período, as liquidações registadas a débito da conta períodos futuros por contrapartidada conta 042.
0321e a crédito da conta 0311, deverão ser contabilizadas a débito
da conta 0152 por contrapartida da conta 014, assim como as
liquidações registadas nas contas relativas ao período (n+2)
deverão ser registadas nas contas relativas ao período (n+1), e
assim sucessivamente, revertendo sempre em um ano a
contabilização de liquidações com incidência em períodos futuros.
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0713 Constituição e reforço de cauções e garantias
0714 Cobrança de recursos próprios comunitários
0719 Outras receitas de operações tesouraria
072 Pagamentos por operações de tesouraria
0721 Intermediação de fundos
0722 Entrega de receita cobrada por conta de outrem
0723 Devolução de cauções e garantias
0724 Entrega de recursos próprios comunitários
0729 Outras despesas de oper. Tesouraria
079 Conta refletida
0791 Recebimentos por operações de tesouraria
0792 Pagamentos por operações de tesouraria
08 Encerramento contabilidade orçamental
(a) Anulação dos cabimentos em excesso;(b) Transição de saldos
para o período seguinte. Movimentação das contas: (i) 0154 — debita
-se pelo montante de liquidações não recebidas à data de relato por
contrapartida da conta 0151 nos casos em que não se cobrou a
totalidade das liquidações de períodos anteriores ou da conta 0152. No
âmbito do processo de abertura do período contabilístico seguinte o
saldo da conta em referência será objeto de registo a débito da conta
0151 por contrapartida da conta 014 ; (ii) 0263 credita -se pelo
montante de compromissos não convertidos em obrigações à data de
relato por contrapartida de 0261, dando origem a novos cabimentos e
compromissos no âmbito do processo de abertura do período
contabilístico seguinte; (iii) 0273 credita -se pelo montante das
obrigações não pagas à da ta de relato por contrapartida de 0271,
dando origem a novos cabimentos, compromissos e obrigações no
âmbito do processo de abertura do período contabilístico seguinte. (c)
O encerramento das contas a seguir indicadas ocorre saldando entre
si as respetivas subcontas, ou seja, saldando entre si as subcontas de:
(i) 0131; (ii) 0132; (iii) 0133; iv) 015; (v) 016; (vi) 018; (vii) 0231 (viii)
0232 (ix) 0233; (x) 025; (xi) 026 ; (xii) 027; (xiii) 029 (d) Encerramento
do orçamento — Saldar as contas de 012, 014 , 022 e 024 por
contrapartida da conta 081. O saldo desta conta caduca com o ano tal
como acontece com o orçamento. (e) Apuramento do desempenho
orçamental — Saldar as contas 0171 e 0172 e 0281 e 0282 por
contrapartida, respetivamente, do débito e do crédito da conta 0821.
Esta conta como envolve todas as classificações orçamentais
apresentará sempre saldo nulo ou devedor (caso em que teríamos um
excedente orçamental). A conta 0822 será debitada no início do período
de relato por contrapartida de 0821 que ficará saldada.
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2.6. Classificadores orçamentais
É assim que surge o conceito de plano de contas multidimensional em que a mesma estrutura de
codificação poderá satisfazer as necessidades da contabilidade orçamental, financeira e das contas
nacionais.
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Figura 4 - Classificadores orçamentais
Fonte: elaboração própria
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A preparação das demonstrações orçamentais consolidadas do Estado é, em regra, de
responsabilidade do Ministério das Finanças.
De acordo com a legislação aprovada, os anexos são informação adicional à apresentada nas
demonstrações orçamentais individuais, consolidadas ou separadas. Permitem descrições ou
desagregações de alguns itens dessas demonstrações, bem como informações acerca de itens que
não reúnem condições para reconhecimento nas mesmas. Estão previstos dez anexos às
demonstrações orçamentais, nomeadamente o anexo de alterações orçamentais da receita, de
alterações orçamentais da despesa, de alterações ao plano plurianual de investimentos, de
operações de tesouraria; de contratação administrativa, de situação dos contratos; de adjudicações
por tipo de procedimento, de transferências e subsídios, de transferências e subsídios — despesa,
de transferências e subsídios — receita, de outras divulgações.
Atendendo à falta de informação vamos apresentar o anexo de operações de tesouraria e uma das
dificuldades sentidas na transição para o SNC-AP numa entidade piloto, como é o caso do Instituto
Politécnico de Lisboa, conforme análise efetuada por Sílvia de Sousa Alves [1].
“Nas contas de operações de tesouraria (07) não se prevêm, no plano de contas orçamental (NCP
26), subcontas específicas para os descontos e retenções, uma vez que estas deixam de ser
consideradas como tal.
Sobre este tema, o Manual de Implementação (2017) justifica a alteração como uma forma de
salvaguardar a imagem verdadeira e apropriada das demonstrações orçamentais face à respetiva
execução orçamental.
Assim, as obrigações, nomeadamente das remunerações ao pessoal, são processadas pelo seu
valor bruto, sendo os respetivos pagamentos repartidos:
Salienta-se que a NCP 26 não preconiza qualquer procedimento específico quanto ao pagamento
das despesas pelos valores líquidos. Esta situação resultará apenas de não terem sido previstas
subcontas específicas para os descontos e retenções no âmbito da conta 07 Operações de
Tesouraria.
É de salientar que a nova LEO mantém o anterior princípio orçamental da «não compensação»
(artigo 15º da Lei n.º 151/2015, de 11 de setembro) ao abrigo do qual os pagamentos ao pessoal
eram reconhecidos pelos valores ilíquidos. Neste âmbito, é ainda de destacar que a nova LEO, à
semelhança da anterior, tem um valor reforçado, o seu artigo 4º (Lei n.º 151/2015) estabelece que
«[o] disposto na presente lei prevalece sobre todas as normas que estabeleçam regimes
orçamentais particulares que a contrariem».
Tendo em conta o valor reforçado na LEO, ela nunca poderá ser derrogada pelo SNC-AP (ainda
para mais tratando-se de um Decreto-Lei). Assim, nunca (exceto, nas situações previstas no artigo
15º) se podem compensar os saldos sob pena de incumprimento com o princípio da «não
compensação de saldos».
No contexto da conta 07, salienta-se, ainda, que as notas de enquadramento às contas (NCP 26)
não preveem movimentos de encerramento do exercício para as contas de operações de tesouraria,
ao contrário do que acontece para as restantes contas. Do diploma, depreendemos que as
operações de tesouraria nunca serão saldadas, o que levanta questões quanto à informação contida
nas mesmas e à dificuldade em ler os respetivos acumulados.
Neste contexto, a CNC, através do Portal, esclareceu que no encerramento do período, os saldos
credores das subcontas 072 «pagamentos por operações de tesouraria» são debitados por
contrapartida das subcontas respetivas da conta 071 «recebimentos por operações de tesouraria».
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utilizadores não terem informação que lhes permita perceber se têm ou não de saldar as contas
supra referidas e como o fazer.”
O orçamento é um documento obrigatório para todas as entidades públicas, que tem por objetivo
quantificar os planos de ação previstos, normalmente para o período de um ano, com base numa
previsão das receitas e das despesas públicas, de modo a servir as principais funções da gestão.
Assim a informação orçamental é crucial porque permite aos utilizadores fazer comparações entre
a receita e a despesa executada e a orçamentada.
Nas entidades públicas cujas receitas são maioritariamente transferências com origem no
Orçamento do Estado, embora seja importante apurar os resultados, é fundamental que seja
efetuada uma verdadeira gestão do custo que permita, por um lado, apoiar decisões, e por outro,
fazer o mesmo, gastando menos com o mesmo nível de qualidade.
No exemplo abaixo, tenta-se demonstrar o trabalho que as entidades terão de fazer aquando da
transição entre os códigos da classificação económica da receita e da despesa, aprovada pelo
Decreto-Lei n.º 26/2002, de 14 de fevereiro, e as rubricas das demonstrações orçamentais
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aprovadas pelo SNC-AP. Verifica-se que o orçamento elaborado pelas normas do SNC-AP, dá uma
maior importância ao planeamento a longo prazo, no sentido que as previsões são complementadas
com um plano orçamental plurianual que abrange os quatro anos seguintes.
Dotações Iniciais
Orçamento da Receita (Previsão)
Ano de t
Classificação
Designação Valor
económica
Receita Corrente 111.000,00
01 Impostos diretos 22.000,00
0102 Outros 22.000,00
010201 Imposto sobre as sucessões e doações 12.000,00
010299 Impostos diretos diversos 10.000,00
02 Impostos Indiretos 55.500,00
0201 Sobre o consumo 25.500,00
020102 Imposto sobre valor acrescentado (IVA) 10.500,00
020199 Impostos diretos diversos 15.000,00
0202 Outros 30.000,00
020202 Imposto do selo 10.000,00
020299 Impostos indiretos diversos 20.000,00
04 Taxas, multas e outras penalidades: 18.500,00
0402 Multas e outras penalidades 18.500,00
040201 Juros de mora 11.500,00
040202 Juros compensatórios 8.000,00
05 Rendimentos de propriedade 15.000,00
0502 Juros - Sociedades Financeiras 15.000,00
050201 Bancos e outras instituições bancárias 15.000,00
Receita de Capital 637.000,00
09 Venda de bens de investimento 55.000,00
0901 Terrenos 45.000,00
090101 Sociedades e quase-sociedades não financeiras 45.000,00
0903 Edifícios 30.000,00
090302 Sociedades financeiras 30.000,00
10 Transferências de capital 582.000,00
1001 Sociedades e quase-sociedades não financeiras 500.000,00
100101 Públicas 500.000,00
1002 Sociedades financeiras 82.000,00
100201 Bancos e outras instituições financeiras 55.000,00
100202 Companhias de seguros e Fundos de pensões 27.000,00
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Total das Receitas 748.000,00
Dotações Iniciais
Orçamento das despesas (Dotação)
Ano de t
Classificação
Designação Valor
económica
Despesas Correntes 74.500,00
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080201 Bancos e outras instituições financeiras 450.000,00
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Transferências de
D8 450.000,00 450.000,00 450.000,00 435.000,00 435.000,00
capital
D84 Outras 450.000,00 450.000,00 450.000,00 435.000,00 435.000,00
4. Conclusão
O relato orçamental de finalidades gerais preparado pelas entidades do setor público proporciona
informação sobre se os recursos foram obtidos e usados de acordo com o orçamento legalmente
aprovado, nomeadamente através do controlo da execução orçamental da despesa e da execução
orçamental da receita e da demonstração de desempenho orçamental, evidenciando importâncias
relativas a todos os recebimentos e pagamentos ocorridos no período contabilístico, quer se
reportem à execução orçamental, quer a operações de tesouraria, quer ao controlo da execução
anual do plano plurianual de investimentos, facultando informação relativa a cada programa e
projeto de investimento.
Por conseguinte, e à semelhança do que ocorre com as demonstrações financeiras, deverão ser
respeitados os parágrafos 40 ao 48 da NCP 26 – Contabilidade e Relato Orçamental, por forma a
serem apresentadas demonstrações orçamentais normalizadas que irão incorporar o relatório
integrado de prestação de contas.
Assim a principal limitação deste estudo é a não existência de dados que permitam uma visão geral
sobre a aplicabilidade desra norma.
Como sugestão para trabalhos futuros deixamos a avaliação do impacto ou implemantação desta
Norma nos Organismos do Estado de forma global.
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Bibliografia
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Piloto. O Caso do IPL.
[2] Martins, Ana (2017) Contabilidade de gestão nas administraçºoes públicas, Segundo a Norma
de Contabilidade Pública 27 do SNC-AP
[3] Moita, N. (2018). O novo relato financeiro, orçamental e de performance: melhoria para a gestão
financeira autárquica. Apresentação no II Ciclo de seminários Accountability,Transparência e
participação no setor público
[4] Nunes, Alberto; Rodrigues, Lúcia; Viana, Luís (2016); O Sistema de Normalização Contabilistica.
Administração Pública.
[9] Teixeira, A. B. de S. D., & Martins, V. P. da C. (2019). A contabilidade orçamental, o código dos
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https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/28085/1/A Contabilidade Orçamental. O Código
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[10] UniLeo (2018) Modelo Único de Prestação de Contas das Entidades Públicas,
https://www.unileo.gov.pt/images/Simplex/ModeloUnicoPrestacaoContasEntidadesPublicas.pdf
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