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7584 Diário da República, 1.ª série — N.

º 178 — 11 de setembro de 2015

2 — Compete ao membro do Governo responsável pela devendo essas informações ser prestadas em prazo não
área das finanças assegurar a disponibilização pública de superior a 60 dias.
informação financeira consolidada relativa ao setor das 5 — A Assembleia da República pode solicitar ao Tri-
administrações públicas e por subsetor. bunal de Contas:
3 — Com o objetivo de permitir a informação consoli-
a) Informações técnicas relacionadas com as respetivas
dada a que se refere o número anterior, as regiões autónomas
funções de controlo financeiro;
e as autarquias locais devem remeter, nos termos a definir no b) Relatórios intercalares e pareceres sobre os resulta-
decreto-lei de execução orçamental, os seguintes elementos: dos do controlo da execução do Orçamento do Estado ao
a) Orçamentos e contas anuais; longo do ano;
b) Contas trimestrais; c) Quaisquer informações técnicas ou esclarecimentos
c) Informação sobre a dívida contraída e sobre os ativos necessários ao controlo da execução orçamental, à apre-
expressos em títulos da dívida pública; ciação do Orçamento do Estado e do parecer sobre a Conta
d) Informação sobre a execução orçamental, nomea- Geral do Estado.
damente os compromissos assumidos, os processamentos Artigo 76.º
efetuados e os montantes pagos, bem como a previsão
atualizada da execução orçamental para todo o ano e os Informação de atuação e aplicação de medidas corretivas
balancetes, com regularidade mensal. 1 — O incumprimento dos deveres constantes do pre-
sente título implica o apuramento das respetivas respon-
Artigo 75.º sabilidades contraordenacionais, financeiras e políticas.
Dever especial de informação ao controlo político 2 — A violação dos deveres a que se referem os arti-
gos 73.º e 74.º determina a retenção parcial ou total da efeti-
1 — O Governo disponibiliza à Assembleia da República vação das transferências do Orçamento do Estado, até que a
todos os elementos informativos necessários para a habili- situação criada tenha sido devidamente sanada, nos termos
tar a acompanhar e controlar, de modo efetivo, a execução a definir no decreto-lei de execução orçamental, e a apli-
do Orçamento do Estado, designadamente relatórios sobre: cação de contraordenações a definir em diploma próprio.
a) A execução do Orçamento do Estado, incluindo o da
segurança social;
b) A utilização de dotações no âmbito do programa MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
integrado na missão de base orgânica do Ministério das
Finanças destinado a fazer face a despesas imprevisíveis Decreto-Lei n.º 192/2015
e inadiáveis;
c) A execução do orçamento consolidado dos serviços de 11 de setembro
e entidades do setor das administrações públicas; O Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP), apro-
d) As alterações orçamentais aprovadas pelo Governo; vado pelo Decreto-Lei n.º 232/97, de 3 de setembro, veio
e) As operações de gestão da dívida pública, o recurso colmatar as lacunas existentes na contabilidade pública,
ao crédito público e as condições específicas dos emprés- obrigando todos os organismos da administração central,
timos públicos celebrados nos termos previstos na lei do regional e local a implementar, de imediato, um sistema
Orçamento do Estado e na legislação relativa à emissão e integrado de contabilidade orçamental, patrimonial e ana-
gestão da dívida pública; lítica, em método digráfico.
f) Os empréstimos concedidos e outras operações ati- Aquando da aprovação do POCP, e dos planos setoriais
vas de crédito realizadas nos termos previstos na lei do que se lhe seguiram, era quase nula a experiência entre as
Orçamento do Estado; administrações públicas no que diz respeito à aplicação da
g) As garantias pessoais concedidas pelo Estado nos termos base de acréscimo e à própria contabilidade por partidas
da lei do Orçamento do Estado e demais legislação aplicável, dobradas ou digrafia. No entanto, a implementação do
incluindo a relação nominal dos beneficiários dos avales e fian- POCP e dos planos setoriais aplicáveis é bastante satis-
ças concedidas pelo Estado, com explicitação individual dos fatória, nomeadamente nos organismos com autonomia
respetivos valores, bem como do montante global em vigor; administrativa e financeira da administração central e nos
h) Os fluxos financeiros entre Portugal e a União Europeia. municípios. Estes organismos já apresentam demonstra-
ções financeiras na base do acréscimo, designadamente
2 — Os elementos informativos a que se referem as o balanço e a demonstração dos resultados, pelo que o
alíneas a) e b) do número anterior são disponibilizados tempo e os custos de implementação de um novo sistema
pelo Governo à Assembleia da República mensalmente, contabilístico são muito inferiores face aos organismos que
e os elementos referidos nas restantes alíneas do mesmo partem da base de caixa ou de compromissos.
número são disponibilizados trimestralmente, devendo, Não obstante, pode afirmar-se que a normalização con-
em qualquer caso, o respetivo envio efetuar-se nos 60 dias tabilística em Portugal para o setor público encontra-se
seguintes ao período a que respeitam. atualmente desatualizada, fragmentada e inconsistente.
3 — O Tribunal de Contas envia à Assembleia da Re- Esta situação resulta, por um lado, do avanço do Sistema
pública os relatórios finais referentes ao exercício das suas de Normalização Contabilística (SNC), no sentido da
competências de controlo orçamental. adoção de normas adaptadas das normas internacionais
4 — A Assembleia da República pode solicitar ao Go- de contabilidade (IAS/IFRS) e, por outro, da manuten-
verno, nos termos previstos na Constituição e no Regi- ção de um sistema contabilístico no setor público que
mento da Assembleia da República, a prestação de quais- é baseado em normas nacionais, entretanto, revogadas
quer informações suplementares sobre a execução do como o Plano Oficial de Contabilidade, aprovado pelo
Orçamento do Estado, para além das previstas no n.º 1, Decreto-Lei n.º 410/89, de 21 de novembro, revogado
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pelo Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado todas as transações ou acontecimentos relevantes que se
pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei reportam ao Estado como entidade soberana, tais como as
n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, receitas gerais, o património, a tesouraria, a dívida direta
de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro, do Estado e respetivos encargos, as transferências para
que aprovou o SNC, desaparecendo assim as suas bases outras entidades e administrações públicas, os contratos de
concetuais e de referência. parceria público-privadas e outras concessões, as provisões
Neste momento, coexistem sistemas contabilísticos e os passivos contingentes.
baseados em princípios, como é o caso do SNC, com a Partindo da realidade atual se as demonstrações finan-
normalização contabilística do setor público que é mais ceiras das entidades públicas fossem consolidadas tais
baseada em regras do que em princípios. demonstrações teriam uma utilidade muito reduzida pelo
Em consequência desta fragmentação e inconsistência, facto de omitirem elementos de elevada materialidade,
coexistem atualmente no âmbito do setor público entida- tais como as receitas fiscais, a dívida fiscal ainda não paga
des que adotam as IAS/IFRS, nos termos do artigo 4.º do pelos sujeitos passivos, a dívida direta do Estado, ou os
Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado pela contratos de concessão e outros. Ou seja, aquelas demons-
Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei trações financeiras consolidadas não incluiriam rendimen-
n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, tos, gastos, ativos e passivos, o que levaria a considerar
de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro, como que as mesmas teriam pouca credibilidade por não estarem
é o caso de algumas empresas públicas e outras entidades isentas de distorções materialmente relevantes.
reclassificadas, entidades que adotam o SNC, nas quais Decorridos 15 anos desde a aprovação do POCP e após
se inclui a maioria das empresas públicas e das entidades terem sido ponderadas as necessidades de se dispor de um
do setor não lucrativo, entidades que adotam o POCP e sistema contabilístico que responda às exigências de um ade-
entidades que adotam os diferentes planos setoriais. quado planeamento, relato e controlo financeiro o Governo
Esta fragmentação constitui um problema sério de in- decidiu, através do Decreto-Lei n.º 134/2012, de 29 de ju-
consistência técnica, dado que afeta a eficiência na con- nho, incumbir a Comissão de Normalização Contabilística
solidação de contas no setor público e acarreta muitos de elaborar um novo sistema contabilístico para as adminis-
ajustamentos que não são desejáveis e que questionam a trações públicas, que seja consistente com o SNC e com as
fiabilidade da informação em sede da sua integração. Normas Internacionais de Contabilidade Pública (IPSAS).
Este problema é sentido em todo o setor público, com Esta reforma, materializada pelo Sistema de Norma-
particular incidência em entidades como a Direção-Geral lização Contabilística para as Administrações Públicas
do Orçamento, a Direção-Geral das Autarquias Locais, e o (SNC-AP), resolve a fragmentação e as inconsistências
Instituto Nacional de Estatística, I. P., que têm de agregar atualmente existentes e permite dotar as administrações
informação produzida com base em sistemas de informa- públicas de um sistema orçamental e financeiro mais efi-
ção orçamental e financeira que são inconsistentes para ciente e mais convergente com os sistemas que atualmente
construir indicadores macroeconómicos indispensáveis à vêm sendo adotados a nível internacional.
tomada de decisões no âmbito das políticas orçamental e A aprovação do SNC-AP permite implementar a base
monetária ao nível da União Europeia (UE). de acréscimo na contabilidade e relato financeiro das ad-
Em síntese, a atual estrutura de relato orçamental e fi- ministrações públicas, articulando-a com a atual base de
nanceiro encontra-se fragmentada e não tem uma perspetiva caixa modificada, estabelecer os fundamentos para uma
estratégica. O foco das atuais atividades de contabilidade orçamentação do Estado em base de acréscimo, fomentar
e relato é a entidade ao nível individual, consubstanciado a harmonização contabilística, institucionalizar o Estado
no processo da “conta de gerência”, sem uma visão inte- como uma entidade que relata, mediante a preparação
grada de como estas diferentes partes da administração de demonstrações orçamentais e financeiras, numa base
central são combinadas, através de um processo de con- individual e consolidada, aumentar o alinhamento entre a
solidação de contas, para produzir informação orçamental, contabilidade pública e as contas nacionais e contribuir
obtida a partir da contabilidade orçamental, e informação para a satisfação das necessidades dos utilizadores da in-
financeira, obtida através da contabilidade financeira, que formação do sistema de contabilidade e relato orçamental
proporcionem uma visão compreensiva e completa das e financeiro das administrações públicas.
finanças das administrações públicas. O SNC-AP permite ainda uniformizar os procedimentos
A existência de referenciais contabilísticos autónomos e aumentar a fiabilidade da consolidação de contas, com
para a administração central, local, para o setor da saúde, uma aproximação ao SNC e ao SNC-ESNL, aplicados no
da educação e o da segurança social ilustra bem a frag- contexto do setor empresarial e das entidades do setor não
mentação referida. lucrativo, respetivamente.
Desta fragmentação resulta a ausência de demonstrações O SNC-AP passa a contemplar os subsistemas de con-
orçamentais e financeiras consolidadas, sendo que estas tabilidade orçamental, contabilidade financeira e conta-
são essenciais para a análise da política orçamental, para o bilidade de gestão. O SNC-AP assenta, nomeadamente:
planeamento financeiro e para a obtenção de uma imagem i) numa estrutura concetual da informação financeira pú-
verdadeira e apropriada das finanças públicas. blica; ii) em normas de contabilidade pública convergentes
O sistema contabilístico, orientado sobretudo para o com as IPSAS; iii) em modelos de demonstrações financei-
controlo das despesas públicas, revelou-se incapaz de se ras; iv) numa norma relativa à contabilidade orçamental;
adaptar às exigências de uma gestão racional e integrada v) num plano de contas multidimensional; e vi) uma norma
e de proporcionar informação financeira completa, fiável, de contabilidade de gestão.
relevante e oportuna. De referir, ainda, que a implementação deste novo mo-
Às funções de contabilidade e relato financeiro tem sido delo implica um processo de transição.
atribuída pouca importância, ao ponto de não estar defi- Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das Re-
nida nenhuma entidade que centralize contabilisticamente giões Autónomas, a Associação Nacional de Municípios
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Portugueses, a Associação Nacional de Freguesias, a Co- 3 — A contabilidade financeira, que tem por base as
missão de Normalização Contabilística, o Instituto Nacio- normas internacionais de contabilidade pública, doravante
nal de Estatística, I. P., o Banco de Portugal, o Conselho designadas por IPSAS, permite registar as transações e
Superior de Finanças Públicas, a Ordem dos Revisores Ofi- outros eventos que afetam a posição financeira, o desem-
ciais de Contas e a Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas. penho financeiro e os fluxos de caixa de uma determinada
Assim: entidade.
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Cons- 4 — A contabilidade de gestão permite avaliar o resul-
tituição, o Governo decreta o seguinte: tado das atividades e projetos que contribuem para a reali-
zação das políticas públicas e o cumprimento dos objetivos
Artigo 1.º em termos de serviços a prestar aos cidadãos.
Objeto
Artigo 5.º
O presente decreto-lei aprova o Sistema de Normalização Regime simplificado
Contabilística para as Administrações Públicas, doravante
designado SNC-AP, e à quinta alteração ao Decreto-Lei As entidades de menor dimensão e risco orçamental po-
n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado pela Lei n.º 20/2010, dem beneficiar de um regime simplificado de contabilidade
de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de pública nos termos a definir em diploma próprio.
março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro,
e 83-C/2013, de 31 de dezembro. Artigo 6.º
Finalidades do Sistema de Normalização Contabilística
Artigo 2.º para as Administrações Públicas
Sistema de Normalização Contabilística O SNC-AP permite o cumprimento de objetivos de ges-
para as Administrações Públicas
tão, de análise, de controlo, e de informação, nomeadamente:
O SNC-AP integra a estrutura concetual da informação a) Evidencia a execução orçamental e o respetivo de-
financeira pública, as normas de contabilidade pública, e sempenho face aos objetivos da política orçamental;
o plano de contas multidimensional, constantes, respeti- b) Permite uma imagem verdadeira e apropriada da po-
vamente, dos anexos I a III ao presente decreto-lei, e que sição financeira e das respetivas alterações, do desempenho
dele fazem parte integrante. financeiro e dos fluxos de caixa de determinada entidade;
c) Proporciona informação para a determinação dos
Artigo 3.º gastos dos serviços públicos;
Âmbito d) Proporciona informação para a elaboração de todo o
tipo de contas, demonstrações e documentos que tenham
1 — O SNC-AP aplica-se a todos os serviços e or- de ser enviados à Assembleia da República, ao Tribunal
ganismos da administração central, regional e local que de Contas e às demais entidades de controlo e supervisão;
não tenham natureza, forma e designação de empresa, e) Proporciona informação para a preparação das contas
ao subsetor da segurança social, e às entidades públicas de acordo com o Sistema Europeu de Contas Nacionais
reclassificadas. e Regionais;
2 — Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se f) Permite o controlo financeiro, de legalidade, de eco-
por entidades públicas reclassificadas as entidades que, nomia, de eficiência e de eficácia dos gastos públicos;
independentemente da sua forma ou designação, tenham g) Proporciona informação útil para efeitos de tomada
sido incluídas nos subsetores da administração central, de decisões de gestão.
regional, local e segurança social das administrações pú-
blicas, no âmbito do Sistema Europeu de Contas Nacionais Artigo 7.º
e Regionais, nas últimas contas setoriais publicadas pela
autoridade estatística nacional. Consolidação de contas
3 — Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, 1 — O perímetro de consolidação orçamental das admi-
o SNC-AP não é aplicável às empresas públicas reclassi- nistrações públicas compreende os subperímetros referen-
ficadas com valores admitidos à negociação em mercado tes à administração central, segurança social, administração
regulamentado, exceto quanto ao cumprimento dos requi- local e regiões autónomas.
sitos legais relativos à contabilidade orçamental. 2 — As entidades que compõem cada um dos subpe-
4 — O SNC-AP aplica-se às entidades referidas no n.º 2 rímetros referidos no número anterior são, no caso da
a partir do ano seguinte, inclusive, ao da sua inclusão no administração central e da segurança social, as entidades
subsetor respetivo, e deixa de lhe ser aplicável a partir do que em cada período contabilístico integram o Orçamento
ano seguinte, inclusive, ao da sua exclusão do subsetor do Estado e, no caso das Regiões Autónomas, as entidades
respetivo. que, em cada período contabilístico integram, respetiva-
Artigo 4.º mente, os respetivos orçamentos.
3 — No caso da administração local, o perímetro de
Sistema de Normalização Contabilística consolidação é composto pelo conjunto de entidades incluí-
para as Administrações Públicas
das neste subsetor nas últimas contas setoriais publicadas
1 — O SNC-AP é constituído pelos subsistemas de pela autoridade estatística nacional, em cumprimento do
contabilidade orçamental, de contabilidade financeira e Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais.
de contabilidade de gestão. 4 — O perímetro de consolidação financeira integra as
2 — A contabilidade orçamental visa permitir um registo entidades a que se refere o n.º 1 e as entidades controladas
pormenorizado do processo orçamental. pelas administrações públicas.
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5 — Compete ao membro do Governo responsável pela Artigo 10.º


área das finanças a designação do serviço ou organismo
Certificação legal de contas
responsável pela preparação da informação consolidada
referida no presente artigo. 1 — As demonstrações financeiras e orçamentais são
6 — O serviço ou organismo referido no número an- objeto de certificação legal de contas.
terior pode propor ao membro do Governo da tutela a 2 — As entidades abrangidas pelo regime simplificado
desagregação das contas de movimento do plano de con- do SNC-AP previstas no artigo 5.º estão dispensadas de
tas multidimensional previsto no anexo III ao presente apresentar contas legalmente certificadas.
decreto-lei.
Artigo 8.º Artigo 11.º
Contabilista público Entidades piloto

1 — A regularidade técnica na prestação de contas dos 1 — O membro do Governo responsável pela área das
serviços e organismos e na execução da contabilidade finanças determina as entidades do Ministério das Finan-
pública é assegurada pelo contabilista público. ças que, no ano de 2016, integram a aplicação piloto do
2 — As funções de contabilista público são assumidas SNC-AP.
pelo dirigente intermédio responsável pela contabilidade 2 — As entidades de outros ministérios e subsetores da
e, na sua ausência, pelo trabalhador selecionado de entre Administração Pública podem integrar a aplicação piloto
trabalhadores integrados na carreira de técnico superior do SNC-AP em 2016, mediante solicitação dirigida ao
com formação específica em contabilidade pública. membro do Governo responsável pela área das finanças.
3 — Estão dispensados da frequência da formação es- 3 — Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 18.º
pecífica inicial os trabalhadores que, à data da entrada as entidades piloto não estão dispensadas do cumprimento
em vigor do presente decreto-lei, sejam responsáveis pela do disposto no n.º 5 do artigo 14.º
contabilidade pública.
Artigo 12.º
Artigo 9.º
Manual de implementação
Sistema de controlo interno
1 — A Comissão de Normalização Contabilística, dora-
1 — O sistema de controlo interno a adotar pelas enti- vante designada CNC, elabora um manual de implementa-
dades públicas engloba, designadamente, o plano de or- ção do SNC-AP, que contém, designadamente, a descrição
ganização, as políticas, os métodos e os procedimentos do processo de transição para o SNC-AP e os guias de
de controlo, bem como todos os outros métodos e pro- orientação para a aplicação das respetivas normas.
cedimentos definidos pelos responsáveis que contribuam 2 — O manual de implementação do SNC-AP referido
para assegurar o desenvolvimento das atividades de forma no número anterior é objeto de homologação pelo membro
ordenada e eficiente, incluindo a salvaguarda dos ativos, do Governo responsável pela área das finanças.
a prevenção e deteção de situações de ilegalidade, fraude 3 — Compete ao membro do Governo responsável pela
e erro, a exatidão e a integridade dos registos contabilís- área das finanças promover as ações indispensáveis à exe-
ticos e a preparação oportuna de informação orçamental cução das disposições constantes do presente decreto-lei.
e financeira fiável.
2 — O sistema de controlo interno tem por base sis-
temas adequados de gestão de risco, de informação e de Artigo 13.º
comunicação, bem como um processo de monitorização Integração de lacunas
que assegure a respetiva adequação e eficácia em todas as
áreas de intervenção. 1 — Quando o SNC-AP não contemplar o tratamento
3 — O sistema de controlo interno visa garantir: contabilístico de determinada transação ou evento, ativi-
dade ou circunstância, aplicam-se subsidiariamente pela
a) A salvaguarda da legalidade e da regularidade da ordem seguinte:
elaboração, execução e modificação dos documentos pre-
visionais, da elaboração das demonstrações orçamentais e a) As Normas Internacionais de Contabilidade Pública
financeiras e do sistema contabilístico como um todo; que estiverem em vigor;
b) O cumprimento das deliberações dos órgãos e das b) O SNC;
decisões dos respetivos titulares; c) As Normas Internacionais de Contabilidade adotadas
c) A salvaguarda do património; na União Europeia;
d) A aprovação e o controlo de documentos; d) As Normas Internacionais de Contabilidade emitidas
e) A exatidão e a integridade dos registos contabilís- pelo International Accounting Standards Board.
ticos, bem como a garantia da fiabilidade da informação
produzida; 2 — Compete à CNC interpretar e dar resposta às ques-
f) O incremento da eficiência das operações; tões relacionadas com o SNC-AP que lhe venham a ser
g) A adequada utilização dos fundos e o cumprimento colocadas pelas entidades públicas.
dos limites legais à assunção de encargos;
h) O controlo das aplicações e do ambiente informático; Artigo 14.º
i) O registo oportuno das operações pela quantia correta, Disposições transitórias
em sistemas de informação apropriados e no período con-
tabilístico a que respeitam, de acordo com as decisões de 1 — Durante o ano de 2016 todas as entidades públicas
gestão e no respeito pelas normas legais aplicáveis; devem assegurar as condições e tomar as decisões neces-
j) Uma adequada gestão de riscos. sárias para a transição para o SNC-AP.
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2 — As entidades públicas que adotam o SNC-AP pela orçamentais a que se refere o n.º 1 do artigo 10.º, após
primeira vez devem: audição da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.
4 — As notas de enquadramento às contas referidas ao
a) Reconhecer todos os ativos e passivos cujo reconhe-
anexo III ao presente decreto-lei, têm por objetivo ajudar
cimento é exigido pelas normas de contabilidade pública;
na interpretação e ligação do plano de contas multidimen-
b) Reconhecer itens como ativos apenas se os mesmos
sional às respetivas normas de contabilidade pública e são
forem permitidos pelas normas de contabilidade pública;
aprovadas por portaria do membro do Governo responsável
c) Reclassificar itens que foram reconhecidos de acordo
pela área das finanças, no prazo de 180 dias após a publi-
com o Plano Oficial de Contabilidade Pública, ou planos
cação do presente diploma.
setoriais, numa categoria, mas de acordo com as normas
de contabilidade pública pertencem a outra categoria;
d) Aplicar as normas de contabilidade pública na men- Artigo 17.º
suração de todos os ativos e passivos reconhecidos. Norma revogatória
1 — São revogados:
3 — Os ajustamentos resultantes da mudança das po-
líticas contabilísticas que se verifiquem devem ser reco- a) O Decreto-Lei n.º 232/97, de 3 de setembro;
nhecidos no saldo de resultados transitados no período em b) O Decreto-Lei n.º 54-A/99, de 22 de fevereiro, alte-
que os itens são reconhecidos e mensurados. rado pela Lei n.º 162/99, de 14 de setembro, pelos Decretos-
4 — As entidades públicas devem reconhecer ainda os -Leis n.os 315/2000, de 2 de dezembro e 84-A/2002, de
correspondentes ajustamentos no período comparativo 5 de abril, e pela Lei n.º 60-A/2005, de 30 de dezembro,
anterior. com exceção dos pontos 2.9, 3.3 e 8.3.1, relativos, respe-
5 — A prestação de contas relativa ao ano de 2016 a tivamente, ao controlo interno, às regras previsionais e às
realizar em 2017 é efetuada de acordo com os planos de modificações do orçamento;
contabilidade pública em vigor em 2016. c) O Decreto-Lei n.º 12/2002, de 25 de janeiro;
d) A Portaria n.º 671/2000, publicada na 2.ª série do
Artigo 15.º Diário da República, de 17 de abril;
e) A Portaria n.º 794/2000, de 20 de setembro;
Alteração ao Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho
f) A Portaria n.º 898/2000, de 28 de setembro;
O artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de ju- g) A Portaria n.º 474/2010, publicada na 2.ª série do
lho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Diário da República, de 1 de julho.
Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis
n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de 2 — Todas as remissões e referências ao Plano Oficial
dezembro, passa a ter a seguinte redação: de Contabilidade Pública e aos planos setoriais, aprovados
pelos diplomas referidos no número anterior, consideram-
«Artigo 3.º -se feitas ao SNC-AP.
[...]
Artigo 18.º
1 — [...]:
Produção de efeitos
a) [...];
b) [...]; 1 — O presente decreto-lei produz efeitos no dia 1 de
c) [...]; janeiro de 2017.
d) Empresas públicas que não se encontrem abrangi- 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, às
dos pelo Sistema de Normalização Contabilística para entidades piloto referidas no artigo 11.º são aplicáveis, a
as Administrações Públicas; partir de 1 de janeiro de 2016, as disposições constantes
e) [...]; no presente decreto-lei.
f) [...]. Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 9 de julho
de 2015. — Pedro Passos Coelho — Luís Miguel Gubert
2 — [...] Morais Leitão — Maria Isabel Cabral de Abreu Castelo
3 — [...].» Branco — Rui Manuel Parente Chancerelle de Machete —
José Pedro Correia de Aguiar-Branco — Anabela Maria
Artigo 16.º Pinto de Miranda Rodrigues — António Manuel Coelho
Regulamentação da Costa Moura — Luís Maria de Barros Serra Marques
Guedes — Luís Miguel Poiares Pessoa Maduro — Antó-
1 — O diploma referido no artigo 5.º é aprovado no nio de Magalhães Pires de Lima — Jorge Manuel Lopes
prazo de 180 dias a contar da data da entrada em vigor do Moreira da Silva — Maria de Assunção Oliveira Cristas
presente decreto-lei. Machado da Graça — Paulo José de Ribeiro Moita de
2 — No prazo de 90 dias após a data da entrada em Macedo — Nuno Paulo de Sousa Arrobas Crato — Luís
vigor do presente decreto-lei, é regulamentada por diploma Pedro Russo da Mota Soares.
próprio, após audição da Ordem dos Técnicos Oficiais
de Contas, a formação específica inicial e a formação Promulgado em 27 de agosto de 2015.
subsequente em contabilidade pública a que se refere o Publique-se.
n.º 2 do artigo 8.º
3 — No prazo de 180 dias após a data da entrada em O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
vigor do presente decreto-lei, o membro do Governo res-
Referendado em 1 de setembro de 2015.
ponsável pela área das finanças aprova a portaria que regu-
lamenta a certificação legal de contas das demonstrações O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.

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