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ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Relatório de
Análise da
Conjuntura
Económica e
Financeira
II Trimestre 2020

Departamento de Estudos Económicos


Banco Nacional de Angola
Av. 4 de Fevereiro, nº 151
Luanda, Angola
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Tiragem: Versão Digital

Publicação trimestral do Banco Nacional de Angola (BNA). É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte.

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ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS 3

SUMÁRIO EXECUTIVO 4

1. ECONOMIA INTERNACIONAL 6

1.1 PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS 7

1.2 INFLAÇÃO NA SADC 8

1.3 MERCADO DAS COMMODITIES 9

2. ECONOMIA NACIONAL 11

2.1 INDICADOR DE CLIMA ECONÓMICO 12

2.2 PRODUTO INTERNO BRUTO 12

2.3 COMÉRCIO EXTERNO E RESERVAS INTERNACIONAIS 13

2.4 POLÍTICA FISCAL 14

2.5 POLÍTICA CAMBIAL 17

2.6 POLÍTICA MONETÁRIA 19

3. INFLAÇÃO 25

3.1 ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR NACIONAL 26

3.2 ÍNDICE DE PREÇOS GROSSISTA (IPG) 31

3.3 EVOLUÇÃO DO NÚCLEO DE INFLAÇÃO NACIONAL 32

3.4 ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA INFLAÇÃO NUCLEAR 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS 35

ANEXOS 36

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ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Lista de abreviaturas
BAD Banco Africano de Desenvolvimento

BCE Banco Central Europeu

BDA Banco de Desenvolvimento de Angola

BM Banco Mundial

BNA Banco Nacional de Angola

BoE Banco da Inglaterra

BoJ Banco do Japão

BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

BT Bilhetes do Tesouro

EUA Estados Unidos da América

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

FCO Facilidades permanentes de Cedência de Liquidez Overnight

Fed Reserva Federal dos Estados Unidos da América

FMI Fundo Monetário Internacional

ICE Indicador de Clima Económico

INE Instituto Nacional de Estatística

IPC Índice de Preços no Consumidor

LUIBOR Luanda Interbank Offered Rate

mb/d Milhões de barris de petróleo por dia

ME Moeda Estrangeira

MINFIN Ministério das Finanças

MIREMPET Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás Angola

MMI Mercado Monetário Interbancário

MN Moeda Nacional

MEP Ministério da Economia e Planeamento

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OGE Orçamento Geral do Estado

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

OT Obrigações do Tesouro

PFT Programação Financeira do Tesouro

PIB Produto Interno Bruto

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ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Sumário Executivo
O relatório de Análise da Conjuntura Económica e Financeira é publicado trimestralmente pelo Banco Nacional de Angola
(BNA) e constitui um canal através do qual esta Instituição disponibiliza informação económico-financeira, bem como
fundamenta as medidas de política tomadas em sede do Comité de Política Monetária. Este relatório, referente ao
segundo trimestre de 2020, visa abordar o desenvolvimento recente das economias internacional e nacional, a dinâmica
dos principais indicadores macroeconómicos, com foco para a evolução da inflação em Angola, cuja estabilidade recai
sobre a responsabilidade do BNA.

Desta forma, o presente documento contempla, a análise do ambiente macroeconómico internacional, bem como a evolução
do mercado das commodities e, finalmente, a conjuntura económica nacional, passando em revista o comportamento de
quatro sectores, nomeadamente, Real, Externo, Fiscal e Monetário.

O ambiente macroeconómico internacional foi caracterizado pela manutenção da trajectória descendente da procura
agregada mundial, decorrente da fraca actividade económica em todo mundo por causa da pandemia de COVID-19. Assim
sendo, as mais recentes previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), plasmadas no seu relatório World Economic
Outlook de Junho de 2020, apontam para uma recessão da economia mundial em 2020 mais severa do que a prevista em
Abril, com o PIB a decrescer em 4,9% em termos reais.

O comportamento da procura agregada mundial agravou o desequilíbrio entre a procura e a oferta no mercado das
commodities energéticas, o que deu origem a um forte crescimento dos stocks a nível mundial, com os mesmos atingido
níveis recordes aproximando-se do topo da capacidade de armazenamento mundial, situação que levou o Brent a ser
transaccionado a um preço médio de 33,27 USD/barril, significativamente abaixo da média registada no trimestre anterior
(50,96 USD/barril). Em resposta a esta situação, a OPEP e os seus aliados anunciaram os maiores cortes de produção, até
então realizados.

A nível nacional, os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a actividade económica
também foi negativamente afectada pela pandemia, com o Indicador de Clima Económico (ICE) referente aos três primeiros
meses deste ano a sinalizar uma conjuntura económica mais desfavorável a curto prazo. Esta situação indicia que a oferta
de bens e serviços tenderá a ser limitada nos trimestres seguintes, podendo vir a acentuar a tendência de recessão do
PIB, que no primeiro trimestre contraiu 1,8%, após ter registado uma variação negativa de 0,6% no quarto trimestre de
2019 e uma estagnação no período homólogo de 2019.

No sector externo, destaca-se a deterioração do saldo da Conta de Bens, comparativamente ao primeiro trimestre de 2020,
diante da contínua redução do valor das exportações de bens que suplantou a queda do valor das importações de bens.
Esta deterioração levou à diminuição dos Activos Externos com destaque para o stock das Reservas Internacionais Brutas
(RIB) que reduziu em 5,13% no trimestre, atingindo USD 15,58 mil milhões, equivalente a 11,76 meses de importações
de bens e serviços.

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ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Como consequência, a oferta de moeda estrangeira no mercado cambial acabou por ser mais restrita, tendo o BNA
disponibilizado nos leilões de divisas aos bancos comerciais um montante de USD 893,74 milhões no trimestre em
análise, valor inferior aos USD 1,79 mil milhões transaccionados no primeiro trimestre de 2020. Por seu turno, os bancos
comerciais adquiriram também das companhias petrolíferas, diamantíferas e outros sectores da economia divisas no
valor de USD 895,29 milhões, o que representa uma redução de 27,23% comparativamente ao trimestre precedente.
As operações de compra e venda de divisas realizadas culminaram numa taxa de câmbio de USD/Kz 578,92 no final do
período, o que corresponde a uma depreciação do kwanza em relação ao dólar norte-americano de 9,30% ante os 10,15%
observados no trimestre anterior.

A taxa de inflação, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), subiu em 0,11 p.p., tendo
passado de 5,73% no primeiro trimestre para 5,84% no segundo trimestre de 2020, explicada, sobretudo, pela contribuição
da classe 01. “Alimentação e Bebidas não Alcoólicas” que prevalece como impulsionadora deste comportamento, embora
tenham sido, igualmente, observados aumentos em outras cinco classes das doze que compõem a sua estrutura.

O Comité de Política Monetária (CPM) antecipou a sua reunião ordinária para o dia 07 de Maio, com vista a analisar
o comportamento recente dos principais indicadores económicos, tendo decido: (i) manter a Taxa BNA em 15,50%; (ii)
manter a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez, com maturidade overnight em 0,00%; (iii) manter
a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez, com maturidade de sete dias em 7,00% e; (iv) manter os
coeficientes de reservas obrigatórias para moeda nacional e estrangeira em 22,00% e 15,00%, respectivamente.

Por outro lado, procedeu à avaliação dos possíveis impactos da pandemia de COVID-19 sobre a economia nacional, com
particular atenção nas contas externas e as suas implicações na condução da política monetária e cambial, e decidiu pela
(i) Activação da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez Overnight, em até Kz 100 mil milhões (Cem mil milhões
de kwanzas) renovável trimestralmente, de modo não cumulativo, ao longo do exercício económico de 2020 e (ii) pela
Inclusão das Grandes Empresas (GE) do sector produtivo na linha do desconto de títulos públicos no valor de até Kz 100
mil milhões, que inicialmente era destinada unicamente a Pequenas e Médias Empresas (PME).

No período em referência, a Base Monetária em moeda nacional, variável operacional da política monetária, expandiu em
8,18%, contribuindo para o crescimento do agregado monetário M2 em moeda nacional em 2,51%, resultado do aumento
das Notas e Moedas em Poder do Público em 5,96% e dos Depósitos Transferíveis em moeda nacional em 4,04%. No
entanto, os Outros Depósitos em moeda nacional contraíram em 1,18%.

As taxas de juro praticadas na concessão de crédito, ao sector empresarial e aos particulares diminuíram na maioria das
maturidades.

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// ECONOMIA INTERNACIONAL
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

1 ECONOMIA INTERNACIONAL
1.1 PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS

No segundo trimestre de 2020, o cenário internacional foi marcado pela escalada das tensões comerciais e políticas entre Estados
Unidos da América e a China e pelos avanços da COVID-19, cujo ritmo de contágio intensificou-se, estando os países a contabilizar
avultados prejuízos económicos, além de significativas perdas humanas. As principais economias avançadas e emergentes irão
experimentar um crescimento negativo, à excepção da China, levando o Fundo Monetário internacional (FMI) a considerar que o
mundo está a atravessar uma crise sem igual.

Face aos impressionantes recuos da actividade comercial e do consumo, o FMI apresentou no seu mais recente relatório uma visão
mais pessimista em relação ao crescimento económico mundial e reforçou a existência de diversos factores catalisadores de risco
que podem pôr em causa as previsões, nomeadamente: (i) a decisão de reposição de medidas de confinamento por parte de países
onde surgir aumentos de casos de infecções, depois do processo de desconfinamento; (ii) a propensão a consumir; (iii) a diminuição
da capacidade produtiva das empresas no período pós-pandemia, por causa da redução da força de trabalho; (iv) a possibilidade das
crises de dívida de alguns países poderem desacelerar ainda mais a sua actividade económica.

À luz disso, o Fundo reiterou a necessidade de uma cooperação multilateral entre os países em vários domínios, sobretudo no sector da
saúde, bem como o apoio financeiro externo aos países mais vulneráveis, por meio do alívio da dívida externa e/ou da disponibilização
de recursos financeiros. Além disso, os países devem implementar modalidades eficazes de auxílio aos mais desfavorecidos e melhorar
a sua capacidade de resposta a este tipo de crise, através da melhoria da cadeia de suprimentos e do financiamento para pesquisa e
apoio aos sistemas de saúde pública, sem descorar da criação de mecanismos para a mitigação das mudanças climáticas e redução
das emissões de gases de efeito estufa.

Diante deste panorama, o relatório World Economic Outlook de Junho de 2020 antecipa uma contracção de 4,90% para 2020, menos
1,9 p.p. em relação à previsão efectuada em Abril de 2020, no entanto, para o ano de 2021, prevê uma taxa de crescimento de 5,40%.

Nas economias avançadas, o choque parece ter sido mais profundo projectando, deste modo, uma contracção de 8,00%, realçando
as taxas de crescimento dos EUA com -8,00%; do Reino Unido com -10,20%, da Alemanha com -7,80% e das três economias da Zona
Euro mais afectadas pela pandemia (Espanha, Itália e França) com contracções em torno de 12%.

Nas economias emergentes dos BRIC, é esperada uma queda da actividade económica de 3,6%, excluindo a China que deverá crescer
1,00% em 2020. A Índia foi o país onde a revisão em baixa foi mais acentuada (menos 8,40 p.p.).

Para os países da África Subsariana, está prevista uma contracção de 3,20%. Porém, espera-se que Moçambique, registe uma
expansão de PIB de 1,20%, com a concretização do investimento no sector de petróleo e gás.

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TABELA 1 - PROJECÇÕES DO CRESCIMENTO ECONÓMICO (%)

Diferenciais WEO entre Abril e


FMI(Abr`20) FMI(Jun`20)
Junho 2020
Países/Região 2020 2021 2020 2021 2020 2021
Economia Mundial -3,00 5,80 -4,90 5,40 -1,90 -0,40
Economias Avançadas -6,10 4,50 -8,00 4,80 -1,90 0,30
EUA -5,90 4,70 -8,00 4,50 -2,10 -0,20
Reino Unido -6,50 4,00 -10,20 6,30 -3,70 2,30
Zona Euro -7,50 4,70 -10,20 6,00 -2,70 1,30
Japão -5,20 3,00 -5,80 2,40 -0,60 -0,60

Economias Emergentes e em -1,00 6,60 -3,00 5,90 -2,00 -0,70


Desenvolvimento
China 1,20 9,20 1,00 8,20 -0,20 -1,00
Índia 1,90 7,40 -4,50 6,00 -6,40 -1,40
Brasil -5,30 2,90 -9,10 3,60 -3,80 0,70
Rússia -5,50 3,50 -6,60 4,10 -1,10 0,60
África Subsariana -1,60 4,10 -3,20 3,40 -1,60 -0,70
África do Sul -5,80 4,00 -8,00 3,50 -2,20 -0,50
Nigéria -3,40 2,40 -5,40 2,60 -2,00 0,20

Fonte: FMI, World Economic Outlook Junho 2020

Face ao acima exposto, são claros os sinais de retracção da procura agregada, que se reflectiu negativamente sobre os preços
internacionais das commodities e sobre as transacções comerciais a nível mundial.

1.2 INFLAÇÃO NA SADC


No segundo trimestre de 2020, na região da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), observou-se uma tendência
de desaceleração dos preços de bens e serviços na maioria das economias, quando comparado com o período anterior. A inflação
média da região nos últimos doze meses, situou-se em 39,10%, ficando acima do intervalo de convergência da SADC (3%–7%),
influenciada, fundamentalmente, pelo Zimbabwe, não obstante Angola e Zâmbia continuarem a apresentar níveis de inflação acima
de um dígito. O ambiente internacional está a colocar em risco o cumprimento de grande parte das metas de convergência da região,
o que poderá fragilizar ou fortalecer o bloco, dependendo do nível de cooperação entre os países no combate aos efeitos da pandemia.

PAINEL 1 - INFLAÇÃO HOMÓLOGA DOS PAÍSES MEMBROS DA SADC1 2020 (%)2

22,0
800,0
20,0
18,0
16,0
14,0
12,0
700,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0 600,0
África do Sul

Seicheles
Maurícias

Tanzânia

Zimbabwe
Zâmbia

Malawi
Moçambique
Namíbia
Eswatini

Angola
Botswana

Lesoto

-2,0

1T2020 2T2020 1T2020 2T2020

Fonte: INE e Tranding Economics

1 Países, cujos dados estavam disponíveis aquando da elaboração deste Relatório.

2 O Zimbabwe foi apresentado num gráfico à parte por uma questão de escala, visto que o seu nível de inflação é muito mais alto do que o dos outros países.

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1.3 MERCADO DAS COMMODITIES


Os preços das commodities energéticas e alimentares nos mercados internacionais têm um impacto significativo na economia
angolana face à excessiva dependência do País das exportações petrolíferas e das importações de bens alimentares. Deste feito, o
seu acompanhamento é importante, por permitir identificar oportunamente os possíveis efeitos das suas variações sobre os grandes
objectivos da política económica, nomeadamente o crescimento económico, emprego, estabilidade de preços e equilíbrio das contas
externas, bem como preparar as medidas de política para a sua mitigação.

1.3.1 Mercado das Commodities Energéticas


No segundo trimestre de 2020, o mercado das commodities energéticas entrou em colapso, em particular o do petróleo. O desequilíbrio
no mercado petrolífero (oferta muito acima da procura) agravou-se com a redução da actividade das refinarias de petróleo a nível
mundial e a divulgação de que a economia chinesa, no primeiro trimestre, contraiu 6,8% em termos homólogos. Estas circunstâncias
geraram preocupações em relação à capacidade de armazenamento da commodity tanto em terra como no mar, uma vez que os stocks
já haviam atingido níveis consideravelmente elevados.

Para contrapor o desequilíbrio do mercado, foram tomadas decisões históricas nas 9ª e 10ª reuniões extraordinárias dos principais
produtores e exportadores de petróleo, liderada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que resultaram nos
maiores ajustes de produção até então realizados, tendo a oferta de petróleo passado de 100,04 milhões de barris no primeiro
trimestre para 91,71 milhões de barris no segundo trimestre (ou seja, menos 8,33 milhões de barris).

No que concerne a procura mundial, as estimativas mais recentes apresentadas no relatório da OPEP mostram que a mesma passou
de 92,41 milhões de barris no primeiro trimestre de 2020 para 81,95 milhões de barris no segundo trimestre, o que representa uma
diminuição de 10,46 milhões de barris em relação ao valor do trimestre anterior e 16,61 milhões de barris em relação a igual período
do ano transacto. Quanto à previsão para o ano de 2020, esta foi revista em baixa para uma média de 90,72 milhões de barris, um valor
inferior à procura de 2019 (99,67 milhões de barris), mas superior à previsão anterior (81,30 milhões de barris).

Neste contexto, o Brent foi transaccionado ao preço médio de 33,27 USD/barril, contra os 50,96 USD/barril do primeiro trimestre
de 2020 e os 68,39 USD/barril do segundo trimestre de 2019, o que corresponde a uma queda de cerca de 34,71% e 51,35%,
respectivamente.

Relativamente às ramas angolanas, estas foram negociadas ao preço médio de 26,76 USD/barril no segundo trimestre de 2020,
abaixo dos 49,26 USD/barril observados no primeiro trimestre de 2020, tendo o preço médio mais baixo do trimestre sido registado
em Abril (17,94 USD/Barril) e o mais elevado no mês de Junho (38,88 USD/Barril). Em termos homólogos, a média do preço das ramas
angolanas, no segundo trimestre de 2020, ficou abaixo da média verificada no segundo trimestre de 2019 (69,47 USD/barril).

GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO DO PREÇO DE PETRÓLEO (USD/BARRIL)


95,0

85,0

75,0

65,0

55,0

45,0

35,0

25,0

15,0
1T2017

2T2017

3T2017

4T2017

1T2018

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Brent WTI Ramas Angolanas

Fonte: MIREMPET e Bloomberg

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1.3.2 Mercado das Commodities Alimentares


No final do segundo trimestre de 2020, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) procedeu à
actualização do período base utilizado no cálculo do seu Índice de Preços de Alimentos3, passando a assumir como base o período de
2014-2016. Com o processo de actualização, a série dos índices foi alterada passando os mesmos assumir valores significativamente
mais baixos.

Assim sendo, em termos médios no segundo trimestre de 2020, o Índice de Preços de Alimentos da FAO fixou-se em 92,25 pontos,
o que representa uma queda de 6,83% face à média do primeiro trimestre de 2020 e de 2,23% em relação ao segundo trimestre de
2019. A redução generalizada da procura reflectiu-se sobre os índices de preços (grupos que compõem o índice), com maior incidência
para os preços do óleo vegetal e do açúcar.

O índice de preços do açúcar foi o que atingiu o valor mais baixo, situando-se em 68,69 pontos, cerca de 18,53% abaixo do valor
observado no primeiro trimestre de 2020 (84,31 pontos). Este comportamento foi o resultado dos reduzidos preços internacionais do
petróleo, que desincentivaram a produção de etanol, canalizando toda a matéria-prima para a produção de açúcar, numa altura em
que a procura deste produto foi reprimida.

Quanto ao índice de preços do óleo vegetal, este foi de 81,89 pontos no segundo trimestre, uma diminuição de 15,78% (97,24 pontos
no trimestre anterior), devido ao declínio da procura por parte dos sectores de biocombustíveis e alimentar, o que contrastou com
os níveis de produção e stock acima do esperado nos principais países exportadores, nomeadamente a Malásia (no caso do óleo de
palma) e nos Estados Unidos da América (no caso do óleo de soja).

Por seu turno, o índice de preços das carnes atingiu os 95,92 pontos no segundo trimestre de 2020, o que representa uma redução de
5,29% em relação ao primeiro trimestre de 2020 (101,28 pontos). Tanto a oferta como a procura foram afectadas pela pandemia de
COVID-19. Do lado da procura, ocorreu o encerramento de restaurantes e a perda de rendimento familiar o que restringiu o consumo
deste alimento. Do lado da oferta, a redução da mão-de-obra afectou o sector de produção e processamento das carnes, todavia, de
acordo com o economista sénior da FAO Upali Galketi Aratchilage, o ritmo de redução foi mais drástico a nível da procura dando origem
à diminuição dos preços.

No que se refere ao índice de preços dos cereais, este recuou para os 97,87 pontos, o que representa um decréscimo de 1,34% em
relação ao primeiro trimestre de 2020 (99,19 pontos). Os preços do milho tiveram a maior diminuição, devido à redução da procura
deste produto pelos produtores de ração animais e de biocombustíveis, todavia a redução foi atenuada pelo aumento do preço do
arroz, devido às restrições temporárias à exportação do Vietname e ao crescimento da procura do arroz japonês.

Por fim, a redução dos preços dos lacticínios deveu-se à redução do consumo mundial, sobretudo no hemisfério norte, numa altura em
que existe uma abundante oferta, tendo o índice alcançado o valor de 96,12 pontos, o que representa uma diminuição de 6,44% em
relação ao primeiro trimestre de 2020 (102,74 pontos).

3 O Índice de produtos alimentares é uma medida da variação dos preços internacionais de um conjunto de commodities alimentares. Este indicador resulta na média de cinco subíndices de

preços de commodities ponderados pelas médias de exportação de cada um dos grupos ao longo de 2014-2016.

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// ECONOMIA NACIONAL
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

2. ECONOMIA NACIONAL
2.1 INDICADOR DE CLIMA ECONÓMICO
O Indicador de Clima Económico (ICE)4 para o primeiro trimestre de 2020 publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), sinaliza
uma conjuntura económica mais desfavorável a curto prazo, invertendo a tendência de menor deterioração que se verificava desde o
inicio de 2017, tendo recuado para 16 saldos, quatro vezes mais profundo ao verificado no trimestre anterior (-4).

A contracção do trimestre situou-se abaixo da mediana da série, reflexo do pessimismo dos empresários quanto aos indicadores de
confiança dos sectores não financeiros da economia, com ênfase para a expectativa de emprego. Este cenário terá sido influenciado
pela conjuntura internacional caracterizada pelas incertezas provocadas pela crise pandémica de COVID-19.

PAINEL 2 - INDICADORES DE CLIMA ECONÓMICO E DE CONFIANÇA (SALDOS)

Clima Económico Indicadores de Confiança


60
0

-4 40
-5 -5
-7
20
-9
-10
-12 0
-15,00
-14
-15 -15 -15
-16 -16 -20
-17

-20
-21 -40

-24
-25 -60

-30 -80
1T2017

2T2017

3T2017

4T2017

1T2018

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020
1T2017

2T2017

3T2017

4T2017

1T2018

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

IC-IND TRANSFORMA D OR A IC-CONSTRUÇ Ã O


ICE Mediana
IC-COMÉRCI O IC-TRANSPORT ES
IC-TURISMO IC-IND EXTRACTIVA
IC-COMUNIC AÇ Ã O

Fonte: INE

A avaliação desfavorável generalizou-se a todos os sectores, com realce para o sector do comércio. Segundo o INE, os inqueridos
deste sector depararam-se com as seguintes dificuldades: (i) o agravamento da queda da procura, (ii) o excesso de burocracia, (iii) as
dificuldades associadas à ruptura de stock, (iv) os problemas financeiros e (v) os altos preços de venda.

2.2 PRODUTO INTERNO BRUTO


Segundo os dados publicados pelo INE, o País registou uma contracção da sua actividade económica no primeiro trimestre de 2020
(-1,8%) após ter contraído no trimestre passado (-0,6%) e estagnado no período equivalente de 2019.

4
Os dados do Indicador do Clima Económico são referentes ao primeiro trimestre de 2020, por serem os mais recentes à data da elaboração do relatório.

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ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DO PIB TRIMESTRAL (T.V.H., %)

3,0

2,5

-0,9 -0,6
-1,0 0,0 0,0

-1,8
-1,7 -2,2 -1,8

-3,1

-5,2
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T
2017 2018 e 2019 e 2020
prel.

PIB Real Trimestral (Publicação de Julho de 2020)

Fonte: INE

A suportar o recuo da economia nacional, estiveram o mau desempenho de alguns sectores, tais como: o Comércio (-11,6%), Pesca
(-7,9%) e a Extracção de diamantes, minerais metálicos e de outros minerais não metálicos (-5,2%).

TABELA 2 - TAXA DE CRESCIMENTO DOS SECTORES DE ACTIVIDADE (T.V.H.%)

2017 2018 (e) 2019 (e) 2020 (prel.)


Sectores de Actividade
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T
Indústria Transformadora 5,0 1,6 3,1 -4,2 -0,2 -0,1 9,3 9,7 -5,7 1,7 -0,4 6,9 10,0
Energia -4,2 -9,6 2,7 4,3 21,7 36,9 15,3 17,2 9,9 2,4 3,1 6,0 3,9
Imobiliário 2,9 3,0 3,0 3,1 2,8 3,0 3,0 3,1 2,9 3,0 3,1 3,0 2,9
Construção 4,8 -6,1 1,4 6,7 -5,3 -1,1 0,7 5,7 11,3 3,5 2,8 2,7 2,9
Correios e Telecomunicações -10,8 -7,4 -6,5 21,0 7,5 -5,3 -3,5 9,3 -6,8 -2,1 -0,5 -1,1 2,8
Agricultura 0,1 1,4 1,8 2,4 -2,0 -2,5 -2,3 -1,0 0,8 1,1 1,1 0,1 0,5
Governo -10,8 -1,9 5,5 7,6 7,6 -3,2 4,8 -0,6 3,0 0,7 5,3 -0,2 -0,2
Transportes e Armazanagem 0,4 1,6 6,0 1,5 1,0 0,7 -5,9 -2,3 0,5 -0,8 2,4 44,1 -0,7
Outros Serviços 6,8 10,4 5,9 -4,5 1,1 -7,1 -1,6 6,2 -0,5 -1,6 2,7 1,3 -0,7
Petróleo -9,5 -6,6 -3,5 -1,4 -6,9 -9,4 -11,5 -9,6 -6,9 -4,1 -8,7 -6,5 -1,7
Financeiro e Seguros -27,4 -2,6 85,9 -34,7 -5,3 -11,8 1,1 54,5 -11,5 -20,7 5,2 0,2 -5,1
Diamantes e outros 2,4 11,5 -21,6 6,1 -6,8 -6,1 -16,5 1,6 5,8 2,5 52,2 -11,3 -5,2
Pescas e derivados 11,6 20,5 -0,6 -20,3 -12,8 -10,0 -18,9 -24,6 9,8 -13,7 -30,8 -23,4 -7,9
Comércio 3,5 4,4 6,5 -10,0 -10,6 -9,0 0,7 24,2 -0,4 -6,5 6,8 9,2 -11,6
PIB a preços de mercado -0,9 -1,0 3,0 -1,7 -3,1 -5,2 -2,2 2,5 0,0 0,0 -1,8 -0,6 -1,8

Fonte: INE

2.3 COMÉRCIO EXTERNO E RESERVAS INTERNACIONAIS


No trimestre em análise, o saldo da Conta de Bens foi positivo, contudo acentuou o ritmo descendente que já vinha registando desde
o trimestre anterior ao cair 73,84%, passando de USD 4,09 mil milhões no primeiro trimestre de 2020 para USD 1,07 mil milhões.
Conforme referenciado anteriormente, este comportamento é reflexo da forte retracção da procura externa, que provocou a queda
abrupta dos preços e, consequentemente, a redução do valor das exportações em USD 3,56 mil milhões (54,41%) para USD 2,98 mil
milhões.

_13
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

A queda do valor das exportações foi influenciada, fundamentalmente, pelo efeito combinado do declínio da quantidade (em 17,83%) e
dos preços do petróleo (em 45,68%), face ao trimestre anterior, bem como da quantidade exportada de diamante em 49,51%.

No que toca às importações, o declínio do seu valor em USD 537,53 milhões (menos 21,94%) para USD 1,91 mil milhões, foi fruto de
uma diminuição de 10,92% do valor da importação de alimentos, 35,68% de combustíveis e de 23,28% no valor das importações de
outros produtos, dos quais se destacam as classes das “máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos” e de “máquinas, aparelhos
e instrumentos eléctricos”. Relativamente aos países de origem das importações angolanas, a China e Portugal permaneceram na
liderança durante o trimestre em análise.

PAINEL 3 - EVOLUÇÃO DA CONTA DE BENS E RESERVAS INTERNACIONAIS (USD MILHÕES)

10 000,0

18 000,0 13,0

7 500,0
12,0

Meses de importação
11,0
Milhões de USD 17 000,0

5 000,0 10,0

9,0
16 000,0
2 500,0 8,0

7,0

0,0 15 000,0 6,0


1T 2019

2T 2019

3T 2019

4T 2019

1T 2020

2T 2020

1T 2019

2T 2019

3T 2019

4T 2019

1T 2020

2T 2020
Exportações Total Importações Reservas Brutas
Conta de Bens
Grau de Cobertura das Reservas Brutas sobre as Importações
de B&S

Fonte: BNA

Com a redução dos fluxos financeiros em moeda estrangeira proveniente das transacções comerciais entre Angola e o resto do mundo,
os Activos Externos diminuíram, tendo o valor do stock das Reservas Internacionais Brutas se fixado em USD 15,58 mil milhões no final
de Junho de 2020, menos 5,13% em relação à posição de Março de 2020 (USD 16,42 mil milhões), o que corresponde a um grau de
cobertura de importações de bens e serviços de 11,76 meses, substancialmente acima da meta de convergência da SADC (seis meses).
Em relação ao segundo trimestre de 2019, as RIB decresceram em 2,79%.

2.4 POLÍTICA FISCAL


No segundo trimestre de 2020, as receitas fiscais reduziram em cerca de 28,69% ao somarem Kz 1,22 biliões, devido ao fraco
desempenho das suas componentes, nomeadamente, as receitas petrolíferas e não petrolíferas.

As receitas oriundas do sector petrolífero registaram uma redução de 37,84%, fortemente impactada pela queda do preço das ramas
angolanas, bem como das quantidades exportadas.

De igual modo, as receitas não petrolíferas reduziram em 8,65%, como resultado das medidas implementadas no âmbito da COVID-19
que levou à imposição de restrições operacionais aos agentes económicos e a suspensão de algumas actividades comerciais e/ou
industriais, bem como à prorrogação do período declarativo e de pagamento do Imposto Industrial das empresas do Grupo A5 .

5
Com tributação incidente nos lucros efectivamente obtidos pelos contribuintes e determinados através da sua contabilidade (As sociedades constituídas nos termos da Lei das Sociedades
Comerciais ou Lei das Sociedades Unipessoais, de capital social igual ou superior a Kz 2.000.000,00 e com proveitos totais anuais de valor igual ou superior a Kz 500.000.000,00, etc.).

_14
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

PAINEL 4 - EVOLUÇÃO DAS RECEITAS FISCAIS TOTAIS (KZ MIL MILHÕES)

4 000,0 2 000,0

1 800,0
3 500,0
1 600,0
3 000,0
1 400,0
2 500,0
1 200,0

2 000,0 1 000,0

800,0
1 500,0
600,0
1 000,0
400,0
500,0
200,0

0,0 0,0
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020
Outros Fluxos do Período Desembolsos de Financiamentos Receitas Petrolíferas Receitas Não Petrolíferas

Receita Transitada Receita Fiscal do Período

Fluxos de Recursos Líquidos no Exercício

Fonte: MINFIN (PFT)

As receitas de financiamento totalizaram Kz 643,64 mil milhões, o que representa uma diminuição de 6,44% e de 7,02% em relação
ao trimestre anterior e homólogo, respectivamente.

Relativamente à composição do financiamento interno, destaca-se que 29,87% são representados por Bilhetes do Tesouro (BT) e o
remanescente por Obrigações do Tesouro (OT). Estes últimos registaram maior incidência nos meses de Maio e Junho, tendo atingido
no trimestre um total de Kz 235,15 mil milhões e os Bilhetes do Tesouro cifraram-se em Kz 100,16 mil milhões.

Quanto às taxas de juro dos títulos da dívida pública, no último mês do trimestre registou-se para os BT um aumento de 1 p.p. para
as maturidades de 91, 182 e 364 dias, passando para 16,00%, 17,50% e 18,50%, respectivamente. Para as OT não reajustáveis
registaram também aumentos, fixando-se em 23,50% (+2,25 p.p.), 22,68% (+0,43 p.p.), 23,51% (+0,26 p.p.) e 23,90% (+0,90 p.p.), para
as maturidades de 1,5 ano, 2 anos, 3 anos e 4 anos, respectivamente.

As despesas totais aumentaram em 28,05% face ao primeiro trimestre, situando-se em Kz 2,71 biliões, dos quais 97,45% correspondem
à despesa do período e 2,62% à despesa transitada. O comportamento da despesa resultou, essencialmente, do crescimento da
despesa de capital em 124,50% e do serviço da dívida em 47,96%, sendo que as restantes rubricas registaram reduções.

Importa referir que, do total do serviço da dívida, 69,63% destinou-se ao pagamento de amortização do principal e 30,37% ao
pagamento de juros.

_15
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

PAINEL 5 - EVOLUÇÃO DAS DESPESAS TOTAIS (KZ MIL MILHÕES)

Componentes dos Fluxos da Despesa no Exercício Composição da Despesa Corrente

900,0

800,0
4 000,0
700,0
3 500,0
600,0
3 000,0
2 500,0 500,0

2 000,0 400,0

1 500,0 300,0

1 000,0 200,0

500,0 100,0

0,0 0,0

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Despesa Corrente Despesa de Capital Despesas com Pessoal Despesas com Bens e Serviços
Despesa de Serviço da Dívida DespesaTransitada Transf.Correntes Subsídios
Fluxo total de Pagamentos

Fonte: MINFIN (PFT)

No que tange aos resgates dos títulos públicos, no período em análise, estes totalizaram Kz 1,03 biliões o que representou um aumento
de 79,59% e 52,47% em relação ao trimestre anterior e ao período homólogo. No entanto, a emissão líquida de títulos (emissão
deduzido dos resgates) foi negativa em Kz 691,38 mil milhões, tendo resultado na redução do stock da dívida interna titulada em
0,19%, situando-se em Kz 11,38 biliões.

GRÁFICO 3 - DÍVIDA INTERNA TITULADA (KZ MIL MILHÕES)

1 200 12 000

1 000 10 000

800 8 000

600 6 000

400 4 000

200 2 000

0 0
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Emissão de BT e OT Resgate de BT e OT Stock de Dívida (ELD)

Fonte: MINFIN e BNA

_16
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

O fluxo total de pagamentos situou-se a um nível superior às disponibilidades líquidas6 , sendo que, as disponibilidades cobriram apenas
46,85% do total das despesas, registando assim um saldo do período negativo de Kz 1,44 biliões que foi coberto, essencialmente, com
recursos provenientes do fundo soberano, saldo da Conta Única do Tesouro (CUT), resultando num saldo final de caixa superavitário
de Kz 545,09 mil milhões.

GRÁFICO 4 - DISPONIBILIDADES LÍQUIDAS E DESPESAS TOTAIS (KZ MIL MILHÕES)

3 800,0

3 300,0

2 800,0

2 300,0

1 800,0

1 300,0

800,0

300,0

-200,0
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020
Fluxos de Recursos Líquidos no Exercício Fluxo Total de Pagamentos

Fonte: MINFIN (PFT)

2.5 POLÍTICA CAMBIAL

Relativamente à política cambial, no segundo trimestre de 2020, o BNA prosseguiu o processo de liberalização do mercado cambial,
tendo aperfeiçoado os procedimentos operacionais relativos às transacções de cambiais realizadas a partir da plataforma da Bloom-
berg (entre as empresas petrolíferas e os bancos comerciais) e actualizado a regulamentação referente às operações cambiais entre
bancos comerciais e empresas do sector diamantífero, através do Aviso n.º13/2020, de 19 Maio.

No que concerne à oferta de divisas, no trimestre em análise, esta foi mais modesta, tendo as compras dos bancos comerciais to-
talizado o valor de USD 1,79 mil milhões contra 3,02 mil milhões no primeiro trimestre. Deste montante, USD 893,74 milhões foram
adquiridos ao BNA e USD 895,29 milhões ao mercado, sendo que deste último, USD 511,25 milhões foram adquiridos às empresas
petrolíferas.

6 Disponibilidades líquidas referem-se ao total das entradas de receitas deduzidas das receitas consignadas.

_17
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

PAINEL 6 - EVOLUÇÃO DAS VENDAS DE DIVISAS DO BNA E DAS PETROLÍFERAS AO BANCOS COMERCIAIS (USD MILHÕES)

1600 350

1400 300
1200
250
1000
200
800
150
600
100
400

200 50

0 0

ago/19
jun/19

jun/20
out/19
abr/19

abr/20
dez/18

dez/19
fev/19

fev/20
ago/19
jun/19

jun/20
out/19
abr/19

abr/20
dez/18

dez/19
fev/19

fev/20

Leilões_BNA Mercado Vendas das Petrolíferas aos Bancos Comerciais

Fonte: BNA

Com efeito, no segundo trimestre de 2020, o kwanza (Taxa de Referência) depreciou-se face ao dólar dos EUA em 7,30% e em 9,30%
face ao euro, tendo-se fixado em USD/Kz 578,917 e EUR/Kz 648,93, respectivamente. Note-se que a depreciação do kwanza face ao
dólar dos EUA foi menos acentuada em relação aos 10,15% observados no trimestre anterior.

2.5.1 Taxa de Câmbio Real Efectiva


De igual modo, no período em análise, o Índice da Taxa de Câmbio Real Efectiva (ITCRE) aumentou 8,11%, após queda de 1,82% no
trimestre anterior (de acordo com os dados revistos).

O comportamento da taxa de câmbio real efectiva resultou da subida da Taxa de Câmbio Nominal Efectiva (TCNE) em 15,52%, após
aumento de 3,50% no trimestre anterior e da variação positiva dos preços relativos de 0,30%, justificada pela aceleração dos preços
internos de 5,83% no trimestre, uma vez que ocorreu uma diminuição dos preços externos de 0,96%.

O comportamento da TCNE continua a ser explicado pela depreciação do kwanza face às moedas dos principais parceiros comerciais
de Angola.

PAINEL 7 - EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DA TAXA DE CÂMBIO REAL EFECTIVA (NÚMERO ÍNDICE)

500,0
700,0
450,0
600,0
400,0

500,0 350,0
300,0
400,0
250,0
300,0 200,0
150,0
200,0
100,0
100,0 50,0

0,0 0,0
jun/02

jun/04

jun/06

jun/08

jun/10

jun/12

jun/14

jun/16

jun/18

jun/20
jun/02

jun/05

jun/08

jun/11

jun/14

jun/17

jun/20

ITCNE ITCRE IPC_Angola IPX

Fonte: BNA

_18
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Com o ajustamento da TCRE, registou-se uma significativa redução no hiato da TCRE7 , saindo de (-15,03%) no final do terceiro trimes-
tre de 2019 para (-2,90%) no segundo trimestre de 2020, gravitando em torno do seu ponto de equilíbrio o que se traduz na eliminação
da sobrevalorização do kwanza em relação ao cabaz de moedas dos principais parceiros comerciais de Angola.

GRÁFICO 5 - EVOLUÇÃO DO HIATO DA TAXA DE CÂMBIO REAL EFECTIVA (%)

10,0
0,0
-10,0
2014Q3
2014Q4
2015Q1
2015Q2
2015Q3
2015Q4
2016Q1
2016Q2
2016Q3
2016Q4
2017Q1
2017Q2
2017Q3
2017Q4
2018Q1
2018Q2
2018Q3
2018Q4
2019Q1
2019Q2
2019Q3
2019Q4
2020Q1
2020Q2
-20,0
-30,0
%

-40,0
-50,0
-60,0
-70,0
-80,0 Anterior
-3,69%

Actual
Hiato da TCRE -2,90%

Fonte: BNA

O aumento da Taxa de Câmbio Real Efectiva contribui para a redução das importações, com impacto positivo na Conta de Bens, dando
mais competitividade externa à economia nacional. Contudo, por questões meramente estruturais este benefício ainda não é efectivo
para os agentes económicos, uma vez que o sector produtivo depende excessivamente das importações de bens e serviços.

2.6 POLÍTICA MONETÁRIA

Considerando o estado de confinamento devido à COVID-19 e suas implicações sobre a economia nacional, o Comité de Política
Monetária (CPM) reuniu-se em sessão ordinária antecipada no dia 07 de Maio, para analisar o comportamento recente dos principais
indicadores económicos, tendo decidido:

i. Manter a taxa básica de Juro, Taxa BNA, em 15,50%;

ii. Manter a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez, com maturidade overnight em 0,00%;

iii. Manter em 22,00% e 15,00% os coeficientes de reservas obrigatórias em moeda nacional e estrangeira, respectivamente;

iv. Activar a Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez Overnight, em até Kz 100 mil milhões (Cem mil milhões de
kwanzas) renovável trimestralmente, de modo não cumulativo, ao longo do exercício económico de 2020;

v. Incluir as Grandes Empresas (GE) do sector produtivo na linha do desconto de Títulos Públicos no valor de até Kz 100 mil
milhões, inicialmente destinada unicamente a Pequenas e Médias Empresas (PME);

7 A análise do hiato é feita sobre a TCRE de equilíbrio a longo prazo, calculada com base no preço da moeda (Kwanza) em relação à moeda dos parceiros comerciais, tendo em conta a evolução
do nível dos preços nas economias parceiras, em relação à economia angolana.

_19
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Assim, com a manutenção da taxa de juro directora, o Banco Nacional de Angola reafirmou o seu compromisso no controlo da inflação,
monitorando a Base Monetária, cuja meta em termos de média diária no trimestre foi fixada em Kz 2,055 biliões até Junho de 2020.
Por outro lado, as demais medidas adoptadas visaram: (i) melhorar a previsibilidade e o estável acesso à liquidez por parte dos bancos
comercias; (ii) garantir o apoio directo ao sector produtivo, aliviando as pressões sobre a tesouraria das empresas (pequenas, médias
e grandes), permitindo a continuação das suas actividades e, consequentemente, a manutenção de postos de trabalho.

A Base Monetária em moeda nacional, no segundo trimestre de 2020, expandiu em 8,18%. Esta expansão resultou do efeito
expansionista das Operações Fiscais em 46,45% (Kz 714,27 mil milhões) e das Outras Operações do BNA em 1,32% (Kz 20,23 mil
milhões), tendo sido contraposta pelo efeito contraccionista das Operações Cambiais em 32,45% (Kz 498,97 mil milhões) e das
Operações Monetárias em 7,09% (Kz 109,07 mil milhões).

Em relação às contrapartes da Base Monetária em moeda nacional, observou-se uma expansão dos Activos Externos Líquidos em
5,04% (contracção de 2,62% retirando o efeito cambial), influenciada pela expansão das Reservas Internacionais Líquidas expressas
em kwanzas em 2,76% (contracção de 4,74% retirando o efeito cambial) e dos Outros Activos Externos Líquidos em 407,62% (acréscimo
de 370,59% retirando o efeito cambial). Por seu turno, os Activos Internos Líquidos contraíram em 2,51%, tendo sido influenciados pela
diminuição dos Outros Activos Líquidos em 12,87%, do Crédito a Outras Sociedades de depósitos em 21,88% (fruto do efeito líquido
contraccionista das Operações de Mercado Aberto e Facilidade de Cedência de Liquidez) e do Crédito a Outros Sectores residentes em
0,80%, enquanto o Crédito Líquido à Administração Central expandiu em 62,52%. A expansão verificada foi influenciada pelo aumento
das Responsabilidades face à Administração Central em moeda nacional em 45,21%, que por sua vez, foi resultado da monetização
de recursos em moeda estrangeira feita pelo Tesouro. Com esta desmobilização dos depósitos da CUT em moeda estrangeira, as
Responsabilidades face à Administração central em moeda estrangeira contraíram em 30,73%.

GRÁFICO 6 - FACTORES CONDICIONANTES DA BASE MONETÁRIA EM MOEDA NACIONAL (KZ MILHÕES)

1 500 000,0

1 000 000,0

500 000,0

0,0

-500 000,0

-1 000 000,0
2T2018 3T2018 4T2018 1T2019 2T2019 3T2019 4T2019 1T2020 2T2020

Operações Fiscais Operações Monetárias Operações Cambiais


Outras Operações Variação da Base Monetária

Fonte: BNA

A expansão da Base Monetária em moeda nacional, no trimestre, reflectiu-se na expansão das Reservas Bancárias em moeda nacional
em 10,97% e da Circulação Monetária em 2,25%. A expansão das Reservas Bancárias em moeda nacional, por sua vez, reflectiu-se
no aumento das Reservas Livres em moeda nacional em 47,21% e das Reservas Obrigatórias em moeda nacional em 2,55%. Por sua
vez, o aumento da Liquidez no período foi impulsionado pelo efeito expansionista das Operações Fiscais e Outras Operações do BNA.

_20
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

GRÁFICO 7 - TAXAS DE JURO DE POLÍTICA (%)


20,0

15,0

10,0

5,0

0,0

-5,0
2T2018 3T2018 4T2018 1T2019 2T2019 3T2019 4T2019 1T2020 2T2020

Taxa BNA FAO FAL 7 Dias FCO

Fonte: BNA

No Mercado Monetário Interbancário (MMI), os montantes transaccionados, no segundo trimestre de 2020, diminuíram em 8,72%. Em
termos homólogos de 2019, as transacções neste mercado aumentaram em 57,76%.

Relativamente às taxas de juro, verificou-se uma tendência decrescente da LUIBOR em todas as maturidades, destacando-se a maturidade
overnight, que registou uma redução de 1,82 p.p., fixando-se em 15,38%. A redução da LUIBOR justifica-se, fundamentalmente, pelo
aumento dos níveis de liquidez no sistema bancário.

PAINEL 8 - TRANSACÇÕES, TAXAS DO MERCADO MONETÁRIO INTERBANCÁRIO (MILHÕES KZ, %)

Operações no MMI e FCO (Milhões de Kz)


3 000 000,0 25%

2 500 000,0 20%


2 000 000,0
15%
1 500 000,0
10%
1 000 000,0

500 000,0 5%

0,0 0%
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Montante Transaccionado F.C.O. Luibor Overnight

Taxas LUIBOR 2Trim2020 (em %)


Taxas LUIBOR 1Trim2020 (em %)

25,02 20,02
18,02
20,02 16,02
14,02
15,02 12,02
10,02
10,02 8,02
6,02
5,02 4,02
2,02
0,02 0,02
Luibor 3 Meses

Luibor 6 Meses

Luibor 9 Meses

Luibor 12 Meses
Luibor 3 Meses

Luibor 6 Meses

Luibor 9 Meses

Luibor 1 Mês
Luibor Overnight
Luibor 12 Meses
Luibor 1 Mês
Luibor Overnight

Taxas LUIBOR 1Trim2020 Taxas LUIBOR 2Trim2020

Fonte: BNA

No que se refere às condições de financiamento do sector bancário, no trimestre em análise, realça-se a diminuição das taxas de juro
praticadas na concessão de crédito ao sector empresarial de 1,56 p.p. e 5,00 p.p. nas maturidades de até 180 dias e mais de 1 ano,
respectivamente, enquanto na maturidade de 181 dias a 1 ano, a taxa de juro aumentou em 3,35 p.p.

_21
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Quanto aos créditos a particulares, as taxas de juro destes registaram diminuições em todas as maturidades, sendo 0,14 p.p. na
maturidade de até 180 dias, 3,85 p.p. na maturidade de 181 dias a 1 ano e de 1,96 p.p. na maturidade de mais de 1 ano.

PAINEL 9 - TAXAS DE JURO DO CRÉDITO EMPRESARIAL E A PARTICULARES EM MOEDA NACIONAL (% F.D.P.)

Crédito Empresarial Crédito a Particulares


40,12 40,1
35,12 35,1
30,12 30,1
25,12 25,1
20,12 20,1
15,12 15,1
10,12 10,1
5,12 5,1
0,12 0,1
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020
Até 180 dias De 181 dias a 1 ano Mais de 1 ano Até 180 dias De 181 dias a 1 ano Mais de 1 ano

Fonte: BNA

No que diz respeito às taxas de juro praticadas para os depósitos em moeda nacional, estas reduziram nas maturidades de 91 a 180
dias e mais de 1 ano, em 0,39 p.p. e 3,19 p.p., respectivamente, enquanto para as maturidades de até 90 dias e de 181 dias a 1 ano,
observou-se aumentos em 0,69 p.p. e 1,34 p.p., respectivamente.

GRÁFICO 8 - TAXAS DE JURO DOS DEPÓSITOS A PRAZO EM MOEDA NACIONAL (% F.D.P.)

Taxas de Juro dos DP em Moeda Nacional


14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Até 90 dias 91 a 180 dias


De 181 dias - 1 ano Mais de 1 ano

Fonte: BNA

O stock de crédito à economia registou uma diminuição de 13,64% (redução de 15,31% retirando o efeito cambial) no trimestre
em análise, explicado principalmente pela compra de créditos malparados pela RECREDIT. No que se refere ao crédito à economia
por moedas, verificou-se uma contracção de 14,02% em moeda nacional e de 12,58% em moeda estrangeira (redução de 18,96%
expurgando o efeito cambial).

No que diz respeito ao peso do crédito em moeda estrangeira, houve um aumento, passando de 26,11% para 26,43% no trimestre em
análise, influenciado pelo efeito da apreciação do dólar dos Estados Unidos de América em relação ao kwanza.

_22
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

O stock de crédito ao sector privado registou uma redução de 12,54%, face ao trimestre anterior, resultante da diminuição do stock
de crédito concedido aos Sectores da Construção, das Outras Actividades de Serviços Colectivos Sociais e Pessoais, do Comércio por
Grosso e a Retalho, da Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura e dos Transportes, Armazenagem e Comunicações.

No que concerne à distribuição do stock de crédito por sector, o destaque recai para o sector não produtivo que concentra mais de
71% do valor total, nomeadamente, o Sector do Comércio por Grosso e a Retalho (22,14), Particulares (16,70%), Sector de Actividade
Imobiliária e Alugueres e Serviços Prestados às Empresas (14,26%), Sector da Construção (9,60%) e o Sector de Outras Actividade de
Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais (8,90%).

PAINEL 10 - CRÉDITO AO SECTOR PRIVADO E DISTRIBUIÇÃO POR SECTORES DE ACTIVIDADE

Crédito ao Sector Privado ( em % t.v.t)

20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
-5,0
-10,0
-15,0
-20,0
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Sociedades não Financeiras Outros Sectores Residentes Sector Privado

Distribuição do Crédito Total por sector (% do Créd. Total)

Alojamento e Restauração (Restaur. e Similares)

Outros

Transportes, Armazenagem e Comunicações

Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura.

Indústria Extrativa

Indústrias Transformadoras

Serviços Sociais

Construção 2T2018 2T2019 2T2020

Activ. Imob.,Alugueres e Serv.Prest. as Empresas

Particulares

Comércio por Grosso e a Retalho

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Fonte: BNA

_23
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Contudo, espera-se por alterações deste cenário, tendo em conta a dinamização da política de crédito, assente na implementação
efectiva do Programa de Apoio ao Crédito (PAC) aprovado pelo Executivo, Aviso n.º 4 /2019, de 03 de Abril, Instrutivo n.º 04/2019, de
26 de Abril e Aviso n.º 10/2020, de 03 de Abril, do BNA8.

Relativamente aos novos créditos, no segundo trimestre de 2020, os bancos comerciais concederam crédito no valor de Kz 173,79 mil
milhões em moeda nacional, dos quais 19,50% aos Particulares, 19,38% ao Comércio por Grosso e a Retalho, 14,90% ao sector da
Indústria Transformadora, 13,00% ao sector da Construção e 10,67% ao sector de Saúde e Acção Social.

No que concerne aos passivos monetários dos bancos comerciais, os depósitos totais aumentaram em 3,67% (uma redução de 0,72%
retirando o efeito cambial no trimestre). Este aumento foi influenciado pelo acréscimo dos depósitos em moeda estrangeira em 4,75%
(uma diminuição de 2,89% expurgando o efeito da depreciação do kwanza no trimestre) e dos depósitos em moeda nacional em 2,21%.

De notar que devido à apreciação do dólar dos Estados Unidos de América em relação à moeda nacional, o contravalor em kwanza dos
depósitos denominados em moeda estrangeira vem dilatando e deste modo, aumentando o peso destes, atingindo 58,02%, contra os
57,43% apurados no trimestre anterior.

PAINEL 11 - VARIAÇÃO DEPÓSITOS TOTAIS /PESO DO CRÉDITO E DOS DEPÓSITO EM MOEDA ESTRANGEIRA SOBRE O TOTAL

dos Depósitos Totais ( em % t.v.t) % dos Créditos e Depositos em Moeda Estrangeira

80,0
70,0
60,0
60,0
40,0
50,0
20,0
40,0
0,0
30,0
-20,0
20,0
-40,0
10,0
-60,0
0,0
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Sector Público, Excl. Administração Central


Crédito Moeda Estrangeira Depósitos Moeda Estrangeira
Outras Instituições Financeiras não Monetárias
Sector Privado
Total

Fonte: BNA

O Agregado monetário M2 situou-se em Kz 10,90 biliões, correspondendo a um aumento de 3,75% no trimestre (um decréscimo de
0,48% sem efeito cambial), reflexo do aumento das Notas e Moedas em Poder do Público em 5,96%, dos Outros Depósitos em 4,15%
(um decréscimo de 1,38% sem efeito cambial) e dos Depósitos Transferíveis em 3,15% (um ligeiro acréscimo de 0,001% sem efeito
cambial). Por seu turno, o agregado monetário M2 em moeda nacional expandiu em 2,51%, reflectindo-se no aumento das Notas e
Moedas em Poder do Público em 5,96% e dos Depósitos Transferíveis em moeda nacional em 4,04%, sendo que os Outros Depósitos
em moeda nacional contraíram em 1,18%.

8 Os documentos em causa, visam estimular à concessão de crédito pelas instituições financeiras bancárias, para a produção de bens essenciais que apresentam défices de oferta de produção
nacional.

_24
// INFLAÇÃO
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

3. INFLAÇÃO
Nesta secção, procede-se à análise da evolução do ritmo de crescimento do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) e do
Índice de Preços Grossita (IPG), com objectivo de averiguar detalhadamente o comportamento dos preços no segundo trimestre de
2020, considerando a performance de algumas variáveis económicas tidas como determinantes.

3.1 ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR NACIONAL


Segundo os dados do IPCN publicados pelo INE, referente ao mês de Junho de 2020, a variação deste índice para o segundo trimestre
foi de 5,84% (2,05% em Abril; 1,94% em Maio e 1,74% em Junho). Em termos homólogos, a taxa de variação no trimestre fixou-se em
22,62%, um incremento face ao trimestre passado (19,62%) e ao igual trimestre de 2019 (16,94%).

A variação do IPCN deveu-se ao aumento das contribuições de seis classes das doze que integram o cabaz. A classe 01. “Alimentação
e Bebidas não Alcoólicas” com uma variação trimestral de 8,24%, prevalece como a maior impulsionadora da inflação geral,
respondendo por 66,02% da variação observada.

A subida de preços dos produtos da classe 01. “Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas”, particularmente nos dois primeiros meses do
trimestre, pode ser explicada:

i. Pelo aumento da procura de bens essenciais, devido à propagação da COVID-19;

ii. Pela redução da oferta de alguns bens alimentares, com destaque para os produtos do grupo de peixes e mariscos que
presentou o maior acréscimo na contribuição ao passar de 0,87 p.p. para 1,25 p.p., resultante de dois períodos de veda de
pescado, referente à pesca em águas profundas (Abril a Junho) e outro da pesca de carapau e sardinha (iniciado em Maio)
que são os tipos de pescado mais consumidos no País. Associado a este facto, está a queda das quantidades importadas
de peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos no segundo trimestre (-2,61%) e no acumulado dos seis
meses de 2020 (-40,49%).

GRÁFICO 9 - VARIAÇÃO DO IPCN (%)


25,0 7,0
22,62
20,90
19,52 19,62 6,0
19,21
20,0 18,60
17,56
16,94 16,90
16,08 5,0

15,0
4,0

3,0
10,0

2,0
5,0
1,0

0,0 0,0
1T2018 2T2018 3T2018 4T2018 1T2019 2T2019 3T2019 4T2019 1T2020 2T2020

Variação IPCN (12 Meses) Variação IPCN Trimestral (Eixo à Direita)

Fonte: INE

_26
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Quanto à variação trimestral do IPC por província, as maiores foram apuradas nas províncias da Huíla (7,80%), Cuando Cubango
(7,76%) e Bié (7,18%), enquanto as províncias do Cunene (5,07%), Lunda Sul (5,41%) e Luanda (5,71%) apresentaram as menores
variações.

GRÁFICO 10 - VARIAÇÃO TRIMESTRAL DO ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR POR PROVÍNCIA (%)

10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0

CUANZA NORTE

CUNENE
CUANZA SUL

MOXICO
ZAIRE

LUANDA
BENGO
CUANDO CUBANGO

HUAMBO
BIÉ

LUNDA NORTE

MALANGE

UÍGE
CABINDA

LUNDA SUL
HUÍLA

NAMIBE
BENGUELA

Variação Trimestral por Província Variação Trimestral Nacional

Fonte: INE

Na análise individual por província, destaca-se a província de Luanda, que contribuiu em 55,78% (equivalente a uma contribuição de
3,26 p.p.) da inflação trimestral nacional, reflexo de uma variação no segundo trimestre de 2020 em torno de 5,71% contra os 5,10% e
3,32% registados no trimestre anterior e no período equivalente do ano transacto, respectivamente. A taxa de inflação de doze meses
elevou-se para 21,78%, nível superior ao verificado no trimestre homólogo (17,28%).

GRÁFICO 11 - VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR DA PROVÍNCIA DE LUANDA (%)

25,0 6,0
22,32
21,78
20,16
19,22 19,03 5,0
20,0 18,21
17,55 17,28 17,06
16,52
4,0
15,0

3,0

10,0
2,0

5,0
1,0

0,0 0,0
1T2018 2T2018 3T2018 4T2018 1T2019 2T2019 3T2019 4T2019 1T2020 2T2020

Variação IPC (12 Meses) Variação IPC Trimestral (Eixo à Direita)

Fonte: INE

_27
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

3.1.1 Variação e contribuição do IPCN por Classe


No trimestre em referência, as classes que registaram as maiores variações foram: 01. “Alimentação e Bebidas não Alcoólicas” com
8,24%, 02. “Bebidas não Alcoólicas e Tabaco” com 6,81% e a 11. “Hotéis, Cafés e Restauração” com 6,77%.

Quanto às classes de despesas que mais contribuíram, destacam-se as seguintes: i) classe 01. “Alimentação e Bebidas não Alcoólicas”
com contribuição relativa de 3,85 p.p. (correspondendo a 66,01% da taxa de inflação total); ii) classe 12. “Bens e Serviços Diversos”
com 0,38 p.p. e; iii) 05. “Mobiliário e Equipamentos Domésticos” com 0,33 p.p. Em relação às menores contribuições, estas foram
verificadas nas classes 08. “Comunicação” com 0,01 p.p., 09. “Lazer, Recreação e Cultural” com 0,04 p.p. e a 04. “Habitação, Água,
Electricidade e Combustível” com 0,11 p.p.

GRÁFICO 12 - CONTRIBUIÇÃO DAS CLASSES NA INFLAÇÃO TRIMESTRAL (%)

6,0

4,0

2,0

0,0
2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020
Bens e Serv. Diversos Hotéis, Cafés e Restaur.
Educação Lazer, Recreação e Cultura
Comunicações Transportes
Saúde Mobiliário, Equip. Doméstico e de Manut.
Hab., Água, Electric., Gás e Combust. Vestuário e Calçado
Beb. Alcoól. e Tabaco Alim. E Beb. Não Alcoól.

Fonte: INE

3.1.2 Índice de Preços no Consumidor Nacional por Categorias


A análise desagregada do IPCN, em bens e serviços, indica para o segundo trimestre de 2020 um aumento na variação do índice da
categoria “bens” em torno de 6,86% (2,41% em Abril; 2,25% em Maio e 2,05% em Junho) em relação ao trimestre anterior (6,01%).
Com este resultado, a inflação homóloga de bens saiu de 21,36% no primeiro trimestre para os 25,28% no trimestre em análise.

A subida da inflação dos bens foi influenciada pela subcategoria “bens alimentares, cuja contribuição aumentou” em 0,96 p.p. para
4,89 p.p. Contrariamente, a contribuição da subcategoria “bens industriais” fixou-se em 1,98 p.p. um recuou de 0,11 p.p., devido aos
efeitos negativos da pandemia de COVID-19, que reprimiu a procura destes bens.

O aumento da variação trimestral dos bens alimentares decorreu, principalmente, do incremento dos “bens alimentares processados”
em 0,30 p.p. em razão da contribuição de produtos, tais como: arroz agulha (de 0,21 p.p. para 0,32 p.p.), coxas de frango (de 0,11 p.p.
para 0,16 p.p.) e carapau seco (de 0,03 p.p. para 0,08 p.p.). Salienta-se que estes produtos fazem parte da cesta básica e dos produtos
vigiados definidos pelo Governo no Decreto Executivo n.º 62/16, de 15 de Fevereiro de 2016.

A suportar a inflação dos “bens alimentares não processados”, estiveram os seguintes produtos com as subsequentes contribuições:
carapau fresco (de 0,19 p.p. para 0,25 p.p.), tomate (de 0,12 p.p. para 0,14 p.p.) e sardinha fresca (de 0,03 p.p. para 0,05 p.p.).

_28
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

De notar que a inflação de alimentos vem se situando acima da inflação cheia, desde o último trimestre de 2019, indicativo de que
esta subcategoria constitui hoje o principal acelerador da inflação nacional. Inversamente, a inflação dos produtos não alimentares
desacelerou para 3,70% (1,10% em Abril, 1,34% em Maio e 1,22% em Junho), face aos 4,93% observados no trimestre passado,
elevando a inflação homóloga para 18,04%, abaixo dos 22,62% da inflação cheia.

Por seu turno, a inflação da subcategoria “bens industriais” desacelerou no período em análise, ficando em 4,85%, o que se reflectiu
no declínio da sua contribuição, devido ao decréscimo da contribuição dos seguintes produtos: automóveis (de 0,10 p.p. para 0,05 p.p.),
cadernos (de 0,05 p.p. para 0,01 p.p.) e cerveja branca importada (de 0,06 p.p. para 0,05 p.p.).

No que tange à variação de preços dos “Serviços”, esta atingiu 2,38% (0,80% em Abril, 0,88% em Maio e 0,68% em Junho) no
segundo trimestre, um abrandamento face ao período anterior (4,96%) e ao mesmo período de 2019 (2,44%), o que resultou numa
inflação homóloga desta categoria de 14,12%, contra os 14,19% do trimestre passado e os 16,82% do trimestre equivalente de 2019.

A influenciar o comportamento trimestral esteve a redução da contribuição dos seguintes produtos: “ensino secundário particular” (de
0,27 p.p. para contribuição nula), “ensino básico particular” (de 0,26 p.p. para contribuição nula) e “renda de casa” (de 0,09 p.p. para
0,01 p.p.).

Salienta-se o facto da variação de preços dos serviços de carácter pessoal9 ter ficado em 5,41% (acima dos 4,53% verificados no
trimestre passado), ao passo que a dos serviços relacionados com a alimentação fora de casa, foi de 6,77% (superior aos 4,32%
observados no trimestre anterior), o que poderá encontrar justificação no aumento dos preços dos bens alimentares.

PAINEL 12 - VARIAÇÃO TRIMESTRAL E HOMÓLOGA DO IPCN BENS E SERVIÇOS


9,0 9,0
8,0 8,0

7,0 7,0

6,0 6,0

5,0 5,0

4,0 4,0

3,0 3,0

2,0 2,0

1,0 1,0

0,0 0,0
1T2018

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020
1T2018

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Variação IPCN Bens (Trimestral) Variação do IPCN Bens Alim. Proc. (Trimestral)
Variação IPCN Serviços (Trimestral) Variação do IPCN Bens Alim. Não Proc. (Trimestral)
Variacao IPCN (Trimestral) Variação do IPCN Bens Alimentares (Trimestral)

30,0
30,0

25,0 25,0

20,0 20,0

15,0 15,0

10,0 10,0
1T2018

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020
1T2018

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020

Variação IPCN Bens (12 meses) Variação do IPC Bens Alim. Proc. (12 meses)
Variação IPCN Serviços (12 meses) Variação do IPC Bens Alim. Não Proc. (12 meses)
Variacao IPCN (12 Meses) Variação do IPC Bens Alimentares (12 meses)

Fonte: INE

9 Produtos pessoais da classe 12 bens e serviços diversos, nomeadamente: água-de-colónia e perfumes, máquina não eléctrica de barbear, papel higiénico, shampoo, pasta dentífrica, creme
de beleza e fraldas descartáveis.

_29
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Note-se que dos trezentos e sessenta e dois produtos que integram a composição do cabaz do IPCN, os que observaram as maiores
variações de preços são aqueles que compõem a estrutura da cesta dos bens alimentares. Neste sentido, a aceleração dos preços
na economia, no segundo trimestre de 2020, foi sustentada, essencialmente, pelo incremento do ritmo de crescimento do IPC da
categoria “Bens”.


Caixa: Índice de Difusão

O índice de difusão (ID) é uma medida simples que representa a propagação e a acumulação das expansões
e das contracções da actividade económica, durante um dado período (Moore, H. G. e Shiskin, J. - 1964). Em
síntese, o ID mede a proporção das componentes que registam variações positivas sobre um indicador em estudo
num determinado período. Inicialmente, a construção do índice de difusão (ID) teve como objectivo auxiliar na
identificação de ciclos económicos, assim como dos pontos de inversão dos ciclos. Nos dias actuais, passou a ser
utilizado também para identificar tendências, para a análise pormenorizada dos processos económicos e até para
previsão de indicadores coincidentes para a economia.

O ID é também utilizado por muitos bancos centrais como um auxiliar na análise do comportamento da inflação,
dentre eles, o Banco Central do Peru, Banco Central do Brasil e o Banco de Moçambique. Nesta perspectiva, o ID é
uma ferramenta utilizada para ajudar a compreender o papel dos diversos fenómenos económicos e socioculturais
na dinâmica dos preços de bens e serviços na economia.

Para economias onde a inércia (inflação registada nos períodos anteriores) é um dos determinantes com maior
impacto sobre a inflação, o ID do Índice de Preços no Consumidor (IPC) é um instrumento relevante, sendo útil para
captar a informação sobre a fonte de persistência dos preços ao longo do tempo.

• Características e Interpretação

O ID varia num intervalo de zero a cem por cento (0 a 100%). Assim, se o ID do IPC for igual a 90%, pode-se afirmar
que 90% dos produtos que constituem a matriz dos produtos do IPC, registaram variações positivas.

Na análise do ID, é fundamental considerar a tendência do indicador. Deste modo, registos permanentes do indicador
com números relevantes (acima de 30%) podem ser um alerta da existência de um desequilíbrio no mercado de
bens e serviços constituindo um canal para alimentar as expectativas de inflação para os próximos períodos.

• Metodologia de Cálculo do Índice de Difusão

O cálculo do Índice de Difusão para a inflação obedece aos seguintes passos:

◊ Criação de uma matriz que comporta os índices de todos os produtos usados no cálculo do IPC;

_30
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

◊ Criação de uma matriz que comporta os índices de todos os produtos usados no cálculo do IPC;

◊ Dividir o número de variações positivas pelo número de produtos que compõem a matriz dos produtos do
IPC, de maneira a obter a percentagem dos números que registaram variação positiva no total dos produtos,
de acordo a fórmula abaixo.

∑X t
ID_IPC = ( ) x 100
n
Onde, ∑X t é o número de produtos que registaram variações positivas no período t, e n é o total de produtos
que comportam a matriz de produtos do IPC. Importa referir que esta metodologia é aplicável também para a
análise dos subgrupos do IPC.

Portanto, nota-se que com o conhecimento do ID, é possível saber dentre os produtos do IPC, quais os que
mais contribuíram para a variação da 23:
FIGURA inflação e por DA
EVOLUÇÃO conseguinte
VARIAÇÃO adoptar medidas de política monetária para
DO IPCN
influenciar na mudança de trajectória da inflação.

No entanto, também é relevante analisar o indicador em paralelo com a evolução de outros indicadores
económicos, no sentido de compreender as possíveis causas da variação positiva registada na maior parte dos
produtos do IPC.

3.2 ÍNDICE DO PREÇO GROSSISTA (IPG)10


O Índice de Preços Grossista (IPG) manteve a sua trajectória crescente que perdura desde o início de 2019, tendo apresentado, no
segundo trimestre de 2020, uma taxa de variação de 6,07% (1,95% em Abril, 1,98% em Maio e 2,01% em Junho), uma aceleração
em relação ao período transacto (5,44%). Este comportamento foi decorrente do aumento da contribuição das suas componentes,
em particular, os produtos importados com uma contribuição de 4,53 p.p. face aos 4,07 p.p. observados no trimestre anterior (o que
representa cerca de 74,66% da variação do índice geral).

Destaca-se que desde os meados de 2018, a taxa de variação do IPG dos produtos nacionais mantêm-se superior à dos produtos
importados, tendo se fixado no trimestre em referência em 7,01% (6,30% no trimestre passado), ao passo que a dos produtos
importados ficou em 5,80% (5,20% no período anterior).

Constata-se que o acréscimo da taxa de variação do IPG dos produtos nacionais foi influenciado essencialmente pelo aumento da
contribuição da secção “Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura” com 3,40 p.p. (2,55 p.p. no primeiro trimestre). O aumento
da variação do IPG dos produtos importados decorreu fundamentalmente do incremento da contribuição da secção “Indústrias
Transformadoras” com 5,40 p.p., acima dos 4,80 p.p. registados no período anterior.

10 O Índice de Preços Grossista mensura a variação dos preços dos bens produzidos no País, assim como dos produtos importados e posteriormente comercializados internamente, nos primeiros
níveis de transacção. Este índice é somente referente à província de Luanda.

_31
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

GRÁFICO 13 - VARIAÇÃO HOMÓLOGA DO ÍNDICE DE PREÇOS GROSSISTA (%)

25,0 22,70 7,0

20,48
6,0
18,92
20,0 17,76
16,86 17,13 17,09
15,95 16,43 5,0
15,53
15,0
4,0

3,0
10,0

2,0
5,0
1,0

0,0 0,0
1T2018

2T2018

3T2018

4T2018

1T2019

2T2019

3T2019

4T2019

1T2020

2T2020
Variacao IPG (12 meses) Variação IPG Trimestral (Eixo à Direita)

Fonte: INE

A taxa de variação homóloga do IPG foi de 22,70%, um aumento em comparação aos 20,48% evidenciados no período transacto e
em relação aos 17,09% verificados no mesmo trimestre de 2019. A justificar este desempenho esteve o aumento da variação dos
preços dos produtos nacionais em 2,69 p.p. (24,26% no trimestre passado) e dos preços dos produtos importados em 2,08 p.p. (19,46%
registados no trimestre anterior).

As maiores contribuições dos produtos importados na variação do IPG foram registadas na secção “Indústrias Transformadoras”, com
destaque para os produtos: Gado abatido (1,03 p.p.), Leite e Derivados (0,37 p.p.) e Carne de aves (0,35 p.p.). No conjunto dos produtos
nacionais, realça-se as culturas agrícolas (1,43 p.p.); a fabricação de refrigerantes e outras bebidas (1,28 p.p.); bem como a cerveja e
malta (0,82 p.p.).

3.3 EVOLUÇÃO DO NÚCLEO DE INFLAÇÃO NACIONAL


A medida do núcleo de inflação (indicador de inflação subjacente), isto é, a inflação excluindo as componentes voláteis e produtos
com preços administrados, registou uma desaceleração do seu ritmo de crescimento ao passar de 5,97% no primeiro trimestre para
5,61% no segundo trimestre (1,88% em Abril e Maio e 1,75% em Junho). A influenciar este desempenho, esteve o “núcleo dos outros
produtos”, cuja contribuição regrediu em 0,73 p.p. (46,57% da variação do núcleo de inflação total). Em sentido contrário, destaca-se o
aumento da contribuição do “núcleo de produtos alimentares” em 0,37 p.p., que respondeu por mais de metade da variação do núcleo
de inflação (53,39%).

_32
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

GRÁFICO 14 - VARIAÇÃO TRIMESTRAL E HOMÓLOGA DO NÚCLEO DE INFLAÇÃO (%)

30,0 7,00

23,27
6,00
25,0
20,88
5,00
20,0 17,95
16,74 16,70 16,46 17,13
15,77 4,00
15,0 13,61 13,71

3,00

10,0
2,00

5,0
1,00

0,0 0,00
1T2018 2T2018 3T2018 4T2018 1T2019 2T2019 3T2019 4T2019 1T2019 2T2020

Variação IPC (12 Meses) Variação IPC Trimestral (Eixo à Direita)

Fonte: INE

3.4 ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA INFLAÇÃO NUCLEAR


A inflação nuclear explica em média 70% da evolução da inflação no período de 2010 a 2019. Deste modo, o núcleo da inflação
constitui a principal componente da inflação cheia, assumindo assim o papel de condutor dos seus movimentos.

GRÁFICO 15 - VARIAÇÃO DA INFLAÇÃO NACIONAL CHEIA VS VARIAÇÃO DA INFLAÇÃO NUCLEAR (%)

7,0

6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
2018Q2 2018Q3 2018Q4 2019Q1 2019Q2 2019Q3 2019Q4 2020Q1 2020Q2

Inflação Cheia Inflação Nuclear Inflação Nuclear Desazonalizada

Fonte: BNA

_33
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Os determinantes que contribuíram para a desaceleração do núcleo da inflação no trimestre em análise foram:

i) A Importação média dos produtos alimentares, referente aos últimos dois trimestres, que contribuiu com -0,09 p.p.,
abaixo do valor observado no trimestre anterior (0,40 p.p.). Em termos de representatividade, esta componente, representou
-1,84% no comportamento do núcleo de inflação;

ii) A Inflação importada em termos médios reduziu a sua contribuição em 0,17 p.p. em relação ao período anterior (0,96 p.p.),
fixando-se no trimestre em análise em 0,79 p.p., representando 16,32% no núcleo.

Por outro lado, os determinantes que contribuíram positivamente para o comportamento do núcleo da inflação no
trimestre em análise foram os seguintes:

i) A persistência ou inércia continua a ser a variável que mais explica o comportamento do núcleo, registando no período em
análise um aumento na sua contribuição fixando-se em 2,15 p.p., quando comparada com a contribuição registada no trimestre
anterior (2,01 p.p.), representando 44,23% da variação do núcleo;

ii) A expectativa da inflação futura observou um aumento na sua contribuição, fixando-se em 1,01 p.p., representando
20,81% da variação do núcleo, quando no trimestre anterior registou 0,96 p.p. Este nível de contribuição indica que os agentes
económicos ainda esperam pressões para cima sobre os preços. Esta expectativa da população pode estar associada ao actual
cenário macroeconómico que o País e o mundo enfrenta, face aos impactos negativos da pandemia de COVID-19;

iii) O hiato da taxa de câmbio real e dos preços relativos contribuiu com 0,04 p.p., contra -0,18 p.p. registado no trimestre
anterior, sendo que em termos de representatividade, no segundo trimestre de 2020, esta componente representou 0,73% da
variação do núcleo de inflação;

iv) O hiato do PIB não petrolífero registou uma contribuição de 0,07 p.p., igual à contribuição no trimestre anterior, representando
1,46% da variação do núcleo.

O gráfico abaixo ilustra o comportamento de todas as componentes do núcleo da inflação:

GRÁFICO 16 - CONTRIBUIÇÃO DAS COMPONENTES DO NÚCLEO DA INFLAÇÃO (P.P.)

7,0

6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
2018T2

2018T3

2018T4

2019T1

2019T2

2019T3

2019T4

2020T1

2020T2

-1,0

Núcleo da Inflação (-1) Expectativa do Núcleo da Inflação


Hiato do Pib Não Petrolífero (-2) Hiato da TCR e dos Preços Relactivos
Inflação Importada Importação de Alimentos
Choque Inflação Nuclear Observada (SA)

Fonte: BNA

Com base nos determinantes acima apresentados, constata-se que o núcleo é explicado em grande parte pelo seu efeito inercial,
sendo que a inflação importada e a expectativa vêm aumentando a sua contribuição sobre o comportamento do núcleo nos últimos
períodos. 

_34
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

Considerações Finais

O clima económico mundial continua assolado pela pandemia do coronavírus, que tem influenciado o desenvolvimento
económico, social e financeiro dos países. Por esta razão, o grau de incerteza sobre o desenrolar da actividade económica
é bastante elevado, tendo o FMI, no seu último relatório, estar a prever uma contracção económica mundial em 2020.
Quase todas as economias deverão contrair, com excepções raras como a China que irá registar um crescimento positivo,
mas muito aquém dos valores registados nos últimos anos.

Nesta senda, o mercado petrolífero foi fortemente afectado, tendo verificado redução nos preços, que se situou, abaixo
dos 35 USD/barril em média, bem como diminuição da procura por esta commodity, principal produto de exportação do
País e, igualmente, principal fonte de arrecadação de receitas.

A económica angolana continua a enfrentar uma crise, ao registar desaceleração da taxa de crescimento económico,
que se agravou com o surgimento desta pandemia. As contas externas foram também afectadas simultaneamente pela
redução das quantidades exportadas de petróleo e pela queda do preço desta commodity.

No que respeita ao mercado cambial, a oferta de divisas aos bancos comerciais disponibilizada pelo BNA e outros
intervenientes reduziu em 40% em relação ao trimestre anterior. Deste modo, a moeda nacional continua a perder valor
face às principais moedas, dólar dos EUA e euro, mas importa realçar que a depreciação do kwanza face ao dólar dos EUA
foi menos acentuada comparativamente à depreciação face ao euro.

Do lado monetário, a inflação manteve a tendência crescente, influenciada pelo aumento de todas as classes que a
compõem. O banco central tem optado pela manutenção das suas taxas directoras, mas tendo em conta conjuntura
actual, foram implementadas medidas de apoio às empresas e aos bancos comerciais conferindo maior liquidez para
o desempenho das suas actividades. Com estes níveis de liquidez espera-se que os bancos financiem as empresas e
famílias e, por sua vez, as empresas não só preservem o emprego, mas também criem postos de trabalho.

_35
// ANEXOS
ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

ANEXOS
TABELA 1 - TAXAS DE JURO DIRECTORAS E TAXAS DO MMI

Coeficientes Coeficientes
das das
Luibor Luibor 12
Taxa BNA FAO FAL 7 Dias FCO Reserva Reserva Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 Meses Luibor 9 Meses
Overnight Meses
Obrigatórias Obrigatórias
MN ME
1T 2018 18,00% 0,00% 0,00% 20,00% 21,0% 15,0% 20,12% 18,92% 19,89% 21,23% 22,44% 23,74%
abr/18 18,00% 0,00% 0,00% 20,00% 21,0% 15,0% 20,08% 19,03% 19,91% 21,29% 22,56% 23,87%
mai/18 18,00% 0,00% 0,00% 18,00% 19,0% 15,0% 20,55% 18,90% 19,83% 20,98% 22,09% 23,20%
2T 2018 18,00% 0,00% 0,00% 18,00% 19,0% 15,0% 21,27% 18,93% 19,82% 20,81% 21,74% 22,64%
jul/18 18,00% 0,00% 0,00% 18,00% 19,0% 15,0% 21,41% 19,18% 19,75% 20,85% 21,67% 22,74%
ago/18 16,50% 0,00% 0,00% 16,50% 17,0% 15,0% 16,38% 16,17% 16,76% 17,59% 18,15% 18,54%
3T 2018 16,50% 0,00% 0,00% 16,50% 17,0% 15,0% 17,38% 17,16% 17,93% 18,74% 19,18% 19,73%
out/18 16,50% 0,00% 0,00% 16,50% 17,0% 15,0% 16,70% 16,63% 17,10% 17,66% 18,09% 18,57%
nov/18 16,50% 0,00% 0,00% 16,50% 17,0% 15,0% 16,75% 16,83% 17,10% 17,32% 17,67% 18,02%
4T 2018 16,50% 0,00% 0,00% 16,50% 17,0% 15,0% 16,75% 16,81% 17,09% 17,35% 17,82% 17,99%
jan/18 16,50% 0,00% 0,00% 16,50% 17,0% 15,0% 15,75% 16,36% 16,86% 17,20% 17,39% 17,80%
fev/18 15,75% 0,00% 0,00% 15,75% 17,0% 15,0% 15,75% 15,97% 16,26% 16,78% 17,05% 17,53%
1T 2019 15,75% 0,00% 0,00% 15,75% 17,0% 15,0% 15,76% 15,66% 16,15% 16,37% 16,86% 17,36%
abr/19 15,75% 0,00% 0,00% 15,75% 17,0% 15,0% 15,73% 15,50% 16,06% 16,21% 16,50% 16,95%
mai/19 15,50% 0,00% 0,00% 15,50% 17,0% 15,0% 15,74% 15,43% 16,02% 16,20% 16,51% 16,98%
2T2019 15,50% 0,00% 0,00% 15,50% 17,0% 15,0% 14,91% 15,30% 15,69% 15,86% 16,49% 17,01%
jul/19 15,50% 0,00% 0,00% 15,50% 17,0% 15,0% 13,80% 14,26% 14,65% 14,86% 15,34% 15,96%
ago/19 15,50% 0,00% 0,00% 15,50% 17,0% 15,0% 13,50% 14,27% 14,42% 14,66% 15,18% 15,78%
3T2019 15,50% 0,00% 0,00% 15,50% 17,0% 15,0% 14,39% 14,55% 14,69% 15,28% 15,67% 16,36%
out/19 15,50% 0,00% 10,00% 15,50% 22,0% 15,0% 14,91% 15,16% 15,31% 15,96% 16,28% 16,61%
nov/19 15,50% 0,00% 10,00% 15,50% 22,0% 15,0% 26,47% 17,21% 17,54% 18,17% 18,59% 19,05%
4T2019 15,50% 0,00% 10,00% 15,50% 22,0% 15,0% 22,48% 19,53% 19,66% 19,19% 19,24% 20,55%
jan/20 15,50% 0,00% 10,00% 15,50% 22,0% 15,0% 19,98% 19,73% 19,76% 19,75% 20,11% 21,20%
fev/20 15,50% 0,00% 10,00% 15,50% 22,0% 15,0% 20,19% 19,92% 19,87% 19,83% 20,56% 21,35%
1T2020 15,50% 0,00% 7,00% 15,50% 22,0% 15,0% 17,20% 18,98% 18,83% 19,05% 19,72% 20,47%
abr/20 15,50% 0,00% 7,00% 15,50% 22,0% 15,0% 15,50% 15,74% 16,00% 16,32% 17,06% 17,99%
mai/20 15,50% 0,00% 7,00% 15,50% 22,0% 15,0% 15,37% 14,30% 14,81% 14,89% 16,34% 16,90%
2T2020 15,50% 0,00% 7,00% 15,50% 22,0% 15,0% 15,38% 14,85% 15,20% 16,20% 17,16% 18,06%
V em P.P.
0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% -1,82% -4,13% -3,63% -2,85% -2,56% -2,41%
Trimestral
V em P.P.
0,00% 0,00% 7,00% 0,00% 5,00% 0,00% 0,47% -0,45% -0,49% 0,34% 0,67% 1,05%
homóloga

Fonte: BNA

TABELA 2 - PRINCIPAIS INDICADORES DO MERCADO MONETÁRIO

Var. Var.
1T2018 2T2018 3T2018 4T2018 1T2019 2T2019 3T2019 4T2019 1T2020 2T2020
Trimestral Homóloga

Activos Externos Líquidos 3 253 782,00 4 003 838,49 4 357 155,48 4 218 118,13 4 045 187,13 4 216 331,83 4 812 152,54 7 029 585,93 7 179 674,31 7 522 541,27 4,78% 78,41%
BNA 2 945 197,76 3 457 923,62 3 661 391,53 3 526 561,07 3 460 823,06 3 657 518,09 3 990 130,31 5 712 698,08 5 903 994,46 6 201 667,54 5,04% 69,56%
Reservas Internacionais Líquidas 2 820 245,67 3 335 452,03 3 516 959,95 3 285 453,28 3 263 680,88 3 484 590,43 3 818 938,54 5 647 729,34 5 870 693,32 6 032 623,41 2,76% 73,12%
Bancos Comerciais 308 584,24 545 914,88 695 763,95 691 557,06 584 364,07 558 813,74 822 022,23 1 316 887,85 1 275 679,84 1 320 873,72 3,54% 136,37%

Activos Internos Líquidos 3 736 811,60 3 324 667,33 3 339 732,93 3 635 872,58 3 922 593,79 3 970 464,96 3 925 308,63 3 189 564,81 3 327 754,95 3 378 583,40 1,53% -14,91%
Crédito Interno Líquido 6 547 492,40 6 568 637,60 6 883 231,88 6 371 088,92 6 923 455,93 6 769 169,54 7 184 907,05 7 205 333,62 7 841 382,61 8 493 665,44 8,32% 25,48%
Crédito à Administração Central (líquido) 2 902 036,95 2 644 140,95 2 604 856,32 2 667 848,05 3 239 411,14 2 875 419,57 3 099 032,41 2 668 795,04 3 196 870,99 4 482 868,64 40,23% 55,90%
Credito à Administração Central 5 040 842,53 5 400 104,20 5 548 185,88 5 376 407,61 5 660 395,08 5 460 299,78 5 871 652,78 6 258 380,36 6 808 786,47 7 798 480,08 14,54% 42,82%
Responsabilidades face à Administração Central 2 138 805,59 2 755 963,25 2 943 329,56 2 708 559,56 2 420 983,95 2 584 880,20 2 772 620,37 3 589 585,32 3 611 915,48 3 315 611,44 -8,20% 28,27%
Crédito a Outros Sectores Residentes 3 645 455,45 3 924 496,65 4 278 375,57 3 703 240,87 3 684 044,79 3 893 749,97 4 085 874,64 4 536 538,58 4 644 511,62 4 010 796,80 -13,64% 3,01%
Outros activos e passivos (líquidos) - 2 810 680,79 - 3 243 970,27 - 3 543 498,95 - 2 735 216,34 - 3 000 862,14 - 2 798 704,58 - 3 259 598,43 - 4 015 768,80 - 4 513 627,66 - 5 115 082,04 13,33% 82,77%

M3 6 990 593,61 7 328 505,82 7 696 888,41 7 853 990,71 7 967 780,92 8 186 796,79 8 737 461,17 10 219 150,74 10 507 429,25 10 901 124,67 3,75% 33,15%
M2 6 986 210,79 7 323 390,66 7 691 450,67 7 844 607,07 7 961 125,16 8 180 510,09 8 730 803,81 10 214 404,77 10 502 484,08 10 896 380,89 3,75% 33,20%

Base Monetária em Moeda Nacional 1 416 000,63 1 243 545,09 1 166 519,05 1 297 665,75 1 328 002,94 1 369 799,02 1 361 353,25 1 585 938,14 1 537 716,08 1 663 458,90 8,18% 21,44%

Fonte: BNA

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ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

TABELA 3 - TAXAS DE JURO DO CRÉDITO EMPRESARIAL E A PARTICULARES EM MN (F.D.P.)

1T2018 2T2018 3T2018 4T2018 1T2019 2T2019 3T2019 4T2019 1T2020 2T2020
ACTIVAS
Crédito ao sector empresarial
Até 180 dias MN 24,62% 22,36% 21,02% 19,83% 21,20% 23,28% 18,49% 14,39% 21,22% 19,66%
Até 180 dias ME 17,50% 12,47% n.d. 24,00% 0,00% 6,18% 29,45% 30,08% n.d. 36,91%
De 181 dias a 1 ano MN 21,72% 22,31% 14,92% 33,81% 20,67% 17,67% 20,14% 22,07% 16,48% 19,83%
De 181 dias a 1 ano ME 9,00% n.d. n.d. 0,00% 0,00% 0,00% 12,00% 10,00% 10,00% 10,00%
Mais de 1 ano MN 22,65% 21,05% 20,73% 19,96% 17,95% 17,59% 14,58% 10,19% 20,64% 15,63%
Mais de 1 ano ME 8,71% 10,85% n.d. 9,14% 9,00% 7,00% 14,38% 7,82% n.d. 6,25%

Crédito a particulares
Até 180 dias MN 23,17% 27,11% 27,99% 27,28% 24,12% 19,94% 19,14% 20,35% 19,95% 19,81%
Até 180 dias ME 10,64% 20,00% 0,00% 22,30% 0,00% 0,00% 0,00% 0,67% 25,00% 26,82%
De 181 dias a 1 ano MN 20,15% 20,28% 18,79% 20,51% 34,88% 20,51% 19,11% 19,83% 21,10% 17,25%
De 181 dias a 1 ano ME n.d. n.d. n.d. 14,00% 0,00% 0,00% 0,00% n.d. 10,00% n.d.
Mais de 1 ano MN 18,98% 18,75% 21,06% 21,38% 20,30% 18,35% 15,20% 19,69% 20,23% 18,28%
Mais de 1 ano ME 6,66% 13,00% 5,51% 6,92% 10,00% 6,64% 3,25% n.d. 2,93% 3,25%

Fonte: BNA

TABELA 4 - TAXAS DE JURO DOS DEPÓSITOS A PRAZO EM MN E ME (F.D.P.)

1T2018 2T2018 3T2018 4T2018 1T2019 2T2019 3T2019 4T2019 1T2020 2T2020
PASSIVAS
Dep. Ordem MN 0,01% 0,00% 0,00% 0,02% 0,02% 0,04% 0,63% 0,00% 0,00% 0,00%
Dep. Ordem ME 0,42% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,02% 0,01% 0,00% 0,00%
Até 90 dias MN 6,41% 7,21% 6,69% 6,82% 6,82% 6,05% 5,36% 6,24% 4,94% 5,63%
Até 90 dias ME 1,87% 1,78% 1,84% 1,90% 1,38% 1,69% 1,42% 1,41% 1,50% 1,31%
91 a 180 dias MN 8,46% 10,54% 10,89% 10,37% 10,44% 9,50% 9,45% 8,04% 8,10% 7,71%
91 a 180 dias ME 2,11% 2,23% 2,34% 2,24% 1,95% 1,78% 2,07% 3,95% 3,43% 5,68%
De 181 dias - 1 ano MN 7,68% 8,20% 5,54% 8,23% 11,92% 8,75% 6,27% 8,83% 8,54% 9,87%
De 181 dias - 1 ano ME 2,33% 2,37% 2,46% 2,26% 1,71% 2,11% 1,80% 2,47% 1,72% 1,66%
Mais de 1 ano MN 9,35% 5,95% 4,44% 4,50% 6,28% 3,65% 4,48% 8,26% 13,17% 9,99%
Mais de 1 ano ME 2,06% 3,24% 2,04% 0,97% 1,99% 1,60% 0,88% 2,74% 1,62% 0,15%

Fonte: BNA

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ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÓMICA E FINANCEIRA II TRIMESTRE 2020

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