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PATTO, M. H. S. Para uma crítica da razão psicométrica. Psicologia USP, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 47-62, 1997.

Notas de aula

Psicodiagnóstico de alunos com mau comportamento / baixo rendimento: demanda para os psicólogos
- O que faz o psicólogo no setor público?
1º lugar: Aplicação de testes: ~33%)
2º lugar: Psicodiagnóstico: ~30%
[“O Trabalho do Psicólogo no Brasil” (2010), livro com resultados de pesquisa em âmbito nacional)]

Solicitação e elaboração de laudo psicológico -> alguma anormalidade há de ser identificada


- Crianças de famílias ricas: psicoterapias, terapias pedagógicas, orientação aos pais
- Crianças de famílias pobres: ponto de partida de um processo que levará à exclusão escolar

Ampla adesão à visão medicalizada das dificuldades escolares (pais, professores, técnicos pedagógicos):
- Alta legitimidade/legitimação do mandato social da medicina
- Individualização e internalização do problema

Formação do psicólogo: ainda é predominantemente focada nas técnicas, instrumentos e procedimentos


- 90% das vagas para graduação em Psicologia são oferecidas em faculdades privadas
- “Retorno do investimento”: acesso a empregos bem remunerados
[“O Trabalho do Psicólogo no Brasil” (2010), livro com resultados de pesquisa em âmbito nacional)]

Críticas aos testes:


(1) Conteúdo
- Avaliação do nível intelectual: perguntas cujas respostas exigem adesão a certa visão de mundo
(2) Conceitos de base
- Avaliação do estágio de desenvolvimento intelectual exige apreensão do processo, e não só do produto
(3) Situação de testagem
- “Regras do jogo” não são explicitadas
- “Rapidez da resposta” é utilizada como critério avaliativo

“Peso” dos testes na formação e atuação <-> concepção de ciência, homem e sociedade da Psicologia

Crítica à base teórica da psicometria:


- Resposta aos questionamentos se baseia em argumentos utilitaristas
- “O que os psicólogos podem fazer é aproximar-se das teorias que lhes permitam pensar criticamente as
condições em que a Psicologia se fez e se faz como ciência e profissão.” (s/p) [Psicologia como instituição]
- Por exemplo: Crítica marxista do conhecimento <-> Fetiche da mercadoria
- Ciência: dimensão técnica (procedimentos, instrumentos etc.) + dimensão ideológica

Visão de mundo da burguesia: “distribuição meritocrática das pessoas pela hierarquia social” (s/p)
- “Inteligência” e “personalidade”: categorias valorativas – subsidiam esta distribuição

“A atividade de desvelamento [crítica teórica] pode sair da acadêmica e ser incorporada a uma ação
profissional orientada por valores positivos, ou seja, voltados para a realização da utopia do mundo
humanizado” (s/p)

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