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ÂMBITO DA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS

I. Determine se os seguintes litígios devem ser julgados na jurisdição administrativa e,


em caso afirmativo, indique o Tribunal concretamente competente para o efeito:

a) A., residente em Cascais e aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa,


pretende impugnar o atual Regulamento de Avaliação.
b) B., residente em Aveiro mas de passagem por Lisboa, pretende propor uma
ação de responsabilidade civil extracontratual contra a VALORSUL, S.A., empresa
responsável pela recolha de lixo na cidade, em virtude dos danos que sofreu
depois de ter sido atropelado por um camião do lixo.
c) C., empresa com sede na Amadora, pretende impugnar a validade do ato de
adjudicação relativo a um procedimento pré-contratual promovido pelo
Município do Porto.
d) D. pretende impugnar o ato de aplicação de uma coima praticado pela
Inspeção-Geral dos Ministérios do Ambiente, Ordenamento do Território e
Energia e da Agricultura e do Mar (IGAMAOT), por violação de normas
ambientais.
e) E., residente em Beja, pretende impugnar o ato de aplicação de uma coima
praticado pela Divisão de Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, por
violação de normas urbanísticas.
f) F., residente em Leiria, pretende impugnar o ato de declaração de utilidade
pública (inserido num procedimento de expropriação) praticado pelo
Município de Viseu em relação a um imóvel aí sito.
g) G., trabalhadora afeta aos serviços do Instituto da Conservação da Natureza e
das Florestas com vínculo de contrato individual de trabalho pretende contestar
jurisdicionalmente o despedimento de que foi alvo.
h) H. pretende propor uma ação de responsabilidade civil extracontratual por ato
jurisdicional contrário ao Direito da União Europeia em virtude de uma decisão
do Tribunal Central Administrativo Sul transitada em julgado.
i) I., residente em Faro, pretende consultar os arquivos administrativos relativos
ao seu percurso académico na Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra, que lhe negou esse acesso.
j) J., empresa com sede em Braga e vencida num procedimento pré-contratual
promovido pelo Centro Hospitalar de Lisboa Norte, E.P.E., pretende propor
uma ação de anulação do contrato de aquisição de material médico destinado
ao Hospital de Santa Maria celebrado por esta entidade e a empresa
adjudicatária.
k) K., funcionária dos serviços da Assembleia da República e residente em Sintra,
pretende impugnar as novas normas regimentais que regulam os horários de
tais serviços, aprovadas pela Presidente da Assembleia da República.
l) L. pretende impugnar o ato de liquidação de uma taxa aplicada pelo Município
de Lisboa, tendo proposto a respetiva ação impugnatória junto do Tribunal
Administrativo de Círculo de Lisboa.

II. Comente, sob a perspetiva do âmbito da jurisdição administrativa e da competência


dos Tribunais Administrativo, o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 2 de
julho de 2015, Proc. n.º 0637/15, através do qual este Tribunal se declarou
absolutamente incompetente para a apreciar o pedido de “suspensão da eficácia do
Decreto-Lei n.º 181-A/2014, de 24 de dezembro”, que aprovou o processo de
reprivatização indireta do capital social da TAP – Transportes Aéreos Portugueses, S.A.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS GERAIS RELATIVOS ÀS PARTES

I. Na sequência de aplicação de sanção disciplinar de descida de divisão pela Comissão


Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol ao clube F.C. Axadrezados, os jogadores do
mesmo clube pretendem impugnar a referida decisão, alegando, para o efeito, a perda
de visibilidade e de estatuto a que ficarão sujeitos como jogadores da 2.ª Liga.
Sentindo-se igualmente prejudicados com a decisão da Comissão Disciplinar, os
principais patrocinadores do clube preparam igualmente uma reação judicial, que
incluirá igualmente um pedido de indemnização.

a) Pronuncie-se sobre a legitimidade processual dos autores.


b) Imagine que o Ministério Público pretende igualmente impugnar a decisão.
Pode fazê-lo?
c) Imagine também que uma claque organizada do clube pretende reagir
processualmente “até às últimas consequências”, invocando, para o efeito, o
“interesse público da verdade desportiva”. Pode fazê-lo?

II. A. pretende impugnar o Regulamento de Avaliação da Faculdade de Direito da


Universidade de Lisboa. Propõe, para o efeito, ação contra o Conselho Pedagógico da
Faculdade, órgão responsável pela aprovação do referido Regulamento. Fez bem?

III. 120 dos “lesados do papel comercial do BES” pretendem impugnar a medida de
resolução adotada pelo BdP em relação ao BES, no dia 3 de agosto de 2014. Não sabem,
no entanto, se o devem fazer individualmente ou se, para o efeito, devem constituir
uma Associação. O que lhes sugeriria?

IV. B. S.A., empresa ordenada em terceiro lugar no procedimento pré-contratual


promovido pela Secretaria-Geral do Ministério da Economia e nos termos do qual foi
adjudicada a proposta de C., Ld.ª e ordenada em segundo lugar a proposta de D., Ld.ª,
propõe ação de contencioso pré-contratual urgente destinada a impugnar o ato
adjudicatório praticado. Demanda, para o efeito, apenas o Estado português e C. Quid
iuris?

V. E., residente e eleitor em Lisboa, pretende impugnar a deliberação da Câmara


Municipal de Lisboa através da qual se atribuiu, a F., um subsídio tendente à
publicação da tese de mestrado deste último, simplesmente por considerar que a
mesma não possui relevo científico digno do patrocínio do Município. Poderá fazê-lo?

VI. G., empresa do sector da construção, pretende anular o contrato de empreitada


celebrado entre a Ordem dos Advogados e a empresa F., alegando que o mesmo não
corresponde, sob o ponto de vista da determinação do trabalhos a realizar, aos
previstos no Caderno de Encargos. Quid iuris?

VII. A Assembleia Municipal de Sintra pretende impugnar uma deliberação da


Câmara Municipal de Sintra, por entender que este último órgão decidiu sobre
matérias para as quais não dispunha de competência. Pode fazê-lo?

VIII. Comente, sob a perspetiva da legitimidade e do interesse processual, o Acórdão


do STA de 14 de julho de 2015, Proc. n.º 0549/15, através do qual se julgou uma
providência cautelar destinada a travar o processo de subconcessão da Metro de Lisboa
e da Carris.
IMPUGNAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS; TRAMITAÇÃO DA AÇÃO ADMINISTRATIVA

I. Em 11 de setembro de 2015, foi publicado no Diário da República um Decreto-Lei


através do qual o Governo determinava que “todos os funcionários públicos do sector dos
transportes da região de Lisboa devem ficar sujeitos a um horário semanal de 50 horas em vez
das atuais 40 horas semanais”, tendo em vista a melhoria da qualidade da prestação de
serviços de transportes a nível nacional. Perante isto, o Sindicato dos Maquinistas dos
Caminhos de Ferro decidiu-se a impugnar aquele que considerava ser um ato
administrativo “totalmente ilegítimo”, violador dos direitos dos trabalhadores previstos
no artigo 59.º da Constituição, do princípio da igualdade, do princípio da
proporcionalidade, do direito à audiência prévia – uma vez que os Sindicatos não tinha
sido ouvidos antes ou durante a adoção daquela medida – e do dever de
fundamentação. Sob a forma de ação administrativa de impugnação de ato
administrativo contra o Primeiro-Ministro, a petição inicial deu entrada no Tribunal
Central Administrativo Sul no dia 17 de dezembro de 2015. Na contestação que
apresentou 40 dias após ter sido citado, o Primeiro-Ministro invocou (i) a falta de
legitimidade passiva do Sindicato, por não representar todos os funcionários públicos
do setor dos transportes, mas apenas os maquinistas da CP sindicalizados (ii) a
ilegitimidade passiva do Primeiro-Ministro para esta ação; (iii) a incompetência do
Tribunal Central Administrativo Sul e, ainda (iv) a impropriedade do meio processual
escolhido, tendo em conta que se tratava de uma norma geral e abstrata e não de um
ato administrativo. Já após a produção de alegações por ambas as partes, o Sindicato
dos Trabalhadores da Carris veio a constituir-se como assistente no processo. No
acórdão, o Tribunal Central Administrativo Sul, que não houvera proferido despacho
saneador, acabou por absolver o Réu da instância por intempestividade da ação.

Aprecie todas as situações jurídico-processuais que considere relevantes.

II. A. é trabalhadora no Instituto Português da Juventude com vínculo de trabalho em


funções públicas. No dia 2 de novembro de 2015 foi-lhe aplicada pelo Diretor de
Serviços a sanção disciplinar de suspensão por 30 dias, por alegadas violações do dever
de obediência. Inconformada, parte de imediato à impugnação deste ato
administrativo, reputando-o de inexistente, desde logo por não ter tido conhecimento
de qualquer procedimento disciplinar que pudesse ter conduzido à prática de tal ato.
Antes mesmo da apresentação da contestação por parte do IPJ, emite parecer no
processo o Ministério Público, secundando as razões da Autora, mas alertando, em
qualquer caso, que a ação sempre deveria improceder, por não ter sido precedida do
necessário recurso hierárquico, previsto no n.º 4 do artigo 225.º da Lei Geral do
Trabalho em Funções Públicas. Na contestação, o IPJ invoca, entre outras exceções, a
falta de constituição de advogado por parte de A. Sem mais, o Tribunal profere
despacho saneador através do qual “julga procedente a exceção de falta de constituição de
advogado da parte da A., absolvendo o IPJ da instância”. Quid iuris?

III. Imagine, na sequência do caso anterior, que, na pendência do processo, o


Presidente do Conselho Diretivo do IPJ viria a anular o ato que determinou a
suspensão de A., praticado pelo Diretor de Serviços. No saneador, o Tribunal vem a
extinguir a instância, por inutilidade superveniente. Mais tarde, porém, o Presidente
do Conselho Diretivo vem a emitir despacho no qual “substitui a anterior sanção aplicada
a A. por suspensão por 20 dias”. A. pretende reagir de novo, mas ouve de um seu Colega,
um jurista consagrado, que já não podia fazer nada, designadamente por, ao não ter
reagido logo no dia após aquele último despacho, já ter aceitado o ato. O Presidente do
Conselho Diretivo, por sua vez, alega que o ato desse último despacho não havia sido
sequer notificado ou publicado, pelo que nada haveria a impugnar. Quid iuris?

IV. B., aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, solicita ao Diretor


uma diminuição do valor da propina. Pronunciando-se sobre o requerimento
apresentado, o Diretor limita-se a “indeferir, por falta de fundamento legal”. B. pretende
agora impugnar este ato, mas ouve de um colega a indicação de que o não poderia
fazer, porque ao decidir daquele modo o Diretor teria simplesmente confirmado a
proposta que recebeu dos Serviços Académicos, pelo que, ex vi n.º 1 do artigo 53.º do
CPTA, o ato não seria impugnável. Quid iuris?
AÇÃO DE CONDENAÇÃO À PRÁTICA DE ATO LEGALMENTE DEVIDO; AÇÕES SOBRE

REGULAMENTOS E AÇÕES SOBRE CONTRATOS; OUTRAS PRETENSÕES

I. A. requereu à Câmara Municipal de Lisboa uma licença de construção para


finalmente concretizar o seu sonho: construir uma marquise, ao estilo barroco, em
pleno Bairro Alto. Tendo sabido das pretensões de A., logo se juntam ao procedimento
administrativo B. e C., comerciantes que detinham espaços comerciais no rés-do-chão
do prédio de A. e que frontalmente se opunham àquela que julgavam ser uma pirosice
da pior espécie. Mais de 90 dias volvidos, e sem resposta alguma da parte da Câmara
Municipal, A. pretende agora reagir, tendo sido aconselhado por um seu amigo,
famoso jurista, a (i) propor uma ação administrativa comum de condenação à prática
de comportamentos (ii) contra a Câmara Municipal de Lisboa, (iii) sendo certo que o
deveria fazer no prazo de 3 meses contados desde o termo daqueles 90 dias. Quid iuris?

a) Imagine que, tendo já sido proposta a ação, a Câmara Municipal viria a


finalmente responder à pretensão de A., indeferindo-a com fundamento na falta
de previsão daquele tipo de marquises no plano especial de conservação do
Bairro Alto.
b) Imagine que, sabendo da situação de A., é o Ministério Público que pretende
propor uma ação tendente a resolver a situação. E se fosse a Assembleia
Municipal?

II. Analise criticamente, sob a perspetiva dos poderes de pronúncia do juiz no contexto de
pedidos de condenação à prática de ato devido, o Acórdão do TCA Norte de 28 de
setembro de 2006, Proc. n.º 00121/04.0BEPRT.

III. A Associação «Pesca no Bugio» pretende impugnar o Plano de Ordenamento do


Estuário do Tejo que prevê restrições à atividade piscatória dos seus associados.
Afirma esta associação que, para além de virem a impor restrições claramente
desproporcionais à luz da Constituição da República Portuguesa – e, nomeadamente, à
luz dos direitos ao livre desenvolvimento da personalidade e da livre iniciativa
económica privada -, diversas normas contidas naquele Plano padeciam ainda de
ilegalidade formal, por não terem sido precedidas da necessária consulta pública. O
referido Plano foi aprovado pelo Conselho de Ministros.
Imagine, na sequência do caso anterior, que a Associação «Velejadores no Bugio»,
também pretende fazer-se valer da que julga ter sido a desaplicação com força
obrigatória geral que foi obtida pela Associação «Pesca no Bugio». Ou necessitará
aquela Associação de propor ela mesma nova ação?

a) Imagine agora que se tratava de um Plano Municipal e que no julgamento o


Tribunal de primeira instância se depara com questões jurídicas de alta
complexidade, novas e que antevê poderem vir a repetir-se em novos processos.
Quid iuris?

IV. Imagine que C. tinha concorrido a um Concurso Público lançado pela Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa para a celebração de um contrato de empreitada de
obras públicas relativo à ampliação da Biblioteca; ficou, porém, ordenado em 2.º lugar,
tendo sido adjudicatário B. Já depois do contrato celebrado entre B. e a Faculdade, C.
apercebe-se que a Faculdade tinha entretanto concedido a B. na utilização de materiais
de qualidade bem mais fraca do que inicialmente previsto no Caderno de Encargos;
por sua vez, B. estava já a incumprir os prazos previstos para as diversas fases da
empreitada.

a) Imagine ainda que D., empreiteiro que havia decidido não concorrer àquele
Concurso Público justamente em função da alta exigência dos materiais
previstos no Caderno de Encargos, pretende também reagir.
b) Na sequência da hipótese anterior, imagine que o Tribunal vem a reconhecer a
procedência da alegação de D. e a invalidar o contrato celebrado entre a
Faculdade e C.; fá-lo, porém, num momento em que o contrato já se achava
integralmente executado. Ficará D. sem qualquer hipótese de tutela?

V. E. circulava na A1 a uns razoáveis 120 km/h quando inesperadamente lhe surgiu


em plena curva uma manada de javalis portugueses. Hábil mas nem tanto, E. não teve
outro destino: “cuspido” com o impacto, tendo o seu belo Mercedes ficado um “caco”.
Pretende agora assacar responsabilidades indemnizatórias à Brisa, concessionária da
A1, junto dos Tribunais Administrativos, nomeadamente por violação dos deveres de
segurança e gestão da via emergentes do Contrato de Concessão celebrado com o
Estado português. Quid iuris?
PROCESSOS URGENTES

I. A., residente em Braga, não se conforma por não ter sido admitido na prova escrita
de conhecimentos realizada no âmbito do concurso de acesso à carreira diplomática,
concurso promovido pela Secretaria-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros e
no qual participaram mais de 100 candidatos. Assim que é notificada da Lista de
Ordenação, no dia 4 de dezembro de 2015, pensa: “vou para Tribunal – é evidente que a
minha resposta sobre a política colonial portuguesa em território indiano no século XVI merecia
mais do que 4 valores! Antes disso, porém, vou aproveitar o Natal”. Assim sendo, A., depois
de ter consultado o Dr. Paulo Janelas, reputado especialista, acaba por propor ação
administrativa de impugnação do ato que determinou a sua exclusão do concurso,
fazendo-o junto do TAF de Braga e no dia 20 de janeiro de 2016. Fez bem?

a) Independentemente da resposta anterior, imagine que B. e C., que também


tinham participado naquele concurso, pretendem igualmente contestar
jurisdicionalmente a sua exclusão, mas com motivos sensivelmente diferentes
dos invocados por A. Quid iuris?

II. Imagine que na sequência da aplicação de uma medida de resolução por parte do
Banco de Portugal a uma instituição bancária, centenas de acionistas e depositantes
propõem ações de impugnação dos atos em que se traduziu a atuação do Banco de
Portugal, todas junto do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa. Consultado
pela imprensa sobre a possibilidade de a jurisdição administrativa e fiscal dar conta de
tamanha agitação processual, o Dr. Paulo Janelas afirma, convincentemente, que “não
há crise: foi justamente para estes casos que a revisão de 2015 do CPTA veio consagrar o novo
processo urgente relativo a procedimentos de massa previsto no artigo 99.º do CPTA”.
Concorda? Em caso negativo, consegue divisar algum mecanismo processual apto a
lidar com a situação descrita?

III. Analise criticamente, sob a perspetiva dos critérios definidores da legitimidade


passiva em ações de contencioso pré-contratual urgente, o Acórdão do STA de 12 de
novembro de 2015, Proc. n.º 01018/15.

IV. Imagine que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas lançou um


Concurso Público tendente à aquisição de serviços de vigilância e segurança para as
suas instalações em Lisboa, tendo apresentado propostas diversas empresas do sector.
Imagine que já depois de ter apresentado proposta, mas ainda antes da prática do ato
de adjudicação, a empresa D., uma das concorrentes, antevendo não vir a ser escolhida
em função daquela que se vem a aperceber ser um “modelo de avaliação patentemente
ilegal”, pretende reagir de imediato. O que lhe sugeriria?

a) Na sequência da hipótese anterior, imagine que D. pretende reagir apenas


quando notificada do respetivo ato de adjudicação (o que ocorreu no dia 4 de
dezembro de 2015), imputando-lhe vícios determinativos da sua nulidade. D.
propõe ação de contencioso pré-contratual urgente no dia 20 de janeiro de 2016,
só se apercebendo no entretanto que o contrato entre o ICNF e E., a empresa
adjudicatária, havia já sido celebrado. Quid iuris?
b) Imagine que a ação anterior tinha sido proposta no dia 20 de dezembro de 2015,
numa altura em que, porém, o referido contrato já havia sido celebrado e os
vigilantes da empresa E. se encontravam já a prestar serviços nas instalações do
ICNF. Os serviços jurídicos deste Instituto Público entendem que nada deve ser
feito até que o Tribunal venha a decidir definitivamente o processo. Têm razão?
c) Imagine que se tratava de um Concurso Limitado por Prévia Qualificação e que
D., excluído antes mesmo de ter podido apresentar proposta por não cumprir
com os requisitos de capacidade técnica e financeira exigido, pretende
impugnar esse ato de exclusão da sua candidatura, pretendendo
simultaneamente evitar que no entretanto o procedimento pré-contratual
prosseguisse o seu curso. O que lhe sugeriria?

V. F., aluno Erasmus da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, rebela-se


contra o facto de o seu nome não estar contido nos Cadernos Eleitorais relativos à
eleição dos novos membros da Assembleia de Faculdade. Decide no entanto aguardar
pela divulgação do resultado das eleições, para as impugnar junto do Tribunal
Administrativo de Círculo de Lisboa, justamente com o fundamento de não ter podido
exercer o seu direito de voto. Faz bem?

a) Imagine que se tratava das eleições relativas aos órgãos representativos da


Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Deveria F. dirigir-se ao TAC de Lisboa?
VI. G., reputado historiador, pretende aceder a diversos arquivos da Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa. Os serviços desconfiam dos reais propósitos de G. e
o assunto sobe, por iniciativa de G., ao Diretor da Faculdade. Mais de 20 dias se
passaram sem que G. obtivesse uma resposta. G. é aconselhado a recorrer aos
Tribunais Administrativos, mas não sabe em que termos o deve fazer.

a) Imagine, na sequência do caso anterior, que o TAC de Lisboa – Tribunal perante


o qual G. viria a propor ação tendente a fazer valer o seu direito à informação –
condena a FLUL a conceder acesso aos referidos arquivos no prazo de 7 dias.
Mais de 15 dias depois, porém, os serviços da FLUL continuavam a negar a G. o
acesso a quaisquer arquivos.

VII. Imagine que por alegadas deficiências na sua candidatura, o ISEG recusa a
inscrição de H. no Curso de Mestrado que este há tanto sonhava poder vir a frequentar.
Perante o iminente início das aulas, H. é aconselhado a lançar mão de uma intimação
para a proteção de direitos, liberdades e garantias por um seu amigo jurista, por estar em
causa uma restrição intolerável e injustificável do seu direito fundamental ao ensino.
Acompanha H. neste conselho?
PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

I. A., residente em Sintra e funcionário da Divisão de Compras da Secretaria-Geral da


Saúde, vem desde há muito tempo sendo investigado pelos seus superiores, por
alegados “desvios de dinheiro” no contexto de procedimentos pré-contratuais
promovidos por esta entidade. Sem qualquer espécie de comunicação prévia, e depois
de se ter apercebido de “indícios fortíssimos” da prática de ilícitos na sua atividade, a
Secretária-Geral emite despacho determinando a aplicação de uma pena de suspensão
a A. durante o prazo de 15 dias. A. é notificado no dia 10 de dezembro e quer de
imediato reagir contenciosamente. Requereu, para o efeito, providência cautelar de
suspensão da eficácia do ato contido naquele despacho junto do Tribunal
Administrativo de Círculo de Lisboa, alegando pura e simplesmente a “patente
ilegalidade” do ato em causa, tendo em conta o facto não ter sido precedido do
competente e devido procedimento disciplinar. Quid iuris?

a) Citados da referida providência, os serviços da Secretaria-Geral da Saúde


entendem que A. deveria de imediato abandonar o seu posto de trabalho,
dando cumprimento à sanção que lhe foi aplicada. Têm razão? Caso contrário,
como podem reagir de imediato à providência?
b) Imagine que a providência havia sido requerida contra o Conselho de
Ministros, por A. entender que o caso era demasiado grave e exigia a
intervenção daquele órgão. Quid iuris?
c) Independentemente da questão anterior, imagine que A. queria garantir, da
forma mais imediata possível, a paralisação do ato que determinou a aplicação
daquela sanção. O que lhe proporia?
d) Perante o requerimento inicial e a oposição entretanto apresentada, o Tribunal
entende já possuir todos os elementos para que consiga decidir em termos finais
o litígio que opõe as partes. Pode fazê-lo no âmbito cautelar?
e) Independentemente da questão anterior, imagine que a providência cautelar
requerida por A. viria a ser decretada pelo Tribunal a 2 de janeiro de 2016,
sendo que em abril desse mesmo ano nenhuma ação principal deu entrada
relativamente ao litígio que opunha A. e a SG do Ministério da Saúde. Quid
iuris?

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