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1 O LÚDICO................................................................................................... 3
12 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 49
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1 O LÚDICO
Fonte: www.casinhadeleitura.wordpress.com
O lúdico pela sua relevância, tem sido abordado pelo viés da História, da
Filosofia, da Psicologia, da Psicanálise e da Psicomotricidade Relacional, entre outras
áreas de conhecimento. Muitos autores o consideram como impulsionador do
desenvolvimento da criança. Contudo, a partir da Psicanálise, o brincar é abordado
como objeto de estudo e contribui para compreensão da importância do lúdico no
desenvolvimento infantil. Freud, com base no caso de uma criança, já especulara
sobre a psicologia infantil e o significado psicológico do lúdico. Freud observou que
essa criança, na época com 18 meses, brincava com um carretel de madeira.
Utilizando um barbante atado a ele, jogava-o várias vezes, em um movimento que o
fazia desaparecer para, em seguida, puxá-lo, fazendo-o reaparecer. Toda vez que o
menino puxava o fio e o carretel aparecia, ele ficava contente. Ao contrário, quando
desaparecia, ficava triste.
Assim, este psicanalista compreendeu que o jogo representava a maneira pela
qual essa criança buscava consolar-se da angústia provocada pela ausência
temporária de sua mãe. Freud reconheceu nesse comportamento uma função da
brincadeira infantil. Graças à brincadeira, a criança consegue transformar as
experiências que vivenciou passivamente em um desempenho ativo, convertendo a
dor em prazer, ao dar às experiências originalmente dolorosas um desfecho feliz.
Dessa forma, a teoria freudiana mudou a concepção da infância. Todavia, até então,
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a Psicanálise parecia inadequada à criança, pois a análise de adultos realizava-se por
meio da comunicação verbal, de associações livres. No caso da criança pequena, a
fala é limitada, sendo quase impossível exigir que façam associações livres.
Posteriormente, Melanie Klein, discípula de Freud, lançou as bases da análise
de crianças e desenvolveu as técnicas. Na década de 1920, ela iniciou um trabalho
com crianças e bebês. Isso lhe possibilitou criar a técnica lúdica para análise de
crianças desde tenra idade, que lhe forneceu instrumentos para desvendar segredos
mais profundos da mente humana desde os primórdios de sua formação (MELLO).
Klein parte da constatação de que, no psiquismo da criança, o inconsciente está
próximo do consciente e que as manifestações da fantasia inconsciente aparecem na
conduta e no brincar de forma quase indisfarçada. Com base em suas observações
para captar o inconsciente, propôs-se a usar brinquedos como instrumentos
intermediários de comunicação, objetivando obter associações da criança. Segundo
o pensamento kleiniano, o brincar da criança pode representar, simbolicamente, suas
ansiedades e fantasias. E, já que não se pode exigir da criança que faça associações
livres, o brincar corresponderia a expressões verbais, ou seja, à expressão simbólica
de seus conflitos inconscientes. Ao brincar, as crianças expressam o conteúdo
inconsciente de seu psiquismo, assim como os adultos o fazem nas associações
livres. Klein postulou que o brincar equivale ao sonhar do adulto, restando ao analista
desvendar o sentido do brinquedo.
Ao brincar, a criança encontra um intenso prazer, visto que, por meio dos jogos
e brincadeiras, realiza seus desejos, como também busca minimizar os desprazeres,
uma vez que o brincar possibilita o domínio da angústia. As atividades lúdicas da
criança permitem uma transposição do real para a fantasia, possibilitando à criança
lidar com o medo dos perigos internos e externos (MELLO). Em outros termos, é a
brincadeira que é universal e que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento
e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode
ser uma forma de comunicação.
Toda atividade lúdica funda-se no prazer. Neste sentido, o prazer sensório
motor é um aspecto fundamental para a Psicomotricidade Relacional, sendo a
expressão mais evidente da unidade da personalidade da criança. Geralmente,
associa-se o prazer sensório-motor às atividades motrizes, como caminhar, saltar,
correr e girar. Contudo, autores como Lapierre e Auconturier (1998) atribuem uma
relação entre as sensações corporais e os estados tônico-emocionais do indivíduo.
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Colocado de outra forma, no plano psíquico, as modulações tônicas que acompanham
o gesto dão-lhe sua tonalidade afetiva, revelando sentimentos, conscientes ou
inconscientes. Grosso modo, diríamos que o “corpo não mente”, por ser mais
“instintivo”, mais espontâneo, pois, como já vimos antes, a consciência não controla
todas as sensações. Assim, a pessoa pode se deparar com situações em que seu
corpo revela seu estado emocional, como tristeza, raiva, timidez, e outras emoções,
mesmo que conscientemente não os queira revelar.
Fonte:www.pequenaeva.com
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Fonte: www.criancaaprendiz.com.br
2 O LÚDICO NA ESCOLA
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Fonte:www.nopatio.com.br
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Fonte: www.mercadodadiversao.com
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brincadeiras que possam contribuir para o seu desenvolvimento psicossocial e
consequentemente para a sua educação.
O lúdico enquanto recurso pedagógico deve ser encarado de forma séria e
usado de maneira correta, pois como afirma ALMEIDA (1994), o sentido real,
verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantida, se o educador estiver
preparado para realizá-lo.
Sendo que o papel do educador é, intervir de forma adequada, deixando que o
aluno adquira conhecimentos e habilidade; suas atividades visam sempre um
resultado, e uma ação dirigida para a busca de finalidades pedagógicas.
A educadora Ferreiro (1989), já apontava para a importância de se oferecer a
criança ambientes agradáveis onde se sinta bem e a vontade, pois a criança deverá
se sentir como integrante do meio em que está inserida.
Conceber o lúdico como atividade apenas de prazer e diversão, negando seu
caráter educativo é uma concepção ingênua e sem fundamento. A educação lúdica é
uma ação inerente na criança e no adulto aparece sempre, como uma forma
transacional em direção a algum conhecimento. A criança aprende através da
atividade lúdica ao encontrar na própria vida, nas pessoas reais, a complementação
para as suas necessidades.
O brincar é sem dúvida um meio pelo qual os seres humanos e os animais
exploram uma variedade de experiências em diferentes situações, para diversos
propósitos. Considerem, por exemplo, quando uma pessoa adquire um novo
equipamento, tal como uma máquina de lavar a maioria dos adultos vai dispensar a
formalidade de ler o manual de ponta a ponta e preferir brincar com os controles e
funções. Através deste meio, os indivíduos chegam a um acordo sobre as inovações
e se familiarizam com objetos e materiais: nas descrições do brincar infantil isso é
frequentemente classificado como um brincar funcional. Esta experiência prática de
uma situação real com um propósito real para o suposto brincador, normalmente é
seguida pela imediata aprendizagem das facetas da nova máquina, reforçada
subsequentemente por uma consulta ao manual e consolidada pela prática.
A semelhança deste processo com uma forma idealizada de aprendizagem
para as crianças pequenas é inevitável. Mas será que o brincar é verdadeiramente
valorizado por aqueles envolvidos na educação e na criação das crianças pequenas?
Com que frequência o brincar e a escolha dos materiais lúdicos são reservados como
uma atividade para depois de as crianças terminarem o trabalho, reduzindo assim
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tanto seu impacto quanto seu efeito sobre o desenvolvimento da criança. Quantas
crianças chegam à escola maternal incapazes de envolver-se no brincar, em virtude
de uma educação passiva que via o brincar como uma atividade barulhenta,
desorganizada e desnecessária?
O brincar em situações educacionais, proporciona não só um meio real de
aprendizagem como permite também que adultos perceptivos e competentes
aprendam sobre as crianças e suas necessidades. No contexto escolar isso significa
professores capazes de compreender onde as crianças estão em sua aprendizagem
e desenvolvimento geral, o que, por sua vez, dá aos educadores o ponto de partida
para promover novas aprendizagens nos domínios cognitivos e afetivos.
Fonte: www.emefjoaocampestrini.wordpress.com
Por mais louvável que seja tentar definir o brincar, isso pode sugerir uma
abordagem quantificável que, raramente acontece. Embora aceitando quase
instintivamente o valor do brincar, é difícil para os professores envolvidos na
organização cotidiana da aprendizagem infantil extrair algo com substância
pragmática e teórica suficiente sobre o qual basear seus julgamentos e oferecimento
de aprendizagem.
Existem amplas evidências desta dificuldade nas escolas de educação infantil
e de ensino fundamental onde o brincar é frequentemente relegado a atividades,
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brinquedos e jogos que as crianças podem escolher depois de terminarem seu
trabalho.
A dicotomia para os professores é muito real: por um lado, a implicação é de
que as crianças aprendem muito pouco sem a direção dos professores, e, por outro,
o brincar auto iniciado pela criança é defendido como proporcionador de um melhor
contexto de aprendizagem.
Isso serve para salientar as muitas complexidades do papel do educador
infantil. O tempo gasto brincando com as crianças é menor do que, por exemplo,
ouvindo a leitura de cada uma, e vice-versa. Também existe a dificuldade, salientada
de que os próprios adultos na verdade acham muito insatisfatório e até frustrante
brincar com as crianças.
4 PORQUE BRINCAR
Fonte: www.espacodacriancabelem.com
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Através do espelho, ela se examina em uma outra aparência, provavelmente
estimulada também por vários fatores como a brilhante cor cereja do tecido e o
contraste branco-creme do tule, a forma diferente de seu corpo com esta roupa
especial, e como ela se ajusta ao quadro apresentando pela imagem no espelho. Ao
fazer piruetas está explorando suas próprias capacidades físicas, hesitantes e
desajeitadamente, a princípio, mas com uma pose e agilidade que aumentam
rapidamente. Ela não está tentando ser aquela bailarina e ainda está firmemente
posicionada no mundo da infância, o que fica evidente pela melodia infantil que está
cantarolando. Sobre este tipo de brincar, Kami afirma:
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interação significativa com o meio ambiente, as vantagens do brincar ficam mais
aparentes.
Mas o brincar também pode proporcionar uma fuga, às vezes das pressões da
realidade, ocasionalmente para aliviar o aborrecimento, e às vezes simplesmente
como relaxamento ou como uma oportunidade de solidão muitas vezes negada aos
adultos e às crianças no ambiente atarefado do cotidiano. Pois embora as qualidades
sociais do brincar sejam as que recebem supremacia quando pensamos sobre o
conceito, ele é e deve ser aceito como algo privado e interno para o indivíduo quando
esta for a sua escolha. Isso se aplica igualmente às crianças no turbilhão de atividades
na escola e em casa.
5 O BRINCAR E A APRENDIZAGEM
Fonte: www.minutocrianca.com
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de uma mesma situação, de lúdico para sério, e vice versa. O mais importante é que
isso pode, ou não, ficar óbvio para um observador.
Especialmente na escola, segundo Oliveira (2000), é improvável que as
crianças consigam se expressar, devido a constrangimentos temporais e
interpessoais, de forma tão competente, consistente e aberta como fazem em casa.
Os professores encontram outros problemas quando tentam avaliar o que a criança
realmente está aprendendo a partir do comportamento de brincar exibido.
Para Oliveira (2000) dizem também que as crianças ocupadas com uma
atividade raramente conseguem participar de conversas intelectualmente
desafiadoras, porque sua atenção está dirigida para a tarefa. Os professores precisam
inferir, a partir de suas atitudes externas, concentração, expressões faciais, motivação
aparente, e assim por diante, qual está sendo sua provável aprendizagem; de outra
maneira, como eles podem saber que ensino e aprendizagem são necessários.
Kishimoto (1994), diz sobre a análise do nosso próprio brincar:
As escolhas de oportunidade lúdicas que fazemos habitualmente, sem refletir,
podem, se refletirmos a respeito, ser psicologicamente informativas sobre nós
mesmos e podem sugerir uma série de questões muito interessantes sobre o
significado psicológico dessas escolhas.
No contexto do presente modelo, precisamos reservar tempo para explorar as
necessidades explicitadas pelo brincar, assim como tempo para conversar sobre ele,
ampliando a aprendizagem por meio do brincar dirigido. A oportunidade para avaliar
as respostas, compreensões e incompreensões da criança se apresenta nos
momentos mais relaxados do brincar livre.
A maior aprendizagem está na oportunidade oferecida à criança de aplicar algo
da atividade lúdica dirigida a alguma outra situação. Cunha (1994) explica claramente
suas ideias em relação a este aspecto quando diz que o brincar, como uma atividade,
está constantemente gerando novas situações. Não se brinca apenas com e dentro
de situações antigas.
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Fonte: www.sitedamulher.com
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utilizam uma variedade toa grande de materiais e atividades como frequentemente se
sugere. Às vezes elas restringem bastante os recursos, manipulando-os dentro de um
estreito intervalo de possibilidades potenciais, e precisam ser estimuladas a usá-los
de outras maneiras e para outros propósitos.
Fonte: www.linguainglesanaatualidade.blogspot.com.br
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De comunicar, questionar, interagir com os outros e ser parte de uma
experiência social mais ampla em que a flexibilidade, a tolerância e a
autodisciplina são vitais;
De conhecer e valorizar a si mesmo e as próprias forças, e entender as
limitações pessoais;
De ser ativo dentro de um ambiente seguro que encoraje e consolide o
desenvolvimento de normas e valores socais.
O brincar aberto, aquele que poderíamos chamar de a verdadeira situação de
brincar, apresentar uma esfera de possibilidades para a criança, satisfazendo suas
necessidades de aprendizagem e tornando mais clara a sua aprendizagem explícita.
Parte da tarefa do professor é proporcionar situações de brincar livre e dirigido
que tentem atender às necessidades de aprendizagem das crianças e, neste papel, o
professor poderia ser chamado de um iniciador e mediador da aprendizagem.
Entretanto, o papel mais importante do professor é de longe aquele assumido
na terceira parte do ciclo do brincar, quando ele deve tentar diagnosticar o que a
criança aprendeu, o papel de observador e avaliador. Ele mantém e intensifica esta
aprendizagem e estimula o desenvolvimento de um novo ciclo.
Fonte: www.keyword-suggestions.com
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ou outro nível. O treinamento inicial e prático dos professores precisa assegurar que
eles adquiram mais competência nesta área a fim de acompanhar as tendências
nacionais e manter o papel vital do brincar no desenvolvimento das crianças.
O que sempre deve ser lembrado, todavia, é que as crianças podem e
aprendem de outras maneiras além da lúdica, e frequentemente tem prazer com isso.
Um exemplo seria ouvir uma história ou trabalhar ao lado de um adulto que está
fazendo alguma coisa. Kishimoto (1990) acha que esse elemento do brincar e
aprender mais dirigido para um objetivo é muitas vezes esquecido e inclusive
desprezado por muitos professores de educação infantil, mas é assim que as crianças
vêm aprendendo há muitos séculos. Ela diz que por mais detestável que seja a ideia
para estes professores, há poucas evidências de que brincar livre com blocos ensine
mais à criança do que copiar um modelo dos mesmos.
7 O BRINCAR E A CRIATIVIDADE
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relação com a ordem e favorece o desenvolvimento das habilidades de planejamento.
Ele eventualmente leva ao início do brincar e dos jogos baseados em regras (PIAGET,
1950, p. 62).
Fonte:www.psicologosepsicologias.com
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mínimo em ação ou contemplou um quadro esplêndido. As crianças e os adultos que,
por alguma razão, têm dificuldade para se comunicar por meio da linguagem, muitas
vezes podem expressar vividamente em outros meios, e obter satisfação e autoestima
ao ser capaz de fazer isso.
Aqueles que acham que não sabem pintar, muitas vezes têm uma grande
capacidade expressiva de movimento corporal; os que são desajeitados em atividades
motoras amplas podem ter na música e no ritmo uma fonte de inspiração, e a
encenação do papel de outra pessoa no teatro ou através de marionetes podem
inspirar a comunicação não-verbal em outros.
Assim, tanto nas formas de arte, como em diferentes formas do brincar, existe
uma riqueza de oportunidades criativas para que adultos e crianças expressem seu
pensamento e apreciem o talento de outros. Todos nós recebemos a arte, assim
como a criamos, e a maioria de nós sabe do que gosta por causa da nossa
personalidade, nossas experiências, nosso conhecimento e nossas capacidades
pessoais, ou sabe se expressar de formas comunicáveis aos outros.
As crianças apresentam o mundo como o veem e como podem representá-lo
em um determinado momento de seu desenvolvimento: a beleza está lá se estivermos
preparados para vê-la, pois uma das dificuldades da arte é ela estar crivada de valores
que adquirimos através de nossa cultura e educação.
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com conceitos de bom e mal. O triunfo do bem sobre o mal dos heróis protegendo
vítimas inocentes é um tema comum na brincadeira das crianças (BETTELHEIM,
1988).
Crianças que vivem em ambientes perigosos repetem suas experiências de
perigo em suas brincadeiras. Por exemplo: no Brasil, crianças que vivem nas favelas
onde predomina a luta entre policiais e bandidos têm como tema preferido de suas
brincadeiras esses conflitos.
Quando a criança assume o papel de alguém que teme, a personificação é
determinada por ansiedade ou frustração. Vários dos exemplos clássicos de Freud
seguem esta linha: uma criança brinca de médico depois de ter tomado uma injeção
ou de ter sido submetida a uma pequena cirurgia. Ana Freud relata o caso da criança
que vence o medo de atravessar o corredor escuro fingindo ser o fantasma que teme
encontrar. Escolhendo o papel do médico ou do fantasma, a criança pode passar do
papel passivo para o ativo e aplicar a uma outra pessoa, a uma criança ou uma boneca
o que foi feito com ela.
O brinquedo aparece como um pedaço de cultura colocado ao alcance da
criança. É seu parceiro na brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à
ação e à representação, a agir e a imaginar.
Assim, o brincar da criança não está somente ancorado no presente, mas
também tenta resolver problemas do passado, ao mesmo tempo em que se projeta
para o futuro. A menina que brinca com bonecas antecipa sua possível maternidade
e tenta enfrentar as pressões emocionais do presente. Brincar de boneca permite-lhe
representar seus sentimentos ambivalentes, como o amor pela mãe e os ciúmes do
irmãozinho que recebe os cuidados maternos. Brincar com bonecas numa infinidade
de formas está intimamente ligado à relação da menina com a mãe (BETTELHEIM,
1988).
Bomtempo (1996), em uma pesquisa com a boneca Ganha-Nenê, verificaram
que as crianças pequenas (3 a 5 anos) parecem usar a boneca não só como
instrumento de ação, mas também como faz-de-conta e, à medida que aumenta a
idade, a boneca passa a fazer parte de um contexto onde o faz-de-conta está presente
de forma mais intensa.
Nas crianças de 6 a 8 anos há enriquecimento na representação de papéis que
se tornam mais definidos, embora a gravidez e o nascimento ainda façam parte de um
mundo mágico. É através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem
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oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo
com o mundo dos adultos, onde ela restabelece seu controle interior, sua autoestima
e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outro. No sonho, na
fantasia, na brincadeira de faz-de-conta desejos que pareciam irrealizáveis podem ser
realizados.
Fonte: www.pt.depositphotos.com
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Nesta perspectiva, a brincadeira deixa de ser coisa de criança e passa a se
constituir em coisa séria, digna de estar presente entre recursos didáticos capazes de
compor uma ação docente comprometida com os alvos do processo de ensino-
aprendizagem que se pretende atingir.
Dialeticamente, a seriedade do jogo utilizado em situações formativas consiste
na brincadeira que ele implica. Só é possível viver na brincadeira um papel em toda a
sua profundidade e complexidade, quando o ator se identifica plenamente com ele,
emergindo, portanto, simultaneamente, como seu autor. Nisto é que reside à
propriedade liberadora da espontaneidade, condição do ato criador. Entendido o ato
criador nesses termos, nada que se confunda com roteiros de atuação previamente
definidos, configurado papéis, tem espaço no uso do jogo em situações formativas.
No caso da relação professor/alunos, vivida hoje em grande parte da realidade
escolar brasileira sob a forma de uma relação burocrática através de contato
categórico, o problema que se enfrenta, na capacitação de docentes, é a liberação da
espontaneidade e, portanto, da capacidade criadora para um encontro vigoroso do
educando com o conhecimento, mediado por ações significativas do professor. Isso
implica um exercício de alteridade, em que o profissional coloca-se no lugar do outro.
Para este exercício, o jogo de papéis, os jogos de simulação ou de representação, os
jogos dramáticos constituem recursos excelentes, se não únicos.
Fonte: www.meire-pacheco.blogspot.com.br
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os adultos fazem doutra no quotidiano do mundo em que se insere. Apesar de, como
lembra Sarmento, uma parte dos mundos culturais da infância também se constituir
por culturas “geradas, conduzidas e dirigidas pelos adultos para as crianças” (2004:
160), as que são por elas produzidas e fruídas constituem uma outra parte que
nenhuma daquelas pode substituir nem ninguém ignorar sob qualquer pretexto,
porque tal representaria a amputação de uma componente2 formativa de importância
transcendente para o crescimento sustentado de todas as crianças. É no “mútuo
reflexo” (id.: 162) de uma sobre a outra que as culturas da infância se constituem, mas
segundo e seguindo sempre os sentidos que o grupo lhes consigne através das
interações produzidas no seu interior.
Fonte: www.pre.univesp.br
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significados autônomos e significações tão características nas crianças (o passado e
o presente emergem sempre tão difusos que o “era uma vez” se repete indistintamente
e corresponde à enunciação que naquele preciso momento lhe subjaz), a sintaxe, que
nos evidencia uma lógica de representação das coisas onde, travestida entre o real e
o imaginário das coisas com que brinca, a criança assume a representação desse
duplo papel em que com todo o a propósito se transmuta e articula, e a perspectiva
multiforme com que reconfigura os elementos constitutivos das culturas da infância (o
cromo pokemon não é para a criança só um bonito bilhete ilustrado, mas é também
uma peça de jogo e, ainda, um componente fundamental para preencher o lugar que
lhe corresponde na caderneta e contribuir para completar a coleção), formam um
percurso triangular por onde correm aspectos da cultura das crianças, que, se não
olhados com a efetiva significação que adquirem em contexto, tornam difusa, senão
mesmo ininteligível, qualquer leitura que se intente fazer ao seu mundo.
A interatividade, a fantasia do real, a reiteração e a ludicidade configuram um
outro quadro de especificidades da cultura infantil demarcador do seu lugar no
contexto social (id.: 28-29).
Fonte: www.petpedufba.wordpress.com
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de pares, quer as que assumem contornos hierárquicos vincados, envolvem uma
práxis rica e enriquecedora, onde cada criança participa significativamente,
assumindo o papel de co-construtora de um mundo a que pertence e a quem
consegue por si só emprestar um contributo válido para a sua construção. A
interatividade que caracteriza as relações que as crianças são capazes de assumir
com competência nas suas interações inter e intrageracionais constituem uma
realidade afirmadora de uma infância interventiva no contexto societário de que faz
parte e onde, desse modo, se insere ativamente.
No mundo da fantasia que povoa o imaginário de todas as crianças corre o
sonho, a aventura fantástica e, também, a ilusão de um percalço que, quanta vezes,
um faz-de-conta suaviza ou mesmo dilui, emprestando à realidade mais cruel da vida
um sentido que a criança consegue processar a coberto de sofridos constrangimentos,
que de outro modo lhe adviriam certamente, construindo suave e paulatinamente a
sua inteligibilidade do mundo que a rodeia, onde se cruzam a cada momento as
alegrias e as tristezas que fazem as vitórias e as derrotas com que somos
quotidianamente confrontados e que cada criança vai também vivificando na sua
forma inocente de perceber uma realidade tantas vezes escondida na fantasia com
que a veste.
A roda do tempo nunca se queda para as crianças, porque nela se alimenta de
uma forma repetida e continuada quer a vontade indômita de explorar, quantas vezes
até à exaustão, novas possibilidades, novos limites, outras conquistas, quer porque,
através dessa incessante recriação de situações e rotinas se vão mantendo vivos
junto do grupo geracional os seus jogos e rituais, assegurando-se dessa forma a sua
transmissibilidade de modo contínuo e incessante. A lei da repetição, lembra também
Benjamin (1992a: 175-6), é para a criança a alma do jogo, e que o poder fazer “outra
vez” lhe traz felicidade e a impele para infindáveis experiências com que vai paulatina
e reiteradamente construindo a sua arte de lidar com o mundo. Contrariamente ao
adulto, a criança não se contenta com o simples prazer de contar uma experiência
prazerosa, soçobrando ao impulso de a realizar sempre de novo vezes sem conta e
de, consequentemente, a transformar num hábito que passa a constar do repertório
em que mais tarde se alicerçarão muitas das suas competências para a vida.
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Fonte: www.revistasaberes.com.ar
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Fonte: www.ala.com.ar
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10.2 Cultura Lúdica
Fonte: www.eeducacaoesaude.blogspot.com.br
Brincar faz, todos o sabemos, parte da natureza das crianças e todas elas em
tudo conseguem encontrar uma fórmula que lhes satisfaça o desejo indômito de o
fazer. Mesmo nas condições mais adversas, sobretudo nas em que as ocupações
mais degradantes de trabalho árduo e prolongado na jornada lhes matam o espaço e
o tempo para o fazer, as crianças resistem ludicamente, mostrando que o jogo
constitui a centralidade da sua vida e que, consequentemente, “estão sempre prontas
para qualquer tipo de brincadeira, qualquer tipo de confabulação lúdica, estão sempre
preparadas para inventar e reinventar a roda do mundo, a vida quotidiana” (Silva,
2003: 339).
Infância e ludicidade constituem, pois, um binômio umbilicalmente ligado num
compromisso de importância seminal para a formação da criança face à dimensão
que a presença do jogo e da brincadeira consubstanciam em todo o processo de
formação do indivíduo e da concomitante utilidade de que aí e desde o dealbar da vida
se caracteriza toda a presença da atividade lúdica (Foulquié, 1952: 109) que se
(con)funde de uma forma incontornável e permanente com as vivências que enformam
a vida societária de todas as crianças, com particular enfoque na que se desenvolve
no interior do próprio grupo. Nesta relação de cumplicidade tácita floresce uma cultura
que, como nos seus trabalhos de campo constatou Delalande (2006: 270), tem um
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papel absolutamente central dentro da cultura infantil, permitindo a abertura de
corredores por onde passa a sociabilidade de atores que, por força do domínio de um
patrimônio lúdico que lhes é comum, conhecem uma mesma linguagem específica em
toda a sua dimensão, fazendo dela passaporte seguro para as interações grupais que
lhes enriquecem o quotidiano e a consequente preparação para a vida.
Fonte: www.oestranhomundodosnerds.blogspot.com.br
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desempenhos, que devemos firmar a explicação para a importância do brincar como
corpus onde se alicerça o fundamento da cultura lúdica e, concomitantemente, desta
no seio da própria cultura infantil (Sarmento, 2006: 25-26). Duma cultura lúdica que
não emerge isolada da cultura geral e, nesse sentido, também como ela se diversifica
segundo inúmeros fatores societários: as culturas lúdicas não são idênticas num país
da Europa comunitária e no Japão e dentro da cultura de um país variam também
segundo os meios sociais, a idade e, muito particularmente, o gênero da criança. Se
é verdade que a cultura lúdica de uma criança varia em função da sua idade (é
diferente a cultura lúdica de uma criança de seis anos da de uma outra de onze anos),
não menos o é observar a clara diferença que ela comporta quando se reporta a
rapazes ou moças.
Fonte: www.nocoespedagogicas.blogspot.com.br
Até há tempos não muitos idos a cultura lúdica foi marcada por uma quase
imutabilidade do seu quadro configurador, com um processo de aquisição em contexto
real, vivendo de uma experiência aí exercitada e acumulada pelas crianças desde o
berço até à adolescência, predominantemente em grupo e interação cara a cara com
irmãos, vizinhos, amigos e companheiros de escola e, maioritariamente, fora de casa.
A cultura lúdica contemporânea, como no-lo refere Brougère (2005: 109-10), vestiu-
se de outras especificidades, nomeadamente as que comportam formas solitárias de
jogo, com interações diferidas com os objetos portadores de ações e significações,
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sobretudo as que têm particular expressão nos jogos de vídeo portadores de novas
técnicas criadoras de novas experiências lúdicas que transformam a cultura lúdica de
inúmeras crianças.
Fonte: www.unangry.hyperphp.com
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11 A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO, TEMPO E ATO DO BRINCAR
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Se a criança não é nenhum Robinson Crusoe, assim também as crianças não
se constituem nenhuma comunidade isolada, mas sim uma parte do povo e
da classe de que provém. Da mesma forma seus brinquedos não dão
testemunho de uma vida autônoma e especial; são isso sim, um mudo diálogo
simbólico entre ela e o povo [...]. (BENJAMIN, Walter 1984).
Fonte: www.etecaf.com.br
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Jean Chateau na sua obra “O Jogo e a criança”, referencia a condição de
seriedade do jogo infantil chegando a afirmar que a brincadeira é uma atividade séria,
pois no jogo do faz de contas a euforia, as estruturas ilusórias e tudo o que se refere
à atividade lúdica tem uma importância incontestável. Para este autor o jogo ensina a
conhecer melhor a natureza infantil, visto que este possibilita uma percepção total da
criança e seu mundo, quer seja no aspecto motor, afetivo, social ou moral.
A brincadeira é fundamental para o crescimento do ser humano. O homem só
aprende a pensar e a se posicionar no mundo como agente ativo de sua sociedade
se vivenciou uma infância verdadeira, recheada de brinquedos e brincadeiras, caso
contrário já em criança não deixa de ser como bem diz o autor “uma miniatura de
velho”.
A infância pressupõe jogos, brinquedos e brincadeiras, daí a necessidade de
se fazer um estudo desta etapa da vida para além das questões que dizem respeito
ao crescimento do homem.
Chateau, ao enfatizar a importância da ação lúdica para o crescimento da
criança, comenta:
Fonte: www.youtube.com
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A criança utiliza a repetição e a representação para a construção de seu
universo lúdico, sendo que para ela esta atividade lúdica não se restringe a um simples
prazer sensorial, mas “uma reflexão de sobre si mesma: o que conta, para a criança
que construiu uma torre com seus cubos, não é tanto a torre, mas sua edificação, a
realização de uma obra sua.”
O brinquedo extrapola essa condição física – espacial, que sob a posse da
criança passa a ser um possibilitador de comunicação em vários campos, seja o da
criança com o mundo, com a natureza, seja o de uma criança com outra criança.
Enquanto possibilidade de comunicação, esta entendida no seu sentido mais amplo
como processo dialógico de comunhão, o brinquedo pertence, ao campo da
linguagem.
Assim como o jogo, a brincadeira não é única e exclusivamente distração, no
campo da linguagem como agentes comunicacionais. Ferrara identifica ainda que,
diferentemente da estética, a linguagem: “valoriza e toma para si o efêmero e o
instantâneo, adota a desordem das perspectivas temporais e espaciais, superpostas
cruzadas e entremeadas que anulam o tempo - espaço da similaridade”.
Estas características não estão presentes no brinquedo em si, mas no que dele
resulta, isto é, a brincadeira, que é a própria ação lúdica na sua essência, que assim
como a arte transgride a ordem estabelecida pelo fetichismo estético.
Fonte: www.estilo.uol.com.br
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Lucrécia D’Alésio define repertório como sendo algo formado pela memória de
um indivíduo ou de uma coletividade codificada em um sistema harmônico. Repertório
é também denominado de “estoque” por outros autores como Teixeira Coelho, que
entende por repertório “uma espécie de vocabulário, de estoque de signos conhecidos
e utilizados por um indivíduo”.
A partir desta compreensão define-se repertório como o conjunto de
experiência vivenciado por indivíduos de um determinado grupo ou coletividade que
formam as referências culturais dos mesmos. Estas referências compõem o
Repertório possibilitando assim o trânsito da informação num sistema comunicacional.
Aplicando esta noção ao universo lúdico, o brincar se dá de acordo com o repertório
dos seres brincantes nele envolvidos.
Além disso, o repertório entendido, por nós como memória, não é estanque, é
constituído em um processo que se atualiza na relação dialógica que se estabelece
entre os seres brincantes e entre estes e seus brinquedos, e, é no campo aberto da
repetição, que é própria do universo lúdico que acontece a descoberta do criar/recriar,
o fantasiar/reinventar.
A importância de se estudar o processo de atualização deste repertório é
porque ele só é possível pela existência dos grupos infantis, visto que, é no seio do
grupo que se dá às trocas e os acréscimos para que seja engendrada uma cultura
infantil. A importância destes grupos reside no fato de que eles são estáveis. Ao
analisar o assunto, Florestan Fernandes afirma:
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Fonte: www.imagui.com
Este autor aponta que estes grupos fornecem o suporte social para a produção
da cultura infantil. Sobre a ação lúdica destaca Nachmanovitch em sua obra “Ser
criativo”, onde a ação lúdica pode ser representada pela palavra “lîla”, pertencente ao
vocabulário sânscrito que significa “jogo”, “brincadeira” sendo mais rica e completa o
que está de acordo a interpretação de Nachmanovitch significa “brincadeira divina, o
jogo da criação, destruição e recriação, o desdobrar dos cosmos. lîla, profunda
liberdade, é ao mesmo tempo a delícia e o prazer do momento presente e a
brincadeira de Deus...”
A ação lúdica só se desenvolve dentro de um universo onde seja estabelecida
a liberdade. Ela é a condição “cine quanoun” para que a criatividade se estabeleça e
se realize, nesse universo está presente também, o prazer de desvelar o que está
oculto no recôndito do ser humano em relação à criança. Essa liberdade é quase
epidérmica, dado a sua facilidade de lidar com a criatividade, pois esta é inerente ao
universo infantil, dado a condição de liberdade que a criança toma para si através de
suas ações lúdicas.
Nos seus jogos e brincadeiras, a criatividade é fato corriqueiro no seu cotidiano.
Por que ela brinca, e brincando ela se relaciona, dialogando com o que está dentro e
fora do seu mundo. O ser que brinca com liberdade aprende a conviver com as
adversidades da vida. Nachmanovitch diz que “a criatura que brinca está mais apta a
se adaptar à mudanças de contextos e de condições.”
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Fonte: www.estilo.uol.com.br
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Fonte: www.papodaprofessoradenise.com.br
Rodari nos fala de como a criança se situa no mundo e de como esta lida com
o seu universo lúdico, através de instrumentos que lhe são próprios, a imaginação, a
fantasia para a criação de um mundo fantástico seu. Este autor contribui para elucidar
questões relacionadas acerca do fantasiar e do imaginar da criança e do seu poder
de conferir ânimo às coisas criando para si um mundo fantástico, intimamente
experienciado com os seus brinquedos (vivos).
A importância do brinquedo e das brincadeiras para a criança reside no fato
que é através destes que a criança se avalia se projeta e se coloca frente ao mundo.
Rodari afirma que:
A menina que brinca com suas bonecas e, enfim, com o seu riquíssimo
enxoval, móveis, utensílios, pratinhos, xícaras, eletrodomésticos, casas e
cidades em miniatura, reproduz, no jogo todo seu conhecimento da vida
doméstica, exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-
os, designando-lhes um espaço e um papel; mas ao mesmo tempo as
bonecas lhe são úteis para dramatizar suas próprias relações, e
eventualmente seus conflitos. Grita com a boneca usando as mesmas
palavras gritadas pela mãe, para descarregar cada sentimento de culpa.
Acaricia e afaga as bonecas para exprimir sua necessidade de afeto. Pode
escolher uma delas para amar e odiar de modo especial, caso a boneca
lembre o irmãozinho do qual tem ciúme [...] (RODARI, 1982)
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Fonte: www.aliancapelainfancia.wordpress.com
A criança se sente, muitas vezes, um ser estranho, e por isso, formula muitos
questionamentos em busca da compreensão deste outro mundo. Dessa forma,
ressalta-se a importância da ação lúdica pelo papel de conquista que representa para
a criança que através do jogo, da brincadeira, desbrava o universo adulto ainda
desconhecido para ela desconhecido.
Os jogos e as brincadeiras nas modalidades de adivinhação, de esconde-
esconde, contribuem para que a criança tenha nos mesmos uma base para a sua
segurança perante o mundo adulto favorecendo não só, a capacidade de crescer com
o prazer de existir como também desta produzir conhecimento a partir de suas
experiências lúdicas.
Através do brinquedo a criança dialoga com o outro, e com o mundo, se
comunicando através da linguagem lúdica. O diálogo da criança com o mundo na sua
esfera criativa, possibilita uma mudança social eficaz, para se construir uma nova
concepção do universo lúdico.
É importante compreender que na ação lúdica está presente uma elaboração
do pensamento, as ações e mesmo os gestos não acontecem de forma instintiva,
formam um conjunto imprescindível para que a brincadeira aconteça. É através da
ação do Brincar que a criança interioriza absorve os sinais do mundo exterior ao seu.
A mesa e a cadeira, que para nós são objetos consumados e quase invisíveis,
dos quais nos servimos automaticamente, são para a criança durante muito
tempo materiais de uma exploração ambígua e pluridimensional, onde se dão
as mãos o conhecimento e a fabulação, a experiência e a simbolização.
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Fonte: www.topsy.one
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Johan Huizinga, afirma ser o jogo “Uma atividade Universal” visto que este está
presente em todas as formas de organização social seja ela primitiva ou sofisticada.
“A existência do jogo não está ligada a qualquer grau de civilização ou a qualquer
concepção de universo... a existência do jogo é inegável.”
Humberto Eco conclui que distante da não seriedade que nos fala Huizinga o
jogo é um momento da mais arrebatadora seriedade.
Huizinga focaliza a sua atenção na questão do jogo ter significação e ter uma
função social, sendo desta forma um elemento da cultura e que por isso mesmo é um
dos pilares da civilização. A noção de jogo ultrapassa, a questão de um fenômeno
puramente fisiológico, ultrapassando os limites de uma atividade estritamente física
ou biológica.
O jogo, a brincadeira se realiza num determinado espaço e num determinado
tempo, limitados por um sentido próprio a criança joga, joga até o momento em que
diz “acabou”. Isto acontece após uma série de recomeço onde predominam o
“movimento, alternância, mudança sucessão, associação, separação”
Fonte: www.celsoantunes.com.br
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O autor em referência ressalta que uma das características do jogo é ser
fenômeno cultural que para ele é a mais importante característica do jogo, justificando
que: “Mesmo depois que o jogo chega ao fim, ele permanece como uma criação nova
do espírito, um tesouro a ser conservado pela memória”.
Eliza Santa Roza em “Quando brincar é dizer”, percebe o brincar como uma
linguagem, que possibilita e privilegia a comunicação na infância, ressaltando ainda a
importância do brincar no processo de humanização da criança. Para a autora, o
lúdico para além do universo psicanalítico, o brinquedo é apenas um pretexto para o
brincar, esteja ele presente fisicamente ou não quando a brincadeira acontece, e dela
a linguagem num mundo fantástico do universo lúdico.
Desta forma depreende-se que Platão considera a fantasia como uma
manifestação da opinião, produz imagens ao invés de ideias. A imaginação foi
entendida também como a própria criação de ideias. Para Kant a função principal da
imaginação no conhecimento é a “de apresentar os objetos do mundo como matéria
do conhecimento.”
A imaginação tem um caráter que lhe é próprio, a criatividade, que apesar de
sua condição de liberdade tem os seus limites já que as ligações entre as ideias não
se dão de forma aleatória obedecem a certos princípios.
Fonte: www.falamamae.com
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Nessa perspectiva, o brinquedo é visto como veículo de comunicação, através
da linguagem lúdica que este viabiliza. A independência, a liberdade existente no ato
de brincar é que orienta a utilização do instrumento lúdico, o brinquedo.
De acordo com Kishimoto os jogos tradicionais, tem uma força que se explica
pelo poder de se expressar pela oralidade e “enquanto manifestação espontânea da
cultura popular, o jogo tradicional tem a função de perpetuar a cultura infantil e
desenvolver formas de convivência social.” O jogo tradicional infantil por ser um
elemento folclórico apresentando as seguintes características: anonimato,
tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade.
Devido a tais características fazem parte de uma cultura não formalizada, a
cultura popular, que como está sempre em transformação não se cristaliza por que
vai ao longo de sua, ou melhor, de suas trajetórias, incorporando criações novas das
gerações que vão se sucedendo. E é desta forma que estes jogos são transmitidos
através de conhecimentos empíricos e assim permanecem na memória infantil.
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linguagem, que se assemelha a linguagem artística por ter características em comum,
como ritmo, forma, cor, movimento entre outras.
Fonte:www.allevents.in
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BIBLIOGRAFIA
DORNELLES, L.V. Na escola infantil todo mundo brinca se você brinca. In:
CRAIDY, C. M.; KAERCHER, G. E. P. S. (Org.). Educação Infantil: pra que te quero?
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ano I, n. 3, p. 29-31, dez. 2003/mar. 2004.
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MOYLES, J. A pedagogia do brincar. Revista Pátio Educação Infantil, ano VII, n. 21,
nov. – dez. 2009, p. 18-21.
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