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Legenda: Fabiula, como Gilda, faz par romântico com Cauã Reymond em Não se Pode Viver

sem Amor, que estreia no segundo semestre.

Em Estômago, do diretor curitibano Marcos Jorge: “Mudou a minha vida.”

Suspensório: Cinema

Título: Gilda

Gravata: Depois de Estômago, a carreira cinematográfica de Fabiula Nascimento deslanchou.


Com três outros filmes prontos e gravando um quarto, a atriz curitibana reaparece na telona
em Não se Pode Viver sem Amor, novo longa do diretor Jorge Durán, lançado no 14º Cine PE

Recife

Luciana Romagnolli*

Desde que estreou no cinema em 2007 como ÍIria, o principal papel feminino do filme
Estômago, Fabiula Nascimento não mais foi vista na tela grande. A não ser em uma
participação especial no outro longa-metragem do diretor Marcos Jorge, Corpos Celestes,
apresentado em festivais mas que não chegou ao circuito comercial. Isso não significa, porém,
que a carreira cinematográfica da atriz curitibana tenha parado. Ao contrário. Nos últimos
anos, ela atuou em outros cinco filmes ainda inéditos nas salas de exibição do país, que
começam a aparecer agora.

O primeiro é Ninguém Pode Viver sem Amor, do chileno Jorge Durán, diretor de É Proibido
Proibir. Apresentado na Mostra Competitiva do 14º Cine PE Festival do Audiovisual, nesta
sexta-feira (30), o filme deve ser lançado pela distribuidora Pandora no segundo semestre
deste ano. Para a mesma época, espera-se a estreia de O Doce Veneno do Escorpião, de
Marcus Baldini, no qual Fabiula interpreta uma das garotas do clube privê onde Bruna
Surfistinha (Deborah Secco) trabalhava.

Passado

Em Não se Pode Viver sem Amor, sua personagem é uma dançarina de boate com um passado
complicado: foi viciada em álcool e guarda um segredo que está vindo à tona. Na véspera do
Natal, ela se depara com outras figuras igualmente perdidas, vividas por Simone Spoladore,
Angelo Antônio e Cauã Reymond – que interpreta seu par romântico, João. “Ela o vê como um
menino, sem emprego certo, sabe que aquilo não tem futuro”, comenta a atriz.

Fabiula não se mostra exatamente satisfeita com seu trabalho no filme, mas em Estômago,
segundo ela, não foi diferente. “Nas primeiras dez exibições, nunca gosto. Depois começo a
enxergar beleza naquilo”, diz. E explica: ”Só vamos ver o filme um ano depois, já sou outra
pessoa, não faria mais daquele jeito, e a edição conta muito. Então tem que ser um trabalho
de desapego. É diferente do teatro, em que todo dia se pode melhorar.”

As gravações aconteceram no Rio de Janeiro, onde Fabiula tem passado a maior parte do seu
tempo nos últimos três anos. A cidade que ambienta o filme, porém, não é a do cartão-postal.
“Uma outra Rio de Janeiro, do centro e da Zona Norte, de gente que não vai à praia, trabalha.
O filme mostra como a cidade pode acabar com as pessoas”, diz a curitibana, ainda em
processo de adaptação à capital carioca. Ela conta que se incomoda principalmente com a falta
de educação e higiene por lá. “Cresci separando o lixo que não é lixo”, compara.

Coxinha

O convite para o filme de Jorge Durán veio como consequência da visibilidade alcançada em
Estômago. Aliás, pode-se dizer que foi a “cena da coxinha” a definidora do momento da virada
na carreira da atriz, que lhe abriria a porta para os sets de filmagem.

Até então, Fabiula era uma desconhecida fora do circuito teatral curitibano, onde estreou
participando de montagens infantis no Espaço da Criança, em 1996, depois trabalhou com
Maurício Vogue (A Revolução dos Livros, Aladim) e Edson Bueno (Xistu, o Menino do Dedo
Verde), e fez um show solo de humor no Jokers, o Cinta-Liga.

Pois a atriz estava em cartaz com a peça Mulheres, no Mini-Guaíra, quando Marcos Jorge se
sentou na plateia para vê-la e a chamou para fazer um teste para Estômago. Fabiula encarou a
cena em que a prostituta gulosa conhece Raimundo Nonato, o personagem de João Miguel:
ela entra no bar mequetrefe onde ele frita coxinhas, experimenta o salgado e gosta tanto que
passa a freqüentar o balcão e a cama do cozinheiro. Ganhou a personagem, e sua estreia no
cinema não poderia ter sido mais feliz. O filme angariou prêmios no Festival do Rio e no
exterior, inclusive o de melhor atriz, em Portugal.

“Estômago mudou a minha vida”, diz, sem exagero. “Me deu acesso ao cinema, que eu achava
que morreria sem fazer, me abriu o mundo.”

Enquanto aproveitava o espaço recém-conquistado nos sets de filmagem, Fabiula abraçou uma
vaga na tevê, como a namorada do personagem de Murilo Benício na série policial Força
Tarefa. Com todos os episódios desta temporada já gravados, ela investe em um novo projeto
na Globo: Tudo Junto Misturado, que fará com Bruno Mazeo no segundo semestre.

O trabalho a obrigou a se instalar no Rio, e as visitas a Curitiba onde nasceu e cresceu entre o
bairro do Pilarzinho e o Centro Histórico se tornam mais esparsas. Fabiula vive na capital
carioca acompanhada pelo marido Alexandre Nero. Não deixa de ser curioso como o casal, há
9 anos junto, experimentou a ascensão profissional ao mesmo tempo, ainda que por caminhos
diferentes – o ator faz atualmente sua terceira novela, Escrito nas Estrelas.

“Foi uma coisa maluca, nem a gente acredita. Tevê era uma coisa muito distante. A gente
falava em fazer novela de brincadeira”, lembra. “Mas a gente plantou a vida inteira e agora
começa a colher os frutos. E isso é fundamental para um casal ficar junto. Se estivesse um
frustrado e o outro não, não daria certo.”

* A jornalista viajou a convite do 14º Cine PE Festival do Audiovisual

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