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Thiago Paulino Jordão

Thiago Souza Moreira

TEOLOGIA PRÓPRIA

São Paulo
2008
TEOLOGIA PRÓPRIA - 2

Thiago Paulino Jordão


Thiago Souza Moreira

TEOLOGIA PRÓPRIA

Trabalho apresentado ao Curso de


Graduação em Bacharel em Teologia do
Seminário Batista Regular de São Paulo,
como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Teologia.

Professor: Pedro Evaristo C. dos Santos

Disciplina: Teologia Sistemática I

São Paulo
2008
TEOLOGIA PRÓPRIA - 3
TEOLOGIA PRÓPRIA - 4

1. PROPÓSITO:

O objetivo deste estudo não é restringir ou ser conclusivo a respeito dos atributos de
Deus. Antes, reconhecer que a análise dos mesmos nos leva a um conhecimento maior a
respeito de Deus, e que este resulta em uma sincera adoração pelo que Ele é.

2. INTRODUÇÃO

A. Atributos de Deus

Natureza dos atributos

Segundo Augustus H. Strong, “os atributos de Deus são as características distintas da


natureza divina inseparáveis da idéia de Deus e que constituem a base e apoio das suas várias
manifestações às suas criaturas.”1

Também são definidos como “qualidades de Deus que constituem o que ele é. São as
próprias características de sua natureza.”2

Além de vermos que são características que constituem o que Deus é, também
podemos notar que os atributos de Deus:

a) não são meros nomes das concepções humanas de Deus, baseados na imperfeição
da mente humana, mas são qualidades da própria essência divina.

b) não são existências separadas de Deus, são atributos inseparáveis de Sua essência.

c) são a própria essência divina. Sem seus atributos ela é desconhecida e


incognoscível.

d) são distintos de outros poderes ou relações que não pertencem à essência divina
universalmente. O relacionamento que Deus mantém com o mundo, tais como a criação, a

1
STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Teológica, 2002. p.364.
2
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1997. p.104.
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preservação e o governo não devem ser denominados atributos, pois não são necessários ou
inseparáveis de Deus.3

e) são qualidades da deidade inteira. Toda Trindade apresenta todos os atributos.

f) são qualidades permanentes. Não podem ser adquiridos ou perdidos. São


intrínsecos.4

Classificação dos atributos

Antes de classificar os atributos, explicaremos dois termos muito importantes, nos


quais se baseia toda a classificação dos atributos divinos, a imanência e a transcendência de
Deus:

Imanência - Deus está presente e ativo dentro de sua criação e dentro da raça humana,
mesmo naqueles membros não crêem nele ou não lhe obedecem. Sua influência está em toda
parte. Ele age nos processos naturais e por meio deles.

Transcendência - Deus não é uma mera qualidade da natureza ou da humanidade; ele


não é simplesmente o mais elevado dos seres humanos. Ele não é limitado à nossa capacidade
de compreendê-lo. Sua santidade e bondade vão muito além, infinitamente além das nossas, e
isso também é verdade em relação a seu conhecimento e poder.5

Portanto, para uma melhor compreensão dos atributos de Deus empregam-se diversos
métodos diferentes de classificação. Veremos, alguns deles a seguir:

a) Comunicáveis (atributos que Deus partilha conosco) e Incomunicáveis (atributos


que Deus não partilha conosco). Esta é a classificação utilizada por Wayne Grudem e que será
seguida nesse trabalho.

3
Idéia adaptada de STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Teológica, 2002. p. 364-
368.
4
Idéia adaptada de ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Vida Nova,
1997. p.104-105.
5
Idéia adaptada de ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Vida Nova,
1997. p.101.
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b) Atributos de Personalidade (que caracterizam o ser essencial de Deus) e Atributos


Constitucionais (que constituem o ser essencial de Deus). Esta é a classificação utilizada por
Sperry Lewis Chafer.

c) Atributos Morais (são, os que, no sentido humano , estariam relacionados com o


conceito de correção, ou, ser correto) Atributos Naturais (são os superlativos amorais de
Deus, somente dEle). Esta é a classificação utilizada por Bancroft.

d) Atributos de Grandeza (mesma idéia dos atributos naturais) e Atributos de Bondade


(mesma idéia dos atributos morais). Esta é a classificação utilizada por Millard J. Erickson.

e) Absolutos ou Imanentes (se referem exclusivamente ao ser interior de Deus)


Relativos ou Transitivos (se referem à revelação e relação do ser divino com a criação). Esta é
a classificação utilizada por Augustus H. Strong.

f) Qualidades Absolutas (exclusivamente de Deus) e Qualidades Relativas


(transmitidas aos seres humanos).

Mesmo com todos esses métodos de classificação e estudo dos atributos, devemos
ressaltar que não conhecemos e nem poderemos conhecer suas qualidades ou sua natureza de
forma completa ou exaustiva, devido a sua grandeza.

B. Métodos para determinar os atributos divinos

Método Racional

a) por meio da negação - consiste em negar a Deus todas as imperfeições observadas


nos seres criados.

b) por meio do clímax - consiste em atribuir a Deus em grau infinito todas as


perfeições encontradas nas criaturas.

c) por meio da causalidade - consiste em predicar a Deus os atributos requeridos nele


para explicar o mundo da natureza e da mente.
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Este método racional explica a natureza de Deus a partir da sua criação. Apesar de que
o método é valioso, tem insuperáveis limitações, podendo ser utilizado para suplementar
resultados obtidos pelo principal meio de determinar os atributos, que é o método bíblico.

Método Bíblico

Método indutivo, aplicado aos fatos relativos a Deus revelados nas Escrituras.6

6
Idéia adaptada de STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Teológica, 2002. p. 368-
369.
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3. OS ATRIBUTOS DE DEUS

1. INDEPENDÊNCIA
A. QUADRO COMPARATIVO

INDEPENDÊNCIA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus não precisa de Deus é absolutamente Deus é causa sui, e
nós nem do restante independente de tudo sua existência baseia-
da criação para nada; fora de Si mesmo se em si mesmo.
porém, tanto nós para a continuidade e Deus não é
quanto o restante da perpetuidade de Seu dependente. Deus
criação podemos Ser. existe pela
glorificá-lo e dar-lhe (Definido como Auto- necessidade de seu
___________
alegria. Existência) próprio ser. É sua
natureza ser. Por isso
a natureza de Deus
não é contingente,
mas necessária.
(Definido como
Existência Própria)

B. DEFINIÇÃO DE INDEPENDÊNCIA: Uma vez que Deus não foi criado (Ele
sempre existiu) e que tudo que existe faz parte de sua criação, Ele não depende de nada além
de Si mesmo para a perpetuidade de Seu Ser.

C. BASE BÍBLICA

“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em
templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos de homens, como que
necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e
todas as coisas.” (At 17.24,25)

“Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si
mesmo.” (Jo 5.26)

“Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de


eternidade a eternidade, tu és Deus.” (Sl 90.2)

“Quem primeiro me deu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos
os céus é meu.” (Jó 41.11)
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D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE INDEPENDÊNCIA:

Algumas pessoas ao definir este atributo, afirmam que Deus teria sido causado por Si
próprio. Entretanto, de acordo com Bancroft7, esta tentativa de explicar a existência de Deus
com base na teoria de causa e efeito erra, pois Deus nunca teve um início. O correto, neste
caso, seria afirmar que a base ou a razão da existência de Deus é a Sua própria perfeição
imanente.

Outra dificuldade é a afirmação que alguns fazem de que a independência de Deus


torna os seres humanos insignificantes. Porém, para Grudem8,“somos de fato muito
importantes, pois Deus nos criou e determinou que seríamos importantes para Ele (...) Deus
decidiu que nos criaria para glorificá-lo”. Através do profeta Isaías, o Senhor declara: “todos
os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz.”
(Is 43.7). Além disso, mesmo que Deus não precise de nós, ele permite-nos dar alegria ao Seu
coração – “... assim de ti se alegrará o teu Deus” (Is 62.5).

7
BANCROFT, Emery H. Teologia Elementar. ed São Paulo: EBR, 1998. p. 47.
8
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. ed. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.111.
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2. IMUTABILIDADE
A. QUADRO COMPARATIVO

IMUTABILIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus é imutável no Deus, em Sua A natureza de Deus Significa que a
seu ser, nas suas natureza, Seus não sofre natureza, os atributos
perfeições, nos seus atributos e conselhos, modificação. e a vontade de Deus
propósitos e nas suas é imutável; pois tais Portanto, Deus não são isentos de toda
promessas; porém, coisas pertencendo a muda suas idéias, mudança.
Deus age e sente um Deus Infinito, são planos ou ações, pois
emoções, e age e absolutamente firmam-se em sua
sente de modo perfeitas e, portanto, natureza, que
diferente em diversas não admitem permanece imutável,
situações diferentes. possibilidade de não importa o que
variação. aconteça.
(Definido como
Constância)

B. DEFINIÇÃO DE IMUTABILIDADE: Deus não muda o que Ele é; de forma que o


seu ser, suas características, sua vontade e seus desígnios permanecem inalteráveis
eternamente.

C. BASE BÍBLICA

“Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” (Ml
3.6)

“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem
não há mudança nem sombra de variação.” (Tg 1.17)

“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa;
porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Nm 23.19)

“Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus,
não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as
coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha
vontade. Que chamo a ave de rapina desde o oriente, e de uma terra remota o homem do meu
conselho; porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei.” (Is 46.

9-11)
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D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE IMUTABILIDADE:

A maior dificuldade encontrada ao se tratar da imutabilidade de Deus é a ocorrência de


alguns relatos bíblicos de que Deus teria se arrependido de uma atitude sua (como em Gn 6.6,
que diz que o Senhor se arrependeu de ter criado o homem, e também 1Sm 15.10, onde Deus
se arrepende de ter instituído Saul como rei), ou então realizado algo de forma diferente do
que havia prometido fazer (como em Êx 32.9-14 ao não destruir o povo de Israel, em Is 38.1-
6 ao conceder mais anos de vida ao rei Ezequias e em Jn 3.4,10 ao não destruir a nação de
Nínive). Entretanto, estes textos devem ser entendidos à luz dos demais textos que ensinam
que Deus não muda. O que se verifica então, é que estes textos não se opõem ao conceito de
imutabilidade; antes, afirmam que Deus age de forma diferente em situações diferentes.
Assim, se o povo de Nínive permanecesse em seu pecado seria exterminado pelo Senhor; mas
ao se arrependerem, Deus passa a lidar de forma diferente por causa da mudança que existiu
no homem, e não no Senhor. Além disso, Deus jamais poderá ser compreendido plenamente
pelo homem; e por isso encontramos em sua revelação (as Escrituras neste caso) figuras que o
descrevam e que sejam entendidas por suas criaturas. Ao encontrar o termo arrependimento
se referindo a Deus, temos uma figura conhecida como antropormofismo – onde Deus revela
o seu comportamento de forma limitada, através de um conceito que é totalmente entendido
pelo leitor das Escrituras.

Existe outra dificuldade (esta, porém não em entender, mas sim em aceitar a
imutabilidade) levantada por um grupo de teólogos da chamada Teologia do Processo. Para
estes, Deus está continuamente acrescentando ao seu próprio Ser as experiências que
acontecem no universo com o decorrer do tempo e assim, está em contínua mudança. A
justificativa para este pensamento é que somente assim a existência dos seres humanos teria
alguma importância para Deus. Estes teólogos acreditam que se Deus é imutável e permanece
eternamente assim, não existe nada que os homens possam fazer para influenciar Deus. É
preciso analisar, entretanto, que este pensamento não encontra base ou suporte nas Escrituras,
ao contrário – Deus afirma em sua Palavra que Ele não muda, ao contrário do que acontece
com sua criação (Hb 1.10-12). Por outro lado, o homem não deve se sentir insignificante para
Deus, pois certamente as Escrituras também não apresentam isto. O que deve entender é que a
sua significância não está no fato de ser possível a este fazer algo para mudar ou acrescentar à
natureza de Deus, mas sim em que Ele é importante por ter sido criado para a glória do
próprio Deus.
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3. ETERNIDADE
A. QUADRO COMPARATIVO

ETERNIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus não tem É a duração infinita, O fato de Deus não Significa que a
princípio nem fim ou seja, duração sem ser limitado pelo natureza de Deus não
nem sucessão de começo e sem fim. tempo significa que o tem começo nem fim,
momentos no seu tempo não se aplica a não tem sucessão de
próprio ser, e percebe Ele. Ele existia antes tempo e contém em si
todo o tempo com de começar o tempo. a causa do tempo.
igual realismo; ele, (Definido como
porém, percebe os Infinitude de Tempo)
acontecimentos no
tempo e age no
tempo.

B. DEFINIÇÃO DE ETERNIDADE: O tempo é uma sucessão de momentos criado por


Deus. Portanto, Deus não está sob a sua influência; não tendo princípio nem fim e por isso
percebe todos estes momentos com igualdade real.

C. BASE BÍBLICA

“O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade.” (Sl 93.2)

“Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas
tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e
ficarão mudados. Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim.” (Sl 102.25-27)

“Eis que Deus é grande, e nós não o compreendemos, e o número dos seus anos não se pode
esquadrinhar.” (Jó 36.26)

“Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir,
o Todo-Poderoso.” (Ap 1.8)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE ETERNIDADE:

O fato de Deus não estar sob a influência do tempo não o torna um deus insensível e
indiferente ao fato de que suas criaturas vivem dentro dos limites do tempo. Isto é notável
quando lemos as Escrituras e vemos Deus agindo e se revelando dentro do conhecimento que
os homens com quem Ele interagia possuíam.
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4. ONIPRESENÇA

A. QUADRO COMPARATIVO

ONIPRESENÇA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus não tem As Escrituras Deus é quem deu Significa que Deus,
tamanho nem representam Deus a existência ao espaço. na totalidade da sua
dimensões espaciais e preencher a Ele existia antes de essência, sem difusão
está presente em cada imensidade; Ele está haver espaço e não há ou expansão,
ponto do universo presente em todos os lugar em que Ele não multiplicação ou
com todo o seu ser; lugares, e não existe possa ser encontrado. divisão, penetra e
ele, porém, age de ponto do universo (Definido como ocupa o universo em
modos diversos em onde Ele não se Infinitude de Espaço) todas as suas partes.
lugares diferentes. encontre.

B. DEFINIÇÃO DE ONIPRESENÇA: Por ser Deus o Criador do espaço, este não pode
limitá-lo. Assim, Deus está presente com todo o seu Ser em todos os lugares ao mesmo
tempo.

C. BASE BÍBLICA

“Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu
estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva,
se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.” (Sl
139.7-10)

“Porventura sou eu Deus de perto, diz o SENHOR, e não também Deus de longe? Esconder-
se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o SENHOR. Porventura não
encho eu os céus e a terra? diz o SENHOR.” (Jr 23.23-24)

“Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até o céu dos céus, não te
poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tenho edificado.” (I Rs 8.27)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE ONIPRESENÇA:

Alguns erros podem nascer de uma má interpretação dos atributos de Deus. Um destes
erros é o Panteísmo, pensamento que alega que Deus é a soma total de toda a vida que existe
baseado em um mau entendimento da onipresença. Porém como mostram os textos acima,
Deus não se faz presente apenas “em partes” em lugar – Ele sempre está integralmente em
todos os lugares. O que este pensamento expressa, na verdade, é uma tentativa de explicar a
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onipresença de Deus baseado unicamente em noções que temos de nossa presença como seres
limitados, mas Deus não pode ser compreendido assim. Logo após falar sobre a onipresença
de Deus no Salmo 139, Davi revela que este conhecimento era alto demais para que ele
pudesse atingir.

Uma dificuldade que o ensinamento da onipresença de Deus tem trazido é a busca por
uma resposta para a pergunta: ”Uma vez que Deus está em todos os lugares, Ele está no
inferno também”? A esta pergunta existem duas linhas principais. A primeira delas defende
que sim, que Deus está no inferno como em todos os outros lugares; entretanto, está ali para
punir os pecados do homem. De acordo com este pensamento, Deus está em todos os lugares,
mas se manifestando de formas diferentes: em alguns lugares está presente para abençoar, em
outros para ser louvado, e o inferno seria o lugar onde Deus está presente para punir. A outra
posição acredita que não – que Deus não precisa fazer-se presente no inferno para punir o
homem; antes, o inferno é um lugar onde há ausência de Deus, e isso caracteriza todas as
desgraças que haverá naquele lugar.
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5. UNIDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

UNIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus não está Por unidade de Deus Significa que a
dividido em partes; se entende, não que natureza divina não é
porém percebemos Ele possui uma única dividida e é
atributos diversos de personalidade, mas indivisível; e que há
Deus enfatizados em uma unidade de ___________ um só Espírito
momentos diferentes. essência e ser na infinito e perfeito.
qualidade de
Divindade una e
única.

B. DEFINIÇÃO DE UNIDADE: Deus é composto por uma unidade em sua essência, de


modo que Ele não é e nem pode ser dividido em partes.

C. BASE BÍBLICA

As seguintes referências demonstram atributos que não são característicos apenas alguma
parte de Deus, mas que compõe a essência de todo o ser divino; e a Bíblia não destaca
nenhum deles como mais importante que os demais9:

“Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” (I Jo 4.8)

“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele
trevas nenhumas.” (I Jo 1.5)

“Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus,


misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; que guarda a
beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão e o pecado; que ao
culpado não tem por inocente; que visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos
dos filhos até à terceira e quarta geração.” (Ex 34.6-7)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE UNIDADE:

A existência de diversos atributos em Deus conforme é ensinado pelas Escrituras está


em pleno acordo com a unidade ou a simplicidade de Deus. Assim, Deus não deve ser
9
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. ed. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.125.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 16

compreendido como uma coleção de seus atributos ou ainda como se estes fossem
características acrescidas ao Ser de Deus. Antes, cada atributo é uma forma que ressaltar ou
descrever um aspecto do seu Ser total, em sua perfeita unidade.

Um destaque maior a este atributo é visto na doutrina da Trindade de Deus. Entretanto,


vale ressaltar aqui que a Unidade de Deus é vista em seu Ser como uma única essência. Não
se afirma que o Pai tem sua unidade, o Filho a sua e o Espírito Santo a sua; Deus, nas três
pessoas da trindade, possui uma única essência, o que o torna um único Deus, e não três.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 17

6. ESPIRITUALIDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

ESPIRITUALIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus existe como ser Deus, sendo Espírito, Deus é espírito, ou Deus é espírito, ou
que não é feito de é incorpóreo, seja, ele não é seja, Deus não é
matéria, que não tem invisível, sem composto de matéria matéria, nem
partes nem substância material, e não possui uma depende da matéria.
dimensões, incapaz sem partes ou natureza física.
de ser percebido por paixões físicas e,
nossos sentidos portanto, é livre de
corpóreos e mais todas as limitações
excelente que temporais.
qualquer outro tipo
de existência.

B. DEFINIÇÃO DE ESPIRITUALIDADE: Deus não existe em forma de matéria, ou


qualquer substância física. Portanto, não é limitado por dimensões ou restrições físicas, e nem
pode ser percebido pelos sentidos corpóreos do homem.

C. BASE BÍBLICA

“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo
4.24)

“Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos
homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém.” (I Tm 6.16)

“Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até o céu dos céus, não te
poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tenho edificado.” (I Rs 8.27)
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7. INVISIBILIDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

INVISIBILIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A essência integral
de Deus, todo o seu
ser espiritual, jamais
poderá ser vista por
___________ ___________ ___________
nós, embora Deus se
revele a nós por meio
de coisas visíveis,
criadas.

B. DEFINIÇÃO DE INVISIBILIDADE: Deus nunca foi e nem poderá ser contemplado


pelos olhos humanos, entretanto, Ele se permitiu revelar através da imagem de Seu Filho e das
coisas criadas.

C. BASE BÍBLICA

“Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é
perfeito o seu amor.” (I Jo 4.12)

“O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.” (Cl 1.15)

“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a
sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que
eles fiquem inescusáveis.” (Rm 1.20)

“E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e
viverá.” (Ex 33.20)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE INVISIBILIDADE:

Algumas pessoas podem argumentar que existem diversas menções de pessoas que
viram a Deus – tanto no Antigo como no Novo Testamento, e também no Apocalipse. O que
devemos ressaltar é que a expressão visível de Deus é a pessoa de Seu filho Jesus Cristo. Foi
por meio dele que Deus se revelou no Antigo Testamento, através de aparições chamadas de
TEOLOGIA PRÓPRIA - 19

Teofanias, além de ser Ele a encarnação do Deus vivo no Novo Testamento, e de ser ainda o
Cordeiro de Deus que será visto e adorado nos eventos futuros.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 20

8. ONISCIÊNCIA

A. QUADRO COMPARATIVO

ONISCIÊNCIA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus conhece Deus é Espírito e, Deus nos vê e nos Significa que Deus
plenamente a si como tal, tem conhece totalmente. conhece perfeita e
mesmo e a todas as conhecimento. Ele é E conhece todas as eternamente todas as
coisas reais e Espírito perfeito e, possibilidades coisas que são objeto
possíveis num ato como tal, possui genuínas, mesmo que do seu conhecimento
simples e eterno. perfeito pareçam ilimitadas quer reais ou
(Definido também conhecimento. em número. possíveis, passadas,
como Conhecimento) (Definido também presentes ou futuras.
como Conhecimento)

B. DEFINIÇÃO DE ONISCIÊNCIA: Deus tem um conhecimento eterno de todas as


coisas reais e de todas as possibilidades, de um modo perfeito e ilimitado.

C. BASE BÍBLICA

“Tens tu notícia do equilíbrio das grossas nuvens e das maravilhas daquele que é perfeito nos
conhecimentos?” (Jó 37.16)

“Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e
conhece todas as coisas.” (I Jo 3.20)

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão


insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11.33)

“As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos
pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta
lei.” (Dt 29.29)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE ONISCIÊNCIA:

Algumas pessoas têm certa dificuldade em aceitar a onisciência de Deus pelo relato de
algumas passagens bíblicas. Por exemplo, em Is 43.25 Deus promete não se lembrar dos
pecados do povo; e como Deus poderia esquecer nossos pecados e ainda assim saber de todas
as coisas? A resposta está em que devemos compreender que Deus não irá mais levar em
conta nossos pecados que por Ele foram perdoados, mas não em que Deus se esquece dos atos
TEOLOGIA PRÓPRIA - 21

que cometemos apagando-os de sua memória. Outros citam ainda o texto de Jr 7.31 onde
Deus se refere às práticas de Baal como obras que nem haviam passado pela mente dele.
Porém, quando vemos que estas obras já haviam sido praticadas antes por Acaz, fica ainda
mais claro que uma tradução literal deste texto dá uma compreensão melhor a este respeito,
onde diz “nem me entrou no coração”.

Mas a maior dificuldade no ensino desta doutrina, é quando surge outro


questionamento: “Se Deus é pleno conhecedor de tudo o que acontece, aconteceu e irá
acontecer, então como podemos ser livres e responsáveis por nossas ações, se Deus já sabe
que acontecerão?”. Tal dificuldade tem levado alguns a afirmarem que Deus não é
conhecedor de todas as ações futuras, ou até mesmo de nenhuma delas. Porém, o primeiro
pensamento chega a ser incoerente; pois Ele afirma que Deus se privou, por algum motivo, de
conhecer alguns aspectos do futuro, deixando assim liberdade para o homem. Mas tal
pensamento é impossível, uma vez que se Deus teve um motivo para decidir não conhecer
algo, logo, Ele já conhece este fato. A segunda e mais radical argumentação é ainda mais
difícil de ser aceita, uma vez que esta posição não tem apoio nas Escrituras, e torna
questionáveis todas as profecias que o Senhor disse sobre fatos que ainda não haviam
acontecido, e que depois se cumpriram. Além disso, altera imensamente a esperança da volta
de Cristo e das demais profecias que ainda se cumprirão.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 22

9. SABEDORIA

A. QUADRO COMPARATIVO

SABEDORIA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que Deus tem
sabedoria significa
dizer que ele sempre
escolhe as melhores ___________ ___________ ___________
metas e os melhores
meios para alcançar
estas metas.

B. DEFINIÇÃO DE SABEDORIA: A sabedoria de Deus implica em que, uma vez que


Ele é conhecedor de todas as coisas e de todas as possibilidades, Ele sempre escolhe os
melhores meios para alcançar o seu propósito divino.

C. BASE BÍBLICA

“Ó SENHOR, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia
está a terra das tuas riquezas.” (Sl 104.24)

“Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para
todo o sempre. Amém.” (Jd 25)

“Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimento tem.” (Jó 12.13)

“Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de
Deus, e sabedoria de Deus.” (I Co 1.24)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE SABEDORIA:

Alguns poderiam argumentar que ao conhecer todas as coisas e optar pelo melhor
caminho, Deus deveria, ao ter consciência do pecado, impedi-lo antes que esse aconteça.
Entretanto devemos lembrar também que em sua infindável sabedoria Deus sabe não se trata
de evitar o pecado de um homem, mas sim de eliminá-lo da sua criação toda; e que para isso
era necessário o sacrifício perfeito de Seu Filho.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 23

10. GENUINIDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

GENUIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A veracidade divina Deus é o que É o atributo da
implica que ele é o aparenta ser. Deus natureza divina em
Deus verdadeiro, e não apenas parece virtude do qual o ser
que todo o seu incorporar as de Deus e o
conhecimento e todas qualidades de conhecimento de
as suas palavras são grandeza e de Deus conformam-se
___________
ao mesmo tempo bondade. Ele é de eternamente um com
verdadeiros e fato esses atributos. o outro.
parâmetro definitivo (Definido como
de verdade. Verdade)
(Definido também
como Veracidade)

B. DEFINIÇÃO DE GENUINIDADE: Deus é exatamente como Ele se revela; por isso


Ele é verdadeiro e o padrão absoluto de toda a verdade.

C. BASE BÍBLICA

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por
mim.” (Jo 14.6)

“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que
é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o
verdadeiro Deus e a vida eterna.” (I Jo 5.20)

“Mas o SENHOR Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno; ao seu furor
treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação.” (Jr 10.10)

“E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo,
a quem enviaste.” (Jo 17.3)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 24

11. VERACIDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

VERACIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A veracidade divina Deus apresenta as Em virtude da sua
implica que ele é o coisas como de fato veracidade, todas as
Deus verdadeiro, e são. suas revelações às
que todo o seu criaturas são
conhecimento e todas consistentes com o
___________
as suas palavras são ser essencial dele e
ao mesmo tempo umas com as outras.
verdadeiros e
parâmetro definitivo
de verdade.

B. DEFINIÇÃO DE VERACIDADE: Por Deus ser verdadeiro, todas as suas revelações


são concordantes com o seu ser e, portanto, plenamente verdadeiras.

C. BASE BÍBLICA

“Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos
dos séculos.” (Tt 1.2)

“E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um
homem para que se arrependa.” (I Sm 15.29)

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” (Jo 17.17)

“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme
consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta.” (Hb 6.18)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 25

12. FIDELIDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

FIDELIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus sempre fará Deus se prova Em virtude da sua
aquilo que diz e verdadeiro. Ele fidelidade, ele
cumprirá o que mantém todas as cumpre todas as suas
promete. promessas. promessas ao seu
___________ povo, quer expressas
em palavras quer
implicadas na
constituição que ele
lhes conferiu.

B. DEFINIÇÃO DE FIDELIDADE: Dizer que Deus é fiel é afirmar que todas as suas
promessas não falham, ou seja, todas se cumprem em seu devido tempo e para o seu propósito
determinado.

C. BASE BÍBLICA

“Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é
fidelidade, e não há nele injustiça; justo e reto é.” (Dt 32.4)

“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura
diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Nm 23.19)

“Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” (I Ts 5.24)

“Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (II Tm 2.13)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE FIDELIDADE:

A fidelidade de Deus não deve ser usada como garantia em barganhas com Deus.
Atualmente, muitas pessoas baseiam-se na fidelidade do Senhor e crêem que podem por isso
viver uma vida de negociações com Deus, mas Ele é fiel às suas promessas, e não aos desejos
dos homens. Além disso, muitas das promessas de Deus estão ligadas a uma atitude de
obediência da parte do homem, e não devem ser interpretada de maneira errônea.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 26

13. BONDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

BONDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A bondade de Deus É o cuidado de Deus É o princípio eterno
implica que ele é o com o bem-estar de da natureza de Deus
parâmetro definitivo todos a quem ama. que o leva a
do que é bom, e que (Definido também comunicar sua
___________
tudo o que Deus é e como Benevolência) própria vida e bênção
faz é digno de aos que são
aprovação. semelhantes a ele no
caráter moral.

B. DEFINIÇÃO DE BONDADE: A bondade de Deus implica não somente no fato de


que Ele dispensa o seu cuidado para aqueles a que ama, mas também em que Deus é o padrão
absoluto do que é bom.

C. BASE BÍBLICA

“Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus.” (Lc
18.19)

“Louvai ao SENHOR. Louvai ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura
para sempre.” (Sl 106.1)

“Provai, e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.” (Sl 34.8)

“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm 8.28)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE BONDADE:

Algumas pessoas encontram dificuldade em compreender a bondade de Deus ao


observar principalmente o sofrimento que muitos enfrentam – “Se Deus é bom, por que
sofremos?”. O que se deve lembrar neste ponto é que a nossa incapacidade nos separa da
soberania dos planos de Deus. Assim, enquanto o sofrimento para nós é algo desgostoso e
desnecessário, para Deus é uma forma de nos livrar de dores maiores, ou ainda também de
aperfeiçoar-nos para toda boa obra. Além disso, é necessário lembrar que alguns de nossos
TEOLOGIA PRÓPRIA - 27

sofrimentos são conseqüências de nossas escolhas pecaminosas, apesar de nem sempre este
ser o motivo para tal, como nos ensina o livro de Jó.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 28

14. AMOR

A. QUADRO COMPARATIVO

AMOR
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que Deus tem o É aquele atributo de O amor de Deus pode É o atributo da
amor como atributo é Deus pelo qual Ele se ser entendido como natureza divina em
dizer que Ele se doa inclina a buscar os sua doação ou seu virtude do qual Deus
eternamente aos melhores interesses partilhar eterno de si é eternamente
outros. de suas criaturas e a mesmo. movido à
comunicar-se a elas, autocomunicação.
a despeito do
sacrifício que nisto
está envolvido.

B. DEFINIÇÃO DE AMOR: O amor é a expressão da eterna doação de Deus em favor


dos homens, que teve sua máxima comunicação no perfeito plano redentor.

C. BASE BÍBLICA

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16)

“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda
pecadores.” (Rm 5.8)

“Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos
irmãos.” (I Jo 3.16)

“Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” (I Jo 4.8)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE AMOR:

É preciso entender que não existe conflito entre o amor e a justiça de Deus. Alguns
objetam que um Deus amoroso não enviaria seu Filho para morrer na cruz, ou não enviaria
pessoas para o inferno. Mas é preciso notar que a salvação ocorre baseada na justiça de Deus,
e que este justiça só é possível por causa da manifestação perfeita do amor na morte de Cristo.
A conciliação da justiça com o amor de Deus prevista deste a eternidade, conforme
Apocalipse 13.8.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 29

15. VIDA

A. QUADRO COMPARATIVO

VIDA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Forma de existência, Deus não apenas A vida é mais do que
animada em distinção possui vida, mas energia mental, ou
da inanimada, que possui um tipo de energia do intelecto,
inclui uma força e vida diferente da vida sentimento e vontade.
uma condição, cuja de todos os outros Deus é o Deus vivo,
força é o fator seres vivos. Enquanto tendo em seu próprio
determinante de todas todos os outros seres ser a fonte do ser e da
as relações originadas vivos têm sua vida atividade tanto para
___________
e sustentadas, tanto em Deus, ele não si como para os
internas como deriva sua vida de outros.
externas, cuja nenhuma fonte
condição é aquela externa. E mais, a
constituída por estas continuação da
relações, assim existência de Deus
originadas e não depende de nada
sustentadas. externo a ele mesmo.

B. DEFINIÇÃO DE VIDA: Por vida, entendemos que Deus existe. Deus é eternamente
vivo, uma vez que a fonte de sua vida está nele próprio. Assim, Ele não depende de nenhum
outro fator externo a ele mesmo para manter e ter plenitude em sua vida.

C. BASE BÍBLICA

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por
mim.” (Jo 14.6)

“Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos
ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro.” (I Ts 1.9)

“Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si
mesmo.” (Jo 5.26)

“(Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida
eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada).” (I Jo 1.2)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 30

16. PERSONALIDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

PERSONALIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Existência dotada de Deus é um ser Existência dotada de
autoconsciência e do pessoal. Pessoalidade autoconsciência e do
poder de significa o poder de poder de
___________
autodeterminação. autoconsiência e autodeterminação.
autodeterminação. (Definido como
pessoalidade)

B. DEFINIÇÃO DE PERSONALIDADE: Deus é um ser pessoal, dotado de


autoconsciência e autodeterminação.

C. BASE BÍBLICA: As seguintes referências nos mostram que Deus possui


determinados aspectos que o caracterizam como um ser pessoal, como nome, emoções,
relacionamento, etc:

“E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel:
EU SOU me enviou a vós.” (Ex 3.14)

“Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina.” (Pv 6.16)

“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando
todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos
nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas.” (Hb 1.3)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 31

17. GLÓRIA

A. QUADRO COMPARATIVO

GLÓRIA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A glória de Deus é o
brilho que circunda a
___________ ___________ ___________
revelação do próprio
Deus.

B. DEFINIÇÃO DE GLÓRIA: A glória de Deus pode ser compreendida de duas formas


distintas: como a honra devida a Deus ou como o brilho expresso pelo Senhor em suas
revelações.

C. BASE BÍBLICA

“E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e
tiveram grande temor.” (Lc 2.9)

“E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de
Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada.” (Ap 21.23)

“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando
todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos
nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas.” (Hb 1.3)

“A todos os que são chamados pelo meu nome e os que criei para a minha glória, os formei,
e também os fiz.” (Is 43.7)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 32

18. BELEZA

A. QUADRO COMPARATIVO

BELEZA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A beleza é o atributo
divino por meio do
qual Deus se revela a
___________ ___________ ___________
soma de todas as
qualidades
desejáveis.

B. DEFINIÇÃO DE BELEZA: É a magnitude da expressão das características


encontradas em Deus.

C. BASE BÍBLICA
“Uma coisa pedi ao SENHOR, e a buscarei: que possa morar na casa do SENHOR todos os
dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR, e inquirir no seu templo.” (Sl
27.4)

“Dai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade.”
(Sl 29.2)

“Tributai ao SENHOR a glória de seu nome; trazei presentes, e vinde perante ele; adorai ao
SENHOR na beleza da sua santidade.” (I Cr 16.29)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 33

19. BEM-AVENTURANÇA

A. QUADRO COMPARATIVO

BEM-AVENTURANÇA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que Deus é
bendito é dizer que
ele se deleita
plenamente consigo ___________ ___________ ___________
mesmo e com tudo o
que reflete o seu
caráter.

B. DEFINIÇÃO DE BEM-AVENTURANÇA: Deus possui em Si mesmo e em suas


obras toda a fonte de contentamento para o seu próprio prazer.

C. BASE BÍBLICA

“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia
sexto.” (Gn 1.31)

“Conforme o evangelho da glória de Deus bem-aventurado, que me foi confiado.” (I Tm 1.11)

“A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, e único poderoso SENHOR, Rei dos reis e
Senhor dos senhores.” (I Tm 6.15)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 34

20. PERFEIÇÃO

A. QUADRO COMPARATIVO

PERFEIÇÃO
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A perfeição é o Não é simples
atributo divino que plenitude
permite que Deus quantitativa, mas
possua com excelência
excelência qualitativa. Os
absolutamente todas atributos que a
as qualidades e não perfeição envolve são
___________ ___________
careça de nenhum morais. Há um
aspecto dessas conhecimento
qualidades que lhe próprio, um amor
seja desejável. próprio e uma
vontade própria que
constituem sua
perfeição absoluta.

B. DEFINIÇÃO DE PERFEIÇÃO: A perfeição de Deus consiste em que Ele não pode


e nem precisa buscar aperfeiçoar-se em nenhum de seus atributos, uma vez que Ele sempre foi
plenamente excelente em todos os seus aspectos.

C. BASE BÍBLICA

“O caminho de Deus é perfeito; a palavra do SENHOR é provada; é um escudo para todos os


que nele confiam.” (Sl 18.30)

“Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5.48)

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”
(Rm 12.2)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 35

21. VONTADE

A. QUADRO COMPARATIVO

VONTADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A vontade de Deus é
o atributo por meio
do qual ele aprova e
decide executar todo
ato necessário para a ___________ ___________ ___________
existência e para a
atividade de si
mesmo e de toda
criação.

B. DEFINIÇÃO DE VONTADE: É o atributo que permite a Deus desejar tudo aquilo


que está de acordo com o seu Ser e Seus propósitos.

C. BASE BÍBLICA

“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis
em Cristo Jesus.” (Ef 1.1)

“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o
beneplácito de sua vontade.” (Ef 1.5)

“Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.”
(Tg 4.15)

“Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por
tua vontade são e foram criadas.” (Ap 4.11)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE VONTADE:

Para um melhor entendimento sobre a vontade de Deus, diversos teólogos têm


dividido em suas partes, sendo que a primeira expressa a Vontade Decretiva de Deus, ou seja,
as coisas que são da vontade de Deus e que por isso, acontecem. A outra parte trata da
Vontade Preceptiva de Deus, que indica qual é o desejo santo, justo e bom do Senhor, mas
onde os homens podem decidir por fazê-lo ou não. Outro modelo de distinção também é feito
ao mostrar a Vontade Revelada de Deus ao homem, e a Vontade Oculta, da qual o homem não
TEOLOGIA PRÓPRIA - 36

toma conhecimento (Dt 29.29). Embora estas divisões ajudem a compreender a vontade de
Deus, é necessário afirmar que não existe conflito algum entre elas, antes, concordam entre si
para estabelecerem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2).
TEOLOGIA PRÓPRIA - 37

22. LIBERDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

LIBERDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A liberdade de Deus
é o atributo de Deus
___________ ___________ ___________
por meio do qual Ele
faz o que lhe apraz.

B. DEFINIÇÃO DE LIBERDADE: Deus não é nunca será limitado por nenhuma de


suas criações; Ele é plenamente livre para realizar tudo o que lhe agrada.

C. BASE BÍBLICA

“Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou.” (Sl 115.3)

“Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR, que o inclina a todo o
seu querer.” (Pv 21.1)

“E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com
o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga:
Que fazes?” (Dn 4.35)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 38

23. ONIPOTÊNCIA

A. QUADRO COMPARATIVO

ONIPOTÊNCIA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A onipotência de Este atributo significa Deus é capaz de fazer É o poder de Deus
Deus é o atributo de que seu poder é todas as coisas que fazer todas as coisas
Deus que lhe permite ilimitado, que Ele sejam dignas de seu que são objeto do seu
fazer tudo o que for tem o poder de fazer poder. poder com ou sem o
da sua santa vontade. qualquer coisa que (Definido como uso de meios.
queira. A onipotência Infinitude de Poder)
de Deus é aquele
atributo pelo qual Ele
pode fazer suceder
qualquer coisa que
deseje.

B. DEFINIÇÃO DE ONIPOTÊNCIA: Deus é infinito em seu poder, de forma que não


existe nada que limite-o de executar o que é da sua vontade.

C. BASE BÍBLICA

“Haveria coisa alguma difícil ao SENHOR? Ao tempo determinado tornarei a ti por este
tempo da vida, e Sara terá um filho.” (Gn 18.14)

“E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é
possível.” (Mt 19.26)

“Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que
pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.” (Ef 3.20)

“Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir,
o Todo-Poderoso.” (Ap 1.8)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE ONIPOTÊNCIA:

Alguns podem argumentar: “De Deus pode fazer todas as coisas, Ele também pode
pecar”? E a isto respondemos que Deus pode fazer todas as coisas que estão em pleno acordo
com o seu Ser completo. Assim, a santidade de Deus o impossibilita de pecar, ele não deseja e
TEOLOGIA PRÓPRIA - 39

nem quer pecar. A onipotência não indica que Deus faz todas as coisas, mas que Ele pode
fazer todas as coisas que desejar; assim, Deus não peca e nem deseja fazê-lo.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 40

24. IRA

A. QUADRO COMPARATIVO

IRA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que a ira é um
dos atributos de Deus
é dizer que ele odeia ___________ ___________ ___________
intensamente todo o
pecado.

B. DEFINIÇÃO DE IRA: Por Deus ser totalmente santo, Ele odeia intensamente
qualquer manifestação do pecado – este “ódio” é o que denominamos ira de Deus.

C. BASE BÍBLICA

“Pois em Horebe provocastes à ira o SENHOR, tanto que o SENHOR se indignou contra vós
para vos destruir.” (Dt 9.8)

“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens,
que detêm a verdade em injustiça.” (Rm 1.18)

“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida,
mas a ira de Deus sobre ele permanece.” (Jo 3.36)

“Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto a este povo, e eis que é povo de dura cerviz.
Agora, pois, deixa-me, para que o meu furor se acenda contra ele, e o consuma; e eu farei de ti
uma grande nação.” (Ex 32.9-10)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE IRA:

A ira de Deus é um de seus atributos menos comentados, por causa da impressão


negativa que a palavra “ira” traz. Mas não deveria ser assim, uma vez que esta doutrina,
ensinada tanto no Antigo como no Novo Testamento, demonstra toda a repulsa que a
santidade de Deus traz ao pecado. Isto deveria ser motivo de louvor ao Senhor, uma vez
reconhecido que Ele não apenas é um Deus santo, mas que Ele não pode permanecer
indiferente perante as atrocidades pecaminosas – Deus não é condescendente e nem
simpatizante do pecado por causa de sua ira.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 41

25. ZELO

A. QUADRO COMPARATIVO

ZELO
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que Deus é
zeloso é dizer que
deus busca ___________ ___________ ___________
continuamente
proteger a sua honra.

B. DEFINIÇÃO DE ZELO: É o cuidado de Deus para que Sua essência e Suas ações
sejam reconhecidas pelos homens como de fato da forma como verdadeiramente são.

C. BASE BÍBLICA

“Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso,
que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me
odeiam.” (Ex 20.5)

“Porque não te inclinarás diante de outro deus; pois o nome do SENHOR é Zeloso; é um Deus
zeloso.” (Ex 34.14)

“Por amor de mim, por amor de mim o farei, porque, como seria profanado o meu nome? E a
minha glória não a darei a outrem.” (Is 48.11)

D. DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE ZELO:

Deve-se evitar o pensamento de que o zelo de Deus é simplesmente um capricho ou


um orgulho de Deus. Se o fosse, seria pecado; algo que não é tolerado pela santidade do
Senhor. Mas o zelo de Deus deve ser compreendido como um cuidado do Senhor para que as
pessoas não tenham uma noção distorcida de quem é Deus. Para que as pessoas adorem o
Senhor é necessário que elas o conheçam como Ele de fato é, caso contrário será uma
idolatria, e não adoração. O zelo de Deus se revela como um santo cuidado para que não se
tenha imagens distorcidas a respeito de seu Ser.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 42

26. RETIDÃO

A. QUADRO COMPARATIVO

RETIDÃO
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que a justiça é É a imposição de leis A retidão de Deus É a santidade
um dos atributos e exigências retas; significa, acima de transitiva de Deus,
divinos é dizer que podemos também tudo, que a lei de em virtude da qual
Deus sempre age chamá-la de Deus, sendo seu tratamento para
segundo o que é santidade legislativa. expressão fiel de sua com as criaturas se
justo, e que ele Neste atributo vemos natureza, é tão conforma com a
mesmo é o parâmetro revelado o empenho perfeita quanto ele. pureza de sua
definitivo do que é de Deus pela Também significa natureza,
justo. santidade que sempre que seus atos estão de demandando de todos
(Definido também o impele a fazer e a acordo com a lei que os seres morais a
como Justiça) exigir o que é reto. ele mesmo conformidade com a
estabeleceu. perfeição de Deus.

B. DEFINIÇÃO DE RETIDÃO: Por Deus ser perfeito, todas as suas instruções (sejam
por mandamentos, leis ou ensinamentos), e conseqüentemente suas ações, refletem
integralmente esta perfeição.

C. BASE BÍBLICA

“Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é


puro, e ilumina os olhos.” (Sl 19.8)

“Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a
verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.” (Dt 32.4)

“Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os
caminhos do SENHOR são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles
cairão.” (Os 14.9)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 43

27. JUSTIÇA

A. QUADRO COMPARATIVO

JUSTIÇA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que a justiça é É a execução das A justiça de Deus É a santidade
um dos atributos penalidades impostas significa que ele é transitiva de Deus,
divinos é dizer que por Suas leis; essa justo na aplicação da em virtude da qual
Deus sempre age pode ser chamada de sua lei. Ele não seu tratamento para
segundo o que é santidade judicial. mostra favoritismo com as criaturas se
justo, e que ele Nesse atributo vemos ou parcialidade. conforma com a
mesmo é o parâmetro revelado Seu ódio pureza de sua
definitivo do que é contra o pecado, uma natureza, visitando a
justo. indignação tal que, inconformidade com
(Definido também livre de todas paixão aquela perfeição na
como Retidão) ou capricho, sempre perda judicial ou
o impele a ser justo e sofrimento.
a exigir o que é justo.

B. DEFINIÇÃO DE JUSTIÇA: Devido a sua retidão, Deus sempre julga ações de suas
criaturas em perfeita harmonia com suas leis, sem favoritismo ou parcialidade.

C. BASE BÍBLICA

“Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o
ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25)

“O temor do SENHOR é limpo, e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são


verdadeiros e justos juntamente.” (Sl 19.9)

“A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade.” (Sl 119.142)

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos
purificar de toda a injustiça.” (I Jo 1.9)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 44

28. PAZ

A. QUADRO COMPARATIVO

PAZ
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que Deus tem a
paz como um de seus
atributos é dizer que
no seu Ser o nos seus
atos Deus está
apartado de toda
confusão e desordem;
porém, é
___________ ___________ ___________
incessantemente
ativo em atos
simultâneos, bem-
ordenados e
plenamente
controlados.
(Definido também
como Ordem)

B. DEFINIÇÃO DE PAZ: Deus não apresenta qualquer confusão ou desordem em Seu


Ser ou em Suas ações.

C. BASE BÍBLICA

“Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.”
(I Co 14.33)

“E o Deus de paz seja com todos vós. Amém.” (Rm 15.33)

“Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz.” (Pv 3.17)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 45

29. SANTIDADE

A. QUADRO COMPARATIVO

SANTIDADE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Dizer que Deus tem Negativamente – que Há dois aspectos É a pureza auto-
como atributo a Deus é inteiramente básicos na santidade afirmada. Em virtude
santidade é dizer que separado de tudo de Deus. O primeiro deste atributo da sua
ele é separado do quanto é mal e de é sua singularidade. natureza, Deus
pecado e dedica-se a tudo quanto Ele está totalmente eternamente quer e
buscar a sua própria conspurca, tanto em separado de toda mantém sua
honra. Si mesmo como em criação. O outro excelência moral.
relação a todas as aspecto é sua
suas criaturas. absoluta pureza ou
Positivamente – que bondade. Isso
por santidade de significa que ele não
Deus se entende a é atingido nem
absoluta perfeição, a manchado pelo mal
pureza e integridade que existe no mundo.
de Sua natureza e Seu
caráter.

B. DEFINIÇÃO DE SANTIDADE: A santidade de Deus implica não somente que Ele é


perfeitamente puro, mas também que Ele está eternamente separado da possibilidade de ter
Sua pureza maculada pelo pecado.

C. BASE BÍBLICA

“E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a
terra está cheia da sua glória.” (Is 6.3)

“Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o
SENHOR vosso Deus, sou santo.” (Lv 19.2)

“E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam
cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o
Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.” (Ap 4.8)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 46

30. GRAÇA

A. QUADRO COMPARATIVO

GRAÇA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A Graça de Deus é a A Graça de Deus é Deus, ao lidar com
bondade divina para Seu favor não seu povo, não se
com os que só merecido, contrário baseia nos méritos,
merecem castigo. ao merecimento, valor ou merecimento
mediante o qual a das pessoas, mas em
penalidade merecida suas necessidades; ___________
e consequente é em outras palavras,
suspensa, e todas as lida com elas
bençãos positivas são baseando-se em sua
concedidas ao crente própria bondade e
arrependido. generosidade.

B. DEFINIÇÃO DE GRAÇA: É o ato onde Deus, por meio de sua bondade, retira
incondicionalmente o castigo merecido pelo pecador.

C. BASE BÍBLICA

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não
vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2.8-9)

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente
pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” (Rm 3.23-24)

“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens.” (Tt 2.11)

“E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de
haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e
fortalecerá.” (I Pe 5.10)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 47

31. MISERICÓRDIA

A. QUADRO COMPARATIVO

MISERICÓRDIA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A Misericórdia de É aquele princípio ou É a compaixão terna É o princípio eterno
Deus é a bondade qualidade que e amorosa de Deus da natureza de Deus
divina para com os descreve sua por seu povo. É seu que o leva a buscar o
angustiados e aflitos. disposição e ação em coração afetuoso para bem temporal e a
relação aos com o necessitado. salvação eterna dos
pecaminosos e que se opuseram à
sofredores, sustando vontade dele, mesmo
penalidades a custo do sacrifício
merecidas e aliviando próprio.
os angustiados.

B. DEFINIÇÃO DE MISERICÓRDIA: É o ato onde Deus, por meio de sua bondade,


retira incondicionalmente as aflições e angústias do necessitado.

C. BASE BÍBLICA

“Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do SENHOR,
porque muitas são as suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu.” (II Sm
24.14)

“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas
misericórdias não têm fim.” (Lm 3.22)

“Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade.” (Sl 103.8)

“E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando, e dizendo: Tem compaixão de nós,
filho de Davi.” (Mt 9.27)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 48

32. PACIÊNCIA

A. QUADRO COMPARATIVO

PACIÊNCIA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
A Paciência de Deus É o adiamento do
é a bondade divina no julgamento de Deus,
sustar a punição continuando a
daqueles que ___________ oferecer salvação e ___________
persistem no pecado graça.
por determinado (Definido como
tempo. Persistência)

B. DEFINIÇÃO DE PACIÊNCIA: É o ato onde Deus, por meio de sua bondade, adia a
punição merecida pelos que persistem no erro do pecado.

C. BASE BÍBLICA

“Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade.” (Sl 103.8)

“Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que


a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” (Rm 2.4)

“O SENHOR é longânimo, e grande em misericórdia, que perdoa a iniqüidade e a


transgressão, que o culpado não tem por inocente, e visita a iniqüidade dos pais sobre os
filhos até à terceira e quarta geração.” (Nm 14.18)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 49

33. INFINITUDE

A. QUADRO COMPARATIVO

INFINITUDE
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus é infinito. Isso Não significa que a
significa não apenas natureza divina não
que Deus é ilimitado, tem limites ou
___________ ___________ mas que é ilimitável. fronteiras
conhecidos, mas que
não tem nenhum
limite ou fronteira.

B. DEFINIÇÃO DE INFINITUDE: Deus não apenas tem os seus limites


desconhecidos, mas Ele é eternamente ilimitável.

C. BASE BÍBLICA

“Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até o céu dos céus, não te
poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tenho edificado.” (I Rs 8.27)

“Grande é o SENHOR, e muito digno de louvor, e a sua grandeza inexcrutável.” (Sl 145.3)

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão


insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11.33)
TEOLOGIA PRÓPRIA - 50

DOUTRINA DA TRINDADE
No estudo das características de Deus nos deparamos com um aparente conflito: por
um lado, as Escrituras sempre apresentam a existência de um único Deus que deve ser
adorado e obedecido; por outro lado, vemos o Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo sendo
apresentados como Deus. Entretanto, sabemos que em Deus e em Sua Palavra não há
contradição; por isso, ao analisar mais a fundo o que as Escrituras dizem a respeito da
doutrina da Trindade, definimos da seguinte maneira: Deus é um só em Sua essência, mas
existe em três pessoas com funções distintas: Pai, Filho e Espírito Santo, sendo cada
pessoa plenamente Deus.

4. OUTRAS DEFINIÇÕES DA DOUTRINA DA TRINDADE:

“Deus existe eternidade como três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo – e cada
pessoa é plenamente Deus, e existe um só Deus.” 10

“[Deus] é um só em seu Ser e substância dotado de três distinções pessoais, que nos
são reveladas como Pai, Filho e Espírito Santo.” 11

“A Trindade, portanto, são três Pessoas eternamente inter-constituídas, inter-


relacionadas, inter-existentes e, por conseguinte, inseparáveis dentro de Um único Ser e de
Uma única Substância ou Essência.” 12

“Há três tipos de indícios distintos mas relacionados entre si [no que diz respeito à
doutrina da Trindade]: o indício da unidade de Deus – que Deus é um; indícios de que há três
pessoas que são Deus; e, por fim, indicações ou pelo menos insinuações da triunidade.” 13

“A doutrina da Trindade pode expressar-se nas seguintes seis afirmações: 1. Há na


Escritura três que são reconhecidos como Deus. 2. Estes três são descritos de tal modo que
somos compelidos a concebê-los como pessoas distintas. 3. Esta tripessoaldade da natureza
divina não é simplesmente econômica e temporal, mas imanente e eterna. 4. Esta
tripessoalidade não é triteísmo; pois, conquanto haja três pessoas, há apenas uma essência. 5.

10
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. ed. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.165.
11
BANCROFT, Emery H. Teologia Elementar. ed São Paulo: EBR, 1998. p. 42.
12
Champion, apud BANCROFT, Emery H. Teologia Elementar. ed São Paulo: EBR, 1998. p. 40
13
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1997. p.128.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 51

As três pessoas, Pai, Filho e Espírito são iguais. 6. Inescrutável, embora não autocontraditória,
esta doutrina fornece a chave de todas outras doutrinas.”14

5. BASE BÍBLICA

O termo “Trindade” não se encontra na Bíblia; antes, é o estudo da observação de


diversas passagens das Escrituras. No Antigo Testamento, o conceito da Trindade se encontra
implícito em algumas passagens:

a. Passagens que revelam Deus como mais de uma Pessoa pelo uso de termos no
plural:

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e


domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra,
e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gênesis 1.26)

“Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por
nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.” (Isaías 6.8)

b. Passagens que atribuem a duas pessoas distintas o nome Deus ou Senhor.

“O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de eqüidade.
Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de
alegria mais do que a teus companheiros.” (Salmo 45.6-7)

“Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os
teus inimigos por escabelo dos teus pés.” (Salmo 110.1)

c. Passagens que citam o Anjo do Senhor como Deus. A palavra “anjo” significa
“mensageiro”. Logo, se este Ser é chamado de Anjo do Senhor, Ele é um
mensageiro do Senhor, sendo distinto do próprio Senhor. Mas nas seguintes
passagens, é apresentado como o próprio Deus.

“Disse-lhe também o anjo do SENHOR: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e
chamarás o seu nome Ismael; porquanto o SENHOR ouviu a tua aflição. E ele será homem

14
STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. 1. ed. São Paulo: Teológica, 2002. p.452.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 52

feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de
todos os seus irmãos. E ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és Deus que
me vê; porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?” (Gênesis 16.11-13)

“E apareceu-lhe o anjo do SENHOR em uma chama de fogo do meio duma sarça; e


olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me
virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E vendo o SENHOR
que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés.
Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés;
porque o lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu
olhar para Deus.” (Êxodo 3.2-6)

No Novo Testamento encontramos as três Pessoas da Trindade apresentadas como


Deus em uma mesma passagem de forma explícita:

“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mateus 3.16-17)

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo


seja com todos vós. Amém.” (II Coríntios 13.13)

“Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando
no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de
nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.” (Judas 20-21)

3. EXPLICAÇÃO DA DOUTRINA DA TRINDADE

Antes de observar as características da Trindade, é preciso observar que não é possível


compreendermos plenamente esta doutrina, porém, podemos compreender as partes desta
verdade que são reveladas nas Escrituras através dos seguintes ensinamentos:

a. Deus é um só em sua essência.


TEOLOGIA PRÓPRIA - 53

Em toda a Sua revelação aos homens, Deus sempre se apresenta como o único Deus.
Diferente de todas as demais culturas desde o tempo dos patriarcas, que aceitavam o
politeísmo, o Senhor sempre exigiu que o seu povo reconhecesse que nunca existiu e nem
existiria outro deus além dEle.

“Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselho todos juntos; quem fez ouvir isto desde a
antiguidade? Quem desde então o anunciou? Porventura não sou eu, o SENHOR? Pois não há
outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim, e sereis
salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” (Isaías 45.21-22)

“Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a
incircuncisão.” (Romanos 3.30)

Alguns podem objetar que a doutrina da Trindade traz ensinamentos politeístas, por
considerar três pessoas distintas como Deus. Entretanto, não precisamos compreender assim,
uma vez que as três pessoas, embora distintas em suas funções, são um único Deus em
essência, concordância de pensamento e propósito.15

b. Deus existe em três pessoas com funções distintas: Pai, Filho e Espírito Santo.

Além de ser um só em sua essência, Deus é apresentado nas Escrituras em três


pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Cada pessoa da Trindade é vista
distintamente uma da outra, sendo que:

a. O Pai não é o Filho

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava
no princípio com Deus.” (Jo 1.1-2)

“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar,
temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” (I João 2.1)

b. O Pai não é o Espírito Santo

“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (João 14.26)

15
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. ed. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.174.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 54

“E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que
segundo Deus intercede pelos santos.” (Romanos 8.27)

c. O Filho também não é o Espírito Santo

Jesus fez a seguinte declaração aos seus discípulos: “Todavia digo-vos a verdade, que
vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu
for, vo-lo enviarei.” (João 16.7)

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do


Filho, e do Espírito Santo.” (Mateus 28.19)

O que distingue as três Pessoas da Trindade é a forma como estas se relacionam entre
Si e com a criação. Assim é possível observar, em um mesmo evento, cada uma destas
pessoas desempenhando um papel diferente – por exemplo: na obra da redenção Deus Pai foi
o agente planejador; Ele enviou o Filho, que foi o agente executor da redenção, e o Espírito
Santo foi o agente aplicador, enviado pelo Pai e pelo Filho. É importante notar também que o
Pai, o Filho e o Espírito Santo são iguais em seus atributos, mas são distintos no exercício de
suas funções. Por isso, existe uma subordinação em seus papéis – O Filho é subordinado ao
Pai e o Espírito é subordinado ao Filho e ao Pai – mas não em seu Ser. Assim, esta
subordinação não indica inferioridade, mas sim uma diferenciação de ordem, função e ação.16
Além disso, cada Pessoa existe eternamente em sua função, e seus papéis não podem mudar,
pois são essenciais à natureza de Deus.

“E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se
sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.” (I
Coríntios 15.28)

Jesus disse aos seus discípulos: “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu
vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei.”
(João 16.7)

c. Cada Pessoa é plenamente Deus

16
Strong, A. H. apud GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. ed. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.186.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 55

Ainda como parte do entendimento da doutrina da Trindade as Escrituras demonstram


claramente que cada uma das Pessoas da Trindade é completa e plenamente Deus, e não
apenas partes que, quando juntas, constituem o Ser de Deus.

a. O Pai é plenamente Deus

“Paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus
Cristo.” (Efésios 6.23)

“Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a


obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (I
Pedro 1.2)

b. O Filho é plenamente Deus

Falando sobre Jesus um dos discípulos disse: “E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor
meu, e Deus meu!” (João 20.28)

“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de
eqüidade é o cetro do teu reino.” (Hebreus 1.8)

c. O Espírito Santo é plenamente Deus

“Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que
mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava
para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração?
Não mentiste aos homens, mas a Deus.”(Atos 5.3-4)

Falando sobre a onisciência pertencente somente a Deus, Davi diz: “Para onde me irei
do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no
inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas
extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.” (Salmo 139.7-10)

Ao considerarmos estas questões, podemos concluir que Deus sempre existiu e sempre
existirá como Trindade, pois todas as pessoas da Trindade são Deus, e como tal, são eternas e
imutáveis. Podemos ver a presença e ação das três Pessoas na criação do mundo, indicando
que existiam desde a eternidade: Deus Pai proferiu as palavras criadoras, Deus Filho executou
TEOLOGIA PRÓPRIA - 56

o projeto criador e o Espírito Santo, aparentemente, estava sustentando e manifestando a


presença imediata de Deus na sua criação.17

4. IMPLICAÇÕES DA DOUTRINA DA TRINDADE

Apesar de ser uma doutrina de difícil compreensão, o estudo da Trindade tem grande
relevância para a vida de um cristão. A negação desta doutrina pode trazer conhecimentos
errôneos a respeito de Deus; mas um estudo sincero e conseqüentemente, a aceitação da
doutrina da Trindade, traz implicações diretas na vida de quem se dispõe para conhecer mais
ao Senhor.

a. Desvios resultantes de um não-entendimento da doutrina da Trindade.

Ao longo da história da igreja, tem se observado alguns erros doutrinários quando há


uma tentativa de tornar mais lógico o entendimento desta doutrina ou de negar algum de seus
aspectos fundamentais:

Modalismo: Esta posição afirma que há uma só Pessoa Divina, que se apresenta em
modos diferentes (daí o nome “modalismo”) em épocas distintas da revelação – No AT se
revela como Pai, nos evangelhos como Filho e a partir do Pentecostes como Espírito Santo. O
problema desta interpretação é que ela nega as relações pessoais entre os membros da
Trindade18, que é claramente encontrada nas Escrituras (como nas passagens que relatam o
Batismo de Cristo, as orações de Jesus ao Deus Pai, a intercessão do Espírito Santo por nós a
Deus Pai, etc.). É importante entendermos que a negação deste relacionamento entre os
membros da Trindade tem implicação direta no atributo de Independência de Deus, pois se
Deus não pode relacionar-se consigo mesmo, ele teria a necessidade de uma criação para
relacionar-se, tornando-se assim, dependente dela.

Arianismo: Nega a pré-existência de Deus Filho e de Deus Espírito Santo, afirmando


que no princípio existia apenas Deus Pai, que posteriormente teria criado o Filho e o Espírito
Santo. Estes, segundo o arianismo (criado por Ário, bispo de Alexandria), não são plenamente
Deus, por não ter a mesma natureza de Deus Pai. Dentro desta mesma linha entendimento,
existem outras duas variações: o subordicionalismo e o adocianismo. O subordicionalismo

17
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. ed. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.183-184.
18
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. ed. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.178.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 57

afirma que Cristo existia desde a eternidade, sendo também divino; mas apesar disto, crê que
Deus Filho é subordinado a Deus Pai em sua essência e em seus atributos, deixando de ser
plenamente Deus. O adocionismo crê que Jesus existiu como um ser humano comum até o
seu batismo quando foi adotado por Deus Pai e recebeu poderes sobrenaturais, tornando-se
um homem sublime chamado de “Filho” por Deus (em um sentido único). Seja qual for a
vertente do arianismo, seus ensinamentos trazem implicações diretas em aspectos
fundamentais da fé cristã, ao observarmos os seguintes aspectos:

a) Expiação: Se Cristo não é plenamente Deus, não é possível entender como


Ele pagou o preço pelo pecado, suportando toda a ira de Deus que foi
derramada sobre Ele.

b) Justificação pela fé: Sendo Cristo apenas uma criatura, não poderíamos
depositar nossa fé nele para salvar-nos.

c) Adoração: Se Cristo não é plenamente Deus, não podemos dirigir a ele


nossas orações nem nossa adoração, pois é idolatria adorar alguém que não
é Deus.

d) Salvação: Se Cristo pode salvar-nos mesmo não sendo Deus, então somos
levados a adorar a criatura (e não o Criador), atribuindo a ela o mérito da
nossa salvação

Triteísmo: Outra interpretação errônea da doutrina da trindade é afirmar que existem


três Deuses, e não três Pessoas de um único Deus. A implicação deste erro é um tanto óbvio,
pois nega o ensinamento de todas as Escrituras, de que existe apenas um Deus a quem o
homem deve sua adoração e lealdade, levando-o do monoteísmo ao politeísmo. Além disso,
se a unidade não é um atributo divino, o universo perde sua referência suprema de unidade na
pluralidade de seus elementos.

b. Aplicações práticas da doutrina da Trindade.

Se o entendimento errôneo da Trindade nos leva a uma visão distorcida de quem Deus
é, uma correta percepção nos aproxima de Deus e leva a enxergar como a vida humana
reflete, mesmo com suas limitações, os aspectos desta doutrina.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 58

Casamento: Como instituição divina, o relacionamento familiar reflete como deve


existir unidade dentro da diversidade. No casamento, duas pessoas se unem e se tornam uma
só carne; sem que para isso tenham que abrir mão de sua pessoalidade e características. Da
mesma forma que a esposa passa a ser submissa ao marido sem que isto indique uma
inferioridade, vemos o Filho sendo submisso ao Pai sem que haja diferença de importância em
sua essência. Da mesma forma, este casal terá autoridade sobre seus filhos, assim como o Pai
e o Filho têm autoridade sobre a Pessoa do Espírito Santo.

“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, e o homem a cabeça da
mulher; e Deus a cabeça de Cristo.” (1Co 11.3)

Igreja: As Escrituras comparam a Igreja com o funcionamento do corpo humano.


Paulo enfatiza o aspecto de que, da mesma forma que o corpo é um, mas têm diversos
membros com distintas funções, os membros da igreja possuem diversidade em seus dons,
mas constituem uma só Igreja (“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e
todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também” 1Co 12.12).
Também é possível notar esta diversidade com um único propósito ao contemplarmos o plano
de Deus de unir pessoas de todas as tribos, povos e raças em um só plano salvífico, unindo-os
em Cristo. (“E pela cruz reconciliar ambos [judeus e gentios] com Deus em um corpo,
matando com ela as inimizades.” Ef 2.16).

Em um grau menor de intensidade, mas com a mesma realidade, é possível notar estes
aspectos em diversos momentos da vida cotidiana, quando pessoas de diferentes realidades se
unem em busca de um único propósito em seus projetos e trabalhos (como shows de música,
equipes esportivas, etc.19).

19
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. ed. São Paulo: Vida Nova, 1999. p.191.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 59

1. CRIAÇÃO
B. QUADRO COMPARATIVO

CRIAÇÃO
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus criou todo o Tudo o que existe É o ato livre do Deus
universo do nada; agora começou com trino pelo qual, no
este era um ato de Deus que o princípio, para sua
originalmente muito trouxe à existência – glória, ele fez, sem o
bom, e ele o criou Ele não moldou nem uso de matéria
para glorificar a si adaptou nada que já preexistente, todo
mesmo. existia universo visível e
independentemente invisível.
dele.

B. DEFINIÇÃO DE CRIAÇÃO: É o ato onde Deus formou todas as coisas que existem,
visíveis e invisíveis, a partir do nada, para a honra e glória do Seu nome.

C. PANORAMA

A criação resulta da vontade soberana de Deus de formar a vida, os seres viventes e o


seu ambiente para demonstrar sua glória (Sl 19.1); assim, o objetivo de toda a criação é de
honrar e servir ao seu Criador (Cl 1.16). Deus criou o que vemos e o que não vemos sem a
necessidade de nenhum material pré-existente ou de qualquer auxílio – criou pelo poder da
Sua palavra (Sl 33.6,9). Por isso, apesar de Deus se relacionar ativamente com sua criação,
Ele não depende dela; antes, a criação é que é dependente do seu Criador (At 17.24,25). Em
nossos dias, têm-se dado uma ênfase em teorias que neguem a autoria de Deus na criação,
dando a esta uma origem casual; entretanto, os cristãos não devem temer a ciência, pois um
correto entendimento dos fatos devem nos levar a uma mesma conclusão através do estudo da
ciência e das Escrituras.

D. ATRIBUTOS DIRETAMENTE RELACIONADOS COM A CRIAÇÃO

Sabedoria: A criação é uma expressão da sabedoria de Deus. Apesar de encontrar-se


em seu estado atual, afetada pelos efeitos devastadores do pecado, ainda assim é claramente
perceptível a infinitude da sabedoria de Deus, pois só um ser assim poderia criar o que Ele
criou.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 60

Glória: As Escrituras afirmam que a criação é a manifestação da glória de Deus, e


também nos lembra que o objetivo da criação é glorificar ao seu Criador. Assim, a glória de
Deus não apenas é manifesta a nós pela criação como também o objetivo desta é dar glórias a
Deus.

Vontade, Liberdade e Onipotência: Vemos a vontade de Deus sendo expressa no ato


em que Ele desejou criar, a liberdade em que nada pode impedi-lo de executar sua vontade e a
onipotência no fato de que Ele tem todo o poder necessário para fazer seus intentos.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 61

2. PROVIDÊNCIA
A. QUADRO COMPARATIVO

PROVIDÊNCIA
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
Deus está É a ação contínua de É a atuação contínua
continuamente Deus pela qual ele de Deus pela qual ele
envolvido com todas preserva a existência faz todos os eventos
as coisas criadas de da criação que ele fez do universo físico e
forma tal que (1) as surgir e a dirige para moral cumprirem o
preserva como os propósitos que desígnio para o qual
elementos existentes, designou para ela. ele o criou.
que conservam as
propriedades com
que ele os criou; (2)
coopera com as
coisas criadas em
cada ato, dirigindo as
suas propriedades
características a fim
de fazê-las agir como
agem; e (3) as orienta
no cumprimento dos
seus propósitos.

B. DEFINIÇÃO DE PROVIDÊNCIA: É o ato onde Deus preserva, governa e coopera


com a sua criação para o cumprimento dos seus propósitos.

C. PANORAMA

Algumas personagens da história entenderam que Deus criou o mundo, mas em


seguida o abandonou. Porém, a providência de Deus nos ensina que Ele não apenas criou, mas
mantém a sua criação. Assim, entendemos que Deus preserva aquilo que criou, ao dar ao
mundo todas as condições de subsistência necessárias (Hb 1.3) e dirige a criação para que
esta cumpra os seus desígnios (Sl 148.8, Fp 2.13).

D. ATRIBUTOS DIRETAMENTE RELACIONADOS COM A PROVIDÊNCIA

Onisciência: Por ter conhecimento de todas as coisas e conseqüentemente, saber a


necessidade de todas as suas criaturas, é que Deus pode suprir e manter assim as coisas
cooperando para o seu propósito.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 62

Bondade, Amor: Vemos a bondade e o amor de Deus se manifestar no seu cuidado


para com a sua criação. Cristo ensinou que nem mesmo um fio de cabelo de nossas cabeças
cai sem que seja do conhecimento e vontade do Pai, e que o cuidado de Deus para conosco é
maior que o cuidado de um pai para com um filho. Assim, vemos a bondade e o amor de Deus
como a causa do sustento da vida.

Vontade, Liberdade e Onipotência: Da mesma forma que estes atributos estão


relacionados com a criação, eles também estão relacionados com a providência de Deus. Deus
deseja manter e direcionar a sua criação pela sua vontade, é livre no exercício desta vontade e
tem pleno poder para fazê-lo.

Misericórdia: A preservação da criação de Deus deve-se também pela sua


misericórdia. As Escrituras mostram que “as misericórdias do Senhor são a causa de não
sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim”. (Lm 3.22).
TEOLOGIA PRÓPRIA - 63

3. MILAGRES
A. QUADRO COMPARATIVO

MILAGRES
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
É um gênero menos Obras admiráveis ou Milagre é um evento
comum da atividade incomuns de Deus perceptível aos
divina, pela qual que são claramente sentidos, produzido
Deus desperta a obras sobrenaturais com um propósito
admiração e o da Sua providência, religioso pela atuação
espanto das pessoas, obras que não podem imediata de Deus;
dando testemunho de ser explicadas portanto, um evento
si mesmo. segundo os padrões que, apesar de não
normais da natureza. contrariar qualquer
lei da natureza, se
plenamente
conhecida, não se
explica sem a atuação
direta de Deus.

B. DEFINIÇÃO DE MILAGRES: São acontecimentos distintos onde Deus age na


criação para despertar a atenção desta através da demonstração do Seu poder.

C. PANORAMA

Durante os tempos dos acontecimentos bíblicos, os milagres são registrados sempre


para autenticar uma nova mensagem e um mensageiro de Deus, como nas pragas do Egito, no
tempo de Elias e Eliseu e nos tempos de Cristo e na era apostólica (Jo 3.2). Em nossos dias,
os milagres acontecem de maneira mais restrita, mas seja em qual for o caso, eles sempre
acontecem para despertar a atenção de um povo para a existência e o poder de Deus (Ex
4.29,30).

D. ATRIBUTOS DIRETAMENTE RELACIONADOS COM MILAGRES

Onipotência, Soberania: Apesar de que outros atributos de Deus se relacionam com


os acontecimentos miraculosos (bondade, amor, ira, vontade, justiça), certamente a
onipotência de Deus é o atributo mais diretamente associado aos milagres. Pelo fato de que os
milagres são acontecimentos sobrenaturais, eles só acontecem quando Deus demonstra uma
parcela de seu grande poder e soberania sobre todas as coisas.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 64

4. ORAÇÃO
A. QUADRO COMPARATIVO

ORAÇÃO
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
É comunicação Orar é em grande É nada mais e nada
pessoal com Deus. parte criar em nós menos do que um
mesmos uma atitude apelo a um Deus
correta com respeito pessoal e presente,
à vontade de Deus. cuja concessão ou
recusa da benção
requerida crê-se que é
determinada pela
própria oração,
devemos concluir que
esta deve mover
Deus, ou, em outras
palavras, induzi-lo a
exercer da sua parte
uma volição
imperativa.

B. DEFINIÇÃO DE ORAÇÃO: É o ato onde o homem se expressa para com Deus.

C. PANORAMA

Sabemos que Deus, por sua onisciência e soberania sabe de todas as coisas, e não há
nada que podemos “contar” a Ele que já não lhe seja conhecido (Mt 6.8). Entretanto, Deus
permite e deseja que nos relacionemos com Ele, e para tanto, somos instruídos a orar (1 Ts
5.17). A oração, portanto, é o nosso diálogo com Deus, por meio da qual expressamos a Ele
nossos desejos, sentimentos, fraquezas e louvor (Fp 4.6), tendo a promessa de que seremos
ouvidos e atendidos quando pedimos com fé (Tg 1.5,6) e de acordo com sua vontade (1Jo
5.14,15).

D. ATRIBUTOS DIRETAMENTE RELACIONADOS COM A ORAÇÃO

Onipotência, Vontade: Recebemos de Deus a garantia de que Ele nos ouve e nos
atende quando pedimos com fé e de acordo com a sua vontade. Esta promessa de Deus só é
possível por causa de seu infinito poder, através do qual Ele pode se mostrar favorável ao
pedido do homem.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 65

Onisciência: As Escrituras nos afirmam que nossos pedidos são conhecidos por Deus
antes mesmo de o fazermos, mas que ainda assim Ele se dispõe a nos ouvir pacientemente. A
onisciência de Deus é que torna possível que nossa oração e nossas necessidades sejam por
Ele conhecidas.

Onipresença: O fato de Deus estar presente em todos os lugares torna possível que
nossas orações sejam ouvidas em qualquer lugar em que estivermos, sem a necessidade de nos
dirigirmos a um local específico para sermos ouvidos pelo Senhor.

Fidelidade: Existem várias promessas relacionadas à oração na Bíblia, como quando o


Senhor promete conceder sabedoria aos que pedem, ou quando promete nos ouvir. A
fidelidade do Senhor dá aos seus filhos a certeza de que estas promessas se cumprem ao
orarmos.

Bondade, Amor, Misericórdia: A bondade e o amor de Deus evidenciam-se quando


o Senhor nos concede aquilo que pedimos e precisamos (Mt 7.11). Em certos momentos,
quando em nossa ignorância e anseio pedimos coisas que o Senhor sabe que não será bom
para nós, a sua misericórdia faz com que Ele não atenda esses pedidos (Tg 4.3).

Personalidade ou Pessoalidade: Por Deus ser um Ser pessoal, podemos dirigir a Ele
nossas orações sabendo que Ele nos ouve como indivíduos, e que conhece cada uma das
nossas necessidades.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 66

5. ANJOS
A. QUADRO COMPARATIVO

ANJOS
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
São seres espirituais Seres espirituais que Seres finitos, de
criados, dotados de Deus criou acima da maior inteligência e
juízo moral e alta humanidade, [que] poder do que o
inteligência, mas permaneceram homem em seu
desprovidos de obedientes a Deus e estado presente, [que]
corpos físicos. realizam sua vontade. servem positivamente
ao propósito de Deus
através da santidade e
execução voluntária
de sua vontade.

B. DEFINIÇÃO DE ANJOS: Criaturas feitas por Deus, desprovidas de corpo físico,


cuja função é de servir e adorar a Deus.

C. PANORAMA

Os anjos são seres celestiais criados por Deus (Ne 9.6), destituídos de corpo físico,
seres espirituais e, portanto, invisíveis ao homem (Hb 1.13,14). As Escrituras mostram que
sua principal função é de servir a Deus, como mensageiros (Lc 1.19) ou cumpridores de
alguns de Seus desígnios (2Cr 32.21), além de serem encontrados constantemente adorando
ao Senhor (Is 6.2,3).

D. ATRIBUTOS DIRETAMENTE RELACIONADOS COM OS ANJOS

Espiritualidade: Deus comunica seu atributo de espiritualidade aos anjos, que assim
como Ele não possuem corpo físico, tornando-se imperceptíveis aos sentidos humanos.

Invisibilidade: Em seu estado comum, os anjos não podem ser contemplados pelos
olhos humanos, a menos que Deus os queira revelar para algum propósito específico.

Veracidade, Santidade e Bondade: Os anjos eleitos por sua separação do pecado


refletem a santidade de Deus. Conseqüentemente todos os seus atos são bondosos e suas
mensagens verdadeiras.
TEOLOGIA PRÓPRIA - 67

6. DEMÔNIOS E SATANÁS
A. QUADRO COMPARATIVO

DEMÔNIOS E SATANÁS
GRUDEM BANCROFT ERICKSON STRONG
São anjos maus que Seres espirituais que Seres finitos, de
pecaram contra Deus Deus criou acima da maior inteligência e
e hoje continuam humanidade, [que]
poder do que o
praticando o mal no desobedeceram, homem em seu
mundo. perderam sua
estado presente, [que]
condição santa e servem
agora se opõe à sua negativamente, dando
obra e a dificultam. ao universo exemplos
de rebelião derrotada
e punida e ilustrando
a graça distinta de
Deus na salvação do
homem.
Satanás – É o nome Satanás – É o nome Satanás – Nome
do chefe dos dado pelas Escrituras aplicado ao chefe
demônios. para o chefe dos deles [anjos maus].
anjos caídos.

B. DEFINIÇÃO DE DEMÔNIOS E SATANÁS: Criaturas feitas por Deus, desprovidas


de corpo físico, cuja função original era de servir e adorar a Deus; porém estes se rebelaram e
hoje, liderados por Satanás, se opõem a Deus e aos seus planos.

C. PANORAMA

Os demônios são anjos que, no passado, liderados por Satanás se rebelaram contra
Deus (Jd 6). Assim como os anjos, são seres espirituais, sem corpos físicos e imperceptíveis
aos olhos humanos. Vez por outra, quando desejam se manifestar, eles assumem o corpo de
pessoas ou animais para realizarem suas atividades malignas (Mc 5.2,13). Hoje, estes se
opõem a toda obra de Deus (2Co 4.4), porém suas atividades são restritas e limitadas pela
soberana vontade de Deus, de forma que estes demônios e Satanás não podem fazer nada que
não seja permitido por Ele (Jo 1.12). Para estes demônios e Satanás, uma vez que já tomaram
a sua decisão de rebelião contra o Senhor, não existe uma oportunidade de salvação, estando
condenados a passar a eternidade no inferno (2Pe 2.4).

D. ATRIBUTOS DIRETAMENTE RELACIONADOS COM OS DEMÔNIOS E


SATANÁS
TEOLOGIA PRÓPRIA - 68

Espiritualidade: Deus comunica seu atributo de espiritualidade aos anjos caídos, que
assim como Ele não possuem corpo físico, tornando-se imperceptíveis aos sentidos humanos.

Invisibilidade: Os anjos caídos não podem ser contemplados pelos olhos humanos,
pois mantêm esta característica de sua criação original.

Ira, Justiça: Os demônios e Satanás são uma prova da manifestação da ira de Deus
pelo pecado e da execução de sua justiça.

Onipotência, Soberania: Mesmo estes seres malignos, não estão fora do controle e do
poder de Deus, fazendo apenas o que lhes é permitido por Ele.

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