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AULA 01 – INTRODUÇÃO À TRIBUTAÇÃO

1. Princípios teóricos da tributação


a. Neutralidade:
 impacto gerado por tributo não deve intervir (ou intervir o mínimo
possível) na alocação recursos economia
 comparar os custos relativos de tributação entre dois bens diferentes
 Ex: preço suco de laranja = 5,00 e do suco de manga = 10,00 com
tributação inclusa -> relação laranja/manga = 5,00/10,00 = 1/2.
Posteriormente há tributação apenas sobre o suco de laranja, na
proporção de 20% -> preço suco de laranja = 6,00 -> relação laranja/manga
= 6,00/10,00 = 3/5
o houve mudança na alocação de recursos, por isso a tributação foi
ineficiente do ponto de vista econômico

Lump-sum tax = tributo por montante único


 cada indivíduo paga um valor fixo de tributo, independentemente de sua
renda
 é tipo de imposto “ideal” -> ponto de vista econômico, pois não interfere em
nada na alocação de recursos
 eficiência econômica NÃO leva em conta aspectos
distributivos/sociais/igualitários

b. Equidade:
i. Princípio do Benefício
 pessoas pagam impostos de acordo com os benefícios que usufruem
 qto maior benefício, maior o consumo e maior o valor a ser pago
 duas dificuldades: estabelecer qto de cada benefício o indivíduo
usufrui e qual o valor a ser estabelecido para o benefício

ii. Princípio da Capacidade/Habilidade de Pagamento:


 igualar sacrifício dos cidadãos -> todos devem fazer o mesmo
sacrifício (não é pagar o mesmo tanto) para sustentar o governo ->
100 reais vale mais para um pobre do que para um rico, por isso o
primeiro não vai contribuir com 100 reais, mas o segundo, sim.
 equidade horizontal: indivíduos com capacidades iguais pagam o
mesmo montante
 equidade vertical: indivíduos com capacidades diferentes pagam
tributos em montantes diferenciados -> quem ganha mais contribui
com percentual maior de sua renda
2. Impostos proporcionais, progressivos e regressivos
a. proporcionais: equidade horizontal -> pessoas com capacidades iguais pagam
o mesmo montante percentual de suas rendas -> não tem impacto sobre a
redistribuição de renda

b. progressivos (ou anti-cíclico): equidade vertical -> maiores percentuais para as


classes de renda mais alta -> impacta redistribuição de renda, melhorando-a e
diminuindo desigualdades

Utilidade Marginal da Renda e a Progressividade do Imposto

Utilidade: satisfação ou prazer que o bem traz ao consumidor


Utilidade Marginal: acréscimo de utilidade decorrente do acréscimo do
consumo
 Quanto mais se consome de um bem, menor é o acréscimo de
utilidade decorrente do acréscimo do consumo (lembrar: um é pouco,
dois é bom, três é demais)
 Quanto maior a renda que o indivíduo possui, menor será a utilidade
marginal de um acréscimo em sua renda
 Ou seja, um acréscimo de R$ 1.500,00 na renda de um indivíduo que
ganha R$ 600,00 irá trazer uma imensa utilidade a esse indivíduo. No
entanto, esse mesmo acréscimo para um indivíduo que ganha R$
50.000 não fará muita diferença
 Assim: alta renda = baixa utilidade marginal da renda
Baixa renda = alta utilidade marginal da renda
 Este princípio é utilizado para justificar a progressividade do imposto
com base na equidade, já que a tributação maior para pessoas com
renda maior não reduzirá sua utilidade marginal total
c. regressivos (ou pró-cíclico): quanto menor o nível da renda, maior o
percentual de imposto -> pioram a distribuição de renda
i. no Brasil, são regressivos os impostos indiretos. Ex: Indivíduo com
renda de R$ 1500 e indivíduo com renda de R$ 30000 compram, cada
um, uma geladeira (IPI + ICMS = 300, p.e.) -> percentual de imposto
pago pelo indivíduo de baixa renda = 20% de sua renda; para o de alta
renda = 1% de sua renda.

3. Impostos Cumulativos e Não-Cumulativos


a. Cumulativo (em cascata)
 tributa todos os estágios do processo produtivo integralmente
 altamente ineficiente do ponto de vista econômico
 reduz o grau de concorrência: empresas que participam do processo
de produção de um produto tendem a se juntar para diminuir a carga
tributária

b. Não-Cumulativo (ou Imposto sobre Valor Adicionado – IVA)


 desconta-se, na etapa posterior, o valor do tributo cobrado na etapa
anterior
 não há estímulo à integração vertical -> empresas se unirem para
evitar tributo
 mais eficiente economicamente do que em cascata

4. Tributação Ótima de Mercadorias


o imposto: diminui o nível de produção que seria alcançado caso o imposto não
fosse cobrado -> a produção perdida é chamada de peso morto (ou excesso de
gravame ou gravame excessivo)
o perda de excedentes dos consumidores: A + B
o perda de excedentes dos produtores: C + D
o receita tributária: A + D
o como, teoricamente, a receita tributária retorna para a sociedade na forma de
bens e serviços, o peso morto do imposto será: A + B + C + D – (A+D) = B + C
o peso morto = B + C

o a ineficiência do imposto é dada pela medida em que consumidores e


produtores alteram seu comportamento para evitar o imposto
o ineficiência é proporcional à variação de quantidade induzida pelo imposto
 quanto maior a elasticidade, maior o peso morto
 quanto menor a elasticidade, menor o peso morto

 se governo se preocupa com eficiência, procurará tributar bens de demanda inelástica


 Regra de Ramsey (“elasticidade invertida”): quanto maior elasticidade de um bem,
menor deverá ser o imposto sobre ele

5. Alíquota Média e Marginal

a. Média: total imposto pago/renda total


i. mede sacrifício feito pelo contribuinte para pagar o imposto

b. Marginal: imposto adicional pago sobre R$ 1,00 adicional de renda


i. avalia o quanto o tributo distorce as relações entre os contribuintes
ii. determina a mudança de comportamento de um agente frente a
imposição do imposto -> determina o peso morto do imposto
6. Incidência Tributária em Concorrência Perfeita
a. Repartição do Ônus Tributário

 em “A” a demanda é inelástica, enquanto que a oferta é elástica. Assim, os


consumidores, por serem menos elásticos que os produtores, irão assumir uma carga
maior do imposto. Enquanto que em “B” a oferta é inelástica, portanto os produtores
é que vão assumir a maior parte dos impostos.
 Assim: ônus do imposto recai mais pesadamente sobre o lado menos elástico
b. Calculando a Repartição do Ônus Tributário
7. Incidência Tributária no Monopólio
o monopólio não tem curva de oferta

AULA 02 – FUNÇÕES DO ESTADO


 para os clássicos, o governo deveria fazer somente aquilo que a iniciativa privada não
quisesse fazer

 para Keynes, caberia ao Estado tomar decisões sobre controle da moeda, do crédito e
do nível de investimento

1. Função Alocativa

a. eficiência econômica: situação de “ótimo de Pareto” -> só é possível melhorar


a situação de uma pessoa, se piorarmos a de outra

b. falhas de mercado

i. externalidades: efeitos positivos ou negativos das nossas decisões


sobre as outras pessoas. Qdo há qlq externalidade, o mercado deixa
de ser eficiente
ii. bens públicos: são não rivais E não exclusivos (ou não excludentes)

 não rival pois o custo marginal de produção é zero. Ex:


iluminação pública – depois de instalada, o custo adicional por
pessoa a mais que usufrua da iluminação é zero

 não exclusivo pois é impossível excluir as pessoas do consumo


dos bens públicos

 bens públicos são falhas de mercado pq é impossível


determinar o real benefício que cada indivíduo desfrutará do
seu consumo, portanto é impossível determinar o preço
“justo” que cada um teria que pagar pelo bem público

 free riders: os caronas – aproveitam dos bens públicos sem


pagar por eles (está ligado ao problema da não exclusividade
presente nos bens públicos)

2. Função Distributiva

 distribuição de riqueza ideal


 sistema de tributos e transferências – principalmente tributos progressivos
 subsídios, salário mínimo, proteção tarifária, renúncia fiscal, etc.

3. Função Estabilizadora
 atingimento ou manutenção da estabilidade econômica
 instrumentos da política macroeconômica – fiscal e monetária
 manutenção níveis emprego, renda, inflação, taxa de câmbio, endividamento
público, etc.
 também chamada de anti-cíclica

AULA 03 – NFSP
 TRANSFERÊNCIAS DO GOVERNO = subsídios, transf. renda, previdência social e juros
da dívida interna

 duas formas de financiar déficit público:

o emitir moeda: vantagem – gov não fica endividado / desvantagem – inflação

o vender títulos públicos: vantagem – não pressiona os preços / desvantagem –


gov. fica endividado

 déficit = variável fluxo

 dívida = variável estoque

=> NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO

 ATENÇÃO: quando há superávit, a NFSP é negativa (ou seja, não há NFSP). Quando há
déficit, a NFSP é positiva.
 o conceito PRIMÁRIO é o de maior destaque, pois ele mede a real efetividade da
política fiscal do governo.

 CRITÉRIO “ACIMA DA LINHA”: mede o déficit diretamente da execução orçamentária


-> despesas x receitas

o déficit nominal ou total:


 engloba tudo -> receitas – despesas
 juros NOMINAIS

o déficit primário:
 não engloba nada
 exclui correção monetária
 exclui correção cambial
 exclui juros de dívidas contraídas ANTERIORMENTE

o déficit operacional:
 primário + juros REAIS

 CRITÉRIO “ABAIXO DA LINHA”: mede o déficit em função do financiamento

Conceitos:
DLSP: somas dívida interna e externa – ativos do setor público (reservas
internacionais, valores privatizações, etc)

Ajuste Patrimonial: receitas de privatizações, passivos contingentes, representantes


de déficits passados não contabilizados, etc

DFL: dívida fiscal líquida = DLSP – ajustes patrimoniais


 Regime de Contabilização
o resultado primário = regime de CAIXA
o resultado nominal e operacional = regime híbrido -> juros = regime de
competência e receitas/despesas = regime de caixa

 outros conceitos:
o Setor Público não-financeiro
 adm. direta e indireta / sistema público de prev. social / empresas
estatais não-financeiras (excluída Petrobrás) / fundos públicos
(arrecadação = contribuições sociais e parafiscais)
 mensuração da dívida líquida = Setor Público Não-Financeiro + BACEN
 BACEN é incluído porque seu resultado é transferido para o Tesouro
Nacional (“caixa” do governo)
 BACEN é agente arrecadador do imposto inflacionário (moeda)
 base monetária = PASSIVO DO BACEN

 Inflação e Arrecadação Fiscal


o inflação provoca redistribuição de renda em favor do setor produtivo e em
detrimento da classe assalariada
o piora/prejudica distribuição de renda na economia
o efeito Oliveira-Tanzi: governo perde poder aquisitivo com a inflação -> corrói o
valor da arrecadação fiscal pela defasagem de tempo entre o fato gerador, a
arrecadação e a efetiva utilização da receita
o efeito Patinkin (ou efeito Tanzi de despesa ou efeito Bacha): contração de
despesas em um momento para seu pagamento em um momento posterior
provoca redução real dos gastos públicos
o imposto inflacionário: governo emite moeda e gera duas coisas: 1) perda de
poder aquisitivo da população (decorrente da inflação) e 2) aumento de
recursos à disposição do governo (via emissão monetária). Dessa forma, têm-
se transferência de renda da população para o governo.

 NFSP e a base monetária:


EXERCÍCIOS

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