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Faculdade de Direito
Vale ressaltar que a expressão própria da Antropologia para designar este esquema de
evolução da História é denominada “História Teórica ou Conjectural”, a qual, como já fora
dito anteriormente, todos os povos passariam pelo mesmo caminho em etapas uniformes, em
um contínuo avanço para a “perfeição”, ainda que uns atravessassem essas etapas mais
vagarosamente que outros.
A crítica ao etnocentrismo e ao evolucionismo fica bem clara quando Pierre Clastres
demonstra a inexistência de hierarquia entre as técnicas utilizadas por diferentes povos, já que
cada um desenvolve seus equipamentos de acordo com as necessidades que lhe são exigidas,
ou seja, conforme as demandas do meio e as particularidades de cada sociedade. E, nesse
aspecto, as sociedades denominadas “primitivas” não apresentaram nenhuma incapacidade
tecnológica para suprirem tais necessidades, não podendo ser feita uma comparação, muito
menos uma hierarquização entre os avanços técnicos obtidos, por exemplo, pela Revolução
Industrial e pelos instrumentos utilizados por sociedades selvagens (escusando-se, nesta
colocação, o sentido pejorativo do termo), já que cada qual se encontrava em realidades
totalmente díspares, necessitando, assim, de equipamentos variados.
Entretanto, não se pode afirmar que não havia a figura do chefe nas sociedades tribais.
Muito pelo contrário, os chefes estavam presentes nas comunidades primitivas, só que a eles
não era conferido poder algum, a sua palavra não tinha “força de lei”. Esses chefes não
detinham meios de coerção algum, podendo-se afirmar então que não era da chefia primitiva
que se pôde deduzir o aparelho estatal em geral.
Clastres mostra que aos chefes era atribuída a função de resolver os litígios que
poderiam surgir entre os indivíduos ou entre as famílias das comunidades.
E como os chefes eram escolhidos? Eles eram designados por conta da suas
habilidades, como oratória, suas qualidades como caçadores e guerreiros, ou seja, por sua
superioridade técnica e não pela sua superioridade política, estando o chefe a serviço da
sociedade. Caso o chefe tente ganhar poder, a própria comunidade o reprime, para proteger-se
de possível surgimento do Estado.