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Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz
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Sebra AG & Dias NM
analítico
palavra
(todo – parte) multissensorial
sílaba
sintético
(parte – todo) tradicional
fonema
Figura 1 – Três aspectos fundamentais dos métodos de alfabetização: ponto de partida, unidade de análise na relação entre
escrita e fala e modalidades sensoriais envolvidas.
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Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz
Figura 2 – Linha do tempo: práticas em alfabetização no Estado de SP (baseado em Mortatti2) e questões atuais em nível
nacional.
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Sebra AG & Dias NM
• Problema do fracasso escolar passa a ser pensado em termos de políticas públicas (não se
pode mais discutir método?)
• Processo de aprendizagem é compreendido de acordo com a psicogênese da língua escrita36.
• Dados PISA 2000; 2003, 2006, 20098-11 - Estudantes brasileiros desempenham-se abaixo da
média internacional. Resultados da avaliação de Leitura:
• 2000 – último lugar! 32ª posição de 32 países;
• 2003 – 38ª posição dentre 41 países;
• 2006 – 49ª posição dentre 56 países;
• 2009 – 53ª posição dentre 65 países;
• Reportagem publicada na Folha de São Paulo em 2003 – Fernando Capovilla: “O Brasil é
recordista mundial de incompetência de leitura”.
• Avaliações nacionais - SAEB - declínio de desempenho nas avaliações sucessivas de 1995 a
2005.
Continuação da Figura 2 – Linha do tempo: práticas em alfabetização no Estado de SP (baseado em Mortatti2) e questões
atuais em nível nacional.
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Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz
no século XVII13. Segundo esse método, seria Estudos têm evidenciado resultados bastante
mais econômico ensinar a palavra como um todo animadores com o uso do método fônico. Por
às crianças, sem focalizar unidades menores. exemplo, Gersten et al.14 relataram benefícios de
Assim, era preconizado o ensino direto das asso longo prazo de um programa baseado em instru-
ciações entre as palavras e seus significados12. ções fônicas, o modelo de Instrução Direta. Tais
Apesar de diversos outros métodos de alfabe benefícios foram evidentes em termos de menor
tização terem surgido, um grande debate tem repetência ao longo das séries escolares e, até
ocorrido entre o método fônico, de um lado, e mesmo, de maior aceitação em faculdades. Estes
o método global, de outro lado. Tal debate tem resultados de longo prazo são explicados pelo
ocorrido já há algumas décadas internacional- fato de que o método fônico fornece às crianças
mente1 e, no Brasil, tem se intensificado nos habilidades e conhecimentos autogerativos de
últimos anos. Esses dois métodos, portanto, serão decodificação fonológica, o que é concebido por
descritos mais detalhadamente a seguir. Share15 como um mecanismo que possibilita o
autoensino. Assim, após dominar essa habili-
Método fônico dade básica de decodificação, o leitor possui
Esta proposta à alfabetização tem dois obje os pré-requisitos necessários para desenvolver
tivos principais: ensinar as correspondências suas habilidades de leitura, necessitando basi
grafofonêmicas e desenvolver as habilidades camente da prática para alcançar fluência e
metafonológicas, ou seja, ensinar as correspon- automatismo.
dências entre as letras e seus sons, e estimular Alguns princípios derivados da abordagem
o desenvolvimento da consciência fonológica, de processamento de informação da Psicologia
que se refere à habilidade de manipular e refle- Cognitiva dão sustentação ao método fônico, e
tir sobre os sons da fala. Enquanto o ensino das são descritos a seguir:
correspondências grafofonêmicas é considerado • Não se sustenta a noção de que a lingua-
fundamental desde o início do método fônico, gem escrita apresenta uma continuidade
que provavelmente data do século XVI, como em relação a outras formas de representa-
anteriormente descrito, o desenvolvimento da ção, como o jogo simbólico e as imagens
consciência fonológica é mais recente, tem sido mentais, conforme proposto por outras
incentivado principalmente a partir do século XX. abordagens, como a epistemologia gené-
Este método baseia-se na constatação expe- tica de Piaget16;
rimental de que as crianças com dificuldades na • Logo, um ensino específico deve ocorrer
alfabetização têm dificuldade em discriminar, para que a criança desenvolva as habi-
segmentar e manipular, de forma consciente, os lidades necessárias para dominar a lei-
sons da fala. Esta dificuldade, porém, pode ser tura e a escrita, incluindo atividades de
diminuída significativamente com a introdução consciência fonológica, como síntese e
de atividades explícitas e sistemáticas de cons- segmentação de fonemas, e o ensino dos
ciência fonológica, durante ou mesmo antes da sons das letras;
alfabetização. Quando associadas ao ensino das • Para o ensino dos sons das letras, pode-se
correspondências entre letras e sons, as instru- começar pelas vogais e pelas consoantes
ções de consciência fonológica têm efeito ainda cujos sons podem ser pronunciados iso-
maior sobre a aquisição de leitura e escrita. Além ladamente, como /f/, /j/, /l/, /m/, /n/, /s/, /v/,
de ser um procedimento bastante eficaz para a /x/, /z/17;
alfabetização de crianças disléxicas, o método • Deve haver um ensino dirigido das pala-
fônico também tem se mostrado o mais adequado vras: inicialmente devem ser ensinadas as
ao ensino regular de crianças sem distúrbios de palavras com ortografias regulares, poste-
leitura e escrita12. riormente com ortografias reguladas pela
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Sebra AG & Dias NM
posição (mesa, em que o “s” intervocálico soma das informações contidas separadamente
soa como /z/) e somente então as palavras nos elementos menores. Tal pressuposto, prove-
com ortografias irregulares (por exemplo, niente de estudos basicamente de percepção, foi
flecha ou xale para irregularidade de aplicado à alfabetização, supondo que a forma
ch/x; jeito ou gente para irregularidade global das palavras forneceria dicas importantes
de g/j). Isto porque o ensino de palavras aos leitores iniciantes12. Para os defensores do
irregulares logo no início da alfabetização método global, o conhecimento das correspon-
pode confundir o aprendiz, impedindo-o de dências letra-som seria adquirido naturalmente
desenvolver consistentemente a noção de pelas crianças, após o reconhecimento total da
correspondência entre letras e sons13. So- palavra estar bem estabelecido.
mente após essa noção estar estruturada, Para além do nível da palavra, a maioria
as irregularidades devem ser introduzidas; dos métodos analíticos toma o contexto como
• Os exercícios de coordenação motora são absolutamente relevante para a leitura de uma
importantes. Eles auxiliam o aluno a ad- palavra. Assim, angariado nas concepções de
quirir as formas ortográficas das letras13. Ben Goodman e Frank Smith, em tais métodos
Isto permitirá, posteriormente, que o aluno considera-se que a aprendizagem de leitura e
apresente uma caligrafia mais adequada escrita só pode ocorrer a partir de unidades que
e, principalmente, ajudará na consolida- sejam significativas à criança. Em geral, métodos
ção mental das formas das letras, o que globais ou ideovisuais partem de unidades como
permitirá a escrita mais automática e a palavras, textos, parágrafos, sentenças ou pala-
identificação mais fácil das letras durante vras-chave (como no método de Paulo Freire).
a leitura. É a partir destas unidades maiores e, portanto,
Assim, abordagens fônicas usualmente pro- significativas que, em um segundo momento,
põem o ensino explícito e sistemático, com grau o aprendiz chegaria a uma compreensão das
crescente de dificuldade, das habilidades de unidades menores que compõem as palavras,
decodificação grafofonêmica e de codificação porém sem necessidade de instrução sistemática
fonografêmica, paralelamente ao trabalho para e explícita para isso.
desenvolvimento da consciência fonológica18. Em meados do século XX, em todo o mundo,
o método global difundiu-se amplamente nas
Método global escolas. Desde então, um dos maiores pesqui-
O método global ou ideovisual pressupõe que sadores sobre o método tem sido Goodman19,20.
a aprendizagem da linguagem escrita se dê pela O autor sustenta a visão de que as ideias do
identificação visual da palavra. Apesar de haver método global são progressistas e sensíveis às
outros métodos analíticos, como os métodos de necessidades das crianças e buscam desenvolver
‘palavração’ e ‘sentenciação’, o global ou ideo- a criatividade destas, permitindo a elas próprias
visual é o mais amplamente conhecido, desen- “descobrirem” os princípios subjacentes à leitura
volvido provavelmente no século XVII13. Como e à escrita. Além disso, as práticas do método glo-
anteriormente descrito, tal método pressupõe bal evitam a submissão das crianças a programas
que é mais econômico ensinar a palavra como estruturados e sistemáticos, como os programas
um todo ao aluno, sem focalizar unidades me- fônicos e seu ensino sistemático e explícito de
nores, sendo, portanto, ensinadas diretamente correspondências grafema-fonema.
as associações entre as palavras e seus signifi- Assim, o método global propõe o ensino das
cados. Tais ideias foram reforçadas pela Gestalt, associações entre palavras inteiras e seus signi-
que pressupõe que o todo é maior que a soma ficados (abordagem ideovisual), individualmente
das partes, ou seja, que a informação contida na ou em textos introduzidos desde o início12. Dentre
unidade total de significado é maior do que a os princípios de sua prática, podem-se elencar:
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Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz
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Sebra AG & Dias NM
formam a palavra, ou seja, surge a noção de atividades do método fônico. Os professores são
fonetização da escrita. Inicialmente, a criança incentivados a desenvolver habilidades de rima,
elabora uma hipótese silábica, na qual a cada segmentação fonêmica e discriminação de sons
letra faz equivaler uma sílaba; posteriormente, e a ensinar as relações entre as letras e os sons.
compreende que a cada letra corresponde um É interessante observar que tais diretrizes são
som ou fonema, pautando sua leitura e sua pro- recomendadas em países de língua inglesa, cuja
dução escrita em uma hipótese alfabética. ortografia tem relações grafofonêmicas bastante
As ideias de Ferreiro originaram a concep- irregulares, com correspondências imprevisíveis
ção construtivista que se autoproclama uma entre letras e sons. Logo, se o método fônico é
revolução conceitual e não um novo método recomendado para o inglês (que é extremamente
de alfabetização. Tal concepção defende uma irregular), certamente ele é ainda muito mais
alfabetização contextualizada e, portanto, signi- eficaz no português, cujas relações entre letras
ficativa que deve dar-se por meio da transposição e sons são bem mais regulares e que, portanto,
didática das práticas sociais de leitura e escrita propicia maior sucesso na aplicação de regras
para o contexto da sala de aula. É por meio de de conversão grafofonêmicas39.
sua imersão às práticas sociais de leitura que a No contexto nacional, autores têm desenvol-
criança começa a se organizar para apreender o vido e testado programas fônicos com resultados
significado deste objeto. Pouco a pouco ela ela- bastante positivos. Tais procedimentos podem
bora hipóteses sobre o que a escrita representa. ser utilizados no contexto educacional ou clíni-
Neste processo, por meio da ação reflexiva da co12,40,41. Há também um programa computado-
criança, a consciência fonológica desenvolver- rizado que permite a aprendizagem de habilida-
-se-ia naturalmente, não sendo necessárias des importantes de uma forma bastante lúdica42.
práticas sistemáticas para sua estimulação. Na Vale lembrar que estudos têm evidenciado que
concepção construtivista, o aluno deve ser leva- as dificuldades em leitura e escrita se devem,
do a pensar sobre a escrita e, assim, construirá e em grande parte, a problemas de processamento
reelaborará seu próprio conhecimento36,37. fonológico, podendo estes ser atenuados e/ou
O construtivismo de Ferreiro é uma teoria solucionados com a incorporação de atividades
epistemológica e não um método de alfabetiza- fônicas e metafonológicas em diferentes níveis
ção. Sua transposição para a sala de aula tem escolares43. Isto tem sido demonstrado em diver-
se mostrado problemática e pouco eficaz, e os sos estudos internacionais43-51 e nacionais12,41,53-58.
riscos que tal concepção sobre alfabetização Outro método também utilizado no trabalho
podem trazer podem ser verificados nos dados com crianças com dislexia ou com dificuldades
das avaliações nacionais e internacionais que de leitura e escrita é o chamado multissensorial39.
constatam o fracasso do alunado brasileiro na Este procedimento busca combinar diferentes
aprendizagem da leitura5,7-11. modalidades sensoriais no ensino da linguagem
escrita às crianças. Assim, ele facilita a leitura e
ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM a escrita ao estabelecer a conexão entre aspec-
DISLEXIA E PROBLEMAS DE LEITURA tos visuais (a forma ortográfica da letra ou da
E ESCRITA palavra), aspectos auditivos (a forma fonológi-
Além da superioridade do método fônico ca), aspectos táteis e cinestésicos da grafia (os
na alfabetização em contexto regular, diversas movimentos necessários para escrever letras e
associações de dislexia em todo o mundo reco- palavras) e aspectos cinestésicos da articulação
mendam instruções fônicas para o ensino de (os movimentos e posições necessários para
indivíduos com dislexia. De fato, nas diretrizes pronunciar sons e palavras).
da British Dyslexia Association38 para o ensino de Maria Montessori foi uma das precursoras do
crianças disléxicas, é recomendada a inclusão de método multissensorial. Ela defendia a participa-
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Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz
ção ativa da criança durante a aprendizagem e o • Visão: ênfase na forma visual de letras e
movimento era visto como um dos aspectos mais palavras, podendo usar cores e tamanhos
importantes da alfabetização. A criança devia, diferentes;
por exemplo, traçar a letra enquanto o professor • Cinestesia – traçado: ênfase no traçado da
dizia o som correspondente59. letra/palavra, por exemplo usando letras
Fernald e Keller60, outros proponentes do com setas desenhadas que indicam a di-
método multissensorial, também incentivavam reção do movimento correto para a grafia;
as crianças a pronunciar em voz alta os nomes • Tátil: ênfase na memória tátil da forma
das letras enquanto as escrevessem. Orton61 deu das letras/palavras, por exemplo usando
continuidade ao desenvolvimento de técnicas do texturas diferentes;
método multissensorial, mantendo a associação • Articulação: ênfase na memória articu
tríplice visual, auditiva e cinestésica e, em 1925, latória das letras/palavras, de forma cons
Orton e Gillingham propuseram uma variação do ciente e intencional.
método multissensorial, em que inicialmente de- No Brasil, um procedimento multissensorial
vem ser ensinadas as correspondências entre as bastante difundido e adotado é o Fonovisuoarti-
letras e seus sons, aumentando as unidades pro- culatório, conhecido mais informalmente como
gressivamente para palavras e, somente depois, ‘Método das boquinhas’. Utiliza-se das estraté
gias fônica (fonema/som), visual (grafema/
para frases39. Esse procedimento delimitava:
letra) e articulatória (articulema/Boquinhas) e é
• Apresentação de cada letra separadamen-
indicado tanto para a alfabetização de crianças
te, com seu nome e seu som;
quanto na reabilitação dos distúrbios da leitura
• Criança traça a letra enquanto diz seu
e escrita62-64.
nome, inicialmente com o modelo visual
e, depois, sem ele;
• Apresentação das sílabas simples com sons CONSIDERAÇÕES FINAIS
regulares; O artigo apresentou e delimitou os méto-
• Combinação dessas sílabas para formar dos sintéticos e analíticos. Após, centrou-se
palavras; na discussão entre os métodos fônico e global,
• Introdução de palavras com correspondên apresentando, por fim, sugestões tanto para a
alfabetização quanto ao trabalho interventivo
cias irregulares;
com crianças com dislexia ou problemas de lei-
• Combinação de palavras em frases.
tura e escrita. Para tal atuação, os procedimentos
Cabe destacar que algumas variantes do mé-
fônico e multissensorial têm sido reconhecidos
todo multissensorial trabalham apenas com os
como os mais eficazes.
sons das letras, e não com seus nomes. A maioria
Pesquisas comparando os métodos de alfabe-
delas parte das unidades mínimas (no nível da
tização têm se concentrado principalmente nos
letra) para unidades mais complexas (nível da procedimentos fônico e global. Em geral, estas
palavra e, depois, da frase). Apesar de requerer investigações têm demonstrado a superiorida-
muito tempo de intervenção, o método multis- de do fônico, especialmente com crianças com
sensorial é um dos procedimentos mais eficazes desvantagem sociocultural ou cognitiva. Estu-
para crianças mais velhas, que apresentam pro- dos de meta-análise comprovam que introduzir
blemas de leitura e escrita há vários anos e que instruções fônicas (ensinar correspondências
possuem histórico de fracasso escolar. grafofonêmicas) e metafonológicas (desenvolver
Alguns princípios que orientam a prática do a consciência fonológica) auxilia a aquisição
método multissensorial são: de leitura e escrita. Porém, no Brasil, até hoje
• Audição: ênfase nos sons das letras e na predomina o método global, tanto no contexto
forma fonológica das palavras; clínico quanto no educacional.
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Sebra AG & Dias NM
As razões para a insistência em um modelo algumas evidências mais recentes têm sugerido
que tem logrado péssimos resultados nas ava- a possibilidade de um encontro entre as duas
liações nacionais e internacionais, tendo sido áreas. Exemplos disso são o Relatório Novos
descartado como ineficaz por outros países7, Caminhos da Alfabetização5,7, solicitado a espe-
possui uma explicação complexa, que perpassa cialistas nacionais e internacionais pela Câmara
conjecturas políticas e ideológicas até proble- dos Deputados e a própria referência ao treino da
mas próprios da formação de professores nas consciência fonológica no relatório publicado pelo
universidades do país. Não se sugere aqui uma MEC, em 20096, intitulado “A criança de 6 anos,
linha de raciocínio simplista de que o método a linguagem escrita e o ensino fundamental de 9
de alfabetização é o único responsável por todos anos”. Além disso, em 2011, ocorreu na cidade de
os problemas educacionais do país. Porém, no São Paulo o “Seminário Internacional de Alfabe-
que tange ao domínio específico da aquisição tização na Perspectiva da Psicologia Cognitiva”,
da linguagem escrita, e com aporte em pes contando com importantes e influentes pesquisa-
quisas e nas avaliações de desempenho nacio- dores da área e representantes das Secretarias de
nais e internacionais, é inevitável a conclusão Educação de alguns estados brasileiros.
de que a confluência ‘Construtivismo-método A psicologia cognitiva tem muito a contri-
global’, endossada nos PCN’s3, apenas está buir com a Educação e a Pedagogia. Que estas
conduzindo as crianças brasileiras ao posto de áreas possam dialogar e que a educação possa
incompetentes. se beneficiar das evidências científicas estarão
Se durante a última década a educação cami- subordinados os próximos anos da educação
nhou sem a parceria do conhecimento científico, fundamental brasileira.
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Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz
SUMMARY
Literacy methods: definition of procedures and considerations
for effective practice
The article presents the most widespread literacy methods in the country,
defining them in terms of its three fundamental features, i.e., a) starting
point and course of literacy, delimiting the analytical and synthetic methods;
b) the minimum analysis unit on the relationship between speech and
writing, outlining the global, syllabic and phonic methods; and c) type of
stimulation involved, distinguishing between traditional and multisensory
methods. Brief history is presented on literacy methods, and the global and
the phonics ones are described whit more details. The phonic method’s
main objective is to teach the graphophonemic correspondences and to
develop phonological skills, fostering decoding and encoding skills. The
global method assumes that the learning of written language occurs by the
word visual identification, focusing directly the associations between words
and their meanings. In Brazil, the global method is the most broadcast in
universities and most used in classrooms. In addition, in the country, the
constructivist conception has exerted great influence on literacy practices.
However, national and international researches have questioned the effec
tiveness of the global method and constructivist conceptions, and revealed
the phonics as the most effective in literacy and, aside multisensory method,
in the intervention with children with reading and writing problems. Re
cently, some academic and government initiatives has revealed a possible
oncoming between educational practices and scientific evidence produced
by cognitive psychology. This ‘education-science’ confluence could greatly
benefit the country’s practices in elementary education.
317
Sebra AG & Dias NM
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