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Psicologia - FAESO

A Psicologia Social: como fazer?


Por que fazer?

Psicologia Social
Prof Felipe Pensando a epistemologia da
2020.2 Ciência...
Na última aula falamos...

Do andamento do semestre e o que


vamos estudar...
Resumindo…

Vamos nos debruçar sobre três grandes temas:

- Psicologia Social ou social da Psicologia?

- Saberes e práticas cotidianas: o que eu preciso saber sobre a


história do social?

- Bases conceituais e a produção do conhecimento na


contemporaneidade;
Coletivo ou individual:

O que é inato e o que é produzido no campo


da Psicologia Social?
Inato

- Características físicas, genéticas e instintos como a fome, a sede,


etc.

Em outras palavras, as respostas imediatas do corpo...


Produzido…

- Cultura, comportamentos, valores, ética, etc.


Neste sentido, se há uma ideia sobre o que nos
constitui “naturalmente”
s e o que se “produz”
socialmente quero retomar uma questão
importante para nossa discussão…
Se a Psicologia Social foi “pensada/ entendida” em
algum momento da sua história como um campo
próximo do experimentalismo, será que essa
dimensão interfereriu/interfere na construção do
pensamento moderno? Que efeitos isso produz para o
cotidiano?
Para avançarmos na discussão, vamos retomar a história…

Não podemos falar da Psicologia Social e do surgimento da


Psicologia como Ciência sem mencionar o papel de Wilhelm
Wundt (1832-1920) na construção da Psicologia, tendo em vista os
parâmetros de cientificidade da época e a sua perspectiva
experimental....
Podemos dizer que o autor se propôs a estudar os
fenômenos da cognição na individualidade das pessoas,
mas logo percebeu que isso era impossível de ser feito sem
considerar os aspectos sociais.
Diante disso...

Seria adequado afirmar que ele é um Psicólogo essencialmente


social por “descobrir” a relação – indivíduo e coletivo - e que
essa condição concebeu e concebe o pensamento da Psicologia
neste campo?
Ou melhor dizendo…

É possível afirmar que o social da Psicologia surge


neste momento?
Vamos as narrativas que compõem essa história contada…

Podemos falar que o principal objetivo de Wundt foi a construção de


uma psicologia independente. Em outras palavras, o projeto
Wundtiano pretendia tornar a Psicologia uma ciência que pudesse ser
reconhecida dentro dos “parâmetros” científicos “comprovados” e
aceitos socialmente.
E o que ele fez ?

Criou o Laboratório de Psicologia em 1879 em Leipzig, Alemanha. Sua


proposta para psicologia experimental da mente tinha como objeto de
estudo a experiência imediata da consciência, a partir do método
experimental-introspectivo
Em suma,

O que esta perspectiva experimental nos trouxe como uma questão


importante para o debate sobre Psicologia Social foi a possibilidade e a
necessidade de construir um fazer capaz de reconhecer a interação entre o
sujeito e a sociedade...
Portanto, o experimentalismo reafirmou a importância
da interação para o estudo dos indivíduos...

O que isso quer dizer?


Que a ideia do experimentalismo....

Privilegia temas como atitude, preconceito, comunicação, relações


grupais, liderança, sob a perspectiva Individual. O social entra como
parte das análises, mas não como condição fundante do processo de
constituição do sujeito.
A interação é pensada de forma isolada…

Isto é, são fatores independentes.

Perspectivas que naturalmente estão apenas “interagindo”. Cada processo deve


ser analisado de maneira individual...
Logo, a aproximação com o experimentalismo não é para dizer
que foi a partir dele que se produziu os saberes e as práticas no
campo da Psicologia Social...
Trata- se de problematizar...

A influência das técnicas de avaliação na construção de um


jeito de fazer ciência que olha para a sociedade na condição de
objeto.

Imparcialidade = cientificidade….SERÁ?
É preciso colocar em discussão a intenção
do uso destas técnicas….
Pois quando falamos, por exemplo, sobre o uso de
técnicas psicométricas, é preciso pensar a intenção
desta proposta para a sociedade. Ou seja, há neste
processo a busca por produzir ajustamento dos
indivíduos à sociedade e mudar seus “hábitos” e
comportamentos...
Mas ao acreditarmos que os comportamentos sociais
podem ser mudados com estímulos e respostas…

Corremos o risco de Responsabilizarmos o sujeito


individualmente pelas suas ações e negamos as condições
históricas, políticas e sociais da sua constituição. Negamos,
dentre outras coisas, as suas escolhas...
Resumindo…
Vamos percorrer um longo caminho na formação
discutindo como a naturalização do processo de
ajustamento de comportamentos produziu/produz
inúmeras questões para o trabalho de Psicólogas(os) e,
principalmente, para a Psicologia enquanto ciência e
profissão no Brasil...
Então, o que precisamos saber inicialmente a
respeito do coletivo e do individual no recorte
da Psicologia Social?
Reconhecer…

As Formas Psicológicas
e
As Formas Sociológicas
As Formas Psicológicas…

Estão preocupadas em reduzir o olhar sobre o coletivo e para o


social a leis individuais. O indivíduo é, sem dúvida, o centro de
tudo. Independente das relações que ele possa estabelecer, a sua
consciência organiza seu pensamento. Seu modo de agir.

E de que forma essa condição pode se materializar?


Elas podem se manifestar,

Por exemplo, nos grupos!

Isto é, nesta visão um grupo não será algo diferente do que um


conjunto de indivíduos que estão reunidos. O que fazem e como
fazem neste encontro se produz única e exclusivamente ao que cada
um pensa e faz individualmente....
As forma sociológicas....

Discutem o contexto sócio-histórico e cultural para a psicologia, ou


seja, que concepções de ser humano e psiquismo só podem ser
pensadas nesta relação. Isso quer dizer, que estas discussões
permitiram que a Psicologia avançasse no campo social e,
principalmente, enquanto Ciência e Profissão no Brasil.
Então, ao analisar estas condições podemos
pensar, dentre outras coisas, na distorção que a
“proposta mais adequada” de fazer ciência sob a
influência positivista produziu para a
historiografia da Psicologia Social ao redor do
mundo...
Diante disso, há que se pensar como positivismo influenciou e
influencia a forma de contar a história da psicologia e da
psicologia social, estabelecendo com a própria psicologia
reducionismos para a construção do conhecimento e deixando
transparecer questões ideológicas voltadas aos interesses que
produzem/ reproduzem, bem como naturalizam a forma como
nos organizamos socialmente.
Será então que a história
pode/poderia ser contada de
outras formas?
Algumas pistas…

Nosso modo de agir e pensar nos permite reconhecer o tempo em que


vivemos e as condições produzidas do nosso fazer e estar no mundo;

E…
Talvez seja preciso valorizar as discussões que nos levem à busca de
sentidos e significados...

A história linear dos fatos e a cronologia dos acontecimentos não


podem ser entendidas enquanto verdade. Estas condições se
produzem, por vezes, ao acaso dos interesses...
Para tanto, nos interessa…

Desabituar, desnaturalizar e descolonizar o


olhar...
E o que isso tem a ver com a Psicologia Social?

Se as condições de vida e da nossa organização social forem


entendidas como algo imutável...

Corremos o risco de não participar ativamente do processo de


construção de práticas e saberes voltados à transformação social...
Lembrando...

Podemos nos perguntar sobre a nossa atuação no campo da Psicologia


Social retomando quatro questões mais gerais..

Por que eu faço?


Com quem eu faço?
Que estratégias pretendo utilizar?
Que efeitos pretendo produzir com a minha prática?
Pois...
Sendo um revolução científica que ocorre numa
sociedade ela própria revolucionada pela ciência, o
paradigma a emergir dela não pode ser apenas um
paradigma científico (o paradigma de um conhecimento
prudente), tem de ser também uma paradigma social (o
paradigma de uma vida decente) ( SANTOS, 1988, p. 48).
E o nosso desafio é...

Sustentar as diferenças e construir o comum: como


fazer?

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