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Segundo Rubim (S/D), a consciência da identidade de um grupo diante de outros sempre esteve
presente na história dos povos do mundo. No desenvolvimento do mundo ocidental estas
diferenças foram construídas a partir das mais variadas respostas dadas pelos diferentes
momentos desta história. Na antiga Grécia eram chamados bárbaros a todos aqueles que não
fossem gregos. Na Idade Média o pagão não era considerado como “filho de Deus. Selvagens
foram como ficaram conhecidos nos séculos XVII e XVIII, o que o Evolucionismo do século
XIX transformou em primitivos e a modernidade chama de subdesenvolvidos ou emergentes.
A alteridade dos grupos humanos é uma atitude que relega à natureza todo aquele que é diferente
e a consequente constatação dessas diferenças foram alguns tipos de discriminação: social, racial,
económica, religiosa, cultural etc. A antropologia torna-se um marco fundamental nesta história
porque rompe com esta ideia. Mesmo antes do Iluminismo, a consciência da diferença entre os
povos já existia na prática através das guerras e conquistas no Velho Mundo, como por exemplo
os povos das Américas e entre os australianos (Rubim S/D: 2).
A autora considera que o Renascimento com a intensificação das rotas de comércio entre Europa,
Ásia e África, a alteridade foi acelerada que culminou com o colonialismo europeu, o marco da
formulação de respostas mais elaboradas que justificassem, tanto teoricamente estas diferenças
baseadas em preconceitos e descriminação, pois, as diferenças culturais foram uma alternativa ao
estudo do outro pelo interesse dos europeus em vantagem da sua sociedade (ibidem: 2).
Esta realidade contribuiu no século XIX para a formação da antropologia enquanto uma
disciplina autónoma que tomando a vida humana como objecto de estudo, rompe com as
especulações teológicas sobre o homem e com a ideia de uma ciência que exclui o que não é
físico e natural porque não pode ser objectivo. A descoberta do novo mundo privilegiou a
construção posterior de noções tais como a de unidade da espécie humana, cultura e relativismo
cultural entre outras. O conceito moderno de cultura, por exemplo, está ligado ao conceito de
relativismo cultural que por sua vez foi construído a partir de uma crítica a noção de
desenvolvimento unilinear da espécie humana. Entretanto, o que fundamenta a problemática da
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relatividade cultural, é uma discussão sobre o relativismo do conhecimento Ocidental e até
mesmo da própria ciência enquanto verdade absoluta (ibidem: 4).
A autora afirma que as ciências sociais o tema gira em torno dos limites e possibilidades de
cientificidade do que é humano e da problemática de um método específico para as suas
disciplinas. Émile Durkheim (1987) é um marco para as disciplinas que compõem as ciências
sociais quando afirma que devemos trabalhar os fatos sociais como coisas, ou seja, como
exteriores e independentes do sujeito cognoscente, propondo regras rigorosas e específicas ao
método propriamente sociológico. Na antropologia esta discussão aparece na literatura dos anos
50/60 com a chamada crise do objecto quando Lévi-Strauss (1962) faz um alerta sobre a
possibilidade do desaparecimento das sociedades tribais, o objecto de estudo antropológico.
Historicamente o objecto de estudo da sociologia foi o ocidente; o da antropologia o outro.
A problemática metodológica
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social é que o sujeito cognoscente e o objecto cognoscível são vicissitudes que se transformam
mutuamente (Rubim S7D: 13).
A relação sujeito-objecto
A questão da relatividade cultural que surgiu como resposta ao etnocentrismo colonial, possui
seus limites, que também devem ser pensados frente a natureza universal do homem e na história
dos encontros dos diferentes povos. Esta é uma questão da antropologia que deve ser melhor
discutida no campo da problemática moderna. O relativismo proposto pelo pensamento
antropológico é aquele que nos faz questionar as nossas próprias premissas como verdades
únicas e absolutas, entendendo que existem outras verdades. Acontecimento que se repete tanto
internamente ao nosso mundo como entre mundos diferentes.