Assessing “empowerment” as social development: goal and process.
Cristina Pinto Albuquerque, Clara Cruz Santos e Helena da Silva Neves
Almeida (2016) Algumas populações têm, de facto, escolhas limitadas disponíveis ou possibilidades limitadas para sequer considerar a possibilidade de escolha. A desigualdade em termos de poder para ter uma voz política e social eficaz e fazer escolhas que mudam a vida é influenciada por políticas, experiências de vida, capacidades pessoais e estruturas sociais- económicas de oportunidades. Na prática, a capacitação é considerada como o produto de uma dialética entre ação e a reflexão. Esta ação integra um caminho triplo: o desenvolvimento de uma consciência coletiva; desenvolvimento de uma consciência social e desenvolvimento de uma consciência política. (Freire, 1972) p. 2 O quadro analítico que propomos baseia-se, portanto, no pressuposto de que a capacitação está ligada à expansão da liberdade de escolha e de ação, tanto a nível individual como de grupo, e não pode ser dissociada, nomeadamente no domínio do trabalho social, de uma abordagem complexa ao desenvolvimento social e político. Nesta perspetiva, devemos considerar, na construção e avaliação da capacitação, não só estratégias e critérios individuais e subjetivos, mas também, orientações e indicadores políticos e económicos. O reconhecimento do assistente social como interveniente privilegiado na definição de prioridades e orientações para o desenvolvimento e na conexão entre diferentes níveis de intervenção exige um maior esforço em termos de tornar visível e avaliar o que se faz e quais os resultados alcançados. A construção de ferramentas para avaliar os resultados de capacitação e monitorizar os processos é um passo essencial para identificar, monitorizar e evocar as mudanças, individual ou coletivamente, num grupo ou comunidade, ou numa dimensão comparativa global/nacional/local. (p.3) Na intervenção do trabalho social, é essencial considerar a avaliação da capacitação numa perspetiva multidimensional, por exemplo, alguns indicadores gerais de manchete, bem como fatores mais específicos. A participação dos assistentes sociais, desde áreas de trabalho diferentes, bem como de outras profissões sociais, de agentes da sociedade civil e dos próprios clientes, é crucial na produção de ferramentas adequadas para avaliar os resultados da capacitação e monitorizar os seus processos. Os assistentes sociais dispõem, assim, de informações concretas sobre contextos, políticas, organizações e possibilidades. Este conhecimento concreto pode ajudá-los a definir prioridades no trabalho com os utilizadores de serviços e, ao mesmo tempo, fazer propostas fundamentadas para alterar contextos e políticas. (p.4) Incluído num paradigma sistémico de intervenção, a perspetiva ecológica moldou as interações necessárias e as interconexões entre a perspetiva de mudança social do indivíduo e do ambiente. Na sequência deste pressuposto e, em termos de intervenções específicas, as diversas dimensões e os vários níveis raramente são considerados de forma integrada e a avaliação do processo é frequentemente confundida com a avaliação dos resultados e vice-versa. (p.5) Assim, a adoção de uma lógica estratégica de planeamento é fundamental. A definição de metas ponderadas antecipadamente e a identificação ou construção de caminhos para os alcançar, seja através da promoção de capacidades de indivíduos, grupos e comunidades, quer através da utilização de dimensões híbridas para construir e/ou consolidar uma estrutura de oportunidades, parece ser o caminho para uma teoria de mudança empoderamento. Neste contexto, um trabalho social capaz de acompanhar as suas práticas, medir resultados quantitativos e qualitativos, organizar sinergias, desenvolver a pesquisa e divulgar os resultados destas avaliações será um trabalho social verdadeiramente progressista e estratégico. (p.12)