Resenha do capítulo Considerações sobre o Ecletismo na Europa de Luciano Patetta no livro Ecletismo na Arquitetura Brasileira.
PATETTA, Luciano. Considerações sobre o Ecletismo na Europa. In: FABRIS, Anna Teresa (org.). Ecletismo na arquitetura Brasileira. São Paulo: EDUSP, 1987, p. 08-27.
Resenha do capítulo Considerações sobre o Ecletismo na Europa de Luciano Patetta no livro Ecletismo na Arquitetura Brasileira.
PATETTA, Luciano. Considerações sobre o Ecletismo na Europa. In: FABRIS, Anna Teresa (org.). Ecletismo na arquitetura Brasileira. São Paulo: EDUSP, 1987, p. 08-27.
Resenha do capítulo Considerações sobre o Ecletismo na Europa de Luciano Patetta no livro Ecletismo na Arquitetura Brasileira.
PATETTA, Luciano. Considerações sobre o Ecletismo na Europa. In: FABRIS, Anna Teresa (org.). Ecletismo na arquitetura Brasileira. São Paulo: EDUSP, 1987, p. 08-27.
TÓPICOS ESPECIAIS EM HISTÓRIA DA ARQUITETURA, URBANISMO E
PAISAGISMO: HISTÓRIA, HISTORIOGRAFIA E CRÍTICA DA ARQUITETURA E URBANISMO MODERNO RAQUEL DE SANTANA LOPES
Resenha crítica do texto “Considerações sobre o Ecletismo na Europa” de Luciano
Patetta.
O autor introduz a narrativa colocando que a crise do urbanismo do
movimento moderno levou a uma revisão das críticas ao neoclassicismo e ecletismo e uma necessidade de rever o discurso historiográfico sobre as categorizações feitas sobre os mesmos. Isso influenciou diretamente na atenção dada à proteção do patrimônio histórico-cultural do séc XIX. Fruto dessa análise histórica e historiográfica, parte a interpretação do período da metade do século XVIII até a metade do XX como um “único longo período”, já que a visão se volta para as questões políticas, sociais, econômicas e culturais, e não apenas dos estilos em si, apesar de não ter sido um período homogêneo. Patetta traz no texto o conceito de estilo como uma linguagem coletiva e conjunto de formas que transcende a individualidade dos produtores (arquitetos, artistas e artesãos). Durante o século XIX o estilo era justamente o ecletismo, que deve à clientela burguesia a característica da busca por referências em estilos do passado, o apreço pelo progresso e pelo conforto que inclusive resultou em avanço nas instalações técnicas e serviços sanitários da casa. Entretanto, apesar de falar sobre a importância da indústria, o texto não fala sobre as questões sociais intrínsecas, isto é a pobreza e precariedade de vida das populações operárias. As bases do ecletismo foram principalmente a consolidação do poder burguês e a civilização industrial. Dentre as correntes do ecletismo destacam-se 3: a da composição estilística - são estilos praticamente imitativos de estilos do passado; a do historicismo tipológico; e a dos pastiches compositivos. As obras desse período tinham em comum algumas características como: o distanciamento para com o modelo original que se pretendia imitar; a paralisação da criatividade; a intolerância com relação a nudez estrutural; a imposição da mecanização sobre a produção artística. Além disto, a imposição das leis econômicas sobre o canteiro de obras é outra característica importante assinalada pelo autor, o que de certa forma fazia com que os arquitetos da época fossem menos valorizados que os engenheiros por pensarem que não poderiam alcançar o mesmo nível técnico-científico. A forma de entender as construções do passado influi diretamente na importância dada aos monumentos históricos presentes da Europa do século XIX e na forma como vão ser tratados. Duas concepções opostas de restauração aparecem: a do complemento estilístico e a da não interferência e pura conservação. Luciano Patetta dá enfoque para o estilo neogótico o qual tomou uma nova roupagem no século XIX principalmente pelo uso do ferro nos elementos estruturais do edifício, fazendo com que toda a obra ganhasse um visual distinto do estilo original. Isso não acontecia quando o estilo era o neoclássico, por exemplo, já que nele a estrutura não era algo à mostra nem valorizado, enquanto que no neogótico a forma arquitetônica podia ser essencialmente uma forma estrutural. Os novos materiais da era industrial permitiram a execução de vãos maiores com o uso de ferro e também de cimento armado. O texto cita algo interessante a respeito do foco de projeto, que antes era a fachada, mas que no ecletismo muda para a planta baixa. Isso inclui também o formato e disposição dos cômodos na planta, já que, como assinala Patetta, a cultura burguesa não pretendia sacrificar a funcionalidade e o conforto por causa de convenções formais, o que com certeza é algo revolucionário. A presença de maior quantidade de banheiros dentro de casa também é outra característica marcante. Começa a se tornar comum as fachadas assimétricas e com volumetria mais variada, prova de que neste século a fachada representa mais um produto da planta baixa, pensamento que perdura muito nos dias de hoje. Além disso, a decoração da casa passa a ser objeto de atenção e planejamento, de forma a criar um ambiente em que todos os elementos conversam. Voltando na crítica sobre a historiografia do ecletismo, Luciano Patetta comenta a falta de referência às transformações ocorridas no meio urbano enfatizando que a mesma cultura por trás da linguagem arquitetônica estava presente nos planos diretores e projetos urbanos das cidades. Com o aumento das ferrovias, veículos, serviços urbanos e habitantes, as cidades tinham que mudar o que ocorria através de intervenções sobre a cidade existente e através de construção de novos bairros. Neste ponto a análise crítica do autor com relação ao impacto da narrativa historiográfica sobre o tratamento dado aos monumentos históricos se torna mais compreensível e evidente, pois praticamente é capaz de direcionar a decisão sobre quais monumentos são mais ou menos importantes, enaltecendo uns (fazendo-o ser o ponto central de uma grande avenida, por exemplo) e destruindo outros para alargar ruas ou construir outros edifícios no lugar. O autor conclui o texto dizendo que na Europa da segunda metade do século XIX, período às vezes considerado como desprovido de um “estilo” próprio, ou com a coexistência de muitos estilos, a cidade alcançou, contraditoriamente, o ideal querido por antepassados de homogeneidade de estilo.