O documento resume as principais correntes do urbanismo moderno que surgiram após a Revolução Industrial, incluindo:
1) A corrente progressista defendia cidades ideais e racionais, demolindo a cidade antiga.
2) A corrente humanista valorizava a cidade antiga e a vivência comunitária.
3) A corrente naturalista defendia a relação com a natureza e resultou nos subúrbios americanos.
O documento resume as principais correntes do urbanismo moderno que surgiram após a Revolução Industrial, incluindo:
1) A corrente progressista defendia cidades ideais e racionais, demolindo a cidade antiga.
2) A corrente humanista valorizava a cidade antiga e a vivência comunitária.
3) A corrente naturalista defendia a relação com a natureza e resultou nos subúrbios americanos.
O documento resume as principais correntes do urbanismo moderno que surgiram após a Revolução Industrial, incluindo:
1) A corrente progressista defendia cidades ideais e racionais, demolindo a cidade antiga.
2) A corrente humanista valorizava a cidade antiga e a vivência comunitária.
3) A corrente naturalista defendia a relação com a natureza e resultou nos subúrbios americanos.
TÓPICOS ESPECIAIS EM TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA, URBANISMO
E PAISAGISMO: HISTÓRIA, HISTORIOGRAFIA E CRÍTICA DA ARQUITETURA E URBANISMO MODERNO RAQUEL DE SANTANA LOPES
Resenha crítica do texto “História do Urbanismo” de Jean-Louis Harouel.
Jean-Louis Harouel é um autor francês com formação em história do direito e
especialização em direito urbano. Nasceu em 1940 e escreveu o livro de que se refere esta resenha em 1990. A princípio, quando se fala em urbanismo, pode-se pensar que é algo que existe desde que há civilização urbana sobre a Terra. Porém é preciso entender que o termo de que o autor trata no texto é relacionado especificamente à ciência ou disciplina oriunda do século XIX, embora o uso do termo seja bastante ambíguo e utilizado para se referir a atuações distintas, mas entrelaçadas. Ou seja, a questões de desenho urbano, urbanismo e planejamento urbano. O urbanismo atual nasce a partir da Revolução Industrial do século XVIII, cujo berço foi a Inglaterra. A realidade a partir do advento da indústria é um verdadeiro caos urbano, já que as cidades não estavam preparadas para receber o grande contingente populacional que cada dia mais migrava das zonas rurais para a cidade, em busca de uma vida melhor e um salário. O resultado é uma paisagem urbana conturbada, surgem de cortiços e outros tipos de moradias com muitas pessoas vivendo por metro quadrado, em ambientes insalubres e desconfortáveis, trabalho infantil, diminuição da expectativa de vida da classe operária, além da grande poluição gerada pelas indústrias. Por esta razão, as pessoas que viveram nessa época e principalmente os intelectuais começam a crer que a cidade era algo ruim, um mal a ser superado, ou que pelo menos precisaria passar por transformações radicais. Diante disto, os pensadores e teóricos da época buscam soluções para intervir nas cidades de modo a sanar esses problemas e construir um ambiente urbano saudável, limpo e livre da “marginalidade” que havia crescido muito. As principais correntes de intervenção urbanísticas que surgem a partir dessa demanda são: os progressistas, os humanistas, os naturalistas. A corrente progressista baseia-se na definição de um modelo de cidade ideal, capaz de ser aplicada a qualquer grupo humano em qualquer lugar, considerando a existência de um homem ideal cujas necessidades são as mesmas independente da origem, cultura, individualidades, etc. Sendo, portanto, extremamente utópica e irreal. Alguns dos teóricos que iniciaram este pensamento foram Fourier, com a ideia de substituir a cidade pelo falanstério; Owen, cuja proposta é a fundação das cidades de harmonia e cooperação; e Godin, com a construção do familistério em Guise. Ambas de alguma forma incluem a ideia de habitação em conjunto com construção de grandes edifícios interligados que acomodassem mais de 1000 pessoas. Estas teorias também estão tomadas da preocupação com o bem estar humano (presença de luz natural, ventilação e espaços verdes), porém não estuda de fato as necessidades e interesses dos grupos que iriam habitar ali, já que, como foi dito, é voltado para um homem ideal (que não existe). Além disto, o modo de vida nessas “cidades” sugeridas, na maioria das vezes, pretende ser ditado e rigidamente controlado pelos seus criadores. No caso das construções voltadas para a habitação de operários essas regras eram ditadas pele empresa, visando o controle total sobre eles. O urbanismo progressista é obcecado pela modernidade e demonstra um desprezo pela cidade antiga, incluindo edifícios históricos oriundos dos tempos medievais, de forma que se permite apenas a preservação dos monumentos considerados mais importantes e o restante, principalmente moradias, é condenado à destruição para dar lugar a vias super largas e edifícios altos e imóveis coletivos. Nas propostas dos novos modelos de cidade há forte influência das ideias de Le Corbusier e é grande a preocupação com a higiene, os espaços amplos e as áreas verdes. Pode-se resumir o urbanismo progressista ao lema da abolição da rua e a vida nela (considerada fonte da sujeira, barulho, malandragem, crime, etc) e isso por que as construções previam que os espaços comuns e de circulação ocorressem dentro dos limites dos lotes. Além disso, ocorre um desmembramento urbano, com a definição de áreas de trabalho, moradia e lazer em zonas específicas da cidade. A corrente humanista, marcada principalmente pelo surgimento do movimento culturalista, diferente da progressista, traz um pensamento marcado pela carência cultural, a nostalgia da cidade antiga, o calor das ruas cheias de vida. Por isso Mumford propõe um sistema urbano que valoriza a vivência comunitária que é polinucleísta (múltiplos centros, criando pequenas aglomerações). Esse pensamento, partidário da continuidade do tecido urbano, tende a mostrar que a solução não é sobrepor a cidade nova à antiga, mas sim construir ao lado, subjacente. O movimento culturalista também procura estudar a história e tradição de construção de cidades para extrair diretrizes importantes para a construção das cidades modernas, considerando aquilo que deu certo nas cidades antigas. Dessa corrente sai o modelo de cidade de Howard: a cidade-jardim - cuja realização se deu em duas cidades vizinhas de Londres, sem ter, entretanto, a autonomia econômica prevista, transformando-se, portanto, em cidades-dormitório. Dentro dessa corrente surge também a contrapartida de que a cidade deve ser feita para homens reais, que tem necessidades e aspirações que precisam ser consideradas, e propõe uma multidisciplinaridade nos estudos (levando em conta a geografia, história, economia, sociologia e estética). Geddes, um dos pensadores urbanistas, rejeita qualquer tipo de modelo, pois diz que cada caso é particular. Nesse contexto, o urbanismo é visto como uma ciência de observação cujo objeto é a própria cidade. A corrente naturalista, cujo pensamento explica muito sobre as organizações urbanas presentes nos Estados Unidos até os dias de hoje, está ligada à ideia anti-urbana, valorizando uma relação maior com a natureza. Surgindo nesse país, essa corrente só funciona de fato ali, culminando na formação dos bairros suburbanos americanos, com suas habitações unifamiliares amplas e com espaços abertos, e pequenos centros urbanos isolados uns dos outros. O Wright foi o arquiteto responsável pela idealização desse modelo em que era imprescindível a posse de uma grande porção de terra para garantir a felicidade do indivíduo, contrastando com as correntes próprias da Europa nesse momento, onde era valorizado os edifícios gigantes para várias famílias habitarem juntas. Porém, dentre os três, o mais difundido mesmo é o urbanismo progressista, com grande repercussão no Brasil inclusive, principalmente através do arquiteto responsável pela construção de Brasília, Oscar Niemyer. O principal problema dessa corrente urbanística é que ela não considera muito as proporções dos edifícios, interiores e ambiente urbano com a escala humana e sensações do usuário. Prova disto são as ruas enormemente largas da nova Barcelona (bairros residenciais), nova Paris (praças e pontos de monumentos) e Brasília (como a praça dos três poderes por exemplo). A partir da segunda metade do século XX, começa-se a perceber os efeitos negativos das renovações urbanas que abandonam as ruas. O conceito de zoning passa a cair em desuso pois acarreta na delinquência, monotonia e insegurança das ruas dos bairros residenciais e por outro lado congestionamentos nos centros comerciais e empresariais. Dessa maneira volta-se a construir cidades com bairros com múltiplas funções, com residências, lojas, prédios comerciais próximos, devolvendo o dinamismo perdido às ruas. Apesar do interesse da maioria em reconstruir cidades antigas (a exemplo de Paris), promovendo destruição de verdadeiras relíquias históricas, houveram muitos movimentos e organizações no séc XIX em prol da preservação de monumentos históricos e da reabilitação da cidade antiga e de certa forma isso acaba sendo ouvido pelas autoridades e setores privados influentes, mas é no séc. XX que isso ocorre de maneira mais efetiva e regulamentada. Aos poucos, foi-se conquistando o respeito pela cidade como um todo, não mais um edifício, ou uma rua, ou paisagem, mais todo o tecido urbano.