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Introdução

Nesta labutação abordaremos sobre o Direito Romano que surgiu desde os


tempos mais remotos, e ele compreende não só a ordem jurídica que teve lugar ao longo
da história de Roma, mas também as ideias e experiências surgidas desde o momento da
fundação da cidade até a desagregação do Império após a morte de Justiniano. Direito
romano é o nome que se dá ao conjunto de princípios, preceitos e leis utilizados na
antiguidade pela sociedade de Roma e seus domínios.

A aplicação do Direito romano vai desde a fundação da cidade de Roma em 753


a.C. até a morte do imperador do Oriente Justiniano, em 565 da nossa era. Neste longo
período, o corpo jurídico romano constituiu-se em um dos mais importantes sistemas
jurídicos criados desde sempre, influenciando diversas culturas em tempos diferentes.

Assim define-se então o Direito Romano como sendo um conjunto de normas


que os romanos criaram para si como direito. Vigorando por mais de doze séculos, ou
seja, desde o édito do primeiro rei até a última constituição imperial.
O Direito Romano

Uma das suas principais características da expansão do Império Romano por


todo ocidente e parte do oriente é que não se limitou a uma simples conquista territorial,
houve um processo de colonização que impôs seus usos e costumes a todos os
habitantes do império.

Ulpiano, importante jurista romano, resumiu em três os conceitos pelos quais


devia ser regida a sociedade romana e consequentemente suas leis: Não prejudicar
ninguém, Viver honestamente e Dar a cada um aquilo que lhe corresponde.

Assim quando no direito romano se diz que não se deve prejudicar ninguém,
significa que as leis devem proteger as pessoas e os bens, estabelecendo mecanismos
suficientes para evitar possíveis danos.

Aquilo que diz respeito em viver honestamente se refere à importância do direito


romano como veículo de garantia de honestidade e bons costumes, estabelecendo as
sanções adequadas para todos aqueles que tiveram um comportamento contrário ao
“Honestae Vivere”.

O terceiro preceito de Ulpiano, parte da ideia de que tudo aquilo que se cumpre
conforme a lei corresponde a cada um. Ou seja, de outra forma, a intenção da justiça
não deve limitar-se apenas ao respeito das leis, mas também deve ser capaz de
estabelecer quais prerrogativas correspondem a cada membro da comunidade.

Advindo o direito civil brasileiro do direito Romano-Germânico em todas as


suas categorias jurídicas fundamentais, o estudo deste se faz imensamente útil,
principalmente no que toca sua evolução histórica. Estudar o direito romano é estudar a
criação das bases do direito, aplicadas a casos milenares de forma essencialmente
idêntica a como são aplicadas a casos modernos. Mesmos conceitos aparentemente
complexos, como a hipoteca e a fiança, encontram suas raízes nas normas romanas.

A constante evolução política, social e económica de Roma correspondeu a um


similar avanço no campo do direito, que precisava acompanhar os progressos da
civilização. Para melhor compreender esta evolução, costuma-se dividir a história do
direito romano, para fins didácticos, no período arcaico, da fundação de Roma até o
século II a.C.; o período clássico, até o século III d.C.; e o período pós-clássico, até o
século VI d.C. Destes três períodos, o clássico é sem dúvida o de maior importância,
evoluindo o que se construiu no arcaico e sendo consolidado no pós-clássico.

Período arcaico-fundação, século II a.C.

O direito do período arcaico se caracterizou por seu formalismo e primitividade.


Observavam-se principalmente as regras religiosas, a guerra e a punição dos delitos
mais graves, isto é, as funções então essenciais à sobrevivência do Estado.

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Com a sua gradual evolução rumo a uma maior autonomia do cidadão como
indivíduo, codificou-se o direito arcaico vigente nas XII Tábuas, em 450 a.C. Foi um
direito extremamente cruel, primitivo e religioso, com disposições como a de que “Se
alguém matar o pai ou a mãe, que se lhe envolva a cabeça e seja colocado em um saco
costurado e lançado ao rio.” No entanto, graças ao ferrenho tradicionalismo romano,
não se desconsiderou o direito arcaico mesmo na época de Justiniano.

Período clássico, século II a.C. a III d.C.

A transição para o período clássico vem da conquista romana de todo o


Mediterrâneo, no auge de sua história, exigindo assim inovações e aperfeiçoamentos do
direito, que encontraram alternativas à legislação formal.

Este aperfeiçoamento não ocorreu como o seria modernamente, pela sanção de


novas leis. A evolução clássica do direito romano se deu mormente por modificações
práticas, aplicadas pelos magistrados e jurisconsultos a casos concretos, de forma a
suprir as lacunas das normas vigentes ou mesmo contraria-las ou negá-las em todo.

Estes magistrados eram os pretores e juristas. Os pretores cuidavam da primeira


fase do processo entre particulares, verificando as alegações e fixando os limites da
contenda. Seu amplo poder de mando, denominado imperium, lhes dava discrição para
negar acções propostas ou admitir acções até então desconhecidas pelo ius civile. Suas
reformas e inovações pretendidas eram publicadas em éditos, ao início de seu mando de
um ano, e estes se sucediam num corpo estratificado e finalmente codificado por volta
de 130 d.C., sendo este direito pretoriano intitulado ius honorarium.

Numa analogia aos nossos tempos, pode-se comparar os éditos pretorianos às


súmulas de jurisprudência que complementam o direito positivo; mas eram mais
poderosos, dado que, mesmo sendo formalmente considerados diferentes do ius civile,
na prática eles o substituíram.

Instruindo o pretor os juristas sobre as particularidades da apreciação do caso,


estes adaptavam as regras às novas exigências, via uma interpretação jurisprudencial
similar à que encontramos nos tribunais de hoje, conquanto mais ampla. Aos juristas de
maior prestígio deram-se o nome, na época de Augusto, de jurisconsultos, cujo parecer
tinha força obrigatória, exceptuando quando conflituantes entre si. Seu método era
casuístico, averso a abstracções e generalizações, como é próprio a este período romano.

Com esta grande produção jurídica concreta por parte dos magistrados e
jurisconsultos, o direito romano viveu, no período clássico, sua época de maior génio
criativo.

Período pós-clássico , século III d.C. a VI d.C., de Justiniano

O terceiro e último período, pós-clássico, já encontram sua definição no nome:


se resume a uma codificação do legado jurídico clássico, sem grandes produções de

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cunho original além das constituições imperiais, acompanhando a decadência da
civilização em quase todos os sectores.

Embora aparentemente negativa, é desta decadência que surge a necessidade de


superar a natural aversão romana à codificação, não se empreendendo nenhuma entre as
do pós-clássico e as XII Tábuas, lá no período arcaico.

O esforço hercúleo de coleccionar todo o direito clássico vigente foi obra de


Justiniano. Sob suas ordens, produziram-se, com impressionante eficiência, o Digesto,
compilando três milhões de linhas redigidas por jurisconsultos clássicos; o Código, das
constituições imperiais; as Institutas, manual de direito para estudantes; e as Novellae,
do grande número de novas leis justinianeias.

Juntos, o Código, o Digesto, as Institutas e as Novellae formam o Corpus Iuris


Civilis, assim nomeados ao fim do século XVI d.C. Foi mérito dessa codificação de
Justiniano a preservação do direito romano para a posteridade.

Fontes do Direito Romano

O Direito como fenómeno reflector da cultura de uma determinada sociedade é


alicerçado nos valores que impregnam a alma de cada cidadão e nos fatos quotidianos
da existência do grupo para haver a formularização das normas que terão vigência
durante os períodos da história social, sejam elas positivas ou apenas transmitidas pelos
costumes do agrupamento.

Durante a existência da sociedade Romana, na Antiguidade e Parte da Idade


Média, seu Direito evoluía de acordo com sua organização de poderes e classes sociais,
a forma de governo e as sociedades que caíam sob seu domínio. Dessa variação de
factores sociais e políticos brotaram as fontes do "rio que irrigaria e daria sustento aos
modernos sistemas jurídicos vigentes" na Europa e todos os pontos do mundo que
sofreram sua influência nos últimos cincos séculos como colónias.

         As fontes do Direito podem ser os modos de conhecimento das instituições


vigentes em um determinado complexo jurídico em uma determinada época, tendo um
carácter mais informativo e histórico. Mas, podem ser as instituições de onde provêm a
jurisprudência e o sistema jurisprudencial, as bases de seus institutos, forma, conteúdo e
organização que os caracterizam e fazem vigorar.

A cidade de Roma teve como sistemas de governo a Realeza; a República e o


Império, que pode ser subdividido em Principado e Dominato. Durante os dois
primeiros sistemas o Direito teve grande participação popular em suas decisões, fossem
sentenças, estabelecimento de directrizes de governo ou elaboração de normas.

Durante o império a autoridade delegada ao chefe supremo lhe permitia de


"próprio punho" a elaboração das normas e parâmetros de governo, constituitiones
dando assim o costume e oratória, típicos das práticas jurídicas romanas, lugar à norma
que escrita procuraria a própria prevalência no espaço e no tempo.
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A principal fonte do Direito em Roma durante o período em que os reis eram
seus governantes maiores foi o costume dos antepassados, o mos maiorum.

As leis instituídas pelo soberano tinham carácter religioso e, eram elaboradas


não só por ele, mas também, pelos pontífices. Modernamente, a assertiva de Pompônio
de que os reis propunham aos comícios curiatos a votação de determinadas leis régias é
negada pois estas assembleias teriam realmente deliberação na apreciação de casos
concretos.

Pela afirmação de Pompônio haveria sido elaborado ao fim da Realeza em


trabalho de compilação das leis régias o chamado lus Papirianum, escrito por Sexto
Papirio. Na realidade, pelo comentário de Grânio Franco este trabalho haveria de ser
escrito, sim, no fim da República ou nos começos do Império, no Principado.

A constatação da existência da obra foi feita tendo a compilação o mesmo


objectivo citado, mas sua autoria não pode ser comprovada, pois Papírio seria
provavelmente, uma personalidade fictícia, pois Cícero, Tito Lívio e Varrão se referem
às leis régias e nunca aos lus Civile Papirium.

Durante o período republicano, com o Senado no topo da esfera de poder, o,


costume continuou como importante fonte jurídica, ao lado da Lex, do Plebiscitum e
dos Editos dos Magistrados (pretores).

O costume, como forma primordial e espontânea da formação do Direito, o


costume transpôs o período da Realeza chegando à República Romana. Era denominado
por consuetudo, mores e mores maiorum.

Consistia na interpretação dos fatos jurídicos estabelecidos pelas práticas


históricas da sociedade. Por seu carácter primordial, era impregnado pelas concepções
religiosas, seguindo a suposta vontade dos deuses.

Com o surgimento da lei escrita veio ele (costume) ser institucionalizado


passando a vigorar ao lado daquilo que seria editado pelos elaboradores da lex. A Lex,
com seu aparecimento surgiu no cenário jurídico a possibilidade do registo daquilo que
fosse Direito e pôde haver uma primeira distinção entre os conceitos de norma e práticas
usuais (costume). Seu sentido ao surgir é amplificado em relação à moderna acepção de
seu conceito, incluindo-se nele toda e qualquer norma escrita.

As fontes do direito romano foram (e são) utilizadas para pautar as acções do


Estado e de seus governantes. Àquela época já se pensava em estruturar o ordenamento
jurídico através de pilares, sendo as fontes do direito e seus princípios.

São exemplos de fontes do direito romano:

Costumes também conhecidos como mos maiorum, costumes dos ancestrais;

Lei e Plebiscito os quais eram aprovados por meio da manifestação popular, podendo se
manifestar os cidadãos romanos;
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Senatus-Consultos tratava-se de decisões tomadas pelo senado, direccionadas aos
magistrados, as quais deveriam ser convertidas em indirectamente em nova legislação
imperial;

Constituições Imperiais eram compostas pela interpretação legal do direito realizada


pelo imperador, o qual actuava como uma espécie de poder constituinte, pois criava
nova lei ou a actualizava;

Éditos de Magistrados eram divulgados ainda no início do mandato das autoridades,


uma espécie de promessa de eleitoral, o qual era cumprido durante o exercício de sua
magistratura;

Jurisprudência trata-se de inovações no direito, criadas através das decisões dos


magistrados. A jurisprudência é utilizada até hoje no mundo jurídico.

É importante destacarmos a importância e influência do direito romano na


formação jurídica que há no Brasil. Até hoje se debatem sobre vários princípios,
fundamentos, normas e a própria estrutura de alguns instrumentos jurídicos romanos
serem utilizados até hoje, em muitos países.

A partir do século XII, surgiram várias escolas do direito, as quais


proporcionaram a criação do que se chama de direito comum, por meio do uso e
aplicação prática de suas normas. Um exemplo de escolas do direito é a escola
Jusnaturalista, a qual foi base para o código da Prússia, por meio do qual foi criado o
código Francês e diversos outros ao redor do mundo, como o Alemão.

Um dos países que ainda há grande influência do direito romano é brasileiro,


pois o mesmo possuiu importante papel na aplicação prática do direito no país. Através
das Ordenações de Portugal o Direito Romano teve aplicações práticas no Brasil. Essas
Ordenações possuíram validade até que a instituição do Código Civil de 1916, sendo
este o primeiro conjunto de leis civis nacionais. Entre todos os códigos civis instituídos
no Brasil, destaca-se a grande influência do direito romano na elaboração da
constituição federal e diversos outros normativos jurídicos nacionais.

A importância do direito romano concentra-se no fantástico desenvolvimento e


refinamento atingidos principalmente no campo do direito civil. O que chamamos hoje
de direito romano representa um milénio de desenvolvimento do pensamento e dos
sistemas jurídicos, que atingiu o seu auge no direito clássico.

Algumas das soluções jurídicas romanas, especialmente de direito privado,


provaram-se atemporais, sendo adoptadas até hoje.

Desde o renascimento do direito romano na idade média, passando pelos


gozadores, comentadores, humanistas, pela Escola Histórica e pela pandectística, até os
dias actuais, como uma ciência histórica do direito romano, as antigas fontes romanas
sempre nos revelaram e revelam inesperados e fundamentais novos conhecimentos.

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O Direito Romano constituiu um corpo jurídico sem igual nos tempos antigos e
forneceu as bases do direito. As estradas romanas, perfeitamente pavimentadas, uniam
todas as províncias do império e continuaram a facilitar os deslocamentos por terra dos
povos que se radicaram nas antigas terras imperiais ao longo dos séculos, apesar de seu
estado de abandono.

Conservaram-se delas grandes trechos e seu traçado foi seguido, em linhas


gerais, por muitas das grandes vias modernas de comunicação. 

As obras públicas, tais como pontes, represas e aquedutos ainda causam


impressão pelo domínio da técnica e o poderio que revelam. Muitas cidades europeias
mostram ainda em seu conjunto urbano os vestígios das colónias romanas que foram no
passado. 

A arte Romana não foi original, mas Roma transmitiu os feitos dos artistas
gregos. Os poucos vestígios que sobreviveram da pintura romana mostram que as
tradições gregas continuavam vivas. 

O cristianismo se valeu do Império Romano para sua expansão e organização e


depois de vinte séculos de existência são evidentes as marcas por ele deixadas no
mundo romano. 

O latim se tornou universal e está na origem do espanhol, italiano, português,


francês, catalão e o romeno. Depois de quase dois mil anos, pode-se ainda falar de um
mundo latino de características bem diferenciadas.            

O estudo do direito romano se realizada por meio da sua evolução histórica,


demarcada em três períodos: arcaico, de direito religioso e primitivo; clássico, do génio
criativo dos pretores e jurisconsultos; e pós-clássico, das codificações de Justiniano.
Tem-se nestes o princípio, o desenvolvimento e a consolidação desta que é a base
jurídica de quase todo o Ocidente.

É de suma importância o conhecimento do Direito Romano nos dias actuais, haja


vista, a influência que exerce em nossas vidas. Percebe-se que o homem não nasceu
para viver só. E quando no seio da sociedade, para que houvesse um equilíbrio nas
interacções, se fez necessário o Direito.

O Direito que todos exercemos e é tutelado pelo Estado, tem origem no Direito
Romano que rompeu barreiras por mais de doze séculos até chegar aos nossos dias,
redesenhado a nossa realidade, entretanto vigora institutos dentre os quais o de compra e
venda, da liberdade, arrendamento de terras, empréstimo, depósito, comodato, penhor,
hipoteca, pátrio poder (poder familiar) , usucapião, divórcio, testamento, tutela, curatela,
adopção e outros.

O Ressurgimento do Direito Romano

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O direito romano é “descoberto” para estudo, na Itália quando o monge Irnério
que no século XII funda a escola dos Glossadores em Bolonha (Itália), com objetivo de
reorganizar as normas para poder aplica-las, utilizando manuscritos do Digesto.

A partir de então, os juristas começaram a estudar os antigos textos legais


romanos e a ensiná-los. Os estudiosos do Corpo de Direito Civil, chamados glosadores,
anotavam comentários entre as linhas dos livros (glosas interlineares) ou nas margens
(glosas marginais). O centro destes esforços era a cidade de Bolonha, cuja faculdade de
direito veio a se tornar uma das primeiras universidades da Europa.

Nos séculos XII e XIII, foi fundada a escola dos pós-glosadores que realizavam
comentários sobre o Corpos Iuris Civilis, fazendo com que o direito romano pudesse ser
utilizado como base para o direito moderno. O ius civile se desenvolveu para regular as
relações económicas entre os cidadãos romanos, desta forma são notáveis as
contribuições desse povo para o direito.

Os estudantes de direito romano em Bolonha (e, posteriormente, em muitos


outros lugares) descobriram que muitas regras de direito romano aplicavam-se melhor
às transacções económicas complexas do que as normas costumeiras então em voga na
Europa. Dessa forma, o direito romano, ou pelo menos algumas de suas regras, foi aos
poucos reintroduzido na prática jurídica, séculos após a queda do Império Romano do
Ocidente. Este processo era apoiado pelos reis e príncipes, que mantinham juristas como
conselheiros e funcionários da corte, e que buscavam beneficiar-se de regras como a
Princeps legibus solutus est ("o príncipe está desobrigado de todas as leis").

Conforme Wolkmer "O pleno renascimento da atividade jurisprudencial nos


séculos XIII e XIV apresentou como característica básica: a) unidade e ordenação das
diversas fontes do direito (direito romano-justianeu, direito canônico e direitos locais);
b) unidade do objecto da ciência jurídica (a jurisprudência romano-justianéia); c)
unidade quanto aos métodos científicos empregados pelos juristas; d) unidade quanto ao
ensino jurídico, comum por toda a Europa continental; e) e a difusão de uma literatura
especializada escrita em uma língua comum, o latim."

O Direito Romano na Época Contemporânia

Nos dias de hoje, o direito romano não é aplicado em nenhuma jurisdição, embora
os sistemas jurídicos de alguns países como a África do Sul e São Marinho, ainda sejam
baseados no antigo jus commune. Muitas regras derivadas do direito romano ainda se
aplicam às ordens jurídicas de diversos países, que o incorporaram de um modo mais
sistemático e expresso em suas línguas nacionais.

Por este motivo, o estudo do direito romano ainda é considerado indispensável à


correta compreensão dos sistemas jurídicos de hoje. Com frequência, o direito romano é
uma disciplina obrigatória para os estudantes de direito nos países que adotam o sistema
jurídico romano-germânico. O direito romano é uma legislação que não mais vigora.

A última nação na qual vigorou foi a Alemanha, até 1º de janeiro de 1900, sob o
título de Direito das Pandectas, parte principal da legislação alemã. Nesse dia, entrou
em vigor o código civil alemão. No entanto, o ensino do direito romano figura nos

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cursos de direito de algumas faculdades de muitos países civilizados, embora suas
legislações não apresentem pontos de semelhança com as leis romanas.

A razão desse fato consiste em que nenhuma outra legislação se equipara ao


direito romano, como instrumento de educação jurídica, pois ele é o mais adequado para
fazer compreender o fenómeno do direito e para formar hábitos de raciocínio,
necessários ao estudo de qualquer parte da ciência jurídica, o que se pode verificar de
várias maneiras.

O estudo do direito romano coloca, sob as nossas vistas o exemplar de um direito


que, em qualquer época em que se considere, representa uma perfeição relativa, pela sua
conveniência ou adaptação ao estado da sociedade.

Nos períodos mais remotos de sua vida, o direito romano corresponde a


condições sociais muito diferentes das actuais, e assim seu estudo ou contemplação
pode impressionar o nosso espírito, provocando aquelas actividades que pressupõe uma
afinidade maior ou menor, entre o passado e o presente.

Mas, se o considerarmos na sua maturidade ou pleno desenvolvimento, que inicia


com o fim da república, quando domina uma vasta, cada vez mais ampla e, com
Caracala, quase ilimitada extensão territorial, cheia daquela civilização que relaciona a
sociedade antiga com a actual, então, ele provoca necessariamente a nossa admiração e
se torna nosso mestre e fonte de inspiração.

Considerando em seu conjunto ele se apresenta como um direito que se adapta as


condições humana, sem renegar o ideal que pretende objectivar; cuida tanto da
liberdade como da disciplina das relações, e, portanto, do indivíduo e da sociedade.

Satisfaz a todos os interesses, dos menores aos maiores, aos morais e aos
materiais, na proporção de seus valores; submete a regra imposta, pelos casos comuns,
as exigências dos casos particulares, sem se tornar enfraquecido ou inseguro, para que
dá razão aos fortes, mas não deixa indefesos os fracos, onde a defesa possa tornar-se
útil; permanece firme sobre a sólida base de poucos institutos, apresentando
simplicidade, variedade e harmonia de estrutura e é inteiramente animado pelas
necessidades, pelos sentimentos e pelas ideias próprias dos homens dignos, sob todos os
aspectos.

     

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Conclusão

Portanto, depois de una análise podemos assim concluir que o direito romano
teve um papel fundamental, sendo determinante na hora de estabelecer as normas que
regiam as relações humanas daquela sociedade. O direito romano também teve grande
importância na hora de dar novos conceitos aos que anteriormente não existiam nestas
comunidades, apresentando autoridade e liberdade não como termos opostos, mas sim
como termos complementares.

Desta maneira, o estudo do direito romano foi decisivo para entender a evolução
da mentalidade europeia, proporcionando uma série de ferramentas que ainda hoje são
úteis para os juristas modernos. Ainda assim, em certas ocasiões, os actuais juristas se
baseiam nas fontes romanas e na sua metodologia a solução para alcançar uma perfeita
interpretação da norma vigente.          

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Referências Bibliográficas

ALTAVILA, Jayme. Origem dos direitos dos povos. São Paulo: Ícone, 1989.

BURKE, Peter. A escola dos Analles (1929-1989): Revolução Francesa na


historiografia. São Paulo: UNESP, 1991.

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MOURA, Paulo César Cursino de. Manual de Direito Romano. 1ª edição, Rio de


Janeiro, Forense, 1998.

PEIXOTO, José Carlos de Matos. Curso de Direito Romano. Tomo I, 3ª edição, Rio de


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