1
Este livro é dedicado à minha esposa,
Maria Tereza Belchior.
2
AGRADECIMENTOS
1
Tradução de Gama Kury.
5
Sumário
PREFÁCIO ................................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 12
6
PREFÁCIO
2
Professor Adjunto do Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto.
7
ou por fazer um governo elevado não foi compreendido pelos mais pobres em seus
objetivos de melhoria da situação geral da população através de uma política
macroeconômica robusta? Inversamente, Lula fez um bom governo, atendendo às
demandas da população mais pobre ou ele (e Dilma do primeiro mandato) foram
governantes demagogos, que gastaram as reservas criadas pelo governo anterior com
políticas de alcance curto? Muitas centenas de milhares de reais são gastos para
produzir pesquisas quantitativas e qualitativas com o objetivo de compreender o que faz
as pessoas pensarem o que é um bom governo e o que pode levá-las a mudar de opinião
para pensar que um bom governo se tornou mau e vice-versa. Não faltam documentos e
medidas, mas pouco se sabe ainda sobre como muda o humor da população em relação
a um governo e, especialmente, como se constrói uma memória (ou recall) dessa
avaliação positiva ou negativa. Podemos considerar os governos de Sarney e Collor
como maus governos porque acabaram mal? Sarney não foi eleito presidente, saiu como
“mau governante”, mas seguiu sua carreira sendo eleito sucessivamente para o Senado,
onde exerceu a presidência e teve enorme influência em todos os governos que se
seguiram ao seu “mau governo”. Collor foi eleito com uma boa margem, mas depois
que foi derrubado foi tomado (quase) consensualmente como mau governante, sendo até
mesmo raro encontrar alguém que assumisse ter votado nele. Após um período de
relativo ostracionismo, Collor alcançou uma vaga no Senado e figurou em atividades de
Estado na condição de ex-presidente, ao lado de Sarney, FHC e Lula. Fernando
Henrique, apesar da avaliação negativa que acumulou e que foi fundamental para que as
três eleições seguintes fossem vencidas por seus adversários, seguiu atuando na cena
política e sendo respeitado pelos grupos de oposição. Do mesmo modo Lula, muito bem
avaliado, seguiu sem mandato, como FHC, mas sendo nome influente no campo
governista. FHC foi mal avaliado e se manteve influente com um setor político; Lula foi
bem avaliado e seguiu esse caminho pelo grupo rival. Ser bem ou mal avaliado não
interfere, pelo que se vê, no fato do governante manter a sua influência na esfera pública
ou não. Pode ser que essa influência seja mais delimitada (a um campo oposicionista
minoritário, no caso de FHC, ou institucional-parlamentar, no caso de Sarney – ou em
menor medida, Collor).
O desempenho da economia se mostra um importante preditor para a
popularidade dos presidentes. Eventos específicos (como escândalos de corrupção ou
declarações especialmente infelizes dos governantes) também geram frequentemente
8
efeitos nas avaliações de governos. Mudanças em tempos posteriores podem afetar a
avaliação de governos já encerrados. Esse é o caso claro que temos com a queda de
popularidade de Dilma levando a uma reavaliação do governo de Lula. Mas não se trata
de exemplo único a ser percebido pelas pesquisas de opinião modernas. Outro caso
muito claro desse fenômeno foi a derrocada de Maluf como força eleitoral majoritária
após seu sucessor Celso Pitta ter colecionado impressionantes índices de rejeição. No
entanto, como se repete muitas vezes, a economia pode ir mal e isso não atinge a
popularidade do governante, podendo inclusive estimular uma postura mais
conservadora da população e aprovação do governo como uma opção pela “segurança”
da continuidade. Do mesmo modo, escândalos por vezes atingem os governos e por
outras vezes em nada interferem na avaliação do governo; como ficou muito claro ao
longo desses 13 anos de governos petistas sempre marcados por escândalos
amplificados ao máximo pela imprensa. A verdade é que os analistas políticos
contemporâneos, com todo seu arsenal de informação (e orçamentos generosos para
gerar mais e mais informação) tem tanta capacidade para efetivamente prever o que
afetará a popularidade dos governos quanto os sismólogos para prever terremotos: ou
seja, quase nenhuma. Os analistas descrevem mais os movimentos já percebidos para
cima ou para baixo na popularidade, associando-os com eventos específicos, do que são
capazes de antecipar como esses movimentos ocorrerão em razão de algum episódio
novo. No caso brasileiro, com sua democracia muito recente, partidos pouco
consolidados e uma vida político-institucional muito frágil, esse fenômeno da
arbitrariedade do que sejam bons e maus governos na opinião da população e, ainda
mais, na interpretação dos analistas se torna bastante particular e notável.
Se é correto se pensar que o historiador coloca questões para o passado a partir
de sua própria realidade – e me parece que esse é uma axioma que pode ser adotado
com tranquilidade –, seria de esperar que um brasileiro que se dedicasse a estudar esse
tema para a Antiguidade estaria muito atento a aspectos e dinâmicas bem originais com
relação àqueles que caracterizam a larga historiografia já estabelecida para o tema,
proveniente sobretudo de países com democracias consolidadas, sistemas partidários
robustos e onde, portanto, a dinâmica de constituição de opinião acerca do que sejam
bons e maus governos e a elaboração de uma memória sobre essa avaliação a partir de
eventos novos é totalmente diferente daquela que se observa no Brasil, que poderia ser
resumida pela excepcional existência do onipresente e “onigovernista” PMDB.
9
A contribuição que esse livro traz para a reflexão sobre o mundo antigo não se
liga a esse cenário contemporâneo em que cresceu o jovem autor de forma direta ou
proposital. Mas ficará claro pela leitura das páginas que se seguem que a busca de
caminhos alternativos àqueles já estabelecidos para se pensar o governo de Nero
decorrem de uma forma diversa e inovadora de ver o mundo antigo. Essa forma nova,
que se afasta de avaliar o imperador Nero como distante dos preceitos do mos maiorum
(que estão longe de ser claros e inequívocos) e, por essa razão, enfrentando a oposição
senatorial, não se dá fortuitamente, contudo. Certamente está influenciada pelo contexto
em que o autor vive – e que exige uma visão mais complexa do que seja um bom ou um
mau governante. Outro aspecto que marca a obra com relação a seu contexto de
produção é que ela surgiu de um grupo de pesquisa: o Laboratório de Estudos sobre o
Império Romano, da Universidade Federal de Ouro Preto (LEIR-UFOP). Nesse grupo,
outros pesquisadores também se interessam por esse problema, garantindo ao autor um
diálogo intenso com esses mesmos pesquisadores e também com aqueles estudiosos do
Brasil e do exterior que visitavam esse centro de pesquisa ao qual esteve vinculado para
apresentar resultados de suas pesquisas e debater aquilo que estava sendo produzido
localmente. Assim, esse estudo não é apenas o resultado da leitura de determinada
bibliografia, mas também de um diálogo efetivo com ela. Isso permite que o livro trate
não apenas dos estudos que estavam já feitos e publicados, mas também daqueles que
estavam ainda em progresso, sendo pensados e discutidos antes de ganharem a forma de
publicação de seus resultados finais.
Entre o presente em que esse livro foi produzido e o passado que ele estuda, as
diferenças são enormes e bastante evidentes. Sendo assim, o desafio que o historiador se
coloca não é o da aplicação da ciência política contemporânea para refletir sobre a
avaliação do governo de Nero, mas sobretudo o estudo de um instrumento importante
para construir essa imagem de bom ou mau governo de Nero em um momento
determinado: a retórica. O estudo se concentra na construção dessa imagem do
governante por parte de um autor excelente, Tácito. Trata-se, junto com Suetônio, do
autor que mais influenciou as visões que foram se constituindo acerca de Nero ao longo
de muitos séculos. Tácito, contudo, não escreveu na mesma época do governo de Nero,
mas bastante depois, passadas dezenas de anos e com uma guerra civil e uma dinastia de
imperadores separando o tempo da escrita e o tempo de governo de Nero. É na
confluência de tradições que chegaram até Tácito desde a época de Nero (e anteriores
10
também, que lhe davam sentido) e aquelas que se constituíram a partir da obra de Tácito
e sua época (incluindo o Nero “anti-Cristo”, o pop star do cinema e também aquele que
batizou a loja de material hidráulico no interior do Brasil, que menciona Ygor Klain
Belchior nas primeiras páginas de seu livro...) que se pode pensar esse livro. Ele reflete
sobre tradições construídas em diferentes temporalidades e em diálogo que produzem
muitos bons e maus governos de Nero que se misturam e se recombinam. Ao fazer isso,
não só estuda Nero, mas o reinventa e propõe que nós leitores também o façamos.
Sendo assim, boa leitura e prepare-se para fazer o seu bom ou mau Nero. Ele não está
pronto. Pelo contrário, o bom ou mau governo de Nero segue sendo feito e desfeito a
cada vez que refletimos sobre ele e construímos e compartilhamos novas referências a
partir dele... como a loja de material hidráulico ou um software para “queimar” CDs
ou... esse livro.
11
INTRODUÇÃO
Certa vez, quando este autor andava pelas ruas de sua cidade natal, ele se
deparou com um estabelecimento que fornecia peças para manutenção hidráulica e que
chamou muito a atenção por estar diretamente relacionado com esta pesquisa. O
estabelecimento em si aqui é irrelevante, construção em forma de barracão, enorme
amostragem de canos, e era em si uma loja convencional, daquelas que um senhor muito
simpático sempre atende, usando as mesmas roupas e o mesmo bigode. Na verdade,
esse jeito encanador italiano - um estereótipo construído aqui retoricamente-, pode se
tornar cada vez mais interessante ao informarmos ao leitor que o real motivo do
interesse nessa loja era quanto ao seu nome: ela se chamava “Nero”. E, para um jovem
estudante, que estava se debruçando sobre a vida desse personagem, e ávido em
responder ser Nero era bom ou mau Imperador, essa ambiguidade atingiu o maior nível
dos possíveis e realizáveis exageros retóricos pessoais. Pois chegava a ser cômico
pensar que alguém, conhecido por ser autor de um dos maiores e mais famoso incêndios
da história da humanidade, e também herdeiro de um estereótipo construído retórica e
historicamente - possa hoje dar nome a instrumentos de manuseio de água. Afinal, era
uma loja de hidráulica! Nero queima de alegria com a lembrança.
Na verdade, e fora o tom de humor, essa história inicial tem a função de
demonstrar algo que é muito comum ao pesquisador que se debruça sobre a vida de
Nero: tudo sobre ele é sempre muito ambíguo. Mesmo quando adotamos o estereótipo
dominante quanto ao seu comportamento e sua insanidade. Para adiantar esse
raciocínio, é possível afirmar que Nero, na historiografia e na biografia clássicas, fontes
que alimentam o legado que temos sobre ele, foi construído retoricamente como uma
3
Tradução de Agostinho da Silva.
4
Tradução de Ingeborg Baren.
12
persona, um personagem, que sempre foi trabalhado dentro de diversas ambiguidades.
Afinal, era assim que os escritores antigos trabalhavam, ou seja, era importante que se
atentasse para a construção de personagens e de suas atitudes, como um mau Imperador.
Isso mesmo se fazendo uma obra do gênero historia e visando a imparcialidade. E,
como tal, como um gênero discursivo, essas narrativas respondiam a um conjunto de
“normas” de composição, dentro de seus determinados gêneros literários, que é possível
não só extrair e interpretá-las como exercícios, mas também relacionar as atitudes do
Imperador personagem com uma perspectiva histórica e científica sobre suas políticas
enquanto governante.
Sendo assim, ao olharmos para Nero e seu governo, sempre será possível
tecer não só interpretações diversas, como também critérios de julgamentos positivos ou
negativos sobre as mais diversas ações deste Imperador. Por fim, sabemos muito bem
que mesmo nos dias de hoje, com todas as ações governamentais sempre sendo expostas
e colocadas à crítica pela mídia, e com debates muito embasados em pautas reais e
comprováveis, é impossível tecermos apenas um critério de julgamento sobre qualquer
um deles. O que estamos tentando dizer é: se determinado governo é bom, ele pode ser
bom em determinadas coisas e em outras, não. Não pode? Aliás, quando lidamos com
política, é necessário pensar que os interesses são distintos para classes ou grupos
distintos. Ou seja, ao olharmos para os mais diversos critérios de julgamento que podem
ser usados para analisar um governante, se ele for um mau, será possível afirmar que ele
pode carregar essa alcunha por ser um mau gestor financeiro, mas ótimo em outros
quesitos, como o social. E o mesmo vale para a quantidade inumerável de relações que
podemos fazer para avaliar um governo, até mesmo no plano moral. Bill Clinton que o
diga.
Deste modo, uma política que atenda uma elite, como os Senadores (patres),
poderia muito bem ser nociva para a plebe e para o próprio Estado, já que teria que arcar
com a alimentação de mais pessoas que passariam a viver na cidade. Ou, pensando nos
irmãos Graco, uma política de distribuição de terras poderia vir a ferir os interesses dos
latifundiários ou dos grupos que tinham no colonato a sua maior fonte de mão-de-obra.
E o mesmo vale para o governante do Principado. Conhecido por nós apenas como
Imperador, o princeps nunca foi de fato um Rei ou um monarca constitucional, mesmo
concentrando muitos poderes e distinções sociais. Vale dizer também que Roma,
durante o período do alto Império (31 a.C – 69 d. C), nunca foi reconhecidamente, ao
13
menos pelos seus escritores e políticos mais célebres, uma forma de governo regida por
uma constituição monárquica: ela ainda era chamada de respublica. E, mesmo com a
posição do princeps (o primeiro entre os iguais) muitas vezes sendo o centro das ações e
monopolizando a política, ainda era necessário que este governante tivesse o apoio do
Senado e dos mais diversos grupos que habitavam o Império, como os Equestres, os
Plebeus e todas as populações estrangeiras. E, em todos os casos, os interesses que
motivavam as críticas, muitas vezes traduzidas em grupos formais de oposição,
inclusive militar, são evidências de que um consenso entre todos os grupos era
impossível, mesmo sob a tutela de um ótimo Imperador, como Augusto.
Constatamos então que é muito difícil avaliar um governo sobre as mais
diversas óticas. Todavia, ainda é preciso dizer que esta dificuldade se torna
especialmente rara quando lidamos com governos muito antigos, onde os critérios de
julgamentos e os interesses dos grupos eram muito distintos daqueles que temos hoje
enquanto sociedade capitalista (consumista), ocidental (cristã), democrática (no
discurso) e multicultural (pós-moderna). Enfim, mesmo embora a humanidade tenha
mudado muito desde os dias de Nero, deste raciocínio é possível extrair algumas
questões que serão essenciais para um tratamento mais cético quanto à imagem que
temos sobre o Imperador Nero e do seu governo. Pois, ele, como sabemos, é para a
história da humanidade um louco afeminado, teatral e um tirano. Uma imagem, ou
estereótipo, muito bem consolidado. Assim, para um historiador, que no caso é o autor
deste livro, cabe dizer que um olhar mais crítico sobre esse governo, no intuito de
colocá-lo dentro de uma perspectiva histórica e contextual do Principado, se faz
necessária para que o outro lado também seja visto e revisitado. Porém, cabe aqui
também dizer que este livro não é endereçado a defesa deste Imperador e interessado
apenas em ser um best-seller pela polêmica. Não, não é o intuito aqui o de defender
Nero, e nem o de responder a todas as acusações feitas sobre ele.
Pelo contrário, este trabalho acadêmico será traçado como um estudo de
História e com o objetivo de entender o governo deste Imperador historicamente e
criticamente, mesmo sendo guiados por uma pergunta até certo ponto infantil e que dá
título a este texto. Para tanto, o processo de confecção empregado perpassou pela
análise e crítica das fontes que serviram como base para a construção de uma memória
sobre Nero e de suas atitudes como governante. E, neste processo, foi possível apontar a
então ambiguidade que perpassa a barreira da simples loja de hidráulica e começa a ser
14
colocada como evidência histórica. Um exemplo disso, são as duas passagens que foram
expostas como epígrafes desta introdução e que alertam para o fato de que sim, é
possível tecer diversas interpretações sobre o seu governo, mesmo tendo apenas dois
referenciais, como a qualidade de “bom” ou de “mau” governo.
De tal modo, ainda neste espaço, convém dizer que a concepção deste livro
surgiu fruto de uma pesquisa de Mestrado em História pela Universidade Federal de
Ouro Preto, sob a orientação do Professor Dr. Fábio Faversani, e é o resultado de
inúmeras reflexões que este autor teve desde sua primeira bolsa de iniciação científica
na área, em 2007 até o ano de 2012. Estas reflexões, portanto, acarretaram no depósito
da dissertação intitulada “Tácito e o Principado de Nero”, uma pesquisa que mudou
muito ao longo de seu processo de confecção, e que está exposta aqui em quase sua
totalidade, com exceção da ordenação dos capítulos e seu eixo central, que foram
modificados não só pelas necessidades de um livro. Além disso, cabe dizer que as
críticas feitas pela banca que aprovou este trabalho, composta pelos Professores Dr.
Norberto Luiz Guarinello (USP) e Dr. Fábio Duarte Joly (UFOP), foram incrementadas
neste livro e representam em si o amadurecimento de uma ideia que tentava responder
muitas perguntas sem o devido eixo central em sua análise.5 A possibilidade, portanto,
representa uma nova análise daquilo que foi pensado anteriormente enquanto trabalho e
até mesmo enquanto compreensão do mundo antigo, em especial, o governo de Nero.
Outro ponto importante que cabe destacar é que esse tipo de reflexão e
discussão sobre o caráter e os critérios de julgamento de determinados governos se
tornou mais importante com o passar dos anos e com os atuais acontecimentos políticos
no Brasil, após as jornadas de Julho de 2013 e 2014, além daquelas que levaram a
direita brasileira às ruas em Março e Abril de 2015. O que é possível observar disso
tudo, pelo menos no plano que interessa a esse livro, é que os critérios de julgamento
dos determinados governos podem ser facilmente alterados e manipulados para servirem
a oposição ou a defesa do governo, desgastando ao máximo as pessoas que discutem
dia-a-dia sob os mais determinados aspectos. Além disso, é possível apontar que o ato
de fazer política e construir uma imagem como governo e como governante são atos
pensados e patrocinados por partidos e a mídia que concordam que não é possível fazê-
5
Cabe menção especial para os membros da banca de qualificação deste trabalho: o Prof. Dr. Gilvan
Ventura da Silva (UFES) e Carlos Augusto Machado (Unifesp).
15
lo usando os mesmos parâmetros, políticas e linguagem que atendam as necessidades de
toda uma população e dos seus inúmeros representantes políticos.
É claro que vivemos em uma democracia e que nossa sociedade é bem
diferente da romana durante o governo de Nero. Deste modo, é preciso partir do
princípio que uma sociedade como a nossa não é parâmetro para compreendermos
totalmente a outra, afinal elas são muito diferentes e inseridas em contextos históricos e
ideológicos muito diferentes entre elas. Ou seja, esses novos acontecimentos no Brasil
claramente influenciaram na reformulação de ideias e de hipóteses pesquisadas e que
podem revelar aspectos ainda não pensados para o mundo antigo, mas que para serem
descobertos e estudados, devem primeiramente atender as necessidades deste mundo
estudado. Sendo assim, ainda nesta introdução é preciso reformular a pergunta inicial
deste livro, não a alterando completamente, mas completando esta indagação com uma
delimitação muito específica: Nero era um bom ou mau Imperador para Tácito?
Afinal, a História enquanto ciência é feita através de fontes. E, em uma
pesquisa de Mestrado, a limitação pelo tempo é enfática em destacar que um recorte
bem específico deve ser realizado. Sendo assim, o recorte específico deste trabalho irá
se resumir a análise sistemática de duas obras do historiador Públio Cornélio Tácito, os
Anais e as Histórias, tendo como o principal objetivo responder a questão inicial já
exposta. A hipótese principal deste livro, portanto, será a de que é possível responder a
essa pergunta de uma maneira afirmativa e também negativa. Ou seja, Nero, de uma
maneira geral, é representado por Tácito como um mau governante, mas também possui
os seus momentos de bom governo. Por quê? Seria por causa de políticas
governamentais, econômicas, sociais ou um julgamento pessoal de Tácito? Esses
acontecimentos narrados podem representar uma “verdade” sobre como o seu governo
deve ser visto e julgado? Ou seria apenas mais um governo dentro de um plano maior,
ou seja, dentro de um contexto histórico de mudanças profundas em Roma e que apenas
são refletidos no caráter dos governantes?
A tese aqui é que sim. Pelo menos para a última pergunta feita no parágrafo
anterior. Afinal, é preciso pensar o governo de Nero dentro de contextos maiores, como
o Principado e as transformações decorrentes desta nova estrutura de poder. Porém,
também é preciso indagar quanto à própria pessoa e as obras de Tácito. Este, por fim,
também um personagem desta história e que é muito importante para compreendermos
quem era Nero. Assim, também cabe apontar que esse tipo de reflexão leva a proposição
16
de outros objetivos, os secundários, que serão focados no estudo do Principado,
enquanto forma de governo e de sociedade, no estudo sobre o governo de Nero e dos
seus principais eventos, no estudo das obras de Tácito e de sua composição, como o
sistema retórico, e, por fim, na compreensão do modelo de análise empregado por este
historiador em suas obras e na própria organização deste material.
Para tanto, a divisão deste livro será feita em quatro capítulos distintos e que
irão contemplar todas essas discussões e objetivos propostos, sendo, por fim,
acompanhados de uma conclusão que será marcada pela então resposta a pergunta
principal que se encontra em nosso título. O primeiro capítulo, intitulado “Nero”, irá
tratar especificamente da vida deste Imperador, tendo como ênfase as leituras modernas
que foram realizadas trazendo ele como foco. Desta maneira, o capítulo irá contemplar a
discussão de produções historiográficas recentes, através de um diálogo com produções
de outros gêneros ou mídias, como as produções cinematográficas e musicais, mas
sempre mantendo contato com o subsídio fornecido pelas fontes do período para que
todas essas visões sejam sustentadas ou até mesmo relevadas. Nesse sentido, um
diálogo entre todas as fontes que temos sobre esse Imperador será imprescindível para
apontarmos as ambiguidades que temos a respeito de Nero, e também para pontuarmos
os principais acontecimentos e personagens de seu governo. Ao final deste capítulo,
nossa narrativa se concentrará na discussão sobre as fontes que temos sobre este
Imperador, tais como Suetônio, Dião Cássio e Sêneca, e o que podemos extrair de
subsídio sobre esse contexto literário e o próprio personagem Nero para fundamentar a
nossa análise das obras de Tácito.
O Capítulo 2, intitulado “Tácito e a sua historiografia”, terá como objetivo o de
delimitar o debate anterior dentro das obras taciteanas, em especial as duas escolhidas
para a realização deste trabalho. A saber novamente, os Anais e as Historias. Nesta
etapa, o leitor encontrará um estudo sobre a biografia do historiador latino, seguida de
uma apresentação de todas as suas obras e de uma discussão sobre a organização deste
material, seu conteúdo e também a forma pela qual foi composto. Ou seja, nesta etapa
será imprescindível também apresentar qual era o sistema de pensamento e de escrita de
uma obra do gênero historia e o que significava para um político, tal como tácito, o ato
de compor tal discurso e de legar tal versão sobre os fatos passados. Para tanto, este
capítulo será finalizado com uma discussão sobre a retórica e como as leituras
modernas, sobre a natureza do fazer história, ou historiografia, podem auxiliar na
17
compreensão de uma nova forma de se ler os acontecimentos do Principado neroniano e
também a forma pela qual o caráter dos governantes antigos era construído.
Já, o Capítulo 3, intitulado “O Principado e a Ordem Imperial”, será dedicado
ao estudo do contexto histórico em que o governo de Nero está inserido: o Principado.
Esta etapa será composta de observações acerca da ordenação social e política durante
os primeiros cem anos do Principado romano através de um debate, tão caro a
historiografia do mundo antigo, e que consiste em sua partida desde os primitivistas,
passando pelos modernistas, pela Escola de Cambridge, e a sua visão da atuação do
Imperador como principal patrono do Império, até a visão mais recente, defendida pelo
Professor Alloys Winterling, que retoma a noção de diarquia, tal como proposta por
Mommsen no século XIX. Essas visões serão colocadas em debate através de um
diálogo com as obras de Tácito junto a um eixo de análise que consistirá na formulação
daquilo que chamamos de “Ordem Imperial”. Afinal, havia uma “ordem” no Principado
e esta “ordem” nem sempre advinha do consenso universal entre as pessoas, mas através
de um jogo político que pode ser extraído de uma perspectiva histórica. Desta forma,
passaremos para a última etapa deste capítulo que será a de compreender como esta
“Ordem Imperial” pode ser usada para entendermos os inúmeros conflitos descritos por
Tácito ao longo de toda a sua narrativa sobre esse período específico. É aqui que a
“ordem” e a “(des)ordem” política entrarão em cena enquanto um modelo para se ver o
passado.
Por fim, o Capítulo 4, intitulado “Retórica, Política e Sociedade em Tácito”,
terá como principal objetivo o de reunir as reflexões anteriores dentro de um mesmo
modelo de análise. Desta maneira, ao analisarmos um historiador, que vivenciou este
período e que buscou atribuir um sentido para praticamente um século de história,
através do relato em duas obras do gênero historia, será possível indagar neste último
capítulo, a respeito do modelo de análise que o historiador latino emprega para
descrever os acontecimentos da dinastia Júlio-Claudia, sempre mantendo o foco nos
conflitos internos e nas conspirações. Além disso, como o desencadeamento dos
conflitos civis, originados com a queda de Nero, em 68 e 69, e o consequente interesse
de Tácito neste período de quatro Imperadores e a entrada de uma elite de novi homines
no centro da política Imperial (interpretação de Sir. Ronald Syme), temos um prato
cheio para analisarmos o que levou a queda deste Imperador, mas também a formação
de muitos grupos de oposição e de apoio ao seu governo. Para tanto, será imprescindível
18
trabalhar com os temas relacionados à historiografia antiga, como a retórica e oratória,
no intuito de analisar como os contextos históricos ao qual Nero governou e aquele que
Tácito escreveu, podem ser entendidos dentro da proposta historiográfica que vai
remeter à noção de que os conflitos internos ao Principado podem ter uma função muito
maior do que a de descrever ou apresentar bons ou maus Imperadores.
Por fim, o livro terminará com a sua “Conclusão final” onde serão retomadas
as reflexões realizadas anteriormente, só que no intuito específico de responder a nossa
então pergunta inicial de uma maneira que seja possível não só afirmar, mas também
justificar tal afirmação. Como já foi dito, esta pergunta inicial já pode ser prontamente
respondida, mas nesse processo de organização do raciocínio para sua resposta, exposto
aqui em nossos quatro longos capítulos, nossa conclusão mostrará que o fato de ser
impossível precisar uma só alternativa pode ser imensamente revelador para a
compreensão de aspectos importantes do Principado de Nero para além da sua própria
conduta individual como Imperador. Afinal, ele também está inserido em um processo
histórico que é bem distinto daquilo que foi construído retoricamente sobre ele ou
aquilo que realmente representou o seu comportamento. As relações políticas e sociais,
neste caso, são muito mais complexas do que o caráter e a conduta do próprio
governante.
Ao final deste livro, na parte de anexos, o leitor encontrará uma extensa lista de
nomes de todas as personagens que aparecem na obra Anais. Estes nomes serão
acompanhados de uma pequena descrição contendo elementos biográficos e políticos,
também extraídos da obra Anais e da historiografia que lidou com esses personagens e
que se encontra na parte destinada para bibliografia estudada. Ao lado destes breves
verbetes, será possível também encontrar as respectivas passagens onde aparecem na
narrativa. Esse instrumento possibilitará uma compreensão mais geral da obra em
questão e também servirá como guia para que os leitores possam também investigar
outras aparições dos personagens desta narrativa em outros governos ou em outras
tramas. Principalmente, quando o leitor for estudar nosso terceiro capítulo. Além disso,
a leitura deste material, quando somada à conclusão da leitura deste livro, permitirá ao
leitor uma compreensão mais aguda dos acontecimentos que marcaram as disputas
políticas estudadas. Isso facilitará na noção de que não devemos apenas olhar para um
critério de julgamento apenas de Nero, mas para o Principado como composto de
diversos conflitos que poderiam alterar a “ordem” vigente.
19
Além disso, cabe destacar que, como este trabalho lida com a análise de um
autor antigo que produziu em latim, foi possível optar pela tradução de algumas
passagens que se encontram indicadas em notas de rodapé, mas também foi
imprescindível manter as reflexões sempre em diálogo com diversas edições das obras
de Tácito e também de traduções de pesquisadores brasileiros, dentre eles as ótimas
traduções feitas pelo Professor Dr. Fábio Duarte Joly. Desta maneira, optamos por
conservar também, no corpo da citação, as passagens originais em latim ao lado da
citação destacada, isso no intuito de também permitir a um leitor mais especializado a
sua própria tradução da obra. Assim, para este livro foram lidas as edições publicadas na
internet pela Latin Library (http://thelatinlibrary.com), as traduções para o inglês,
realizadas por A.J Woodman (Anais) e por Kenneth Wellesley (Histórias), além dos
livros taciteanos que foram editados pela Les Belles Lettres. Somado a essas versões em
língua estrangeira das obras historiográficas de Tácito, ainda foi possível consultar na
Biblioteca de Obras Raras da Universidade Federal de Ouro Preto a primeira tradução
para o português dos Anais, realizada por José Liberato Freire de Carvalho, e que foi
reeditada pela coleção “Clássicos Jackson” (Vol. XXV), no ano de 1952.
Ainda antes de terminarmos com essa introdução, convém dizer que as todas as
fontes históricas aqui citadas serão assim indicadas através da forma autor, obra, livro e
versículo. Os nomes das obras serão colocados em português, ao contrário do que
formalmente é exigido, mas com o objetivo de conservar o título da obra na mesma
língua que esta aparecerá no corpo do texto. Este é um livro para futuros estudantes da
área e que precisarão de leituras em Português. Da mesma forma, optamos por
conservar os nomes das pessoas que aparecerão em nossa análise e em nossa tabela
também nesta língua, excetuando-se alguns casos onde a forma latina também é
indicada. E, para finalizar, convém ainda dizer que neste livro não empregaremos
referenciais temporais, tais como a. C e d. C, pois todas as datas são depois da era cristã.
Caso haja alguma exceção, esta será indicada ao lado dos numerais correspondentes.
Como disse certa vez Cervantes, a nosso “desocupado leitor” uma boa leitura!
20
CAPÍTULO 1 - NERO
O que dizer sobre o Imperador Nero? Essa é uma questão que vamos responder
nesse livro e a destacamos como ponto inicial deste primeiro capítulo por julgarmos que
ela cada vez mais se coloca como uma reflexão importantíssima para lidar com esse
polêmico Imperador. Afinal, não fica difícil de imaginarmos que existiam certos tipos
de limites para qualquer governante, mesmo dentro de suas mais íntimas loucuras,
quando este administrava um Império tal como era o Império romano composto das
suas tão conhecidas conspirações. Ou seja, era preciso, mesmo para um governante
despótico, trabalhar dentro de determinados “constrangimentos” políticos e sociais para
manter o apoio de grupos que justificavam a sua posição enquanto tal. Aliás, como já é
possível propor, esses limites eram dados dentro de contextos históricos aos quais esses
governantes governavam, atendendo expectativas de grupos importantes ao governo e
também dos setores mais subalternos, mas que também possuíam certa importância na
estabilidade de um governo. E isso vale (ou valeu) também até para um Imperador que
muito se assemelha a uma mulher histérica e mimada. Nero, mesmo louco, governou
Roma por 14 anos!
Sobre a biografia de Nero, podemos dizer basicamente que Lúcio Domício
Ahenobarbo, o futuro Nero, nasceu em 15 de dezembro 37, em Âncio, perto de Roma.
Ele era o único filho de Cneu Domício Ahenobarbo e Agripina minor, irmã do
Imperador Calígula e filha de Germânico, um general muito importante durante o
governo de Tibério. Sobre o seu governo, podemos afirmar que Nero ascende ao poder
em 54, aos dezesseis anos de idade, e governa até o ano de 68, quando foi deposto e
obrigado a se suicidar. Ao longo de sua vida de aproximadamente 31 anos, promoveu
mudanças urbanísticas e arquitetônicas muito profundas na Cidade de Roma, participou
6
"Em nossos livros de história todos nós aprendemos que Nero tocava cordas enquanto Roma queimava.
Não é que apenas como uma mulher? Não é que apenas como uma mulher? Não é que apenas como uma
mulher? Eles vão fazer isso o tempo todo". Trecho da música lançada em 1946, intitulada “Ain't That Just
Like a Woman (They'll Do It Every Time)” de autoria de Louis Jordan, Claude Demetrius e Fleecie
Moore.
21
de inúmeras competições artísticas, como canto e poesias, fomentou a cultura grega,
participando também de olimpíadas, promoveu uma importante campanha militar contra
os Partos, no Oriente. O Imperador também participou ativamente de importantes
conflitos que tiveram lugar em seu governo, como o assassinato de sua mãe, de seu
irmão e dos Senadores que estavam envolvidos na conspiração que tentou derrubá-lo em
65, mas que teve os seus membros condenados e a posição do Imperador fortalecida.
Nero somente caiu após uma rebelião militar em uma província muito rica em ouro.
Todavia, para não alargarmos mais essa discussão, já que não é nosso intuito
fazer uma biografia desse Imperador, e nem o de adentrarmos em um debate específico
e sem destino sobre os “bons ou maus anos de Nero”, nos limitaremos apenas ao que já
foi exposto. Sendo assim, a partir desse ponto, é nosso intuito o de apontar para o fato
de que existem argumentos que sustentam a noção de que Nero era um Imperador louco
e tirano, mas ainda é possível atentar para partes que o seu governo foi bom e que a
crítica para sua atitude, mesmo sendo ela um assassinato, acaba sendo entendido como
um ato de salvação da respublica. Sendo assim, uma pergunta essencial deve ser feita:
por que as produções sobre esse polêmico Imperador não entraram em um consenso
sobre um possível “verdadeiro” Nero? Seria preciso olhar para o passado em busca de
uma versão mais verdadeira sobre aquilo que ele fez ou representou enquanto
governante? Afinal, o que dizem as fontes contemporâneas sobre esse Imperador? E,
por último, quem foi Nero?
Nunc in tres partes omnem hanc materiam “De momento, dividirei toda esta matéria em três
dividam. Prima erit manumissionis; secunda, quae partes. A primeira tratará da grande humanidade
naturam clementiae habitumque demonstret: nam de Nero. A segunda demonstrará a natureza e
cum sint vitia quaedam virtutes imitantia, non apresentação da clemência, pois, como existem
possunt secerni, nisi signa, quibus dinoscantur, certos defeitos que parecem virtudes, não se pode
impresseris; tertio loco quaeremus, quomodo ad separá-los a não ser que lhes demarquem os sinais
hanc virtutem perducatur animus, quomodo com os quais se diferenciam. Em terceiro lugar,
confirmet eam et usu suam faciat. investigaremos como a alma é levada em virtude
da clemência, como a consolida e a faz sua pelo
uso” (Sêneca. Tratado sobre a Clemência. III, 1).
11
10
FAVERSANI, 2000.
11
Tradução de Ingeborg Braren [grifos nossos].
24
com a figura do “bom Imperador” no intuito também de verificar se a influência de
Sêneca e os preceitos aqui defendidos em forma de tratado formam seguidos por Nero.
Pois, segundo o autor, os anos iniciais do governo deste Imperador deveriam ter sido
regidos, sobremaneira, pelo chamado “ideal senatorial”. Para Faversani, Um dos
elementos centrais desse ideal é o pressuposto de que o Imperador devia ser um
princeps, ou seja, o primeiro entre os senadores, o melhor entre iguais. O Imperador
deste modo deveria agir com os senadores como um amigo, consultando-os para decidir
e buscando sua aprovação para o que fosse decidido. Outro ponto central que aparece
sempre no “ideal senatorial” é o pressuposto de que o Imperador deve respeitar as
prerrogativas do Senado, especialmente aquelas judiciais. Parecia intolerável a ideia de
um Imperador condenar senadores à morte sem um julgamento, sem pronunciamento do
Senado.
No entanto, apesar da defesa desse “ideal senatorial”, tal como exposto por
Faversani, o autor é muito enfático em dizer que a obra quem questão, o De Clementia,
desenha o Imperador como algo muito além do que apenas alguém que está ali para ter
uma convivência tranquila e amistosa com os principais grupos que compunham a
respublica. Ou seja, segundo Faversani, Sêneca trata o governante como o elemento que
dá coerência à massa humana discordante que habita o Império, algo mais que humano.
Para ele, o Imperador dentre todos os mortais deve ser um eleito para desempenhar o
papel dos Deuses aqui na terra. Um bom Imperador, assim, produzirá um bom povo:
ic haec immensa multitudo unius animae “Essa imensa multidão, reunida em torno de um só
circumdata illius spiritu regitur, illius ratione ser vivente, governada pelo seu espírito, dobrada
flectitur pressura se ac fractura viribus suis, nisi pela sua razão, será oprimida e despedaçada pelas
consilio sustineretur. suas próprias forças se não for sustentada pela
sabedoria” (Sêneca. Tratado sobre a Clemência.
III, 5).12
Mas o que faz com que um Imperador possa ser todos e por todos? O que lhe
dá esse caráter sobre-humano? A resposta é teocrática. Aos olhos de Sêneca, o
Imperador, por ser um quase deus, conta com o favor dos deuses. É aos deuses que o
Príncipe deve tentar se igualar, ele é o arbítrio de vida e de morte do populus. É graças a
essa similaridade com os deuses que ele é Imperador, ele é superior e tem poder sobre
todas as coisas, é o reconhecimento e o favor divino.13 Assim, o que se vê é que o
12
Tradução de Ingeborg Braren.
13
FAVERSANI, 2000.
25
Imperador ideal de Sêneca é aquele que se funde com o povo, incorpora a respublica em
si e, mostrando-se à altura dos deuses, deles recebe seu favor. Um Imperador povo-
Estado-deus. Algo muito distante do “ideal senatorial”. O Imperador de Sêneca é “o
homem cuja cólera não encontra nenhuma oposição” (Sêneca. Tratado sobre a
Clemência. III, 3, 4) já “que tem poder sobre todas as coisas” (Sêneca. Tratado sobre a
Clemência. III, 3, 6). O que deveria conter o Imperador seria sua própria “clemência”,
como indica o título do tratado senequiano. O Imperador sendo representado com um
caráter divino estaria acima das leis do Senado. Ele não governaria conformo os
princípios de Augusto, nem para o povo. É a clemência que conserva os príncipes no
poder, é ela que afirma a auctoritas do Imperador, é o meio mais sólido de preservação
dos poderes Imperiais.
E este escrito foi para Nero e teve ele como imagem. De outra forma, isto foi
escrito por um dos tutores deste Imperador e que reconhecidamente possuía uma forte
influência sobre ele. Então por que é que seu Principado se tornou tão abominável e
efêmero? Onde estaria a diferença entre o Nero tirano e o rei, já que ambos possuem a
mesma aparência? Seria, o simples fato de que “os tiranos são cruéis por prazer e os reis
somente por motivos de necessidade”? (Sêneca. Tratado sobre a Clemência. XXVI, 1)
ou “a clemência [como] prova a profunda diferença entre um rei e um tirano, embora
nenhum dos dois esteja menos equipado em armas do que o outro” (Sêneca. Tratado
sobre a Clemência. XXVI, 1). Qual seria então a verdadeira imagem de Nero?
Outro bom exemplo de nossa preocupação em buscar a exaustão o subsídio
histórico para os critérios de julgamento do governo de Nero está contido no final da
narrativa da biografia deste Imperador, escrita por Suetônio. Sobre o biógrafo, é
possível afirmar que não dispomos de dados precisos sobre a data (69 ou 72) e o local
de nascimento (Roma, Óstia ou Hipona) de Caio Suetônio Tranquilo. De qualquer
forma, podemos constatar que sua família pertencia à ordem equestre e que foi educado
em Roma. Na capital do Império, entrou no círculo de amizades do Senador Plínio, o
Jovem, que o considerava um scholasticus.14 Durante sua vida, também teve contato
com o historiador Tácito e com o historiador Fábio Rústico, entre outros políticos
reconhecidos como grandes escritores. Sob o governo do Imperador Trajano, Suetônio
foi diretor das bibliotecas Imperiais e no governo de Adriano foi nomeado seu ab
14
JOLY, 2005, p. 111.
26
epistulus, ou seja, o secretário de correspondências do Imperador. Cargo que ocupou até
122. Sua morte se deu por volta de 126.
A obra que nos importa é a Vida dos doze Césares (De Vita Caesarum), que
corresponde a uma coletânea de biografias que vai de Júlio César, que não foi
Imperador, até o governo de Dominicano. A biografia de Nero, a que nos interessa
especificamente, com certeza é uma obra muito especial não só pela qualidade das
informações nela contidas, mas também pela sua própria organização. E ela se torna
mais interessante ao dizermos que a vida de Nero foi claramente dividida em duas
partes que correspondem a “momentos” do governo e do caráter individual do
Imperador que são muito úteis para nossa reflexão. Em suma, as duas divisões são as
seguintes: uma primeira que engloba as características de seu governo consideradas
como positivas, e uma segunda parte que enfatiza os traços negativos do Imperador. 15
Veremos o que Suetônio e sua ambivalência comportamental de Nero têm a nos dizer.
Dentro dessa divisão entre aspectos positivos e negativos do Principado de
Nero, podemos a expor quatro etapas fundamentais para a compreensão do nosso
argumento de que Suetônio faz essa divisão: o nascimento e primeiros anos de
juventude; a política externa – etapas que se situam na parte em que Suetônio descreve
o lado positivo de Nero. De outra forma, as atividades artísticas de Nero; a sublevação
das províncias; e a queda deste Imperador - inclusos na parte em que o autor descreve os
aspectos negativos do governo. Na primeira divisão do governo de Nero, Suetônio faz
referência ao “bom governo” realizado pelo princeps. Segundo ele, Nero ao ser
aclamado Imperador prometeu a distribuição de riquezas ao povo e uma gratificação aos
soldados, e assim o fez:
Atque ut certiorem adhuc indolem ostenderet, ex “Na ânsia de dar uma ideia mais nítida do seu
Augusti praescripto imperaturum se professus, caráter, após haver declarado ‘que reinaria de
neque liberalitatis neque clementiae, ne comitatis acordo com os princípios de Augusto’, não perdeu
quidem ex hibendae ullam occasionem omisit. nenhuma ocasião de demonstrar a sua liberalidade
Graviora vectigalia aut abolevit aut minuit. (liberalitas), sua clemência (clementia) e até
Praemia delatorum Papiae legis ad quartas mesmo sua amabilidade (comitas). Aboliu ou
redegit. Divisis populo viritim quadringenis diminuiu os impostos mais pesados. Reduziu a um
nummis senatorum nobilissimo cuique, sed a re quarto os prêmios concedidos aos delatores pela lei
familiari destituto annua salaria et quibusdam Pápia. Depois de ter distribuído ao povo
quingena constituit item praetorianis cohortibus quatrocentos sestércios por cabeça, estabeleceu
frumentum menstruum gratuitum. Et cum de para os senadores mais nobres, porém sem
supplicio cuiusdam capite damnati ut ex more fortunas, um ordenado anual que montava, para
subscriberet admoneretur: "quam vellem, " inquit, alguns, até cem mil sestércios. E, da mesma forma,
"nescire litteras". Omnes ordines subinde ac às cortes pretorianas, uma ração de trigo anual
15
Sigo o esquema de divisão da biografia de Nero que é feito por Fábio Duarte Joly. Cf. Idem, p. 112.
27
memoriter salutavit. Agenti senatui gracias gratuita. Certo dia em que o convidaram a assinar
respondit: "Cum meruero". Ad campestres uma condenação capital, disse: “Queria não saber
exercitationes suas admisit et plebem escrever!”. Saudou todos os membros das duas
declamavitque saepius publicae; recitavit et ordens correntemente e de memória. Ao senado
carmina, non modo domi sed et in theatrum, tanta que lhe endereçava ações de graça, respondeu:
universorum laetitia, ut ob recitationem “Quando eu as tiver merecido”. Admitiu o povo
supplicatio decreta sit eaque pars carminum nos exercícios no Campo de Marte. Ofereceu
aureis litteris Iovi Capitolino dicata. numerosíssimos espetáculos de todos os gêneros.
Jogos da juventude, jogos do circo, jogos cênicos,
combates de gladiadores” (Suetônio. Vida de Nero.
X).16
Nero aparece aqui sob uma forte luz favorável por ter exercido suas obrigações
com os grupos que constituíam a respublica: o povo, os soldados e o Senado. Além
disso, atuou como se esperava de um pater patriae cuidando de casos que foram
declarados por Suetônio como de extrema importância para Roma. Como pode ser
percebido, o biógrafo enfatiza a enumeração das virtudes Imperiais que Nero adotou:
liberalitas, clementia e comitas (princípios de Augusto). A aplicação da liberalitas, por
exemplo, fica clara no governo de Nero tal como é narrado por Suetônio. Segundo o
biógrafo, o Imperador ouvia com atenção todas as partes do debate, obedecia e
respeitava a instituição do Consulado. Além deste ponto, também é possível destacar a
clementia do Imperador para com a população de Roma, já que é mencionado que ele
cedia inúmeros favores, como dinheiro, construções públicas e jogos de suma
magnificência. Ou seja, nas palavras de Norberto Guarinello e Fábio Duarte Joly, Nero
soube se portar bem nesses primeiros momentos de seu governo, atuando “através de
um jogo político, do qual diversos grupos sociais participavam de deferentes maneiras
por meio de éticas políticas desejáveis mais ou menos sistematizadas e específicas”.17
Outra questão importante no trato com a plebe são os espetáculos fornecidos
por Nero em Roma e o valor destes na interação do Imperador com a aristocracia e a
plebe:
Spectaculorum plurima et varia genera edidit: “Ofereceu muitos espetáculos de todos os gêneros.
iuvenales, circenses, scaenicos ludos, gladiatorium Juvenales, jogos de circo, jogos cênicos, combates
munus. Iuvenalibus senes quoque consulares de gladiadores. Nas Juvenales tolerou, mesmo, a
anusque matronas recepit ad lusum. Circensibus participação dos velhos consulares e das velhas
loca equiti secreta a ceteris tribuit commisitque matronas. Nos jogos do circo concedeu aos
etiam camelorum quadrigas. Ludis, quos pro cavaleiros lugares separados dos demais e fez
aeternitate imperii susceptos appellari "maximos" parecer aí de quadrigas atreladas a camelos. Nos
voluit, ex utroque ordine et sexu plerique ludicras jogos organizados pela eternidade do Império e aos
partes sustinuerunt; notissimus eques R. elephanto quais desejou se chamassem ‘Jogos Máximos’, os
16
Tradução de Fábio Duarte Joly.
17
GUARINELLO & JOLY, 2001, Pp. 133-152.
28
supersidens per catadromum decucurrit; papéis foram desempenhados pela maior parte dos
personagens das duas ordens e dos dois sexos. Um
cavaleiro romano, conhecidíssimo, montado num
elefante, desceu, correndo, numa corda esticada”
(Suetônio. Vida de Nero. XI). 18
18
Tradução de Fábio Duarte Joly.
19
Idem, p.118.
29
teatro. Esse ato inclusive é marcado em sua narrativa quando descreve a volta do
Imperador Nero do exterior como uma paródia militar:
Reversus e Graecia Neapolim, quod in ea primum “De volta da Grécia, entrou em Nápoles, onde
artem protulerat, albis equis introiit disiecta estreara como artista, num carro tirado por
parte muri, ut mos hieronicarum est; simili modo cavalos brancos, passando por uma brecha aberta
Antium, inde Albanum, inde Romam; sed et na muralha, segundo o uso dos vencedores nos
Romam eo curru, quo Augustus olim jogos sagrados. A mesmíssima coisa fez em
triumphaverat, et in veste purpurea distinctaque Âncio, mais tarde em Alba, finalmente em Roma;
stellis aureis chlamyde coronamque capite gerens aqui, porém, entrou no carro que servira outrora
Olympiacam, dextra manu Pythiam, praeeunte aos triunfos de Augusto, vestido dum manto de
pompa ceterarumcum titulis, ubi et quos púrpura, com uma clâmide respingada de estrelas
cantionum quove fabularum argumento vicisset; de ouro, à testa a coroa olímpica e a pítica na mão
sequentibus currum ovantium ritu plausoribus, direita, enquanto as outras coroas eram carregadas
Augustianos militesque se triumphi eius pomposamente diante dele, com inscrições que
clamitantibus. indicavam o lugar, o nome dos seus concorrentes,
o assunto dos cânticos e das peças em que saíra
vencedor. Claquiatas seguiam o carro, como nas
ovações, aos gritos de que eram eles os
augustanos e os soldados de seu triunfo”
(Suetônio. Vida de Nero. XXV).20
20
Tradução de Fábio Duarte Joly.
21
JOLY, 2004, p. 122.
30
Burrus (em 62) – “Ao invés de remédio para doença na garganta que prometera ao
prefeito Burro, enviou-lhe peçonha” (Suetônio. Vida de Nero. XXXV). Daí por diante
matou sem escolha nem medida, sob o qualquer pretexto, quantos lhe davam gana. Nero
não poupou nem ao mesmo o povo de Roma. Em 64 ateou fogo na cidade: “incendiou a
cidade tão patentemente que a maior parte dos consulares não ousaram tocar escravos
cubiculares, surpreendidos em suas casa com estopas e tochas” (Suetônio. Vida de Nero.
XXXVIII).
Essas ações fizeram Nero perder o apoio do senatus populusque romanus, a
liberalitas, que deveria ser uma prática, como forma de manutenção do poder
(auctoritas) do Imperador e de uma salvaguarda da prática da libertas, passou a ser
desconsiderada por ele. Suas ações, daí por diante, caminham para um fim. O povo já
não se agrada com o Principado, pessoas de seu íntimo planejam más ações contra sua
pessoa e maus presságios aparecem. O fim de Nero, narrado por Suetônio, é introduzido
com a seguinte frase: “O universo, depois de ter suportado tal príncipe por pouco menos
de catorze anos, acabou por abandoná-lo” (Suetônio. Vida de Nero. XLVII). Reverteu-
se, portanto, o quadro inicial da biografia de Nero quando o Imperador fora retratado
como a favor de todos, ou seja, um governo de um Imperador só e legítimo que
contemplava outros grupos sociais, sobretudo o Senado, mas a plebe e o exército.
Agora, como retrata esse último fragmento de sua biografia, Nero aparece contra o
Senado, o povo, o exército e as províncias.
Como se vê, as atitudes de Nero são muitas e também podem ser interpretadas
de maneira distintas entre os autores até então citados. O caso de Suetônio, em
específico, nos é mais sintomático por pontuar elementos que podem nos direcionar a
um modelo de entendimento sobre aquilo que são “boas” ou “más” atitudes esperadas
de um Imperador. Porém, apesar disso, ainda é preciso dizer que, mesmo com esses
critérios bem divididos, ainda é possível que convivamos com a ambiguidade até então
defendida e que não foi sanada. E isso pode ser percebido através da leitura dos
versículos finais da biografia escrita por Suetônio:
Obiit tricensimo et secundo aetatis Anno, die quo Morreu no trigésimo segundo ano de sua vida,
quondam Octaviam interemerat, tantumque no mesmo dia do aniversário da morte de
gaudium publice praebuit, ut plebs pilleata tota Otávia, e tal foi a alegria pública, que a plebe se
urbe discurreret. Et tamen nori defuerunt qui per regozijou ostentando o gorro da liberdade por
longum tempus vernis aestivisque floribus tumulum toda a cidade. No entanto, por um longo período
eius ornarent ac modo imagines praetextatas in de tempo, houve quem decorasse seu túmulo
rostris proferrent, modo edicta quasi viventis et com flores da primavera e do verão, e nos rostra
31
brevi magno inimicorun malo reversuri. Quin etiam colocaram suas imagens vestindo pretexta, ou
Vologaesus Parthorum rex missis ad senatum seus editos, como se ele ainda estivesse vivo e
legatis de instauranda societate hoc etiam magno retornando para derrotar seus inimigos maus.
opere oravit, ut Neronis memoria coleretur. Também, Vologeso, rei dos partos, quando
Denique cum post viginti Annos adulescente me enviado ao senado para renovar a sua aliança,
exstitisset condicionis incertae qui se Neronem esse com muita sinceridade implorou que deveria
iactaret, tam favorabile nomen eius apud Parthos prestar honra à memória de Nero. Na verdade,
fuit, ut vehementer adiutus et vix redditus sit. vinte anos depois, quando eu era jovem, uma
pessoa de origem incerta que dizia ser Nero
apareceu, e este nome era tão favorável no meio
dos Partas que ele foi vigorosamente acolhido
por eles, e o entregaram com grande relutância.
(Suetônio. Vida de Nero. VI, 57). 22
Em suma, como já foi exposto, Suetônio, que certamente compôs suas obras
depois de Tácito e de Sêneca, ao final de sua biografia de Nero deixa transparecer toda a
ambiguidade que foi construída sobre as reapresentações deste Imperador. Como se vê,
também há uma ampla documentação que pode ser usada para o estudo do Principado
neroniano e que nos levaria a um debate interminável sobre os critérios de julgamento
deste governo. Contudo, através deste corpus documental que destacamos ainda não
podemos encontrar uma lógica norteadora que nos leve a acreditar que existiam, na
antiguidade, conceitos específicos e universais para descrever a conduta dos
Imperadores. Nesse sentido, partiremos para a proposta de que é necessário entender
apenas uma fonte e, assim, direcionar nossos debates em apenas apresentar como Tácito
pensa o governo neroniano.
Nossa justificativa para a escolha de Tácito é que suas obras são uma das
principais fontes para os períodos Júlio-Cláudio e Flávio.23 Nos Anais, Tácito nos
apresenta a história dos Imperadores da linha Juliana, partindo de Tibério e chegando a
Nero, o que compreende, portanto, o período que vai do ano 14 ao ano 68. É, portanto,
uma obra extensa e que nos apresenta detalhes importantes para a compreensão do
período do alto império. Além disso, utilizando-se de severos critérios de moralidade, o
historiador latino tece observações críticas sobre a conduta moral e política sob o
Principado. Segundo Momigliano, neste livro “cada Imperador é analisado naquilo que
tinha de pior, seus colaboradores compartilham de seu destino e apenas alguns
indivíduos – principalmente senadores com fé filosófica – escapam da condenação
porque enfrentam o martírio”.24
22
Tradução nossa. [grifos nossos]
23
SYME, 2002.
24
MOMIGLIANO, 2004, p. 165.
32
1. 2 - O Principado de Nero em Tácito
Ao analisarmos a obra Anais de Tácito, podemos perceber a presença de
diversas fronteiras artificiais criadas por diversos pesquisadores e que podem nos
revelar aspectos importantes sobre os critérios de julgamento que foram utilizados pelo
historiador latino para julgar determinados governos de Imperadores. Uma dessas
fronteiras, construída por uma tradição intelectual que tomou Tácito como fonte, vem da
crítica historiográfica ao Imperador Nero que, após ser investido do título de imperator,
teria realizado um governo marcado pelas influências de Sêneca, Burrus, Agripina
minor e Tigelino. Personagens que, por possuírem uma efetiva participação no
consilium principis, exerciam o poder do Imperador em seu nome, se tornando em
muitos casos os patronos do Império e servindo como parâmetro para medir a
“qualidade do seu governo”.
Nos Anais, a primeira aparição de Nero ocorre no ano de 47 durante os jogos
realizados em comemoração aos 800 anos de Roma (ludi saeculares), quando o jovem
Lúcio Domício Ahenobarbo, com apenas nove anos, e sua mãe Agripina minor são
apresentados publicamente ao povo de Roma. Tácito narra que durante esse ato, Nero e
sua mãe são muito aplaudidos pela plebe que os saudava pela memória de seu avô
materno Germânico (Nero Cláudio Drusus), filho adotivo do Imperador Tibério,
assassinado no ano 19 (Tácito. Anais. II, 71). Durante esses acontecimentos, o
historiador latino nos apresenta o clima de euforia que tomava o ânimo daqueles que
saudavam o filho adotivo do Imperador com o nome de Nero, o príncipe da juventude.
Além disso, também é possível observar que estas comoções deixavam pistas de que a
plebe estava se inclinando em favor de Agripina, fato que é muito significativo, pois a
mãe do futuro Imperador nos é apresentada em contraposição à desvirtuada mulher de
Cláudio: Messalina. Segundo o relato de Tácito:
sedente Claudio circensibus ludis, cum pueri “Estando Cláudio vendo os jogos de Circo, e
nobiles equis ludicrum Troiae inirent interque fazendo alguns mancebos a cavalo aquele nobre
eos Britannicus imperatore genitus et L. torneio, chamado Troiano, entre os quais se
Domitius adoptione mox in imperium et achavam Britânico, filho do Imperador, e L.
cognomentum Neronis adscitus, favor plebis Domício, que por adoção entrou na posse do
acrior in Domitium loco praesagii acceptus est. Império, e tomou o sobrenome Nero, os muitos
vulgabaturque adfuisse infantiae eius dracones in aplausos com que o povo então distinguiu a este
modum custodum, fabulosa et externis miraculis último tomaram-se por um agouro favorável de sua
adsimilata: nam ipse, haudquaquam sui felicidade. Corria um boato que em sua infância lhe
detractor, unam omnino anguem in cubiculo haviam assistido alguns dragões como destinados
33
visam narrare solitus est. [12] Verum inclinatio para guardá-lo. Prodígio fabuloso, e em tudo
populi supererat ex memoria Germanici, cuius semelhante a outras maravilhas que os estrangeiros
illa reliqua suboles virilis; et matri Agrippinae nos referem; porque ele mesmo, que nunca perdia
miseratio augebatur ob saevitiam Messalinae, ocasião de elogiar-se, só costumava dizer, que no
quae semper infesta et tunc commotior quo minus seu quarto se vira uma serpente. Mas toda essa
strueret crimina et accusatores novo et furori afeição do povo nascia da saudosa memória que
proximo amore distinebatur. ainda conservava de Germânico, de quem só
restava esse ramo varonil; assim como do interesse
e piedade que a sua mãe Agripina lhe inspirava,
comparando-a com a bárbara Messalina, que,
dentro do coração sua inimiga, e agora indisposta
contra ela, só deixava de lhe suscitar então
acusações e acusadores, porque andava ocupada
com uma nova paixão em que ardia, e quase a tinha
feito enlouquecer” (Tácito. Anais. XI, 11-12).25
25
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho [Grifos nossos].
34
Tácito deixa clara a influência de Sêneca durante o início do Principado
neroniano. Segundo ele, o pronunciamento inicial do Imperador fora composto por seu
tutor. Tácito afirma que “sendo obra de Sêneca, havia sido muito bem trabalhado, e era
digno do gênio brilhante do autor, mui conforme com o gosto do tempo” (Tácito. Anais.
XIII, 3, 1). Neste discurso inicial, Nero asseverou que:
non enim se negotiorum omnium iudicem fore, ut “Nunca se constituiria juiz de todas as coisas,
clausis unam intra domum accusatoribus et reis porque não podendo ouvir-se fora do recinto do
paucorum potentia grassaretur; nihil in penatibus palácio as vozes dos acusadores e dos réus, a sorte
suis venale aut ambitioni pervium; discretam desses últimos viria então só a depender dos
domum et rem publicam. teneret antiqua munia caprichos de alguns válidos. Que da sua corte
senatus, desterraria a venalidade e as intrigas; e que os
interesses da República haviam de ser
independentes dos negócios da sua casa. Que o
senado gozaria de toda a sua antiga jurisdição”
(Tácito. Anais. XIII, 4, 3- 4).26
26
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho.
27
SHOTTER, 1997, p. 17.
28
WIEDEMANN, 2006, p. 242.
35
todas as fontes de beneficia nas mãos do soberano, os quais seriam distribuídos por
meio da sua benevolência.29 Aliado a esse fator, Momigliano também nos oferece a
interpretação de que nos anos iniciais do governo de Nero, o jovem princeps teria
favorecido certas medidas conservadoras da aristocracia, como as questões envolvendo
os libertos e os escravos. Nesse sentido, o primeiro a receber o perdão de Nero foi o
senador Pláucio Laterano, antigo adúltero de Messalina que fora expulso do Senado por
Cláudio (Tácito. Anais. XIII, 11).30 Apesar de esta atitude ser relacionada com a
influência de Sêneca, o que podemos perceber nesta etapa da narrativa de Tácito é que o
jovem Imperador começa a se distanciar da proteção de sua mãe e a combater alguns de
seus aliados mais poderosos, como Palas.31
O relacionamento entre Nero e sua mãe, portanto, começava a ruir. Para que
Agripina perdesse a sua posição de destaque era necessário atacar as bases de
sustentação de seu poder pessoal. Até esse momento podemos perceber que a liderança
da domus Caesaris estava nas mãos do princeps Nero graças, principalmente, aos
esforços de sua mãe. Apesar da preocupação expressa pelo historiador latino de que o
jovem Nero não teria forças para se manter no governo, o Imperador, como membro das
famílias Júlia e Cláudia, tinha o apoio do Senado e nenhuma manifestação dos exércitos
e da plebe havia surgido como uma possível contestação de seu regime. Além disso, as
disputas para liderar a domus Caesaris estavam cerradas dentro desse núcleo de poder,
ou seja, elas somente são trazidas à luz pelo historiador latino através da demonstração
de que outro possível Imperador poderia ser retirado da familia Júlia ou da Cláudia,
como os casos de Britânico, filho de Cláudio, e de M. Júnio Silano, bisneto de Augusto.
Para proteger a liderança do poder, Nero ainda não havia atacado diretamente
nenhum concorrente ao trono. Pelo contrário, o que podemos perceber até o momento é
que grande parte das ações que garantiram a sua ascensão e a sua permanência no poder
foram feitas por sua mãe e por seus aliados. Estes, a exemplo de Burrus e Sêneca, cada
vez mais auxiliavam a mãe do Imperador em seus planos de eliminar bases importantes
de sustentação da candidatura de outro possível Imperador dentro da domus Caesaris,
como os poderosos libertos de Cláudio e os protegidos de Messalina, como alguns
senadores (patres). Porém, com a morte de Burrus e o afastamento de Sêneca em 62,
29
Idem, p. 706.
30
O mesmo Laterano que, posteriormente, irá participar da conspiração de Pisão Cf. Tac. Ann. XI, 36;
XIII, 11; XV, 49; XV, 60; XIII, 11; XIII, 32; XV, 49; XV, 53; XV, 60
31
Como exposto em Anais, XIII, 2.
36
Nero passou a ser controlado por um equestre chamado Tigelino. A partir desse
momento ocorre uma mudança de “qualidade” no julgamento do governo de Nero, já
que este Imperador teria se voltado aos vícios e a realização de um governo autoritário.
Como resultado desse governo autoritário, Nero aumentou a política de extermínio dos
seus concorrentes, eliminando as mais tradicionais domus do Império, sofrendo forte
oposição dos membros das casas senatoriais, como a conspiração que proveio da casa de
Pisão (Tácito. Anais. XV, 48), no ano de 65, e a revolta de Gaius Iulius Vindex (Tácito.
Anais. XV, 74), até que em 68 foi deposto e obrigado a suicidar.
Em suma, após essa reflexão, é importante destacar que Nero, através da
releitura de Tácito, é desenhado como um Imperador fantoche, sendo manipulado pelos
seus conselheiros, por sua mãe e por último por Tigelino. Se esta realmente for à
imagem que o autor quis passar ao leitor, estamos nos deparando com um princeps
contrário a ideia de um pater patriae, ou seja, um governante que não governa ou uma
figura que, ao contrário do senhor do lar ou da pátria, é alguém que está sendo dirigido
por outros. E como então que Nero conseguiu governar por tanto tempo? Nesse mesmo
sentido, também cabe afirmar que mesmo nos focando apenas em Tácito ainda não
podemos sanar todas as ambiguidades construídas sobre Nero. E isso fica mais evidente
se analisarmos o governo de Oto.
Sobre o Imperador Marco Sálvio Oto (Marcus Salvius Otho) os Anais têm
muito pouco a nos dizer. Nesta obra, o futuro Imperador apenas aparece três vezes
(Tácito. Anais. XIII, 12; XIII, 45; XIII, 46), e quando o faz é sempre relacionado com
alguma atitude Nero ou através de esparsas referências sobre sua origem familiar, como
as alusões ao seu irmão L. Sálvio Oto, cônsul em 52, e ao seu pai L. Sálvio Oto, que
exerceu o cargo de cônsul suplente em 33.32 No entanto, apesar de não ser protagonista
nesta narrativa, ainda podemos atentar para o fato de que o maior destaque dado ao
futuro Imperador consiste certamente na amizade que este possuía com Nero. Fato que
fica evidente se atentarmos para a narrativa do romance entre o Imperador com a ex-
mulher de Oto, Pompéia Sabina.33 Romance, este, que irá proporcionar ao antigo
marido, no ano de 58, o cargo de governador da província da Lusitânia com o intuito de
afastá-lo para que Nero pudesse contrair núpcias com Popéia.
32
Tácito. Anais. XII, 52; XIII, 45; XIII, 46; XIV, 1.
33
Tácito. Anais. XIII, 45; XIII, 46; XIV, 1; XIV, 59; XIV, 60; XIV, 61; XV, 23; XV, 61; XVI, 6.
37
Já nas Histórias, Oto, além de exercer o papel de protagonista em alguns
momentos da narrativa taciteana, também possui um papel preponderante e muito
intrigante durante os acontecimentos que levaram à queda de Nero, inclusive se aliando
com os dissidentes liderados por Galba. Além disso, podemos atentar para as passagens
onde o historiador latino se refere sobre a esperança de Oto ser adotado pelo Imperador
Galba como seu sucessor, o que não ocorreu. Mas, talvez, ainda nos cabe relatar que,
em detrimento da escolha de Oto, a escolha do sucessor do já idoso Imperador Galba
também pode ser aplicada como um dado muito sintomático para pensarmos o
Principado romano através da noção de que o jogo político e social ainda era praticado
pelos mesmos grupos sociais que foram atuantes no governo de Nero, e que também
eram liderados por descendentes de famílias tradicionais da República, inclusive que
atuaram contra a facção de Augusto. Nesse sentido, o escolhido, Lúcio Calpúrnio Pisão
Frugi Liciano, um descendente de Pompeu e filho de Marcus Crasso com Escribônia,
representava uma ruptura na dinastia que até então havia governado.34
Após essa narrativa, o historiador latino começa a descrever um cenário de
disputas marcado pela presença de duas factiones distintas: uma que possuía o apoio de
Galba e a outra que era composta por membros que apoiavam Oto (Tácito. Histórias. I,
13). No entanto, essa discussão se torna cada vez mais importante para nosso estudo
através da análise dos acontecimentos anteriores a essa passagem, onde podemos
perceber que o Imperador Galba, sucessor de Nero, teve Oto como um dos principais
patrocinadores de sua ascensão ao poder. E, agora, nesse contexto, Oto estava
compondo uma facção que lutaria para substituir o Imperador que ele ajudou a
proclamar. Ou seja, nas palavras de Tácito:
namque Otho pueritiam incuriose, “Oto teve uma infância negligenciada e uma
adulescentiam petulanter egerat, gratus Neroni juventude desregrada, e ele se fez agradável a Nero
aemulatione luxus. eoque Poppaeam Sabinam, através da emulação de suas extravagâncias. Por
principale scortum, ut apud conscium libidinum essa razão, o Imperador havia confiado a ele seus
deposuerat, donec Octaviam uxorem amoliretur. amores por Popéia Sabina, a favorita do Imperador,
mox suspectum in eadem Poppaea in provinciam até que ele se visse livre do casamento com Otávia.
Lusitaniam specie legationis seposuit. Otho Logo, suspeitando da relação deste com a mesma
comiter administrata provincia primus in partis Popéia, Nero, no intuito de se ver livre, o enviou
transgressus nec segnis et, donec bellum fuit, para a província da Lusitânia, aparentemente para
inter praesentis splendidissimus, spem ser governador. Oto governou a província com
adoptionis statim conceptam acrius in dies suavidade e, como ele foi o primeiro a entrar no
rapiebat, faventibus plerisque militum, prona in partido de Galba, não o fez sem energia, e,
eum aula Neronis ut similem. enquanto a guerra se alastrou, foi o mais enfático
dos seguidores do Imperador, a ponto de ser levado
34
Tácito, Histórias. I, 16.
38
a acreditar desde a primeira vez e cada vez mais na
esperança de um dia ser adotado por ele. Muitos
dos soldados eram favoráveis a ele, como também
era o candidato da corte neroniana, que era similar
a dele” (Tácito. Histórias. I, 13).35
Nesta passagem ainda podemos indicar quatro palavras utilizadas por Tácito e
que demonstram a volatilidade que esses grupos sociais conflitantes poderiam possuir
36
(“aula Neronis ut similem”) . Assim, podemos propor a hipótese de que o apoio a
determinados Imperadores não era definido por critérios estáveis e nem por um
consenso geral. Isso pode ser evidenciado ao final desta passagem, que foi
anteriormente citada, quando historiador latino indica que Oto possuía uma vantagem
proporcionada pelos favores dos exércitos e da corte de Nero. Além disso, nesse mesmo
contexto também é possível destacar uma ambiguidade muito significativa e que
poderíamos interpretar de maneiras muito distintas de acordo com o contexto e com o
auxílio que recebemos de determinados tradutores. Uma das possibilidades seria a de
entender a expressão “ut similem” como a tentativa, por parte de Tácito, de indicar uma
estreita relação entre os membros da antiga corte neroniana com aqueles que apoiavam
Oto, ou até mesmo como uma afirmação de que o futuro Imperador estava no comando
daqueles que apoiaram Nero. Afinal, Oto não havia apoiado Galba contra Nero? Teria
ele mudado de ideia? O que justifica o apoio de grupos sociais que antes eram pró-Nero
àquele que outrora havia amparado um candidato dissidente?
Além do mais, também podemos destacar que além desses dois candidatos é
possível perceber que outros líderes, como Ninfídio Sabino (Tácito. Histórias. I, 3),
além de Tito Vínio e Cornélio Laco (Tácito. Histórias. I, 13), candidatos que não eram
descendentes de família ilustre, como o caso de Lúcio Calpúrnio Pisão Frugi Liciano,
mas que demonstram outras maneiras de se ascender politicamente e socialmente a tal
ponto de se colocarem como alternativas viáveis para a sucessão Imperial. Somado a
essas questões, podemos ainda citar referências extraídas de passagens das Histórias em
que Galba e Oto são apresentados como muito próximos das atitudes que foram dignas
de críticas dentro da corte neroniana, como também eram extremamente aplicáveis às
35
Tradução do autor [grifos nossos].
36
No entanto encontramos outras interpretações, como a que citamos: “and the court was biased in his
favor, because he resembled Nero” Cf. TACITUS, 1964; Temos também a tradução de Kenneth
Wellesley: “and Nero’s courtiers naturally fell for on who resembles him” Cf. TACITUS, 1995. Nesse
sentido também poderíamos traduzir como a corte similar a de Nero.
39
atitudes do próprio Imperador. Ou seja, nas palavras de Tácito, e referindo-se ao
governo de Galba:
seademque novae aulae mala, aeque gravia, non “A nova corte possuía os mesmos males da antiga,
aeque excusata. ipsa aetas Galbae inrisui ac males gananciosos como sempre, mas não
fastidio erat adsuetis iuventae Neronis et prontamente desculpados. Até a idade de Galba
imperatores forma ac decore corporis, ut est mos gerava sentimentos ridículos e desagradáveis entre
vulgi, comparantibus. aqueles que faziam associação com a juventude de
Nero, e que estavam acostumados, como é comum
entre os vulgares, atribuir valor aos seus
Imperadores através da beleza do formato de
atributos físicos” (Tácito. Histórias. I, 7) 37.
37
Tradução nossa.
40
A historiografia moderna tende a seguir Tácito no que tange às influências que
esse Imperador recebeu durante o seu governo. Essa tradição intelectual tende a analisar
a obra taciteana tendo em vista a fronteira que envolve o governo de Nero e que
compartimenta seu Principado em dois momentos. A primeira parte de seu governo, que
teria sido positiva à medida que os vícios do princeps e os excessos de sua mãe teriam
sido controlados por Sêneca e Burrus. Já, a segunda parte, como vimos, ocorre com a
morte de Burrus e a afastamento de Sêneca do poder, quando Nero teria sua
administração voltada aos vícios pela influência negativa de Tigelino. Dessa forma,
podemos afirmar que o Principado de Nero foi eternizado como um manancial
inesgotável para discutirmos a respeito das ambiguidades interpretativas sobre os
Imperadores romanos. Sobre esse curto espaço de tempo (54 – 68) foi construída uma
longa tradição de pensamento acompanhada de discussões que, em muitos casos,
refletem visões muito marcantes sobre esse Imperador que findou com a sua própria
dinastia. Por exemplo, em "Os Imperadores loucos", de Michel Cazenave e Roland
Auguet, são discutidas as representações do Imperador Nero que foram legadas pelas
fontes, como Tácito e Suetônio. Segundo os autores, sob o nome Nero foi construído
por romancistas todo um imaginário de que o princeps seria um monstro, uma cabeça
oca e barulhenta, um charlatão e um fantoche.38
Contudo, o que realmente nos interessa é a ideia de uma imagem “pré
moldada” a respeito de Nero e que nos leva a lembrar dele sempre que falamos em
incêndios, vaidade exacerbada, crimes violentos, matricídio e assassinato de cristãos.
Nesse sentido, podemos indicar também a hostilidade que foi construída contra a figura
deste Imperador também nos meios religiosos. Como sabemos, Nero foi o primeiro a
mover uma perseguição aos cristãos. Mas este evento, de menor importância em seu
tempo, foi valorizado tanto por ser sucedido por outras ondas de perseguição quanto por
se consolidar como um evento fundador para a Igreja Cristã que conquistaria hegemonia
no Império séculos depois. Ao longo do tempo, Nero passou então a ser ver como um
anticristo.39 Isso fica claro em algumas produções cinematográficas. Dentre elas,
destacamos a obra monumental do escritor polonês Henryk Sienkiewicck, intitulada
Quo Vadis, e que foi adaptada para o cinema em 1951 pelo diretor Marvyn Leroy. O
38
AUGUET, Roland & CAZENAVE, Michel, 1995, p. 149.
39
Apesar de ser demonstrável que essa tradição que tende a observar Nero como o anti- Cristo foi
formulada por Judeus que, após a destruição de Jerusalém, em 70, culparam Nero pelos acontecimentos.
Ou seja, dois anos após a morte deste Imperador. Cf. GRIFFIN, Miriam, 1984, p. 15.
41
filme mostra um universo bem imaginativo que apresenta Nero como “louco”,
“devasso” e “sanguinário”. Nesta película, Nero é um Imperador que reuniu o pior de
todas as qualidades negativas que poderia se esperar de um tirano.40
No campo dos estudos críticos sobre Nero também podemos observar o
desenvolvimento de uma historiografia que tende a observar este Imperador como um
dos piores governantes que chefiaram o Império Romano. Dentro dessa mesma lógica
de interpretação, o autor Guglielmo Ferrero, em uma obra publicada em 1947, e
intitulada História romana, nos oferece um capítulo dedicado ao governo de Nero e a
chamada quarta guerra civil. Segundo o autor, “a riqueza, o poder, as adulações
despertaram rapidamente no jovem os maus instintos até então ocultos, sobretudo seu
41
amor aos prazeres e seu caprichoso exotismo”. As disputas envolvendo mãe e filho
logo se converteram em um duelo de vida e morte.
“Excitado, por sua vez, pelo exemplo de libertinagem que ele próprio
favorecia, Nero não se conteve mais, e não aspirou outra coisa senão ser
admirado como cantor. Os êxitos do palco pareceram-lhe infinitamente mais
apreciados do que a glória militar. Mas a tradição era ainda muito poderosa.
Os primeiros libelos contra Nero e a sua corte, assim como os primeiros
processos de lesa-majestade, datam desses anos (60- 62). A morte de Burro,
seu prefeito do pretório, que fora um dos seus mestres e mais sábios
conselheiros, ocorrida em 62, piorou a situação. Burro foi substituído por
Tigelino, personagem com o qual a história se mostrou talvez por demais
severa, e que não valia muito mais que seu predecessor”.43
40
Além dessa versão adaptada ao cinema podemos encontrar outras obras cinematográficas que se
apoiaram nos escritos de Henryk Sienkiewicck. Em todas essas produções o nome “Quo Vadis” foi
conservado e lidam com outras interpretações sobre o governo do polêmico Imperador Nero. São elas, a
versão francesa de 1901, três versões em italiano (1912, 1925, 1985) e outra em polonês (2001).
41
FERRERO, Guglielmo, 1947, p. 221.
42
Idem, p. 221.
43
Idem, p. 222.
42
Nesta mesma análise, podemos perceber que Nero aparece como um Imperador
covarde e que fora manipulado pelas mulheres de sua corte, Agripina minor, Acte e
Popéia. Já, após a morte de seus tutores, o Imperador teria se libertado daqueles que
pensavam no bem da República e passou, com o auxílio do inescrupuloso Tigelino, a
combater a tradição romana, que era sustentada por um senado fraco. No final, na
análise de Ferrero, a quarta guerra civil seria uma atitude do povo e dos senadores
contra Imperadores tiranos, neste caso, contra Nero. Outra obra composta em meados
do século XX e intitulada Os Césares, de autoria de Ivar Lissver, é composta pela
história de todos os césares romanos pagãos, desde seus imediatos predecessores Mário,
Sila, Pompeu e Crasso, até Constantino, o grande, primeiro Imperador cristão, como
também por uma discussão a respeito da biografia de Nero. Segundo o autor, “O
Imperador Trajano afirmará mais tarde que os cinco primeiros anos do reinado de Nero
foram os mais felizes do Império romano. Se esta asserção é verídica, Roma deve isto a
Sêneca”.44 Como podemos perceber, fica clara a influência de Sêneca nas ações do
Imperador, sendo que essas, graças ao filósofo, eram destinadas ao “bem público”.
Aconselhando-se com Sêneca e Burrus, o Imperador decidiu assassinar sua mãe, fato
que possibilitou o aumento do poder de Sêneca e o efetivo controle sobre as ações do
princeps. De fato, apoiando-se na ideia de um quinquennium feliz, Lissner reconhece
que “de 54 a 59 d. C., isto é durante o primeiro terço de seu reinado que durou catorze
anos, observou Nero estritamente as regras da sabedoria, da prudência e da medida”.45
Os crimes e as loucuras do Imperador não datariam do início do seu reinado, quando
estava sob a tutela de Sêneca.
Michael Rostovtzeff compartilha da visão de que Nero ascendeu ao trono de
forma irregular e reafirma que durante seu governo o Imperador foi altamente
influenciado por Burrus, Sêneca e pela sua mãe Agripina minor. Para o autor, o
Principado neroniano pode ser resumido através de ações sanguinárias, como o
assassinato de Britânico, seu meio-irmão (filho de Cláudio com Messalina e herdeiro
potencial do trono) e uma sequência de atentados terríveis, inclusive culminando com o
matricídio, já que sua mãe sempre “tentou usá-lo como fantoche no poder”.46 Somado a
isso, segundo Rostovtzeff, Nero sempre governou “perturbado por Sêneca e Burrus que
44
LISSNER, Ivar, 1959, p. 143.
45
Idem. p. 144.
46
ROSTOVTZEFF, Michael Ivanovitch, 1977, p. 195
43
o haviam educado e desejam orientá-lo como jovem”.47 Já, com o afastamento de seus
tutores, o princeps entra em choque com a hostilidade e o desprezo dos que o cercam.
Em suma, na visão deste autor, o Principado neroniano teria sido um governo marcado
pelo terror e o massacre de todos os suspeitos de não simpatizar com ele ou com seus
métodos de governo. Fato que levou a sua morte e ao fim de uma dinastia.
Para além dessas visões, e graças à enigmática formulação “quinquennium
tamen tantus fuit”, atribuída ao Imperador Trajano e cunhada por Aurélio Vitor, em seu
De Caesaribus, também foi possível encontrar novos caminhos para pensarmos os anos
do governo neroniano que se distanciam um pouco da visão que acabamos de
apresentar. Nesse sentido, podemos citar três versões desenvolvidas por pesquisadores
de língua inglesa e que procuraram encontrar e explicar os “cinco anos gloriosos” do
Imperador Nero. Na primeira, desenvolvida por T. E. J. Wiedeman, em um capítulo
intitulado “Tiberius to Nero”, podemos perceber que o autor argumenta que de fato
existiram os cinco anos gloriosos de Nero, tal como havia sido dito por Trajano, e que
esses anos deveriam ser entendidos como os últimos cinco anos, já que o Imperador
teria promovido uma excelente política de reconstrução da cidade de Roma após o
nefasto incêndio em 64. Contudo, apesar deste reconhecimento positivo, o autor ressalta
que essa política de reconstrução da cidade sofreu forte oposição devido aos gastos
suntuosos do princeps. Segundo o pesquisador:
47
Idem, p. 198.
48
WIEDEMANN, T. E. J., 2006, p. 244.
49
SHOTTER, David A. C, 1997, p. 14.
44
corresponde aos cinco anos finais de governo com as reformas urbanísticas promovidas
pós-incêndio de 64.50 Ao contrário dessa perspectiva, a segunda visão que convém
destacar foi defendida por pesquisadores como J.G.F. Hind e M.K. Thornton, que
propuseram que o quinquennium de ouro fosse entendido como os anos intermediários
de seu governo, graças à construção do Porto de Óstia e da Domus transitoria. E, por
último, a última visão que destacaremos foi defendida por autores como Arnaldo
Momigliano, Scullard e David Shotter, mas que também se coloca como a mais aceita
entre os pesquisadores que se debruçaram sobre o governo neroniano, pois defende que
a resposta para o nosso enigma poderia ser facilmente encontrado na narrativa dos cinco
primeiros anos do governo de Nero, quando o louco e devasso Imperador era controlado
por sua mãe e sues tutores.51
Nesse mesmo caminho, ainda podemos atentar para um pequeno exercício de
reflexão e que consiste em colocarmos todas as versões anteriormente apresentadas sob
uma linha imaginária que compreenderia todos os anos do governo desse Imperador. Ou
seja, iniciando-se em 54 e sendo finalizada em 68. Dessa maneira, ao levarmos em
consideração todas as versões que foram anteriormente citadas o que podemos perceber
é que as versões que nos apresentam os anos em que Nero fez um bom governo
preencheriam toda nossa linha imaginária, fato que poderia justificar que o Imperador
Nero também poderia ser lido apenas como um “bom” governante.52 Sendo assim,
atingimos um caminho sem saída, pois cada vez mais se tornava claro que não devemos
pensar os Imperadores romanos através de termos que os classificassem como “bons”
ou “maus” governantes. Ao contrário, o que temos após a morte do princeps Nero é o
jogo pelo poder político do Império, gerando uma guerra civil que englobou vários
grupos políticos com força suficiente para aclamar um Imperador. “Ergo dum scelera
principis, et finem adesse imperio diligendumque, qui fessis rebus succurreret” (Tácito.
Anais. XV, 50, 1). É assim que Tácito, em uma passagem dos Anais, situada no
contexto da conspiração pisoniana introduz a discussão entre os conspiradores que
apoiavam a causa do Senador Caio Píson. Essa asserção de Tácito, traduzida para o
português como um debate acerca “das maldades do príncipe, sobre a total decadência
do Império, e o quanto se fazia preciso eleger outro chefe que salvasse o Estado”, relata
50
ANDERSON, J.C.C., 1989, p. 177.
51
MOMIGLIANO, Arnaldo In: BOWMAN, Alan K; CHAMPLIN, Edward and LINTOTT, Andrew,
2006; SCULLARD. H.H., 2001; SHOTTER, David A. C., 1997.
52
Sugestão do Professor Fábio Faversani.
45
o momento de tensão que as elites senatoriais perpassavam e as estratégias que
pretendiam adotar, através da elevação da domus de um dos conspiradores à condição
de domus Caesaris. É importante destacar que esses grupos de oposição eram
compostos muitas vezes por membros que usufruíram do beneficium do princeps,
inclusive tendo como conspiradores importantes personalidades da vida pública, como
cônsules, cavaleiros e senadores. Esta presença maciça de indivíduos que ascenderam
socialmente graças ao patronato exercido por Nero nos oferece uma pista a respeito do
jogo político pela disputa de um lugar mais elevado socialmente. As domus senatoriais,
os libertos, a plebe, os exércitos, constantemente elaboravam estratégias de ascensão
social. E uma dessas estratégias era se aliar a um grupo de oposição que visava
substituir o núcleo de poder.
Como é apontado por Miriam Griffin, em sua obra “Nero: the end of a
dinasty”, não devemos esquecer que o Principado não era uma monarquia e que um
Imperador que se portasse como um Rei ou tirano louco seria prontamente extirpado do
poder. Pois, segundo ela, era necessário ao Imperador respeitar a atuação e a autonomia
de outros grupos sociais que também compunham a respublica, como os senadores, os
equestres, os exércitos, os libertos, as mulheres e os escravos. E uma das maneiras de se
portar dessa maneira era se colocando como um membro da aristocracia e que ainda
respondia a uma forma republicana de governo. Ou seja, o Imperador não poderia ser
um rei, mas ainda concentraria em suas mãos muito poderes. Mas como isso poderia
funcionar?
Para isso, voltamos a uma velha visão sobre o Principado e que foi construída
por Theodor Mommsen no século XIX. E, assim como observamos nos debates sobre
suas ideias, a análise de Mommsen calcada no direito constitucional romano (Römisches
Staatsrecht) nos oferece uma maneira interessante para adentrarmos nesse imenso
debate. Pois essa perspectiva nos leva a pensar na possibilidade de interpretarmos o
Principado romano como que marcado pela distribuição igual de poderes entre o
Imperador e o senado, tal como fosse uma diarquia. Ou seja, para um bom Imperador
que quisesse governar sem dissidências era necessário estabelecer um governo que não
desnivelasse essa “balança formalista” entre os poderes. Assim, convém afirmarmos que
seguindo essa visão desenvolvida por Mommsen, e resgatada por Alloys Winterling,
estamos nos colocando diante de diferentes maneiras de pensarmos as relações no
Principado através de relações pautadas em um “nível de comunicação” entre a posição
46
usurpadora do Imperador e a aparência de que mesmo sobre o governo dos Imperadores
Roma ainda vivenciava uma república.53
Em suma, essas observações nos levam a concordar com a proposta de Edward
Champlin de que é necessário levar em consideração um certo exagero por parte das
fontes na construção da imagem de Nero, principalmente em Tácito, Suetônio e Dião
Cássio, pelo fato de que essas fontes terem sido compostas depois da morte de Nero e,
portanto, se apropriaram de outras visões que já haviam sido cunhadas, como a de
Clúvio Rufo, Fábio Rústico e Plínio, o velho.54 Como reconhece o autor, embora seja
possível traçar correntes filoneronianas nos círculos literários da época, essa forma de se
pensar o governo desse Imperador certamente foi suplantada pelos acontecimentos dos
anos de 68 e 69. Somado a isso, o autor ainda afirma que grande parte da tradição
negativa que foi construída sobre Nero foi construída e fomentada pela dinastia
posterior, a dos Flávios, fixando a reputação de Nero como um monstro para todas as
gerações vindouras.55 Ou seja, a mesma visão de Nero, o monarca autoritário, que
afirmamos ser a mais aceita pelas interpretações literárias e cinematográficas e até
mesmo historiográficas sobre esse Imperador.
Apesar de não negarmos que algumas contestações a determinados governantes
podem ter sido originadas por motivos pessoais contra governantes, não podemos deixar
de atentar para o fato de que as alternativas ao poder vigente poderiam surgir dentro dos
círculos mais proeminentes, como a corte. Dessa maneira, podemos afirmar que os
critérios de julgamento de “bons” e “maus” Imperadores se constituem como uma
tradição posterior à contestação dos regimes dos Imperadores, e que não se constituem
como as únicas alternativas viáveis de análise para explicarmos a formação de grupos
de oposição aos Imperadores e o critério de julgamento que condenou diversos deles
para a história. Aliás, é possível começar a pensar que essa é uma preocupação moderna
e que estamos impondo às fontes. Sendo assim, passaremos ao nosso segundo capítulo
onde estudaremos a historiografia taciteana e também o próprio autor que compôs estas
obras, com o objetivo de tentar compreender qual era a finalidade do Nero na historia
de Tácito e o que significava produzir uma obra dentre deste gênero na antiguidade.
53
WINTERLING, Aloys, 2009.
54
CHAMPLIN, 2003, p. 36 - 56.
55
Idem, p. 9.
47
CAPÍTULO 2 - TÁCITO E A SUA HISTORIOGRAFIA
Esse capítulo tem como objetivo trabalhar dois elementos fundamentais para o
desenvolvimento de nosso estudo e das nossas reflexões sobre o Principado de Nero em
Tácito. São eles, o próprio Tácito, enquanto pessoa física e histórica, e o gênero
discursivo historia. Afinal, estamos lidando com duas produções que são classificadas
dentro desse gênero e que, na antiguidade, foram produzidas de uma maneira bem
distinta daquelas dos dias de hoje, mesmo carregando em si o gênero como
denominador comum. Hoje, por exemplo, a história é a “História”, uma ciência marcada
por normas e métodos de análise e de composição bem diferentes daquelas normas
discursivas que Tácito tinha conhecimento. Somado a este fator, atualmente lidamos
com o historiador profissional, ou seja, alguém que estudou e se formou para isso,
enquanto na antiguidade, não. Por isso, é preciso estudar o que é a “História” para os
antigos e qual o papel do historiador (assim como quem era ele) nesta sociedade.
Cabe dizer que este tipo de reflexão não é inocente, mas algo proposital e que
corresponde às novas necessidades acadêmicas exigidas de um pesquisador da
antiguidade. Além disso, uma das tarefas primazes de um historiador é a crítica
documental e em se tratando de um gênero antigo é preciso, portanto, apontar
ferramentas para este tipo de análise até então fundamental. Para tanto, nos embasamos
em estudos desenvolvidos na segunda metade do século XX, na Europa e nos Estados
Unidos, e que proporcionaram aos estudiosos do mundo antigo algumas novas
possibilidades de análise textuais bem importantes. Dentre essas pesquisas, as mais
importantes para este trabalho são: a coletânea de artigos organizada por John
Marincola, em 2007, e intitulada “A companion to Greek and Roman historiography” e,
no âmbito dos estudos sobre a historiografia tacitena, destacamos a obra de A. J.
Woodman, publicada em 2009, e intitulada “The Cambridge companion to Tacitus”.
56
MOMIGLIANO, Arnaldo, 2004, p. 185.
48
Nessas duas coletâneas citadas, podemos observar que o debate central de toda
essa tradição de pensamento gira em torno da retomada das noções sobre retórica e
história tal como foram empregadas pelos autores antigos. Assim, é possível perceber
um diálogo muito tênue com produções que visavam elucidar um “método
historiográfico” antigo, como Cícero, Heródoto e Tácito, com leituras de teoria da
literatura surgidas após a década de 1970 com o “giro linguístico”. O resultado disso
foi a relativização da historiografia clássica enquanto uma verdade, ou seja, uma fonte
confiável para compreendermos o passado, mas que, apesar disso, forneceu elementos
importantes para pensarmos em sua composição. De outra forma, em outros debates, é
possível também pensar que o historiador era um agente que procurava fazer política
com suas obras e que a ficcionalidade de sua escrita era algo pretendido e que dialoga
intimamente com as intenções e a posição social do autor. Essa última é uma visão de
Ronald Syme.
Portanto, nesse capítulo, partiremos de uma análise da biografia e das obras
produzidas pelo historiador Tácito e conduziremos este raciocínio através de uma linha
que permitirá perceber as relações que vão aparecer entre os discursos produzidos e a
atividade política do orador. Após essa discussão, nos concentraremos nas leituras
realizadas pelos pesquisadores que se debruçaram no estudo de Tácito e de suas obras.
Nosso viés com esse debate será compreendido no âmbito das discussões sobre a
veracidade ou não dos eventos narrados por ele, na tentativa de estabelecer uma
metodologia de leitura desses discursos. Feita essa exposição, encerraremos com uma
reflexão sobre o gênero discursivo ao qual elas correspondem, ou seja, o gênero
historia. Essa reflexão final contará com um diálogo com as demais produções
históricas da antiguidade, tais como Heródoto, Tucídides e Tito Lívio. Afinal, se
citamos em rodapé as autoridades de nossa área ou se copiamos uma metodologia, o
fazemos também dentro de uma tradição construída historicamente, e que dialoga com
os demais pesquisadores de nosso tempo.
49
informações de caráter pessoal sobre este hábil escritor.57 Como exemplo, podemos
citar as que referências realizadas pelo bispo Sidônio Apolinario, no século V d.C, que
menciona duas vezes o nome do historiador latino Tácito com o prenome Gaius (Ep.
IV, 14, 1 e 22, 2).58 Já, de maneira adversa a essa possibilidade, podemos encontrar o
prenome Publius no códice Mediceus I, que data do século IX, e que é um dos
principais manuscritos utilizados nas traduções modernas dos primeiros livros da obra
Anais. Além dessas dúvidas anteriores, também não podemos encontrar um consenso
entre os pesquisadores sobre o seu local de nascimento e o de falecimento. No entanto,
predomina entre os estudiosos e biógrafos a opinião de que seu nascimento se deu no
sudeste da Gália Narbonense, entre os anos de 55 ou 56, e seu falecimento em Roma
por volta de 117.59
Adotando essa cronologia, podemos afirmar que seu nascimento se deu nos
primeiros anos do Principado neroniano e seu falecimento sob Trajano. Vivenciando,
portanto, o período das guerras civis de 69, marcada pelos curtos governos de Galba,
Oto e Vitélio, além do nascimento de nova dinastia, conhecida como Flávia e que foi
inaugurada por Vespasiano. Além desses governos, o historiador ainda vivenciou os de
Tito, Domiciano, Nerva e Trajano. Conforme atestado por Plínio, o Velho, em sua
História Natural, 7, 76, Tácito nasceu de uma família proeminente e isso fica evidente
através de referências em sua obra a um cavaleiro romano (equestre) de nome Cornélio
Tácito, um ascendente direto do historiador latino. Assim, graças à posição privilegiada
de sua família, é possível dizer que Tácito adquiriu o status de equestre ao iniciar a sua
carreira política. Suas primeiras magistraturas vieram durante o reinado de Vespasiano
(69 – 79), atuando, provavelmente, como questor.
Sua ascensão política se torna mais aguda a partir do ano de 78, quando contrai
núpcias com a filha do Cônsul Cnaeus Júlio Agrícola (Tácito. Vida de Agricola. 9). Já,
sob o governo de Tito, quando possuía cerca de vinte e cinco anos de idade, exerceu o
tribunato (79 – 81).60 Além dessas magistraturas, entre os anos de 81 a 96, e que
correspondem ao governo de Domiciano, Tácito se tornou um senador romano,
demonstrando que se encontrava cada vez mais influente na capital do Império Romano.
57
BOISSIER, Gaston, 1934; JOLY, Fábio Duarte, 2003; MELLOR, Ronald, 1999; SYME, Ronald, 2002
e ZÚÑIGA, José Tapia, 2002
58
Apud JOLY, Fábio Duarte, 2004, p. 37.
59
Fábio Duarte, 2003; WOODMAN, A. J, 2004
60
LINTOTT, Andrew, 2001, p. 236.
50
Em uma das passagens de sua obra Anais, o autor nos oferece a informação de que no
ano de 88, durante a execução dos jogos seculares (Ludi Saeculares - Tácito. Anais. XI,
11, 3), sob o Principado de Domiciano, ocupou o cargo de pretor, ao mesmo tempo em
que exerceu a função de sacerdote quindecenviral, ao qual pertencia “o cuidado destas
festas; e os pretores eram os que mui principalmente tinham a seu cargo a execução
destas cerimônias” (Tácito. Anais. XI, 11, 3).61 Já, durante o ano de 97, Tácito, como
consul suffectus (Cônsul suplente), deu continuidade às funções de Virgínio Rufo, por
ocasião de sua morte. No ano 100, sabe-se pelas cartas de Plínio, o Jovem, a seu amigo
Vocônio Romano, que Tácito ganhou notoriedade nesta função, defendendo os
africanos numa acusação contra o pró-cônsul Mário Prisco.62 O último cargo conhecido
de Tácito é o proconsulado da Ásia Menor de 112 a 113, que pode ser atestado pela
inscrição de Mylasia, composta ainda sob o Principado de Trajano.63
Sobre sua educação, supõe-se que tenha sido discípulo de Marco Fábio
Quintiliano, o autor do tratado Institutio Oratoria (Educação Oratória), com quem
aprendeu a arte da retórica, da oratória e desenvolveu sua eloquência. Em toda a sua
vida, Tácito escreveu cinco obras (Vida de Agrícola, Germânia, Diálogo dos Oradores,
Histórias e Anais) que foram compostas entre os anos de 98 a 115, durante o período
que compreende os governos de Domiciano, Nerva e Trajano. Todos estes escritos
chegaram até nós de forma incompleta. Contudo, dispomos ainda de uma parte
importante de seu corpus documental e que possibilita uma boa leitura de todas as obras
legadas por Tácito, que passaremos a apresentar.
Finalizada no ano 98, a primeira obra composta por Tácito, intitulada como
Vida de Agrícola (De Vita Iulii Agricolae), é uma biografia com um forte fundo
etnográfico. Composta por uma breve descrição da região da Bretanha e um relato sobre
as conquistas romanas; destaca a vida de seu sogro Júlio Agrícola, e pode ser inserida
no gênero das Laudationes Funebres. Além dela, e publicada no mesmo ano de 98, a
Germânia (De Origine et Situ Germanorum) é possivelmente em parte fruto da
experiência que o autor obteve quando procurador da Germânia Bélgica. Esta obra
descreve a geografia, aspectos do cotidiano, instituições e cultura dos germânicos.
O Diálogo dos Oradores (Dialogus de Oratoribus), obra de estilo ciceroniano,
foi escrita provavelmente em 102 e explora uma preocupação comum a outros autores
61
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho.
62
JOLY, Fábio Duarte, 2004, p. 39.
63
Idem, p. 39.
51
do período Imperial, debatendo as razões para o declínio da oratória. Embora não
possamos saber ao certo sua autoria (ela foi atribuída a Tácito), esta obra relata um
diálogo que o autor ouvira quando jovem, sob o governo de Vespasiano, acerca do
declínio da eloquência.64
Publicada em 109, as Histórias (Historiae), é uma obra que foi inicialmente
composta por doze volumes (conservaram-se apenas os cinco primeiros livros em
apenas um manuscrito medieval). Sobre seu conteúdo, podemos afirmar que ela nos
apresenta a narrativa dos eventos que transcorrem desde o dia primeiro de Janeiro de 69
– o dia em que as legiões de Moguntiacum recusaram a aliança com Galba - até o final
do governo de Domiciano, no ano de 96. Esta produção é, portanto, uma das principais
fontes históricas sobre o período das guerras civis de 69.
Por último, tratemos dos Anais (Annales). Esta obra que foi publicada em
algum momento entre os anos de 115 e 120, é um conjunto de dezesseis livros (estima-
se que talvez fossem dezoito).65 O conteúdo dos Anais corresponde ao final da vida do
Imperador Augusto e a ascensão de Tibério ao poder (19 de agosto do ano 14) até os
momentos finais do governo de Nero (no ano de 68).66 No entanto, esta obra, como a
grande maioria da tradição textual antiga preservada, não foi conservada em sua
totalidade – apenas dois terços foram preservados. Os livros que nos restam são: os
livros I a IV, o início do V, o livro VI (incompleto) e os livros XI (sem o início) a XVI
(sem o final).
Os Anais e as Histórias chegaram até nós graças a dois códices: Mediceus
prior e Mediceus alter. O primeiro é datado da segunda metade do século IX e o
segundo de meados do século XI. O Mediceus alter contém os seis últimos livros que
conhecemos dos Anais (XI – XVI), e imediatamente depois, com a numeração
sequenciada, e sem título, os quatros primeiros livros completos das Histórias e um
breve fragmento do quinto (XVII – XXI); O Mediceus prior, sob o título de Ab excessu
64
Esta obra foi atribuída a Tácito devido à descoberta de um códice no monastério de Hersfeld, na
Alemanha, no século XV. Neste códice, estavam compiladas as chamadas obras menores (Germânia,
Vida de Agrícola e Diálogo dos Oradores) Cf. JOLY, Fábio Duarte, 2003.
65
Alguns acontecimentos relatados em Anais. II, 56, 60 e 61 correspondem ao ano de 115.
66
A narrativa se interrompe em Anais. XVI, 35. Supõe-se que Tácito teria escrito até a morte de Nero que
se deu no ano de 68.
52
diui Augusti libri, contém os quatro primeiros livros dos Anais, os cinco primeiros
capítulos do livro V (o quinto capítulo está pela metade) e a parte final do livro VI.67
67
O Mediceus prior, que no século XVIII passou a formar parte da Biblioteca Laurenziana de Florença,
sob o registro LXVIII, 1, foi encontrado na abadia de Korvey, em Westfalia, nos finais do século XV.
Dali foi transferido para a Itália e, em 1509, passou para as mãos do cardeal Juan de Medicis que, ao
assumir o pontificado sob o nome de Leão X, encarregou o Humanista Filippo Beroaldo de sua
impressão, que foi concluída no ano de 1515. O Mediceus alter, foi copiado em letra lombarda, em
meados do século XI, na abadia de monte Casino. No ano de 1370 foi descoberto por Boccaccio, que o
transferiu para Roma. Posteriormente, esse manuscrito passou para o convento de São Marcos, em
Florença, para a Biblioteca Laurenziana, sob o registro LXVIII, 2 CF. ZÚÑIGA, José Tapia, 2002.
68
“Cornelius Tacitus foi o maior historiador que o mundo romano produziu” Cf. MELLOR, Ronald,
1999, p. 76; “O maior de todos os historiadores romanos” Cf. SYME, Ronald, 2002, p. 157; “Tácito foi
conhecido como o maior historiador da Roma Antiga, e os Anais como o seu maior trabalho” Cf.
WOODMAN, A. J, 2004, p. IX.
69
Nossa opção por esse recorte cronológico se deve ao fato de que não é nossa intenção a de apresentar
em extensas linhas os debates anteriores ao século XIX, já que uma lista hipotética envolvendo essa
tradição de leitura de Tácito poderia começar no século III, quando o Imperador também de nome Tácito,
que se dizia parente do historiador, ordenou que seus escritos fossem copilados anualmente, passando
pelas leituras renascentistas, pela contestação dos regimes absolutistas, até o nosso século. Para maiores
informações sobre a tradição taciteana. Cf. BOISSIER, Gaston, s/d; COLOMA, Carlos, s/d; GINSBURG,
Judith, 1981; GRANT, Michael, 1959, Pp. 7 – 26; JOLY, Fábio Duarte, 2004; LINTOTT, Andrew, 2001;
MELLOR, Ronald, 1999; SYME, Ronald, 1967; ZÚÑIGA, José Tapia, 2002, Pp. IX – XXIV;
WOODMAN, A. J, 2004; WOODMAN, A. J, 2009.
70
JOLY, Fábio Duarte, 2004, p. 51.
53
também é possível perceber a leitura das obras históricas de Tácito (Anais e Histórias)
como aplicadas ao autoritarismo Imperial. Esta leitura se enquadra no contexto de
críticas políticas às monarquias europeias – entre o Renascimento e o século XVIII - e
até mesmo no âmbito dos regimes nazista e fascista da primeira metade do século XX.
Nas palavras de Arnaldo Momigliano,
71
MOMIGLIANO, Arnaldo, 2004, p 170.
72
O professor de Classical Studies Program at Christopher Newport University (Newport News, VA),
David Pollio, publicou estudos em um blog sobre a leitura de Thomas Jefferson das obras de Tácito,
relacionando essa preocupação com o momento da elaboração da constituição norte-americana (1776) e a
luta contra a tirania, no início do século XVIII CF. http://faculty.isi.org/blog/post/view/id/180 (acessado
em 21 de agosto de 2011).
73
Sobre as leituras de Tácito realizadas por Christina I, rainha da Suécia, Cf. Memórias da Academia
Real das Sciencias de Lisboa. Tomo I (1780 – 1788). Lisboa: Typografia da Academia, 1797, p. 557.
74
BELCHIOR, Ygor, 2011.
75
KOSELLECK, Reinhart, 2006, p. 41-60.
76
Somado a isso, o próprio contexto intelectual (século XIX) vivenciado pelas ciências sociais
impulsionou a “ciência histórica” para uma condição primaz dentro do processo de formação das
identidades nacionais. Essa imensa recorrência aos estudos históricos direcionou por sua vez as pesquisas
no sentido de compreender a origem e a formação dos povos que habitaram aquela região (que agora era
entendida como nação). Totalmente devedores dos acervos e catálogos legados por uma tradição
antiquária, que conservou muitos documentos ditos “oficiais”, esses teóricos liderados por Leopold von
54
buscava ressaltar as qualidades literárias da obra taciteana, e principalmente por
Theodor Mommsen, que o descartou como uma fonte útil para a análise do Império
Romano e o definiu como monarquista.77 Ainda dentro desse contexto, podemos afirmar
que o historiador latino também foi declarado o menos militar de todos os historiadores
e foi acusado de ser mal informado sobre a política administrativa provincial.78 Sua
função, portanto, foi definida como a de um poeta, “um dos poucos grandes poetas que
Roma jamais tivera, apenas para condená-lo como historiador”.79
Porém, apesar desta perspectiva fundadora dos estudos modernos sobre a
antiguidade, no início do século XX, com a “revolução documental”, proposta pela
escola francesa dos Annales, e o desenvolvimento das ideias da história dos conceitos
[Begriffsgeschichte] de Reinhart Koselleck, o reconhecimento de que Tácito deveria
voltar a ser lido como historiador foi resgatado. Nesse contexto, as produções literárias
na Antiguidade passavam a ser vistas como documentos históricos e como fontes
“úteis” para o estudo de temas como os abordados pela história social, política e
econômica. Dentro dessas novas tendências historiográficas, em 1934, Gaston Boissier
publica o livro intitulado “Tácito”, onde procura levantar alguns pontos muito
discutidos na Alemanha sobre a maneira de conceber a história e de julgar os
acontecimentos e os homens.
Segundo Boissier, Tácito se aplicou muito tardiamente ao gênero que o fez
imortal: a historia. E mesmo quando o fez se distanciou dos maiores historiadores que
serviam como modelos: Tito Lívio e Salústio, já que seu objetivo não era o de apenas
deleitar o ouvinte (Tito Lívio) e nem o de apenas tratar de questões morais (Salústio). O
estilo taciteano, neste caso, é descrito como variado e dinâmico com a principal tarefa
de instruir através dos exemplos.80 Quanto aos temas tratados nas obras de Tácito,
Boissier os relaciona com as experiências que o historiador teve durante o exercício de
Ranke reclamaram para si a empreitada de levar a história à categoria de ciência através da elaboração de
um “método histórico”. Dentro desse método, para que fosse realizada a empreitada história, era essencial
que os “historiadores metódicos” realizassem dois processos primários que envolviam a matéria prima da
ciência histórica: a crítica interna e externa das fontes históricas. Feito esse processo, e constatada a
veracidade dos documentos, cabia aos pesquisadores apenas reproduzir aquilo que encontravam em suas
fontes. Para maiores informações sobre esse debate Cf. ANDERSON, Benedict, 1989; ARAUJO, Valdei
Lopes de, 2008, pp. 57-99; BALAKRISHNA, Gopal, 2000; CHIARAMONTE, José Carlos, 2004, pp. 17-
57; MARTIN, Hervé & BORDÉ, Guy, 1983; MORGAN, J. R, 2007; RUTHERFORD, Richard, In:
MARINCOLA, John, 2007 e WOODMAN, A. J, 2004.
77
JOLY, Fábio Duarte, 2004, p. 48.
78
MOMIGLIANO, Arnaldo, 2004, p. 184.
79
Idem, p. 185.
80
BOISSIER, Gaston, 1934, p. 16.
55
suas magistraturas e aos estudos que realizou quando estava a cargo de alguma tarefa.
Como exemplo, cita que Tácito fez um estudo sobre a origem do deus egípcio Serapis
(Tácito. Histórias. IV, 83), enquanto era membro do colégio sacerdotal (quindecimviri
sacris faciundis), cuja função era a de vigiar os cultos estrangeiros. Todavia, apesar
desta relação promissora entre a vida e a obra de Tácito, a maior parte da análise de
Boissier consiste na formação e no aperfeiçoamento das técnicas historiográficas de
Tácito e seus estudos retóricos. Tanto que na análise da obra Diálogo dos Oradores, ele
somente compreender quais eram as concepções sobre a oratória, a filosofia e as
ferramentas de sua própria formação. Tácito era, para Boissier, um acadêmico.
Em um artigo intitulado “How Tacitus came to history”, Ronald Syme elucida
o processo pelo qual o orador latino Tácito passou dos primeiros escritos (Agrícola,
Diálogo dos Oradores e Germânia) para a produção de suas obras históricas (Histórias
e Anais) 81. Seu intuito nessa discussão era o de combater aquilo que denominou como
um “equívoco” (misconceptions) contido nas interpretações realizadas por Gaston
Boissier e Ernst Kornemann, que defendiam a ideia de que era possível prever a
intenção de Tácito em escrever as suas obras, como também descobrir as predisposições
nacionais da historiografia romana 82. A justificativa dada para refutar essas concepções
estava calcada na percepção que essas interpretações eram fruto do clima de
florescimento literário na França e na Alemanha, época dos autores modernos, era
influenciado pela consequente criação de escolas e de um sistema bem avançado de
pesquisa histórica. O que estava em voga era o entendimento de Tácito através dos
moldes do que era então entendido como um historiador profissional. E, na antiguidade,
esse tipo de profissão nunca existiu.
A versão de Syme foi lançada em 1958 através da publicação de sua obra
monumental intitulada “Tacitus”. Nesta obra, que ainda se destaca como referência nos
estudos sobre o historiador latino, Syme procura iniciar a sua apresentação realizando a
defesa de Tácito como historiador, tendo sempre em vista a discussão que realiza frente
a uma bibliografia que é negativa quanto ao reconhecimento de suas obras como
históricas. Nesse sentido, o autor se afasta das concepções alicerçadas no entendimento
da historiografia taciteana através da ótica inspirada no florescimento acadêmico do
final do século XIX e do início do século XX, só que situando as obras de Tácito em
81
As ideias contidas nesse artigo foram melhor trabalhas na publicação dos dois volumes que compõem o
estudo de Ronald Syme sobre Tácito (Capítulos I – III e XI – XII).
82
SYME, Ronald, 1957, pp. 160-167.
56
uma tradição historiográfica antiga emulada de Salústio. A historiografia antiga com
Syme começa a ser lida dentro das normas e preceitos de formulação destes discursos na
Antiguidade. E a explicação disso para ele é a de que os estilos da escrita historiográfica
desses autores podem ser comparados em diversos aspectos, e um deles é a visão
pessimista que demonstram sobre o novo regime instaurado (Principado).83 E
pessimismo não caracteriza tirania!
No entanto, cabe ressaltar que essas novas preposições a respeito da
historiografia taciteana, conforme apresentadas, já encontravam suas bases fundadas nas
ideias desenvolvidas ao longo do clássico livro que já havia sido publicado quase vinte
anos antes. Este livro, intitulado “The Roman revolution”, consiste em uma proposta
prosopográfica dos patres das famílias tradicionais da República e a sua continuação
com a revolução de Augusto (o chefe do partido de César – “Caesarian party”, nos
termos de Syme). Nesta obra, a constatação a que Syme chega é que as famílias
tradicionais foram se extinguindo ao longo do Principado, cedendo lugar aos novi
homines advindos das províncias e que passavam a ter relações muito próximas com o
partido dos Imperadores. Essa nova elite reconfigurou a política romana e passou a
ocupar as posições proeminentes que antes eram destinadas aos membros das famílias
da nobilitas republicana, culminando na chegada desses novos homens ao poder
máximo do Império, através das guerras civis de 69.84 Trata-se, portanto, de um
caminho semelhante ao que também foi trilhado pelo historiador Públio Cornélio
Tácito.
Assim, tendo como ponto de partida a hipótese de que a guerra civil dos anos
de 68 e 69 foi um processo de reconfiguração da sociedade Imperial romana, Syme
delineia o contexto em que Tácito começa a se inserir na vida pública e a escrever as
suas obras. Dessa maneira, defende a ideia de que seus trabalhos estavam por refletir
esse contexto de reconfiguração social e política, tendo sua exposição fortemente
marcada pelo tom pessimista emulado de Salústio. E, para além desse fato, o discurso
proferido em forma de historia também não fugiria ao contexto em que estas palavras
eram proferidas. Ou seja, o Principado. Tácito, portanto, deve ser lido para Syme
83
Nessa mesma abordagem, Ronald Syme distancia a obra Anais da obra História de Roma, de Tito
Lívio, já que para o autor neozelandês, Lívio não possui uma visão crítica do regime, apenas está
interessado em recorrer ao passado republicano para que a “historia” seja fonte de segurança para os
problemas do presente.
84
SYME, Ronald, 1967.
57
através de uma compreensão que também abranja a sua posição enquanto homem
político e inserido em um contexto bem específico. Em suas palavras:
“Tácito não tinha nenhum desejo em poupar a classe senatorial ou até mesmo
o sistema Imperial. Ele sabia muito bem como a promoção e o patrocínio
eram operados: o nascimento e a riqueza, conivência mútua ou tráfico, e os
postos mais altos que eram entregues à ganância ou para uma indolente
senioridade. Exemplos significativos de crueldade e extorsão são
devidamente registrados”.85
85
SYME, Ronald. 1967, p. 529.
86
WHITE, Hayden, 2000 e WHITE, Hayden, 1992.
58
livro, um dos argumentos defendidos pelo autor foi o de voltar às atenções para a
formação dos historiadores antigos como embasada em preceitos retóricos e oratórios,
atentando principalmente para a inventio retórica aplicada no processo de composição
de uma obra historiográfica/ literária. Nesse sentido, a historiografia compreendida
como gênero literário tinha como principal objetivo o de convencer uma determinada
plateia e exercitar os talentos literários do próprio historiador. Assim, o que passamos a
observar é o esvaziamento dos questionamentos que envolviam o significado de se fazer
uma obra histórica, especialmente como ação política e intervenção na realidade de seu
tempo, tal como foi defendido por Syme. Essa perspectiva é ilustrada com uma
passagem extraída da introdução que Woodman faz de sua tradução da obra Anais. Ele
escreve:
Fica claro aqui que Woodman se encontra em uma posição muito cética em
relação à veracidade da historiografia antiga, ela é próxima a um romance. Além disso,
cabe mencionar que em apenas poucas passagens anteriores a esta, é possível notar que
essa conclusão somente vem à tona após um estudo bem interessante sobre quais fontes
- ou evidências - Tácito teria utilizado em sua empreitada historiográfica. E, apesar de
indicar uma extensa lista de material que o historiador certamente teria consultado, o
autor opta por defender a ideia de que a historiografia taciteana não estava
comprometida com a “verdade”. Ou seja, era algo para o deleite. E este deleite somente
seria atingido por um ótimo exercício literário. Assim, a redefinição que Woodman
propõe para o gênero historiográfico estava implicada em concepções literárias como os
tópoi, as máximas, e a criação de exemplae construídos retoricamente, só que sem
87
WOODMAN, A. J, 2004, p. xviii.
59
nenhum compromisso com a veracidade dos fatos. O Nero de Tácito, pelo menos para
ele, nunca existiu!
Dialogando com a abordagem literária e a social de Ronald Syme, a
pesquisadora Ellen O’Gorman propõe em seu livro “Irony and misreading in the Annals
of Tacitus” a aproximação entre o pensamento até então construído com as teorias
calcadas na análise dos discursos e nas tradições literárias modernas. Nesta obra, fica
claro que a inauguração do novo regime instaurado por Augusto é marcado por uma
ruptura de uma ordem simbólica da República e a formulação de uma nova ordem,
assinalada pelas falsas aparências e verdades obscuras.88 Assim, o Principado em que
Tácito estava inserido é reconhecido pela autora através da ambiguidade e pelo jogo
daqueles que fingem que governam e daqueles que fingem que obedecem. Esse quadro
iria permitir a forma irônica pela qual Tácito escreve a sua história, ou seja, tendo
apenas objetivos de ordem puramente literária sendo limitados pelo quadro linguístico
de sua época. Afastando-se, portanto, da ideia de que os historiadores faziam política
através de suas obras. Fundamentalmente, em razão disso, teríamos em Tácito o uso da
ironia como elemento central para a produção de suas narrativas. Nero, além de não
existir, era, pelo menos nesse ponto de vista, um mal entendido.
De outra maneira, outro pesquisador, Holy Haynes, também é digno de
menção. Calcando-se firmemente nos debates oriundos das interpretações inspiradas em
Hayden White, este autor analisa a construção do discurso de Tácito com o intuito de
desvinculá-lo das noções de uma construção calcada em uma tradição (como faz
O’Gorman) ou impostas por necessidades políticas e sociais (como Syme propõe).
Dessa maneira, para o autor, a melhor maneira de entendermos a obra de Tácito seria
através do seu reconhecimento como uma ficção, ou seja, “uma história do fazer
acreditar”.89 Assim, e contrapondo-se principalmente às ideias de O’Gorman, Holy
Haynes considera a representação social como uma parte da ordem simbólica que, por
sua vez, estava fundada em uma mentira que sustentava a sociedade. Todavia, apesar
deste distanciamento, ambos acabam defendendo um jogo de criação de uma
representação e da construção de uma crença difundida através dela. Legando toda a
responsabilidade pela interpretação do discurso taciteano ao contexto linguístico do
autor e do leitor. Nero, como mentira, é responsabilidade de quem lê.
88
O’GORMAN, Ellen, 2000. Pp. 23 – 43.
89
HAYNES, Holy, 2003.
60
Mas, apesar disso, ainda podemos afirmar que essas produções historiográficas
eram apenas destinadas ao deleite de uma determinada audiência e que Tácito e
Heródoto, os mesmos que procuraram indicar através de palavras a veracidade de suas
narrativas, podem ser consideradas como bons contadores de romances? Seria então
necessário abortar nosso livro por falta de formações “reais” sobre quem foi Nero e
como devemos classificar seu governo? Acreditamos que a resposta para essa pergunta
não será afirmativa. Assim, se faz necessário que o outro lado da moeda seja trazido à
luz. Nesta perspectiva, citamos o pesquisador Dylan Saylor que estuda a construção do
discurso taciteano relacionando essa narrativa historiográfica como parte a atuação
política do agente social, Tácito.
Para Saylor, a história na antiguidade era um gênero praticado pela elite. E o
historiador integrante desse grupo de poucos sabia ler e escrever aplicava toda a sua
experiência política na descrição dos eventos que estava reportando.90 No caso de
Tácito, o ato de se escrever história era muito significativo, pois, para Saylor, a
produção de uma determinada obra passava a ser entendida dentro de um processo
maior, que era o de construir um monumentum e afirmar a sua autoridade e a sua
independência frente ao princeps. Ou seja, era um ato extremamente político. Assim,
para ele, a história se tornava um elemento de ação e coerção social. E o historiador, por
sua vez, passa a ser visto como um agente social atuante no cenário político, através da
leitura de suas obras para os outros homens que praticavam e praticariam a atividade
política. Lembrando que as decisões em Senado e em Assembleia eram feitas após
vários discursos serem proferidos, e uma mudança de sentido dos eventos passados
poderia interferir em decisões futuras. O que se alterava, portanto, era o sentido político
dado aos fatos, mas não os fatos em si.
Até esse momento demonstramos a existência de uma imensa fronteira que
divide os especialistas em historiografia taciteana entre aqueles que visam a estudá-las
através da atuação do agente político e de outros pesquisadores que se apoiaram na
problematização das narrativas e nos elementos retóricos utilizados. Com efeito, disso
tudo o que levantado, podemos terminar essa discussão afirmando que Tácito produziu,
sim, obras discursivas e literárias. Mas que faziam parte de uma forma de se fazer
política e literatura muito própria dos antigos, principalmente no que tange a ação
política do discurso. Assim, na continuação deste capítulo, partiremos do debate que
90
SAILOR, Dylan, 2008, p. 7
61
privilegiará o estudo das obras taciteanas dentro da tradição de se compor obras do
gênero historia, na antiguidade. Nossa proposta com exercício é fornecer elementos
importantes que nos revelem a forma de composição desses discursos que estão sendo
analisados como fontes históricas. Dentre eles, destacaremos as estratégias empregadas
pelo historiador para convencer a sua audiência de que a sua versão sobre o passado
deve ser entendida como um relato fidedigno. Afinal, não era a proposta taciteana a de
fazer uma história sine ira et studio – “sem ira e nem afeição” - (Tácito. Anais. I, 1, 2)?
91
MOMIGLIANO, Arnaldo, 2004, p. 214.
62
autores. Porém, apesar disso tudo, não chega a ser revolucionária, isso se colocada em
uma perspectiva histórica e não somente literária.
Na verdade, o que estamos tentando dizer é que a prática de se pensar a história
em oposição ou em relação à poesia nunca foi novidade, pelo menos para os antigos.
Por exemplo, no século IV a.C, o filósofo grego Aristóteles já havia fornecido, em sua
obra a Poética, as bases de sustentação das definições tanto da poesia como da história
em contraposição com outra. Em suas palavras:
O poeta narra o que poderia acontecer, por isso, a poesia é superior e mais
filosófica do que a história. De outro modo, é do domínio desta última apenas narrar o
que aconteceu e nada mais. Dessa maneira, rebaixando a história em relação à poesia,
Aristóteles deixa de lado a distinção de que somente a disposição da escrita (em verso
ou em prosa) delimitaria o gênero de um determinado discurso, mas sim, também é
importante atentar para a natureza da matéria tratada (o universal ou o particular). Além
disso, ainda para ele, não devemos diferenciar esses gêneros apenas somente em relação
aos termos de verdade e mentira, pois, como atenta o filósofo grego em uma passagem
posterior, também é da capacidade do poeta relatar acontecimentos reais, desde que
dentro da verossimilhança:
“E ainda que lhe aconteça fazer uso de sucessos reais, nem por isso deixa de
ser poeta, pois nada impede que algumas das coisas que realmente acontecem
sejam, por natureza, verossímeis e possíveis e, por isso mesmo, venha o poeta
a ser o autor delas” (Aristóteles. Poética. 1451b).93
92
Tradução de Eudoro de Souza.
93
Tradução de Eudoro de Souza.
63
Essa definição do ofício do poeta referente ao ato “de representar o que poderia
acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade”
(Aristóteles. Poética. 1451a),94 quando somada à percepção pós-moderna de que o
historiador também relatava acontecimentos prováveis dentro deste campo da
verossimilhança, favorece cada vez mais a criação de certo entendimento a respeito da
aproximação entre a história com as práticas poéticas antigas. Como o problema desta
apropriação era, segundo Aristóteles, somente o exagero nos limites da própria fábula
pelos poetas que rompiam, assim, o nexo da ação (Aristóteles. Poética. 1451 b), o
historiador, por sua vez, passava cada vez mais a ser entendido como um poeta.95
Com efeito, ficava permitido ao historiador se apropriar de uma ornamentação
poética, compactuando os eventos escolhidos com a amplificatio e o ornatus de outros
gêneros literários disponíveis. Dessa maneira, outros autores também contribuíram
como fomento para as ideias que aproximavam a prática literária, histórica, da poética.
Como exemplo, Cícero, nas palavras de Antônio em Ad familiares, V, 12, 4:
94
Tradução de Eudoro de Souza.
95
Como exemplo podemos citar as reflexões de NOBRE, Ricardo, 2010, p. 19.
96
Tradução de Renato Ambrósio.
64
“Como escrevesse uma arte retórica, isto também aconteceu com minha
intenção. Não propus um único exemplo do qual, por mim, todas as partes
devessem ser extraídas, qualquer que fosse a espécie, quando parecesse que
isto fosse necessário. Ao contrário, num único local, de todos escritores
reunidos, tomei aquilo que cada um parecesse prescrever vantajosamente. E
escolhi de vários engenhos e recolhi as melhores partes” (Cícero. De
inuentione. II, 4).97
Essa asserção também foi amplamente utilizada para justificar a produção das
obras literárias na antiguidade como calcadas em convenções de longas tradições de
produção de discursos.98 Os modelos linguísticos e literários, dessa maneira, estariam
disponíveis em um grande “cardápio” de opções que deveriam ser escolhidos com muita
atenção pelo orador. E a finalidade disso seria a de compor um exercício que deleitasse
os ouvintes. Assim sendo, caberia ao historiador encaixar os fatos coletados em um
roteiro linguístico, privilegiando muito mais a exposição e o convencimento de sua
genialidade, como a construção de personagens marcantes, como Nero. Os eventos
narrados ganhavam dessa forma mais vida se fossem utilizadas descrições e ornamentos
poéticos, sem, contudo, transitar fora do verossímil.
Mas como explicar que o grande objetivo dos historiadores antigos era a
alétheia/ veritas/ verdade se, como acabamos de ver, não existia nenhuma oposição ao
historiador em manipular os fatos para persuadir o ouvinte. Seria a “verdade” defendida
pelos historiadores antigos a condição sine qua non para se escrever uma obra histórica?
Se ele fosse produzida artificialmente, através de que forma era feito esse processo para
que isso não se tornasse fictio? Enfim, que segurança havia na alétheia que a escrita da
história se empenhava em registrar? Para responder essas perguntas convém afirmar que
concordamos com a proposta de Costa Lima de que a verdade era a prerrogativa inicial
que o historiador tinha para produzir sua obra histórica. Em suas palavras:
97
Tradução de Paulo Martins. Tradução disponível em: http://letrasartes.blogspot.com/2009/02/vt-
pictura-rhetorica-zeuxis-e-cicero.html. Acessado em 5 de novembro de 2010.
98
MORGAN, J. R. In: MARINCOLA, John, 2007, pp. 553- 564 e WOODMAN, A. J, 2004.
99
LIMA, Luiz Costa, 2006, p. 21.
65
Em suma, o que é proposto por Costa Lima é a tentativa de pensarmos a
historiografia antiga como que permeada pelos elementos de “ficcionalidade”, que
foram entendidos nos moldes dos debates entre Cornford e Hayden White, como um
convencimento banal feito a todo custo. Dessa maneira, a própria alethéia deixa de ser,
para Costa Lima, uma falácia costumeira entre os historiadores e passa a ser considerada
como a aporia essencial para a existência da historiografia. A verdade é algo inalienável
ao historiador! Mesmo que boa parte dos modernos estudos, tais como os de Woodman,
teimem em dizer que não. Mas como verificar isso?
Para tanto, nessa etapa de nosso trabalho, iremos discutir como o tema da
alétheia/ veritas é trabalhado pelos historiadores antigos. Optamos, assim, por estender
o nosso foco de análise, que são as obras históricas de Tácito, para termos uma melhor
compreensão de como o gênero historiográfico era entendido pelos próprios
historiadores antigos. Esse debate nos auxiliará também no entendimento das
preocupações que levaram a aproximação da história com a poesia, como também nos
servirá de base para demonstrarmos que a história, como todo o gênero do campo
discursivo, estava sujeita às influências da retórica e da oratória. Assim, esse processo
nos é colocado como uma tarefa primordial para identificarmos os elementos de
“ficcionalidade” que compunham o discurso historiográfico e o quanto podemos (se é
que podemos) correlacionar esta “ficcionalidade” com o que os gregos entendiam como
psêudo e os latinos como fictio. Começaremos, então, por Homero.
No livro VIII da Odisséia, o herói Ulisses (Odisseu), durante sua participação
em um banquete no palácio dos Feácios, como convidado do rei Alcino, ouve da boca
do cego Aedo Demódoco as canções sobre os fados dos aqueus que participaram da
guerra de Tróia. Segue aqui essa linda e emblemática passagem:
66
Tendo-o enchido de homens, os quais Ílio100 destruíram.
Pois se sobre isso, parte por parte, para mim discorres,
Logo também direi a todos os homens
Que um benevolente deus lhe deu o divino canto. (Homero. Odisséia.
8, 485 – 498).101
Como sabemos, já que este trecho se coloca como uma das passagens mais
conhecidas de toda a tradição epistemológica da história, após Demódoco cantar os
fatos pedidos, Ulisses, que até então permanecia no anonimato dentro do palácio, cai em
lágrimas e é reconhecido como um personagem desta história. Esse ato simbólico, que
nos é disponibilizado por Homero, se confunde com o resultado da comoção que a
memória da guerra propagada pelo canto do Aedo e o saber das musas causava naquele
que havia presenciado todos esses acontecimentos.102 As filhas da memória guiavam o
poeta, assim como fizeram com Homero, e por isso, Demódoco, que não havia
presenciado os acontecimentos narrados, era capacitado a provocar o choro da
testemunha. O passado, portanto, ao menos dentro dessa tradição homérica de uma
Grécia arcaica, não era de responsabilidade dos historiadores. Tanto que a tradição
grega se incumbiu de colocar suas poesias como fundadoras de toda uma cultura
helênica e até mesmo de elevá-las ao status de “primeiras narrativas históricas da
humanidade”.103
Todavia, foi somente com Heródoto, o pai da história, que a palavra Historie
foi utilizada no genitivo, ou seja, como nome próprio. Esse processo também é
perceptível quando o historiador passa a renunciar as certezas das musas e não mais as
chama no início de seus livros.104 Além disso, fica evidente que Heródoto passa a lutar
sistematicamente contra o apagamento dos traços e impedir, ou melhor, retardar o
esquecimento dos fatos que são muito importantes para o presente de uma forma
intencional. Para ele, começa a aparecer uma função para o historiador. Como é
demonstrado no prefácio de suas Histórias.
100
Tróia.
101
Tradução de Jacyntho Lins Brandão.
102
Cabe destacar que as musas, em um total de nove, eram filhas de Zeus com a deusa Titã Memória
(Mnemosýne). São elas, Calíope, Clio, Melpômene, Talia, Euterpe, Terpsícore, Érato, Polínia e Urânia.
Elas nomearam cada capítulo da obra de Heródoto.
103
HARTOG, François, 2003, p. 14.
104
Apesar dos nove livros de suas Histórias serem chamados pelos nomes das musas.
67
para bárbaros, se tornem sem fama – e, no mais, investigação também da
causa pela qual fizeram guerra uns contra os outros” (Heródoto. Histórias. I,
1) 105.
Heródoto também critica aqueles fatos que vem ao seu ouvido e que
sabidamente julga como falsos: como as histórias contadas pelos gregos da Cítia que
jurava que os Neuri se tornavam lobos uma vez por ano (Heródoto. Histórias. IV, 105),
e que Cilias de Cionde nadara oito estádios debaixo d´água para desertar a favor dos
gregos (Heródoto. Histórias. VIII, 8). Tudo isso sem se desprender da sua narrativa a
105
Tradução de Jacyntho Lins Brandão [grifos nossos].
106
Em Homero, o hístor é representado por Ulisses, pois ele é aquele que viu e pode servir como juiz.
107
Tradução de Jacyntho Lins Brandão.
68
tradição emulada de Homero, como as cenas de batalhas, o temperamento dos heróis, os
métodos de digressão, o uso frequente de discursos diretos, seu dialeto e os ritmos
poéticos.108 Esta emulação de Homero por Heródoto gerou certa ansiedade nos
historiadores modernos em classificar a história como uma prática literária muito
próxima da poesia. De fato, ao lermos passagens de Heródoto podemos identificar
momentos em que o historiador se diz favorável à versão dos fatos dada pelo poeta
(Heródoto. Histórias. II, 13), como também discute algumas informações que assumem
como de conhecimento de Homero e que não foram tratadas nas obras do poeta
(Heródoto. Histórias. II, 116).
Diferentemente dessa formulação de Heródoto, que é a de apresentar as suas
histórias (ápoideixis historíes), Tucídides se “propõe a registrar por escrito”
(syngráphein) os acontecimentos da guerra do Peloponeso. Para tanto, sua proposta para
o relato histórico consiste basicamente em ktêma, ou seja, “uma aquisição para sempre”
(Tucídides. Hist. da guerra do Peloponeso. I, 22, 4). Em suas palavras:
108
WOODMAN, A. J, 2010, p. 3.
109
Tradução de Jacyntho Lins Brandão.
69
confiável sobre a guerra de Tróia?; (I, 10); refuta a importância que foi atribuída à
guerra de Tróia pela ornamentação poética (I, 11) e concorda com a afirmação dos
poetas a respeito da opulência de Coríntio (I, 13). Neste rumo de sua narrativa, o que
passamos a observar é a preocupação do historiador para com as outras versões narradas
ou cantadas dos acontecimentos que ele se propõe a registrar.
Já, nos capítulos vinte e vinte três, Tucídides se propõe a contrapor-se a alguns
relatos de Heródoto, julgando o seu tema exótico e ornamentado, como se fosse prática
de poetas e de logógrafos.110 Dessa maneira, referindo-se a essa ambivalência entre
história e as práticas poéticas, diz:
“Mas, a partir dos referidos indícios, não erraria quem considerasse que essas
coisas aconteceram como expus, não acreditando em como os poetas as
cantaram, adornando-as para torná-las maiores, nem como os logógrafos as
compuseram, para serem mais atraentes para o auditório, em vez de mais
verdadeiras, já que é impossível comprová-las e a maior parte deles, sob a
ação do tempo, acabou forçosamente por tornar-se fábula que não merecem
fé” (Tucídides. Hist. da Gerra do Peloponeso. I, 21, 1).111
“Assim, parecem ignorar, esses tais que da poesia e dos poemas umas são as
intenções e que eles têm regras próprias, enquanto as das histórias são outras.
Na poesia, com efeito, há liberdade pura e uma única regra, o que parece ao
poeta. Pois ele é inspirado e possuído pelas musas [...] A história, todavia, se
adota alguma adulação desse tipo que outra coisas se torna senão uma espécie
de poesia em prosa, privada da grandiloquência daquela, mas exibindo o que
lhe resta de assombroso, desnuda da métrica e, por isso mais assinalado?116
Portanto, um grande (ou melhor, um enorme) é se alguém não sabe separar o
que é da história daquilo que pertence à poesia, mas introduz na história os
adornos da outra – o mito, o encômio e os exageros que neles há – como se
vestisse um desses atletas fortes e completamente resistentes como uma
túnica púrpura e outros enfeites de cortesãs e lhe esfregasse no rosto ruge e
pó de arroz. Por Héracles! Como você o tornaria ridículo, envergonhando-o
com essa aparência” (Luciano. Como se deve escrever a história. 8). 117
“Portanto, assim seja para mim o historiador: sem medo, incorruptível, livre,
amigo da franqueza e da verdade; como diz o poeta cômico, alguém que
chame os figos de figos e a gamela de gamela; alguém que não admita nem
omita nada por ódio ou por amizade; que a ninguém poupe, nem a respeite,
nem humilhe; que seja juiz equânime, benevolente com todos a ponto de não
115
LUCIANO, 2009, p. 164.
116
Neste ponto Luciano concorda com Quintiliano. Educação oratória. X, 1, 31.
117
Tradução de Jacytntho Lins Brandão.
118
“Fazer algo que seja patrimônio para sempre” (Luciano. Como se deve escrever a história. 5).
73
dar a um mais do que o devido; estrangeiro nos livros e apátrida, autônomo,
sem rei não se preocupando com que achará este ou aquele, mas dizendo o
que se passou” (Luciano. Como se deve escrever a história. 41).119
119
Tradução de Jacytntho Lins Brandão.
120
JOLY, Fábio Duarte, 2004.
74
utilização de elementos poéticos e da tragédia. O passado teria que ser exposto tal como
as coisas aconteceram, mas isso perpassaria pela construção de verdades ocultas e de
personagens muito bem tramados que influenciariam na construção do “efeito de
verdade” das ações executadas por eles. Ou seja, em um governo tirânico, como e
alguns Imperadores, poderia ser uma boa forma de continuar vivo, mesmo dizendo a
verdade.121 O convencimento maior, portanto, se dava pelas habilidades do orador e
pelo modo pelo qual ele dizia a “verdade” sobre os fatos passados. Mesmo através de
ficções e de personagens estereotipados.
Outros pontos que ainda cabem ser destacados: será preciso olhar as nossas
fontes através de preceitos que visem observar a sua utilidade (utilitas), como uma
aquisição para sempre (Tucídides), como mestra da vida (Cícero), como instrumento
para o aprendizado político (Políbio) e como memória dos grandes feitos (Heródoto).
Afinal, se Tácito era considerado um grande historiador pelos seus contemporâneos e a
história se encarregou de trazê-lo até os dias de hoje ostentando esse patamar, é preciso
olhar a sua obra dentro desse diálogo e esperando os mesmos objetivos. E, em Tácito,
essa utilidade é transparecida por meio da imitação ou vituperação dos grandes
exemplos e feitos dos homens passados. Nos Anais, ele apresenta sua formulação dessa
maneira:
Exequi sententias haud institui nisi insignis per “Não é do meu intento referir senão as opiniões
honestum aut notabili dedecore, quod praecipuum que se fizeram mais notáveis ou pela decência ou
munus annalium reor ne virtutes sileantur utque pela insigne baixeza: porque creio ser o principal
pravis dictis factisque ex posteritate et infamia objetivo dos anais por em evidência as grandes
metus sit. virtudes, assim como revelar todos os discursos e
ações vergonhosas, para que, ao menos, o receio
da posteridade acautele os outros em caírem nas
mesmas infâmias” (Tácito. Anais. III, 65).122
121
Como exposto por O’GORMAN, Ellen, 2000.
122
Tradução de Fábio Duarte Joly.
75
modo, o stylus de escrita taciteano pode também ser explicado pelas necessidades
impostas pelo Principado e para os políticos que atuavam nele com os seus discursos.
Deste modo, a verdade que o historiador estava tentando propagar passava pela sua
argumentação e consistia, principalmente, no arranjo dos fatos e na utilização de
elementos retóricos para atingir a pístis/ fides (convencimento). Ou seja, sua
metodologia histórica.
Portanto, é importante destacar que o historiador latino utiliza dos ornamentos
retóricos e que eles estão intimamente ligados com seus objetivos implícitos a sua
proposta historiográfica. Afinal, todo historiador dá um sentido ao passado e esse
sentido pode ser extraído de uma obra histórica, principalmente quando falamos de um
que estava muito interessado em transformações sociais e políticas do Principado. E ele,
além de ser um exímio conhecedor das estratégias políticas, sabia muito bem relatar
esses acontecimentos dentro desse clima, criando até certo ponto um universo paralelo.
O principado e a corte são o centro do universo! Basta apenas ler Tácito para constatar
essa afirmação. E assim, em um ambiente de maus Imperadores, senadores viciosos,
mulheres vis e muito importantes, libertos com poder e de muitas conspirações que
sempre ameaçavam alterar a ordem social, é que chegamos a um Tácito que também
começa a ser pensado como historiador tal como Heródoto, Tucídides e Políbio.
Desta maneira, chegamos a uma conclusão de como devemos ler a obra de
Tácito e buscar o nosso Nero que é descrito nela. E sabedores destas condições de
leitura, temos que nos ater não só nas construções retóricas, mas, primeiramente, no
contexto histórico que ela foi empregada por Tácito. Afinal, se algo é descrito, esse algo
deve ser muito bem conhecido. Afinal, nenhum pensamento flutua no ar, mas todos
possuem um embasamento histórico e real. Tácito, como político atual dentro do
Principado, descreveu esse sistema de governo e estava interessado em responder a
questões do seu próprio tempo. E para aprendermos esse processo de uma maneira
satisfatória é preciso entender a ordenação daquela sociedade através de um estudo que
exija um capítulo à parte. Vamos, então, para a “ordem Imperial”.
76
CAPÍTULO 3 - O PRINCIPADO E A “ORDEM” IMPERIAL
“Depois de eu ter extinguido as guerras civis e
por consenso universal eu estava a cargo de
tudo” (Augusto. Feitos do Divino Augusto. 34.
I).123
124
Na Eneida, podemos perceber que Enéias possui uma tarefa muito importante: deixar a cidade de
Tróia, que fora devastada pela guerra, e fundar a cidade “donde a nação latina e albanos padre, e os muros
vêm da sublimada Roma” (Virgílio. Eneida. I, 5 e 6). Tradução de Odorico Mendes.
125
AMES, Cecília, 2006, p.81 - 98.
126
Tradução de Matheus Trevisam e Antônio Martinez de Rezende.
127
Tradução de Matheus Trevisam e Antônio Martinez de Rezende.
128
Tradução de Matheus Trevisam e Antônio Martinez de Rezende.
78
exposto e que buscou compreender o que era essa nova realidade bem distante da
República. Afinal, Augusto, sim, assumiu poderes muito específicos e que o
diferenciavam de todos os outros que eram considerados como iguais (os Senadores) de
uma maneira nunca antes vista. Mas, mesmo assim, podemos ainda apontar que este
governo continuava a ser chamado como respublica, e o Senado e o Povo de Roma
ainda possuíam certa participação e importância na vida política. Mas, mesmo em se
tratando de um “ditador” autoritário, como foi Augusto, que somente assumiu após um
golpe de Estado, ainda é preciso dizer que ele é tido pelos historiadores e biógrafos
antigos, a exemplo de Tácito e Suetônio, como “modelo de governante” e de um “bom
governo”, sendo eternizado nas produções intelectuais como uma referência a ser
seguida.
Os sucessores de Augusto (dinastia Júlio-Cláudia) deveriam seguir seu modelo
de governo, afastando o Império de outra guerra civil. Contudo, o que passamos a
observar é uma sequência de governos que se equiparam não ao modelo de Augusto,
mas ao de crise, de uma crise da moral e dos costumes romanos, inclusive levando o
Império a enfrentar mais uma leva de conflitos sangrentos.129 Esse tipo de reflexão nos
leva a indagar a respeito do que foi o Principado romano como forma de governo e
como se dava a organização política e social daquelas pessoas que foram descritas em
nossas fontes, principalmente em se tratando da contestação feita aos Imperadores
através de grupos de oposição. No caso de um estudo sobre as qualidades do governo de
Nero, já que podemos pensar que insatisfação possa estar ligada aos acontecimentos que
levaram sua queda, se torna imprescindível atentarmos para este estudo em um capítulo
específico.
Desta maneira, para lidar com os mais ricos e diversos temas sobre a definição
do Principado e a discussão sobre o real papel dos Imperadores (eram tiranos ou não),
convém adotarmos um recorte temático muito específico que permitirá um estudo de
apenas um capítulo, mas que responda a uma questão muito essencial para esta
129
Essa crise no modelo de governo adotado por Augusto é discutida por Mário Torelli. Segundo o autor,
os anos finais do principado de Tibério e o principado de Calígula foram marcados pelas constantes
citações aos trabalhos de Augusto. Contudo, esses atos ficaram traduzidos apenas em palavras, sendo que
as ações foram desenhadas de certa maneira que se tornaram cada vez mais evidentes os distanciamentos
do modelo construído pelo primeiro Imperador. Continuando nessa mesma linha de análise, Torelli
analisa os governos sucessores, de Cláudio até Nero, como a crise fatal do modelo de Augusto. Segundo o
autor, esses governos foram caracterizados pela excessiva centralização da “coisa pública” nas mãos do
princeps. Característica, esta, que também auxiliava no afastamento da proposta estabelecida pelo
primeiro princeps. Cf. TORELLI, Mario, 2006, p. 953.
79
pesquisa. Afinal, o que ordenava o Império romano? Ou melhor, o que ordenava o
Império romano de Tácito? Nossa opção pelo tema “ordem Imperial” está alinhada aos
debates realizados pelo LEIR, Laboratório de Estudos sobre o Império Romano, um
grupo de pesquisa que dez Universidades Públicas (USP, UFES, UFG, UFOP, UFRB,
Unesp-Franca, Unirio, UFTM, UFCG e Unipampa) sob coordenação geral do Prof. Dr.
Norberto Luiz Guarinello. Assim, devemos destacar o que entendemos por “ordem
Imperial”. Este conceito busca auxiliar na compreensão sobre a forma pela qual os
diversos grupos que compunham a sociedade romana se ordenavam, hierarquizavam-se,
e atuavam junto, ou paralelamente ao Estado romano.
Sobre este período, o Principado, a historiografia sobre a Antiguidade Clássica
concentrava-se antes em tentar compreender as sociedades antigas basicamente de duas
formas distintas. A primeira delas seria que a formação sociedade romana estaria mais
próxima das sociedades modernas. A segunda seria que está sociedade era muito diversa
da nossa atual sociedade capitalista. Estes dois grupos estariam divididos comporiam
duas correntes de pensamento, sendo elas, respectivamente, os modernistas e os
primitivistas.130 Para os primitivistas, as sociedades antigas seriam muito diferentes das
sociedades modernas, já que não seriam marcadas apenas por uma racionalidade
econômica e por um individualismo por demais exacerbado. A lógica que regia essas
sociedades antigas estaria baseada em critérios de distinções sociais da honra,
principalmente através do acúmulo prestígio, a qualquer custo. Assim, a hierarquia
social não se resumiria à capacidade dos indivíduos acumularem recursos materiais, mas
em distinções estamentais fundamentadas pelo estatuto jurídico de cada indivíduo.131
No entanto, as críticas direcionadas a esses tipos específicos de análise podem
ser apontadas através da ideia de que essas perspectivas não conseguem lidar com a
enorme quantidade de libertos Imperiais possuidores de enormes riquezas e até mesmo
sendo desenhados como controladores de redes clientelares, as quais muitas vezes eram
compostas por membros da aristocracia senatorial romana. Nesse sentido, a categoria
jurídica de liberto não definiria um grupo e a sua respectiva ordenação. Pois, como
podemos perceber ao longo de outras fontes do período, e não somente em Tácito,
existiam libertos que não possuíam as mesmas possibilidades de ação e interação social,
sendo, portanto, totalmente diferentes dos libertos que estavam em atuação na domus
130
Este debate entre “primitivistas” e “modernistas” e as limitações impostas pela utilização dos conceitos
de classe e estamento são debatidas por FAVERSANI, F, 1995 e FAVERSANI, F, 1996.
131
Um representante moderno de tal perspectiva é Paul Veyne.
80
Caesaris ou até mesmo na aula neronis, os personagens que são descritos na narrativa
dos Anais.132
Outra tendência de compreensão da hierarquia das sociedades antigas ficou
conhecida como os “modernistas”. Reúnem-se sob esta qualificação aqueles autores que
criaram um modelo de interpretação das sociedades antigas como sendo regidas por
uma racionalidade muito próxima das sociedades modernas. Assim, a hierarquia dessas
sociedades seria marcada por diferenças estabelecidas pela capacidade de cada
indivíduo acumular os benefícios socialmente produzidos.133 No entanto, sobre essa
proposta que tende a formular categorias embasadas em classes sociais para
compreender o mundo antigo, Fábio Faversani afirma que:
135
Nessa mesma passagem (Anais. XIII. 34), Tácito menciona que o bisavô de Valério Messala, chamado
Corvino, fora um orador muito famoso e que também dividiu magistraturas com Augusto, o terceiro avô
de Nero [collegam in eo[dem] magistratu]. O pai de Valério Messala também aparece como personagem
dos Anais, seu nome é M. Valério Messalino, cônsul romano no ano 20 (Anais. III, 2 e 18). Sobre Aurélio
Cota nos Anais não temos outra referência. Q. Hatério Antonino, designado cônsul no ano de 53 (Anais.
XII, 58; XIII, 34), era filho de D. Hatério Agripa (Anais. I, 77; II, 51, III, 49; III, 51; III, 52; V; 4), um
tribuno muito influente durante o governo de Tibério. Agripa também exerceu o consulado, no ano 21 e
participou ativamente da condenação de Lutório, um equestre que foi acusado de compor versos que
cantavam a morte de Druso (Anais. III, 49; III, 50).
136
FAVERSANI, Fábio, 1996.
137
FAVERSANI, Fábio, 2004.
82
os elementos relativos à ordenação social, sua hierarquia e redes de solidariedade
constituídas pelo conjunto das domus senatoriais, da plebe e dos exércitos em interação
com a casa Imperial. Dentro dessa lógica da ordem Imperial, estudaremos neste capítulo
a obra Anais, no intuito de debater acerca das interações sociais entre o Imperador Nero
para com o Senado, as redes de solidariedade internas à corte neroniana, o exército e a
plebe.
Assim, retomamos também algumas das discussões realizadas por autores que
pensavam a organização social/ política/ econômica durante o Império Romano através
de grandes modelos, como a honra, o patronato e até mesmo através do culto imperial.
Essas novas questões, derivadas da inversão da proposta de Edward Gibbon, situada em
sua imensa obra Declínio e Queda do Império Romano (porque o Império Romano
caiu?), passaram a ser realizadas no sentido de entender como esse imenso Império
durou tanto e se manteve minimamente organizado, apesar das inúmeras e distintas
identidades que compunham “a” sociedade romana.138 Contudo, ainda nos resta estudar
se essa “ordem” era produzida ou era imposta sobre os diversos grupos sociais. Daí
nossa opção em adentrarmos no debate acerca do conceito de “fronteiras”, como nesse
caso, pensaremos na fronteira que divide o principado e a guerra civil. Assim, criamos
uma bivalência, ou seja, estamos lidando com a “ordem” e a “desordem” Imperiais.
139
SYME, Ronald, 1967.
140
Nesse contexto de uma tradição europeia preocupada na luta contra o poder tirânico, encontramos na
biblioteca de obras raras da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto uma tradução da
obra “Annaes”, de 1830, realizada por José Liberato Freire de Carvalho. Esta obra, na verdade, é o
resultado da empreitada do tradutor, iniciada em 1820, ou seja, no contexto de luta contra a Tirania do
absolutismo português às vésperas da revolução liberal do porto, onde foi possível a publicação de apenas
dois livros dos Anais (o primeiro e o segundo, respectivamente) em um jornal intitulado “O campeaõ
portuguez”, escrito pelo mesmo tradutor das obras de Tácito.
84
Nesses debates, o que podemos perceber é o desenvolvimento de modelos
interpretativos que buscavam moldar o alto Império romano como uma sociedade que
era ordenada através da concentração de riquezas, honrarias, ou até mesmo pelo
patronato oriundo do princeps dentro de uma ótica quase que medieval. E nesse
contexto, Imperadores como Nero passaram a ser lidos como monarcas tirânicos, que
não respeitavam nenhuma das outras instituições da respublica.141 Teríamos aí uma
pista para pensarmos um parâmetro para medir “bons” ou “maus” Imperadores? Não!
No campo dos estudos críticos sobre o Principado romano, o prestigiado
pesquisador Alemão Theodor Mommsen contribuiu de uma maneira mais científica para
o nosso debate. Em suas obras "História de Roma" (Römische Geschichte) e "Direito
Constitucional Romano" (Römisches Staatsrecht), ambas publicadas na segunda metade
do século XIX, Mommsen defende a perspectiva de que Augusto e os Imperadores
seguintes procuraram sustentar a sua posição através do acúmulo de poderes
magistráticos específicos, como o imperium proconsulare e a tribunicia potestas –
herdados da estrutura política da República.142 Já, o Senado, mesmo durante o
Principado, conservava a sua antiga autoridade, além de se encarregar da escolha de
magistrados e das leis. Somado a isso, para o autor, o Senado ainda possuía uma função
de destaque na hierarquia Imperial, já que esta mesma instituição era a responsável por
ratificar a escolha do novo Imperador através de uma lex de Império.143 Desequilibrar
essa balança “formalista” poderia ser uma opção, mas levaria a uma crise no interior da
elite, e esta seria caracterizada pela oposição dos senadores ao Imperador.
Todavia, diferentemente dessa proposta jurídica de Mommsen, as produções
desenvolvidas a partir da segunda metade do século XX buscaram compreender o
governo de Augusto como uma ruptura para com a forma de governo poliárquica dos
anos da República. Só que, apesar disso, a nova forma de governo não deixava de ser
um produto direto desse antigo sistema, principalmente se considerarmos que foi no
seio da República que as facções conflitantes da guerra civil vencida por Otaviano se
desenvolveram. Nesse caminho, podemos citar o trabalho de Sir Ronald Syme,
intitulado “The Augustan aristocracy”, em que há uma preocupação por parte do autor
141
Esse modelo foi aplicado por Aloys Winterling em seu estudo sobre Calígula. Cf. WINTERLING,
Aloys, 2009.
142
A obra "Históra de Roma" foi inicialmente composta de três volumes e não contemplava os anos do
Império. Essa lacuna somente foi sanada com a publicação de um volume dedicado às províncias,
publicado em 1848. Cf. SCHIAVONE, Aldo, 2005, p. 39.
143
Cf. WINTERLING, Aloys, 2009.
85
em afirmar que o primeiro Imperador romano nada mais era do que um herdeiro do
partido de César, o mesmo que havia enfrentado e derrotado a coligação partidária de
Pompeu.144 Em outra obra de sua autoria, intitulada “The Roman revolution”, também
podemos perceber a preocupação em afirmar que os anos finais da República romana
foram marcados pela presença de facções políticas, e que o Principado também pode ser
entendido como um reflexo da vitória da facção liderada por Otaviano.145 Ou seja,
referindo-se à fundação do Principado, Syme afirma que:
144
Ronald Syme se refere a Otaviano como o herdeiro de César (“The heir of Caesar”) Cf. SYME,
Ronald, 1989, p. 1. É sabido que Otávio passa a ser conhecido como Otaviano após ter sido adotado por
César e que, de fato, foi contemplado como principal herdeiro material da fortuna acumulada por seu pai
adotivo. Mas Syme vai além deste aspecto jurídico e material como indica Otaviano como “heir of
Caesar”. Ele se refere à construção de uma posição política e simbólica desta condição de herdeiro de
César, mais especificamente nos termos de Syme como líder de uma facção da aristocracia que se tornará
hegemônica e promoverá a unidade inconteste do poder sob as mãos de um só.
145
SYME, Ronald, 2002.
146
Idem, p. 4
147
WALLACE-HADRILL, A., 2006.
86
mediadores envolvidos em grandes redes de solidariedade. O Imperador (sol), portanto,
estaria situado no centro de uma complexa rede de interações que envolviam
intercâmbios recíprocos de beneficia. Deste modo, para aqueles que se situavam
próximos ao sol, a energia disponível para ser compartilhada era maior do que aqueles
que situavam na periferia deste mesmo sistema. Lá no final da cadeia, perto de Plutão,
se encontravam os indivíduos sem nenhuma energia. Em suma, nesse modelo
interpretativo desenvolvido por Wallace-Hadrill, a ordenação social do Império Romano
cabia ao princeps que, através dos indivíduos mais próximos do sol, distribuiria os
benefícios e controlaria o acesso a todas as posições de honra nas carreiras senatoriais.
Posição semelhante a esta foi adotada por outros autores que se debruçaram no estudo
sobre o Principado romano.
Sendo assim, para a historiografia moderna, foi destinado ao Imperador o papel
de principal patrono e o elemento ordenador de sua casa e de todas as outras que
compunham o Império. Afinal, neste modelo dominante, era ele quem concentrava a
maior quantidade de benefícios a serem distribuídos no seio da sociedade romana. O
Imperador era como uma aranha localizada no centro de uma grande teia de benefícios
que circulavam e ao mesmo tempo ligavam o império em uma “ordem”. Portanto, cabia
aos outros agentes estabelecer estratégias para obterem uma maior aproximação para
com o princeps. Sobre esse modelo e esse debate, citamos Fábio Duarte Joly,
148
JOLY, Fábio Duarte, 2008.
87
Imperador para com os outros membros que compunham a sociedade romana. O “bom”
patronus distribuiria, assim, os benefícios aos seus amici ou clientes mais íntimos, sem
esperar nada em troca.
Já, o “bom” cliens receberia seus beneficia através dos seus méritos, e não
através das bajulações. Contudo, deixar de retribuir um benefício recebido faz com que
a relação não se estabeleça. De outro modo, esse tipo de abordagem também pode ser
interpretado de um modo mais amplo, como uma relação pessoal assimétrica que
envolve expectativas de intercâmbios recíprocos com um potencial para a exploração.
Desempenhando assim o um papel importante na vida social romana. Dentro da
constituição de redes clientelares, podemos observar que elas poderiam ser baseadas na
amicitia ou nas factiones, sendo favoráveis, ou não, ao maior patrono do Império.149
Uma visão similar a esta também foi apresentada por Syme:
149
KONSTAN, David, 2005, p. 4.
150
Idem, p. 4.
88
flexibilidade no acesso para o conhecimento de pessoas influentes no interior da
sociedade romana, pois o cliente dependia, muitas vezes, da apresentação de um patrono
para fazer parte de um determinado círculo político. E esse circulo era composto por
redes interpessoais de relação entre os agentes sociais que justificavam a posição
hierárquica do Imperador.151 Em suma, é uma visão que até então podemos afirmar que
é a dominante no âmbito dos estudos sobre a ordenação social no período do alto
Império. Todavia, caba ainda dizer que existem problemas que decorrem desta leitura,
principalmente quando o papel do Imperador se torna algo supervalorizado.
Nesse mesmo sentido, autores como Frank Frost Abbot e Géza Alföldy,
concordam basicamente com a mesma noção de um imperador dotado de um poder
ilimitado e, portanto detentor de uma autoridade incontestável.152 Como exemplo desta
preocupação, Géza Alfödy, em seu livro História social de Roma, descreve que durante
o período Imperial romano o topo da pirâmide social sofreu uma redefinição parcial das
camadas sociais. Nesse sentido, o Imperador e a casa Imperial passaram a ocupar o topo
da hierarquia social, sendo sustentadas pelas mesmas bases sociais da República.
Segundo ele:
151
VENTURINI, Renata Lopes Biazotto, 2011, pp. 215-222.
152
ABBOT, Frank Frost, 2006 e ALFÖLDY, Géza, 1989.
153
Idem, p. 116.
89
da monarquia imperial como novo enquadramento político e a integração das províncias
contribuíram para reforçar ainda mais essa ordem social, sem modificar a base".154
Nesse quadro construído por Alfödy, temos um imperador dotado de um poder ilimitado
e, portanto detentor de uma autoridade incontestável e portador das maiores dignidades
(prestígio) do Império. Situado no topo da hierarquia social, o imperador ordenava a
sociedade romana através das relações que estabelecia com as outras. Dentro desse
esquema, as atividades públicas dos senadores foram transformadas cada vez mais em
serviços prestados ao imperador.
Direcionado àqueles que, por não possuírem honra nem prestígio, eram
detentores de um estatuto jurídico inferior, o princeps ordenava suas relações através do
binômio patrono x cliente, ou seja, ao mesmo tempo em que oferecia proteção aos seus
súditos recebia em troca o juramento de fidelidade e a prestação de culto. Somado a esse
fator, a introdução pelo regime Imperial de novas hierarquias não se limitou às ordens
superiores; entre os escravos e os libertos se formou uma nova estrutura hierárquica
com uma camada superior influente, dos servi e liberti Imperiais. Para Alfödy, portanto,
as posições sociais eram alteradas em razão das relações com o Imperador, sendo
determinadas pelos vínculos assumidos pelos personagens destas relações (amicitia e/ou
patronus X cliens). Assim, o fato da posição do Imperador equivaler idealmente à
maior grandeza possível faz dela medida absoluta da hierarquia, ao mesmo tempo em
que determina as outras medidas.
Segundo o pesquisador Moses Finley, todas as decisões no Principado romano
cabiam ao princeps – Quos principi plaucuit legis habet vigorem.156 Ou seja, em sua
concepção, na Roma sob os imperadores não havia política, pois, embora existisse
alguma discussão durante o Principado, o poder final e irrestrito de decisão em matérias
de ação governamental repousava na figura de um só homem, não nos votantes nem
154
Idem, p. 115.
155
Idem, p. 119.
156
“O que o Principe decide tem a força de lei”.
90
mesmo nas centenas que compunham o Senado.157 Para Finley, portanto, a política é
debate, contestação. E com a censura Imperial somada a supreesão da liberdade, isso já
não era mais possível. Portanto, apesar de existir o poder do Senado, embora este tenha
sido absolvido na figura de Augusto, a auctoritas do imperador era incontestável. Ou
seja, estamos lidando com “uma imagem simplista do Principado como apenas uma
monarquia absoluta travestida de roupagens republicanas”.158 Em suas palavras:
O cidadão, portanto, para exercer sua função política precisava se fazer atuante
e participar dos negócios do Estado, que cada vez mais eram controlados pelo Príncipe.
Fato que gerava a necessidade de que os indivíduos buscassem outras vias de ascensão
social que não as “políticas”. Em suas palavras:
Concordando com essa ideia, a historiadora Norma Musco Mendes afirma que
“pela tradição republicana, o título de princeps (o mais eminente cidadão do Estado) era
dado a um cidadão que ocupasse uma posição de liderança e destaque na cidade, obtida
pela consagração de sua popularidade, dignitas e auctoritas”.161 Contudo, para ela
existe uma diferença enorme entre a posição do princeps republicano e a posição de
Otávio como princeps do Senado durante os anos iniciais do Império. Neste caso, a
posição de Otávio se afastou da noção estoica de “primeiro entre os iguais”. Com a
157
FINLEY, Moses, 1985, p. 68.
158
GUARINELLO, Norberto Luiz & JOLY, Fábio Duarte, 2001, pp. 133-152.
159
FINLEY, Moses I, 1997, p. 69.
160
Idem, p. 144.
161
MENDES, Norma Musco, 2006. p. 26.
91
ascensão de Augusto ao poder, o título de princeps passa a ser sustentado por uma
ideologia imperial “de um soberano universal, possuidor das virtudes estoicas (valor,
piedade, justiça e clemência) que encontramos articuladas à pessoa de Otávio
Augusto”.162
Ainda para Mendes, além de possuidor das virtudes estoicas, o princeps passa a
acumular funções e honrarias públicas, como também cria novas funções e
magistraturas urbanas que seriam distribuídas na forma de beneficia aos senadores.
Assim, ao receberem os benefícios do Imperador, o soberano universal, esses homens se
tornariam grandes devedores da gratidão desse soberano. Devido a esse processo, o
princeps elevava-se legitimamente acima dos seus iguais. Portanto, “nada mais
coerente, portanto ao que considerá-lo o Pai da Pátria”.163 Nas palavras da autora,
93
monopólio que o Imperador então assumia sobre a realização de divertimentos políticos,
o que gerava o acúmulo de prestígio e o apoio político da plebe para um único nobre.
Deste modo, podemos perceber que há uma divisão de poderes não apenas
entre o Senado e o Imperador, mas também uma concorrência por prestígio entre os
diversos senadores e o Imperador. Nesse sentido, cabe destacar que partimos do
princípio que existia uma “ordem” Imperial no Principado, inclusive o de Tácito. E esta
“ordem” seria então composta pelos conflitos entre os mais diferentes grupos sociais
que compunham uma sociedade tão heterogênea como a romana. Para que estes
conflitos não levassem à desordem social (neste caso iremos entendê-la como guerra
civil) era necessário que alguém arbitrasse e intermediasse essas disputas através de sua
casa e de seu patronato. Assim, podemos pensar que cabia ao princeps o papel de
intermediário nas relações, seja através da busca por um consenso universal que
legitimasse o seu papel ou através de redes de clientes que sustentariam a sua posição
proeminente. Vejamos, portanto, como esse modelo pode ser aplicado na leitura de
Tácito e do principado de Nero.
Urbem Romam a principio reges habuere; “A princípio foram reis os que governaram a
libertatem et consulatum L. Brutus instituit. cidade de Roma. L. Bruto instituiu o consulado e a
dictaturae ad tempus sumebantur; neque liberdade. As ditaduras eram temporárias; e o
decemviralis potestas ultra biennium, neque poder dos decênviros não durou mais de dois anos,
tribunorum militum consulare ius diu valuit. non nem por muito tempo o dos tribunos militares. Foi
Cinnae, non Sullae longa dominatio; et Pompei curta a dominação de Cina, como também a de
Crassique potentia cito in Caesarem, Lepidi atque Sila; e o poder pessoal de Pompeu e Crasso passou
Antonii arma in Augustum cessere, qui cuncta logo para César, como também as armas de Lépido
discordiis civilibus fessa nomine principis sub e Antônio foram suplantadas pelas de Augusto,
imperium accepit. quem aceitou o governo, sob o nome de príncipe,
cansados que estavam todos das discórdias
civis (Tácito. Anais. I, 1)”.165
165
Tradução de Fábio Duarte Joly.
94
uma tentativa de realizar uma arqueologia do passado. Sobre essa ideia, A. J. Woodman,
também identifica traços de Tucídides na arqueologia que é exposta em Anais I, 1, já
que, segundo o autor, Tácito estaria interessado em explicar que o entendimento do
Principado somente é possível ao atentarmos para acontecimentos anteriores a ele, ou
seja, as guerras civis. Assim, o historiador latino deixa claro que a importância destes
conflitos fica evidente quando estes mostraram que a única maneira através da qual a
respublica “dilacerada pelos diferentes partidos” (Tácito. Anais. I, 9, 4) poderia
recuperar sua antiga dignidade e suas forças era “senão a autoridade e o governo de um
só” (Tácito. Anais. I, 9, 5). E este homem, investido com o título de Augusto, passou a
chefiar a respublica através da casa reinante e de seu patronato.166
Além disso, é possível apontar na leitura das Anais que, para Tácito, junto ao
surgimento da figura do princeps consolidada no topo da hierarquia social, foram
estabelecidos novos tipos de relações sociais entre o Imperador e os outros grupos
sociais que compunham o Império e que se constituíram como essenciais para a
pacificação das facções que dilaceravam a respublica em sangrentos conflitos civis.
Neste caso, essas redes em disputa aparecem na narrativa como geridas pelo surgimento
da casa Imperial, fazendo com que esses grupos continuassem a competir uns com os
outros, assim como sempre o fizeram. E, como a principal via de promoção e ascensão
social passava a ser a “domus regnatrix” - casa reinante - (Tácito. Anais. I, 4, 4), cujo
cerne era Augusto, os outros indivíduos que compunham essa sociedade teriam que
elaborar estratégias para se aproximar desse núcleo de poder. Isso também é muito
perceptível em Tácito quando, no início de sua obra, diz:
Igitur verso civitatis statu nihil usquam prisci et “Com o transtorno do governo de Roma
integri moris: omnes exuta aequalitate iussa desapareceram todas as virtudes e os costumes
principis aspectare, nulla in praesens formidine, antigos. Perdia-se a igualdade, já não se atendia
dum Augustus aetate validus seque et domum in senão para as vontades do príncipe: e apesar
pacem sustentavit. disso, todos viviam satisfeitos com o presente,
enquanto Augusto estava vigoroso, e conservava
sua autoridade, sua família, e a paz” (Tácito.
Anais. I, 4, 1).167
Essa disputa se tornava cada vez mais acirrada e controlada pelo princeps e os
súditos Imperiais mais próximos a ele. Para se aproximar do Imperador, portanto, um
tipo de estratégia viável, para aqueles que se encontravam fora da corte, seria através
166
“domus regnatrix” (Tácito. Anais. I, 4, 4)
167
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho [Grifos nossos].
95
das bajulações ou através de benefícios gerados após delações que ajudassem o
Imperador a enfrentar e condenar seus concorrentes. Sobre essas estratégias, Fábio Joly,
em seu livro intitulado “A metáfora da escravidão em Tácito”, destaca que as adulações
desenfreadas à figura do Imperador são o principal motivo da subserviência do poder do
Senado em relação ao Imperial.168 Assim, o autor, valendo-se da “metáfora da
escravidão”, realiza a análise da obra taciteana tendo em vista a ambivalência entre a
libertas e seruitus no âmbito do Principado, que marca, segundo ele, todo um
referencial metafórico para descrever relações comuns à época dos Imperadores.
Segundo ele:
Com efeito, para Tácito, o monopólio do poder por parte do Imperador levou à
supressão da liberdade (libertas) dentro do Principado. Contudo, esta também veio
acompanhada pela supressão do ambitus (conflito) e, como consequência, o
estabelecimento da “ordem” e das novas relações que foram produzidas pela
consolidação da casa reinante. Nesse sentido, podemos observar que até esse ponto
tanto na historiografia como em Tácito fica evidente que a “ordem” Imperial para
Tácito se dava através da presença de uma casa reinante que arbitraria as disputas entre
as demais domus, ordenando, assim, as relações sociais.
Mas, em Tácito, se a casa Imperial deveria ser a mais proeminente, é possível
observar como fazer uma casa forte? Para responder a essa pergunta, podemos citar uma
passagem em que Tácito relata que Augusto ordenou ao seu sucessor, Tibério, que
adotasse Germânico, filho de Druso e avô de Nero, “não porque esse não tivesse ainda
um filho mancebo em sua casa (domo Tiberii), mas para multiplicar as possibilidades de
preservar-lá e salvaguardá-la” (Tácito. Anais. I, 3, 4).170 Deste modo, podemos destacar
que a inclusão de outros membros de famílias romanas também era essencial para que a
168
JOLY, Fábio Duarte, 2005, p. 115.
169
Idem, p. 116.
170
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho [grifo nosso].
96
domus Caesaris se tornasse mais forte e, assim, multiplicasse o número de domus que
apoiavam a casa reinante. Assim, também podemos interpretar a casa Imperial como um
espaço aberto para entrada de novas bases de apoio e que também serviam para
aumentar a proeminência desta em relação a outras. Afinal, como vimos, para Tácito era
necessário que a domus de Augusto fosse a mais proeminente. Mas quais pessoas
compunham tal casa?
Sobre essa reflexão da domus na Roma Imperial, podemos destacar a
contribuição de Richard Saller, tal como exposta em um texto intitulado “Familia and
Domus: defining and representing the Roman family and household”. Neste capítulo,
Saller analisa a familia através da análise do vocabulário básico latino e demonstra
como essa unidade social fundamental, que foi representada em importantes contextos
legados pela literatura e pelo direito romano, poderia receber diversos significados. Para
tanto, Saller recorre ao renomado Oxford Latin Dictionary e define familia como:
Para Saller, portanto, o conceito de familia é muito mais amplo do que somente
os membros que compartilham a consanguinidade. A familia romana, neste caso,
abrangia um extenso número de pessoas que estavam ligadas por um elo de fidelidade
para com o paterfamilias, quer pela sua natureza ou pela lei, incluindo a materfamilias,
filhos, filhos adotivos, filhas adotivas, netos e etc. Portanto, na concepção do autor, a
familia romana deve ser entendida como um grupo de interesses que busca a proteção e
o prestígio do pater. Ou seja, o que fica transparecido na análise em questão é que um
indivíduo por si só não é ninguém dentro dessa sociedade, mas pertencer a uma familia
cria um reconhecimento de uma unidade muito maior do que a do indivíduo, já que este
pertencia à determinada domus, e seria destacado pela proeminência desta. Nesse
mesmo caminho, Saller argumenta que o sentido atribuído à palavra familia poderia ser
incorporado ao da domus romana. Dentro das relações que ocorriam na casa Imperial, o
princeps deveria exercer a condição de principal patrono e, portanto, o de ordenador das
posições hierárquicas de seus filhos, escravos, libertos. Além disso, como este também
171
SALLER, Richard, 1995, p. 75.
97
era investido do título de pater patriae, este deveria lidar com a ordenação das demais
domus que compunham a respublica tal como se elas fizessem parte da sua.
Outro exemplo para nossa discussão pode ser extraído da obra de Suzanne
Dixon, intitulada “The Roman Family”, onde a autora demonstra que esta unidade (a
familia) poderia assumir dois papeis distintos: um para o Estado e outro para seus
membros. Em uma relação que englobasse esses dois papeis, a autora ressalta a
importância da família em uma sociedade onde as relações eram ditadas pelo patronato
e contavam com a presença de escravos. Para ela, o conceito de familia como uma
finalidade criar uma constante indiscutível para ditar certas normas e comportamentos
sociais. Assim, podemos destacar que, segundo as ideias de Dixon, a família passa a
possuir um papel preponderante na “ordem Imperial”. Como indicamos anteriormente, é
perceptível que esta unidade poderia ensinar hierarquia, patronato, competição, alianças
e civilidade (para os escravos). Somado a isso, também podemos apontar que a
competição entre essas famílias poderia modificar a ordem vigente.172
Ainda dentro desse esquema, é permitido indagar a respeito do papel do
patronato nas relações entre Imperadores e súditos. Como vimos, essas relações
pautadas no binômio patrono X clientes, ao mesmo tempo em que designava certa
igualdade entre os envolvidos (pars), também limitava uma diferença hierárquica entre
eles. Afinal, temos um patrono provedor de benefícios, como o Imperador, e seus
clientes, que, por sua vez, estavam em débito com o seu protetor. Além disso, também é
necessário lembrar que dentro desse esquema um possível protegido necessitava da
apresentação de um patrono para que este fosse inserido nos círculos mais elevados da
sociedade.
Pensando no ambiente da domus, poderíamos pensar que a casa Imperial, como
superior hierarquicamente a todas, também não deixava de ser governada pelo
Imperador, seu paterfamilias. Já, os outros membros de sua familia estariam em torno
do maior centro de distribuição de benefício e, assim, poderiam ser muito bem
recompensados. Como também poderiam servir de ponte para que outros membros da
sociedade como Senadores e Equestres também pudessem ser incluídos sob o favor do
Imperador, inclusive facilitando a aceitação de um pater de outra familia na familia
Caesaris. Com efeito, também podemos afirmar que em Tácito a casa Imperial não era
somente compreendida pelos parentes do Imperador. A domus Caesaris era, na verdade,
172
DIXON, Suzanne, 1992.
98
uma casa composta por diversas familias. Assim, como exemplo, Germânico, que era
parte da família Imperial, foi representado por Tácito como pater de sua própria domus,
composta por Agripina, seus filhos, e seus descendentes (Tácito. Anais. II, 84; IV, 40;
IV, 48; VI, 24).
No Principado Neroniano essa concepção também pode ser facilmente
identificada. Nascido sob o nome Lúcio Domício Ahenobarbo em 15 de Dezembro de
37 d.C, o futuro princeps Nero, filho de Cneu Domício Ahenobarbo e Agripina, a jovem
(irmã do Imperador Calígula) foi adotado pelo Imperador Cláudio, quando este realizou
o segundo casamento, desta vez com sua mãe. Nero, portanto, era descendente de
Germânico, que por sua vez tinha Augusto como ascendente. Além disso, com o
casamento deste Imperador com Otávia e com sua adoção por Cláudio, Nero passou a
sustentar uma dupla condição: era da familia Júlia e da familia Cláudia. Ou seja, a sua
casa passava a compreender duas famílias proeminentes.
Dessa maneira, ao levarmos em conta o modelo estabelecido por Wallace-
Hadrill em conjunto com a definição de domus, tal como exposta por Saller, podemos
ler o Imperador de Tácito como cercado, em um primeiro plano, de todas as pessoas que
compunham a sua domus, inclusive libertos e escravos. Já, por outra via, esse mesmo
núcleo de poder deveria arbitrar e ordenar os benefícios distribuídos através do seu
patronato, destinando as maiores honrarias aos patres de outras casas que se colocavam
como mais próximas a ele. Dentro desse modelo, portanto, a ordenação se dava através
de uma via única, oriunda do princeps, mas que se direcionavam aos mais longínquos
lugares da cidade, e também do Império.
Como exemplo disto, lembramos que em Anais. XII, 25, em passagem que
marca o início da narrativa do ano 50. Neste contexto específico, Tácito relata que o
liberto de Cláudio, de nome Palas, muito influente na casa Imperial, liderava uma rede
de clientes que se associavam a este liberto-patrono em busca da sua proteção. Em
função disto, é possível ver na narrativa que alguns senadores bajulavam este liberto,
como o caso do cônsul Barea Sorano, que chegou a oferecer as insígnias de Pretor e
mais quinze milhões de sestércios como adulação, além de Cornélio Cipião, que
acrescentou à proposta que o agraciado deveria receber honras públicas (Tácito. Anais.
XII, 53). Talvez o fato mais interessante nessa passagem seja a indicação dada pelo
historiador de que o liberto havia ficado satisfeito com as honrarias e que não aceitava o
dinheiro, pois pretendia viver na pobreza (intra paupertatem subsistere). Nesse sentido,
99
também podemos afirmar que a categoria jurídica de liberto não define um grupo e a
sua respectiva ordenação. Existiam libertos que não possuíam as mesmas possibilidades
de ação e interação social, sendo, portanto, totalmente diferentes dos libertos que
atuavam na domus Caesaris ou até mesmo na aula Neronis.
Outro ponto importante a ser observado nos Anais é que as mulheres da casa
dos Júlio-Cláudios eram abertamente envolvidas em redes de patronato, muitas vezes
sendo os principais agentes das relações dentro da domus Caesaris. Contudo, mulheres
envolvidas nas relações de patronato não eram simplesmente, por um lado, produtos do
sistema. De Augusto a Nero, a corte Imperial é caracterizada pelas violentas intrigas que
periodicamente emergiam com a erupção de conflitos maiores entre grupos em
competição. E em quase todos esses conflitos as mulheres tinham um papel central.173
Afinal, como não reconhecer os papéis de Messalina, Agripina minor e Popéia para citar
algumas mulheres que tiveram participação de destaque em grupos que apoiaram ou se
opuseram abertamente aos Imperadores.
No caso de específico de Agripina, apenas para fecharmos esse raciocínio, é
possível perceber que a questão da proximidade com a corte do Imperador era muito
importante até mesmo para uma mulher da sua família. E isso fica evidente quando
Tácito começa a descrever o afastamento dela por Nero e nos oferece uma passagem
muito marcante a respeito daquilo que caracterizaria uma pessoa influente e importante
no Império: uma casa sempre cheia. Sobre esse contexto, citamos as palavras de Tácito.
Segundo ele.
statim relictum Agrippinae limen: nemo solari, “O palácio de Agripina converteu-se imediatamente
nemo adire praeter paucas feminas, amore an odio em um vasto deserto: ninguém a consolava, e
incertas. ninguém ia a ver, à exceção de poucas mulheres,
que não se sabe se o faziam por amizade ou por
ódio” (Tácito. Anais. Anais XIII, 19, 1).174
173
WALLACE-HADRILL, Andrew, 1996, p. 306.
174
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho.
100
invasão dos Partos na Armênia e, como o jovem princeps possuía apenas 17 anos, o
historiador nos mostra a preocupação que era sussurrada (rumores) nas casas em Roma
de:
igitur in urbe sermonum avida, quem ad modum “Como seria possível que um príncipe, que
princeps vix septem decem annos egressus suscipere apenas contava dezessete anos de idade, se
eam molem aut propulsare posset, quod subsidium in pudesse haver com tão graves negócios, ou
eo, qui a femina regeretur, num proelia quoque et pudesse desviá-los de si? Que confiança podia
obpugnationes urbium et cetera belli per magistros haver um jovem mancebo governado por uma
administrari possent, anquirebant. mulher? Ou como era de esperar que os seus
dois mestres pudessem dirigir as batalhas, os
cercos das cidades, e todas as demais operações
militares?” (Tácito. Anais. XIII, 6, 2).175
“O que resulta nesse tipo de análise do patronato sobre Nero é como era
pequeno o controle que o princeps havia experimentado nas nomeações para
os cargos Imperiais. Exceto em alguns casos isolados ele parece ter deixado o
trabalho de preencher os postos necessários a cargo de sua mãe e de seu tutor.
Esse fator, se tomado de forma articulada com as disputas políticas anteriores
entre de Tigelino com Agripina e, dela com Sêneca, faz parecer mais
provável que a responsabilidade pela ascensão de Tigelino ao cargo de
praefectus vigilum se deu graças a Agripina ou Sêneca, mais do que a
Nero”.176
Sobre essa perspectiva, Momigliano afirma que “não existe nenhuma dúvida
que Agripina em um primeiro momento usufruiu de um tipo de co-regência".177 E para
além dessa afirmação de, podemos citar exemplos arqueológicos onde essa influência
pode ser sentida. Em uma moeda, Agripina aparece em posição de perfeita igualdade
175
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho.
176
ROPER, Theresa K, 1979, p. 349.
177
MOMIGLIANO, Arnaldo, 2006, p. 708.
101
com seu filho (cara a cara) e acompanhada da legenda Augusta Mater Augusti.178 No
caso da evidência epigráfica, Momigliano nos traz a descoberta em Achaea de um
artefato que trazia a seguinte inscrição: procurator Caesaris et Augustae Agrippinae,
que também se referia, portanto, a Agripina como Augusta.179
Além desta proposta, podemos destacar a contribuição de H. H. Scullard, autor
que visa a entender as posições hierárquicas durante o Principado neroniano através De
uma lógica semelhante à apresentada anteriormente. Para o autor, os indivíduos mais
próximos ao Imperador, principalmente aqueles que compunham o consilium principis,
como Sêneca, Agripina, Burrus e Tigelino, possuíam um campo de atuação política e
social superior se comparada a de grande parte de outros membros que compunham a
respublica. Sobre a carreira política de Nero, para Scullard, ela foi marcada por disputas
entre seus conselheiros, Burrus e Sêneca e sua mãe, que se enfrentavam na tentativa de
controlar os ânimos do jovem príncipe. Com o assassinato de sua mãe, a morte de
Burrus e o afastamento de Sêneca, Nero passou a incorporar atitudes tirânicas,
influenciadas e fomentadas por Tigelino, exercendo um governo cruel até a sua morte.
Somada a essas ideias defendidas por Scullard, Miriam Griffin também
demonstra, em sua obra “Seneca: A philosopher in politics”, a atuação de um Sêneca
muito poderoso hierarquicamente e politicamente. Para ele, Sêneca controlava boa parte
das ações Imperiais, também era um poderoso patrono, patrocinando protegidos que
chegaram a obter importantes magistraturas dentro do governo neroniano. Além disso,
segundo a autora, esse tipo de leitura poderia ser confirmado pelas fontes que lidam
com o período neroniano, como Tácito e Dião Cássio que concordam com a proposta de
que Nero somente foi um “bom” governante quando se encontrou controlado por seus
tutores.180 Em suas palavras:
178
GRIFFIN, Miriam, 1984, p. 58.
179
MOMIGLIANO, Arnaldo, 2006, p. 708.
180
GRIFFIN, Miriam, 1992, p. 68.
181
Idem, p. 70.
102
Em suma, podemos destacar que nas interpretações contemporâneas sobre o
Principado neroniano o modelo predominante é aquele que tende a analisar a
aproximação para com o princeps através da noção de que ela seria a principal via de
ascensão e de ordenação social. Tal como a leitura que realizamos de Tácito até o
presente momento. Nesse sentido, o que também nos importa destacar a partir dos
argumentos de Wallace-Hadrill e de Saller para a leitura de Tácito é que as diversas
casas tinham certo poder que poderia ser associado ao poder Imperial, já que
necessitavam de mediadores (planetas) que se colocavam mais próximos do sol. Essa
intermediação, como a feita por Sêneca ou Agripina, limitavam o acesso a esse centro
de poder, já que para os satélites secundários se fazia necessário realizar uma
aproximação primária aos planetas com maior índice de absorção da energia solar.
Assim, teríamos uma via de mão única de ordenação das relações sociais pelo patronato,
com o Imperador como patrono sendo o critério pelo qual seu governo poderia, ou não,
ser questionado.
Todavia, como já foi dito anteriormente, também fica evidente no relato de
Tácito, simplesmente favorecer a outros não era, contudo, garantia de fidelidade. Afinal,
nas diversas conspirações, as casas e as pessoas que receberam a maior parte da atenção
Imperial conspiraram para a sua substituição. Por exemplo, no ano de 65, foi tramada a
conspiração de Pisão (Tácito. Anais. XV, 48-74), cujo objetivo era destituir Nero do
poder. Segundo Tácito, a conspiração pisoniana foi um reflexo das “maldades do
príncipe, sobre a total decadência do império, e o quanto se fazia preciso eleger outro
chefe que salvasse o Estado” (Tácito. Anais. XV, 50, 1).182
Esta foi a maior conspiração que Nero enfrentou em seu governo. Delatada e
seus participantes conhecidos, inúmeras sentenças foram proclamadas, dentre elas, por
exemplo, as de Pláucio Laterano e Súbrio Flávio (Tácito. Anais. XV, 47), que foram
decapitados; e a de Sêneca (Tácito. Anais. XV, 60 – 65), constrangido ao suicídio.
Morreram ainda Sulpício Ásper e Fênio Rufo (Tácito. Anais. XV, 48); Vestino (Tácito.
Anais. XV, 49); Aneu Lucano,183 Senecião, Quinciano, Cevino (Tácito. Anais. XV, 70),
Petrônio (Tácito. Anais. XVI, 19); além de outros centuriões (Tácito. Anais. XV, 48).184
182
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho.
183
Segundo Tácito, esse conspirador queria se vingar do princeps por ofuscar a glória de seus talentos
poéticos (Tácito. Anais. XV, 49).
184
MOMIGLIANO, Arnaldo, 2006, p. 728.
103
Quanto a Pisão, este senador abriu as veias antes mesmo de ter sido constrangido por
Nero (Tácito. Anais. XV, 59). Houve um total de dezenove mortos e treze exilados.
Realizando um balanço geral dessa conspiração, percebemos que a maioria das
condenações capitais é decorrente da culpabilidade dos indivíduos na conspiração
pisoniana. Assim, decorre que Nero ministrou a justiça com certo grau de integridade,
pois, como podemos perceber na narrativa taciteana, a maioria das mortes visava “à
manutenção da ordem pública”, ou seja, era em decorrência da preservação do poder
Imperial a que Nero se expôs. Um ponto importante a ser notado é que, considerando
algumas conspirações contra o Imperador, podemos apontar alguns limites do patronato
como uma explicação para o funcionamento do governo romano. O homem que
esfaqueou Calígula e muito dos homens que formaram a conspiração Pisoniana contra
Nero não deixaram de receber seus benefícios por parte do Imperador, mas mesmo
assim conspiraram contra ele. Cabe lembrar que um dos conspiradores Pisonianos era
um cônsul designado enquanto outros eram familiares do princeps (Tácito. Anais. XV,
48-51) e que um dos torturadores, o prefeito da guarda pretoriana, Fênio Rufo (Tácito.
Anais. XV, 50), foi descoberto como um dos conspiradores.
No ano de 66, outra conspiração foi descoberta em Beneventum. O líder dessa
conspiração era Ânio Viniciano que tinha como objetivo substituir Nero pelo general
Corbulão. Segundo Wiedemann, existe uma ligação entre o acusado e Ânio Polião,
envolvido na conspiração pisoniana. Esses dois envolvidos em conspirações contra
Nero seriam irmãos. Esse fato serve para ilustrar nossa hipótese de que as domus se
articulavam independentes do poder Imperial, formando em muitos casos factiones que
compreendiam na formação de famílias dedicadas a fazer oposição aos Imperadores.
Como os dois envolvidos nessas tentativas de substituição do núcleo de poder
comandado por Nero pertenciam à mesma domus, podemos inferir que esta domus fazia
parte de algum núcleo de resistência contra Nero. Cabe ressaltar que essa conspiração
que proveio de Beneventum teve como um dos principais conspiradores o general
Corbulão, investido por Nero e que havia feito uma ótima campanha contra os
Armênios e, segundo Wiedemann, era patrono e sogro de Ânio Polião.185
Afora esses exemplos conspiratórios, também não podemos nos esquecer de
que derrubar o Imperador não era uma das tarefas mais fáceis de serem completadas.
Afinal, como afirma David Shotter, durante o Alto Império, havia três fontes principais
185
WIEDEMANN, T. E. J., 2006, p. 254
104
pelas quais a oposição política e pessoal ao Imperador poderia vir à tona: a própria
familia do princeps, a ordem senatorial e a Guarda Pretoriana.186 Era, portanto,
necessário estar próximo ao Imperador para derrubá-lo. E isso poderia ser feito visando
o acúmulo de benefícios, como magistraturas ou riquezas, possibilidade que poderia
colocar determinada domus na condição de casa reinante. Somado a esse fator, também
é importante lembrar que:
188
Tradução nossa.
106
pela força ou pela virtude de um bom princeps. Como nos mostra em seu livro em
questão, o Estado era indissociável da figura do governante e deveria ser controlado por
ele. Porém, cabe ressaltar que “ordem” Imperial não se confunde com o poder Imperial.
A figura do princeps é apenas o elemento ordenador desta e não a ordem em si,
podendo em muitos casos ser um agente perturbador da ordem vigente. Afinal,
dirigindo-se a Nero, escreve que "és a alma do estado e o Estado é teu corpo" (Sêneca.
Tratado sobre a clemência. I, 5,1).189 O Imperador, portanto, neste caso Nero, era
detentor de poderes extraordinários e deveria manter a “ordem” política e social, já que
estas estavam sujeitas à fortuna. Neste caso, a recomendação era: o Estado só existe
onde há ordem pública e ela advinha do princeps (Sêneca. Tratado sobre a clemência.
III).
Porém, diferentemente dos modelos calcados apenas na importância da elite,
ainda no De clementia, Sêneca descreve que o princeps deveria voltar-se diretamente às
reivindicações da plebe por três motivos: primeiro, porque a plebs era vista como uma
massa inconstante e, por este motivo, disposta a qualquer tipo de ação violenta ou não;
em segundo lugar, como protetor da ordem pública, era dever do princeps evitar
qualquer desordem social ou política; e em terceiro lugar, como Roma era considerada
centro do poder Imperial, o soberano deveria manter o equilíbrio social, pois esta
“cidade terá deixado de dominar no mesmo momento em que tiver deixado de prestar
obediência” (Sêneca. Tratado sobre a clemência. III, II, 2).190 E Roma era a capital de
um grande Império que abrigava em seu interior uma enorme população com diferenças
sociais, culturais, políticas e até mesmo econômicas entre seus mais diversos grupos.
Como podemos perceber, a visão de Sêneca sobre a “ordem” Imperial pode ser
apontada como semelhante àquela que Tácito aplicou em suas obras. Todavia, ao
contrário de Sêneca, a obra de Tácito possuía outro objetivo marcante, que era descrever
inúmeros conflitos dentro e fora de Roma. Esses conflitos, em Tácito aparecem como o
motor da sociedade, inclusive sendo essenciais para uma aproximação com o Imperador
e também para a formação de grupos de oposição que passariam a contestar a “ordem”
vigente. E isso fica claro ao atentarmos para o levantamento que pode ser feito de todos
os personagens que aparecem na narrativa dos Anais e que se encontram, em mais de
90% dos casos, relacionados a pelo menos uma acusação política. Neste caso, podemos
189
Tradução de Ingeborg Baren.
190
Tradução de Ingeborg Baren.
107
dar especial atenção aos inúmeros casos de maiestas – que poderia ser traduzida por
lesa- majestade – e que foram muito comuns nos governos de Tibério e de Nero. Os
conflitos entre a elite e entre este grupo e o Imperador, portanto, são muito mais
presentes em Tácito do que a ideia de um consenso universal sobre determinado patrono
ordenador da sociedade.191 E é isso que vamos investigar nesta última etapa.
Sobre o interesse de Tácito no conflito, podemos contribuir para essa afirmação
com mais uma reflexão. Como vimos, as obras desse historiador chegaram até nós
através de dois códices: o Mediceus prior e o Mediceus alter. Todavia, o que ainda não
dissemos é que as primeiras noções sobre a organização desse material, principalmente
as versões dominantes de José Tápia Zuñiga e de A.J Woodman, defendiam a
perspectiva de que as Histórias e os Anais corresponderiam a uma contagem sequencial
de trinta livros que se completavam em uma obra monumental: com os Anais compondo
os dezesseis primeiros livros e as Histórias os catorze últimos livros.192 A própria
nomenclatura do primeiro livro das Histórias, intitulado Cornelii Taciti liber XVII, na
organização em que foi encontrada nos códices medievais, também se tornava um fator
muito importante para a afirmação dessas acepções sobre a organização do corpus
documental de Tácito.
Contudo, independente das discussões sobre a quantidade de livros contidos
em suas obras, o que podemos constatar através da datação de seus escritos e a sua
biografia é que o historiador latino se propõe, primeiramente, a compor as suas
Histórias. É somente depois da composição dessa obra que ele se debruça na tentativa
de escrever outra composição historiográfica (os Anais), onde narra acontecimentos de
um passado anterior ao das Histórias. Assim, é possível dizer que as obras
historiográficas de Tácito não só lidam com acontecimentos que estão compreendidos
em dois períodos em que as guerras civis, mas partem de um ponto muito importante
para um novi homine: o ano de 69.193 E essa proposta já foi apresentada quando
apresentamos a biografia de Syme sobre Tácito em nosso segundo capítulo. De qualquer
maneira, o que temos aqui é mais um elemento que comprova o diálogo entre a posição
do orador e do político Tácito.
Esse interesse raciocínio fica mais claro em manobra realizada por Tácito no
proêmio de suas Histórias (I, 4). Nela é possível perceber que existe uma relação de
191
Ver anexo.
192
ZÚÑIGA, José Tapia, 2002, pp. 9- 34 e WOODMAN, A. J, 2004.
193
SYME, Ronald. 1967, p. 529.
108
“causa e efeito” (sed ratio etiam causaeque noscantur) entre os acontecimentos que
serão relatados em sua nova obra e os motivos, segundo a versão do historiador, que
levaram ao desencadeamento desses fatos. Para tanto, o historiador latino afirma que
irá retroceder ao estado da urbs e atentar para as questões condizentes com o
temperamento dos exércitos, a atitude das províncias, e os elementos de fraqueza e de
força que existiam ao longo do Império, na tentativa de explicar porque os romanos
estavam por enfrentar “aquele único e longo ano de Galba, Oto e Vitélio” (Diálogo dos
Oradores, 17).194 Esse fato é fortemente marcado pela famosa sentença, proferida por
Tácito, de que o segredo do Império havia sido descoberto, e que um imperador poderia
ser feito fora de Roma (Tácito. Historias. I, 4).195 As guerras civis do final de Nero,
portanto, são importantes para compreendermos como Tácito vê a “ordem” do
Principado.
Sobre esses eventos, é possível fazer um panorama prévio para situar o leitor
nos principais eventos desse ano em Tácito. Porém, para isso, também teremos que
fazer uma volta semelhante àquela referida anteriormente. A insatisfação quanto à
gestão de Nero como Imperador começa em 64, quando a cidade de Roma sucumbiu
rapidamente a um incêndio devastador ao qual Nero foi culpado. Mesmo com o desastre
e as fofocas, o Imperador se incumbiu da tarefa de reconstruir a cidade através de um
novo planejamento urbano e da construção de um palácio (Domus aurea) que tomaria
grande parte do centro de Roma e serviria de residência para o Imperador.196 Assim,
para realizar seus planos de construção, o Imperador promoveu uma enorme campanha
de arrecadação de dinheiro das províncias do Império. Este quadro gerou grande
insatisfação por parte dos seus habitantes, como também nas tropas que defendiam esses
territórios e que, segundo Brian Campbel, eram compostas, primordialmente, por
indivíduos nascidos nessas províncias, e que ali estavam por um longo período tempo.
Ou seja, esse contingente militar possuía grandes laços de afinidade e de amizade para
194
atque illum Galbae et Othonis et Vitellii longum et unum annum.
195
evulgato imperii arcano posse principem alibi quam Romae fieri.
196
Cabe aqui destacar que alguns autores elogiam a atuação de Nero na reconstrução e embelezamento da
cidade de Roma no pós-incêndio de 64. Dentre eles, podemos citar as contribuições de T. E. J. Wiedeman
e de David Shotter que elogiam a maneira de Nero prestou socorro às vitimas e também a forma que
dirigiu as construções que foram erguidas na cidade de Roma. Cf. SHOTTER, David, 1997;
WIEDEMANN, T. E. J., 2006.
109
com a população local, inclusive levantando armas para defender os seus próprios
interesses.197
Esse quadro de descontentamento local também pode ser encontrado em
algumas passagens contidas nas fontes do período. Como exemplo, no segundo livro
das Guerras Judaicas, de Flávio Josefo, é possível observar que o estopim dos conflitos
entre romanos e judeus foi o fato de que as cobranças de impostos feitas pelo
procurador da Judéia, Gésio Floro, estavam se tornando onerosas e por demais
sangrentas (Flávio Josefo. Guerras Judaicas. II, 276 a 307). Essa mesma realidade é
confirmada pelo relato de Dião Cássio, quando este afirma que o motivo das revoltas
dos judeus era a irritação com a opressão e as taxas que eram impostas pelos Romanos
(Dião Cássio, História Romana, LXIII, 1). O mesmo valia para a revolta de Vindex, na
Gália, que se revoltou contra os impostos e as cobranças desnecessárias promovidas por
Nero (Dião Cássio, História Romana, LXIII, 3).
O fim de Nero é marcado pela revolta de Vindex, em 68, portanto, um período
que antecede em alguns dias as guerras civis. Como concorda a historiografia, a ideia de
Vindex não era a de separar a província da Gália do julgo romano, mas a de lutar para a
retirada do tirano Nero do poder e a sua substituição por algum concorrente digno.198
Mesmo embora esse novo centro ainda não tivesse sido escolhido, já que Galba, o
próximo Imperador, se juntou ao Gaulês após o início da insurreição.199 O que temos
nesse cenário prévio, é que os grupos podem se articular independentes do poder de
Nero e também sem até mesmo ter um novo centro que os agrupe. Além disso, os
motivos pelos quais as pessoas se rebelavam, como a justificativa de tirania ou de
competição literária, tão são indicativos sagazes que explanam que até mesmo não era
preciso
Para combater os insurgentes, Nero envia as legiões localizadas na Germânia,
sob a liderança de Virgínio Rufo, que, ao marcharem em direção aos rebeldes, foram
barradas na cidade de Vesontio (atual Besançon), na Gália. Esta cidade demonstrou o
seu apoio aos inimigos de Nero ao fechar suas portas, se posicionava de maneira hostil
aos adversários de Vindex (Dião Cássio. História Romana. LXIII, 24). Por outro lado,
197
CAMPBEL, Brian, 2002.
198
WIEDEMANN, 2008, p. 257
199
Como exemplo, para Dião Cássio, Vindex não queria reclamar o título de Imperador a sua pessoa. Para
ele, existiam inúmeros problemas do Imperador que eram contestados, como o fato de Nero ter destruído
o Senado, matado sua mãe e de não preservar a aparência esperada de uma autoridade suprema (Dião
Cássio. História Romana. LXIII, 3).
110
também é possível observar na narrativa taciteana que a ideia de uma insurreição contra
Nero também não era algo consensual em todas as cidades da Gália, já que os exércitos
de Galba encontraram oposição nas comunidades de Treviri e Lingones, que decidiram
apoiar Nero (Tácito. Histórias. I, 57).
Já, no dia 9 de junho de 68, o Império Romano presenciava o suicídio do
último Imperador da dinastia Júlio- Cláudia, o princeps Nero Cláudio César Augusto
Germânico. Com a morte deste soberano, o governo de Roma foi entregue com o
consentimento do Senado, da Guarda Pretoriana e dos exércitos da Hispânia e da
Lusitânia a um velho senador de setenta anos de idade. Seu nome era Sérvio Sulpício
Galba, o primeiro de quatro Imperadores que governaram o Império Romano durante o
ano de 69. Ao observarmos as fontes que lidam com os acontecimentos da vida de
Galba, podemos perceber que seu reconhecimento como princeps pelo Senado romano
refletia, primordialmente, o apoio dado pelos exércitos da província da Hispânia, que,
após a revolta de Júlio Vindex, na Gália, em 68, se prontificaram a apoiar a candidatura
Imperial de seu velho general.200
Como sabemos através das fontes, mesmo após a derrota de Vindex pelas mãos
das legiões da Germânia, anteriormente, Galba favoreceu enormemente as tropas de sua
antiga província e as da Gália, as mesmas que haviam sido derrotadas pelos exércitos
Germânicos que apoiaram Nero (Tácito. Histórias. I, 51). Dentre esses favorecimentos,
algumas promoções foram distribuídas, mas, principalmente, é interessante notar que o
Imperador fez questão de diminuir as taxas que eram pagas por aquela população, além
de distribuir cidadania romana para algumas pessoas (Tácito. Histórias. I, 53). Fato que
desagradou enormemente as tropas localizadas na Germânia, que tinham se colocado ao
lado de Nero, a tal ponto que o próximo passo que seria trilhado por eles era o de
escolher um novo Imperador: Vitélio.201
Como resultado dessas insurreições, e antes mesmo da morte de Nero, Galba
foi aclamado Caesar e Legado do Senado e do Povo romano pelas tropas que o
apoiavam, na região de Nova Cartago, entre os dias 2 e 3 de abril de 68 (Suetônio. Vida
de Galba. XI). Além disso, o futuro Imperador também passava a contar com o apoio de
Oto, um antigo companheiro de Nero, que contribuiu com metais preciosos para pagar
200
Dião Cássio. História Romana. LXIII, 2; Flávio Josefo. Guerras Judaicas. IV, 494; Plutarco. Vida de
Galba. 7, 2; Suetônio. Vida de Galba. IX e X
201
Dião Cássio. História Romana. LXIV, 4, 1- 2; Flávio Josefo. Guerras Judaicas. IV, 546; Plutarco.
Vida de Galba. 18, 7; Suetônio. Vida de Galba. XVI; Tácito. Histórias. I, 52.
111
as tropas insurgentes (Plutarco. Vida de Galba. 20, 3), e também com a deserção de
importantes comandantes das tropas neronianas, como Rufo Gallo e P. Petrônio
Turpiliano (Plutarco. Vida de Galba. 20, 3.). Todos membros importantes da corte do
Imperador e que contaram com benefícios distribuídos por ele.
O governo de Galba durou por aproximadamente sete meses (de 8 de junho de
68 ao dia 15 de janeiro de 69). Seu principado foi marcado por uma forte preocupação
em reorganizar os assuntos financeiros do império que haviam sofrido uma grande
turbulência nos anos finais do governo de Nero, principalmente por causa da
reconstrução de Roma, no pós-incêndio de 64, e pela construção da Domus aurea.202 No
entanto, apesar dessa política de reestruturação econômica, outra preocupação que
assolou a política do velho senador, e talvez a maior dentre todas elas, era a de encontrar
um herdeiro que pudesse substituí-lo no governo do Império após a sua morte. Atitude
esta que não seria facilmente aceita por todos os envolvidos em sua empreitada para
derrubar o antigo Imperador.203 Sobre esse episódio, as fontes nos trazem dois
postulantes a herdeiro de César: o futuro Imperador Marco Sálvio Oto, um homem de
origem nobre e que havia suportado a empreitada de Galba com todas as suas forças, e o
escolhido Lúcio Calpúrnio Pisão Liciniano.
Essa escolha desagradou profundamente o preterido a tal ponto que uma
atitude drástica teria que ser tomada para que ele pudesse justificar a sua posição como
um futuro princeps. O resultado foi a elaboração de um plano que visava o assassinato
do princeps e a substituição deste por Oto. Neste complô, que teve seu desfecho dias
após a escola de como herdeiro do Imperador, é possível observar a participação de
membros da Guarda Pretoriana como executores de Galba e também na aclamação de
Oto como Imperador. Esta que se deu no dentro dos muros do acampamento da Guarda
na presença de apenas vinte e três soldados.204 Além disso, apesar dos crimes cometidos
dentro da capital, o Senado se posicionou em favor de Oto, concedendo-lhe o título de
202
Embora também tenha sido muito criticado pelas fontes por sua avareza no comando do Império (Dião
Cássio. História Romana. LXIV, 3, 4; Tácito. Histórias. I, 20 e 21).
203
Dião Cássio. História Romana. LXIV, 5; Plutarco. Vida de Galba. 21, 2 e 3; Suetônio. Vida de Galba.
XVII e X; Tácito. Histórias. I, 13.
204
Dião Cássio. História Romana. LXIV, 6, 5; Plutarco. Vida de Galba. 27; Suetônio. Vida de Galba.
XIX e XX; Tácito. Histórias. I, 29 – 49.
112
princeps e reconhecendo-o como Imperador no mesmo dia da morte de seu
antecessor.205 Seu governo durou nove meses e treze dias.206
Apesar de sua vitória, Oto, como novo governante do Império Romano já
enfrentava um novo problema originado dias antes de sua ascensão. Em 2 de janeiro de
69 (13 dias antes mesmo da morte de Galba), e com o apoio de sete legiões descontentes
com a escolha dos exércitos da Hispânia, o governador da Germânia Inferior, Aulo
Vitélio, também era saudado pelas tropas localizadas na cidade Colônia como
Caesar.207 Posição que a priori por ele foi refutada até que, ao saber das notícias de que
Galba havia sido assassinado e que agora Oto era Imperador, o novo candidato ao
Império se pôs a marchar contra os exércitos que apoiavam o princeps. E, já no dia 23
de janeiro de 69, o postulante ao lugar de Imperador já se encontrava na região de Toul,
na França, enquanto dois dos seus fiéis comandantes avançavam rumo ao norte da
Itália.208 Sabedor dos planos do governante da Germânia Inferior, o Imperador tentou se
relacionar com ele através de correspondências, inclusive enviando uma embaixada
senatorial e oferecendo a possibilidade de seu concorrente se tornar seu filho adotivo.209
Todavia, nenhuma dessas ofertas afastou Vitélio de reunir suas topas e de lutar
pelo poder de Roma. Afinal, e tendo em vista a aclamação de Galba por apenas uma
Legião, outro exército também poderia direito a nomear um novo Imperador. Somado a
esse apoio, Vitélio ainda encontrou a aderência dos governadores da Bretanha, da Gália
belga e Central, da Raetia e da Panônia.210 A atitude tomada por Otho foi a de marchar
com as tropas que o apoiavam em direção ao seu inimigo. Assim, saiu de Roma
marchando com a Guarda Pretoriana e com o apoio de oito legiões do Leste: três da
Síria, três da Judéia e duas do Egito. O grande encontro ocorreu no norte da Itália
próximo a região de Cremona. A batalha foi travada no dia 14 de abril de 69, decretando
a superioridade das tropas Vitelianas e a derrota do então Imperador Oto que, com a
205
O crime aqui referido são os assassinados de Galba, nas escadarias do Fórum, no centro de Roma, e o
de seu sucessor, só que nas portas do templo de Vesta.
206
Adotamos aqui a mesma cronologia encontrada em Dião Cássio. História Romana. LXIV, 6, 5.
207
Dião Cássio. História Romana. LXIV, 5; Flávio Josefo. Guerras Judaicas. IV, 546; Plutarco. Vida de
Oto. 4, 2- 3; Suetônio. Vida de Oto. VIII; Tácito. Histórias. I, 50.
208
Eram eles Caecina Alieno e Fábio Valens.
209
Dião Cássio. História Romana. LXIV, 10, 1; Plutarco. Vida de Oto. 4, 4; Suetônio. Vida de Oto. VIII,
1; Tácito. Histórias. I, 50.
210
Plutarco. Vida de Oto. 4, 2, 3; Tácito. Histórias. I, 64 a 70.
113
ajuda de um Liberto, tirou a sua própria vida três dias depois. Seu governo durou três
meses (15 de janeiro de 69 – 16 de abril de 69).211
Sabemos muito pouco sobre o também breve governo de Vitélio, pois as
informações que podemos extrair das fontes são inteiramente focadas em sua marcha
para Roma e as convulsões ocorridas com tropas de Vespasiano, na Judéia. Este último,
que será o seu algoz. Além disso, possuímos algumas informações de cunho biográfico
que podem ser encontradas na obra de Suetônio, mas que também são pouco
elucidativas sobre esse governo tão curto de um Imperador que até então era um
aristocrata sem nenhuma expressão e nem apoio de sua própria província enquanto
governador. No entanto, podemos precisar que seu governo durou por aproximadamente
cinco meses (17 de abril de 69 – 20 de setembro de 69) e mesmo nesse tempo já
encontrava a sua posição ameaçada por eventos que estavam acontecendo nas
províncias do Oriente.
Como relatam as fontes sobre o período, o comandante da Judéia já
demonstrava certo interesse em assumir o Império há alguns meses antes do governo de
Vitélio.212 Esse interesse pode ser confirmado graças a uma viagem de seu filho Tito
para saudar o novo Imperador de Roma, Galba, após a morte de Nero. Nesse episódio,
vemos que ao chegar a Coríntio, na Grécia, o filho de Vespasiano se depara com a
notícia do assassinato do velho Imperador, da ascensão de Oto e de que as tropas
Vitelianas já se encontravam em marca para combater o usurpador do Império. Sua
primeira reação a essa notícia foi a de retornar para a Judéia, mas não sem antes enviar
Agripa, um dos reis clientes de Roma, para a capital em busca de maiores notícias sobre
os acontecimentos funestos e como um novo partido poderia proceder dentro deles.213
Afinal, com esses acontecimentos, Vespasiano com o apoio das tropas do leste também
poderia se tornar Imperador. E, no dia 1 de julho de 69, ou seja, cerca de três meses e
meio após a ascensão de Vitélio, Vespasiano era saudado como Imperador pelas legiões
da Judéia e da Síria, em Alexandria.214
Deflagrada a notícia de que um novo Imperador havia sido proclamado, não
tardou para que outras legiões do Leste passassem a apoiar Vespasiano contra Vitélio.
211
Adotamos aqui a mesma cronologia encontrada em Dião Cássio. História Romana. LXIV, 15, 2.
212
Dião Cássio. História Romana. LXV, 8, 3 e 4; Flávio Josefo. Guerras Judaicas. IV, 588 a 592;
Suetônio. Vida do Divino Vespasiano. V, 6; Tácito. Histórias, II, 6.
213
Suetônio. Vida do Divino Vespasiano. V; Tácito. Histórias. II, 1 a 6.
214
Dião Cássio. História Romana. LXV, 9, 3; Flávio Josefo. Guerras Judaicas. IV, 605; Tácito.
Histórias. III, 8.
114
Assim, o que passamos a observar é que no mesmo mês de sua aclamação, o general
também reuniu sobre seu partido as legiões estacionadas na Mésia, Panônia, Dalmácia,
Egito, Galácia, Capadócia, Bitínia. Além, é claro, dos exércitos anteriormente citadas,
localizados na Judéia e na Síria. Sua força total residia nas mãos de aproximadamente
30.000 legionários.215 No entanto, apesar de sua precoce aclamação como Imperador, as
tropas de Vespasiano somente começaram sua marcha contra Vitélio em 22 de Outubro
de 69, quando adentraram na Via Postumia em direção à região de Bedriaco, localizado
no norte da península itálica.
Além disso, também cabe citar a preocupação inicial de Vespasiano que, antes
de marchar para a guerra contra Vitélio, promoveu uma viagem à Alexandria, no Egito.
O motivo de tal manobra é controverso, pois, em Tácito e em Dião Cássio é possível
perceber que essa empreitada serviria para assegurar a provisão de trigo para suas
tropas, além de servir como ponto de coleta de metais preciosos (usados em moedas
para o pagamento dos soldados), de armamentos para o combate e, principalmente, de
contingente militar.216 Já, por outra via, Flávio Josefo afirma que tal manobra era para
sufocar a cidade de Roma com a falta de provisões e, assim, ganhar a guerra (Flávio
Josefo. Guerras Judaicas. IV, 606). De uma forma, ou de outra, fica claro que uma
logística em busca do apoio das províncias deveria ser traçada antes de qualquer
batalha. E isso significava que poderiam existir tropas e até mesmo membros da mais
alta administração provinciana que se posicionariam como hostis ao governo vigente.
Deflagrada a batalha, e com a traição de Caecina Valens, que passou para o
lado de Vespasiano, seus exércitos venceram o inimigo e se colocaram em marcha para
Roma para conquistar em definitivo a capital do Império. Por isso, no dia 18 de
dezembro, o Imperador Vitélio presenciou a capital do seu Império cercada por
inimigos. À primeira vista das dificuldades que enfrentaria, o princeps pensou em uma
maneira de transferir o seu comando ao novo postulante sem que nenhuma nova batalha
fosse deflagrada (Tácito. Histórias. III, 67). Essa proposta foi duramente repelida pela
população de Roma que cada vez mais depositava seu apoio em Vitélio. A sua escolha,
portanto, foi a resistência. Isso acarretou em seu assassinato aos pés das Gemônias por
soldados das tropas da região do Danúbio que mal sabiam quem era o Imperador.217 Era
215
WELLESLEY, K., 2000, p. 122.
216
Dião Cássio. História Romana. LXV, 8 e 9; Tácito. Histórias. II, 80 a 82.
217
Dião Cássio. História Romana. LXV, 21, 2; Tácito. Histórias. III, 84.
115
o dia 21 de Dezembro de 69, e o Império Romano presenciava a fundação de uma nova
e duradora dinastia: Flávia.218
Em suma, através desse panorama sobre os acontecimentos referentes ao ano
dos quatro Imperadores, podemos perceber que durante o período de 11 de junho de 68
(a morte de Nero) e o dia 21 de Dezembro de 69 o Império Romano vivenciou uma
situação muito próxima a uma “anarquia militar”. Pois, como foi apontado nesse
resumo dos principais acontecimentos pós Nero, três desses novos governantes
alcançaram as suas posições de princeps graças aos destacamentos militares
provincianos (Galba, Vitélio e Vespasiano). Ou seja, estavam ali por causa do benefício
do Imperador, como governadores, mas começavam a construir alianças paralelas ao
poder Imperial e com as outras que também surgiam nesse cenário instável. Também é
importante destacar a participação efetiva da Guarda Pretoriana na ascensão de Oto,
aquela que tinha em sua origem a única função de proteger o Imperador, demonstrando
que, pelo menos na visão Dião Cássio, a dignidade de Imperador poderia ser comprada
junto com as tropas (Dião Cássio. História Romana. LXV, 9, 2).
Feita essa exposição até certo ponto, mas justificável, é necessário ao leitor
observar o quão complicado era para derrubar um Imperador e fazer outro. Lembrando
que esse processo também significa transitar dentro da “ordem”. Afinal, esse período de
stasis não chegou perto de uma grande anarquia que poderia destruir todo o Império,
pois, como podemos observar nas fontes, os conflitos militares ficaram restritos a
períodos muito curtos (menores ainda que os efêmeros governos dos Imperadores) e
somente na mesma faixa territorial (nas proximidades de Cremona, no norte da Itália).
Além disso, a guerra civil somente se instaura em dois momentos distintos. Ou seja, na
transição entre Oto para Vitélio e de Vitélio para Vespasiano. Já, na transição entre
Nero e Galba e de Galba para Oto o que podemos observar é que os exércitos possuem
de fato uma importância preponderante, mas que também era possível fazer um
imperador através de outras vias que não a da guerra.
O que fica claro em Tácito é que para que essas conspirações viessem à tona
uma série de cálculos, de estratégias e de alianças interpessoais precisavam ter lugar,
218
Dião Cássio realiza uma contagem entre o dia da morte de Nero e a ascensão de Vespasiano. Para ele,
“desde a morte de Nero até o começo do governo de Vespasiano se passaram um ano e 22 dias” (Dião
Cássio. História Romana. LXVI, 17, 4). Assim, o que fica evidente nessa contagem é que o historiador
considera válida a ascensão de Vespasiano a primeira proclamação feita pelos Alexandrinos, em 69,
quando Vitélio ainda era Imperador.
116
tudo isso visando o sucesso da empreitada. Por exemplo, era necessário decidir quem
seria o próximo Imperador para que os indivíduos pudessem medir quais ganhos que
receberiam com a realização dessa empresa. Quem fizesse um novo Imperador,
certamente, assim como fez Agripina, poderia arbitrar em importantes assuntos do
Império e gozar de uma posição social muito privilegiada. Ou, ainda, era imprescindível
calcular bem, pois uma conspiração sem sucesso significaria a perseguição e a morte de
todos os envolvidos. Assim, podemos afirmar que para suplantar um Imperador era
necessário que os indivíduos que a ele fossem contrários unissem suas domus com
outras. Mas, como vimos, estas unidades também poderiam não ser coesas, pois dentro
delas havia competição por hierarquia. Isso também valia para o Senado. Por isso,
podemos pensar que as alianças eram através de grandes grupos políticos e sociais que
compreendiam uma dimensão que iria para além do limite das domus. Estas poderiam
compreender o Império.
Mas o que extrair dessas narrativas taciteanas, ao compararmos ela com outras
sobre a guerra civil e os momentos de “ordem”? Se por um lado, ao analisarmos a obra
de Lucano, podemos perceber o quanto que as Guerras Civis poderiam ser lidas através
de uma ótica que privilegiasse as horrendas mortes causadas por irmãos que lutavam
por dois partidos distintos (Lucano. Farsália. II, 59- 63), de outro, no Commentarii de
Bello Civili (Comentários sobre as Guerras Civis) de Júlio César, é possível perceber a
guerra mais anatomizada. Nesta “anatomia”, podemos pensar na logística da guerra
expressa para se conseguir os materiais para a guerra, pois as bases para o fornecimento
de cereais, armamentos e, principalmente, metais preciosos para a cunhagem de
moedas, poderiam estar em muitos lugares. E, como vimos, eles estavam!
Neste quadro, para além das necessidades logísticas já citadas, é possível
perceber as manobras de propaganda militar que visavam à aderência dos cidadãos
romanos, sejam habitantes da capital, ou não. Além disso, é possível indicar que essa
longa cadeia de favores que se originava do centro de determinado domus, neste caso a
de César, aglomerava em seu interior desde os senadores, equestres, magistrados,
cidadãos até a fidelidade de algumas cidades provinciais que poderiam decidir se
apoiavam, ou não, determinados generais durante as guerras civis e somente quando
eles estavam na cercania e prontos para o sítio (César. Guerras Civis. I, 11). De uma
forma ou de outra, apenas descontruímos o modelo até o ponto de relativizá-lo ao
máximo. Mas ainda cabe lembra que estamos falando de um momento em que existiu
117
“ordem” e esta “ordem” era Imperial, do Imperador, para além do seu valor nominal.
Fatos semelhantes ao que podemos observar nos anos de 68 e 69.
Para tanto, voltamos ao debate sobre como a República e o Principado,
expostos aqui em conflitos civis, podem nos ajudar a compreender o Principado de
Tácito. E esse debate pode ser embasado historicamente através da análise de Géza
Alföldy. Em seu livro “A História social de Roma”, o autor destina um capítulo
específico para o estudo dos “principais conflitos dos últimos tempos da República e
suas implicações sociais”.219 Nesse estudo, o pesquisador deixa transparecer a proposta
de que quarenta anos antes do Principado inaugurado por Augusto já era possível
perceber os efeitos de uma nova configuração política, neste caso, a Monarquia. Afinal,
seus efeitos podem ser identificados em disputas anteriores, compreendidas pelas lutas
entre facções políticas e militares que amparavam a candidatura de seus chefes ao poder
supremo em Roma.220 Ou seja, em suas palavras:
219
ALFÖLDY, Géza, 1989, p. 89.
220
Idem, p. 82.
221
Idem, p. 96.
222
Tal como exposto anteriormente nesse mesmo capítulo.
223
WINTERLING, Aloys, 2009.
118
Sobre essa temática da guerra civil, para Moses Finley, esta sempre foi
entendida através de uma palavra que poderia abranger em seu significado todos os
níveis de intensidade de lutas: a stasis.224 Mesmo quando limitada ao contexto
sociopolítico, essa palavra grega também poderia ser entendida através de “um vasto
leque de significados, desde agrupamento político a rivalidade, passando por facção (no
seu sentido pejorativo) destinada a provocar a guerra civil”.225 Porém, apesar disso, a
interpretação dominante, segundo ele, entendia a stasis política e social como um
conflito sedicioso imposto por facções. Segundo Finley.
“No que diz respeito à visão global dos Julio- Cláudios, é importante lembrar
que sua era teve um fim com a catástrofe nacional do ano de 69, um
testemunho não de Nero como um estadista, mas da falácia do exercício
arbitrário do poder que eles praticaram”.231
Para ele, portanto, a nova realidade inaugurada por Augusto poderia ser
classificada como uma forma de governo “esquizofrênica”, já que alternava em diversos
níveis de ambivalências e ambiguidades a respeito da “restauração da República” e a
posição do princeps.232 Pois, na opinião do autor, apesar do discurso dos Imperadores se
demonstrar diferente de qualquer forma de monarquia, e para isso basta atentarmos
229
Como exemplo, basta atentarmos para o segundo proêmio de sua obra Anais, em IV, 32.
230
RUDICH, Vasily, 1993
231
Idem, p. xiv.
232
Idem, p. xv.
120
novamente para a divisão de poderes entre o Senado e o Imperador no discurso inicial
de Nero (Tácito. Anais. XIII, 4), na verdade isso de facto não existia, pois os
Imperadores deveriam ser lidos como monarcas já que suplantavam a autoridade de
tudo e de todos, principalmente o tirano Nero. O Principado, desta forma, não tinha
nada a ver com a República.
Nesse mesmo sentido, os próprios assassinos dos grandes tiranos também
passavam a sustentar uma dupla condição: a de salvadores da república ou o de
criminosos. Essa tradição interpretativa se coloca de maneira mais visível se atentarmos
para o fato de que, após a morte de César, um dos seus assassinos, Marco Bruto ser
considerado como “salvador” da república pelo Senado por ter extinguido um tirano.
Contudo, após o governo de Augusto podemos observar o resgate da imagem cesarista e
a consequente associação dos imperadores com o título de Caesar, fato que indica que
essa memória sobre os eventos passados era controlada por tradições interpretativas
dominantes. O mesmo valia para a associação das atitudes das personagens das
narrativas históricas posteriores. Afinal, como demonstra Tácito era possível alguém ser
acusado de atentar pela vida do governante apenas louvando as atitudes e os tiranicidas
do passado, como o caso de Cremúcio Cordo, em Anais. IV, 34.
Vale destacar que Cordo foi acusado, durante o governo de Tibério, de “um
crime novo, e absolutamente desconhecido até aquele tempo” (Tácito. Anais. IV, 34).233
E este crime era o de ter publicado um Anais que fazia elogio a Bruto e denominava C.
Cássio o último dos romanos. Já, o acusado, dirigindo-se aos senadores, no intuito de se
defender mesmo ciente de que “não ter já que esperar senão a morte”, profere o seguinte
discurso:
'verba mea, patres conscripti, arguuntur: adeo “Vejo, padres conscritos, que se acusam as minhas
factorum innocens sum. sed neque haec in palavras, prova evidente de que as minhas ações
principem aut principis parentem, quos lex são inocentes. Nem elas foram ditas contra o
maiestatis amplectitur: Brutum et Cassium príncipe ou contra sua mãe o que só é crime de
laudavisse dicor, quorum res gestas cum plurimi lesa majestade; mas sou simplesmente arguido por
composuerint, nemo sine honore memoravit. Titus ter louvado Bruto e Cássio, cujas ações também
Livius, eloquentiae ac fidei praeclarus in primis, muitos tem escrito, e ninguém sem lhes fazer
Cn. Pompeium tantis laudibus tulit ut Pompeianum elogio. Tito Lívio, particularmente ilustre pela sua
eum Augustus appellaret; neque id amicitiae eloquência e verdade, deu tantos louvores a Cn.
eorum offecit. Scipionem, Afranium, hunc ipsum Pompeu, que Augusto o chamava o Pompeiano; e
Cassium, hunc Brutum nusquam latrones et nem foi motivo para quebrarem a amizade.
parricidas, quae nunc vocabula imponuntur, saepe Falando de Cipião, de Afrânio, e destes mesmos C.
ut insignis viros nominat. Cássio e M. Bruto, nunca os chamou ladrões, nem
de parricidas, como hoje se faz” (Tácito, Anais,
233
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho [Grifos nossos].
121
IV, 34).234
Essa passagem pode ser facilmente utilizada para pensarmos a oposição entre
uma época aonde existe liberdade de expressão e, principalmente, liberdade política
para escolher o seu partido. Isso em contraposição com outra época marcada pelo tempo
aonde já não se pode resgatar outras tradições contrárias ao entendimento do Príncipe. A
República e o Principado, neste caso, são muito diferentes e da adulação dos Senadores
permite que o poder Imperial seja cada vez mais tirânico. Essa divisão é traduzida por
Tácito e fica mais evidente nas palavras finais do discurso do réu:
sed maxime solutum et sine obtrectatore fuit “Aquilo, porém sobre que nunca houve dúvida, e
prodere de iis quos mors odio aut gratiae que nunca mereceu repreensão foi, certamente, o
exemisset. num enim armatis Cassio et Bruto ac falar dos mortos, para quem já não deve haver ódio
Philippensis campos optinentibus belli civilis nem favor. Porventura convido eu o povo em meus
causa populum per contiones incendo? escritos para a guerra civil; faço eu ainda partido
com Bruto e com Cássio?” (Tácito. Anais. IV,
35).235.
instabat quippe Seianus incusabatque diductam “A isso dava todo motivo Sejano, que lhe
civitatem ut civili bello: esse qui se partium afirmava estar já Roma dividida em partidos
Agrippinae vocent, ac ni resistatur, fore pluris; como nos tempos das guerras civis; e que mesmo
neque aliud gliscentis discordiae remedium quam havia já indivíduos que se intitulavam do partido
234
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho.
235
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho [Grifos nossos].
122
si unus alterve máxime prompti subverterentur. de Agripina: ao que se não se desse logo um
pronto remédio, podia muito bem ter
consequências funestas. Que não havia, pois outro
meio para abafar na sua origem estas discórdias
senão castigar fortemente um ou outro chefe dos
mais atrevidos” (Tácito. Anais. IV, 17, 3).236
Essa situação de conflito dentro do grupo social de apoio a Tibério tem origem
na ascensão de Sejano a uma posição proeminente na domus Caesaris, inclusive
conflitando com outros membros que apoiavam o governo vigente e que também
compunham a mesma casa que outrora fora sustentada por Augusto. Para o historiador,
o estopim desses atritos entre o prefeito da guarda pretoriana e os herdeiros de Tibério é
marcado pelo pedido realizado pelo próprio Imperador ao Senado para que parasse de
ensoberbecer com honras prematuras os mancebos, tudo isso para que cessasse as
disputas no interior da domus Caesaris (Tácito. Anais. IV, 17, 3). Logicamente, como
reconhece Tácito, esse pedido favoreceu Sejano, pois, como este desejava o Império,
seria mais fácil eliminar concorrentes que não possuíam tanto prestígio. E a estratégia
dele foi a de influenciar Tibério, e amedrontá-lo com a ideia de que existiam partidos
que estariam se tornando muito fortes, como nas guerras civis. E para que a respublica
não caísse era necessário que o pater da domus Imperial interferisse e arbitrasse esses
conflitos. E o que vemos aqui é que o espectro das guerras civis volta a assombrar a
respublica.
Assim, e voltando aos problemas iniciais deste trabalho, podemos começar a
entender o Principado romano não como um período de tiranias, tais como aquelas
atuantes sob a alcunha do absolutismo, no cenário europeu do século XIX, e nem como
uma ordem unipolar calcada na força do Imperador e na proeminência da casa Imperial.
Além disso, como foi possível perceber, cabia, sim, aos Imperadores uma política de
manutenção e ordenação da sociedade do alto Império. E essa política teria que ser
direcionada às elites senatorial, equestre, aos exércitos e à plebe. Também preciso
lembrar que para uma determinada domus se colocar como uma possível concorrente ao
poder Imperial, esta deveria tecer estratégias com membros proeminentes que atuavam
no Senado, inclusive com aqueles que exerciam consulados, governos provinciais e até
mesmo o comando de legiões. Ou seja, para se formar uma oposição ao Imperador era
também necessário recorrer a pessoas que fossem altamente favorecidas por ele. Isso
236
Tradução de José Liberato Freire de Carvalho [grifo nosso].
123
também valia para seus próprios familiares. E, como vimos, ao longo da narrativa dos
Anais, todos os Imperadores assassinados pereceram pelas mãos de pessoas de seu
círculo mais íntimo: como a esposa, no caso de Cláudio (Tácito. Anais. XII, 66), e as
participações de elementos da guarda pretoriana no assassinato de Calígula e ainda no
caso de Macro, que mandou sufocar Tibério (Tácito. Anais. VI, 50).
Assim, também é possível problematizar a proposta de que, diferente da ótica
focada na elite romana (Ronald Syme), as manobras políticas embasadas no patronato
dos grandes dos grupos conflitantes na guerra civil perpassavam uma enorme
quantidade de diferentes clientes e de domus aristocráticas. Dentre eles, podemos citar
membros inferiores na hierarquia social, mas que possuíam cargos públicos, além dos
exércitos, de outros cidadãos, inclusive provincianos, e até mesmo escravos. Ainda
dentro das atribuições do Imperador, também podemos recorrer às ideias de Fergus
Millar, desenvolvidas em seu livro “The Roman Republic in political thought”, onde o
autor chama atenção para o “esquecimento” da participação popular nesses governos.
Para Millar, o exercício das magistraturas republicanas por parte de uma elite
oligárquica e minoritária, quando colocadas em contraposição com as obras de Cícero,
um hábil Senador romano que escreveu durante os anos finais do governo republicano,
demonstram uma realidade completamente diferente daquela descrita pelas
constituições de Aristóteles e até mesmo do modelo interpretativo desenhado pelo
historiador Políbio: a de que a política era para poucos. Primeiramente, porque, segundo
Millar, na época de Cícero é possível apontar que Roma possuía características de
cidade-Estado e de Estado-nação, englobando toda a península itálica, o norte da África
e grande parte do território que hoje corresponde ao continente europeu.
Essa imensa massa territorial, por sua vez, era composta por diversos cidadãos
que, apesar das dificuldades que envolviam a locomoção e a longa duração das viagens,
se faziam presentes no Fórum e participavam ativamente da eleição dos magistrados e
na elaboração das leis. Nesse sentido, Millar defende que é preciso atentar para o fato de
que o poder do populus romano também deve ser considerado como um fator
importante para as manobras políticas do final da República e no início do Principado. E
a hipótese de Millar é que, diferente das visões sobre um governo oligárquico e
totalitário por parte das elites, Roma, de fato, possuía uma forte presença da democracia
direta, marcada pela participação política do populus romanus nas assembleias (comitia
124
centuriata e comitia tributa). Daí a importância de grandes oradores e de manobras que
visassem conquistar o apoio dos cidadãos que possuíam o direito de voto.237
Sobre essa perspectiva, Greg Woolf, em um livro dedicado a assassinatos
políticos, mas, principalmente focado no caso de Júlio César, oferece-nos a seguinte
observação que nos impressionou pelo otimismo em relação ao pensamento de que a
política romana. Para ele, desde os tempos da República, a política romana era marcada
pelo afrontamento entre os seus principais cidadãos. Essa característica era refletida, por
exemplo, no assassinato de Júlio César e nas guerras civis de Otaviano, que conseguiu
pacificar os ânimos, tornando-se o primeiro Imperador de Roma. O estabelecimento do
Principado, neste caso, significou apenas a ausência das guerras civis por um período de
quase 100 anos. Isto foi considerado pelo autor como uma ocorrência rara devido às
inúmeras disputas entre a elite. Além disso, era ainda mais marcante e raro, pelo menos
do ponto de vista de Woolf, o fato de que a próxima guerra só tenha durado dois anos.
Nas palavras do autor:
“Após a batalha de Ácio se passaram quase cem anos até a próxima guerra
civil romana, que durou dois anos. Domiciano, o terceiro Imperador da nova
dinastia Flávia, foi assassinado trinta e poucos anos depois, mas uma
sucessão pacífica foi de algum modo arranjada. Na verdade, uma guerra civil
não estourou até o assassinato de Cômodo, em 192. Dessa vez, demorou um
pouco mais de tempo para a ordem ser restaurada: a última batalha foi
travada em 197. Mas a dinastia dos Severos durou até 235, antes do Império
se dissolver novamente em meio século de fragmentação, usurpação e
caos”.238
237
MILLAR, Fergus, 2002, p. 6
238
WOOLF, Greg, 2006, p. 94.
125
Segundo o autor, essa organização inaugurada por Augusto afastou por muitos
anos uma característica que havia se tornado comum para os romanos: as guerras civis
que eram fomentadas por grandes políticos/generais. Dessa maneira, apesar dos
indicativos de que o sistema de governo sob os Imperadores era muito distinto daquele
dos anos da República romana, cabe destacar que é possível sustentar a hipótese de que
essa nova realidade política e social (o Principado) não deixava de possuir algumas
semelhanças com os anos da República moribunda. Como exemplo dessa afirmação,
podemos perceber através do estudo de Tácito essas continuidades republicanas no seio
do Principado, principalmente no que tange às disputas pela maior posição hierárquica
do Império.
Em suma, o que podemos perceber neste debate é que a organização e
composição das obras de Tácito podem nos oferecer questões importantes a respeito da
organização política e social de Roma, já que nos oferecem uma visão mais
“desordenada” da “ordem” Imperial. Essas ideias nos revelaram que na função de
político e orador, o historiador latino também atribuiu um sentido bem relevante para a
sua exposição do Principado neroniano para além das narrativas literárias e focadas
apenas no deleite e na ficção. Tudo isso, nos leva a concluir que o Principado de Tácito
e o governo de Nero não devem ser visto como um monopólio por parte de um mesmo
grupo fechado e imutável de pessoas, como o consilium principis (conselho do
príncipe), ou até ser entendido através do significado stricto de aula neronis (corte de
Nero), a “panela de Nero”.
Neste capítulo, portanto, trabalhamos com elementos que demarcavam o
Principado como uma nova realidade política e social que já não era igual a do período
Republicano. Mas, que mesmo assim, possuía muita afinidade com os tempos das
guerras civis e com as disputas que envolviam as facções conflitantes que se originaram
dentro do contexto anterior e que também podem ser vistas em 69. Ao mesmo tempo,
diferente das concepções de um governo marcado por uma autocracia, os poderes do
princeps poderiam ser (e foram) contestados por indivíduos que se aliavam em grupos
de oposição que visavam suplantar o grupo dominante. Sendo assim, é preciso atentar
para o governo de Nero e os conflitos internos a ele através de uma perspectiva muito
mais ampla do que apenas procurando ações boas ou más.
Afinal, dentro deste esquema, o Principado neroniano passa a ter uma
importância ímpar na historiografia taciteana. Para tanto, indicamos que se faz
126
necessário estudar a “ordem” e a “(des)ordem” Imperiais através de um terceiro
conceito, que mescla a necessidade da busca por uma “ordem” através do
gerenciamento dos conflitos internos. E isso foi exposto aqui de uma maneira histórica,
política e sociológica. Ou seja, através daquilo que denominamos como “(des)ordem
Imperial”. Porém, para não ficarmos apenas com um conceito construído artificialmente
e que dialoga mais com o pensamento moderno do que o de Tácito, ainda convém
observar como esses temas são apresentados dentro do modelo histórico de composição
das obras estudadas por este trabalho. Afinal, ainda é preciso pensar essa discussão
dentro de uma perspectiva discursiva ou literária. Para tanto, uma leitura mais histórica,
política e sociológica da Retórica empregada na composição destas fontes se faz
necessária.
127
CAPÍTULO 4 - RETÓRICA, POLÍTICA E SOCIEDADE
EM TÁCITO.
239
Tradução e Adriano Scatolin.
240
HARDIE, Philip, 2012.
128
Outros exemplos importantes desse tipo de construção também podem ser
extraídos de outros historiadores antigos e que ampliam nossa visão sobre as diversas
maneiras que esse processo discursivo e literário poderia ser seguido. Por exemplo, no
sétimo livro de Heródoto (5 – 18), o “pai da História” relata e descreve com muitos
detalhes os sonhos Xerxes de uma maneira impressionante, além de procurar em muitos
momentos confirmar se Hércules esteve ou não em alguma localidade que visitou.
Temos também em sua obra diversos discursos transcritos e que relatam inclusive
conversas íntimas de personagens muito importantes e distintos, revelando-nos até um
caráter muito pessoal e privado desta pessoa. Aliás, na Antiguidade, muitos dos
discursos relatados em obras históricas foram inventados e podem ser claramente lidos
desta maneira. Especialmente quando falamos daqueles proferidos por generais em
batalha e aqueles que são da intimidade de imperadores, já que muitos dos narradores
nunca nem ao menos estiveram nas batalhas narradas e muito menos próximos das
personalidades que descreveram. Nas palavras de Tucídides:
241
Tradução de Mário da Gama Kury [Grifos nossos].
129
ciência do século XX passava. A ciência enquanto tal se repensava e abria espaço para
anacronismos gritantes. Conforme demonstrado por William Batstone:
246
LENDON, J. E. In: FELDHERR, Andrew, 2009, pp. 41 – 63.
247
Idem, p. 41.
131
historiadores como homens de estado e como oradores. Assim, dentro dessa
perspectiva, defendemos que os adornos e a amplificação da argumentação dos
historiadores antigos não devem ser apenas entendidos como práticas ficcionais ou
poéticas. Mesmo porque o ato de levar o ouvinte ao deleite era um exercício realizado
através de técnicas que favorecessem a aceitação do discurso e que faziam parte da
própria maneira que os antigos construíam os seus argumentos. Esta que é bem
diferente de nossas modernas notas de rodapé e citações, mas que podem possuir a
mesma função. Assim, a criação do “efeito de verdade”, que era feito através do
emprego de provas inartísticas, como os sonhos e os discursos, também se coloca aqui
como um exercício essencial para a historiografia antiga enquanto narrativa dos eventos
do passado, e que fora aprendido graças à formação retórica e oratória, base da
“educação” antiga.
4. 1 – A formação do Orador
“Qualquer um que tenha ouvido um pouco mais
a arte, principalmente sobre a elocução, poderá
perceber as coisas ditas artificialmente; mas
ninguém, a não ser um erudito, poderá produzi-
las” (Retórica a Herênio IV, 7).248
132
oradores nos espaços públicos se tornaram elementos essenciais na vida dos políticos e
cidadãos das cidades gregas romanas. Esses ambientes, inclusive influenciaram no
modo de viver destas pessoas e também no modo de se fazer política, seja através de
democracias ou repúblicas oligárquicas, mas que carregavam em seu seio um ambiente
próprio para a discussão e a argumentação. Tendo em vista essa vasta tradição e esse
contexto, os próprios contemporâneos se incumbiram de desenvolver uma infinidade de
assuntos a serem tratados pela “educação antiga”, mesmo que apenas para uma elite
muito pequena. Assim, nosso intuito nessa sessão é o de apresentar como se dava a
formação dos homens eloquentes, só que sob a ótica dos próprios retóricos e oradores.
Como a proposta geral desse trabalho não é discutir em vastas páginas a
formação dos oradores antigos partiremos para um exercício muito simples, mas que a
nosso ver se torna bastante ilustrativo para o tema desse tópico. Para tanto, iremos
extrair informações acerca da formação dos oradores através de um pequeno diálogo
com a obra Satyricon, de autoria atribuída a C. Petrônio.249 Esta obra em questão, se
constitui em um manancial inesgotável para discutirmos a formação dos jovens oradores
por diversas maneiras. Primeiramente, porque a primeira parte conservada da obra é
iniciada com uma discussão sobre a educação dos jovens. Esses cinco primeiros
capítulos do Satyricon são dedicados à crítica aos adolescentes que “se tornam
completamente estúpidos nas escolas” (Petrônio. Satyricon. I, 3).250 E a causa dessa
baixa eloquência dos jovens, que não chegam a ter a fama de Tucídides (Petrônio.
Satyricon. II, 8), é atribuída aos pais que “não querem que seus filhos progridam por
meio de um preceito severo” (Petrônio. Satyricon. IV, 1).251 Dessa maneira, os
problemas da educação não estariam nos professores, como Agamêmnon, pois estes
somente podem atrair seus alunos se a sua educação fosse bajuladora e favorável a
“insanidade de seus alunos dementes” (Petrônio. Satyricon. III, 2).252
Os próprios personagens da trama: Encólpio, Gitão e Ascilto são jovens
estudantes de retórica e oratória que convivem grande parte da narrativa com Eumolpo,
um poeta, que toda vez que declama as suas poesias, recebe pedradas na cabeça
(Petrônio. Satyricon. XC). Outro fator importante é transição desses personagens em
ambientes aonde a prática da oratória era muito comum, como o banquete de
249
O mesmo que é descrito em Anais. XVI, 17; XVI, 18; XVI, 19.
250
Tradução de Sandra Braga Bianchet.
251
Tradução de Sandra Braga Bianchet.
252
Tradução de Sandra Braga Bianchet.
133
Trimalquião.253 Nosso interesse nesse episódio se deve ao fato de que a descrição
ridicularizada de oradores é muito ilustrativa para nosso debate, já que durante a rica
narrativa do banquete este é interrompido para a declamação de versos da Eneida de
Virgílio, coisa comum nessas situações, feita por um escravo alexandrino de
propriedade de Habinas (Satyricon. LXV). Após a “terrível declamação”, o proprietário
do pouco erudito orador profere as seguintes palavras para louvar seu escravo:
“Ele nunca foi à escola (1), mas eu o eduquei mandando-o conviver com
artistas de rua. É por isso que ele não tem corrente, se quer imitar seja os
carroceiros, seja os artistas de rua (2). Para desespero de seus rivais, ele é
muito talentoso: do mesmo modo que é sapateiro, é também cozinheiro, é
padeiro (3), um escravo de toda e qualquer musa (4). No entanto ele tem
dois defeitos, os quais se não tivesse era perfeito: ele fez cirurgia de fimose e
ronca. Eu não me importo dele ser vesgo (5): é assim que Vênus olha”
(Petrônio. Satyricon. LXVIII, 6 - 8) 254.
253
Embora não transitem pelo Fórum, os personagens acusam um camponês de ter roubado deles um
manto cheio de moedas (XIII). Esse episódio é marcado pela crítica que se tem a oratória forense, tendo
em vista que os advogados representados estavam famintos por dinheiro (“os oficiais de justiça já quase
como ladrões” – (XV) e sempre eram favoráveis àqueles que possuíam grande influência na sociedade –
(“Quem nos conhece nesse lugar?” (XIV, 1).
254
Tradução de Sandra Braga Bianchet [Grifos nossos].
134
Por exemplo, Cícero, em Orator, 15 – 17, defende o estudo da filosofia como uma
prática essencial para o orador do tribunal. Referindo-se ao Sócrates da obra Fedro de
Platão, menciona a grandiloquência do ateniense Péricles e de seu mestre Anaxágoras,
como também elogia Demóstenes cujas epístolas são fáceis de identificar o quanto fora
discípulo de Platão.
E, por último, o terceiro ponto destacado do Satyricon consiste nas ocupações
exercidas pelo declamador escravo de Habinas: sapateiro, padeiro, cozinheiro e escravo.
Construção que se constitui como antagônica daquelas ocupações dos homens doutos
que se exercitavam nas escolas de retórica e oratória, formadas basicamente por
equestres, senadores. Ou seja, de homens que estavam ligados aos negócios do Estado e
eram atuantes na política.255 Estes oradores, principalmente os que temos como fontes,
possuíam uma formação educacional calcada em estudos de gramática, retórica e
exercícios de oratória e muitas vezes eram atuantes enquanto políticos ou até mesmo
acusadores. Caba afirmar que esse tipo de educação era privilégio de poucos. E o
próprio linguajar das grandes composições, os temas tratados, o entendimento dos topói
e figuras discursivas geravam a necessidade de que os ouvintes fossem também de uma
instância instruída da sociedade, e, como decorrência, eram declamadas ou lidas em
ambientes aristocráticos.256
Como exemplo, nos Anais, diversos membros da elite aparecem como
intelectuais. Como exemplo, apenas para citar nomes pouco conhecidos, M. Servílio
Nonianus (Tácito. Anais. VI, 29; VI, 30; VI, 31; XIV, 19), Aruleno Rústico (Tácito.
Anais. XVI, 26) e Curcio Montano (Tácito. Anais. XVI, 28; XVI, 29; XVI, 33). Além
deles, Sêneca, Lucano, Corbulão e Traséia Peto também se destacaram pela eloquência
e pelos seus estudos e são sempre conclamados como excelentes políticos, escritores e
oradores. Esse mesmo tema também aparece quando o Imperador Nero é criticado por
não ser um orador eloquente, ao contrário de todos os Imperadores da dinastia Júlio-
Claudia, já que havia exercitado em sua infância apenas a música e a pintura, deixando
de lado a prática oratória (Tácito. Anais. XIII, 3).
Essas informações nos bastam para nos indagarmos a respeito da educação
antiga. Tácito, como orador, homem político e eloquente, (basta atentarmos para a
255
NICOLAI, Roberto, In: MARINCOLA, John, 2007, p. 24.
256
Anais. IV, 34.
135
diferença dos gêneros de suas obras) recebeu uma educação típica da elite romana. Nas
palavras de Woodman:
Essa asserção de Woodman, apesar de ter sido utilizada para justificar o viés
fictício da historiografia clássica, nos oferece um importante fundamento para
entendermos a formação dos jovens da elite romana. É notório que o estudo da retórica
perpassava a educação dos jovens civis romanos e essa relação também funcionava em
duas vias: a construção de técnicas discursivas, como o aprendizado dos tópicos e os
modos de vitupério e de encômio, como também para a educação de uma plateia que
soubesse identificar o exercício de determinada técnica discursiva e discernir o emprego
dos tópicos em sua avaliação final.258 Já que falamos de uma cultura compartilhada por
uma elite muito fechada, esse sistema oratório e retórico da emulação dos exemplae
extraídos de outros autores era feito através utilização dos modelos de descrição
(ekphrasis) que já eram conhecidos por todos os membros dessa pequena comunidade
“literária”.
Como exemplo disso, Quintiliano dedica a segunda parte do livro X de suas
Institutio Oratoria à imitação (imitatio). Ou seja, literalmente a arte de saber copiar
determinado elemento discursivo que pode vir a ser útil para o seu argumento ou o seu
discurso enquanto deleite. Assim, o que se segue na leitura dessa parte da obra é uma
lista das habilidades que serviriam como um “modelo estabelecido” ao orador ideal de
Quintiliano (Educação oratória. X, 2, 2). Em suas palavras:
“Destes e dos mais autores que são dignos de ler, há uma imensa quantidade
de palavras que se deve absorver, uma variedade de figuras e modelos de
composição, enfim, um espírito que deve ser encaminhado como exemplo de
todas as virtudes. E não há de duvidar de que uma grande parte da arte esteja
circunscrita à imitação. Com efeito, como o inventor acontece primeiro e é o
mais importante, assim, é proveitoso secundar aquelas coisas que foram bem
imitadas” (Quintiliano. Educação oratória. X, 2, 1).259
257
WOODMAN, A. J, 2010, p. 100.
258
Para Quintiliano os lugares comuns, fábulas e encômios eram os exercícios preparatórios para o orador
(Quintiliano. Educação oratória. II, 4, 36).
259
Tradução de Antônio Martinez de Rezende.
136
Quintiliano arrola no décimo livro da Institutio oratoria uma série de
auctoritates no campo literário e discursivo das quais o orador deve se instruir para se
tornar um modelo de orador. Essas artes do saber tinham como base a leitura e a
declamação de vários autores, como Homero, Tucídides, Platão, Isócrates, Aristóteles,
Demóstenes, Virgílio, Salústio e Cícero, como também a leitura de historiadores, como
Heródoto, Tucídides, Políbio e Tito Lívio. De fato, Tácito faz menção a um grande
número de historiadores: Tito Lívio (Tácito. Anais. IV, 34); Julio César (Tácito. Anais.
IV, 34; XIII, 3); Plínio o Velho (Tácito. Anais. I, 69; XIII, 20; XV, 53); Fábio Rústico
(Tácito. Anais. XIII, 20; XIV, 2; XV, 61); Cluvio Rufo (Tácito. Anais. XIII, 20; XIV,
2); Cremucio Cordo (Tácito. Anais. IV, 34 e 35). Além de se referir à obra Farsália de
Aneu Lucano e a de escritores anônimos (Tácito. Anais. IV, 53, 2; IV, 65; VI, 7, 5; XVI,
6, 1). Ou seja, estamos falando aqui do mesmo sistema e do mesmo contexto linguístico
em que Tácito compôs as suas obras.
Dentro dessa proposta anteriormente discutida, podemos inferir que a
necessidade de se interpretar as composições históricas como objetos literários se
encontra calcada na confusão entre tradição e emulação. Esse exercício de composição
nada mais era do que a possibilidade do estudante de retórica ou oratória interpretar a
composição dos modelos para, com isso, trabalhar o seu próprio tema ou assunto. Dessa
maneira, assumimos que a prática historiográfica era constituída pela imitação de
modelos e que o autor se valia de uma tradição interpretativa para compor o seu
discurso e que a perspectiva literária é muito bem vinda para um novo tratamento das
fontes. Porém, mesmo com esses elogios, enfatizamos que a prática historiográfica
possuía formas próprias e que não consistiam apenas em uma construção literária
embasada em uma tradição. Afinal, a escrita era a última parte do discurso! E a história
versava também na exposição dos fatos passados (res factae).260 Conforme também
assumido por Roberto Nicolai. Em suas palavras:
“Temos que reconhecer que ambas estão corretas: o historiador antigo usava
formas retiradas das escolas de retórica, mas seus trabalhos não devem ser
considerados testemunhos não confiáveis por causa disso. Os gregos e os
romanos eram claros sobre a diferença entre uma oração e um trabalho de
história”.261
260
Quintiliano. Educação oratória. X, 1, 3.
261
NICOLAI, Roberto. In: MARINCOLA, John, 2007, p. 21
137
Dessa forma, assim como o orador necessitava convencer o seu juiz, o
historiador também deveria se posicionar como uma autoridade dentro de sua narrativa
tecendo estratégias que prendessem a atenção do ouvinte e também para que as palavras
proferidas fossem aceitas como acontecimentos “verdadeiros” sobre o passado.
Preferencialmente, através da exposição “verídica” destes acontecimentos. Portanto,
Tácito, como historiador, político e orador, se apropriou de diversas fontes do saber
como a filosofia, poesia e a história e as empregou na confecção de obras muito bem
trabalhadas. Resta aqui, na continuação de nosso capítulo, estudar a prática
historiográfica de Tácito dentro desse “sistema” de ensino e de exercício argumentativo.
Essa é a proposta da continuação do nosso estudo.
Ceterum antequam destinata componam, “Acredito que seja mais apropriado, no entanto,
repetendum videtur qualis status urbis, quae mens antes de iniciar o trabalho que foi proposto,
exercituum, quis habitus provinciarum, quid in toto revisar as condições da cidade de Roma, o
terrarum orbe validum, quid aegrum fuerit, ut non temperamento dos exércitos, a atitude das
modo casus eventusque rerum, qui plerumque províncias, e os elementos de fraqueza e de
fortuiti sunt, sed ratio etiam causaeque noscantur. força que existiam em todo o Império, de forma
que possamos conhecer, não somente as
vicissitudes ou os discursos construídos sobre os
eventos, que muitas vezes são questões de
fortuna, mas também as suas relações e as suas
causas” (Tácito. Histórias. I, 4).262
262
Tradução nossa [Grifos nossos].
138
política e social de Roma, mas também quanto à própria argumentação de Tácito.
Assim, para debater essas questões, na continuação desse capítulo, iremos focar na
análise das duas fontes que encabeçam essa pesquisa, os Anais e as Histórias, através da
noção de que essas produções estavam imersas em um ambiente onde a Retórica
assumia o papel de base da produção dos discursos. Nosso intuito com esse debate é
observar, através do estudo dos antigos retores gregos e latinos, a exemplo da Retórica
aristotélica e a Educação Oratória de Quintiliano, como esses conflitos descritos pelo
historiador latino funcionaram, então, como elementos retóricos próprios da composição
do gênero.
Devido a essas questões referentes à problematização do papel que as duas
guerras civis teriam nas obras taciteanas, o pesquisador Ricardo Nobre se lançou na
empreitada de estudar as composições historiográficas taciteanas, em especial os Anais,
através da ótica proposta por Hayden White.263 Desta maneira, pensando a história
como pertencente ao campo epidídico, Nobre indica que Tácito estaria interessado em
criar um clima de tensão calcado na ideia de que a guerra civil vencida por Augusto
ainda não havia terminado. O historiador teria descrito os anos da dinastia Júlio-Cláudia
através de estruturas dramáticas e poéticas, exercitando suas habilidades literárias sem a
preocupação de que os eventos relatados poderiam ter alguma conexão com a “realidade
histórica”.264 A “(des)ordem” por nós construída não deve ser levada em consideração,
pois isso é apenas uma tática de promoção literária das obras do historiador latino. Ou
seja, nas palavras de Nobre:
Esse resgate da retórica antiga, por sua vez, ao contrário do que esperavam os
autores pós-modernos, permitiu a superação do paradigma interpretativo que englobava
toda essa linha do saber dentro de um mesmo sistema que pode der resumido como uma
263
NOBRE, Ricardo, 2010.
264
Para Nobre, as passagens que ilustram essa proposta são respectivamente Anais. I, 9; II, 79; IV, 17, 3 e
IV, 30.
265
NOBRE, Ricardo, 2010, p. 145.
139
retórica da “ornamentação” e do “falseamento”. Dessa forma, os pesquisadores
passaram a se indagar a respeito das propriedades e da forma que era concebida a
retórica no período em que os historiadores compuseram as suas obras e o debate dos
historiadores cada vez mais se encontrava com aqueles que se dedicavam aos estudos
literários. Trata-se de preocupação semelhante àquela que é demonstrada por tradutores
da Retórica de Aristóteles para o português:
Junto a essa percepção de que a retórica não deveria ser resumida ao mero
ornato estilístico, muitos pesquisadores se debruçaram na tentativa de resgatar as
essências da retórica antiga através da própria noção aristotélica. Um dos pesquisadores
que demonstraram essa preocupação foi Carlo Ginzburg que, em sua introdução da obra
“Relações de força: História, Retórica e Prova”, buscou definir em linhas bem gerais a
ideia de que os historiadores antigos possuíam outra forma de proceder em relação ao
que atualmente entendemos como historiografia. E uma dessas formas, segundo
Ginzburg, consistia em estudar a retórica em um viés muito mais amplo, ou seja, através
da concepção de que, para os escritores antigos, a prova era considerada como parte
integrante da retórica.267 E, sobre ela, os antigos tinham suas próprias considerações e
que eram bem diferentes daquelas defendidas pelos pós-modernos.
Conforme nos apresenta Quintiliano (Educação oratória. II, 15, 1-38), a
retórica na Antiguidade possuía quatro definições básicas: Geradora de persuasão
(Córax, Tísias, Górgias e Platão), como capaz de descobrir os meios de persuasão
relativos a um dado assunto (Aristóteles), a faculdade de falar bem no que concerne aos
assuntos públicos (atribuída a Hermágoras) e a noção atribuída ao próprio Quintiliano
(scientia bene dicendi - a ciência de bem falar). Como uma “capacidade de descobrir o
que é adequado a cada caso” (Aristóteles. Retórica. I, 1355b), Aristóteles desenvolve
em sua obra as provas e as técnicas de persuasão nas quais o orador deve se instruir para
compor um discurso que vise atingir a pístis de seus ouvintes. Dessa maneira, como
266
JÚNIOR, Manuel Alexandre; ALBERTO, Paulo Farmhouse; PENA, Abel do Nascimento. IN:
ARISTÓTELES, 2005, p. 9.
267
GINZBURG, Carlo, 2002.p. 13
140
defende Aristóteles, compete à retórica encontrar os meios de persuasão sobre qualquer
questão dada. Assim, para o filósofo grego, a retórica é essencialmente uma retórica da
prova, do silogismo retórico (Aristóteles. Retórica. I, 1354a); ou seja, uma teoria da
argumentação persuasiva.
Sobre as provas de persuasão, Aristóteles as classifica em dois tipos: 1. As
inartísticas, ou seja, todas as que não são produzidas pelo orador, como testemunhos,
confissões sob tortura, documentos escritos e outras semelhantes; 2. Provas artísticas,
ou seja, todas as que se podem preparar pelo método retórico ou pelo próprio orador
(Aristóteles. Retórica. 1, 1355b). Ou seja, em uma aplicação mais prática, o orador de
Aristóteles para compor o discurso deve utilizar as primeiras provas (inartísticas) e
inventar as segundas (artísticas). Todavia, antes de discutirmos as provas de persuasão
do discurso, cabe ressaltar que cada meio de persuasão deve ser condizente com o
subgênero da retórica que o orador se propõe a pronunciar uma elocução. Afinal, como
indica Aristóteles, as espécies de retórica devem ter como fim as diferentes audiências.
Em suas palavras:
“As espécies de retórica são três em número; pois outras tantas são as classes
de ouvintes dos discursos. Com efeito, o discurso comporta três elementos: o
orador, o assunto de que fala, e o ouvinte; e o fim do discurso refere-se a este
último, isto é, ao ouvinte. Ora, é necessário que o ouvinte, ou seja, espectador
ou juiz, e que um juiz se pronuncie ou sobre o passado ou sobre o futuro. O
que se pronuncia sobre o futuro é, por exemplo, um membro de uma
assembleia; o que se pronuncia sobre o passado é o juiz; o espectador, por
seu turno, pronuncia-se sobre o talento do orador.” (Aristóteles. Retórica. I,
1358b). 268
268
Tradução de Manuel Alexandre Junior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena.
269
Essa mesma tripartição aparece em Retórica a Herênio. I, 2.
141
O gênero epidídico (ou demonstrativo) trata do encômio e do vitupério (elogio
e censura), com o intuito de incitar em seus ouvintes a ação de praticar as coisas boas ou
más. Apesar de se servir do passado como fonte de exemplos, é a respeito do presente e
do futuro que trata o epidídico. Para atingir este fim, neste gênero é permitido o uso de
amplificações (tais como na poesia) para que o elogiado se torne exemplo (exemplum,
em latim). Também é no campo do epidídico que é mais apropriada a elaboração de
discursos escritos, pois a sua função é de ser lido. Quanto ao judiciário, suas matérias
são a acusação e a defesa no âmbito dos processos judiciais e seu tempo de atuação é o
passado, pois trata de coisas que já aconteceram. Este tipo de discurso possui como
finalidade o convencimento dos juízes e, para tanto, cabe ao orador se mostrar mais
rigoroso nos pormenores para que também possa predispor o auditório a apoiar o seu
argumento (Aristóteles. Retórica. III, 1414a).
O gênero historiográfico na Antiguidade possuía elementos que competiam aos
três subgêneros retóricos descritos anteriormente. Contudo, é mais comumente
associado ao epidídico por estar mais associada aos discursos escritos em prosa
(Aristóteles. Retórica. III, 1414a).270 Sobre o orador do epidídico, Aristóteles assume
que este não possui responsabilidade sobre os fatos narrados e deve apenas demonstrar
como determinada ação se realizou. O filósofo também assume que, por muitas vezes,
os assuntos narrados pela historiografia são do conhecimento da plateia (Aristóteles.
Retórica. III, 1415a). Logo, cabe ao orador/historiador realizar a amplificação desses
fatos e o elogio ou o vitupério das ações dos indivíduos. Realizando, portanto, os
mesmo processos de construção e levantamento de provas inartísticas e artísticas.
Uma vez que toda a matéria concernente à retórica está relacionada com a
opinião pública (Aristóteles. Retórica. III, 1404a), cabia aos oradores realizar o
exercício de composição de seus discursos dentro dos moldes do próprio sistema
retórico, e o mesmo valia para aqueles que iriam avaliar o assunto proferido. Dessa
maneira, a retórica funcionava em três vias: na composição do discurso, na sua elocução
e na recepção pelo ouvinte. Cabe ressaltar que dentro desse sistema a retórica possuía
três finalidades que estavam intimamente conectadas com a empatia orador-ouvinte:
deleitar, ensinar e mobilizar para uma ação. E para tanto o orador se servia de alguns
270
Aristóteles não define em sua obra Retórica em qual campo do discurso estaria situada a história. Seus
sucessores a incluíram como subgênero do gênero epidíctico. Como exemplo: Cícero, De oratore, II, 35–
36 e Orator. 37 e 66.
142
procedimentos que facilitavam na aceitação do discurso e no convencimento (pístis /
fides) do auditório.
O primeiro procedimento que iremos apresentar é o da amplificação (aúxesis/
amplificatio), que consiste em tornar as ações individuais mais dignas de louvor ou de
vitupério (Aristóteles. Retórica. I, 1368a). Dentro desse procedimento cabe ao orador
mencionar as circunstâncias que precederam as ações individuais, e, se elas foram
descritas como adversas às boas ações, o indivíduo elogiado terá sua grandeza muito
bem destacada. Outra possibilidade é a de comparar os vícios e as virtudes do caráter
com as de outros indivíduos que foram concretizados como grandes exemplos, seja para
o louvor, seja para o vitupério. Já, o segundo procedimento adotado como prova
essencialmente artística no discurso é a metáfora. Aristóteles considera que o emprego
de metáforas é muito utilizado pelos escritores que compõem em prosa (Aristóteles.
Retórica. III, 1404b), como também é um procedimento utilizado para compor obras
poéticas. Outro ponto importante destacado pelo filósofo grego é que a metáfora é a
maior qualidade do discurso, pois permite dissimular e ao mesmo tempo deixar claro o
discurso.271
O terceiro ponto que cabe aqui discutir é a enargéia ou evidência. Seu
equivalente latino é a demonstratio, a capacidade de exprimir (seja literal ou oralmente)
“um acontecimento com palavras tais que as ações parecem estar transcorrendo e as
coisas parecem saltar diante dos olhos” (Retórica a Herênio. IV, 68).272 Dessa forma, o
orador se apropriava de figuras e ornamentos que davam vida ao seu discurso, como
uma forma de gravar na memória da audiência os exemplos que desejava demonstrar. O
quarto procedimento é através da Écfrase (ékphrasis) ou descrição. Tal como a enargéia,
a descrição tinha a função de colocar diante dos olhos gerando um efeito de
“visibilidade” de qualquer objeto descrito (inanimado ou não). Um dos procedimentos
da Écfrase, por exemplo, era a descrição de pessoas. Essa prática é muito importante
para os discursos epidídicos, tendo em vista que auxilia na descrição do éthos dos
personagens encomiados ou vituperados. E, em Tácito, podemos observar esse
procedimento na descrição dos vícios e das virtudes dos personagens da narrativa.
Como também, são essenciais para o critério de avaliação, por parte do público, do
271
Aristóteles. Retórica. III, 1404b e III, 1405a
272
Essa mesma aplicação da evidentia como exposição da matéria tratada com muita clareza também é
defendida por Quintilano em sua Educação oratória. VIII, 3, 61-65.
143
caráter de uma determinada autoridade, já que essa associação é feita geralmente
calcada pela descrição das pessoas que os cercam.
Assim, diferentemente da proposta historiográfica que predominou durante o
século XIX, calcada em proposições de sua institucionalização como uma disciplina
autônoma dependente da “verdade científica” e das provas documentais (evidência,
evidence), a historiografia antiga assumiu essa relação entre prova e evidência como
compreendida na afinidade entre a história e a retórica. Sendo esta última a responsável
por fornecer as ferramentas necessárias para atingir a fides dos ouvintes. Dessa maneira,
calcada na evidência (evidentia), o equivalente latino para enargeia, a historiografia
antiga se apropriava de elementos retóricos que auxiliavam na criação do efeito de
verdade (Quintiliano. Educação oratória. IV, 6, 63). Tal como a enargeia (ou
evidentia), a ékphrasis também tinha a função de colocar diante dos olhos - - gerando
um efeito de “visibilidade” das palavras proferidas pelo orador (Retórica a Herênio. IV,
59). Dessa maneira, a ékphrasis aparecia então com uma dupla condição: como o
objetivo das narrativas historiográficas e como geradora da enargeia, ou seja, do “efeito
de verdade”.
Somado a isso, o entendimento de que a maior preocupação dos discursos
historiográficos estava intimamente ligada com as finalidades da retórica para com o
ouvinte/ juiz (docere, mouere, delectare), nos faz atentar para a utilização dos
elementos persuasivos pelo historiador. Como também daqueles que também eram
utilizados para gerar uma maior aceitação das palavras do orador. E, em Tácito, esse
debate também pode ser visto. Na obra Diálogo dos oradores, o auctor, na voz de
Marcos Apro, defende uma oratória mais próxima das práticas poéticas. Em uma
passagem (Tácito. Diálogo dos oradores. XX), Apro destaca que os Juízes e os ouvintes
estão cansados da dureza e da lucidez dos oradores austeros, que produzem discursos
que não são dignos de memória. Ao contrário, o que chama a atenção do ouvinte e que
coloca as palavras diante da visão e dos olhos dos ouvintes são o colorido, a animação e
a beleza do discurso, que não soam “manchado pelas velharias de Ácio ou de Pacúvio”
(Tácito. Diálogo dos oradores. XX e XXII), mas chegam “ao ouvido de juízes com seu
apaziguamento” (Tácito. Diálogo dos oradores. XX). Dessa maneira, tornam-se dignos
de memória.
Além disso, nesta obra, o auctor refere-se ao gênero Anais como composto por
frases de “tardia e deselegante estrutura”, completamente desvinculado da vividez que é
144
proporcionada pelas ornamentações e licenças poéticas. A culpa disso, segundo o
historiador latino, recairia nos ouvidos exigentes da plateia que ansiavam por
composições que fossem retiradas “do santuário de Horácio, de Virgílio e de Lucano”
(Tácito. Diálogo dos oradores. XX). Para tanto, era necessário que os oradores de seu
tempo dialogassem com os poetas no intuito de que seus discursos pudessem ser mais
visíveis e, portanto, que fossem dignos aos ouvidos da plateia. E, como sabemos, Tácito
compôs uma obra em formato de Anais, já que seu conteúdo está organizado pelos anos
em que governaram determinados cônsules romanos, só que o fez de uma maneira bem
diferente, em um formato de historia, provando também era possível realizar uma
amplificação do próprio gênero discursivo.273
Esses exemplos nos oferecem bases importantes para direcionarmos a nossa
reflexão acerca das figuras retóricas que eram utilizadas pelos historiadores para que o
discurso pudesse ser construído, sempre tendo em vista a maior aceitação do ouvinte.
Essa “vividez” do discurso, que tanto era perseguida pelos oradores, se constituía
também como uma ferramenta essencial para a afirmação do “efeito de verdade” do
discurso historiográfico. Isso atuava propiciando uma reflexão muito importante para
compreendermos a proposta historiográfica de Públio Cornélio Tácito. Afinal, na leitura
dos Anais, a construção de um clima que remetia às mesmas tensões das guerras civis
vencidas por Augusto, e que constantemente pairavam e justificavam os conflitos entre
a aristocracia Imperial romana e o Imperador como importantes elementos retóricos que
facilitavam a aceitação das palavras do orador. Sendo assim, podemos partir do
princípio que elas também serviam para afirmar a posição de sua versão histórica como
verdadeira e que os fatos se deram daquela maneira.
Essa é uma visão bem diferente daquela que lida com essas questões apenas em
termos de deleite literário. Dessa maneira, recorremos novamente às ideias de
Aristóteles para entendermos a íntima relação entre o efeito de visibilidade do discurso
e a criação de um “efeito de verdade”. Em suas palavras:
“Se o temor é isto, forçoso é admitir que as coisas temíveis são as que
parecem ter um enorme poder de destruir ou de provocar danos que levem a
grandes tristezas. É por isso que os sinais dessas eventualidades inspiram
medo, pois mostram que o que tememos está próximo. O perigo consiste
273
Além disso, podemos encontrar referências em passagens extraídas dos Anais que confirmam
referências ao gênero discursivo proposto pelo historiador latino: Anais. II, 65; IV, 32,1; XIII, 31,1.
145
nisso mesmo: na proximidade do que é temível” (Aristóteles. Retórica. II,
1382a).274
Assim,
“Quando for vantajoso para um orador que os ouvintes sintam temor, convém
adverti-los no sentido de que pode acontecer-lhes mesmo alguma coisa de
mal (sabendo que até outros mais poderosos que eles também sofreram);
convém ainda demonstrar-lhes como é que gente da mesma condição sofre
ou já sofreu, tanto por parte de pessoas de quem não se esperaria, como por
coisas e em circunstâncias de que não se estava à espera” (Aristóteles.
Retórica. II, 1383a).275
274
Tradução de Manuel Alexandre Junior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena.
275
Tradução de Manuel Alexandre Junior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena.
276
No De Oratore 69–71, Cícero insere a história no campo do epidídico. Esse gênero oratório, por sua
vez, é definido pelo autor, como aquele que possui a maior utilidade para o Estado. Cícero adiciona ainda
outras características importantes desse campo do discurso, onde o orador epidídico se ocupa muito em
descrever os vícios e as virtudes, seja através do encômio ou do vitupério.
277
AZEVEDO, Sarah F. L., 2012.
146
Anais e resume basicamente os caminhos pelos quais o retractus dos traumáticos
conflitos pudesse servir de “efeito de visibilidade” para as palavras do orador. Esta
proposta está intrinsecamente ligada com a noção de ékphrasis ou descrição: condição
essencial para gerar a enargéia, pois a amplificação do sentimento de instabilidade
ocasionado pelas disputas entre os membros da elite romana gerava um quadro que
sempre remetia às guerras civis vencidas por Augusto. As “ordens cruéis, acusações
contínuas, amizades enganosas, ruína inocentes” (Tácito. Anais. IV, 33, 3)
funcionariam, então, como “provas inartísticas” construídas por Tácito para que sua
história possa “deleitar os olhos”. Contudo, a história só teria aceitação por parte do
ouvinte se fosse construída através da observância dos preceitos da verossimilhança.
Portanto, podemos afirmar que essas estratégias se associavam com outras técnicas
retóricas, aquelas ligadas à ékphrasis/ descrição, que permitem ao ouvinte um
sentimento de “visibilidade” das ações descritas através das palavras proferidas pelo
orador.
Dessa maneira, a ékphrasis também assume a sua dupla condição, como o
objetivo das narrativas historiográficas e a geradora da enargeia, ou seja, do “efeito de
verdade”. Assim, ao aceitarmos que o objetivo de Tácito era o de tentar explicar os
acontecimentos que desencadearam as drásticas mudanças sociais durante os anos de 68
e 69, podemos inferir que o historiador privilegiou em sua narrativa a escolha de uma
documentação composta por acontecimentos relativos às decisões dos Imperadores, as
atas do senado e os processos de delações e de conspirações. Mesclando esses
acontecimentos com elementos retóricos e poéticos o historiador conseguiu evidenciar
ao leitor a importância do tema tratado, além de propiciar a sua elocução uma história
mais agradável ao ouvinte, já que esta era composta através da exposição de um vasto
rol de intrigas, bajulações e acusações. Tudo isso deve ser destacado sem, contudo, nos
esquecermos de que esses elementos que eram trazidos por Tácito não poderiam
transitar fora da verossimilhança.
Os personagens de sua narrativa, então, participavam de um jogo pelo poder
que era do total conhecimento do senador romano Tácito. As artimanhas, as alianças, as
delações, as premiações e todo o processo que envolvia a composição de grupos sociais
de apoio e de oposição aos Imperadores eram elementos do cotidiano do próprio
historiador, bem como daqueles que consumiam as leituras das obras historiográficas.
Somado a isso, observamos que as guerras civis vencidas por Augusto e os conflitos que
147
se originaram após a queda de Nero podem se constituir como uma alternativa
interessante para entendermos como o historiador latino tenta explicar os
acontecimentos de seu tempo. Tácito, portanto, constrói em sua obra um clima de
instabilidade calcado na adulação, em governantes viciosos, no medo e em muitos
excessos que foram cometidos durante a dinastia Julio-Cláudia, deixando a impressão
de que o ambiente era hostil e os costumes decadentes.
Concluindo esse raciocínio. A proposta persuasiva adotada para a leitura de
Tácito é semelhante às apresentadas pelos manuais de retórica disponíveis e é muito
esclarecedora para o entendimento de como Tácito pensava o Principado. E, nesse
processo, construiria aí a sua evidência de que aquilo realmente aconteceu daquela
maneira. Essa demonstração também é um princípio que discorremos nesta sessão sobre
retórica e que poderíamos atribuir à prática da enargeia/ evidentia como um elemento
gerador de um “efeito de verdade” histórico embasado na verossimilhança, mesmo com
as invenções artísticas. Todavia, resta ainda indagar a respeito de quanto essa
“realidade” histórica descrita por Tácito, através desse “efeito de verdade”, pode
representar para nossa compreensão da política e da organização na Roma dos
Imperadores. Assim, as bases sociais, as casas senatoriais, os exércitos, os escravos e os
outros indivíduos que foram representados por ele voltam ao nosso debate através da
sua exposição dentro do mesmo clima de tensão criado pelo historiador.
278
Podemos citar algumas passagens que comprovam essa afirmação. Como exemplo, em Diálogo dos
Oradores. 40, Tácito afirma que: “essa grande e notável eloquência se alimenta da licença, a que chamam
os tolos de liberdade, é companheira das sedições, incitamento do povo desenfreado, sem respeito e sem
obediência, contumaz, temerária, arrogante, e que não surge nas coletividades bem organizadas” -
Tradução de Agostinho da Silva.
148
obras de Tácito).279 Essa oposição que procura demarcar dois tempos distintos (antes de
Augusto e depois) também é evidente no Diálogo dos oradores.
Nesta obra é possível perceber que a dependência dos poderes do Príncipe,
característica do Principado, não mais favoreceu a eloquência e os debates sobre
grandes as questões da respublica, apesar de representar um período de estabilidade e de
paz. Ou seja, referindo-se aos anos do período republicano, Tácito nos oferece as
seguintes palavras:
Nostra quoque civitas, donec erravit, donec se “Também a nossa Cidade, enquanto andou sem
partibus et dissensionibus et discordiis confecit, rumo, enquanto se arruinou com partidos, com
donec nulla fuit in foro pax, nulla in senatu dissensões e discórdias, enquanto não houve paz
concordia, nulla in iudiciis moderatio, nulla alguma no foro, concórdia alguma no Senado,
superiorum reverentia, nullus magistratuum moderação alguma nos tribunais, respeito algum
modus, tulit sine dubio valentiorem eloquentiam, pelos superiores, barreira alguma aos
sicut indomitus ager habet quasdam herbas magistrados, produziu sem dúvida uma
laetiores. eloquência mais forte, exatamente como um
campo inculto tem mais vigorosas plantas”
(Tácito. Diálogo dos oradores. 40).280
279
JOLY, Fábio Duarte, 2004, p. 116.
280
Tradução de Agostinho da Silva
281
O prefácio do Diálogo dos Oradores resume essa perspectiva. Nas palavras de Tácito: “por que
motivo, ao passo que os séculos anteriores, floresceram nos talentos e na fama de tantos oradores
eminentes, a nossa época, realmente, como que abandonada, como que órfã da glória da eloquência, mal
conserva o nome de orador; já assim não chamamos senão os antigos, e, aos eloquentes de nossos tempos,
os tratamos de causídicos, de advogados, de defensores, de preferência a oradores” (Tácito. Diálogo dos
oradores. 1). Tradução de Agostinho da Silva.
149
Quis ignorat utilius ac melius esse frui pace quam “Quem ignora que é mais útil e melhor fruir da
bello vexari? Pluris tamen bonos proeliatores bella paz do que ser afligido pela guerra? No entanto,
quam pax ferunt. Similis eloquentiae condicio. mais guerreiros bons produzem a guerra do que a
paz. Quanto à eloquência é semelhante a
condição” (Tácito. Diálogo dos oradores. 37).282
Quoniam igitur docilem, benivolum, attentum “Visto, então, que desejamos ter um ouvinte dócil,
auditorem habere volumus, quo modo quidque benevolente e atento, explicaremos o que se pode
effici possit, aperiemus. Dociles auditores habere fazer e de que modo. Poderemos fazer dóceis os
poterimus, si summam causae breviter exponemus ouvintes se expusermos brevemente a súmula da
et si attentos eos faciemus; nam docilis est, qui causa e se os tornarmos atentos, pois é dócil aquele
attente vult audire. Attentos habebimus, si que deseja ouvir atentamente. Teremos ouvintes
pollicebimur nos de rebus magnis, novis, inusitatis atentos se prometermos falar da matéria importante,
verba facturos aut de iis, quae ad rem publicam nova e extraordinária ou que diz respeito à
pertineant, aut ad eos ipsos, qui audient, aut ad República, ou aos próprios ouvintes, ou ao culto
deorum inmortalium religionem; et si rogabimus, dos deuses imortais; se pedirmos que ouçam
ut attente audiant; et si numero exponemus res, atentamente e se enumerarmos o que vamos dizer.
quibus de rebus dicturi sumus. Benivolos auditores Podemos tornar os ouvintes benevolentes de quatro
facere quattuor modis possumus: ab nostra, ab maneiras: baseados em nossa pessoa, na de nossos
adversariorum nostrorum, ab auditorum persona, adversários, na dos ouvintes e na própria matéria”
et ab rebus ipsis. (Retórica a Herênio. I, 7 e 8).283
282
Tradução de Agostinho da Silva.
283
Tradução de Ana Paula Celestino Faria e Adriana Seabra [Grifo nosso].
150
No campo da historiografia antiga, uma das maneiras de se realizar esse
mesmo procedimento de captatio benevolentiae era através do diálogo com
historiadores antecedentes e que escreveram sobre a mesma matéria que será tratada
pelo autor. Nesse sentido, observamos elogios e vitupérios relacionados à veracidade
dos fatos, à grandiosidade dos acontecimentos e até mesmo elogios que destacam a
importância do próprio gênero escolhido. Outros exemplos, como o prefácio da História
de Roma, de Tito Lívio, e o primeiro prefácio dos Anais de Tácito, também ilustram
como os oradores se voltam aos ouvintes e justificam a importância e a diferença de sua
obra comparada às precedentes, mesmo se, em alguns casos, ela trate de temas que já
foram muito bem trabalhados.284 Além disso, após conquistar a benevolência do
ouvinte, o orador passava para outra tarefa essencial no processo de sobressair a sua
obra das demais: a amplificação (amplificatio).
Na história, por exemplo, este instrumento retórico também era comumente
utilizado para destacar e aumentar a importância dos acontecimentos narrados pelo
historiador. Como exemplo desta afirmação, podemos citar o prefácio escrito por
Tucídides:
284
Citamos também o prefácio escrito por Tito Lívio: “Se me terá valido a pena escrever minuciosamente
os feitos do povo romano desde os primórdios da cidade, não sei bem, nem, se soubesse, ousaria dizê-lo,
pois vejo que o assunto é tão antiquado quanto banal, enquanto os sempre novos escritores creem que
acrescentarão algo de novo aos fatos ou superarão a rude Antiguidade de escrever. Seja como for,
agradará pelo menos ter velado eu próprio, na medida dos meios humanos, pela memória dos feitos
realizados pelo povo que é senhor da terra; e se, numa turba tão grande de escritores, minha fama ficasse
obscurecida, me consolaria a nobreza dos que fazem sombra a meu nome” (Tito Lívio. História de Roma.
I, 4). Tradução de Paulo Matos Peixoto.
285
Tradução de Mário da Gama Kury.
151
os feitos memoráveis da guerra entre os gregos e os persas. Para tanto, Tucídides
procura se posicionar de maneira diversa ao seu antecessor, mesmo escolhendo como
objeto de sua história uma guerra, tal como o fez Heródoto. Já, o historiador grego
Políbio também ressalta no exórdio de sua história pragmática a importância e a
singularidade dos eventos tratados, demonstrando que amplificação não era destinada
apenas a histórias militares e acontecimentos rápidos e particulares. Afinal, quem não se
interessaria em saber como os romanos se tornaram senhores de todo o mundo
conhecido?286
Através dessas análises anteriormente expostas, podemos perceber que na
historiografia antiga a amplificatio estava relacionada com a captatio benevolentiae,
inclusive servindo como um exercício retórico para destacar a singularidade e a
importância dos acontecimentos narrados pelo historiador antigo. Desta maneira, agia
cativando a atenção de sua audiência a tal ponto que o historiador tivesse um ouvinte
dócil a aceitar a sua versão sobre o passado, mesmo sabendo que os fatos e os
personagens eram de conhecimento de todos. Somado a isso, também podemos apontar
que esses exercícios poderiam ser realizados através de argumentos baseados na noção
de que os acontecimentos narrados eram imprescindíveis para a respublica. Para tanto,
esse processo poderia ser feito no âmbito da deliberação, ou através da apresentação de
acontecimentos que motivaram determinadas ações (no âmbito judiciário), ou ainda no
louvor e vitupério dos homens e mulheres ilustres (no âmbito epidídico).
Portanto, o estudo desses dois instrumentos retóricos atuantes na construção de
um discurso antigo nos permite afirmar que eles possuem uma importância singular
para entendermos as narrativas antigas. Pois, eles nos fornecem questões para
pensarmos sobre o destaque dado ao tema escolhido, o posicionamento do historiador
em relação a outros, podendo até mesmo nos fornecer possibilidades para pensarmos o
objetivo dessas narrativas. Assim, podemos ainda confrontá-los com as questões que
envolvem a “paz” intelectual imposta pelo Principado. Como vimos, em Tácito o medo
e a adulação foram atuantes no desaparecimento da verdade e da independência, até
mesmo a intelectual, diante dos poderes do príncipe. Essa preocupação era
286
“Evidentemente, portanto, ninguém – e eu menos que qualquer outro – julgar-se-ia atualmente
obrigado a repetir conceitos já expressos tão bem e com tanta frequência. Com efeito, a própria
singularidade dos eventos escolhidos por mim para meu tema será suficiente para desafiar e incitar a
totalidade dos leitores [ouvintes] sejam eles jovens ou idosos, a conhecer a minha história pragmática”
(Políbio. História. I, 4). Tradução de Mário da Gama Kury.
152
imprescindível se o autor quisesse conservar a sua vida, pois os elogios e os vitupérios,
seja dos homens do presente ou do passado, poderiam acarretar uma morte certa.287
Dessa maneira, pretendemos atentar nesse momento de nossas reflexões para o
estudo de como a captatio benevolentiae e a amplificatio são utilizadas por Tácito na
composição de suas obras históricas. Nosso intuito com o estudo desse historiador é o
de destacar como Tácito capta a benevolência de sua audiência e qual a amplitude que
ele fornece aos assuntos tratados pelos Anais e pelas Histórias. Além disso, não
deixaremos de atentar para os momentos em que o historiador visa captar a atenção de
sua audiência, seja através do diálogo com outros autores, ou até mesmo pelo seu
posicionamento em relação à “veracidade dos fatos”. Nesse sentido, iniciamos nossa
análise com o proêmio das Histórias, onde destacamos a apresentação do tema a ser
tratado por sua história, como também o posicionamento do historiador em relação à
veracidade dos relatos anteriores. Nas palavras de Tácito:
Initium mihi operis Servius Galba iterum Titus “Começo meu trabalho com o ano do consulado
Vinius consules erunt. nam post conditam urbem de Sérvio Galba Tito Vínio. Sobre o período
octingentos et viginti prioris aevi Annos multi anterior, dos 820 anos da fundação da cidade,
auctores rettulerunt, dum res populi Romani muitos autores já trataram; e enquanto tiveram
memorabantur pari eloquentia ac libertate: que escrever sobre os negócios do povo romano
postquam bellatum apud Actium atque omnem escreveram com igual eloquência e liberdade.
potentiam ad unum conferri pacis interfuit, magna Após o conflito de Ácio, e quando se tornou
illa ingenia cessere; simul veritas pluribus modis essencial para a paz que o poder residisse em um
infracta. só homem, os grandes intelectos desapareceram.
E o mesmo aconteceu com a verdade” (Tácito.
Histórias. I, 1).288
287
Conforme ilustrado por Tácito em Vida de Agrícola, III: “Mas, que havemos de fazer se, durante
quinze anos, tempo grande em vida de mortal, desapareceram muitos por acasos da sorte, os mais
decididos, porém, pela crueldade do Príncipe, e só poucos, e, por assim dizer, como que sobrevivendo já
não aos outros, mas a nós próprios” - Tradução de Agostinho da Silva.
288
Tradução nossa.
153
sed veteris populi Romani prospera vel adversa “Mas os antigos feitos do povo romano foram já
claris scriptoribus memorata sunt; temporibusque narrados por ilustres escritores, assim como para
Augusti dicendis non defuere decora ingenia, o governo de Augusto não faltaram, até que a
donec gliscente adulatione deterrerentur. Tiberii adulação crescente fosse corrompendo os mais
Gaique et Claudii ac Neronis res florentibus ipsis formosos talentos. De Tibério, Caio, Cláudio e
ob metum falsae, postquam occiderant, recentibus Nero, enquanto vivos o medo não deixou falar
odiis compositae sunt. inde consilium mihi pauca com verdade; depois de mortos, o ódio recente
de Augusto et extrema tradere, mox Tiberii falseou as narrativas. Eis porque empreendi
principatum et cetera, sine ira et studio, quorum narrar, de Augusto pouco e seu fim, e depois o
causas procul habeo. Principado de Tibério e os seguintes, sem ira nem
afeição, pois destas causas mantenho distância”.
(Tácito. Anais. I, 1, 2) 289.
289
Tradução de Fábio Duarte Joly.
154
Opus adgredior opimum casibus, atrox proeliis, “Estou entrando na história de um período rico
discors seditionibus, ipsa etiam pace saevum. em desastres, assustado em suas guerras,
quattuor principes ferro interempti: trina bella dilacerado por conflitos civis, e até mesmo na paz
civilia, plura externa ac plerumque permixta. cheio de horrores. Quatro Imperadores pereceram
pela espada. Houve três guerras civis, mais que
contra os inimigos estrangeiros, embora havia
também muitas vezes guerras que tinham os dois
caracteres ao mesmo tempo” (Tácito. Histórias. I,
2).290
Nessa matéria rica em desventuras não cabe ao orador um exercício que exija a
aplicação de grandes técnicas retóricas e nem muitos ornamentos. Tácito justifica isso
ao afirmar que o período por si só já seria de grande valia para conquistar a atenção dos
ouvintes. E que a instabilidade à qual estavam sujeitas aquelas pessoas que vivenciaram
três guerras civis servia para captar a benevolência de sua plateia por duas vias: através
da amplitude dos fatos e da importância atribuída aos exemplos narrados. Nesse intuito,
nada melhor ao bom orador do que recorrer à verossimilhança das ações humanas, do
comportamento humano, e das vicissitudes que derivaram da interação entre eles. Ou
seja, seria algo parecido com “eu vejo porque já vi, ou pelo menos, imagino que poderia
ser assim ou se passado desta maneira”. Isso fica mais evidente se atentarmos para a
seguinte passagem de Lucano quando o poeta se refere aos sentimentos que os idosos
traziam das guerras civis entre Mário e Sula:
290
Tradução nossa.
291
Tradução de Brunno V. G. Viera.
155
composto por dez livros que descrevem a disputa entre César e o Senado. Sua obra
chegou até os dias de hoje inacabada. Para alguns pesquisadores e tradutores da obra, é
possível afirmar que a ideia de Lucano era a de terminar a sua obra com a morte de
César, em Março de 44 a.C. 292 Contudo sua narrativa é interrompida abruptamente no
contexto das operações militares de César em Alexandria, no inverno de 48- 47 a.C.
Nesta obra, é possível perceber claramente o emprego de um memória de como a guerra
civil era avassaladora e também como os mesmos mecanismos de combates, de
proteção e de busca por informações continuavam a ser os mesmos em temporalidades
distintas. Afinal, a guerra entre Mário e Sila está presente nas guerras entre César e
Pompeu, ao mesmo tempo em que estas são utilizadas pelo orador para atuar no
presente e também no futuro. É de se esperar ao menos que o colorido e a memória
deixada pela poesia de Lucano tenha tido ao menos um pequeno lugar nos
acontecimentos das guerras civis de 69.
A guerra civil, portanto, possui uma história e um mecanismo que pode ser
atestado pelo passado e pelas ações humanas no presente, inclusive em sua forma
narrativa. Isso também pode ser justificado demonstrando que a guerra civil, como um
mecanismo literário, também poderia, e assim o foi, ser empregada como uma metáfora
para descrever e até mesmo ampliar com conflitos políticos durante o Principado. Nesse
sentido, o que podemos apontar em matéria discursiva, principalmente em se tratando
de discursos sobre as guerras civis romanas, é que presente (ação sublime de um
discurso), passado (a experiência humana que ambienta esse discurso) e o futuro (ação
provocada pelo discurso), estão muito presentes e atuantes nas fontes que analisamos ao
longo deste trabalho.293
Todavia, apesar dessas indicações, podemos perceber que o historiador latino
também se preocupa em interromper outro momento da narrativa dos Anais para realizar
aquilo que os pesquisadores tomam como o segundo proêmio desta obra. Neste
segundo proêmio, podemos perceber claramente uma forte diferenciação com o
primeiro, quando o historiador latino, também se referindo aos escritores que trataram
dos antigos feitos do povo romano, afirma que:
Pleraque eorum quae rettuli quaeque referam “Não desconheço que muitas das coisas que me
parva forsitan et levia memoratu videri non nescius referi e referirei talvez pareçam pequenas e
292
Dentre eles Brunno V. G. Viera. Cf. LUCANO, 2011.
293
Traduzido para o latim como delectare (deleitar), docere (ensinar) e mouere (mobilizar para uma
ação).
156
sum: sed nemo Annalis nostros cum scriptura fugazes para se lembrar, mas ninguém medirá
eorum contenderit qui veteres populi Romani res nossos Anais com o que foi escrito por aqueles
composuere. ingentia illi bella, expugnationes que compuseram os antigos feitos do povo
urbium, fusos captosque reges, aut si quando ad romano, Para aqueles, grandes guerras, reis
interna praeverterent, discordias consulum abatidos e capturados, ou se por ventura, às coisas
adversum tribunos, agrarias frumentariasque internas se voltavam, discórdias entre cônsules e
leges, plebis et optimatium certamina libero tribunos, leis agrárias e frumentárias, disputas
egressu memorabant: nobis in arto et inglorius entre a plebe e os optimates, lembram em livre
labor; immota quippe aut modice lacessita pax, curso. Para nós o trabalho é restrito e sem glória.
maestae urbis res et princeps proferendi imperi De fato uma paz imóvel e moderadamente
incuriosus erat. non tamen sine usu fuerit estimulada, fatos tristes na cidade e um Imperador
introspicere illa primo aspectu levia ex quis que era indiferente quanto a alargar o Império.
magnarum saepe rerum motus oriuntur. Contudo, não terá sido sem uso perscrutar aquelas
coisas aparentemente fugazes a partir das quais
muitas vezes o motivo de grandes coisas tem
origem” (Tácito. Anais. IV, 32).294
Tácito, ao se dirigir ao ouvinte de sua historia, anuncia que a sua tarefa não irá
contemplar os eventos que agradam à plateia. Ela não será uma história em que o
público se interesse de imediato pelas palavras do orador, pois os acontecimentos
relatados por ele já não possuem o brilho daqueles das épocas passadas. Dentro dessa
proposta, o historiador latino realiza a captatio benevolentiae do seu ouvinte através da
depreciação dos temas que possui para compor os seus Anais. Dessa maneira, o
historiador latino, ao almejar a conquista da benevolência, se demonstra muito
preocupado com o deleite que a sua história traria para sua plateia pelas coisas grandes
que não estão na narrativa. Com efeito, podemos observar que Tácito realiza uma
inversão se compararmos o seu exórdio com as propostas historiográficas anteriormente
citadas. Ou seja, Tácito não irá tratar da maior guerra presenciada pelos homens (como
fez Tucídides), nem de eventos singulares e importantes (como fez Políbio) e também
não escreverá sobre as origens do povo que é senhor do mundo (como fez Tito Lívio). O
historiador, apesar de ser imparcial, avisa ao ouvinte que tudo o que compõe a sua obra
não será prazeroso de ser ouvido por si mesmo. Mas como Tácito, que declara que vai
escrever uma história mais verdadeira do que as anteriores, mesmo possuindo uma
matéria ruim para ser trabalhada, consegue alcançar o efeito da conquista dos ouvintes?
Seria apenas uma propaganda negativa de seu trabalho? Ou apenas seria uma estratégia
retórica?
Se atentarmos mais uma vez para o segundo proêmio, também podemos
perceber que a captatio benevolentiae também estava intrinsecamente ligada à
294
Tradução de Fábio Duarte Joly [grifos nossos].
157
amplificatio. Ou seja, o historiador, apesar de indicar que o seu trabalho era ingrato
graças à pobre matéria que possuía, consegue atribuir uma utilidade às “coisas
aparentemente fugazes” (Tácito. Anais. IV, 32, 2). E essa utilidade buscada pelo
historiador para atrair a atenção de seu ouvinte pode estar ligada aos acontecimentos
que acarretaram grandes mudanças sociais no Império Romano. É também possível
afirmar que o historiador estava por demonstrar as intrigas, as delações que geraram a
ruína de muitos inocentes como poderia voltar a ocorrer no ambiente que o orador e os
ouvintes vivenciavam. Sua história, portanto, começa a ter uma utilidade para o
presente, pois “a maioria é instruída pelo que acontece aos outros” e cabe ao orador
julgar os exemplos bons e ruins e passar aos ouvintes, “ainda que tragam o mínimo
deleite” (Tácito. Anais. IV, 33, 3).
Desta maneira, o historiador ao amplificar pequenos eventos e narrá-los como
se fossem de extrema importância, consegue instigar o ouvinte e reter a sua atenção, já
que é a partir desses acontecimentos desinteressantes que “o motivo de grandes coisas
tem origem” (Tácito. Anais. IV, 32, 2). E, assim, amplificando as “ordens cruéis,
acusações contínuas, amizades enganosas, ruína de inocentes e sempre as mesmas
causas de morte [que] atrelamos umas às outras”, o historiador latino consegue compor
uma obra cujo objetivo, ao contrário das interpretações em contraposição à tirania,
ressalta as intrigas, as mulheres poderosas, os Imperadores fracos, as delações e
mentiras, objetos de uma matéria “ruim” que devem ser levados em consideração pelos
seus ouvintes (Tácito. Anais. IV, 33, 3).
A “guerra”, portanto, atuando como uma ferramenta de “amplificação”
(amplificatio) dos conflitos entre a elite senatorial, equestre e até mesmo contra o
próprio Imperador, reforçaria a percepção da importância dos conflitos internos que são
descritos na narrativa histórica. Além disso, eles também auxiliavam na tentativa de
delimitar um denominador para se pensar na amplitude e na importância desses
conflitos dentro de uma lógica organizacional da versão dos fatos pelo historiador. Ou
seja, os conflitos descritos através das roupagens das “guerras civis”, além de servirem
como elementos de atração textual, também assumiam a função de fio condutor da
narrativa dos fatos passados. Tácito, portanto, é um historiador que está interessado no
conflito e usa este conflito como motor de sua historia.
158
CONCLUSÃO
295
“De todas as coisas humanas nada há de tão instável e tão pouco seguro como a fama do poder,
quando esse não tem forças próprias com o que se sustentar” – Tradução de José Liberato Freire de
Carvalho.
159
para o lado do Imperador, cabia aos Senadores fornecer uma alternativa para a liderança
desse poder ou contestar essa atitude publicamente.
Dessa maneira, podemos afirmar que para compreender os Principados dos
Imperadores e, principalmente o de Nero, não devemos fazê-lo através de críticas às
condutas individuais de “bons” ou “maus”. Mas através da noção de que o principado
pode ser entendido como um sistema de governo onde todas as posições hierárquicas
poderiam ser alcançáveis, especialmente pelos membros do Senado romano. Cabia,
portanto, ao Imperador equilibrar essa balança entre a sua autonomia e a sujeição às leis
e as normas da respublica, no intuito de se posicionar como o principal patrono e
também permitir o funcionamento da sociedade em acordo com suas leis. Especialmente
se recordarmos que o próximo Imperador deveria ser reconhecido primeiramente pelo
Senado. Essas novas questões nos levam a complexificar o universo pelo qual o
Imperador se fazia superior aos outros indivíduos que compunham a sociedade romana,
além de demonstrar que elementos, como a honra, prestígio, riqueza, patronato e até
mesmo o culto imperial, quando analisados separadamente, não servem para explicar o
funcionamento das disputas políticas e sociais.
Além disso, também foi possível constatar que os conflitos internos aos
governos dos Imperadores da dinastia Júlio-Cláudia são essenciais para entendermos
como o historiador latino Tácito observa os acontecimentos dos anos do Principado
inaugurado por Augusto e o momento histórico em que escreve. No caso específico de
Nero, observamos que existiam muitas pessoas dispostas e com força para disputar esse
poder após a sua morte. E este fato justificaria a guerra civil de 69 e os quatro
imperadores que pereceram em um ano, mas que demonstram a complexidade das redes
de apoio para se fazer ou sublevar determinados governantes. Ou seja, a guerra em
questão e a queda de Nero se deram, ao menos em nosso modelo da “(des)ordem”
Imperial, muito mais por esse sistema de conflitos inerente ao Principado do que pela
crítica específica ao seu governo, sua pessoa e as suas atitudes.
Se Nero foi um bom governante, pelo menos para Tácito, não. Porém, isso não
significa dizer que a sua memória a tradição que foi construída sobre ele não deve ser
colocada à prova. Assim como todos os parâmetros e normas de composição dos
discursos que temos sobre esse polêmico e muito divertido Imperador. Afinal, estamos
lidando com um sistema retórico de escrita e de composição de obras. Nero, ao menos
para este trabalho, foi um excelente objeto histórico.
160
ANEXO
33; III, 35; III,
37; III, 38; III,
1. LÚCIO JÚNIO BRUTO I, 1; 41; III, 44; III,
– Restituiu a liberdade de 47; III, 51; III,
Roma após a monarquia. 52; III, 55; III,
56; III, 59; III,
2. LÚCIO CORNÉLIO I, 1 60; III, 64;
CINA III,65; III, 67;
3. LUCIUS I, 1 III, 68; III, 69;
CORNELIUS SULA FE III, 70; III, 71;
LIX III, 72; III, 73;
III, 74; III, 76;
4. CNEU POMPEU I, 1 IV, 1; IV, 2;
5. MARCO LICÍNIO I, 1 IV, 3; IV, 4;
CRASSO IV, 6; IV, 7; IV,
8; IV, 10; IV,
6. CAIO JÚLIO CÉSAR I, 1; I, 2 11; IV, 12; IV,
7. MARCO ANTÔNIO I, 1; I, 2 13; IV, 14; IV,
15; IV, 16; IV,
8. MARCO LÉPIDO I, 1 17; IV, 18; IV,
9. CAIO JÚLIO CÉSAR I, 1; I, 2; I, 3; I, 19; IV, 20; IV,
OTAVIANO AUGUSTO 5; I, 6, I, 7; I, 8; 22; IV, 23; IV,
– IMPERADOR. Líder I, 9; I, 72; 26; IV, 29; IV,
do Partido Juliano. 30; IV, 31; IV,
Acumulou para si todo o 34; IV, 36; IV,
poder do Senado, dos 37; IV, 39; IV,
magistrados e das leis. 40; IV, 41; IV,
42; IV, 43; IV,
10. TIBÉRIO CLÁUDIO I, 1; I,3; I, 5, I, 52; IV, 53; IV,
NERO – IMPERADOR. 46; I, 52; I, 54; 54; IV, 55; IV;
I, 62; I, 69; I, 57; IV; 58; IV;
72; I, 76; I, 77, 59; IV; 60; IV;
I, 78; I, 80; I 62; IV; 64; IV;
81; II, 5; II, 18; 66; IV; 67; IV;
II, 22; II, 25; II, 68; IV; 70; IV;
29; II, 30; II, 71; IV; 74; IV;
33; II, 34; II, 75; V, 1; V, 2;
35; II, 36; II, V, 3; V, 4; V,
38; II, 40; II, 5; V, 7; V, 8;
42; II, 43; II, VI, 1; VI, 2; VI;
44; II, 46; II, 6; VI; 7; VI; 8;
50; II, 51; II, VI; 9; VI, 12;
52; II, 53; II, VI, 13; VI, 15;
57; II, 65; II, VI, 16; VI, 17;
66; II, 72; II, VI, 18; VI, 19;
77; II, 78; II, VI, 20; VI, 21;
83; II, 86; II, VI, 23; VI, 24;
87; II, 88; III, VI, 25; VI, 26;
2; III, 3, III, 4; VI, 28; VI, 29;
III,5; III,6; III, VI, 30; VI, 31;
11; III, 12; III, VI, 32; VI, 37;
13; III, 14; III, VI, 38; VI, 39;
15; III, 16; III, VI, 40; VI, 44;
17; III, 18; III, VI, 45; VI, 46
19; III, 21; III, VI, 47; VI, 48;
24; III, 29; III, VI, 50
31; III, 32; III,
161
11. TIBÉRIO CLÁUDIO I, 1; III, 2; III, 10; XIII, 11;
NERO – IMPERADOR. 3; III, 18; VI, XIII, 12; XIII,
32; VI, 46; XI, 13; XIII, 14;
1; XI, 2; XI, 3; XIII, 15; XIII,
XI, 4; XI, 7; XI, 16; XIII, 17;
8; XI, 9; XI, 10; XIII, 18; XIII,
XI, 11; XI, 13; 19; XIII, 20;
XI, 14; XI, 16; XIII, 21; XIII,
XI, 19; XI, 20; 22; XIII, 25;
XI, 22; XI, 24; XIII, 27; XIII,
XI, 25; XI, 26; 33; XIII, 41;
XI, 28; XI, 29; XIII, 43; XIII,
XI, 30; XI, 31; 45; XIII, 46;
XI, 32; XI, 33; XIII, 47; XIII,
XI, 34; XI, 35; 49; XIII, 50;
XI, 36; XI, 37; XIII, 52; XIII,
XI, 38; XII, 1; 54; XIV, 1;
XII, 3; XII, 4; XIV, 2; XIV, 3;
XII, 5; XII, 6; XIV, 4; XIV, 7;
XII, 7; XII, 8; XIV, 9; XIV,
XII, 9; XII, 11; 10; XIV, 11;
XII, 17; XII, 19; XIV, 12; XIV,
XII, 20 XII, 21; 13; XIV, 14;
XII, 22; XII, 23; XIV, 15; XIV,
XII, 24; XII, 25; 16; XIV, 17;
XII, 26; XII; XIV, 18; XIV,
29; XII; 36; 20; XIV, 21;
XII; 37; XII; XIV, 22; XIV,
40; XII; 41; 26; XIV, 27;
XII; 42; XII; XIV, 29; XIV,
43; XII; 48; 31; XIV, 38;
XII; 49; XII, XIV, 39; XIV,
52; XII, 53; XII, 45; XIV, 47;
56; XII, 54; XII, XIV, 48; XIV,
58; XII, 59; 49; XIV, 50;
XII, 60; XII, 61; XIV, 51; XIV,
XII, 64; XII, 65; 52; XIV, 53;
XII, 66; XII, 67; XIV, 54; XIV,
XII, 69 55; XIV, 56;
XIV, 57; XIV,
12. CAIO CÉSAR I, 1; I, 41; I, 69;
58; XIV, 59;
(CALÍGULA) - filho de III, 2; IV; 71;
XIV, 60; XIV,
Agripina maior e futuro V, 1; VI; 4; VI;
61; XIV, 62;
IMPERADOR. 9; VI, 20; VI,
XIV, 63; XIV,
32; VI, 45; VI,
64; XV, 3; XV,
46; VI, 48; VI,
7; XV, 8; XV,
50; VI, 51
14; XV, 16;
XV, 17; XV,
18; XV, 23;
13. NERO – Lúcio Domício I, 1; XI, 11; XII,
XV, 25; XV,
Ahenobarbo (Lucius 3; XII, 8; XII,
27; XV, 29;
Domitius Ahenobarbus) / 9; XII, 25; XII,
XV, 30; XV,
Tibério Cláudio NERO 26; XII; 41; 32; XV, 33;
Germânico (Tiberius XII, 58; XII, 64; XV, 34; XV,
Claudius NERO XII, 65; XII, 68;
35; XV, 36;
Germanicus) - Filho De XII, 69; XIII, 1;
XV, 37; XV,
Agripina Minor E XIII, 3; XIII, 5;
38; XV, 39;
IMPERADOR. XIII, 6; XIII, 7; XV, 40; XV,
XIII, 9; XIII, 42; XV, 43;
162
XV, 44; XV, 47; III, 56; III,
45; XV, 46; 59; IV, 3; IV,
XV, 47; XV, 4; IV, 7; IV, 8
50; XV, 51;
21. GAIUS CAESAR I, 3; II, 4; II, 42
XV, 52; XV,
(FILHO DE AGRIPA)
53; XV, 55;
XV, 56; XV, 22. LUCIUS CAESAR I,3
57; XV, 58; (FILHO DE AGRIPA)
XV, 59; XV,
23. NERO CLÁUDIO I,3; I, 7; I, 14;
60; XV, 61;
DRUSUS I, 31; I, 33; I,
XV, 62; XV,
64; XV, 65; (GERMANICUS) 34; I, 37; I, 39;
XV, 67; XV, I, 40; I, 41; I,
42; I, 43, I, 48;
68; XV, 69;
I, 52; I, 54; I,
XV, 70; XV,
60; I, 62; I,63;
71; XV, 72;
I, 70; I, 71; I,
XV, 73; XV,
74; XVI, 1; 76; II, 5; II, 7;
XVI, 2; XVI, 3; II, 11; II, 14;
II, 17; II, 21;
XVI, 4; XVI, 6;
II, 24; II, 25; II,
XVI, 7; XVI, 8;
41; II, 42; II,
XVI, 9; XVI,
43; II, 49; II,
10; XVI, 11;
XVI, 13; XVI, 51; II, 53; II,
14; XVI, 18; 54; II, 55; II,
56; II, 57; II,
XVI, 19; XVI,
58; II, 59; II,
20; XVI, 21;
60; II, 61; II,
XVI, 22; XVI,
62; II, 64; II,
24; XVI, 25;
XVI, 26; XVI, 69; II, 70; II,
27; XVI, 28; 71; (II, 72); II,
73; II,75; II,
XVI, 30
77; II, 78; II,
14. MARCO JÚNIO I, 2; IV, 34; IV, 77; II, 78; II,
BRUTO – Um dos 35 79; II, 82; II,
assassinos de César. 83; III,5; III,
12; III, 18
15. CAIO CÁSSIO I, 2; IV, 34; IV,
LONGINO 35 24. AGRIPA POSTUMUS - I,3; I, 5; I,6
neto de Augusto que foi
assassinado por ser um
16. SEXTO POMPEU – I, 2 dos favoritos à sucessão.
Filho de Pompeu
17. CLÁUDIO MARCELO I, 3
25. FÁBIO MÁXIMO - I, 5
18. AGRIPA I,3; III, 19 amigo de Augusto.
19. DRUSUS I,3; I, 14; I,21, 26. LÍVIA DRUSILIA I, 6; I, 14; II,
I, 47; I, 54; I, (JULIA AUGUSTA) - 14; II, 34; II,
20. (NERO CLÁUDIO
55; I, 76; II, mulher de Augusto. 77; II, 82; III,
DRUSO)
25; II, 43; II, 2; III, 15; III,
44; II, 46 ; II, 18. III, 64; IV,
51; II, 53; II, 12; IV, 16; IV,
62; II, 64; II, 21; IV, 22; V,
82; II, 84; III, 1; V, 2; V, 3
3; III, 11; III,
27. SALÚSTIO CRISPO - I, 6; III, 30
12; III, 18; III,
Equestre.
22; III, 23; III,
31; III, 34; III, 28. SEXTO POMPEIO – I, 7; III, 11;
34; III, 37; III, Cônsul em 14 d.C, se III, 32
163
recusou defender Cn. C. processo de Sósia Gala.
Pisão e atacou Pai de Emília Lépida,
publicamente M. Lépido mulher de Druso César.
em disputa pelo poder Em 39 d.C é acusado de
proconsular da África. conspirar contra Calígula,
seu irmão adotivo.
29. SEXTO APULEIO - I, 7
Cônsul em 14 d.C.
30. SEJO ESTRABÃO - I, 7 38. Cn. CALPÚRNIO I, 13; I, 74, I,
Prefeito Da Guarda PISÃO – Senador e 79; II, 34; II,
Pretoriana Cônsul em 7 a.C. 43; II, 55; II,
Oponente de Germânico 57; II, 58; II,
31. C. TURCÂNIO – I, 7
é nomeado governador da 69; II, 70; II,
Prefeito da Anona.
Síria e depois acaba 71; II, 73; II,
32. ASÍNIO GALO – Ex- I, 8; I, 13; I, 76; sendo acusado de lesa 75; II, 77; II,
marido de Vipsânia (filha I, 77; II, 32; II, majestade por Q. Grânio. 78; II, 79; II,
de Agripa), descrito 33, II, 35; II, 77; II, 78; II,
como um bajulador. Sob 36; III, 11; IV, 80; II, 81; II,
Tibério, se negou 20; IV, 29; IV; 82; III, 9; III,
defender Cn. Pisão, mas 70; VI, 23 12; III, 13; III,
depois se alia a Sejano. 14; III, 15; III,
16; III, 17; III,
18 ; IV, 21
33. L. ARRÚNCIO – I, 8; I,13; I, 76;
Pretendente ao Império. I, 79; III, 31;
Incumbido em 15 d.C de VI; 4; VI; 7; VI, 39. Q. HATÉRIO – Pessoa I, 13; II, 33; III,
cuidar das áreas alagadas 47; VI, 48 de dignidade consular e 57; III, 59; IV;
do Tibre. Defende o um adulador. 61
jovem L. Sula que foi
40. MAMERCO ESCAURO I, 13; III, 23?;
acusado de ser cúmplice
– Provável adúltero de III, 31; III, 66;
e amante de Albucila.
Lépida. Defende o jovem VI, 9; VI, 29;
34. MESSALA VALÉRIO I, 8; III, 34 L. Sula, seu sobrinho, em VI, 30;
MESSALINUS – tribunal e acusa C. Silano
Descrito como adulador. de maiestas. Ele também
Filho de Corvino Messala foi acusado de lesa
(cônsul em 31 a.C) e pai majestade e de amizade
de M. Valério Messalino com Sejano, e também é
(cônsul em 20 d.C). acusado novamente, só
Posicionou-se contra a que dessa vez por Macro,
proposta de lei de Severo Servílio e Cornélio de
Cecina. adultério com Lívia.
35. M. LÓLIO – Descrito I,3; III, 48 41. JÚNIO BLESO - I, 16 – 23; I, 29;
como instigador das Comandante das tropas III, 35; III, 58;
maldades de Tibério. Foi na Panônia onde recebe o III, 72; III, 73;
Cônsul em 21 d.C. título de Imperator. III, 74; IV, 23;
Muito próximo a Tibério, IV, 26; V, 7;
36. ASÍNIO POLIÃO - Pai I, 12
porém, acaba sendo VI; 40
de Asínio Galo e bisavô
vítima da queda de
de Marcus Asínio, cônsul Sejano.
em 54 d.C.
42. PERCÊNIO – Soldado I, 16; I, 29
37. M. EMÍLIO LÉPIDO – I, 13; II, 48; III,
Agitador.
Pretendente ao Império. 11; III, 35; III,
Defendeu Cn. C. Pisão. 72; IV,20; VI; 43. FILHOS DE BLESO - I, 19; 1,29;
Também foi atacado 40; IV, 56; VI, um dos filhos foi 3,17; VI; 40
publicamente por Sexto 27 deputado. São primos de
Pompeio em disputa pelo Sejano e que cometeram
poder proconsular da suicídio em 36 d.C.
África. Participou do
164
44. AUFIDIENO RUFO - I, 20 51. C. SÍLIO – Comandante I, 31; I, 72; II,
Prefeito de campo. de legiões e as ordens de 6; II, 7; II, 25;
Germânico. Recebeu III, 42; III, 43;
45. VIBULENTO – Soldado. I, 21; I, 29
honras pelo triunfo na III, 45; III, 46;
46. ÉLIO SEJANO – I, 24; I, 69; III, Germânia em 15 d. C e IV, 18; IV, 19;
Homem de muita 29; III, 35; III, lutou na Gália em 21 d.C.
intimidade com Tibério. 72; IV, 1; IV, 3; No final de sua vida foi
Foi Prefeito da Guarda IV, 7; IV, 8; atacado por intrigas de
Pretoriana e é descrito IV, 11; IV, 12; Sejano.
como “sócio nos IV, 15;. IV, 17;
52. A. CECINA – I, 31; I, 32; I,
trabalhos” de Tibério. IV, 19; IV, 39;
Comandante de legiões e 37; I, 48; I, 56;
IV, 40; IV, 41;
as ordens de Germânico. I, 60; I, 63; I,
IV, 54; IV; 57;
Recebeu honras pelo 64; I, 65; I, 66;
IV; 58; IV; 59;
triunfo na Germânia em I, 67; I, 68; I,
IV; 60; IV; 67;
15 d. C. 72; II, 6; III,
IV; 68; IV; 70;
18?
IV; 71; IV; 74;
V, 3; V, 4; V,
53. SEPTÍMIO - Centurião I, 32
6; V, 8; V, 10;
da Germânia.
V, 11; VI, 2
54. CÁSSIO QUÉREA - I, 32
47. Cn. CORNÉLIO I, 27; II, 32; III,
Centurião da Germânia e
LÊNTULO GETÚLICO 68; IV, 29; IV,
futuro assassino de
– Soldado que apoiava 42; IV, 46; VI,
Calígula.
Druso. Participou do caso 29; VI, 30;
Líbon, do processo de C. 55. AGRIPPINA MAIOR - I, 33; I, 41, I,
Silano e Mamerco mulher de Germânico, 44; I, 69; II, 43;
Escauro. É acusado por neta de Augusto e mãe de II, 54; II, 55; II,
Víbio Sereno, contudo foi Calígula e Agripina 57; II, 75; II,
protegido por Tibério. minor, a mãe de Nero. 77; II, 79; III, 1;
Era irmão de Cornélio III, 3; III, 4; III,
Cosso e também foi 18; IV, 12; IV,
cônsul em 26 d.C. É 17; IV, 19; IV,
acusado de dar sua filha 39; IV, 52; IV,
em casamento ao filho de 53; IV, 54; IV;
Sejano. 67; IV; 68; IV;
70; IV; 71; V,
3; V, 4; VI, 25
56. CLAUSÍLIO – Soldado I, 35
48. CLEMENTE – I, 26; I, 28 da Germânia.
Centurião.
57. MÊNIO – Prefeito de I, 38
49. L. APRÔNIO - Equestre I, 29; I, 56; I, Campo.
romano da comitiva de 72; II, 32; III,
58. MUNÁCIO PLANCO – I, 39
Druso. Recebeu honras 21; III, 64; IV,
Cônsul e enviado pelo
pelo triunfo na Germânia 13; IV, 22; IV;
Senado para a Germânia.
em 15. Foi sucessor de 73; VI, 30; XI,
Camilo naquela 19 59. C. CETRÔNIO – Legado I, 44
província, atuando como da primeira legião na
pró-Pretor da Germânia, Germânia.
onde derrotou as tropas
de Tacfarinas. Atua 60. JÚLIA – Filha de I, 53
Augusto, ex-mulher de
também como protetor de
Agripa e de Tibério. Avó
C. Graco. Pai de Aprônia
de Agripina minor e mãe
e sogro de Lêntulo
de Agripina maior.
Getúlico.
50. JUSTO CATÔNIO - I, 29 61. SEMPRÔNIO GRACO – I, 53
Centurião. Filho de uma família
nobre e adúltero de Júlia.
165
62. C. NORBANO – Cônsul I, 55 acusado de lesa
em 15 d. C. majestade.
63. ARMÍNIO – Genro de I, 56; I, 61; I, 75. RÚBRIO - Equestre I, 73
Segestes e comandou 63; I, 65; I, 68; pobre que acaba sendo
tropas contra os romanos. II, 9; II, 10; II, acusado de lesa
11; II, 13; II, majestade.
15; II, 17; II,
76. GRÂNIO MARCELO – I, 74
21; II, 44, II,
Pretor da Bitínia.
45; II, 46; II,
86; XI, 16; XI, 77. CÉPIO CRISPINO – I, 74
17 Questor.
64. SEGESTES – Líder da I, 56; I, 71 78. ROMANO HISPO – I, 74
Germânia. Delator.
65. SIGISMUNDO – Filho I, 56 79. PIO AURÉLIO – I, 75
de Segestes e sacerdote Senador.
do templo dos Úbios.
80. PROPÉRCIO CÉLER– I, 75
Antigo Pretor que pediu
licença para se retirar do
66. ESTERTÍNIO – Líder I, 60; I, 71; II,
Senado. Foi auxiliado
das tropas ligeiras contra 11; II, 17; II,
financeiramente por
os Brúcteros. Incumbido 22
Tibério.
por Germânico de
também combater os 81. ATEIO CAPITON – I, 76; I, 79; III,
Angrivários. Incumbido em 15 d.C de 70; III, 75
cuidar das áreas alagadas
67. QUINTÍLIO VARO – I, 61; I, 64; I,
do Tibre. Participa do
Parente de Tibério. Foi 71; II, 25; IV,
julgamento de L. Ênio,
acusado de crime de 56; IV; 66
Cônsul no tempo de
maiestas por Domício
Augusto.
Afro.
82. C. HATÉRIO AGRIPA – I, 77; II, 51, III,
68. LÚCIO DOMÍCIO I, 63; IV, 44
Tribuno da Plebe. Cônsul 49; III, 51; III,
AHENOBARBO – Avô
em 21 d.C. Participou da 52; V; 4
de Nero. Marido de
condenação de Lutório.
Antônia, filha de Marco
Em 31 d. C, ataca os
Antônio com Octávia.
Cônsules publicamente.
69. INGUIOMERO I, 68
70. C. PLÍNIO, O VELHO – I, 69; XIII, 20;
83. POPEIO SABINO - I, 80; IV, 46;
Historiador. XV, 53;
Governador da Mésia, IV, 47; IV, 49;
71. P. VITÉLIO – Incumbido I, 70; II, 6; II, Acaia e Macedônia. Avô V, 10; VI, 39
por Germânico da 2ª e 74?; III, 10; III, de Sabina Popéia, mulher
14ª legiões. Participou 13; III, 17; III, de Nero.
das acusações contra Cn. 19; V, 8; VI, 47
84. SISENA ESTATÍLIO II, 1
C Pisão e foi
TAURO – Cônsul em 16
recompensado com o
d. C.
sacerdócio por Tibério.
Posteriormente, foi 85. LÚCIO LÍBON - Cônsul II, 1
acusado de participar da em 16 d. C.
conspiração de Sejano.
86. VONONES – Rei dos II, 1; II, 56; II,
72. SEGIMERO – Irmão de I, 71 Partos. 58; II, 68
Segestes.
87. FRAATES IV – Rei dos II, 1
73. POMPEIO MACRO – I, 72 Arsácidas.
Pretor.
88. ARTÁBANO - Rei dos II, 3; II, 57; VI,
74. FALÂNIO – Equestre I, 73 Partos que toma posse da 31; VI, 32; VI,
pobre que acaba sendo Arsácida. 36; VI, 37; VI,
166
41; VI, 42; VI, pela frouxidão em VI, 38
43; VI, 44; XI, condenar os envolvidos
8 com Sejano.
89. TIGRANES IV – II, 4; VI, 40 101. CATO FONTEIO II, 30; II, 86
Soberano da Armênia. AGRIPA - Delator de
Líbon. Oferece sua filha
90. C. ÂNTIO – Enviado por II, 6
para presidir o colégio
Germânico para receber
das vestais.
tributos das Gálias.
102. C. VÍBIO II, 30; IV, 13;
91. ANTEIO – Encarregado II, 6;
SERENO- Delator de IV, 23; IV, 30;
por Germânico da
Líbon. Procônsul da
esquadra.
Espanha ulterior foi
92. FLÁV - Irmão de II, 9; II, 10; XI, acusado de lesa
Armínio e soldado 16 majestade por seu filho
romano. Víbio Sereno e acaba
sendo deportado, acusado
93. EMÍLIO – Centurião e II, 11; IV, 42
de muitos outros crimes.
comandante das
expedições para construir
pontes e fortificações na
103. P. QUIRINO II, 30; III, 22;
Germânia. Acusa
Parente de Líbon. Ex- III, 23; III, 48
Vocieno Montano de
marido de Lépida. Na sua
maiestas.
morte o Senado propôs
94. CARIOVALDA – II, 11 exéquias públicas.
General dos Batavos.
104. M. AURÉLIO II, 32; III, 2; III,
95. SEJO TUBERÃO II, 20; IV, 29 COTA MESSALINO - 17; IV, 20; V,
Legado na Germânia e Senador considerado 3; VI; 4
comandante da cavalaria. como bajulador. Participa
Acusado por Víbio do caso de Líbon Druso e
Sereno, mas protegido de foi Cônsul em 20 d.C.
Tibério. Pediu a condenação de
Cn. C. Pisão e defendeu
96. LÍBON DRUSO - Jovem II, 27; II, 28; II,
Plancina por esta ser
da família Escribônia. 29; II, 30. II,
protegida de Lívia
31; II, 32;
Augusta.
97. FÍRMIO CATO–Senador II, 27; IV, 31 105. POMPÔNIO II, 32; II, 66; II,
que foi posteriormente FLACO – Senador 67; VI, 27
expulso de Senado para
considerado como
abrandar sua pena graças
bajulador. Participa do
a intervenção de Tibério.
caso de Líbon Druso
98. FLACO VESCULÁRIO II, 28; VI; 10 onde ganhou o governo
– Equestre romano e da Mésia. Foi também
homem da confidência pró-Pretor da Síria em 32
particular de Tibério. d.C.
Amigo de Sejano e
106. L. PÚBLIO – II, 32
participa do processo de
Senador considerado
Líbon Druso. Acaba
como bajulador. Participa
morto por ordem de do caso de Líbon Druso
Tibério.
107. PÁPIO MUTILO – II, 32
99. JÚNIO – Delator de II, 28; II, 30
Senador considerado
Líbon Druso.
como bajulador. Participa
100. FULCÍNIO TRIÃO II, 28; II, 30; do caso de Líbon Druso.
– Exímio delator. III, 10; III, 13;
108. P. MÁRCIO – II, 32
Participa como delator III, 19; V, 11; Mágico.
nos casos de Líbon, Cn. VI, 1; VI; 4;
C. Pisão e Mêmio Régulo
167
109. OCTÁVIO II, 33 os resultados de um
FRÓNTON – Preto. terremoto na Ásia.
110. L. CALPURNIO II, 34; III, 11; 122. M. SERVÍLIO - II, 48; III, 22;
PÍSON –Senador que III, 68; IV, 45; Recebeu dinheiro de
protestava contra a VI; 10 Tibério César. Pai do
corrupção dos tribunais. cônsul de 35 d.C, M.
Irmão de Cn. Calpurnio Servílio.
Pisão e participa do
123. VIBÍDIO II, 48
processo de C. Silano.
VARRÃO - Expulso do
Foi Pretor da província
senado por Tibério.
da Espanha citerior em
25 d.C e Pontífice. 124. MÁRIO NEPOTE - II, 48
Expulso do senado por
111. URGULÂNIA– II, 34; IV, 21;
Tibério.
Amiga de Lívia Augusta IV, 22
e avó de Pláucio Silano. 125. ÁPIO APIANO - II, 48
Expulso do senado por
112. M. HORTÁLO – II, 37; II, 38
Tibério.
Mancebo nobre que vivia
em pobreza. 126. CORNÉLIO SULA II, 48
- Expulso do senado por
113. CLEMENTE – II, 39; II, 40
Tibério.
Escravo de Agripa
Póstumo. Foi confundido 127. Q. VITÉLIO - II, 48
com o Próprio Agripa. Expulso do senado por
Tibério.
114. C. CECÍLIO – II, 41
Cônsul em 17 d. C. 128. LÚCIO – Edil. II, 49
115. L. POMPÔNIO - II, 41 129. MARCO II, 49
Cônsul em 17 d. C PUBLÍCIOS - Edil.
116. ARQUELAU – Rei II, 42 130. C. DUÍLIO - Edil. II, 49
da Capadócia.
131. APULEIA II, 50
117. CRÉTICO SILANO II, 43 VARÍLIA - Neta de uma
- Parente por afinidade de Irmã de Augusto.
Germânico, cuja filha
132. MÂNLIO - II, 50
estava prometida a seu
Acusado de adultério
filho Nero.
com Varpilia.
118. PLANCINA – II, 43; II, 70; II,
Mulher de Cn. Pisão, 75; II, 80; II, 133. VIPSÂNIO GALO II, 51
protegida de Lívia 82; II, 84; III, 9; – Pretor.
Augusta e inimiga de III, 13; III, 15; 134. TACFARINAS - II, 52; III, 20;
Agripina maior. III, 15; III, 17; Chefe da nação Númida. III, 21; III, 32;
III, 18; VI, 26 III, 73; III, 74;
IV, 23; IV, 24;
119. LÍVIA – Mulher de II, 43; III, 24;
Druso, irmã de IV, 3; IV, 8; IV, 25
Germânico e comete IV, 10; IV, 12; 135. FÚRIO CAMILO - II, 52; III, 20
adultério com Sejano. A IV, 39; IV, 40; Procônsul da África.
ideia era que ela esperava IV; 60; IV; 71;
a morte do marido e VI, 2 136. JÚLIA DRUSILLA II, 54; III, 2
assim assumir o Império - Filha de Agripina com
com Sejano. Morre com a Germânico. Foi exilada
conspiração de Sejano. em 37 d.C por cometer
adultério com Marco
120. MARABÓDUO - II, 44; II 45; II, Emílio Lépido.
Rei dos Queruscos e tio 46; II, 88
de Armínio. 137. APOLO CLÁRIO – II, 54
Oráculo.
121. M. ALETO - Pretor II, 47
encarregado de examinar 138. TEÓFILO - II, 55
168
Protegido de Cn. C. Pisão Armênia menor e parte 66; II, 67; XI, 9;
das cidades vizinhas da XII, 15; XII, 18
139. POLÉMON – Rei II, 56; XIV, 26
Grécia. Filho de
do Ponto. Ganha a
Remetalces.
Armênia.
151. LATINO PANDO - II, 66
140. ZENÃO – Filho de II, 56
Pró-Pretor da Mésia.
Polémon.
152. REMETALCES II - II, 67
141. Q. VERÂNIO - II, 56; II. 74;
Filho de Rescupóris.
Nomeado por Germânico III, 10; III, 13;
para governar a III, 17; III, 19; 153. TREBELIANO II, 67; III, 38;
Capadócia. Participou RUFO – Pretor, tutor dos VI, 39
das acusações contra Cn. filhos de Cótis e regente
C. Pisão e foi temporário da Mésia.
recompensado com o Condenado por maiestas.
sacerdócio por Tibério.
154. VÍBIO FRÓNTON II, 68
Pai de Q. Verânio, cônsul
- Prefeito que prendeu
em 49 d.C.
Vonones.
142. QUINTO SERVEO II, 56; III, 13;
155. REMMIO - Soldado II, 68
– Nomeado como III, 19; VI; 7
que prendeu Vonones.
governador dos
Comagenes acusou Cn. 156. MARTINA - II, 74
C. Pisão e foi Preparadora de venenos e
recompensado com o amiga de Plancina.
sacerdócio por Tibério.
Ex- pretor e amigo de 157. VÍBIO MARSO - II, 74; II, 79;
Germânico. Foi acusado Pretendente ao governo IV; 56; VI, 47;
da Síria. Pró-Cônusl da VI, 48; XI, 10
como conspirador junto a
Ásia (27-30 d.C). Toma
Sejano.
parte do partido de M.
143. M. SILANO - II, 59; III, 24; Píson quando este é
Cônsul de 19 d.C III, 57; III, 59; acusado de ser cúmplice
consegue o retorno do V, 10; VI, 20 e amante de Albucila.
seu irmão Décimo Silano,
158. Cn. SENTIUS - II, 74; II, 79; II,
graças a sua posição e
Eleito Governador da 81;
por ser benquisto
Síria.
adulador. Pai de M. Júnio
Silano. 159. M. PISÃO - Filho II, 76; III, 16;
144. L. NORBANO – II, 59 de Cn. Calpúrnio Pisão. III, 17; III, 18;
Foi condenado a entregar
Cônsul em 19 d. C.
todos os bens do pai.
145. MAROBÓDUO – II, 62, II, 63
160. SÊNTIUS – Não há II, 76, II, 77
Sem descrição.
descrição.
146. CATUALDA - II, 62
Jovem mancebo e 161. DOMÍCIO CÉLER II, 77; II, 78; II,
perseguido por - Homem da intimidade 77; II, 78; II,
de Tibério. 79; II, 81;
Marobóduo.
162. TIBERIUS II, 84; VI, 46
147. VÂNIO - Rei dos II, 63; XII; 29;
GEMELLUS - Filho de
Suevos. XII; 30
Druso com Livilla, irmã
148. REMETALCES - II, 67; III,68; de Germânico. Principal
Rei da Trácia na época de IV, 47 nome para a sucessão de
Augusto. Tibério em 37 d.C. Acaba
executado por Calígula.
149. RESCUPÓRIS - II, 64; II, 65; II,
Irmão do Remetalces e 66 163. VESTÍLIA - II, 85
Rei da Trácia: parte Pertencia a uma família
agreste. da ordem dos pretores.
Mãe de Corbulão, general
150. CÓTIS - Rei da II, 64; II, 65; II,
169
e Nero, e foi acusada de de Cn. Calpúrnio Pisão.
se registrar como
177. CECINA SEVERO III, 18; III, 33;
meretriz.
– Senador que pede a III, 34
164. TIDIO LABEÃO - II, 85 Tibério que erga uma
Marido se Vestília. estátua em homenagem a
condenação de Cn.
165. ÓCIA - Presidiu o II, 86
Calpúrnio Pisão.
colégio das vestais por 57
anos. 178. L. NONIO III, 18
ASPRENAS - Cônsul
166. DOMÍCIO II, 86
Sufecto em 6 d.C e
POLIÃO - Sua filha é
sobrinho de Quintilius
escolhida por Tibério
Varus.
César para presidir o
colégio das vestais 179. VIPSÂNIA - Ex- III, 19
mulher de Galo Asínio e
167. ADGANDÉSTRIO II, 88
filha de Agripa.
- Príncipe dos Catos.
Oferece aos romanos a 180. RUFO HÉLVIO - III, 21
morte de Armínio. Soldado das coortes
comandadas por L.
168. DRUSO CAESAR - III, 2; IV, 4;
Aprônio.
Filho de Germânico. IV, 17; IV, 34;
Assumiu a magistratura IV; 60; VI, 23 181. APRÔNIO III, 21
de Prefeito de Roma em CESIANO - Filho de L.
25 d.C. Foi assassinado. Aprônio e encarregado
das tropas na Numídia.
169. M. VALÉRIO III, 2; III, 18;
MESSALINO - Cônsul 182. LÉPIDA - III, 22; III, 23
em 20 d.C. Filho de Pertencente à família dos
Messala Valério Emílios (Aemilii), bisneta
Messalino, pediu ações de Sula e de Cn.
de graças pela Pompeio.
condenação de Cn. C.
183. MÂNIO LÉPIDO - III, 22; III, 32;
Pisão. Pai de Valério
Irmão de Lépida e Cônsul VI; 4;
Messala, cônsul em 58
em 11 d.C. Participou do
d.C.
processo de Lutório, não
170. ANTONIA MINOR III, 3; III, 18 aceitando uma sentença
– Mão de Germânico. capital.
171. DRUSUS – Pai de III, 5 184. LUCIUS CÉSAR – III, 23
Germânico. Filho de Agripa.
172. T. ARRÚNCIO – III, 11 185. LÍVIA JÚLIA - III, 23; III, 29;
Recusou-se a defender Filha de druso e mulher VI, 27
Cn. C. Pisão. de Nero Germânico, filho
de germânico.
173. P. VINÍCIO - III, 11
Recusou-se a defender 186. C. RUBÉLIO III, 23; III, 51;
Cn. C. Pisão. Cônsul em BLANDO - Participou do III, 29; VI, 27;
2 d. C. processo de Lutório VI, 45
apoiando Lépido.
174. ESERNINO III, 11
Segundo marido de Júlia,
MARCELO - Recusou-se
filha de Druso e pai de
a defender Cn. C. Pisão.
Rubélio Plauto. Nomeado
Pretor em 19 d.C.
por Tibério para ajudar as
175. LIVENEIO III, 11 vítimas do incêndio no
RÉGULO – Defendeu Aventino em 36 d.C.
Cn. C. Pisão. Cônsul em
187. DÉCIMO SILANO III, 24
18 d. C.
- Retorna do exílio após
176. Cn. PISÃO - Filho III, 17; IV, 62 ser punido com desterro
170
por adulterar com a neta - Acusado de lesa-
de Augusto. Irmão de M. majestade.
Silano.
199. P. VELEIO - III, 39
188. NERO JÚLIO III, 29; IV, 4; comandante encarregado
CÉSAR GERMÂNICO - IV, 15; IV, 17; por Tibério.
Filho de Germânico. IV; 59; IV; 60;
200. TRÉVERES JÚLIO III, 40; III, 42
Assumiu diversas honras IV; 67; IV; 70;
FLORO - Fautor da
por patrocínio de Tibério, V, 3; V, 4
rebelião na Gália em 21
como a magistratura de
d.C.
Questor, mesmo com
cinco anos a menos da 201. JÚLIO SACROVIR III, 40; III, 41;
idade permitida para o - Fautor da rebelião na III, 42; III, 43;
cargo. Marido de Júlia, Gália em 21 d.C. III, 44; III, 45
filha de Druso. Derrotado por C. Sílio. III, 46
189. L. VOLÚSIO – III, 30 202. ACÍLIO AVÍOLA - III, 41
Cônsul e Censor. Legado na Gália.
190. DOMÍCIO III, 31 203. C. VISÉLIO III, 41; III, 42;
CORBULÃO – Preto e VARRÃO - Legado na III, 43
pai de Corbulão, general Gália e comandante de
sob Nero. tropas. Foi cônsul em 12
d.C.
191. L. SULA FELIX - III, 31; VI; 15
Moço nobre acusado por 204. JÚLIO INDO - III, 42
Corbulão de não respeitar Inimigo de Floro e
os mais velhos. Cônsul empenhado em derrotar
em 33 d.C. os gauleses.
192. C. CÉSTIO GALO - III, 36; VI, 7; 205. P. CORNÉLIO III, 47; III, 68;
Senador acusador de VI, 31 DOLABELA - Senador IV, 23; IV, 24;
Quinto Serveu e Minúcio que propôs uma adulação IV, 25; IV, 26;
Termo, com o mando de para o retorno de Tibério IV; 66; XI, 22
Tibério. Foi Cônsul em de seu exílio particular.
35 d.C. Foi adulador no caso de
C. Silano e comandou
193. ÂNIA RUFILA - III, 36
tropas na Numídia e
Acusada por C. Céstio de
derrotou Tacfarinas.
lesa- majestade.
Porém não recebeu a
194. CONSÍDIO ÉQUO III, 37 glória para por ser tio de
- Punido por Tibério por Sejano.
falsa acusação.
206. C. LUTÓRIO III, 49; III, 50
195. CÉSIO CORDO – III, 37; III, 38; PRISCO - Equestre
Punido por Tibério por III, 70 romano. Foi delatado por
falsa acusação. Procônsul compor versos esperando
de Creta. Acusado de a morte de Druso. O
concussão por Ancário acusado já havia sido
Prisco foi condenado em premiado por Tibério por
22 d.C. compor versos sobre
Germânico.
196. MÁGIO III, 37
CECILIANO - Foi 207. P. PETRÔNIO - III, 49; VI, 45
protegido pelo Imperador Acusado de ter escutado
Tibério no caso de lesa- os versos de Lutório e
majestade. depôs contra ele.
Nomeado por Tibério
197. ANCÁRIO III, 38; III, 70
para ajudar as vítimas do
PRISCO - Acusador de
incêndio no Aventino em
Césio Cordo.
36 d.C. Foi Cônsul
198. ANTÍSTIO VÉTUS III, 38 Sufecto em 29 d.C e
171
Procônsul da Ásia de 29 acusado de maiestas.
a 35 d.C. Pai adotivo do
219. GÉLIO III, 66
Imperador Vitélio.
POPLICOLA - Questor
208. VITÉLIA - Sogra III, 49 sob a proteção de C.
de P. Petrônio que jurou Júnio Silano e acusador
nada ter ouvido dos de C. Silano de muitos
poemas de Lutório. crimes.
209. C. SULPÍCIO III, 52; VI, 40 220. M. PACÔNIO - III, 67
GALBA - Cônsul em 22 Tenente de C. Júnio
d.C e irmão mais velho Silano, mas também
do Imperador Galba. atuou como seu acusador
Cometeu suicídio após em muitos crimes.
perder o favor do Tibério. Participa da conspiração
de Sejano. Pai de Pacônio
210. C. BÍBULO – Não III, 52
Agripino.
há descrição.
221. TORQUATA - III, 69
211. SÉRVIO GALBA - III, 55; VI; 15;
Vestal muito
Futuro imperador e VI, 20;
recomendável e irmã de
cônsul em 33 d.C.
C. Júnio Silano.
212. MARCUS AGRIPA III, 56
222. LÊNIO - Cavaleiro III, 70
– Colega na função de
romano que não foi
Tribuno da Plebe com
condenado por crime de
Druso.
lesa- majestade ao qual
213. SÉRVIO III, 58; III, 71; foi acusado.
MALUGINENSE - IV, 16
223. P. CORNÉLIO III, 74; XI, 2;
Flamen dialis (sacerdote
LENTULO CIPIÃO -
de Júpiter). Pede a
Comandante das tropas
Tibério o governo da
contra Tacfarinas em 22
Ásia, mas não é atendido.
d.C e Cônsul em 24 d.C.
214. CORNÉLIO III, 58 Marido de Popéia maior.
MERULA - Flamen
224. ASÍNIO III, 74
dialis (sacerdote de
SALONINO – Neto de
Júpiter). Antecessor de
Agripa.
Maluginense.
225. LABEÃO III, 75
215. LÊNTULO - III, 59; IV, 44
ANTÍSTIO - Rival de
Áugure que se opôs ao
Ateio Capiton, porém
pedido de Sérvio
bajulador e cortesão.
Maluginense
226. JUNIA TERTIA - III, 76
216. JÚNIO OTO - III, 66; VI, 47
Irmã de Sevília e viúva
Antigo professor que
de C. Cássio, um dos
deve sua ascensão a
assassinos de Júlio César.
Sejano. Foi Pretor e
acusador de C. Silano em 227. C. ASÍNIO IV, 1; IV, 34
um processo de maiestas. POLIÃO - Cônsul em 23
d.C, filho de Asínio Galo
217. BRUNTÍDIO III, 66
e irmão de Asínio
NÍGER - Edil que acusa
Soliano.
C. Silano de maiestas.
Homem que procurava 228. C. ANTÍSTIO - IV, 1
ganhar honra através das Cônsul em 23 d.C.
acusações.
229. EUDEMO - Médico IV, 3; IV, 11
218. C. ÁPIO JÚNIO III, 66; III, 67; e amigo de Lívia, mulher
SILANO - Procônsul da III, 68; III, 69; de Druso, que sofreu
Ásia 20 a 21 d.C e IV, 15; IV; 68; tortura por acusar Tibério
Cônsul em 28 d.C. Foi VI,9; XI,29; de participar do
172
assassinato de Druso. MALUGINENSE -
flamen dialis.
230. APICATA - IV, 3; IV, 11
Mulher de Sejano que 241. CORNÉLIA - IV, 16
sofreu tortura por acusar Vestal que substituiu
Tibério de participar do Escântia.
assassinato de Druso.
242. ESCÂNTIA – IV, 16
231. LIGDO - Eunuco IV, 8; IV, 1O; Vestal.
responsável por ministrar IV, 11
243. CORNÉLIO IV, 17
veneno a Druso e que
CETEGO - Cônsul em 24
sofreu tortura por acusar
d.C.
Tibério de tomar parte na
trama. 244. VISÉLIO IV, 17; IV, 19
VARRÃO - Cônsul em
232. JÚLIO PÓSTUMO IV, 12
24 d.C. Filho de C.
- Participa das artimanhas
Visélio Varrão e foi
de Sejano para destruir a
usado por Sejano para
familia de Germânico.
acusar Tito Sabino.
233. MUTÍLIA PRISCA IV, 12
245. TITO SABINO - IV, 18; IV, 19
- Amiga de Lívia
Atacado por Sejano pela
Augusta que também
amizade com Germânico.
participa das artimanhas
de Sejano para destruir a 246. SÓSIA GALA - IV, 19; IV, 20
familia de Germânico. Mulher de C. Sílio e
amiga de Agripina.
234. CARSÍDIO IV, 13; VI, 48
Também foi atacada por
SACERDOS - Acusado
Sejano, nas acusações
de enviar viveres para
feitas por Galo Asínio.
Tacfarinas.
247. Q. GRÂNIO - IV, 21
235. C. GRACO - IV, 13; VI, 38
Acusador de Cn.
Acusado de enviar
Calpúrnio Pisão.
viveres para Tacfarinas.
Foi absolvido e acusa 248. CÁSSIO SEVERO IV, 21
Grânio Marciano. – Acusado de maiestas.
236. ÉLIO LÂMIA - Foi IV, 13; VI, 27
249. Institutio
protetor de C. Graco,
Oratoria X, 1,
governador da província
da Síria e Prefeito de 116
Roma.
237. MITRIDATES I - IV, 14; VI, 32; 250. PLÁUCIO IV, 22
Rei dos Partas e irmão de XI,8; XII, 44; SILVANO - Pretor neto
Cótis. Lutou contra o VI, 32; XI, 8; de Urgulânia.
Imperador Cláudio. XI, 9; XII, 15;
XII, 17; XII, 18; 251. APRÔNIA - Mulher IV, 22
XII, 19; XII, 20; de Pláucio Silvano e filha
XII, 21; XII; de L. Aprônio.
44; XII; 45; 252. NUMANTINA - IV, 22
XII; 46; XII; Ex-mulher de Pláucio
47; XII; 48 Silvano.
238. LUCÍLIO LONGO IV, 15 253. PTOLOMEU - IV, 23; IV, 24;
- Senador e amigo íntimo Filho do rei Juba. IV, 26
de Tibério. Auxiliou os romanos
239. LUCÍLIO IV, 15 contra Tacfarinas.
CAPITON - Procurador 254. T. CURTÍSIO - IV, 27
na Ásia. Líder de uma revolta
240. FILHO DE IV, 16 servil em 24 d.C e antigo
soldado de uma corte
173
Pretoriana. condenado.
255. CÚRTIO LUPO - IV, 27 264. Institutio
Questor encarregado de Oratoria X, I,
acabar com a revolta de 104 –
T. Curtísio. Quintiliano o
elogia por sua
256. ESTÁTIO - Tribuno IV, 27
independência.
encarregado de acabar
com a revolta de T. 265. SÁTRIO IV, 34; VI, 8;
Curtísio. SECUNDO - Acusador VI, 47
de Cremúcio Cordo,
257. VÍBIO SERENO - IV, 28; IV, 29;
cliente de Sejano é
Filho de C. Víbio Sereno. IV, 36
descrito como uma
Acusa seu pai e Fonteio
criatura de Sejano a ser
Cápiton de maiestas.
bajulada. Revela ao César
258. CECÍLIO IV, 28; IV, 30 a conspiração do próprio
CORNUTO - Ex- Pretor amigo.
acusado de participar de
266. PINÁRIO NATA - IV, 34
uma conspiração junto a
Acusador de Cremúcio
C. Víbio Sereno.
Cordo e cliente de Sejano
259. C. COMÍNIO - IV, 31
267. CALPÚRNIO IV, 36
Perdoado por Tibério no
SALVIANO – Faz uma
caso de maiestas.
denúncia contra Sex.
260. P. SUÍLIO RUFO - IV, 31; XI, 1; Mário.
Antigo questor de XI, 2; XI, 4; XI,
268. SEX. MÁRIO - IV, 36; VI, 19
Germânico foi desterrado 5; XI, 6; XIII,
Acusado por Calpúrnio
por advogar por dinheiro. 42; XIII, 43
Salviano de maiestas.
Foi instrumento de
Depois foi acusado de
Messalina na acusação de
incesto e condenado. Era
Asiático e Popéia maior.
o homem mais rico das
Acusa dois equestres
Espanhas. Suas minas
romanos de serem
foram confiscadas por
cúmplices de Valério em
Tibério.
outra acusação de
adultério. Foi acusado no 269. FONTEIO IV, 36
governo de Nero por CÁPITON - Procônsul
advogar por dinheiro (lex da Ásia de 23 e 24 d.C e
cinicia). Inimigo de cônsul em 12 d.C.
Sêneca.
270. VOCIENO IV, 42
261. CORNÉLIO IV, 34 MONTANO - Acusado
COSSO - Cônsul em 25 de maiestas.
d.C. Pai de Cosso
271. AQUÍLIA - IV, 42
Cornélio, cônsul em 60
Acusada de adultério
d.C.
com Vário Lígur.
262. ASÍNIO AGRIPA - IV, 34; IV; 61
272. VÁRIO LÍGUR - IV, 42; VI, 30
Cônsul em 25 d.C. Neto
Foi acusado de pagar
de Asínio Polião.
seus acusadores para
263. CREMÚCIO IV, 34 desistirem do processo.
CORDO - Acusado de
273. APOÍDIO IV, 42
denominar C. Catão
MÉRULA – Senador.
como o último dos
romanos, fazendo uma 274. L. ANTÔNIO - IV, 44
clara crítica a tirania do Homem de família
Principado de Tibério. ilustre.
Tem seus versos
queimados e é 275. C. CALVÍSIO IV, 46; IV, 47;
SABINO - Filho de IV, 48; IV, 49;
174
Cônsul e Cônsul em 26 VI, 9 19; XIII, 20;
d.C. É acusado de XIII, 21; XIV,
maiestas. 1; XIV, 2; XIV,
3; XIV, 4; XIV,
276. POMPÔNIO IV, 47; VI, 29;
5; XIV, 6; XIV,
LABEÃO – Governador VI, 29
7; XIV, 8
da Mésia.
285. VALÉRIO NÂSON IV; 56; IV; 57
277. DINIS - Chefe dos IV, 50
- Antigo Pretor que ficou
povos montanheses da
encarregado de construir
trácia.
templos de júpiter nas
278. TARSA - Chefe dos IV, 50 províncias.
povos montanheses da
286. COCEIO NERVA - IV; 58; VI, 26
trácia.
Senador e Cônsul Sufecto
279. TURÉSIS - Chefe IV, 50 em 21 ou 22 d.C. Avô do
dos povos montanheses Imperador Nerva e
da trácia. assíduo companheiro de
Tibério.
280. CLÁUDIA IV, 52
PULCRA - Prima de 287. CÚRTIO ÁTICO – IV; 58; VI, 10;
Agripina maior e acusada Equestre eliminado por
por Domício Afro, com o Sejano.
intuito de derrubar a
288. M. LICÍNIO - IV; 62
familia de Germânico.
Cônsul em 27 d.C.
281. DOMÍCIO AFRO - IV, 52; IV; 66;
289. L. CALPÚRNIO - IV; 62
Pretor, grande orador e XIV, 19
Cônsul em 27 d.C.
acusador durante o
governo de Tibério. Foi 290. ATÍLIO - Liberto IV; 62; IV; 63
Cônsul Sufecto em 39 que construiu um
d.C. anfiteatro em Fidena.
282. Institutio 291. JÚNIO – Senador. IV; 64
Otatoria, X, 1,
292. SÍLIO NERVA – IV; 68
86 e X, 1, 118
Cônsul em 28 d.C.
283. FÚRNIO - Acusado IV, 52
293. TÍCIO SABINO - IV; 68; IV; 69
de cometer adultério com
Equestre acusado de
Pulcra.
amizade com Germânico.
284. JÚLIA AGRIPINA IV, 53; IV; 75; Foi acusado por quatro
MINOR - Filha de XI, 12; XII, 1; ex- Pretores.
Germânico e mãe do XII, 2; XII, 3;
294. LATÍNIO IV; 68; IV; 69;
Imperador Nero. Casou XII, 5; XII, 6;
LACIÁRIS - Acusador IV; 71; VI; 4
com Cn. Domício XII, 8; XII, 9;
de Tício Sabino que
Ahenobarbo, em 28 d.C e XII, 22; XII, 25;
buscava a proteção de
em 37 d.C é exilada por XII, 26; XII, 27;
Sejano. Foi acusado por
cometer adultério com XII; 37; XII;
Sexto Paconiano.
Marcus Emiliano Lépido. 41; XII; 42;
Recebeu o título de XII; 43; XII, 295. PÓRCIO CÁTON - IV; 68
Augusta em 50 d.C. 56; XII, 57; Acusador de Tício
XII; 58; XII, Sabino que buscava a
59; XII, 64; XII, proteção de Sejano.
66; XII, 67; XII,
69; XIII, 1; 296. PETÍLIO RUFO - IV; 68
Acusador de Tício
XIII, 2; XIII, 5;
Sabino que buscava a
XIII, 6; XIII,
proteção de Sejano.
12; XIII, 13;
XIII, 14; XIII, 297. M. OPÓSIO IV; 68; IV; 71
15; XIII, 16;
XIII, 18; XIII, 298. DRUSO, O VELHO IV; 72
175
– Pai de Germânico. SCRIBONIANUS -
Cônsul em 32 d.C e filho
299. OLÊNIO – IV; 72
de Fúrio Camilo. Pai de
Governador da
Fúrio Escriboniano e
Germânia.
revoltou-se contra
300. CATEGO IV; 73 Cláudio, em 42 d.C, por
LABEÃO – Legado da causa da morte de muitos
quintas legião na senadores e cavaleiros.
Germânia.
311. TOGÔNIO GALO VI, 2
301. Cn. DOMÍCIO IV; 75; VI, 1; – Senador.
AHENOBARBO - Pai VI, 45; VI, 47;
312. JÚNIO GALIÃO - VI, 3
de Nero e cônsul em 32 VI, 48
Senador descrito como
d.C. Foi nomeado por
adulador. Adota o irmão
Tibério para ajudar as
mais velho de Sêneca.
vítimas do incêndio no
Aventino em 36 d.C. Foi 313. SEXTO VI, 3; VI, 39
acusado de ser cúmplice PACONIANO - Acusado
e amante de Albucila. de amizade com Sejano e
de conspirar contra o
302. C. RUBÉLIO V, 1
jovem Calígula. Não foi
GEMÍNIO - Cônsul em
condenado rapidamente
29 d.C.
por fazer a denúncia de
303. C. FÚFIO V, 1; V, 2; VI, Latínio Laciáris. Porém,
GEMÍNIO - Cônsul em 10 em 35 d.C, não escapou
29 d.C. da morte por condenação.
304. TIBÉRIO NERO - V, 1 314. SANQUÍNEO VI, 4; XI, 18
Pai do imperador Tibério MÁXIMO – Cônsul.
e primeiro marido de
315. CECILIANO – VI; 7
Lívia Drusila.
Senador.
305. JÚNIO RÚSTICO - V, 4
316. L. ARUSEIO - VI; 7; VI, 40
Escolhido por Tibério
Delator de L. Arrúncio.
para ser o compilador das
atas do Senado. 317. SANQUÍNIO - VI; 7
Delator de L. Arrúncio.
306. CONSÍDIO V, 8; VI, 18
PRÓCULO - Ex- Pretor e 318. MINÚCIO TERMO VI; 7
acusador de P. Pompônio - Equestre condenado por
Secundo. Também foi ser amigo de Sejano.
acusado de maiestas.
319. JÚLIO AFRICANO VI; 7
307. P. POMPÔNIO V, 8; VI, 18; - Acusado por Minúcio
SECUNDO - Foi acusado XI, 13; Termo e Quinto Serveo
por Consídio Próculo de de fazer parte da
ter amizade com Élio conspiração de Sejano.
Galo. Foi Cônsul Sufecto
320. SEJO QUADRATO VI; 7
em 44 d.C e foi ofendido
- Acusado por Minúcio
publicamente pelo
Termo e Quinto Serveo
Imperador Cláudio.
de fazer parte da
308. ÉLIO GALO – V, 8 conspiração de Sejano.
Amigo de Sejano.
321. M. TERÊNCIO - VI; 8
309. P. MÊMIO V, 4; V, 11; Equestre que assumiu sua
RÉGULO - Juiz no caso XIV, 47; amizade com Sejano.
Sejano. Cônsul Sufecto
322. POMPÔNIO - É VI; 8
em 31 d.C.
descrito como uma
criatura de Sejano a ser
bajulada.
310. CAMILLUS VI, 1; XII, 52
176
323. VESTÍLIO - Antigo VI; 9 de P. Vinício. Cônsul em
Pretor acusado por 30 d.C escolhido por
Tibério de escrever uma Tibério para ser marido
sátira sobre Calígula. de sua neta Lívia Livilla.
Nomeado por Tibério
324. C. ÂNIO POLIÃO - VI; 9
para ajudar as vítimas do
Cônsul Sufecto em 21 ou
incêndio no Aventino em
22 d.C e avô de Ânio
36 d.C.
Polião. Foi conspirador
contra Nero em 65 d.C e 335. GRACO - Pretor VI, 16
66 d.C encarregado de fazer
cumprir a lei que proibia
325. L. ÂNIO VI; 9
a usura.
VINICIANO - Acusado
de maiestas contra 336. SÂNCIA - Irmã de VI, 18
Calígula. Pai de Consídio Próculo.
Viniciano e de Ânio
337. Q. POMPÔNIO VI, 18
Polião, que conspiraram
SECUNDO - Irmão de
contra Nero em 64 e 65.
Pompônio Secundo e
326. GEMÍNIO CELSO VI; 9; VI; 14 acusador de Consídio
- Tribuno da corte urbana Próculo e de sua irmã
que serviu de testemunha Sância.
e salvou os acusados
338. POMPÉIA VI, 18
Ápio Silano e Viniciano
MACRINA - Condenada
Polião. Foi condenado na
por Tibério ao desterro.
conspiração de Sejano.
339. CLÁUDIA - Filha VI, 20; VI, 45
327. VÍCIA - Mãe de VI; 10
de M. Silano e esposa de
Fúfio Gemino. Foi
Calígula.
condenada por chorar a
morte de seu filho. 340. C. SALÚSTIO VI, 20
PASSIENO CRISPO -
328. JÚLIO MARINO - VI; 10
Cônsul Sufecto em 27
Amigo de Sejano e
d.C e cônsul em 44 d.C.
ajudou a derrubar Cúrcio
Primeiro marido de
Ático.
Agripina minor. Um
329. QUINTILIANO – VI; 12 senador rico e de meia
Tribuno da Plebe. idade, com uma grande
reputação de orador. Seu
330. CANÍNIO GALO - VI; 12
poder que protegeu
Quindecênviro (sacerdote
Agripina da fúria de
incumbido de guardar os
Messalina.
livros sibilinos).
341. TRASILO – VI, 21; VI, 22
331. POMPEIO - Foi VI; 14
Astrólogo.
condenado na
conspiração de Sejano. 342. ÁTIO - Centurião VI, 24
que ajudou Tibério a
332. RÚBRIO FABATO VI; 14
sujar o nome de Druso
– Não há informações.
César.
333. L. CÁSSIO VI; 15; VI, 45
343. DÍDIMO - Liberto VI, 24
LONGINIO - Cônsul em
que ajudou Tibério a
30 d.C escolhido por
sujar o nome de Druso
Tibério para ser marido
César.
de sua neta Júlia Drusilia.
Também foi nomeado 344. ARRÚNCIO - VI, 27
por Tibério para ajudar as Impedido por Pompônio
vítimas do incêndio no Flaco de ir a Espanha.
Aventino em 36 d.C.
345. PAULO FÁBIO VI, 28
334. M. VINÍCIO - Filho VI; 15; VI, 45 PÉRSICO - Cônsul em
177
34 d.C e filho do Cônsul 355. ÁRSACES – VI, 31; VI, 33
de 11 a.C. Sucessor de Artáxias.
346. L. VITÉLIO - VI, 28; VI, 32; 356. TIRIDATES - Rei VI, 32; VI, 37;
Cônsul em 34 e 43 d.C. VI, 36; VI, 37; dos Partas e soberano da VI, 41; VI, 42;
Pai do futuro Imperador XIV, 56; VI; Armênia. Irmão de VI, 44; XII, 50;
Vitélio. Foi governador 41; VI, 44; XI, Vologeso que foi XII, 51; XIII,
da Síria e encarregado 2; XI, 3; XI, 4; derrotado por Corbulão. 34; XIII, 37;
por Tibério em 35 d.C de XI, 33; XI, 34; Recebe a coroa da XIII, 38; XIII,
todos os negócios do XII, 4; XII, 5; Armênia em 66 d.C na 40; XIII, 41;
Oriente. Participa do XII, 9; XII; 42 cidade de Roma graças às XIV, 26; XV, 1;
julgamento de Asiático e artimanhas de Traséia XV, 2; XV, 5;
Popéia maior. Era Peto e Barea Sorano que XV, 6; XV, 7;
protegido de Agripina e eram contra Nero. XV, 14; XV,
um dos mais influentes 24; XV, 25;
conselheiros de Cláudio. XV, 27; XV,
Acusa L. Júnio Silano de 28; XV, 29;
incesto. XV, 30; XV,
31; XVI, 23
347. PAXEIA - Mulher VI, 29
de Pompônio Labeão. 357. FARASMANES VI, 32; VI, 33;
VI, 34; VI, 35;
348. NÉVIO SUTÓRIO VI, 29; VI, 38;
XI, 8; XII, 44;
MACRO - Acusador de VI, 45; VI, 47;
XI, 8; XII; 44;
Escauro Mamerco e VI, 48 ; VI, 50
XII; 45; XII;
delator de Fulcínio Trião.
46; XII; 47;
Conquistou a amizade de
XII; 48; XIII,
Calígula e é descrito
37; XIV, 26
como outro Sejano.
Inimigo declarado de L. 358. ORODES - VI, 35
Arrúncio, presidiu o Comandante das tropas
julgamento de Cn. dos Partos.
Domício, Albucila, Víbio
359. ABDAGESES – Pai VI, 36; VI, 37;
Marso e L. Arrúncio.
de Sinaces. VI, 43; VI, 44
Manda sufocar Tibério
para dar o trono a 360. GRÂNIO VI, 38
Calígula. MARCIANO - Senador
acusado de maiestas por
349. M. SERVÍLIO VI, 29; VI, 30;
C. Graco.
NONIANUS - Acusador VI, 31; XIV, 19
de Escauro Mamerco. Foi 361. TÁCIO VI, 38
Cônsul em 35 d.C e GRACIANO – Antigo
tornou-se um célebre Pretor acusado de
escritor da história maiestas.
romana.
362. QUINTO VI, 40
350. ABÚNDIO RUSO - VI, 30; PLÁUCIO - Cônsul em
Edil. Acusa Lêntulo 36 d.C.
Getúlico de prometer sua
363. SEXTO PAPÍNIO - VI, 40
filha em casamento ao
Cônsul em 36 d.C.
filho de Sejano.
351. SINACES - De VI, 31; VI, 36; 364. VIBULENO VI, 40
família ilustre dos partos VI, 37 AGRIPA - Equestre
acusado de maiestas.
352. ABDE – Eunuco VI, 31
365. EMÍLIA LÉPIDA - VI; 40
dos Partos.
Mulher de Druso César.
353. FRAATES - Filho VI, 31; VI, 32; Descrita como cruel e
do antigo rei Fraates IV. VI, 42; VI, 43 constante acusadora.
354. ARTÁXIAS – Rei VI, 31 366. ARQUELAU, O VI; 41
da Armênia. CAPADÓCIO - Filho de
178
Arquelau rei da homem. É sucedida como
Capadócia. esposa pela própria
Agripina minor.
367. M. TREBÉLIO - VI; 41; XIV, 46
Cônsul Sufecto em 56 378. VALÉRIO XI, 1; XI, 2; XI,
d.C, foi legado na Síria e ASIÁTICO - Cônsul em 3; XI, 4
encarregado de derrotar 46 d.C e Sufecto em 35
Arquelau. Nomeado para d.C. Foi membro da
formar o censo das conspiração contra
Gálias, em 61 d.C, como Calígula, seu irmão
presidente desta adotivo, e era provável
comissão. Assumiu o amente de Popéia maior.
comando da Bretanha
379. POPEIA MAIOR – XI, 1; XI, 2;
como sucessor de
Mãe de Popéia minor, XI, 4
Petrônio Turpilano e
esposa dos Imperadores
comandou aquela
Oto (embora este não
província até 69 d. C.
fosse Imperador quando
368. HÍERON - Homem VI, 42; VI, 43 teve relações com ela) e
de posição importante de Nero.
junto a Fraates.
380. SOSÍBIO – Mestre XI, 1; XI, 4
369. Cn. ACERRÔNIO - VI, 45 de Britânico.
Cônsul em 37 d.C.
381. BRITÂNICO - XI, 1; XI, 11;
370. C. PÔNCIO - VI, 45 Filho do Imperador XI, 26; XI, 32;
Cônsul em 37 d.C. Cláudio com Messalina, XI, 34; XII, 2;
irmão de Octávia e meio XII, 9; XII, 25;
371. ÊNIA - Mulher de VI, 45
irmão de Nero. Acaba XII, 26; XII;
macro e que foi induzida
sendo envenenado por se 41; XII, 65; XII,
por este a seduzir
apresentar como uma 68; XII, 69;
Calígula.
ameaça ao próprio XIII, 14; XIII,
372. LÉLIO BALBO - VI, 47 Imperador Nero. 15; XIII, 16;
Acusa de maiestas XIII, 17
Acúcia, ex-mulher de P.
382. RÚFRIO XI, 1; XII, 42;
Vitélio.
CRISPINO - Prefeito da XVI, 17; XI, 4;
373. ALBUCILA - Ex- VI, 47; VI, 48 Guarda Pretoriana e XII; 42; XIII,
mulher de Sátrio Secundo primeiro marido de 45; XV, 71;
é acusada de crime de Popéia, mulher de Nero e XVI, 17;
impiedade contra o de Oto. Tácito o descreve
Príncipe. como uma criatura de
Messalina. Foi exilado
374. PÔNCIO VI, 48
em 65 d.C como
FREGELANO - Senador
conspirador com Pisão,
e sentenciado junto a mas o real motivo era que
Albucila. ele aborrecia Nero por ter
375. SEXTO PAPÍNIO - VI, 49 sido marido de Popéia.
Filho de Sexto Papínio, Foi substituído por Sexto
cônsul de 36 d.C. Afrânio Burrus na
Prefeitura do Pretório.
376. CHARICLES – VI, 50
Médico de Tibério. 383. MNESTER – Ator e XI, 4; XI, 36
amante de Messalina.
377. VALÉRIA XI, 1; XI, 2; XI,
MESSALINA – Mulher 12; XI, 26; XI, 384. SÂMIO – Equestre. XI, 5
do Imperador Cláudio. É 27; XI, 28; XI,
385. CAIO SÍLIO - XI, 5; XI, 6; XI,
descrita como cruel e 30; XI, 31; XI,
Cônsul em 47 d.C e 12; XI, 26; XI,
adversária de Agripina 32; XI, 34; XI,
inimigo de Suílio. Foi 29; XI, 30; XI,
minor. Acaba sendo 35; XI, 36; XI, amante de Messalina e 31; XI, 32; XI,
acusada de adultério por 37; XI, 38 depois decidiu se casar 34; XI, 35
se casar com outro
com ela. A ideia era que
179
o casamento abriria Acaba incomodando XV, 5; XV, 6;
espaço para uma Nero, por se apresentar XV, 8; XV, 9;
conspiração contra como uma ameaça, e XV, 10; XV,
Cláudio, mas este acaba sendo culpado de 11; XV, 12;
acontecimento foi conspirar contra o XV, 13; XV,
delatado pelos libertos e Imperador. 16; XV, 17;
o Imperador ordenou o XV, 25; XV,
seu suicídio. 26; XV, 27;
XV, 28; XV,
386. COSSUCIANO XI, 6; XIII, 33;
30; XV, 31
CÁPITON - Oponente de XIV, 48; XVI,
Traséia Peto no Senado. 21; XVI, 28; 394. GANASCO - XI, 18; XI, 19
Foi acusado de concussão XVI, 33; XVI, Agitador da província da
na Cilicia, mas depois foi 17; XVI, 21; Germânia.
reintegrado ao Senado. XVI, 22; XVI,
395. CÚRCIO RUFO - XI, 20; XI, 21
Participa das acusações 26; XVI, 28;
Foi pretor por patrocínio
de maiestas contra XVI, 33
de Tibério, Procônsul e
Antístio Sosiano. Era
governador da África.
genro de Tigelino e
General na Germânia
próximo a Nero,
superior, sob Cláudio e
inclusive ajudando- o a
empregou suas tropas na
não esquecer as ofensas
extração de prata.
de Traséia Peto no
Senado. 396. Cn. NÓVIO - XI, 22
Equestre de distinção
acusado de tentar
387. BARDANO – Rei XI, 8; XI, 9; XI, assassinar Cláudio.
dos Partas em 47 d. C. 10
397. A. VITÉLIO - O XI, 23; XIV, 49
388. GOTÁRZIS – XI, 8; XI, 9; XI, futuro Imperador. Foi
Irmão de Artábano. 10; XII, 10; XII, Cônsul em 48 d.C e era
13; XII, 14 filho de L. Vitélio.
Segundo Tácito, um vil
389. MEERDATES - XI, 10; XII, 10;
adulador que não
Descendente de Fraates e XII, 11; XII, 12;
esperava para injuriar
opontente de Gotárzis. XII, 14
homens de bem. Recebe
390. JÚNIA SILANA - XI, 12; XIII, 19; de Galba o comando das
XIII, 22; XIII, legiões da Germânia.
19; XIII, 21;
398. Histórias, I, 9
XIII, 22; XIV,
12 399. L. VIPSÂNIO XI, 23; XI, 25
MESSALA - Cônsul em
391. ITÁLICO - XI, 16; XI, 17
48 d.C. Propõe que
Descendente real dos
Cláudio adote o título de
Queruscos.
Pai do Senado (patrem
392. CATMARO – Avô XI, 16; XI, 17 senatus).
de Itálico.
400. CALISTO – Liberto XI, 29; XI, 38;
393. Cn. DOMÍCIO XI, 18; XI, 19; de Cláudio que cuidava XII, 1
CORBULÃO - XI, 20; XIII, 8; dos assuntos judiciais do
Importante general da XIII, 9; XIII, Imperador.
narrativa. Sua primeira 34; XIII, 35;
401. NARCISO - Liberto XI, 29; XI, 30;
aparição é na Germânia XIII, 36; XIII,
de Cláudio responsável XI, 33; XI, 34;
inferior e logo após como 37; XIII, 38;
pela morte de C. Ápio XI, 35; XI, 37;
Cônsul Sufecto em 39 XIII, 39; XIII,
Júnio Silano. Participa da XI, 38; XII, 1;
d.C. Foi ainda 41; XIV, 23;
delação de Messalina e o XII, 2; XII, 57;
governador da Síria em XIV, 24; XIV,
principal responsável XII, 65; XII, 66;
60 d.C e responsável pela 25; XIV, 26;
pela morte dela. Como XII, 67; XIII, 1
recuperação da Armênia XIV, 58; XV, 1;
recompensa recebe a
em 55 d.C e em 63 d.C. XV, 3; XV, 4;
insígnia de Questor. É
180
descrito como o liberto constrangida ao suicídio. 61; XIV, 62;
mais influente da corte de XIV, 63; XIV,
Cláudio e da facção que 64
apoiava Britânico.
409. VIBÍDIA - Mais XI, 32; XI, 34
Cuidava de todos os
antiga das virgens vestais
assuntos pessoais do
e que defendeu Messalina
Imperador e passa a
das acusações.
apoiar a sucessão de
Britânico após a morte de 410. P. LARGO XI, 33; XI, 34
Cláudio. Entra em atrito CECINA – Cônsul em 42
com Agripina e acaba d. C.
sendo eliminado.
411. TÍCIO PRÓCULO - XI, 35
402. PALAS - Liberto de XI, 29; XI, 38; Guarda de Messalina,
Cláudio intimamente XII, 1; XII, 2; nomeado por Sílio, e
ligado com Agripina. XII, 25; XII, condenado após a
Cuidava das finanças do 53; XII, 54; XII, descoberta do adultério
Império. Seu irmão 65; XIII, 2; com a mulher do
Antônio Felix foi XIII, 14; XIII, Imperador.
procurador na Judéia de 23; XIV, 65
412. POMPEIO XI, 35
52 a 60 d.C. Também
ÚRBICO - Condenado
acabou sendo julgado e
por amizade de Sílio e
morto.
Messalina.
403. CALPÚRNIA - XI, 30;
Concubina de Cláudio e 413. SAUFEIO TROGO XI, 35
acusadora dos adultérios - Condenado por amizade
de Sílio e Messalina.
de Messalina.
414. DÉCIO XI, 35
404. CLEÓPATRA - XI, 30
CALPURINIANO –
Concubina de Cláudio e
Prefeito das rondas.
acusadora dos adultérios
de Messalina. Condenado por amizade
de Sílio e Messalina.
405. TURRÂNIO - XI, 31; XII, 22
415. SULPÍCIO RUFO - XI, 35
praefectus annonae e um
Intendente dos jogos
dos principais amigos de
públicos. Condenado por
Cláudio.
amizade de Sílio e
406. LÚCIO GETA - XI, 31; XI, 33; Messalina.
Comandante da Guarda XII; 42
416. JUNCO XI, 35
Pretoriana e um dos
VIRGILIANO –
principais amigos de
Senador. Condenado por
Cláudio. Descrito como
amizade de Sílio e
criatura de messalina, foi
prefeito do Egito e Messalina.
posteriormente 417. TRAULO XI, 36
substituído por Sexto MONTANO – Equestre
Afrânio Burro. romano e amante de
Messalina.
407. VÉCTIO XI, 31; XI, 35
VALENTE – Médico e 418. SUÍLIO XI, 36
amante de Messalina. CESONIANO - Filho de
408. OCTÁVIA - Filha XI, 32; XI, 34; Suílio Rufo e irmão de
M. Suílio, cônsul em 50
de Cláudio com XII, 2; XII, 3;
d.C.
messalina e primeira XII, 9; XII, 58;
esposa de Nero. É XII, 68; XIII, 419. PLÁUCIO XI, 36; XIII, 11;
descrita como virtuosa, 12; XIII, 16; LATERANO - Senador e XV, 49; XV,
mas repudiada por Nero. XIII, 18; XIII, sobrinho de A. Pláucio, 60; XIII, 11;
Acaba sendo acusada de 19; XIV, 1; governador da Bretanha XIII, 32; XV,
adultério, exilada e XIV, 60; XIV, de 43 a 47 d.C. Foi 49; XV, 53;
181
expulso do senado por XV, 60 Ásia. Em 48 d.C, ele
Cláudio. Contudo, contava apenas 22 anos e
retorna em 55 d.C, sob era um dos nomes mais
Nero e participa da fortes para a sucessão de
conspiração Pisoniana Cláudio. Por isso, passou
contra esse Imperador. a ser perseguido por
Agripina até que foi
420. ÉVODO - Liberto XI, 37
acusado de incesto com
encarregado por Cláudio
sua irmã Júnia Calvina.
de garantir a morte de
Messalina 426. JÚNIA CALVINA - XII, 4; XII, 8;
Irmã de Júnio Silano e XIV, 12
421. DOMÍCIA LÉPIDA XI, 37; XII, 64;
acusada de incesto. Foi
- Mãe de Messalina, irmã XII, 65;
expulsa da Itália.
de Cn. Domício
Ahenobarbo e tia de 427. ÉPRIO MARCELO XII, 4; XIII, 33;
Nero. Era também irmã - Herdou a magistratura XVI, 22; XVI,
de Domícia (inimiga de de Júnio Silano e é 26; XVI, 28;
Agripina). reconhecidamente um XVI, 29; XVI,
acusador notório nos 33
422. LÓLIA PAULINA - XII, 1; XII, 2;
julgamentos de maiestas.
Terceira esposa de XII, 22; XIV,
Participou das acusações
Calígula e filha do 12
contra Traséia Peto, mas
consular M. Lólio. Após
também foi acusado, só
a morte de Messalina foi
que pelos Lícios de crime
uma das pretendentes ao
de concussão na Lícia.
casamento com Cláudio e
era patrocinada por 428. C. POMPEIO - XII, 5
Calisto. Por isso, foi Cônsul em 49 d.C.
duramente atacada por
429. Q. VERÂNIO - XII, 5; XIV, 29
Agripina.
Cônsul em 49 d.C. Filho
423. ÉLIA PETINA - XII, 1; XII, 2 de Q. Verânio e sucessor
Pretendente ao casamento de Didio Gallo no
com Cláudio e governo da Bretanha em
patrocinada por Narciso. 57 d.C.
Ela já havia sido a
430. T. ALÉDIO XII, 7
segunda mulher de
SEVERO - Equestre que
Cláudio.
era protegido de Agripina
424. ANTÔNIA - Filha XII, 2; XII, 68; minor.
de Élia Petina com o XV, 53
431. LÚCIO ANEU XII, 8; XIII, 2;
Imperador Cláudio.
SÊNECA - Nascido em XIII, 3; XIII, 5;
Acusada como
Córdoba na Bética, foi XIII, 6; XIII,
conspiradora na rama de
cônsul em 56 d.C. Era 11; XIII, 13;
Pisão. Segundo Tácito,
filósofo, conhecido por XIII, 14; XIII,
ela iria conduzir Pisão
ser seguidor da doutrina 20; XIII, 42;
aos soldados para dar
estoica, e tutor de Nero. XIII, 43; XIV,
mais valimento ao golpe
Foi exilado por Cláudio 7; XIV, 11;
contra Nero.
em 41 d.C por cometer XIV, 14; XIV,
425. L. JÚNIO SILANO XII, 3; XII, 4 adultério com Júlia 52; XIV, 53;
- Pretor prometido em XII, 8; XIII, 1; Livilla, filha de XIV, 54; XIV,
casamento a Octávia, Germânico e irmã de 55; XIV, 56;
filha do Imperador Calígula. Seu exílio se XIV, 57; XV,
Cláudio. Acaba sendo deu graças às hostilidades 23; XV, 45;
acusado de incesto por L. de messalina para com a XV, 56; XV,
Vitélio e comete suicídio família e os amigos de 60; XV, 61;
no dia das bodas de Germânico. Volta do XV, 62; XV,
Cláudio com Agripina. exílio com o suporte de 63; XV, 64;
Irmão de M. Júnio Agripina, após o XV, 65; XV, 67
Silano, Procônsul da casamento desta com
182
Cláudio, em 49 d.C. É 25; XV, 27;
um dos nomes mais XV, 28; XV, 31
importantes do
440. A. DÍDIO GALO - XII, 15; XII, 40;
Principado neroniano,
General romano e Cônsul XIV, 29; XIV,
mas acaba sendo
em 36 d.C. Foi 29
constrangido ao suicídio
Governador da Mésia em
pelo próprio Imperador.
44 d.C. e da Bretanha de
432. Institutio 52 a 57 d.C. Lá, foi
Oratoria X, 1, sucessor de Verânio.
125 a 131.
441. JÚLIO ÁQUILA - XII, 15; XII, 21
433. MÊMIO POLIÃO - XII, 9 Equestre comandante das
Pede que Cláudio case L. tropas na Armênia.
Domício (o futuro Nero) Recebeu as insígnias de
com Octávia. pretor pela derrota de
Mitridates.
434. C. CÁSSIO XII, 11; XII, 12;
LONGINO - Governador XIII, 41; XIII, 442. ZORSINES – Rei XII, 15; XII, 17;
da Síria, irmão de L. 48; XIV, 41; dos Siracos. XII, 19
Cássio Longino e XIV, 45; XV,
443. EUNONES - Rei XII, 15; XII, 18;
descendente de C. 52; XVI, 7;
dos Aorsos, aliado dos XII, 19; XII, 20
Cássio, um dos XVI, 9
romanos.
assassinos de Júlio César.
Jurista, participou das 444. JÚNIO CÍLON - XII, 21
discussões sobre o Procurador da Província
assassinato de Pedânio do Ponto. Recebeu as
Secundo, prefeito de insígnias consulares pela
Roma, e foi aquele que derrota de Mitridates.
teve a opinião mais
445. CÁDIO RUFO – XII, 22
radical registrada naquele
Governador da Bitínia.
debate. Foi proibido por
Nero de assistir o funeral 446. L. VOLÚSIO XII, 22; XIII,
de Popéia. Foi desterrado SATURNINO - Cônsul 30
para a Sardenha e Sufecto em 3 d.C e pai de
restituído por Q. Volúsio Saturnino.
Vespasiano.
447. CALPÚRNIA - XII, 22
435. ABGAR – Rei dos XII, 12; XII, 14 Elogiada por Cláudio
Árabes. pela sua formosura e por
isso se tornou perseguida
436. CARRENES – XII, 12; XII, 13;
de Agripina minor.
Encarregado da região da XII, 14
Mesopotâmia. 448. C. ANTÍSTIO XII, 25
VÉTUS - Cônsul em 46
437. ISATES – XII, 14
Comandante árabe. d.C. e 50 d.C. Filho de C.
Antístio, também Cônsul,
438. PARRAX - Cliente XII, 14 só que do ano 31 d.C.
do pai de Meerdates
449. M. SUÍLIO XII, 25; XIII,
439. VOLOGESO - XII, 14; XII, 44; NERULINO - Cônsul em 43
Filho de Gotárzis que XII, 50; XIII, 7; 50 d.C. Filho de P. Suílio
ascendeu ao trono após a XIII, 9; XIII, Rufo e irmão de Suílio
morte do pai. Rei dos 34; XIII, 37; Cesoniano. Foi acusado
partos e descendente dos XIV, 25; XV, 1; de concussão, porém
arsácidas. XV, 2; XV, 3; perdoado por Nero.
XV, 5; XV, 6;
450. VIBÍLIO - Rei dos XII; 29
XV, 10; XV,
Hermúnduros. Oponente
11; XV, 13;
XV, 14; XV, de Vânio.
15; XV, 17; 451. VANGIÃO - XII; 29; XII; 30
XV, 24; XV, Sobrinho de Vânio.
183
Oponente do tio. finanças de Lívia, Tibério
e Cláudio. Nascido em
452. SÍDON - Sobrinho XII; 29; XII; 30
Vasio, na Gália
de Vânio. Oponente do
narbonensis.
tio.
462. JÚNIO LUPO - XII; 42
453. P. ATÉLIO XII; 29
Senador que acusa L.
HISTRO - Governador
Vitélio de maiestas, mas
da Panônia. Cônsul
acaba sendo condenado
Sufecto em 43 d.C.
por causa da intervenção
454. P. OSTÓRIO XII; 31 XII; 32; de Agripina.
ESCÁPULA - XII; 35; XII;
463. RADAMISTO - XII; 44; XII;
Governador da Bretanha 38; XII; 39;
Filho de Rarasmanes, Rei 45; XII; 46;
em 47 d.C. Foi o general XII; 40; XIV,
do Ibérios. XII; 47; XII;
romano encarregado de 48; XV, 14;
48; XII; 49;
lutar contra Caractaco. XV, 15
XII, 50; XII, 51;
Cedeu a sua casa para
XIII, 5; XIII, 37
Antístio Sosiano ler a
sátira que fez sobre Nero. 464. CÉLIO POLIÃO - XII; 45; XII; 46
Era também um dos Prefeito da Armênia e
clientes do astrólogo comandante do castelo de
Pamenes. Gornias.
455. CARACTACO - XII; 33; XII; 465. CASPÉRIO - XII; 45 XII; 46
General dos bretões. 34; XII; 35; Comandante do castelo
XII; 36; XII; de Gornias.
38; XII; 40
466. C. UMÍDIO XII; 45; XII;
456. CARTISMÂNDUA XII; 36; XII; 40 QUADRATO - 48; XII, 54;
- Rainha dos Briganes. Governador da Síria. Um XIII, 8; XIII, 9;
dos responsáveis por XIV, 26
457. MÂNLIO XII; 40
acabar com a guerra civil
VALENTE -
na Judéia.
Comandante de uma
legião na Bretanha. 467. JÚLIO PELIGNO - XII; 49
Tornou-se cônsul em 96 Procurador da Capadócia.
d.C. aos 90 anos de Muito válido de Cláudio.
idade.
468. HELVÍDIO XII; 49; XIII,
458. VENÚSIO - XII; 40 PRISCO - Encarregado 28; XVI, 28;
General e marido da de partir com uma legião XVI, 29; XVI,
Rainha Cartismândua. para a Armênia. Foi 33; XVI, 35
Tribuno da Plebe e genro
459. CÉSIO NASICA – XII; 40
de Traséia Peto. Torna-se
Comandante de uma
pretor em 70 d.C.
legião na Bretanha.
469. ZENÓBIA - Mulher XII, 51
460. SER. CORNÉLIO XII; 41
de Radamisto.
ORFIO - Cônsul em 51
d.C e filho do imperador 470. FAUSTO XII, 52; XIII,
Galba. CORNÉLIO SULA 23; XIII, 47;
FÉLIX - Cônsul em 52 XIV, 57
461. AFRÂNIO XII; 42; XII,
d.C. Sobrinho de L. Sula
BURRUS - Prefeito da 69; XIII, 2;
Félix, marido de Antônia,
guarda pretoriana e um XIII, 6; XIII,
filha de Cláudio com Élia
dos tutores de Nero. É 14; XIII, 20;
Petina e irmão adotivo de
descrito como uma XIII, 21; XIII,
Messalina. Foi banido de
criatura de Agripina, mas 23; XIV, 7;
Roma por Nero em 58
que aos poucos passa a XIV, 9; XIV,
d.C. e assassinado em 62
apoiar cada vez mais 14; XIV, 15;
d.C.
Nero. Passou a maior XIV, 51
parte de sua carreira 471. L. SÁLVIO OTO - XII, 52; XIII,
como procurador das Cônsul em 52 d.C e 45; XIII, 46;
184
irmão do futuro XIV, 1 Júnio Silano. Também é
imperador Oto. filho de M. Júlio Silano
Torquato, cônsul em 19
472. FÚRIO XII, 52
d.C. Foi forçado ao
ESCRIBONIANO -
suicídio por Nero graças
Desterrado por consultar
ao seu parentesco com
os mistérios dos caldeus
Augusto, já que era
sobre a morte do
casado com Emília
Príncipe.
Lépida.
473. JÚNIA - Mãe de XII, 52
483. Q HATÉRIO XII, 58; XIII,
Fúrio Escriboniano
ANTONINO - Cônsul 34
acusada do mesmo crime
em 53 d.C, filho de D.
de seu filho
Hatério Agripa. Passou a
474. BÁREA SORANO XII, 53; XVI, receber de Nero uma
- Cônsul Sufecto que 21; XVI, 23; pensão a partir de 58 d.C.
votou a favor de que XVI, 30; XVI,
484. ESTATÍLIO XII, 59
Palas, um liberto de 32; XVI, 33
TAURO - Cônsul em 44
Cláudio, recebesse as
d.C. Foi Procônsul da
insígnias de pretor. Foi
África e era filho do
assassinado por Nero em
cônsul de 11 a.C.
66 d.C. Era pai adotivo
de Ânio Pólio e foi 485. TARQUÍNIO XII, 59; XIV,
atacado por amizade com PRISCO - Legado de 46;
Rubélio Plauto, inimigo Estatílio Tauro na África
de Nero. e depois acusador deste.
Foi condenado em 61 d.C
475. CORNÉLIO XII, 54; XIII,
por crime de concussão
CIPIÃO - Cônsul de 56 25
contra os bitínios. Era um
d.C. Filho de Cornélio
legado de Agripina e foi
Cipião, Cônsul de 24 d.C.
atacado por Narciso.
476. FÉLIX - XII, 54
486. XENOFONTE - XII, 61; XII, 67
Governador da Judéia e
Médico particular de
fiado irmão de Pallas. Foi
Cláudio. Ajuda no
governador da Judéia de
assassinato do Imperador.
52 a 60 d.C.
487. MARCUS ASÍNIO XII, 64; XIV,
477. VENTÍNIO XII, 54
MARCELO - Cônsul em 40
CUMANO -Governador
54 d.C, bisneto de Asínio
de parte da província da
Polião e associado de
Judéia.
Valério Fabiano contra
478. TROSOBORO - XII, 55 Domício Balbo.
Líder da revolta dos
488. MÂNIO ACÍLIO XII, 64
Clitas.
AVIOLA - Cônsul em 54
479. CÚRCIO SEVERO XII, 55 d.C.
- Prefeito da Síria
489. LOCUSTA - XII, 66; XIII,
derrotado por Trosoboro.
Preparadora de venenos e 15
480. M. JÚLIO AGRIPA XII, 55; XIII, 7 chamada por Agripina
II - Rei da Cálcide aliado para envenenar Cláudio.
de Roma. Depois, também foi
requisitada por Nero para
481. ANTÍOCO - Rei da XII, 55; XIII, 7;
envenenar Britânico.
Comagene e aliado de XIII, 37; XIV,
Roma. Ganha terras na 26 490. HALOTO - Eunuco XII, 66
Armênia. encarregado de ministrar
o veneno a Cláudio.
482. D. JÚNIO SILANO XII, 58; XV,
TORQUATO - Cônsul 35; XVI, 8 491. M. JÚNIO SILANO XIII, 1
em 53 d.C e irmão de L. - Procônsul da Ásia.
185
Cônsul em 46 d.C. e comandante, procurou
morto por artimanha de construir um canal
Agripina. ligando o mar
mediterrânico e o mar do
492. PÚBLIO CÉLER - XIII, 1; XIII, 33
norte, em 58 d.C. Morreu
Equestre e procurador de
em 65 d.C. por ser
Nero na Ásia em 58 d.C.
aborrecido de Nero.
Foi o responsável pela
morte de M. Júnio Silano. 502. ACTE - Liberta e XIII, 12; XIII,
concubina de Nero. 46; XIV, 2
493. ÉLIO - Liberto e XIII, 1
procurador de Nero na 503. MARCO SÁLVIO XIII, 12; XIII, 45; XIII, 46
Ásia. Responsável pela OTO - Confidente de
morte de M. Júnio Silano. Nero e futuro Imperador.
Ficou no comando de Irmão de L. Sálvio Oto,
Roma quando Nero fez cônsul em 52 d.C e filho
uma excursão pela de L. Sávio Oto, Cônsul
Grécia. Ele escreveu Sufecto em 33 d.C. Foi
diversas vezes nomeado governador da
aconselhando o retorno Lusitânia em 58 d.C.
do imperador por causa
504. Histórias, I, 13
das opiniões que
assolavam Roma. 505. CLÁUDIO TÚLIO XIII, 12; XV,
SENECIÃO - Confidente 50; XV, 56;
494. ARISTÓBULO - XIII, 7; XIV, 26
de Nero e filho de um XV, 57; XV, 70
Rei da Armênia menor.
liberto. Participa da
Vassalo de Tigranes V.
conspiração de Pisão.
495. VARDANES - XIII, 7
506. ANEU SERENO - XIII, 13
Filho de Vologeso e seu
Amigo de Sêneca e servia
oponente.
como namorado de Acte
496. HISTEIO - XIII, 9 para disfarçar o romance
Centurião enviado por desta com Nero. Foi
Umídio Quadrato para Prefeito da vigia de
tratar com o rei dos Roma e sucedeu
partos Vologeso. Tigelino, quando este
assumiu a Prefeitura do
497. ÁRRIO VARO - XIII, 9
Pretório. Morreu pela
Enviado de Corbulão.
ingestão de um fungo.
498. ASCÔNIO XIII, 10
507. POLIÃO JÚLIO - XIII, 15
LABEÃO - Tutor de
Tribuno de uma corte
Nero e recebe as
pretoriana e encarregado
insígnias Consulares.
de ministrar o veneno a
499. CARINAS CÉLER XIII, 10 Britânico.
– Senador e inimigo de
508. T. SÊXTIO XIII, 19; XIV,
Nero.
AFRICANO - 46
500. JÚLIO DENSO – XIII, 10 Dissuadido por Agripina
Equestre amigo de a se casar com Júnia
Britânico. Silana. Foi Cônsul em 59
d.C e foi nomeado para
501. L. ANTÍSTIO XIII, 11; XIII, formar o censo das Gálias
VÉTUS - Cônsul em 55 53; XIV, 58; em 61 d.C.
d.C. Sogro de Rubélio XVI, 10
Plauto, irmão de C. 509. ITÚRIO - Liberto XIII, 19; XIII,
Antístio Vétus, cônsul em de Júnia Silana e 21; XIII, 22;
50 d.C, e filho de C. acusador de Agripina XIV, 12
Antístio, cônsul em 23 quando esta é acusada de
d.C. Foi comandante dos conspirar contra Nero. É
exércitos na Germânia, exilado e depois
em 58 d.C. Como perdoado por pelo
186
próprio Imperador. governador da Espanha
terraconense por Galba,
510. CALVÍSIO - XIII, 19; XIII,
em 69 d.C e teve o apoio
Liberto de Júnia Silana e 21; XIII, 22;
de Oto, Vitélio e
acusador de Agripina XIV, 12
sobreviveu a vitória dos
quando esta é acusada de
Flávios.
conspirar contra Nero. É
exilado e depois 518. Histórias, I, 8
perdoado por pelo
519. CECINA TUSCO - XIII, 20
próprio Imperador.
Encarregado de matar
511. RUBÉLIO XIII, 19; XIII, Burrus. Foi Prefeito do
PLAUTO - Filho de C. 20; XIII, 21; Egito de 62 a 66 d.C e era
Rubélio Blando e Júlia, XIII, 22; XIV, filho de libertos.
filha de Druso, e um 22; XIV, 57;
520. FÊNIO RUFO - XIII, 22; XIV,
descendente de Tibério. XIV, 58; XIV,
Praefectus annonae. 51; XIV, 57;
Foi acusado por Júnia 59
Assume a prefeitura da XV, 50; XV,
Silana de querer o
Guarda Pretoriana em 62 53; XV, 58;
Império com ajuda de
d.C, após a morte de XV, 61; XV,
Agripina. Morto por Nero
Burrus. Participa da 66; XV, 68
logo após a ascensão de
conspiração de Pisão e é
Tigelino.
um dos inimigos de
512. ANTÍMETO – XIII, 19; XIII, Tigelino.
Liberto de Domícia. 21; XIII, 22
521. ARRÚNCIO XIII, 22
513. DOMÍCIA LÉPIDA XIII, 19; XIII, ESTELA - Recebeu a
- Tia de Nero e inimiga 21; XIII, 27 intendência dos jogos que
de Agripina. Nero iria celebrar.
514. PÁRIS - Liberto e XIII, 19; XIII, 522. C. BALBÍLIO - XIII, 22
histrião. Ganha muita 20; XIII, 21; Governador do Egito
afinidade com Nero. XIII, 22; XIII, entre 55 e 59 d.C graças
27 ao patrocínio de
Agripina.
515. FÁBIO RÚSTICO - XIII, 20; XIV,
Historiador. Em 22; XVI, 61; 523. P. ANTEIO - XIII, 22; XV,
Agrícola, X, 3, Tácito o XIV, 2; XV, 61 Governador da síria em 14
descreve como o mais 55 d.C. Amigo do
eloquente dos autores. astrólogo Pamenes e
Amigo de Sêneca e a inimigo de Nero por
maior fonte de Tácito. causa de sua amizade
com Agripina.
516. Institutio
Oratoria X, 1, 524. PETO - Acusador XIII, 23
104 – “Ainda muito famoso pelas
vive e honra a arrematações que fazia.
glória do nosso Acusou Palas e Burrus de
tempo um planejarem transmitir o
homem digno Império a Cornélio Sula.
de ficar na
525. Q. VOLÚSIO XIII, 25; XIV,
memória”.
SATURNINO - Cônsul 46
517. CLÚVIO RUFO - XIII, 20; XIV, em 56 d.C e filho de L.
Historiador muito citado 2; XIV, 2 Volúsio Saturnino. Foi
por Tácito. Foi Cônsul nomeado para formar o
sob Nero e mestre de censo das Gálias em 61
cerimônias durante seu d.C.
principado. Depois da
526. P. CORNÉLIO XIII, 25
morte de Burrus e o
CIPIÃO - Cônsul em 56
afastamento de Sêneca
d.C e era filho de P.
ele se torna um dos amici
Cornélio Lentulo Cipião.
do Imperador. Foi feito
187
527. JÚLIO MONTANO XIII, 25 58 d.C.
– Senador.
540. PÁCIO ORFITO - XIII, 36
528. ANTÍSTIO XIII, 28; XIV, Recebeu de Corbulão o
SOSIANO - Tribuno da 48; XIV, 49; comando das tropas
Plebe e Pretor. Compôs XV, 14 auxiliares.
uma sátira em verso
541. CORNÉLIO XIII, 39
contra Nero em 62 d.C. e
FLACO - Legado de
a leu em uma festa. Foi
Corbulão para o comando
ele quem reviveu as
de tropas na Armênia.
acusações de maiestas,
que não eram praticadas 542. INSTEIO XIII, 39
desde a morte de CÁPITON - Legado de
Cláudio. Corbulão para o comando
de tropas na Armênia.
529. VIBÚLIO – Pretor. XIII, 28
543. OCTÁVIO XIII, 44
530. L. CALPÚRNIO XIII, 28; XIII,
SAGITA – Tribuno da
PISÃO - Descendente de 31; XIV, 18;
Plebe.
Cn. Pisão. Foi Cônsul em XIII, 31; XV,
57 d.C e designado por 18 544. PÔNCIA - Mulher XIII, 44
Nero para a casada e adúltera de
administração das rendas Octávio Sagita.
públicas.
545. SABINA POPÉIA - XIII, 45; XIII,
531. OBULTRÓNIO XIII, 28 Filha de T. Ólio, uma 46; XIV, 1;
SABINO – Questor do vítima de amizade com XIV, 59; XIV,
erário. Sejano, neta de Pompeio 60; XIV, 61;
Sabino, cônsul em 9 d.C. XV, 23; XV,
532. VIPSÂNIO LENAS XIII, 30
e de Popéia maior. 61; XVI, 6
- Governador da
Segunda mulher de Nero.
Sardenha e acusado de
Antes dele, fora casada
extorsão.
com Rufo Crispino,
533. CÉSTIO XIII, 30 depois com Oto. Era mais
PRÓCULO - Legado em velha do que Nero.
Creta em 56 d.C.
546. GRAPTO - Liberto XIII, 47
534. CLÓDIO XIII, 30 que vivia na corte desde
QUIRINAL - Prefeito Tibério e que aprendera
das galeras de Ravena. com o tempo as malícias
Acusador de Céstio das intrigas da corte.
Próculo.
547. TRASÉIA PETO - XIII, 49; XVI,
535. C. AMÍNIO RÉBIO XIII, 30 Cônsul Sufecto em 56 35; XIV, 12;
– Homem muito rico. d.C. Figura que Tácito XIV, 48; XIV,
utiliza para combater a 49; XV, 20;
536. LÚCIO VARO – XIII, 32
falta de virtudes de Nero. XV, 23; XVI,
Senador reintegrado por
É comparado com Catão, 21; XVI, 22;
Nero.
inimigo de César e XVI, 24; XVI,
537. POMPÔNIA XIII, 32 notório estoico. Em 63 26; XVI, 28;
GRECINA - Mulher de d.C ele é proibido de XVI, 29; XVI,
Pláucio e acusada de assistir o nascimento da 33; XVI, 34
carregar superstições filha de Nero e em
estrangeiras. consequência de afasta 3
anos da política. Também
538. VALÉRIO XIII, 34
se torna vitima de Nero
MESSALA CORVINO -
acusado de conspiração.
Cônsul em 58 d.C.
548. SULPÍCIO XIII, 52
539. AURÉLIO COTA - XIII, 34
CAMERINO - Procônsul
Recebeu uma pensão da África e herdeiro de
anual de Nero, a partir de Galba.
188
549. POMPÔNIO XIII, 52 Pessoa de intimidade de
SILVANO - Procônsul Agripina minor.
da África
562. CREPEREIO XIV, 5
550. A. PAULINO XIII, 53; XIII, GALO - Pessoa de
POMPEIO - Comandante 54; XV, 14 intimidade de Agripina
das tropas da Germânia minor.
inferior em 56 d.C.
563. ANGERINO – XIV, 5; XIV, 7;
Encarregou os soldados
Liberto de Agripina XIV, 8; XIV, 11
de terminar uma canal
minor.
começado por Druso. Foi
Cônsul Sufecto em 54 564. HÉRCULEO – XIV, 8
d.C, era irmão da esposa Comandante de
de Sêneca e protegido de embarcações. Participou
Burrus. do assassinato de
Agripina minor.
551. ÉLIO GRACILIS – XIII, 53
Legado da Bélgica. 565. OLARITO - XIV, 8
Centurião da marinha.
552. VERRITO - Líder XIII, 54
Participou do assassinato
dos Frísios.
de Agripina minor.
553. MALORIGES - XIII, 54
566. MNESTER - XIV, 9
Líder dos Frísios.
Liberto de Agripina
554. L. DÚBIO AVITO - XIII, 54; XIII, minor.
Sucessor de A. Paulino 56
567. VALÉRIO XIV, 12
Pompeio na Germânia
CÁPITON - Antigo
inferior e protegido de
Pretor banido por
Burrus.
Agripina e restituído por
555. BOJOCALDO - XIII, 55; XIII, Nero.
Líder dos Ansibários e 56
568. LICÍNIO GÁBOLO XIV, 12
invasor das terras dos
- Antigo Pretor banido
Frísios.
por Agripina e restituído
556. CURTÍLIO XIII, 56 por Nero.
MÂNCIA - Legado do
569. PÉDIO BLESO - XIV, 18
exército superior.
Acusado pelos
557. CAIO VIPSÂNIO XIV, 1 Cirenenses de ter violado
APRONIANO - Cônsul o tesouro de Escapulápio.
em 59 d.C. Filho de L.
570. ACÍLIO XIV, 18
Vipsânio Messala, cônsul
ESTRABÃO - Pretor
em 48 d.C.
nomeado por Cláudio.
558. FONTEIO XIV, 1 Legado em Creta no ano
CÁPITON - Cônsul em de 59 d.C.
59 d.C. filho ou neto de
571. COSSO XIV, 20
Fonteio Cápiton, cônsul
CORNÉLIO - Cônsul em
em 12 d.C. Foi morto a
60 d.C. Filho de Cornélio
mando de Galba.
Cosso, cônsul em 25 d.C.
572. ANTÍSTIA XIV, 22; XV,
559. Histórias, I, 7 POLÚCIA - Mulher de 10
Rubélio Plauto. Filha de
560. ANICETO - XIV, 3; XIV, 7;
L. Antístio Vétus. Morta
Comandante da esquadra XIV, 8; XIV, 62
por Nero em 65 d.C.
de Miseno e assassino de
Agripina. Utilizado por 573. VERULANO XIV, 26; XV, 3
Nero para se declarar SEVERO - Legado de
adúltero de Octávia. Corbulão na Armênia.
Defende Tigranes V. Foi
561. ACERRÔNIA - XIV, 5
também Cônsul Sufecto
189
em 66 d.C. e da XX valeria victrix.
Homem de excelente
574. TIGRANES V - Rei XIV, 26; XV, 1;
reputação militar: “chefe
da Armênia, nomeado XV, 2; XV, 3;
moderado e diligente, que
por Nero após a derrota XV, 4; XV, 24
o fez subir (agrícola) por
de Tiridates.
lhe estimar a
575. VÍBIO SECUNDO XIV, 28 companhia”. (Agrícola,
- Equestre acusado pelos 5).
mouros da Mauritânia de
582. PRASUTAGO - Rei XIV, 31
concussão. Foi somente
dos Icenos. Morreu em
exilado graças ao seu
59 d.C foi traído pelos
irmão.
romanos que dominaram
576. VÍBIO CRISPO - XIV, 28 seu território.
Irmão de Víbio Secundo.
583. BOUDICCA - XIV, 31; XIV,
Foi Cônsul Sufecto em
Mulher de Prasutago e 35; XIV, 37
61, 74 e 83 d.C. Descrito
líder da revolta na
também como grande
Bretanha.
acusador e orador.
584. CÁTUS DECIANO XIV, 32
577. Institutio
- Procurador na Bretanha.
Oratoria X, 1,
Atacou os bretões com
119
muita crueldade.
578. Histórias II, 10
585. Q. PETÍLIO XIV, 32
579. CESÔNIO PETO - XIV, 29; XV, 6; CERIALIS - Legado da
Cônsul em 61 d.C. XV, 7; XV, 8; nona legião na Bretanha.
Comandante da Armênia XV, 10; XV, Foi Cônsul Sufecto em
à pedido de Corbulão. 11; XV, 12; 70 e 74 d.C. e
Tácito se mostra hostil a XV, 14; XV, Governador da Bretanha.
Peto. Ele falhou em 15; XV, 16; Comandante da IX
proteger Tigranocerta. XV, 17; XV, Hispana e uma figura
24; XV, 25; proeminente durante o
XV, 26; XV, 28 governo de Vespasiano.
580. PETRÔNIO XIV, 29; XIV,
TURPILIANO - Cônsul 39; XV, 72
586. PÊNIO PÓSTUMO XIV, 37
em 61 d.C. Foi
- Prefeito de campo da
Governador da Bretanha
segunda legião na
e sucessor de Suetônio
Bretanha.
em 61 d.C. Recebe de
Nero em 65 d.C. as 587. JÚLIO XIV, 38
insígnias triunfais por CLASSICIANO - Novo
colocar um fim no que procurador da Bretanha,
restava de resistência na sucessor de Cátus
Bretanha. foi um dos Deciano e inimigo de
poucos homens da alta Suetônio. Pede a Nero a
sociedade a ser executado substituição de Suetônio
por Galba. do comando da Bretanha.
581. C. SUETÔNIO XIV, 29; XIV, 588. POLICLETO - XIV, 39
PAULINO - Comandante 30; XIV, 32; Liberto enviado por Nero
da Bretanha em 58 d.C. XIV, 33; XIV, para pacificar as disputas
Foi Cônsul Sufecto em 34; XIV, 36; entre procurador e
43 d.C. e cônsul em 66 XIV, 38; XIV, governador da Bretanha.
d.C. Rival de Corbulão e 39; XVI, 14;
589. DOMÍCIO BALBO XIV, 40
queria ter o mesmo XV, 14
- Antigo pretor rico e sem
sucesso que o general da
filhos. Foi vítima de
Armênia. Durante a
muitas acusações.
revolta, assume o
comando da XIV Gemina
190
590. VALÉRIO XIV, 40 remonta, provavelmente,
FABIANO - Parente de os tempos de Cláudio,
Domício Balbo e fautor quando Tigelino era
do falso testamento de criador de cavalos de
Balbo. corrida. Segundo Tácito,
é Tigelino que abre
591. VÍNCIO RUFINO - XIV, 40
espaço para as maldades
Equestre romano
do Príncipe. Traidor de
associado de Valério
Nero em 68 d.C.
Fabiano.
601. JÚNIO MARCELO XIV, 48
592. TERÊNCIO XIV, 40
- Cônsul designado para
LENTINO - Equestre
o caso de Antístio
romano associado de
Sosiano.
Valério Fabiano.
602. FABRÍCIO XIV, 50
593. ANTÔNIO PRIMO XIV, 40
VEJENTO - Escreveu
- Equestre romano
um codicilo contra os
associado de Valério
Senadores e os
Fabiano. Foi comandante
Sacerdotes. Participava
de uma legião de Galba.
do círculo literário de
594. POMPEIO XIV, 41 amigos de Nero e acaba
ELIANO - Questor sendo julgado e morto.
acusado de ser cúmplice
603. SÁLIO GEMINO - XIV, 50
de Valério Fabiano.
Acusador de Fabrício
595. VALÉRIO XIV, 41 Vejento.
PÔNTICO – Defensor
604. CERÂNO - Filósofo XIV, 59
dos acusados junto a
grego.
Valério Fabiano. Pivô do
senatus consultum 605. RUFO MUSÔNIO - XIV, 59; XV,
turpilianum. Filósofo de toscana. Foi 71
exilado na conspiração de
596. L.PEDÂNIO XIV, 42
Pisão por sua amizade
SECUNDO - Prefeito de
com Rubélio Plauto e
Roma que foi assassinado
Verginius Flavus, um
por um escravo. Também
retórico. Homem de
foi cônsul em 43 e 53
nível equestre da Etúria,
d.C.
nascido em 20 d.C. Sua
597. CINGÔNIO XIV, 45 primeira aparição é como
VARRÃO - Senador que amigo de Plauto, em 62
participou do processo de d.C. Foi exilado em 65
Pedânio Secundo. d.C, retorna a Roma em
69 d.C. e é exilado de
598. P. MÁRIO - Cônsul XIV, 48 novo sobre Vespasiano.
em 62 d.C. Depois é chamado por
599. L. ASÍNIO - Cônsul XIV, 48 Tito e parece que faleceu
em 62 d.C. durante a virada do
século.
600. OFÔNIO XIV, 48; XIV,
TIGELINO - Prefeito da 51; XIV, 57; 606. PELAGON - XIV, 59
Guarda Pretoriana que XIV, 60; XV, Eunuco e comandante do
assumiu o cargo em 62 37; XV, 40; esquadrão da morte de
d.C, após a morte de XV, 58; XV, Nero.
Burrus. Sogro de 59; XV, 61;
607. EUCERO - Flautista XIV, 60
Cossuciano Cápiton. XV, 72; XV,
e réu no divórcio de Nero
Torna-se inimigo de 14; XVI, 17;
com Octávia.
Sêneca Fênio Rufo para XVI, 18; XVI,
aumentar seu valimento 19; XVI, 20 608. DORIFORO - XIV, 65
perante o Imperador. Sua Liberto de Nero. Foi
amizade com Nero morto por se opor ao
191
casamento do Príncipe públicas.
com Popéia.
620. CLÁUDIO XV, 20
609. CAIO XIV, 65; XV, TIMARCO - Acusado de
CALPÚRNIO PISÃO - 48; XV, 52; crimes contra a província
Líder da conspiração de XV, 53; XV, de Creta e de injúrias
Pisão. Homem de grande 55; XV, 56; contra o Senado.
reputação e membro de XV, 59; XV,
621. LÉLIA - Vestal que XV, 22
uma família sobrevivente 60; XV, 61
morreu em 62 d.C.
da República. No
passado, teve que dar sua 622. CORNÉLIA XV, 22
esposa para Calígula e foi COSSO –Vestal que
exilado. Chamado de substituiu Lélia. Mulher
volta do exílio por de família consular.
Cláudio, obteve o
623. MÊMIO RÉGULO XV, 23
consulado e o governo de
- Cônsul em 63 d.C.
algumas províncias.
Filho de P. Mêmio
610. MONÓBAZO - XV, 1; XV, 14 Régulo.
Chefe dos Adiabenos.
624. VIRGÍNIO RUFO - XV, 23
611. MONESES - Chefe XV, 2; XV, 4; Cônsul em 63 d.C.
da cavalaria de Tiridates XV, 5
625. AUGUSTA - Filha XV, 23
e das tropas dos
de Nero com Popéia.
Adiabenos.
Faleceu com quatro
612. VÉCTIO BOLANO XV, 3 meses de idade.
- Legado de Corbulão na
Armênia. Cônsul Sufecto 626. C. CINÍCIO GALO XV, 25
- Recebeu a
em 66 d.C. Defende
administração civil da
Tigranes V.
Síria em 63 d.C. Cônsul
613. CASPÉRIO – XV, 5 Sufecto em 42 d.C.
Centurião. Morreu durante o inverno
de 66 d.C e foi sucedido
614. FUNISULANO XV, 7
por Vespasiano.
VETONIANO -
Comandante da quarta 627. MÁRIO CELSO - XV, 25; XV, 26
legião na Armênia. Comandante da décima
quinta legião da Panônia,
615. CALÁVIO XV, 7
que foi agregada por
SABINO - Comandante
Corbulão para combater
da duodécima legião na
Vologeso. Cônsul
Armênia.
Sufecto em 69 d.C.
616. TARQUÍCIO XV, 11
628. L. LÚCULO – Não XV, 27
CRESCENTE -
há descrição.
Centurião das tropas de
Cesônio Peto. 629. TIBÉRIO JÚLIO XV, 28
ALEXANDRE - Ilustre
617. PÁCTIO - XV, 12
equestre romano
Primipilar desertor das
encarregado de assistir
tropas de Cesônio Peto.
Corbulão. Era sobrinho
618. PÁCORO - Irmão XV, 14; XV, 31 do escritor Philo, prefeito
de Vologeso e de do Egito de 66-70 d.C.
Tiridates. Possuía origem grega.
619. A. DUCÊNIO XV, 18 630. ÂNIO VINICIANO XV, 28; XV, 56
GEMINO - Cônsul - Genro de Corbulão, que
Sufecto em 61 ou 62 d.C. apesar de não ter idade
Também foi designado senatorial, já era tenente
por Nero para a da quinta legião. Filho de
administração das rendas L. Ânio Viniciano era de
192
uma família de imperador.
conspiradores. Foi líder
642. SÚBRIO FLÁVIO - XV, 49; XV,
da conspiração de
Tribuno de uma corte 50; XV, 58;
viniciano contra Nero e
Pretoriana. Participa da XV, 65; XV,
seu pai foi conspirador
conspiração de Pisão 67; XV, 68
contra Cláudio e
como um dos mais ativos
Calígula. Seu irmão de
conspiradores. Odiava
Ânio Polião foi acusado
Nero e disse isso ao
na conspiração de Pisão.
imperador. Existia um
631. C. LECÂNIO - XV, 33 boato que acusava ele de
Cônsul em 64 d.C. planejar derrubar Pisão e
substituí-lo por Sêneca.
632. M. LICÍNIO XV, 33
FRUGI - Cônsul em 64 643. SULPÍCIO ASPER XV, 49; XV,
d.C. Foi irmão do futuro - Centurião que participa 50; XV, 68
herdeiro do imperador da conspiração de Pisão.
Galba, Q. Sulpício
644. ANEU LUCANO - XV, 49; XV,
Camerino.
Sobrinho de Sêneca e 56; XV, 57;
633. VATÍNIO - XV, 34 rival artístico de Nero. XV, 70; XVI,
Aprendiz de sapateiro Participa da conspiração 17
que entrou na corte como de Pisão. Filho de Aneu
animador e subiu depois Mela. Foi autor da
de acusar homens Farsália. No início do
ilustres. principado de Nero era
um dos favorecidos do
634. PITÁGORAS - XV, 37
imperador e foi honrado
Jovem mancebo que se
com o título de questor
casa com Nero.
antes mesmo da idade
635. SEVERO - XV, 42 mínima, além disso,
Arquiteto de Nero ganhou um prêmio nas
durante a reconstrução de neronia (60 d.C), com o
Roma. poema que louvava a
Nero. Tácito afirma que
636. CÉLER- Arquiteto XV, 42
ele entrou na conspiração
de Nero durante a
de Pisão porque Nero não
reconstrução de Roma. deixou que ele publicasse
637. ACRATO - Liberto XV, 45; XVI, um dos seus poemas.
de Nero acusado de 23 Quando interrogado,
rapina nos templos para a entregou seu próprio tio,
reconstrução de Roma. Sêneca. Foi discípulo de
Aneu Cornuto.
638. SECUNDO XV, 45
CARINAS - Filósofo 645. FLÁVIO CEVINO - XV, 49; XV,
grego acusado de rapina Equestre que participa da 53; XV, 54;
nos templos para a conspiração de Pisão. XV, 55; XV,
reconstrução de Roma. Associado de Antônio 56; XV, 59;
Natal, seu liberto, que XV, 66; XV, 70
639. CLEÔNICO - XV, 45 entregou a conspiração.
Liberto de Sêneca que Foi imediatamente preso
recebe ordens para e entregou Lucano,
envenenar seu patrono. Afrânio Quinciano e
640. A. SÍLIO NERVA - XV, 48 Cláudio Senecião.
Cônsul em 65 d.C. 646. AFRÂNIO XV, 49; XV, 56
641. ÁTICO VESTINO - XV, 48; XV, QUINCIANO - Participa XV, 57; XV, 70
Cônsul em 65 d.C. 52; XV, 68; da conspiração de Pisão
Inimigo de Nero e casado XV, 69 porque foi insultado por
com Estatília Messalina, Nero em um poema
última esposa deste satírico.
193
647. CERVÁRIO XV, 50; XV, 657. EPÍCARIS - Liberta XV, 51; XV, 57
PRÓCULO - Equestre 66; XV, 71 que excitava os
que participa da conjurados a participarem
conspiração de Pisão. da conspiração de Pisão.
Delata Fênio Rufo de Participa da conspiração
participar da conspiração pelo amor reipublicae.
e é perdoado por Nero.
658. VOLÚSTIO XV, 51; XV, 57
648. VULCÁRIO XV, 50 PRÓCULO - Quiliarco
ARARICO - Equestre (comandante de mil
que participa da homens) da esquadra de
conspiração de Pisão. Misceno. Participou do
assassinato de Agripina.
649. JÚLIO TUGURINO XV, 50
Delata a conjuração e
- Equestre que participa
Epícaris.
da conspiração de Pisão.
659. L. JÚNIO SILANO XV, 52; XVI, 7;
650. MUNÁCIO XV, 50
TORQUATO - Filho de XVI, 8; XVI, 9
GRATO - Equestre que
M. Silano, cônsul em 46
participa da conspiração
d.C e sobrinho de D.
de Pisão.
Silano Torquato. Era um
651. ANTÔNIO XV, 50; XV, descendente direto de
NATAL - Equestre que 54; XV, 55; Augusto. Participa da
participa da conspiração XV, 56; XV, conspiração de Pisão. Foi
de Pisão. Amigo de 60; XV, 61; exilado e morto por Nero
intimidade de Pisão é XV, 71 em 65 d.C.
delatado por um liberto
660. MILICHO - Liberto XV, 54; XV,
de Flávio Cevino e logo
de Flávio Cevino edelator 55; XV, 59;
entrega Sêneca e Pisão.
da conspiração de Pisão. XV, 71
Acaba perdoado por
Foi altamente premiado
Nero.
por Nero.
652. MÁRCIO FESTO - XV, 50
661. EPAFRODITO - XV, 55
Equestre que participa da
Liberto de Nero.
conspiração de Pisão.
662. ÁTILA - Mãe de XV, 56
653. GRÂNIO XV, 50; XV,
Aneu Lucano. Participa
SILVANO - Tribuno de 60; XV, 61 XV,
da conspiração de Pisão e
uma corte Pretoriana que 71
é delatada pelo filho.
participa da conspiração
de Pisão. Entrega e 663. GLÍCIO GALO - XV, 56; XV, 71
participa da execução dos Participa da conspiração
conjurados e de Sêneca. de Pisão. Foi exilado.
É perdoado por Nero.
664. ÂNIO POLIÃO - XV, 56; XV, 71
654. ESTÁCIO XV, 50; XV, Acusado como um dos
PRÓXIMO - Tribuno de 60; XV, 71 maiores conspiradores na
uma corte Pretoriana que conspiração de Pisão.
participa da conspiração Filho de L. Ânio
de Pisão. Entrega e Viniciano e irmão de
participa da execução dos Ânio Viniciano (família
conjurados. É perdoado de conspiradores). Foi
por Nero. delatado por Cláudio
Senecião. Casado com a
655. MÁXIMO XV, 50
filha de Barea Soranus,
ESCAURO – Centurião
irmão de Ânio Viniciano,
que participa da
genro de Corbulão. Sua
conspiração de Pisão.
pena foi o exílio.
656. VÊNETO PAULO - XV, 50
665. ÁRRIA GALA - XV, 59
Centurião que participa
Mulher de Pisão.
da conspiração de Pisão.
194
666. POMPEIA XV, 60; XV, as ilhas do mar Egeu.
PAULINA - Mulher de 63; XV, 64
681. JÚLIO AGRIPA - XV, 71
Sêneca.
Exilado para as ilhas do
667. ESTÁCIO ANEU - XV, 64 mar Egeu.
Amigo de Sêneca e
682. BLÍCIO XV, 71
médico. Ministrou o
CATULINO - Exilado
veneno do suicídio de
para as ilhas do mar
Sêneca.
Egeu.
668. CÁSSIO - Soldado XV, 66
683. PETRÔNIO XV, 71
que prendeu Fênio Rufo.
PRISCO - Exilado para
669. VEJANO NÍGER – XV, 67 as ilhas do mar Egeu.
Tribuno.
684. JÚLIO ALTINO - XV, 71
670. ESTATÍLIA XV, 68 Exilado para as ilhas do
MESSALINA - Última mar Egeu.
esposa de Nero. Ex-
685. CADÍCIA - Mulher XV, 71
mulher de Vestino Ático,
de Flávio Cevino. Foi
que foi morto por Nero.
expulsa da Itália.
Era mais velha do que
Nero. 686. CESÔNIO XV, 71
MÁXIMO - Expulso da
671. GERULANO – XV, 69
Itália.
Tribuno.
687. ÁTILA - Mãe de XV, 71
672. POMPEIO – XV, 71
Aneu Lucano, envolvida
Tribuno que perdeu seu
na conspiração e delatada
posto após a conspiração.
por seu próprio filho.
673. CORNÉLIO XV, 71
688. COCEIO NERVA - XV, 72
MARCIÁLIS - Tribuno
Pretor. Recebe de Nero,
que perdeu seu posto
no ano de 65 d.C, muitas
após a conspiração.
honrarias pelos serviços
674. FLÁVIO NEPOS - XV, 71 prestados durante a
Tribuno que perdeu seu conspiração. Estátuas
posto após a conspiração. sobre sua pessoa foram
colocadas no fórum e no
675. ESTÁCIO XV, 71
palácio. Futuro
DOMÍCIO - Tribuno que
imperador Nerva. Foi
perdeu seu posto após a
poeta reconhecido por
conspiração.
Nero.
676. NÔNIO PRISCO - XV, 71
689. NINFÍDIO XV, 72
Acusado de amizade com
SABINO –Prefeito da
Sêneca, foi exilado.
Guarda Pretoriana.
677. ANTÔNIA XV, 71 Orgulhava-se de ser filho
FACILA - Mulher de de uma das meretrizes de
Nônio Prisco. Foi Calígula. Participa da
exilada. queda de Nero. Aceita os
favores de Galba para
678. INÁCIO XV, 71
derrubar Nero, contudo é
MAXIMILA - Mulher de
morto na tentativa de
Glício Galo. Foi exilada. ascender ao poder.
679. VIRGÍNIO FLAVO XV, 71
– Descrito como homem
muito eloquente, foi 690. JÚNIO GALIÃO - XV, 73
exilado. Irmão mais velho de
Sêneca. Cônsul Sufecto
680. CLUVIDIENO XV, 71
em 55 d.C.
QUIETO - Exilado para
195
para Nero.
691. SALIENO XV, 73 703. CLÁUDIO XVI, 10
CLEMENTE - Inimigo DEMIANO - Acusado
de Júnio Galião. por Fortunato.
692. JÚLIO VINDEX - XV, 74 704. PUBLIUS GALO - XVI, 12
Governador da Gália que Equestre acusado de
se revolta contra Nero. amizade com Fênio Fufo
Sua revolta foi em 68 e L. Antístio Vétus.
d.C. Era pretor e
705. CORNÉLIO XVI, 12
descendente de uma
ORFITO - Propôs a
família tradicional da
exclusão do nome do mês
Aquitânia.
Junho, porque os dois
693. CERIÁLIS ANÍCIO XV, 74; XVI, Júnios Torquatos haviam
–Cônsul designado em 65 17 cometido grandes crimes.
d.C. Propôs a construção
706. L. TELESINO - XVI, 14
de um templo ao deus
Cônsul em 66 d.C.
Nero.
707. PAMENES - XVI, 14
694. CESÉLIO BASSO - XVI, 1; XVI, 3
Astrólogo famoso que
Cartaginês que disse
firma amizade com
descobrir ouro em suas
Antístio Sosiano.
terras.
708. ANEU MELA - XVI, 17
695. VESPASIANO - XVI, 5
Equestre e igual em
General e futuro
poder dos Cônsules. Foi
Imperador. Aqui aparece
procurador das rendas do
como sucessor de Céstio
príncipe e era irmão mais
Galo, apontado como
novo de Sêneca. Pai do
legado da Síria em 67
poeta Aneu Lucano.
d.C.
709. C. PETRÔNIO - XVI, 17; XVI,
696. FEBO - Liberto que XVI, 5
Procônsul da Bitínia, 18; XVI, 19
repreende Vespasiano no
cônsul acusado por
teatro.
Tigelino de possuir
697. JÚNIA LÉPIDA - XVI, 8; XVI, 9 amizade com Flávio
Mulher de C. Cássio e tia Cevino. Possivelmente o
de L. Silano Torquato. autor do Satyricon.
698. VULCÁCIO XVI, 8 710. FÁBIO ROMANO - XVI, 17
TULINO - Senador e Amigo da intimidade de
acusado de cumplicidade Aneu Lucano e acusador
com Júnia Lépida. deste e de seu pai na
conspiração de Pisão.
699. MARCELO XVI, 8
CORNÉLIO - Senador e 711. SÍLIA - Mulher que XVI, 20
acusado de cumplicidade sabia das orgias de Nero.
com Júnia Lépida. Foi Amiga de Petrônio e por
assassinado por Galba na isso foi exilada
Espanha.
712. NUMÍCIO TERMO XVI, 20
700. CALPÚRNIO XVI, 8 - Antigo Pretor
FABATO - Equestre e condenado por Nero por
acusado de cumplicidade causa de uma acusação
com Júnia Lépida. que fizera contra
Tigelino.
701. SÊXTIA - Sogra de XVI, 10
L. Antístio Vétus. 713. OSTÓRIO XVI, 23; XVI,
SABINO - Equestre que 30; XVI, 33
702. FORTUNATO - XVI, 10
acusa Barea Sorano de ter
Liberto com grande valia
motivos de ódio para com
pelas acusações que fazia
196
Nero e de possuir Bitínia e amigo e
amizade com Plauto. defensor de Barea
Sorano. Perdeu sua
714. ARULENO XVI, 26
riqueza e foi exilado.
RÚSTICO - Estoico e
defensor de Traséia. 720. DEMÉTRIO - XVI, 34; XVI,
Escreveu uma biografia Filósofo cínico amigo de 35
de Traséia e por isso foi Traséia Peto. Assiste a
morto por Domiciano morte do estoico.
(Agrícola II.1). Foi
721. DOMÍCIO XVI, 34
Tribuno da Plebe em 66
CECILIANO - Amigo de
d.C e Pretor em 69 d.C.
Traséia Peto e aquele que
715. PACÔNIO XVI, 28; XVI, comunicou a decisão do
AGRIPINO - Estoico 29; XVI, 33 Senado pela morte para
filho de M. Pacônio, Traséia.
conspirador com Sejano.
722. ÁRRIA - Mulher de XVI, 34
Sua perseguição por Nero
Traséia Peto.
se deve ao fato de ser
aliado a Barea Sorano e 723. LÚCIO JÚNIO I, 1
Ânio Polião. BRUTO – Restituiu a
liberdade de Roma após a
716. CURCIO XVI, 28; XVI,
monarquia.
MONTANO - Poeta 29; XVI, 33
acusado de escrever 724. LÚCIO I, 1
versos hostis e era aliado CORNÉLIO CINA
aos estoicos. Foi expulso
da vida pública por Nero. 725. LUCIUS I, 1
CORNELIUS SULLA F
717. SERVÍLIA - Filha XVI, 30; XVI, ELIX
de Barea Sorano que foi 31; XVI, 32;
726. CNEU POMPEU I, 1
acusada de consultar XVI, 33
magos para saber o 727. MARCO LICÍNIO I, 1
destino de Nero. Mulher CRASSO
de Ânio Polião. Foi
morta por Nero em 66
d.C.
718. P. INÁCIO - Amigo XVI, 32
de Barea Sorano.
Vendeu-se para trair seu
amigo e acusá-lo. Em 70
d.C é acusado de aceitar
dinheiro para defender
causas e é exilado
719. CÁSSIO XVI, 33
ASCLEPIÓDOTO - Um
dos homens mais ricos da
197
Referências bibliográficas
TACITE. Annales. Texte établi et traduit par Henri Goelzer. Paris: Société d’édition
“Les Belles Lettres”, 1953. 3vv.
TACITUS. The Annals. Translated by A.J. Woodman. Indianapolis/Cambridge: Hackett
Publishing Company, 2004.
TÁCITO. Anais. Tradução de J.L. Freire de Carvalho. São Paulo: W.M. Jackson Inc.
Editores, 1952 (Clássicos Jackson, Vol XXV).
TÁCITO. Obras Menores. Tradução de Agostinho da Silva. Lisboa: Livros Horizonte,
1974.
TÁCITO. As Histórias. Tradução de Berenice Xavier. Rio de Janeiro: Athena Editora,
1937.
TACITUS. The Histories. Translated by Kenneth Wellesley. London: Penguin, 1995.
TÁCITO, Cornelio. Agrícola, Germania, Diálogo sobre Los Oradores. Traducción J.M.
Requejo. Madrid: Editorial Gredos, 2008.
AUTORES ANTIGOS
198
LUCAN. The civil war (pharsália). Translated by J. D. Duff. Cambridge,
Massachusetts: Harvard University Press, 1928. (Col. The Loeb Classical Library).
LUCIANO, de Samósata. Como se deve escrever a história. Tradução de Jacytntho Lins
Brandão. Belo Horizonte: Tessitura, 2009.
POLÍBIO. História. Tradução de Mário da Gama Kury. Brasília: Editora Universidade
de Brasília, 1996.
QUINTILIANO. “Educação oratória” (Livro X). In: RESENDE, Antônio Martinez de.
Rompendo o silêncio: a construção do discurso em Quintiliano. Tradução de
Antônio Martinez de Resende. Belo Horizonte: Crisálida, 2010.
SÊNECA. Tratado sobre a Clemência. Tradução de Ingeborg Braren. Editora Vozes:
Rio de Janeiro, 1990.
SUETONIO. Vida dos Doze Césares. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. (Coleção
Universidade de Bolso)
TITO LÍVIO. História de Roma (Ab urbe condita libri). Introdução, tradução e notas de
Paulo Matos Peixoto. Volume Primeiro. São Paulo: Editora Paumape, 1989.
TUCÍDIDES. História da guerra do Peloponeso. Tradução e notas de Mário da Gama
Kury. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982.
BIBLIOGRAFIA
199
BABLITZ, Leanne. Actors and audience in roman courtroom. London: Routledge,
2007.
BATSTONE, William W. “Postmodern historiographical theory and the Roman
Historians”. In: FELDHERR, Andrew (org.). The Cambridge Companion to the
Roman Historians. Cambridge: Cambridge University Press, 2009, p. 24 – 41.
BARBOZA, Jerônimo Soares. Instituições Oratórias de M. Fábio Quintiliano,
Escolhidas dos seus XII Livros, Traduzidas em linguagem e ilustradas com notas
Críticas, Históricas e Retóricas, para Uso dos que Aprendem. Tomo Segundo.
Paris, Na Livraria Portuguesa de J.P. Aillaud, 1836.
BELCHIOR, Ygor Klain. Tácito e o principado de Nero, 2012. Dissertação (Mestrado
em História). Instituto de Ciências Humanas e Sociais. Universidade Federal de
Ouro Preto, Mariana, 2012.
____________________. Aquele único e longo ano de Galba, Otho e Vitélio” (Tác.
Dial., 17): as guerras civis de 69. Romanitas: Revista de Estudos GrecoLatinos, v.1,
p.170 - 187, 2013.
____________________. A história como um romance? Uma discussão da contribuição
teórica da vertente pós-modernista para os estudos sobre a historiografia Taciteana.
Revista Ágora (Vitória), v. 7, p. 1-22, 2011a.
____________________. Ordem Imperial e fronteiras, sob Nero, nos Anais de Tácito.
Temporalidades, v. 3, p. 127-144, 2011.
____________________. Uma análise dos estudos críticos sobre Tácito em Portugal no
século XIX. Politéia (UESB), v. 10, p. 187-202, 2011.
BENTLEY, Michael. Companion to Historiography. London: Routledge, 1997.
BLOCH, March. Apologia da Histrória, ou, O Ofício do historiador. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2001.
BOISSIER, Gaston. Tácito. São Paulo: Editora Difusão, 1934.
CARVALHO, José Liberato Freire de. “Advertência”. In: TACITO. Annaes de
Cornelio Tacito. Londres: impresso por D. Thompson, Great St. Helens, 1820.
CARVALHO, José Liberato Freire de. Memórias da Vida de José Liberato Freire de
Carvalho. Lisboa: Typ. de José Baptista Morando, 1855.
CAMPBEL, Brian. War and society in Imperial Rome: 31 BC–AD 284. London:
Routledge, 2002.
CHIAPPETTA, Angélica. “Não Diferem o Historiador e o Poeta: o texto Histórico
como Instrumento e Objeto de Trabalho”. Língua e Literatura, v. 22, p. 15-34,
1996.
CHAMPLIN, Edward. Nero. Cambridge: Harvard University Press, 2003.
CLASSEN, C. J. “Tacitus: Historian between Republic and Principate”. Mnemosyne,
4th series, vol. 41, p. 93-116, 1988.
COLLINGWOOD, R. G. A ideia de História. Lisboa: Editorial Presença, 2001.
CROOK, John. Law and life of Rome. New York: Cornell University Press. 1967.
CURTHOYS, Ann & DOCKER, John. “Anti-postmodernism and the Holocaust;
“History War”. In: CURTHOYS, Ann & DOCKER. Is history fiction? Michigan:
The university of Michigan Press, 2004, p. 206 – 219.
DUHAMEL, P. Albert. The function of Rhetoric as effective expression. Journal of the
History of Ideas, Vol. 10, No. 3, p. 344-356, 1949.
DUFF J. D. “Introduction”. In: LUCAN. The civil war (pharsália). Translated by J. D.
Duff. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1928. (Col. The Loeb
Classical Library).
200
EISENSTADT, S. N. Patrons, cliens and friends. Cambridge University Press. New
York, 1999.
ENGEL, Jean-Marie. O império romano. Tradução de Niko Zuzek; ilustração da capa:
reprodução do original de Leonardo da Vinci. São Paulo: Atlas, 1978.
ERSKINE, Andrew. A companion to Ancient History. Oxford: Blackwell Publishing,
2009.
FAVERSANI, Fábio. A Sociedade em Sêneca. Tese de Doutorado em História
Econômica. DH/FFLCH/USP, 2000.
__________________. “As relações interpessoais sob o Império Romano: uma
discussão da contribuição teórica da escola de Cambridge para o estudo da
sociedade romana. Interação social, reciprocidade e profetismo no Mundo Antigo”.
In: GALVÃO, Alexandre (org.). Interação social, reciprocidade e profetismo no
Mundo Antigo. Vitória da Conquista: Edições UESB. 2004.
__________________.“Trimalchio, classe social e estamento”. Revista de História.
USP, São Paulo, n. 134, p. 7-18, 1996.
__________________. Tácito, Sêneca e a historiografia. In: JOLY, Fábio Duarte (org.).
História e retórica: ensaios sobre a historiografia antiga. São Paulo: Alameda,
2007, p. 137 – 146.
FINLEY, Moses. I. A política no mundo antigo. Tradução Álvaro Cabral. Rio de
Janeiro: Zahar Editoras, 1997.
__________________. Economia e sociedade na Grécia Antiga. São Paulo: Martins
Fontes, 1985.
__________________. Democracia antiga e moderna. Tradução de Waldéa Barcellos,
Sandra Bedran. Revisão Técnica de Neyde Theml. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FUNARI, P. P. A., SILVA, G. J. T. Teoria História. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense,
2009.
FELDHERR, Andrew. The Cambridge Companion to the Roman Historians.
Cambridge: Cambridge University Press, 2009.
FERRERO, Guglielmo. História Romana. Tradução de Brenno Silveira. Livraria
Martins Editora, 1947.
GARNSEY, Peter; SALLER, Richard. The Roman Empire: economy, society and
culture. London: Duckworth, 1987.
GINZBURG, Carlo. “Ekphrasis e citação”. In: GINZBURG, Carlo. A micro-história e
outros ensaios. Tradução de António Narino. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989,
p. 215-232.
_________________. Relações de força: História, Retórica e Prova. Tradução de
Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das letras, 2002.
GINSBURG, Judith. Tradition and theme in the Annals of Tacitus. Salem, N.H.: Ayer,
1981.
GONZÁLES, Julián. Tácito y las fontes documentales: SS. CC honoribvs germanici
decernendis (Tabvla siarensis) y de Cn. Pisone patre. Sevilla: Universidad de
Sevilla, 2002.
GOWING, Alain M. Empire of Memory: The Representation of the Roman Republic in
Imperial Culture. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.
GRANT, Michael. “Introduction”. In: TACITUS. The annals of Imperial Rome.
Baltimore; Maryland: Penguin Books, 1959, p. 7 – 26.
GRIFFIN, Miriam. Nero: the end of a dinasty. London: B. T. Batsford, 1984.
_______________.Seneca: A philosopher in politics. Oxford: Oxford University Press,
1992.
201
GRIMAL, Pierre. O Império Romano. Tradução Isabel Saint-Aubyn. Lisboa: Edições
70, 1993.
GUARINELLO, Norberto Luiz; JOLY, Fábio Duarte. “Ética e ambigüidade no
principado de Nero”. In: FUNARI, Pedro Paulo de Abreu (org.). Ética e política no
Mundo Antigo. Campinas: Unicamp, 2001, p. 133-152.
__________________. Ordem, Integração e Fronteiras no Império Romano. Um
Ensaio. Mare Nostrum, v. 1, p. 113-127, 2010.
HARDIE, Philip. Rumour and Renown: Representations of 'Fama' in Western
Literature. Cambridge Classical Studies. Cambridge; New York: Cambridge
University Press, 2012.
HIND, J.G.F. “The Enigma of Nero´s Quinquennium”. Historia, Band XXIV/3. Franz
Steiner Verlag GmbH. Wiesbaten, 1988.
HADAS, Moses. “Preface and Introduction”. In: TACITUS. The complete works of
Tacitus. Translated from the Latin by Alfred John Church and William Jackson
Brodribb. New York: Modern Library, 1942, p. V – XXV.
HARDIE, Philip. Rumour and Renown: Representations of 'Fama' in Western
Literature. Cambridge Classical Studies. Cambridge; New York: Cambridge
University Press, 2012.
HARIS, William V. Ancient Literacy. Massachusetts: Harvard University Press, 1989.
HARTOG, François (org.). A História de Homero a Santo Agostinho. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2001.
HARTOG, François. A testemunha e o historiador. In: PESAVENTO, Sandra (org.)
Fronteiras do milênio. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001, p. 11-41.
HAYNES, Holly. The History of Make-Believe: Tacitus on Imperial Rome. Berkeley
and Los Angeles: University of California Press, 2003.
JOHNSON, William A; PARKER, Holt N. Ancient Literature: The Culture of Reading
in Greece and Rome. Oxford: Oxford University Press, 2009.
JOLY, Fábio Duarte. “A escravidão no centro do poder: observações acerca da família
Caesaris”. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais, Janeiro/ Fevereiro/
Março de 2007, Vol. 4, nº 1, p. 1- 11, 2008.
_________________. “História e retórica em Tácito”. In: LOPES, Marco Antônio
(org.). Grandes nomes da História Intelectual. São Paulo: Editora Contexto, 2003.
_________________. Tácito e a metáfora da escravidão. São Paulo: Edusp, 2004.
_________________. Teleologia e Metodologia Históricas em Tácito. História Revista,
Goiânia, v. 6, n. 2, p. 25-50, 2001.
_________________. “A sociedade romana do Alto Império”. In: SILVA, Gilvan
Ventura da; MENDES, Norma Musco (Org). Repensando o Império Romano:
perspectivas socioeconômica, política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad, 2006, p.
21-53.
_________________. Suetônio e a tradição historiográfica senatorial: uma leitura da
Vida de Nero. História (São Paulo), v. 24, p. 111-127, 2005.
JÚNIOR, Manuel Alexandre. “Introdução”. In: ARISTÓTELES. Retórica. Tradução de
Manuel Alexandre Junior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena.
Lisboa: Biblioteca de autores clássicos, 2005.
KENNEDY, George A. A new history of Classical Rhetoric. New Jersey: Princeton
University Press, 1994.
KONSTAN, David. A amizade no mundo clássico. Tradução de Marcia Epstein Fiker.
São Paulo: Odysseus Editora, 2005.
202
KOSELLECK, Reinhart. “Historia magistra vitae: sobre a dissolução do topos na
história moderna em movimento”. In: KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado.
Rio de Janeiro: Contraponto/Editora PUC Rio, 2006, p. 41-60.
LENDON, J. E. “Historians without history: Against Roman historiography”. In:
FELDHERR, Andrew (org.). The Cambridge Companion to the Roman Historians.
Cambridge: Cambridge University Press, 2009, p. 41 – 63.
_________________. Empire of honour. Oxford: Oxford University Press, 2001.
LIMA, Luiz Costa. História, ficção e literatura. São Paulo: Companhia das letras, 2006.
LINTOTT, Andrew. “Roman historians”. The Oxford illustrated history of the Roman
world. John Boardman, Jasper Griffin, Oswyn Murray (orgs.). Volume II, Oxford:
Oxford University press, 2001
LISSNER, Ivar. Os Césares. Tradução de Oscar Mendes. Belo Horizonte: Editora
Itatiaia, 1985
LUCE, T.J. Reading and Response in the Dialogus. In: LUCE T.J. and WOODMAN,
A.J. (Ed.). Tacitus and the Tacitean Tradition. New Jersey: Princenton University
Press, 1993, p.11-38.
MARINCOLA, John. A companion to Greek and Roman historiography. Volume I.
Oxford: Blackwell Publishing Ltd, 2007.
MARTIN, Hervé & BORDÉ, Guy. “A Escola Metódica” In: MARTIN, Hervé &
BORDÉ, Guy (orgs.). As escolas históricas, Portugal: Europa-América, 1983.
MARROU, Henri-Irénée. História da educação na Antiguidade. Tradução de Leônidas
Casanova. 5ª edição. São Paulo: EPU, 1990
MAY, James M. Brill´s Companion to Cicero: Oratory and Rethoric. Boston: Brill,
2002.
MELLOR, Ronald. “Tacitus”. In: MELLOR, Ronald (orgs.). The historians of Ancient
Rome. London: Routledge, 1998.
MELLOR, Ronald. The roman historians. London: Routledge, 1999.
MENDES. Norma Musco. “O sistema político no principado”. In: Gilvan Ventura da
Silva; Norma Musco Mende (orgs.). Repensando o Império Romano: perspectivas
socioeconômica, política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad, 2006, p. 21-53.
MILLAR, Fergus. The emperor in the Roman world. London: Duckworth, 2001.
MOMIGLIANO, Arnaldo. “Nero”. In: BOWMAN, Alan K; CHAMPLIN, Edward and
LINTOTT, Andrew (orgs.). The Cambridge Ancient History. Volume X. First
Edition. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
_________________. As raízes clássicas da historiografia moderna. Tradução Maria
Beatriz Borba Florenzano. Bauru: EDUSC, 2004.
_________________. “Literary Chronology of the Neronian Age”. The Classical
Quarterly, Vol. 38, No. 3/4, (Jul. - Oct., 1944), p. 96-100.
________________. “Tradition and the Classical historian”. History and Theory, Vol.
11, No. 3. (1972), p. 279 – 293.
MOMMSEN, Theodor. A history of Rome under the emperors. London: Routledge,
1999.
NOBRE, Ricardo. Intrigas palacianas nos Annales de Tácito: tentativas e processos de
obtenção de poder no principado de Tibério. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos
e Humanísticos, 2010.
ONG, Walter J. Orality and Literacy: The Technologizing of the world. London:
Routledge, 1982.
O’GORMAN, Ellen. Irony and misreading in the Annals of Tacitus. Cambridge:
Cambridge University Press, 2000.
203
OMENA, Luciana Munhoz de. Pequenos poderes na Roma Imperial: os setores
subalternos na ótica de Sêneca. Vitória: Flor & Cultura, 2009.
PARATORE, Ettore. “Tácito”. In: PARATORE, Ettore. História da Literatura Latina.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.
PETERSON, Merrill D. Thomas Jefferson: Writings. New York: Library of America,
1994, p. 900-906.
PINSKY, Jaime. Cem textos de história Antiga. São Paulo: Global Editora e
Distribuidora Ltda., 1980.
ROPER, Theresa K. “Nero Seneca and Tigellinus”. Historia, Band XXIV/3. Franz
Steiner Verlag GmbH. Wiesbaten, 1979.
RIBEIRO, José Silvestre. “O Paradoxo da Rehabilitação de Tiberio”. In: Archivo
Pittoresco. Volume X. Lisboa: Typographia de Castro Irmão, p. 350 - 351, 1867.
REBOUL, Olivier. Introdução à Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
ROSTOVTZEFF, Michael Ivanovitch. História de Roma. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
ROLLER, Matthew. Constructing autocracy: aristocrats and emperors in Julio-
Claudian Rome. Princeton: Princeton University Press, 2001.
RUDICH, Vasily. Political Dissidence under Nero: The Price of Dissimulation.
London: Routledge, 1993.
RUTLEDGE, Steven H. Delatores and the tradition of the violence in roman oratory.
In.: American Journal of Philology 120 (1999).
SAILOR, Dylan. Writing and empire in Tacitus. Cambridge: Cambridge University
Press, 2008.
SALLER, Richard. Patriarchy, Property and Death in the Roman Family (Cambridge
Studies in Population, Economy and Society in Past Time). Cambridge: Cambridge
University Press, 1995.
SCHIAVONE, Aldo. Uma História Rompida: Roma Antiga e Ocidente Moderno.
Tradução Fábio Duarte Joly; Revisão Técnica, Norberto Luiz Guarinello. São
Paulo: Editora Universidade Federal de São Paulo, 2005.
SCULLARD. H.H. From the Gracchi to Nero. London: Routledge, 2001.
SHOTTER, David A. C. Nero. London: Routledge, 1997.
SILVEIRA, Breno. “Prefácio”. In: TÁCITO. Anais. Tradução de J.L. Freire de
Carvalho. São Paulo: W.M. Jackson Inc. Editores, 1952 (Clássicos Jackson, Vol
XXV).
SIMIAND, François. Método Histórico e Ciência Social, São Paulo: EDUSC, 2003
STE. CROIX, Geoffrey Eernest Maurice. The Class Struggle in the Ancient Greek
World from the archaic age to the Arab conquests. London: Duckworth, 1981.
SYME, Ronald. “How Tacitus Came to History’. Greece & Rome, 2nd Ser., Vol. 4, No.
2. (Oct., 1957), p. 160-167, 1957.
____________. “Princesses and Others in Tacitus”. Greece & Rome, 2nd Ser., Vol. 28,
No. 1, Jubilee Year, p. 40-52, 1981.
____________. Tacitus. London: Oxford University Press, 1967.
____________. The Roman Revolution. Oxford: Oxford University Press, 2002.
TORELLI, Mario. “Roman art, 43 B.C. to A.D. 69”. In: BOWMAN, Alan K;
CHAMPLIN, Edward and LINTOTT, Andrew (orgs.). The Cambridge Ancient
History. Volume X. Second Edition. Cambridge: Cambridge University Press,
2006.
TOWNEND, Gavin. “Literature and society”. In: BOWMAN, Alan K; CHAMPLIN,
Edward and LINTOTT, Andrew (orgs.). The Cambridge Ancient History. Volume
X. Second Edition. Cambridge: Cambridge University Press. 2006.
204
THORNTON, M.K. “Nero´s Quinquennium: The Ostian connection”. Historia, Band
XXXVIII/3. Franz Steiner Verlag GmbH. Wiesbaten. 1989.
VENTURINI, Renata Lopes Biazotto. “Amizade e política em Roma: o patronato na
época imperial”. Acta Scientiarum, Maringá, v. 23, n. 1, p. 215-222. 2001.
VEYNE, Paul. “O Império Romano” In: DUBY, G; ARIÈS, P. (orgs.). História da Vida
Privada. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
WALKER, Jeffrey. Rhetoric and Poetics in Antiquity. New York: Oxford University
Press, 2000.
WALLACE-HADRILL, A. Emperors and houses in Rome. In: DIXON, Suzanne (ed).
Childhood, class and kin in the Roman World. London: Routledge, 2001.
______________________. “Patronage in Roman society; from Republic to Empire”.
In: WALLACE-HADRILL, A. Patronage in ancient society. London: Routledge,
1989, p. 63-88.
______________________. “The Imperial court”. In: BOWMAN, Alan K;
CHAMPLIN, Edward and LINTOTT, Andrew (orgs.). The Cambridge Ancient
History. Volume X. Second Edition. Cambridge: Cambridge University Press.
2006.
WARMINGTON, Brian Herbert. Nero: reality and Legend. New York: Chatto &
Windus, 1969.
WELLESLEY, Kenneth. “Introduction”. In: TACITUS. The Histories. Transleted by
Kenneth Wellesley. London: Penguim Books, 1995, p. 1- 10.
WHITE, Hayden. “The Modernist Event”. In: WHITE, Hayden. Figural Realism:
studies in the mimesis effect. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2000,
p. 66 – 86.
_______________. Meta- História: a Imaginação Histórica do Século XIX. Tradução
de José Laurêncio de Melo. São Paulo: EDUSP, 1992.
WIEDEMANN, T. E. J. “From Nero to Vespasian”. In: BOWMAN, Alan K;
CHAMPLIN, Edward and LINTOTT, Andrew (orgs.). The Cambridge Ancient
History. Volume X. Second Edition. Cambridge: Cambridge University Press.
2006.
_______________________. “Tiberius to Nero”. In: BOWMAN, Alan K;
CHAMPLIN, Edward and LINTOTT, Andrew (orgs.). The Cambridge Ancient
History. Volume X. Second Edition. Cambridge: Cambridge University Press.
2006.
WINTERLING, Aloys. Politics and society in imperial Rome. Oxford: Wiley-
Blackwell, 2009.
WOODMAN, A. J. Introduction. In: TACITUS. The Annals. Translated by A.J.
Woodman. Indianopolis/Cambridge: Hackett Publishing Company, Inc., 2004.
_________________. Rhetoric in Classical Historiography. Taylor & Francis Library,
2004.
_________________. The Cambridge Companion to Tacitus. Edited by A. J.
Woodman. New York: Cambridge University Press, 2009.
_________________. “History and Alternative Histories: Tacitus”. In: WOODMAN,
A. J. Rhetoric in Classical Historiography. London and New York: Routledge,
1988, p. 160-196.
ZÚÑIGA, José Tapia. Prólogo, In: Tácito, Cayo Cornelio. Anales. Tradução de
ZÚÑIGA, José Tapia. México (Ciudad Universitária; Universidad Nacional
Autónoma de México), Bibliotheca Scriptorvm Graecorvm et Romanorvm
mexicana, 2002, p. 9-34.
205