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fumetti. é uma publicação digital, criada Esse caminho (de mostrar trabalhos independen-
por Thadeu Fayad, com periodicidade mensal, tes) mostrou que precisamos olhar para o futuro, dar
totalmente gratuita, distribuída exclusivamente espaço para quem esta chegando, mas nunca sem
pela Confraria Bonelli. olhar para trás, conhecer ou relembrar quem nos deu
Venda proibida tanta alegria e diversão. E definitivamente lutar para
que possamos perder esse estigma de que temos me-
mória curta.
Boa leitura!
Nesta edição
04 NATHAN NEVER ESTÁ DE VOLTA
06 ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ
Joana Rosa esmiúça em deta-
lhes as diversas coleções já en-
cerradas de TEX.
26 A ESPERA ACABOU
Dylan Dog e Martin Mystère
voltam depois de mais de uma
década fora das bancas e para co-
memorar duas super entrevistas
exclusivas!
Nathan Never
O PRIMEIRO TÍTULO DE FICÇÃO CIENTÍFICA DA BONELLI E ESTÁ RETORNANDO ÀS BANCAS
BRASILEIRAS NA INVASÃO BONELLIANA PROMOVIDA PELA EDITORA MYTHOS. É UM DOS
TÍTULOS MAIS VENDIDOS DA SBE (SERGIO BONELLI EDITORE), FICANDO ATRÁS APENAS
DE TEX E DYLAN DOG.
4 R E V I S T A F U M E T T I .
É um título recheado de referências a filmes e livros de ficção científica e outros tipos de easter-eggs. Natan
Never tem seu visual claramente inspirado em Blade Runner, tanto em seu visual quanto no das cidades e cenári-
os. Logo em sua primeira edição vemos as “Três Leis da Robótica”, criada nos livros de ficção-científica de Isaac
Asimov. Na edição #2, todos estão em busca da última cópia do filme “2001-Uma Odisséia no Espaço”. Na edição
#6 o adamantium é citado (aquele mesmo metal bem conhecido do Universo Marvel).
Em várias edições aparecem outras referências, por exemplo, sua amiga a Agente Legs Weaver é inspirada
na atriz Sigourney Weaver de Alien e tantos outros filmes, temos menções claras a Rollerball – Os Gladiadores do
Futuro, “Jurassic Park”, “Apocalipse Now” e por ai vai. Encontrar essas referências certamente dá ao leitor uma
diversão a mais enquanto vai lendo as aventuras do Agente Especial Alfa.
R E V I S T A F U M E T T I . 5
Onde os fracos não tem vez
Parte 1
A história por trás das edições já canceladas
d e Te x P o r J o a n a R o s a R u s s o
Bonellianos brasileiros, sejam bem-vindos a mais uma trataremos de maneira diferenciada o que diz respeito
incrível viagem pelo universo do Ranger mais corajoso do apenas as “coleções” ou séries com mais de um volume
velho-Oeste! Desta vez, o assunto central de nosso artigo publicado das edições especiais ou “volumes únicos”.
são as famosas séries de Tex que foram extintas, que con- Salientamos que não foram incluídos os livros ou livros
tou com a colaboração de grandes pards, como Ivo Alma- ilustrados, mas apenas e tão somente volumes que tem
da, Ezequiel Guimarães e Antonio Carlos da Silva, e ainda ligação direta com os quadrinhos e/ou que trazem as tiras
com a colaboração de Julio Schneider (tradutor oficial das do nosso ranger.
publicações da Bonelli pela Mythos), que prontamente es-
clareceu algumas dúvidas.
6 R E V I S T A F U M E T T I .
“Junior” novos leitores que haviam perdido os números mais baixos
na época de sua publicação original.
E porque a Junior deixou de existir? Aparentemente, a série teria prazo de validade, ao me-
nos é o que se pode deduzir, embora a época de seu en-
Em parte, pela concorrência, em parte pela falta de ade- cerramento já se avizinhasse a saída de Tex da carteira da
quação da publicação. A frente competitiva que tinha com Editora Globo. Considerando que apenas duas das histó-
Xuxá e Pequeno Xerife, sem contar com outros heróis de rias publicadas nesta coleção já eram conhecidas (O Ídolo
banca, não habilitavam que Junior pudesse continuar por de Cristal, Vecchi, 1980 e Forte Apache, Vecchi, Tex Mensal
si, já que, mesmo passando por algumas reformulações, nº04, 1971), podemos deduzir, de um lado, que a motiva-
não era capaz de emplacar grandes acréscimos ao jornal, ção seria nada mais nada menos do que antecipar parte de
onde era publicada. histórias de boa repercussão e adiantar publicações, como
aconteceu como a “Tex Minisséries”, da Editora Mythos.
Tanto assim o é que em 1958, após grandes reestru-
turações, Junior era retirada de circulação, mais precis-
amente em fevereiro daquele ano. A partir desse jejum
forçado, as histórias de Tex entraram num longo e amargo
hiato de quase 13 anos, que só foi rompido com a promis-
sora publicação realizada pela Editora Vecchi em 1971, que,
pela primeira vez, trouxe as histórias do ranger em formato
italiano e totalmente voltadas ao personagem, iniciando um
ciclo que perdura até hoje.
R E V I S T A F U M E T T I . 7
Coleção Tex Gold - Salvat
Após um alguns pequenos problemas técnicos a distribuição se
normalizou na segunda quinzena de fevereiro, quando as edições
voltaram a chegar nas bancas de seguindo com a distribuição
setorizada.
Um lançamento que pode ter pego muitas pessoas Para mais informações acesse:
de surpresa, uma vez que a mesma editora já publicava https://www.facebook.com/ColecaoTexSalvat/
outras três séries nesse formato. Na verdade é um mo-
vimento de muita coragem, considerando nosso cenário E se não chegou até sua cidade você pode comprar
não só economico como também o mercado de quadri- diretamente com a Editora:
http://assinesalvat.com.br/colecoes/tex/
nhos no Brasil como um todo, dado pela Editora Salvat ao
lançar a coleção Tex Gold.
A trama, que é ambientada no auge do Velho Oeste, É o “Gato de Botas” versão Justiceiro (o herói da Marvel
conta a história do xerife Raymond Castle, figura máxima e que teve sua melhor fase justamente com Garth Ennis
da Lei na cidade de Saint Alamo. O xerife Castle esconde no comando) que toda criança realmente esperou pra ver,
um grande segredo, ele foi um assassino e ladrão perigo- ou você acha mesmo que o nome de ambos ser “Castle” é
so conhecido como Claw, sair dessa vida lhe custou um apenas coincidência?
olho inclusive. Tudo caminhava muito bem até a chegada
de um velho conhecido, que pode trazer o passado som- Saint Alamo – Balas não sentem Culpa – Parte 1 tem
brio do xerife de volta, destruindo tudo o que Castle reali- formato em 16 x 27 cm, 88 páginas, capa cartonada e pre-
zou em sua “nova vida”. ço a partir de R$25,00. Você pode adquirir o exemplar no
site oficial: http://alamocomics.com. Eu garanti a minha
A história se divide em duas linhas temporais, passa- cópia com direito a dedicatória.
do e presente. Vai alternando flashbacks, mostrando sua
vida de fora-da-lei. Bebendo da fonte do que a maioria das
séries de TV executa atualmente, quebrando o tradicional
estilo de uma HQ de faroeste e atualizando a narrativa
para o que estamos acostumados a ver em outras mídias.
RAFAEL E JONATHAN
Durante evento de divulgação de Saint Alamo
1 0 R E V I S T A F U M E T T I .
Raymond Castle é o violento e misterioso xe-
rife da pequena cidade de Saint Alamo, no ve-
lho oeste americano. Mas ele nem sempre foi
um homem da lei. Castle esconde em segredo
absoluto seu passado criminoso, onde era um
assassino e ladrão conhecido apenas pela al-
cunha de “Claw”.
R E V I S T A F U M E T T I . 1 1
1 2 R E V I S T A F U M E T T I .
Como vocês resolveram entrar para o mundo das HQ’s? criando coisas novas e, é claro, incentivando novos Não Sentem Culpa, mas nossa ideia é que esse universo
Jonathan e Rafael: Como todo artista, antes de qualquer artistas a trilhar esse mesmo caminho. consiga funcionar muito bem mesmo se contarmos ou-
coisa somos grandes fãs do meio no qual hoje trabalhamos. tras histórias. Temos planos para em um futuro, após
Consumimos quadrinhos desde pequenos e nossa paixão E o que falta para o artista independente ser a conclusão desse volume, voltamos a trabalhar nesse
sempre foi gigantesca por essa mídia. Nossa decisão não valorizado? mundo, e talvez termos a história focada em outros per-
foi necessariamente a de entrar para o mundo dos autores, Jonathan e Rafael: Na maioria das vezes, cre- sonagens dessa pequena cidadezinha. Por isso cada um
mas sim de criar uma HQ nossa. Após muitas conversas mos que faltam oportunidades. Os leitores em sua dos demais cidadãos da cidade foi pensado de maneira
percebemos que tínhamos uma história e decidíamos que grande maioria não compram algo que eles não a ter uma personalidade bastante própria, podendo ter,
devíamos coloca-la no papel, para que ainda mais pesso- conhecem, que não ouviram falar bem sobre e, na quem sabe, seu momento de protagonismo em um fu-
as pudessem conhecê-la. No momento que decidimos que verdade, não há como culpa-los por isso, afinal é turo.
embarcaríamos nessa jornada, nossa única opção foi nos assim que as coisas funcionam. Ainda existe um
jogar de cabeça, e até o momento não temos previsão de certo receio para com o quadrinho brasileiro, mas Não vou estragar a leitura, mas ter uma “aparição”
parar. felizmente isso está mudando. Então, cremos que do Coragem o Cão covarde foi sensacional! De onde
o artista tem que fazer o máximo para apresentar surgiu a ideia de misturar elementos tão diversos?
De onde veio a ideia de misturar animais com esse fa- sempre o seu melhor, com muita informação sobre Rafael: Eu sempre curto uns easter-eggs, e quando
roeste estilo Tarantino? Vocês tiveram inspiração em Tex ou o trabalho para dar a certeza de que vale a pena vejo algum sempre abro um sorriso. Ao meu ver, essa
outro quadrinho? investir nele. Uma maneira interessante é tentar é uma pequena homenagem aquele personagem que
Jonathan e Rafael: A ideia surgiu do Rafael, numa con- divulgar nas redes sociais, pois é ali que a maio- tanto curtimos, e é isso que fazemos em Saint Alamo,
versa onde ele disse que o tema parecia bacana. A princípio ria do público está. Apesar disso, o alcance nes- colocamos várias referências de filmes, games, séries
o Jonathan não colocou tanta fé, mas quando vimos, no dia sas redes não costuma ser como se espera, então e é claro, desenhos animados. Quando tivemos a ideia
seguinte ele já havia escrito um roteiro para uma história o truque é ter bastante paciência e perseverança. de usar personagens antropomórficos, tudo ficou mais
curta sobre Castle e Saint Alamo. Percebemos então que divertido e homenagear esses personagens tão queri-
havia muito mais que poderíamos explorar nesse universo Como está a receptividade do mercado com a dos ficou ainda mais fácil, uma vez que o estilo que sigo
e começamos a expandi-lo, até a ideia ganhar finalmente revista? é um pouco parecido.
um corpo e clima que achamos digno. A princípio, a ideia Jonathan e Rafael: Até o momento recebemos Não defino antes qual easter-egg usarei nos qua-
era que tal universo fosse um pouco mais infantil e caricato, críticas bastante positivas e empolgadas, além de dros, isso vem do momento e preciso ver se ele encai-
mas as influências de personagens como Tex e Jonah Hex, observações pontuais e deveras interessantes so- xaria bem ali. Você mencionou o Coragem, pois bem, na
nos jogaram em outro rumo, que hoje julgamos bem mais bre a obra, algo que nos dá ainda mais ânimo para cena os cidadãos estão passando por uma situação um
interessante. continuar o trabalho. Por se tratar de uma HQ in- tanto assustadora, então a ideia de colocar o Coragem
dependente, quase toda a venda é feita através do ali no meio surgiu automaticamente. hahaha.
Qual dos dois teve a ideia inicial e como foi dividi-la? nosso site ou em eventos, porém, apesar dessas
Jonathan e Rafael: Sobre a ideia inicial, acabamos respon- limitações, estamos tendo um retorno de público Para fecharmos deixo aqui meu agradecimen-
dendo na pergunta anterior. A ideia de dividir a história em bem animador. to especial por aceitarem nosso convite e nos dar a
dois volumes veio por necessidade mesmo. Adoraríamos oportunidade de divulgar um trabalho MUITO legal.
publicar toda a história num volume único, mas além de ser Nesse aspecto a divulgação através das redes A fumetti. está de portas abertas pra vocês e pra
um trabalho hercúleo demais para dois iniciantes, também sociais, sites e blogs funcionam bem? Melhor que não quebrar o protocolo, mandem um recado para
seria necessário um investimento que não tínhamos condi- uma venda em banca por exemplo? os leitores.
ções de arcar. Sendo assim, dividi-la em duas partes foi a Jonathan e Rafael: São poucas as bancas que Jonathan e Rafael: Primeiramente agradece-
melhor solução tem Saint Alamo a venda, e as que tem estão quase mos pela atenção da fumetti e por este espaço para
inteiramente localizadas aqui no nosso estado, Rio divulgarmos a nossa obra. Aos leitores deixamos
Como vocês enxergam a importância do artista inde- Grande do Sul, por isso fica complicado falar sobre nosso convite para que conheçam Saint Alamo
pendente? esse tema. A divulgação online ajuda bastante, mas através da página no facebook (Alamo Comics), ou
Jonathan e Rafael: Acreditamos que a importância está só ela não garante as vendas da HQ. Algo que tem do nosso site onde podem adquirir a revista (ala-
na criação, onde existe toda aquela liberdade da qual uma nos dado um bom retorno é os eventos que temos mocomics.com). Lembrando que estamos sempre
editora provavelmente não proverá. Assim, ao pegar o tra- participado, por isso pretendemos expandir nosso abertos aos diálogos e feedbacks dos leitores, pois
balho de um artista independente você estará com um ma- alcance esse ano, visitando eventos fora do estado e é só através dessas conversas bem fundamenta-
terial inteiramente autoral em mãos. Outro ponto importante da região sul. Afinal, acreditamos que nada substitui das que poderemos lapidar ainda mais o nosso
é a diversidade que isso promove, onde você pode ter vários o olho no olho com o público que irá ler a obra. trabalho. Muito obrigado, e forte abraço.
temas abordados e com visões e opiniões bem diferentes.
Também é muito importante o incentivo do leitor, seja adqui- O foco da história é sobre Castle, o protagonis-
rindo o material ou simplesmente compartilhando com ou- ta. O que podemos dizer dos outros personagens?
tros leitores, pois isso faz com que os artistas fiquem ainda Jonathan e Rafael: Castle é sim a peça prin-
mais motivados com seus trabalhos, sempre melhorando e cipal nesse primeiro volume de Saint Alamo, Balas
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Q s s
H te
l
cia den
pe en
Esdep
In Gringo - O Escolhido
A HQumGringo - lançado
O Esco- A arteconcebeu
fica poroconta de Aloísio de Castro, se
lhido, título Wilson personagem, Aloísio foi quem
em 2006, ema história am- tornou real suasgrande
feiçõesdestaque
e trejeitos. Seus dese-
bientada 1865 traz um nhos merecem (e particular-
solitário mestiço, filho de mente me parecem inspirados nos do do italiano
mãe sueca e pai mexicano, Sergio Toppi). Além do desafio de trazer Gringo
que sobreviveu a Guerra afrio,vida,passou
Aloísio trabalhou para a Revista Cala-
da Secessão e tenta levar pela Editora Abril e nos anos 1990
sua vida adiante. Carre- trabalho como co-roteirista do filme Cassiopéia
ga consigo onde um passado (de Clóvis Vieira),
sangrento, apren- totalmente feito poro primeiro
animaçãodesenho
gráfica. animado
deu a matar sem piedade
para
tepodeo não morrer. Aainda
mor- E são
são fundamentais
os excelentes traços de Aloísio de Cas-
rejeitou. Mas tro para que os leitores en-
levá-lo, sejacasal
por in- trem no clima de Velho Oeste da HQ.
termédio de um de
vigaristas que vende um Duas curiosidades: esse trabalho levou mais
“elixir milagroso”, de um de 20 anos para ser publicado! Eloyr Pacheco foi
xerife obstinado, de um prisioneiro espertalhão quem garimpou todo esse material “engavetado”
ou de um grupo de violentos comancheros. pelos autores e levou opublicar
trabalhoessaà Nomad Edi-
tora. Seu empenho em história fez
Tiroteios, umacontra
explosiva fuga da prisãogigante
e uma com que a editora se interessasse pela HQ e fi-
luta de Gringo um verdadeiro nalmente a publicasse.
estão entre essa
os ingredientes que Vieira juntou
para contar aventura no melhor estilo “fa- Etrailer
Clóvis Vieira preparou comalgo
ajudararíssimo
de Aloísio,
roeste italiano”. um animado do álbum, em
nosso mercado de quadrinhos. Assista ele aqui:
Todosárida
os envolvidos estão encravados numa https://goo.gl/okY1hT
terra e adversa, lutando por um alforge
recheado deOdólares quenãopodesabemmudar suasGringo,
vidas A arte daporcapaRenato
é outro ponto(Superman,
de grandeOmac, des-
miseráveis. que eles é que taque, feita Guedes
oqualquer
verdadeiro coisadono
para desse tesouro,suastambém fará Papa Capim).
não perder economias. A edição é recheada de “extras”, PrefácioWil- de
O roteiro é do um
criador doexclusivo
personagem Wilson Eloyr Pacheco, uma matéria onde o próprio
Vieira (batemos papo com ele na son Vieira conta como foiinéditas
a GuerradeCivil Ame-
edição #2 da fumetti. ) que começou sua carreira ricana, várias ilustrações Aloísio de
como desenhista e aos poucos foi migrando para Castro, galeria de pin-ups produzidas por vários
osenhou
roteiro. Fez diversos trabalhos na Itália, de- artistas, biografias dos autores e Posfácio de
Diabolik, depois trabalhou na SBE (Sergio Wilson Vieira.
Bonelli Editore) eentre outras. Seu traçoVoltou
ainda
hoje é lembrado reverenciado no país. Gringo -tempo,
O Escolhido é uma obraouque não so-
ao Brasilé euma
trouxe consigoema relação
idéia desta história. freu com o seja o de criação o de lança-
Wilson sumidade a Guerra Ci- mento. Ainda é uma excelente opção de leitura
vil norte-americana (1861-1865) e ao período em para os fãs de um bom Faroeste. E principalmen-
que ela acontece, diga-se de passagem. tedo estereótipo
para quem gosta deo personagens quediz:fogem
NÃO ESCREVO, PARA CRIAR HERÓIS!” “EU
comum, próprio Wilson
1 4 R E V I S T A F U M E T T I .
Nanquim Arretado
Nanquimde Arretado é qua-
uma dasSer Policial ajuda na criação Comopara
vocêessa
vê odivulgação
papel de sites
coletânea histórias em histórias? eartista
blogs do
drinhos doprojeto
desenhista Aurélio Em como
certoPM ponto sim, meuastra- independente?
Filho. O independente balho me coloca ve- Muito bom, temquemuita gen-
traz as mais variadas historias zes em situações que facilmente tedivulgação
aí da internet ajuda na
em quadrinhos a cada edição (já poderia ser transformada em dos independentes,
são 3 até agora) e que misturam quadrinhos. destaco nesse meio a que
Michelle
realidade com casos,
ficção,problemas
abordan- Ramos do Zine Brasil sem-
do em alguns Comodovocê enxerga a impor- pre apoio meu trabalho e ago-
sociais
da secacomo drogas e o flagelo tância artista independen- ra você que está me dando essa
no Nordeste. te?Vejo pela importância da fo- oportunidade na qual agradeço
muito
Natural deem Campina Grande mentação das histórias em qua-
(mas mora Patos), Aurélio drinhos, e também da interação
Filho é Policial Militar, dese- de desenhistas e roteiristas, o
nha desde os 17 anos e na déca- quadrinho independente só vem
da de 80decriou em sua cidade um somar no que sedessa refere aoPena
en-
clube quadrinhos chamado grandecimento arte.
Watson Portela, Pernambuca-
em homena- que não temos muito apoio.
gem ao desenhista
no. Também Arteeditou
Final.e desenhou o E o que faltaserpara o artista
Fanzine independente valorizado?
Apoio do consumidor de in-
HQ
Batemos um papo com elemer-
so- na aquisição das publicações
bre seu trabalho e o atual dependentes, valorizando assimo
cado de quadrinhos nacionais: nosso trabalho, infelizmente
público dasmais
HQs espero
independentes
éo tempo
restrito,isso possa mudar.que com
Pra quem nãopraconhece seu
trabalho, conta gente um Como anda a produção de
pouco de como começou o nan- quadrinhos em sua cidade?
quim arretado? Estacionada, na verdade o
O Nanquim Arretado sur- Nanquim Arretado deu um
giu da ideia de reunir alguns novo ânimodeaquelas pessoas
trabalhos meus deem80quadrinhos, que gostam desenhar e fa-e
desde a década tinha esse zer quadrinhos aqui em Patos,
sonho de um dia poder publicar com isso também vez surgir no-
algo independente que pudesse vos adeptos.
divulgar meu trabalho.
seusComo você vê o futuro dos
O que podemos encontrar Na quadrinhos?
revista? Vejo umas futuro mais promis-
Vaivárias
encontrar um quadrinho sor, com pessoas que gostam
com temáticas, foco mui- do quadrinho e do meu traba-
tosociais,
a realidade dos problemas lho valorizando e apoiando meu
Droga, Aborto, Secae in-
no esforço.
nordeste, Suicídio, enfim,
cluo também alguns trabalhos
de terror e ficção.
R E V I S T A F U M E T T I . 1 5
Q s s
H te
l
cia den
s pepen
A UCMComics começou com dois fanáticos por qua- para aqueles dois pretensos quadrinistas que queriam
drinhos desenhando em seus quartos histórias e perso- mostrar seus trabalhos ao mundo de qualquer manei-
nagens com o intuito de fazer uma revista, que pudesse ra. Foi assim que ambos os Marcelos, Castilho e Oliveira,
ser lido também por outras pessoas que não apenas seus projetaram o que seria o primeiro site de quadrinhos para
familiares e amigos. Esses dois fanáticos por quadrinhos download de graça, isso os anos 2000 apenas começando,
e na época decenautas de plantão, são Marcelo de Olivei- lado a lado com outro site expoente, o Nona Arte.
ra e Marcelo Castilho. Claro que ainda não havia a sigla
UCMComics, mas eles já aspiravam em um dia criar um A repercussão foi grande. Pelas estatísticas mensais
selo que viesse a demonstrar que poderiam produzir suas mais de 200 usuários baixavam os quadrinhos da UCMCo-
próprias revistas. Ainda nos anos 1980, mais próximos de mics e o provedor ficava a todo momento pedindo espaço.
1988, fanzines eram produzidos aos borbotões e muitas De lá para cá muitas águas rolaram e assim, muitos pro-
ainda eram de bandas de rock, bandas punks, bandas de jetos de layouts foram ao ar e muitos projetos de quadri-
rockabilly e cinema. Havia fanzines que falavam sobre nhos também foram colocados à prova. A UCMComics não
quadrinhos, claro, mas os Marcelos queriam mostrar que se transformou apenas num selo de quadrinhos indepen-
também faziam quadrinhos e foi assim que surgiram dois dentes para downloads dentro de um site qualquer. Não.
títulos que iniciaram a carreira desses dois quadrinistas
e o surgimento do selo UCMComics (Universo Cultural de O Estúdio se transformou num fomentador de quadri-
Mídias & Comics): O Portal e Conexão Zine. nhos independentes, além de promover cursos, oficinas,
workshops e exposições por toda a cidade e imediações,
E onde estaria o principal alvo para lançar esses dois o Estúdio UCMComics também vem promovendo o acesso
títulos? A Gibiteca de Curitiba e os primeiros encontros a outras mídias. Um Canal no Youtube falando de quadri-
de fanzineiros, onde se trocava de tudo, fanzines de cul- nhos pelo mundo, um podcast com discussões sobre to-
tura diversas por fanzines de rock; fanzines dos os temas que o entretenimento pode abarcar, além de
de quadrinhos por fanzines de fãs do Black Storytelling’s e vídeos diversos sobre o quadrinhos.
Sabbath e por aí vai. Era um divertimento só.
A Gibiteca sempre foi um ponto de en- O Estúdio UCMComics já promoveu um evento de en-
contro e foi lá que fizeram amigos, trevistas junto a Biblioteca Pública do Paraná onde trouxe
participaram de cursos e mensalmente figuras importantes do quadrinho parana-
também foram professo- ense para debater com o público seus trabalhos; o Estúdio
res. Difícil imaginar já se antecipou e revigorou a Gibiteca da Biblioteca Pública
que um dia o do Paraná, onde catalogaram todo o acervo; separaram as
advento da obras raras para serem conservadas e outras obras para
Internet serem restauradas; estantes novas foram compradas
seria para que o acervo estivesse locado por ordem de gêne-
t ã o ros e títulos, ou seja, um respiro delicioso que a Biblioteca
be- teve e que seus usuários aplaudiram.
né-
fico Hoje, o UCMComics continua trilhando seu caminho
com o mesmo propósito, fazer quadrinhos independen-
tes; distribuir seus quadrinhos, seja digital ou impresso
e principalmente estar fomentando o quadrinho nacional
como uma bandeira a ser hasteada dia após dia. Esta é
a meta do Estúdio UCMComics que a mais de 25 anos
está entre os mais conhecidos estúdios de quadrinhos
do Brasil.
1 6 R E V I S T A F U M E T T I .
Uma das muitas séries disponíveis para download
no UCMComics - http://ucmcomics.com/
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HQtes
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E de
In Gringo, agora em livros
Migrar um personagem de HQ para um livro possibilita que a
imaginação de cada leitor produz, tiram dos personagens as
amarras e o desenvolvimento raso, dando a eles a profundidade
que muitas vezes uma HQ não permite.
Experimentamos atualmente um movimento generoso Serão 4 livros pela Editora Red Dragon Publisher,
onde muitos heróis dos quadrinhos migram para outras mostrando um GRINGO como você nunca viu, ele é
plataformas, televisão, cinema e principalmente um am- um cavaleiro solitário, que está bem distante de ser
biente onde eles não precisam sofrer com as limitações um dos tradicionais heróis do West, sempre prontos
de poucas páginas ou mesmo os traços de seu desenhis- a enfrentarem seus inimigos, respeitando as regras de
tas, os livros de prosa. Lá nesse ambiente a interpretação um jogo leal. GRINGO não. Ele não é esse tipo de herói
visual que a imaginação de cada leitor produz, tiram dos idealizado; absolutamente.
personagens as amarras e o desenvolvimento raso, dan-
do a eles a profundidade que muitas vezes uma HQ não E para celebrar esse lançamento, batemos um papo
permite. com Alex Magnos, da Red Dragon Publisher, sobre o
Gringo, Mercado, as outras HQs da Red Dragon... Confira
Em outros países da Europa e nos Estados Unidos, os à seguir:
contos e romances estrelados por super-heróis dos gibis
são uma realidade consolidada, são vários lançamentos
de livros por uma gama ainda maior de editoras e que
virou uma indústria altamente lucrativa.
Bravo Jan
Inspirado no cangaço mesclado
com a arte do grande Will Eisner.
Talvez você tenha achado que o Inspetor Silva te lem- Ainda nos anos 80 criou o personagem e a marca
brou alguém e não sabe de onde? Ô Loco meu, ele é a cara Sapo Xulé, baseado na cantiga de roda “O Sapo não lava
do Faustão! Pra entender um pouco essa história vamos o pé”. Tornou-se sucesso em forma de brinquedos, ga-
conhecer melhor os trabalhos de seu criador: Paulo José mes (produzidos pela TecToy), revistas em quadrinhos e
da Silva, Desenhista, Publicitário, Jornalista, Diretor e ani- passatempo. E que brevemente retornará em campanha
mador! colaborativa para a a publicação de uma Graphic Novel.
Sua carreira começou ainda na década de Fundou a editora Bingo onde criou e produziu
1970, com desenho animado, junto com o jornal Kidnews distribuído nas escolas de São
o animador Guy Lebrun, trabalhou em Paulo, patrocinado por empresas que entra-
inúmeros estúdios de animação. vam com seus produtos em forma de HQ
ou passatempo. Uma inovação na época,
Na Editora Abril ilustrou as capas pois ainda não se falava em novas for-
das HQs Disney e foi um dos principais mas de conteúdo. Com este conceito em
roteiristas das s A TURMA DO PERERÊ mãos criou personagens, revistas e outras
(de Ziraldo) em 1978 e HERÓIS DA TV ações para diferentes produtos e empre-
(da Hanna & Barbera) durante o ano sas como Karo, Nestlé, Johnson&John-
de 1978. Em 1979, após animar um son, Mercedes Benz, Melhoramentos e
comercial com os personagens “Os muitas outras.
Flintstones” foi convidado pelo vice-pre-
sidente da Hanna & Barbera - Art Scott para Atualmente além de desenvolver projetos
trabalhar como animador em seus estúdios próprios, continua criando conteúdo infantil
em Burbank, Califórnia. para empresas, com personagens, roteiros
para HQ ou animação, ilustrando para agencias
Depois disso foi responsável pela mon- de publicidade. Também colabora como ilustra-
tagem do estúdio de animação Maurício de dor de livros infantis e didáticos para as editoras;
Souza - Black & White, onde animou e dirigiu os primeiros Editora Moderna, FTD, Editora do Brasil e Richmond Pu-
curtas e longas metragens da Turma da Mônica na década blishing.
de 1980, onde passou sete anos trabalhando.
2 4 R E V I S T A F U M E T T I .
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Dylan Dog e Martin Mystère
de volta às bancas brasileiras
Para celebrar esse retorno depois de mais de uma década ausentes, apresentamos
d u a s e n t r e v i s t a s e x c l u s i v a s c o m d o i s d o s m a i s c o n c e i t u a d o s d e s e n h i s t a s d e s s e s p e r-
sonagens: Giuseppe Montanari de Dyland Dog e Lucio Filippucci, de Martin Mystère
2 6 R E V I S T A F U M E T T I .
Lucio Filippucci isso e então fui desenhando um pouco de tudo.
sempre para Barbieri, para Corriere della Sera
Hoje, o quadrinho já não tem o mesmo suces-
so de vendas do que de 20-30 anos atrás. Como
(Corrier Boy) e dedicando-me a ilustração para você analisa essa situação?
Por Thadeu Fayad livros infantis e depois figurinhas para Panini A crise de vendas dos quadrinhos segue a
e até o final dos anos oitenta quando conheci crise de todo o setor de papel (livros revistas). Eu
Lucio Filippucci nasceu em 1955, em Bolonha, Castelli. atribuo essa mudança ao advento do digital. Hoje,
aos vinte anos, graças à editora “Edifumetto” de Renzo Por um tempo, você foi o desenhista que os jovens já não lêem nada exceto alguns livros
Barbieri estreou nos quadrinhos, em 1979, substitui o acompanhou o Detetive do impossível nas escolares, mas apenas porque são obrigados. O
lendário Milo Manara na série “Chris Lean” na revista páginas de muitas das iniciativas em que ele digital em todos os níveis da sociedade está nos
“Corrier Boy”, onde também desenhou várias histórias foi chamado de porta-voz: foi casual? E como afetando. Eu prevejo que essa tão voraz revolução
curtas. você avaliaria este engajamento uso “fora do industrial levará a população mundial a médio
padrão” do personagem? prazo a um estado de ignorância comparável à re-
Sua estréia em Martin Mystère foi na edição #148 Castelli confiou-me principalmente uma volução pré-industrial. e, claro, a publicação será
de julho de 1994 e ao todo desenhou 9 edições da série longa história chamada “Il segreto dei teutoni”, a primeira a ser sacrificada.
regular (incluíndo edições comemorativas de número mas eu quebrei-o frequentemente para que
200 e 300 - onde dividiu os desenhos com outros ar- fizesse os quadrinhos de MM como um por- Você tem ótima avaliação entre os leitores
tistas icônicos), 5 edições do “Almanacco del Mistero” ta-voz. Eu acho que foi porque ele gostou de “mysteriosi” (assim são chamados os leitores de
e 3 edições de Martin Mystère As novas aventuras em como eu projetei e pensei que evitei um esti- MM na Itália), mas, após a experiência do Texo-
Cores (onde é feita uma releitura do personagem - lo versátil (fiz muita publicidade no passado), ne, você ainda está trabalhando com Tex na série
saiba mais aqui). Todo esse material ainda é inédito adequado para interpretar as mais diversas regular. Você abandonou a BVTM (bom e velho tio
no Brasil. necessidades. Lembro-me de produções para Martin) permanentemente?
o município de Milão, mas também para jornais Sim, agora estou em Tex em tempo integral e
No “Almanacco del Mistero” (algo como Alma- e campanhas de caridade. Foi um momento fe- também tenho que fazer muitas páginas. Com MM,
naque do Mistério em tradução livre) trabalhou nas liz porque não conhecemos o tédio. Devo dizer no entanto, mantenho um excelente relaciona-
aventuras do “Docteur Mystere” com roteiros de Al- que um mecanismo como este, muito fragmen- mento emocional e confesso que é o único qua-
fredo Castelli, publicado em 1998 e que foi reimpresso tado como tempos e situações, sim. Ele estava drinho que ainda leio com prazer. Agora é Tex, mas
recentemente em edições ampliadas e em cores, lan- perfeitamente sintonizado porque sempre es- o futuro é sempre Mysterioso!
çada em 7 países europeus. capei da rotina como a praga.
Você conheceu Mystère como leitor e depois che- Para um desenhista de Tex, quanto espaço
gou à revista como desenhista: o que mudou em sua existe para iniciativa pessoal: a tradição dos
“visão” do personagem? Você pode dizer: “agora eu grandes nomes (Aurelio Galleppini) é uma ins-
desenho ele como gosto, como imagino”? piração ou um vínculo?
Eu conheci (e amei), do Martyn Mystere pri- Devo dizer que, com Tex, a mudança foi
meiro como leitor. Sempre fiquei fascinado com radical, tanto no estilo do roteiro quanto
as atmosferas fantásticas da arqueologia es- na do design (MM é mais elegante,
pacial em Peter Kolosimo desde a infância Tex. Mais sujo e empoeirado)
e M.M. correspondia e deu substância que na rotina precisamen-
às minhas fantasias. Foi uma grande te. mas, como em todas as
alegria se tornar um dos seus coisas, existem os prós
desenhistas. Na execução do e os contras. Eu tive
personagem que eu queria que sacrificar um
respeitar suas características pouco de liberdade
desde o início, então estudei em troca de uma
cuidadosamente o M.M. feito colaboração certa-
por Alessandrini tentando mo- men- te de prestígio, sendo
dificá-lo o mínimo possível. com o tempo cheguei Tex hoje um dos quadrinhos mais
ao meu Martin que sempre foi fiel aos cânones do lidos no mundo. mas não pos-
personagem.. so desistir de outras coisas. da
ilustração dos livros botânicos, um
Desenhar sua primeira história de Mystère tam- pouco de Martin Mystere, meu antigo e
bém foi seu primeiro trabalho de um grande número insuperável amor literário. para o que
de páginas: o que você sentiu, como foi o impacto, diz respeito ao estilo. sem restrições.
como você lidou com isso e como se saiu? Estudei no início o Tex de Ticci, que
Na verdade, cheguei a Bonelli e Martin Mystere penso ser o melhor desenhista de
depois de uma longa jornada no campo de quadrinhos western, então desenvolvi com o tem-
e ilustração. meu primeiro longa-metragem, e tam- po o “meu” Tex. A iniciativa pessoal, portanto,
bém meu primeiro livro de quadrinhos que acabou é uma parte essencial do nosso trabalho. De-
de sair da escola de arte de Bolonha em 1975, foi um vemos pensar, paralelamente com o cinema,
Biancaneve pelo editor de Barbieri. eram 100 páginas como os diretores de um filme. Nós somos os
difíceis, onde, além disso, era uma tira cômica eróti- que definimos as vinhetas e determinamos sua
ca, eu fui testado com a anatomia e o corpo em mo- direção. máxima criatividade (e responsabili-
vimento. coisas mortais para um iniciante. Mas eu fiz dade).
R E V I S T A F U M E T T I . 2 7