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Programa

ABC Cerrado
Mudanças Climáticas e Agricultura
20 horas
2019 - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR

1a. Edição - 2019


TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui viola-
ção dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

A coleção ABC Cerrado é uma iniciativa do Senar com objetivo de manter disponível
ao público rural os cursos elaborados no âmbito do Projeto ABC Cerrado e demais
tecnologias sustentáveis de produção agropecuária preconizadas no Plano ABC.
 
Fotos
Banco de imagens do SENAR
Banco Multimídia Embrapa
iStock
Shutterstock

Informações e contato
SENAR Administração Central
SGAN 601 – Módulo K Edifício Antônio Ernesto de Salvo – 1º andar
Brasília – CEP 70830-021
Telefone: 61 2109-1300
www.senar.org.br

Presidente do Conselho Deliberativo do SENAR


João Martins da Silva Junior

Diretor Geral do SENAR


Daniel Klüppel Carrara

Diretora de Educação Profissional e Promoção Social


Andréa Barbosa Alves

Coordenadora de Programas Especiais


Janei Cristina Santos Resende

Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância


Ana Ângela de Medeiros Sousa

Coordenador Técnico do Projeto ABC Cerrado


Mateus Moraes Tavares

Equipe técnica Senar


Dyovanna Depolo de Souza Pinto
Larissa Arêa Sousa
Sumário

Apresentação........................................................................................................................... 4

Módulo 1: Contextualização...............................................................................................16
Aula 1: Conceitos importantes........................................................................................................19
Aula 2: Histórico e cenário mundial................................................................................................33
Aula 3: O Brasil no contexto global................................................................................................42
Aula 4: Marco legal.............................................................................................................................47
Atividade de aprendizagem..............................................................................................................52

Módulo 2: Setor Agropecuário e as Mudanças Climáticas..........................................55


Aula 1: Impactos negativos..............................................................................................................57
Aula 2: Medidas possíveis.................................................................................................................74
Aula 3: Importância do setor agropecuário na redução das emissões de GEE....................79
Atividade de aprendizagem..............................................................................................................82

Módulo 3: Ações Setoriais..................................................................................................85


Aula 1: O Plano ABC..........................................................................................................................87
Aula 2: Linha de crédito do Programa ABC............................................................................... 105
Atividade de aprendizagem........................................................................................................... 109

Encerramento...................................................................................................................... 111

Referências.......................................................................................................................... 112
Apresentação
Bem-vindo(a) ao curso Mudanças Climáticas e Agricultura!

Você verá, neste curso, conceitos importantes inerentes às mudanças cli-


máticas, acordos e programas que foram criados para conter os impac-
tos negativos do aquecimento global e diminuir a emissão dos gases que
causam o efeito estufa. Você também vai conhecer, com mais detalhes o
Plano ABC, que promove uma agricultura de baixa emissão de carbono.

Fonte: CNA Brasil / Foto: Adriano Brito


Apresentação

O curso está organizado em três módulos.


Confira as aulas que compõem cada um.

Módulo 1 – O Bioma Cerrado

Aula 1 – Conceitos importantes

Aula 2 – Histórico e cenário mundial

Aula 3 – O Brasil no contexto global

Aula 4 – Marco legal

Módulo 2 – Setor Agropecuário e as Mudanças Climáticas

Aula 1 – Impactos negativos

Aula 2 – Medidas possíveis

Aula 2 – Importância do setor na redução das emissões de GEE

Módulo 3 – Ações Setoriais

Aula 1 – O Plano ABC

Aula 2 – Linha de crédito do Programa ABC

Este curso faz parte da Coleção ABC Cerrado – Tecnologias Sustentáveis


de Produção Agropecuária no Bioma Cerrado. Essa coleção, que é com-
posta de sete cursos, é fruto do Projeto ABC Cerrado, que foi implemen-
tado durante os anos de 2014 a 2019. Vamos conhecer um pouco mais
sobre esse projeto?

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Apresentação

O Projeto ABC Cerrado


O Brasil ocupa um lugar de destaque entre os maiores produtores de ali-
mentos do mundo, além de ser um dos países que mais preserva o meio
ambiente – consegue produzir em apenas 27,7% do seu território, en-
quanto mantém 61% coberto com vegetação nativa.
Mesmo assim, durante a 15ª Conferência das Partes (COP-15), em 2009,
o País assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito
estufa (GEE). De lá para cá, a agricultura de baixa emissão de carbono
(ABC) passou a receber uma atenção maior por parte do Governo e de
diversas instituições, que criaram programas para incentivar o produtor
rural brasileiro a adotar técnicas sustentáveis.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) participa dessas
iniciativas que contribuem com a meta nacional de redução de emis-
são de gases do efeito estufa pela atividade agropecuária. É o caso do
Projeto ABC Cerrado, que disseminou práticas de agricultura de baixa
emissão de carbono e estimula o produtor a investir na sua propriedade,
para impulsionar a produtividade e a renda, ao mesmo tempo em que
preserva o meio ambiente.
Oito estados do bioma Cerrado participaram do Projeto: Bahia, Distrito
Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí e
Tocantins.

O projeto foi desenvolvido em parceria com o Ministério


da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), com recursos do Programa de Investimento
em Florestas (FIP) e o Banco Mundial.

O SENAR atuou como responsável pela transferência de tecnologias aos


produtores rurais do bioma Cerrado por meio de capacitação, pela formação
de instrutores e de técnicos de campo, além de fornecer assistência técnica
e gerencial à atividade rural, com foco em tecnologias preconizadas pelo
Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).

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Apresentação

Desde a sua criação, o SENAR levou aos agricultores e pecuaristas bra-


sileiros os avanços da ciência e da tecnologia. Com esse curso, espera
contribuir para o crescimento do seu empreendimento e da produção de
alimentos com sustentabilidade.

No ambiente virtual de aprendizagem (AVA), você poderá


assistir ao vídeo que conta a história de sucesso do Senhor
Alcides e de sua família que foram beneficiados pelo
Projeto ABC Cerrado.

Vale a pena conferir!

Os Cursos
A coleção ABC Cerrado é composta por um conjunto de sete cursos:

Recuperação de Pastagens Degradadas


Carga horária: 20 horas

Sistema Plantio Direto


Carga horária: 30 horas

Florestas Plantadas
Carga horária: 30 horas

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Apresentação

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Carga horária: 30 horas

Tratamento de Dejetos Animais


Carga horária: 20 horas

Fixação Biológica de Nitrogênio


Carga horária: 20 horas

Mudanças Climáticas e Agricultura


Carga horária: 20 horas

Esses cursos foram desenvolvidos com o objetivo de


levar a você e aos demais produtores do bioma Cerra-
do a atualização sobre novas técnicas que favorecem a
redução na emissão de gases de efeito estufa que pro-
movem o aquecimento global, ao mesmo tempo que
entregam ao produtor maior produtividade e retorno
econômico na atividade.

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Apresentação

Fazenda Rio Novo


Para facilitar sua compreensão dos assuntos e das técnicas abordadas
nos sete cursos, apresentaremos o caso fictício da fazenda Rio Novo. Ela
é de propriedade da família do Sr. Antônio e da Sra. Teresa e fica no esta-
do de Goiás, em uma região onde predomina o bioma Cerrado.
Todos dessa família vão se empenhar em adotar práticas sustentáveis na
propriedade, que trarão maior produtividade e ainda contribuirão para re-
duzir a emissão dos GEEs. Cada membro será o responsável principal por
uma ação específica na fazenda e acompanhará os participantes dos dife-
rentes cursos. Conheça um pouco dessa família.

Antônio Teresa João Carmen Rogério Natália Mariana


76 anos 72 anos 49 anos 47 anos 28 anos 24 anos 20 anos

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Apresentação

Antônio
76 anos
Ensino fundamental completo

No final da década de 1960, Antônio herdou um pedaço de terra no interior de


Goiás, região de Cerrado, e lá iniciou um discreto plantio de milho. Alguns anos
mais tarde, passou também a criar gado na mesma propriedade.
Sem muito estudo, viu sua propriedade crescer, fruto de seus esforços e de
sua esposa, Dona Teresa. No entanto, junto com o crescimento da propriedade
também veio a degradação das pastagens pelo gado e pelo manejo incorreto
da própria pastagem.
Hoje, o Sr. Antônio quer reintegrar as áreas degradadas pela pastagem ao pro-
cesso de produção de alimentos. Com isso, quer evitar a abertura de novas
áreas para a pastagem, o que é benéfico ao meio ambiente, além de trazer
economia para o próprio bolso.
Para isso, pretende aplicar práticas que recuperem a capacidade produtiva do
solo degradado na fazenda Rio Novo.
Você pode acompanhar essa empreitada do Sr. Antônio no curso Recuperação
de Pastagens Degradadas.

Teresa
72 anos
Ensino fundamental completo

Ao lado do Sr. Antônio, Teresa plantou as primeiras sementes de milho na pro-


priedade Rio Novo ainda na década de 1960. Juntos, trabalharam duro para
que essa propriedade crescesse e fosse produtiva.
Ela é uma pessoa muito observadora e gosta de conversar com outros produ-
tores da região. Sempre em contato com os vizinhos e “antenada” em tudo que
acontece por ali.
Apesar de não ter tido a oportunidade de estudar além do ensino fundamental,
viu que seus vizinhos utilizavam uma técnica muito interessante para proteger
o solo e evitar erosões. Quem sabe a técnica não daria certo na fazenda Rio
Novo? Resolveu testar e... deu!
Agora, Dona Teresa quer aprimorar ainda mais a aplicação da técnica para re-
solver os problemas de conservação de água e solo, como a erosão na fazenda
Rio Novo. Você pode conferir mais sobre a técnica e os resultados que ela ob-
teve no curso Sistema Plantio Direto.

10
Apresentação

João
49 anos
Técnico agrícola

João cresceu vendo seus pais, Antônio e Teresa, darem duro na fazenda Rio
Novo e presenciou o grande crescimento da propriedade.
Inspirado pela dedicação e amor dos pais pela terra, nunca passou pela sua
cabeça deixar o campo para exercer outra atividade... Queria fazer a diferença
no campo!
Assim, ao terminar o Ensino Médio, matriculou-se em um curso técnico agrí-
cola. Lá teve a ideia, junto com Carmen, hoje sua esposa, de plantar árvores
comerciais de rápido crescimento na fazenda, como uma alternativa de renda
para a família.
Acompanhe o João no curso Florestas Plantadas.

Carmen
47 anos
Técnica agrícola

Carmen conheceu seu marido João ainda na adolescência, no colégio onde es-
tudavam. Ao se casar com João, mudou-se para a fazenda Rio Novo, de pro-
priedade de seu sogro Antônio.
Fizeram juntos o mesmo curso técnico agrícola, onde tiveram a ideia de plantar
espécies florestais na propriedade.
Para fazer a ideia dar ainda mais certo, Carmen tem se empenhado em integrar
a lavoura e as pastagens à nova área florestal.
Sempre cuidadosa, quer aumentar a renda da propriedade, mas sem descuidar
da legislação ambiental vigente.
Você pode acompanhar o passo a passo de suas ações no curso integração
Lavoura-Pecuária-Floresta.

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Apresentação

Rogério
28 anos
Engenheiro agrônomo

Rogério é o filho mais velho do casal João e Carmen, primeiro neto de Antônio
e Teresa.
Apaixonado pela terra, formou-se engenheiro agrônomo.
Durante a graduação, percebeu que o dejeto de animais pode se tornar uma
potencial fonte de energia e até mesmo de renda.
Por isso, tem se empenhado em tratar esses dejetos da forma correta na pro-
priedade Rio Novo.
Você pode aprender a técnica utilizada pelo Rogério no curso Tratamento de
Dejetos Animais.

Natália
24 anos
Bióloga

Natália é filha do casal João e Carmen e neta de Antônio e Teresa. Sempre mui-
to curiosa, desde criança desejava ser “cientista”.
Influenciada pelo ambiente em que cresceu, e enxergando uma oportunidade
para colocar em prática toda a sua curiosidade sobre as plantas e animais, tor-
nou-se bióloga.
Seu Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre o ciclo do nitrogênio na natu-
reza. Com base nos amplos conhecimentos obtidos em seus estudos, tem de-
fendido o plantio, na fazenda Rio Novo, de propriedade da família, de espécies
que possibilitem a fixação de nitrogênio no solo. Isso permitirá uma melhora na
fertilidade do solo da propriedade.
Você também pode ter acesso a esses conhecimentos da Natália realizando o
curso Fixação Biológica de Nitrogênio.

12
Apresentação

Mariana
20 anos
Estudante de Engenharia Ambiental

Filha mais nova do casal João e Carmen, defende o meio ambiente com unhas
e dentes, mas sem se descuidar do setor produtivo da fazenda!
Está no terceiro ano da faculdade de Engenharia Ambiental e deseja especiali-
zar-se na área de sustentabilidade no campo.
Quer permanecer na propriedade Rio Novo da família, adaptando a produ-
ção às mudanças climáticas e fiscalizando a adoção de práticas sustentá-
veis por todos!
O curso Mudanças Climáticas e Agricultura fala sobre esse assunto e apre-
senta as práticas sustentáveis defendidas pela Mariana.

A família do Sr. Antônio contará com a ajuda do Marcos,


técnico do SENAR que atende à região. Você perceberá que,
em diferentes momentos dos cursos, o técnico Marcos enviará
dicas e orientações por meio de áudios. Portanto, ao se
deparar com o ícone ao lado nos cursos, não deixe de ouvir
suas valiosas dicas!

Mas aqui na apostila vamos facilitar para você e colocar a


transcrição dos áudios.

Por isso que é tão importante você acessar o ambiente virtual


de aprendizagem e passar por essa experiência de interação
com o conteúdo.

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Apresentação

Recursos educacionais e interativos


Ao longo do curso, você encontrará imagens, áudios e vídeos. O objeti-
vo é tornar seu aprendizado mais interessante e prazeroso. Além disso,
também se deparará com recursos interativos que ajudarão a aplicar da
melhor forma os novos conhecimentos.

No AVA, sempre que você vir um ícone com alguma


animação, principalmente com setas, significa que
uma informação será exibida ao clicar sobre ele. Não
deixe de conferi-la, pois esses elementos fazem parte
de uma experiência de aprendizagem completa!

Outro exemplo de recurso interativo são as palavras destacadas, que exi-


birão sua definição ou uma explicação extra quando forem acionadas. Veja
como vai aparecer lá no AVA.
A maioria dos solos no cerrado é muito antiga, bas-
Processos
tante modificada pela ação de processos químicos e químicos e físicos
físicos, e possui baixa fertilidade, com sérias limita- Também chamados
ções à produção. de intemperismo.

Durante todo o curso, você terá a companhia da


Mariana, a caçula da família do Sr. Antônio e da
Dona Teresa.

Como você já viu, ela é estudante de Engenharia


Ambiental e defende o meio ambiente, mas sem se
descuidar do setor produtivo da fazenda!

Neste curso você vai conhecer as práticas susten-


táveis defendidas pela Mariana.

Então, sempre preste muita atenção ao que ela tem


a dizer!

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Apresentação

Atividades de aprendizagem
A navegação pelo conteúdo deste curso é sequencial e linear. Isso signifi-
ca que você deve acessar o primeiro módulo e conferir todos as aulas. Ao
final, você realizará a  atividade de aprendizagem  para, então, liberar o
conteúdo do módulo seguinte.

As atividades de aprendizagem têm o objetivo de verificar


se você teve um bom aproveitamento em relação ao con-
teúdo do módulo. Por isso é tão importante acessar o AVA
e responder à atividade para liberar o módulo seguinte.

Canais de comunicação
Este é um curso autoinstrucional, mas isso não significa que você está
sozinho nesta jornada!
Durante seus estudos, você poderá utilizar os canais de comunicação dis-
ponibilizados no seu AVA para esclarecer dúvidas técnicas com a monito-
ria do curso.

Os monitores dão o suporte necessário às dúvidas de cunho


mais técnico relacionadas ao AVA e às regras de conclusão do
curso.

Siga em frente e bom estudo!

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Módulo 1:
Contextualização
O setor agropecuário possui uma estreita relação com o tema mudanças
climáticas, tanto por ainda ser considerado um dos setores mais respon-
sáveis pelas emissões de Gases Efeito Estufa (GEE), como por sofrer im-
portantes impactos no desenvolvimento de suas atividades.
Módulo 1 – Contextualização

Neste primeiro módulo, falaremos sobre as características do cerrado.


Veja o que preparamos para cada aula deste módulo:

Aula 1 - Conceitos Aula 2 - Histórico e cenário


importantes mundial
• O que é mudança climática?
• O que é efeito estufa?
• O que é aquecimento
global?
• Análise da vulnerabilidade
nas mudanças climáticas

Aula 3 - O Brasil no Aula 2 - Marco legal


contexto global

17
Módulo 1 – Contextualização

Você pode buscar mais conhecimentos com a Embrapa!


Visite a Unidade da Embrapa mais próxima de sua pro-
priedade. Todas elas possuem biblioteca com muitas pu-
blicações disponíveis para leitura, além de pesquisadores
para poder conversar.
No site da Biblioteca da Embrapa, também é possível en-
contrar muitas informações. Acesse:
• https://www.embrapa.br/biblioteca
O serviço Informação Tecnológica em Agricultura (Info-
teca-e) dá acesso a informações técnicas na forma de car-
tilhas, livros para transferência de tecnologia, programas
de rádio e de televisão editados com linguagem adaptada
de modo que produtores rurais, extensionistas, técnicos
agrícolas, estudantes e professores de escolas rurais, co-
operativas e outros segmentos da produção agrícola pos-
sam assimilá-los com maior facilidade. Visite:
• https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br
Você também poderá comprar livros publicados pela Em-
brapa diretamente no site de comunicação. Acesse:
• http://vendasliv.sct.embrapa.br/liv4/principal.
do?metodo=iniciar

Pronto(a) para começar a primeira aula?

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Módulo 1 – Contextualização

Aula 1: Conceitos
importantes
Nesta primeira aula do Módulo 1, você conhecerá alguns conceitos impor-
tantes referentes às alterações no clima que ocorrem no nosso planeta.

O que é Mudança Climática?


Mudança climática é uma variação a longo prazo, estatisticamente
significante, em um parâmetro climático médio ou na sua variabilidade,
durante um período extenso. São exemplos de parâmetros climáticos que
podem sofrer tais variações: temperatura, precipitação, regime de chuvas
e ventos.
As mudanças climáticas verificadas ao longo do tempo podem ser devidas
a causas naturais, neste caso sendo chamadas de variabilidade climática
natural ou, então, podem ser atribuídas à realização de algumas atividades
humanas ou antrópicas.

19
Módulo 1 – Contextualização

O que é efeito estufa?


Efeito estufa é um fenômeno natural, caracterizado pela retenção de calor
feita por gases que estão presentes na atmosfera.

Esse processo é responsável por manter a Terra em uma temperatura


adequada, garantido o calor necessário à vida. Sem ele, certamente nosso
planeta seria muito frio e a sobrevivência dos seres vivos seria afetada.

Efeito Estufa
3 camada de ozônio

gases
2 5
1

1) O sol emite radiação em direção ao planeta.


2) Parte dessa radiação atravessa os gases presentes na atmosfera e
atinge a Terra.
3) Outra parte da radiação solar é refletida pelas nuvens, não chegando a
atingir a superfície da Terra.
4) Da radiação que atinge a superfície da Terra, parte é absorvida pelos
solos e oceanos e parte também é refletida de volta para a atmosfera, na
forma de radiação infravermelha (calor).
5) É esse calor refletido de volta para a atmosfera que é retido pelos gases
que estão presentes nesta camada, formando um efeito estufa e gerando
o aquecimento do planeta.

20
Módulo 1 – Contextualização

Talvez você esteja se perguntando: “Mas se é um fenômeno natural


importante para a manutenção da vida na Terra, por que o efeito estufa se
relaciona às atividades humanas causadoras do aquecimento global?”

É que a intensificação de atividades industriais e agrícolas, que deman-


dam áreas para produção (e, consequentemente, geram desmatamento),
e o uso dos transportes aumentaram muito a emissão e a concentração de
gases de efeito estufa na atmosfera, espessando essa camada e elevando
a retenção de calor.
A partir da Revolução Industrial o homem passou a emitir quantidades
significativas de GEE. Desde o início da era Industrial, houve um aumento
de 35% da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera. Assim, as
atividades humanas passaram a ter influência importante nas mudanças
climáticas.

Gases causadores do efeito estufa


Os gases causadores do efeito estufa (GEE) são aqueles presentes na at-
mosfera que absorvem o calor advindo da radiação emitida de volta para
o espaço pela superfície terrestre.

21
Módulo 1 – Contextualização

Os principais são:

(CO2) Dióxido de carbono: é o mais abundante entre os gases de efeito


estufa, visto que pode ser emitido a partir de diversas atividades huma-
nas. O uso de combustíveis fósseis, como carvão mineral e petróleo, é uma
das atividades que mais emitem esses gases.

(CH4) Gás metano: é o segundo maior contribuinte para o aumento das


temperaturas da Terra, com poder 21 vezes maior que o dióxido de car-
bono. Provém de atividades humanas ligadas a aterros sanitários, lixões e
pecuária. Além disso, pode ser produzido por meio da digestão de rumi-
nantes e eliminado por eructação (arroto) ou por fontes naturais. Cerca de
60% da emissão de metano provém de ações antrópicas.

(N2O) Óxido nitroso: pode ser emitido por bactérias no solo ou no ocea-
no. As práticas agrícolas são as principais fontes de óxido nitroso advindo
da ação humana. Exemplos dessas atividades são o cultivo do solo, o uso
de fertilizantes nitrogenados e o tratamento de dejetos. O poder do óxido
nitroso de aumentar as temperaturas é 298 vezes maior que o do dióxido
de carbono.

22
Módulo 1 – Contextualização

(Outros) Gases fluoretados: são produzidos pelo homem a fim de aten-


der às necessidades industriais. Como exemplos desses gases, pode-se
citar os hidrofluorcarbonetos, usados em sistemas de arrefecimento e re-
frigeração; hexafluoreto de enxofre, usado na indústria eletrônica; perflu-
orocarbono, emitido na produção de alumínio; e clorofluorcarbono (CFC).

(H2O) O vapor d’água presente na atmosfera também capta o calor ir-


radiado pela superfície terrestre, distribuindo-o novamente em diversas
direções, contribuindo, dessa forma, para o aquecimento do planeta.

O que é aquecimento global?


É aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar pró-
xima à superfície da Terra, verificada em relação a médias históricas de
temperaturas de períodos anteriores, relacionado ao desenvolvimento de
atividades humanas.

O principal responsável pela sistematização e divulgação


de estudos relacionados ao aquecimento global é o Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Inter-
governmental Panel Climate Change – IPCC, na sigla em
inglês), órgão atrelado à Organização das Nações Unidas
(ONU).

Conforme o Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, 2007, nos últimos


séculos, a temperatura média da superfície da Terra aumentou cerca de
0,8 °C e a projeção é de uma elevação entre 1,4 °C a 5,8 °C nos próximos
100 anos. Importante destacar que esse incremento da temperatura não é
espacialmente distribuído na Terra, sendo algumas regiões mais afetadas
pelo fenômeno que outras.

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Módulo 1 – Contextualização

Lá na fazenda Rio Novo


Olá!

Já estou por aqui para te dizer algo bem interessante


sobre o aquecimento global.

Os 20 anos mais quentes foram registrados nos úl-


timos 22 anos, sendo que 2015 a 2018 são os anos
que ocupam os quatro primeiros lugares do ranking,
é o que apontou a Organização Meteorológica Mun-
dial (OMM), em 2018. Se essa tendência continuar, as
temperaturas poderão subir de 3 a 5 graus até 2100.
Segundo o IPCC, um grau pode não parecer muito,
mas, se os países não tomarem uma atitude, o mundo
enfrentará mudanças catastróficas.

Em 2018, foram registradas temperaturas altas em


diversos lugares do mundo em meio a um período de
clima quente excepcionalmente prolongado. Grandes
porções do hemisfério norte presenciaram uma su-
cessão de ondas de calor que atingiu a Europa, a Ásia,
a América do Norte e o norte da África – resultado
de fortes sistemas de alta pressão que criaram uma
“redoma de calor”.

E você sabe o que causa o aquecimento global?

Segundo a maioria dos estudos científicos e dos relatórios de painéis climáticos,


a ocorrência do aquecimento global é um fenômeno causado pelas atividades
humanas.

Para o IPCC, é mais do que comprovada a série de mudanças climáticas


ocorridas nos últimos tempos e a participação do ser humano nesse processo. O
IPCC afirma que há 90% de certeza de que o aumento de temperatura na Terra
está sendo causado pela ação do homem.

24
Módulo 1 – Contextualização

Quais atividades humanas podem ser responsá-


veis pelo aquecimento global?

Queima de combustíveis fósseis (derivados


Indústria do petróleo, carvão mineral e gás natural)
para geração de energia.

Aumento do uso dos transportes e gases Descarte inadequado de resíduos sólidos


emitidos por escapamentos de carros. em lixões e os aterros sanitários.

25
Módulo 1 – Contextualização

Agropecuária: queima de matéria orgânica,


queima de palhada, tratamento inadequado A mudança no uso do solo, principalmente
de dejetos animais, revolvimento dos solos, com a conversão de áreas de vegetação
alimentação inadequada dos animais com nativas em áreas de uso pelas atividades
pastagens degradadas e muito fibrosas, fer- econômicas.
mentação entérica dos animais, especialmente
dos bovinos, uso inadequado de fertilizantes.

Consequências do aquecimento global

São várias as consequências do aquecimento global e algumas delas já


podem ser sentidas em diferentes partes do planeta. As consequências
podem ser divididas em diretas e indiretas. Dentre as diretas estão o au-
mento da frequência e intensidade de eventos climatológicos extremos
(tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca, nevascas, fu-
racões, tornados e tsunamis). Já entre as indiretas estão a perda da bio-
diversidade, a maior incidência de doenças e o aumento do número de
migrações.

26
Módulo 1 – Contextualização

Os cientistas já observam que o aumento da temperatura média do pla-


neta tem causado o derretimento das geleiras das calotas polares e a ele-
vação do nível do mar, podendo ocasionar o desaparecimento de ilhas e
cidades litorâneas densamente povoadas.

A previsão de uma frequência maior de eventos extremos climáticos im-


plica em graves consequências para populações humanas e ecossistemas
naturais, podendo ocasionar a extinção de espécies de animais e de plan-
tas. Existem previsões de que os impactos negativos serão maiores nas
regiões tropicais e subtropicais do que nas temperadas.

As consequências das mudanças do clima que ocorrem no meio físico ou


na biota e que têm efeitos deletérios significativos sobre a composição, a
resiliência ou a produtividade de ecossistemas naturais e manejados, so-
bre o funcionamento de sistemas socioeconômicos ou, ainda, sobre a saú-
de e o bem-estar humanos são consideradas efeitos adversos do aqueci-
mento global.

27
Módulo 1 – Contextualização

Lá na fazenda Rio Novo


Cabe destacar que, de todas as atividades econômicas
que o homem exerce, a agricultura e a pecuária são,
naturalmente, as mais dependen-
tes do clima e, consequentemente,
as mais vulneráveis à sua mudança. Vulnerável
é algo ou
Portanto, a ocorrência das mudan- alguém
ças do clima pode afetar a produção frágil, que
agropecuária e trazer consequências pode ser
negativas e imprevisíveis para esse facilmente
setor. afetado,
ferido.
Minha família está ciente dessas con-
sequências, e estão todos aplicando
as boas práticas do Plano ABC lá na
fazenda Rio Novo.

E com o apoio do Técnico do SENAR, o Marcos, esta-


mos conseguindo fazer mudanças significativas, tanto
na nossa propriedade quanto nas dos nossos vizinhos.

A mudança do clima poderá ser tão intensa nas próximas décadas a ponto
de mudar a geografia da produção agrícola no Brasil e no mundo. Estudo
recente mostra que o aumento de temperatura pode provocar, no Brasil,
de modo geral, uma diminuição de regiões aptas para o cultivo dos grãos.
Assim, municípios que hoje são grandes produtores podem não ser mais
em 2020 ou 2050, por exemplo.
Diante desse cenário, é possível ver que as atividades agropecuárias apre-
sentam uma relação direta com as mudanças climáticas, podendo tanto
ser responsáveis pelo aumento das concentrações atmosféricas de GEE,
como ter sua viabilidade afetada pelas mudanças climáticas.

28
Módulo 1 – Contextualização

Análise da vulnerabilidade nas mudan-


ças climáticas
Vulnerabilidade é um parâmetro que mede o grau de suscetibilidade de
um sistema ou setor aos efeitos adversos da mudança do clima, como a
agricultura, por exemplo.

Os fatores que determinam a vulnerabilidade de um determinado sistema


são: os impactos potenciais aos quais um sistema está sujeito e sua capa-
cidade de se adaptar a novas temperaturas.

Confira mais informações sobre cada um dos fatores no esquema a seguir.

Exposição Sensibilidade

Impactos Potenciais Capacitade Adaptativa

Vulnerabilidade

29
Módulo 1 – Contextualização

Exposição: Representa todas as mudanças do clima relacionadas aos


componentes que causam a alteração meteorológica, como:

• a alteração da média de precipitação (acréscimo ou decréscimo);

• a variabilidade (maior dificuldade de manter o equilíbrio hidrológico,


sobretudo, o relacionado aos níveis de umidade do solo);

• a ocorrência de extremos climáticos, como secas (incluindo sua frequ-


ência/magnitude).

Sensibilidade: Representa o contexto socioeconômico e ambiental


que contribui para ampliar ou reduzir os efeitos da exposição à mudança
do clima.

Impactos potenciais: Irão depender da exposição e sensibilidade do


sistema.

Capacidade adaptativa: Representa a capacidade de resposta e de


reordenamento dos sistemas humanos frente às possíveis mudanças do
clima.

E o que podemos fazer para lidar com essa


realidade do aquecimento global?

30
Módulo 1 – Contextualização

Para lidar com essa realidade do aquecimento global podem ser tomados
dois tipos de medidas: mitigadoras ou adaptativas.

As medidas adaptativas são inicia-


tivas para reduzir a vulnerabilidade
dos sistemas naturais e humanos,
Medidas adaptativas
ou dos setores, aos efeitos adversos
atuais e esperados da mudança do
clima.
Já as medidas mitigadoras são
aquelas voltadas para a redução das
emissões de gases causadores de
efeito estufa. Mudanças e substitui-
ções tecnológicas que reduzam as
Medidas mitigadoras emissões por unidade de produção
são bons exemplos de medidas miti-
gadoras. Também é possível aumen-
tar os sumidouros: processo, ativida-
de ou mecanismo que removem da
atmosfera os GEE.

31
Módulo 1 – Contextualização

Lá na fazenda Rio Novo


Olá!

Quantas informações importantes, não é mesmo?

Existem várias maneiras de reduzir as emissões de


GEE e os efeitos adversos do aquecimento global. Tal-
vez você já conheça algumas delas.

• evitar a abertura de novas áreas;

• investir no reflorestamento e na conservação de


áreas naturais;

• incentivar o uso de energias renováveis não con-


vencionais como, por exemplo, solar, eólica, bio-
massa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs);

• preferir biocombustíveis (etanol, biodiesel) a com-


bustíveis fósseis (gasolina, óleo diesel);

• investir na redução do consumo de energia e na efi-


ciência energética;

• reduzir, reaproveitar e reciclar materiais;

• investir em tecnologias de baixo carbono;

• melhorar o transporte público com baixa emissão


de GEE;

• entre outras possibilidades.

Algumas dessas medidas podem ser adotadas por nós,


em casa. E outras podem ser estabelecidas através de
políticas nacionais e internacionais de clima.

Na próxima aula conheça um breve histórico sobre


como as mudanças climáticas vem sendo abordada no
cenário mundial.

Siga em frente!

32
Módulo 1 – Contextualização

Aula 2: histórico e
cenário mundial
Agora que você já entende os principais conceitos sobre mudanças
climáticas, podemos conferir um breve histórico que nos mostra como o
assunto vem sendo abordado no cenário mundial. Conheça os acordos
que foram sendo tratados entre os países, ao longo dos anos, para frear
os efeitos negativos do aquecimento global.

Em 1979
Ocorreu a primeira Conferência
Mundial do Clima, com caráter cien-
tífico, apelando às nações que to-
massem conhecimento e investigas-
sem as mudanças climáticas e seus
impactos. A Conferência foi orga-
nizada pela Organização Meteoro-
lógica Mundial (OMM) e reuniu, em
Genebra (Suíça), cientistas e espe-
cialistas de 53 países e 24 organiza-
ções internacionais, com o objetivo
de debater questões ambientais re-
ferentes à agricultura, recursos hídri-
cos, energia, biologia e economia.

33
Módulo 1 – Contextualização

Em 1988
A ONU criou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC). O IPCC é um órgão
intergovernamental que avalia e endossa pesquisas científicas, sintetiza
e divulga conhecimento sobre mudanças climáticas no mundo. O órgão é
aberto para todos os países membros das Nações Unidas.

Em 1990
Aconteceu a segunda Conferência Mundial do Clima, na qual ocorreu a
avaliação e atualização das decisões tomadas na primeira conferência, só
que dessa vez, com base nas novas pesquisas sobre o aquecimento global
realizadas no tempo decorrido entre ambas, e fundamentada no primeiro
relatório produzido pelo IPCC.

Em 1992
Aconteceu o primeiro passo para a
formalização de um tratado interna-
cional vinculativo, a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Am-
biente e Desenvolvimento. Também
conhecida como ECO-92, a confe-
rência reuniu chefes e representan-
tes de Estado de vários países do
mundo, no Rio de Janeiro (Brasil),
para debater temas gerais da agen-
da ambiental. Na ECO-92 teve início
o processo de criação da Conven-
ção-Quadro das Nações Unidas so-
bre Mudanças do Clima (UNFCCC).

Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima


A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (em inglês, United Nations Framework
Convention on Climate Change ou UNFCCC) é uma base de cooperação internacional, em que os seus
países membros buscam estabelecer políticas para reduzir e estabilizar as emissões de gases de efeito
estufa em um nível no qual as atividades humanas não interfiram seriamente nos processos climáticos.

34
Módulo 1 – Contextualização

Princípios da UNFCCC
Um dos princípios fundamentais da UNFCCC é o de “responsabilidades
comuns, porém diferenciadas”. Os países desenvolvidos, por suas respon-
sabilidades históricas e atuais pelo aquecimento global e sua maior capaci-
dade financeira e tecnológica, devem tomar a dianteira na implementação
de metas ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito estufa
e prover apoio financeiro e tecnológico aos países em desenvolvimento.
Estes, por sua vez, devem contribuir para enfrentar a mudança do clima
de forma compatível com o imperativo do crescimento econômico e social,
conforme reconhecido pela Convenção-Quadro.

Assinado e ratificado por 175 países


O texto da Convenção foi assinado e ratificado por 175 países, que reco-
nheceram a necessidade de um esforço global para o enfrentamento das
questões climáticas. Com a entrada em vigor da Convenção do Clima, os
representantes dos diferentes países passaram a se reunir anualmente
para discutir a sua implementação. Estas reuniões são chamadas de Con-
ferências das Partes (COPs).

Em 1997
Foi assinado o Protocolo de Quioto,
um tratado internacional que esti-
pulou metas de reduções obrigató-
rias dos principais gases de efeito
estufa para os países signatários,
no período de 2008 a 2012. Apesar
da resistência por parte de alguns
países desenvolvidos, foi acordado
o princípio da responsabilidade co-
mum, porém, diferenciada, confor-
me descrito anteriormente. Assim,
os países desenvolvidos e indus-
trializados, por serem responsáveis
históricos pelas emissões e por te-
rem mais condições econômicas para arcar com os respectivos custos,
seriam os primeiros a assumir as metas de redução até 2012.

35
Módulo 1 – Contextualização

Em 2005
Contudo, o Protocolo só entrou em vigor em 2005, quando 192 países
ratificaram o acordo, representando juntos 55% das emissões de gases
de estufa do mundo e atingindo a condição necessária para que este en-
trasse em vigor.

Protocolo de Quioto
O Protocolo de Quioto complementou a UNFCCC, ao estabelecer metas
quantitativas legalmente obrigatórias de redução de emissões de gases
de efeito estufa para países desenvolvidos. Suas regras rígidas para mo-
nitoramento, informação e verificação de emissões e remoções desses
gases oferecem base de comparabilidade entre os esforços dos países
desenvolvidos e integridade ambiental dos resultados.

Em 2012
Durante a COP 18, em Doha, quan-
do estava prevista a finalização do
Protocolo de Quioto, foi observado
o não atingimento das metas por
diversos países e o Protocolo foi
prorrogado até 2020.

Em 2015
Na reunião da COP, em Paris, foi
assinado o Acordo de Paris, su-
cessor do Protocolo de Quioto. Ao
contrário do Protocolo de Quioto,
que se baseava na obrigatoriedade
de redução das emissões de gases
estufa aos países desenvolvidos, o
Acordo de Paris quer envolver to-
das as nações na redução de emis-
sões e incentivar as ações voluntá-
rias e a transparência.

36
Módulo 1 – Contextualização

A adoção do Acordo de Paris, em 2015, inaugurou uma nova fase do re-


gime multilateral, marcada por maior ambição para o enfrentamento da
mudança do clima em escala mundial.

Os principais objetivos do acordo de Paris são:

• conter o aumento da temperatura global em até 2 °C em relação ao


período pré-industrial;

• limitar o aumento da temperatura até 1,5 °C acima dos níveis pré-in-


dustriais;

• envolver todos os países, não apenas os desenvolvidos;

• apoiar os países menos industrializados na mitigação de suas emis-


sões;

• definir metas e compromissos voluntários;

• acompanhar regularmente o progresso dos países em suas metas.

No Acordo, que leva em consideração as medidas e intenções que os mais


de 190 países-membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima apresentaram, voluntariamente, cada nação estabe-
leceu um compromisso diferente de redução das emissões de carbono,
conforme sua realidade.
Segundo o Relatório das Nações Unidas, divulgado em novembro de

Lá na fazenda Rio Novo


De acordo com o 5º Relatório de Avaliação do IPCC, em
2015, o setor energético foi responsável por 78% das
emissões de GEE nos 28 países (Estados-Membros)
da União Europeia. As emissões da agricultura contri-
buem com 10,1%, os processos industriais com 8,7%
e a gestão de resíduos com 3,2%.

37
Módulo 1 – Contextualização

As negociações internacionais e multilaterais sob a UNFCCC,


subsidiadas pelos trabalhos científicos do IPCC, em curso nas
Conferências das Partes (COPs), que se realizam anualmente, têm
como enfoque a adoção de decisões e normas para a implementação
do Acordo de Paris. A última COP aconteceu na Polônia, em 2018.

2018, no ano de 2017 as emissões de gases de efeito estufa aumentaram,


depois de três anos em níveis estáveis. O estudo mostra que as emissões
globais atingiram níveis históricos de 53,5 gigatoneladas de gás carbô-
nico equivalente (Gg CO eq). Os cientistas alertam que, se persistir a ten-
dência atual, até o fim do século, a temperatura global poderá subir pelo
menos 3°C.
Diante do crescimento das emissões globais de gás carbônico em 2017,
o Relatório da ONU alerta que os países devem triplicar os esforços para
alcançar a meta de manter o aquecimento global, até 2030, abaixo de 2
°C ou quintuplicar as ações para limitar o aumento da temperatura abai-
xo de 1,5 °C, conforme prevê o Acordo de Paris. Apenas 57 países, que
representam 60% das emissões globais, estão no caminho para atingir a
meta em 2030.

38
Módulo 1 – Contextualização

Confira, a seguir, os países principais emissores de GEE em 2012.

39
Módulo 1 – Contextualização

Apesar da China emitir mais gases de efeito estufa do que os EUA, es-
tes lideram as emissões per capita, ou seja, por habitante. Isso quer dizer
que cada chinês emite menos GEE que cada americano. As emissões da
China são bastante elevadas, já que é o país mais populoso do mundo
(abrigando de 20 a 25% da população mundial) e está também em pleno
desenvolvimento econômico, com intensificação de atividades econômi-
cas emissoras de GEE.
Por outro lado, os EUA possuem 300 milhões de habitantes, ou seja, ape-
nas 5% da população mundial, e até o ano de 2005 figuravam como os
maiores emissores de GEE do planeta. Entre 1990 e 2002, aumentaram
em 15% o nível de emissão, segundo dados da U.S. Energy Information
Administration.
Veja o gráfico e confira as emissões globais de gases de efeito estufa por
setor em 2004.

Resíduos
25,90% Suprimento de Energia

2,80%

Edificações comerciais 7,90%


e residenciais

19,40%
Indústria

13,10%

Florestas

Transporte 17,40%
13,50%

Agricultura

40
Módulo 1 – Contextualização

13,10% Transporte – Inclui transporte internacional (marítimo e avia-


ção), excluindo-se a pesca. Exclui o uso de veículos e maquinários utiliza-
dos na agricultura e em atividades florestais.

7,90% Edificações comerciais e residenciais – Inclui o uso tradi-


cional de biomassa e a parcela de emissões provenientes da geração de
eletricidade centralizada.

19,40% Indústria – Inclui refinarias e fornos de carvão.


13,50% Agricultura – Inclui as emissões de gases não-CO2 pela quei-
ma de resíduos agrícolas e queima de vegetação no cerrado. As emissões
ou remoções de CO2 por solos agrícolas não estão incluídas.

17,40% Florestas – Os dados incluem emissões de CO2 por desma-


tamento, por decomposição da biomassa acima do solo que permanece
após o desmatamento ou corte seletivo de madeira, e CO2 por queima de
turfa e decomposição de solos drenados de turfa.

2,80% Resíduos – Inclui aterros sanitários e emissões de óxido nitroso


pela incineração de resíduos.

Lá na fazenda Rio Novo


Você consegue imaginar as consequências positivas,
para o mundo e para nós, quando houver a redução
de emissão de gases nos próximos anos e décadas? É
bem provável que diminua:

• o aumento no nível do mar;

• os picos de temperaturas (mínimas e máximas);

• a quantidade de eventos extremos (secas e tem-


pestades).

E também haverá consequências positivas menos in-


tensas para a vida na Terra, incluindo a produção de
alimentos e a biodiversidade.

41
Módulo 1 – Contextualização

Aula 3: o brasil no
contexto global
Conforme visto na aula anterior, em 2015, o Brasil estava na quinta posi-
ção no ranking dos países mais emissores de GEE.

Principais emissores de GEE em 2012


[quilotoneladas de equivalente de CO2]

China
12.454.711
Estados Unidos União Europeia
6.343.841 4.702.090

Índia
3.002.895
Brasil Rússia
2.989.418 2.803.398

Japão
1.478.859
Canadá
1.027.064
R. D. do Congo
802.271
Indonésia
780.551 Austrália
761.686 Coreia do Sul
México 668.990
663.425

Bolívia Mianmar/Birmânia República


621.727 528.416 Centro-Africana
515.134

Sudão
491.982
Ucrânia
Turquia Tailândia
404.900
445.640 440.412

42
Módulo 1 – Contextualização

Ele estava atrás da China, dos EUA, da União Europeia e da Índia, nessa
ordem. Embora classificado como país em desenvolvimento, o Brasil está
comprometido com a proteção do sistema climático global para as pre-
sentes e futuras gerações. Para tanto, atua no plano multilateral a fim de
fortalecer o regime internacional de combate às mudanças do clima, base
da colaboração internacional nessa área.

A Contribuição Nacionalmente Determinada (Intended


Nationally Determined Contribution – INDC, sigla em in-
glês) é o principal instrumento de comunicação dos com-
promissos individuais voluntariamente assumidos pelas
Partes no Acordo de Paris. Em setembro de 2015, o Go-
verno brasileiro anunciou a INDC brasileira, partindo dos
resultados positivos já alcançados pelo País na redução
de GEE e estabelecendo compromissos ainda mais ambi-
ciosos.

Conforme a CND do Brasil, o País tem metas de redução das emissões


de GEE a cumprir para os anos 2025 e 2030, de até 37%, e até 43%
respectivamente, em relação aos níveis de 2005.
A contribuição Brasileira leva em consideração o desenvolvimento sus-
tentável, e inclui, além de compromissos de mitigação, ações de adap-
tação, oportunidades de cooperação internacional e referências a meios
de implementação.
O Brasil é um dos únicos países em desenvolvimento a assumir uma
meta absoluta de redução de emissões, tão ou mais ambiciosa que as
metas de países desenvolvidos. Para subsidiar a elaboração da NDC
brasileira, o Ministério das Relações Exteriores conduziu amplo processo
de consultas à sociedade civil, ao setor privado e ao meio acadêmico.
Os dados sobre as emissões de gases de efeito estufa no Brasil, relati-
vos à 4ª edição das Estimativas Anuais, disponibilizados no fim de 2017,
mostram as emissões nacionais entre 1990 e 2015, conforme gráfico a
seguir.

43
Módulo 1 – Contextualização

Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil, por setor em gigatoneladas de CO2,


utilizando a métrica Global Warming Potential (GWP).

4.000.000

3.500.000

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Mudança de uso da terra e florestas Tratamento de resíduos

Agropecuária Energia
Processos industriais

Fonte: EducaClima, com base em informações da 4ª edição das Estimativas Anuais de Emissões de Gases de
Efeito Estufa no Brasil, disponíveis no SIRENE.

Sobre o gráfico, confira alguns destaques:

O pico das emissões brasileiras ocorreu em 2004, quando


lançou-se na atmosfera 3,453 bilhões de toneladas de CO2
2004
eq, principalmente, devido às elevadas taxas de desmata-
mento ilegal daquele ano.

Em 2005, o setor de mudança do uso do solo e florestas re-


2005 presentava 70% das emissões, com os setores de agropecuá-
ria e energia contribuindo com 14% e 11%, respectivamente.

Entre os anos de 2005 e 2017 houve queda na taxa de des-


matamento da Amazônia de 65%, fato que alterou significa-
2005 a 2017
tivamente o perfil brasileiro de emissões de gases de efeito
estufa.
Em 2015, as emissões totais do Brasil foram de 1,368 bilhão
de toneladas de CO2 eq (GWP-AR2). E também, as emissões
2015 do setor de mudança do uso do solo e florestas foram da or-
dem de 24%, enquanto a participação da agropecuária e da
energia passaram para 31% e 33%, respectivamente.

44
Módulo 1 – Contextualização

Agora, veja dados relativos às emissões nacionais de gases de efeito


estufa, no ano de 2015, por setor.

Participação de emissões de gases por setor

Energia
449.407,50

32,8% Agropecuária
428.904,90
31,3%
Tratamento de resíduos 4,6%
62.695,10
7%
Processos industriais
95.338,30 24,3%

Uso da terra, mudança do uso


da terra e floresta
331.806,10

É importante ressaltar que a redução de emissões de GEE do setor


de mudança do uso do solo e florestas foi muito superior ao pequeno
aumento absoluto nas emissões de energia e agropecuária. De fato,
a soma das emissões líquidas desses três setores, em 2015 (1,21
bilhão de toneladas de CO2 eq), é menor do que a emissão líquida
somente do setor de mudança do uso do solo e florestas, em 2005
(1,904 bilhão de toneladas de CO2 eq), em termos absolutos.
Na agropecuária brasileira, nota-se que as taxas de crescimento da
produção são superiores às taxas de aumento nas emissões de GEE,
indicando maior produtividade com menor emissão relativa de gases
de efeito estufa. A perspectiva futura para esse setor é de que con-
tinue havendo iniciativas na direção do aumento de eficiência e da
busca para manter a economia brasileira caracterizada como de baixo
carbono, representando produtividade maior em contexto de redução
das emissões líquidas de gases de efeito estufa.

45
Módulo 1 – Contextualização

Lá na fazenda Rio Novo


Olá!

Voltei aqui para destacar a importância de se traba-


lhar com as tecnologias recomendadas pelo Plano
ABC. Elas possibilitam maior produtividade com menor
emissão de CO2eq. E é por isso que o SENAR Nacional
desenvolveu esses 7 cursos que ensinam como aplicar
essas tecnologias na sua propriedade.

A seguir, conheça um pouco mais sobre a legislação que regem o


controle das emissões dos GEE!

46
Módulo 1 – Contextualização

Aula 4: marco legal


O Brasil é um país signatário do Protocolo de Quioto, membro da Con-
venção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, e também
participante do Acordo de Paris, tendo comunicado suas metas por meio
da NDC, conforme citado nas aulas anteriores.
Para que as medidas fossem tomadas e os recursos mobilizados, no sen-
tido de cumprir os compromissos as-
sumidos, foi desenvolvido um arca- Arcabouço jurídico
bouço jurídico que ampara e define É o nome que se dá às leis mais básicas.

obrigações para os setores emissores.


Conheça os principais marcos legais federais relativos às mudanças cli-
máticas.

Dispõe sobre o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que tem


Decreto s/n, de 28 de por objetivo conscientizar e mobilizar a sociedade para a discussão
agosto de 2000 e tomada de posição sobre os problemas decorrentes da mudança
do clima por gases de efeito estufa.

Lei nº 12.114, de 9 de Cria o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC).


dezembro de 2009

Lei nº 12.187, de 29 de
Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).
dezembro de 2009

Decreto nº 7.390, de 9 Regulamenta os artigos 6º, 11 e 12 da Lei nº 12.187, de 29 de


de dezembro de 2010 dezembro de 2009, que institui a PNMC.

Decreto nº 7.343, de 26 Regulamenta a Lei nº 12.114, de 9 de dezembro de 2009, que cria


de outubro de 2010 o FNMC.

47
Módulo 1 – Contextualização

Portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento &


Ministério do Desenvolvimento Agrário, nº 984, de 8 de outubro de
Portaria nº 984, de 8 de 2013.
outubro de 2013 Institui o Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças
Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão
de Carbono na Agricultura.

Portaria do Ministério do Meio Ambiente nº 150, de 10 de maio de


Portaria nº 150, de 10 2016.
de maio de 2016 Institui o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima e
determina outras providências.

Consolida atos normativos editados pelo Poder Executivo federal


que dispõem sobre o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, de
Decreto nº 9.578, de 22
que trata a Lei nº 12.114, de 9 de dezembro de 2009, e a Política
de novembro de 2018
Nacional sobre Mudança do Clima, de que trata a Lei nº 12.187, de
29 de dezembro de 2009.

Verifica-se que os compromissos de redução das emissões de GEE assu-


midos pelo Brasil foram ratificados no artigo nº 12, da Lei nº 12.187/2009,
que institui a PNMC. Essa política prevê que o Poder Executivo estabelece-
rá Planos Setoriais de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas
visando à Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono.
Os artigos nº 6, 11 e 12 da PNMC, regulamentados pelo Decreto nº
7.390/2010, tratam respectivamente, dos instrumentos da Política; da
compatibilização de seus princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos
das políticas públicas e programas governamentais. Também contemplam
a adoção do compromisso nacional voluntário a ser firmado para mitiga-
ção das emissões de gases de efeito estufa, com vistas a reduzir entre
36,1% e 38,9% as emissões do País projetadas até 2020.

48
Módulo 1 – Contextualização

Nesse Decreto, como também no Decreto nº 9.578 que o substituiu, em


2018, consta que o PNMC deve ser integrado pelos Planos de Ação para
Prevenção e Controle do Desmatamento nos Biomas e pelos Planos Se-
toriais de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas, de que tra-
tam, respectivamente, os artigos 6º e 11 da Lei nº 12.187/2009. Para
o setor da agricultura ficou estabelecida a constituição do Plano para a
Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agri-
cultura.
Em cumprimento ao determinado, foi elaborado o Plano Setorial de Miti-
gação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma
Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura – Plano ABC, lan-
çado em 2013.

O Plano ABC tem por objetivo incentivar, motivar e apoiar o setor


agropecuário na implantação de ações de adaptação às mudanças
climáticas. O Plano também almeja incrementar a resiliência dos
agroecossistemas, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias,
em especial, daquelas com comprovado potencial de redução
de GEE e de adaptação aos impactos da mudança do clima.

Resiliência
Está associada à capacidade que cada pessoa tem de lidar com seus próprios problemas, de superar
momentos difíceis, diante de situações adversas e não ceder à pressão independentemente da situação.

O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, instituído pela Portaria do


MMA nº 150, de 2016, contempla as ações de adaptação propostas pelo Plano
Setorial da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono.
Para o alcance do compromisso voluntário de redução entre 36,1% e 38,9% das
emissões de gases de GEE assumidos pelo Brasil na COP-15, projetadas para
2020, foram propostas diferentes ações.

49
Módulo 1 – Contextualização

Adotar intensivamente na agricultura a re-


cuperação de pastagens atualmente degra-
Reduzir em 80% a taxa de desmatamento na dadas, promover ativamente o sistema de
Amazônia, e em 40% no Cerrado. integração Lavoura-Pecuária (iLP), ampliar
o uso do sistema plantio direto (SPD) e da
fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Ampliar a eficiência energética, o uso de


bicombustíveis, a oferta de hidrelétricas e de
fontes alternativas de biomassa, de energia
eólica e de pequenas centrais hidrelétricas,
assim como ampliar o uso na siderurgia de
carvão de florestas plantadas.

50
Módulo 1 – Contextualização

Lá na fazenda Rio Novo


Como você já sabe, eu defendo demais o meio ambien-
te, mas sem abrir mão da importância da agricultura!

Apesar de ser um setor com elevado potencial emissor


de GEE, a agropecuária brasileira apresenta boas alter-
nativas para mitigar suas emissões.

Num cenário mundial de aumento da demanda por ali-


mentos, você deve saber que a agropecuária é um se-
tor primordial ao desenvolvimento socioeconômico do
nosso País. Suas características naturais definem uma
elevada aptidão ao desenvolvimento dessas ativida-
des.

Portanto, é um setor constantemente desafiado a man-


ter e elevar sua produtividade sem comprometer suas
metas e compromissos relacionados ao aquecimento
global.

Nesse contexto, é bem importante ter ciência das ca-


pacidades, das formas e potenciais do País, para, ao
mesmo tempo, aumentar sua produção agropecuária e
reduzir as emissões de GEE.

É exatamente sobre esse assunto que vamos tratar no


Módulo 2.

Mas, antes, você deverá acessar o AVA e realizar a atividade de aprendizagem


obrigatória.

51
Módulo 1 – Contextualização

Atividade de
aprendizagem

As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler


e respondê-las com mais tranquilidade.

Entretanto, você deverá acessar o AVA e resolver lá as


questões. Você terá duas tentativas para realizar cada
questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que:

1. acertar as questões; ou
2. usar todas as suas tentativas.

Questão 1
Sobre os conceitos relacionados às mudanças climáticas, assinale a alter-
nativa correta.
a) O aquecimento global é um tipo de mudança climática caracteriza-
da pelo aumento da temperatura da Terra, resultante de uma varia-
bilidade natural desse parâmetro climático ao longo do tempo.
b) O aquecimento global é um tipo de mudança do clima caracterizada
pelo aumento da temperatura da Terra, resultante da intensificação
de gases causadores do efeito estufa (GEE) em decorrência das ati-
vidades humanas.
c) O efeito estufa é um fenômeno natural responsável pela manuten-

52
Módulo 1 – Contextualização

ção do calor na Terra, e sua intensificação, decorrente do aumento


das emissões de GEE, não se relaciona às atividades humanas.pa-
mentos e mão de obra na propriedade; aumento dos riscos climáti-
cos; geração de empregos.
d) O efeito estufa é um fenômeno prejudicial à vida na Terra, o qual se
caracteriza pela retenção de calor feita por gases que estão presen-
tes na atmosfera.

Questão 2
Com relação ao Brasil no Contexto Global das Mudanças Climáticas, assi-
nale a alternativa correta.
a) Em 2015, por ocasião do Acordo de Paris, o Brasil estava na ter-
ceira posição no ranking dos países mais emissores de GEE, sendo
considerado um país comprometido internacionalmente com a pro-
teção do sistema climático global, embora classificado como país
em desenvolvimento.
b) A Contribuição Nacionalmente Determinada (Intended Nationally
Determined Contribution – INDC, na sigla em inglês) é o principal
instrumento de comunicação dos compromissos individuais volun-
tariamente assumidos pelas partes no Acordo de Paris. Por ser um
país em desenvolvimento, o Brasil não elaborou uma INDC brasilei-
ra.
c) Em setembro de 2015, o Governo brasileiro anunciou a INDC bra-
sileira, partindo dos resultados positivos já alcançados pelo País na
redução de GEE e estabelecendo compromissos bem modestos.
d) O Brasil é um dos únicos países em desenvolvimento a assumir uma
meta absoluta de redução de emissões, tão ou mais ambiciosa que
as metas de países desenvolvidos.

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Módulo 1 – Contextualização

Questão 3
Sobre o marco legal do Brasil relacionado às mudanças climáticas, assina-
le a alternativa correta.
a) Os compromissos internacionais de redução das emissões de GEE
assumidos pelo Brasil não foram ratificados pela Lei nº 12.187/2009,
que institui a Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC).
b) A PNMC prevê que o Poder Executivo estabelecerá o Plano Nacio-
nal de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas visando à
consolidação de uma economia de baixa emissão de carbono.
c) De acordo com o Decreto nº 7.390/2010, para o setor da agricultu-
ra, ficou estabelecida a constituição do Plano para a Consolidação
de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura.
d) O Plano Nacional de Adaptação às Mudanças do Clima, lançado
pela Portaria nº 150/2016, do Ministério do Meio Ambiente, não
contempla as ações de adaptação propostas pelo Plano ABC.

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