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OXALÁ

Oxalá é um Orixá que ocupa um lugar de enorme destaque dentro da cultura nagô
e também dentro do complexo cultural umbandista. Desconhecemos uma só casa de
Umbanda que não tenha Oxalá como centro de referência no que se refere à solidificação
da fé ou personificação da espiritualidade. O peso que Oxalá tem sobre os ombros dos
fiéis é inegável e onipresente. Umbandistas e candomblecistas curvam-se na presença de
Oxalá e por este poder possuem um enorme respeito.

COR DE OXALÁ
Se existe um Orixá em que temos a concordância em cores é Oxalá. Se não for o
branco é o transparente. Alguns, com tons cinza. Contudo, sempre claro tendendo ao
branco. Não conhecemos uma casa que ofereça outra cor senão estas para Oxalá. Não
encontramos um terreiro que acenda velas amarelas, marrons, violetas, vermelhas, pretas
ou verdes para Oxalá. Oxalá é o grande Orixá do Branco. Anotaremos aqui a exceção de
algumas casas que oferecem as contas cristalinas para Oxalá e as leitosas para o anjo de
guarda, mas, obviamente, não há velas cristalinas. Assim, a cor de Oxalá, havendo ou não
esta variação no fio de contas (guias), será o branco.

LENDA IMPORTANTE
A lenda a seguir detalha algumas características daquilo que define a personalidade
de Oxalá. Devemos saber, obviamente, que lendas não são histórias reais e, mesmo que
fossem, seriam histórias que contam fatos ocorridos há bilhões de anos quando não haiva
sequer seres vivos no universo. Assim, não haviam testemunhas capazes de nos contar
este acontecimento. Vamos imaginar que estas histórias tenham sido testemunhadas por
seres antigos ou até mesmo vislumbradas por médiuns em sonhos ou em visões. Estes
médiuns teriam que voltar de suas visões (retornar ao estado de vigília ou ao estado
normal de consciência) e transmitir seu conteúdo por meio da palavra falada, já que não
havia escrita ou não eram capazes de escrever. Quem ouviu passou adiante para outra
pessoa. Entendemos ser desnecessário fazer a brincadeira do telefone sem fio para
demonstrar que uma história contada de boca em boca não chega até nós realmente como
foi contada pela primeira vez. Portanto, uma lenda é uma lenda. Possui e possuirá
inúmeras versões, nomes, datas e fatos. Mais importante do que isto, uma lenda é um
ensinamento e não uma biografia.
Em resumo, a lenda conta o seguinte: Oxalá recebeu de Olodumaré a incumbência
de criar o nosso mundo. Recebeu de Deus Olodumaré o que nós chamamos hoje de cargo
de confiança ou cargo de gerência, ou seja, Oxalá poderia criar o mundo do jeito que ele
achasse melhor. Oxalá não recebeu manual de instruções ou regras pré-determinadas para
criar o mundo. Recebeu a ordem, recebeu o saco da criação e saiu para criar o mundo.
Contudo, antes de sua saída, consultou Orunmilá, que o recomendou a fazer as devidas
oferendas. Oxalá deu de ombros e não cumpriu as determinações de Orunmilá. Ao chegar
na fronteira do além encontrou Exu e não o oferendou. Exu não gostou da afronta de
Oxalá e lançou seus poderes sobre ele. Oxalá sentiu uma grande sede e bateu com seu
bastão em um dendezeiro que jorrou vinho de palma. Oxalá bebeu e se embriagou vindo
a dormir na beira da estrada, sob a sombra do dendezeiro. Odudua viu o ocorrido, pegou
o saco da criação e o levou até Olorum. Olorum, vendo o saco da criação com Odudua
autorizou-o a criar o mundo. Oxalá, ao despertar, viu que o saco da criação não estava
mais consigo e foi até Olorum. Olorum, por sua vez, disse a Oxalá que o mundo já estava
criado e que ele perdera uma grande oportunidade de ser o senhor do mundo. Como
consolação, Olorum lhe incumbiu de criar todos os seres vivos que iriam habitar o mundo,
inclusive os seres humanos. Desde então, nenhuma oferenda de Oxalá e nenhum filho
deste Orixá pode com vinho de palma e azeite de dendê.

ELEMENTO: Energia espiritual (Fonte: Os Orixás na Umbanda e no Candomblé de Pai


Ronaldo Linares) ou Elemento Cristalino – Fé (Fonte: Código de Umbanda de Rubens
Saraceni).
DOMÍNIO: saúde, progresso, paz, alimentação, fé, religiosidade.
ÁGUA: água de fonte.
METAL: Ouro (Fonte: Os Orixás na Umbanda e no Candomblé).
ERVA: Oliveira.
FLORES SAGRADAS: maracujá e girassol.
Podem ser utilizadas as seguintes ervas para banhos, dentre outras: arruda,
guiné, erva-cidreira, alecrim e hortelã.

DATAS COMEMORATIVAS
Por sincretismo, Oxalá é comemorado no dia 25 de dezembro. Contudo, por ser
impossível reunir os adeptos nesta data, é comum festejar Oxalá em 15 de novembro, data
tida como de fundação da religião de Umbanda.
Temos também a Lavagem do Bonfim, já que na Bahia Oxalá é sincretizado em
Senhor do Bonfim. É realizada a lavagem das escadarias da Igreja de Nosso Senhor do
Bonfim na quinta-feira que antecede o domingo do Bonfim.
O dia da semana normalmente consagrado a Oxalá é o domingo.

SAUDAÇÕES A OXALÁ
“Epá, Babá” é a mais comum.
Na Umbanda Sagrada utiliza-se “Oxalá é meu pai”.

INSTRUMENTOS DE CULTO
Na Umbanda Tradicional utilizam-se dois objetos: a toalha branca e a guia.
No candomblé temos o adé filá (adé = tiara; filá = cortina de contas). Temos
também o opaxorô, um grande bastão de metal branco (prateado), em cima temos um
pássaro (normalmente uma pomba) seguido de discos de metal e pequenos sinos.
Temos, então, os pontos cantados:
- Pombinho branco mensageiro de Oxalá...
- A sineta do céu bateu, Oxalá já diz que é hora...

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXALÁ


Dadas as características de Oxalá, seus filhos (homens ou mulheres) possuem
presença marcante. Sua luz é notada naturalmente, embora o lado negativo também se
destaque.
São cuidadosos e perfeccionistas. Curiosos, procuram saber detalhes e se tornam
aborrecidos por portarem estas características. Bons pais e mães amorosas. Dedicam-se
com muito carinho às crianças, que não gostam de se afastar.
São pessoas de grande capacidade de mando, muitas vezes, tornando-se líderes de
seus grupos.
Na contraparte negativa, são retraídos e possuem dificuldade em expor problemas
ou desabafar com estranhos e, às vezes, até mesmo com pessoas íntimas. A velhice tende
a torna-los rabugentos.

COMIDA DE SANTO E ANIMAIS


A comida mais frequente é o inhame pilado e o milho cozido sem sal e sem azeite
de dendê. Come também milho branco e catassol (igbim). O catassol, popularmente
chamado de caracol gigante, recebe a denominação de boi de Oxalá.
Oxalá come cabra, galinha de Angola branca e pombo branco.

OFERENDA
A oferenda básica para o Orixá Oxalá consiste em:
• Toalha ou pano de cor branca;
• Velas brancas
• Frutas brancas (melão, goiaba);
• Vinho branco doce ou suave;
• Flores brancas;
• Fitas brancas;
• Linhas brancas;
• Comidas brancas (canjica, arroz doce, coalhada adocicada);
• Pães;
• Mel;
• Farinha de trigo (para circular e fechar por fora as oferendas);
• Coco seco e sua água colocada em copos;
• Coco verde com uma tampa cortada e um pouco de mel derramado dentro da sua
água;
• Água em cálices ou copos;
• Pedras de cristais de quartzo branca (se for solicitado);
• Pembas brancas (em pedra ou em pó);
• Milho verde em espiga, cru e ainda leitoso.

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