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BRASIL · ANO 22 · N" 263 · R$ 16.90 · € 4 .00 MAGAZINE
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O FUTURO
POLÊMICA ABORDO

OS EXPERIMENTAIS E
A SEGURANÇA DE VOO
RAID NO SERTÃO
CAÇADA AÉREA À
COLUNA PRESTES

JUMBO
DO IRON
OS BASTIDORES
DA PASSAGEM DO
AMÉRICA LATINA ED FORCE ONE
AS NOVIDADES DA PELO BRASIL
INDÚSTRIA PARA A REGIÃO

EXCLUSIVO

GULFSTREAM GSOO
VISITAMOS A LINHA DE MONTAGEM E
PILOTAMOS O SIMULADOR DO NOVO JATO
 O PRIMEIRO
RAIO DO SERTAO
Há 90 anos, aviadores da Força Pública paulista
viveram uma aventura sem precedentes
ao perseguir a Coluna Prestes pelo
in terior de Minas Gerais e Goiás
POR I ANDRÉ BORGES LOPES
sol já brilhava
O alto quando o
ronco dos moto-
res dos biplanos
da esquadrilha
da Força Pública de São Paulo
rompeu o silêncio da manhã de
uma terça-feira na então pequena
cidade mineira de Uberaba, na-
quele fim de agosto de 1926. Pou-
sados no gramado do hipódromo
do Jockey Club, os três aviões
preparavam-se para decolar rumo
a Araguari, próxima escala em
sua jornada ao sertão de Goiás.
Pouca gente se aglomerava no
prado de São Benedito para ver
a partida das máquinas voadoras
que, pela primeira vez, visitavam
a pacata cidade. Na tarde do
domingo anterior, os aviadores
paulistas haviam saciado a curio-
sidade da população da "Princesi-
nha do Sertão" com uma ousada
exibição de acrobacias aéreas em
um céu límpido de inverno.
O primeiro avião a decolar foi
o Curtiss Jenny 109 pilotado pelo
tenente João Negrão, que logo ga-
nhou altura. Na sequência, partiu
o Jenny 107 sob o comando do
tenente Edmundo Chantre, tendo
como acompanhante o tenente
Batista Lima. Ainda no solo, o
líder da esquadrilha, major Orton
58 I AERO MAGAZINE 263
Hoover - o experiente instrutor
norte-americano da aviação da
Força Pública -, aguardava sua
vez a bordo do Huff-Daland Pe-
trel ''Anhanguerà'. Todos viram,
horrorizados, quando o avião de
Chantre, ganhando altura, iniciou
uma curva acentuada e precipi-
tou-se descontrolado rumo ao
chão em meio às árvores de uma
chácara vizinha ao improvisado
campo de pouso.
Os que correram ao local
do acidente se depararam com
uma cena desoladora: caído no
chão, agonizava o tenente Lima,
gravemente ferido. Poucos me-
tros adiante estavam os restos do
biplano, com o motor enterrado
no solo. Preso às ferragens, jazia
o corpo inerte do piloto, morto
na queda. Encerrava-se de modo
trágico, aos 28 anos, a carreira
do habilidoso tenente Chantre,
recentemente promovido a ins-
trutor de voo. A aviação militar
paulista ganhava seu primeiro
mártir.
TEMPO DE REVOLTAS
Para entender as aventuras dessa
esquadrilha paulista nos sertões
brasileiros é preciso voltar alguns
anos no tempo. Em março de
1922, o mineiro Artur Bernarelfs
AERO MAGAZINE 263 I 59

A FORÇA PÚB LICA
DE SÃO PAULO
CONTAVA CO M
AEROPLANOS
JÁ EM 1913
venceu as eleições para presidente
do Brasil em disputa acirrada,
marcada por denúncias de frau-
des e manipulações. A al iança ofi-
cialista entre paulistas e mineiros,
conhecida como "política do café
com leite': começava a enfrentar
forte oposição nas classes médias
urbanas e na jovem oficialidade
do Exército e da Marinha. Antes
mesmo da posse, um levante de
militares no Forte de Copacaba-
na, no Rio de Janeiro, deu início
ao movimento do tenentismo,
que marcaria todo o governo de
Bernardes.
Dois anos depois, em julho de
1924, um novo levante militar eclo-
diu em São Paulo, quando grande
parte das tropas do Exército e da
Força Pública estadual aquarteladas
na capital rebelaram-se contra o
governo federal e assumiram o
controle da cidade. Chamada de
Revolução de 1924 ou Revolu-
ção Esquecida, a insurreição foi
duramente reprimida pelo governo
federal, que bombardeou com
artilharia e ataques aéreos diversos
pontos da capital paulista, ao custo
de centenas de mortes e milhares
de feridos e desabrigados.
6o I AfRO MAGAZINE 263
Sem condições de resistir, a
tropa rebelde - comandada pelo
general do exército Isidoro Dias
Lopes e pelo major Miguel Costa,
da Força Pública - se retirou
para o interior. Meses depois,
os rebeldes se reuniram em Foz
do Iguaçu com o grupo liderado
pelo major Luís Carlos Prestes,
que havia sublevado batalhões do
exército no Rio Grande do Sul.
Estava formada aquela que
ficaria nacionalmente conhecida
como a Coluna Miguel Costa-
-Prestes, ou simplesmente Coluna
Prestes. Dirigindo-se para o
Norte-Nordeste e mantendo
distância dos grandes centros
urbanos, por dois anos esses
militares rebeldes se deslocaram
pelos sertões do Brasil incitando
a revolta contra o governo, sem
que fossem derrotados ou apri-
sionados pelas tropas legalistas
enviadas em seu encalço.
ASAS PARA
AFORÇA PÚBLICA
A Força Pública de São Paulo
-que mais tarde deu origem à
Polícia Militar - era então um
pequeno exército do governo es-
tadual. Adestrada para combate,
dispunha de armamento pesado,
infantaria, cavalaria e artilharia
de campanha. Desde 1913, essa
milícia procurava se equipar
também com aeroplanos.
A primeira tentativa foi
liderada pelo pioneiro aviador
paulista Edu Chaves, dono do
campo de aviação de Guapira, na
zona norte da capital. O início
da Primeira Guerra Mundial
frustrou esses planos: ficou im-
possível obter equipamentos e o
próprio Edu optou por alistar-se
na Legião Estrangeira Francesa.
Finda a guerra, houve nova tenta-
tiva. Dessa vez, contando com o
apoio do norte-americano Orton
William Hoover - aviador, mecâ-
nico e representante comercial no
Brasil da Curtiss Aeroplane and
Motor Corporation.
Orton Hoover conhecia o
Brasil desde 1916, onde chegou
aos 25 anos de idade acompa-
nhando três hidroaviões Curtiss
comprados pela Marinha de
Guerra brasileira. Acabou con-
tratado como instrutor da Escola
de Aviação Naval. Com a entrada
dos EUA na Primeira Guerra, foi
convocado e se tornou instrutor
civil de navegação e bombardeio
aéreo em uma escola do exército
norte-americano, no Texas.
Terminada a guerra, em 1919,
Hoover retomou suas atividades
na Curtiss. Com aviões de sobra,
a empresa organizou uma missão
comercial para conquistar mer-
cados na América Latina. Orton
foi enviado para o Brasil. Dessa
vez veio para São Paulo, onde seu
primo era cônsul dos EUA. Na
capital, dividia seu tempo entre
exibições públicas de arriscadas
acrobacias aéreas e convites para
passeios gratuitos, direciona-
dos a autoridades, empresários,
jornalistas e jovens senhoritas da
sociedade paulistana. Em pouco
tempo, virou uma celebridade.
A estratégia deu resultado.
No final do ano, já havia vendido
algumas dezenas de aparelhos
Curtiss no país. Somente para o
governo do estado de São Paulo
foram nove: seis treinadores JN -4
Jenny e três Oriole - primeiro
avião da empresa desenvolvido
para o transporte de passageiros.
No início de 1920, foi oficialmen -
te inaugurada a Escola de Aviação
da Força Pública, com sede no
Campo de Marte. Como instru- ~
CORREIO .D.A. 1\I. ~NHÃ
. - Tcr~tt-feh'~t, 7 de Sctent~ro (lc 1926
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AfRO MAGAZINE 263 I 61

 - ara• -----~-;~------------------~------------------------__,
tor, Orton Hoover foi alçado ao
Planta básica e posto honorário de major.
vista em corte
(p. oposta) do
Curtiss JN4
ABANDONO E
RECONSTRUÇÃO
A lua de mel com a Força Públi-
ca durou poucos meses. Entraves
burocráticos, disputas internas e
o ciúme de parte da oficialidade
com o intruso yankee dificul-
taram o trabalho. Logo após a
formatura da primeira turma de
pilotos, Hoover pediu demissão
e foi cuidar de outros projetos na
incipiente aviação civil em São
Paulo e no Rio de Janeiro. Sem o
instrutor, a escola acabou desati-
vada e seus aviões esquecidos em
um hangar.
Mas as bombas da Revolução
de 1924 iriam mudar tudo. Após
retomar o governo do estado,
Carlos de Campos - que havia
sido expulso da capital pelos re-
beldes - decidiu que era preciso
ampliar o poder de fogo da Força
Pública paulista. Ele ordenou
a reconstrução da sua pequena
62 I AERO MAGAZINE 263
força aérea, agora não apenas
uma escola, mas uma Esquadri-
lha de Aviação, deixando clara a
intenção de uso militar.
Resgatados do abandono, os
velhos treinadores Curtiss Jenny
foram restaurados. Novos aviões
mais modernos e potentes foram
adquiridos às pressas. Dentre
estes, duas aves raras: o Huff-
-Daland Petrel ''Anhanguerà' e o
Sikorsky S-31 "Raposo'; batizados
em homenagem aos lendários
bandeirantes paulistas. Deste
último, consta que a Sikorsky teria
fabricado um único exemplar. Jun-
to com os aviões volta o instrutor
Orton Hoover, que reassumiria
seu antigo posto após uma tempo-
rada de infortúnios nos EUA.
DESBRAVANDO
OS ARES DO SERTÃO
Enquanto Hoover retomava o
trabalho de formação de pilotos
no Campo de Marte, a Coluna
Prestes continuava a perambular
pelo Norte e Nordeste do país,
\. W\i - -
1
pregando a insurreição contra o
governo federal. Artur Bernardes,
desconfiado da lealdade do exér-
cito, preferia confiar a repressão
aos revoltosos às tropas estaduais,
quando não a bandos de jagunços
e cangaceiros recrutados pelos
coronéis locais. Màs os resultados
eram pouco animadores.
Em janeiro de 1926, com
a Coluna se aproximando de
Minas Gerais, o governo federal
pediu ajuda à Força Pública pau-
lista. O coronel Pedro Dias de
Campos, nomeado comandante
após a revolta de 1924, foi para
Goiás à frente de dois bata-
lhões de infantaria prometendo
aniquilar os rebeldes. A missão
revelou-se mais árdua que o pia-
nejado: o campo de batalha era
inóspito e os rebeldes praticavam
uma inovadora tática de guerra
de movimento, escapando das
tentativas de cerco e expondo as
tropas paulistas ao "fogo amigo"
de grupos descoordenados que
perseguiam a Coluna. Em julho,
 l~[ fAM~~S J[INl The Curtiss JN-4D Biplane

lloi6"1CII#Il" .....UU~---"" Of' ltUJtCK~ SPECIFICATtONS

ltOUrE D IETWMM TRU$S STAT"IOHS I'Ofl
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LOwt:IIWINta •.. nn: ILZSIN.
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H!lliHT OVfRAU..: ... . . . . t,.l: IO.eiN.
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W(UõHf GMIS&.v.JOt.a.,.Hn I.NOUI~
UH:f.ll. LOAO .. ... , , , , . , SSOLU.
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CRUIWNG SNID 10-MM.II!H. LANOING
~45WJ'.H. INITW..MT! OII"CUWB
•so n: II!JI MNJT'!. CUMe TO IQOOO n:
300f.P.W.- SPVKt: C!IUNIIO,OOO rT.

Pedro de Campos ordenou o pouquíssimos instrumentos, a O PILOTO AMERICANO

envio de uma esquadrilha de
ligação para dar apoio aéreo às
tropas que combatiam na região
de Formosa, ao norte do atual
Distrito Federal.
Mesmo para os pilotos pau-
listas, acostumados a se aventu-
rar pelas cidades do interior, o
desafio logístico era gigantesco.
As linhas de trem chegavam
somente até Ipameri, no sul de
Goiás, ainda longe das áreas de
combate. Apesar de fáceis de pilo-
tar, os velhos treinadores Curtis
JN - que compunham a maior
parte da força de aviação paulista
- tinham pequena autonomia
de voo e eram mecanicamente
pouco confiáveis, mesmo para os
padrões da época. As cidades no
trajeto não dispunham de campos
de pouso adequados e, contando
apenas com mapas precários e
navegação era visual.
Apesar disso, Orton Hoover
decidiu levar seus aviões em voo
num raid aéreo até o norte de
Goiás. Planejou cuidadosamen-
te a expedição e selecionou para
a missão os melhores pilotos e
mecânicos. Um grupo seguiu na
frente, por terra, para escolher
os locais de pouso e providen-
ciar estoques de combustível,
peças e lubrificantes. O roteiro
de voo a partir de São Paulo
previa escalas em Campinas,
Pirassununga, Ribeirão Preto,
Ituverava, Uberaba, Araguari,
Ipameri, Campo Formoso,
Santa Luzia e Formosa- tota-
lizando um percurso de quase
9_50 quilômetros. A maior parte
do trajeto era sobre terras que
nunca haviam sido cruzadas por
aviões.
QUE NÃO MORREU
O meticuloso planejamento não
evitou uma série de incidentes.
Em 15 de agosto de 1926, decolou
do Campo de Marte a primeira
esquadrilha de três aviões com
rumo a Goiás. O major Hoover
liderava o grupo pilotando o
"Anhanguera': seguido pelos
tenentes Chantre e Negrão nos
comandos dos Jenny 107 e 109.
Dois dias depois, chegaram a
Ribeirão Preto, onde o campo
de pouso ainda estava em obras.
Pousaram em um gramado im-
provisado em Guatapará, a alguns
quilômetros da cidade.
As informações disponíveis
são poucas e contraditórias.
Aparentemente, um dos aviões se
acidentou: colidiu com uma cer-
ca, quebrando a hélice e sofrendo
avarias sem que os ocupantes se •

AERO MAGAZINE 263 I 63

Imagem com o ferissem. Para os reparos, foi
autógrafo do preciso buscar peças em São
major Hoo ver Paulo, que foram enviadas por
do Sikorsky 531 trem. Em 25 de agosto, os aviões
incendiado e retomaram o raid, mas uma
reduzido
pequena colisão na decolagem
a cinzas
obrigou o tenente Chantre a
retornar com seu Jenny 107. Os
demais aparelhos seguiram para
Uberaba, onde ficaram retidos
pelo mau tempo e por um de-
feito no motor do Jenny 109 do
tenente Negrão.
Impedido de seguir viagem,
Hoover aproveitou o domingo
de sol de 30 de agosto para exibir
suas habilidades de acrobata com
o possante "Anhanguera': Como
era de seu costume, também con-
vidou algumas autoridades e per-
sonalidades locais para passeios
aéreos. No fim do dia, Chantre
chegou de Ribeirão com o Jenny
107 e se reuniu ao grupo. Na
manhã seguinte, deu-se o trágico
acidente que levou sua vida.
64 I AEROMAGAZINE 2 6 3
Transportado de trem para
São Paulo, o corpo de Edmundo
Chantre foi enterrado no Cemi-
tério do Redentor com honras
militares. A expedição, mesmo
desfalcada, seguiu para Goiás
onde realizou missões de ob-
servação em apoio às tropas da
Força Pública, além de oferecer
ligação e transporte rápido com
a capital paulista.
Mas o destino ainda lhes
reservava wna última surpresa. Em
12 de outubro, Hoover conduzia
de Formosa para São Paulo o avião
"Raposd; que havia se juntado à
esquadrilha em Goiás. Um vaza-
mento de combustível o obrigou
a pousar de emergência em wna
fazenda em Urutaí, no sul goiano,
danificando severamente o avião,
mas sem sofrer ferimentos. Despa-
chado de trem para reparos em São
Paulo, o raro Sikorsky foi incendia-
do por uma fagulha da locomotiva
e acabou reduzido a cinzas.
A notícia desse acidente pro-
vocou controvérsias. O deputado
federal gaúcho Batista Luzardo,
que fazia feroz oposição a Artur
Bernardes, acusou o governo
de estar utilizando mercenários
estrangeiros para combater a
Coluna. Décadas mais tarde,
alguns livros espalharam uma
falsa versão de que Hoover teria
morrido no desastre, causando
um incidente internacional.
OS CAMINHOS
DA INTEGRAÇÃO
Ao final, a expedição da Força
Pública paulista a Goiás resultou
em um custoso fracasso militar.
Mesmo fustigada por tropas mais
numerosas e melhor armadas, a
Coluna Prestes escapou das ten-
tativas de cerco e continuou sua
jornada por mais quatro meses.
Após o fim do mandato de Artur
Bernardes, os rebeldes atraves-
saram a fronteira da Bolívia, de
onde partiram para o exílio. Mui -
tos voltaram para o Brasil e, após
a Revolução de 1930, tornaram -
-se figuras de destaque na vida
política nacional.
Orton Hoover manteve seu
posto na Esquadrilha de Aviação
da Força Pública, onde lutou
novamente ao lado dos paulistas
nas Revoluções de 1930 e 1932 -
o que lhe rendeu duas passagens
pela prisão e uma deportação. De
volta ao Brasil em 1934, teve um
importante papel no desenvol -
vimento do aeroclubismo e das
primeiras indústrias aeronáuticas
nacionais, tendo sido um dos
responsáveis pelo projeto que
deu origem ao lendário treinador
CAP-4 Paulistinha. Mais tarde,
entrou para o corpo diplomático
dos EUA. Quando falece u, em
1958, era cônsul norte-americano
na cidade de Santos.
Por fim, as rotas desbravadas,
os diversos campos de pouso e
os postos telegráficos construí-
dos pelos soldados e aviadores
paulistas no Triângulo Mineiro
e no Estado de Goiás formaram
a base de apoio para que, cinco
anos mais tarde, tivessem início
as linhas pioneiras do Correio
Aéreo Nacional, o CAN- servi-
ço postal militar que contribuiu
imensamente para a integração
dos vastos territórios das regiões
Centro-Oeste e Norte do Brasil.
OS AVIÕES
CURTISS JN-4 "JENNY"- Pro-
jetado em 1915, esse biplano leve
de dois lugares (aluno à frente,
instrutor atrás) equipado com um
motor de 90 HP foi o treinador
básico do exército norte-ameri-
cano durante a Primeira Guerra
Mundial. Fabricados aos milhares
e vendidos a baixo preço no pós-
-guerra, os Jenny se tornaram um
dos pilares do início da aviação
civil nos EUA, nos anos 1920.
HUFF-DALAND PETREL- Contonifício Crespi ,
Produzido a partir de 1924 pela no bairro Mooca ,
Huff-Daland Manufacturing bombardeado pelas
Company (que deu origem à forças legalistas
Delta Air Lines), este ágil biplano em julho de 1924
durante o cerco às
militar tinha motor radial Wright
tropas rebeladas em
de 200 HP e ati ngia 180 km/h São Paulo
levando piloto e dois passageiros.
Foi usado pelas Marinhas dos
EUA e da Argentina.
SIKORSKY S-31- Ao que se
sabe, apenas uma única unidade
desse biplano foi fabricada, em
1925, pela Sikorsky Manufac-
turing Corporation. Projetado
originalmente como avião para
fotografia aérea, usava o mes-
mo motor Wright 200 HP que
equipava o Huff-Daland Petrel e
carregava até quatro tripulantes.
O exemplar da Força Pública
foi convertido para uso militar,
recebendo uma metralhadora
móvel em um suporte removível
na nacele traseira. ~
AERO MAGAZINE 263 I 65