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Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Libertino — livro 2 — Linhagem
González
Agradecimentos
Sinopse
O que fazer quando um único
acontecimento é capaz de mudar o rumo
das nossas vidas?
Lorenzo González sentiu isso na
pele a partir do momento em que se
deparou com o mais incrível par de
olhos azuis que já viu. Nascido dentro
de uma família de homens
conquistadores, libertinos e apaixonados
— características essas que os
destacavam dos demais — ele passou a
questionar cada uma das estranhas
reações e emoções que sentia desde que
conheceu Giovanna, uma mulher
misteriosa, porém repleta de doçura.
O plano não era que ele se
sentisse encantado, considerando que
apenas deveria ajudar a mulher
desconhecida e, em seguida, seguir seu
caminho.
Mas por que raios seu coração
estava batendo tão forte no peito?
A resposta para essa pergunta
era tão clara quanto a certeza de que
Giovanna Basile, no momento em que
deixou a prisão, cometeu seu primeiro
crime de reincidência: roubar o coração
do descendente direto dos González.
Prólogo
Lorenzo
∞∞∞
— Bom dia.
Desviei os olhos da folha de
jornal assim que ouvi a voz rouca.
— Bom dia — devolvi a
saudação. — Dormiu bem?
— Tão bem como há muito
tempo — respondeu, tomando um dos
assentos. — Obrigada.
Eu já tinha acordado cedo e ido
até a confeitaria, então a mesa já estava
posta para o café.
— O que está planejando fazer
hoje? — perguntei. — Honestamente —
alfinetei.
Vi quando ela inspirou fundo.
— Trabalhei durante os três anos
que estive presa — respondeu, sem me
olhar. — Então vou ver se consigo um
lugar para ficar. Preciso dar um rumo a
minha vida, Lorenzo.
Baixei o jornal e, em seguida,
beberiquei um gole de café.
— Por que não fica aqui por um
tempo? — A pergunta saiu da minha
boca antes mesmo que eu conseguisse
impedir. Giovanna me encarou num
misto de surpresa e desconfiança. —
Bem... — pigarreei, nervoso — eu
posso ajudá-la enquanto não consegue
um emprego. Você também precisa
comprar roupas novas... — me calei por
um instante. — Você não tem ninguém.
O silêncio invadiu o cômodo.
— Pelo visto tenho você agora.
— Ela comentou de repente, sorrindo.
Surpreendi-me com o sorriso
tomando conta dos meus lábios, além do
estranho alívio preenchendo meu
coração.
— Isso aí! — exclamei. —
Somos amigos.
Capítulo 3
Giovanna
Passado
∞∞∞
Presente
Duas semanas havia se passado
desde que eu me vi fora daquela prisão,
entretanto não tinha conseguido
conquistar minha real liberdade. Muito
de mim havia se perdido lá atrás; meus
sonhos e planos; minha carreira.
Contudo nada disso importava. Não
mais.
Meu bem mais precioso possuía
um significado muito maior e não
poderia ser comprado.
De tudo o que pensei que
pudesse acontecer depois que saísse da
Penitenciária, minha nova realidade nem
passou perto da minha imaginação. Em
uma das cartas que meu pai chegou a me
enviar houve a menção ao nome do
Lorenzo, embora sem muitos detalhes.
Acho que nem mesmo meu pai o
conheceu direito.
A convivência com meu estranho
protetor não estava sendo de todo o
ruim. Demorei um pouco para entender
seu jeito. Lorenzo me parecia ser uma
pessoa muito reflexiva, ou seja, tinha o
hábito de refletir profundamente sobre
os assuntos. Era bastante observador, o
que, às vezes, era algo um pouco
incômodo, pois eu nunca conseguia
decifrar suas expressões.
Nos primeiros dias, tudo parecia
muito confuso e, radical, considerando
que nós mal nos conhecíamos, mas aos
poucos, eu sentia que uma barreira
estava sendo quebrada e uma linda
amizade estava se formando entre nós
dois. Nunca conheci um homem tão
incrível. Lorenzo, apesar de ser um
pouco reservado, estava conseguindo —
em tão pouco tempo — me fazer sentir
eu mesma de novo, sem aquele aviso
gigantesco na testa: EX-PRESIDIÁRIA.
Sua capacidade de me escutar, de
alguma forma, gerava certa intimidade
entre nós.
— Giovanna?
Dispersei meus pensamentos e
saí do quarto. Tinha acabado de tomar
banho, então meus cabelos ainda
estavam úmidos.
— Chegou cedo hoje —
comentei, chegando ao hall no mesmo
momento em que ele estava fechando a
porta.
Lorenzo me encarou e, eu tentei
não demonstrar o quanto seu olhar me
desconcertava. Era tão intenso quanto
ele todo.
— Eu já tinha adiantado algumas
coisas, então... — deu de ombros, vindo
até onde eu estava. Fechei os olhos
assim que senti o toque dos seus lábios
em minha testa. Ele era tão fofo. —
Trouxe comida japonesa. — Mostrou as
sacolas.
Não que eu tivesse direito, mas
poderia questioná-lo sobre comer em
casa, quando poderíamos sair para
lanchar fora; entretanto o pouco que o
conhecia sabia que ele preferia às
atividades caseiras a interações sociais.
— Como descobriu que é minha
comida preferida? — perguntei,
esfregando uma mão na outra em
expectativa.
Ele me encarou com um
sorrisinho charmoso.
— Você já deve ter percebido
que sou um bom observador — brincou,
fazendo-me sorrir.
— Como foi o seu dia? —
perguntou.
Lorenzo trabalhava,
basicamente, como um anjo da guarda
de empresários, salvando empresas a
beira da falência.
— Certamente não mais
divertido que o seu, aposto. — Pisquei
um olho, zombeteira.
Ele riu.
— Analisar gráficos e apontar
erros e decisões erradas nem sempre é
divertido, pedaço do céu.
Eu estava bem atrás dele —
perto da mesa da cozinha — quando se
virou, dando de cara comigo. Ambos
arquejamos com o contato abrupto.
— Você ainda não me disse o
motivo de me chamar de pedaço do céu
— soprei, espalmando seu peito com
minhas mãos trêmulas.
Sua respiração travou, assim
como a minha. Nossas bocas estavam
tão próximas...
Fechei os olhos ao sentir o toque
das suas mãos em minha nuca; seus
dedos embrenhando-se em meus cabelos
molhados.
— Porque olhar dentro dos seus
olhos é como estar olhando para o céu
— murmurou, rouco. — É fácil se
perder, Giovanna... — seu olhar seguia
o movimento dos seus dedos em meus
lábios — Muito fácil.
Estava prestes a abrir a boca
para implorar que ele se perdesse em
mim, mas seu corpo se afastou do meu,
causando-me frio momentâneo.
Depois disso, ele coçou a nuca,
olhando para tudo quanto era lugar,
menos para mim.
— Bem, eu vou tomar um banho
— falou. — Não precisa me esperar se
quiser comer, viu? — Piscou um olho
antes de deixar a cozinha.
Meu coração ainda batia
descompassado, deixando-me
apreensiva.
Talvez fosse a carência de um
contato mais íntimo, entretanto eu não
podia me enganar em afirmar que
Lorenzo não estava mexendo comigo,
porque estava.
E mais do que eu gostaria.
Capítulo 4
Lorenzo
∞∞∞
— Olha só, você tem certeza de
que não quer aceitar minha proposta de
emprego? — insisti, assim que
estacionei o carro perto do local
indicado por Giovanna.
A verdade era que a ideia de vê-
la criando asas me causava desespero,
porque significava que ela logo sairia da
minha vida.
Giovanna sorriu e, em seguida,
se inclinou e depositou um beijo
estalado em minha bochecha.
— Eu tenho certeza! —
exclamou, antes de abrir a porta. — Me
deseje sorte — pediu.
Coloquei a cabeça para o lado
de fora da minha janela.
— Boa sorte! — gritei, fazendo-
a olhar para trás, sorrindo para mim.
Era impossível meu coração não
se derreter a cada sorriso daquele.
Prestes a voltar a ligar o carro,
meu sentido alerta vibrou, trazendo
pequenos calafrios em todo o meu
corpo. Olhei para frente, e vi o exato
momento em que a Giovanna estava
atravessando a avenida, na faixa de
pedestres. Um carro desgovernado
surgiu do nada, fazendo meu coração
parar de bater por alguns instantes
perante a cena. Com um reflexo
impressionante, ela se jogou para o
lado, caindo com tudo no chão.
Desesperado, saí do carro e fui
até ela.
— Você está bem? — perguntei,
ajudando ela a se levantar. Algumas
pessoas se aglomeraram, preocupadas
ou apenas curiosas.
Giovanna gemeu um pouco.
— Eu... acho que sim —
respondeu, ficando de pé, agarrada a
mim. — Foi apenas o susto mesmo.
Olhei ao redor, em busca do
carro, mas o motorista imprudente tinha
sumido de vista.
Desgraçado!
— Você está ferida — comentei,
analisando seu pé e uma das suas
pernas. Fechei os punhos, irritado por
não ter conseguido protegê-la.
— Não foi nada, Lo. Eu estou
bem — disse.
— Vou levá-la ao hospital —
avisei, sem deixá-la retrucar.
Peguei-a em meus braços,
sentindo suas mãos enrolando-se em
meu pescoço. Seu perfume inundou meus
sentidos, deixando-me tonto
momentaneamente.
— Você está exagerando —
disse, agitada. — Foi um acidente bobo,
Lorenzo, será que não vê?
Cheguei até o carro e abri a
porta.
— O que vejo é que você quase
foi atropelada e acabou se ferindo no
processo — falei, sério. — A queda
pode ter ocasionado em alguma
contusão.
Coloquei-a sentada no banco do
carona e, em seguida, dei a volta no
veículo. Quando entrei, ela estava me
encarando.
— Você sabe que isso é loucura,
né? — questionou. Parecia divertida. —
Além do mais, isso vai prejudicar sua
agenda de afazeres na empresa. — Não
falei nada, apenas liguei o carro. —
Lorenzo, é sério, eu estou bem!
— Isso o médico irá dizer.
Ouvi seu resmungo, mas ignorei.
∞∞∞
— Viu? Eu disse que não era
nada. — Giovanna resmungou assim que
deixamos o pronto socorro. — Perdeu
metade da sua manhã à toa.
— Não diria isso — falei,
prestando atenção no trânsito. — Ao
menos agora tenho certeza de que você
está bem.
Ela ficou em silêncio e, eu me
obriguei a olhá-la de soslaio.
— O que foi? — perguntei.
Sacudiu a cabeça.
— Nada — disse.
— Te conheço tempo suficiente
para saber quando algo está deixando
sua mente inquieta, pedaço do céu.
Ela deu uma risadinha.
— Eu só não estava mais
acostumada a ter alguém se preocupando
comigo — murmurou, um pouco
encabulada.
— E isso é ruim? — encarei-a
rapidamente.
Vi que deu de ombros.
— Não é ruim — respondeu. —
Eu só não sei se mereço todo esse
apreço.
Analisei suas palavras, me
perguntando se ela estava se referindo
ao seu passado, contudo decidi não falar
nada. Preferi guardar aquilo para outra
hora.
Minutos depois, estacionei o
carro em frente ao prédio que abrigava
meu escritório.
— Por que paramos aqui?
— Eu só preciso pegar uma
pasta com documentos para poder
analisar mais tarde. Já volto.
Em seguida, abri a porta do
carro e saí.
No retorno, entreguei a pasta a
Giovanna, pedindo que ela guardasse
dentro do porta-luvas.
— São os gráficos da empresa?
— quis saber, ameaçando vasculhar os
papéis.
Impedi.
— Por favor, não olhe — pedi,
retirando a pasta da sua mão e
guardando dentro do porta-luvas.
Não olhei para ela, mas percebi
que minha atitude rude a desagradou.
— Claro — resmungou. — São
documentos importantes para estarem
nas mãos de uma ladra.
— Giovanna...
— Não! — cortou-me, com a
voz embargada. — Não precisa inventar
argumentos, Lorenzo. Eu entendo.
Respirei fundo, frustrado por não
saber me expressar como deveria.
Com o maxilar travado, eu liguei
o carro e nos tirei dali.
O trajeto foi feito em um silêncio
absoluto, o que me deixou bem
incomodado, considerando que já
havíamos ultrapassado aquela linha.
Não gostava de toda aquela tensão entre
nós dois, ainda mais tendo certeza de
que Giovanna estava magoada comigo.
Assim que chegamos em casa,
Giovanna seguiu direto para o quarto.
Fui atrás dela.
Arregalei os olhos quando a vi
abrindo o guarda-roupa e remexendo em
suas roupas.
— O que está fazendo?
— Algo que já deveria ter feito
há muito tempo — respondeu, fungando
o nariz. — Saindo da sua vida.
— Giovanna...
Voltou a me cortar:
— Lorenzo, você não precisa de
mim. Não precisa do fardo que eu
represento.
— Para com isso, por favor.
— Não. Minha ficha criminal
sempre irá me perseguir.
Irritado com todo aquele
descontrole emocional, eu a segurei
pelos ombros, forçando seus olhos nos
meus.
— Já chega! — exclamei,
levando minhas mãos ao seu rosto. —
Eu sei que você foi condenada por
fraudes na antiga empresa no qual era
Assistente pessoal do CEO, mas isso
não me diz absolutamente nada,
Giovanna — falei.
— Mas...
Foi minha vez de interrompê-la:
— Você é culpada?
O lindo rosto se contorceu com
novas lágrimas, enquanto sua cabeça
balançava de um lado para o outro.
— Não — respondeu,
preenchendo meu coração de puro
alívio. Havia tanta sinceridade em seu
tom de voz e em sua expressão que foi
impossível não acreditar nela. — Eu
nunca roubei nada. Eu juro.
— Acredito em você, pedaço do
céu.
Puxei seu corpo para se sentar na
cama e, em seguida, entreguei a pasta —
de outrora — em suas mãos.
— Abra — pedi.
Mesmo desconfiada, Giovanna
abriu.
— Mas isso é...?
— Sobre a JK Comunication —
respondi seu questionamento mudo. — A
empresa de Jason Keene abriu falência.
— Meu Deus! — exclamou, se
levantando num sobressalto. — Então
isso significa que...
Franzi o cenho quando ela se
calou de repente.
— Significa que... — a instiguei
a continuar o pensamento.
Os lindos olhos azuis se
ergueram, mantendo-se fixos nos meus,
atentos.
— Lorenzo, eu tenho um filho
com o Jason — confessou, deixando-me
em choque. Nenhuma das informações
que pesquisei sobre ela mencionava um
filho. — Meu menino ainda era um bebê
quando fui presa, mas nunca deixei de
pensar nele um só segundo.
Engoli em seco.
— E a criança está sob a guarda
do Jason, suponho.
Ela assentiu, chorosa.
— Meu desespero em estabilizar
a minha vida é justamente para
conseguir ter meu filho de volta —
explicou. — E agora com essa nova
novidade, penso que terei mais chances.
— De repente, ela veio até mim,
jogando-se aos meus pés. — Lorenzo,
você não pode salvar a empresa dele.
Por favor, não faça isso — implorou.
Pisquei rápido, sentindo meu
coração acelerando gradativamente.
— Certo. — Respirei fundo,
antes de erguê-la e colocá-la novamente
sentada sobre a cama. — Fique calma
— pedi. — Eu estou e estarei do seu
lado para ajudá-la no que for preciso,
Giovanna, porém quero que você me
conte tudo. Está disposta?
Nervosa, ela apenas assentiu.
— Bom... — acariciei seu rosto,
enxugando o rastro de lágrimas. — Vou
pedir o nosso almoço — avisei. —
Depois, nós poderemos conversar.
Capítulo 5
Giovanna
Passado
Presente
— Eu vou lavar a louça —
avisei, levantando-me da cadeira e me
preparando para fazer o que me dispus,
porém fui impedida por Lorenzo.
— Vamos conversar agora,
Giovanna — disse. — Deixe a louça
para depois.
A seriedade do seu tom de voz
me deixou ainda mais nervosa.
— Está bem. — Esfreguei as
duas mãos, sentindo-as frias.
Segui-o até estarmos num dos
sofás. Lorenzo fez questão de me dar
espaço, o que me deixou ainda mais
inquieta. Eu queria sentir-me segura.
Queria sentir que não estava sozinha.
Respirei fundo.
— Eu tinha vinte anos quando fui
contratada pela JK. Naquela época, eu
me vi em êxtase, pois aquela era uma
oportunidade de ouro para uma garota
que cresceu, praticamente, dentro de um
Convento.
— Você cresceu num Convento?
— Sim. — Baixei os olhos. —
Mas isso não me impediu de seguir meus
sonhos, sabe? Estudei. Batalhei por cada
um dos meus objetivos. — Suspirei. —
Meu envolvimento com o Jason não foi
do dia para noite; eu relutei muito,
Lorenzo, porque minha prioridade
sempre foi minha carreira. — Olhei para
ele. — No fim das contas, acabei me
deixando seduzir e logo estava nos
braços do homem que pensei que me
amaria, o que era ridículo, porque Jason
Keene jamais me prometeu amor. —
Revirei os olhos, esforçando-me para
não me abater com as lembranças. —
Quando eu engravidei, ele me
surpreendeu, porque não me abandonou.
Jason mais do que ninguém queria ser
pai. Ele quis o filho.
— O que aconteceu depois? —
perguntou quando eu me calei.
— Eu me mudei para a cobertura
dele e nossa relação foi ganhando força
— expliquei. — Nunca fui apresentada,
formalmente, como mulher dele, mas
entendia que Jason precisava de tempo.
— Você estava apaixonada. —
Não foi uma pergunta.
Assenti, sentindo-me burra.
— Quando nosso filho nasceu,
eu fiquei em casa por quatro meses —
continuei narrando. — Nesse meio
tempo, outra funcionária ocupou a minha
vaga.
— Funcionária nova?
Neguei.
— Antiga. Justine — respondi.
— Era uma amiga.
— Entendi.
— Uma semana antes da
acusação, eu comecei a sentir o
distanciamento do Jason. Ele passou a
chegar tarde em casa, além de se tornar
um pouco agressivo comigo. — Olhei
para minhas mãos. — Eu não conseguia
entender o motivo para toda aquela
mudança, pois não havia feito nada que
pudesse deixá-lo irritado. Pensei que
talvez fosse pelo fato de ter modificado
meus horários para poder estar em casa
mais cedo e cuidar do nosso filho, mas
não. Era algo pior.
Calei-me, inspirando fundo.
— Houve um grande escândalo
de manipulação contábil que chegou a
inflar o lucro da empresa. Contudo,
através de uma auditoria, o relatório
deixou nítidas as sistemáticas
manipulações contábeis ocorridas
dentro da empresa. Uso de notas frias e
documentos com valores falsos para
registros verdadeiros; Erros propositais
em cálculos para aumentar ou diminuir o
faturamento da empresa, dentre outros.
— Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Inacreditavelmente, o meu nome foi o
único a aparecer na participação das
irregularidades. Jason nunca me assumiu
publicamente, mas naquele dia, ele fez
questão de me humilhar na frente de todo
mundo. — Perdi a luta contra as
lágrimas. — Quando eu cheguei para
trabalhar, ele já estava me esperando
com a polícia. Saí de lá, algemada, sem
direito a defesa, porque as provas
pareciam ser incontestáveis, então minha
palavra não valia de nada.
— Você não conseguiu um
advogado? Seu pai não tentou ajudá-la?
— Senti impotência em seu tom de voz.
— Meu pai ajudou, mas naquela
época ninguém conseguiria parar a ira
de Jason Keene — falei. — Ele tinha
certeza que eu o havia traído. Jogar-me
dentro de uma cela de prisão e me
manter longe do nosso filho foi a
maneira mais cruel que ele encontrou
para me punir.
Parei de falar.
O silêncio que tomou conta da
sala me deixou sufocada, enquanto
apenas meus soluços podiam ser
ouvidos.
— Por favor, fala alguma coisa,
Lorenzo — pedi.
Mas ele não disse nada.
Sentindo o tremor em todo o meu
corpo e o suor em minhas mãos, eu me
levantei.
— Entendi — soprei, sentindo-
me fracassada. — Você não consegue
acreditar em mim.
Virei-me para sair do cômodo,
mas tive meu movimento freado por
mãos fortes.
— É claro que eu acredito,
droga! — exclamou, segurando meu
rosto com as duas mãos. Seu olhar era
sofrido perante meu estado emocional.
— Mas tudo o que acabou de me contar,
ainda está martelando aqui. — Apontou
para a própria cabeça. — Estou me
fazendo diversas perguntas; tentando
decifrar todo esse enigma.
— Não há enigma algum, Lo —
falei. — Alguém quis me incriminar e
conseguiu. — Dei de ombros. — Eu
fiquei sozinha.
— Mas agora as coisas são
diferentes. — Ele garantiu, fazendo meu
coração acelerar ainda mais. — Você
tem a mim.
Admirei seus lábios enquanto
seus dedos limpavam minhas lágrimas.
Era quase possível ouvir o barulho dos
nossos corações acelerados. Batendo
forte um pelo outro.
— Eu tenho?
O lindo rosto se aproximou um
pouco mais.
— Sim, você tem — confirmou.
Deslizei minhas mãos do seu
peito ao seu rosto, adorando sentir o
pinicar de sua barba rala entre meus
dedos finos.
Não foi preciso mais palavras,
pois o desejo estava vibrando em cada
um dos nossos poros. Tomei a iniciativa
e uni nossos lábios sedentos.
Foram longos dias de vontade
reprimida.
Lorenzo abriu a boca, aceitando
a passagem da minha língua. O contato
fez com que ambos gemêssemos,
sentindo a exigência dos nossos corpos
febris.
A boca se afastou da minha, para
trilhar a pele do meu queixo ao pescoço
com beijos molhados.
— Lo... — gemi, desejosa,
puxando seus cabelos, enquanto
tremores inundavam meu corpo todo
conforme as mãos ágeis percorriam pela
minha pele em conjunto com a língua
quente e macia.
— O que foi? — A voz estava
carregada de desejo também, assim
como seu olhar no meu.
— Você tem certeza disso que
estamos fazendo?
Um sorriso de derreter calcinhas
tomou conta dos seus lábios, inchados,
pelo nosso recente beijo.
Seus braços circularam minha
cintura, me impulsionando para cima.
Abracei seu quadril com minhas pernas,
gemendo quando suas mãos apertaram
minhas nádegas.
— A única certeza que paira na
minha cabeça desde que coloquei meus
olhos em você, Giovanna, é que a quero
como a nenhuma outra.
Dizendo isso, ele simplesmente
voltou a me beijar como se não
houvesse amanhã.
Ou melhor, como se eu fosse um
tesouro a ser explorado.
Capítulo 6
Lorenzo
∞∞∞
— Espero que não se importe,
mas eu preciso dar uma passada no meu
escritório antes — disse, enquanto
estacionava o carro em frente ao prédio
em que estivemos no dia anterior.
— Ok — murmurei. — Quer que
eu espere aqui?
Ele negou com a cabeça.
— Na verdade, eu quero que
conheça meu esconderijo na maior parte
do meu tempo — disse ele, sorrindo.
Assenti, achando graça da sua
escolha de palavras. Saí do carro
também.
— Então vamos lá.
Surpreendendo-me, Lorenzo veio
até mim e me segurou pela cintura antes
de puxar meu corpo para mais perto.
Gemi audivelmente quando seus lábios
tocaram os meus, ousados.
— Não tinha tido a oportunidade
de lhe dar meu beijo de bom dia —
soprou, ainda com a boca próxima.
Mordi os lábios, excitada.
— Que delícia — gemi,
aproveitando-me um pouco mais da sua
proximidade. — Vou acabar ficando mal
acostumada.
Ele riu e, em seguida, se afastou,
porém entrelaçou nossos dedos.
— Posso afirmar a mesma coisa,
pedaço do céu.
O escritório dele ficava no
segundo andar, que era composto por
outras salas, porém com prestações de
serviços diferentes do ramo do Lorenzo.
Honestamente, fiquei intrigada
quando entramos. A sala tinha um
espaço grande, porém repleto de
desorganização.
Fiquei parada no arco da porta,
enquanto observava a postura do homem
que vinha mexendo com meu juízo mais
do que deveria.
— O que está procurando?
Ele parou, colocando as mãos na
cintura, olhando para a papelada
espalhada sobre a mesa.
— Preciso visitar uma empresa
que estou auxiliando há algum tempo —
respondeu. — Semana passada, eles me
mandaram o relatório mensal e, eu
analisei. Só que não estou encontrando
— reclamou, visivelmente chateado.
Travei o maxilar, cruzando os
braços.
— Eu não acredito que você não
tem uma secretária, Lorenzo.
— Eu tinha. — Suspirou,
frustrado. — Até alguns dias atrás. —
Esfregou o rosto. — Mas ela acabou se
demitindo, por alegar que eu sou um
homem muito exigente.
Deu de ombros.
Segurei o riso.
— Sequer consigo imaginar o
motivo que a levou a pensar isso de
você — zombei, fazendo-o sorrir.
Aproximei-me da mesa, me atrevendo a
remexer nos papeis. — Como é o nome
da empresa?
— Innovative solutions.
— Certo.
Comecei a folhear,
automaticamente, organizando os
documentos.
— Aqui. — Entreguei a ele. —
Ainda não me conformo que você seja
tão desorganizado no seu trabalho, Lo.
— Sacudi a cabeça, incrédula.
— Infelizmente não sou perfeito
— falou, me fazendo revirar os olhos
diante da sua arrogância.
Rindo, ele me puxou para me
beijar. Novamente me vi derretida
dentro daqueles braços fortes.
— Convencido. — Dei risada
quando passei a receber vários
beijinhos no rosto.
— Você poderia trabalhar para
mim — insinuou. — Tenho certeza que
nos daríamos muito bem.
— Isso é golpe baixo —
murmurei, beliscando-o. — Você sabe
que não posso aceitar. — Me afastei
dele.
— Por que não?
Eu fiquei de costas, enquanto
repousava as mãos na cintura.
— Porque também tenho meu
orgulho, poxa! — exclamei,
constrangida. Olhei para ele. — A
mudança no nosso relacionamento não
muda o fato de que estou vivendo
debaixo das suas asas, Lorenzo e essa
nunca foi minha meta de vida.
Ele respirou fundo e, em
seguida, desviou o olhar.
Olhando para longe por alguns
segundos, ele pegou a pasta com os
documentos, a chave e deu a volta na
mesa.
— Está certo — disse apenas.
Passou por mim, esperando que
eu saísse da sala também para poder
fechar a porta.
Minutos depois — e de um
silêncio insuportável — eu falei, assim
que entramos no carro dele:
— Ficou chateado comigo?
Ligou na chave, fazendo o
barulho do motor inundar o interior do
veículo.
— Não. — Foi tudo o que ele
disse, porém sua postura me dizia outra
coisa.
Suspirei, decidindo não insistir.
Teríamos tempo para conversar mais
tarde.
∞∞∞
A conversa com o Advogado foi
promissora, visto que eu tinha muitas
dúvidas quanto as minhas reais chances
de conseguir meu filho de volta. O
processo foi aberto com o pedido de
guarda compartilhada, assim como o
direito de visitas nesse meio tempo.
Foi impossível não me
emocionar, pois a possibilidade se
tornou real. Eu podia sentir.
Quando fui presa, há três anos, o
meu filho tinha quatro meses de vida.
Sequer sabia se o cretino do Jason
falava de mim para o menino,
considerando que sua ira contra mim
tornou-se quase doentia.
— Você está chateado. — Não
foi uma pergunta. Estávamos saindo do
escritório do Advogado. — Ficou
calado boa parte do tempo.
Ele soltou o ar. Parecia
frustrado.
— Você me disse, com outras
palavras, que prefere qualquer outro
emprego, menos o que eu ofereci, por
puro orgulho — disse, insultado. — Não
pedi para que você viesse trabalhar de
lingerie e me esperasse em cima da
minha mesa, Giovanna. Sei separar as
coisas.
— Não disse que você não sabia
— resmunguei, sentindo-me estúpida.
— Eu não estou chateado com
você, apenas estou pensando —
garantiu. — Preciso de tempo para
digerir os acontecimentos que me
rodeiam. É dessa maneira que funciono.
Parei de andar e me coloquei na
frente dele, espalmando seu peito com
minhas mãos. Nossos olhares se
encontraram.
— Não quis soar mal agradecida
— expliquei. Toquei nossos lábios com
delicadeza. — Só não quero abusar da
sua boa vontade, Lorenzo. — Abracei
seu pescoço com força. De olhos
fechados, eu declarei: — Caramba!
Você foi um anjo que apareceu na minha
vida e, não quero perdê-lo.
Suas mãos embrenharam-se em
meus cabelos soltos e lisos, enquanto
cheirava meu pescoço.
— Não vai — garantiu.
Voltamos a nos beijar, dessa vez
com mais fome. Sem fôlego, ele me
encarou:
— Deixe-me cuidar de você —
pediu.
Abri a boca para responder,
contudo tive meu corpo lançado para o
lado; Lorenzo e eu caímos no chão com
tudo e, no mesmo momento, um carro
desgovernado acelerou para longe.
Meu coração batia
descompassado.
— O-o que...
Os olhos de Lorenzo estavam
arregalados.
— Eu vi aquele carro se
aproximando de nós, então nos tirei do
caminho — explicou, sem fôlego.
Levantou-se e, em seguida, me ajudou.
Gemi um pouco, sentindo meu quadril
dolorido. — Você se feriu?
Neguei.
— Apenas o susto mesmo.
Lorenzo respirou fundo, me
encarando com seriedade.
— Giovanna, isso não foi um
acidente e nem uma mera coincidência
— disse. — Aquele carro... — apontou
para o lado em que o veículo seguiu —
Tinha uma única mira, e ela era você. —
Engoli em seco, sentindo todo o meu
corpo amolecer. — Então das duas
opções, uma: Ou você fez alguma
inimizade dentro da cadeia, ou a pessoa
que armou para você ser presa está
tentando te matar.
Arquejei, desesperada por não
alcançar a paz. Meus olhos tornaram-se
úmidos e comecei a dar voltas, perdida
nas lembranças que insistiam em me
atormentar.
— Giovanna? — Lorenzo me
puxou para ele, amparando meu rosto
com as mãos. — Está escondendo
alguma coisa de mim?
— Também tentaram me matar
dentro da cadeia — confessei aos
prantos. — E-eu não fiz nada para
merecer isso, Lorenzo, e-eu... só queria
ser feliz.
Ele me abraçou, beijando minha
cabeça. Senti-me protegida.
— Acalme-se, pedaço do céu —
murmurou. — Eu estou aqui com você.
Soluços escaparam da minha
garganta.
— Venha... — espalmou uma das
mãos no meio das minhas costas,
empurrando-me gentilmente — Vamos
sair daqui. Temos que cuidar da sua
segurança, querida. Agora mais do que
tudo.
Eu queria ter coragem para
contar que desconfiava de alguém,
porém com isso, eu também teria que
narrar detalhes — dentro da cadeia —
que me envergonhavam. Definitivamente
não queria perder aquela conexão
mágica que tínhamos; preferia morrer a
receber um olhar decepcionado do
Lorenzo. Ou pior, de asco...
Capítulo 8
Lorenzo
Passado
∞∞∞
Presente
— Você possui quantos irmãos?
— perguntei, enquanto estávamos
tomando café numa confeitaria.
Eu sabia que Lorenzo não se
sentia confortável com a ideia de sair de
casa, mas, aparentemente, ele não estava
demonstrando nada.
Depois do mico que acabei
pagando, minutos atrás, decidi que seria
melhor buscar conhecê-lo um pouco
melhor.
— Com medo de mostrar a
bunda novamente? — zombou ele,
fazendo meu rosto queimar.
— Lorenzo! — ralhei.
Ele gargalhou.
— Sem graça — murmurei.
Sacudindo a cabeça, ele
começou a comer seu lanche.
— Eva é minha única irmã —
respondeu. — Na verdade, nós somos
primos. Minha tia, por parte de mãe,
meio que abandonou minha irmã sob os
cuidados da minha mãe; ela ainda era
um bebê.
— Nossa! Que triste.
Deu de ombros.
— Na verdade, a tia Cecílie quis
o melhor para a filha, já que na época,
ela não tinha condições psicológicas e
nem financeiras para criar — explicou.
— Mas hoje em dia, minha irmã convive
com ambas as mães.
— Entendi.
— Além da minha irmã, eu tenho
mãe e pai, tios, primos e sobrinhos —
acrescentou, levando o copo de café aos
lábios. — A família é grande —
brincou.
Meus olhos brilharam.
— Sempre sonhei em ter uma
família grande e bagunceira.
— Sério?
— Como você já sabe, eu passei
boa parte da minha vida dentro de um
Convento, então não tenho muitas
lembranças divertidas — falei. —
Lembro que o Natal era a época mais
feliz para mim, porque meu pai ia me
visitar.
— Luigi não a visitava com
frequência, então? — deduziu.
Neguei, bebericando meu suco
de laranja.
— Ele não era muito pela
família, sabe? Mas devo ser honesta em
afirmar que ele tentava. Esforçava-se
para me agradar.
— Mas obviamente não foi o
suficiente. — Não foi uma pergunta.
Sorri fraco.
— A ausência nunca foi
preenchida.
Fiquei olhando para meu
croissant.
— Você me encanta demais,
Giovanna — falou ele, forçando-me a
encará-lo. — Mesmo com tantas
rasteiras da vida, ainda consegue
encontrar motivos para sorrir.
Meu peito se aqueceu.
— É porque eu sei que nenhuma
dor é para sempre — murmurei, certa
das minhas palavras. — Na minha
estadia na prisão foram dias difíceis,
mas também de experiência. Sofri, sorri
e chorei. Conheci muitas histórias,
diferentes da minha, mas igualmente
sofridas — expliquei, recordando-me.
— Porém o meu maior trunfo se chama
Brandon, e ele tem três anos. — Sorri,
emocionada. — Foi por ele que aguentei
firme durante todo esse tempo.
Notei que a expressão do
Lorenzo tornou-se amorosa.
— Gostei do nome.
— Foi escolha minha —
comentei, orgulhosa.
Mesmo estando num
estabelecimento público, Lorenzo
sequer olhava para os lados; seus olhos
estavam nos meus o todo tempo.
— Fale mais dele — pediu. —
Gosto de como seus olhos brilham.
Assenti, feliz em poder narrar a
respeito da pessoinha que tinha meu
coração por inteiro.
∞∞∞
Assim que chegamos ao
escritório, Lorenzo dedicou alguns
longos minutos para me inteirar de todos
os assuntos e funções que eu deveria
exercer. Não era nada assustador e, eu
tinha certeza que tiraria de letra.
— Basicamente você investe
dinheiro, ao ponto de regularizar os
débitos da empresa e, em seguida,
aponta e corrige os erros que o
empresário estava cometendo.
— Depois disso, eu fico como
um sócio — acrescentou ele. — No
começo, eu faço visitas regulares, mas
depois é apenas semestral.
— Uau! Então você é um cara
bem rico — brinquei, puxando a gola da
sua camisa. Estávamos em pé, na frente
da mesa.
Um sorriso sacana despontou no
canto dos seus lábios.
— Isso excita você?
Neguei, balançando a cabeça.
— O que me excita é a maneira
como você me olha.
As mãos atrevidas enlaçaram
minha cintura.
— E como eu te olho? —
perguntou, levando a mão a minha nuca,
embrenhando os dedos em meus cabelos
soltos e compridos.
Arrepios inundaram meu corpo
todo.
— Como se eu fosse incrível e
única.
Os dedos arrastaram-se pelo
meu rosto com um carinho tocante.
Arquejei no momento em que ele se
inclinou e chupou meu lábio inferior.
— Mas é exatamente assim que
eu a vejo, pedaço do céu.
Desesperada de desejo, eu o
apertei contra mim, avançando meus
lábios nos seus; deliciando-me com o
sabor da sua língua na minha.
— Eu quero você, Lo... —
choraminguei — Eu quero você...
Levando a boca ao meu pescoço,
ele mordeu e chupou minha pele. Senti
suas mãos apertando minhas nádegas
com força.
Em seguida, ele se afastou.
O peito subia e descia, deixando
claro sua dificuldade em respirar. Os
olhos que me encaravam estavam
dilatados, assim como os meus.
Deitei o rosto em sua mão,
quando a mesma acariciou minha
bochecha.
— Se eu der vazão a todo o
tesão que estou sentindo por você agora,
nós não sairemos daqui tão cedo —
confessou, sério. Contorci-me, excitada.
Eu adorava aquelas nuances,
porque Lorenzo não forçava; não fingia
nada.
— Então o que propõe?
Sorriu, sacana.
— Comê-la mais tarde. A noite
toda.
A frase foi dita com ele olhando
diretamente em meus olhos.
Mordi os lábios, sentindo o
prazer daquela promessa tomando conta
de cada uma das células existentes em
meu corpo. Prestes a me jogar sobre ele,
uma batida na porta freou minha
intenção. Lorenzo piscou, sabendo
exatamente o que eu pretendia.
Passei a mão na nuca, enxugando
o suor. Minha calcinha estava uma
bagunça ensopada. Droga!
Tomei o assento atrás da minha
mesa, esforçando-me para me recompor.
Em seguida, olhei na direção da porta
quando Lorenzo me chamou.
— Giovanna, esse é o Frank. —
Apontou para um homem robusto e de
expressão séria.
Educadamente, eu me levantei e
fui até o homem, que aceitou meu aperto
de mão.
— Muito prazer, Frank.
— Ele vai ser o seu segurança.
— Lorenzo acrescentou, fazendo-me
encará-lo com os olhos arregalados.
— O quê?
— É isso que você ouviu —
respondeu. — Frank manterá você
segura enquanto eu não estiver por
perto.
Nervosa, eu pedi licença para o
homem e puxei o Lorenzo para o
corredor.
— Lorenzo, você não acha que
isso já é demais? — sussurrei, cruzando
os braços.
Na mesma hora, ele amparou
meu rosto com ambas às mãos.
— Sua segurança e seu bem-
estar nunca serão demais, pedaço do
céu. Tornaram-se minha prioridade de
vida.
Minha braveza caiu por terra e
tudo o que meu coração ordenou,
naquele momento, eu fiz.
Beijar aquele homem que, pouco
a pouco, vinha derrubando cada uma das
minhas barreiras emocionais.
Capítulo 10
Lorenzo
∞∞∞
— Por que estamos aqui? —
indaguei, confusa por estarmos em frente
ao prédio em que morávamos.
Lorenzo não falou nada, o que
apenas piorou minha curiosidade e
confusão. Aquele suspense todo estava
me deixando muito nervosa.
Entramos no elevador, depois de
cumprimentarmos o porteiro. Observei
que Lorenzo não apertou o botão do
nosso andar.
— Você se enganou. Nosso andar
não é esse.
Novamente ele optou pelo
silêncio, embora o sorriso persistisse
em seus tentadores lábios.
As portas do elevador se
abriram e, saímos. Ainda mais confusa,
observei — de cenho franzido —
Lorenzo parar em frente a uma porta. Ele
colocou a chave na fechadura e a porta
logo se abriu, revelando-me um
apartamento enorme e igualmente
requintado.
Lorenzo se colocou de lado,
deixando espaço para que eu pudesse
entrar primeiro.
— Por que estamos aqui? —
repeti a pergunta, enquanto olhava ao
redor.
Ouvi quando ele fechou a porta,
dispensando a chave no aparador ali
perto, enquanto eu ainda estava
admirada pela beleza do ambiente.
— Venha. — Segurou minha
mão. — Quero que veja uma coisa.
Assenti, me deixando ser guiada
em direção a escada.
No andar de cima, notei que
tinha algumas portas, porém Lorenzo
parou em frente a uma em específico.
— Abra — pediu ele, sorrindo.
Mesmo desconfiada, eu abri,
porém nada me preparou para o que
meus olhos viram.
Era um quarto de bebê.
Havia um berço, um guarda-
roupa, uma cômoda com trocador, uma
mini cama, além de uma cama auxiliar.
A decoração era linda, com os tons de
azul predominando todo o cômodo.
— Isso é...
— O quarto do Brandon —
respondeu ele, me fazendo encará-lo.
Pisquei, sentindo a umidade nos meus
olhos devido à emoção. — Eu comprei
esse apartamento há alguns dias, e
mandei prepará-lo. O Advogado falou
que o juiz avalia tudo, então...
Não o deixei terminar de falar e
avancei sobre ele, reivindicando seus
lábios num beijo recheado de
sentimentos.
— Obrigada — soprei,
emocionada. — Obrigada por ser esse
homem tão incrível. Tão lindo.
Ele sorriu.
— Tudo por você, pedaço do
céu — disse. — A sua felicidade é a
minha prioridade.
Presa num misto de emoções, eu
voltei a beijá-lo, dessa vez sentindo a
excitação tomando conta de todo o meu
corpo.
Gemi, no momento em que fui
erguida do chão. Minhas pernas
enlaçaram a cintura masculina,
aceitando receber todo o prazer que
apenas ele sabia me dar. Arquejei
quando suas mãos apertaram minhas
nádegas, caminhando comigo pelo
corredor e entrando em outro quarto.
Nossas mãos estavam
desesperadas, tentando arrancar todas
aquelas roupas que restringiam um
contato maior. O sexo com Lorenzo
nunca era somente corpo a corpo,
porque eu sentia algo mais. Mesmo em
tão pouco tempo de convivência, eu
sabia que havia sentimentos entre nós
dois.
— Eu quero você — sussurrei
contra sua boca, enroscando minhas
pernas com as suas, na cama.
— Estou aqui...
Lorenzo me arrastou mais para
cima do colchão, sem deixar de me
beijar. Não eram simples beijos.
Eu me sentia sendo adorada.
Venerada.
As mãos causavam arrepios
intensos conforme me tocavam. Hora
com delicadeza; hora com um pouco
mais de força.
Arqueei as costas no momento
em que senti o toque da língua macia em
um dos meus mamilos; a pequena
mordida causou-me choques
involuntários. Tudo em mim ardia com
um desejo quase surreal. Lorenzo não
precisava sequer se esforçar para me
deixar enlouquecida, bastava chegar
perto de mim e, eu já estava derretendo
de puro tesão.
Arrastei minhas unhas por suas
costas, deleitando-me com a reação no
corpo dele. Era agradável saber que eu
o excitava tanto quanto ele me excitava.
Num movimento rápido, eu o
empurrei para o lado, fazendo-o dar
risada.
— Uau! — exclamou. — Acho
que acabei de atiçar uma fera —
brincou.
Inclinei meu corpo, apenas para
lamber seus lábios. Em seguida, apertei-
os com meus dedos, formando um
delicioso bico, onde mordi fraquinho.
— Uma fera louca para devorá-
lo todinho — murmurei, arrastando a
língua para fora, apenas para lamber seu
queixo.
— Giovanna... — engasgou,
quando sentiu o meu roçar sobre sua
intimidade.
— Shii... — sussurrei, enquanto
descia com minha boca deixando beijos
molhados pelo seu peitoral malhado. —
Vou cuidar de você — prometi.
Minhas mãos passeavam por
todo o seu corpo, acariciando e sentindo
a textura dos músculos tenros. Era
delicioso observar o que eu fazia com
ele. Lorenzo era um homem sedutor,
porém se tornava totalmente rendido
quando estávamos juntos. E essa certeza
me fazia arrogante demais.
Minha boca se arrastou mais
para baixo, provando sua pele e
descobrindo as reações. Por mais que
fizéssemos sexo todos os dias, as
experiências eram sempre novas.
Estávamos em fase de descoberta um
com o outro.
Assim que me vi cara a cara com
sua ereção, não pensei duas vezes e o
abocanhei por inteiro, arrancando um
gemido animalesco da sua garganta.
Nunca me senti confortável em realizar
o sexo oral, por várias razões, contudo,
com o Lorenzo, era diferente, porque me
excitava presenciar o prazer dele.
Soltei sua ereção da minha boca
e passei a lambê-lo como a um picolé. A
todo o momento, eu me preocupava em
olhar para ele, porque queria
acompanhar cada uma das suas reações.
Seus dedos atrevidos passaram a
beliscar meus mamilos túrgidos. Ele era
fissurado por meus seios fartos.
Peguei a camisinha — que já
havia sido colocada sobre o criado-
mudo — e o vesti. Em seguida, me
ajeitei com as pernas abertas e, desci,
lentamente. Nossos gemidos se
misturaram quando me senti
completamente preenchida.
— Gostosa demais — sibilou
entre dentes, enquanto apertava meus
quadris, impulsionando-me.
Fechei os olhos, perdendo-me
nas sensações deliciosas que
embalavam meu corpo todo. Sentir as
mãos; a voz; a respiração do Lorenzo...
Tê-lo todo dentro de mim parecia tão
bom. Tão certo.
Nunca me senti tão completa.
Arrepios invadiram-me quando
seus dedos passaram a moer meus
mamilos. Meu movimento de sobe e
desce se intensificou assim que a
sensação do orgasmo tornou-se mais
forte.
— Lo... Eu vou gozar...
Mal terminei de falar e fui
jogada contra o colchão. Lorenzo ergueu
minhas pernas, dobrando-as contra meu
peito, deixando a penetração mais
profunda. Arquejei, revirando os olhos
diante do prazer alcançado.
— Olhe para mim — exigiu ele,
encarando-me com toda aquela
intensidade perturbadora.
Os espasmos me tomaram sem
que eu pudesse controlar, porém fiquei
cativa daquele olhar ardente.
Éramos um só.
Um só corpo.
Não precisava dizer que aquilo
não era apenas sexo, porque eu sabia.
Quando Lorenzo gozou, sua boca
reivindicou a minha de modo urgente.
Aos poucos foi se acalmando.
— Eu quero você para mim,
Giovanna — declarou, de repente,
enquanto ainda estava dentro de mim.
Meu coração, já acelerado,
ameaçou parar.
— Sou sua pelo tempo que você
permitir — murmurei num sopro.
Um sorriso lindo abrilhantou
seus doces lábios.
— Então será para sempre.
Incapaz de controlar, eu sorri
junto com ele, consciente do significado
por trás de cada uma daquelas palavras
pronunciadas.
∞∞∞
Minhas mãos tremiam e suavam
conforme acompanhava os minutos
através do relógio. Honestamente, minha
contagem se dava até pelos segundos. A
ansiedade de não saber o que
aconteceria; de não saber a reação do
meu filho quando me visse. E se ele não
gostasse de mim?
Embora o juiz houvesse me
concedido duas visitas por semana, eu
sabia que minha caminhada não seria
fácil. Eu teria que conquistar o meu
filho. Conquistar o amor e a confiança
dele, que se perdeu com nossa
separação.
Estalei os dedos, enquanto
andava de um lado ao outro no novo
apartamento, adquirido há menos de
duas semanas.
Meu telefone vibrou com uma
nova mensagem.
∞∞∞
Mais tarde, naquele mesmo dia,
Lorenzo e eu nos preparávamos para
deitar. Sentia-me inquieta, porque não
queria dormir sem contar o que tinha
acontecido mais cedo.
— Lo...?
Ele estava tirando as roupas,
pois geralmente dormia apenas de
cueca.
— Vai me contar?
Franzi a testa, confusa.
— Contar o quê? — perguntei.
— O que está te incomodando —
respondeu. — Notei isso desde o
momento que voltei ao escritório, à
tarde.
Soltei um sorrisinho, enquanto
sacudia a cabeça. Às vezes, eu me
esquecia da facilidade que ele tinha para
me ler. Lorenzo era muito perspicaz.
Bati com a mão ao meu lado, no
colchão.
Assim que ele se sentou, eu
puxei seu rosto contra o meu, beijando
seus lábios com amor.
— Eu sou louca por você, viu?
— soprei. — Demais.
— Ok... que merda você fez? —
zombou, fazendo-me rir.
— Palhaço! — exclamei,
beliscando-o. — Eu não fiz nada, oras.
Rimos um para o outro.
De repente, respirei fundo.
Peguei sua mão e prendi entre as minhas.
— Jason apareceu no restaurante
em que eu estava, mais cedo.
Seu corpo se tornou tenso na
mesma ora.
— O que ele queria? — quis
saber, sombrio.
Balancei a cabeça.
— Eu não sei — respondi. —
Ele começou a dizer que sentia muito
por ter duvidado de mim no passado,
que deveria ter ficado do meu lado... —
suspirei, baixando os olhos. — Acho
que ele está começando a perceber que
cometeu um erro.
— E isso significa que ele
pretende consertar esse erro... que, por
sua vez, significa reconquistar você. —
Lorenzo concluiu, fazendo-me encarar
seu olhar intenso.
— Não há a mais remota chance
de isso acontecer, Lo — garanti,
segurando seu rosto. — Sou apaixonada
por você e não abro mão do que temos.
Fechei os olhos no instante em
que seus dedos deslizaram para minha
nuca, embrenhando-se entre os fios
soltos do meu cabelo.
— Repete — pediu num sussurro
sensual.
Abri os olhos, acariciando seu
rosto também.
— Sou apaixonada por você.
Apenas por você, meu amor.
Mal terminei de falar, e ele
avançou com sua boca na minha. O beijo
foi arrebatador.
Não havia dúvidas entre nós
dois.
Os sentimentos e as emoções
falavam por si só.
Longos minutos depois e, de
muitas carícias, eu me ajeitei sobre o
peitoral desnudo. A respiração de
Lorenzo estava calma e ritmada.
— Você quer que eu ajude o
Jason a reerguer a JK? — perguntou ele,
de repente, quebrando o silêncio
confortável.
Mordi os lábios, pensativa.
Jason podia ter sido um cretino
comigo lá atrás, mas ainda continuava
sendo o pai do meu filho.
— Eu quero — respondi no fim,
apertando-o um pouco mais.
— Tudo bem — disse ele,
beijando minha cabeça. — Farei isso
por você, pedaço do céu.
O carinho em meus cabelos me
fez adormecer tão rápido que quando
percebi estava perdida no mundo dos
sonhos.
Capítulo 15
Lorenzo
∞∞∞
O dia seguinte foi reservado
para passar com Giovanna e Brandon,
considerando que era dia de visita e, eu
geralmente não tinha oportunidade para
estar junto. Não me sentia confortável
em saber que Jason se apoderava desse
momento. A correria do meu trabalho
não me permitia frear, entretanto, meu
sexto sentido soava um alerta
constantemente... Jason tinha planos. Ele
queria a Giovanna de volta.
Mas eu não permitiria.
Ela era minha.
— Ele chegou! — exclamou
Giovanna, saindo em disparada para a
porta, depois de ouvirmos o som da
campainha.
Fui atrás dela.
— Oi, meu amor! — Tirou o
menino dos braços do Jason, que não
parava de admirá-la. — Sentiu saudades
da mamãe?
Aproximei-me, sorrateiro.
— Final do dia, nós o
deixaremos na sua casa, Jason —
murmurei, fazendo-o me encarar. Eu
sabia que ele não esperava me ver ali,
considerando que eram raras as vezes
em que os horários batiam.
Giovanna se afastou, rindo e
conversando com o filho, totalmente
alheia ao clima tenso.
— Finalmente conseguiu espaço
na agenda para poder participar da
visita? — alfinetou, ainda na porta. —
Não te incomoda o fato de se envolver
com uma mulher que tenha filho com
outro homem? — A pergunta foi feita
num tom baixo, obviamente para que a
Giovanna não ouvisse tamanha cretinice.
— Não. Ao contrário de você,
que visa o superficial, eu enxergo o
conteúdo — respondi. — Eu me
apaixonei pela pessoa que a Giovanna é,
Jason. O pacote que a acompanha é
lucro.
Notei que seu maxilar trincou, e
sem mais nada dizer, simplesmente,
virou às costas e foi embora.
Fechei a porta e procurei
Giovanna pela casa. Encontrei os dois
no quartinho do Brandon; eles estavam
brincando de montar peças.
— Vamos dar uma volta? —
convidei, me recostando no arco da
porta. Meus olhos se iluminavam cada
vez que via os dois juntos. Sentia-me
muito sortudo por ter ganhado presentes
tão lindos.
— O que está aprontando? —
Ela perguntou, sorrindo.
— É surpresa — falei, cheio de
mistérios.
∞∞∞
— Juro que nunca imaginei você
realizando um picnic, Lo — disse
Giovanna, sentando-se na toalha que
estendi sobre o gramado verde.
— Poucas coisas simples da
vida são tão gostosas quanto sentar-se à
sombra num parque para relaxar, ler um
livro e comer comidinhas gostosas —
comentei, me ajeitando no lado oposto,
deixando Brandon entre nós.
Nova York é uma cidade cheia
de parques, porém o Central Park é, sem
dúvidas, o lugar mais famoso — e
também com mais área disponível. Optei
por levá-los a um dos melhores spots
para picnic, o Sheep Meadow.
— Você preparou tudo isso
escondido de mim. — Não foi uma
pergunta. Giovanna se surpreendeu
quando abriu a cesta e viu a variedade
de comida. No geral, comidas fáceis e
que não estragavam facilmente. Vi que
ela ofereceu um Cupcake ao Brandon,
que não parava de brincar com as
chaves do carro.
— Gosto de surpreendê-la,
pedaço do céu — confessei, fazendo-a
sorrir. — O local... — apontei —, as
pessoas... nada importa para mim.
Apenas vocês dois.
Melindrosa, ela puxou minha
cabeça mais perto e reivindicou meus
lábios para si.
— Amo você cada dia mais, meu
amor — sussurrou. — Sou muito feliz
por tê-lo na minha vida.
Ouvir aquela declaração fez meu
coração aquecer.
Aquele era o cenário que sempre
idealizei.
Uma família para cuidar e amar.
Capítulo 16
Giovanna
∞∞∞
Apesar da visita impertinente da
Justine, o dia transcorreu sem mais
nenhum incômodo. Terminei meu
expediente e fui embora. Lorenzo ficou
preso no trânsito, mas já estava a
caminho de casa também.
Mais cedo, durante nosso
almoço, eu contei a ele sobre a conversa
com a Justine, porque não queria que ele
viesse a descobrir de maneira errada.
Lorenzo e eu estávamos vivendo um
sentimento tão especial que, eu temia
perdê-lo. Temia ficar sem ele.
Soltando um suspiro, eu entrei
em nosso apartamento. Deixei as chaves
e a bolsa em cima do aparador — ao
lado da porta — e segui na direção da
cozinha. Preparei o pó na Cafeteira e
coloquei-a para funcionar. Prestes a ir
ao quarto a fim de tomar um banho,
escutei a campainha tocando.
Certamente não era o Lorenzo, pois
obviamente ele tinha a chave.
Mesmo estranhando, eu fui até a
porta, mas espiei através do olho
mágico. Suspirei de modo frustrado
quando reconheci o Jason no lado de
fora.
— O que quer aqui? —
questionei, depois de abrir a porta, mas
sem a intenção de deixá-lo entrar. —
Quantas vezes, eu preciso te dizer que,
se o assunto não é referente ao Brandon,
não me interessa, Jason?
Ele suspirou, angustiado.
— Mas nós precisamos
conversar, Giovanna — insistiu. — Pare
de fingir que não temos mais nada.
— Mas nós não temos mais
nada! — exclamei, tediosa.
— Giovanna, eu já entendi que
você está me punindo — disse. — E, eu
entendo isso, é sério! Entendo que fui
um idiota. Entendo que demorei a
investigar. Entendo que deveria ter
ficado do seu lado, querida. Mas ainda é
tempo de voltar atrás e corrigir os erros.
Franzi o cenho, confusa.
— Do que está falando?
Num movimento súbito, ele
enroscou um braço em minha cintura.
— Estou dizendo que quero você
de volta, querida — respondeu,
respirando perto da minha boca. —
Casar com a Justine foi um erro, porque
nunca me esqueci de você. Você foi a
única mulher que amei.
Os batimentos do meu coração
se tornaram ensurdecedores e, eu me vi
em transe. Seu nariz se arrastou pelo
meu rosto, inspirando meu cheiro como
a um viciado.
— Senti sua falta em todos esses
anos — persistiu. — Mas apesar disso,
fui um imbecil por não ter lhe dado o
benefício da dúvida. Sei disso agora.
— Descobriu a verdade? —
Minha voz soou num murmúrio,
enquanto ainda me via presa nos braços
dele.
— Descobri que a empresa que
fez a vistoria foi alvo de um escândalo
há alguns meses — respondeu. —
Conversei com uns contatos, e eles me
disseram que muita coisa vazou,
inclusive que a empresa em questão
recebia por fora para forjar informações
falsas e, ou ignorar as verdadeiras. —
explicou. — Ainda não sei quem estava
por trás da armação contra você nem o
motivo para tê-lo feito, mas vou
descobrir — garantiu, sério.
O rosto se escondeu na dobra do
meu pescoço.
— Prometo que vou descobrir
quem tentou nos separar, meu amor...
Meu corpo todo parecia
anestesiado, mas ainda tive forças para
empurrá-lo.
— Por acaso você está se
ouvindo? — indaguei, chocada. —
Consegue perceber toda a loucura das
suas palavras?
Ele piscou, confuso.
— Não precisa continuar
fingindo, Giovanna — concluiu. —
Estamos sozinhos aqui. Eu sei que você
também nunca me esqueceu. — Voltou a
me puxar para ele, mas dessa vez,
avançou sua boca na minha.
Foi tudo tão rápido que sequer
tive tempo para raciocinar.
O beijo foi inesperado, mas o
alerta do meu subconsciente não. Eu não
queria aquilo.
Meu corpo também não queria
aquele toque.
— ME SOLTA! — berrei, me
debatendo até que ele se afastasse de
mim. Trêmula, fui até a porta. — Saia
daqui, Jason. Por favor, só... saia.
Eu podia ouvir o barulho da sua
respiração ofegante quando ele se
aproximou.
— Não pense que vou desistir de
você — murmurou como uma promessa.
Assim que ele saiu, eu bati a
porta com força. O choro se libertou,
deixando-me sufocada.
Tudo o que minha mente
conseguia pensar era no medo que eu
tinha de perder o Lorenzo.
Não podia perdê-lo.
Capítulo 17
Lorenzo
∞∞∞
Voltei para casa perto das seis
da tarde, depois de ter passado o dia
longe. Não tinha tido a intenção de
ignorar Giovanna nem sua preocupação
comigo, mas não me sentia bem o
suficiente para enfrentá-la.
Assim que abri a porta, me
deparei com aqueles olhos que me
mantinham cativos todas as vezes que
me encaravam. Meu pedaço do céu
estava a minha espera.
Fechei a porta, calmamente.
— Você demorou — disse ela,
usando um tom de voz ameno.
Voltei meus olhos para ela, que
estava um pouco mais perto. O lindo
rosto estava isento de maquiagem,
porém em nada diminuía sua beleza.
— Eu estava fugindo —
confessei, envergonhado. — Me
desculpe.
Um lindo sorriso se apossou dos
lábios carnudos.
— Eu sei — disse ela, dando
mais alguns passos na minha direção.
Fechei os olhos e beijei a palma da sua
mão quando a mesma tocou minha
bochecha.
Angustiado, encarei seus olhos,
enquanto amparava seu rosto com ambas
as mãos.
— Mais cedo, eu fui intimidar o
Jason — declarei. — Não pude me
segurar. Não deu para evitar, Giovanna.
— Rangi os dentes. — O que ele fez
com você lá atrás e agora... A falta de
respeito... Tudo junto! — Suspirei —
Só... não deu.
Ela sorriu para mim. Aquele
sorriso capaz de abrandar minhas
estruturas.
— Está se sentindo melhor
agora? — perguntou.
Assenti com a cabeça.
— Ótimo! — exclamou.
Em seguida, uniu nossas bocas
com sofreguidão. Não havia mais
espaço para dúvidas.
Ambos estávamos na mesma
sintonia.
Desesperado, eu a ergui em meus
braços, colando seu corpo contra a
porta. Tudo naquela mulher me
inebriava.
O cheiro.
A voz.
A pele.
Eu a queria para sempre e, em
todos os momentos.
— Eu sou louco por você —
soprei contra seus lábios inchados.
— Eu também sou louca por
você — disse ela, arrancando minha
camisa de modo a arranhar minha pele.
Ali, enquanto encarava a
intensidade daqueles olhos, tive ainda
mais certeza de que nada e nem ninguém
conseguiria nos separar.
Éramos um só.
Éramos almas gêmeas.
Sem desgrudar nossas bocas, eu
a desencostei da madeira da porta e
caminhei — com ela em meu colo —
pelo corredor até chegarmos ao
banheiro.
Entramos no Box, ainda nos
beijando. Abri o registro do chuveiro,
fazendo com que Giovanna soltasse um
gritinho assustado.
— Nem tiramos nossas roupas
direito — soprou ela, avançando nos
botões da minha camisa, desesperada.
Desci a língua por seu pescoço,
provando da sua pele molhada.
Giovanna tinha muita sensibilidade às
minhas carícias, o que me ensandecia
imensamente.
Num movimento abrupto, eu a
virei contra a parede azulejada,
apertando suas curvas com minhas mãos
gulosas. O barulho das nossas
respirações se sobressaía ao barulho da
ducha da água, que caía sobre nós dois,
ensopando nossas roupas.
— Deliciosa demais... — chupei
sua orelha, antes de circular sua cintura
e subir as mãos para apertar seus seios
fartos. Moí meus quadris contra seu
traseiro, deixando bem claro o quanto a
queria; o quanto estava duro por ela e
para ela.
— Lo...
— Shiii... — virei-a novamente
de frente para mim, segurando seu rosto
pela nuca e lambendo seus lábios. Em
seguida, arranquei sua camiseta apenas
para abocanhar um mamilo, depois o
outro. — Eu amo essas tetas...
— Lorenzo! — reclamou ela,
rindo do meu modo de falar.
Sorri, sacana.
Abaixei, auxiliando-a no
processo de tirar o short, juntamente
com a calcinha. Antes de me erguer
novamente, aproveitei para acariciar seu
clitóris inchado e reluzente. Passeei
meus dedos de cima para baixo, num
movimento de vai e vem, lambuzando
sua entrada apertada com seu próprio
mel.
— Tão molhadinha para mim...
— rosnei, em delírio. Inclinei a cabeça,
provocando-a com minha língua sedenta.
Giovanna gritou no momento em
que comecei a comê-la com meus dedos,
intercalando com minha língua. Precisei
apoiar suas coxas em meus ombros, pois
suas pernas tornaram-se enfraquecidas.
— Oh, Lorenzo... hmmm...
Segurei seu clitóris entre os
dentes, acelerando as investidas com
meus dedos. Os tremores a tomaram,
deixando-a amolecida. O orgasmo
chegou arrebatando suas forças
completamente.
Rapidamente me ergui,
arrancando o restante das minhas roupas
encharcadas. Não esperei que Giovanna
se recuperasse e a peguei pela cintura,
enrolando suas pernas ao meu redor.
Penetrei-a de uma vez só. Ambos
gememos com a conexão bem vinda.
— Puta que pariu! — Rangi os
dentes, tentando controlar meus
instintos. — Sua boceta está apertando
meu pau...
Enlouquecida, Giovanna segurou
meu rosto e reivindicou minha boca num
beijo abrasador.
A água morna castigava nossas
peles febris e o som dos nossos corpos
se chocando deixava o cenário ainda
mais excitante.
— Eu amo você — proferiu,
entre um beijo e outro.
— Eu também, meu pedaço do
céu.
Impulsionei seu corpo de
maneira frenética, intensificando as
investidas. Podia sentir o orgasmo se
formando; as sensações aumentando.
Aguardei até que Giovanna
estremecesse em meus braços,
novamente gozando com meu nome nos
lábios, e me libertei também.
Plenitude.
Essa era a sensação que me
predominava cada vez que estávamos
juntos.
Eu amava demais aquela mulher.
Tanto que chegava a doer.
Nossos peitos subiam e desciam
com rapidez, devido a toda a adrenalina
do sexo de instantes atrás, porém o
sorriso estava presente em nossos
lábios.
— Não usamos camisinha —
sussurrou.
Franzi o cenho.
— Isso te preocupa? —
perguntei.
— Não, é só que... — se calou
por alguns segundos — Eu estive presa
por um longo período, Lorenzo —
explicou, sem jeito. Suas bochechas
estavam vermelhas. — Fiz um check-up
médico há pouco tempo, mas fico
preocupada que talvez você pense que...
— Ei? — Toquei seus lábios
com meu indicador. — Está tudo bem —
garanti. — Eu não ligo para o seu
passado, Giovanna. Respeito muito o
quê você passou, porque sei que isso te
deixou mais forte. Entretanto, o
importante para mim é o que estamos
vivendo agora. Há um futuro para nós.
Fui presenteado com o sorriso
mais lindo do mundo.
— Eu sei que há — confirmou,
enrolando meu pescoço com seus
braços. — Um futuro lindo.
Sorri de volta, aceitando quando
sua boca buscou pela minha.
O beijo foi quase como para
selar aquela promessa.
Capítulo 19
Giovanna
∞∞∞
Depois de algumas horas,
resolvi descer com Brandon a fim de
brincar com ele na pequena praça que
tinha em frente ao prédio. Enquanto eu
ria, extremamente apaixonada por
aquele ser tão pequenino em meus
braços, não notei a aproximação de
alguém.
— Meu tempo com ele ainda não
terminou, Jason — falei, impaciente com
toda aquela marcação.
— Eu sei.
— Então o que está fazendo
aqui? — rosnei. — Pare de tentar
estragar meus momentos, Jason —
sibilei, entre dentes.
Cheguei numa área livre, então
decidi colocar o Brandon no chão para
que o mesmo pudesse brincar
livremente.
— Não estou tentando estragar
nada, Giovanna — defendeu-se. — Pare
de agir na defensiva comigo.
— Talvez se você parasse de
agir como se ainda tivéssemos chance,
eu tentaria tratá-lo com menos
indiferença, apesar de você merecer
cada um dos meus xingamentos.
— Xingamentos?
— Dentro da minha cabeça —
murmurei num sibilo. — Eu o xingo em
meus pensamentos.
Ele riu, sacudindo a cabeça,
porém optou por não fazer nenhum
comentário.
O silêncio invadiu o clima,
enquanto observávamos nosso filho
brincando. Brandon corria de um lado
ao outro, divertindo-se por estar
podendo brincar na terra; por estar
podendo se sujar.
— É divertido ser criança. —
Jason comentou, falando pela primeira
vez em minutos. Permaneci calada. —
Não há raiva ou mágoas, nem
arrependimentos. Somente a pureza do
amor.
Olhei para ele e o peguei me
encarando com intensidade.
— Eu sei que errei com você,
Giovanna — declarou, fazendo com que
meu coração batesse mais rápido. — Sei
que fui um estúpido em não ter confiado
nem acreditado nas suas palavras. Eu
deveria ter ficado do seu lado.
— É, você deveria —
concordei.
Tentei ignorar o engasgo na
garganta. Era impossível não me
emocionar com as lembranças antigas.
— Sei disso agora — disse,
desviando os olhos dos meus por um
momento. — E a sensação é muito ruim,
acredite. — Ofereceu-me um sorriso
triste.
— Garanto que não mais do que
a que eu senti naquele dia, há três anos,
Jason — revidei, com frieza. — Você
me humilhou na frente de todas aquelas
pessoas. Você me afastou do meu filho.
Faz ideia do que eu passei naquele
lugar?
— Não, eu não faço —
respondeu.
Respirei fundo, sentindo a
adrenalina me dominar.
— Certamente foi muito pior do
que a dor que você me infligiu ao não
acreditar em mim — conclui.
O silêncio voltou a reinar,
tornando tudo ainda mais tenso.
Eu queria não ter que enfrentá-
lo.
Queria poder evitá-lo. Mas
tínhamos um filho e, Brandon era a razão
de tudo.
— Sei que talvez isso não
conserte tudo, mas mesmo assim, eu
gostaria de pedir-lhe perdão, Giovanna
— insistiu.
Travei o maxilar, furiosa com a
audácia do infeliz.
— Você tem razão quando afirma
que um mísero pedido de perdão não
conserta tudo, Jason. Sabe por quê?
Porque ele não conserta porra nenhuma!
— vociferei. — E isso nada tem a ver
com meu novo relacionamento. Tem a
ver com apenas nós dois. Com o nosso
passado.
— O que está dizendo?
— Jason, você nunca me
respeitou como mulher. Nunca sequer
me assumiu. — Tentei não demonstrar o
peso da mágoa que aquilo me trazia. —
Na verdade, no fundo, eu não me
surpreendi quando você me virou às
costas, porque já estava acostumada
com a sua falta de consideração comigo,
com meus sentimentos e emoções.
Seus olhos se arregalaram.
— Mas... — engasgou — Por
que nunca me falou como se sentia?
Como eu poderia saber?
Levantei-me, passando as mãos
na minha calça de modo a tirar a sujeira.
— Lorenzo sempre sabe o que eu
quero e o que estou sentindo —
comentei, fazendo seu semblante fechar
na mesma hora. — Sabe qual é a
diferença entre vocês dois, Jason? —
Ele negou com a cabeça. — Você me
olhava, mas não me enxergava. O
Lorenzo me desnuda sem ao menos tirar
minhas roupas.
Sorri, lembrando-me do meu
homem como uma boba apaixonada.
Não precisei falar mais nada,
porque Jason, simplesmente, abaixou a
cabeça e ali permaneceu, calado.
Sem graça, decidi ir atrás do
Brandon, que era a principal razão da
minha felicidade e dos meus sorrisos.
Capítulo 20
Lorenzo
∞∞∞
— Resfriado. Como um simples
resfriado pode causar uma febre tão alta
assim? — Jason não parava de se
questionar, espantado.
Tínhamos acabado de deixar o
consultório médico. Ao que tudo
indicava, Brandon havia contraído um
resfriado devido à recente mudança
climática. O pediatra disse que crianças
na idade do Brandon são mais frágeis e
suscetíveis a essas bactérias.
— Porque atacou a garganta
dele, Jason — expliquei, acarinhando o
rostinho rosado. Brandon estava
adormecido em meus braços. — Quando
eu era criança também sofria bastante
com isso.
Ele me olhou, mas não disse
nada.
Minutos mais tarde, nós paramos
no estacionamento interno do prédio em
que ele morava. Frank permaneceu me
aguardando na frente do Edifício.
— Espero não causar problemas
com a sua mulher — comentei, enquanto
saía do carro.
— Não terá incômodo algum,
porque Justine e eu nos separamos —
respondeu.
Pisquei freneticamente, tentando
absorver aquela informação nova. Não
soube dizer se Jason não percebeu o
meu choque, mas ele, simplesmente, agiu
como se não tivesse falado nada demais.
Engoli em seco, enquanto
seguíamos na direção do elevador
privativo. Fiquei tentada a perguntar
como ele ainda estava conseguindo
manter-se naquele padrão de vida, mas
não era da minha conta.
Assim que chegamos a sua
cobertura, Jason me pediu para entrar
primeiro. Em seguida, foi na frente para
mostrar o quarto do Brandon.
— A febre baixou? — quis
saber.
Senti a temperatura do Brandon,
aliviada por constatar que sua pele
estava fresca. Ajeitei o pequeno sobre o
colchão, acariciando seu rostinho sereno
e suado devido à febre alta que teve.
— Ele está melhor — respondi,
debruçada sobre o berço. Não queria ter
que deixá-lo. — Deveria ser proibido
que criança ficasse doente.
— Concordo com você — disse,
apertando a mãozinha do filho. — É
assustador.
Eu ri, erguendo os olhos.
Deparei-me com seu olhar amoroso para
o Brandon.
— É sim, mas devemos ser os
super heróis da história — garanti.
Ele me olhou.
— Você faz isso parecer muito
mais fácil.
— Impressão sua — comentei,
sem jeito. — Fiquei com muito medo
também. Brandon é tudo para mim,
Jason.
— Eu sei.
Permanecemos nos olhando, mas
sem nada a dizer.
De repente, meus batimentos
cardíacos aceleraram demais, fazendo-
me consciente do momento estranho.
— Bem, acho melhor eu ir —
comentei em tom baixo.
Tentei me afastar, contudo tive
minha mão puxada.
— Giovanna, eu... — olhei para
seus olhos intensos.
— Não faça isso — me apressei
em dizer antes que ele tentasse qualquer
coisa. — Eu estou com o Lorenzo.
Ele baixou os olhos, porém
continuou segurando minha mão.
Desesperei-me quando ele deu a volta
no berço até ficar frente a frente comigo.
— Eu sei que está, mas posso te
fazer mais feliz do que ele, Giovanna —
insistiu. — Prometo que usarei cada um
dos meus dias para me redimir com
você, querida, basta você me dar uma
chance.
— Jason...
Ele me cortou:
— Case-se comigo! — Arregalei
os olhos, assustada. — Podemos voltar
a ser uma família outra vez — prometeu.
Suas mãos me buscavam com um
desespero cortante, enquanto eu apenas
tentava me afastar.
Angústia me dominava naquele
momento.
— Por favor, querida, me perdoe
— insistiu. — Dê-me a chance de
mostrar que estou arrependido; de
consertar as coisas. Eu ainda posso te
fazer feliz, eu sei que posso.
— Já chega! — exclamei,
atormentada.
— Mas, eu...
— Eu disse, já chega, Jason! —
interrompi sua tentativa de continuar me
persuadindo. Empurrei suas mãos para
longe. — Sou completamente
apaixonada pelo Lorenzo e jamais o
deixaria nem por você e nem por
qualquer outro — falei, respirando
fundo. — O motivo para eu estar aqui...
— gesticulei ao nosso redor —, é o
Brandon. Sempre será o Brandon. Nosso
filho é o elo que continua nos unindo.
Apenas ele.
O silêncio tomou conta, trazendo
a tensão consigo.
Nervosa, passei as mãos na
calça.
— Estou indo agora... — engoli
com dificuldade, incomodada com
aquela situação constrangedora — Por
favor, me avise sobre a melhora do
Brandon.
Dizendo isso, voltei para perto
do meu menino e depositei um beijo
estalado em sua bochecha rosada. Em
seguida, segui para fora do quarto, sem
esperar que Jason me acompanhasse. O
clima entre nós dois havia se tornado
pesado demais.
Fora do prédio, inspirei com
força, enchendo meus pulmões de ar.
Logo me encontrei com Frank e, juntos,
nós fomos até o meu carro.
— Está tudo bem com o menino,
senhora? — perguntou ele, fazendo-me
olhá-lo, surpresa.
— Está sim. — Sorri. — Deixei-
o dormindo — acrescentei, enquanto
entrávamos no carro. — Era um
resfriado.
— Oh, sim. É bem comum nessa
idade.
Surpreendi-me ainda mais.
— Nunca perguntei, Frank, mas
você tem filhos? — questionei,
colocando meu cinto.
Um sorriso lindo pairou em seus
lábios.
— Eu tenho um casal —
respondeu com a voz recheada de amor.
E os próximos minutos foram
preenchidos com histórias das bagunças
dos filhos dele, o que agradeci, porque o
silêncio apenas me faria remoer os
últimos acontecimentos e, eu não estava
a fim de pensar sobre o que tinha
acabado de acontecer no apartamento do
Jason.
Guardei tudo em uma caixinha
dentro da minha mente, planejando abri-
la mais tarde.
Capítulo 22
Lorenzo
∞∞∞
No dia seguinte, voltei para
Nova York. Horas antes, eu mandei uma
mensagem a Giovanna avisando da
minha chegada e pedindo para que ela
me encontrasse no restaurante que ficava
em frente ao prédio. Meu coração estava
mais aliviado, considerando que antes
de voltar, eu vi minha mãe acordada e
bem.
O táxi me deixou exatamente
onde eu pedi para que Giovanna me
esperasse. Em seguida, paguei a corrida
e desci.
Não demorou muito até que eu
entrasse no estabelecimento e a
avistasse em uma das mesas.
Rapidamente, meu pedaço do céu se
levantou e veio ao meu encontro.
— Que saudades! — exclamou,
jogando-se em meus braços. — Fez uma
boa viagem?
— Sim — respondi, beijando
sua boca macia.
— E a sua mãe?
— Melhor. — Sorri, aliviado e
comovido pela sua preocupação sincera.
— Não entendi o motivo de você
ter pedido para que eu viesse pra cá, Lo
— comentou, desconfiada. — Eu no seu
lugar ia querer descansar. — Riu, fraco.
— Acontece que tenho uma
surpresa. — Ela parou, a caminho da
mesa em que estava sentada antes.
Retirei a caixinha com o anel do bolso
e, em seguida, me ajoelhei na frente dela
e de todos ao nosso redor. O choque
ficou evidente em seu lindo rosto. —
Giovanna, você aceita ser minha
esposa?
Suas mãos cobriram sua boca e
os olhos umedeceram na mesma hora.
— Você... — calou-se, vindo até
mim, segurando meu rosto e beijando
meus lábios devagar. — Isso é loucura!
— É loucura o meu pedido, ou a
ideia de se casar comigo? — brinquei,
fazendo-a rir.
— O pedido, seu bobo —
ralhou, puxando-me pelas mãos. Ergui-
me sob meus pés, ainda mostrando o
anel cravado de diamantes. — Você tem
certeza?
— Minha única certeza é de que
quero muito ficar com você — falei. —
Quero compartilhar minha vida com
você, Giovanna, e, essa certeza só
aumenta.
A umidade dos olhos azuis
aumentou.
— Eu aceito — falou,
emocionada. Algumas pessoas que
estavam próximas de nós vibraram,
fazendo-nos rir.
Coloquei o anel no dedo anelar,
prometendo a ela e a mim mesmo que a
felicidade seria nossa companhia todos
os dias.
Capítulo 23
Giovanna
∞∞∞
Assim que cheguei ao prédio em
que Jason morava, subi direto para a
cobertura. O coração batia
descompassado enquanto minha mente
idealizava diversos cenários
assustadores.
A porta se abriu, revelando-me o
homem robusto que um dia chamei de
amor.
— O que foi? Onde está o
Brandon? — questionei enquanto
entrava. Olhei ao redor, mas não
encontrei nada além de nós dois e o
silêncio.
— Aceita alguma coisa para
beber? — perguntou ele,
despreocupado.
Olhei para ele, franzindo o
cenho.
— Não vim aqui para isso, Jason
— rosnei. — Você me ligou e me deixou
desesperada. Onde está o Brandon?
— Passeando com a babá —
respondeu tranquilamente, ignorando
meu desespero. — Venha.
Mesmo desconfiada, eu o segui.
— Vai me contar o que está
acontecendo?
— Sente-se — exigiu quando
chegamos à sala espaçosa. — Chamei
você aqui, porque quero que cheguemos
a um acordo.
— Acordo? Do que está
falando?
Ele suspirou alto.
— Quero ficar com você,
Giovanna — insistiu, me irritando. —
Sei que errei, mas eu já disse que quero
outra chance.
— Pelo amor de Deus, Jason,
esse assunto de novo? — Me levantei,
tencionando ir embora, porém sua voz
me parou:
— E se eu disser que descobri o
seu segredinho sujo? — Olhei para ele
de olhos arregalados. — O que será que
o grande Lorenzo irá pensar quando
ficar sabendo do seu caso com uma
mulher imunda dentro daquela prisão,
hun?
— O-o que... — me sentei, pois
minhas forças se esvaíram — O que
você disse? — Praticamente engasguei.
— Sei do que você passou,
querida, e não me importo com esse
passado, porque fez parte da sua
sobrevivência — falou. — Você estava
sendo ameaçada de morte, então se
obrigou a se submeter àquilo; obrigou-se
a aceitar ser amante da mulher —
acrescentou ele. — Eu entendo, juro.
Mas será que o González vai entender?
Engoli com dificuldade, sentindo
a umidade tomando conta dos meus
olhos.
— Lorenzo me ama — falei,
meio débil.
— Será? — desdenhou. — Além
disso, você já pensou no peso que essa
informação acarretará na imagem dele
na mídia? A família González possui um
patrimônio enorme, então é algo a se
pensar...
Meu desejo de socá-lo fervia em
minhas veias.
— O que você quer? — sibilei
entre dentes.
O sorriso que se estabeleceu em
seus lábios me deu vontade de vomitar.
— Eu já disse... quero que volte
para mim — respondeu, fazendo meu
sangue gelar ainda mais. — Fique
comigo e com nosso filho. Uma família
linda, completa e feliz.
Era um pesadelo? — Foi a
pergunta feita pelo meu subconsciente.
Capítulo 24
Lorenzo
∞∞∞
Cheguei em casa no final do dia,
cansado e estressado. Quando as coisas
não saíam como o planejado, eu ficava
muito irritado.
Encontrei Giovanna no quarto,
sentada sobre a cama.
— Me perdoe, meu amor —
murmurei, enquanto tirava a gravata. —
Você não faz ideia de como foi o meu
dia — declarei.
O silêncio dela me fez olhá-la.
— Está tudo bem? — Ela
permaneceu me olhando. — Brandon
não apareceu?
— Apareceu sim — disse,
baixinho.
Sorri, sabendo o quanto a visita
do filho a deixava feliz.
— O que vocês fizeram? —
perguntei, arrancando minha camisa.
Agradeci mentalmente por sempre ter
peças de roupa no escritório, então foi
fácil trocar depois do incidente com a
Justine. — Brincaram de quê?
Fui surpreendido quando
Giovanna se levantou e, praticamente,
me atacou. A boca buscou pela minha
com selvageria. Era como se ela
estivesse se esforçando para provar
alguma coisa a si mesma.
— Uau! Isso tudo é saudade? —
questionei, empurrando minha cabeça
para trás. Os olhos azuis estavam
dilatados e um pouco atormentados.
— Me ame — pediu, retirando o
vestido que usava. O corpo nu fez o meu
pulsar na mesma hora. O efeito era
sempre o mesmo.
Agarrei-a pela nuca e trouxe seu
rosto mais perto, reivindicando seus
lábios carnudos. Eu ficava louco quando
ela buscava por mim daquela forma,
porque me fazia sentir desejado. Era
agradável saber que minha mulher sentia
tanto tesão por mim quanto eu sentia por
ela.
Devagar, caminhei com ela até
deitá-la sobre a cama. Minha boca
começou a trilhar beijos molhados pelo
seu corpo febril. Os gemidos baixos
logo aumentaram, tornando tudo ainda
mais intenso. Aos poucos fui me
livrando das minhas próprias roupas,
ensandecido pelo momento.
Num movimento inesperado, fui
empurrado para o lado e Giovanna
tomou o controle. Arquejei quando ela
abocanhou meu pau por inteiro, sem
deixar de me encarar com aquelas duas
safiras. Segurei seus cabelos com uma
das mãos, enquanto com a outra, eu
aproveitava para beliscar seus mamilos.
A excitação fervia em minhas células,
fazendo-me rendido.
Rendido de amor.
Rendido de desejo.
Soltei um gemido rouco quando
sua boca deslizou para cima e a língua
brincou com a glande.
Desesperado com aquela tortura,
eu me sentei, trazendo sua boca gostosa
para a minha, onde mordi os lábios
carnudos. Levantei-me, sem deixar de
beijá-la e, em seguida, eu a virei de
costas para mim.
— Você confia em mim? —
sussurrei a pergunta em seu ouvido,
adorando ver os pêlos arrepiados.
— Sim. — Engasgou ela.
Sorri, arrogante.
— Então se abaixe e deixe as
mãos para trás — pedi, forçando suas
costas para baixo.
No momento seguinte, ela fez
exatamente como pedi. Lambi os lábios,
enquanto me encaixava em sua entrada
exposta. Segurei suas mãos com as
minhas e, em seguida, eu a penetrei.
Nossos gemidos se misturaram quando a
preenchi por completo. Nossa conexão
era deliciosa.
Passei a usar suas mãos para dar
os impulsos necessários às investidas. A
visão que eu estava tendo do encontro
da minha pélvis com o traseiro
avantajado me fazia revirar os olhos; era
enlouquecedor demais.
Aquela mulher me causava
sensações tão deliciosas que chegavam
a ser assustadoras.
De repente, eu soltei suas mãos,
virei seu corpo na direção da cama e a
forcei para frente, de modo a fazê-la
debruçar-se contra o colchão. Minhas
investidas se intensificaram. Mordi seu
ombro, aproveitando para passear minha
mão por baixo de seu corpo suado e
tocar em seu clitóris inchado.
— Eu... vou gozar — soprou ela,
deitando a cabeça de lado de modo a
buscar pela minha boca.
— Então goza, meu pedaço do
céu — sussurrei. — Goza no meu pau,
gostosa.
Acelerei as investidas, sentindo
o redemoinho de emoções e sensações
se formando dentro de mim. O suor
pingava no meu rosto devido a toda
adrenalina.
Segurei-me ao máximo para não
gozar antes dela, e só me liberei quando
senti os tremores tomando conta do seu
corpo frágil.
— Lorenzo... oh, Lorenzo —
gemeu, gozando deliciosamente.
Com mais duas investidas, eu me
derramei em seu interior, adorando
sentir os apertos de suas paredes
pélvicas.
Soltei suas mãos, auxiliando-a a
se erguer. Em seguida, eu me deitei na
cama. Giovanna virou a cabeça na minha
direção, fixando o olhar no meu. Eu
podia sentir que alguma coisa a estava
incomodando, pois mesmo com nosso
sexo era possível sentir sua inquietação.
— Eu amo você demais — disse
ela, arrancando um sorriso meu. —
Nunca me imaginei sendo tão feliz.
Peguei sua mão — com o anel de
noivado — e trouxe aos meus lábios,
beijando a pele com carinho e puxando
o corpo nu mais perto.
— Você conseguiu fazer meu
coração sentir muito mais do que amor,
um sentimento mais forte, mais intenso,
mais verdadeiro, um sentimento muito
além da vida e muito além do amor —
declarei com fervor.
Erguendo o tronco, Giovanna se
aproximou para beijar meus lábios. Era
mais do que nítido que algo a estava
chateando, porém optei por não
questioná-la. Entretanto, suas lágrimas
me deixaram preocupado.
— Está tudo bem? — perguntei
no fim das contas.
Acariciei seu rosto, enxugando o
rastro das lágrimas.
Assentiu, beijando a palma da
minha mão.
— Vamos tomar um banho? —
quis saber, ignorando, propositalmente,
minha pergunta.
Fiquei olhando para ela,
tentando encontrar algo em seu olhar,
mas não havia nada.
Nenhuma pista.
No fim, acabei suspirando.
— Vou poder me aproveitar de
você mais um pouquinho? — perguntei,
safado, fazendo-a dar risada.
— É uma promessa? — indagou,
tão safada quanto.
Joguei a cabeça para trás, rindo
alto.
Levantamos e, eu a puxei para
mim, avançando em sua boca.
Éramos um só coração.
Éramos duas almas que se
completavam.
Capítulo 25
Lorenzo
∞∞∞
O trânsito no horário de almoço
estava extremamente estressante e minha
paciência não estava das melhores,
considerando que não estava
conseguindo me comunicar com a
Giovanna. Tínhamos conversado mais
cedo, contudo ela não tinha aparecido no
escritório no período da manhã e
também não estava atendendo ao
telefone.
Minha preocupação estava
intensa, já que na noite anterior notei
que ela estava esquisita. Conversamos,
porém isso não servia para amenizar
meu desconforto. Eu a amava demais
para não me preocupar.
Longos minutos mais tarde, eu
estacionei o carro na minha vaga e
desci. Cumprimentei o porteiro e, em
seguida, peguei o elevador que,
rapidamente, me deixou no meu andar.
Mal abri a porta do apartamento
e parei no meio do hall, surpreso com o
que meus olhos viram.
— O que está fazendo aqui? —
perguntei ao Jason.
Ele não respondeu, ao invés
disso, olhou para o lado, para a
Giovanna, que logo surgiu no meu
campo de visão.
— Ele veio me buscar, Lorenzo
— disse, simplesmente.
— Buscar? — Eu estava muito
confuso.
Tentei não me preocupar com a
expressão estranha dela, mas estava bem
complicado.
— É isso mesmo — repetiu. —
Jason e eu reatamos.
Meu peito sufocou.
— O quê?
Assisti, em transe, o momento
em que ela caminhou, carregando uma
mala.
— Que brincadeira é essa,
Giovanna? — insisti, sem querer
demonstrar meu desespero.
— Não é brincadeira nenhuma,
caro amigo — intrometeu-se Jason. —
Minha garota apenas enxergou que o
único e verdadeiro amor dela sou eu.
Ignorei-o totalmente e, em
seguida, cheguei perto da Giovanna.
— Giovanna? — Busquei sua
mão e apertei entre as minhas. — Amor?
Por favor, olhe para mim — pedi.
Aqueles olhos prenderam os meus.
Tentei ler seu olhar, mas não consegui.
Era gelo. Puro gelo. — Não faça isso.
Você não precisa desse traidor na sua
vida. Eu amo você e, eu sei que você me
ama também. — Ela não disse nada. —
Tenho certeza que o que nós vivemos
durante todos esses meses foi real.
Acariciei seu rosto, sentindo a
maciez da sua pele.
— Foi real sim — disse ela,
fazendo com que um sorriso brotasse em
meus lábios. — Mas apenas para você
— acrescentou. Uma dor absurda tomou
conta de todo o meu ser. — Não me leve
a mal, Lorenzo... — continuou,
afastando-se de mim — eu me senti
acolhida por você, obviamente, porque
precisava desse tempo para me
restabelecer. Mas jamais deixei de amar
o Jason. Ele errou, eu sei disso. E o
quão hipócrita eu seria se não lhe desse
uma segunda chance?
— Isso já nem é questão de
hipocrisia, mas de burrice, Giovanna —
rosnei, entre dentes.
— O único burro aqui foi você,
seu otário — Jason sibilou, fazendo com
que minha fúria se aflorasse. —
Giovanna jamais deixou de ser minha
mulher.
Marchei feito um touro pra cima
dele, mas fui freado por Giovanna que,
espalmou meu peito com suas delicadas
mãos.
— Não faça isso, Giovanna —
implorei, sem conseguir controlar toda a
emoção engasgada dentro da minha
garganta. — Esse cara não te ama, será
que não percebe? Você merece mais do
que um homem que a abandone quando
você mais precisa. Você merece um
homem que priorize você mais do que
qualquer coisa. E esse homem sou eu.
— Perdoe-me por quebrar seu
coração, Lorenzo, mas infelizmente não
consigo mais continuar fugindo do que
sinto. Jason é e sempre foi o homem que
eu amo.
Nesse momento, Jason se
aproximou dela e a puxou para ele.
Meus punhos se fecharam na mesma
hora e tudo o que consegui enxergar foi
o vermelho.
Vermelho sangue.
Ergui o braço e mirei meu punho
na direção daquele rostinho bonito,
apenas para apagar o sorriso sarcástico
dos seus lábios. Giovanna gritou, mas
não dei ouvidos.
Todo o meu corpo pedia por
aquilo.
Eu queria acabar com aquele
infeliz.
— Lorenzo, pare! Pare com isso!
— gritou ela, enquanto eu continuava
socando o rosto do Jason feito uma
máquina assassina. — Pare! Não me
faça odiá-lo.
Parei na mesma hora em que ela
pronunciou tais palavras. Meus
batimentos cardíacos podiam ser
ouvidos a quilômetros de distância,
contudo ninguém, além de mim,
conseguia ver o quanto meu coração
sangrava.
Fiquei imóvel quando ela foi até
o Jason, auxiliando-o para se levantar. O
rosto estava inchado e um pouco
ensanguentado. Giovanna pegou a mala
e, em silêncio, os dois seguiram para a
porta de saída.
Não houve mais troca de
palavras e nem de olhares.
Meu pedaço do céu... a única
mulher que eu amei estava partindo e, eu
não poderia fazer nada para impedir.
Capítulo 26
Giovanna
Passado
∞∞∞
Presente
A noite chegou e, eu sequer notei
o tempo passar. Fui ao banheiro e tomei
um banho rápido, apenas para encontrar
o alívio necessário para conseguir
dormir, o que era ridículo, já que minha
mente estava um caos depois que deixei
o Lorenzo, horas atrás.
Longos minutos mais tarde, eu
saí do banheiro, me deparando com
Jason, sentado na cama. Assim que me
viu, ele sorriu e veio na minha direção,
com intenção de me beijar.
— Nem ouse chegar perto de
mim — rosnei, esticando meu braço de
modo a formar uma barreira entre nós.
— Não é porque me submeti a sua
chantagem nojenta que você terá algum
direito sobre mim, Jason. — Deixei
claro. — Não se esqueça de que estou
aqui contra a minha vontade!
Observei que seu maxilar
trincou, porém não dei a mínima. Jason
nunca gostou de ser contrariado.
Fui até a cama, peguei um
travesseiro e uma coberta. Em seguida,
rumei para a porta.
— Ei? Aonde pensa que vai?
Parei, antes de girar a maçaneta.
— Eu não penso, eu vou! —
exclamei, furiosa. — Irei dormir no
quarto do Brandon.
— Giovanna...
Cortei-o:
— Jason apenas olhar para você
já me causa asco, então, por favor, não
tente forçar a barra.
Dizendo isso, abri a porta e
deixei o quarto, pisando duro.
Quando cheguei ao cômodo ao
lado, eu vi que Brandon ainda estava
acordado. Aconcheguei-me a ele,
inspirando aquele cheirinho delicioso de
bebê e, aos poucos, comecei a me sentir
melhor.
Capítulo 27
Lorenzo