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Anatomia

Radiológica
Professor: Marcelo Batista
1

Procedimento e analise na realização dos exames


radiológicos de tórax.

O que é necessário para realização de um exame


radiológico de boa qualidade?

Ao olhar para uma radiografia, lembre-se de que ela é


uma representação bidimensional de um objeto
tridimensional.
A altura e a largura são mantidas, mas a profundidade se
perde. Em incidência especifica. Verifique o histórico do paciente.
O lado esquerdo da imagem representa o lado direito da Antes de iniciar a realização do exame, quando o
pessoa e vice-versa. paciente estiver se preparando lembre-se de solicitar toda
O ar aparece visualmente em preto caracterizando uma a informação sobre necessária, incluindo nome completo,
densidade baixa, à gordura e alguns tecidos moles em a idade, o gênero e o histórico médico, se já realizou
cinza representados por uma transição de densidade outros exames no setor, há quanto tempo e se tem outros
entre baixa e media, os ossos e algum tipo de metal exames anteriores para comparações.
implantado aparecem praticamente em branco.
Quanto mais denso o tecido, mais branco ele aparecerá
nos Raios X.
Os tecidos mais densos aparecem radiopacos e claros na
imagem.
Os menos densos, radiolucentes ou translúcidos em tons
de cinzas podendo ser mais claros ou mais escuros.
Os com muito baixa densidade praticamente que
radiotransparentes totalmente escuros.

Fazendo as verificações iniciais


Identifique a data da realização do exame anterior.
Tome nota especialmente da data ao comparar
radiografias mais antigas.
Sempre verifique os exames mais antigos, se estiverem
disponíveis.
A data da radiografia fornece um contexto importante para
interpretar descobertas.

Avaliando a qualidade da imagem

Confira o nome do paciente.


Verifique se está olhando para os Raios X certos. Parece
óbvio, porém quando se realiza vários exames, o setor de
radiologia pode estar agitado e rapidamente podem
ocorrer trocas e erros nos exames realizados.
Caso esteja com os Raios X errados, você desperdiçará
tempo em vez de economizar.

Verifique se o exame foi realizado em inspiração total.


2

Os Raios X devem ser realizados quando o paciente está Verifique o alinhamento da coluna torácica com o centro
na fase inspiratória total do ciclo de respiração. Quando do esterno e entre as clavículas.
os Raios X incidem anteriormente ao tórax às costelas Verifique se as clavículas estão alinhadas.
ficam mais próximas do filme, as posteriores, que ficam
mais aparentes. Você deverá ser capaz de ver 10 Identificando e alinhando do exame de Raios X.
costelas posteriores se a imagem for tirada na inspiração
completa.

Procure por marcadores


A próxima coisa a fazer é identificar a posição dos Raios
Verifique a exposição. X e alinhá-lo corretamente.
Os filmes com alta exposição “penetrados” alteram a Procure por marcadores relevantes impressos na
normalidade visual e os detalhes são perdidos e difíceis radiografia.
de serem avaliados com exatidão. "L" ou "E" representam esquerda.
Filmes baixa exposição ficam com claridade acima da "R" ou "D" representam direita.
normalidade visual e causam a aparência de áreas de "PA" póstero-anterior.
opacificação. "AP" antero-posterior.
Uma incidência de penetração inferior não consegue “P” perfil
diferenciar os corpos vertebrais dos espaços Observe a posição do paciente:
intervertebrais. Ortostático ou ortostatismo
A penetração é considerada baixa se não for possível Decúbito dorsal
verificar as vértebras torácicas. Decúbito ventral
Uma imagem com penetração excessiva mostra os Decúbito lateral direito ou esquerdo
espaços intervertebrais de maneira muito distinta. Sims

Procure por rotação.


Se o paciente não ficar completamente reto em relação o Posicione os Raios X póstero-anterior e perfil.
chassi, pode haver rotação evidente na incidência. Um exame normal consistirá de uma imagem póstero-
A imagem do mediastino aparecerá diferente do normal. anterior (PA) e um perfil (P) que são verificas e analisadas
A rotação pode se detectada por observação das epífises juntas.
claviculares e para os corpos vertebrais torácicos.
3

Alinhe-as para que sejam vistas como se o paciente


estivesse de pé na sua frente, de modo que o lado direito
dele fique para o seu lado esquerdo. (imagem espelhada)
Se existirem exames anteriores alinhe-os lado a lado para
melhor avaliação.
O termo póstero-anterior (PA) se refere à direção dos
Raios, ou seja, incidem em uma entrada e uma saída
atravessando o paciente da parte de trás (posterior) para
a da frente (anterior).
O termo antero-posterior (AP) se refere à direção dos
Raios X, ou seja, incidem em uma entrada e uma saída
atravessando o paciente da parte da frente (anterior) para
a de trás (posterior). Determinação do posicionamento decúbito lateral.
Posicionamento em que o paciente permanece em
A incidência radiográfica em perfil (P) paciente
decúbito lateral. Ajudara a avaliar fluidos suspeitos
posicionado lateralmente deve se realizada com o lado
(efusão pleural).
esquerdo do tórax em relação ao o chassi?
O posicionamento em oblíquo com rotação intencional é Pode ser observado “hemitórax” não dependente para
confirmar pneumotórax.
realizado para visualizações fora do padrão frontal e
O pulmão dependente deverá aumentar de densidade por
lateral.
causa da atelectasia, causada pelo peso do mediastino.
Tem grande utilidade para avaliações de locais nos quais
existem lesões em estruturas que se apresentam em O aparecimento desta indicação clinica nos exames de
Raios X indica ar preso.
sobreposição.

Reconheça os Raios X Antero posterior. Alinhe a esquerda e a direita.


Os raios X de incidência AP são realizados O Técnico em Radiologia de garantir que está verificando
eventualmente para pacientes impossibilitados de os Raios X da maneira correta, e pode fazê-lo fácil e
permanecerem em ortostatismo (em pé). rapidamente procurando pela bolha gástrica, que deve
Os exames radiológicos de tórax em AP são realizados a ficar à esquerda.
uma distância menor em comparação com PA. Avalie a quantidade de gás e a localização da bolha
A distância diminui o efeito da divergência dos Raios X e gástrica.
a magnificação das estruturas mais próximas, como o As bolhas gástricas normais também podem ser vistas
coração. nas flexuras esplênicas e hepáticas do cólon.
Como as radiografias AP são realizadas em distâncias
menores, parecem mais ampliadas e menos nítidas em
comparação com as incidências de PA padrão.
Uma imagem AP pode exibir ampliação do coração e
alargamento do mediastino.
O fator eixo gravitacional também de ser levado em conta
o qual realiza o espalhamento dos órgãos devido ao peso
dos tecidos.
4

Analisando a imagem brônquica, onde a traqueia se bifurca (divide) nos


brônquios direito e esquerdo do tronco principal.

Comece com um panorama.


Antes de se concentrar nos detalhes específicos, é bom Ossos
observar a imagem como um todo. Verifique os ossos procurando por fraturas, lesões ou
Os aspectos principais que você pode ter pulado talvez defeitos.
mudem o que adotar como pontos de referência. Note o tamanho, o formato e o contorno gerais de cada
Começar com esse panorama também pode sensibilizar osso, a densidade ou a mineralização (os ossos
você para observar coisas em particular. osteopênicos parecem finos e menos opacos), a
espessura cortical em comparação com a cavidade
medular, o padrão trabecular e a presença de erosões,
fraturas, áreas líticas ou blásticas. Procure também por
lesões lucentes e escleróticas.
Uma lesão lucente é uma área com densidade diminuída
(parecendo mais escura); ela pode parecer perfurada em
relação ao osso que a cerca.
Uma lesão esclerótica é uma área do osso com
densidade aumentada (parecendo mais clara).
Nas articulações, procure por espaços se estreitando ou
alargando, calcificação das cartilagens, ar no espaço
articular e tecidos adiposos anormais.
Verifique presença de equipamentos como tubos,
cateteres venosos ou arteriais, eletrodos de Procure pelo sinal de silhueta.
monitoração, marca-passos, clipes cirúrgicos ou Trata-se basicamente da eliminação da silhueta ou da
drenos. perda de interface entre pulmão e tecido mole que ocorre
depois de uma massa ou transbordamento no pulmão.
Observe o tamanho da silhueta cardíaca, o espaço
branco que representa o coração entre os pulmões.
Quando normal, ela ocupa menos da metade da largura
da caixa torácica.

Conceitue caixa torácica?


Caixa torácica ou cavidade torácica é o espaço totalmente
compreendido pela curvatura das costelas, entre o osso
esterno e a coluna vertebral. No seu interior encontram-se
os pulmões e o coração, e é onde ocorre a chamada
pequena circulação.
Verifique as vias aéreas
Verifique se a via aérea está mediana.
Por exemplo, em um pneumotórax hipertensivo, a via
aérea é desviada do lado afetado. Procure pela Carina
5

O coração em formato de garrafa plástica no filme do PA Verifique o coração.


sugere efusão pericárdica. Existe a indicação de Examine as bordas do órgão;
ultrassom ou tomografia computadorizada da caixa Se as margens da silhueta estão nítidas.
torácica para confirmação. Observe se a radiopacidade está obscurecendo a borda
do coração no lóbulo médio direito e na língula esquerda,
O que é efusão pericárdica? sinal de pneumonia, por exemplo.
Quando existir excesso de líquido, causado por Veja também se existem anormalidades nos tecidos
inflamação na membrana serosa, que pode interferir no moles externos.
bombeamento do sangue. Derrame pericárdico ou Um coração com um diâmetro maior do que metade do
derrame cardíaco é o acúmulo anormal de fluido na diâmetro torácico está morfologicamente alterado.
cavidade pericárdica, conjunto de membranas que Observe os nódulos linfáticos e procure por enfisema
envolvem o coração. subcutâneo (densidade do ar abaixo da pele) e outras
lesões macroscópicas se possível.

Verifique o diafragma.
Ao visualizar um diafragma reto ou elevado. Observe as estruturas pulmonares e os pulmões
Primeiro pode indicar enfisema. como um todo.
Segundo pode ser sinal de uma área de consolidação, Comece observando a simetria e procurando por áreas
como na pneumonia, deixando o campo do pulmão principais lucentes ou densidade anormais. Tente treinar
inferior impossível de se distinguir em densidade tecidual os olhos para passar pelo coração e o abdômen superior
quando comparado com o abdômen. até o pulmão posterior. Você também deve examinar a
O diafragma direito normalmente é mais alto que o vascularização e a presença de massas ou nódulos.
esquerdo devido à presença de estrutura hepática Examine os pulmões procurando por infiltração, fluidos ou
(fígado) abaixo dele. broncogramas de ar.
Observe também o ângulo costofrênico (que deve ser Em caso da existência de fluidos, serosidades, muco,
agudo ângulo de 45°). tumores ou outras visualizações que estejam
Em caso de se verificar algum arredondamento pode preenchendo a cavidade pulmonar, os pulmões aparecem
indicar efusão pleural. radiodensos (brilhantes), com marcas intersticiais menos
visíveis.
6

Observe os hilos.
Procure por nódulos e massas nos hilos dos dois
pulmões. Na visão frontal, a maioria das sombras dos
hilos representa as artérias pulmonares, direita e
esquerda. A última sempre fica mais para cima, elevando
o hilo esquerdo.
Procure por nódulos linfáticos calcificados nos hilos, que
podem ser causados por uma infecção de tuberculose
antiga.

Dicas
A prática leva à perfeição.
Estude e leia vários raios X de tórax para se tornar
proficiente.
Faça observações gerais e gradualmente vá para os
detalhes específicos.
Sempre compare os raios X antigos quando estiverem
disponíveis. Ajudarão a detectar novas doenças e a
avaliar mudanças.
Sempre verifique a rotação observe as cabeças das
clavículas em relação aos processos espinhosos que
devem estar equidistantes.
O tamanho cardíaco deverá ser menos do que 50% do
diâmetro total do tórax nas imagens PA.
Siga uma abordagem sistemática na leitura dos raios X
para não deixar passar nada.
Lembre-se de realizar seus exames com foco no que esta
fazendo e protocolar mentalmente cada passo.

Tema
Responda qual a diferença entre espessura, densidade,
radiopaco, radiotransparente, radiodensos, hipodenso,
hiperdenso, hipocaptação, hipercaptação, radiolucente e
radiotranslúcido?
SINAIS EM RADIOLOGIA TORÁCICA
Henrique Donato, Francisco Pereira da Silva, Célia Antunes, Pedro Belo Oliveira, Filipe Caseiro Alves
Serviço de Imagem Médica, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

Introdução: Sinais radiológicos são padrões característicos, reconhecíveis, por vezes com nome de objectos familiares Materiais e métodos: São apresentados casos de radiografia e tomografia computorizada de tórax do arquivo de exames
com os quais são vagamente parecidos. São utilizados em estudos imagiológicos por auxiliarem no diagnóstico e radiológicos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
subsequente orientação terapêutica de doenças. Tal se deve ao facto de muitas vezes serem característicos ou altamente
sugestivos de um determinado grupo de patologias. O conhecimento destes sinais pode encurtar a lista de diagnósticos Resultados: São descritos casos demonstrativos de sinais na radiografia e tomografia computorizada do tórax,
diferenciais. Particularmente no tórax, a interpretação bem sucedida de estudos radiológicos requer o reconhecimento de exemplificados nas Fig. 1 a 20.
tais sinais.
Este trabalho tem como objectivo salientar a importância do reconhecimento de sinais em radiologia de tórax, convencional Discussão: Um sinal radiológico é um padrão característico, sugestivo de um determinado grupo de patologias semelhantes.
e TC, através de casos exemplificativos, como auxílio no diagnóstico diferencial. O conhecimento e o reconhecimento de tais sinais podem ser importantes no diagnóstico diferencial das alterações observadas
e, inclusivamente, no seu diagnóstico final.

A B
Sinal da Silhueta – Uma lesão intra-torácica que contacta com os contornos da silhueta mediastínica Sinal do Broncograma Aéreo – Aparece Sinal da Asa de Borboleta – Traduz edema Capacete Apical – Opacidade no vértice
ou dos hemi-diafragmas e que apresenta densidade radiológica idêntica irá apagar esses contornos no quando os brônquios mantêm-se arejados no seio alveolar extenso, no contexto de edema agudo do pulmonar em forma de crescente (seta),
radiograma. Este sinal permite assim determinar a localização dessas lesões. de uma consolidação. A sua presença indica que a pulmão. geralmente traduzindo espessamento da pleura
Fig. 1- Pneumonia total do pulmão esquerdo. A – Radiografia do tórax com incidência PA mostrando lesão é intrapulmonar (consolidação) mas a sua Fig.3 – Edema agudo do pulmão. Diminuição da apical, de natureza cicatricial (Fig.4 – Sequela de
opacidade em toalha homogénea ocupando todo o campo pulmonar esquerdo e condicionando sinal de ausência tem pouco significado. Fig. 2- Pneumonia radiotransparência pulmonar na região peri-hilar, tuberculose). Este sinal pode contudo surgir
silhueta com o contorno esquerdo da silhueta mediastínica e da hemicúpula diafragmática homolateral. lobar esquerda. Opacidade em toalha ocupando o de forma simétrica, poupando a periferia e noutras patologias nomeadamente pulmonares,
B – Na incidência de perfil esquerdo, apenas é visível a hemicúpula diafragmática direita devido ao lobo superior esquerdo e língula, individualizando- configurando o aspecto em “asa de borboleta”. como o carcinoma do sulco superior ou colapso
se opacidades tubulares radiotransparentes (seta) periférico do lobo superior.
referido sinal da silhueta que condiciona apagamento do hemi-diafragma esquerdo.
na região central – broncograma aéreo.

A B
A B Sinal Cervico-Toraco-Abdominal – Está apenas presente quando uma lesão se
Sinal do Duplo Contorno – Indica aumento
das dimensões da aurícula esquerda, que se torna Sinal Cervico-Torácico – Permite determinar se uma lesão do mediastino superior é anterior ou localiza no mediastino posterior, com extensão num nível abaixo ao do diafragma.
perceptível na radiografia do tórax com incidência posterior, consoante a definição dos seus limites acima das clavículas. Se for bem definida a esse nível, a Fig.7 - Acalásia. A – Radiografia do tórax de frente mostrando alargamento do mediastino à
de frente, formando conjuntamente com o lesão será posterior (ver Fig.7) enquanto que se for mal definida, significa que contacta com os tecidos direita, não fazendo contudo sinal de silhueta com o seu contorno (*) e estendendo-se para
contorno da aurícula direita, este sinal radiológico. moles cervicais, pelo que será anterior. Fig.6 - Bócio mergulhante. A – Radiografia de tórax com incidência além da hemicúpula diafragmática direita (seta). Estes 2 sinais radiológicos sugerem a sua
Fig.5 - Dilatação da aurícula esquerda por PA, mostra uma massa no mediastino superior, paratraqueal direita, com limites mal definidos acima do localização posterior. B – Na incidência de perfil, comprova-se a sua localização posterior e
insuficiência mitral. Densidade curvilínea nível das clavículas. B – TC comprova a localização, a origem e natureza da massa mediastínica superior. pela sua morfologia, a sua origem esofágica.
projectada medialmente ao contorno da aurícula
direita (seta), representando a margem infero-
lateral da aurícula esquerda aumentada.

B
*

Sinal de Luftsichel – Significa “crescente de Sinal do Pico Justa-frénico – Opacidade Sinal da Cauda de Cometa – Característico de
A C ar” em alemão e está presente no contexto de triangular que se projecta superiormente na uma atelectasia redonda (*) em TC (Fig.11),
colapso lobar superior esquerdo - Fig.9. Surge na metade medial do diafragma, consequente a representa a deformação em “remoinho” (seta) das
Sinal “S” de Golden – Traduz uma deformação da pequena cisura consequente à existência de uma massa radiografia do tórax como uma radiotransparência atelectasia do lobo superior. Fig. 10 – Colapso estruturas bronco-vasculares , desde o hilo pulmonar
hilar, neoplásica. Esta condiciona obstrução do brônquio lobar superior direito e subsequentemente colapso do com morfologia de crescente (seta) adjacente ao lobar superior direito (*) condicionando o sinal do até à periferia da lesão.
respectivo lobo. A pequena cisura que delimita estas alterações apresenta-se com a forma de um “S invertido” botão aórtico e correspondendo ao segmento pico justa-frénico (seta).
(linha tracejado), de concavidade inferior periférica (colapso pulmonar) e convexidade central (massa). Fig.8 - superior do lobo inferior esquerdo hiperinsuflado.
Neoplasia pulmonar, hilar direita. A –Radiografia de tórax de frente mostrando opacidade em toalha delimitada
inferiormente pela pequena cisura, desviada para cima (colapso lobar superior) e com sinal “S” de Golden. B e C - TC
torácica após CIV confirma o colapso do lobo superior direito (*) condicionado por uma massa tumoral hilar(seta).

1
B
2 3

Imagem em Carril – Opacidades lineares Sinal do Anel de Sinete – Imagem formada


C paralelas (seta), representando as paredes por um brônquio dilatado acoplado à sua
A brônquicas espessadas, em secção longitudinal. respectiva artéria, de calibre normal, em secção
Sinal do Diafragma Contínuo – Características das bronquiectasias cilíndricas, transversal (Fig.15 - círculo).
Linha Sinal do 1-2-3 – Padrão clássico na sarcoidose que consiste na combinação de adenopatias paratraqueais
neste caso (Fig.14) em contexto de fibrose quística.
radiotransparente que atravessa a linha média direitas (1), hilares direitas (2) e esquerdas (3). Fig 13 – Sarcoidose. A – Radiografia do tórax de frente mostrando
(seta), acima do diafragma, na radiografia do tórax aumento simétrico das dimensões e da densidade dos hilos, que apresentam contornos lobulados. Alargamento
PA, indicativa de pneumomediastino (Fig. 12). do mediastino superior em sede para-traqueal direita. Estes achados são compatíveis com o sinal do 1-2-3,
confirmado por TC torácica - adenopatias para traqueais direitas (B) e hilares bilaterais (C).

Sinal do Atol ou do Halo Invertido – Split Pleura Sign – Espessamento e realce dos
Opacidade em vidro despolido rodeada por halo folhetos pleurais parietal e visceral, rodeando uma
Sinal da Sobreposição Hilar – Quando existe, Sinal do Crescente – Colecção de ar Sinal do Halo – Opacidade em vidro despolido que periférico mais denso. É patognomónico de colecção líquida, indicativo de empiema (Fig.20).
significa que a lesão projectada ao hilo não tem origem periférica (seta) rodeando uma massa localizada rodeia um nódulo pulmonar denso, traduzindo geralmente pneumonia organizativa (Fig.19).
hilar. Fig.16 – Massa mediastínica anterior. Opacidade dentro de uma cavidade. A causa mais frequente é hemorragia periférica. Fig. 18 – Aspergilose invasiva. Nódulo
Bibliografia: Algin O, Gökalp G, Topal U. Signs in chest imaging. Diagn Interv Radiol. 2011;17:18-29.
projectada ao hilo esquerdo e através da qual se visualizam um aspergiloma (Fig.17). com halo em vidro despolido (seta) no segmento posterior Collins J, Stern EJ. Chest radiology: the essentials. 2nd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2008.
as estruturas vasculares do hilo – sobreposição hilar. do lobo superior direito. Felson B. Chest roentgenology. Philadelphia: WB Saunders Company; 1973.
Marshall GB, Farnquist BA, MacGregor JH, Burrowes PW. Signs in thoracic imaging. J Thorac Imaging. 2006;21:76-90.
Contactos: donato.henrique@gmail.com Parker MS, Chasen MH, Paul N. Radiologic signs in thoracic imaging: case-based review and self-assessment module. AJR Am J Roentgenol. 2009;192(3 Suppl):S34-48.
Webb WR, Higgins CB. Thoracic imaging: pulmonary and cardiovascular radiology. 2nd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2011.
ARTIGO DE REVISÃO
Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo
2008; 53(2):64-76

Contribuição da interpretação da radiografia simples de tórax


na sala de emergência
Contribution of the chest radiograph interpretation in the emergency room

Lygia de Souza Lima Lauand(1), Edson Braga de Souza Junior(2), Benedito Juarez Andrade(3),
Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri(4)

Resumo do pela interpretação de padrões radiológicos e finalizando


com a exposição de exemplos das principais afecções torácicas
Mesmo o grande avanço tecnológico obtido nas últimas dé- atendidas no Serviço de Emergência.
cadas com outros métodos de imagem, como tomografia
computadorizada, ressonância nuclear magnética e ultra- Descritores: Radiografia torácica, Tórax, Diagnóstico, Di-
sonografia, não foi capaz de diminuir a importância da ra- agnóstico por imagem, Técnicas de diagnóstico e procedi-
diografia simples de tórax no atendimento emergencial. Sua mentos, Serviços médicos de emergência
ampla disponibilidade, baixo custo e rapidez, podendo ser
realizada “no leito” em paciente com instabilidade clínica, Abstract
fazem da radiografia simples de tórax um dos primeiros exa-
mes complementares a serem solicitados na maioria dos ca- In spite of the great development of other imaging diagnosis
sos atendidos no Serviço de Emergência. methods, such as tomography, nuclear magnetic resonance
É enorme a quantidade de informação obtida com esse exa- and ultrasound, we have seen in the last decades the chest
me, principalmente quando avaliado por médico treinado, radiograph still has great importance in the evaluation of
auxiliando, por vezes, de forma decisiva no diagnóstico e na patients at the emergency room.
determinação da conduta para o paciente crítico. Porém, o The chest radiograph is one of the first exams to be asked for
deslumbramento com os novos métodos de diagnóstico por the majority of cases at the emergency room, because it’s
imagem tem contribuído para a perda progressiva da habili- wide available, is cheap and is rapid to be done. Another
dade do médico na interpretação de tão valioso instrumen- advantage really helpful for critical patients is that the
to. Apenas a interpretação sistematizada e o treinamento unstable patients don’t need to be transported to do the exam.
constante permitem a utilização plena do método. O objeti- It is really impressing how much information a well trained
vo deste artigo é revisar conceitos importantes para a avali- physician can get from this exam, influencing, sometimes
ação da radiografia de tórax, partindo da anatomia, passan- decisively, the diagnosis and treatment of the patient at the
emergency room. However, this scenario is changing, the
physicians are fascinated by the new technology, loosing
1. Acadêmica do 6º Ano do Curso de Graduação em Medicina da the skill necessary to interpret this exam completely, missing
Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo important information.
2. Médico Assistente do Serviço de Emergência da Irmandade da Only the systematic evaluation and the continuous training
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Professor Convidado da allow the complete usage of the chest radiograph. The objective
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – De-
of this article is to review important concepts for the full
partamento de Clínica Médica
3. Médico Pneumologista responsável pelos laudos de radiografia interpretation of this valuable exam, beginning from the chest
convencional de tórax da Irmandade da Santa Casa de Misericór- anatomy, passing through a systematic interpretation
dia de São Paulo suggestion, and finishing with some examples of the princi-
4. Coordenadora Clínica do Serviço de Emergência da Irmandade pal thoracic diagnosis seen at the emergency room.
da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Professor Assistente
da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Key Words: Radiography, thoracic; Thorax; Diagnosis;
Departamento de Clínica Médica Diagnosis imaging; Diagnosis technique and procedure;
Trabalho Realizado: Serviço de Emergência da Irmandade da Emergency medical services
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Endereço para correspondência: Pronto Socorro Central. Dr.
Edson Braga de Souza Junior. Rua Dr. Cesário Mota Junior, 112 – Introdução
Vila Buarque - São Paulo - SP - Fax: (11) 2176.7262 / e@mail:
edsonbragajr@yahoo.com.br Raios X são ondas eletromagnéticas de compri-

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Lauand LSL, Souza Junior EB, Andrade BJ, Sprovieri SRS. Contribuição da interpretação da radiografia simples de tórax na sala de emergência. Arq Med
Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2008; 53(2):64-76.

mento muito curto, cerca de um milhão de vezes me- suas estruturas, desde a pele até as mais profundas.
nor do que um milímetro, aproximadamente a distân- Limites: A caixa torácica é delimitada superior-
cia que separa um átomo de outro num sólido1. Atin- mente pela abertura superior do tórax, constituído
gido por um feixe de raios X, um corpo opaco trans- posteriormente pela primeira vértebra torácica, ante-
mite e absorve a radiação de maneira diversa, de acor- riormente pela borda superior do esterno e lateralmen-
do com as características dos materiais que o formam. te pelas primeiras costelas e suas cartilagens. Inferior-
Atrás do objeto examinado coloca-se a tela sobre mente o tórax é delimitado por sua abertura inferior,
a qual será feito o registro da imagem, podendo ser fechada pelo diafragma e constituída por T12, 12ª cos-
tanto um filme fotográfico sensível à radiação X como telas, seis cartilagens costais inferiores e pela articula-
uma placa de material que, atingido pelos raios X, ção xifoesternal2.
emita luz. Se uma parte do corpo em exame for mais Compartimentos torácicos: A cavidade torácica
espessa ou mais absorvente para os raios X, estes vi- pode ser dividida em um compartimento mediano,
rão a faltar nessa região, produzindo na tela uma som- chamado mediastino, e dois laterais, constituídos pe-
bra que assinala essa heterogeneidade. Os ossos, por las pleuras e pulmões. O mediastino, por sua vez, é
exemplo, contêm cálcio e são, portanto, muito mais dividido em superior e inferior, sendo o último sub-
opacos à radiação que as partes musculares. dividido em anterior, médio e posterior3. O mediastino
Os “Raios-X” foram descobertos em 1895 pelo fí- superior é limitado anteriormente pelo manúbrio
sico alemão Wilhelm Conrad Roentgen, reitor da Uni- esternal e posteriormente pelas quatro primeiras vér-
versidade Wurzburg na Alemanha, ao realizar um tebras torácicas, sendo composto pelo timo, grandes
experimento com um tubo de raios catódicos criados veias, grandes artérias, traquéia, esôfago, ducto
anos antes pelo inglês William Crookes1. Este era um torácico e troncos simpáticos. O mediastino inferior é
tubo de vidro dentro do qual um condutor metálico limitado anteriormente pelo corpo do esterno e pos-
aquecido emitia elétrons, então chamados raios teriormente pelas oito vértebras torácicas inferiores.
catódicos, em direção a outro condutor. Roentgen li- A sua porção anterior contém o timo, na parte média
gou o tubo de raios catódicos e percebeu que uma placa está o coração dentro do pericárdio, com os nervos
de platino cianeto de bário, um material fluorescente, frênicos de cada lado e o início dos grandes vasos, e
colocada próximo ao tubo brilhou, voltando ao seu na parte posterior encontram-se o esôfago, ducto
estado inicial ao desligar o aparelho1. O físico perce- torácico, parte descendente da aorta, veias ázigo e
bera que “algo” saía do tubo em direção ao platino hemiázigo, veia cava inferior, troncos simpáticos, ner-
cianeto, e continuou a investigar. vos intercostais e nervos esplâncnicos maior e menor3.
Em 22 de dezembro de 1895, Roentgen fez a radi-
ação atravessar por 15 minutos a mão de sua mulher
Bertha, atingindo, do outro lado, uma chapa fotográ-
fica. Revelada a chapa, viam-se nela as sombras dos
ossos de Bertha na primeira radiografia da historia1.
Roentgen decidiu então chamar os raios de “X”, sím-
bolo usado em ciência para designar o desconhecido.
As radiografias de tórax foram uma das primei-
ras utilizações clínicas desta técnica e continua, ainda
hoje, a ser um dos exames mais solicitados. O método
é capaz de fornecer grande quantidade de informa-
ções anatômicas e fisiológicas, porém sua interpreta-
ção objetiva muitas vezes é difícil, uma vez que varia-
ções da técnica, idade e status fisiológico do paciente
podem influenciar sua avaliação.
Figura 1. Radiografia de tórax normal em AP apontando as
O objetivo deste trabalho é rever conceitos funda- principais estruturas anatômicas identificáveis. VC – Veia
mentais para a interpretação da radiografia simples Cava Superior; AE – Átrio Esquerdo.
de tórax, além da apresentação de algumas situações
no atendimento de emergência onde o exame pode Cissuras e Lobos Pulmonares: O pulmão direito
fornecer informações de grande valia. possui duas cissuras (oblíqua e horizontal) que o di-
videm em lobos superior, médio e inferior. O pulmão
Anatomia do Tórax esquerdo possui somente uma cissura (oblíqua) que o
divide em lobos superior e inferior4.
Para uma interpretação adequada da radiografia Segmentos pulmonares: Por sua vez, cada lobo
de tórax é necessário que sejam consideradas todas as pulmonar é subdividido em segmentos. É necessário

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Anatomia cardiovascular do tórax: Na radiogra-


fia em PA o diâmetro cardíaco é normalmente menor
que a metade do diâmetro transverso do tórax (índice
cardiotorácico)3,5. O coração recobre a coluna torácica,
grosseiramente ¾ para esquerda e ¼ para a direita. A
aorta ascendente não é visualizada nem no PA nem
no perfil, pois é encoberta pelos átrios e artéria pul-
monar, já sua porção descendente pode ser
identificada do arco aórtico até o diafragma. Abaixo
do arco aórtico o hilo pulmonar pode ser visto ligeira-
mente mais alto à esquerda3,5. Na radiografia simples
de tórax não é possível definir as câmaras cardíacas
individualmente, porém é imperativo saber tanto a sua
localização normal quanto determinar se o tamanho e
a disposição de cada uma delas estão na faixa de nor-
malidade.
Figura 2. Radiografia de tórax normal em perfil apontando as A face esternocostal do coração é formada pelo
principais estruturas anatômicas identificáveis. AE – átrio átrio e ventrículo direitos. Na incidência póstero-an-
esquerdo; AO – arco aórtico; PU – artéria pulmonar; VD – terior (PA) o contorno direito do mediastino é deter-
Ventrículo direito; VE – ventrículo esquerdo. minado de forma ascendente pelo átrio direito, veia
cava superior e aorta ascendente3,5. A margem esquer-
da, por sua vez, é determinada pelo ventrículo esquer-
do (ápice cardíaco) e pela aurícula esquerda logo aci-
ma, seguida pelo hilo pulmonar e o botão aórtico. Em
condições normais existe uma concavidade logo abai-
xo do hilo pulmonar esquerdo, sendo identificável o
átrio esquerdo apenas nos casos em que haja aumen-
to de suas dimensões3,5. A face diafragmática é forma-
da pelos ventrículos direito e esquerdo e face inferior
do átrio direito.
No perfil, o átrio esquerdo constitui a porção su-
perior do contorno posterior do coração, porém não
pode ser separado do ventrículo esquerdo, que com-
Figura 3. Radiografia de tórax em perfil mostrando as pleta esta margem inferiormente. Já a margem anteri-
cissuras e as divisões dos lobos pulmonares. or do coração no perfil é determinada pelo ventrículo
direito e átrio direito, seguidos da veia cava superi-
or3,5.
conhecer a anatomia segmentar do pulmão para iden- Quanto à circulação pulmonar normal, em PA,
tificar os orifícios bronquiais e extrair corpos estranhos devido à ação da gravidade sobre os vasos pulmona-
pela broncoscopia, encontrar a lesão na mesa opera- res que são de baixa pressão, a uma mesma distância
tória, prescrever a drenagem postural adequada para do hilo, os vasos da base são mais largos do que os do
os abscessos pulmonares e para auxílio na investiga- ápice5.
ção diagnóstica. Essas são as estruturas que compõem o tórax e
O lobo superior do pulmão direito contém o seg- podem apresentar-se lesadas. Infelizmente a radiogra-
mento apical, posterior e anterior, o lobo médio é sub- fia torácica não é capaz de evidenciar lesões em todos
dividido em segmento lateral e medial e o lobo inferi- esses órgãos e o médico do serviço de emergência deve
or D em segmento apical, basal anterior, basal poste- em alguns casos lançar mão de outros métodos de
rior, basal lateral e basal medial4. Já o lobo superior imagem, como a Tomografia Computadorizada, Res-
do pulmão esquerdo é subdividido em segmentos sonância Nuclear Magnética e o Ultra-som. A radio-
apico-posterior, anterior, lingular superior e lingular grafia convencional demonstra apenas a diferença de
inferior. O lobo inferior E, por sua vez, é subdividido densidade radiológica das estruturas normais ou le-
em segmentos apical, basal anterior, basal lateral, basal sões patológicas. Discutiremos a seguir a melhor ma-
posterior e basal medial4. Cada segmento possui um neira de utilizar a radiografia torácica no auxílio diag-
brônquio segmentar, uma artéria segmentar, vasos lin- nóstico e suas indicações e interpretações nos princi-
fáticos e nervos autonômicos. pais casos da sala de emergência.

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Interpretação decúbito. O paciente é colocado em decúbito late-


ral sobre o lado a ser examinado e o feixe entra em
O primeiro passo é escolher o tipo de incidência sentido horizontal.
radiográfica apropriada. As incidências mais solicita- A incidência apicolordótica é utilizada para me-
das na sala de emergência são: frontal (PA ou AP) e lhor avaliação dos ápices pulmonares, lobo médio e
perfil. Os termos AP (antero-posterior) e PA (póstero- língula, pois retira as clavículas dos campos pulmo-
anterior) referem-se à direção da penetração dos rai- nares. O paciente assume uma posição em
os, de sua fonte ao filme. hiperlordose, com o feixe de raios X entrando anteri-
1. Ao solicitar PA, o paciente é colocado em posição ormente e encontrando o filme que está em contato
ortostática e em máxima inspiração. Os raios X são com o dorso.
dirigidos horizontalmente e atravessam o pacien-
te de trás para frente6. A incidência AP é geralmen-
te obtida com uma unidade de raios X portátil, em
pacientes acamados ou em crianças, sendo reali-
zada com a colocação do filme no dorso do paci-
ente, e os feixes de raios X entram por via anteri-
or. A incidência PA é preferível e diferencia-se da
AP por ser mais nítida, apresentar menor
magnificação das estruturas, principalmente do
coração, e por ser feita em inspiração máxima6,7. A
magnificação das imagens ocorre, pois os raios X
assumem rumos divergentes. Isso acontece de for-
ma mais evidente quanto mais próxima estiver a
estruturada da fonte. Além disso,quando a radio- Figura 6. Radiografia de tórax em ápico-lordótica mostrando
grafia é realizada em expiração, a trama pulmo- melhor visualização dos ápices pulmonares.
nar torna-se mais densa, o pulmão aparece mais
claro e o coração fica elevado e parece maior, po- 4. As incidências oblíquas podem ser realizadas para
dendo levar a interpretações equivocadas6,7. A ra- melhor localização ou caracterização de lesões
diografia em expiração está indicada apenas na parcialmente encobertas por outras estruturas.
suspeita de aprisionamento aéreo focal de um
enfisema assimétrico ou de obstrução brônquica
e pneumotórax de pequeno volume.
2. A incidência em perfil deve ser sempre solicitada
e realizada juntamente com a PA. Por convenção,
a incidência perfil é obtida com o lado esquerdo
do paciente contra o chassi e os raios X atraves-
sam o paciente da direita para a esquerda.
3. O decúbito lateral (esquerdo ou direito) com rai-
os horizontais é geralmente solicitado na suspei-
ta de líquido na cavidade pleural, devido à mu-
dança do nível hidroaéreo com a alteração do

Figura 7. Radiografia de tórax em oblíqua.

O segundo passo é avaliar a qualidade técnica do


exame, uma vez que variações na intensidade e no tem-
po de exposição aos raios X, além de mudanças no
posicionamento correto do paciente, podem levar a fal-
Figura 5. A imagem A mostra radiografia de tórax em PA sas conclusões. São três os parâmetros técnicos a serem
com hidropneumotórax à direita. A imagem B mostra radio-
observados: 1. Se a dose de radiação aplicada foi ade-
grafia de tórax em decúbito lateral direito com raios horizon-
tais do mesmo paciente de A, evidenciando a mudança do
quada; 2. Se o paciente estava em inspiração máxima;
nível líquido. 3. Se o paciente estava bem posicionado, centrado.

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1. Em uma boa radiografia, os pulmões não devem caracterizado pelo apagamento do contorno de uma
estar completamente escurecidos. Deve-se estrutura que deixou de estar em contato com outra
visualizar a sombra da coluna vertebral apenas em de densidade diferente8. As bordas direita e esquerda
suas porções superiores (até dois corpos vertebrais do coração e a aorta ascendente são anteriores, enquan-
abaixo da projeção da clavícula) e os vasos do hilo to que o botão aórtico e aorta descendente são poste-
pulmonar devem ser facilmente identificáveis6. riores.
2. O ideal é que o exame seja realizado em apnéia Assim, o borramento da borda direita do coração
inspiratória máxima. Quando o exame é feito nes- significa que há comprometimento do lobo médio di-
ta condição, podem ser visualizadas de 9 a 11 cos- reito (LMD), que está em contato anatômico com esta
telas posteriores projetando-se sobre os campos estrutura8. Isso acontece da mesma forma com o aco-
pulmonares6. metimento do segmento anterior do lobo superior di-
3. Para que o exame esteja bem centrado, as bordas reito (LSD), que também está próximo da borda car-
mediais das clavículas devem estar eqüidistantes díaca direita, além de se relacionar com a aorta ascen-
do centro da coluna (processos espinhosos). Além dente. Quando há uma condensação na mesma loca-
disso, as escápulas não devem se sobrepor às ima- lização, mas sem perda da definição do contorno car-
gens pulmonares. díaco, a lesão é de lobo inferior que tem localização
O terceiro passo - Não existe uma forma única posterior. Do lado contra lateral, a língula tem posi-
para a interpretação da radiografia simples de tórax, ção muito semelhante ao lobo médio direito, manten-
porém uma sistematização da avaliação é sempre re- do contato direto com a maior parte da borda esquer-
comendada, com o intuito de evitar o esquecimento da do coração. A porção superior da borda cardíaca
de algum item a ser observado. esquerda está em contato com o segmento anterior do
É sugestão dos autores começar pela parte supe- lobo superior esquerdo (LSE), enquanto o segmento
rior do abdômen, seguir para a caixa torácica (partes apical posterior do LSE está em contato com o botão
moles e ossos), depois para as estruturas do medias- aórtico (Figura 8).
tino, pulmão, pleura e seios costofrênicos e diafrag-
ma6. Cada pulmão deve ser observado individualmen-
te e, a seguir, comparado entre si em busca de
assimetrias.
A interpretação da radiografia simples de tórax é
realizada com a identificação das estruturas radiográ-
ficas do tórax através das diferentes densidades de
acordo com o tecido irradiado. A apresentação da ima-
gem radiográfica de acordo com o tipo de tecido irra-
diado é descrita na tabela 1.
Os contornos do mediastino e do diafragma tor- Figura 8. A figura A mostra uma pneumonia de lobo médio
nam-se radiologicamente visíveis devido a seu con- direito, com borramento da margem cardíaca (Sinal da Silhu-
traste com o pulmão aerado contíguo. eta), e a figura B uma pneumonia de lobo inferior esquerdo,
O coração, a aorta e o sangue apresentam densi- com a manutenção da nitidez do contorno cardíaco.
dade intermediária, da mesma forma que o pulmão
doente, sem ar. Assim, duas estruturas distintas, mas O mesmo raciocínio pode ser utilizado nas ima-
com a mesma densidade, estando em contato direto gens em perfil, onde é possível a identificação do dia-
não podem ser diferenciadas. fragma direito em sua totalidade e apenas a metade
A borda cardíaca ficará mal definida se houver posterior do diafragma esquerdo. A parte anterior do
contato anatômico do coração com a condensação de diafragma esquerdo está naturalmente apagada de-
uma pneumonia, com tumores mediastinais ou der- vido ao contato anatômico com o coração (a apresen-
rame pleural. Esse é o chamado Sinal da Silhueta, tação normal dos diafragmas em perfil é mostrada na

Tabela 1
Apresentação da imagem de acordo com o tecido irradiado
Tecido irradiado Densidade
Ar Hipoatenuante
Gordura Atenuação intermediária (menor que a água)
Tecidos não gordurosos e fluidos corporais como o sangue Atenuação intermediária (maior que a água)
Ossos e corpos metálicos Hiperatenuante

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figura 9). Vasos pulmonares ou coxins gordurosos do decorrente de obstrução, compressão ou contra-
pericárdio podem apagar uma pequena parte do con- ção7,9,23,24,25. O deslocamento das cissuras em direção à
torno cardíaco e pacientes normais podem apresentar área colapsada, o aparecimento de brônquios e estru-
o sinal da silhueta8. turas vasculares aglomeradas e a mudança de posi-
ção de uma “estrutura de referência” (um nódulo,
granuloma, etc.) são sinais diretos de colapso. O des-
locamento do hilo pulmonar (o esquerdo é natural-
mente mais alto que o direito, portanto a alteração de
seu nível pode indicar colapso pulmonar), a elevação
do diafragma do lado lesado e o deslocamento de es-
truturas mediastinais para o lado da lesão são sinais
indiretos do colapso7,9. Carcinoma broncogênico, cor-
pos estranhos, doenças inflamatórias, compressão
(aneurisma, linfonodos aumentados, tumores
mediastinais, cardiomegalia), presença de secreções e
a cicatrização de processos inflamatórios crônicos,
como silicose, podem causar colapso pulmonar (Fi-
gura 11).

Figura 9. É possível a visualização do diafragma direito cru-


zando todo o diâmetro antero-posterior do tórax, enquanto
apenas a porção posterior do diafragma esquerdo é
identificável.

Sinal do Broncograma aéreo - A árvore brônquica


intrapulmonar não é visualizada habitualmente em
uma radiografia simples, por apresentar paredes fi-
nas e estar preenchida por ar e circundada pelo ar
alveolar. É necessário que o brônquio esteja cercado
por estruturas de densidade diferente para ser
visualizado. Quando isso ocorre, diz-se broncograma
aéreo, como, por exemplo, nas pneumonias, edema
pulmonar e infarto pulmonar7. A visualização desse
sinal demonstra lesão alveolar com a substituição do Figura 11. Radiografia de tórax mostrando grande colapso
ar por outro material de densidade diferente (edema, lobar com desvio do mediastino para a direita, com sinal da
pus, sangue, etc.). O broncograma aéreo não estará coluna desnuda, e elevação de cúpula diafragmática.
presente em situações onde o brônquio está repleto
de secreção, destruído ou congenitamente ausente (Fi- Classificação das lesões pulmonares
gura 10)7.
As alterações radiológicas pulmonares podem ser
classificadas em quatro categorias principais:
1. Aumento da densidade pulmonar
2. Diminuição da densidade pulmonar
3. Atelectasia
4. Anormalidades pleurais
A maioria das doenças que aumentam a densida-
de pulmonar acomete os espaços alveolares e o teci-
do intersticial de forma variável, todavia é interessante
identificar três padrões radiológicos gerais, dependen-
Figura10. Pneumonia de lobo superior direito com do do componente que predomina: doença alveolar,
broncograma aéreo evidenciado na ponta da seta. Imagem doença intersticial e doença mista10.
ampliada à direita. Define-se consolidação parenquimatosa como a
substituição do ar existente nos alvéolos por líquido,
Colapso Lobar/Segmentar – Ocorre quando há células ou uma combinação dos dois 4. A doença
redução de volume do lobo ou segmento pulmonar, alveolar caracteriza-se nas radiografias de tórax pela

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presença de uma ou mais imagens opacas, algo homo- plasmose. São causas também a sarcoidose, pneumo-
gêneas, causando apagamento dos vasos pulmonares, conioses, como a silicose e algumas neoplasias.
com pequena ou nenhuma perda de volume10. Os con-
tornos das opacidades são mal definidos, exceto no
ponto de contato com a pleura, sendo possível a identi-
ficação de broncogramas aéreos (figura 12)7,10. As prin-
cipais doenças que cursam com padrão acinar na radi-
ografia simples de tórax estão listadas na tabela 2.

Figura 13. A radiografia A mostra imagem em PA de pacien-


te com tuberculose miliar e a imagem B em detalhes o
infiltrado micronodular.

O padrão reticular, por sua vez, caracteríza-se por


inúmeras imagens lineares entrelaçadas que lembram
uma rede. Ocorrem principalmente no edema pulmo-
nar, linfangite carcinomatosa, infecções, especialmente
Figura 12. Radiografia simples de tórax com pneumonia em
lobo superior direito (Doença alveolar). Imagem ampliada à virais, asbestose, e pneumonia intersticial linfóide7,10.
direita.

Tabela 2
Principais causas de padrão alveolar à radiografia
simples de tórax
AGUDAS CRÔNICAS
Pneumonias bacterianas Infecções (tuberculose;
fungicas).
Tuberculose Sarcoidose
Edema agudo pulmonar Neoplasias
Hemorragias Colagenoses
Tromboembolismo pulmonar Proteinose alveolar
Silicose

O interstício é uma rede de tecido conectivo que Figura 14. Radiografia simples de tórax de paciente com in-
dá suporte aos pulmões e normalmente não é visível suficiência cardíaca descompensada, mostrando infiltrado
na radiografia simples de tórax10. Compreende as pa- intersticial com padrão reticular, além de aumento da artéria
redes de brônquios e alvéolos, além dos septos pulmonar visto à esquerda, e apontada pela seta. A região
delimitada pelo quadrado mostra opacidade intersticial e
interlobulares e do tecido que acompanha brônquios
velamento do seio costofrênico.
e vasos pulmonares. Na avaliação das doenças
intersticiais é importante observar a perda da
dicotomização vascular habitual por alteração da ar- O padrão reticulonodular é o mais freqüente dos
quitetura do interstício. Várias doenças podem cau- três, caracterizando-se por uma mistura dos dois pri-
sar alterações intersticiais (doenças intersticiais), que meiros padrões, com micronódulos associados a opa-
se manifestam como micronódulos, opacidades cidades lineares7. Pode ser encontrado em pneumo-
reticulares ou alterações retículo-nodulares7. conioses, infecções, pneumopatias intersticiais e
O padrão micronodular é decorrente de múltiplos neoplasias.
nódulos medindo de 1 a 5 mm, que podem se tornar A densidade pulmonar diminuída pode ser re-
coalescentes, ocorrendo devido à expansão do inters- sultante de hiperinsuflação obstrutiva sem destruição
tício de maneira quase esférica secundária a presença pulmonar, como na asma; no aumento do volume de
de infiltrado celular, tecido fibroso ou ambos7. As prin- ar associado à diminuição de sangue no tecido, como
cipais causas deste padrão são doenças infecciosas, no enfisema pulmonar; e na redução do volume de
como a tuberculose miliar, pneumocistose e a histo- sangue, na ausência de hiperinsuflação, como no

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tromboembolismo pulmonar (figura 15 mostra área expansibilidade pulmonar (ascite, cirurgias abdomi-
de densidade pulmonar diminuída em um caso de nais, decúbito, etc.)11.
tromboembolismo pulmonar)7.
Derrame pleural

A periferia da base de cada cavidade pleural for-


ma um sulco bastante profundo ao redor do
hemidiafragma correspondente12. Este sulco é chama-
do seio ou ângulo costofrênico. O seio costofrênico tem
quatro porções: anterior, posterior, lateral e medial. A
porção mais profunda e mais caudal é o seio
costofrênico posterior. É por esta razão que se justifi-
ca a obrigatoriedade da radiografia de perfil para ter
certeza da ausência de derrame pleural. Derrame
pleural é a invasão da cavidade por coleção líquida,
podendo ser esta livre ou septada12. São necessários
300 – 400 ml de líquido na cavidade para que o reces-
Figura 15. As linhas delimitam área de diminuição de densi- so costofrênico lateral seja atingido12. Na dúvida, en-
dade pulmonar devido a um TEP. tre presença de líquido ou fibrose pleural, está indica-
do o uso da incidência em decúbito lateral com raios
As atelectasias e as afecções pleurais serão des- horizontais.
critas mais adiante. O derrame pleural na radiografia em PA pode
São inúmeras as situações clínicas, no serviço de aparecer de três formas:
emergência, que têm sua investigação diagnóstica a) Preenchendo os seios costofrênicos,
auxiliada pela radiografia simples de tórax. Neste texto b) Formando um menisco lateralmente com cur-
discutiremos algumas das mais prevalentes e com vatura voltada para cima,
maior morbidade. c) Ocultando-se na região subpulmonar.
d) Formando opacidades periféricas em “calota”
Diagnósticos mais freqüentes na emergência quando está septado ou encistado (derrames inflama-
tórios).
Atelectasia O derrame pleural freqüentemente apresenta uma
borda superior côncava, ou menisco, que parece mais
Colapso de parte ou de todo o pulmão com des- alta lateralmente do que medialmente. O derrame
vio do brônquio fonte para o lado da região pleural torna-se característico com menisco quando
colapsada11. A Radiografia evidencia regiões pulmo- tem mais de 175 ml de líquido12. Contrariamente ao
nares radiodensas com desvio das estruturas em di- colapso pulmonar, o derrame pleural desvia as estru-
reção à lesão nos casos graves11. Podem existir os si- turas pulmonares para o lado oposto. Já o derrame
nais diretos e indiretos de colapso. Atelectasias subpulmonar fica retido entre o diafragma e o pul-
laminares ocorrem quando uma população de alvéo- mão. Pode assemelhar-se a elevação do hemidia-
los (geralmente nas bases) está hipoventilada por obs-
trução (impactação mucóide) ou por redução da

Figura 16. Radiografia de tórax em PA mostrando em A área


de atelectasia laminar em base de hemitórax direito (aponta- Figura 17. Radiografia de tórax em AP evidenciando volu-
da pela seta), e grande colapso pulmonar direito com desvio moso derrame pleural à esquerda, com menisco apontado
de estruturas na imagem B. pela seta.

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do para regiões mais basais e mediais, dificultando a


sua visualização. O sinal descrito ocorre justamente
na posição supina e representa a hiperlucescência e
aprofundamento do ângulo costofrênico13.

Dissecção de aorta

A radiografia simples de tórax geralmente não


fornece grandes informações nos casos de dissecção
de aorta. O achado mais comum é o alargamento de
mediastino inespecífico, que, porém, aparece em ape-
nas 35% dos casos14. O contorno aórtico anormal (si-
Figura 18. Por vezes o líquido pleural pode se acumular na
cissura assumindo forma arredondada, nodular, o que pode nal do duplo contorno) e sinais de derrame pericárdico
ser mal interpretado como possível tumor. A imagem em ou pleural são possíveis, no entanto menos freqüen-
perfil é útil nestes casos, pois permite evidenciar a localiza- tes.
ção cissural deste achado. Estes casos são denominados “tu-
mores fantasmas”, uma vez que desaparecem com a resolu-
ção do quadro congestivo.

fragma em vez da imagem do menisco curvo. Para


diferenciar o derrame subpulmonar da elevação do
diafragma deve-se observar a distância entre a bolha
gástrica e a cúpula do diafragma, que geralmente es-
tão em contato íntimo12.

Pneumotórax

Nesta condição clínica, além das incidências em


PA e perfil, o decúbito lateral com o lado afetado para
cima pode ajudar no diagnóstico. Nos casos de
pneumotórax de pequeno volume é útil a realização Figura 20. Radiografia de tórax em PA mostrando alarga-
da radiografia expirada para facilitar a visualização mento de mediastino, em caso de dissecção de aorta.
da linha da pleura visceral13.
O pulmão parece estar deslocado da parede Congestão pulmonar
torácica, não havendo trama vascular em sua perife-
ria. O sinal do sulco profundo é um importante sinal, Quando há aumento da pressão pulmonar, as
visto que pode ser o único indício da presença de ar margens dos vasos passam a ter limites mal definidos
no espaço pleural13. Pacientes com pneumotórax em devido ao extravasamento de líquido para o interstício,
posição ortostática tem o ar pleural preferencialmen- os vasos dos ápices ficam mais alargados e a circula-
te ocupando as regiões súpero-laterais do hemitórax, ção é visível até a periferia11,15. Ocorre também o au-
sendo a sua visualização relativamente facilitada. No mento difuso da radiodensidade nas regiões hilares.
entanto, pacientes em posição supina têm o ar desvia- O septo interlobular pode se espessar com o acúmulo
de líquido e surgem linhas curtas, horizontais e per-
pendiculares à pleura, as “linhas de Kerley”, que in-
dicam edema intersticial11,15. Quando existe edema
alveolar, os vasos pulmonares podem não ser mais
vistos, porque o pulmão adquire densidade de líqui-
do, que é a mesma densidade dos vasos.

Aumento de câmaras cardíacas

O aumento do átrio direito é praticamente impos-


sível de ser visualizado, uma vez que raramente acon-
Figura 19. Radiografia de tórax em AP mostrando dois casos
de pneumotórax. As setas mostram as linhas de pleura
tece isoladamente. Ele pode aumentar na presença de
visceral. hipertensão pulmonar ou na insuficiência tricúspide,

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Figura 21. Radiografia de tórax em AP mostrando em A acentuação da trama vascular em ápices e até a periferia. É possível ver
também um aumento do tronco da artéria pulmonar. Em B é possível a visualização não apenas da alteração vascular, mas
também o aumento da área cardíaca e um derrame cisural à direita. E em C caso mais grave de congestão pulmonar com aco-
metimento alveolar.

porém nestas condições o aumento do ventrículo di-


reito predomina, impedindo a definição do átrio14. O
aumento do ventrículo direito apresenta como sinais
clássicos o coração em forma de bota e o preenchimen-
to do espaço retroesternal3,14. Uma vez que em adul-
tos é raro o aumento desta câmara sem o acometimen-
to simultâneo do ventrículo esquerdo, a forma de bota
nem sempre é identificada. O preenchimento do es-
paço retroesternal ocorre, pois o aumento do
ventrículo direito se faz superiormente, lateralmente
e posteriormente3,14. No perfil de pacientes normais o Figura 22. Radiografia de tórax em AP mostrando em A au-
coração ocupa menos de 1/3 do espaço retroesternal. mento de átrio e ventrículo esquerdos, e em B aumento
Caso haja o preenchimento de mais da metade deste difuso de câmaras cardíacas. AE - átrio esquerdo; VE -
ventrículo esquerdo.
espaço, isso representa um sinal claro do aumento do
ventrículo direito. Entram como diagnóstico diferen-
cial nestes casos adenomegalias retroesternais, tumo- Derrame pericárdico
res de mediastino, como linfomas e timomas, e o au-
mento da aorta ascendente ou da artéria pulmonar. Apresenta-se como um aumento difuso da ima-
Vários sinais clássicos definem o aumento do átrio gem cardíaca, classicamente com a forma de “coração
esquerdo. O primeiro é o aumento da auriculeta es- em moringa”, no entanto esta apresentação não é
querda, que é identificado quando da visualização de patognomônica desta condição clínica.
uma convexidade entre a artéria pulmonar esquerda
e a borda do ventrículo esquerdo, local onde normal-
mente teríamos uma concavidade 3,14. O segundo si-
nal é a mudança do ângulo da carina devido à eleva-
ção do brônquio fonte esquerdo. O terceiro é o sinal
do duplo contorno, que aparece nos grandes aumen-
tos desta câmara, e é identificado com a presença de
uma dupla densidade na sombra cardíaca, vista ao PA,
à medida que o átrio esquerdo cresce para a direita. O
último sinal é o aumento posterior da câmara visto ao
perfil. O aumento do ventrículo esquerdo, por sua vez,
é caracterizado por um aumento proeminente do ápi-
ce cardíaco para baixo, distinguível da disposição
Figura 23. Radiografia de tórax em PA (A) e perfil (B) mos-
transversa vista com o aumento do ventrículo direi-
trando imagem de “coração em moringa” em um caso de
to14. O aumento do ventrículo esquerdo também pode
tamponamento cardíaco.
ser visto no perfil com a dilatação do terço inferior da
margem posterior do coração.

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Lauand LSL, Souza Junior EB, Andrade BJ, Sprovieri SRS. Contribuição da interpretação da radiografia simples de tórax na sala de emergência. Arq Med
Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2008; 53(2):64-76.

Embolia pulmonar

Raramente é demonstrada nas radiografias de tó-


rax e, quando há alterações, geralmente são
inespecíficas. Podem existir atelectasias laminares,
derrame pleural, elevação da cúpula diafragmática e
aumento do tronco da artéria pulmonar. Classicamen-
te dois sinais podem ser identificados:
Sinal de Westermark: Sinal de oligoemia pulmo-
nar. Caracteriza-se através da imagem radiográfica do
Figura 25. Radiografia de tórax em AP mostrando consolida-
tórax por uma dilatação proximal de um vaso
ção em lobo médio do pulmão direito em A, e em lobo superi-
embolizado, associado ao colapso dos vasos distais16. or do mesmo lado em B. A seta indica um broncograma aé-
Uma radiografia em PA mostra uma relativa reo.
hipertransparência na região, devido à hipoperfusão
distal ao êmbolo.
Abscesso pulmonar

Cavitação no parênquima pulmonar com centro


radiotransparente (presença de ar), geralmente bem
delimitada por um contorno radiopaco. Pode conter
nível líquido em seu interior. Importante diagnóstico
diferencial com neoplasia escavada.

Figura 24 Radiografia de tórax em AP mostrando área de


oligoemia apontada pela seta em um caso de
tromboembolismo pulmonar. Comparando com o lado
contralateral é evidente a diferença na trama vascular.

Figura 26. Radiografia de tórax em PA (imagem A) e perfil


Sinal da Corcova de Hampton: Trata-se de uma
(imagem B) evidenciando a presença de cisto aéreo pulmo-
consolidação em forma de cone, localizada especifi- nar com nível líquido apontado com a seta. Observar as pare-
camente em um ângulo costofrênico, com a base vol- des finas.
tada para a pleura e o ápice para o hilo pulmonar. Essa
consolidação periférica focal ocorre secundária à
transudação hemorrágica ou infarto pulmonar16. É um Pneumonia por Pneumocistis jiroveci
sinal raro e não específico, mas, associado a outros
achados, corrobora para o diagnóstico de A radiografia pode ser normal em 5 a 10% dos ca-
tromboembolismo pulmonar. sos, mas o achado clássico é o infiltrado reticular he-
terogêneo, difuso, bilateral, e simétrico18. Podem ser
Pneumonia encontrados menos freqüentemente infiltrado unila-
teral ou focal, condensações ou pneumotórax.
A radiografia pode apresentar consolidação
parenquimatosa, infiltrado focal com aumento da Tuberculose
radiodensidade, onde é possível por vezes a
visualização de broncograma aéreo, o que sugere con- Pode ter diversas apresentações, desde o achado
solidação alveolar17. O infiltrado difuso com padrão típico da doença cavitária e apical até infiltrado
intersticial ou interstício-alveolar pode sugerir quadro retículo-nodular difuso19. Adenopatia hilar pode ser
viral. Nas fases iniciais da doença é difícil a definição encontrada, assim como derrame pleural.
da etiologia do processo, se viral ou bacteriana.

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Lauand LSL, Souza Junior EB, Andrade BJ, Sprovieri SRS. Contribuição da interpretação da radiografia simples de tórax na sala de emergência. Arq Med
Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2008; 53(2):64-76.

Figura 27. Radiografia de tórax em AP mostrando três casos de tuberculose pulmonar. Em A é possível a visualização de um
infiltrado micronodular em um caso de tuberculose miliar, em B é visto infiltrado alveolar em ambos os ápices pulmonares,
com áreas de cavitação e estrias fibróticas, e em C presença de infiltrado em ápice direito com grandes áreas cavitadas e redu-
ção de volume com desvio de estruturas para aquela região. As setas apontam áreas de cavitação.

Intubação seletiva cardíaco) devido à interposição de uma coluna de ar


entre o coração e o diafragma20,21.
A radiografia evidencia o tubo muito introduzido
na via aérea, geralmente localizado no brônquio fonte
direito. O pulmão que não é ventilado apresenta-se
atelectasiado, com radiopacidade aumentada, poden-
do ter o desvio das estruturas mediastinais para este
lado. Podem existir enfisema subcutâneo e pneu-
motórax no hemitórax ventilado11.

Figura 29. Radiografia de tórax em AP mostrando enfisema


subcutâneo em ápice direito e pneumomediastino apontado
pela seta em A, e em detalhe a dissecção das fibras muscula-
res do peitoral em B.

Pulmão urêmico

Nos casos de uremia é possível encontrar padrão


Figura 28. Radiografia de tórax em AP evidenciando em A
radiológico bastante característico, com infiltrado
intubação seletiva com atelectasia de todo o pulmão esquer-
do e desvio das estruturas mediastinais para este lado. A reticular, e por vezes com acometimento alveolar e
imagem B mostra a expansão do pulmão esquerdo após a localização parahilar, preservando a periferia22. Diz-
tração da cânula. se que este padrão tem aspecto de “asa de borboleta”.
A imagem não é patognomônica e pode ocorrer em
Enfisema subcutâneo/pneumomediastino outras doenças como hipersensibilidade e sarcoidose.

Radiografia que evidencia ar dissecando o tecido


celular subcutâneo. Também se evidencia a disseca-
ção das fibras dos músculos peitorais pelo ar20. O
pneumomediastino caracteriza-se por um contorno
radiotransparente ao redor da imagem cardíaca, va-
sos mediastinais, vias aéreas principais e esôfago, de-
limitado externamente por uma tênue linha de orien-
tação vertical que corresponde à pleura. Outro sinal
importante é o “sinal do diafragma contínuo”, que Figura 30. Radiografia de tórax em AP mostrando infiltrado
interstício-alveolar parahilar com preservação da periferia
evidencia a porção central do diafragma (infra-
em casos de uremia.

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Lauand LSL, Souza Junior EB, Andrade BJ, Sprovieri SRS. Contribuição da interpretação da radiografia simples de tórax na sala de emergência. Arq Med
Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2008; 53(2):64-76.

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Princípios anatômicos e fisiológicos Assim, temos o lábio superior e o inferior, a pálpebra
Introdução superior e a inferior.
Anatomia (do grego antigo (anatome), "seccionar"), é o
ramo da biologia no qual se estudam a estrutura e Divisão do corpo humano
organização dos seres vivos, tanto externa quanto O corpo humano divide-se em cabeça, tronco e
internamente. membros.
A cabeça é dividida em duas partes:
Fisiologia Crânio
É um ramo da Biologia que estuda os processos, Formados por oito ossos.
atividades e fenômenos característicos dos seres vivos. Face
Observa o funcionamento e os mecanismos que os Vários ossos que alojam os órgãos dos sentidos.
regulam e regem. O tronco é dividido em: pescoço, tórax, abdômen e
A fisiologia humana baseia-se na anatomia para pelve.
explicar a estrutura de nosso corpo. O pescoço é suportado pela coluna cervical que abriga
no seu interior a porção cervical da medula espinhal.
Posição anatômica O tórax contém no seu interior, na chamada cavidade
Planos anatômicos torácica, os pulmões, o esôfago, o coração e os
Planos seccionais grandes vasos sanguíneos que chegam ou saem do
Plano Sagital coração.
É uma linha imaginária que passa longitudinalmente O abdômen contém basicamente órgãos do aparelho
através do corpo e o divide em lado direito e lado digestivo e urinário. Possuem, no seu interior, grandes
esquerdo vasos que irrigam as vísceras abdominais e os
Plano Frontal ou Coronal membros inferiores.
É todo plano que intercepta o plano sagital mediano em
ângulo reto e divide o corpo em metades anterior e Sistema ósseo
posterior O esqueleto humano é composto de 206 ossos.
Plano Transversal ou Horizontal Os ossos estão unidos formando uma estrutura que
Plano que divide o corpo em metade superior e metade além de manter a forma corporal permite a sua
inferior movimentação.
Planos tangenciais O esqueleto fornece proteção aos órgãos internos do
Plano cranial ou cefálico (superior) organismo.
Plano caudal (inferior) O encéfalo situa-se dentro do crânio.
Plano ventral (anterior) Os pulmões, o coração e grandes vasos dentro do
Plano dorsal (posterior) tórax.
Plano lateral (direito e esquerdo) A medula espinhal aloja-se no interior da coluna
Planos anatômicos vertebral.
Principais termos Os ossos crescem durante a infância e a adolescência;
Medial: mais próximo à linha mediana Na fase adulta adquirem sua rigidez final;
Lateral: mais afastado da linha mediana Com o envelhecimento tornam-se frágeis;
Homolateral ou contralateral: mesmo lado
Superficial e profundo Classificação básica dos ossos
Ex.: um ferimento do tórax medial ao mamilo está Ossos Longos
localizado entre o mamilo e a linha média anterior e um Comprimento maior que a largura e a espessura.
ferimento lateral ao mamilo está localizado entre o Exemplos: fêmur, rádio, ulna e falanges.
mamilo e a linha axilar. Ossos Curtos
O termo proximal significa mais próximo da raiz do Comprimento, largura e espessura aproximadamente
membro ou origem do órgão e distal mais afastado. iguais:
Ex.: No membro superior, o cotovelo é proximal em Exemplo: ossos do carpo.
relação ao punho e o punho é distal em relação ao Comprimento e largura se equivalem e predominam
cotovelo. sobre a espessura.
Superior significa mais próximo da extremidade Exemplo: escápula.
superior e inferior mais próximo da extremidade inferior.
Ossos Irregulares Membros superiores
Exemplo: ossos da base do crânio. Úmero
Tronco Ulna
A coluna vertebral é o eixo principal de sustentação do Radio
corpo humano. Metacarpos
É composto de 33 ossos chamados de vértebras. Falanges
Está dividida em cinco regiões
Cervical – sete Membros inferiores
Torácica – doze Fêmur
Lombar – cinco Tíbia
Sacro ou sacral – cinco Fíbula
Coccígea ou cóccix – quatro Metatarso
Falanges
As vértebras mais frequentemente afetadas: C5, C6, Os membros (superiores e inferiores) estão entre as
C7, T12 e L1. 20% das quedas de uma altura > 4,5m mais frequentes fraturas e possuem risco de vida se
envolvem fraturas associada à coluna lombar. envolver vasos sanguíneos calibrosos.

A porção proximal dos membros inferiores é chamada Sistema respiratório


de cintura pélvica (quadril ou pelve óssea). Composto por
O quadril é formado pela junção dos ossos ilíacos, Vias respiratórias superiores
ísquios e púbicos. Cavidade oral e nasal
É uma estrutura rígida e estável protegida por Laringe
ligamentos fortes; para ser fraturado requer Faringe
traumatismo de grande energia. Conchas nasais
Que tem como principal finalidade aquecer, filtrar e
Articulação umidificar o ar inalado; além de enviar o ar para a via
É o conjunto de partes moles e duras que servem como respiratória inferior.
meio de união entre dois ou mais ossos próximos.
As articulações podem ser classificadas quando a Vias respiratórias inferiores
dinâmica, em três classes: Iniciam na traqueia e se dividem em brônquio principal
Móveis esquerdo e direito.
Semimóveis A aspiração de sangue e vômito normalmente causa
Imóveis obstrução ao nível dos brônquios menos calibrosos ou
Principais articulações dos bronquíolos.
Coluna vertebral Nos indivíduos inconscientes a base da língua pode se
Ombro projetar posteriormente e obstruir a orofaringe e
Cotovelo consequentemente dificultar ou bloquear passagem de
Punho ar.
Quadril Subdivisão pulmonar
Joelho Pulmão direito possui três lobos
Tornozelo Superior
Médio
Principais movimentos articulares Inferior
Flexão e extensão Pulmão esquerdo possui dois lobos
Adução e abdução Superior
Rotação Inferior
Eversão (movimento giratório para fora) A epiglote é uma dobra de tecido que fecha a entrada
Inversão (movimento para dentro); da laringe quando ocorre a deglutição.
Retração e protração (movimento para trás e para A caixa torácica posterior é formada pela coluna
frente da mandíbula). vertebral e por 12 pares de costelas
Circundação movimento giratório do ombro. São responsáveis pela sustentação e proteção
permitindo a expansão e contração dos pulmões.
O manúbrio, o corpo do esterno, o apêndice xifoide e Os valores normais se situam entre é 60 e 90 mm/Hg
as costelas formam a caixa torácica anterior. para a pressão diastólica 100 e 140 mm/Hg para a
As costelas e as vértebras são numeradas de cima pressão sistólica.
para baixo, sendo que os dois últimos pares de A variação da pressão dentro das artérias durante o
costelas são chamados de flutuantes por não se ciclo cardíaco produz uma onda de pressão que pode
ligarem à caixa torácica anterior. ser sentida como um impulso à palpação a que
Sistema circulatório chamamos de pulso.
O Coração é a bomba que promove a circulação do
sangue através dos vasos sanguíneos. O melhor local do corpo para se palpar os pulsos são:
É um órgão oco, composto de um tipo especial de Pulso carotídeo no pescoço
músculo involuntário, o músculo estriado cardíaco, é do Femoral na raiz da coxa
tamanho aproximado de um punho fechado. Radial no punho
Localiza-se no tórax logo atrás do esterno e acima do Braquial no braço
diafragma. Axilar na axila
O aparelho cardiovascular é o responsável pela Pedioso no dorso do pé.
circulação do sangue através de todo o organismo.
Seus componentes são o sangue, o coração e os Sistema nervoso
vasos sanguíneos. O sistema nervoso se distribui por todos tecidos do
O sangue circula através de dois circuitos paralelos organismo humano.
É responsável pela regulação e integração da função
A circulação sistêmica. dos órgãos, pela captação de estímulos do meio-
O coração bombeia em média 5 litros de sangue por ambiente e é sede de todas as atividades mentais e
minuto quando em repouso. comportamentais humanas.
O volume de sangue bombeado por cada lado do Anatomicamente é dividido em duas partes
coração em um minuto é chamado de débito cardíaco. O sistema nervoso central
Cada lado apresenta uma câmara superior chamada de O sistema nervoso periférico
átrio e uma câmara inferior chamada de ventrículo.
Os átrios possuem a função de coletar o sangue e Funcionalmente é dividido em:
passar aos ventrículos que são bem mais musculosos e Sistema nervoso somático
tem a função de bombear o sangue para as circulações Sistema nervoso autônomo.
sistêmica e pulmonar. O sistema nervoso somático regula as atividades sobre
O volume de sangue circulante corresponde de 7 a 8% as quais há controle voluntário comer, beber, correr...
do peso corporal. O sistema nervoso autônomo regula as atividades
Assim um indivíduo de 70 kg apresenta em média de involuntárias essenciais ao funcionamento do
4,9 a 5,6 litros de sangue. organismo como a respiração, digestão, vasodilatação
A contração dos ventrículos é chamada de sístole e vasoconstrição, entre muitas outras.
(contração) e o seu relaxamento de diástole Os neurônios são células especializadas que
(relaxamento). apresentam uma baixa ou nula capacidade de
A frequência com que o coração contrai é denominada regeneração e reprodução no indivíduo adulto.
de frequência cardíaca. O sistema nervoso central é o centro da consciência,
No adulto em repouso varia de 60 a 100 batimentos por responsável por todas nossas atividades corporais
minuto. voluntárias, pela percepção e pela inteligência.
Vasos Sanguíneos são as artérias, arteríolas, capilares,
veias e vênulas. É composto de três partes principais: o cérebro, o
Principais Artérias cerebelo e o tronco encefálico.
A pressão no interior das veias é bastante inferior à O tronco encefálico é a porção inferior do encéfalo que
pressão arterial, por isso enquanto o sangramento se comunica com a medula espinhal
arterial se faz em jatos o venoso se faz por A Medula espinhal é um cilindro achatado que desce
derramamento. pelo interior da coluna vertebral.
Principais
Veias O sistema nervoso periférico é composto de 31 pares
de nervos que saem da medula espinhal (nervos
raquidianos) e 12 pares de nervos que saem do crânio 5. Metabolismo: a síntese de vitamina D na pele
(nervos cranianos). exposta à luz solar, por exemplo, ativa o metabolismo
O sistema nervoso divide-se em simpático e de cálcio e fosfato, minerais que desempenham um
parassimpático. papel importante na formação óssea.
O simpático é responsável pela constrição vascular,
aumento da frequência cardíaca e dilatação pupilar, 6. Imagem Corporal: a pele detalha a nossa aparência,
entre muitas outras funções. identificando de modo único cada indivíduo.
O parassimpático, por sua vez, é responsável pela
vasodilatação, diminuição da frequência cardíaca e Tipos de sensores
contração pupilar. Corpúsculo de Vater-Pacini, sensíveis à pressão.
Corpúsculo de Meissner com função de detecção de
Sistema digestivo pressões de frequência diferente.
Faça um estudo básico deste sistema, em síntese para Corpúsculo de Krause, sensíveis ao frio (mais
primeira prova. Lembre-se de estudar essa parte. profundos).
Órgão de Ruffini, sensíveis ao calor.
Sistema tegumentar Célula de Merckel, sensíveis ao tato e a pressão.
A pele é constituída de duas camadas principais. Folículo piloso, com terminações nervosas associadas.
A epiderme Terminação nervosa livre, com dendritos livres
A derme sensíveis à dor e temperatura.
Cada uma delas é composta de tipos de tecidos
diferente e tem funções distintas
Epiderme
Camada mais externa da pele, e fina e avascular;
costuma regenerar-se em 4 a 6 semanas.
Suas funções básicas são manter a integridade da pele
e atuar como barreira física.
Função da derme
É oferecer resistência, suporte, sangue e oxigênio à
pele.
Tecido subcutâneo
É composto pelos tecidos adiposo e conjuntivo, além
de grandes vasos sanguíneos, nervos e vasos
linfáticos.
A espessura da epiderme, da derme e subcutâneo
varia entre diferentes pessoas e partes do corpo.
As seis funções da pele são:

1. Proteção: a pele atua como barreira física contra


microrganismos e outras substâncias estranhas,
protegendo contra infecções e perda excessiva de
líquidos.

2. Sensibilidade: as terminações nervosas da pele


permitem que a pessoa sinta dor, pressão, calor e frio.

3. Termo regulação: a pele ajuda a regular a


temperatura corporal mediante vasoconstrição,
vasodilatação e sudorese.

4. Excreção: a pele ajuda no termo regulação, mediante


a excreção de resíduos, como eletrólitos e água.

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