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UFCD 5432

[Segurança e saúde no
Trabalho –
Identificação, avaliação
e prevenção dos riscos
de trabalho]

TIPOLOGIA:
Formação para empregados e

desempregados

DURAÇÃO: 25H

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Manual de Apoio
Índice

Enquadramento.................................................................................................5

Benefícios e condições de utilização......................................................................5

Destinatários..................................................................................................5

Objectivos Especificos.......................................................................................6

Objectivos Gerais.............................................................................................6

Conteúdos Programáticos..................................................................................6

Capítulo I – Avaliação de riscos profissionais...............................................................8

Tema I - Avaliação de riscos – técnicas e mapas de riscos.............................................8

Tema II - Processo de avaliação de riscos – Conceitos e a terminologia...........................10


Metodologias de avaliação dos riscos.............................................................10
Saber mais...................................................................................................12

Capítulo II – Metodologias e técnicas de avaliação de riscos potencias na fase de concepção. . .32

Tema I – Metodologias e técnicas de identificação de perigos......................................32

Saber mais...................................................................................................33

Capítulo III – Planos específicos de prevenção de riscos................................................12

Tema I –Modelos de gestão da prevenção.............................................................19

Tema II –Medicina do Trabalho..........................................................................20

Tema III–Planos de prevenção............................................................................31

Tema IV– Competências dos organismos fiscalizadores e de prevenção de riscos profissionais


................................................................................................................33
Tema V– Órgãos de consulta e participação dos trabalhadores no âmbito da prevenção de
riscos profissionais.........................................................................................33

Referências Bibliográficas....................................................................................36

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Enquadramento

Benefícios e condições de utilização

O manual da unidade de formação “5332 – Segurança e Saúde no Trabalho – identificação, avaliação e


prevenção dos riscos de trabalho” está organizado por secções:

 Secção I: Enquadramento da unidade de formação.


 Secção II: Está organizada por capítulos e contém todos os documentos e materiais de apoio sobre
os conteúdos temáticos abordados ao longo da unidade. No final de cada capítulo estão reunidas
um conjunto de informações dirigidas aqueles que pretendam complementar o estudo,
aprofundando conhecimentos.
 Secção III: É constituída pela bibliografia e documentos electrónicos

Esta forma de apresentação permite uma consulta rápida e direccionada. Para que possa consolidar os
conhecimentos adquiridos com a leitura deste manual propomos que realize os exercícios práticos
fornecidos pelo formador durante a sessão de formação.

Destinatários

São destinatários deste manual os/as formandos/as que frequentem a unidade “5332 – Segurança e Saúde
no Trabalho – identificação, avaliação e prevenção dos riscos de trabalho ” bem como outras pessoas que
pretendam adquirir competências ou actualizar/reciclar conhecimentos na área de formação.

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Objectivos Especificos

A unidade de formação “5332 – Segurança e Saúde no Trabalho – identificação, avaliação e prevenção dos
riscos de trabalho” tem por objectivo dotar o/a formando/a com as competências necessárias para:

 Identificar, avaliar e a agir de forma a prevenir os riscos de trabalho.

Objectivos Gerais

A unidade de formação 5332 – Segurança e Saúde no Trabalho – identificação, avaliação e prevenção dos
riscos de trabalho tem por objectivo dotar o/a formando/a com as competências necessárias para:

 Identificar, avaliar e a agir de forma a prevenir os riscos de trabalho.

Conteúdos Programáticos

 Avaliação de riscos profissionais

o Avaliação de riscos – técnicas e mapa de riscos

o Processo de avaliação de riscos - conceitos e a terminologia

o Metodologias de avaliação dos riscos

 - Por setor de atividade

 - Por tipo de risco

 - Por profissão

 - Por operação

 - Por componente material do trabalho

 Metodologias e técnicas de avaliação de riscos potenciais na fase de conceção

o Metodologias e técnicas de identificação de perigos

 - Observação direta

 - Entrevistas

 - Consulta dos trabalhadores

 - Informação técnica especializada

 - Listas de matérias-primas

 - Produtos intermédios

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 - Subprodutos

 - Resíduos e produtos finais

 - Rotulagem e fichas de segurança de produtos químicos

 - Listas de absentismo

 - Investigação de acidentes e incidentes

 Planos específicos de prevenção de riscos

o Modelos de gestão da prevenção

o Medicina do Trabalho

o Planos de prevenção

o Competências dos organismos fiscalizadores e de prevenção de riscos profissionais

o Órgãos de consulta e participação dos trabalhadores no âmbito da prevenção de riscos


profissionais

Carga horária

 25 horas

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Capítulo I – Avaliação de riscos profissionais

Tema I - Avaliação de riscos – técnicas e mapas de riscos

O QUE É?
Mapa de Risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho
(sobre a planta baixa da
empresa, podendo ser completo ou setorial), capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores:
acidentes e doenças de trabalho. Tais fatores têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho
(materiais, equipamentos, instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e a forma de organização do
trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho,
postura de trabalho, jornada de trabalho, turnos de trabalho, treinamento, etc.)”.

AGENTES COSEQUÊNCIAS
FÍSICOS

Ruídos Cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição, aumento dapressão arterial,
problemas do aparelho digestivo, taquicardia e perigo de infarto.

Vibrações Cansaço, irritação, dores dos membros, dores na coluna, doença domovimento, artrite,
problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias, etc.

Calor Taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, irritação, choques térmicos, fadiga térmica,
perturbações das funções digestivas, hipertensão.

Radiações Alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais, acidentes de trabalho.


ionizantes

Radiações Radiações não ionizantes


não ionizantes Queimaduras, lesões nos olhos, na pele e nos outros órgãos.

Frio Fenômenos vasculares periféricos, doenças do aparelho respiratório, queimaduras pelo


frio.

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Conhecer o processo de trabalho no local analisado: os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamentos
profissionais e de segurança e saúde, jornada; os instrumentos e materiais de trabalho; as atividades
exercidas; o ambiente.

• Identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação específica dos riscos
ambientais.
• Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia. Medidas de proteção coletiva; medidas de
organização do trabalho; medidas de proteção individual; medidas de higiene e conforto:
banheiro,lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer.
• Identificar os indicadores de saúde, queixas mais freqüentes e comuns entre os trabalhadores expostos
aos mesmos riscos, acidentes de trabalho ocorridos, doenças profissionais diagnosticadas, causas mais
freqüentes de ausência ao trabalho.
• Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.

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Tema II - Processo de avaliação de riscos – Conceitos e a terminologia

Metodologias de avaliação dos riscos

A Segurança e Saúde no trabalho (SST) é uma disciplina que trata da prevenção de acidentes e de

doenças profissionais bem como da proteção e promoção da saúde dos trabalhadores.

Em Portugal, é possível encontrar na Lei nº 102/2009, de 10 de setembro e a Lei 3/2014 de 28 janeiro, o

regime jurídico sobre a promoção da segurança e saúde no trabalho. Quanto à obrigatoriedade de

realização da avaliação de riscos, esta está estipulada no artigo 15º da referida Lei, segundo a qual “o

empregador deve zelar, de forma continuada e permanente, pelo exercício da atividade em condições de

segurança e saúde para o trabalhador, tendo em conta os seguintes princípios gerais de prevenção (de

acordo com a Diretiva 89/391/CEE):

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1 Evitar os riscos

Planificar a prevenção como um sistema coerente que integre a evolução técnica, a organização do trabalho, as
2 condições de trabalho, as relações sociais e a
influência dos
Identificação fatores
dos riscosambientais
previsíveis em todas as atividades da empresa, estabelecimento ou serviço, na conceção ou
construção de instalações, de locais e processos de trabalho, assim como na seleção de equipamentos, substâncias e
3 produtos, com vista à eliminação dos mesmos ou, quando esta seja inviável, à redução dos seus efeitos
Integração da avaliação dos riscos para a segurança e a saúde do trabalhador no conjunto das atividades da
4 empresa, estabelecimento ou serviço, devendo adotar as medidas adequadas de proteção;

5 Combate aos riscos na origem, por forma a eliminar ou reduzir a exposição e aumentar os níveis de proteção;

Assegurar, nos locais de trabalho, que as exposições aos agentes químicos, físicos e biológicos e aos fatores de risco
a
6 psicossociais não constituem risco para segurança e saúde do trabalhador;

Adaptação do trabalho ao homem, especialmente no que se refere à conceção dos postos de trabalho, à escolha de
7 equipamentos de trabalho e aos métodos de trabalho e produção, com vista a, nomeadamente, atenuar o trabalho
monótono e o trabalho repetitivo e reduzir os riscos Psicossociais;

8 Adaptação ao estado de evolução da técnica, bem como a novas formas de organização do trabalho;

9 Substituição do que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

1 Priorização das medidas de proteção coletiva em relação às medidas de proteção individual;


0

1 Elaboração e divulgação de instruções compreensíveis e adequadas à atividade desenvolvida pelo trabalhador.


1

O serviço de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) tem como finalidades a gestão dos

riscos profissionais, a vigilância e a promoção da saúde dos trabalhadores. A qualidade de

vida no trabalho, conducente à realização pessoal e profissional, insere-se numa matriz de

desenvolvimento que integra como pilar fundamental as adequadas condições de segurança e

saúde nos locais de trabalho, geridas de uma forma integrada e global.

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Analisar, avaliar e gerir os riscos profissionais;

Efetuar a vigilância de saúde dos trabalhadores e das condições ambientais dos locais de trabalho;

Prevenir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais

Efetuar a vigilância de saúde dos trabalhadores e das condições ambientais dos locais de trabalho;

Prevenir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais;

Promover a análise e caracterização dos acidentes de trabalho;

Desenvolver atividades de investigação - ação sobre os problemas de segurança e saúde identificados;


Informar e formar os trabalhadores no domínio da segurança e saúde no trabalho;

Informar e consultar os representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho ou, na sua falta, os próprios
trabalhadores;

Colaborar com a organização na assessoria sobre matérias de Segurança e saúde no trabalho. Desenvolver as condições
técnicas que assegurem a aplicação das medidas de prevenção;

Saber mais

Por setor de atividade

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As atividades ou trabalhos de risco elevado (artigo 79 Lei 102/2009 e Lei 3/2014) porque possui

atividades:

 Trabalhos de obras de construção;

 Utilização ou armazenamento de produtos químicos perigosos suscitáveis de provocar


acidentes graves;

 Contato com correntes elétricas;

 Exposição a radiações ionizantes;

 Exposição a agentes cancerígenos, mutagénicos ou tóxicos para a reprodução;

 Exposição a agentes biológicos do grupo 3 e 4.

As atividades de risco elevado e porque tem mais de 30 trabalhadores é obrigado a possuir serviços

internos (artigo 78 Lei 102/2009 e Lei 3/2014) de segurança e saúde no trabalho exclusivamente

com trabalhadores da sua responsabilidade. Este serviço faz parte da estrutura da instituição e

funciona na dependência do empregador.

Por tipo de Risco

Estão divididos em cinco grupos:

 Riscos físicos

São efeitos gerados por máquinas, equipamentos e condições físicas, caraterísticas do local de trabalho
que podem causar danos à saúde do trabalhador. Os agentes físicos encontram-se subdivididos em:
ruído, vibrações, ambiente térmico e radiações ionizantes e não ionizantes.

A exposição ao ruído pode causar surdez, fadiga, irritabilidade, alteração de ritmos cardíacos,
perturbações gastrointestinais, etc. As vibrações podem conduzir a problemas articulares, alterações
neurovasculares, problemas urológicos e problemas na coluna.

Os sintomas vulgarmente associados ao ambiente térmico quente são a desidratação, fadiga física,
distúrbios neurológicos e problemas cardiovasculares. No ambiente térmico frio são as feridas, gretas e
necrose da pele, agravamento das doenças reumáticas e problemas respiratórios.

Nas radiações ionizantes, consoante a intensidade da dose recebida, os tipos de lesões ou doenças são a
anemia, cancro, leucemia, alterações genéticas, etc. Nas radiações não ionizantes são as queimaduras,
conjuntivite, cataratas, cancro na pele, entre outros.

 Riscos químicos

São representados pelas substâncias químicas que se encontram nas formas líquido, sólido e gasoso,
contidos no ar, água ou alimentação e classificam-se em: poeiras, gases, fumos, vapores, névoas e
neblinas. Os contaminantes químicos ficam em suspensão no ar e podem penetrar no organismo do
trabalhador por via respiratória, digestiva, epiderme e por via ocular (alguns produtos químicos que
permanecem no ar causam irritação nos olhos e conjuntivites, o que mostra que a penetração dos
agentes químicos também pode ocorrer por esta via).

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A exposição a estes riscos pode provocar irritação na pele e olhos, queimaduras, perturbações cutâneas,
etc.

 Riscos biológicos

Ocorrem por meio de microrganismos como bactérias, fungos, vírus, parasitas, germes, entre outros, que
em contacto com o homem são capazes de desencadear doenças devido à contaminação e pela própria
natureza de trabalho. Estes microrganismos podem dar origem a doenças como infeções intestinais,
gripes, hepatite, meningite, etc.

 Riscos ergonómicos

As condições de trabalho em desacordo com as caraterísticas do trabalhador podem causar desconforto


ou doença. Os riscos ergonómicos, provocados quase sempre pela organização do trabalho que impõe,
facilita ou permite posturas inadequadas, movimentos repetitivos, levantamento e transporte manual de
pesos, ritmos excessivos, monotonia, entre outros, pode dar origem a dores musculares, cansaço físico,
hipertensão arterial, tendinites, lombalgias por esforço, alteração do sono, diabetes, ansiedade, etc.

 Riscos psicossociais

Resultam da interação entre o indivíduo, as suas condições de vida e as suas condições de trabalho.
Podemos destacar como riscos psicossociais a sobrecarga de trabalho mental e físico, sobrecarga horária,
monotonia, assédio moral e violência, insegurança no emprego, stress, entre outros.

A exposição e estes riscos tem consequências nefastas para a saúde dos trabalhadores, quer a nível
fisiológico, mental ou psicológico. Os sintomas associados são o stress, esgotamento, dificuldades de
concentração e propensão para cometer erros, problemas em casa, abuso de álcool e drogas, problemas
de saúde física, nomeadamente, doenças cardiovasculares e problemas músculo-esqueléticos.

Pelo exposto, o trabalho deve ser realizado num ambiente seguro e saudável e as condições de trabalho
devem ser consistentes com o bem-estar dos trabalhadores. Em muitos casos, o efeito da exposição a
estes riscos é silencioso.

O empregador tem a obrigação de garantir a segurança e saúde dos trabalhadores em todos os aspetos
laborais, através de medidas adequadas que incluem: prevenção dos riscos laborais, informação e
formação aos trabalhadores.

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Por Profissão

Sector de atividade

Por operação

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A aplicação do método começa com a observação da atividade desenvolvida pelo trabalhador

e a identificação de cada uma das tarefas executadas. A partir dessa observação deve

determinar-se se será analisada uma tarefa ou várias no posto de trabalho em estudo.

Exemplo:

Caso se opte por analisar várias tarefas, as variavas a considerar nos diferentes levantamentos

variam significativamente. Por exemplo, se a carga for recolhida de diferentes alturas ou o

peso da carga alterar de uns levantamentos para outros, divide-se a atividade em tarefas para

cada tipo de levantamento e efetua-se a análise para cada uma isoladamente. A análise de

várias tarefas requer recolher informações de cada uma das tarefas, devendo-se aplicar a

equação de NIOSH em cada uma separadamente de forma a calcular o Índice de

Levantamento Composto - The Composite Lifting Index (CLI). Caso não exista uma variação

significativa dos levantamentos será realizada apenas uma análise simples.

Em segundo lugar, para cada uma das tarefas identificadas se estabelecerá se existe o

controlo significativo da carga no destino do levantamento. Geralmente a parte mais

problemática de um levantamento é o início do levantamento, porque é nesta fase onde se

aplicam os maiores esforços. Assim, em determinadas tarefas pode ocorrer que o gesto de

largar a carga provoque esforços equivalentes ou superiores aos de a levantar. Isso geralmente

acontece quando a carga tem que ser colocada com exatidão, quando se mantém suspensa

durante algum tempo antes de a colocar, ou quando local de colocação da carga tem difícil

acesso. Quando isso acontece o levantamento requer um controle significativo da carga no

destino. Nestes casos devem ser avaliados ambos os gestos, o início e o fim do levantamento,

aplicando duas vezes a equação NIOSH, selecionando como peso limite recomendado (RWL),

o mais desfavorável dos dois (o mais baixo), e como índice de elevação - “The Lifting Index (LI)

” o maior. Por exemplo, agarrar em caixas de uma mesa transportadora e colocá-los

ordenadamente numa estante a um nível superior pode requerer um controlo significativo da

carga no destino, dados que as caixas deverão colocar-se de uma maneira correta e o acesso

pode ser difícil por ser mais elevado.

Depois de determinar as tarefas a analisar e se existe controlo da carga no destino, deve-se

realizar a recolha dos dados pertinentes para cada tarefa. Estes dados devem ser recolhidos na

origem do levantamento e se existe controlo significativo da carga no destino.

Para além dos dados já mencionadas a obter no destino da carga, deve-se obter também os

seguintes dados:

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As distancias Horizontal (H) e vertical (V) existentes entre o ponto da pega e da projeção sobre o

solo do ponto médio da linha que une os tornozelos (ver figura 2). A distância (V) deve medir-se

tanto na origem do levantamento como no destino do mesmo, independentemente de existir o

controlo significativo da carga;

A frequência de média de levantamentos (F) em cada tarefa. Deve-se determinar o número

de vezes por minuto que o trabalhador levanta a carga em cada tarefa. Para isso, deve-se

observar o trabalhador durante os 15 minutos no desempenho da tarefa, obtendo o número

médio de levantamentos por minuto. Se houver diferenças significativas em dois

levantamentos por minuto na mesma tarefa em diferentes ciclos do desenrolar desta, então

deve-se considerar em dividir-se em diferentes tarefas;

Duração do levantamento e dos tempos de recuperação. Deve-se definir o tempo total gasto

nos levantamentos e o tempo de recuperação após um período de levantamentos.

Considera-se que o tempo de recuperação é um período em que se realiza uma atividade

diferente da do levantamento (Ex: estar sentado em frente a um computador, operações de

monitorização, entre outras deste género);

O tipo de pega classificado como Bom, Regular ou Mau. (a explicação das diferentes

classificações do tipo de pega estão a seguir);

O ângulo de assimetria (A), formado pelo plano sagital do trabalhador e o centro de carga

(figura 3). O ângulo de assimetria é o indicador de rotação do corpo do trabalhador durante

o levantamento, tanto na origem como no destino da carga.

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Ângulo de assimetria de medição.

Uma vez realizada a recolha de dados proceder-se-á ao calcular os multiplicadores

da equação NIOSH (LC x HM x VM x DM x AM x FM x CM). O procedimento de

cálculo de cada fator será apresentado mais á frente.

Conhecidos os fatores se obterá o valor de peso limite recomendado (RWL) para cada tarefa,

mediante a aplicação da equação de NIOSH:

RWL = LC x HM x VM x DM x AM x FM x CM Kg

No caso de tarefas com controlo significativo da carga no destino será calculado RWL para a

origem do deslocamento e outro para o destino. Considera-se que o RWL dessas tarefas será o

mais desfavorável dos dois, ou seja, o menor.

O RWL de cada tarefa é o peso máximo que é aconselhável para manipular nas condições de

um levantamento analisado. Se o RWL é maior ou igual ao peso levantado é considerado que a

tarefa pode ser desenvolvida pela maioria dos trabalhadores sem problemas. Se o RWL é menor

que o peso realmente levantado existe risco de lombalgias ou lesões.

Conhecido o RWL é calculado Índice de Levantamento - The Lifting Index (LI). É necessário

distinguir a forma em que se calcula o LI, se o cálculo é apenas para uma única tarefa, ou se

para várias:

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Cálculo do LI para uma tarefa

O Índice de levantamento (LI), calcula-se como o quociente entre o peso da carga levantada

e o peso limite recomendado calculado para a tarefa.

LW (Peso da carga
levantada)
LI =

R
W

Cálculo do IE para várias tarefas

A média simples dos diferentes IE das diversas tarefas daria lugar a uma compensação de

efeitos que não valorizaria o risco real. Por outro lado, a seleção do maior índice para avaliar a

atividade globalmente não teria em conta o incremento do risco que contribui para o resto das

tarefas. NIOSH recomenda o cálculo de um Índice de Levantamento Composto (CLI), cuja

fórmula é:

CLI = LIT1 + LI Ti

em que a soma do segundo membro da equação é calculado da seguinte forma:

LITi = (LIT2 (F1 + F2) - LIT2 (F1)) + (LIT3 (F1 + F2 + F3) - LIT3 (F1 + F2)) +

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....+ (LITn(F1 + F2 + F3 +...+ Fn ) - (LITn(F1 + F2 + F3 +...+ F (n-1)) )

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onde:

LIT1 é o maior índice de elevação obtido de entre todas as tarefas

simples; LITi (Fj) é o índice de elevação da tarefa i, calculado na

frequência da tarefa j;

LITi (Fj +Fk) é o índice de elevação da tarefa i, calculado na frequência da tarefa j, mais a

frequência da tarefa k.

O processo de cálculo é o seguinte:


Cálculo dos índices de elevação de tarefas simples (LITi);

Ordenação de maior a menor dos índices simples (LIT1, LIT2, LIT3..., LITn ).

O cálculo do acumulado de incrementos entre o risco das tarefas simples. Este incremento é

a diferença entre o risco da tarefa simples e a frequência de todas as tarefas simples

consideradas até o momento, incluída a atual, e o risco da tarefa simples à frequência de

todas as tarefas consideradas até ao momento, menos a atual LIT i (F1+ F2+ F3+...+Fi) - LITi

(F1+ F2+ F3+...+ F (i-1)).

Embora seja aconselhável realizar o cálculo do índice de elevação composto de acordo com a

equação risco acumulado, outros autores consideram a possibilidade de cálculo do CLI de três

maneiras:

Soma dos riscos: soma dos índices de elevação de cada tarefa.


Média de riscos: calcula o valor médio dos índices de elevação de cada tarefa.

Maior risco: o CLI é igual ao maior dos índices de elevação simples.

Após se conhecer o valor do LI podem ser avaliados os riscos inerentes à tarefa para o

trabalhador. NIOSH considera três intervalos de risco:

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Se o LI é menor ou igual a 1, a tarefa pode ser realizada pela maioria dos trabalhadores sem

causar problemas;

Se o LI está entre 1 e 3, a tarefa pode causar problemas para alguns trabalhadores. Convêm

estudar- se o posto de trabalho e realizar as mudanças necessárias;

Se o LI for maior ou igual a 3, a tarefa irá causar problemas para a maioria dos

trabalhadores. Deve modificar – se o posto de trabalho.

Resumo do procedimento de aplicação do método NIOSH:

Observar o trabalhador por períodos suficientemente longos;

Determinar se estão reunidas as condições de aplicabilidade da equação NIOSH;

Definir as tarefas a serem avaliadas e se realizar a análise a uma única tarefa ou a várias

tarefas; Para cada uma das tarefas, verificar se existe controlo significativo da carga no

destino do levantamento;

Obter os dados pertinentes para cada tarefa;

Calcular os fatores multiplicadores da equação NIOSH para cada tarefa na origem e se

necessário, no destino do levantamento;

Obter o valor do Peso Limite Recomendado (RWL) para cada tarefa, mediante a aplicação da

equação NIOSH;

Calcular Índice de Levantamento ou o Índice de Levantamento composto, dependendo se a

análise é feita a uma tarefa simples ou se é a várias e determinar a existência de riscos;

Validar os valores dos fatores multiplicadores para determinar onde é necessário aplicar

correções; Redesenhar o posto de trabalho ou fazer alterações para reduzir o risco se

necessário;

Caso tenham ocorrido alterações, reavaliar a tarefa com a equação NIOSH para comprovar a

eficácia das melhorias.

Cálculo dos fatores multiplicadores da


equação HM – Multiplicador Horizontal -
(Horizontal Multiplier)

Fator Horizontal da distância

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Penaliza os levantamentos em que a carga é levantada mais afastada do corpo. Para o cálculo

usa-se a seguinte fórmula:

25
HM =
H
Onde H é a distância projetada num plano horizontal, entre o ponto médio entre da pega da

carga e do ponto médio entre os tornozelos (figura 2). Será tido em conta que:

Se H for menor que 25 cm, atribui-se a HM o valor de 1;


Se H for maior que 63 cm, atribui-se a HM valor de 0.

Em alternativa de medição direta para obter o H é estimar a partir da altura das mãos, medida

desde o solo (V) e da largura da carga no plano sagital do trabalhador (w). Para isso considera-

se:

se V > 25cm H = 20 + w/2

se V < 25cm H = 25 + w/2

Se houver controlo significativo da carga no destino MH deve ser calculado com o valor de H na

origem e o com o valor de H no destino.

VM - Multiplicador Vertical - (Vertical Multiplier)

Fator de distância vertical

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Penaliza levantamentos com origem ou destino em posições muito baixas ou muito elevadas. É

calculado através da seguinte fórmula:

VM = (1-0,003 | V-75 |)

em que V é a distância entre o ponto médio entre a pega da carga e solo, medida verticalmente

(Figura 7). É fácil ver que na posição padrão de elevação o fator é 1, pois V assume o valor de

75. MV diminui consoante a altura da origem do levantamento se afaste mais de 75 cm. Será

tido em conta que:

Se V > 175 cm, atribui-se o valor s VM de 0

DM - Multiplicador de Distância - (Distance Multiplier)

Fator de deslocamento vertical

Penaliza as elevações em que a distância vertical da carga é grande. Para o cálculo usa-se a

seguinte:

4,5
DM=0,82+

onde D é a diferença, tomado em valor absoluto, entre a altura da carga no início do

levantamento (V, na origem - Vo) e no final do levantamento (V no destino - Vd). Assim, DM

decresce gradualmente quando aumenta o desnível do levantamento.

D = | Vo-Vd |

Será tido em conta que:

Se D < 25cm, atribui-se a DM

o valor de 1 D não poderá ser > 175 cm

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AM – Multiplicador da assimetria - (Asymmetric

Multiplier) Fator de assimetria

Penaliza os levantamentos que exigem torção do tronco. Se na elevação da carga começa ou

termina o seu movimento fora do plano sagital do trabalhador será um levantamento

assimétrico. Em geral, os levantamentos assimétricos devem ser evitados. Para calcular o fator

de assimetria é utilizado a seguinte fórmula:

AM = 1 - (0,0032 A)

onde A é o ângulo de rotação (em graus sexagésimais) que deve medir-se como mostra a

(figura 3). AM assume o valor 1 quando não há assimetria, e o seu valor decresce à medida que

aumenta o ângulo de assimetria. Daí considera-se que:

Se A > 135°, atribui-se a AM o valor de 0

Se houver controlo significativo da carga sobre o destino AM deve ser calculado com o valor de

A na origem e A no destino.

FM - Multiplicador da Frequência - (Frequency Multiplier)

Fator de Frequência

Penaliza elevações realizada muitas vezes por períodos prolongados e sem tempo de

recuperação.

DURAÇÃO DO TRABALHO
FREQUÊNCIA Curta Moderada Longa
elev / min
V V> V <75 V> 75 V <75 V> 75
 0,2 <75
1,00 75
1,00 0,95 0,95 0,85 0,85
0,5 0,97 0,97 0,92 0,92 0,81 0,81
1 0,94 0,94 0,88 0,88 0,75 0,75
2 0,91 0,91 0,84 0,84 0,65 0,65
3 0,88 0,88 0,79 0,79 0,55 0,55
4 0,84 0,84 0,72 0,72 0,45 0,45
5 0,80 0,80 0,60 0,60 0,35 0,35

Pá gina 23 de 65
6 0,75 0,75 0,50 0,50 0,27 0,27
7 0,70 0,70 0,42 0,42 0,22 0,22
8 0,60 0,60 0,35 0,35 0,18 0,18
9 0,52 0,52 0,30 0,30 0,00 0,15
10 0,45 0,45 0,26 0,26 0,00 0,13
11 0,41 0,41 0,00 0,23 0,00 0,00
12 0,37 0,37 0,00 0,21 0,00 0,00
13 0,00 0,34 0,00 0,00 0,00 0,00
14 0,00 0,31 0,00 0,00 0,00 0,00
15 0,00 0,28 0,00 0,00 0,00 0,00
> 15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cálculo do fator de Frequência

A duração da tarefa pode ser obtida através da seguinte tabela:

Temp Duração Tempo de recuperação


o
<=1 hora Curta pelo menos 1 a 2 vezes o tempo de trabalho
>1-2 Moderad pelo menos 0 a 3 vezes o tempo de trabalho
horas a
>2-8 Longa
horas
Cálculo da duração da tarefa

Para se considerar uma tarefa "Curta" deverá durar no máximo 1 hora e seguido por um tempo

de recuperação de pelo menos 1 a 2 vezes do tempo de trabalho. Em caso de não se cumprir

este requisito deve ser assumida a duração "Moderada". Para ser considerada uma tarefa

"moderada" esta deve durar entre 1 a 2 horas e será seguido por um tempo de recuperação de

pelo menos 0 a 3 vezes do tempo de trabalho. Em caso de não se cumprir este requisito deve ser

assumida a duração "Longa".

MP – Multiplicador da Pega - (Coupling Multiplier)

Fator da pega “Coupling”


Este fator penaliza elevações nas que a pega da carga é deficiente.
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(MP) FATOR DA PEGA
TIPO DE PEGA Cálculo da pega

v <75 v> = 75

1,00 1,00
Bem
0,95 1,00
Regular
Mau 0,90 0,90

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Consideram-se boas pegas as que realizadas com recipientes com “asas” para pegar ou aqueles

que permitem que as mãos fiquem bem agarradas em torno do objeto.

Uma pega regular é realizada em recipientes com “asas”, mas podem não ser as ideais devido ao

tamanho do objeto, ou então as pegas sujeitam os dedos a uma a flexão de 90º, para agarrar o

objeto. É considerado uma má pega as que são efetuadas com recipientes mal concebidos, objetos

volumoso a granel ou com arestas irregulares e os que são realizados sem flexionar os dedos,

mantendo o objeto seguro com a palma das mãos.

Bom Bom Regular Mau

Exemplos do tipo de pega

Por componente material do trabalho

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Capítulo II – Metodologias e técnicas de avaliação de riscos
potencias na fase de concepção

Tema I – Metodologias e técnicas de identificação de perigos

Este conceito de procedimento baseia-se no princípio do Ciclo Deming “Planificar-

Desenvolver-Verificar-Ajustar” (PDVA), concebido nos anos 50 para verificar o desempenho

de empresas numa base de continuidade. Quando aplicado a SST, “Planificar” envolve o

estabelecimento de uma política de SST, o planeamento incluindo a afetação de recursos, a

aquisição de competências e a organização do sistema, a identificação de perigos e a avaliação

de riscos. A etapa “Desenvolver” refere-se à implementação e à operacionalidade do programa

de SST. A etapa “Verificar” destina-se a medir a eficácia anterior e posterior ao programa.

Finalmente, a etapa ”Ajustar” fecha o ciclo com uma análise do sistema no contexto de uma

melhoria contínua e do aperfeiçoamento do sistema para o ciclo seguinte.

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Saber mais

A segurança e Saúde do Trabalho constituem um conjunto de finalidades que se obtêm pela

prevenção dos riscos profissionais. Assim, a noção de risco profissional é a base a partir da

qual se constroem todas as abordagens preventivas. Em tal contexto importa clarificar os

conceitos de perigo e risco.

Na Legislação nacional, Lei nº 102/2009, de 10 de Setembro, ambos os conceitos encontram-se

definidos do seguinte modo: perigo/fator risco é “a propriedade intrínseca de uma instalação,

atividade, equipamento, um agente ou outro componente material do trabalho com potencial

para provocar dano”; risco é “a probabilidade de concretização do dano em função das condições

de utilização, exposição ou interação do componente material do trabalho que apresente perigo”.

De forma mais simplificada, podem-se entender estes termos da seguinte forma:


Os conceitos de perigo e de risco, bem como a relação entre ambos, podem facilmente levar a

confusões. Um perigo é a propriedade intrínseca ou potencial de um produto, de um processo

ou de uma situação nociva, que provoca efeitos adversos na saúde ou causa danos materiais.

Pode ter origem em produtos químicos (propriedades intrínsecas), numa situação de trabalho

com utilização de escada, em eletricidade, num cilindro de gás comprimido (energia potencial),

numa fonte de incêndio ou, mais simplesmente, num chão escorregadio.

Um “fator de risco” é uma fonte de efeito adverso potencial ou uma situação capaz de causar

efeito adverso em termos de saúde, lesão, ambiente ou uma sua combinação) ou; um

“perigo” é uma fonte, situação, ou ato com potencial para o dano em termos de lesão ou afeção

da saúde, ou uma combinação destes (Uva e Graça, 2004). Risco é a possibilidade ou a

probabilidade de que uma pessoa fique ferida ou sofra efeitos adversos na sua saúde quando

exposta a um perigo, ou que os bens se danificam quem ou se percam. A relação entre perigo e

risco é a exposição, seja imediata ou a longo prazo, e é ilustrada por uma equação simples:

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Para o concretizar, a deteção de fatores de risco/perigos e a avaliação de riscos têm de ser

consideradas de modo a identificar o que poderia afetar os trabalhadores e a propriedade, para

que se possam desenvolver e implementar medidas de prevenção e de proteção adequadas. O

método de avaliação de riscos que a seguir se indica, com 5 etapas.

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Observação direta
Existem vários processos que permitem o levantamento dos perigos existentes nos locais de trabalho de uma
organização.
Por observação direta dos postos de trabalho, são registadas algumas das observações, seguido da aplicação de
listas de verificação (checklists) sobre determinados itens previamente definidos com base naquilo que é
observado.

As listas de verificação foram preenchidas segundo os seguintes critérios:


- Cumpre/Sim – quando se verifica que a disposição enunciada é cumprida pela empresa;
- Não cumpre/Não – quando não se verifica o cumprimento da disposição enunciada;
- Não aplicável – quando a empresa não apresenta os aspetos necessários para responder à disposição
enunciada.

Assim, realizaram-se as seguintes listas de verificação:

 Condições gerais de SHT;

 Ordem e limpeza;

 Agentes químicos;

 Movimentação manual de cargas;

 Prevenção de incêndios e explosões.

Entrevistas

Na identificação dos perigos podem ser realizadas entrevistas aos trabalhadores, relativamente ao ambiente que
os rodeia, as tarefas que desempenham e aos riscos a que se encontram expostos.

Normalmente as entrevistas são realizadas pelo técnico de Segurança no Trabalho.

Consulta aos trabalhadores

A informação e a consulta aos trabalhadores constituem, também, um dos deveres fundamentais da entidade
empregadora, devendo os seus representantes para a segurança e saúde no trabalho, ou na sua falta, os
próprios trabalhadores serem consultados, por escrito, pelo menos duas vezes por ano e disporem de
informação relativamente às matérias constantes dos artigos n.ºs 18.º e 19.º da Lei n.º 102/2009.
A informação obtida deste questionário é de grande importância para a empresa, pois permite detetar
problemas, necessidades de formação e informação, e sobretudo promover a melhoria contínua nas condições
de trabalho de todos.

Exemplo:
Questão Sim Não NS/NR

1 Considera que a empresa cumpre com as suas obrigações ao nível de segurança, higiene e saúde no trabalho?

2 Considera que dispõe de condições adequadas de higiene e segurança no seu local de trabalho?

3 São-lhe transmitidas informações sobre os riscos a que está exposto aquando da execução do seu trabalho?

4 São-lhe transmitidas informações sobre as medidas de prevenção que visam eliminar ou minimizar a
ocorrência de riscos?

5 Possui algum tipo de conhecimento ao nível de combate a incêndios?

6 Sabe manusear corretamente um extintor?

7 Possui algum tipo de conhecimento na área de primeiros socorros?

8 Os equipamentos ou máquinas de trabalho com que opera são seguros?

9 As avarias e deficiências por si detetadas nos equipamentos, máquinas ou ferramentas são comunicadas ao
seu superior?

10 Procede com regularidade à elevação e movimentação manual de cargas pesadas (superiores a 25Kg)?

11 Tem cuidados especiais com as posturas que adota para transportar cargas?

12 Faz uso de meios mecânicos para fazer transportar cargas pesadas?

13 A empresa proporciona aos seus trabalhadores a realização de exames médicos?

14 Tem por hábito ingerir alimentos no seu posto de trabalho?

15 Considera o seu posto de trabalho ruidoso?

16 Já foi vítima de um acidente de trabalho?

17 A empresa disponibiliza os Equipamentos de Proteção Individual (EPI): mascara, luvas, entre outros?

18 Quando faz uso de um EPI sabe contra que tipo de risco se está a proteger?

19 Faz uso dos EPI só porque é norma na empresa?

20 Sente-se mais protegido quando usa EPI?

Informação técnica especializada


Nas metodologias de Identificação de perigos combinam-se, em regra, procedimentos, instrumentos de
avaliação e valores de referência.

Em função do tipo de metodologia utilizada, as avaliações de riscos podem ser classificadas de diversos

modos.

Segundo o critério mais corrente, a avaliação de riscos pode classificar-se em quatro grandes grupos,

conforme se segue:

 Avaliação de riscos imposta por legislação específica (ex: legislação industrial, legislação sobre

licenciamento industrial e comercial, legislação de prevenção contra incêndios, legislação sobre

segurança de máquinas, sinalização de segurança, agentes químicos e cancerígenos, ruído, amianto,

chumbo, epi’s, movimentação. manual de cargas, construção, etc.);

 Avaliação de riscos para os quais não existe legislação específica, mas que se encontra estabelecida

em normas internacionais, europeias, nacionais ou em guias de organismos oficiais ou de outras

entidades de reconhecido prestígio (ex: guias NIOSH);

 Avaliação de riscos que necessitam de métodos especializados de análise (ex: What If, Hazop, Árvore

de Falhas, Índice Dow, Método Gretener, Método Probit, etc.) .

Lista de matérias-primas

Na identificação de perigos é realizado um levantamento de todas as matérias-primas existentes na


organização.
Produtos intermédios
Subprodutos

Na identificação de perigos é realizado um levantamento de todos os produtos intermédios, ciclo produtivo e


subprodutos.

Quer isto dizer que na análise das tarefas/operações são identificados os componentes do meio envolvente,
sem exceções.

Acontece muitas vezes os subprodutos e os produtos intermédios consistirem na maior percentagem de risco
da envolvente laboral, como por exemplo na manipulação de substâncias químicas.
Resíduos e produtos finais

A entidade pode contratar um serviço externo para a gestão de resíduos (se o volume produzido assim o
justificar).

Resíduos perigosos

Os resíduos perigosos são produzidos essencialmente no sector industrial, mas também na saúde, na
agricultura, no comércio, nos serviços e até nas casas dos cidadãos comuns. Devido à sua perigosidade quer
para o Homem quer para o meio ambiente, deve ser levada a cabo uma correta gestão dos mesmos. A Portaria
n.º 209/2004, de 3 de março, publica no seu anexo I a Lista Europeia de Resíduos, sendo indicado para cada tipo
de resíduo incluído na Lista se o mesmo é ou não perigoso. As características de perigosidade de um resíduo
podem ser consultadas no anexo II da Portaria n.º 209/2004, de 3 de março e no anexo III do Decreto-Lei n.º
178/2006, de 5 de Setembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho.

Em Portugal existem diversas unidades de gestão de resíduos perigosos, sendo de salientar os dois centros
integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos (CIRVER), CIRVER ECODEAL e CIRVER
SISAV, tendo estas unidades sido licenciadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 3/2004, de 3 de janeiro.

As unidades de gestão de resíduos perigosos não CIRVER, são licenciadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º
178/2006, de 5 de Setembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho.

O regime geral de gestão de resíduos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 178/2006 de 5 de setembro, na redação
dada pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho (diploma RGGR), transpõe para a ordem jurídica interna a
Directiva n.º2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro, relativa aos resíduos.

Este diploma é aplicável às operações de gestão de resíduos destinadas a prevenir ou reduzir a produção de
resíduos, o seu carácter nocivo e os impactes adversos decorrentes da sua produção e gestão, bem como a
diminuição dos impactes associados à utilização dos recursos, de forma a melhorar a eficiência da sua utilização
e a proteção do ambiente e da saúde humana definindo também às exclusões do seu âmbito.
Pode entender-se a gestão de resíduos como o conjunto das atividades de carácter técnico, administrativo e
financeiro necessário à deposição, recolha, transporte, tratamento, valorização e eliminação dos resíduos,
incluindo o planeamento e a fiscalização dessas operações, bem como a monitorização dos locais de destino
final, depois de se proceder ao seu encerramento. É essencial que estas atividades se processem de forma
ambientalmente correta e por agentes devidamente autorizados ou registados para o efeito estando proibidas a
realização de operações de tratamento de resíduos não licenciadas, o abandono de resíduos, a incineração de
resíduos no mar e a sua injeção no solo, a queima a céu aberto, bem como a descarga de resíduos em locais
não licenciados para realização de tratamento de resíduos.

Rotulagem e fichas de segurança de produtos químicos

A avaliação da absorção provável dos agentes químicos após exposição dos trabalhadores, em circunstâncias
particulares de trabalho, pode ser estruturada em torno de 4 questões:

1. Qual é a exposição provável?


2. Qual a probabilidade de dano?
3. Qual o impacto e seu efeito?
4. Que medidas de proteção devem ser acionadas?

Para estimar a exposição a agentes químicos e determinar as medidas a adotar deverão ser considerados os
seguintes aspetos:

• A quantidade da substância envolvida;


• As características físicas da substância;
• A frequência e a forma com que a atividade laboratorial é conduzida;
• Qual a via ou vias de exposição.

A exposição a agentes químicos deve ser avaliada em qualquer atividade que envolva este tipo de substâncias.
Esta exposição pode ocorrer essencialmente por via cutânea ou inalatória.
Na avaliação do risco químico devem ser consideradas as indicações fornecidas pelos fabricantes, quer constem
nos rótulos das embalagens, quer nas fichas de dados de segurança ou disponibilizadas em literatura técnica e
científica.

A exposição por inalação deve ser tida em conta quando são manipulados sólidos pulverulentos, liofilizados,
líquidos voláteis ou aerossóis. Se estiver em causa a via inalatória deve ponderar-se a adoção das seguintes
medidas:

 Viabilidade da realização do trabalho na bancada;


 Uso de máscara;
 Recurso a Câmara de Segurança Química (hotte química);
 Realização do trabalho em área de contenção especial.

A exposição por via cutânea deve ser considerada no caso de


exposição a gases, líquidos de volatilidade baixa/média ou
altamente voláteis, sólidos higroscópicos, pulverulentos ou
aerossóis. Nestas condições deve considerar-se a utilização de
luvas descartáveis compatíveis com os químicos, de óculos de
proteção e de protetor facial total.

O dano pode manifestar-se de forma rápida, ou imediata, após o contato (efeito agudo) ou pode revelar-se a
longo prazo, normalmente na sequência de uma exposição repetida (efeito crónico). Os principais efeitos
adversos a considerar são toxicidade, corrosividade, irritação, sensibilização, carcinogénese, mutagenicidade,
toxicidade para a reprodução.

Associado ao tipo de perigosidade, existem pictogramas que facilitam a identificação da natureza do perigo
envolvido na produção, manuseamento, armazenagem e transporte de cada substância ou preparação química.
Quando for caso disso, para além do pictograma, o rótulo apresenta palavra-sinal e advertências de perigo.

O Regulamento (CE) n.º 1272/2008 CRE (classificação, rotulagem e embalagem) harmoniza a anterior legislação
da UE com o GHS (Sistema Mundial Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos), um
sistema das Nações Unidas destinado a identificar produtos químicos perigosos e a informar os utilizadores
sobre esses perigos. Tem também ligações com o Regulamento REACH.

Listas de absentismo
Um estudo europeu elaborado pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) mostra
que os fatores de risco psicossociais são a principal causa de absentismo laboral em Portugal e no resto da
Europa. O mesmo estudo revelou ainda que a perda de produtividade das empresas devido ao absentismo
laboral ascende a 136 mil milhões de euros na União Europeia.

Neste contexto, é fundamental que as empresas façam uma gestão adequada dos seus recursos humanos e das
faltas dos seus trabalhadores, já que a ausência de um funcionário pode representar um problema grave
quando ultrapassa os dez dias por ano.

Por norma, estas ausências frequentes são um sintoma de falhas na gestão de recursos humanos da empresa,
devendo ser corrigidas de imediato. Má liderança, ausência de ‘feedback’ e de motivação, falta de liberdade
criativa, controlo excessivo, falta de transparência, são alguns dos motivos mais frequentes para os funcionários
ficarem desmotivados e faltarem ao trabalho, entre outras razões.

Apesar de ser um problema frequente existem algumas estratégias ao nível da gestão de recursos humanos que
podem ser postas em prática no dia-a-dia da sua empresa para reduzir o absentismo e evitar as falhas.

Para o médico de família e para o médico do trabalho (bem como para outros profissionais que direta ou
indiretamente têm a ver com o sistema de gestão da  Saúde e Segurança do Trabalho, dentro e fora da
empresa), é importante perceber o processo do absentismo por doença, onde interagem fatores de natureza
individual, organizacional e social:

 Quando há uma continuada discrepância entre as exigências (físicas, mentais, cognitivas, psicológicas,
sociais, etc.) do posto de trabalho e a capacidade de resposta do trabalhador (motivação, satisfação,
qualificação, conhecimentos, competências técnicas, humanas e relacionais, potencial de saúde, idade,
género, biologia, suscetibilidade, história de vida, etc.), é muito provável que surjam problemas de
saúde;

 Faltar ou não ao trabalho é uma decisão que ninguém toma de ânimo leve; em todo caso, depende
sobretudo da perceção da barreira do absentismo, representada por uma série de custos e benefícios
para o trabalhador (por   ex., o grau de motivação e de satisfação do indivíduo em relação ao seu
trabalho, a gravidade do estado de saúde, o clima organizacional da empresa, a pressão dos colegas ou
do chefe, as regras da organização, a perda de antiguidade, a perda de remuneração - incluindo muitas
vezes o prémio de produção, de produtividade ou de assiduidade -, o sistema de proteção social na
doença, o montante do subsídio de doença, a exigência da certificação da baixa pelo médico de família
- tratando-se de um trabalhador abrangido pelo Regime Geral da Segurança Social -, a deslocação ao
centro de saúde, a negociação com o seu médico de família).

Do mesmo modo, a duração da baixa e a decisão de voltar ao trabalho não dependem apenas das razões
clínicas ou terapêuticas (incluindo o número de dias de baixa concedidos pelo médico de família) como
sobretudo da perceção da barreira da reintegração, constituída por outros tantos fatores endógenos e
exógenos, de natureza individual, organizacional e social (por. ex., a gravidade do problema de saúde e as suas
sequelas, o tratamento e a recuperação, as listas de espera nos serviços de saúde, a fiscalização da baixa por
parte do serviço de verificação das incapacidades temporárias, as pressões da empresa e da família, os exames
de alta, a vontade de retomar o trabalho, o apoio dos colegas e chefias, a existência de programas de
reintegração e reabilitação no local de trabalho, o papel dos serviços de Segurança, Higiene e Saúde no
trabalho).
De doenças profissionais e de acidentes de trabalho

Considera-se que uma doença profissional é aquela que resulta diretamente das condições de trabalho e que
causa incapacidade para o exercício da profissão ou morte. As doenças profissionais em nada se distinguem das
outras doenças, salvo pelo facto de terem a sua origem em fatores de risco existentes no local de trabalho.

Existe uma Lista de Doenças Profissionais, aprovadas através do Decreto Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de
Julho, embora a Lei também considera que a lesão corporal, a perturbação funcional ou a doença não incluídas
na lista serão indemnizáveis, desde que se provem serem consequência, necessária e direta, da atividade
exercida e não representem normal desgaste do organismo (Código do Trabalho, n.º 2 do art. 310).

É acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza direta ou
indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de
trabalho ou de ganho ou a morte.

Um acidente de trabalho não é um acontecimento fortuito, cuja responsabilidade se possa imputar a um acaso,
a uma “fatalidade”.

Um acidente de trabalho tem sempre origem em uma ou mais causas.

Devemos no entanto distinguir entre:

 Incidente - Acontecimento não intencional que em circunstâncias ligeiramente diferentes poderia

provocar danos corporais, danos materiais ou perdas de produção.

 Acidente - Acontecimento não intencional que provoca danos corporais, danos materiais ou perdas de

produção.

Sempre que um dano corporal necessitar de cuidados médicos ou de enfermagem é um acidente, mesmo que o
acidentado, por razões diversas, não tenha procurado esses cuidados.

Todos os anos na União Europeia cerca de 5 milhões de pessoas são vítimas de acidentes de trabalho que
ocasionam ausências superiores a 3 dias, num total de aproximadamente 146 milhões de dias de trabalho
perdidos:

 Ocorre 1 acidente de trabalho em cada 5 segundos, na EU;

 Morre 1 trabalhador a cada 2 horas, vítima de acidente de trabalho, na EU;

 Dois terços das 30 000 substâncias químicas mais utilizadas na EU, não foram submetidas a testes

toxicológicos completos e sistemáticos;

 Um quinto dos trabalhadores da UE - 32 milhões de pessoas – estão expostos a agentes cancerígenos;


Estes riscos são agravados por uma informação e cumprimento inadequados das normas de segurança. Um
estudo, determinou que apenas 12% das empresas conheciam os seus deveres legais.

Além disso, um estudo separado revelou que 20% das Fichas de Dados de Segurança fornecidas pelos
fabricantes de substâncias perigosas continham erros.

Apenas as substâncias químicas notificadas desde 1981 são obrigatoriamente submetidas a esses testes,
embora a EU esteja a desenvolver uma estratégia para a avaliação sistemática das chamadas substâncias
químicas existentes.

Em todo o mundo ocorrem por ano cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e são registadas mais de 160
milhões de doenças profissionais.

Algumas consequências desses acidentes são permanentes e afetam a capacidade de trabalho das vítimas e a
sua vida extralaboral.
Os acidentes de trabalho ocorrem em todas as indústrias e incluem escorregões, tropeções, quedas de pessoas
ou de objetos, objetos cortantes e quentes, e acidentes que envolvem veículos e máquinas.

Investigação de acidentes e incidentes

A investigação de incidentes e acidentes torna-se pois um


elemento essencial para a determinação dos níveis de risco
existentes nas operações das organizações. A essência do
controlo de perdas manifesta-se na correta investigação
das causas dos incidentes e acidentes de Trabalho (IIAT)
com a apropriada melhoria contínua e adequado
envolvimento da gestão. Compreende-se que a IIAT se
reveste de uma importância acrescida para as
organizações que pretendem ser competitivas.

Segundo Vincoli “Uma investigação de acidentes é um esforço metódico para recolher e interpretar factos. É um
olhar sistemático à natureza e extensão do acidente, dos riscos assumidos e das perdas envolvidas. É um
inquérito ao como e porquê da ocorrência de tal evento. Como uma das funções básicas da investigação de
acidentes é prevenir a ocorrência futura de eventos similares, é também um processo de planeamento para
explorar as ações que podiam ter sido tomadas para prevenir ou minimizar a recorrência do acidente.”

Para que a IIAT possa ser uma ferramenta tão produtiva quanto possível para a gestão, é necessário que
primeiro sejam estabelecidos os parâmetros dentro dos quais essa mesma investigação deve decorrer, é
essencial que exista um modelo operacional que potencie os ganhos de eficiência e eficácia, e que permita
obter resultados dentro dos constrangimentos e realidades encontradas.

Se tomarmos como referência Jeffrey W. Vincoli e James Thornhill, poderemos verificar que ambos sustentam a
mesma relevância na necessidade de preparação e existência de um modelo operacional de IIAT que possibilite
ganhos de eficiência e de tempo aquando da ocorrência de incidentes ou acidentes. Para Thornill “É sempre
uma boa ideia ter termos de referência acordados antecipadamente, quer para a investigação de acidentes quer
para o relatório final” Segundo Vincoli “Assim que os procedimentos estiverem desenvolvidos, todos os
possíveis membros de uma equipa de investigação (incluindo todos os membros da gestão) devem familiarizar-
se inteiramente com os conteúdos de cada procedimento para que não haja lugar a surpresas imprevistas, caso
uma equipa de investigação seja chamada num futuro próximo”.

Assim a tradução de um protocolo de investigação torna-se essencial no enquadramento da Higiene e


Segurança no Trabalho, bem como a sua disseminação e consequente formação dos Técnicos e dos Técnicos
Superiores de Segurança no Trabalho.

Capítulo III – Planos específicos de prevenção de riscos


As técnicas de avaliação de riscos estão divididas em dois grupos distintos, com características peculiares em
cada um deles, agrupados de acordo com o tipo e formato dos dados disponíveis.

O sucesso na realização da análise e avaliação dos riscos é resultado de um amplo e detalhado mapeamento
das ameaças e riscos, e da compreensão das consequências resultantes da sua concretização. Desta forma fica
claro a necessidade de se realizar o estudo dos riscos, através de técnicas apropriadas.

A realização de um estudo inicial, que permita a coleta e identificação das ameaças, que se apresentam,
usualmente fornece subsídios, que indicam qual técnica de análise de riscos deve ser utilizada, e quais cuidados
devem ser tomados na utilização da técnica , levando em conta suas vantagens e desvantagens. Deve ficar claro,
ao profissional encarregado de realizar a análise que, muitas das vezes técnicas similares não fornecem
necessariamente os mesmos resultados.

As técnicas estão divididas em dois grandes grupos:

O primeiro grupo, utiliza técnicas subjetivas, são os métodos Qualitativos ( Mosler, RAM, Listas de Verificação,
APP, Matriz SWOT, CARVER e etc), o segundo grupo utiliza técnicas objetivas, são os métodos Quantitativos
( Monte Carlo, FMEA, MORT e etc).

Em alguns casos pode ser necessário a utilização de métodos, que utilizem ambas as técnicas, o que pode
resultar em resultados mais consistentes, principalmente para a gerência de riscos, poder planejar e gerenciar os
investimentos necessários.

As técnicas Qualitativas são comparativamente mais baratas e de simples aplicação, embora não sejam
apropriadas para fornecerem estimativas numéricas, e não realizarem o tratamento de dados estatísticos e
dados históricos, que possam vir a ser utilizados, e portanto ranquear os riscos identificados. São técnicas que
se ajustam muito bem, quando não temos conhecimento profundo do objeto da análise, nossa incerteza é
muito grande, dependendo em grande parte da opinião, conhecimento e experiência do profissional ou grupo
de profissionais que estiverem realizando o trabalho de análise dos riscos. São técnicas amplamente aceitas e
utilizadas por profissionais da área de Segurança.
As técnicas Quantitativas são mais caras e complexas, mais oferecem como atrativo o fato de suprirem as
deficiências dos métodos Qualitativos.

Encontram grande aplicação, e produzem ótimos resultados, aonde a segurança ou “safety” e a criticidade são
requisitos necessários.

São exemplos de aplicações dos métodos Quantitativos, a análise de riscos catastróficos, utilizando as técnicas
de Árvore de Falhas ou Árvore de Eventos.

Os resultados também podem ser utilizados em análises de custo beneficio, gerenciamento de riscos, estudos
de impacto ambiental entre outros. Como outro exemplo de utilização dos métodos Quantitativos, podemos
citar a utilização do Método de Monte Carlo, para realizar análises nas áreas de engenharia e finanças,
fornecendo resultados confiáveis.

Os métodos FORM (First Order Reability Method), são os métodos Quantitativos mais apropriados para análises
mais complexas, tendo como vantagem sobre os outros métodos a habilidade, de não somente lidar com as dos
dados estatísticos , mais também permitir que o usuário tire proveito destas incertezas, transformando-as em
vantagens, pois , vários resultados obtidos nas análises , fornecem informações sobre as vulnerabilidades , como
função destas incertezas nos dados.

Método indutivo: É aquele que parte de questões particulares até chegar a conclusões generalizadas. Este
método é cada vez menos utilizado, por não permitir ao autor uma maior possibilidade de criar novas leis, novas

teorias.

Método Dedutivo: O raciocínio dedutivo parte da dedução formal tal que, postas duas premissas, delas, por
inferência, se tira uma terceira, chamada conclusão. Entretanto, deve-se frisar que a dedução não oferece

conhecimento novo, uma vez que a

conclusão sempre se apresenta como um caso

particular da lei geral. A dedução organiza e

especifica o conhecimento que já se tem, mas

não é geradora de conhecimentos novos. Tem

como ponto de partida o plano do

inteligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida.


Exemplo:

Método de Arvore de Causas (técnica de análise dedutiva)

O método de árvore de causas foi desenvolvido pelo Institute Nacional de Rechercheet Sécurité (INRS) em
1972 e é tributário das teorias multicausais. Trata-se de uma técnica dedutiva que, partindo do evento
adverso (acidente, incidente, acontecimento perigosos, não conformidade), pretende identificar as suas
causas do evento adverso e as suas relações, utilizando um percurso ascendente ou inverso (do AT para as
causas), estabelecendo a concatenação de factos e disfunções que originaram AT e que contribuíram
sequencialmente para a sua consecução (Leplat & Cuny, 1979).

A aplicação do método desenvolve-se nas seguintes fases (Carvalho, 2007):

I – Relação dos factos, II – Construção da árvore de causas que conduziu ao acidente, III

– Determinação das medidas e ações corretivas possíveis, IV – Discussão e decisão.

Fase I – Relação dos Factos. Devem ser recolhidos de forma objetiva todos os factos relacionados com a
rotina normal do trabalho e dos desvios realizados antes da ocorrência do acidente. É importante recolher a
informação: sobre o acidentado, sobre as ordens que recebeu e das testemunhas.

Fase II – Construção da árvore de causas que conduziu ao acidente. Consiste em estabelecer o esquema
completo, colocando em evidência desencadeamento lógico dos factos que se sucederam cronologicamente
e foram registados na etapa anterior. Nesta fase é muito importante definir a inter-relação dos factos ou
alterações, respondendo às questões: O que ocorreu para produzir este facto? Qual o antecedente lógico que
implicou este facto? Este antecedente é necessário à produção deste facto? Este antecedente foi suficiente?
Não existem outros antecedentes?

As respostas às questões anteriores desencadeiam-se em relações de factos que podem estruturar-se nos
seguintes tipos de relações lógicas (Carvalho, 2007):

Relação de encadeamento – o facto (x) tem apenas como antecedente o facto (y) e não se produziria se o
facto (y) não tivesse ocorrido previamente.
Relação de disjunção – vários factos (x1), (x2) que não têm relação entre si, apenas são explicáveis através de
um único antecedente (y) e qualquer deles não se produziria se o facto (y) não tivesse acontecido
previamente.
Relação de conjunção – o facto (x) não aconteceria se não tivesse ocorrido previamente o facto (y). No
entanto, o facto (y), só por si, não desencadearia o facto (x), sendo necessária a ocorrência também
do facto (z) e os factos (y) e (z) são independentes entre si.
Depois de construída a árvore de causas é necessário verificar a sua congruência lógica, devendo realizar-se
um novo processo de questionamento: Se o facto (y) não tivesse acontecido, teria acontecido o facto (x)? Para
que tivesse acontecido o facto (x), foi necessário o facto (y) e apenas o facto (y)?
Fase III – Determinação das medidas e ações corretivas possíveis. Uma vez identificadas as causas básicas que
desencadearam o acidente, pode-se agir sobre elas de forma a impedir que aquele tipo de acidente se repita.
Nesta etapa é elaborada uma lista de soluções possíveis para a eliminação e ou controlo das causas do
acidente. Como causas iguais podem originar diversos acontecimentos e consequências, é muito importante
considerar que quanto mais básicas ou elementares sejam as causas do acidente a que se aplicam medidas
corretivas, maior será o número de acontecimentos não desencadeados que se evitarão.
Fase IV – Discussão e decisão. Consiste na discussão das medidas identificadas para corrigir as causas básicas,
decidir quais as medidas possíveis implementar e definir o responsável para a sua execução.
A árvore de causas considera-se terminada quando se identificam os eventos primários que estão na origem
dos AT e não carecem de uma situação anterior. Depois de construída a árvore causal importa verificar a sua
congruência lógica.

As causas que integram um nível de significância podem ser de diversos tipos. No entanto será expectável
que nos níveis mais baixos – mais “perto” da ocorrência – predominem as causas ativas presença de agentes
agressores, por exemplo) e os atos inseguros específicos (nomeadamente, operação errada por ação
incorreta ou por omissão, negligência, distração, excesso de confiança, inadequação à tarefa). Em geral –
embora não necessariamente sempre – uma ocorrência profissional danosa acontece devido à conjugação
destes dois tipos de causas. A níveis superiores são comuns outros tipos de causas, de caracterização mais
envolvente, em particular causas organizacionais, psicossociais, de saúde, familiares, económicas, de gestão,
ambientais ou políticas.
As causas que correspondem a pares [perigo/atividade de trabalho] caracterizáveis no subsistema homem-
máquina encontram-se, em geral no 1º nível de significância ou, eventualmente, no 2º nível.

Hierarquia de causas de acidentes (Oliveira, 2009)

Fatores considerados determinantes no risco, especificamente na atividade de enfermagem (Cotrim et al.,


2006; Barroso, 2008; Barroso et al., 2007a,*; Gomes, 2009), encontram-se relacionados com o processo de
LMTD. É frequente a referência às posturas adotadas como o principal fator de risco, nomeadamente durante
a LMTD. Apesar disso, nas principais causas da exposição ao fator de risco, realça-se a exiguidade de espaço
disponível nas enfermarias, as dimensões do mobiliário e a impossibilidade de ajustabilidade (por exemplo a
altura das camas dos doentes), além de que, o espaço situado nas imediações do trabalhador é
habitualmente ocupado por vários equipamentos (Maia, 2002). A má/incorreta conceção de postos de
trabalho, por exemplo no que concerne às dimensões do mobiliário e espaços, as exigências físicas
associadas às atividades e a necessária adoção de posturas extremas são, por isso, constantemente
referenciadas como causas que predispõem à ocorrência de LMELT no contexto profissional de enfermagem
(Martins, 2008).

A atividade de LMTD é de facto um sério problema da atividade de enfermagem. As posturas adotadas pelos
enfermeiros (Gomes, 2009) permitem verificar a deslocação de carga animada como peso de adultos
habitualmente manuseada sem ajuda de equipamentos mecânicos, ou então efetuada por dois operadores
de características antropométricas distintas, obrigando a frequentes movimentações do tronco em flexão com
extensão do pescoço, nos momentos de mudança de planos dos doentes e ainda na execução de técnicas
específicas em doentes acamados e/ou sentados. Nestas atividades a posição mais utilizada é a de pé, em
flexão do tronco, com os braços frequentemente em flexão e os antebraços igualmente em flexão acentuada.

Aspetos como posturas extremas, carga física, manipulação de cargas elevadas, mobiliários e equipamentos e
espaços de trabalho inadequados são referenciados em vários estudos (Alexopoulos et al., 2003,2006; Barroso
et al., 2007a,*; Baumann, 2007; Estryn-Behar et al., 2004; Fonseca, 2005; Maia, 2002; Murofuse &
Marziale, 2005;

Índice das Diretivas Comunitárias e sua transposição para o direito interno sobre Valores limite de exposição
profissional.
 
 Diretiva 2006/15/CE, de 07 de Fevereiro , que estabelece uma segunda lista de valores limite de
exposição profissional indicativos para execução da Diretiva 98/24/CE do Conselho e que altera as
Diretivas 91/322/CEE e 2000/39/CE.
 Diretiva 2000/39/CE, de 08 de Junho , relativa ao estabelecimento de uma primeira lista de valores limite
de exposição profissional indicativos para execução da Diretiva 98/24/CE do Conselho relativa à
proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores contra os riscos ligados à exposição a agentes
químicos no trabalho.
 Diretiva 91/322/CE, de 29 de Maio , relativa ao
estabelecimento de valores limite com carácter
indicativo por meio da aplicação da Diretiva
80/1107/CEE do Conselho relativa à proteção dos
trabalhadores contra os riscos ligados à exposição a
agentes químicos, físicos e biológicos durante o
trabalho.

Exemplos:

»Valor limite de pico de ruído


[Ruído no local de trabalho] É o máximo do pico de nível de pressão sonora e igual a 140dB, equivalente a 200
pascal de valor máximo da pressão sonora instantânea não ponderada.
Fonte: RODRIGUES, Germano. Segurança na Construção: Glossário . 1.ª Edição, Lisboa, Instituto de
Desenvolvimento e Inspeção das Condições de Trabalho, 1996.

»Valores de ação superior e inferior de ruído

[Ruído no local de trabalho] De acordo com o atual diploma legal que regula a exposição ao ruído durante o
trabalho (Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro) e que transpôs para o direito nacional a Directiva n.º
2003/10/CE, os «valores de ação superior e inferior» correspondem aos níveis de exposição diária ou semanal
ou aos níveis da pressão sonora de pico que, em caso de ultrapassagem, implicam a tomada de medidas
preventivas adequadas à redução do risco para a segurança e saúde dos trabalhadores.

Valores de ação superiores:

LEX,8h = L EX,8h = 85 dB (A) e LCpico = 137 dB (C) equivalente a 140 Pa;

Valores de ação inferiores:

LEX,8h = L EX,8h = 80 dB(A) e LCpico = 135 dB (C) equivalente a 112 Pa.

Fonte: Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro

»Valores limite de exposição ao ruído

[Ruído no local de trabalho] De acordo com o atual diploma legal que regula a exposição ao ruído durante o
trabalho (Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro) e que transpôs para o direito nacional a Diretiva n.º
2003/10/CE, os «valores limite de exposição» correspondem ao nível de exposição diária ou semanal ou ao nível
da pressão sonora de pico que não deve ser ultrapassado.

Valores limites de exposição:

LEX,8h = L EX,8h = 87 dB (A) e LCpico = 140 dB (C) equivalente a 200 Pa;

Fonte: Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro


Nas atividades suscetíveis de exposição a poeiras e fibras de amianto ou de materiais que contenham amianto
deve ser avaliado o risco para a segurança e saúde, determinando a natureza, o grau e o tempo de exposição,
nos termos do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 266/2007, de 24 de julho.

Na sequência desta avaliação, e tendo em conta a existência de risco, deve proceder-se à determinação da
concentração das fibras de amianto no ar dos locais de trabalho.

O valor limite de exposição (VLE)* para o amianto encontra-se fixado em 0,1 fibra/cm3, medida relativamente a
uma média ponderada no tempo para um período de 8 horas.

*Valor Limite de exposição profissional, Art.º 4 do Decreto-Lei nº 266/2007 de 24 de julho.

Tema I –Modelos de gestão da prevenção

No contexto dos programas de prevenção da exposição profissional a agentes químicos, a monitorização


ambiental e a monitorização biológica devem ser entendidas como complementares, sem que tal
invalide a assunção de que a segunda contribui, com particular relevo, para a avaliação e gestão dos riscos
decorrentes.

O recurso a indicadores biológicos, sempre que possível, permite um conjunto de informações de acrescido
valor e significado para a interpretação das reais interações entre um agente químico e os trabalhadores a ele
expostos, designadamente pelo facto de que a exposição a um agente químico a concentrações inferiores aos
limites considerados admissíveis não invalida que alguns dos indivíduos expostos possam apresentar respostas
de intensidade acrescida, efeitos adversos não-esperados ou agravamento de situações pré-existentes.
Os indicadores biológicos devem, assim, ser privilegiados no estudo das capacidades fisiológicas de resposta à
agressão química e da evolução das reações de adaptação ou de desajuste do organismo dos indivíduos
expostos, face à absorção dos tóxicos.

Medidas de Prevenção

As medidas de prevenção incidem quer a nível intrínseco (na aquisição de equipamentos que possuam sistemas

de segurança integrados) quer através do cumprimento de procedimentos de trabalho seguros e dos

estabelecimentos de regras de boas práticas:

 Fazer um controlo veterinário dos animais

 Reduzir a utilização de aerossóis


 Instalar, nos locais de trabalho, condutas herméticas e sistemas de transporte de cereais e alimentos

fechados

 Manter os níveis de humidade em locais interiores abaixo dos 80% (reduz a quantidade de

microrganismos em suspensão)

 Proporcionar uma correta ventilação dos locais de trabalho

 Evitar o contacto com animais doentes (estes devem ser colocados de quarentena e separados dos

animais sãos). Ao tratar estes animais devem-se usar luvas apropriadas.

 Utilizar conservantes para as forragens

 Proceder à desinfestação e desratização regular

 Limpar e desinfetar com regularidade os locais de trabalho e de permanência de animais, utilizando

processos húmidos

 Eliminar equipamento contaminado (com sangue, etc.)

 Retirar o lixo e os dejetos que se encontrem perto dos locais de trabalho para contentores ou locais

próprios

 Proteger-se adequadamente contra picadas de insetos ou mordeduras de animais (aplicar repelentes

nas roupas, junto às mãos e aos pés)

 Ao tosquiar os animais utilizar máscaras de proteção respiratória, óculos de proteção, luvas

adequadas e roupa de trabalho

 Assegurar a vigilância médica e a vacinação dos trabalhadores

 Evitar mexer nos olhos com as mãos sujas ou após o contacto com animais

 Lavar e/ou desinfetar as mãos e braços após o contacto com animais ou sempre que se considere

necessário

 Não fumar, comer ou beber durante o trabalho

 Utilizar EPI´s adequados durante o trabalho (proteção respiratória, roupa de trabalho e luvas).

Tema II –Medicina do Trabalho

Em Portugal

A ocorrência de acidentes de trabalho ou de doenças profissionais constitui um indicador significante da


existência de disfunções nos locais de trabalho e nas respetivas envolventes.
A informação da sua ocorrência permite à ACT direcionar com maior acervo a atividade inspetiva para as
situações de trabalho evidenciadas dessa forma e às organizações produtivas conhecer melhor as necessidades
de correção das medidas de prevenção aplicadas nos locais de trabalho.

Tipo de Acidente

Mensal
Nacionalidade
Desvio
Contacto - Modalidade da lesão
Grupo profissional
Distrito
Tipo de empresa

Dia da semana

Sexo
Faixa etária
Tipo de lesão
Parte do corpo atingida

Fonte: http://www.act.gov.pt/(pt-PT)/CentroInformacao/Estatistica/Paginas/default.aspx

Em termos de manifestação clínica as doenças com maior incidência são as Músculo-Esqueléticas que no seu
conjunto representam 66,32% (2925 doenças) seguidas dos casos de Hipoacúsia (surdez) que representam
12,97% (572 Casos) do total.

Número de mortes relacionadas com doença profissional é de 132.

De acordo com o Código do Trabalho, Artigo 283.º, Artigo 284.º Regulamentação da prevenção e reparação.
Tema III–Planos de prevenção

É conjunto de procedimentos de prevenção a adotar pelos ocupantes, destinados a garantir a manutenção das
condições de segurança. Devem ser do conhecimento geral de todos os colaboradores da organização em geral
e especialmente da equipa de segurança.

Dizem sobretudo respeito a:

 Regras de exploração e de comportamento destinadas a garantir a manutenção das condições de


segurança, nomeadamente no que se refere à acessibilidade de meios de socorro, desimpedimento de
vias de evacuação, vigilância dos espaços de maior risco, segurança nos trabalhos de maior risco ou de
manutenção, etc.
 Procedimentos de exploração e de utilização das instalações técnicas, equipamentos e sistemas, os
quais devem incluir as respetivas instruções de funcionamento, os procedimentos de segurança, a
descrição dos comandos e de eventuais alarmes, bem como dos indicadores de avaria que os
caracterizam.
 Programas de manutenção das instalações técnicas, dispositivos, equipamentos e sistemas existentes

Os procedimentos de exploração e de utilização referidos são, em regra, os recomendados pelos respetivos


fabricantes e devem ser fornecidos ao responsável de segurança pelos empreiteiros ou instaladores, consoante
o caso, aquando da receção da obra ou da instalação.

No caso de sistemas de segurança configuráveis – por exemplo, sistemas automáticos de deteção de incêndios
– os procedimentos de exploração mencionados deverão incluir também a forma como o sistema está
configurado – por exemplo, a organização do alarme, respectivas temporizações e matriz de comando.

Os procedimentos de manutenção referidos podem ser de vários tipos, consoante a instalação técnica, o
dispositivo, o equipamento ou o sistema: os recomendados pelos respectivos fabricantes, pelas Normas
Portuguesas ou harmonizadas, pelas regras ou recomendações técnicas. Das Normas aplicáveis destacam-se as
seguintes:

 NP 4413: Segurança contra incêndio. Manutenção de extintores.


 NP EN 671-3: Instalações fixas de combate a incêndio – Sistemas armados com mangueiras. Parte 3:
Manutenção das bocas de incêndio armadas com mangueiras semi-rígidas e das bocas de incêndio
armadas com mangueiras flexíveis.
 DNP CEN/TS 54-14: Sistemas de deteção e de alarme de incêndio. Parte 14: Especificações técnicas para
planeamento, projeto, instalação, colocação em serviço, exploração e manutenção.

NP EN 529: Aparelhos de proteção respiratória. Recomendações para seleção, utilização, precauções e


manutenção. Documento guia.

Os procedimentos de prevenção têm como finalidade garantir permanentemente a:

 Acessibilidade dos meios de socorro aos espaços da utilização-tipo


 Acessibilidade dos veículos de socorro dos bombeiros aos meios de abastecimento de água,
designadamente hidrantes exteriores
 Praticabilidade dos caminhos de evacuação
 Eficácia da estabilidade ao fogo e dos meios de compartimentação, isolamento e protecção.
 Acessibilidade aos meios de alarme e de intervenção em caso de emergência
 Vigilância dos espaços, em especial os de maior risco de incêndio e os que estão normalmente
desocupados
 Conservação dos espaços em condições de limpeza e arrumação adequadas
 Segurança na produção, na manipulação e no armazenamento de matérias e substâncias perigosas

Segurança em todos os trabalhos de manutenção, recuperação, beneficiação, alteração ou remodelação de


sistemas ou das instalações, que impliquem um risco agravado de incêndio, introduzam limitações em sistemas
de segurança instalados ou que possam afetar a evacuação dos ocupantes

Deve conter os seguintes elementos:

 Caracterização do edifício (implantação, construção, etc.), data da sua entrada em funcionamento


 Organograma de segurança (identificação do responsável de segurança, identificação de eventuais
delegados de segurança)
 Plantas, à escala de 1:100 ou 1:200 com a representação inequívoca, recorrendo à simbologia constante
das normas portuguesas, da classificação de risco e efetivo previsto para cada local, vias horizontais e
verticais de evacuação, incluindo os eventuais percursos em comunicações comuns e localização de
todos os dispositivos e equipamentos ligados à segurança contra Incêndio

Nota: Pelo facto das plantas serem um dos elementos constituintes do projeto de segurança, apesar dos
edifícios existentes não serem obrigados a ter projeto, a exigência de plano obriga, muitas vezes, a ter de se
fazer o projeto

 Procedimentos de prevenção
 Programa de simulacros
 Programa de formação de sensibilização

De referir que os planos de prevenção devem ser atualizados sempre que as modificações ou alterações
efetuadas na Utilização-Tipo o justifiquem. Estes planos estão sujeitos a verificação durante as inspeções
regulares e extraordinárias, devendo existir, no Posto de Segurança, um exemplar do Plano de Prevenção.

Tema IV– Competências dos organismos fiscalizadores e de prevenção de riscos profissionais


A Autoridade para as Condições do Trabalho é um serviço do Estado que visa a promoção da melhoria das
condições de trabalho em todo o território continental através do controlo do cumprimento do normativo
laboral no âmbito das relações laborais privadas e pela promoção da segurança e saúde no trabalho em todos
os sectores de atividade públicos e privados.
 
A ACT, que assumiu as atribuições da Inspecção Geral do Trabalho e do Instituto para a Segurança, Higiene e
Saúde no Trabalho, tem a sede em Lisboa e dispõe de 32 serviços desconcentrados.

Tema V– Órgãos de consulta e participação dos trabalhadores no âmbito da prevenção de riscos


profissionais

A participação dos/as trabalhadores/as no domínio da Segurança e da Saúde não constitui apenas um Direito, é
um pressuposto fundamental para garantir a eficácia da gestão da Segurança e da Saúde no Trabalho por parte
dos empregadores.
Nunca é demais relembrar que os/as trabalhadores/as e/ou os seus representantes têm o direito de:

Ser consultados e participar no processo de avaliação de riscos;

Ser informados sobre os riscos para a sua Segurança e Saúde e as medidas necessárias para eliminar ou reduzir
esses riscos;

Participar no processo de decisão sobre as medidas de prevenção e de proteção a implementar;

Solicitar ao empregador que tome as medidas adequadas e apresente propostas no sentido de minimizar os
perigos ou eliminar os riscos na origem;

Receber formação/instruções sobre as medidas a aplicar;

Zelar, na medida das suas possibilidades, pela sua Segurança e Saúde, bem como pela Segurança e Saúde das
outras pessoas afetadas pelas suas ações, de acordo com a formação e as instruções fornecidas pelo
empregador.

O direito de todos/as os/as trabalhadores/as à prestação do trabalho em condições de Segurança e Saúde


encontra-se consagrado na Constituição da República e regulamentado na Lei n.º 102/2009 de 10 de
Setembro que aprova o Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho, com a redação
conferida pela Lei n.º 3/2014 de 28 de janeiro.
Todos os/as trabalhadores/as, sem exceção, têm direito à prestação de trabalho em condições que respeitem a
sua Segurança e Saúde asseguradas pelo empregador, independentemente do seu vínculo contratual.
O direito à participação dos/as trabalhadores/as e dos seus representantes neste domínio assenta, pois, num
conjunto de direitos específicos, todos interligados à prevenção de riscos profissionais nos locais de
trabalho.
Conclusão

A avaliação de riscos constitui a base de uma gestão eficaz da segurança e da saúde e é fundamental para
reduzir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais.

Se for bem realizada, esta avaliação pode melhorar a segurança e a saúde, bem como, de um modo geral, o
desempenho das empresas.

É, pois, uma análise sistemática de todos os aspetos do trabalho, que identifica:


 Aquilo que é suscetível de causar lesões ou danos;

 A possibilidade de os perigos serem eliminados e, se tal não for o caso;

 As medidas de prevenção ou proteção que existem, ou deveriam existir, para controlarem os riscos.

Não esqueça:
 Um perigo pode ser qualquer coisa (material ou equipamento de trabalho, métodos ou práticas de
trabalho) com potencial para causar danos;
 Um risco é a probabilidade, alta ou baixa, de alguém sofrer lesões ou danos devido a esse perigo.

Trabalhadores que podem correr maior risco

 Trabalhadores com deficiência

 Trabalhadores migrantes

 Trabalhadores jovens e idosos

 Mulheres grávidas e lactantes

 Pessoal inexperiente ou sem formação

 Trabalhadores da manutenção

 Trabalhadores imunocomprometidos

 Trabalhadores com problemas de saúde, como bronquite

 Trabalhadores sob medicação suscetível de aumentar a sua vulnerabilidade ao dano


Referências Bibliográficas

AA VV., Compilação de dados estatísticos sobre sinistralidade laboral e doenças profissionais em Portugal , Ed.
UGT, 2012

AA VV., Manual de higiene e segurança no trabalho, Programa de formação PME, AEP

AA VV., Participação dos Trabalhadores na Segurança e Saúde no Trabalho: Guia Prático, Ed. Agência Europeia
para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2012

AA VV., Qualificação de Técnicos Superiores de Higiene e Segurança no Trabalho: Manual de Formação, Ed.
Associação Industrial Portuguesa – Confederação Empresarial, 2007

Espiga, M., Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho: textos de apoio , Ed. CECOA

Sites Consultados

ACT – Autoridade para as condições de trabalho


http://www.act.gov.pt

Agência Europeia de Higiene e Segurança no Trabalho


https://osha.europa.eu/pt

O Portal da Construção
http://www.oportaldaconstrucao.com

Legislação

Lei nº 98/ 2009, de 4 de Setembro


Regulamenta o regime de reparação de acidentes de trabalho e de doenças profissionais

Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro


Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho

Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro


Procede à segunda alteração à Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da
promoção da segurança e saúde no trabalho

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