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Universidade Estadual do Ceará – UECE

Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC


Licenciatura Plana em História
Disciplina: Contemporânea III Prof.: Tácito Rolim
Nome: Maria Beatriz Silva Duarte Matrícula: 1374217
MCMAHON, Robert J.. Guerra Fria. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012.

Capitulo 2: As origens da Guerra Fria na Europa: 1945-1950


Como se viu no capítulo anterior as relações entre União Soviética e Estados
Unidos era circundada de interesses próprios e desconfianças. Neste capitulo o autor dá
o ponto de partida para o que hoje conhecemos como Guerra Fria, que expos toda a
rivalidade e ressentimento guardado pela União Soviética e pelo seu até então parceiro de
guerra os Estados Unidos, onde o primeiro via no segundo a pura representação do
capitalismo odiado por sua ideologia, enquanto que o segundo via a ameaça comunista
surgir na URSS.
Hoje sabemos que o sentimento anticomunista está presente em muitos discursos
políticos por todo o mundo, mas poucas vezes percebemos onde e como ele nasceu. Esse
movimento teve início ainda durante a segunda guerra quando a aliança alemã-soviética
de não agressão era mal vista pelos americanos, principalmente depois que Stalin usou
dessa aliança para invadir e anexar países próximos a seu território fazendo com que a
aversão aos soviéticos crescesse ainda mais na américa. Os Estados Unidos mais temiam
que o incentivo ideológico dado pela União Soviética as classes operarias gerasse uma
forte revolução e por esse motivo tentaram cada vez mais colocar em um cerco esse tipo
de ideologia, até mesmo criando no imaginário popular o monstro comunista. Mas para
além disso era de interesse da Grã Bretanha e dos Estados Unidos que os nazistas não
tomassem o poder soviético após a quebra do acordo, pois temiam o fortalecimento dos
alemães com os recursos soviéticos.
Com a ameaça alemã contra os soviéticos surgiu a necessidade de americanos e
ingleses apoiarem o levante soviético contra os nazistas, até mesmo porque a Alemanha
já tinha declarado guerra aos Estados Unidos após o ataque japonês a Pearl Harbor. Para
amenizar os impactos dessa aliança na população americana, o governo decide amenizar
um pouco a campanha antissoviética que já vinha ganhando força.
Ao contrário do que Stalin esperava a ajuda britânica e americana não foi rápida
e direta, preferiram a estratégia do ataque em partes em territórios mais periféricos a
União Soviética e seguiram esse plano por mais de dois anos de guerra. Já Stalin
começava a perceber o desinteresse de seus colegas de guerra e ele estava certo, pois era
mais interessante para ingleses e americanos que Stalin ficasse frágil ou morresse no
enfrentamento aos nazistas do que eles perdessem mais do seu exército.
Na área política da guerra todos se mostraram preocupados com a situação pós
guerra da Alemanha, mas Stalin estava especialmente interessado nesse assunto. A União
Soviética temia que após a Guerra a Alemanha fortalecesse seu poder industrial, para
Stalin a Alemanha devia reparar os danos provocados contra seu país e ele mesmo tratou
de externar essa ideia aos demais aliados. Roosevelt por sua vez não se mostrou
inteiramente de acordo com essa proposta, apesar de concordar que devia-se impor
algumas condições para a Alemanha pós guerra.
O único ponto que estava de comum acordo entre os aliados era que eles tinham
o poder de decidir qual o destino alemão para o pós guerra. O autor nos mostra duas
opções possíveis de serem executadas: a primeira se refere a uma ação mais punitiva
contra a Alemanha em vista do tamanho prejuízo provocado, ou, em segundo lugar,
poderiam usar o poder industrial alemão para moldar uma nova Europa, um caráter de
reconstrução do que foi destruído pelos nazistas.
Mas o que realmente se consolidou na Europa pouco antes do fim da Guerra
foram as áreas de influência britânicas e soviéticas, dividiam a Europa em lado Ocidental
e Oriental. Stalin considerava que a parte Oriental era fundamental para a permanência
da segurança de seu país e por isso preferia consolidar sua influência nesta parte. Já os
britânicos permaneceram com a parte Ocidental onde já tinham influência. Percebemos
com isso que Stalin e Churchill consolidaram importantes divisões de território e áreas de
influência, mas para o americano Roosevelt isso iria contra os ideias democráticos dos
americanos e dizia que esse tipo de divisão deixava exposta a violação dos direitos
democráticos dos países derrotados e dos países devastados, e por isso os americanos
nunca se comprometeram com a divisão da Europa.
Mas essa ideia de democrática de não divisão e não polarização não era uma tarela
lá tão fácil, visto que as áreas de influência britânica e soviética tinham muita força, como
o autor destaca bem o exemplo da Polônia que estava bem polarizada. Apenas na
Conferência de Yalta em 1945 que os três líderes se reuniram e decidiram os destinos
europeus. Americanos e inglese concordaram em reconhecer a influência soviética na
Polônia Oriental desde que se houvesse eleições democráticas, essa parte do acordo
também serviu para aliviar a imagem de Roosevelt entre os americanos descendentes da
porção Oriental e que eram a favor do partido democrata do presidente. Também
concordaram que a Alemanha deveria pagar indenização de 20 bilhões de dólares onde
metade do valor seria enviado a União Soviética para reparar seu territorial destruído.
Após a conferencia Roosevelt acreditava nos soviéticos, mesmo que Churchill
alertasse o americano sobre o não cumprindo do acordo, pois os soviéticos perseguiam
de forma violenta quem não seguisse as ideologias de Stalin, e não só na Polônia, mas na
Bulgária, Romênia e Hungria era percebido esse tipo de ações. Mesmo assim não houve
intervenção americana ou inglesa, até mesmo porque o presidente americano sofreu uma
hemorragia cerebral e veio a falecer, no seu lugar assumiu o vice Harry Truman que já se
mostrava disposto a acatar as previsões políticas de seus conselheiros e logo tratou de
intimidar o ministro soviético Molotov com o intuito de provar se a União Soviética
estava ou não acatando as condições do acordo de Yalta.
Após o fim definitivo da Segunda Guerra os três líderes mais importantes do
momento se encontraram em uma nova conferência na cidade de Potsdam para discutir
várias questões importantes no momento, entre elas os acordos que giravam em torno da
Europa Oriental e Alemanha. De início o líder soviético conseguiu que os outros líderes
reconhecessem seu domínio sobre a região da Varsóvia, mas não aceitaram o domínio
estabelecidos na Bulgária e Romênia. Para isso também foi criado um Conselho de
Ministros das Relações Exteriores que ficariam encarregados de cuidar da questão
territorial no pós guerra e tratar também sobre os acordos de paz entre os derrotados.
Já sobre a Alemanha o que mais se discutiu foi a questão da reparação de danos,
principalmente para a União Soviética que acreditava que iria receber os 10 bilhões do
acordo de Yalta. Porém os interesses do novo presidente americano eram outros. Truman
se mostrou a verso as exigências de Stalin, pois era mais interessante para a Europa
Ocidental e Estados Unidos que a Alemanha tivesse sua economia recuperada para que
essa economia conseguisse produzir e recuperar a economia europeia do ocidente.
Um novo acordo aceito por Estados Unidos, Grã Bretanha, União Soviética e
França, que também era país influente, foi o que cada país conseguiria os bens necessários
para a reparação de seus país nas áreas já ocupadas por eles e a União Soviética ainda
receberia alguns bens das áreas industrializadas e mais abundantes da parte ocidental, mas
não poderiam exercer influência nessas regiões. Sobre a Alemanha é importante dizer que
ainda se tentou manter a área unificada, mas no final ficou decidido que a Alemanha
ficaria dividida, o que serviu para separar em dois hemisférios toda a Europa.
Para o presidente americano era nítida a confiança que ele tinha sobre suas
relações com os soviéticos, pois a economia e a bomba atômica eram dois elementos que
deixavam Truman em boa posição, até mesmo porque a bomba teve objetivo alcançado
nas cidades japonesas e os novos testes no Novo México também eram promissores, com
isso o presidente Truman não dependia da União Soviética para alcançar seus objetivos.
Mas os estranhamentos entre americanos e soviéticos estava apenas começando.
A essa altura as diferentes visões desses grupos sobre o controle internacional nuclear,
sobre os conflitos no Oriente Médio e Mediterrâneo, a questão de ajuda econômica
americana e o papel soviético na Manchúria estavam em evidencia entre esses países e
marcando a chegada do período da Guerra Fria.
A imagem que os americanos tinham dos soviéticos a esse ponto não era das
melhores, eles eram vistos com oportunistas e sedentos por mais territórios. Em relatório
oficial de um correspondente americano foi relatado que o governo soviético era
totalitário e opressivo com o povo e usavam o discurso de ameaça estrangeira para
justificar seus atos. O relator da carta, Kennan, ainda diz que os Estados unidos não
poderiam se acomodar, deveriam na verdade deter o avanço soviético.
Mas para além da atuação soviética nessas áreas de influência o que realmente
preocupava britânicos e americanos era o fato do possível interesse da União Soviética
em se aproveitar da situação econômica atual alcançando mais influência na Europa,
como já havia se observado com o aumento de partidos comunista no lado Ocidental, com
movimentos revolucionários e nacionalistas radicais. Isso poderia representar o
surgimento de uma nova força política capaz de espalhar sua ideologia sobre a Eurásia e
acabar com a hegemonia Ocidental.
Na tentativa de barrar a influência soviética os Estados Unidos começaram a
pensar em estratégias que poderiam ajudar a executar seus planos. A primeira
possibilidade de ação surgiu quando a Grã Bretanha, falida e devastada pela Guerra,
declarou que não havia mais condições de manter os conflitos na Grécia e na Turquia, o
presidente Truman por sua vez decidiu começar uma campanha no Congresso a fim de
conquistar o apoio necessário para tomar o lugar dos ingleses. Com a saída britânica da
região sem dúvidas os soviéticos conseguiriam expandir ainda mais sua influência, e era
isso que Truman pretendia impedir. Ele usou de muitas estratégias para conseguir apoio
popular e do Congresso, principalmente com o discurso antissoviético e anticomunista.
Em pouco tempo Truman conseguiu a aprovação de seu plano de ajuda aos países
europeus no combate a fome, pobreza e o avanço da esquerda. O secretário de estado
americano George Marshall logo provocou entusiasmo dos ministros das Relações
Exteriores britânico e francês com suas propostas para reabilitar a Europa. Logo alguns
países da região abraçaram a iniciativa américa, pois assim além de impedir o avanço
comunista e soviético também poderiam recuperar suas economias que ainda estavam
fragilizadas.
O Plano Marshall teve muito sucesso em território europeu, enviando 13 bilhões
de dólares em assistência econômica e de reestruturação da Europa. No outro extremo
Stalin de encontrava preocupado com essa investida americana, principalmente o retorno
de seu ministro Molotov de um encontro de ministros das Relações Exteriores, se abriu
um grande sinal de alerta para os soviéticos com a possibilidade de a Europa se dividir
em duas, a ação de Stalin foi proibir que a Europa Ocidental participasse dessas ações
americanas.
Já sobre a Alemanha o plano acreditava que sua recuperação econômica era
necessária para reconstruir a Europa, os recursos alemães dariam grande impulso para
isso. Os Estados Unidos acreditavam também que se a economia europeia de recuperasse
sua segurança e economia estariam fora de perigo.
Era fato que nenhuma das partes desejava uma reunificação alemã, o grande
objetivo era usar e sugar o que restava da derrotada Alemanha. Tanto para Ocidentais
como para orientais a reunificação da Alemanha poderia ditar perdas ou declaração da
própria Alemanha de apoio ao lado Ocidental ou Oriental. Por isso alguns países europeus
junto com os americanos começaram a trilhar os caminhos para a possível criação de um
novo estado no lado Ocidental da Alemanha. A reação de Stalin foi apertar sua autoridade
sobre a influência que tinha na região alemã e sob os partidos comunistas no lado
Ocidental. Com o mundo novamente dividido entre dois hemisférios ainda acontece na
Tchecoslováquia um golpe de estado apoiado pelos soviéticos que levou todo e qualquer
político não comunista a sair de seu cargo e provocando também a morte do ministro
tcheco Masaryk, mostrando assim em que circunstâncias a União Soviética estava
disposta.
Stalin finalmente em 1948 barrou qualquer acesso terrestre a porção Oriental da
Alemanha, mas mesmo assim os americanos conseguiram enviar suprimentos as pessoas
do outro lado da barreira por meio aérea. Com isso Stalin dizimou qualquer possibilidade
de acordo com Estados Unidos e países europeus, assim como sujou sua imagem nesses
países. Não tardou para que a porção Ocidental criasse a República Federal da Alemanha
e a porção Ocidental criasse a República Democrática Alemã.
E por iniciativa do ministro Bevin em 1948 houve um encontro entre países do
bloco Ocidental no que ficou conhecido como Pacto de Bruxelas e onde foi criada a
OTAN, importante órgão internacional que assegurava para os países membros a proteção
mutua e a segurança. Entre os países que compunham a OTAN podemos citar Itália,
Dinamarca, Noruega, Portugal, Canadá e Estados Unidos.

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