Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
ESTABILIZADORES DE HUMOR
Prof Flávia – 11/02/2020
Rang and Dale, Goodman, Golan, Psicopatologia (Stahl), psicofármacos (Cordioli)
Lítio
- Atualmente seu uso está mais indicado como ação profilática do transtorno bipolar.
- Indicações:
Redução do risco de suicídio.
Episódio de mania aguda.
Episódio de transtorno depressivo maior e no transtorno bipolar (estabiliza de baixo para cima e de
DBB - XVIII 2
- Farmacodinâmica:
Não há um mecanismo certo, há várias teorias, como:
Permeia os canais de Na+, levando à perda pacial do K+ intracelular e à despolarização da célula
ao despolarizar a célula, causando excitação, elevando o humor.
Alguns estudos in vitro sugerem que o Li+ facilita a liberação de 5-HT (dessensibilização nos sítios 5-
HT1B) são receptores que causam a dilatação dos vasos, como vimos na neuro.
Inibição da inositol monofosfatase* é o principal mecanismo. O lítio inibe a degradação do inositol
fosfato, aumentando o acúmulo dele, que gera algumas sequelas na célula: mobilização de cálcio,
ativação da PKC e a depleção de inositol celular.
Inibição da GSK-3 que aumenta os níveis de beta-catenina no hipocampo, o que implica na
estabilização do humor e possível inibição da fosforilação das proteínas tau aspecto
neuroprotetor.
Inibe a produção de AMPc induzida por hormônios e bloqueia a resposta das células tubulares renais
aos hormônios antidiuréticos (diabetes insipidus) e da tireoide ao hormônio tireostimulante
(hipotireoidismo) ao associar lítio com diuréticos tiazídicos, haverá reabsorção do lítio e isso pode
levar à toxicidade. O paciente que usa lítio de forma contínua pode desenvolver hipotireoidismo, com
isso, é importante realizar dosagens periódicas de TSH e T4.
Redução na renovação do ácido aracdônico nos fosfolipídeos de membrana no cérebro – fosfolipase
A2 tem efeito anti-inflamatório, mas o lítio não pode ser usado com esse intuito. Com o uso de
lítio e AINEs ao mesmo tempo, deve-se acompanhar a lesão renal, pois os efeitos dos AINEs serão
intensificados.
- O Li+ inibe a degradação de IP e, portanto, aumenta o seu acúmulo e as sequelas (mobilização de Ca 2+, ativação de PKC, depleção
de inositol celular). O Li+ também pode alterar a liberação do neurotransmissor por uma variedade de mecanismos supostos.
DBB - XVIII 3
- Farmacocinética:
Biodisponibilidade de 80 a 100% - VO.
Picos séricos de 1 a 2h (4 e 5h em liberação controlada).
T ½ vida: 18 a 24 horas podendo chegar a 2,4 dias.
Excreção renal.
Baixa ligação a proteínas plasmáticas e metabolização: a maior parte do lítio é liberada na forma livre.
Baixo índice terapêutico (concentração sérica entre 0,6 e 1,2 mmol/L) temos que fazer as dosagens
para avaliar se o medicamento está em níveis terapêuticos. Lembrar que o uso de diuréticos tiazídicos
em associação ao lítio podem levar à toxicidade.
o Dose de manutenção: 900 a 2100 mg/dia.
o Desmame clássico: máximo 25% da dose ao mês.
Requer monitorização plasmática, controle da função renal e da tireoide.
- Interações:
AINES.
Diuréticos tiazídicos.
- Efeitos colaterais:
- Mais comuns: - Menos comuns:
Acne. Alteração do ECG.
Aumento do apetite. Diabetes insipidus como interfere no
Diminuição da memória. ADH, piora o diabetes.
Gosto metálico. Fadiga e fraqueza muscular.
Polidpisia e poliúria. Glomerulopatia.
Náuseas. Hipotireoidismo.
Tremores finos em alguns casos indica Leucocitose.
toxicidade, se for um tremor grosseiro. Alopecia.
- Teratogênese.
- Sinais de intoxicação:
Náuseas e vômitos frequentes.
Disartria, ataxia, tremor grosseiro.
Dor abdominal, ataxia, diarreia profusa e boca seca.
DBB - XVIII 4
Ácido valproico
- Eficácia bem estabelecida no tratamento de mania aguda.
- Menos tóxico que o lítio.
- É um anticonvulsivante.
- Indicações:
Prevenção de recaídas em episódios maníacos/depressivos.
Episódios depressivos do transtorno bipolar.
Episódios do transtorno bipolar associado com transtorno de abuso de substâncias.
Transtorno bipolar ou irritabilidade na infância e na adolescência.
Transtorno de personalidade borderline.
Ciclotimia.
- Utilizado em associação com outros estabilizadores de mania não responsiva a monoterapia.
- Farmacodinâmica:
- O valproato ocupa os receptores de GABA, deixando o GABA em maior quantidade na fenda sináptica. Com
isso, causa hiperpolarização da célula: deixando a célula em repouso.
- O valproato promove a neuroproteção, a plasticidade prolongada e atua como antimaníaco/estabilizador
de humor.
- Farmacocinética:
Rapidamente absorvido – pico em 1 a 4 horas.
Alta ligação às proteínas plasmáticas.
Maiores níveis séricos em mulheres e idosos (15%).
Biodisponibilidade: 100% (liberação direta) e 80% (liberação prolongada).
Metabolização hepática.
Inibe o metabolismo dos sistemas CIP2C9, UGT e epóxido hidrolase pensar nas interações
medicamentosas. A carbamazepina por exemplo precisa dessas subfamílias para ser metabolizada.
Ao associar ao ácido valproico, ela seria menos metabolizada, ficando em concentrações maiores e
podendo levar à toxicidade.
Meia vida: 8 a 17 horas.
Excreção na urina e fezes.
Escalonamento posológico:
o 1º dia: 250 mg.
o 3º dia: 500 mg.
o 5º dia: 750 mg.
Liberação prolongada: iniciar com 500 mg (já que a biodisponibilidade será menor que o de liberação
direta).
Desmame em 30 dias (mínimo).
Dose máxima padrão: 1800 mg/dia. Em alguns casos, pode chegar a 3g/dia. Limite: 60mg/kg/dia.
- Efeitos colaterais:
DBB - XVIII 6
- Sinais de intoxicação:
Sedação aumentada, confusão, hiperreflexia.
Convulsões, depressão respiratória, coma e morte.
Carbamazepina
- Utilizada no tratamento de episódio de mania aguda ou episódio misto em TB tipo I. É um anticonvulsivante.
- Indicações:
Episódio depressivo bipolar (especialmente em associação com o lítio).
Profilaxia do transtorno bipolar.
Transtorno esquizoafetivo (episódio depressivo com delírios incongruentes).
Esquizofrenia com comportamento agressivo.
Abstinência alcoólica.
- Farmacodinâmica:
- Age em 3 canais iônicos.
Parece atuar por meio da depleção de inositol.
Também parece atuar em canais iônicos de cálcio e de potássio.
Pode potencializar as ações inibitórias gabaérgicas.
- Farmacocinética:
Absorção lenta e errática após administração via oral.
Pico plasmático:
o 2h – suspensão oral.
o 4h a 8h – comprimidos.
DBB - XVIII 7
Meia-vida média de 24 horas (18 a 54h). Quanto mais toma o medicamento, mais aumenta o tempo
de vida (pois uma parte do fármaco não é eliminada e continua atuando).
Induz sua própria biotransformação (t ½ 8h).
É substrato da CYP3A4 com menor biotransformação pela CYP1A2 CYP2C9 e CYP2C8.
Excreção renal e fecal (70% e 30%).
Posologia na mania aguda: 800 a 1600 mg/dia.
Escalonamento posológico:
o 1º dia: 200 mg noite.
o Aumentar 200 mg a cada 3 ou 5 dias.
o Ingerir dose estável em 3 a 4 x/dia (ponto negativo: o fracionamento em várias doses ao dia
reduz a adesão ao tratamento e pode causar sonolência ao longo do dia).
- Efeitos colaterais:
- Mais comuns: - Menos comuns:
Ataxia e tontura. Hipotireoidismo fazer dosagens de TSH
Diplopia. e T4 livre.
Fadiga e sonolência. Alopecia.
Náusea. Alteração do ECG.
Reações alérgicas. Aumento do apetite.
Supressão da medula óssea. Alteração da função hepática.
Agranulocitose.
- Teratogênese. Hipercolesterolemia.
Confusão.
- Sinais de intoxicação:
- Manifestam-se de 1 a 3 horas após ingestão:
Tontura, dificuldade respiratória, estupor, arritmias ventriculares.
Alterações de PA, convulsões, retenção urinária, hiper e hiporreflexia.
Lamotrigina
- Utilizada na prevenção de recidiva de mania e de depressão.
- É um anticonvulsivante. Mas é mais usada como estabilizadora de humor.
- Indicações:
Tratamento agudo e de manutenção da depressão bipolar.
Tratamento de pacientes bipolares cicladores.
Tratamento de pacientes borderline.
- Geralmente é bem tolerada, exceto pelas erupções cutâneas.
- Farmacodinâmica:
Estabiliza a membrana neuronal ao retardar a recuperação dos
canais de Na+ do estado inativo.
Bloqueia os canais de cálcio alta voltagem-dependentes.
Tem uma via indireta com ação na via glutamatérgica.
- Farmacocinética:
Biotransformada a N2 glicuronídeo pela via UGT não é
metabolizada pelas famílias principais da CYP 450.
Meia-vida (de 24 a 35 horas) é reduzida pelos fármacos indutores de
enzimas (carbamazepina e a fenitoína).
DBB - XVIII 8
- Reações adversas:
Erupções cutâneas.
Dor de cabeça.
Sonolência.
Ataxia.
Vertigem.
Diminuição da libido.
- As erupções cutâneas e a cefaleia aparecem quase sempre nas primeiras semanas, pela dessensibilização
dos receptores (algo do tipo). Se não desaparecerem em duas semanas, é necessário substituir o
medicamento.
- Ataxia: pode indicar toxicidade, então tem que avaliar adequadamente.
- Escalonamento posológico:
1ª e 2ª semanas: 25 mg/dia.
3ª e 4ª semanas: 50mg/dia.
5ª semana: 100 mg/dia.
- Aumentar 100mg por semana até dose entre 200 e 400mg/dia.
- Longo tempo de titulação: > 2 meses. Associar a quetiapina.
- Se associada a Valproato:
1ª e 2ª semanas: 25mg a cada 2 dias ou 12,5mg/dia.
3ª e 4ª semanas: 25mg/dia.
5ª semana: 50 mg/dia.
- Aumentar 50mg por semana até dose entre 100 e 250mg/dia.
- Portanto, ao associar com valproato, é necessário diminuir a dose.
Oxacarbazepina
- Utilizada na fase maníaca do transtorno bipolar.
- É um pró-fármaco, sendo metabolizada em eslicarbazepina.
- É um anticonvulsivante.
- Menos sedativa, menos tóxica sobre a medula óssea e menos indutora de CYP3A4 é parecida com a
carbamazepina, porém possui uma segurança maior, além de ter menos interações medicamentosas.
- Indicações:
Episódio de mania aguda e episódio misto no transtorno bipolar.
Associada ao Lítio no transtorno bipolar.
Esquizofrenia e Transtorno esquizoafetivo quando associado a outros medicamentos.
Tricotilomania.
Síndrome das pernas inquietas.
Agressividade com impulsividade.
Dependência alcoólica quando associada ao Acamprosato.
DBB - XVIII 9
- Farmacodinâmica:
- Semelhante à Carbamazepina, com potência menor.
- Farmacocinética:
Rapidamente absorvida.
Pode ser administrada junto com refeições.
Picos de concentração: 4,5h em cp e 6h em suspensão.
Baixa ligação proteica (35 a 40%).
Metabolização hepática e excreção renal.
Não interage significativamente com lítio, valproato, lamotrigina, antipsicóticos ou antidepressivos .
Topiramato
- Utilizado como adjuvante dos estabilizadores de humor, bulimia e compulsão alimentar.
- Auxilia no controle de peso, insônia ou ansiedade.
- É um anticonvulsivante.
Bloqueia os canais de Na+ e aumenta corrente no receptor GABA.
Iniciar com 25 mg/dia e atingir 50 a 200 mg/dia.
Picos plasmáticos em 2 a 3 horas.
Meia-vida de 1 dia.
Efeitos colaterais: são doses dependentes, assim como controle da crise a medida que aumenta a
dose, aumenta a eficácia, porém aumenta os efeitos colaterais.
Interage com anticoncepcionais orais.
Inibe anidrase carbônica efeito diurético e pode interagir com medicamentos diuréticos.
Excreção renal 80% inalterado.
Antipsicóticos atípicos
- Atuam nos sintomas psicóticos associados à mania, sintomas nucleares não psicóticos e prevenção de
recidiva da mania.
- Ex: clozapina, risperidona, quetiapina, arpiprazol.
- Alguns demonstraram efetividade na depressão bipolar.
- Indicações:
Esquizofrenia.
DBB - XVIII 10
- Farmacodinâmica:
Afinidade muito mais baixa pelos receptores D2 do que os antipsicóticos típicos: isso diminui efeitos
extrapiramidais e permite que esses medicamentos possam atuar como estabilizadores de humor
(os antipsicóticos típicos não agem estabilizando humor).
Ausência de efeitos extrapiramidais.
A maioria dos antipsicóticos atípicos também são antagonistas de alta afinidade ou agonistas
inversos no receptor 5-HT2A – redução de sintomas maníacos e depressivos não psicóticos.
Redução da hiperatividade glutamatérgica.
Benefícios terapêuticos em associação com anticonvulsivantes.
Pode aumentar disponibilidade de monoaminas (NE, DA e 5-HT) – efeito antidepressivo.
- Farmacocinética:
Absorção oral errática.
T ½ - 15 a 30 horas.
Metabolismo hepático.
Pode ser administrado IM – efeitos de 2 a 4 semanas.
- Reações adversas:
Sedação e hipotensão.
Risco de agranulocitose cuidado ao associar com outros medicamentos que causam
agranulocitose também.
Convulsões.
Salivação.
Aumento de peso.
Constipação intestinal.
Taquicardia.
- Posologia:
Clozapina – quadros maníacos graves
o Iniciar com 12,5 a 25mg/dia e aumentar 25mg/dia a cada 2 dias.
o Dose terapêutica: 200 a 500mg.
Quetiapina – mania aguda/depressão bipolar/ assoc. lítio em TB
o Iniciar com 50 a 100mg/dia e aumentar 100mg/dia até obter 400 a 800mg na 2ª semana.
o A partir de 400mg – sonolência.
Risperidona – mania aguda/ manutenção do TB
o Iniciar com 2mg/dia e aumentar a cada 2 dias (Idoso – 0,5mg/dia).
o Dose terapêutica: 2 a 8mg (>6mg – efeitos extrapiramidais).
Aripripazol - quadros maníacos e mistos/ adjuvante na depressão unipolar
o Iniciar com 10 a 15mg/dia e aumentar a cada 2 semanas.
o Dose terapêutica: 10 a 30mg.
Sulpirida – mania grave/ adjuvante em depressão
o Dose terapêutica: 50 a 150mg (quadros depressivos) e 400 a 1200mg (sintomas psicóticos).
DBB - XVIII 11
Benzodiazepínicos
- Usados para estado de ansiedade e insônia.
- São anticonvulsivantes.
- São importantes como ajuvantes aos estabilizadores de humor em situações de emergência.
- Potencializam a ação dos receptores GABAA, facilitando a abertura dos canais de cloreto mediados por
GABA.
DBB - XVIII 12