Você está na página 1de 3

APOSTILA

UNIVERSO IMAGINÁRIO DE
HARUKI MURAKAMI
POR BENEDITO COSTA | ORGANIZAÇÃO CENTRO ÁSIA

@CENTROASIABRASIL

OBRAS CITADAS NA AULA SOBRE HARUKI MURAKAMI

01 Certa origem e lugares comuns sobre os autores japoneses; a tríade mais conhecida
A “tríade” mais conhecida no exterior: Yukio Mishima (1925 - 1970), Yasunari Kawa-
bata (1899 - 1972) e Junishiro Tanizaki (1886 - 1965).

Autores modernos imporantes: Akutagawa Ryonosuke; Soseki Natsume.

Um autor não japonês: Lafcádio Hearn (Koisumi Yakumo), autor de “Kwaidan”.

02 Um autor do pós-guerra
Leitor de autores europeus e americanos, leitor de Lu Xun (1881 - 1936), autor de
“Diário de um louco” e “A verdadeira história de Ah Q” (valeria lembrar que o “q” do
livro “1Q84” tem vários sentidos, seja o da numeração em japonês, seja a referência
a Lu Xun. Não é muito clara a razão escolhida por Murakami para isso, mas está aí a
referência para leituras possíveis.

03 Certa literatura citada diretamente por ele


Geralmente, Murakami cita autores europeus, como Baudelaire ou Kafka, mas alguns
autores são importantes para ele, como Poe ou escritores do movimento Beatink
americano.

04 Literatura não citada


Há vários autores que podem ser colocados lado a lado de Murakami para construção
de pontes possíveis:

• Jorge Luís Borges (Argentina)


• Ítalo Calvino (Itália, principalmente o Calvino de “Cidades Invisíveis”)
• O noveau roman francês (que é um tipo de literatura que rompe com a
tradicional forma de fazer romances)

Há muitos autores que permitem uma ponte com Murakami, notadamente autores
que lidam com universos imaginários e alternativos.

05 Literatura fantástica, maravilhosa


Propp e Todorov tentaram obras em que explicam o que seja o fantástico ou o
maravilhoso. São obras interessantes para quem deseja estudar esse fenômeno.
Valeria lembrar que há obras na tradição que lidam com universos “estranhos”, não
sendo exatamente uma novidade na literatura.

Se quiser saber mais, procure por Luciano (que escreveu um livro sobre o mundo dos
mortos), Apuleio (que escreveu sobre um homem que é transformado num burro),
Francesco Colona, François Rabelais, Jonathan Swift, Joe Orton e autores atuais que
escrevem sobre universos paralelos ou a chamada “realidade alternativa”.

06 Uma literatura do sonho e do sono


(o sonho como manifestação do inconsciente e o sono como recurso erótico ou apenas representação do corpo)
No caso, para quem quiser ler sobre essa fantasia erótica, ler “A casa das belas
adormecidas”, de Kawabata.

Em Murakami, há uma releitura do confronto Eros x Tanatos, e o inconsciente, muitas


vezes, é tornado real.

07 A loucura
Quando falamos em “loucura”, seria interessante pensar em variações dos estados
da mente que já foram ou são considerados loucura – e que aparecem em filmes,
seriados de televisão, outras obras literárias. Em Murakami, não temos certeza – e essa
ambiguidade é importante na literatura dele – em que situação ou em que universo a
personagem está.

Pode ser um universo paralelo como em “1Q84” ou “Crônica do pássaro de corda”.


Há situações estranhas, como o cabelo de alguém que fica branco de uma hora para
outra ou uma chuva de animais (nem tão distantes da realidade estranha do mundo
“real”).

08 O mito japonês relido


A mitologia japonesa é muito rica. E talvez ainda não muito conhecida no Ocidente.
Ela está na tradição oral, na arte da gravura, na pintura, na literatura. Em Murakami,
temos uma incorporação de muitos mitos japoneses com uma nova roupagem, que
tem a ver com o mundo moderno. Prova disso são as descobertas “estranhas” que as
personagens têm ao longo de sua busca, às vezes em buracos, poços, ou seja, “nas
entranhas do Japão”. É como se o cidadão japonês andasse sobre esse passado rico,
sem conhece-lo.
09 O universo da tecnologia, antena para outros mundos
É muito interessante perceber como o autor lida com a tecnologia com uma ligação
para o outro mundo. Assim como em Spielberg, num filme famoso dele, era a
televisão que fazia uma ponte entre esse mundo e o além, em Murakami temos uma
releitura disso. Vale lembrar que o Japão é um país de ponta em tecnologia e esta é
presente em quase todos os seus livros, como fosse uma personagem ela mesma. Ela
tem vida própria.

10 A pintura e a música
Mais a segunda que a primeira. A música aparece em todos os formatos, seja com a
citação direta dos Beatles, seja com a menção a autores raros da música erudita. O
Japão já tem uma tradição com especialistas em música erudita (pianistas, maestros,
etc.). Várias personagens conhecem profundamente um estilo musical ou um
autor. Mas a música não está ali à toa: ela ajuda a descrever o personagem e lhe dá
profundidade.

Já a pintura eu penso que pode ser entendida como um método em Murakami. Ele,
como Murakami Takashi ( 1962 - ) e Kunishiro Mitsutani (1974 – 1936), constrói uma
obra de múltiplas camadas de citações e envolvimentos.

11 Autores citados na aula


Oe Kenzaburo (1935 -);
Ishiguro Kazuo (1954 -);
Julie Otsuka (1962 - );
Okakura Kazuko (1863 – 1913);
Cees Nooteboom (1933 - );
Anne Carson (1950 - );
Roberto Bolaño (1953 – 2003);
Ismail Kadaré (1936 - ).

Para mais informações sobre cursos e mini cursos de língua e cultura japonesa, chinesa e coreana:
www.centroasia.com.br

Você também pode gostar