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Diário da República, 1.ª série — N.

º 157 — 14 de agosto de 2012 4411

Lei n.º 31/2012 11 de setembro, 9/2010, de 31 de maio, e 23/2010, de 30 de


agosto, passam a ter a seguinte redação:
de 14 de agosto
«Artigo 1048.º
Procede à revisão do regime jurídico do arrendamento urbano,
alterando o Código Civil, o Código [...]
de Processo Civil e a Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro
1 — O direito à resolução do contrato por falta de
A Assembleia da República decreta, nos termos da alí- pagamento da renda ou aluguer, quando for exercido
nea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte: judicialmente, caduca logo que o locatário, até ao termo
do prazo para a contestação da ação declarativa, pague,
Artigo 1.º deposite ou consigne em depósito as somas devidas e a
Objeto indemnização referida no n.º 1 do artigo 1041.º
2 — O locatário só pode fazer uso da faculdade refe-
A presente lei aprova medidas destinadas a dinamizar o rida no número anterior uma única vez, com referência
mercado de arrendamento urbano, nomeadamente: a cada contrato.
a) Alterando o regime substantivo da locação, desig- 3— .....................................
nadamente conferindo maior liberdade às partes na es- 4 — Ao direito à resolução do contrato por falta de
tipulação das regras relativas à duração dos contratos de pagamento da renda ou aluguer, quando for exercido
arrendamento; extrajudicialmente, é aplicável, com as necessárias adap-
b) Alterando o regime transitório dos contratos de ar- tações, o disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 1084.º
rendamento celebrados antes da entrada em vigor da Lei
n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, reforçando a negociação Artigo 1054.º
entre as partes e facilitando a transição dos referidos con-
[...]
tratos para o novo regime, num curto espaço de tempo;
c) Criando um procedimento especial de despejo do 1 — Findo o prazo do arrendamento, o contrato
local arrendado que permita a célere recolocação daquele renova-se por períodos sucessivos se nenhuma das par-
no mercado de arrendamento. tes se tiver oposto à renovação no tempo e pela forma
convencionados ou designados na lei.
Artigo 2.º 2— .....................................
Alteração ao Código Civil
Artigo 1055.º
Os artigos 1048.º, 1054.º, 1055.º, 1069.º, 1072.º, 1080.º,
1083.º, 1084.º, 1085.º, 1087.º, 1094.º a 1098.º, 1100.º a [...]
1103.º, 1106.º e 1110.º do Código Civil, aprovado pelo 1— .....................................
Decreto-Lei n.º 47 344, de 25 de novembro de 1966, e
alterado pelos Decretos-Leis n.os 67/75, de 19 de fevereiro, a) 120 dias, se o prazo de duração inicial do contrato
201/75, de 15 de abril, 261/75, de 27 de maio, 561/76, ou da sua renovação for igual ou superior a seis anos;
de 17 de julho, 605/76, de 24 de julho, 293/77, de 20 de b) 60 dias, se o prazo de duração inicial do contrato
julho, 496/77, de 25 de novembro, 200-C/80, de 24 de ou da sua renovação for igual ou superior a um ano e
junho, 236/80, de 18 de julho, 328/81, de 4 de dezembro, inferior a seis anos;
262/83, de 16 de junho, 225/84, de 6 de julho, e 190/85, de c) 30 dias, se o prazo de duração inicial do contrato
24 de junho, pela Lei n.º 46/85, de 20 de setembro, pelos ou da sua renovação for igual ou superior a três meses
Decretos-Leis n.os 381-B/85, de 28 de setembro, e 379/86, e inferior a um ano;
de 11 de novembro, pela Lei n.º 24/89, de 1 de agosto, pelos d) Um terço do prazo de duração inicial do contrato
Decretos-Leis n.os 321-B/90, de 15 de outubro, 257/91, de ou da sua renovação, tratando-se de prazo inferior a
18 de julho, 423/91, de 30 de outubro, 185/93, de 22 de três meses.
maio, 227/94, de 8 de setembro, 267/94, de 25 de ou-
tubro, e 163/95, de 13 de julho, pela Lei n.º 84/95, de 2 — A antecedência a que se refere o número ante-
31 de agosto, pelos Decretos-Leis n.os 329-A/95, de 12 de rior reporta-se ao termo do prazo de duração inicial do
dezembro, 14/96, de 6 de março, 68/96, de 31 de maio,
contrato ou da sua renovação.
35/97, de 31 de janeiro, e 120/98, de 8 de maio, pelas
Leis n.os 21/98, de 12 de maio, e 47/98, de 10 de agosto,
pelo Decreto-Lei n.º 343/98, de 6 de novembro, pelas Leis Artigo 1069.º
n.os 59/99, de 30 de junho, e 16/2001, de 22 de junho, pelos [...]
Decretos-Leis n.os 272/2001, de 13 de outubro, 273/2001,
de 13 de outubro, 323/2001, de 17 de dezembro, e 38/2003, O contrato de arrendamento urbano deve ser cele-
de 8 de março, pela Lei n.º 31/2003, de 22 de agosto, brado por escrito.
pelos Decretos-Leis n.os 199/2003, de 10 de setembro, e
59/2004, de 19 de março, pela Lei n.º 6/2006, de 27 de Artigo 1072.º
fevereiro, pelo Decreto-Lei n.º 263-A/2007, de 23 de julho, 1— .....................................
pela Lei n.º 40/2007, de 24 de agosto, pelos Decretos-Leis 2— .....................................
n.os 324/2007, de 28 de setembro, e 116/2008, de 4 de julho,
pelas Leis n.os 61/2008, de 31 de outubro, e 14/2009, de a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1 de abril, pelo Decreto-Lei n.º 100/2009, de 11 de maio, b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e pelas Leis n.os 29/2009, de 29 de junho, 103/2009, de c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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d) Se a ausência se dever à prestação de apoios con- 5 — Fica sem efeito a resolução fundada na opo-
tinuados a pessoas com deficiência com grau de inca- sição pelo arrendatário à realização de obra ordenada
pacidade superior a 60 %, incluindo a familiares. por autoridade pública se, no prazo de um mês, cessar
essa oposição.
Artigo 1080.º
[...] Artigo 1085.º
As normas sobre a resolução, a caducidade e a denún- [...]
cia do arrendamento urbano têm natureza imperativa, 1— .....................................
salvo disposição legal em contrário. 2 — O prazo referido no número anterior é reduzido
para três meses quando o fundamento da resolução seja
Artigo 1083.º o previsto nos n.os 3 ou 4 do artigo 1083.º
[...] 3 — (Anterior n.º 2.)
1— ..................................... Artigo 1087.º
2— .....................................
[...]
a) A violação de regras de higiene, de sossego, de
boa vizinhança ou de normas constantes do regulamento A desocupação do locado, nos termos do artigo 1081.º,
do condomínio; é exigível após o decurso de um mês a contar da reso-
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lução se outro prazo não for judicialmente fixado ou
c) O uso do prédio para fim diverso daquele a que se acordado pelas partes.
destina, ainda que a alteração do uso não implique maior
desgaste ou desvalorização para o prédio; Artigo 1094.º
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e) A cessão, total ou parcial, temporária ou perma- [...]
nente e onerosa ou gratuita, do gozo do prédio, quando 1— .....................................
ilícita, inválida ou ineficaz perante o senhorio. 2— .....................................
3 — No silêncio das partes, o contrato considera-se
3 — É inexigível ao senhorio a manutenção do ar- celebrado com prazo certo, pelo período de dois anos.
rendamento em caso de mora igual ou superior a dois
meses no pagamento da renda, encargos ou despesas que Artigo 1095.º
corram por conta do arrendatário ou de oposição por este
à realização de obra ordenada por autoridade pública, [...]
sem prejuízo do disposto nos n.os 3 a 5 do artigo seguinte. 1— .....................................
4 — É ainda inexigível ao senhorio a manutenção do
2 — O prazo referido no número anterior não pode
arrendamento no caso de o arrendatário se constituir em
mora superior a oito dias, no pagamento da renda, por ser superior a 30 anos, considerando-se automaticamente
mais de quatro vezes, seguidas ou interpoladas, num reduzido ao referido limite quando o ultrapasse.
período de 12 meses, com referência a cada contrato, 3 — (Revogado.)
não sendo aplicável o disposto nos n.os 3 e 4 do artigo
seguinte. Artigo 1096.º
5 — É fundamento de resolução pelo arrendatário, [...]
designadamente, a não realização pelo senhorio de obras
que a este caibam, quando tal omissão comprometa a 1 — Salvo estipulação em contrário, o contrato cele-
habitabilidade do locado e, em geral, a aptidão deste brado com prazo certo renova-se automaticamente no
para o uso previsto no contrato. seu termo e por períodos sucessivos de igual duração,
sem prejuízo do disposto no número seguinte.
Artigo 1084.º 2 — Salvo estipulação em contrário, não há lugar
a renovação automática nos contratos celebrados por
[...]
prazo não superior a 30 dias.
1 — (Anterior n.º 2.) 3 — Qualquer das partes pode opor-se à renovação,
2 — A resolução pelo senhorio quando fundada em nos termos dos artigos seguintes.
causa prevista nos n.os 3 e 4 do artigo anterior bem como
a resolução pelo arrendatário operam por comunicação Artigo 1097.º
à contraparte onde fundamentadamente se invoque a
obrigação incumprida. [...]
3 — A resolução pelo senhorio, quando opere por 1 — O senhorio pode impedir a renovação automá-
comunicação à contraparte e se funde na falta de paga- tica do contrato mediante comunicação ao arrendatário
mento da renda, encargos ou despesas que corram por com a antecedência mínima seguinte:
conta do arrendatário, nos termos do n.º 3 do artigo
anterior, fica sem efeito se o arrendatário puser fim à a) 240 dias, se o prazo de duração inicial do contrato
mora no prazo de um mês. ou da sua renovação for igual ou superior a seis anos;
4 — O arrendatário só pode fazer uso da faculdade b) 120 dias, se o prazo de duração inicial do contrato
referida no número anterior uma única vez, com refe- ou da sua renovação for igual ou superior a um ano e
rência a cada contrato. inferior a seis anos;
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c) 60 dias, se o prazo de duração inicial do contrato b) 60 dias do termo pretendido do contrato, se, à
ou da sua renovação for igual ou superior a seis meses data da comunicação, este tiver até um ano de duração
e inferior a um ano; efetiva.
d) Um terço do prazo de duração inicial do contrato
ou da sua renovação, tratando-se de prazo inferior a 2 — Quando o senhorio impedir a renovação au-
seis meses. tomática do contrato, nos termos do artigo anterior, o
arrendatário pode denunciá-lo a todo o tempo, mediante
2 — A antecedência a que se refere o número ante- comunicação ao senhorio com uma antecedência não
rior reporta-se ao termo do prazo de duração inicial do inferior a 30 dias do termo pretendido do contrato.
contrato ou da sua renovação. 3 — A denúncia do contrato, nos termos dos números
anteriores, produz efeitos no final de um mês do calen-
Artigo 1098.º dário gregoriano, a contar da comunicação.
4 — À denúncia pelo arrendatário é aplicável, com
[...] as necessárias adaptações, o disposto no n.º 6 do ar-
1 — O arrendatário pode impedir a renovação auto- tigo 1098.º
mática do contrato mediante comunicação ao senhorio
com a antecedência mínima seguinte: Artigo 1101.º
a) 120 dias, se o prazo de duração inicial do contrato [...]
ou da sua renovação for igual ou superior a seis anos; .........................................
b) 90 dias, se o prazo de duração inicial do contrato
ou da sua renovação for igual ou superior a um ano e a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
inferior a seis anos; b) Para demolição ou realização de obra de remodela-
c) 60 dias, se o prazo de duração inicial do contrato ção ou restauro profundos que obriguem à desocupação
ou da sua renovação for igual ou superior a seis meses do locado;
e inferior a um ano; c) Mediante comunicação ao arrendatário com ante-
d) Um terço do prazo de duração inicial do contrato cedência não inferior a dois anos sobre a data em que
ou da sua renovação, tratando-se de prazo inferior a pretenda a cessação.
seis meses.
Artigo 1102.º
2 — A antecedência a que se refere o número ante- [...]
rior reporta-se ao termo do prazo de duração inicial do
1 — O direito de denúncia para habitação do senhorio
contrato ou da sua renovação.
depende do pagamento do montante equivalente a um
3 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, ano de renda e da verificação dos seguintes requisitos:
decorrido um terço do prazo de duração inicial do con-
trato ou da sua renovação, o arrendatário pode denunciá- a) Ser o senhorio proprietário, comproprietário ou
-lo a todo o tempo, mediante comunicação ao senhorio usufrutuário do prédio há mais de dois anos ou, inde-
com a antecedência mínima seguinte: pendentemente deste prazo, se o tiver adquirido por
sucessão;
a) 120 dias do termo pretendido do contrato, se o b) Não ter o senhorio, há mais de um ano, na área dos
prazo deste for igual ou superior a um ano; concelhos de Lisboa ou do Porto e seus limítrofes ou no
b) 60 dias do termo pretendido do contrato, se o prazo respetivo concelho quanto ao resto do País, casa própria
deste for inferior a um ano. que satisfaça as necessidades de habitação própria ou
dos seus descendentes em 1.º grau.
4 — Quando o senhorio impedir a renovação au-
tomática do contrato, nos termos do artigo anterior, o 2 — (Revogado.)
arrendatário pode denunciá-lo a todo o tempo, mediante 3— .....................................
comunicação ao senhorio com uma antecedência não
inferior a 30 dias do termo pretendido do contrato. Artigo 1103.º
5 — A denúncia do contrato, nos termos dos n.os 3
e 4, produz efeitos no final de um mês do calendário [...]
gregoriano, a contar da comunicação. 1 — A denúncia pelo senhorio com qualquer dos fun-
6 — (Anterior n.º 3.) damentos previstos nas alíneas a) e b) do artigo 1101.º é
feita mediante comunicação ao arrendatário com antece-
Artigo 1100.º dência não inferior a seis meses sobre a data pretendida
[...] para a desocupação e da qual conste de forma expressa,
sob pena de ineficácia, o fundamento da denúncia.
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, 2 — Quando a denúncia tiver o fundamento previsto
após seis meses de duração efetiva do contrato, o arren- na alínea b) do artigo 1101.º, a comunicação referida no
datário pode denunciá-lo, independentemente de qual- número anterior é acompanhada, sob pena de ineficácia
quer justificação, mediante comunicação ao senhorio da denúncia:
com a antecedência mínima seguinte:
a) De comprovativo de que foi iniciado, junto da
a) 120 dias do termo pretendido do contrato, se, à entidade competente, procedimento de controlo prévio
data da comunicação, este tiver um ano ou mais de da operação urbanística a efetuar no locado, bem como
duração efetiva; de termo de responsabilidade do técnico autor do projeto
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legalmente habilitado que declare que a operação urba- c) Pessoa que com ele vivesse em economia comum
nística obriga à desocupação do locado, quando se trate há mais de um ano.
de operação urbanística sujeita a controlo prévio; ou
b) De descritivo da operação urbanística a efetuar no 2 — Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do nú-
locado, indicando que a operação urbanística está isenta mero anterior, a transmissão da posição de arrendatário
de controlo prévio e as razões pelas quais a mesma depende de, à data da morte do arrendatário, o transmis-
obriga à desocupação do locado, quando se trate de sário residir no locado há mais de um ano.
operação urbanística isenta de controlo prévio. 3 — Havendo várias pessoas com direito à transmis-
são, a posição do arrendatário transmite-se, em igual-
3 — Estando a operação urbanística a efetuar no dade de circunstâncias, sucessivamente para o cônjuge
locado sujeita a procedimento de controlo prévio, a sobrevivo ou pessoa que com o falecido vivesse em
denúncia a que se referem os números anteriores é união de facto, para o parente ou afim mais próximo ou,
confirmada, sob pena de ineficácia, mediante comuni- de entre estes, para o mais velho ou para a mais velha
cação ao arrendatário, acompanhada de comprovativo de entre as restantes pessoas que com ele residissem
de deferimento do correspondente pedido, no caso de em economia comum.
operação urbanística sujeita a licença administrativa, ou 4 — O direito à transmissão previsto nos números
de que a pretensão não foi rejeitada, no caso de operação anteriores não se verifica se, à data da morte do arren-
urbanística sujeita a comunicação prévia. datário, o titular desse direito tiver outra casa, própria
4 — Na situação prevista no número anterior, a deso- ou arrendada, na área dos concelhos de Lisboa ou do
cupação tem lugar no prazo de 15 dias contados da rece- Porto e seus limítrofes ou no respetivo concelho quanto
ção da confirmação, salvo se não se encontrar decorrido ao resto do País.
o prazo previsto no n.º 1, caso em que a desocupação 5 — (Anterior n.º 3.)
tem lugar até ao termo do último dos prazos.
5 — O senhorio que haja invocado o fundamento Artigo 1110.º
referido na alínea a) do artigo 1101.º deve dar ao local [...]
a utilização invocada no prazo de três meses e por um
período mínimo de dois anos. 1— .....................................
6 — A invocação do disposto na alínea b) do ar- 2 — Na falta de estipulação, o contrato considera-se
tigo 1101.º obriga o senhorio, mediante acordo e em celebrado com prazo certo, pelo período de cinco anos,
alternativa: não podendo o arrendatário denunciá-lo com antecedên-
cia inferior a um ano.»
a) Ao pagamento de uma indemnização correspon-
dente a um ano de renda; Artigo 3.º
b) A garantir o realojamento do arrendatário em con- Alteração ao Código de Processo Civil
dições análogas às que este já detinha, quer quanto ao
local quer quanto ao valor da renda e encargos. Os artigos 222.º, 930.º-C e 930.º-D do Código de Pro-
cesso Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 44 129, de 28 de
7 — Caso as partes não cheguem a acordo no prazo dezembro de 1961, e alterado pelo Decreto-Lei n.º 47 690,
de 30 dias a contar da receção da comunicação prevista de 11 de maio de 1967, pela Lei n.º 2140, de 14 de março
no n.º 1, aplica-se o disposto na alínea a) do número de 1969, pelo Decreto-Lei n.º 323/70, de 11 de julho, pe-
anterior. las Portarias n.os 642/73, de 27 de setembro, e 439/74,
8 — A indemnização devida pela denúncia deve ser de 10 de julho, pelos Decretos-Leis n.os 261/75, de 27 de
paga no momento da entrega do locado, sob pena de maio, 165/76, de 1 de março, 201/76, de 19 de março,
ineficácia da denúncia. 366/76, de 15 de maio, 605/76, de 24 de julho, 738/76,
9 — Salvo motivo não imputável ao senhorio, o de 16 de outubro, 368/77, de 3 de setembro, e 533/77, de
não cumprimento do disposto no n.º 5, bem como o 30 de dezembro, pela Lei n.º 21/78, de 3 de maio, pelos
não início da obra no prazo de seis meses contados da Decretos-Leis n.os 513-X/79, de 27 de dezembro, 207/80,
desocupação do locado, obriga o senhorio ao paga- de 1 de julho, 457/80, de 10 de outubro, 224/82, de 8 de
mento de uma indemnização correspondente a 10 anos junho, e 400/82, de 23 de setembro, pela Lei n.º 3/83, de
de renda. 26 de fevereiro, pelos Decretos-Leis n.os 128/83, de 12 de
10 — Da denúncia pelo senhorio não pode resultar março, 242/85, de 9 de julho, 381-A/85, de 28 de setembro,
uma duração total do contrato inferior a dois anos. e 177/86, de 2 de julho, pela Lei n.º 31/86, de 29 de agosto,
11 — A denúncia do contrato para demolição ou re- pelos Decretos-Leis n.os 92/88, de 17 de março, 321-B/90,
alização de obra de remodelação ou restauro profundos de 15 de outubro, 211/91, de 14 de junho, 132/93, de 23 de
é objeto de legislação especial. abril, 227/94, de 8 de setembro, 39/95, de 15 de feve-
reiro, e 329-A/95, de 12 de dezembro, pela Lei n.º 6/96,
Artigo 1106.º de 29 de fevereiro, pelos Decretos-Leis n.os 180/96, de
25 de setembro, 125/98, de 12 de maio, 269/98, de 1 de
[...] setembro, e 315/98, de 20 de outubro, pela Lei n.º 3/99,
1 — O arrendamento para habitação não caduca por de 13 de janeiro, pelos Decretos-Leis n.os 375-A/99, de
morte do arrendatário quando lhe sobreviva: 20 de setembro, e 183/2000, de 10 de agosto, pela Lei
n.º 30-D/2000, de 20 de dezembro, pelos Decretos-Leis
a) Cônjuge com residência no locado; n.os 272/2001, de 13 de outubro, e 323/2001, de 17 de
b) Pessoa que com ele vivesse em união de facto há dezembro, pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, pelos
mais de um ano; Decretos-Leis n.os 38/2003, de 8 de março, 199/2003, de
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10 de setembro, 324/2003, de 27 de dezembro, e 53/2004, ele coabite antes de decorridos cinco anos sobre anterior
de 18 de março, pela Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, decisão favorável.
pelo Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de março, pelas
Leis n.os 14/2006, de 26 de abril, e 53-A/2006, de 29 de de- Artigo 930.º-D
zembro, pelos Decretos-Leis n.os 8/2007, de 17 de janeiro,
[...]
303/2007, de 24 de agosto, 34/2008, de 26 de fevereiro, e
116/2008, de 4 de julho, pelas Leis n.os 52/2008, de 28 de 1— .....................................
agosto, e 61/2008, de 31 de outubro, pelo Decreto-Lei 2— .....................................
n.º 226/2008, de 20 de novembro, pela Lei n.º 29/2009, 3 — (Revogado.)
de 29 de junho, pelo Decreto-Lei n.º 52/2011, de 13 de 4 — O juiz deve decidir do pedido de diferimento
abril, e pela Lei n.º 63/2011, de 14 de dezembro, passam da desocupação por razões sociais no prazo máximo
a ter a seguinte redação: de 20 dias a contar da sua apresentação, sendo, no caso
previsto na alínea b) do n.º 2 do artigo anterior, a decisão
«Artigo 222.º oficiosamente comunicada, com a sua fundamentação,
ao Fundo de Socorro Social do Instituto de Gestão Fi-
[...]
nanceira da Segurança Social.
......................................... 5 — O diferimento não pode exceder o prazo de cinco
meses a contar da data do trânsito em julgado da decisão
1.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
que o conceder.»
2.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.ª Ações de processo sumaríssimo, ações especiais
para cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes Artigo 4.º
de contratos e ações no âmbito do procedimento especial Alteração à Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro
de despejo;
Os artigos 9.º, 10.º, 14.º, 15.º, 25.º, 26.º, 28.º a 37.º, 50.º
4.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a 54.º, 57.º e 58.º da Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro,
5.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
passam a ter a seguinte redação:
6.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
«Artigo 9.º
8.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . [...]
10.ª . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1— .....................................
2 — As cartas dirigidas ao arrendatário, na falta de
Artigo 930.º-C indicação por escrito deste em contrário, devem ser
[...] remetidas para o local arrendado.
3— .....................................
1— .....................................
4— .....................................
2 — O diferimento de desocupação do local arren-
5— .....................................
dado para habitação é decidido de acordo com o pru-
6— .....................................
dente arbítrio do tribunal, devendo o juiz ter em conta
7 — A comunicação pelo senhorio destinada à ces-
as exigências da boa fé, a circunstância de o executado
sação do contrato por resolução, nos termos do n.º 2
não dispor imediatamente de outra habitação, o número
do artigo 1084.º do Código Civil, é efetuada mediante:
de pessoas que habitam com o executado, a sua idade,
o seu estado de saúde e, em geral, a situação econó- a) Notificação avulsa;
mica e social das pessoas envolvidas, só podendo ser b) Contacto pessoal de advogado, solicitador ou
concedido desde que se verifique algum dos seguintes agente de execução, sendo feita na pessoa do notifi-
fundamentos: cando, com entrega de duplicado da comunicação e
cópia dos documentos que a acompanhem, devendo o
a) (Revogada.)
notificando assinar o original;
b) Que, tratando-se de resolução por não pagamento
c) Escrito assinado e remetido pelo senhorio nos
de rendas, a falta do mesmo se deve a carência de meios
termos do n.º 1, nos contratos celebrados por escrito em
do executado, a qual se presume relativamente ao be-
que tenha sido convencionado o domicílio, caso em que
neficiário de subsídio de desemprego, de valor igual ou
é inoponível ao senhorio qualquer alteração do local,
inferior à retribuição mínima mensal garantida, ou de
salvo se este tiver autorizado a modificação.
rendimento social de inserção;
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Artigo 10.º
3 — No caso de diferimento decidido com base na [...]
alínea b) do número anterior, cabe ao Fundo de Socorro
1— .....................................
Social do Instituto de Gestão Financeira da Segurança
2 — O disposto no número anterior não se aplica às
Social pagar ao exequente as rendas correspondentes
cartas que:
ao período de diferimento, ficando aquele sub-rogado
nos direitos deste. a) Constituam iniciativa do senhorio para a transição
4 — O diferimento da desocupação do local arren- para o NRAU e atualização da renda, nos termos dos
dado para habitação por razões sociais imperiosas não artigos 30.º e 50.º; ou
pode ser novamente peticionado pelo executado ou b) Integrem título para pagamento de rendas, en-
qualquer elemento do seu agregado familiar que com cargos ou despesas ou que possam servir de base ao
4416 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

procedimento especial de despejo, nos termos dos ar- 2 — Apenas podem servir de base ao procedimento
tigos 14.º-A e 15.º, respetivamente, salvo nos casos de especial de despejo, independentemente do fim a que
domicílio convencionado nos termos da alínea c) do se destina o arrendamento:
n.º 7 do artigo anterior.
a) Em caso de revogação, o contrato de arrenda-
3— ..................................... mento, acompanhado do acordo previsto no n.º 2 do
4— ..................................... artigo 1082.º do Código Civil;
5 — Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 7 b) Em caso de caducidade pelo decurso do prazo, não
do artigo anterior, se: sendo o contrato renovável, o contrato escrito do qual
conste a fixação desse prazo;
a) O destinatário da comunicação recusar a assinatura c) Em caso de cessação por oposição à renovação, o
do original ou a receção do duplicado da comunicação contrato de arrendamento acompanhado do comprova-
e cópia dos documentos que a acompanhem, o advo-
tivo da comunicação prevista no n.º 1 do artigo 1097.º
gado, solicitador ou agente de execução lavra nota do
incidente e a comunicação considera-se efetuada no ou no n.º 1 do artigo 1098.º do Código Civil;
próprio dia face à certificação da ocorrência; d) Em caso de denúncia por comunicação pelo se-
b) Não for possível localizar o destinatário da comu- nhorio, o contrato de arrendamento, acompanhado
nicação, o senhorio remete carta registada com aviso de do comprovativo da comunicação prevista na alínea
receção para o local arrendado, decorridos 30 a 60 dias c) do artigo 1101.º ou no n.º 1 do artigo 1103.º do
sobre a data em que o destinatário não foi localizado, e Código Civil;
considera-se a comunicação recebida no 10.º dia pos- e) Em caso de resolução por comunicação, o contrato
terior ao do seu envio. de arrendamento, acompanhado do comprovativo da co-
municação prevista no n.º 2 do artigo 1084.º do Código
Artigo 14.º Civil, bem como, quando aplicável, do comprovativo,
[...]
emitido pela autoridade competente, da oposição à rea-
lização da obra;
1— ..................................... f) Em caso de denúncia pelo arrendatário, nos termos
2 — Quando o pedido de despejo tiver por funda- dos n.os 3 e 4 do artigo 1098.º do Código Civil e dos
mento a falta de residência permanente do arrendatário e artigos 34.º e 53.º da presente lei, o comprovativo da
quando este tenha na área dos concelhos de Lisboa ou do comunicação da iniciativa do senhorio e o documento
Porto e seus limítrofes ou no respetivo concelho quanto de resposta do arrendatário.
ao resto do País outra residência ou a propriedade de
imóvel para habitação adquirido após o início da relação 3 — Para efeitos do disposto na alínea d) do número
de arrendamento, com exceção dos casos de sucessão
anterior, o comprovativo da comunicação prevista no
mortis causa, pode o senhorio, simultaneamente, pedir
uma indemnização igual ao valor da renda determinada n.º 1 do artigo 1103.º do Código Civil é acompanhado
de acordo com os critérios previstos nas alíneas a) e b) dos documentos referidos no n.º 2 do mesmo artigo ou,
do n.º 2 do artigo 35.º, desde o termo do prazo para sendo caso disso, de cópia da certidão a que se refere
contestar até à entrega efetiva da habitação. o n.º 7 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 157/2006, de
3 — Na pendência da ação de despejo, as rendas que 8 de agosto, que aprova o regime jurídico das obras em
se forem vencendo devem ser pagas ou depositadas, prédios arrendados.
nos termos gerais. 4 — O procedimento especial de despejo previsto
4 — Se as rendas, encargos ou despesas, vencidos por na presente subsecção apenas pode ser utilizado relati-
um período igual ou superior a dois meses, não forem vamente a contratos de arrendamento cujo imposto do
pagos ou depositados, o arrendatário é notificado para, selo tenha sido liquidado.
em 10 dias, proceder ao seu pagamento ou depósito e 5 — Quando haja lugar a procedimento especial de
ainda da importância da indemnização devida, juntando despejo, o pedido de pagamento de rendas, encargos ou
prova aos autos, sendo, no entanto, condenado nas custas despesas que corram por conta do arrendatário pode ser
do incidente e nas despesas de levantamento do depó- deduzido cumulativamente com o pedido de despejo no
sito, que são contadas a final. âmbito do referido procedimento desde que tenha sido
5 — Em caso de incumprimento pelo arrendatário do comunicado ao arrendatário o montante em dívida, salvo
disposto no número anterior, o senhorio pode requerer o se previamente tiver sido intentada ação executiva para
despejo imediato, aplicando-se, em caso de deferimento os efeitos previstos no artigo anterior.
do requerimento, com as necessárias adaptações, o dis- 6 — No caso de desistência do pedido de paga-
posto no n.º 7 do artigo 15.º e nos artigos 15.º-J, 15.º-L
mento de rendas, encargos ou despesas, o procedi-
e 15.º-M a 15.º-O.
mento especial de despejo segue os demais trâmites
Artigo 15.º legalmente previstos quanto ao pedido de desocupação
do locado.
Procedimento especial de despejo 7 — Sempre que os autos sejam distribuídos, o juiz
1 — O procedimento especial de despejo é um meio deve pronunciar-se sobre todas as questões suscitadas
processual que se destina a efetivar a cessação do ar- e, independentemente de ter sido requerida, sobre a
rendamento, independentemente do fim a que este se autorização de entrada no domicílio.
destina, quando o arrendatário não desocupe o locado 8 — As rendas que se forem vencendo na pendência
na data prevista na lei ou na data fixada por convenção do procedimento especial de despejo devem ser pagas
entre as partes. ou depositadas, nos termos gerais.
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4417

Artigo 25.º 4 — O disposto no n.º 3 apenas é aplicável quando as


[...]
situações referidas nas respetivas alíneas a) e b) ocorram
após a entrada em vigor da presente lei.
1 — A renda resultante da atualização referida no 5 — Se o arrendatário tiver idade igual ou superior
artigo anterior é arredondada para a unidade de cêntimo a 65 anos ou deficiência com grau comprovado de in-
imediatamente superior. capacidade superior a 60 %, a invocação do disposto
2 — O mesmo arredondamento aplica-se nos demais na alínea b) do artigo 1101.º do Código Civil obriga o
casos de determinação da renda com recurso a fórmulas senhorio, na falta de acordo entre as partes, a garantir
aritméticas. o realojamento do arrendatário em condições análogas
às que este já detinha, quer quanto ao local quer quanto
Artigo 26.º ao valor da renda e encargos.
[...]
1 — Os contratos para fins habitacionais celebra- Artigo 29.º
dos na vigência do Regime do Arrendamento Urbano [...]
(RAU), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 321-B/90, de
15 de outubro, bem como os contratos para fins não 1— .....................................
habitacionais celebrados na vigência do Decreto-Lei 2 — A denúncia do contrato de arrendamento nos
n.º 257/95, de 30 de setembro, passam a estar subme- termos da alínea d) do n.º 3 do artigo 31.º e da alínea d)
tidos ao NRAU, com as especificidades dos números do n.º 3 do artigo 51.º confere ao arrendatário o direito a
seguintes. compensação pelas obras licitamente feitas, nos termos
2— ..................................... aplicáveis às benfeitorias realizadas por possuidor de
3 — Quando não sejam denunciados por qualquer boa fé, independentemente do estipulado no contrato
das partes, os contratos de duração limitada renovam- de arrendamento.
-se automaticamente no fim do prazo pelo qual foram 3 — O disposto no número anterior aplica-se aos
celebrados, pelo período de dois anos, se outro superior arrendamentos para fins não habitacionais quando o
não tiver sido previsto. contrato cesse em consequência da aplicação do disposto
4— ..................................... no n.º 3 do artigo anterior.
a) Continua a aplicar-se o disposto na alínea a) do
n.º 1 do artigo 107.º do RAU; Artigo 30.º
b) Para efeitos das indemnizações previstas no n.º 1 Iniciativa do senhorio
do artigo 1102.º e na alínea a) do n.º 6 e no n.º 9 do
artigo 1103.º do Código Civil, a renda é calculada de A transição para o NRAU e a atualização da renda
acordo com os critérios previstos nas alíneas a) e b) do dependem de iniciativa do senhorio, que deve comunicar
n.º 2 do artigo 35.º da presente lei; a sua intenção ao arrendatário, indicando:
c) O disposto na alínea c) do artigo 1101.º do Código a) O valor da renda, o tipo e a duração do contrato
Civil não se aplica se o arrendatário tiver idade igual ou propostos;
superior a 65 anos ou deficiência com grau comprovado b) O valor do locado, avaliado nos termos dos arti-
de incapacidade superior a 60 %. gos 38.º e seguintes do Código do Imposto Municipal
sobre Imóveis (CIMI), constante da caderneta predial
5— ..................................... urbana;
6 — (Revogado.) c) Cópia da caderneta predial urbana.
Artigo 28.º
Artigo 31.º
[...]
Resposta do arrendatário
1 — Aos contratos a que se refere o artigo anterior
aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto no 1 — O prazo para a resposta do arrendatário é de
artigo 26.º, com as especificidades constantes dos núme- 30 dias a contar da receção da comunicação prevista
ros seguintes e dos artigos 30.º a 37.º e 50.º a 54.º no artigo anterior.
2 — Aos contratos referidos no número anterior não 2 — Quando termine em dias diferentes o prazo de
se aplica o disposto na alínea c) do artigo 1101.º do vários sujeitos, a resposta pode ser oferecida até ao termo
Código Civil. do prazo que começou a correr em último lugar.
3 — Em relação aos arrendamentos para fins não 3 — O arrendatário, na sua resposta, pode:
habitacionais, a antecedência a que se refere a alínea c) a) Aceitar o valor da renda proposto pelo senhorio;
do artigo 1101.º do Código Civil é elevada para cinco b) Opor-se ao valor da renda proposto pelo senhorio,
anos quando: propondo um novo valor, nos termos e para os efeitos
a) Ocorra trespasse, locação do estabelecimento ou previstos no artigo 33.º;
cessão do arrendamento para o exercício de profissão c) Em qualquer dos casos previstos nas alíneas an-
liberal; teriores, pronunciar-se quanto ao tipo e à duração do
b) Sendo o arrendatário uma sociedade, ocorra trans- contrato propostos pelo senhorio;
missão inter vivos de posição ou posições sociais que d) Denunciar o contrato de arrendamento, nos termos
determine a alteração da titularidade em mais de 50 %. e para os efeitos previstos no artigo 34.º
4418 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

4 — Se for caso disso, o arrendatário deve ainda, na 2 — A oposição do arrendatário ao valor da renda
sua resposta, invocar, isolada ou cumulativamente, as proposto pelo senhorio não acompanhada de proposta
seguintes circunstâncias: de um novo valor vale como proposta de manutenção
a) Rendimento anual bruto corrigido (RABC) do seu do valor da renda em vigor à data da comunicação do
agregado familiar inferior a cinco retribuições mínimas senhorio.
nacionais anuais (RMNA), nos termos e para os efeitos 3 — A falta de resposta do senhorio vale como aceita-
previstos nos artigos 35.º e 36.º; ção da renda, bem como do tipo e da duração do contrato
b) Idade igual ou superior a 65 anos ou deficiência com propostos pelo arrendatário.
grau comprovado de incapacidade superior a 60 %, nos 4 — Se o senhorio aceitar o valor da renda proposto
termos e para os efeitos previstos no artigo 36.º pelo arrendatário ou verificando-se o disposto no nú-
mero anterior, o contrato fica submetido ao NRAU a
5 — As circunstâncias previstas nas alíneas do nú- partir do 1.º dia do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo
mero anterior só podem ser invocadas quando o arren- arrendatário, da comunicação prevista no n.º 1 ou do
datário tenha no locado a sua residência permanente ou termo do prazo aí previsto:
quando a falta de residência permanente for devida a
caso de força maior ou doença. a) De acordo com o tipo e a duração acordados;
6 — A falta de resposta do arrendatário vale como b) No silêncio ou na falta de acordo das par-
aceitação da renda, bem como do tipo e da duração do tes acerca do tipo ou da duração do contrato, este
contrato propostos pelo senhorio, ficando o contrato considera-se celebrado com prazo certo, pelo período
submetido ao NRAU a partir do 1.º dia do 2.º mês se- de cinco anos.
guinte ao do termo do prazo previsto nos n.os 1 e 2.
7 — Caso o arrendatário aceite o valor da renda pro- 5 — Se o senhorio não aceitar o valor de renda pro-
posto pelo senhorio, o contrato fica submetido ao NRAU posto pelo arrendatário, pode, na comunicação a que
a partir do 1.º dia do 2.º mês seguinte ao da receção da se refere o n.º 1:
resposta:
a) Denunciar o contrato de arrendamento, pagando
a) De acordo com o tipo e a duração acordados; ao arrendatário uma indemnização equivalente a cinco
b) No silêncio ou na falta de acordo das partes acerca anos de renda resultante do valor médio das propostas
do tipo ou da duração do contrato, este considera-se formuladas pelo senhorio e pelo arrendatário;
celebrado com prazo certo, pelo período de cinco anos. b) Atualizar a renda de acordo com os critérios
previstos nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 35.º,
8 — O RABC é definido em diploma próprio. considerando-se o contrato celebrado com prazo certo,
pelo período de cinco anos a contar da referida comu-
Artigo 32.º
nicação.
Comprovação da alegação
1 — O arrendatário que invoque a circunstância pre- 6 — A indemnização a que se refere a alínea a) do
vista na alínea a) do n.º 4 do artigo anterior faz acompa- número anterior é agravada para o dobro ou em 50 %
nhar a sua resposta de documento comprovativo emitido se a renda oferecida pelo arrendatário não for inferior
pelo serviço de finanças competente, do qual conste o à proposta pelo senhorio em mais de 10 % ou de 20 %,
valor do RABC do seu agregado familiar. respetivamente.
2 — O arrendatário que não disponha, à data da sua 7 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte,
resposta, do documento referido no número anterior faz a denúncia prevista na alínea a) do n.º 5 produz efeitos
acompanhar a resposta do comprovativo de ter o mesmo no prazo de seis meses a contar da receção da corres-
sido já requerido, devendo juntá-lo no prazo de 15 dias pondente comunicação, devendo então o arrendatário
após a sua obtenção. desocupar o locado e entregá-lo ao senhorio no prazo
3 — O RABC refere-se ao ano civil anterior ao da de 30 dias.
comunicação. 8 — No caso de arrendatário que tenha a seu cargo
4 — O arrendatário que invoque as circunstâncias filho ou enteado menor de idade ou que, tendo idade
previstas na alínea b) do n.º 4 do artigo anterior faz inferior a 26 anos, frequente o 11.º ou o 12.º ano de
acompanhar a sua resposta, conforme os casos, de do- escolaridade ou cursos de ensino pós-secundário não
cumento comprovativo de ter completado 65 anos ou superior ou de ensino superior, a denúncia prevista na
de documento comprovativo da deficiência alegada, alínea a) do n.º 5 produz efeitos no prazo de 1 ano, de-
sob pena de não poder prevalecer-se das referidas cir-
vendo então o arrendatário desocupar o locado e entregá-
cunstâncias.
-lo ao senhorio no prazo de 30 dias.
Artigo 33.º 9 — A indemnização prevista na alínea a) do n.º 5
e no n.º 6 é paga no momento da entrega do locado ao
Oposição pelo arrendatário e denúncia pelo senhorio senhorio.
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 35.º e 36.º, 10 — No período compreendido entre a receção
caso o arrendatário se oponha ao valor da renda, ao da comunicação pela qual o senhorio denuncia o
tipo ou à duração do contrato propostos pelo senhorio, contrato e a produção de efeitos da denúncia, nos
propondo outros, o senhorio, no prazo de 30 dias con- termos dos n.os 7 e 8, vigora a renda antiga ou a renda
tados da receção da resposta daquele, deve comunicar proposta pelo arrendatário, consoante a que for mais
ao arrendatário se aceita ou não a proposta. elevada.
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4419

Artigo 34.º b) No silêncio ou na falta de acordo das partes acerca


Denúncia pelo arrendatário
do tipo ou da duração do contrato, este considera-se
celebrado com prazo certo, pelo período de dois anos.
1 — Caso o arrendatário denuncie o contrato, a de-
núncia produz efeitos no prazo de dois meses a contar da Artigo 36.º
receção pelo senhorio da resposta prevista na alínea d)
Arrendatário com idade igual ou superior
do n.º 3 do artigo 31.º, devendo então o arrendatário a 65 anos ou com deficiência
desocupar o locado e entregá-lo ao senhorio no prazo com grau de incapacidade superior a 60 %
de 30 dias.
2 — No caso previsto no número anterior não há 1 — Caso o arrendatário invoque e comprove que tem
lugar a atualização da renda. idade igual ou superior a 65 anos ou deficiência com
grau comprovado de incapacidade superior a 60 %, o
Artigo 35.º contrato só fica submetido ao NRAU mediante acordo
entre as partes, aplicando-se no que respeita ao valor
Arrendatário com RABC inferior a cinco RMNA da renda o disposto nos números seguintes.
1 — Caso o arrendatário invoque e comprove que 2 — Se o arrendatário aceitar o valor da renda pro-
o RABC do seu agregado familiar é inferior a cinco posto pelo senhorio, a nova renda é devida no 1.º dia
RMNA, o contrato só fica submetido ao NRAU me- do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo senhorio, da
diante acordo entre as partes ou, na falta deste, no prazo resposta.
de cinco anos a contar da receção, pelo senhorio, da 3 — Se o arrendatário se opuser ao valor da renda
resposta do arrendatário nos termos da alínea a) do proposto pelo senhorio, propondo um novo valor, o
n.º 4 do artigo 31.º senhorio, no prazo de 30 dias contados da receção da
2 — No período de cinco anos referido no número an- resposta do arrendatário, deve comunicar-lhe se aceita
terior, a renda pode ser atualizada nos seguintes termos: ou não a renda proposta.
4 — A falta de resposta do senhorio vale como acei-
a) O valor atualizado da renda tem como limite má- tação da renda proposta pelo arrendatário.
ximo o valor anual correspondente a 1/15 do valor do 5 — Se o senhorio aceitar o valor da renda proposto
locado; pelo arrendatário, ou verificando-se o disposto no nú-
b) O valor do locado corresponde ao valor da ava- mero anterior, a nova renda é devida no 1.º dia do 2.º mês
liação realizada nos termos dos artigos 38.º e seguintes seguinte ao da receção, pelo senhorio, da resposta ou do
do CIMI; termo do prazo para esta, consoante os casos.
c) O valor atualizado da renda corresponde, até à 6 — Se o senhorio não aceitar o valor da renda pro-
aprovação dos mecanismos de proteção e compensação posto pelo arrendatário, o contrato mantém-se em vigor
social: sem alteração do regime que lhe é aplicável, sendo o
i) A um máximo de 25 % do RABC do agregado fa- valor da renda apurado nos termos das alíneas a) e b)
miliar do arrendatário, com o limite previsto na alínea a); do n.º 2 do artigo anterior, sem prejuízo do disposto no
ii) A um máximo de 17 % do RABC do agregado número seguinte.
familiar do arrendatário, com o limite previsto na alí- 7 — Se o arrendatário invocar e comprovar que
nea a), no caso de o rendimento do agregado familiar o RABC do seu agregado familiar é inferior a cinco
ser inferior a € 1500 mensais; RMNA:
iii) A um máximo de 10 % do RABC do agregado a) O valor da renda é apurado nos termos dos n.os 2
familiar do arrendatário, com o limite previsto na alí- e 3 do artigo anterior;
nea a), no caso de o rendimento do agregado familiar b) O valor da renda vigora por um período de cinco
ser inferior a € 500 mensais. anos, correspondendo ao valor da primeira renda devida;
c) É aplicável o disposto no n.º 6 do artigo anterior.
3 — Quando for atualizada, a renda é devida no 1.º
dia do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo arrendatário, 8 — Quando for atualizada, a renda é devida no
da comunicação com o respetivo valor. 1.º dia do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo arrenda-
4 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, tário, da comunicação com o respetivo valor.
o valor atualizado da renda, no período de cinco anos 9 — Findo o período de cinco anos a que se refere
referido no n.º 1, corresponde ao valor da primeira renda a alínea b) do n.º 7:
devida.
a) O valor da renda pode ser atualizado por iniciativa
5 — No mês correspondente àquele em que foi feita
do senhorio, aplicando-se, com as necessárias adapta-
a invocação da circunstância regulada no presente artigo
ções, o disposto nos artigos 30.º e seguintes, não po-
e pela mesma forma, o arrendatário faz prova anual do
dendo o arrendatário invocar a circunstância prevista
rendimento perante o senhorio, sob pena de não poder
na alínea a) do n.º 4 do artigo 31.º;
prevalecer-se da mesma.
b) O contrato só fica submetido ao NRAU mediante
6 — Findo o período de cinco anos referido no n.º 1,
acordo entre as partes.
o senhorio pode promover a transição do contrato para
o NRAU, aplicando-se, com as necessárias adaptações,
10 — No caso previsto no número anterior, o arren-
o disposto nos artigos 30.º e seguintes, com as seguintes
datário pode ter direito a uma resposta social, nomeada-
especificidades:
mente através de subsídio de renda, de habitação social
a) O arrendatário não pode invocar as circunstâncias ou de mercado social de arrendamento, nos termos e
previstas nas alíneas do n.º 4 do artigo 31.º; condições a definir em diploma próprio.
4420 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

Artigo 37.º 6 — O arrendatário que invoque uma das circunstân-


Valor da renda
cias previstas no n.º 4 faz acompanhar a sua resposta de
documento comprovativo da mesma, sob pena de não
Se o valor da renda apurado nos termos da alínea b) poder prevalecer-se da referida circunstância.
do n.º 5 do artigo 33.º, do n.º 2 do artigo 35.º ou dos 7 — É aplicável, com as necessárias adaptações, o
n.os 6 e 7 do artigo 36.º for inferior ao valor que resultaria disposto nos n.os 6 e 7 do artigo 31.º
da atualização anual prevista no n.º 1 do artigo 24.º, é
este o aplicável. Artigo 52.º
Artigo 50.º Oposição pelo arrendatário e denúncia pelo senhorio
Iniciativa do senhorio Sem prejuízo do disposto no artigo 54.º, é aplicável à
oposição pelo arrendatário e à denúncia pelo senhorio,
A transição para o NRAU e a atualização da renda
com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 33.º,
dependem de iniciativa do senhorio, que deve comunicar
com exceção do n.º 8.
a sua intenção ao arrendatário, indicando:
a) O valor da renda, o tipo e a duração do contrato Artigo 53.º
propostos; Denúncia pelo arrendatário
b) O valor do locado, avaliado nos termos dos arti-
gos 38.º e seguintes do CIMI constante da caderneta À denúncia pelo arrendatário é aplicável, com as
predial urbana; necessárias adaptações, o disposto no artigo 34.º
c) Cópia da caderneta predial urbana.
Artigo 54.º
Artigo 51.º Microentidade e associação privada sem fins lucrativos
Resposta do arrendatário 1 — Caso o arrendatário invoque e comprove uma
1 — O prazo para a resposta do arrendatário é de das circunstâncias previstas no n.º 4 do artigo 51.º, o
30 dias a contar da receção da comunicação prevista contrato só fica submetido ao NRAU mediante acordo
no artigo anterior. entre as partes ou, na falta deste, no prazo de cinco
2 — Quando termine em dias diferentes o prazo de anos a contar da receção, pelo senhorio, da resposta do
vários sujeitos, a resposta pode ser oferecida até ao termo arrendatário nos termos do n.º 4 do artigo 51.º
do prazo que começou a correr em último lugar. 2 — No período de cinco anos referido no número
3 — O arrendatário, na sua resposta, pode: anterior, o valor atualizado da renda é determinado de
acordo com os critérios previstos nas alíneas a) e b) do
a) Aceitar o valor da renda proposto pelo senhorio; n.º 2 do artigo 35.º
b) Opor-se ao valor da renda proposto pelo senhorio, 3 — Se o valor da renda apurado nos termos do número
propondo um novo valor, nos termos e para os efeitos anterior for inferior ao valor que resultaria da atualização
previstos no artigo 52.º; anual prevista no n.º 1 do artigo 24.º, é este o aplicável.
c) Em qualquer dos casos previstos nas alíneas an- 4 — Quando for atualizada, a renda é devida no
teriores, pronunciar-se quanto ao tipo ou à duração do 1.º dia do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo arrenda-
contrato propostos pelo senhorio; tário, da comunicação com o respetivo valor.
d) Denunciar o contrato de arrendamento, nos termos 5 — No mês correspondente àquele em que foi feita
e para os efeitos previstos no artigo 53.º a invocação de uma das circunstâncias previstas no
n.º 4 do artigo 51.º e pela mesma forma, o arrendatário
4 — Se for caso disso, o arrendatário deve ainda, na faz prova anual da manutenção daquela circunstância
sua resposta, nos termos e para os efeitos previstos no perante o senhorio, sob pena de não poder prevalecer-
artigo 54.º, invocar uma das seguintes circunstâncias: -se da mesma.
a) Que existe no locado um estabelecimento comer- 6 — Findo o período de cinco anos referido no n.º 1,
cial aberto ao público e que é uma microentidade; o senhorio pode promover a transição do contrato para
b) Que tem a sua sede no locado uma associação pri- o NRAU, aplicando-se, com as necessárias adaptações,
vada sem fins lucrativos, regularmente constituída, que o disposto nos artigos 50.º e seguintes, com as seguintes
se dedica à atividade cultural, recreativa ou desportiva especificidades:
não profissional, e declarada de interesse público ou de a) O arrendatário não pode invocar novamente qual-
interesse nacional ou municipal; quer das circunstâncias previstas no n.º 4 do artigo 51.º;
c) Que o locado funciona como casa fruída por república b) No silêncio ou na falta de acordo das partes acerca
de estudantes, nos termos previstos na Lei n.º 2/82, de 15 do tipo ou da duração do contrato, este considera-se
de janeiro, alterada pela Lei n.º 12/85, de 20 de junho. celebrado com prazo certo, pelo período de dois anos.

5 — Para efeitos da presente lei, ‘microentidade’ é a Artigo 57.º


empresa que, independentemente da sua forma jurídica,
[...]
não ultrapasse, à data do balanço, dois dos três limites
seguintes: 1— .....................................
a) Total do balanço: € 500 000; a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) Volume de negócios líquido: € 500 000; b) Pessoa que com ele vivesse em união de facto há
c) Número médio de empregados durante o exercí- mais de dois anos, com residência no locado há mais
cio: cinco. de um ano;
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4421

c) Ascendente em 1.º grau que com ele convivesse (BNA) destinado a assegurar a tramitação do procedi-
há mais de um ano; mento especial de despejo.
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 — O BNA tem competência em todo o território
e) Filho ou enteado, que com ele convivesse há mais nacional para a tramitação do procedimento especial
de um ano, portador de deficiência com grau compro- de despejo.
vado de incapacidade superior a 60 %.
Artigo 15.º-B
2— ..................................... Apresentação, forma e conteúdo do requerimento
3 — O direito à transmissão previsto nos números de despejo
anteriores não se verifica se, à data da morte do arren-
datário, o titular desse direito tiver outra casa, própria 1 — O requerimento de despejo é apresentado, em
ou arrendada, na área dos concelhos de Lisboa ou do modelo próprio, no BNA.
Porto e seus limítrofes ou no respetivo concelho quanto 2 — No requerimento deve o requerente:
ao resto do País. a) Identificar as partes, indicando os seus nomes e
4 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, domicílios, bem como os respetivos números de iden-
quando ao arrendatário sobreviva mais de um ascen- tificação civil;
dente, há transmissão por morte entre eles. b) Indicar o seu endereço de correio eletrónico se
5 — Quando a posição do arrendatário se transmita pretender receber comunicações por meios eletrónicos;
para ascendente com idade inferior a 65 anos à data c) Indicar o tribunal competente para apreciação dos
da morte do arrendatário, o contrato fica submetido autos se forem apresentados à distribuição;
ao NRAU, aplicando-se, na falta de acordo entre as d) Indicar o lugar onde deve ser feita a notificação, o
partes, o disposto para os contratos com prazo certo, qual, na falta de domicílio convencionado por escrito,
pelo período de 2 anos. deve ser o local arrendado;
6 — Salvo no caso previsto na alínea e) do n.º 1, e) Indicar o fundamento do despejo e juntar os do-
quando a posição do arrendatário se transmita para filho cumentos previstos no n.º 2 do artigo 15.º;
ou enteado nos termos da alínea d) do mesmo número, f) Indicar o valor da renda;
o contrato fica submetido ao NRAU na data em que g) Formular o pedido e, no caso de pedido para paga-
aquele adquirir a maioridade ou, caso frequente o 11.º mento de rendas, encargos ou despesas, discriminar o va-
ou o 12.º ano de escolaridade ou de cursos de ensino lor do capital, juros vencidos e outras quantias devidas;
pós-secundário não superior ou de ensino superior, na h) Juntar comprovativo do pagamento do imposto
data em que perfizer 26 anos, aplicando-se, na falta de do selo;
acordo entre as partes, o disposto para os contratos com i) Indicar que pretende proceder ao pagamento da
prazo certo, pelo período de 2 anos. taxa devida ou, sendo o caso, indicar a modalidade de
apoio judiciário concedido, bem como juntar documento
Artigo 58.º comprovativo da respetiva concessão, sem prejuízo do
[...] disposto no n.º 7;
j) Designar o agente de execução ou o notário com-
1 — O arrendamento para fins não habitacionais petente para proceder à desocupação do locado;
termina com a morte do primitivo arrendatário, salvo k) Designar agente de execução para proceder à exe-
existindo sucessor que, há mais de três anos, explore, em cução para pagamento das rendas, encargos ou despesas
comum com o arrendatário primitivo, estabelecimento em atraso, nos casos em que seja designado notário para
a funcionar no local. proceder à desocupação do locado ou este venha a ser
2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .» competente;
l) Assinar o requerimento.
Artigo 5.º
Aditamento à Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro
3 — Havendo pluralidade de arrendatários ou cons-
tituindo o local arrendado casa de morada de família,
São aditados à Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, os o requerente deve ainda identificar os nomes e domicí-
artigos 14.º-A e 15.º-A a 15.º-S, com a seguinte redação: lios de todos os arrendatários e de ambos os cônjuges,
consoante o caso.
«Artigo 14.º-A 4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 6 do artigo 15.º,
Título para pagamento de rendas, encargos ou despesas
durante o procedimento especial de despejo não é per-
mitida a alteração dos elementos constantes do reque-
O contrato de arrendamento, quando acompanhado rimento, designadamente do pedido formulado.
do comprovativo de comunicação ao arrendatário do 5 — A entrega do requerimento de despejo por advo-
montante em dívida, é título executivo para a execu- gado ou solicitador é efetuada apenas por via eletrónica,
ção para pagamento de quantia certa correspondente com menção da existência do mandato e do domicílio
às rendas, aos encargos ou às despesas que corram por profissional do mandatário.
conta do arrendatário. 6 — O requerente que, sendo representado por advo-
gado ou solicitador, não cumprir o disposto no número
Artigo 15.º-A anterior fica sujeito ao pagamento imediato de uma
Balcão Nacional do Arrendamento
multa no valor de 2 unidades de conta processuais.
7 — Faltando, à data da apresentação do requeri-
1 — É criado, junto da Direção-Geral da Adminis- mento, menos de 30 dias para o termo do prazo de
tração da Justiça, o Balcão Nacional do Arrendamento prescrição ou de caducidade, ou ocorrendo outra causa
4422 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

de urgência, deve o requerente apresentar documento de Processo Civil, não havendo lugar à advertência
comprovativo do pedido de apoio judiciário requerido prevista no artigo 241.º do mesmo Código.
mas ainda não concedido. 4 — O ato de notificação deve conter:
8 — O procedimento considera-se iniciado na data
a) Os elementos referidos nas alíneas a) a h) do n.º 2
do pagamento da taxa devida ou na data da junção do
do artigo 15.º-B e, se for caso disso, no n.º 3 do mesmo
documento comprovativo do pedido ou da concessão
artigo;
de apoio judiciário, na modalidade de dispensa ou paga-
b) A indicação do prazo para a oposição e a respetiva
mento faseado da taxa de justiça e dos demais encargos
forma de contagem;
com o processo.
c) A indicação de que, na falta de desocupação do
locado, de oposição dentro do prazo legal ou do pa-
Artigo 15.º-C
gamento ou depósito das rendas que se venceram na
Recusa do requerimento pendência do procedimento especial de despejo, será
constituído título para desocupação do locado com a
1 — O requerimento só pode ser recusado se:
faculdade de o requerente a efetivar imediatamente;
a) Não estiver endereçado ao BNA; d) Nos casos de pedido de pagamento das rendas,
b) Não indicar o fundamento do despejo ou não for encargos ou despesas em atraso, a indicação de que, na
acompanhado dos documentos previstos no n.º 2 do falta de pagamento da quantia pedida e da taxa liquidada
artigo 15.º; pelo requerente, são ainda devidos juros de mora desde
c) Não estiver indicado o valor da renda; a data da apresentação do requerimento;
d) Não estiver indicada a modalidade de apoio judi- e) A indicação de que a dedução de oposição cuja
ciário requerida ou concedida, bem como se não estiver falta de fundamento o requerido não deva ignorar o
junto o documento comprovativo do pedido ou da con- responsabiliza pelos danos que causar ao requerente e
cessão do benefício do apoio judiciário; determina a condenação em multa de valor não inferior
e) Omitir a identificação das partes, o domicílio do a 10 vezes a taxa devida.
requerente, os números de identificação civil ou o lugar
da notificação do requerido; 5 — A notificação efetuada nos termos do presente
f) Não estiver assinado; artigo interrompe a prescrição, nos termos do disposto
g) Não constar do modelo a que se refere o n.º 1 do no artigo 323.º do Código Civil.
artigo anterior;
h) Não se mostrarem pagos a taxa e o imposto do selo; Artigo 15.º-E
i) O pedido não se ajustar à finalidade do procedi-
Constituição de título para desocupação do locado
mento.
1 — O BNA converte o requerimento de despejo em
2 — Nos casos em que haja recusa, o requerente título para desocupação do locado se:
pode apresentar outro requerimento no prazo de 10 dias
a) Depois de notificado, o requerido não deduzir
subsequentes à notificação daquela, considerando-se o
oposição no respetivo prazo;
procedimento iniciado na data em que teve lugar o pa-
b) A oposição se tiver por não deduzida nos termos
gamento da taxa devida pela apresentação do primeiro
do disposto no n.º 4 do artigo seguinte;
requerimento ou a junção do documento comprovativo
c) Na pendência do procedimento especial de despejo,
do pedido ou da concessão do benefício do apoio ju-
o requerido não proceder ao pagamento ou depósito das
diciário na modalidade de dispensa ou de pagamento
rendas que se forem vencendo, nos termos previstos no
faseado da taxa de justiça e dos demais encargos com
n.º 8 do artigo 15.º
o processo.
2 — O título de desocupação do locado é autenticado
Artigo 15.º-D
com recurso a assinatura eletrónica.
Finalidade, conteúdo e efeito da notificação 3 — Constituído o título de desocupação do locado,
1 — O BNA expede imediatamente notificação para o BNA disponibiliza o requerimento de despejo no qual
o requerido, por carta registada com aviso de receção, tenha sido colocada a fórmula de título para desocupa-
para, em 15 dias, este: ção do locado ao requerente e ao agente de execução,
notário ou oficial de justiça designado, consoante os
a) Desocupar o locado e, sendo caso disso, pagar ao casos, nos termos definidos por portaria do membro do
requerente a quantia pedida, acrescida da taxa por ele Governo responsável pela área da justiça.
liquidada;
b) Deduzir oposição à pretensão e ou requerer o di- Artigo 15.º-F
ferimento da desocupação do locado, nos termos do
Oposição
disposto nos artigos 15.º-N e 15.º-O.
1 — O requerido pode opor-se à pretensão de despejo
2 — Havendo vários requeridos, a notificação é ex- no prazo de 15 dias a contar da sua notificação.
pedida para todos eles, nos termos e para os efeitos 2 — A oposição não carece de forma articulada e, de-
previstos no número anterior. vendo ser apresentada no BNA apenas por via eletrónica,
3 — A notificação é expedida para o local indicado no com menção da existência do mandato e do domicílio
requerimento de despejo, aplicando-se, com as necessá- profissional do mandatário, sob pena de pagamento
rias adaptações, o disposto no artigo 236.º, nos n.os 3 a 5 imediato de uma multa no valor de 2 unidades de conta
do artigo 237.º-A e no n.º 2 do artigo 238.º do Código processuais.
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4423

3 — Com a oposição, deve o requerido proceder à 5 — Qualquer das partes pode requerer a gravação
junção do documento comprovativo do pagamento da da audiência.
taxa de justiça devida e, nos casos previstos nos n.os 3 6 — As provas são oferecidas na audiência, podendo
e 4 do artigo 1083.º do Código Civil, ao pagamento de cada parte apresentar até três testemunhas.
uma caução no valor das rendas, encargos ou despesas 7 — A prova pericial é sempre realizada por um único
em atraso, até ao valor máximo correspondente a seis perito.
rendas, salvo nos casos de apoio judiciário, em que está 8 — Se considerar indispensável para a boa decisão
isento, nos termos a definir por portaria do membro do da causa que se proceda a alguma diligência de prova,
Governo responsável pela área da justiça. o juiz pode suspender a audiência no momento que
4 — Não se mostrando paga a taxa ou a caução pre- reputar mais conveniente e marcar logo dia para a sua
vistas no número anterior, a oposição tem-se por não continuação, devendo o julgamento concluir-se no prazo
deduzida. de 10 dias.
5 — A oposição tem-se igualmente por não dedu- 9 — Finda a produção de prova, pode cada um dos
zida quando o requerido não efetue o pagamento da mandatários fazer uma breve alegação oral.
taxa devida no prazo de cinco dias a contar da data da 10 — A sentença, sucintamente fundamentada, é logo
notificação da decisão definitiva de indeferimento do ditada para a ata.
pedido de apoio judiciário, na modalidade de dispensa
ou de pagamento faseado da taxa e dos demais encargos Artigo 15.º-J
com o processo. Desocupação do locado e pagamento das rendas em atraso

Artigo 15.º-G 1 — Havendo título ou decisão judicial para deso-


cupação do locado, o agente de execução, o notário ou,
Extinção do procedimento
na falta destes ou sempre que lei lhe atribua essa com-
1 — O procedimento especial de despejo extingue-se petência, o oficial de justiça desloca-se imediatamente
pela desocupação do locado, por desistência e por morte ao locado para tomar a posse do imóvel, lavrando auto
do requerente ou do requerido. da diligência.
2 — O requerente pode desistir do procedimento 2 — O senhorio e o arrendatário podem acordar num
especial de despejo até à dedução da oposição ou, na prazo para a desocupação do locado com remoção de
sua falta, até ao termo do prazo de oposição. todos os bens móveis, sendo lavrado auto pelo agente
3 — Nos casos previstos nos números anteriores, o de execução, notário ou oficial de justiça.
BNA devolve a pedido do requerente o expediente res- 3 — O agente de execução, o notário ou o oficial
peitante ao procedimento especial de despejo e notifica de justiça podem solicitar diretamente o auxílio das
o requerido daquele facto se este já tiver sido notificado autoridades policiais sempre que seja necessário o ar-
do requerimento de despejo. rombamento da porta e a substituição da fechadura para
efetivar a posse do imóvel, aplicando-se, com as neces-
Artigo 15.º-H sárias adaptações, o disposto no n.º 5 do artigo 840.º do
Código de Processo Civil.
Distribuição e termos posteriores
4 — Quando a desocupação do locado deva efetuar-
1 — Deduzida oposição, o BNA apresenta os autos à -se em domicílio, a mesma só pode realizar-se entre as
distribuição e remete ao requerente cópia da oposição. 7 e as 21 horas, devendo o agente de execução, o notário
2 — Recebidos os autos, o juiz pode convidar as ou o oficial de justiça entregar cópia do título ou decisão
partes para, no prazo de 5 dias, aperfeiçoarem as pe- judicial a quem tiver a disponibilidade do lugar em que
ças processuais, ou, no prazo de 10 dias, apresentarem a diligência se realiza, o qual pode assistir à diligência
novo articulado sempre que seja necessário garantir o e fazer-se acompanhar ou substituir por pessoa da sua
contraditório. confiança que, sem delonga, se apresente no local.
3 — Não julgando logo procedente alguma exceção 5 — O título para desocupação do locado, quando
dilatória ou nulidade que lhe cumpra conhecer ou não tenha sido efetuado o pedido de pagamento das ren-
decidindo logo do mérito da causa, o juiz ordena a no- das, encargos ou despesas em atraso, e a decisão judi-
tificação das partes da data da audiência de julgamento. cial que condene o requerido no pagamento daqueles
4 — Os autos são igualmente apresentados à distri- constituem título executivo para pagamento de quantia
buição sempre que se suscite questão sujeita a decisão certa, aplicando-se, com as necessárias adaptações, os
judicial. termos previstos no Código de Processo Civil para a
execução para pagamento de quantia certa baseada em
Artigo 15.º-I injunção.
Audiência de julgamento e sentença
6 — Nos casos previstos no número anterior não há
lugar a oposição à execução.
1 — A audiência de julgamento realiza-se no prazo
de 20 dias a contar da distribuição. Artigo 15.º-K
2 — Não é motivo de adiamento da audiência a falta
Destino dos bens
de qualquer das partes ou dos seus mandatários, salvo
nos casos de justo impedimento. 1 — O agente de execução, o notário ou o oficial de
3 — Se as partes estiverem presentes ou representa- justiça procede ao arrolamento dos bens encontrados
das na audiência, o juiz procura conciliá-las. no locado.
4 — Frustrando-se a conciliação, produzem-se as 2 — O arrendatário deve, no prazo de 30 dias após
provas que ao caso couber. a tomada da posse do imóvel, remover todos os seus
4424 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

bens móveis, sob pena de estes serem considerados que a diligência põe em risco de vida a pessoa que se
abandonados. encontra no local, por razões de doença aguda.
3 — Nos casos referidos nos números anteriores, o
Artigo 15.º-L agente de execução, o notário ou o oficial de justiça lavra
certidão das ocorrências, junta os documentos exibidos e
Autorização judicial para entrada imediata no domicílio
adverte o detentor, ou a pessoa que se encontra no local,
1 — Caso o arrendatário não desocupe o domicílio de que as diligências para a desocupação do locado pros-
de livre vontade ou incumpra o acordo previsto no n.º 2 seguem, salvo se, no prazo de 10 dias, requerer ao juiz
do artigo 15.º-J e o procedimento especial de despejo do tribunal judicial da situação do locado a confirmação
não tenha sido distribuído a juiz, o agente de execução, da suspensão, juntando ao requerimento os documentos
o notário ou o oficial de justiça apresenta requerimento disponíveis, dando do facto imediato conhecimento ao
no tribunal judicial da situação do locado para, no prazo senhorio ou ao seu representante.
de cinco dias, ser autorizada a entrada imediata no do- 4 — Ouvido o senhorio, o juiz do tribunal judicial
micílio. da situação do locado, no prazo de cinco dias, decide
2 — O requerimento previsto no número anterior manter suspensas as diligências para a desocupação
assume caráter de urgência e deve ser instruído com: ou ordena o levantamento da suspensão e a imediata
prossecução daquelas.
a) O título para desocupação do locado;
b) O documento comprovativo do pagamento da taxa
Artigo 15.º-N
de justiça devida.
Diferimento da desocupação de imóvel
3 — Se a considerar necessária, o juiz procede à arrendado para habitação
audição do arrendatário. 1 — No caso de imóvel arrendado para habitação,
4 — São motivos de recusa do requerimento de au- dentro do prazo para a oposição ao procedimento es-
torização para entrada no domicílio, designadamente: pecial de despejo, o arrendatário pode requerer ao juiz
a) Não ter sido utilizado o modelo de requerimento do tribunal judicial da situação do locado o diferimento
ou este não estar devidamente preenchido; da desocupação por razões sociais imperiosas, devendo
b) O requerimento não estar instruído com os docu- logo oferecer as provas disponíveis e indicar as teste-
mentos referidos no n.º 2; munhas a apresentar, até ao limite de três.
c) A violação do disposto nos artigos 9.º, 10.º e 15.º-D. 2 — O diferimento de desocupação do locado para
habitação é decidido de acordo com o prudente arbítrio
5 — Conferida autorização judicial para entrada no do tribunal, devendo o juiz ter em consideração as exi-
domicílio, o agente de execução, o notário ou o oficial de gências da boa fé, a circunstância de o arrendatário não
justiça desloca-se imediatamente ao locado para tomar dispor imediatamente de outra habitação, o número de
a posse do imóvel, aplicando-se o disposto nos n.os 2 a 4 pessoas que habitam com o arrendatário, a sua idade,
do artigo 15.º-J e no artigo anterior. o seu estado de saúde e, em geral, a situação econó-
6 — O disposto nos números anteriores é aplicável, mica e social das pessoas envolvidas, só podendo ser
com as necessárias adaptações, aos casos em que a concedido desde que se verifique algum dos seguintes
entrada no locado dependa de autorização judicial nos fundamentos:
termos da lei. a) Que, tratando-se de resolução por não pagamento
de rendas, a falta do mesmo se deve a carência de meios
Artigo 15.º-M do arrendatário, o que se presume relativamente ao
Suspensão da desocupação do locado beneficiário de subsídio de desemprego, de valor igual
ou inferior à retribuição mínima mensal garantida, ou
1 — O agente de execução, o notário ou o oficial de de rendimento social de inserção;
justiça suspende as diligências para desocupação do b) Que o arrendatário é portador de deficiência com
locado sempre que o detentor da coisa, ao qual não tenha grau comprovado de incapacidade superior a 60 %.
sido dada a oportunidade de intervir no procedimento
especial de despejo, exibir algum dos seguintes títulos, 3 — No caso de diferimento decidido com base na
com data anterior ao início daquele procedimento: alínea a) do número anterior, cabe ao Fundo de Socorro
a) Título de arrendamento ou de outro gozo legítimo Social do Instituto de Gestão Financeira da Segurança
do prédio, emanado do senhorio; Social pagar ao senhorio as rendas correspondentes ao
b) Título de subarrendamento ou de cessão da posi- período de diferimento, ficando aquele sub-rogado nos
ção contratual, emanado do arrendatário, e documento direitos deste.
comprovativo de haver sido requerida no prazo de
15 dias a respetiva notificação ao senhorio ou de este Artigo 15.º-O
ter especialmente autorizado o subarrendamento ou a Termos do diferimento da desocupação
cessão ou, ainda, de ter reconhecido o subarrendatário
1 — O requerimento de diferimento da desocupação
ou cessionário como tal.
assume carácter de urgência e é indeferido liminarmente
quando:
2 — Tratando-se de arrendamento para habitação,
o agente de execução, o notário ou o oficial de justiça a) Tiver sido apresentado fora do prazo;
suspende as diligências executórias quando se mostre, b) O fundamento não se ajustar a algum dos referidos
por atestado médico que indique fundamentadamente no artigo anterior;
o prazo durante o qual se deve suspender a execução, c) For manifestamente improcedente.
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4425

2 — Se o requerimento for recebido, o senhorio é 4 — Incorre na prática do crime de desobediência


notificado para contestar, dentro do prazo de 10 dias, qualificada quem infrinja a decisão judicial de desocu-
devendo logo oferecer as provas disponíveis e indicar pação do locado.
as testemunhas a apresentar, até ao limite de três.
3 — O juiz deve decidir o pedido de diferimento da Artigo 15.º-S
desocupação por razões sociais no prazo máximo de
Disposições finais
20 dias a contar da sua apresentação, sendo, no caso
previsto na alínea a) do n.º 2 do artigo anterior, a decisão 1 — Ao procedimento especial de despejo aplica-se
oficiosamente comunicada, com a sua fundamentação, o regime de acesso ao direito e aos tribunais, com as
ao Fundo de Socorro Social do Instituto de Gestão Fi- necessárias adaptações e as seguintes especificidades:
nanceira da Segurança Social.
4 — O diferimento não pode exceder o prazo de cinco a) O prazo previsto no n.º 1 do artigo 33.º da Lei
meses a contar da data do trânsito em julgado da decisão n.º 34/2004, de 29 de julho, é reduzido para 10 dias;
que o conceder. b) Não se aplica o disposto no n.º 2 do artigo 33.º da
Lei n.º 34/2004, de 29 de julho;
Artigo 15.º-P c) Sendo requerido apoio judiciário para dispensa de
pagamento ou pagamento faseado das taxas e demais
Impugnação do título para desocupação do locado encargos, equivale ao pagamento da taxa a que alude o
1 — O arrendatário só pode impugnar o título para n.º 7 do artigo 15.º-B a junção do documento compro-
desocupação do locado com fundamento na violação vativo da apresentação do respetivo pedido.
do disposto nos artigos 9.º, 10.º e 15.º-D.
2 — A impugnação prevista no número anterior é 2 — Em caso de indeferimento do pedido de apoio
apresentada ao juiz do tribunal judicial da situação do judiciário na modalidade de dispensa ou de pagamento
locado, no prazo de 10 dias a contar da deslocação do faseado de taxa e demais encargos com o processo, o
agente de execução, do notário ou do oficial de justiça ao requerente deve efetuar o pagamento da taxa devida no
imóvel para a sua desocupação, ou do momento em que prazo de 5 dias a contar da data da notificação da decisão
o arrendatário teve conhecimento de ter sido efetuada a definitiva de indeferimento, sob pena de extinção do
sua desocupação, podendo ser acompanhada de cópia procedimento ou, caso já tenha sido constituído título
do título para desocupação do locado. para desocupação do locado, de pagamento do valor
3 — A impugnação observa as seguintes regras: igual a 10 vezes o valor da taxa devida.
3 — No procedimento especial de despejo, é obri-
a) A prova é oferecida com o requerimento; gatória a constituição de advogado para a dedução de
b) A parte requerida é notificada para, em 10 dias, se oposição ao requerimento de despejo.
opor à impugnação e oferecer prova; 4 — As partes têm de se fazer representar por advo-
c) A impugnação tem sempre efeito meramente de- gado nos atos processuais subsequentes à distribuição
volutivo, seguindo, com as necessárias adaptações, a no procedimento especial de despejo.
tramitação do recurso de apelação, nos termos do Có- 5 — Aos prazos do procedimento especial de despejo
digo de Processo Civil. aplicam-se as regras previstas no Código de Processo
Civil, não havendo lugar à sua suspensão durante as
Artigo 15.º-Q férias judiciais, nem a qualquer dilação.
Recurso da decisão judicial para desocupação do locado 6 — Estão sujeitos a distribuição a autorização judi-
cial para entrada imediata no domicílio, a suspensão da
Independentemente do valor da causa e da sucum- desocupação do locado e o diferimento da desocupa-
bência, da decisão judicial para desocupação do locado ção de imóvel arrendado para habitação, previstos nos
cabe sempre recurso de apelação, nos termos do Código artigos 15.º-L a 15.º-O, bem como os demais atos que
de Processo Civil, o qual tem sempre efeito meramente careçam de despacho judicial.
devolutivo. 7 — O tribunal competente para todas as questões
suscitadas no âmbito do procedimento especial de des-
Artigo 15.º-R pejo é o da situação do locado.
Uso indevido ou abusivo do procedimento 8 — Os atos a praticar pelo juiz no âmbito do proce-
dimento especial de despejo assumem caráter urgente.
1 — Aquele que fizer uso indevido do procedimento 9 — Compete ao membro do Governo responsável
especial de despejo do locado incorre em responsabili- pela área da justiça regulamentar o procedimento espe-
dade nos termos da lei. cial de despejo, nomeadamente, nas seguintes matérias:
2 — Se o senhorio ou o arrendatário usarem meios
cuja falta de fundamento não devessem ignorar ou fi- a) Aprovação do modelo de requerimento de despejo;
zerem uso manifestamente reprovável do procedimento b) Forma de apresentação dos requerimentos de des-
especial de despejo respondem pelos danos que culpo- pejo, oposição, autorização judicial para entrada imediata
samente causarem à outra parte e incorrem em multa de no domicílio, suspensão da desocupação do locado e
valor não inferior a 10 vezes a taxa de justiça devida. diferimento da desocupação de imóvel arrendado para
3 — O disposto no número anterior é ainda aplicá- habitação;
vel ao detentor do locado ou a qualquer outro inter- c) Forma de apresentação da impugnação do título
veniente no procedimento especial de despejo que, para desocupação do locado e da oposição à mesma;
injustificadamente, obste à efetivação da desocupação d) Forma de pagamento da caução devida pela dedu-
do locado. ção de oposição à desocupação do locado;
4426 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

e) Forma de apresentação da contestação do pedido Artigo 9.º


de diferimento da desocupação; Alteração do Estatuto dos Benefícios Fiscais
f) Modo de designação, substituição e destituição do
agente de execução, notário ou oficial de justiça; O artigo 44.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais, apro-
g) Forma de disponibilização do título de desocupa- vado pelo Decreto-Lei n.º 215/89, de 1 de julho, passa a
ção do locado; ter a seguinte redação:
h) Comunicações e notificações;
i) Fixação de taxas e forma de pagamento; «Artigo 44.º
j) Remuneração do agente de execução ou notário [...]
ou pagamento de taxa no caso de intervenção de oficial
de justiça.» 1— .....................................
2— .....................................
Artigo 6.º 3— .....................................
4— .....................................
Alteração à organização sistemática 5— .....................................
da Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro
6— .....................................
1 — A secção III do capítulo II do título I da Lei n.º 6/2006, 7— .....................................
de 27 de fevereiro, é subdividida em duas subsecções, nos 8— .....................................
seguintes termos: 9— .....................................
10 — Os benefícios constantes das alíneas b) a m)
a) A subsecção I tem a epígrafe «Ações judiciais» e é do n.º 1 cessam logo que deixem de verificar-se os
composta pelos artigos 14.º e 14.º-A; pressupostos que os determinaram, devendo os pro-
b) A subsecção II tem a epígrafe «Procedimento especial prietários, usufrutuários ou superficiários dar cumpri-
de despejo» e é composta pelos artigos 15.º a 15.º-T. mento ao disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 13.º
do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, e os
2 — São ainda introduzidas as seguintes alterações à constantes da alínea n) cessam no ano, inclusive, em
organização sistemática do capítulo II do título II da Lei que os prédios venham a ser desclassificados ou sejam
n.º 6/2006, de 27 de fevereiro: considerados devolutos ou em ruínas, nos termos do
a) A secção II passa a denominar-se «Arrendamento para n.º 3 do artigo 112.º do Código do Imposto Municipal
habitação», deixando de estar dividida em subsecções e sobre Imóveis.
sendo composta pelos artigos 30.º a 48.º; 11 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . »
b) A anterior subsecção II da secção II passa a constituir
a secção III, mantendo a epígrafe «Arrendamento para fim Artigo 10.º
não habitacional» e sendo composta pelos artigos 50.º Contrato de seguro de renda
a 54.º;
c) A anterior secção III passa a constituir a secção IV, 1 — No prazo de 120 dias é regulado em diploma pró-
mantendo a epígrafe «Transmissão» e continuando a ser prio o regime jurídico do contrato de seguro de renda.
composta pelos artigos 57.º e 58.º 2 — O regime jurídico do contrato de seguro de renda
inclui, designadamente, as seguintes soluções:
Artigo 7.º a) O contrato de seguro de renda tem como objeto prin-
Contagem dos prazos
cipal a cobertura do risco de incumprimento pelo arrenda-
tário da obrigação do pagamento de um certo número de
1 — Aos prazos em curso aplica-se a redução de prazos rendas ao proprietário;
resultante da presente lei, exceto se for menor o decurso b) As partes no contrato de seguro de renda podem
do tempo para se completarem. acordar na cobertura adicional de outros riscos para o
2 — Os novos prazos contam-se a partir da data em proprietário relativos ao arrendamento, designadamente
vigor da presente lei. os danos causados pelo arrendatário no imóvel arrendado
e os custos e encargos a incorrer pelo proprietário com o
Artigo 8.º eventual procedimento de despejo do arrendatário e com
Tributação de rendas de prédios urbanos
o ressarcimento de rendas e indemnizações eventualmente
auferidas por pessoas singulares devidas;
c) O contrato de seguro de renda é disponibilizado por
1 — As rendas de prédios urbanos auferidas por pessoas empresas de seguro devidamente autorizadas;
singulares são objeto de regime fiscal a fixar em diploma d) O seguro de renda pode ser contratado como seguro
próprio. individual ou de grupo.
2 — O diploma referido no número anterior pode in-
cluir, designadamente, uma taxa especial de tributação Artigo 11.º
em sede de imposto sobre o rendimento das pessoas sin-
Disposição transitória
gulares, visando a uniformização da tributação destes
rendimentos com a tributação dos rendimentos de ca- 1 — Os senhorios que tenham iniciado a atualização
pitais, enquadrado no âmbito do Programa de Assistên- da renda ao abrigo do regime constante dos artigos 30.º a
cia Económica e Financeira a Portugal celebrado com a 56.º da Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, na sua redação
União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o originária, e da respetiva legislação complementar, podem
Banco Central Europeu. optar pela continuação da aplicação do referido regime
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4427

se, no momento da entrada em vigor da presente lei, se Artigo 15.º


verificar uma das seguintes situações:
Entrada em vigor
a) O período de atualização faseada do valor da renda,
em 2, 5 ou 10 anos, se encontre a decorrer; A presente lei entra em vigor 90 dias após a sua pu-
b) Estiverem verificados os pressupostos previstos nos blicação.
artigos 35.º ou 52.º da Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, na Aprovada em 1 de junho de 2012.
sua redação originária, consoante se trate de arrendamento
para habitação ou para fim não habitacional. A Presidente da Assembleia da República, Maria da
Assunção A. Esteves.
2 — A opção prevista no número anterior é comunicada
pelo senhorio ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Promulgada em 29 de julho de 2012.
Urbana, I. P., no prazo de 30 dias a contar da data da en-
trada em vigor da presente lei. Publique-se.
3 — O disposto na alínea d) do n.º 2 do artigo 1072.º
do Código Civil, aditada pela presente lei, é aplicável a O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
todos os contratos de arrendamento, independentemente Referendada em 31 de julho de 2012.
da data em que tenham sido celebrados.
4 — A determinação do RABC durante o ano de 2012 O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
para efeitos do disposto no artigo 35.º da Lei n.º 6/2006,
de 27 de fevereiro, deve ter em conta os rendimentos do
agregado familiar relativos ao ano de 2012 e a suspensão ANEXO I
do pagamento de subsídios de férias e de Natal ou equi-
valentes definida no artigo 21.º da Lei n.º 64-B/2011, de Republicação do capítulo IV do título II
30 de dezembro. do livro II do Código Civil

Artigo 12.º
Legislação complementar CAPÍTULO IV
O Governo deve, no prazo de 90 dias, adaptar à presente Locação
lei os seguintes diplomas:
a) Decreto-Lei n.º 156/2006, de 8 de agosto, que aprova SECÇÃO I
o regime de determinação e verificação do coeficiente de
conservação; Disposições gerais
b) Decreto-Lei n.º 158/2006, de 8 de agosto, que aprova
os regimes de determinação do rendimento anual bruto Artigo 1022.º
corrigido e a atribuição do subsídio de renda; Noção
c) Decreto-Lei n.º 160/2006, de 8 de agosto, que aprova
os elementos do contrato de arrendamento e os requisitos «Locação» é o contrato pelo qual uma das partes se
a que obedece a sua celebração; obriga a proporcionar à outra o gozo temporário de uma
d) Decreto-Lei n.º 161/2006, de 8 de agosto, que aprova coisa, mediante retribuição.
e regula as comissões arbitrais municipais.
Artigo 1023.º
Artigo 13.º
Arrendamento e aluguer
Norma revogatória
A locação diz-se «arrendamento» quando versa sobre
São revogados: coisa imóvel, «aluguer» quando incide sobre coisa móvel.
a) O n.º 3 do artigo 1095.º, o n.º 2 do artigo 1102.º e o
artigo 1104.º do Código Civil; Artigo 1024.º
b) A alínea a) do n.º 1 do artigo 930.º-B, a alínea a) A locação como ato de administração
do n.º 2 do artigo 930.º-C e o n.º 3 do artigo 930.º-D do
Código de Processo Civil; 1 — A locação constitui, para o locador, um ato de ad-
c) O n.º 6 do artigo 26.º e os artigos 38.º a 49.º, 55.º e ministração ordinária, exceto quando for celebrada por
56.º da Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, sem prejuízo do prazo superior a seis anos.
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 11.º da presente lei. 2 — O arrendamento de prédio indiviso feito pelo con-
sorte ou consortes administradores só é válido quando os
Artigo 14.º restantes comproprietários manifestem, por escrito e antes
Republicação
ou depois do contrato, o seu assentimento.

São republicados, na sua redação atual e nos anexos I Artigo 1025.º


e II da presente lei, respetivamente, e da qual fazem parte
integrante: Duração máxima

a) O capítulo IV do título II do livro II do Código Civil; A locação não pode celebrar-se por mais de 30 anos;
b) O capítulo II do título I e os títulos II e III da Lei quando estipulada por tempo superior, ou como contrato
n.º 6/2006, de 27 de fevereiro. perpétuo, considera-se reduzida àquele limite.
4428 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

Artigo 1026.º seguradas pelo locador, considera-se o contrato não


cumprido:
Prazo supletivo
a) Se o defeito datar, pelo menos, do momento da entrega
Na falta de estipulação, entende-se que o prazo de du-
e o locador não provar que o desconhecia sem culpa;
ração do contrato é igual à unidade de tempo a que corres- b) Se o defeito surgir posteriormente à entrega, por
ponde a retribuição fixada, salvas as disposições especiais culpa do locador.
deste Código.
Artigo 1033.º
Artigo 1027.º
Casos de irresponsabilidade do locador
Fim do contrato
O disposto no artigo anterior não é aplicável:
Se do contrato e respetivas circunstâncias não resultar o
fim a que a coisa locada se destina, é permitido ao locatário a) Se o locatário conhecia o defeito quando celebrou o
aplicá-la a quaisquer fins lícitos, dentro da função normal contrato ou recebeu a coisa;
das coisas de igual natureza. b) Se o defeito já existia ao tempo da celebração do
contrato e era facilmente reconhecível, a não ser que o
Artigo 1028.º locador tenha assegurado a sua inexistência ou usado de
dolo para o ocultar;
Pluralidade de fins c) Se o defeito for da responsabilidade do locatário;
1 — Se uma ou mais coisas forem locadas para fins di- d) Se este não avisou do defeito o locador, como lhe
ferentes, sem subordinação de uns a outros, observar-se-á, cumpria.
relativamente a cada um deles, o regime respetivo.
2 — As causas de nulidade, anulabilidade ou resolução Artigo 1034.º
que respeitem a um dos fins não afetam a parte restante da Ilegitimidade do locador ou deficiência do seu direito
locação, exceto se do contrato ou das circunstâncias que
o acompanham não resultar a discriminação das coisas ou 1 — São aplicáveis as disposições dos dois artigos an-
partes da coisa correspondentes às várias finalidades, ou teriores:
estas forem solidárias entre si. a) Se o locador não tiver a faculdade de proporcionar a
3 — Se, porém, um dos fins for principal e os outros outrem o gozo da coisa locada;
subordinados, prevalecerá o regime correspondente ao fim b) Se o seu direito não for de propriedade ou estiver
principal; os outros regimes só são aplicáveis na medida sujeito a algum ónus ou limitação que exceda os limites
em que não contrariem o primeiro e a aplicação deles se normais inerentes a este direito;
não mostre incompatível com o fim principal. c) Se o direito do locador não possuir os atributos que
ele assegurou ou estes atributos cessarem posteriormente
Artigo 1029.º por culpa dele.
Exigência de escritura pública
2 — As circunstâncias descritas no número antecedente
(Revogado.) só importam a falta de cumprimento do contrato quando
determinarem a privação, definitiva ou temporária, do gozo
Artigo 1030.º da coisa ou a diminuição dele por parte do locatário.
Encargos da coisa locada
Artigo 1035.º
Os encargos da coisa locada, sem embargo de estipu- Anulabilidade por erro ou dolo
lação em contrário, recaem sobre o locador, a não ser que
a lei os imponha ao locatário. O disposto nos artigos 1032.º e 1034.º não obsta à anu-
lação do contrato por erro ou por dolo, nos termos gerais.
SECÇÃO II Artigo 1036.º
Obrigações do locador Reparações ou outras despesas urgentes

Artigo 1031.º 1 — Se o locador estiver em mora quanto à obrigação


de fazer reparações ou outras despesas e umas ou outras,
Enumeração pela sua urgência, se não compadecerem com as delongas
São obrigações do locador: do procedimento judicial, tem o locatário a possibilidade de
fazê-las extrajudicialmente, com direito ao seu reembolso.
a) Entregar ao locatário a coisa locada; 2 — Quando a urgência não consinta qualquer dilação,
b) Assegurar-lhe o gozo desta para os fins a que a coisa o locatário pode fazer as reparações ou despesas, também
se destina. com direito a reembolso, independentemente de mora do
locador, contanto que o avise ao mesmo tempo.
Artigo 1032.º
Vício da coisa locada
Artigo 1037.º
Atos que impedem ou diminuem o gozo da coisa
Quando a coisa locada apresentar vício que lhe não
permita realizar cabalmente o fim a que é destinada, 1 — Não obstante convenção em contrário, o locador
ou carecer de qualidades necessárias a esse fim ou as- não pode praticar atos que impeçam ou diminuam o gozo
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4429

da coisa pelo locatário, com exceção dos que a lei ou os diminuição e à extensão desta, sem prejuízo do disposto
usos facultem ou o próprio locatário consinta em cada na secção anterior.
caso, mas não tem obrigação de assegurar esse gozo contra 2 — Mas, se a privação ou diminuição não for impu-
atos de terceiro. tável ao locador nem aos seus familiares, a redução só
2 — O locatário que for privado da coisa ou perturbado terá lugar no caso de uma ou outra exceder um sexto da
no exercício dos seus direitos pode usar, mesmo contra duração do contrato.
o locador, dos meios facultados ao possuidor nos arti- 3 — Consideram-se familiares os parentes, afins ou
gos 1276.º e seguintes. serviçais que vivam habitualmente em comunhão de mesa
e habitação com o locatário ou o locador.
SECÇÃO III
Artigo 1041.º
Obrigações do locatário
Mora do locatário
SUBSECÇÃO I 1 — Constituindo-se o locatário em mora, o locador
Disposição geral tem o direito de exigir, além das rendas ou alugueres em
atraso, uma indemnização igual a 50 % do que for devido,
Artigo 1038.º salvo se o contrato for resolvido com base na falta de
pagamento.
Enumeração 2 — Cessa o direito à indemnização ou à resolução do
São obrigações do locatário: contrato se o locatário fizer cessar a mora no prazo de oito
dias a contar do seu começo.
a) Pagar a renda ou aluguer; 3 — Enquanto não forem cumpridas as obrigações
b) Facultar ao locador o exame da coisa locada; a que o n.º 1 se refere, o locador tem o direito de recu-
c) Não aplicar a coisa a fim diverso daqueles a que ela sar o recebimento das rendas ou alugueres seguintes,
se destina; os quais são considerados em dívida para todos os
d) Não fazer dela uma utilização imprudente;
efeitos.
e) Tolerar as reparações urgentes, bem como quaisquer
4 — A receção de novas rendas ou alugueres não priva
obras ordenadas pela autoridade pública;
o locador do direito à resolução do contrato ou à indemni-
f) Não proporcionar a outrem o gozo total ou parcial
da coisa por meio de cessão onerosa ou gratuita da sua zação referida, com base nas prestações em mora.
posição jurídica, sublocação ou comodato, exceto se a lei
o permitir ou o locador o autorizar; Artigo 1042.º
g) Comunicar ao locador, dentro de 15 dias, a cedência Cessação da mora
do gozo da coisa por algum dos referidos títulos, quando
permitida ou autorizada; 1 — O locatário pode pôr fim à mora oferecendo ao lo-
h) Avisar imediatamente o locador sempre que tenha co- cador o pagamento das rendas ou alugueres em atraso, bem
nhecimento de vícios na coisa ou saiba que a ameaça algum como a indemnização fixada no n.º 1 do artigo anterior.
perigo ou que terceiros se arrogam direitos em relação a 2 — Perante a recusa do locador em receber as cor-
ela, desde que o facto seja ignorado pelo locador; respondentes importâncias, pode o locatário recorrer à
i) Restituir a coisa locada findo o contrato. consignação em depósito.

SUBSECÇÃO II SUBSECÇÃO III

Pagamento da renda ou aluguer Restituição da coisa locada

Artigo 1039.º Artigo 1043.º


Tempo e lugar do pagamento Dever de manutenção e restituição da coisa

1 — O pagamento da renda ou aluguer deve ser efetuado 1 — Na falta de convenção, o locatário é obrigado
no último dia de vigência do contrato ou do período a que a manter e restituir a coisa no estado em que a re-
respeita, e no domicílio do locatário à data do vencimento, cebeu, ressalvadas as deteriorações inerentes a uma
se as partes ou os usos não fixarem outro regime. prudente utilização, em conformidade com os fins do
2 — Se a renda ou aluguer houver de ser pago no do- contrato.
micílio, geral ou particular, do locatário ou de procurador 2 — Presume-se que a coisa foi entregue ao locatário
seu e o pagamento não tiver sido efetuado, presume-se em bom estado de manutenção quando não exista docu-
que o locador não veio nem mandou receber a prestação mento onde as partes tenham descrito o estado dela ao
no dia do vencimento. tempo da entrega.

Artigo 1040.º Artigo 1044.º


Redução da renda ou aluguer Perda ou deterioração da coisa

1 — Se, por motivo não atinente à sua pessoa ou à dos O locatário responde pela perda ou deteriorações da
seus familiares, o locatário sofrer privação ou diminuição coisa, não excetuadas no artigo anterior, salvo se resultarem
do gozo da coisa locada, haverá lugar a uma redução da de causa que lhe não seja imputável nem a terceiro a quem
renda ou aluguer proporcional ao tempo da privação ou tenha permitido a utilização dela.
4430 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

Artigo 1045.º Artigo 1050.º


Indemnização pelo atraso na restituição da coisa Resolução do contrato pelo locatário
1 — Se a coisa locada não for restituída, por qualquer O locatário pode resolver o contrato, independentemente
causa, logo que finde o contrato, o locatário é obrigado, a de responsabilidade do locador:
título de indemnização, a pagar até ao momento da resti-
tuição a renda ou aluguer que as partes tenham estipulado, a) Se, por motivo estranho à sua própria pessoa ou à
exceto se houver fundamento para consignar em depósito dos seus familiares, for privado do gozo da coisa, ainda
a coisa devida. que só temporariamente;
2 — Logo, porém, que o locatário se constitua em mora, b) Se na coisa locada existir ou sobrevier defeito que
a indemnização é elevada ao dobro. ponha em perigo a vida ou a saúde do locatário ou dos
seus familiares.
Artigo 1046.º
SUBSECÇÃO II
Indemnização de despesas e levantamento de benfeitorias
Caducidade
1 — Fora dos casos previstos no artigo 1036.º e salvo
estipulação em contrário, o locatário é equiparado ao pos- Artigo 1051.º
suidor de má fé quanto a benfeitorias que haja feito na
Casos de caducidade
coisa locada.
2 — Tratando-se de aluguer de animais, as despesas de O contrato de locação caduca:
alimentação destes correm sempre, na falta de estipulação
em contrário, por conta do locatário. a) Findo o prazo estipulado ou estabelecido por lei;
b) Verificando-se a condição a que as partes o subor-
dinaram ou tornando-se certo que não pode verificar-se,
SECÇÃO IV conforme a condição seja resolutiva ou suspensiva;
Resolução e caducidade do contrato c) Quando cesse o direito ou findem os poderes legais de
administração com base nos quais o contrato foi celebrado;
SUBSECÇÃO I d) Por morte do locatário ou, tratando-se de pessoa
coletiva, pela extinção desta, salvo convenção escrita em
Resolução contrário;
e) Pela perda da coisa locada;
Artigo 1047.º f) Pela expropriação por utilidade pública, salvo quando a
Resolução expropriação se compadeça com a subsistência do contrato;
g) Pela cessação dos serviços que determinaram a en-
A resolução do contrato de locação pode ser feita judicial trega da coisa locada.
ou extrajudicialmente.
Artigo 1052.º
Artigo 1048.º
Exceções
Falta de pagamento da renda ou aluguer
O contrato de locação não caduca:
1 — O direito à resolução do contrato por falta de paga-
mento da renda ou aluguer, quando for exercido judicial- a) Se for celebrado pelo usufrutuário e a propriedade
mente, caduca logo que o locatário, até ao termo do prazo se consolidar na sua mão;
para a contestação da ação declarativa, pague, deposite ou b) Se o usufrutuário alienar o seu direito ou renunciar
consigne em depósito as somas devidas e a indemnização a ele, pois nestes casos o contrato só caduca pelo termo
referida no n.º 1 do artigo 1041.º normal do usufruto;
2 — O locatário só pode fazer uso da faculdade referida c) Se for celebrado pelo cônjuge administrador.
no número anterior uma única vez, com referência a cada
contrato. Artigo 1053.º
3 — O regime previsto nos números anteriores aplica- Despejo do prédio
-se ainda à falta de pagamento de encargos e despesas que
corram por conta do locatário. Em qualquer dos casos de caducidade previstos nas alí-
4 — Ao direito à resolução do contrato por falta de neas b) e seguintes do artigo 1051.º, a restituição do prédio,
pagamento da renda ou aluguer, quando for exercido extra- tratando-se de arrendamento, só pode ser exigida passados
judicialmente, é aplicável, com as necessárias adaptações, seis meses sobre a verificação do facto que determina a
o disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 1084.º caducidade ou, sendo o arrendamento rural, no fim do ano
agrícola em curso no termo do referido prazo.
Artigo 1049.º
Artigo 1054.º
Cedência do gozo da coisa
Renovação do contrato
O locador não tem direito à resolução do contrato com
fundamento na violação do disposto nas alíneas f) e g) 1 — Findo o prazo do arrendamento, o contrato renova-
do artigo 1038.º se tiver reconhecido o beneficiário da -se por períodos sucessivos se nenhuma das partes se tiver
cedência como tal ou ainda, no caso da alínea g), se a oposto à renovação no tempo e pela forma convencionados
comunicação lhe tiver sido feita por este. ou designados na lei.
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4431

2 — O prazo da renovação é igual ao do contrato; SECÇÃO VI


mas é apenas de um ano, se o prazo do contrato for mais
Sublocação
longo.
Artigo 1060.º
Artigo 1055.º
Noção
Oposição à renovação
A locação diz-se «sublocação» quando o locador a ce-
1 — A oposição à renovação tem de ser comunicada lebra com base no direito de locatário que lhe advém de
ao outro contraente com a antecedência mínima se- um precedente contrato locativo.
guinte:
a) 120 dias, se o prazo de duração inicial do contrato ou Artigo 1061.º
da sua renovação for igual ou superior a seis anos; Efeitos
b) 60 dias, se o prazo de duração inicial do contrato ou
da sua renovação for igual ou superior a um ano e inferior A sublocação só produz efeitos em relação ao locador ou
a seis anos; a terceiros a partir do seu reconhecimento pelo locador ou
c) 30 dias, se o prazo de duração inicial do contrato da comunicação a que se refere a alínea g) do artigo 1038.º
ou da sua renovação for igual ou superior a três meses e
inferior a um ano; Artigo 1062.º
d) Um terço do prazo de duração inicial do contrato Limite da renda ou aluguer
ou da sua renovação, tratando-se de prazo inferior a três
meses. O locatário não pode cobrar do sublocatário renda ou
aluguer superior ou proporcionalmente superior ao que é
2 — A antecedência a que se refere o número anterior devido pelo contrato de locação, aumentado de 20 %, salvo
reporta-se ao termo do prazo de duração inicial do contrato se outra coisa tiver sido convencionada com o locador.
ou da sua renovação.
Artigo 1063.º
Artigo 1056.º Direitos do locador em relação ao sublocatário
Outra causa de renovação Se tanto o locatário como o sublocatário estiverem em
Se, não obstante a caducidade do arrendamento, o lo- mora quanto às respetivas dívidas de renda ou aluguer, é
catário se mantiver no gozo da coisa pelo lapso de um lícito ao locador exigir do sublocatário o que este dever,
ano, sem oposição do locador, o contrato considera-se até ao montante do seu próprio crédito.
igualmente renovado nas condições do artigo 1054.º
SECÇÃO VII
SECÇÃO V Arrendamento de prédios urbanos
Transmissão da posição contratual
SUBSECÇÃO I
Artigo 1057.º Disposições gerais
Transmissão da posição do locador
Artigo 1064.º
O adquirente do direito com base no qual foi celebrado
Âmbito
o contrato sucede nos direitos e obrigações do locador, sem
prejuízo das regras do registo. A presente secção aplica-se ao arrendamento, total ou
parcial, de prédios urbanos e, ainda, a outras situações
Artigo 1058.º nela previstas.
Liberação ou cessão de rendas ou alugueres
Artigo 1065.º
A liberação ou cessão de rendas ou alugueres não ven-
Imóveis mobilados e acessórios
cidos é inoponível ao sucessor entre vivos do locador,
na medida em que tais rendas ou alugueres respeitem a A locação de imóveis mobilados e seus acessórios
períodos de tempo não decorridos à data da sucessão. presume-se unitária, originando uma única renda e
submetendo-se à presente secção.
Artigo 1059.º
Transmissão da posição do locatário
Artigo 1066.º
Arrendamentos mistos
1 — A posição contratual do locatário é transmissível
por morte dele ou, tratando-se de pessoa coletiva, pela 1 — O arrendamento conjunto de uma parte urbana e
extinção desta, se assim tiver sido convencionado por de uma parte rústica é havido por urbano quando essa seja
escrito. a vontade dos contratantes.
2 — A cessão da posição do locatário está sujeita ao 2 — Na dúvida, atende-se, sucessivamente, ao fim prin-
regime geral dos artigos 424.º e seguintes, sem prejuízo cipal do contrato e à renda que os contratantes tenham
das disposições especiais deste capítulo. atribuído a cada uma delas.
4432 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

3 — Na falta ou insuficiência de qualquer dos critérios 2 — O não uso pelo arrendatário é lícito:
referidos no número anterior, o arrendamento tem-se por
urbano. a) Em caso de força maior ou de doença;
b) Se a ausência, não perdurando há mais de dois anos,
Artigo 1067.º for devida ao cumprimento de deveres militares ou pro-
fissionais do próprio, do cônjuge ou de quem viva com o
Fim do contrato arrendatário em união de facto;
1 — O arrendamento urbano pode ter fim habitacional c) Se a utilização for mantida por quem, tendo direito
ou não habitacional. a usar o locado, o fizesse há mais de um ano;
2 — Quando nada se estipule, o local arrendado pode d) Se a ausência se dever à prestação de apoios continua-
ser gozado no âmbito das suas aptidões, tal como resultem dos a pessoas com deficiência com grau de incapacidade
da licença de utilização. superior a 60 %, incluindo a familiares.
3 — Na falta de licença de utilização, o arrendamento
vale como habitacional se o local for habitável ou como Artigo 1073.º
não habitacional se o não for, salvo se outro destino lhe
tiver vindo a ser dado. Deteriorações lícitas

1 — É lícito ao arrendatário realizar pequenas deteriora-


Artigo 1068.º ções no prédio arrendado quando elas se tornem necessárias
Comunicabilidade para assegurar o seu conforto ou comodidade.
2 — As deteriorações referidas no número anterior de-
O direito do arrendatário comunica-se ao seu cônjuge,
vem, no entanto, ser reparadas pelo arrendatário antes da
nos termos gerais e de acordo com o regime de bens vi-
gente. restituição do prédio, salvo estipulação em contrário.

SUBSECÇÃO II Artigo 1074.º


Celebração Obras

1 — Cabe ao senhorio executar todas as obras de con-


Artigo 1069.º servação, ordinárias ou extraordinárias, requeridas pelas
Forma leis vigentes ou pelo fim do contrato, salvo estipulação
O contrato de arrendamento urbano deve ser celebrado em contrário.
por escrito. 2 — O arrendatário apenas pode executar quaisquer
obras quando o contrato o faculte ou quando seja autori-
Artigo 1070.º zado, por escrito, pelo senhorio.
3 — Excetuam-se do disposto no número anterior as
Requisitos de celebração situações previstas no artigo 1036.º, caso em que o ar-
1 — O arrendamento urbano só pode recair sobre locais rendatário pode efetuar a compensação do crédito pelas
cuja aptidão para o fim do contrato seja atestada pelas despesas com a realização da obra com a obrigação de
entidades competentes, designadamente através de licença pagamento da renda.
de utilização, quando exigível. 4 — O arrendatário que pretenda exercer o direito à
2 — Diploma próprio regula o requisito previsto no compensação previsto no número anterior comunica essa
número anterior e define os elementos que o contrato de intenção aquando do aviso da execução da obra e junta os
arrendamento urbano deve conter. comprovativos das despesas até à data do vencimento da
renda seguinte.
SUBSECÇÃO III 5 — Salvo estipulação em contrário, o arrendatário tem
Direitos e obrigações das partes direito, no final do contrato, a compensação pelas obras
licitamente feitas, nos termos aplicáveis às benfeitorias
DIVISÃO I realizadas por possuidor de boa fé.
Obrigações não pecuniárias
DIVISÃO II
Artigo 1071.º Renda e encargos
Limitações ao exercício do direito
Os arrendatários estão sujeitos às limitações impostas Artigo 1075.º
aos proprietários de coisas imóveis, tanto nas relações de Disposições gerais
vizinhança como nas relações entre arrendatários de partes
de uma mesma coisa. 1 — A renda corresponde a uma prestação pecuniária
periódica.
Artigo 1072.º 2 — Na falta de convenção em contrário, se as rendas
estiverem em correspondência com os meses do calen-
Uso efetivo do locado
dário gregoriano, a primeira vencer-se-á no momento
1 — O arrendatário deve usar efetivamente a coisa para da celebração do contrato e cada uma das restantes no
o fim contratado, não deixando de a utilizar por mais de 1.º dia útil do mês imediatamente anterior àquele a que
um ano. diga respeito.
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4433

Artigo 1076.º Artigo 1080.º


Antecipação de rendas Imperatividade
1 — O pagamento da renda pode ser antecipado, ha- As normas sobre a resolução, a caducidade e a denúncia
vendo acordo escrito, por período não superior a três meses. do arrendamento urbano têm natureza imperativa, salvo
2 — As partes podem caucionar, por qualquer das formas le- disposição legal em contrário.
galmente previstas, o cumprimento das obrigações respetivas.
Artigo 1081.º
Artigo 1077.º
Efeitos da cessação
Atualização de rendas
1 — A cessação do contrato torna imediatamente exi-
1 — As partes estipulam, por escrito, a possibilidade de gível, salvo se outro for o momento legalmente fixado
atualização da renda e o respetivo regime. ou acordado pelas partes, a desocupação do local e a sua
2 — Na falta de estipulação, aplica-se o seguinte regime: entrega, com as reparações que incumbam ao arrenda-
a) A renda pode ser atualizada anualmente, de acordo tário.
com os coeficientes de atualização vigentes; 2 — Com antecedência não superior a três meses sobre
b) A primeira atualização pode ser exigida um ano após a obrigação de desocupação do local, o senhorio pode
o início da vigência do contrato e as seguintes, sucessiva- exigir ao arrendatário a colocação de escritos, quando
mente, um ano após a atualização anterior; correspondam aos usos da terra.
c) O senhorio comunica, por escrito e com a antece- 3 — O arrendatário deve, em qualquer caso, mostrar o
dência mínima de 30 dias, o coeficiente de atualização e local a quem o pretender tomar de arrendamento durante os
a nova renda dele resultante; três meses anteriores à desocupação, em horário acordado
d) A não atualização prejudica a recuperação dos au- com o senhorio.
mentos não feitos, podendo, todavia, os coeficientes ser 4 — Na falta de acordo, o horário é, nos dias úteis, das
aplicados em anos posteriores, desde que não tenham 17 horas e 30 minutos às 19 horas e 30 minutos e, aos
passado mais de três anos sobre a data em que teria sido sábados e domingos, das 15 às 19 horas.
inicialmente possível a sua aplicação.
DIVISÃO II
Artigo 1078.º
Cessação por acordo entre as partes
Encargos e despesas
1 — As partes estipulam, por escrito, o regime dos en- Artigo 1082.º
cargos e despesas, aplicando-se, na falta de estipulação em Revogação
contrário, o disposto nos números seguintes.
2 — Os encargos e despesas correntes respeitantes ao 1 — As partes podem, a todo o tempo, revogar o con-
fornecimento de bens ou serviços relativos ao local arren- trato, mediante acordo a tanto dirigido.
dado correm por conta do arrendatário. 2 — O acordo referido no número anterior é celebrado
3 — No arrendamento de fração autónoma, os encargos e por escrito quando não seja imediatamente executado ou
despesas referentes à administração, conservação e fruição quando contenha cláusulas compensatórias ou outras cláu-
de partes comuns do edifício, bem como o pagamento de sulas acessórias.
serviços de interesse comum, correm por conta do senhorio.
4 — Os encargos e despesas devem ser contratados em DIVISÃO III
nome de quem for responsável pelo seu pagamento. Resolução
5 — Sendo o arrendatário responsável por um encargo
ou despesa contratado em nome do senhorio, este apresenta, Artigo 1083.º
no prazo de um mês, o comprovativo do pagamento feito.
6 — No caso previsto no número anterior, a obrigação Fundamento da resolução
do arrendatário vence-se no final do mês seguinte ao da 1 — Qualquer das partes pode resolver o contrato, nos
comunicação pelo senhorio, devendo ser cumprida simul- termos gerais de direito, com base em incumprimento
taneamente com a renda subsequente. pela outra parte.
7 — Se as partes acordarem uma quantia fixa mensal
2 — É fundamento de resolução o incumprimento que,
a pagar por conta dos encargos e despesas, os acertos são
pela sua gravidade ou consequências, torne inexigível à ou-
feitos semestralmente.
tra parte a manutenção do arrendamento, designadamente
quanto à resolução pelo senhorio:
SUBSECÇÃO IV
Cessação a) A violação de regras de higiene, de sossego, de boa
vizinhança ou de normas constantes do regulamento do
DIVISÃO I condomínio;
Disposições comuns
b) A utilização do prédio contrária à lei, aos bons cos-
tumes ou à ordem pública;
Artigo 1079.º c) O uso do prédio para fim diverso daquele a que se
destina, ainda que a alteração do uso não implique maior
Formas de cessação
desgaste ou desvalorização para o prédio;
O arrendamento urbano cessa por acordo das partes, reso- d) O não uso do locado por mais de um ano, salvo nos
lução, caducidade, denúncia ou outras causas previstas na lei. casos previstos no n.º 2 do artigo 1072.º;
4434 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

e) A cessão, total ou parcial, temporária ou permanente ela atinente mesmo depois da cessação do contrato, com a
e onerosa ou gratuita, do gozo do prédio, quando ilícita, finalidade de apurar as consequências que ao caso caibam.
inválida ou ineficaz perante o senhorio. 2 — A resolução é igualmente cumulável com a res-
ponsabilidade civil.
3 — É inexigível ao senhorio a manutenção do arrenda-
mento em caso de mora igual ou superior a dois meses no Artigo 1087.º
pagamento da renda, encargos ou despesas que corram por Desocupação
conta do arrendatário ou de oposição por este à realização
de obra ordenada por autoridade pública, sem prejuízo do A desocupação do locado, nos termos do artigo 1081.º,
disposto nos n.os 3 a 5 do artigo seguinte. é exigível após o decurso de um mês a contar da resolução
4 — É ainda inexigível ao senhorio a manutenção do se outro prazo não for judicialmente fixado ou acordado
arrendamento no caso de o arrendatário se constituir em pelas partes.
mora superior a oito dias, no pagamento da renda, por mais
de quatro vezes, seguidas ou interpoladas, num período SUBSECÇÃO V
de 12 meses, com referência a cada contrato, não sendo Subarrendamento
aplicável o disposto nos n.os 3 e 4 do artigo seguinte.
5 — É fundamento de resolução pelo arrendatário, de- Artigo 1088.º
signadamente, a não realização pelo senhorio de obras que
Autorização do senhorio
a este caibam, quando tal omissão comprometa a habita-
bilidade do locado e, em geral, a aptidão deste para o uso 1 — A autorização para subarrendar o prédio deve ser
previsto no contrato. dada por escrito.
2 — O subarrendamento não autorizado considera-se,
Artigo 1084.º todavia, ratificado pelo senhorio se ele reconhecer o su-
barrendatário como tal.
Modo de operar
1 — A resolução pelo senhorio com fundamento numa Artigo 1089.º
das causas previstas no n.º 2 do artigo anterior é decretada Caducidade
nos termos da lei de processo.
2 — A resolução pelo senhorio quando fundada em O subarrendamento caduca com a extinção, por qual-
causa prevista nos n.os 3 e 4 do artigo anterior bem como quer causa, do contrato de arrendamento, sem prejuízo da
a resolução pelo arrendatário operam por comunicação à responsabilidade do sublocador para com o sublocatário,
contraparte onde fundamentadamente se invoque a obri- quando o motivo da extinção lhe seja imputável.
gação incumprida.
3 — A resolução pelo senhorio, quando opere por co- Artigo 1090.º
municação à contraparte e se funde na falta de pagamento Direitos do senhorio em relação ao subarrendatário
da renda, encargos ou despesas que corram por conta do
arrendatário, nos termos do n.º 3 do artigo anterior, fica 1 — Sendo total o subarrendamento, o senhorio pode
sem efeito se o arrendatário puser fim à mora no prazo substituir-se ao arrendatário, mediante notificação judicial,
de um mês. considerando-se resolvido o primitivo arrendamento e
passando o subarrendatário a arrendatário direto.
4 — O arrendatário só pode fazer uso da faculdade re-
2 — Se o senhorio receber alguma renda do subarren-
ferida no número anterior uma única vez, com referência datário e lhe passar recibo depois da extinção do arrenda-
a cada contrato. mento, é o subarrendatário havido como arrendatário direto.
5 — Fica sem efeito a resolução fundada na oposição
pelo arrendatário à realização de obra ordenada por autori-
SUBSECÇÃO VI
dade pública se, no prazo de um mês, cessar essa oposição.
Direito de preferência
Artigo 1085.º
Artigo 1091.º
Caducidade do direito de resolução
Regra geral
1 — A resolução deve ser efetivada dentro do prazo de
um ano a contar do conhecimento do facto que lhe serve 1 — O arrendatário tem direito de preferência:
de fundamento, sob pena de caducidade. a) Na compra e venda ou dação em cumprimento do
2 — O prazo referido no número anterior é reduzido local arrendado há mais de três anos;
para três meses quando o fundamento da resolução seja o b) Na celebração de novo contrato de arrendamento,
previsto nos n.os 3 ou 4 do artigo 1083.º em caso de caducidade do seu contrato por ter cessado o
3 — Quando se trate de facto continuado ou duradouro, direito ou terem findado os poderes legais de administração
o prazo não se completa antes de decorrido um ano da sua com base nos quais o contrato fora celebrado.
cessação.
2 — O direito previsto na alínea b) existe enquanto
Artigo 1086.º não for exigível a restituição do prédio, nos termos do
Cumulações
artigo 1053.º
3 — O direito de preferência do arrendatário é graduado
1 — A resolução é cumulável com a denúncia ou com imediatamente acima do direito de preferência conferido
a oposição à renovação, podendo prosseguir a discussão a ao proprietário do solo pelo artigo 1535.º
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4435

4 — É aplicável, com as necessárias adaptações, o dis- 2 — O prazo referido no número anterior não pode
posto nos artigos 416.º a 418.º e 1410.º ser superior a 30 anos, considerando-se automaticamente
reduzido ao referido limite quando o ultrapasse.
SUBSECÇÃO VII 3 — (Revogado.)
Disposições especiais do arrendamento para habitação
Artigo 1096.º
DIVISÃO I Renovação automática
Âmbito do contrato 1 — Salvo estipulação em contrário, o contrato cele-
brado com prazo certo renova-se automaticamente no seu
Artigo 1092.º termo e por períodos sucessivos de igual duração, sem
Indústrias domésticas prejuízo do disposto no número seguinte.
2 — Salvo estipulação em contrário, não há lugar a
1 — No uso residencial do prédio arrendado inclui-se, renovação automática nos contratos celebrados por prazo
salvo cláusula em contrário, o exercício de qualquer in-
não superior a 30 dias.
dústria doméstica, ainda que tributada.
2 — É havida como doméstica a indústria explorada 3 — Qualquer das partes pode opor-se à renovação, nos
na residência do arrendatário que não ocupe mais de três termos dos artigos seguintes.
auxiliares assalariados.
Artigo 1097.º
Artigo 1093.º Oposição à renovação deduzida pelo senhorio
Pessoas que podem residir no local arrendado 1 — O senhorio pode impedir a renovação automática
1 — Nos arrendamentos para habitação podem residir do contrato mediante comunicação ao arrendatário com a
no prédio, além do arrendatário: antecedência mínima seguinte:
a) Todos os que vivam com ele em economia comum; a) 240 dias, se o prazo de duração inicial do contrato ou
b) Um máximo de três hóspedes, salvo cláusula em da sua renovação for igual ou superior a seis anos;
contrário. b) 120 dias, se o prazo de duração inicial do contrato ou
da sua renovação for igual ou superior a um ano e inferior
2 — Consideram-se sempre como vivendo com o arren- a seis anos;
datário em economia comum a pessoa que com ele viva c) 60 dias, se o prazo de duração inicial do contrato
em união de facto, os seus parentes ou afins na linha reta ou da sua renovação for igual ou superior a seis meses e
ou até ao 3.º grau da linha colateral, ainda que paguem inferior a um ano;
alguma retribuição, e bem assim as pessoas relativamente d) Um terço do prazo de duração inicial do contrato ou
às quais, por força da lei ou de negócio jurídico que não da sua renovação, tratando-se de prazo inferior a seis meses.
respeite diretamente à habitação, haja obrigação de con-
vivência ou de alimentos. 2 — A antecedência a que se refere o número anterior
3 — Consideram-se «hóspedes» as pessoas a quem o reporta-se ao termo do prazo de duração inicial do contrato
arrendatário proporcione habitação e preste habitualmente ou da sua renovação.
serviços relacionados com esta, ou forneça alimentos,
mediante retribuição. Artigo 1098.º
DIVISÃO II Oposição à renovação ou denúncia pelo arrendatário
Duração 1 — O arrendatário pode impedir a renovação automá-
tica do contrato mediante comunicação ao senhorio com
Artigo 1094.º a antecedência mínima seguinte:
Tipos de contratos a) 120 dias, se o prazo de duração inicial do contrato ou
1 — O contrato de arrendamento urbano para habi- da sua renovação for igual ou superior a seis anos;
tação pode celebrar-se com prazo certo ou por duração b) 90 dias, se o prazo de duração inicial do contrato ou
indeterminada. da sua renovação for igual ou superior a um ano e inferior
2 — No contrato com prazo certo pode convencionar- a seis anos;
-se que, após a primeira renovação, o arrendamento tenha c) 60 dias, se o prazo de duração inicial do contrato
duração indeterminada. ou da sua renovação for igual ou superior a seis meses e
3 — No silêncio das partes, o contrato considera-se inferior a um ano;
celebrado com prazo certo, pelo período de dois anos. d) Um terço do prazo de duração inicial do contrato
ou da sua renovação, tratando-se de prazo inferior a seis
SUBDIVISÃO I meses.
Contrato com prazo certo
2 — A antecedência a que se refere o número anterior
Artigo 1095.º reporta-se ao termo do prazo de duração inicial do contrato
ou da sua renovação.
Estipulação de prazo certo
3 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte,
1 — O prazo deve constar de cláusula inserida no con- decorrido um terço do prazo de duração inicial do contrato
trato. ou da sua renovação, o arrendatário pode denunciá-lo a
4436 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

todo o tempo, mediante comunicação ao senhorio com a b) Para demolição ou realização de obra de remodela-
antecedência mínima seguinte: ção ou restauro profundos que obriguem à desocupação
do locado;
a) 120 dias do termo pretendido do contrato, se o prazo c) Mediante comunicação ao arrendatário com ante-
deste for igual ou superior a um ano; cedência não inferior a dois anos sobre a data em que
b) 60 dias do termo pretendido do contrato, se o prazo pretenda a cessação.
deste for inferior a um ano.
Artigo 1102.º
4 — Quando o senhorio impedir a renovação automática
do contrato, nos termos do artigo anterior, o arrendatário Denúncia para habitação
pode denunciá-lo a todo o tempo, mediante comunicação 1 — O direito de denúncia para habitação do senhorio
ao senhorio com uma antecedência não inferior a 30 dias depende do pagamento do montante equivalente a um ano
do termo pretendido do contrato. de renda e da verificação dos seguintes requisitos:
5 — A denúncia do contrato, nos termos dos n.os 3 e 4,
produz efeitos no final de um mês do calendário grego- a) Ser o senhorio proprietário, comproprietário ou usu-
riano, a contar da comunicação. frutuário do prédio há mais de dois anos ou, independente-
6 — A inobservância da antecedência prevista nos núme- mente deste prazo, se o tiver adquirido por sucessão;
ros anteriores não obsta à cessação do contrato mas obriga b) Não ter o senhorio, há mais de um ano, na área dos
concelhos de Lisboa ou do Porto e seus limítrofes ou no
ao pagamento das rendas correspondentes ao período de
respetivo concelho quanto ao resto do País casa própria
pré-aviso em falta.
que satisfaça as necessidades de habitação própria ou dos
SUBDIVISÃO II
seus descendentes em 1.º grau.
Contrato de duração indeterminada 2 — (Revogado.)
3 — O direito de denúncia para habitação do descen-
Artigo 1099.º dente está sujeito à verificação do requisito previsto na alí-
Princípio geral nea a) do n.º 1 relativamente ao senhorio e do da alínea b)
do mesmo número para o descendente.
O contrato de duração indeterminada cessa por denúncia
de uma das partes, nos termos dos artigos seguintes. Artigo 1103.º
Denúncia justificada
Artigo 1100.º
Denúncia pelo arrendatário 1 — A denúncia pelo senhorio com qualquer dos funda-
mentos previstos nas alíneas a) e b) do artigo 1101.º é feita
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, mediante comunicação ao arrendatário com antecedência
após seis meses de duração efetiva do contrato, o arren- não inferior a seis meses sobre a data pretendida para a
datário pode denunciá-lo, independentemente de qualquer desocupação e da qual conste de forma expressa, sob pena
justificação, mediante comunicação ao senhorio com a de ineficácia, o fundamento da denúncia.
antecedência mínima seguinte: 2 — Quando a denúncia tiver o fundamento previsto
na alínea b) do artigo 1101.º, a comunicação referida no
a) 120 dias do termo pretendido do contrato, se, à data
número anterior é acompanhada, sob pena de ineficácia,
da comunicação, este tiver um ano ou mais de duração da denúncia:
efetiva;
b) 60 dias do termo pretendido do contrato, se, à data a) De comprovativo de que foi iniciado, junto da enti-
da comunicação, este tiver até um ano de duração efetiva. dade competente, procedimento de controlo prévio da ope-
ração urbanística a efetuar no locado, bem como de termo
2 — Quando o senhorio impedir a renovação automática de responsabilidade do técnico autor do projeto legalmente
do contrato, nos termos do artigo anterior, o arrendatário habilitado que declare que a operação urbanística obriga
pode denunciá-lo a todo o tempo, mediante comunicação à desocupação do locado, quando se trate de operação
ao senhorio com uma antecedência não inferior a 30 dias urbanística sujeita a controlo prévio; ou
do termo pretendido do contrato. b) De descritivo da operação urbanística a efetuar no
3 — A denúncia do contrato, nos termos dos números locado, indicando que a operação urbanística está isenta
anteriores, produz efeitos no final de um mês do calendário de controlo prévio e as razões pelas quais a mesma obriga
gregoriano, a contar da comunicação. à desocupação do locado, quando se trate de operação
4 — À denúncia pelo arrendatário é aplicável, com as urbanística isenta de controlo prévio.
necessárias adaptações, o disposto no n.º 6 do artigo 1098.º
3 — Estando a operação urbanística a efetuar no locado
Artigo 1101.º sujeita a procedimento de controlo prévio, a denúncia a
que se referem os números anteriores é confirmada, sob
Denúncia pelo senhorio pena de ineficácia, mediante comunicação ao arrendatá-
O senhorio pode denunciar o contrato de duração inde- rio, acompanhada de comprovativo de deferimento do
terminada nos casos seguintes: correspondente pedido, no caso de operação urbanística
sujeita a licença administrativa, ou de que a pretensão
a) Necessidade de habitação pelo próprio ou pelos seus não foi rejeitada, no caso de operação urbanística sujeita
descendentes em 1.º grau; a comunicação prévia.
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4437

4 — Na situação prevista no número anterior, a desocu- b) Pessoa que com ele vivesse em união de facto há
pação tem lugar no prazo de 15 dias contados da receção da mais de um ano;
confirmação, salvo se não se encontrar decorrido o prazo c) Pessoa que com ele vivesse em economia comum há
previsto no n.º 1, caso em que a desocupação tem lugar mais de um ano.
até ao termo do último dos prazos.
5 — O senhorio que haja invocado o fundamento refe- 2 — Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do número
rido na alínea a) do artigo 1101.º deve dar ao local a utili- anterior, a transmissão da posição de arrendatário depende
zação invocada no prazo de três meses e por um período de, à data da morte do arrendatário, o transmissário residir
mínimo de dois anos. no locado há mais de um ano.
6 — A invocação do disposto na alínea b) do artigo 1101.º 3 — Havendo várias pessoas com direito à transmis-
obriga o senhorio, mediante acordo e em alternativa: são, a posição do arrendatário transmite-se, em igualdade
a) Ao pagamento de uma indemnização correspondente de circunstâncias, sucessivamente para o cônjuge sobre-
a um ano de renda; vivo ou pessoa que com o falecido vivesse em união de
b) A garantir o realojamento do arrendatário em condi- facto, para o parente ou afim mais próximo ou, de entre
ções análogas às que este já detinha, quer quanto ao local estes, para o mais velho ou para a mais velha de entre as
quer quanto ao valor da renda e encargo. restantes pessoas que com ele residissem em economia
comum.
7 — Caso as partes não cheguem a acordo no prazo de 4 — O direito à transmissão previsto nos números ante-
30 dias a contar da receção da comunicação prevista no riores não se verifica se, à data da morte do arrendatário, o
n.º 1, aplica-se o disposto na alínea a) do número anterior. titular desse direito tiver outra casa, própria ou arrendada,
8 — A indemnização devida pela denúncia deve ser paga na área dos concelhos de Lisboa ou do Porto e seus limí-
no momento da entrega do locado, sob pena de ineficácia trofes ou no respetivo concelho quanto ao resto do País.
da denúncia. 5 — A morte do arrendatário nos seis meses anteriores à
9 — Salvo motivo não imputável ao senhorio, o não data da cessação do contrato dá ao transmissário o direito
cumprimento do disposto no n.º 5, bem como o não início de permanecer no local por período não inferior a seis
da obra no prazo de seis meses contados da desocupação meses a contar do decesso.
do locado, obriga o senhorio ao pagamento de uma indem-
nização correspondente a 10 anos de renda. Artigo 1107.º
10 — Da denúncia pelo senhorio não pode resultar uma Comunicação
duração total do contrato inferior a dois anos.
11 — A denúncia do contrato para demolição ou rea- 1 — Por morte do arrendatário, a transmissão do ar-
lização de obra de remodelação ou restauro profundos é rendamento, ou a sua concentração no cônjuge sobrevivo,
objeto de legislação especial. deve ser comunicada ao senhorio, com cópia dos docu-
mentos comprovativos e no prazo de três meses a contar
Artigo 1104.º da ocorrência.
Confirmação da denúncia
2 — A inobservância do disposto no número anterior
obriga o transmissário faltoso a indemnizar por todos os
(Revogado.) danos derivados da omissão.

DIVISÃO III SUBSECÇÃO VIII


Transmissão Disposições especiais do arrendamento
para fins não habitacionais
Artigo 1105.º
Comunicabilidade e transmissão em vida para o cônjuge Artigo 1108.º
1 — Incidindo o arrendamento sobre casa de morada Âmbito
de família, o seu destino é, em caso de divórcio ou de As regras da presente subsecção aplicam-se aos arren-
separação judicial de pessoas e bens, decidido por acordo damentos urbanos para fins não habitacionais, bem como,
dos cônjuges, podendo estes optar pela transmissão ou pela com as necessárias adaptações e em conjunto com o regime
concentração a favor de um deles. geral da locação civil, aos arrendamentos rústicos não
2 — Na falta de acordo, cabe ao tribunal decidir, tendo sujeitos a regimes especiais.
em conta a necessidade de cada um, os interesses dos filhos
e outros fatores relevantes. Artigo 1109.º
3 — A transferência ou a concentração acordadas e
homologadas pelo juiz ou pelo conservador do registo Locação de estabelecimento
civil ou a decisão judicial a elas relativa são notificadas 1 — A transferência temporária e onerosa do gozo de
oficiosamente ao senhorio. um prédio ou de parte dele, em conjunto com a explora-
ção de um estabelecimento comercial ou industrial nele
Artigo 1106.º instalado, rege-se pelas regras da presente subsecção, com
Transmissão por morte as necessárias adaptações.
2 — A transferência temporária e onerosa de estabe-
1 — O arrendamento para habitação não caduca por
lecimento instalado em local arrendado não carece de
morte do arrendatário quando lhe sobreviva:
autorização do senhorio mas deve ser-lhe comunicada no
a) Cônjuge com residência no locado; prazo de um mês.
4438 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

Artigo 1110.º ANEXO II

Duração, denúncia ou oposição à renovação Republicação do capítulo II do título I e do título II da Lei


1 — As regras relativas à duração, denúncia e oposição n.º 6/2006, de 27 de fevereiro
à renovação dos contratos de arrendamento para fins não
habitacionais são livremente estabelecidas pelas partes, TÍTULO I
aplicando-se, na falta de estipulação, o disposto quanto
ao arrendamento para habitação. Novo Regime do Arrendamento Urbano
2 — Na falta de estipulação, o contrato considera-se
celebrado com prazo certo, pelo período de cinco anos, [...]
não podendo o arrendatário denunciá-lo com antecedência
inferior a um ano. CAPÍTULO II
Disposições gerais
Artigo 1111.º
Obras SECÇÃO I
1 — As regras relativas à responsabilidade pela realiza- Comunicações
ção das obras de conservação ordinária ou extraordinária,
requeridas por lei ou pelo fim do contrato, são livremente Artigo 9.º
estabelecidas pelas partes.
2 — Se as partes nada convencionarem, cabe ao senho- Forma da comunicação
rio executar as obras de conservação, considerando-se o 1 — Salvo disposição da lei em contrário, as comu-
arrendatário autorizado a realizar as obras exigidas por lei nicações legalmente exigíveis entre as partes relativas
ou requeridas pelo fim do contrato. a cessação do contrato de arrendamento, atualização da
renda e obras são realizadas mediante escrito assinado
Artigo 1112.º pelo declarante e remetido por carta registada com aviso
Transmissão da posição do arrendatário de receção.
2 — As cartas dirigidas ao arrendatário, na falta de indi-
1 — É permitida a transmissão por ato entre vivos da cação por escrito deste em contrário, devem ser remetidas
posição do arrendatário, sem dependência da autorização para o local arrendado.
do senhorio: 3 — As cartas dirigidas ao senhorio devem ser remetidas
a) No caso de trespasse de estabelecimento comercial para o endereço constante do contrato de arrendamento ou
ou industrial; da sua comunicação imediatamente anterior.
b) A pessoa que no prédio arrendado continue a exercer 4 — Não existindo contrato escrito nem comunicação
a mesma profissão liberal ou a sociedade profissional de anterior do senhorio, as cartas dirigidas a este devem ser
objeto equivalente. remetidas para o seu domicílio ou sede.
5 — Qualquer comunicação deve conter o endereço
2 — Não há trespasse: completo da parte que a subscreve, devendo as partes
comunicar mutuamente a alteração daquele.
a) Quando a transmissão não seja acompanhada de trans- 6 — O escrito assinado pelo declarante pode, ainda, ser
ferência, em conjunto, das instalações, utensílios, mercado- entregue em mão, devendo o destinatário apor em cópia a
rias ou outros elementos que integram o estabelecimento; sua assinatura, com nota de receção.
b) Quando a transmissão vise o exercício, no prédio, 7 — A comunicação pelo senhorio destinada à cessa-
de outro ramo de comércio ou indústria ou, de um modo ção do contrato por resolução, nos termos do n.º 2 do
geral, a sua afetação a outro destino. artigo 1084.º do Código Civil, é efetuada mediante:

3 — A transmissão deve ser celebrada por escrito e a) Notificação avulsa;


comunicada ao senhorio. b) Contacto pessoal de advogado, solicitador ou agente de
4 — O senhorio tem direito de preferência no trespasse execução, sendo feita na pessoa do notificando, com entrega
por venda ou dação em cumprimento, salvo convenção de duplicado da comunicação e cópia dos documentos que
em contrário. a acompanhem, devendo o notificando assinar o original;
5 — Quando, após a transmissão, seja dado outro destino c) Escrito assinado e remetido pelo senhorio nos termos
ao prédio, ou o transmissário não continue o exercício da do n.º 1, nos contratos celebrados por escrito em que tenha
mesma profissão liberal, o senhorio pode resolver o contrato. sido convencionado o domicílio, caso em que é inoponível
ao senhorio qualquer alteração do local, salvo se este tiver
autorizado a modificação.
Artigo 1113.º
Morte do arrendatário Artigo 10.º
1 — O arrendamento não caduca por morte do arren- Vicissitudes
datário, mas os sucessores podem renunciar à transmis-
1 — A comunicação prevista no n.º 1 do artigo anterior
são, comunicando a renúncia ao senhorio no prazo de
considera-se realizada ainda que:
três meses, com cópia dos documentos comprovativos da
ocorrência. a) A carta seja devolvida por o destinatário se ter recu-
2 — É aplicável o disposto no artigo 1107.º, com as sado a recebê-la ou não a ter levantado no prazo previsto
necessárias adaptações. no regulamento dos serviços postais;
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4439

b) O aviso de receção tenha sido assinado por pessoa Artigo 12.º


diferente do destinatário. Casa de morada de família

2 — O disposto no número anterior não se aplica às 1 — Se o local arrendado constituir casa de morada de
cartas que: família, as comunicações previstas no n.º 2 do artigo 10.º
devem ser dirigidas a cada um dos cônjuges.
a) Constituam iniciativa do senhorio para a transição 2 — As comunicações do arrendatário podem ser subs-
para o NRAU e atualização da renda, nos termos dos ar- critas por ambos ou por um só dos cônjuges.
tigos 30.º e 50.º; 3 — Devem, no entanto, ser subscritas por ambos os
b) Integrem título para pagamento de rendas, encargos cônjuges as comunicações que tenham por efeito algum
ou despesas ou que possam servir de base ao procedimento dos previstos no artigo 1682.º-B do Código Civil.
especial de despejo, nos termos dos artigos 14.º-A e 15.º,
respetivamente, salvo nos casos de domicílio convencio-
nado nos termos da alínea c) do n.º 7 do artigo anterior. SECÇÃO II
Associações
3 — Nas situações previstas no número anterior, o se-
nhorio deve remeter nova carta registada com aviso de Artigo 13.º
receção decorridos que sejam 30 a 60 dias sobre a data do
Legitimidade
envio da primeira carta.
4 — Se a nova carta voltar a ser devolvida, nos termos 1 — As associações representativas das partes, quando
da alínea a) do n.º 1, considera-se a comunicação recebida expressamente autorizadas pelos interessados, gozam de
no 10.º dia posterior ao do seu envio. legitimidade para assegurar a defesa judicial dos seus mem-
5 — Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 7 do bros em questões relativas ao arrendamento.
artigo anterior, se: 2 — Gozam do direito referido no número anterior as
a) O destinatário da comunicação recusar a assinatura associações que, cumulativamente:
do original ou a receção do duplicado da comunicação e a) Tenham personalidade jurídica;
cópia dos documentos que a acompanhem, o advogado, b) Não tenham fins lucrativos;
solicitador ou agente de execução lavra nota do incidente c) Tenham como objetivo principal proteger os direitos e
e a comunicação considera-se efetuada no próprio dia face interesses dos seus associados, na qualidade de senhorios,
à certificação da ocorrência; inquilinos ou comerciantes;
b) Não for possível localizar o destinatário da comu- d) Tenham, pelo menos, 3000, 500 ou 100 associados,
nicação, o senhorio remete carta registada com aviso de consoante a área a que circunscrevam a sua ação seja de
receção para o local arrendado, decorridos 30 a 60 dias âmbito nacional, regional ou local, respetivamente.
sobre a data em que o destinatário não foi localizado, e
considera-se a comunicação recebida no 10.º dia posterior SECÇÃO III
ao do seu envio.
Despejo
Artigo 11.º
SUBSECÇÃO I
Pluralidade de senhorios ou de arrendatários
Ações judiciais
1 — Havendo pluralidade de senhorios, as comuni-
cações devem, sob pena de ineficácia, ser subscritas por Artigo 14.º
todos, ou por quem a todos represente, devendo o arren-
datário dirigir as suas comunicações ao representante, ou Ação de despejo
a quem em comunicação anterior tenha sido designado 1 — A ação de despejo destina-se a fazer cessar a situa-
para as receber. ção jurídica do arrendamento sempre que a lei imponha o
2 — Na falta da designação prevista no número an- recurso à via judicial para promover tal cessação e segue
terior, o arrendatário dirige as suas comunicações ao a forma de processo comum declarativo.
primeiro signatário e envia a carta para o endereço do 2 — Quando o pedido de despejo tiver por fundamento
remetente. a falta de residência permanente do arrendatário e quando
3 — Havendo pluralidade de arrendatários, a comunica- este tenha na área dos concelhos de Lisboa ou do Porto e
ção do senhorio é dirigida ao que figurar em primeiro lugar seus limítrofes ou no respetivo concelho quanto ao resto do
no contrato, salvo indicação daqueles em contrário. País outra residência ou a propriedade de imóvel para habi-
4 — A comunicação prevista no número anterior é, con- tação adquirido após o início da relação de arrendamento,
tudo, dirigida a todos os arrendatários nos casos previstos com exceção dos casos de sucessão mortis causa, pode o
no n.º 2 do artigo anterior. senhorio, simultaneamente, pedir uma indemnização igual
5 — Se a posição do destinatário estiver integrada em ao valor da renda determinada de acordo com os critérios
herança indivisa, a comunicação é dirigida ao cabeça-de- previstos nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 35.º desde
-casal, salvo indicação de outro representante. o termo do prazo para contestar até à entrega efetiva da
6 — Nas situações previstas nos números anteriores, a habitação.
pluralidade de comunicações de conteúdo diverso por parte 3 — Na pendência da ação de despejo, as rendas que
dos titulares das posições de senhorio ou de arrendatário se forem vencendo devem ser pagas ou depositadas, nos
equivale ao silêncio. termos gerais.
4440 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

4 — Se as rendas, encargos ou despesas vencidos por 3 — Para efeitos do disposto na alínea d) do número
um período igual ou superior a dois meses não forem pa- anterior, o comprovativo da comunicação prevista no
gos ou depositados, o arrendatário é notificado para, em n.º 1 do artigo 1103.º do Código Civil é acompanhado
10 dias, proceder ao seu pagamento ou depósito e ainda dos documentos referidos no n.º 2 do mesmo artigo ou,
da importância da indemnização devida, juntando prova sendo caso disso, de cópia da certidão a que se refere o
aos autos, sendo, no entanto, condenado nas custas do n.º 7 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 157/2006, de 8 de
incidente e nas despesas de levantamento do depósito, que agosto, que aprova o regime jurídico das obras em prédios
são contadas a final. arrendados.
5 — Em caso de incumprimento pelo arrendatário do 4 — O procedimento especial de despejo previsto na
disposto no número anterior, o senhorio pode requerer o presente subsecção apenas pode ser utilizado relativamente
despejo imediato, aplicando-se, em caso de deferimento a contratos de arrendamento cujo imposto do selo tenha
do requerimento, com as necessárias adaptações, o dis- sido liquidado.
posto no n.º 7 do artigo 15.º e nos artigos 15.º-J, 15.º-L e 5 — Quando haja lugar a procedimento especial de
15.º-M a 15.º-O. despejo, o pedido de pagamento de rendas, encargos ou
despesas que corram por conta do arrendatário pode ser
Artigo 14.º-A deduzido cumulativamente com o pedido de despejo no
âmbito do referido procedimento desde que tenha sido
Título para pagamento de rendas, encargos ou despesas
comunicado ao arrendatário o montante em dívida, salvo
O contrato de arrendamento, quando acompanhado do se previamente tiver sido intentada ação executiva para os
comprovativo de comunicação ao arrendatário do mon- efeitos previstos no artigo anterior.
tante em dívida, é título executivo para a execução para 6 — No caso de desistência do pedido de pagamento
pagamento de quantia certa correspondente às rendas, de rendas, encargos ou despesas, o procedimento especial
aos encargos ou às despesas que corram por conta do ar- de despejo segue os demais trâmites legalmente previstos
rendatário. quanto ao pedido de desocupação do locado.
7 — Sempre que os autos sejam distribuídos, o juiz deve
SUBSECÇÃO II pronunciar-se sobre todas as questões suscitadas e, inde-
pendentemente de ter sido requerida, sobre a autorização
Procedimento especial de despejo de entrada no domicílio.
8 — As rendas que se forem vencendo na pendência
Artigo 15.º do procedimento especial de despejo devem ser pagas ou
Procedimento especial de despejo depositadas, nos termos gerais.
1 — O procedimento especial de despejo é um meio Artigo 15.º-A
processual que se destina a efetivar a cessação do arren-
damento, independentemente do fim a que este se destina, Balcão Nacional do Arrendamento
quando o arrendatário não desocupe o locado na data pre- 1 — É criado, junto da Direção-Geral da Administração
vista na lei ou na data fixada por convenção entre as partes. da Justiça, o Balcão Nacional do Arrendamento (BNA),
2 — Apenas podem servir de base ao procedimento destinado a assegurar a tramitação do procedimento es-
especial de despejo independentemente do fim a que se pecial de despejo.
destina o arrendamento: 2 — O BNA tem competência em todo o território
a) Em caso de revogação, o contrato de arrendamento, nacional para a tramitação do procedimento especial de
acompanhado do acordo previsto no n.º 2 do artigo 1082.º despejo.
do Código Civil;
b) Em caso de caducidade pelo decurso do prazo, não Artigo 15.º-B
sendo o contrato renovável, o contrato escrito do qual Apresentação, forma e conteúdo do requerimento de despejo
conste a fixação desse prazo;
c) Em caso de cessação por oposição à renovação, o 1 — O requerimento de despejo é apresentado, em mo-
contrato de arrendamento acompanhado do comprovativo delo próprio, no BNA.
da comunicação prevista no n.º 1 do artigo 1097.º ou no 2 — No requerimento deve o requerente:
n.º 1 do artigo 1098.º do Código Civil; a) Identificar as partes, indicando os seus nomes e do-
d) Em caso de denúncia por comunicação pelo senhorio, micílios, bem como os respetivos números de identificação
o contrato de arrendamento, acompanhado do comprova- civil;
tivo da comunicação prevista na alínea c) do artigo 1101.º b) Indicar o seu endereço de correio eletrónico se pre-
ou no n.º 1 do artigo 1103.º do Código Civil; tender receber comunicações por meios eletrónicos;
e) Em caso de resolução por comunicação, o contrato c) Indicar o tribunal competente para apreciação dos
de arrendamento, acompanhado do comprovativo da co- autos se forem apresentados à distribuição;
municação prevista no n.º 2 do artigo 1084.º do Código d) Indicar o lugar onde deve ser feita a notificação, o
Civil, bem como, quando aplicável, do comprovativo, qual, na falta de domicílio convencionado por escrito, deve
emitido pela autoridade competente, da oposição à reali- ser o local arrendado;
zação da obra; e) Indicar o fundamento do despejo e juntar os docu-
f) Em caso de denúncia pelo arrendatário, nos termos dos mentos previstos no n.º 2 do artigo 15.º;
n.os 3 e 4 do artigo 1098.º do Código Civil e dos artigos 34.º f) Indicar o valor da renda;
e 53.º da presente lei, o comprovativo da comunicação g) Formular o pedido e, no caso de pedido para paga-
da iniciativa do senhorio e o documento de resposta do mento de rendas, encargos ou despesas, discriminar o valor
arrendatário. do capital, juros vencidos e outras quantias devidas;
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4441

h) Juntar comprovativo do pagamento do imposto do h) Não se mostrarem pagos a taxa e o imposto do selo;
selo; i) O pedido não se ajustar à finalidade do procedimento.
i) Indicar que pretende proceder ao pagamento da taxa
devida ou, sendo o caso, indicar a modalidade de apoio 2 — Nos casos em que haja recusa, o requerente
judiciário concedido, bem como juntar documento com- pode apresentar outro requerimento no prazo de 10
provativo da respetiva concessão, sem prejuízo do disposto dias subsequentes à notificação daquela, considerando-
no n.º 7; -se o procedimento iniciado na data em que teve lugar o
j) Designar o agente de execução ou o notário compe- pagamento da taxa devida pela apresentação do primeiro
tente para proceder à desocupação do locado; requerimento ou a junção do documento comprovativo
k) Designar agente de execução para proceder à exe- do pedido ou da concessão do benefício do apoio ju-
cução para pagamento das rendas, encargos ou despesas diciário na modalidade de dispensa ou de pagamento
em atraso, nos casos em que seja designado notário para faseado da taxa de justiça e dos demais encargos com
proceder à desocupação do locado ou este venha a ser
o processo.
competente;
l) Assinar o requerimento.
Artigo 15.º-D
3 — Havendo pluralidade de arrendatários ou cons- Finalidade, conteúdo e efeito da notificação
tituindo o local arrendado casa de morada de família, o
requerente deve ainda identificar os nomes e domicílios de 1 — O BNA expede imediatamente notificação para o
todos os arrendatários e de ambos os cônjuges, consoante requerido, por carta registada com aviso de receção, para,
o caso. em 15 dias, este:
4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 6 do artigo 15.º, a) Desocupar o locado e, sendo caso disso, pagar ao
durante o procedimento especial de despejo não é permitida requerente a quantia pedida, acrescida da taxa por ele
a alteração dos elementos constantes do requerimento, liquidada;
designadamente do pedido formulado. b) Deduzir oposição à pretensão e ou requerer o diferi-
5 — A entrega do requerimento de despejo por advo- mento da desocupação do locado, nos termos do disposto
gado ou solicitador é efetuada apenas por via eletrónica, nos artigos 15.º-N e 15.º-O.
com menção da existência do mandato e do domicílio
profissional do mandatário.
6 — O requerente que, sendo representado por advo- 2 — Havendo vários requeridos, a notificação é expe-
gado ou solicitador, não cumprir o disposto no número dida para todos eles, nos termos e para os efeitos previstos
anterior fica sujeito ao pagamento imediato de uma multa no número anterior.
no valor de 2 unidades de conta processuais. 3 — A notificação é expedida para o local indicado no
7 — Faltando, à data da apresentação do requerimento, requerimento de despejo, aplicando-se, com as necessá-
menos de 30 dias para o termo do prazo de prescrição rias adaptações, o disposto no artigo 236.º, nos n.os 3 a 5
ou de caducidade, ou ocorrendo outra causa de urgência, do artigo 237.º-A e no n.º 2 do artigo 238.º do Código de
deve o requerente apresentar documento comprovativo Processo Civil, não havendo lugar à advertência prevista
do pedido de apoio judiciário requerido, mas ainda não no artigo 241.º do mesmo Código.
concedido. 4 — O ato de notificação deve conter:
8 — O procedimento considera-se iniciado na data do
a) Os elementos referidos nas alíneas a) a h) do n.º 2
pagamento da taxa devida ou na data da junção do do-
cumento comprovativo do pedido ou da concessão de do artigo 15.º-B e, se for caso disso, no n.º 3 do mesmo
apoio judiciário, na modalidade de dispensa ou pagamento artigo;
faseado da taxa de justiça e dos demais encargos com o b) A indicação do prazo para a oposição e a respetiva
processo. forma de contagem;
c) A indicação de que, na falta de desocupação do lo-
Artigo 15.º-C cado, de oposição dentro do prazo legal ou do pagamento
ou depósito das rendas que se venceram na pendência do
Recusa do requerimento procedimento especial de despejo, será constituído título
1 — O requerimento só pode ser recusado se: para desocupação do locado com a faculdade de o reque-
rente a efetivar imediatamente;
a) Não estiver endereçado ao BNA; d) Nos casos de pedido de pagamento das rendas, en-
b) Não indicar o fundamento do despejo ou não for
cargos ou despesas em atraso, a indicação de que, na falta
acompanhado dos documentos previstos no n.º 2 do ar-
tigo 15.º; de pagamento da quantia pedida e da taxa liquidada pelo
c) Não estiver indicado o valor da renda; requerente, são ainda devidos juros de mora desde a data
d) Não estiver indicada a modalidade de apoio judiciário da apresentação do requerimento;
requerida ou concedida, bem como se não estiver junto o e) A indicação de que a dedução de oposição cuja falta
documento comprovativo do pedido ou da concessão do de fundamento o requerido não deva ignorar o responsa-
benefício do apoio judiciário; biliza pelos danos que causar ao requerente e determina
e) Omitir a identificação das partes, o domicílio do a condenação em multa de valor não inferior a 10 vezes
requerente, os números de identificação civil ou o lugar a taxa devida.
da notificação do requerido;
f) Não estiver assinado; 5 — A notificação efetuada nos termos do presente ar-
g) Não constar do modelo a que se refere o n.º 1 do tigo interrompe a prescrição, nos termos do disposto no
artigo anterior; artigo 323.º do Código Civil.
4442 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

Artigo 15.º-E daquele facto se este já tiver sido notificado do requeri-


Constituição de título para desocupação do locado
mento de despejo.

1 — O BNA converte o requerimento de despejo em Artigo 15.º-H


título para desocupação do locado se:
Distribuição e termos posteriores
a) Depois de notificado, o requerido não deduzir opo-
sição no respetivo prazo; 1 — Deduzida oposição, o BNA apresenta os autos à
b) A oposição se tiver por não deduzida nos termos do distribuição e remete ao requerente cópia da oposição.
disposto no n.º 4 do artigo seguinte; 2 — Recebidos os autos, o juiz pode convidar as partes
c) Na pendência do procedimento especial de despejo, para, no prazo de 5 dias, aperfeiçoarem as peças processu-
o requerido não proceder ao pagamento ou depósito das ais, ou, no prazo de 10 dias, apresentarem novo articulado
rendas que se forem vencendo, nos termos previstos no sempre que seja necessário garantir o contraditório.
n.º 8 do artigo 15.º 3 — Não julgando logo procedente alguma exceção
dilatória ou nulidade que lhe cumpra conhecer ou não deci-
2 — O título de desocupação do locado é autenticado dindo logo do mérito da causa, o juiz ordena a notificação
com recurso a assinatura eletrónica. das partes da data da audiência de julgamento.
3 — Constituído o título de desocupação do locado, 4 — Os autos são igualmente apresentados à distri-
o BNA disponibiliza o requerimento de despejo no qual buição sempre que se suscite questão sujeita a decisão
tenha sido colocada a fórmula de título para desocupação judicial.
do locado ao requerente e ao agente de execução, notário
ou oficial de justiça designado, consoante os casos, nos Artigo 15.º-I
termos definidos por portaria do membro do Governo Audiência de julgamento e sentença
responsável pela área da justiça.
1 — A audiência de julgamento realiza-se no prazo de
Artigo 15.º-F 20 dias a contar da distribuição.
Oposição
2 — Não é motivo de adiamento da audiência a falta
de qualquer das partes ou dos seus mandatários, salvo nos
1 — O requerido pode opor-se à pretensão de despejo casos de justo impedimento.
no prazo de 15 dias a contar da sua notificação. 3 — Se as partes estiverem presentes ou representadas
2 — A oposição não carece de forma articulada e, de- na audiência, o juiz procura conciliá-las.
vendo ser apresentada no BNA apenas por via eletrónica, 4 — Frustrando-se a conciliação, produzem-se as provas
com menção da existência do mandato e do domicílio que ao caso couber.
profissional do mandatário, sob pena de pagamento ime- 5 — Qualquer das partes pode requerer a gravação da
diato de uma multa no valor de 2 unidades de conta pro- audiência.
cessuais. 6 — As provas são oferecidas na audiência, podendo
3 — Com a oposição, deve o requerido proceder à jun- cada parte apresentar até três testemunhas.
ção do documento comprovativo do pagamento da taxa de 7 — A prova pericial é sempre realizada por um único
justiça devida e, nos casos previstos nos n.os 3 e 4 do ar- perito.
tigo 1083.º do Código Civil, ao pagamento de uma caução 8 — Se considerar indispensável para a boa decisão da
no valor das rendas, encargos ou despesas em atraso, até causa que se proceda a alguma diligência de prova, o juiz
ao valor máximo correspondente a seis rendas, salvo nos pode suspender a audiência no momento que reputar mais
casos de apoio judiciário, em que está isento, nos termos conveniente e marcar logo dia para a sua continuação,
a definir por portaria do membro do Governo responsável
devendo o julgamento concluir-se no prazo de 10 dias.
pela área da justiça.
9 — Finda a produção de prova, pode cada um dos
4 — Não se mostrando paga a taxa ou a caução previstas
no número anterior, a oposição tem-se por não deduzida. mandatários fazer uma breve alegação oral.
5 — A oposição tem-se igualmente por não deduzida 10 — A sentença, sucintamente fundamentada, é logo
quando o requerido não efetue o pagamento da taxa devida ditada para a ata.
no prazo de cinco dias a contar da data da notificação da
decisão definitiva de indeferimento do pedido de apoio Artigo 15.º-J
judiciário, na modalidade de dispensa ou de pagamento Desocupação do locado e pagamento das rendas em atraso
faseado da taxa e dos demais encargos com o processo.
1 — Havendo título ou decisão judicial para desocupa-
Artigo 15.º-G ção do locado, o agente de execução, o notário ou, na falta
destes ou sempre que lei lhe atribua essa competência, o
Extinção do procedimento oficial de justiça desloca-se imediatamente ao locado para
1 — O procedimento especial de despejo extingue-se tomar a posse do imóvel, lavrando auto da diligência.
pela desocupação do locado, por desistência e por morte 2 — O senhorio e o arrendatário podem acordar num
do requerente ou do requerido. prazo para a desocupação do locado com remoção de to-
2 — O requerente pode desistir do procedimento espe- dos os bens móveis, sendo lavrado auto pelo agente de
cial de despejo até à dedução da oposição ou, na sua falta, execução, notário ou oficial de justiça.
até ao termo do prazo de oposição. 3 — O agente de execução, o notário ou o oficial de jus-
3 — Nos casos previstos nos números anteriores, o BNA tiça podem solicitar diretamente o auxílio das autoridades
devolve a pedido do requerente o expediente respeitante policiais sempre que seja necessário o arrombamento da
ao procedimento especial de despejo e notifica o requerido porta e a substituição da fechadura para efetivar a posse do
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4443

imóvel, aplicando-se, com as necessárias adaptações, o dis- 6 — O disposto nos números anteriores é aplicável,
posto no n.º 5 do artigo 840.º do Código de Processo Civil. com as necessárias adaptações, aos casos em que a entrada
4 — Quando a desocupação do locado deva efetuar-se no locado dependa de autorização judicial nos termos
em domicílio, a mesma só pode realizar-se entre as 7 e as da lei.
21 horas, devendo o agente de execução, o notário ou o
oficial de justiça entregar cópia do título ou decisão judicial Artigo 15.º-M
a quem tiver a disponibilidade do lugar em que a diligên- Suspensão da desocupação do locado
cia se realiza, o qual pode assistir à diligência e fazer-se
acompanhar ou substituir por pessoa da sua confiança que, 1 — O agente de execução, o notário ou o oficial de
sem delonga, se apresente no local. justiça suspende as diligências para desocupação do locado
5 — O título para desocupação do locado, quando tenha sempre que o detentor da coisa, ao qual não tenha sido
sido efetuado o pedido de pagamento das rendas, encargos dada a oportunidade de intervir no procedimento especial
ou despesas em atraso, e a decisão judicial que condene o de despejo, exibir algum dos seguintes títulos, com data
requerido no pagamento daqueles constituem título execu- anterior ao início daquele procedimento:
tivo para pagamento de quantia certa, aplicando-se, com as a) Título de arrendamento ou de outro gozo legítimo
necessárias adaptações, os termos previstos no Código de do prédio, emanado do senhorio;
Processo Civil para a execução para pagamento de quantia b) Título de subarrendamento ou de cessão da posição
certa baseada em injunção. contratual, emanado do arrendatário, e documento compro-
6 — Nos casos previstos no número anterior não há vativo de haver sido requerida no prazo de 15 dias a respe-
lugar a oposição à execução. tiva notificação ao senhorio ou de este ter especialmente
autorizado o subarrendamento ou a cessão ou, ainda, de
Artigo 15.º-K ter reconhecido o subarrendatário ou cessionário como tal.
Destino dos bens
2 — Tratando-se de arrendamento para habitação, o
1 — O agente de execução, o notário ou o oficial de agente de execução, o notário ou o oficial de justiça sus-
justiça procede ao arrolamento dos bens encontrados no pende as diligências executórias quando se mostre, por
locado. atestado médico que indique fundamentadamente o prazo
2 — O arrendatário deve, no prazo de 30 dias após a to- durante o qual se deve suspender a execução, que a dili-
mada da posse do imóvel, remover todos os seus bens mó- gência põe em risco de vida a pessoa que se encontra no
veis, sob pena de estes serem considerados abandonados. local, por razões de doença aguda.
3 — Nos casos referidos nos números anteriores, o
Artigo 15.º-L agente de execução, o notário ou o oficial de justiça lavra
Autorização judicial para entrada imediata no domicílio certidão das ocorrências, junta os documentos exibidos e
adverte o detentor, ou a pessoa que se encontra no local,
1 — Caso o arrendatário não desocupe o domicílio de que as diligências para a desocupação do locado pros-
de livre vontade ou incumpra o acordo previsto no n.º 2 seguem, salvo se, no prazo de 10 dias, requerer ao juiz
do artigo 15.º-J e o procedimento especial de despejo do tribunal judicial da situação do locado a confirmação
não tenha sido distribuído a juiz, o agente de execução, da suspensão, juntando ao requerimento os documentos
o notário ou o oficial de justiça apresenta requerimento disponíveis, dando do facto imediato conhecimento ao
no tribunal judicial da situação do locado para, no prazo senhorio ou ao seu representante.
de cinco dias, ser autorizada a entrada imediata no do- 4 — Ouvido o senhorio, o juiz do tribunal judicial da
micílio. situação do locado, no prazo de cinco dias, decide manter
2 — O requerimento previsto no número anterior as- suspensas as diligências para a desocupação ou ordena
sume caráter de urgência e deve ser instruído com: o levantamento da suspensão e a imediata prossecução
a) O título para desocupação do locado; daquelas.
b) O documento comprovativo do pagamento da taxa
de justiça devida. Artigo 15.º-N
Diferimento da desocupação de imóvel arrendado para habitação
3 — Se a considerar necessária, o juiz procede à audição
do arrendatário. 1 — No caso de imóvel arrendado para habitação, den-
4 — São motivos de recusa do requerimento de autori- tro do prazo para a oposição ao procedimento especial de
zação para entrada no domicílio, designadamente: despejo, o arrendatário pode requerer ao juiz do tribunal
judicial da situação do locado o diferimento da desocupa-
a) Não ter sido utilizado o modelo de requerimento ou ção, por razões sociais imperiosas, devendo logo oferecer
este não estar devidamente preenchido; as provas disponíveis e indicar as testemunhas a apresentar,
b) O requerimento não estar instruído com os documen- até ao limite de três.
tos referidos no n.º 2; 2 — O diferimento de desocupação do locado para
c) A violação do disposto nos artigos 9.º, 10.º e 15.º-D. habitação é decidido de acordo com o prudente arbítrio
do tribunal, devendo o juiz ter em consideração as exi-
5 — Conferida autorização judicial para entrada no gências da boa fé, a circunstância de o arrendatário não
domicílio, o agente de execução, o notário ou o oficial de dispor imediatamente de outra habitação, o número de
justiça desloca-se imediatamente ao locado para tomar a pessoas que habitam com o arrendatário, a sua idade,
posse do imóvel, aplicando-se o disposto nos n.os 2 a 4 do o seu estado de saúde e, em geral, a situação econó-
artigo 15.º-J e no artigo anterior. mica e social das pessoas envolvidas, só podendo ser
4444 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

concedido desde que se verifique algum dos seguintes tação do recurso de apelação, nos termos do Código de
fundamentos: Processo Civil.
a) Que, tratando-se de resolução por não pagamento de
rendas, a falta do mesmo se deve a carência de meios do ar- Artigo 15.º-Q
rendatário, o que se presume relativamente ao beneficiário Recurso da decisão judicial para desocupação do locado
de subsídio de desemprego, de valor igual ou inferior à
retribuição mínima mensal garantida, ou de rendimento Independentemente do valor da causa e da sucumbência,
social de inserção; da decisão judicial para desocupação do locado cabe sem-
b) Que o arrendatário é portador de deficiência com grau pre recurso de apelação, nos termos do Código de Processo
comprovado de incapacidade superior a 60 %. Civil, o qual tem sempre efeito meramente devolutivo.

3 — No caso de diferimento decidido com base na alí- Artigo 15.º-R


nea a) do número anterior, cabe ao Fundo de Socorro Uso indevido ou abusivo do procedimento
Social do Instituto de Gestão Financeira da Segurança
Social pagar ao senhorio as rendas correspondentes ao 1 — Aquele que fizer uso indevido do procedimento
período de diferimento, ficando aquele sub-rogado nos especial de despejo do locado incorre em responsabilidade
direitos deste. nos termos da lei.
2 — Se o senhorio ou o arrendatário usarem meios cuja
Artigo 15.º-O falta de fundamento não devessem ignorar ou fizerem uso
manifestamente reprovável do procedimento especial de
Termos do diferimento da desocupação despejo, respondem pelos danos que culposamente causa-
1 — O requerimento de diferimento da desocupação rem à outra parte e incorrem em multa de valor não inferior
assume carácter de urgência e é indeferido liminarmente a 10 vezes a taxa de justiça devida.
quando: 3 — O disposto no número anterior é ainda aplicável
ao detentor do locado ou a qualquer outro interveniente no
a) Tiver sido apresentado fora do prazo; procedimento especial de despejo que, injustificadamente,
b) O fundamento não se ajustar a algum dos referidos obste à efetivação da desocupação do locado.
no artigo anterior; 4 — Incorre na prática do crime de desobediência qua-
c) For manifestamente improcedente. lificada quem infrinja a decisão judicial de desocupação
do locado.
2 — Se o requerimento for recebido, o senhorio é noti-
ficado para contestar, dentro do prazo de 10 dias, devendo Artigo 15.º-S
logo oferecer as provas disponíveis e indicar as testemu-
nhas a apresentar, até ao limite de três. Disposições finais
3 — O juiz deve decidir o pedido de diferimento da de- 1 — Ao procedimento especial de despejo aplica-se o
socupação por razões sociais no prazo máximo de 20 dias regime de acesso ao direito e aos tribunais, com as neces-
a contar da sua apresentação, sendo, no caso previsto na
sárias adaptações e as seguintes especificidades:
alínea a) do n.º 2 do artigo anterior, a decisão oficiosa-
mente comunicada, com a sua fundamentação, ao Fundo a) O prazo previsto no n.º 1 do artigo 33.º da Lei
de Socorro Social do Instituto de Gestão Financeira da n.º 34/2004, de 29 de julho, é reduzido para 10 dias;
Segurança Social. b) Não se aplica o disposto no n.º 2 do artigo 33.º da
4 — O diferimento não pode exceder o prazo de cinco Lei n.º 34/2004, de 29 de julho;
meses a contar da data do trânsito em julgado da decisão c) Sendo requerido apoio judiciário para dispensa de
que o conceder. pagamento ou pagamento faseado das taxas e demais en-
cargos equivale ao pagamento da taxa a que alude o n.º 7
Artigo 15.º-P do artigo 15.º-B a junção do documento comprovativo da
Impugnação do título para desocupação do locado apresentação do respetivo pedido.
1 — O arrendatário só pode impugnar o título para de- 2 — Em caso de indeferimento do pedido de apoio judi-
socupação do locado com fundamento na violação do ciário na modalidade de dispensa ou de pagamento faseado
disposto nos artigos 9.º, 10.º e 15.º-D. de taxa e demais encargos com o processo, o requerente
2 — A impugnação prevista no número anterior é apre- deve efetuar o pagamento da taxa devida no prazo de 5 dias
sentada ao juiz do tribunal judicial da situação do locado, a contar da data da notificação da decisão definitiva de
no prazo de 10 dias a contar da deslocação do agente de indeferimento, sob pena de extinção do procedimento ou,
execução, do notário ou do oficial de justiça ao imóvel para caso já tenha sido constituído título para desocupação do
a sua desocupação, ou do momento em que o arrendatário locado, de pagamento do valor igual a 10 vezes o valor
teve conhecimento de ter sido efetuada a sua desocupação, da taxa devida.
podendo ser acompanhada de cópia do título para deso- 3 — No procedimento especial de despejo, é obrigatória
cupação do locado. a constituição de advogado para a dedução de oposição ao
3 — A impugnação observa as seguintes regras: requerimento de despejo.
a) A prova é oferecida com o requerimento; 4 — As partes têm de se fazer representar por advogado
b) A parte requerida é notificada para, em 10 dias, se nos atos processuais subsequentes à distribuição no pro-
opor à impugnação e oferecer prova; cedimento especial de despejo.
c) A impugnação tem sempre efeito meramente devo- 5 — Aos prazos do procedimento especial de despejo
lutivo, seguindo, com as necessárias adaptações, a trami- aplicam-se as regras previstas no Código de Processo Ci-
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4445

vil, não havendo lugar à sua suspensão durante as férias 2 — O previsto na presente secção é aplicável, com as
judiciais nem a qualquer dilação. necessárias adaptações, ao depósito do valor correspon-
6 — Estão sujeitos a distribuição a autorização judi- dente a encargos e despesas a cargo do arrendatário.
cial para entrada imediata no domicílio, a suspensão da
desocupação do locado e o diferimento da desocupação Artigo 18.º
de imóvel arrendado para habitação, previstos nos arti-
Termos do depósito
gos 15.º-L a 15.º-O, bem como os demais atos que careçam
de despacho judicial. 1 — O depósito é feito em qualquer agência de institui-
7 — O tribunal competente para todas as questões sus- ção de crédito, perante um documento em dois exemplares,
citadas no âmbito do procedimento especial de despejo é assinado pelo arrendatário, ou por outrem em seu nome,
o da situação do locado. e do qual constem:
8 — Os atos a praticar pelo juiz no âmbito do procedi-
mento especial de despejo assumem carácter urgente. a) A identidade do senhorio e do arrendatário;
9 — Compete ao membro do Governo responsável pela b) A identificação do locado;
área da justiça regulamentar o procedimento especial de c) O quantitativo da renda, encargo ou despesa;
despejo, nomeadamente, nas seguintes matérias: d) O período de tempo a que ela respeita;
e) O motivo por que se pede o depósito.
a) Aprovação do modelo de requerimento de despejo;
b) Forma de apresentação dos requerimentos de despejo, 2 — Um dos exemplares do documento referido no
oposição, autorização judicial para entrada imediata no do- número anterior fica em poder da instituição de crédito,
micílio, suspensão da desocupação do locado e diferimento cabendo o outro ao depositante, com o lançamento de ter
da desocupação de imóvel arrendado para habitação; sido efetuado o depósito.
c) Forma de apresentação da impugnação do título para 3 — O depósito fica à ordem do tribunal da situação
desocupação do locado e da oposição à mesma; do prédio ou, quando efetuado na pendência de processo
d) Forma de pagamento da caução devida pela dedução judicial, do respetivo tribunal.
de oposição à desocupação do locado;
e) Forma de apresentação da contestação do pedido de Artigo 19.º
diferimento da desocupação;
f) Modo de designação, substituição e destituição do Notificação do senhorio
agente de execução, notário ou oficial de justiça; 1 — O arrendatário deve comunicar ao senhorio o de-
g) Forma de disponibilização do título de desocupação pósito da renda.
do locado; 2 — A junção do duplicado ou duplicados das guias de
h) Comunicações e notificações; depósito à contestação, ou figura processual a ela equiva-
i) Fixação de taxas e forma de pagamento; lente, de ação baseada na falta de pagamento produz os
j) Remuneração do agente de execução ou notário ou pa- efeitos da comunicação.
gamento de taxa no caso de intervenção de oficial de justiça.
Artigo 20.º
SECÇÃO IV Depósitos posteriores

Justo impedimento 1 — Enquanto subsistir a causa do depósito, o arrenda-


tário pode depositar as rendas posteriores, sem necessidade
Artigo 16.º de nova oferta de pagamento nem de comunicação dos
depósitos sucessivos.
Invocação de justo impedimento 2 — Os depósitos posteriores são considerados depen-
1 — Considera-se «justo impedimento» o evento não dência e consequência do depósito inicial, valendo quanto
imputável à parte em contrato de arrendamento urbano que a eles o que for decidido em relação a este.
obste à prática atempada de um ato previsto nesta lei ou à
receção das comunicações que lhe sejam dirigidas. Artigo 21.º
2 — O justo impedimento deve ser invocado logo após Impugnação do depósito
a sua cessação, por comunicação dirigida à outra parte.
3 — Compete à parte que o invocar a demonstração dos 1 — A impugnação do depósito deve ocorrer no prazo
factos em que se funda. de 20 dias contados da comunicação, seguindo-se, depois,
4 — Em caso de desacordo entre as partes, a invocação do o disposto na lei de processo sobre a impugnação da con-
justo impedimento só se torna eficaz após decisão judicial. signação em depósito.
2 — Quando o senhorio pretenda resolver judicialmente
o contrato por não pagamento de renda, a impugnação deve
SECÇÃO V
ser efetuada em ação de despejo a intentar no prazo de
Consignação em depósito 20 dias contados da comunicação do depósito ou, estando
a ação já pendente, na resposta à contestação ou em articu-
Artigo 17.º lado específico, apresentado no prazo de 10 dias contados
da comunicação em causa, sempre que esta ocorra depois
Depósito das rendas
da contestação.
1 — O arrendatário pode proceder ao depósito da renda 3 — O processo de depósito é apensado ao da ação de
quando ocorram os pressupostos da consignação em depó- despejo, em cujo despacho saneador se deve conhecer
sito, quando lhe seja permitido fazer cessar a mora e ainda da subsistência do depósito e dos seus efeitos, salvo se a
quando esteja pendente ação de despejo. decisão depender da prova ainda não produzida.
4446 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

Artigo 22.º bem como os contratos para fins não habitacionais cele-
Levantamento do depósito pelo senhorio
brados na vigência do Decreto-Lei n.º 257/95, de 30 de
setembro, passam a estar submetidos ao NRAU, com as
1 — O senhorio pode levantar o depósito mediante es- especificidades dos números seguintes.
crito em que declare que não o impugnou nem pretende 2 — À transmissão por morte aplica-se o disposto nos
impugnar. artigos 57.º e 58.º
2 — O escrito referido no número anterior é assinado 3 — Quando não sejam denunciados por qualquer das
pelo senhorio ou pelo seu representante, devendo a assina- partes, os contratos de duração limitada renovam-se auto-
tura ser reconhecida por notário quando não se apresente maticamente no fim do prazo pelo qual foram celebrados,
o bilhete de identidade respetivo. pelo período de dois anos se outro superior não tiver sido
3 — O depósito impugnado pelo senhorio só pode ser previsto.
levantado após decisão judicial e de harmonia com ela. 4 — Os contratos sem duração limitada regem-se pelas
regras aplicáveis aos contratos de duração indeterminada,
Artigo 23.º com as seguintes especificidades:
Falsidade da declaração a) Continua a aplicar-se o disposto na alínea a) do n.º 1
Quando a declaração referida no artigo anterior seja do artigo 107.º do RAU;
falsa, a impugnação fica sem efeito e o declarante incorre b) Para efeitos das indemnizações previstas no n.º 1
em multa equivalente ao dobro da quantia depositada, do artigo 1102.º e na alínea a) do n.º 6 e no n.º 9 do ar-
sem prejuízo da responsabilidade penal correspondente tigo 1103.º do Código Civil, a renda é calculada de acordo
ao crime de falsas declarações. com os critérios previstos nas alíneas a) e b) do n.º 2 do
artigo 35.º da presente lei;
c) O disposto na alínea c) do artigo 1101.º do Código
SECÇÃO VI
Civil não se aplica se o arrendatário tiver idade igual ou
Determinação da renda superior a 65 anos ou deficiência com grau comprovado
de incapacidade superior a 60 %.
Artigo 24.º
5 — Em relação aos arrendamentos para habitação,
Coeficiente de atualização
cessa o disposto nas alíneas a) e b) do número anterior
1 — O coeficiente de atualização anual de renda dos após transmissão por morte para filho ou enteado ocorrida
diversos tipos de arrendamento é o resultante da totali- depois da entrada em vigor da presente lei.
dade da variação do índice de preços no consumidor, sem 6 — (Revogado.)
habitação, correspondente aos últimos 12 meses e para os
quais existam valores disponíveis à data de 31 de agosto,
apurado pelo Instituto Nacional de Estatística. CAPÍTULO II
2 — O aviso com o coeficiente referido no número Contratos habitacionais celebrados antes da vigência
anterior é publicado no Diário da República até 30 de do RAU e contratos não habitacionais celebrados
outubro de cada ano. antes do Decreto-Lei n.º 257/95, de 30 de setembro
Artigo 25.º
SECÇÃO I
Arredondamento
Disposições gerais
1 — A renda resultante da atualização referida no artigo
anterior é arredondada para a unidade de cêntimo imedia- Artigo 27.º
tamente superior.
2 — O mesmo arredondamento se aplica nos demais Âmbito
casos de determinação da renda com recurso a fórmulas As normas do presente capítulo aplicam-se aos con-
aritméticas. tratos de arrendamento para habitação celebrados antes
da entrada em vigor do RAU, aprovado pelo Decreto-Lei
TÍTULO II n.º 321-B/90, de 15 de outubro, bem como aos contratos
para fins não habitacionais celebrados antes da entrada em
Normas transitórias vigor do Decreto-Lei n.º 257/95, de 30 de setembro.
CAPÍTULO I Artigo 28.º
Contratos habitacionais celebrados na vigência do Regime
Regime do Arrendamento Urbano e contratos não
habitacionais celebrados depois do Decreto-Lei 1 — Aos contratos a que se refere o artigo anterior
n.º 257/95, de 30 de setembro. aplica-se, com as necessárias adaptações, o disposto no
artigo 26.º, com as especificidades constantes dos números
Artigo 26.º seguintes e dos artigos 30.º a 37.º e 50.º a 54.º
2 — Aos contratos referidos no número anterior não se
Regime
aplica o disposto na alínea c) do artigo 1101.º do Código
1 — Os contratos para fins habitacionais celebrados Civil.
na vigência do Regime do Arrendamento Urbano (RAU), 3 — Em relação aos arrendamentos para fins não ha-
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 321-B/90, de 15 de outubro, bitacionais, a antecedência a que se refere a alínea c) do
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4447

artigo 1101.º do Código Civil é elevada para cinco anos 3 — O arrendatário, na sua resposta, pode:
quando:
a) Aceitar o valor da renda proposto pelo senhorio;
a) Ocorra trespasse, locação do estabelecimento ou ces- b) Opor-se ao valor da renda proposto pelo senhorio,
são do arrendamento para o exercício de profissão liberal; propondo um novo valor, nos termos e para os efeitos
b) Sendo o arrendatário uma sociedade, ocorra trans- previstos no artigo 33.º;
missão inter vivos de posição ou posições sociais que c) Em qualquer dos casos previstos nas alíneas ante-
determine a alteração da titularidade em mais de 50 %. riores, pronunciar-se quanto ao tipo e duração do contrato
propostos pelo senhorio;
4 — O disposto no n.º 3 apenas é aplicável quando as d) Denunciar o contrato de arrendamento, nos termos
situações referidas nas respetivas alíneas a) e b) ocorram e para os efeitos previstos no artigo 34.º
após a entrada em vigor da presente lei.
5 — Se o arrendatário tiver idade igual ou superior a 4 — Se for caso disso, o arrendatário deve ainda, na sua
65 anos ou deficiência com grau comprovado de incapaci- resposta, invocar, isolada ou cumulativamente, as seguintes
dade superior a 60 %, a invocação do disposto na alínea b) circunstâncias:
do artigo 1101.º do Código Civil obriga o senhorio, na falta a) Rendimento anual bruto corrigido (RABC) do seu
de acordo entre as partes, a garantir o realojamento do agregado familiar inferior a cinco retribuições mínimas
arrendatário no mesmo concelho, em condições análogas nacionais anuais (RMNA), nos termos e para os efeitos
às que este já detinha, quer quanto ao local quer quanto previstos nos artigos 35.º e 36.º;
ao valor da renda e encargos. b) Idade igual ou superior a 65 anos ou deficiência com
grau comprovado de incapacidade superior a 60 %, nos
Artigo 29.º termos e para os efeitos previstos no artigo 36.º
Benfeitorias
5 — As circunstâncias previstas nas alíneas do número
1 — Salvo estipulação em contrário, a cessação do con- anterior só podem ser invocadas quando o arrendatário
trato dá ao arrendatário direito a compensação pelas obras tenha no locado a sua residência permanente ou quando a
licitamente feitas, nos termos aplicáveis às benfeitorias falta de residência permanente for devida a caso de força
realizadas por possuidor de boa fé. maior ou doença.
2 — A denúncia do contrato de arrendamento nos termos 6 — A falta de resposta do arrendatário vale como acei-
da alínea d) do n.º 3 do artigo 31.º e da alínea d) do n.º 3 do tação da renda, bem como do tipo e da duração do contrato
artigo 51.º confere ao arrendatário o direito a compensação propostos pelo senhorio, ficando o contrato submetido ao
pelas obras licitamente feitas, nos termos aplicáveis às NRAU a partir do 1.º dia do 2.º mês seguinte ao do termo
benfeitorias realizadas por possuidor de boa fé, indepen- do prazo previsto nos n.os 1 e 2.
dentemente do estipulado no contrato de arrendamento. 7 — Caso o arrendatário aceite o valor da renda pro-
3 — O disposto no número anterior aplica-se aos arren- posto pelo senhorio, o contrato fica submetido ao NRAU
damentos para fins não habitacionais quando o contrato a partir do 1.º dia do 2.º mês seguinte ao da receção da
cesse em consequência da aplicação do disposto no n.º 3 resposta:
do artigo anterior.
a) De acordo com o tipo e a duração acordados;
b) No silêncio ou na falta de acordo das partes acerca do
SECÇÃO II tipo ou da duração do contrato, este considera-se celebrado
Arrendamento para habitação com prazo certo, pelo período de cinco anos.

Artigo 30.º 8 — O RABC é definido em diploma próprio.


Iniciativa do senhorio Artigo 32.º
A transição para o NRAU e a atualização da renda de- Comprovação da alegação
pendem de iniciativa do senhorio, que deve comunicar a
sua intenção ao arrendatário, indicando: 1 — O arrendatário que invoque a circunstância prevista
na alínea a) do n.º 4 do artigo anterior faz acompanhar a
a) O valor da renda, o tipo e a duração do contrato sua resposta de documento comprovativo emitido pelo
propostos; serviço de finanças competente, do qual conste o valor do
b) O valor do locado, avaliado nos termos dos arti- RABC do seu agregado familiar.
gos 38.º e seguintes do Código do Imposto Municipal sobre 2 — O arrendatário que não disponha, à data da sua
Imóveis (CIMI), constante da caderneta predial urbana; resposta, do documento referido no número anterior faz
c) Cópia da caderneta predial urbana. acompanhar a resposta do comprovativo de ter o mesmo
sido já requerido, devendo juntá-lo no prazo de 15 dias
Artigo 31.º após a sua obtenção.
Resposta do arrendatário
3 — O RABC refere-se ao ano civil anterior ao da co-
municação.
1 — O prazo para a resposta do arrendatário é de 30 dias 4 — O arrendatário que invoque as circunstâncias pre-
a contar da receção da comunicação prevista no artigo vistas na alínea b) do n.º 4 do artigo anterior faz acom-
anterior. panhar a sua resposta, conforme os casos, de documento
2 — Quando termine em dias diferentes o prazo de comprovativo de ter completado 65 anos ou de documento
vários sujeitos, a resposta pode ser oferecida até ao termo comprovativo da deficiência alegada, sob pena de não
do prazo que começou a correr em último lugar. poder prevalecer-se das referidas circunstâncias.
4448 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

Artigo 33.º Artigo 34.º


Oposição pelo arrendatário e denúncia pelo senhorio Denúncia pelo arrendatário
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 35.º e 36.º, 1 — Caso o arrendatário denuncie o contrato, a de-
caso o arrendatário se oponha ao valor da renda, ao tipo ou núncia produz efeitos no prazo de dois meses a contar da
à duração do contrato propostos pelo senhorio, propondo receção pelo senhorio da resposta prevista na alínea d)
outros, o senhorio, no prazo de 30 dias contados da receção do n.º 3 do artigo 31.º, devendo então o arrendatário de-
da resposta daquele, deve comunicar ao arrendatário se socupar o locado e entregá-lo ao senhorio no prazo de
aceita ou não a proposta. 30 dias.
2 — A oposição do arrendatário ao valor da renda pro- 2 — No caso previsto no número anterior não há lugar
posto pelo senhorio não acompanhada de proposta de um a atualização da renda.
novo valor vale como proposta de manutenção do valor da
renda em vigor à data da comunicação do senhorio. Artigo 35.º
3 — A falta de resposta do senhorio vale como aceita-
ção da renda, bem como do tipo e da duração do contrato Arrendatário com RABC inferior a cinco RMNA
propostos pelo arrendatário. 1 — Caso o arrendatário invoque e comprove que o
4 — Se o senhorio aceitar o valor da renda proposto RABC do seu agregado familiar é inferior a cinco RMNA,
pelo arrendatário ou verificando-se o disposto no número o contrato só fica submetido ao NRAU mediante acordo
anterior, o contrato fica submetido ao NRAU a partir do entre as partes ou, na falta deste, no prazo de cinco anos a
1.º dia do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo arrendatário, contar da receção, pelo senhorio, da resposta do arrenda-
da comunicação prevista no n.º 1 ou do termo do prazo tário nos termos da alínea a) do n.º 4 do artigo 31.º
aí previsto: 2 — No período de cinco anos referido no número an-
a) De acordo com o tipo e a duração acordados; terior, a renda pode ser atualizada nos seguintes termos:
b) No silêncio ou na falta de acordo das partes acerca do
a) O valor atualizado da renda tem como limite máximo
tipo ou da duração do contrato, este considera-se celebrado
com prazo certo, pelo período de cinco anos. o valor anual correspondente a 1/15 do valor do locado;
b) O valor do locado corresponde ao valor da avaliação
5 — Se o senhorio não aceitar o valor de renda proposto realizada nos termos dos artigos 38.º e seguintes do CIMI;
pelo arrendatário, pode, na comunicação a que se refere c) O valor atualizado da renda corresponde, até à apro-
o n.º 1: vação dos mecanismos de proteção e compensação social:
a) Denunciar o contrato de arrendamento, pagando ao i) A um máximo de 25 % do RABC do agregado familiar
arrendatário uma indemnização equivalente a cinco anos de do arrendatário, com o limite previsto na alínea a);
renda resultante do valor médio das propostas formuladas ii) A um máximo de 17 % do RABC do agregado fa-
pelo senhorio e pelo arrendatário; miliar do arrendatário, com o limite previsto na alínea a),
b) Atualizar a renda de acordo com os critérios previstos no caso de o rendimento do agregado familiar ser inferior
nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 35.º, considerando-se o a € 1500 mensais;
contrato celebrado com prazo certo, pelo período de cinco iii) A um máximo de 10 % do RABC do agregado fa-
anos a contar da referida comunicação. miliar do arrendatário, com o limite previsto na alínea a),
no caso de o rendimento do agregado familiar ser inferior
6 — A indemnização a que se refere a alínea a) do a € 500 mensais.
número anterior é agravada para o dobro ou em 50 %
se a renda oferecida pelo arrendatário não for inferior 3 — Quando for atualizada, a renda é devida no 1.º dia
à proposta pelo senhorio em mais de 10 % ou de 20 %, do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo arrendatário, da
respetivamente. comunicação com o respetivo valor.
7 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a 4 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte,
denúncia prevista na alínea a) do n.º 5 produz efeitos no o valor atualizado da renda, no período de cinco anos
prazo de seis meses a contar da receção da correspondente referido no n.º 1, corresponde ao valor da primeira renda
comunicação, devendo então o arrendatário desocupar o devida.
locado e entregá-lo ao senhorio no prazo de 30 dias. 5 — No mês correspondente àquele em que foi feita
8 — No caso de arrendatário que tenha a seu cargo filho a invocação da circunstância regulada no presente artigo
ou enteado menor de idade ou que, tendo idade inferior a e pela mesma forma, o arrendatário faz prova anual do
26 anos, frequente o 11.º ou o 12.º ano de escolaridade ou rendimento perante o senhorio, sob pena de não poder
cursos de ensino pós-secundário não superior ou de ensino prevalecer-se da mesma.
superior, a denúncia prevista na alínea a) do n.º 5 produz 6 — Findo o período de cinco anos referido no n.º 1,
efeitos no prazo de um ano, devendo então o arrendatário o senhorio pode promover a transição do contrato para
desocupar o locado e entregá-lo ao senhorio no prazo de o NRAU, aplicando-se, com as necessárias adaptações,
30 dias. o disposto nos artigos 30.º e seguintes, com as seguintes
9 — A indemnização prevista na alínea a) do n.º 5 e no especificidades:
n.º 6 é paga no momento da entrega do locado ao senhorio.
10 — No período compreendido entre a receção da a) O arrendatário não pode invocar as circunstâncias
comunicação pela qual o senhorio denuncia o contrato e a previstas nas alíneas do n.º 4 do artigo 31.º;
produção de efeitos da denúncia, nos termos dos n.os 7 e 8, b) No silêncio ou na falta de acordo das partes acerca do
vigora a renda antiga ou a renda proposta pelo arrendatário, tipo ou da duração do contrato, este considera-se celebrado
consoante a que for mais elevada. com prazo certo, pelo período de dois anos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4449

Artigo 36.º e 7 do artigo 36.º for inferior ao valor que resultaria da


Arrendatário com idade igual ou superior
atualização anual prevista no n.º 1 do artigo 24.º, é este
a 65 anos ou com deficiência o aplicável.
com grau de incapacidade superior a 60 %
1 — Caso o arrendatário invoque e comprove que tem Artigo 38.º
idade igual ou superior a 65 anos ou deficiência com grau Atualização faseada do valor da renda
comprovado de incapacidade superior a 60 %, o contrato só
fica submetido ao NRAU mediante acordo entre as partes, (Revogado.)
aplicando-se no que respeita ao valor da renda o disposto
nos números seguintes. Artigo 39.º
2 — Se o arrendatário aceitar o valor da renda proposto Atualização em dois anos
pelo senhorio, a nova renda é devida no 1.º dia do 2.º mês
seguinte ao da receção, pelo senhorio, da resposta. (Revogado.)
3 — Se o arrendatário se opuser ao valor da renda pro-
posto pelo senhorio, propondo um novo valor, o senhorio, Artigo 40.º
no prazo de 30 dias contados da receção da resposta do Atualização em cinco anos
arrendatário, deve comunicar-lhe se aceita ou não a renda
proposta. (Revogado.)
4 — A falta de resposta do senhorio vale como aceitação
da renda proposta pelo arrendatário. Artigo 41.º
5 — Se o senhorio aceitar o valor da renda proposto pelo
Atualização em 10 anos
arrendatário, ou verificando-se o disposto no número ante-
rior, a nova renda é devida no 1.º dia do 2.º mês seguinte (Revogado.)
ao da receção, pelo senhorio, da resposta ou do termo do
prazo para esta, consoante os casos. Artigo 42.º
6 — Se o senhorio não aceitar o valor da renda pro-
posto pelo arrendatário, o contrato mantém-se em vigor Comunicação do senhorio ao serviço de finanças
sem alteração do regime que lhe é aplicável, sendo o (Revogado.)
valor da renda apurado nos termos das alíneas a) e b)
do n.º 2 do artigo anterior, sem prejuízo do disposto no Artigo 43.º
número seguinte.
7 — Se o arrendatário invocar e comprovar que o RABC Aplicação da nova renda
do seu agregado familiar é inferior a cinco RMNA: (Revogado.)
a) O valor da renda é apurado nos termos dos n.os 2 e 3
do artigo anterior; Artigo 44.º
b) O valor da renda vigora por um período de cinco
Comprovação da alegação
anos, correspondendo ao valor da primeira renda devida;
c) É aplicável o disposto no n.º 6 do artigo anterior. (Revogado.)

8 — Quando for atualizada, a renda é devida no 1.º dia Artigo 45.º


do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo arrendatário, da
Regime especial de faseamento
comunicação com o respetivo valor.
9 — Findo o período de cinco anos a que se refere a (Revogado.)
alínea b) do n.º 7:
a) O valor da renda pode ser atualizado por iniciativa Artigo 46.º
do senhorio, aplicando-se, com as necessárias adaptações, Subsídio de renda
o disposto nos artigos 30.º e seguintes, não podendo o
arrendatário invocar a circunstância prevista na alínea a) (Revogado.)
do n.º 4 do artigo 31.º;
b) O contrato só fica submetido ao NRAU mediante Artigo 47.º
acordo entre as partes. Alteração de circunstâncias

10 — No caso previsto no número anterior, o arrendatá- (Revogado.)


rio pode ter direito a uma resposta social, nomeadamente
através de subsídio de renda, de habitação social ou de Artigo 48.º
mercado social de arrendamento, nos termos e condições
Direito a obras
a definir em diploma próprio.
(Revogado.)
Artigo 37.º
Artigo 49.º
Valor da renda
Comissão arbitral municipal
Se o valor da renda apurado nos termos da alínea b)
do n.º 5 do artigo 33.º, do n.º 2 do artigo 35.º ou dos n.os 6 (Revogado.)
4450 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

SECÇÃO III 7 — É aplicável, com as necessárias adaptações, o dis-


Arrendamento para fim não habitacional
posto nos n.os 6 e 7 do artigo 31.º

Artigo 50.º Artigo 52.º


Iniciativa do senhorio Oposição pelo arrendatário e denúncia pelo senhorio

A transição para o NRAU e a atualização da renda de- Sem prejuízo do disposto no artigo 54.º, é aplicável à
pendem de iniciativa do senhorio, que deve comunicar a oposição pelo arrendatário e à denúncia pelo senhorio,
sua intenção ao arrendatário, indicando: com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 33.º,
a) O valor da renda, o tipo e a duração do contrato com exceção do n.º 8.
propostos;
b) O valor do locado, avaliado nos termos dos arti- Artigo 53.º
gos 38.º e seguintes do CIMI constante da caderneta predial Denúncia pelo arrendatário
urbana;
c) Cópia da caderneta predial urbana. À denúncia pelo arrendatário é aplicável, com as neces-
sárias adaptações, o disposto no artigo 34.º
Artigo 51.º
Resposta do arrendatário Artigo 54.º
Microentidade e associação privada sem fins lucrativos
1 — O prazo para a resposta do arrendatário é de 30 dias
a contar da receção da comunicação prevista no artigo 1 — Caso o arrendatário invoque e comprove uma das
anterior. circunstâncias previstas no n.º 4 do artigo 51.º, o contrato
2 — Quando termine em dias diferentes o prazo de só fica submetido ao NRAU mediante acordo entre as
vários sujeitos, a resposta pode ser oferecida até ao termo partes ou, na falta deste, no prazo de cinco anos a contar
do prazo que começou a correr em último lugar. da receção, pelo senhorio, da resposta do arrendatário nos
3 — O arrendatário, na sua resposta, pode: termos do n.º 4 do artigo 51.º
a) Aceitar o valor da renda proposto pelo senhorio; 2 — No período de cinco anos referido no número ante-
b) Opor-se ao valor da renda proposto pelo senhorio, rior, o valor atualizado da renda é determinado de acordo
propondo um novo valor, nos termos e para os efeitos com os critérios previstos nas alíneas a) e b) do n.º 2 do
previstos no artigo 52.º; artigo 35.º
c) Em qualquer dos casos previstos nas alíneas anterio- 3 — Se o valor da renda apurado nos termos do número
res, pronunciar-se quanto ao tipo ou à duração do contrato anterior for inferior ao valor que resultaria da atualização
propostos pelo senhorio; anual prevista no n.º 1 do artigo 24.º, é este o aplicável.
d) Denunciar o contrato de arrendamento, nos termos 4 — Quando for atualizada, a renda é devida no 1.º dia
e para os efeitos previstos no artigo 53.º do 2.º mês seguinte ao da receção, pelo arrendatário, da
comunicação com o respetivo valor.
4 — Se for caso disso, o arrendatário deve ainda, na 5 — No mês correspondente àquele em que foi feita
sua resposta, nos termos e para os efeitos previstos no a invocação de uma das circunstâncias previstas no
artigo 54.º, invocar uma das seguintes circunstâncias: n.º 4 do artigo 51.º e pela mesma forma, o arrendatário
a) Que existe no locado um estabelecimento comercial faz prova anual da manutenção daquela circunstância
aberto ao público e que é uma microentidade; perante o senhorio, sob pena de não poder prevalecer-
b) Que tem a sua sede no locado uma associação pri- -se da mesma.
vada sem fins lucrativos, regularmente constituída que 6 — Findo o período de cinco anos referido no n.º 1,
se dedica à atividade cultural, recreativa ou desportiva o senhorio pode promover a transição do contrato para
não profissional, e declarada de interesse público ou de o NRAU, aplicando-se, com as necessárias adaptações,
interesse nacional ou municipal; o disposto nos artigos 50.º e seguintes, com as seguintes
c) Que o locado funciona como casa fruída por república especificidades:
de estudantes, nos termos previstos na Lei n.º 2/82, de 15 de
janeiro, alterada pela Lei n.º 12/85, de 20 de junho. a) O arrendatário não pode invocar novamente qualquer
das circunstâncias previstas no n.º 4 do artigo 51.º;
5 — Para efeitos da presente lei, «microentidade» é a b) No silêncio ou na falta de acordo das partes acerca do
empresa que, independentemente da sua forma jurídica, tipo ou da duração do contrato, este considera-se celebrado
não ultrapasse, à data do balanço, dois dos três limites com prazo certo, pelo período de dois anos.
seguintes:
a) Total do balanço: € 500 000; Artigo 55.º
b) Volume de negócios líquido: € 500 000; Resposta do arrendatário
c) Número médio de empregados durante o exercício:
cinco. (Revogado.)

6 — O arrendatário que invoque uma das circunstâncias Artigo 56.º


previstas no n.º 4 faz acompanhar a sua resposta de do- Atualização imediata da renda
cumento comprovativo da mesma, sob pena de não poder
prevalecer-se da referida circunstância. (Revogado.)
Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012 4451

SECÇÃO IV TÍTULO III


Transmissão Normas finais
Artigo 57.º Artigo 59.º
Transmissão por morte no arrendamento para habitação
Aplicação no tempo
1 — O arrendamento para habitação não caduca por 1 — O NRAU aplica-se aos contratos celebrados após
morte do primitivo arrendatário quando lhe sobreviva: a sua entrada em vigor, bem como às relações contratuais
a) Cônjuge com residência no locado; constituídas que subsistam nessa data, sem prejuízo do
b) Pessoa que com ele vivesse em união de facto há previsto nas normas transitórias.
mais de dois anos, com residência no locado há mais de 2 — A aplicação da alínea a) do n.º 1 do artigo 1091.º do
um ano; Código Civil não determina a perda do direito de preferên-
c) Ascendente em 1.º grau que com ele convivesse há cia por parte de arrendatário que dele seja titular aquando
mais de um ano; da entrada em vigor da presente lei.
d) Filho ou enteado com menos de 1 ano de idade ou 3 — As normas supletivas contidas no NRAU só se
que com ele convivesse há mais de 1 ano e seja menor de aplicam aos contratos celebrados antes da entrada em vigor
idade ou, tendo idade inferior a 26 anos, frequente o 11.º da presente lei quando não sejam em sentido oposto ao de
ou o 12.º ano de escolaridade ou estabelecimento de ensino norma supletiva vigente aquando da celebração, caso em
médio ou superior; que é essa a norma aplicável.
e) Filho ou enteado, que com ele convivesse há mais de
um ano, portador de deficiência com grau comprovado de Artigo 60.º
incapacidade superior a 60 %.
Norma revogatória
2 — Nos casos do número anterior, a posição do arren- 1 — É revogado o RAU, aprovado pelo Decreto-Lei
datário transmite-se, pela ordem das respetivas alíneas, n.º 321-B/90, de 15 de outubro, com todas as alterações
às pessoas nele referidas, preferindo, em igualdade de subsequentes, salvo nas matérias a que se referem os arti-
condições, sucessivamente, o ascendente, filho ou enteado gos 26.º e 28.º da presente lei.
mais velho. 2 — As remissões legais ou contratuais para o RAU
3 — O direito à transmissão previsto nos números ante- consideram-se feitas para os lugares equivalentes do
riores não se verifica se, à data da morte do arrendatário, o NRAU, com as adaptações necessárias.
titular desse direito tiver outra casa, própria ou arrendada,
na área dos concelhos de Lisboa ou do Porto e seus limí- Artigo 61.º
trofes ou no respetivo concelho quanto ao resto do País.
4 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, Manutenção de regimes
quando ao arrendatário sobreviva mais de um ascendente, Até à publicação de novos regimes, mantêm-se em vi-
há transmissão por morte entre eles. gor os regimes da renda condicionada e da renda apoiada,
5 — Quando a posição do arrendatário se transmita previstos nos artigos 77.º e seguintes do RAU.
para ascendente com idade inferior a 65 anos à data da
morte do arrendatário, o contrato fica submetido ao NRAU, Artigo 62.º
aplicando-se, na falta de acordo entre as partes, o dis-
posto para os contratos com prazo certo, pelo período de Republicação
2 anos. O capítulo IV do título II do livro II do Código Civil,
6 — Salvo no caso previsto na alínea e) do n.º 1, quando composto pelos artigos 1022.º a 1113.º, é republicado em
a posição do arrendatário se transmita para filho ou enteado
anexo à presente lei.
nos termos da alínea d) do mesmo número, o contrato fica
submetido ao NRAU na data em que aquele adquirir a
Artigo 63.º
maioridade ou, caso frequente o 11.º ou o 12.º ano de es-
colaridade ou cursos de ensino pós-secundário não superior Autorização legislativa
ou de ensino superior, na data em que perfizer 26 anos,
1 — Fica o Governo autorizado a aprovar no prazo de
aplicando-se, na falta de acordo entre as partes, o disposto
para os contratos com prazo certo, pelo período de 2 anos. 120 dias os diplomas relativos às seguintes matérias:
a) Regime jurídico das obras coercivas;
Artigo 58.º b) Definição do conceito fiscal de prédio devoluto.
Transmissão por morte no arrendamento
para fins não habitacionais 2 — Em relação ao regime jurídico das obras coercivas,
a autorização tem os seguintes sentido e extensão:
1 — O arrendamento para fins não habitacionais termina
com a morte do primitivo arrendatário, salvo existindo a) O diploma a aprovar tem como sentido permitir a
sucessor que, há mais de três anos, explore, em comum intervenção em edifícios em mau estado de conservação,
com o arrendatário primitivo, estabelecimento a funcionar assegurando a reabilitação urbana nos casos em que o
no local. proprietário não queira ou não possa realizar as obras
2 — O sucessor com direito à transmissão comunica ao necessárias;
senhorio, nos três meses posteriores ao decesso, a vontade b) A extensão da autorização compreende a consagração,
de continuar a exploração. no diploma a aprovar, das seguintes medidas:
4452 Diário da República, 1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012

i) Possibilidade de o arrendatário se substituir ao senho- d) Regime jurídico da utilização de espaços em centros


rio na realização das obras, com efeitos na renda; comerciais.
ii) Possibilidade de as obras serem efetuadas pela câ-
mara municipal, ou por outra entidade pública ou do sec- Artigo 65.º
tor público empresarial, com compensação em termos de
Entrada em vigor
participação na fruição do prédio;
iii) Possibilidade de o arrendatário adquirir o prédio, 1 — Os artigos 63.º e 64.º entram em vigor no dia se-
ficando obrigado à sua reabilitação, sob pena de reversão; guinte ao da publicação da presente lei.
iv) Limitações à transmissão do prédio adquirido nos 2 — As restantes disposições entram em vigor 120 dias
termos da subalínea anterior; após a sua publicação.
v) Possibilidade de o proprietário de fração autónoma
adquirir outras frações do prédio para realização de obras Lei n.º 32/2012
indispensáveis de reabilitação.
de 14 de agosto
3 — Em relação à definição do conceito fiscal de pré-
dio devoluto, a autorização tem os seguintes sentido e Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de
extensão: outubro, que estabelece o regime jurídico da reabilitação ur-
bana, e à 54.ª alteração ao Código Civil, aprovando medidas
a) O diploma a aprovar tem como sentido permitir a destinadas a agilizar e a dinamizar a reabilitação urbana.
definição dos casos em que um prédio é considerado devo-
luto, para efeitos de aplicação da taxa do imposto municipal A Assembleia da República decreta, nos termos da alí-
sobre imóveis; nea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
b) A extensão da autorização compreende a consagração,
no diploma a aprovar, dos seguintes critérios: Artigo 1.º
Objeto
i) Considerar devolutos os prédios urbanos ou as suas
frações autónomas que, durante um ano, se encontrem A presente lei aprova medidas destinadas a agilizar e a
desocupados; dinamizar a reabilitação urbana, nomeadamente:
ii) Ser indício de desocupação a inexistência de contratos
a) Flexibilizando e simplificando os procedimentos de
em vigor com prestadores de serviços públicos essenciais, criação de áreas de reabilitação urbana;
ou de faturação relativa a consumos de água, eletricidade, b) Criando um procedimento simplificado de controlo
gás e telecomunicações; prévio de operações urbanísticas;
iii) Não se considerarem devolutos, entre outros, os c) Regulando a reabilitação urbana de edifícios ou fra-
prédios urbanos ou frações autónomas dos mesmos que ções, ainda que localizados fora de áreas de reabilitação
forem destinados a habitação por curtos períodos em praias, urbana, cuja construção tenha sido concluída há pelo menos
campo, termas e quaisquer outros lugares de vilegiatura, 30 anos e em que se justifique uma intervenção de reabi-
para arrendamento temporário ou para uso próprio; litação destinada a conferir-lhes adequadas características
de desempenho e de segurança.
c) A extensão da autorização compreende ainda a de-
finição, no diploma a aprovar, dos meios de deteção da Artigo 2.º
situação de devoluto, bem como a indicação da entidade
Alteração ao Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro
que a ela procede e do procedimento aplicável.
Os artigos 1.º, 2.º, 7.º, 13.º a 20.º, 25.º, 28.º, 32.º, 34.º,
Artigo 64.º 37.º, 38.º, 43.º, 45.º, 51.º, 55.º, 59.º, 61.º, 62.º, 63.º, 65.º e
Legislação complementar
79.º do Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro, passam
a ter a seguinte redação:
1 — O Governo deve aprovar, no prazo de 120 dias,
decretos-leis relativos às seguintes matérias: «Artigo 1.º
a) Regime de determinação do rendimento anual bruto [...]
corrigido; O presente decreto-lei estabelece o regime jurídico
b) Regime de determinação e verificação do coeficiente da reabilitação urbana.
de conservação;
c) Regime de atribuição do subsídio de renda. Artigo 2.º
2 — O Governo deve aprovar, no prazo de 180 dias, [...]
iniciativas legislativas relativas às seguintes matérias: .........................................
a) Regime do património urbano do Estado e dos ar- a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
rendamentos por entidades públicas, bem como do regime b) ‘Área de reabilitação urbana’ a área territorialmente
das rendas aplicável; delimitada que, em virtude da insuficiência, degradação
b) Regime de intervenção dos fundos de investimento ou obsolescência dos edifícios, das infraestruturas, dos
imobiliário e dos fundos de pensões em programas de equipamentos de utilização coletiva e dos espaços urba-
renovação e requalificação urbana; nos e verdes de utilização coletiva, designadamente no
c) Criação do observatório da habitação e da reabilitação que se refere às suas condições de uso, solidez, segu-
urbana, bem como da base de dados da habitação; rança, estética ou salubridade, justifique uma interven-

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