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SERVIÇOS FARMACÊUTICOS 2016/2017

Manual 6
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS . 2016/2017

Manual 6
Autocuidado
AUTORES:

Cassyano J Correr, BPharm, MSc, PhD

Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná


Consultor Abrafarma - Projeto Assistência Farmacêutica Avançada
projetofarma@abrafarma.com.br

Wálleri Christini Torelli Reis, BPharm, MSc

Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas,


Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde,
Universidade Federal do Paraná.

REVISÃO:

Thais Teles de Souza, BPharm, MSc

Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas,


Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde,
Universidade Federal do Paraná.

Os autores agradecem aos membros do GTFARMA, farmacêuticos coordenadores e super-


visores das Redes associadas à Abrafarma, bem como aos seus colaboradores, pela leitura,
revisão e sugestões de melhoria feitas aos Manuais durante seu processo de elaboração.
Muito obrigado!
MANUAL 6: AUTOCUIDADO
Copyright © 2016 © 2017 ABRAFARMA
Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob
quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet ou
outros), sem permissão expressa da ABRAFARMA.

ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias


Alameda Santos, 2300 - Conj. 71 - São Paulo / SP
CEP 01418-200 | Tel.: (11) 4550-6201

EDITORAÇÃO:

Practice Editora | Grupo Practice Ltda


Supervisão: Graziela Sponchiado | Capa e projeto gráfico: Raquel Damasceno
Diagramação: Guilherme Menezes | Contatos: contato@grupopractice.com.br
http://farmaceuticoclinico.com.br

FICHA CATALOGRÁFICA:

613.6
C824 Correr, Cassyano Januário
Manual 6: autocuidado / Cassyano Januário Correr,
Walleri Christini Torelli Reis. 1. ed. atualizada. Curitiba: Ed. Practice, 2016.
136 p. : il. (algumas color.) ( Manual 6)

ISBN 978-85-68784-04-4

Inclui bibliografia

1. Autocuidado. 2. Manuais. I. Reis, Walleri Christini


Torelli. II. Título.

Os autores deste manual empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto
estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da entrega dos
originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante
fluxo de novas informações sobre terapêutica e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem sem-
pre outras fontes fidedignas (p. ex., Anvisa, diretrizes e protocolos clínicos), de modo a se certificarem de que as informações contidas neste
manual estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Recomendamos que
cada profissional utilize este manual como guia, não como única fonte de consulta.

Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qual-
quer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis correções posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de
algum deles tenha sido omitida.
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS ABRAFARMA

AVISO AO LEITOR

Este manual possui caráter técnico-científico e destina-se exclusivamente aos profissionais farmacêuticos e colabora-
dores das Redes de Farmácias e Drogarias associadas a Abrafarma. Sua elaboração tem por objetivo apresentar dire-
trizes para a estruturação e performance dos serviços farmacêuticos nos estabelecimentos e, sob nenhuma hipótese,
pretende substituir normas ou procedimentos estabelecidos na legislação sanitária ou profissional mais atual aplicável
ao setor. A Abrafarma, bem como os autores, eximem-se de qualquer responsabilidade pelo mau uso deste recurso,
bem como pela interpretação e aplicação de seu conteúdo feita por seus leitores.
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SUMÁRIO

09 A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO

11 INTRODUÇÃO

12 A CLÍNICA DO AUTOCUIDADO

21 Acne

25 Alopecia

33 Constipação intestinal

39 Dermatite Seborreica

43 Dermatofitoses

46 Diarreia

50 Dispepsia

54 Dor de cabeça

61 Dores musculares

67 Escabiose

70 Insônia e dificuldades para dormir

74 Medicamentos para viagens

78 Onicomicose (tinea unguium)

81 Pediculose

85 Pequenos Ferimentos

87 Picadas de insetos

90 Pitiríase Versicolor

93 Queimaduras de sol

96 Reações à imunização

100 Sintomas de alergias

106 Sintomas de Gripe e Resfriado


116 Sintomas de verminoses

119 Tosse

127 GLOSSÁRIO

129 REFERÊNCIAS
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A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO

Um dos maiores desafios da administração moderna é o de gerenciar o vazio, aquilo que não existe, inovar. É um
grande desafio porque, no mundo imediatista e de busca pelo resultado em curto prazo no qual vivemos, não é fácil
abstrair-se da realidade que bate à porta, dos problemas do dia-a-dia, e perguntar-se: “e se...?”.

Como uma forma de ajudar suas redes associadas nesse exercício, a Abrafarma desenvolveu um método estrutura-
do de pensar sobre práticas que ainda não existem em nosso país. Assim, realizamos anualmente pelo menos uma
missão técnica internacional, que reúne no mínimo um representante de cada empresa, num exercício de “olhar
junto” realidades distintas da brasileira. Viajamos para países como Canadá, Estados Unidos, Espanha, França e In-
glaterra, para exercitar esse “olhar junto”, que se constitui num conjunto de conversas estruturadas, visitas a em-
presas, workshops e participação de especialistas que ajudam este dedicado grupo a fazer as perguntas corretas e
aprender métodos diferentes de fazer varejo. Foi assim, por exemplo, que o dermo-cosmético tornou-se realidade
no Brasil. Após uma das nossas missões internacionais.

Esse “olhar estruturado” da Abrafarma tem se voltado, nos últimos anos, para o repensar do varejo farmacêutico,
que observamos principalmente nos EUA: estabelecimentos que, além de ampla oferta de medicamentos, produtos
de higiene, beleza e conveniências, tem repensado o papel do profissional Farmacêutico para entregar mais valor à
sociedade. Se antes parecia distante da realidade brasileira, a Farmácia nos EUA está se reinventando, e nos dando
uma lição de como ir além!

Para alcançarmos esse nível também no Brasil, precisamos repensar o papel do Farmacêutico, que deve ter função
muito mais nobre do que entregar caixinhas de medicamentos ao usuário e esclarecer-lhes eventuais duvidas. Esse
profissional pode colocar suas competências a serviço de uma proximidade maior com o paciente, agregando mais
valor à sociedade. Assim, nasceu o Projeto Assistência Farmacêutica Avançada, cuja primeira etapa de trabalho
está sendo desenvolvida desde 2013. A iniciativa prevê a formatação inicial de oito novos serviços que podem ser
prestados nas redes da Abrafarma, desde a imunização até clínicas de autocuidado.

É, portanto, com o objetivo de contribuir com a evolução do papel do Farmacêutico, e com esta Farmácia em Trans-
formação no Brasil, que a Abrafarma lança este conjunto de manuais que serão a pedra fundamental de um “novo
olhar” nessa área. Este material, elaborado sob supervisão direta do Prof. Cassyano Correr, que juntou-se à Abra-
farma para burilar esta visão, também contou com o apoio inestimável dos membros do GTFARMA, nosso grupo
incansável de Coordenadores / Supervisores Farmacêuticos. A todos o meu melhor obrigado.

Uma Farmácia em Transformação. É assim que nos enxergamos hoje. O vazio, nesse caso, já tem forma e pode ser
preenchido, se assim o desejarmos. Temos um longo e belo trabalho pela frente.

Sérgio Mena Barreto


Presidente-Executivo da Abrafarma
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Manual 6 . Autocuidado
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INTRODUÇÃO

Os serviços farmacêuticos prestados em farmácias e drogarias tem por objetivo promover saúde, prevenir do-
enças e auxiliar na recuperação da saúde, promovendo o uso racional dos medicamentos. Neste sentido, um dos
serviços mais tradicionais e buscados pela população consiste no aconselhamento com o farmacêutico sobre o
tratamento de sintomas considerados menores. As farmácias e drogarias, dada sua capilaridade e facilidade de
acesso em todo país, são pontos estratégicos onde o farmacêutico deve promover o autocuidado e a automedica-
ção responsável, em estreita colaboração com os pacientes, médicos, e demais profissionais e serviços de saúde.
A Lei no 13.021/14 reitera este papel ao definir a farmácia como uma “unidade de prestação de serviços destina-
da a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva”.

Outro avanços regulatórios fundamentam a visão da farmácia como um destino da população para saúde, bem-
-estar e prestação de serviços. No âmbito sanitário, destaca-se a Resolução no 44/09 da Anvisa, que regulamenta
a oferta de serviços de atenção farmacêutica nestes estabelecimentos, e exige o fornecimento da declaração de
serviços farmacêuticos, na qual podem constar os medicamentos isentos de prescrição médica recomendados
pelo farmacêutico ao paciente. No âmbito profissional, as Resoluções no 585 e no 586, de 2013, do Conselho Fe-
deral de Farmácia, sobre as atribuições clínicas do farmacêutico e a prescrição farmacêutica, reforçam e respal-
dam o dever deste profissional no que diz respeito as atividades clínicas e de cuidado direto dos pacientes, sem
ferir ou infringir o trabalho do médico, mas, pelo contrário, colaborando mais proximamente com ele.

Esta coleção tem por objetivo fornecer as diretrizes para a oferta e manutenção de uma carteira de serviços, bem
como instrumentalizar os profissionais para um trabalho técnico de alto nível. O MANUAL 6: AUTOCUIDADO,
aborda o tratamento de problemas de saúde autolimitados na farmácia, sob o ponto de vista do autocuidado re-
alizado pelo paciente e da promoção da automedicação responsável pelo farmacêutico. Os conjuntos de sinais e
sintomas são abordados de acordo com as doenças de base mais comuns, detalhando aquelas situações nas quais
o farmacêutico deve encaminhar o paciente ao médico e serviço de saúde, bem como as recomendações não far-
macológicas e para o uso seguro de medicamentos isentos de prescrição médica nestes pacientes.

Esperamos que você aprecie a leitura e que este material seja útil à sua prática profissional. Bom estudo!

Os autores
A CLÍNICA DO AUTOCUIDADO 13

O autocuidado corresponde ao conjunto de ações ou procedimentos de cada indivíduo, destinado à manutenção


da vida, da saúde e do bem-estar. Inclui todas as ações básicas de higiene, alimentação saudável, prática de ati-
vidades físicas e uso de medicamentos. Para que logre êxito, este uso de medicamentos deve ser feito de forma
segura pelo paciente. O farmacêutico pode aconselhar o paciente sobre a melhor forma de uso destes produtos,
minimizando os riscos da automedicação. O serviço farmacêutico neste campo passa pela prescrição farmacêu-
tica, seja de medidas não-farmacológicas, de medicamentos que não necessitam de receita médica, ou mesmo de
encaminhamentos do paciente ao médico. É desta interface entre o trabalho clínico do profissional e as práticas
de autocuidado do paciente que surge o termo “clínica do autocuidado”.

Para entender melhor como isso funciona, é fundamental entender que as práticas de autocuidado correspon-
dem a um contínuo, que vai desde o “autocuidado puro” até a “responsabilidade abdicada”, dependendo da gravi-
dade da doença e da necessidade de atenção profissional (1).

O contínuo do autocuidado

Cuidado médico puro (-)


Responsabilidade “abdicada”

Responsabilidade individual
(+) Autocuidado puro

Vida saudável >>> Transtornos menores >>> Condições crônicas e agudas >>> Cuidado hospitalar

Escolhas Sintomas Condições Cuidado


diárias auto- crônicas: psiquiátrico
Prevenção e Sintomas: Condições Trauma
manejados cuidado compulsório
estilo de vida manejo agudas importante
compartilhado
assistido

A automedicação corresponde a um direito do paciente, no entanto deve ser conduzida de modo responsável, a
fim de que seus benefícios superem seus riscos potenciais (2). Estudos mostram que apenas 8% das pessoas que
sofrem algum tipo de sintoma buscam assistência médica, enquanto 32% optam pela automedicação e 60% op-
Manual 6 . Autocuidado

tam por tomar nenhuma atitude (3). Entre os meios que a população procura quando precisa de orientação sobre
algum problema de saúde, o farmacêutico da farmácia fica em terceiro lugar, atrás do médico (hospital, posto de
saúde) e dos familiares (4). Nas farmácias e drogarias, duas em cada três pessoas relatam comprar medicamentos
que não precisam de receita médica, 72% das pessoas relatam sintomas no balcão da farmácia, 69% procuram
diretamente pelo farmacêutico e 62% pedem que seja recomendado medicamento (4,5). Segundo relato dos far-
macêuticos que atuam nas redes associadas à Abrafarma, em 1 a cada 3 atendimentos, há solicitação de indica-
14 ção de medicamentos por parte dos clientes, numa mediana de 10 atendimentos com essa solicitação por dia (6).
No Brasil, projeta-se que a cada ano sejam feitos 190 milhões de atendimento dessa natureza. Pode-se dizer que
esta é uma realidade presente tanto em países desenvolvidos como no Brasil e faz parte da ecologia dos sistemas
de saúde.

De fato, existem sintomas comuns que podem ser facilmente auto-manejados pelo paciente, enquanto alguns
sintomas irão exigir o manejo assistido por um profissional, normalmente o farmacêutico, e outras situações irão
requer diagnóstico médico e tratamento. Estes sintomas autolimitados, que exigem um manejo assistido, são o
objeto de estudo deste Manual, e correspondem a uma série de situações nas quais o paciente necessita de ajuda
a fim de tomar uma decisão sobre buscar ou não assistência médica e que tratamento conduzir a fim de tratar seu
problema de saúde. O farmacêutico e a farmácia, nestes casos, convertem-se em verdadeira porta de entrada do
sistema de saúde e adquirem a responsabilidade de melhor servir a população, com profissionalismo, comodida-
de e segurança para o paciente.

Considera-se que o emprego de um medicamento isento de prescrição médica (MIP), somado a uma informação
adequada, pode produzir uma automedicação racional, segura e eficaz, e que, dessa forma, isso pode ser útil para os
sistemas de saúde e para a sociedade como um todo. A Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos
de Prescrição (ABIMIP) defende que a automedicação responsável deve se assentar sobre “4 regras de ouro”.

As quatro regras de ouro para uso responsável de medicamentos isentos de


prescrição médica, segundo a ABIMIP.

1 Cuidar sozinho apenas de pequenos males ou sintomas menores, já diagnosticados ou conhecidos

2
Escolher somente medicamentos isentos de prescrição médica, devidamente registrados na Anvisa, de
preferência com a ajuda de um farmacêutico

3 Ler sempre as informações da embalagem do produto antes de tomá-lo

4 Parar de tomar o medicamento se os sintomas persistirem. Nesse caso, o médico deverá ser consultado.

ABIMIP, Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição.

Como atender os pacientes no caso de sintomas meno-


res?

No manejo desses problemas de saúde autolimitados, o objetivo essencial é ajudar os pacientes a tratarem seus
sinais e sintomas de forma segura, identificando situações mais graves que requerem assistência médica. Este é
um atendimento farmacêutico breve, que geralmente leva de 10 a 15 minutos. Da mesma forma que nos demais
serviços farmacêuticos, o profissional pode estruturar seu atendimento em 3 passos, conhecidos como os “3 As”:
Acolher, Avaliar e Aconselhar.
PASSO 1. ACOLHER 15

O primeiro passo é escutar o paciente e compreender a demanda. Isso geralmente ocorrerá no balcão da far-
mácia, que em muitos casos não corresponde a um lugar apropriado para este atendimento, devido à falta de
privacidade. Acolher bem o paciente significa conduzi-lo a um local adequado da farmácia, que pode ser tanto
um espaço semiprivado como uma sala de serviços farmacêuticos. Outra forma de acolhimento é comunicar aos
clientes que o farmacêutico desta farmácia está apto a atender uma determinada lista de sintomas e condições
de saúde, de forma a garantir o uso seguro dos medicamentos. Isso pode ser feito de várias formas, desde infor-
mações nos encartes de promoção da farmácia, em folderes, displays posicionados no balcão ou nos caixas, e por
diversos outros meios. A partir desta comunicação, o cliente se sentirá mais confiante em relatar este tipo de
situação ao farmacêutico.

• Escutar o paciente e compreender a demanda


Acolher • Proporcionar um local adequado ao atendimento

• Identifique quem é o seu paciente

• Investigue a natureza dos sinais e sintomas

• Descubra desde quando os sintomas estão presentes


Avaliar • Pergunte se o paciente já iniciou algum tratamento

• Verifique a presença de comorbidades e medicamentos em uso

• Considere outras situações especiais existentes

• Recomendação do tratamento
Aconselhar • Encaminhamento ao médico

A equipe da farmácia também deve estar treinada e comprometida com este tipo de demanda dos clientes. Reco-
Manual 6 . Autocuidado

menda-se que a lista de sintomas e transtornos menores seja disponibilizada aos balconistas, com a instrução de
passar o atendimento ao farmacêutico sempre que estas demandas surgirem na farmácia. Este controle do fluxo
de atendimento no balcão é importante, pois canaliza o tempo limitado do farmacêutico para aquelas situações
que irão trazer maior impacto para a qualidade de atendimento da farmácia como um todo. Mostrar ao cliente
que sua necessidade será atendida de modo especial pelo farmacêutico gera segurança, fortalece o relaciona-
mento da farmácia com a comunidade e o posicionamento de sua marca no mercado.
16
PASSO 2. AVALIAR

A fim de proceder uma boa avaliação, o farmacêutico deverá ouvir atentamente e coletar dados sobre o paciente.
Ao final dessa anamnese, o farmacêutico deverá dispor de informação suficiente para tomar uma decisão sobre o
caso. Considerando o limite de tempo e as condições de atendimento normais de uma farmácia e drogaria, é acei-
tável que esta entrevista clínica semiestruturada foque-se apenas na avaliação da queixa principal do paciente.
Existem diversas técnicas disponíveis na literatura que podem auxiliar o farmacêutico a conduzir esta anamnese
de forma estruturada, inclusive sugeridas pelo Conselho Federal de Farmácia. Como base, memorize o acrônimo
INDICO (7), uma forma de criar um roteiro para a anamnese farmacêutica:

Acrônimo INDICO para avaliação farmacêutica frente a uma queixa do paciente

I N D I C O
Desde quando Iniciou algum Comorbidades
Identificação do Natureza dos Outras situações
os sintomas tratamento? e medicamentos
paciente sinais e sintomas especiais
tiveram início Houve melhora? em uso

I - Identifique quem é o seu paciente

Identifique os aspectos básicos referentes ao paciente que está sofrendo o sintoma (que nem sempre é a mes-
ma pessoa que procura pelo medicamento). É homem ou mulher? Qual a idade? Trata-se de uma criança, jovem,
adulto ou idoso? Aspectos menos objetivos também podem ser relevantes como estado de saúde aparente: O
paciente apresenta bom estado geral? Aparenta boa nutrição? Boa higiene pessoal? Articula-se com facilidade
ou apresenta dificuldade ao andar ou falar? (7).

N - Natureza dos sinais e sintomas

Compreenda o problema chave, a queixa principal, que trouxe o paciente à farmácia. Este geralmente compõe-
se de um ou dois sintomas primários, descritos pelo paciente em suas próprias palavras. Faça perguntas sobre a
história da queixa principal. Há sete fatores que compõe a história da queixa principal do paciente: i) localização,
ii) caracterização, iii) gravidade, iv) tempo, v) ambiente, vi) fatores que modificam e vii) sintomas associados. O
farmacêutico deve buscar conhecer a localização precisa dos sintomas, sua descrição específica, sua gravidade
(leve, moderada ou grave), em que momento do dia ou em que circunstâncias os sintomas surgem ou desapa-
recem, fatores que geram alívio ou agravo e outros sintomas que possam ter surgido associados aos sintomas 17
principais. Estas informações permitem ao farmacêutico avaliar a gravidade real do problema e eventual neces-
sidade de exploração diagnóstica e atendimento médico. Consulte as principais causas possíveis, os exemplos
de perguntas da entrevista e as anormalidades referentes a cada condição específica presente neste manual (7).

D - Pergunte desde quando os sintomas estão presentes

A duração dos sintomas também faz parte da história da queixa principal e apresenta especial importância no
aconselhamento para uso de medicamentos isentos de prescrição médica. A duração do problema de saúde re-
presenta um dos mais importantes critérios, quanto à avaliação da necessidade de atendimento médico. Dife-
rentes transtornos podem ter diferentes períodos de evolução, desde horas (ex. cefaleia), dias ou semanas (ex.
constipação, diarreia) ou mesmo vários meses ou anos (ex. acne, dermatite seborreica). Há autores que recomen-
dam que transtornos com evolução superior a 7 dias devem ser sempre encaminhados ao médico. Este período
de tempo pré-determinado, entretanto, pode não ser adequado para vários problemas de saúde. Assim, consulte
as características clínicas específicas dos principais sintomas menores passíveis de tratamento na farmácia, a
fim de avaliar sobre a necessidade ou não de encaminhamento ao médico ou seleção de medicamento isento de
prescrição (7).

I - Pergunte se o paciente já iniciou algum tratamento

Em muitos casos, os pacientes procuram a farmácia após já terem tentado algum tipo de tratamento (farma-
cológico ou não), sem sucesso. Explore o uso de anterior de medicamentos para os sintomas atuais, pois isso
pode ajudá-lo a estimar a gravidade do problema, assim como na seleção de tratamento apropriado. Geralmen-
te, sintomas cujo tratamento anterior tenha falhado indicam maior gravidade. Casos em que um medicamento
aparentemente adequado já tenha sido utilizado, sem evolução positiva dos sintomas, indicam necessidade de
encaminhamento ao médico. Por outro lado, o farmacêutico deve observar se o paciente utilizou o medicamento
adequado ao caso e de que forma (regime terapêutico). Em muitos casos, falhas no tratamento dos sintomas de-
vem-se a utilização incorreta dos medicamentos, mesmo em problemas de saúde menores (7).
Manual 6 . Autocuidado

C - Verifique a presença de comorbidades e medicamentos em uso

Muitos pacientes apresentam doenças crônicas ou outras condições clínicas concomitantes, que podem indicar
maior gravidade dos sintomas apresentados (p.ex. sintomas respiratórios, que podem representar agravamento
em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva), assim como limitar o espectro de medicamentos isentos de
prescrição médica (p.ex. uso de descongestionantes nasais sistêmicos em pacientes com hipertensão arterial).
18 Por isso, conhecer essas condições é de extrema importância na avaliação do paciente. O uso de medicamen-
tos contínuos também deve ser investigado, pois podem tanto representar contraindicações ao uso de certos
medicamentos (p.ex. AINES em pacientes sob uso de anticoagulantes orais), como podem ser a própria causa da
sintomatologia relatada. Muito frequentemente, pacientes sofrendo reações adversas a medicamentos interpre-
tam seus sintomas como sendo novos problemas de saúde, de causa menor, buscando tratamento sintomático
na farmácia (p. ex. tosse causada por inibidores da ECA). Casos como esses indicam necessidade de encaminha-
mento ao médico, preferentemente acompanhado de informe escrito emitido pelo farmacêutico, pois exigirão
reavaliação da prescrição.

O - Considere outras situações especiais existentes

Existem situações especiais que podem orientar o farmacêutico em sua tomada de decisão. Gravidez e lactação,
particularmente, representam condições que podem limitar significativamente as opções de tratamento na farmá-
cia, ao mesmo tempo em que precipitam o surgimento de vários tipos de sintomas considerados menores (p.ex.
fraqueza, náuseas e constipação). Além disso, o risco de teratogenicidade, ou a passagem do medicamento para o
leite materno, requerem que o farmacêutico saiba interpretar informações sobre o risco do uso de certos medica-
mentos nesses períodos. A classificação mais conhecida de risco na gravidez foi desenvolvida pelo FDA Americano
e subdivide os medicamentos em A, B, C, D e X. Experiências anteriores de reações alérgicas a medicamentos tam-
bém devem ser investigadas antes da seleção de medicamentos isentos de prescrição. Trata-se de uma pequena
precaução que pode fazer grande diferença. Histórico de hipersensibilidade e risco X constituem duas condições de
contraindicação absoluta que podem representar a diferença entre o sucesso e o desastre terapêutico. Finalmente,
aspectos referentes às condições socioeconômicas do paciente, assim como acesso a serviços de saúde, devem ser
levados em consideração, pois podem influenciar diretamente o tipo de tratamento a ser recomendado por você,
assim como as instruções referentes ao encaminhamento para outros serviços de saúde (7).

PASSO 3. ACONSELHAR

O conteúdo do seu aconselhamento ao paciente pode incluir os tratamentos recomendados, tanto não-farma-
cológicos como com medicamentos, e/ou os motivos pelos quais você julga importante que o paciente procure
atendimento médico. O ponto crucial do aconselhamento neste caso é criar uma “rede de segurança” ao redor do
paciente. Isto é, informá-lo sobre “quem”, “quando” e “como” procurar, casos os sintomas piorem, ou o tratamento
recomendado não faça o efeito esperado.
19
Encaminhamento ao médico

Caso você decida encaminhar o paciente ao médico, faça isso de forma clara e cautelosa, de modo que o paciente
compreenda seu estado e siga as orientações. Diferencie claramente casos de maior gravidade, que requerem
atendimento imediato, daqueles de gravidade leve ou moderada que não exigem encaminhamento de urgência.
Muitas vezes, ainda, a necessidade de encaminhamento não exclui o tratamento com MIPs. Tratar os sintomas
por período definido e encaminhar pode ser a melhor alternativa para várias situações.

Sempre que possível, faça este encaminhamento ao médico por escrito, utilizando a declaração de serviço farma-
cêutico ou um papel timbrado da farmácia, como no exemplo a seguir:

• Identificação do estabelecimento farmacêutico ao


qual o farmacêutico está vinculado.

• Nome completo e contato do paciente.

• Descrição da terapia não farmacológica ou de ou-


tra intervenção relativa ao cuidado do paciente,
quando houver, por exemplo, encaminhamento do
paciente a outro profissional da saúde.

• Data do atendimento.

• Nome completo do farmacêutico, assinatura e


número de registro no Conselho Regional de
Farmácia.

Neste manual, para cada condição apresentada, estão listadas as situações nas quais é necessário atendimento
médico.
Manual 6 . Autocuidado
20
Pacientes difíceis

Quando decidir encaminhar, você poderá se deparar com clientes difíceis. Muitos pacientes aceitam o conselho de
ir ao médico sem questionar, enquanto outros podem se mostrar bastante resistentes. Sempre enfatize suas orien-
tações com bom senso, mas também respeite o paciente, entendendo que estes são livres para tomar suas próprias
decisões (7). Em casos de pacientes relutantes, alguns comentários podem auxiliar você a portar-se elegantemente:

Se você vai levar o produto de qualquer


forma, por favor, esteja seguro para
explicar ao paciente sobre os problemas
dos quais falamos

Eu sinceramente não acredito que o


Se fosse meu filho, eu produto irá resolver seu problema,
levaria ao médico mas se você quer usar de qualquer
forma, seja cuidadoso...

Você pode usar o produto que


Você se importa se eu telefonar mais
quiser, mas eu o aconselharia a
tarde para verificar se o seu proble-
visitar um médico primeiro
ma está melhorando ou piorando?

Recomendação do tratamento

Você pode recomendar tanto medidas não-farmacológicas como medicamentos e ambas possuem a mesma im-
portância. Crie o hábito de escrever na declaração de serviço farmacêutico também as medidas não-farmacoló-
gicas prescritas. Caso decida pelo uso de medicamentos, considere o arsenal isento de prescrição disponível e
as características do paciente. Uma dica importante é criar listas pessoais de MIPs disponíveis na sua farmácia.
Nestes casos, considere sempre pelo menos duas opções para cada indicação clínica.

O primeiro passo para se prescrever bem medicamentos e medidas não-farmacológicas é definir claramente os
objetivos do tratamento. O que se pretende atingir com o uso do medicamento: cura, alívio do sintoma, prevenção
de uma doença, etc. Deve-se atentar para definição clara desses objetivos, incluindo indicadores de alcance e prazo
(metas). Consulte neste manual os principais objetivos do tratamento para cada condição clínica apresentada.

Quando recomendar o medicamento, forneça instruções completas ao paciente. Isso inclui nome do medicamen-
to, propósito do tratamento, dose, frequência e duração a ser seguida, e ainda instruções adicionais específicas
para administração correta do medicamento, caso existam. Forneça esta recomendação sempre por escrito, e 21
não se esqueça de pedir ao paciente que repita para você as instruções fornecidas (Por exemplo, “só para ter cer-
teza de que não nos esquecemos de nada, o(a) senhor(a) poderia me dizer como irá tomar este medicamento?”).

Finalmente, tão importante quanto avaliar e orientar o paciente na escolha do medicamento é educá-lo para o
autocuidado daquele momento em diante. Oriente o paciente sobre o que fazer caso os sintomas não melhorem
com as medidas adotadas e quanto tempo esperar até os efeitos do tratamento surgirem. Não há necessidade
de acompanhar a evolução de todos os pacientes que você atende, mas peça ao paciente que retorne à farmácia
quando possível, para lhe dizer como foi o resultado, e agende uma ligação dias após o atendimento para aqueles
pacientes que você julgar mais graves.

Como redigir suas orientações ao paciente

Segundo o Conselho Federal de Farmácia, a prescrição farmacêutica é definida como “ato pelo qual o farma-
cêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao
cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e
de outros problemas de saúde”. De acordo com a Resolução nº 586 de 29 de agosto de 2013, a prescrição farma-
cêutica deverá ser redigida em português, por extenso, de modo legível, observados a nomenclatura e o sistema
de pesos e medidas oficiais, sem emendas ou rasuras. Veja a seguir um exemplo:

• Identificação do estabelecimento farmacêutico


ao qual o farmacêutico está vinculado

• Nome completo e contato do paciente

• Descrição da terapia farmacológica quando


houver, incluindo as seguintes informações: a)
nome do medicamento ou formulação, concen-
tração/dinamização, forma farmacêutica e via de
administração; b) dose, frequência de administra-
ção do medicamento e duração do tratamento; c)
instruções adicionais, quando necessário

• Descrição da terapia não farmacológica ou de


outra intervenção relativa ao cuidado do pacien-
te, quando houver
Manual 6 . Autocuidado

• Data do atendimento

• Nome completo do farmacêutico, assinatura e


número de registro no Conselho Regional de
Farmácia;
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ACNE (8,9)

O que é?

Acne vulgaris é uma doença do aparelho pilossebáceo. Quatro fatores


estão envolvidos: hiperqueratinização folicular, aumento da produção de
sebo, propionibacterium acnes dentro do folículo e resposta inflamatória.

A acne é uma doença do canal folicular de um folículo sebáceo (1). Um estrato cór-
neo compacto e uma camada granular engrossada na infrainfundíbulo são o início
da formação de um comedão, ou cravo (1 e 2). Microcomedões tornam-se fecha-
dos ou abertos (3). Secreção excessiva de sebo ocorre, e a bactéria P. acnes proli-
fera-se exacerbadamente. O organismo produz fatores quimiotáticos, levando a
migração de neutrófilos para o cravo intacto. Enzimas neutrofílicas são liberadas e
a ruptura do cravo, induz um ciclo de quimiotaxia neutrofílica e inflamação intensa
(4 a 7).

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS MEDICAMENTOS

• Hiperandrogenismo (síndrome do ovário poli- • Glicocorticoides


cístico, hiperplasia adrenal congênita, tumores
adrenais ou ovarianos) • Fenitoína

• Sabões, detergentes e adstringentes • Lítio

• Oclusão mecânica pilossebácea (golas altas, alças • Isoniazida


de sutiã, moldes ortopédicos, produtos capilares
• Inibidores do receptor do fator de crescimento
oleosos)
epidérmico
• História familiar
• Iodetos
• Estresse psicológico
• Brometo
• Obesidade
• Andrógenos
• Consumo excessivo de leite
• Corticotropina
• Não existem evidências suficientemente robustas
• Ciclosporina
que indiquem que outros fatores alimentares pos-
sam influenciar no desenvolvimento de acne • Dissulfiram

• Psoralênicos

• Tioureia

• Vitaminas B2, B6 e B12

• Azatioprina
O que devo perguntar ao paciente? 23

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo você tem acne? Características Associação possível


• Você mudou alguma coisa em seus hábitos (cos- • Acne associada • Acne grave ou
méticos) que possa ter piorado o quadro? a sintomas outras condições
sistêmicos sistêmicas
• Você tem passado por algum fator estressante?
• Acne com resposta • Acne grave
• Você tem ovário policístico ou hirsutismo?
inflamatória exa-
• Você está utilizando algum medicamento? Qual? cerbada

• Acne associada a • Hiperandrogenis-


hirsutismo e/ou mo
cólicas menstruais

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Acne fulminante

Erupção aguda de grandes nódulos inflamatórios e placas friáveis


com crostas hemorrágicas associada a febre e artralgias sugere o
diagnóstico de acne fulminante, uma doença sistêmica, com necessi-
dade de tratamento sistêmico.

Acne conglobata

Forma grave de acne nodular, com necessidade de diagnóstico e ins-


tituição de tratamento sistêmico.

Síndrome SAPHO
Associação rara de sinovite, acne, pustulose, hiperostose e osteíte,
com necessidade de diagnóstico e instituição de tratamento sistêmico.
Síndrome PAPA
Manual 6 . Autocuidado

Doença autossômica dominante inflamatória, caracterizada por ar-


trite piogênica estéril, pioderma gangrenoso e acne.
24 CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Acne em crianças até
seis anos de idade

Manifestação incomum, em bebês pode indicar acne neonatal, e em


crianças maiores pode indicar acne infantil, normalmente associada
a hiperandrogenismo. Ambas as condições exigem diagnóstico e tra-
tamento médico específico.

Acne associada a edema


e/ou eritema facial
Complicação rara de acne que se apresenta como edema e/ou erite-
ma de facial de partes moles. Essa forma de acne é também conheci-
da como doença de Morbihan. A condição pode aumentar e diminuir
em termos de gravidade, mas, geralmente, não se resolve espontane-
amente sem instituição de tratamento sistêmico adequado.
Acne sem cravos com telangiectasias

A presença de telangiectasias (vasos sanguíneos pequenos e alarga-


dos na pele) indica provável rosácea, com necessidade de investiga-
ção adicional.

Quais são os objetivos do tratamento?

Reduzir o quadro inflamatório de acne. Diminuir cravos. Melhora da imagem pessoal e autoestima.

Que tratamentos eu posso recomendar?

CRIANÇAS >12 ANOS, ADULTOS E IDOSOS

Orientações gerais

• Utilização de produtos de limpeza a base de detergente sintético (pH de 5,5 a 7) 2 x/dia. O enxague
deve ser com água morna (não quente).

• A pele não deve ser esfregada agressivamente, massagem suave com as pontas dos dedos é suficiente
para a limpeza. Trauma mecânico repetitivo pode agravar a acne inflamatória e promover o desenvol-
vimento de novas lesões de acne.

• Loções à base de água, cosméticos e produtos para o cabelo são menos comedogênicos do que os
produtos à base de óleo.

• Os pacientes devem ser aconselhados a não espremer suas lesões de acne, pois isso pode agravar cicatrizes.
25
Primeira linha

• Peróxido de benzoíla (Benzac AC® / Solugel® / Acnase®)

□□ Gel 25 mg/g (2,5%), 40 mg/g (4%), 50 mg/g (5%), 80 mg/g (8%) e 100 mg/g (10%)

°° Adaptação: Aplicar na área das lesões 1-2 x/dia e deixar agir por 2 horas durante 4 dias, se
bem tolerado, aumentar o tempo de aplicação por 4 horas por mais 4 dias e posteriormen-
te durante a noite toda por mais 4 dias.

°° Manutenção: Aplicar o produto 2 x/dia, de manhã e a noite, e deixar agir. O uso concomi-
tante de bloqueador solar é recomendado.

• Peróxido de benzoíla +Ácido salicílico

• Peróxido de benzoíla + Enxofre (Acnase®)

□□ Enxofre 20 mg + Peróxido de benzoíla 50 mg

°° Adaptação: Aplicar na área das lesões 1-2 x/dia e deixar agir por 2 horas durante 4 dias, se
bem tolerado, aumentar o tempo de aplicação por 4 horas por mais 4 dias e posteriormen-
te durante a noite toda por mais 4 dias.

°° Manutenção: Aplicar o produto 2 x/dia, de manhã e a noite, e deixar agir. O uso concomi-
tante de bloqueador solar é recomendado.

Segunda Linha

• Ácido salicílico (Secatriz®)

□□ Gel 3% - Aplicar nas lesões 1 x/dia

□□ Loção adstringente 130 ml – 2-3 x/dia

□□ Sabonete 90 g - Utilizar 2-3 x/dia

□□ Lapiseira antiacne – Aplicar nas lesões 2-3 x/dia para corrigir imperfeições

• Ácido salicílico + enxofre (Actine® / Nixoderm® / Sastid® / Salder S® / Despin As® / Dermolimp®)

□□ Sabonete 80g,110 g – Utilizar 2-3 x/dia

□□ Creme 30 g – 2-3 x/dia

• Alfa-hidroxiácidos – presentes nas composição de diversos cosméticos

• Sabonetes antibacterianos: triclosan, iodopovidona e clorexidina


Manual 6 . Autocuidado

Reações alérgicas

Em casos de reações alérgicas ou irritação grave da pele durante o uso de produtos tópicos, o uso
do produto deve ser interrompido e atendimento médico deve ser aconselhado. Irritações leves,
podem ocorrer no período inicial de tratamento com peróxido de benzoíla.
26
ALOPECIA (10–14)

O que é?

A alopecia ou “perda de cabelo” é uma queixa clínica comum que representa a manifestação de uma
grande variedade de distúrbios. Embora a causa da perda de cabelo é facilmente diagnosticada em al-
guns casos, como em pacientes que se apresentam com queda de cabelo clássica ou desigual devido à
alopecia areata, o diagnóstico de perda de cabelo também pode ser um desafio.

O que mais eu preciso saber?

Os folículos pilosos são as estruturas fundamentais do cabelo, estes apresentam


ciclos ao longo da vida, caracterizados por períodos de crescimento (anágeno),
transformação (catágeno) e repouso (telógeno). Nos seres humanos, o cabelo não
apresenta ciclo síncrono, o que significa que o ciclo de um folículo independe do
dos outros, evitando a queda em massa do cabelo. A alopecia pode ocorrer devido a
distúrbios de ciclismo de cabelo, condições inflamatórias que danificam os folículos
pilosos, ou anomalias hereditárias ou adquiridas em fios de cabelo.

Como classificar?

As principais linhas divisórias para as várias formas de perda de cabelo são a distinção entre alopecia
cicatricial (cicatrizes), não-cicatricial e devido a distúrbios estruturais do cabelo. Alopecia induzida
por quimioterápicos apesar de normalmente representar um tipo de alopecia não-cicatricial, apresen-
ta importância ímpar, devido a morbidade psicológica associada.

ALOPECIA CICATRICIAL ALOPECIA NÃO-CICATRICIAL ALOPECIA ESTRUTURAL


Doenças inflamatórias do couro Condições onde o folículo piloso não Anormalidades estruturais do
cabeludo que levam à cessação está permanentemente danificado, cabelo que resultam em cabelos
irreversível do ciclismo do cabelo e tornando novo crescimento espon- quebradiços ou frágeis pode levar
perda de cabelo permanente. tâneo ou induzido por tratamento a ruptura do cabelo ou apareci-
uma possibilidade. mento de falha.

MEDICAMENTOS
Os principais medicamentos relacionados à alopecia são os quimioterápicos citotóxicos. Esses medicamentos atacam
células que se dividem rapidamente no organismo, incluindo as células da matriz capilar. Isto pode resultar em perda
de cabelo. A capacidade de quimioterápicos para causar a perda de cabelo depende da via, dose e esquema de adminis-
tração. De maneira geral regimes de quimioterapia intravenosa intermitente e combinações de medicamentos estão
associados com uma alta incidência de alopecia. Os principais medicamentos associados à alopecia são: ciclofosfamida,
dactinomicina, doxorrubicina, irinotecano, paclitaxel, docetaxel e topotecano.
Em menor proporção, uma grande variedade de medicamentos pode causar alopecia, particularmente eflúvio telógeno,
tais como, alopurinol, androgênicos, estatinas, anticoagulantes, anticonvulsivantes, antimicóticos, antitireoidianos,
betabloqueadores, anti-inflamatórios não esteroidais e etc.
Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
ALOPECIAS CICATRICIAIS
Alopecias Linfocíticas Primárias
Lúpus eritematoso discoide
Início geralmente na idade Eritematoso com presença Rosto, orelhas, e outros Dermatite de interface, Não
adulto jovem; mais comum de placas atróficas e entu- locais podem ser afetadas; atrofia epidérmica, tampo-
em mulheres; pode ocorrer pimento folicular, hiperpig- uma minoria dos casos estão namento folicular, espessa-
de forma independente ou mentação e/ou hipopigmen- associados com lúpus erite- mento da membrana basal,
em pacientes com Lúpus. tação podem ocorrer. matoso sistêmico, infiltrado mononuclear
perifolicular superficial e
profundo.
Líquen plano pilar
Mais comum em caucasia- Áreas de cicatrizes cercadas Pode ser acompanhada por Infiltrado liquenóide em Não
nos. por folículos com eritema; manifestações cutâneas, da todo o istmo e infundíbulo,
coceira e dor podem ser unha ou mucosas. dermatite de interface, fibro-
graves. plasia lamelar concêntrica.

Alopecia fibrosante frontal


Mais comum em mulheres na Eritema perifolicular, hiper- Perda de sobrancelhas. Infiltrado liquenóide em Não
Quais são as características dos diferentes tipos de alopecia?

pós-menopausa. queratose folicular, alopecia todo o istmo e infundíbulo,


frontal. queratinócitos apoptóticos
na bainha externa da raiz,
fibroplasia lamelar concên-
trica.
27

Manual 6 . Autocuidado
28

Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
Pseudopelada de Brocq
Mais comum em homens de Placas cicatriciais da cor da N/A Infiltrado linfocitário em Não
meia-idade. pele, parecidas com “pega- torno infundibulo, fibropla-
das”. sia lamelar concêntrica ao
redor dos folículos em lesões
posteriores.

Alopecia mucinosa Pode estar associada à Alopecia associada a placas Pode haver envolvimento da Deposição de mucina na bai- Não
micose fungoide ou linfoma endurecidas eritematosas ou sobrancelha. nha externa da raiz, eventual
cutâneo de células T. cor da pele, pápulas folicu- substituição dos folículos
lares. por mucina, infiltrado linfo-
citário.
Alopecia Neutrofílica Primária
Foliculite decalvante
Mais comum em jovens e de Manchas de alopecia, pápu- N/A Infiltrado neutrofílico Não
meia idade adultos, sobretu- las foliculares eritematosas, interfolicular e perifolicular;
do homens. pústulas, hiperqueratose infiltrado misto, granulomas
folicular, foliculite em tufos. e fibrose em lesões poste-
riores.

Alopecias Mistas
Acne necrótica Adultos. Pápulas umbilicadas, prurigi- N/A Foliculite infundibular com Não
nosas, dolorosas que sofrem necrose, linfocítica ou infil-
necrose central e evoluem trado inflamatório misto.
com cicatrizes varioliformes.
Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
ALOPECIAS NÃO-CICATRICIAIS
Focal
Alopecia areata
Uma das formas mais co- Manchas redondas de alope- Outros sítios detentores de Infiltrado peribulbar linfo- Sim
muns. Início ocorre comu- cia; pode estender-se à per- pelos podem ser afetados,- cítico assemelhando-se a
mente na infância ou no da de cabelo total do couro corrosão da unha, traquio- “enxame de abelhas”; vários
adulto jovem. cabeludo (alopecia total) ou níquia. folículos pilosos miniaturi-
a perda de todos os pelos do zados; na doença crônica, au-
corpo (alopecia universalis); mento catágeno / telógeno
apresentação da perda de nos folículos.
cabelo difusa é rara.
Alopecia por tração Indivíduos com uso crônico Perda de cabelos terminais N/A Aguda: aumento da catáge- Sim
de penteados de indução de em áreas de tração; tração ne / telógene, pigmentação
tração ou amarradores. prolongada pode levar a ocasional.
alopecia cicatricial.
Alopecia sifilítica Mais comum em adultos Perda de cabelo desigual, Outras manifestações Aumento de catágene / teló- Sim
jovens; ocorre devido à sífilis aspecto “roído por traças”. mucocutâneas da sífilis gene, inflamação perifolicu-
secundária. secundária. lar com células plasmáticas.
Crônica: redução de pelos
terminais, ratos fibrosos,
retenção de glândulas
sebáceas.
Alopecia Temporal Ocorre ao longo da vida, Área triangular ou oval com N/A Predominância de pelos Sim
Triangular geralmente detectada na o cabelo terminal ausente na velus (um tipo de pelo fino,
infância ou adolescência. região temporal com poucos curto e pouco pigmentado).
centímetros de diâmetro;
pelos visíveis na inspeção
próxima.
29

Manual 6 . Autocuidado
30

Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
Alopecia induzida por Mais comumente vista em Perda de cabelo localizada N/A Quase todos os cabelos em Sim
pressão (pós-operatória) pacientes cirúrgicos. em área de pressão prolon- fase catágena / telógena, me-
gada, como o couro cabeludo lanina colapsada na bainha
posterior após anestesia radicular exterior, trombose,
geral prolongada. necrose.
Perda de cabelo modelada
Queda de cabelo em padrão
masculino (alopecia
androgenética)
Mais comum em homens Perda de cabelo lenta e pro- N/A Marcada variação em tama- Sim
adultos, a prevalência au- gressiva na região frontal, nho folicular, aumento da
menta com a idade temporal e / ou vértice do proporção de folículos velus,
couro cabeludo. ligeiro aumento de folículos
telógenos.

Queda de cabelo em padrão


feminino
Mais comum em mulheres Perda de cabelo lenta e pro- N/A Se associados a sinais de Sim
adultas, prevalência aumen- gressiva na coroa do couro hiperandrogenismo, hirsutis-
ta com a idade. cabeludo; linha de frente mo ou virilização pode estar
muitas vezes é relativamen- presente.
te poupada.

Tricotilomania
Pode ocorrer em crianças e Cabelos quebrados frequen- Pode ser associada à inges- Distorção folicular, conver- Sim
adultos. Pessoas que sofrem temente distribuídos em um tão de cabelo e risco para são de pigmentos, tricoma-
desse distúrbio de controle padrão bizarro. tricobezoar (acúmulo de lácia, pigmento melanina
de impulsos arrancam os fios pelos ou cabelos dentro do colapsados em bainhas de
de cabelo para controlar a estômago). raiz, cabelos quebrados,
ansiedade e o nervosismo. hemorragia folicular.
Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
Perda de cabelo difusa
Eflúvio telógeno Mais comum em mulheres. Queda capilar difusa aguda Achados associados à causa Aumento na proporção de Sim
Associada a pós-parto, ou crônica. subjacente podem estar folículos telógenos (20 a
interrupção do uso de pílulas presentes. 50%).
anticoncepcionais ou de re-
posição hormonal, infecções
e doenças acompanhadas de
febre alta, traumas físicos e/
ou emocionais, pós-opera-
tório, doenças da tireoide,
deficiências nutricionais
(ferro, zinco e proteínas) ou
dietas muito restritivas (com
ou sem medicamentos).
Eflúvio anágeno Visto em associação com Queda capilar aguda. Achados associados à causa O aumento da proporção Sim
quimioterapia, radiação e subjacente podem estar de folículos telógenos, fios
toxinas. presentes; queda capilar em anágenos distróficos; raros
outros sítios. casos de perda permanente
do cabelo podem demons-
trar estruturas lineares basa-
lióides.
Alopecia estrutural
Tricorrexe nodosa Pode ocorrer como resul- Cabelos quebradiços e mal- N/A Ruptura da cutícula pro- Sim
(cabelo quebradiço) tado de práticas estéticas formados. tetora e desgaste da haste
prejudiciais, tais como o capilar.
processamento químico,
escovação excessiva ou apli-
cação de calor excessivo.
Tricoptilose Pode ocorrer como resul- Cabelos quebradiços e mal- N/A Divisão e desgaste da Sim
(pontas duplas) tado de práticas estéticas formados. extremidade distal do fio de
prejudiciais, tais como o cabelo, que é comumente re-
processamento químico, ferido como “pontas duplas”.
escovação excessiva ou apli-
cação de calor excessivo.
31

Manual 6 . Autocuidado
32 O que devo perguntar ao paciente?

Entrevista

• Você consegue dizer quando começou a ter queda capilar? Isso foi há quanto tempo?

• Você tem notado que a condição tem piorado ou progredido nos últimos anos?

• Houve algum fator precipitante, que possa ter induzido a queda capilar?

• Outras pessoas na sua família tem perda capilar?

• Você faz escova,chapinha ou tratamento químico com frequência?

• Você teve apresentou alguma alteração hormonal recente?

• A queda é localizada ou contempla o couro cabeludo de modo geral?

• Você tem ou teve alguma doença inflamatória capilar ou sistêmica?

• Você está em tratamento quimioterápico?

• Posso ver seu couro cabeludo? (Nesse momento avalie a distribuição da queda, e a possível presen-
ça de cicatrizes, lembre-se que a alopecia androgenética representa o tipo mais comum de calvice.
Investigue também possíveis fatores que podem estar levando ao quadro, como estresse físico e
psicológico, tração, pressão e mudanças hormonais).

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Podem indicar casos de alopecia cicatricial, e necessitam de
intervenção precoce na causa subjacente (quando ela exis-
Perda de cabelo associada a quadros inflamatórios locais
te) a fim de instituir tratamento adequado para minimizar
danos e propiciar o crescimento capilar.
Alopecia associada a placas endurecidas eritematosas ou
Pode estar associada à micose fungoide ou linfoma cutâneo.
cor da pele, pápulas foliculares.
Queda capilar difusa aguda ou crônica associada a pós-par-
to, interrupção do uso de pílulas anticoncepcionais ou de
Podem indicar causa subjacente ativa de eflúvio telógeno,
reposição hormonal, infecções e doenças acompanhadas de
necessidade de investigação e gestão causal.
febre alta, traumas físicos e/ou emocionais, em ausência de
normalização em 3-6 meses.
Alopecia ligada a transtornos psicológicos com arrancha-
Necessidade de tratamento causal.
mento de cabelos.

Quais são os objetivos do tratamento?

Cessar a queda capilar, e estimular o crescimento de fios em novos folículos.


Que tratamentos eu posso recomendar? 33

ADULTOS E ADOLESCENTES (>18 ANOS)

Alopecias não-cicatriciais

• Minoxidil tópico Solução 2% (20 mg/mL) e 5% (50 mg/mL) frasco 50ml e 60ml (Regaine® / Aloxidil®).

□□ Aplicar 1 mL do produto, 2 vezes por dia (de manhã e à noite, 30 minutos antes de deitar), duran-
te pelo menos 4 meses, ou por período individualizado, o paciente deve ser acompanhado mês a
mês. A dose diária não deve ultrapassar 2 ml/dia. O produto deve ser aplicado apenas no couro
cabeludo. Não utilizar se o couro cabeludo estiver inflamado, eritematoso, infectado, irritado ou
dolorido, pois pode haver aumento da absorção do produto.

• Solução 5% apresenta maior efetividade do que solução de 2%.

• Os primeiros cabelos que crescerem podem ser mais fracos, menos espessos e menos coloridos do
que os já existentes. Com a continuação do tratamento os novos cabelos vão ficando da mesma cor
e espessura dos demais.

• O crescimento do cabelo pode ser visto dentro de quatro a oito meses e se estabiliza em 12-18 meses.

ADOLESCENTES E ADULTOS

Eflúvio telógeno

• Agudo: Geralmente associado a fatores causais, tais como, cirurgia de grande porte, parto, perda
rápida de peso, deficiência nutricional, profundo estresse emocional. Nesses casos recomenda-se a
gestão do distúrbio subjacente, e acompanhamento. Geralmente autolimitado.

• Crônico: Comumente associado à alopecia androgenética – ver tratamento padrão.

E se o paciente quiser interromper o tratamento?


Manual 6 . Autocuidado

O paciente deve ser aconselhado a não suspender abruptamente o tratamento, pois isso pode levar
a queda dos cabelos adquiridos em 3 a 4 meses. A interrupção gradual pode minimizar esse efeito,
entretanto, ainda assim pode haver perda de cabelos adquiridos.
34
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL (15–18)

O que é?

Episódio de alteração do hábito intestinal normal (hábito normal varia de 1x


em 3 dias até 3x ao dia). Caracteriza-se por aumento do intervalo de tempo
entre as deposições e dificuldade para evacuar, geralmente acompanhada de
aumento da consistência e calibre das fezes, dor ao evacuar, medo de evacuar,
retenção fecal, escape fecal, fissura anal, até sangramento retal.

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS MEDICAMENTOS

• Anorexia • Analgésicos opioides (ex. morfina)

• Doença de Parkinson • Antiácidos contendo alumínio

• Doença intestinal (ex. diverticulite) • Anticolinérgicos

• Fatores psicológicos • Anticonvulsivantes

• Gestação • Antidepressivos

• Hemorroidas • Anti-histamínicos

• Hipocalemia (hipopotassemia) • Antipsicóticos

• Hipotireoidismo • Benzodiazepínicos

• Ingesta insuficiente de água e fibras • Bloqueadores de canais de cálcio

• Insuficiência renal crônica • Diuréticos

• Mudança repentina de hábitos (ex. viagens) • Suplementos de cálcio

• Negligência ao reflexo gastrocólico • Suplementos de ferro

• Sedentarismo

• Síndrome do cólon irritável

• Transição alimentar (dieta líquida → sólida)

• Envelhecimento
ENTREVISTA ANORMALIDADES 35

• Há quanto tempo está tendo constipação?


CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL
• Quando foi sua última evacuação?
• Constipação alter- • Carcinoma de cólon ou
• Alguma mudança recente na sua alimentação? nada com diarreia doença diverticular

• Você tem tido diarreia, alternada com constipação? • Fezes claras e esfa- • Obstrução hepatobiliar
reladas
• Como está a aparência das fezes? [cor, presença de
sangue / muco, consistência (líquidas?), fezes finas] • Fezes finas • Carcinoma de cólon

• Alguma mudança recente no tamanho das fezes? • Fezes aumentam • Constipação induzida
com alimentos ricos por dieta
• O que faz o sintoma melhorar ou piorar? em fibra
• Tem sentido alguma dor abdominal? • Sangue • Colite ulcerativa, carci-
noma de cólon
• Perdeu peso recentemente?
• Muco • Colite ulcerativa
• Que medicamentos sob prescrição você utiliza?
• Perda de peso • Carcinoma de cólon
• Que medicamentos você já tomou para constipa-
ção? Funcionou?

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Sintomas persistentes indicam causa secundária, que requer diagnóstico
Constipação persistente por 2 semanas ou
médico. Considerar o episódio atual, pois muitos pacientes referem o
mais, sem causa identificada
problema há anos (história de constipação crônica).
Cólica, distensão abdominal, náusea e vômito Podem indicar obstrução intestinal grave
Fezes com sangue, cor vermelha, âmbar ou negra. Podem indicar carci-
noma ou doenças infecciosas. Lesões anais, perianais e hemorroidas tam-
Presença de sangue nas fezes
bém podem produzir sangramento, geralmente em menor quantidade e
vermelho vivo. O sangue pode aparecer nas fezes ou no papel higiênico.

História de cirurgia no intestino (Colostomia


A constipação pode estar relacionada a uma complicação da cirurgia.
ou ileostomia)
Em idosos, pode indicar compactação fecal ou excesso de fezes. Em
Constipação alternada com diarreia
jovens, pode indicar síndrome do cólon irritável ou doença diverticular.
Constipação associada a ganho de peso, letar-
Pode indicar hipotireoidismo
gia, queda de cabelo e pele seca
Constipação associada a perda de peso e perda
Pode indicar carcinoma
do apetite
Investigar uso de medicamentos que causam constipação. Recomendar
Suspeita de reação adversa a medicamento
consulta médica para revisão do tratamento, caso os sintomas não me-
prescrito
lhorem com autocuidado ou espontaneamente.
Constipação associada a dor abdominal difusa
Pode indicar quadro de apendicite.
e vômitos
Manual 6 . Autocuidado

Quais são os objetivos do tratamento?

Específicos para alguns pacientes: Facilitar a evacuação em pacientes com retenção fecal. Normalizar a
função intestinal em pacientes com dificuldade evacuatória. Evitar ou reduzir o uso abusivo de laxantes
estimulantes Gerais para todos os pacientes: Reduzir o desconforto e os sintomas associados. Prevenir a
ocorrência de episódios de constipação no futuro.
36 Que tratamentos eu posso recomendar?

CRIANÇAS

Orientações gerais

• Ingestão adequada de fibras (92)

□□ ≤2 anos - 5 g/dia (Em média uma porção de fruta ou legume fornece 1g de fibra)

□□ 2-5 anos - 7-15 g/dia

• Ingestão adequada de líquidos (93)

□□ Ingestão mínima peso-dependente: 5 kg – 500 ml; 10 kg - 960 ml; 15 kg - 1260 ml; 20 kg – 1500 ml

• Em casos de constipação induzida por leite de vaca – orientar ingestão diária máxima de 475-700 ml e/
ou teste com leite de soja enriquecido com cálcio ou fórmula de transição comercial (94,95).

Constipação Aguda – Retenção Fecal (96)

• Frutas contendo sorbitol (maçã, ameixa seca, pera)

• Polietilenoglicol / Macrogol (Muvinlax®) – Preparo: 1 sachê de 14g deve ser dissolvido em 125 ml
(0,11 g/ml). A solução preparada deve preferivelmente ser administrada de maneira imediata, se ne-
cessário armazenamento da solução diluída, esse não deve ultrapassar 24 horas.

□□ Idade >2 anos – 0,8 g/kg/dia (de 0,3 a 1,4 g/kg/dia, por até 6 dias consecutivos)

°° Multiplique o peso da criança por 0,8 para obter pessoa quantidade de medicamento ne-
cessária em gramas. Em seguida divida o valor encontrado por 0,11, para obter a quanti-
dade necessária a ser administrada em ml.

• Óleo mineral

□□ Idade >6 anos - ½ colher de sopa à noite ou pela manhã (5-15 ml/dia)

• Supositório de glicerina ou estimulação retal com termômetro retal lubrificado (podem ser utilizados
ocasionalmente se há fezes duras no reto. Essas intervenções não devem ser utilizadas com frequên-
cia, porque pode desenvolver tolerância; além disso, a glicerina pode irritar a mucosa retal ou ânus).

• 1 supositório/dia, colocado à noite antes de dormir.

Constipação Recorrente – Dificuldade evacuatória

• Dose inicial de laxante osmótico para eliminar fezes endurecidas (por 1-2 dias) (96–98):

□□ Lactulose (Lactulona®): lactentes - 5 ml/dia; 1-5 anos – 5-10 ml/dia; 6-12 anos – 10-15 ml/dia;I-
dade >12 anos: 15 a 30 ml/dia.

□□ Sorbitol solução + laurilsulfato de sódio (retal) (Minilax®): >2 anos - 1 bisnaga 6,5 g/dia.

□□ Polietilenoglicol (PEG) / Macrogol – 0,8 g/kg/dia (de 0,3 a 1,4 g/kg/dia).

• Suplementos de fibras (a fim de alcançar ingestão de 14g a cada 1000 kcal da dieta). Para serem efetivos,
esses devem ser associados a ingestão de 960-1920 ml de água ou outros líquidos não lácteos por dia.

□□ Plantago ovata (Psyllium) (Metamucil®, Agiloax®): 6-12 anos - meio sachê (2,9g) ou meia dose,
diluído em 240ml de água ou outro líquido, de 1 a 3 vezes ao dia.

□□ Metilcelulose: 1 cpr até 6x/dia, cada dose deve ser ingerida com pelo menos 300ml de água.

□□ Dextrina de trigo: crianças de 7-11 anos - duas colheres de chá (3,5g / um sachê), uma vez ao dia.
37
□□ Atenção: Consumo excessivo de fibras deve ser evitado em crianças com comportamentos de
retenção de fezes ou uma história de fecaloma.

Contraindicações

• Laxantes estimulantes (por exemplo: sene, bisacodil), óleo mineral, e enemas devem ser evitados em
lactentes devido aos seus potenciais efeitos adversos (96). Não utilizar óleo mineral em crianças <6
anos, pelo risco de aspiração.

ADOLESCENTES E ADULTOS

Constipação sem compactação – Dificuldade evacuatória


Primeira linha

• Mudanças dietéticas, com ingestão adequada de fibras (20 a 35 g/dia) e fluídos (2 litros/dia) (99,100).

• Suplemento de fibras – formadores de massa (Os pacientes devem ser advertidos de que o consumo
de grandes quantidades de fibras pode causar inchaço abdominal ou flatulência; este pode ser mo-
dulado, iniciando com quantidades pequenas, aumentando lentamente o consumo de acordo com a
tolerância e eficácia) (99,100).

□□ Plantago ovata (Psyllium): 1 sachê (5,85 g ou 1 colher de sobremesa), dissolvido em um copo de


água, até 3x/dia.

□□ Metilcelulose: 3-6 comprimidos administrados 2x/dia (4-6 g/dia).

□□ Dextrina de trigo: duas colheres de chá (3,5g / um sachê), em 120 mL de líquido, frio ou quente.
Não utilizar mais que 8 colheres de chá (4 sachês) por dia (até 14g de produto por dia).

□□ *O tratamento com suplementação de fibras deve ser utilizado até que mudanças alimentares, e
ingestão de fluídos, sejam instituídos para normalização da função intestinal.

Segunda linha

• Laxantes osmóticos açúcares

□□ Polietilenoglicol (PEG): sachê 14g - iniciar com 1-2 sachês/dia, VO, ingeridos de preferência pela ma-
nhã. O conteúdo do sachê deve ser dissolvido completamente em um copo (125 mL) de água, chá ou
suco. A dose pode ser ajustada conforme necessidade do paciente até máximo de 5 sachês/dia.

□□ Glicerina: supositório 2392 mg - 1 supositório/dia, conforme o necessário.

□□ Lactulose: solução 667 mg/ml - 10-20 g/dia (15-30 mL) VO; dose pode ser titulada até máximo
de 90-150 ml/dia.

□□ Sorbitol: oral (solução 70%) - 30-150 ml/dia. Enema retal (solução 25-30%) – 120 ml.
Manual 6 . Autocuidado

Terceira linha

• Laxantes osmóticos salinos (atenção especial deve ser dada a pacientes com insuficiência renal devido
a risco de hipermagnesemia)

□□ Fosfato de sódio (Phosfoenema®) (1 mL contém fosfato de sódio monobásico 160 mg + fosfato


de sódio dibásico 60 mg) – 100 ml via retal

□□ Lauril sulfato de sódio: Lauril sulfato de sódio + sorbitol (714 + 7,70mg), via retal – 1-2 bisnagas 6,5 g/dia
38
□□ Hidróxido de magnésio: 400 mg/5 mL - 30-60 ml/dia, 1x/dia, ou em doses divididas; 800 mg/5
mL: 15-30 ml/dia, 1x/dia, ou em doses divididas.

• Surfactantes ou emolientes (eficácia limitada em monoterapia) (101–103)

□□ Docusato de sódio: cpr associado (docusato de sódio 60 mg - bisacodil 5 mg (Humectol D®) – 1-2
cpr/dia; cpr 50mg – 50 mg até de 6/6h VO.

• Laxantes estimulantes ou irritativos (*Ingestão diária contínua destes agentes pode estar associada
com hipocalemia, enteropatia com perda proteica e a sobrecarga de sal. Assim, esses medicamentos
devem ser usados com cautela, e não ingeridos cronicamente) (104,105).

□□ Bisacodil (Dulcolax® / Bisalax® / Lacto purga® / Ducodil®): cpr 5 mg – 5-10 mg/dia VO por no
máximo 3-5 dias. Picossulfato de sódio (Guttalax®): solução 7,5 mg/ml ou pérolas gelatinosas
2,5 mg – 5-10 mg, em dose única VO por no máximo 3-5 dias.

□□ Sene assoc. (Tamaril® / Naturetti®): cpr 100mg – 200 mg/dia VO por no máximo 3-5 dias.

□□ Cáscara sagrada: cps 250 mg – 500 mg/dia por no máximo 3-5 dias.

□□ Ácido ricinoléico (Óleo de rícino): 15-60 ml/dia VO por no máximo 3-5 dias.

*O uso contínuo ou prolongado, indica a necessidade de avaliação causal e medidas específicas para sua gestão.

Constipação Aguda – Retenção fecal


Tratamento inicial (descompactação)

• Supositórios de glicerina ou bisacodil como abordagem inicial.

• Enema com óleo mineral ou água morna ou fosfato de sódio dibásico 0,06g/mL e fosfato de sódio mo-
nobásico 0,16g/mL (Fleet enema).

Tratamento pós-descompactação

• Sorbitol, lactulose ou macrogol a cada dois, até normalização do trânsito intestinal.

• Óleo mineral: 1-2 colheres de sopa à noite, e outra no dia seguinte ao despertar.

IDOSOS

As doses geriátricas são as mesmas recomendadas para adulto, entretanto, o tratamento deve ser iniciado com
as menores doses possíveis, e monitorado com maior cautela, visto a maior possibilidade de eventos adversos.

Primeira linha

• Aumento da ingestão de líquidos e exercícios (106,107)

• Aconselhar estabelecimento de padrão regular de tentativa de defecação – reflexo condicionado (me-


lhores horários: após acordar, após refeições) (108,109)

• Ingestão diária de fibras 20 a 25 g/dia (110)

• Laxantes formadores de massa (111):

□□ Psyllium: 1 sachê (5,85 g ou 1 colher de sobremesa), dissolvido em um copo de água (240 ml), até 3x/dia.

□□ Metilcelulose: 3-6 comprimidos administrados 2x/dia (4-6 g/dia).

□□ Dextrina de trigo: duas colheres de chá (3,5g / um sachê), em 120 mL de líquido, frio ou quente.
Não utilizar mais que 8 colheres de chá (4 sachês) por dia (até 14g de produto por dia).
39
Segunda linha

Laxantes osmóticos açúcares: Polietilenoglicol (PEG), Glicerina, Lactulose, Sorbitol (112,113).

Segunda linha

• Laxantes osmóticos salinos: Fosfato de sódio, Lauril sulfato de sódio, Hidróxido de magnésio (*atenção
especial deve ser dada a pacientes com insuficiência renal, risco de hipermagnesemia).

• Laxantes estimulantes ou irritativos: bisacodil, sene (105,114).

Uso cauteloso

• Supositório de glicerina e enema aquoso – Reservados para situações de risco de compactação, uso
deve ser cuidadosamente monitorado por profissionais de saúde (115).

Constipação Aguda – Retenção fecal


Tratamento inicial (descompactação)

• Descompactação digital

• Enema com água morna ou óleo mineral

Tratamento pós-descompactação

• Macrogol

• Investigar e eliminar possíveis causas de compactação

Contraindicações

• Fleet enema, e óleo mineral (particularmente em pacientes com problemas de deglutição), devem ser
evitados devido ao alto risco de eventos adversos.

ABUSO DE LAXANTES

• Educação para pacientes em uso crônico e/ou abusivo de laxantes deve envolver esforços para
reduzir a dependência de laxantes e aumentar a ingestão de líquidos e fibras. Os pacientes que
são dependentes de laxantes devem ser aconselhados a tentar reduzir sua utilização, uma vez
que novas medidas para melhorar o funcionamento do intestino, como ingestão de fibras e lí-
quido, são iniciadas (18). No início da retirada o uso eventual de laxantes osmóticos açúcares,
tais como a lactulose, pode ser uma alternativa para evitar a compactação das fezes.

• Os pacientes devem ser aconselhados a tentar defecar após as refeições, se beneficiando


dessa forma do aumento pós-prandial normal na motilidade do cólon. Isto é particularmente
Manual 6 . Autocuidado

importante na parte da manhã, quando a atividade motora do cólon é mais elevada (18).

• Pequenos ensaios clínicos, com Bifidobacterium lactis DN-173 010, Bifidobacterium lactis
BB12, Lactobacillus casei Shirota e E. coli 1917 Nissle, tem demonstrado benefício da uti-
lização desses compostos, entretanto, ensaios maiores ainda são necessários antes de sua
utilização ampla na gestão de constipação. Como alternativa, de maneira geral, probióticos
alimentares, tais como iogurtes e produtos lácteos enriquecidos, podem ser recomendados
na gestão da constipação leve a moderada.
40
DERMATITE SEBORREICA (19–28)

O que é?

A dermatite seborreica é uma condição crônica, recidivante, e se manifesta geralmente de forma leve em
crianças e em adultos. A gravidade pode variar desde mínima descamação assintomática do couro cabelu-
do (caspa) até uma distribuição mais ampla. Dermatite seborreica tem uma incidência bifásica, ocorrendo
em crianças entre as idades de 2 semanas a 12 meses, e mais tarde, durante a adolescência e a idade adulta.

Quais são as causas possíveis?

A causa da dermatite seborreica não é conhecida. Não se trata de uma doença das glândulas sebáceas, entretan-
to, essas parecem ser necessárias para o desenvolvimento da condição, como indicado pela predileção por locais
do corpo com maior número de glândulas sebáceas e maiores glândulas sebáceas (face, couro cabeludo, tronco
superior, meato auditivo externo e área genital). Além disso, a forma infantil é comum no início do primeiro ano
de vida, quando a transferência transplantaria de andrógenos maternos estimula o crescimento das glândulas
sebáceas do lactente. As glândulas sebáceas podem desempenhar papel permissivo na patogênese da dermatite
seborreica, possivelmente através da criação de um ambiente favorável para o crescimento de fungos do gêne-
ro Malassezia (anteriormente conhecido como Pityrosporum ovale), micro-organismos saprofíticos da pele com
possível envolvimento nesse tipo de dermatite.

Principais manifestações clínicas

A dermatite seborreica é geralmente caracterizada por placas eritematosas bem demarcadas com apa-
rência oleosa e escamas amareladas distribuídas em áreas ricas em glândulas sebáceas, como couro ca-
beludo, ouvido externo, centro do rosto, parte superior do tronco, e áreas intertriginosas. Tende a piorar
com o estresse e durante os meses frios e secos do inverno.
O que devo perguntar ao paciente? 41

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Você está sentindo coceira capilar, com descama- Características Associação possível
ções perceptíveis?
• Lesões eritemato- • Psoríase
• Você está com alguma lesão no corpo, pruriginosa, sas grandes e bem
e descamativa? demarcadas em
áreas extensas.
• Quando começou?
• Telangiectasias e • Rosácea
• Você já apresentou quadro semelhante antes? Se papulopústulas com
sim, você notou alguma relação com o frio? envolvimento fre-
quente do nariz, malar,
• Você pode me mostrar o local da lesão? (Lembre- e áreas perioral com
se que a dermatite seborreica é caracterizada por mínima ou nenhuma
lesões eritematosas descamativas). descamação.

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Pequenas pápulas ovais eritematosas de início abrupto, Podem indicar quadro de Pitiríase Rósea, com necessidade de
distribuídas em locais de grande extensão, como o avaliação diagnóstica e tratamento adequado.
abdômen.
Erupções generalizadas associadas a lesões palmoplan- Podem indicar quadro de sífilis secundária, com necessidade de
tares e/ou nas mucosas e/ou adenopatia periférica. testes diagnósticos e tratamento causal.
Lesões associadas à inflamação intensa e dor. Podem indicar psoríase, se amplamente distribuídas ou pênfigo
foliáceo, com necessidade de diagnóstico e instituição de trata-
mento basal.
Lesão associadas a sintomas sistêmicos, como altera- Podem indicar quadro de Lúpus Eritematoso Sistêmico, com
ções imunológicas e infecções recorrentes. necessidade de investigação diagnóstica e tratamento basal.

Quais são os objetivos do tratamento?

Remissão sintomática. Evitar recidivas (tratamento profilático).

Que tratamentos eu posso recomendar?


Manual 6 . Autocuidado

NEONATOS E CRIANÇAS

Dermatite seborreica couro cabeludo

Neonatos

Primeira Linha

• Embora dermatite seborreica neonatal, comumente conhecido como tampão lácteo ou crosta láctea
se resolva sem intervenções específicas. Sugestões gerais incluem:
42
□□ Lavagem com xampu não medicamentoso, específico para bebes, com posterior retirada da
crosta com escova macia.

□□ Aplicar uma pequena quantidade de emoliente (óleo vegetal, óleo mineral, óleo de bebê) no
couro cabeludo (durante a noite, se necessário) para soltar as placas escamosas, seguida por
massagem do couro cabeludo suave com uma escova suave e lavagem com xampu de bebê (não
medicamentoso).

Segunda Linha: Aplicável apenas para casos graves

• Cetoconazol 2% creme ou shampoo (Nizoral® / Lozan® / Noriderm® / Cetonax®): Aplicar na área


afetada 2 x/semana, durante duas semanas.

• Hidrocortisona 10mg/g creme ou solução capilar (Stiefcortil® / Therasona®) – 10g, 20g ou 60ml: Apli-
car na área afetada 1x/dia durante uma semana.

Crianças

• Higienização adequada.

• Cetoconazol 2% shampoo (Nizoral®): Aplicar na área afetada 2 x/semana, durante duas semanas.

Deratite seborreica de outras partes do corpo

• Cetoconazol 2% creme (Nizoral®) – bisnaga 30g: Aplicar na área afetada 2 x/semana, durante duas
semanas.

ADOLESCENTES, ADULTOS E IDOSOS

Dermatite seborreica couro cabeludo

Tratamento Agudo

Primeira Linha

• Cetoconazol 2% Shampoo – frasco com 100-110 ml (Nizoral®): Aplicar o medicamento nas áreas afe-
tadas da pele ou cabelos, deixando-o agir por 3-5 minutos, duas vezes por semana, por 2 a 4 semanas.

• Sulfeto de Selênio 2,5% Shampoo - frasco 100 ml (Selen Hair Ouro®, Caspacil®): Aplicar 1 x/sema-
na, nas 2 primeiras semanas de tratamento, e apenas 1x/semana nas 2 semanas seguintes. Em casos
intensos, aplicação diária pode ser indicada na primeira semana. Repetir o tratamento se houver reci-
diva de caspa.

□□ Aplicar o suficiente para produzir espuma, friccionando bem. Aguardar 2 minutos e enxaguar
bem. Em seguida repetir a aplicação e o enxágue.

• Ciclopirox olamina 1% Shampoo - frasco 100 ml (Stiprox®): Aplicar o xampu e massagear o couro ca-
beludo e áreas adjacentes, 2-3 x/semana, até desaparecimento de sintomas ou 4 semanas. Deixar agir
por cinco minutos e enxaguar.

• Ciclopirox olamina 1,5% + ácido salicílico 3,0% (Stiproxal®): Aplicar o xampu e massagear o couro
cabeludo e áreas adjacentes, 2 x/semana, até desaparecimento de sintomas ou 4 semanas. Deixar agir
por cinco minutos e enxaguar.

Segunda Linha (Utilizar somente em dermatite seborreica leve – caspa)

• Piritionato de Zinco (Head & Shoulders®): Aplicar o xampu e massagear as áreas subjacentes, 1x/dia
43
diariamente, ou no mínimo 3x/semana, até desaparecimento de sintomas ou 4 semanas.

• Ácido Salicílico (Denorex®): Aplicar o xampu e massagear as áreas subjacentes, 1x/dia diariamente,
ou no mínimo 3x/semana, até desaparecimento de sintomas ou 4 semanas.

Tratamento Profilático

• Cetoconazol 2%, Sulfeto de Selênio 2,5%, Ciclopirox olamina 1-1,5% (Shampoo): Aplicar 1 x/semana
ou 1 x/2 semanas.

• Piritionato de zinco e Acido Salicílico: Utilizar 3x/semana.

Dermatite seborreica facial, tronco e áreas intertriginosas


Tratamento Agudo

Primeira linha

• Hidrocortisona 10mg/g creme ou solução capilar (Stiefcortil®) – 10g, 20g ou 60ml: Aplicar na área
afetada 1-2x/dia até que os sintomas desapareçam ou até 4 semanas. Não devem ser utilizados em
longo prazo devido ao risco de dermatite por corticoide, fenômeno rebote e rosácea por esteroides.

• Cetoconazol 2% creme (Nizoral®) – bisnaga 30g: Aplicar na área afetada, 1-2 x/dia, até que os sinto-
mas desapareçam.

• Cetoconazol 2% Shampoo (Nizoral®) – Homens com dermatite seborreica na região da barba e bigo-
de: Lavar a barba diariamente (1x/dia) até a cessação de sintomas.

Segunda linha

• Miconazol 2% loção cremosa ou creme (Daktarin® / Vodol® / Micozen®) – 30g e 28g: Aplicar um pou-
co de loção sobre as lesões, 1-2 x/dia, até desaparecimento dos sintomas. Friccionar a loção na pele
com os dedos até que tenha penetrado completamente.

• Tioconazol 1% creme – bisnaga 30g (Tralen® / Tionazen®): Aplicar suavemente nas áreas cutâneas
afetadas e adjacentes 1-2 x/dia, até a cessação dos sintomas. Em áreas intertriginosas o creme deve
ser aplicado em camadas finas e bem espalhado a fim de evitar maceração da pele.

• Clotrimazol 1% creme (Canesten® / Clotren® / Dermobene® / Abc® / Neo Clotrimazyl®) – bisnaga


30g: Aplicar ½ cm do creme sobre a área afetada, 2-3 x/dia, ate que os sintomas desapareçam.

• Nitrato de econazol (Micostyl®)

□□ Creme 0,5% (5 mg/g) – 35g: Aplicar o produto nas áreas afetadas, 2-3 x/dia, massageando sua-
vemente o local.

□□ Creme, Solução cremosa, Spray 1% (10 mg/g) – 45g, 60 ml, 50 ml : Aplicar o produto nas áreas
afetadas, 2-3 x/dia, massageando suavemente o local
Manual 6 . Autocuidado

Tratamento Profilático

• Para o controle em longo prazo, sugere-se a aplicação de um creme antifúngico tópico para as áre-
as envolvidas, como cetoconazol 2%, uma vez por semana; como uma alternativa, o cetoconazol 2%
shampoo pode ser utilizado para lavagem facial ou corporal 1x/semana.

• A hidratação facial e corporal é indicada para prevenção de recorrências.


44
DERMATOFITOSES (17,29)

O que são?

As dermatofitoses representam infecções fúngicas superficiais das células queratinizadas, os principais agen-
tes etiológicos são epidermophyton, trichophyton, microsporum. O termo Tinea se refere a infecções causadas
por dermatófitos e é usualmente ligado ao sítio anatômico da infecção. Os três tipos mais comuns de dermato-
fitose são Tinea pedis (pé de atleta), Tinea corporis (micose de pele), Tinea cruris (micose de virilha).

Tinea Pedi

Tinea pedis apresenta em duas formas clínicas facilmente distinguíveis, Aguda e Crô-
nica. Ambas são contagiosas, contraída pelo contato com artrósporos liberados por
indivíduos infectados para os pisos e locais de piscina, vestiários, etc. A forma aguda
é geralmente causada por Trichophyton mentagrophytes, var. interdigitale, e a forma
crônica por Trichophyton rubrum.

AGUDA CRÔNICA

Infecções autolimitadas, intermitentes e recorrentes. Forma mais comum na prática. Se não tratada,
Acompanham atividades que fazem os pés suar. Inicia com geralmente persiste indefinidamente. A condição
o aparecimento de prurido intenso, por vezes doloroso, é lentamente progressiva com prurido e erosões
vesículas eritematosas ou bolhas entre os dedos ou na eritematosas entre os dedos dos pés. Fissuras
sola, frequentemente estendendo-se até o peito do pé. interdigitais estão frequentemente presentes.
Pode ser unilateral ou bilateral.

Tinea Corporis

Tinea Corporis normalmente inicia com prurido e placa erite-


matosa, circular ou oval, que pode se espalhar centrifugamente.
A lesão normalmente é avermelhada, e pode apresentar carac-
terística levantada, até atingir forma anelar característica pode
ocorrer em associação com outras dermatofitoses.

Tinea Cruris

Tinea Cruris é um tipo especial de Tinea corporis, que atinge regiões de dobras, especial-
mente a virilha. A doença começa, frequentemente, após atividade física que resulta em
transpiração abundante, e a fonte do fungo infectante é geralmente tinea pedis do próprio
paciente. Normalmente se inicia com lesões circulares na virilha, que se espalham. Pode
ocorrer em associação com outras dermatofitoses.
O que devo perguntar ao paciente? 45

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo essa lesão surgiu? Características Associação possível


• Ela coça? • Dor importante (li- • Pode indicar infecção
mitante) com ou sem bacteriana secundária
• Ela está associada a bolhas e/ou descamação?
placa de pus nos pés,
• Ela piora com suor? corpo ou virilha

• Lesões atípicas, de • Pode indicar outros


• Você está sentindo dor na região?
grande extensão, tipos de dermatites
• Você pode me mostrar onde é a lesão exatamente? com ausência de
(Avalie as características da lesão, lembre-se que descamação
tinea pedis normalmente afeta principalmente a • Pode indicar condições
região interdigital, e evolui com prurido e descama- • Comprometimento
sistêmicas, ou reação
ção. Já tinea corporis e cruris, apresentam caracte- de outros locais do
imunológica após o uso
rísticas anelares, com descamação. Esteja atento a corpo
inadequado de corticos-
possíveis sinais de infecção bacteriana secundária). teroides.

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Inflamação intensa, com formação de placas de Pode indicar infecção bacteriana secundária, com necessidade de
pus, ou lesões de grande extensão. avaliação médica e instituição de tratamento sistêmico.
Lesões corporais, com características anelares, Podem indicar outras condições, como eczema numular, psoríase,
associadas a outros sintomas sistêmicos. lúpus eritematoso cutâneo subagudo e pitiríase rósea.
Nos casos, onde os sintomas persistem, mesmo após tratamento
Ausência de resposta com o tratamento tópico. tópico adequado, o paciente deve ser encaminhado ao médico para
avaliação e instituição de tratamento sistêmico.

Quais são os objetivos do tratamento

Curar a infecção fúngica, propiciando o desaparecimento dos sintomas e das lesões.

Que tratamentos eu posso recomendar?

TODAS AS POPULAÇÕES

Orientações gerais
Manual 6 . Autocuidado

• Evitar calçados e roupas oclusivas durante o tratamento da região afetada.

• Utilizar talco para os pés, para evitar suor excessivo e maceração das lesões durante o tratamento de
tinea pedis.

• Higiene adequada deve ser garantida para evitar reinfecções.

Dermatofitoses

• Terbinafina (Lamisil® / Funtyl® / Lamisilate®)


46
□□ Creme 1% (10mg/g) – 15g, 20g e 30g: Aplicar em região afetada, após lavagem e secagem, 1-2 x/
dia por 1 semana.

• Butenafina (uso pediátrico > 12 anos) (Tefin®)

□□ Creme 1% (10mg/g) – 20g: Aplicação em região afetada, após lavagem e secagem, 1 x/dia por 4
semanas

• Clotrimazol (Canesten® / Clotren® / Dermobene® / Abc® / Neo Clotrimazyl®)

□□ Creme 1% (10 mg/g) – 20g, 30g, 40g e 50g: Aplicar ½ cm do creme sobre a área afetada, 2-3 x/
dia por 3 - 4 semanas.

□□ Solução 1% (10 mg/ml) – gotas e spray – 20-30 ml: Aplicar a solução ou o spray em camada fina
2-3 x/dia e friccionar levemente por 3 - 4 semanas.

□□ Pó 1% (10mg/g) – Polvilhar o pó na área afetada 2-3 x/dia por 3 - 4 semanas.

• Nitrato de econazol (Micostyl®)

□□ Creme 0,5% (5 mg/g) – 35g: Aplicar o produto nas áreas afetadas, 2-3 x/dia, massageando suave-
mente o local até o desaparecimento das lesões (2-5 semanas).

□□ Creme, Solução cremosa, Spray 1% (10 mg/g) – 45g, 60 ml, 50 ml : Aplicar o produto nas áreas afe-
tadas, 2-3 x/dia, massageando suavemente o local até o desaparecimento das lesões (2-5 semanas).

• Cetoconazol (Nizoral®)

□□ Creme 2% (20 mg/g) – 30g: Aplicar o produto na área afetada 1 x/dia.

• Miconazol (Daktarin® / Vodol® / Micozen®)

□□ Creme 2% (20 mg/g) – 28g: Aplique o produto sobre a região atingida 2 x/dia. Ao aplicar o nitrato de
miconazol, espalhe-o por uma região um pouco maior do que a afetada. É recomendável a troca fre-
quente das roupas que ficam em contato com a área infectada, a fim de evitar a reinfecção. A duração
da terapia varia de 2 a 6 semanas dependendo da localização e gravidade da lesão. O tratamento
deve continuar ao menos uma semana após o desaparecimento de todos os sinais e sintomas.

• Tioconazol 1% creme – bisnaga 30g (Tralen® / Tionazen®): Aplicar suavemente nas áreas cutâneas
afetadas e adjacentes 1-2 x/dia, até a cessação dos sintomas. Em áreas intertriginosas o creme deve
ser aplicado em camadas finas e bem espalhado a fim de evitar maceração da pele. Tempo usual de
tratamento: 2-4 semanas.

Que tratamentos eu NÃO devo aconselhar

• Associações de corticoides com antifúngicos tópicos devem ser prontamente desaconselhados. Além
de, nos casos de associações com corticosteroides, se tratar de medicamentos de prescrição, elas po-
dem estar associados aos seguintes problemas:

□□ Os corticosteroides tópicos podem exacerbar infecções por tinea e podem contribuir para falha
terapêutica.

□□ Algumas condições, como tinea cruris, podem necessitar de tratamento antifúngico por várias
semanas; utilização de produtos combinados expõe o paciente a risco desnecessário de eventos
adversos, tais como: atrofia da pele, a partir de corticosteroides tópicos.

• Nistatina não é efetiva no tratamento de dermatófitos, e, portanto, não devem ser utilizadas nos casos
de tineas.
DIARREIA (17,30–34) 47

O que é?

A diarreia é definida como três ou mais evacuações diárias com fezes moles ou líqui-
das ou uma queda importante na consistência e aumento da frequência considerando
as características basais do indivíduo. A diarreia aguda é definida como a diarreia dos
≤14 dias de duração, em contraste com persistente (> 14 dias e ≤30 dias) ou crônica (>
30 dias). Diarreia invasiva, ou disenteria, é definida como a diarreia com sangue visí-
vel. Disenteria é comumente associado com febre e dor abdominal (34).

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS MEDICAMENTOS

• A ingestão excessiva de suco / carboidratos osmo- • Antiarrítimicos (digitálicos, procainamida, quini-


ticamente ativos dina)

• Ingestão excessiva / inadequada de gorduras • Anti-hipertensivos (inibidores da enzima conver-


sora de angiotensina, betabloqueadores, hidrala-
• Infecções intestinais por vírus, bactérias e proto-
zina, metildopa)
zoários
• Hipolipemiantes (colestiramina, clofibrato, genfi-
• Infecções extra intestinais em crianças (otite mé-
brozila, estatinas)
dia, infecções do trato urinário e pneumonia)
• Diuréticos (acetazolamina, furosemida)
• Doenças intestinais (ex. doenças inflamatórias)
• Antiulcerosos / antiácidos (antagonistas do recep-
• Tireotoxicose
tores H2, antiácidos com magnésio, inibidores de
• Cólera bomba de prótons)

• Alergias ou intolerâncias alimentares • Antibióticos (penicilinas, cefalosporinas, neomici-


na, tetraciclina)
• Síndrome do cólon irritável
• Alprazolam
• Síndromes absortivas
• Levodopa
Manual 6 . Autocuidado

• Neoplasias
• Anticolinérgicos
• Vasculites e neuropatias
• Fluoxetina
• Transtornos de motilidade
• Lítio
• Idiopática
• Metformina

• Levotiroxina
48 O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo está tendo diarreia? Características Associação possível

• Existem outros sintomas associados, como dor • Diarreia aguda após • Toxina alimentar,
abdominal, febre, sede, hipotensão? alimentação infecções virais ou
bacterianas
• Normalmente ocorre após a alimentação?
• Diarreia aguda com • Shiguelose, amebía-
• O que faz o melhorar (fatores desencadeantes) ou
sangue se ou colite pseudo-
piorar?
membranosa
• Viagens por áreas endêmicas / epidêmicas de
• Diarreia crônica, • Colite ulcerativa
doenças diarreicas, como cólera?
com muco ou sangue
• Como está a aparência das fezes? [cor, presença de
• Diarreia crônica • Doença inflamatória
sangue / muco, consistência (líquidas? flutuantes?)]
aquosa intestinal
• Perdeu peso recentemente?
• Fezes flutuantes • Transtornos de
• Utilizou algum antibiótico recentemente? absorção

• Que medicamentos sob prescrição você utiliza? • Perda de peso • Neoplasias ou doen-
ça inflamatória
• Que medicamentos você já tomou para diarreia?

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Sintomas de desidratação, como: boca seca, sede, redução do volume uriná-
Diarreia aquosa profusa com sinais de
rio e urina concentrada (amarela escura), letargia ou hipotensão, requerem
hipovolemia e desidratação
avaliação médica. Aconselhar reidratação e encaminhamento imediato
Pequena quantidade de fezes contendo Podem indicar quadro infeccioso bacteriano, com necessidade de encami-
sangue e muco nhamento médico para instituição da terapia antimicrobiana.
Fezes com sangue, cor vermelha, âmbar ou negra. Podem indicar carcinoma,
doenças infecciosas ou colite pseudomembranosa. Lesões anais, perianais e
Presença de sangue nas fezes hemorroidas também podem produzir sangramento, geralmente em menor
quantidade e vermelho vivo. O sangue pode aparecer nas fezes ou no papel
higiênico.
História de cirurgia no intestino (Colosto-
A diarreia pode estar relacionada a uma complicação da cirurgia.
mia ou ileostomia)
Diarreia em idosos (≥70 anos de idade) ou
Maior possibilidade de quadro infeccioso grave, ou complicações.
imunocomprometidos
Síndromes que começam com diarreia, mas
progridem para febre e queixas sistêmicas, Pode indicar quadro infeccioso por Listeria monocytogenes, particularmen-
como dor de cabeça, dores musculares, te em gestantes.
rigidez do pescoço
Diarreia crônica Necessidade de diagnóstico e tratamento da etiologia causadora.
49

Quais são os objetivos do tratamento?

Estabilizar a função intestinal. Evitar e/ou corrigir a desidratação. Reduzir o desconforto e os sintomas
associados.

Que tratamentos eu posso recomendar?

CRIANÇAS

Orientações gerais

• Reidratação oral

□□ Pó para solução 28,8g (cloreto de sódio 3,5g + cloreto de potássio 1,5g + cloreto de sódio di-hi-
dratado 2,9g + glicose 20g)*: O conteúdo do envelope deve ser dissolvido em um litro de água
filtrada ou fervida. Administrar 100-150 ml/Kg a cada 4 a 6 horas. Alternativamente, adminis-
trar 10 ml/kg da solução, após cada evacuação líquida ou semilíquida, ou após cada vômito. Du-
rabilidade após reconstituição: 24h.

* A composição e o volume de reconstituição podem variar de acordo com o laboratório farmacêutico.

• Solução pronta para uso 250ml (Cada ml contém: cloreto de Sódio 4,68 mg, citrato de Potássio 2,16
mg, citrato de sódio 0,98 mg, glicose 20,00 mg, água deionizada q.s.p.) – Administrar conforme a
tolerância e aceitabilidade do paciente (100-150 ml/Kg a cada 4- 6 horas).

• Soro caseiro: 1 litro de água filtrada ou fervida, 2 colheres (sopa) rasas de açúcar, 1 colher (café) rasa
de sal. Durabilidade: 24h.

Diarreia Aguda

• Probióticos

□□ Lactobacillus acidophilus (Prolive®)

• Capsula 109 UFC - 1 cps/dia

• Capsula 200 milhões – 1-2 cps 3x/dia

• Sachê granulado 200 milhões – Misturar o conteúdo do envelope em pequenas quantidades de líquido
em temperatura ambiente (nem muito quente >60ºCnem gelado) – 1-2 envelopes/dia
Manual 6 . Autocuidado

• Flaconetes 10ml (200 milhões) – 1-2 tubos 3x/dia

□□ Saccharomyces boulardii (Floratil®, Repoflor®)

• Cápsula 100 mg – 1-2 cps 2x/dia

• Capsula 200 mg – 1 cps 1X/dia

• Pó oral 200 mg – 1 envelope 2x/dia


50
ADOLESCENTES, ADULTOS E IDOSOS

Orientações gerais

• Reidratação oral

□□ Pó para solução (cloreto de sódio 3,5 g, 2,9 g de citrato trissódico, 2,5 g de bicarbonato de sódio,
cloreto de potássio 1,5 g, 20 g de glicose ou 40 g de sacarose)*: O conteúdo do envelope deve ser
dissolvido em um litro de água filtrada ou fervida. Administrar 100-150 ml/Kg a cada 4 a 6 horas.
Alternativamente, administrar 10 ml/kg da solução, após cada evacuação líquida ou semilíquida,
ou após cada vômito. Durabilidade após reconstituição: 24h.

*Composição recomendada pela OMS. A composição e o volume de reconstituição podem variar discreta-
mente de acordo com o laboratório farmacêutico.

• Solução pronta para uso 250ml (Cada ml contém: cloreto de Sódio 4,68 mg, citrato de Potássio 2,16
mg, citrato de sódio 0,98 mg, glicose 20,00 mg, água deionizada q.s.p.) – Administrar conforme a tole-
rância e aceitabilidade do paciente (100-150 ml/Kg a cada 4- 6 horas - até 2 L/dia).

• Soro caseiro: 1 litro de água filtrada ou fervida, 2 colheres (sopa) rasas de açúcar, 1 colher (café) rasa
de sal – Ingerir até 2 L/dia. Durabilidade: 24h.

Diarreia Aguda (96)

• Probióticos

□□ Lactobacillus acidophilus (Prolive®)

• Capsula 109 UFC - 1 cps/dia

• Capsula 200 milhões – 2-3 cps 3x/dia

• Sachê granulado 200 milhões – 1-2 envelopes 2x/dia

• Flaconetes 10ml (200 milhões) – 2-3 tubos 3x/dia

□□ Saccharomyces boulardii (Floratil®, Repoflor®)

• Cápsula 100 mg – 1-2 cps 2x/dia

• Capsula 200 mg – 1 cps 1X/dia

• Pó oral 200 mg – 1 envelope 2x/dia

ABUSO DE LOPERAMIDA

Apesar de não ser um medicamento isento de prescrição, o uso crônico de loperamida não é inco-
mum, e deve ser prontamente desaconselhado, considerando a possibilidade de mascaramento
de sintomas crônicos, e possível dependência do medicamento para manter função gastrointes-
tinal normal. As causas basais da diarreia devem ser manejadas, e o uso crônico do medicamento
deve ser resguardado para situações específicas como neuropatias, com dificuldade de retenção
de esfíncter e neoplasias, e exige avaliação médica prévia.
DISPEPSIA (17,35,36) 51

O que é?

A dispepsia, também conhecida como azia ou má digestão, é um sintoma comum, com ex-
tenso diagnóstico diferencial e uma fisiopatologia heterogênea, e ocorre em cerca de 25%
da população a cada ano. A condição é definida através da presença de um ou mais dos
seguintes sintomas: plenitude pós-prandial (classificada como síndrome do desconforto
pós-prandial); saciedade precoce (incapacidade de terminar uma refeição de tamanho
normal, também classificada como síndrome do desconforto pós-prandial); dor epigástri-
ca ou queimação (classificada como síndrome de dor epigástrica) (116).

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS MEDICAMENTOS

• Dispepsia funcional (até 75%) • Suplementos de potássio

• Úlcera péptica • Digitálicos


• Doença do refluxo gastresofágico
• Ferro
• Dor biliar
• Teofilina
• Neoplasias gástricas, esofágicas ou pancreáticas
• Antibióticos orais [especialmente ampicilina e
• Gastroparesia
eritromicina]
• Pancreatite
• Anti-inflamatórios não esteroides
• Má absorção de carboidratos
• Glicocorticoides
• Doenças infiltrativas do estômago (ex, doença de
Crohn, sarcoidose) • Niacina
• Distúrbios metabólicos (hipercalcemia, hiperca- • Genfibrozila
lemia)
• Narcóticos
• Carcinoma hepatocelular

• Doença isquêmica do intestino • Colchicina

• Doenças sistêmicas (diabetes mellitus, distúr- • Quinidina


Manual 6 . Autocuidado

bios da tireoide e paratireoide, doença do tecido


• Estrógenos
conjuntivo)

• Parasitas intestinais (Giardia, Strongyloides) • Levodopa


52 O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo está tendo dispepsia? • Queimação asso- • Doença do refluxo


ciada à tosse e/ou gastroesofágico
• Houve alguma mudança recente na sua alimentação?
rouquidão e/ou
• Os sintomas pioram após a alimentação? dor em queimação
retroesternal e
• Você tem tido outros sintomas, como: tosse, rou- regurgitação
quidão, sensação de refluxo ácido pelo esôfago,
dor abdominal? • Dispepsia associa- • Dispepsia fun-
da à alimentação cional ou úlcera
• O que faz o sintoma melhorar ou piorar? gástrica

• Tem sentido alguma dor abdominal? • Dispepsia associa- • Úlcera duodenal


da à dor horas após
• Que medicamentos você está utilizando (prescri-
a alimentação
ção e isentos de prescrição)

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Dispepsia associada à dor em queimação retroesternal e Podem indicar doença do refluxo gastroesofágico, com ne-
regurgitação. Principalmente quando esses sintomas são as cessidade de avaliação médica, endoscópica e diagnóstica, e
queixas predominantes. instituição de tratamento crônico.
Dispepsia associada à dor abdominal epigástrica associada Pode indicar doença crônica maligna, com necessidade de
à anemia, fadiga, perda de peso. investigação causal, e exclusão de doenças subjacentes.
Dispepsia associada à dor abdominal superior aguda grave Pode indicar colelitíase sintomática, particularmente se dor
episódica, geralmente na região epigástrica ou no quadran- irradiar para as costas ou escápula, associada com inquieta-
te superior direito. ção, sudorese, ou vômitos.
Dispepsia associada a alimentação. Pode indicar úlceras, gástricas e duodenais.

Quais são os objetivos do tratamento?

Reduzir sintomas gástricos, sensação de queimação e desconforto pós-prandial. Normalizar a função gás-
trica e revenir novos episódios.
Que tratamentos eu posso recomendar? 53

CRIANÇAS

Orientações gerais

• Hábitos alimentares:

□□ Optar por pequenas refeições, frequentes (6x/dia)

□□ Evitar gatilhos, como: excesso de lactose, compostos cítricos, picantes, ou alimentos com alto teor
de gordura, bebidas com cafeína ou gaseificadas, sorbitol (encontrado em doces sem açúcar e goma).

ADOLESCENTES E ADULTOS E IDOSOS

Orientações gerais

• Hábitos alimentares:

□□ Optar por pequenas refeições, frequentes (6x/dia)

□□ Evitar gatilhos, como: excesso de lactose, compostos cítricos, picantes, ou alimentos com alto teor
de gordura, bebidas com cafeína ou gaseificadas, sorbitol (encontrado em doces sem açúcar e goma).

Primeira escolha

• Hidróxido de Alumínio

□□ Comprimido 230 mg: 460-920 mg VO, 1h após as refeições e ao deitar

□□ Suspensão 61,5 mg/ml – 300-600 mg, 4-7 x/dia

• Hidróxido de Magnésio (suspensão 400 mg/ 5 ml): 5-15 ml VO, conforme necessário, 1h após as refei-
ções, até 4 x/dia.

• Hidróxido de Alumínio + Hidróxido de Magnésio

□□ Comprimido mastigável (dimeticona 153 mg + hidróxido de alumínio 200 mg + hidróxido de


magnésio 25mg) (Maalox®) – 2-4 cpr 4 x/dia
Manual 6 . Autocuidado

□□ Pastilha (hidróxido de magnésio 185 mg + carbonato de cálcio 231,5 mg + hidróxido de alumínio


178 mg) – 1-2 pastilhas/dia.

□□ Suspensão

°° Hidróxido de magnésio 125 mg + carbonato de cálcio 50 mg + hidróxido de alumínio 180


mg - Uma a duas colheres das de sobremesa (10 a 20 mL) 30-60 min após às refeições e
54
à noite, ao deitar-se. A dosagem poderá ser aumentada ou reduzida, de acordo com as
necessidades do paciente.

°° Dimeticona 153 mg + hidróxido de alumínio 200 mg + hidróxido de magnésio 25mg (Ma-


alox®) - 1-2 colheres de sobremesa, 4 x/dia. Cada colher de chá corresponde a 5 mL, en-
quanto que de sobremesa corresponde a 10 mL.

Segunda escolha

• Sal de fruta ENO® - bicarbonato de sódio + carbonato de sódio + ácido cítrico (2,3g + 0,5g + 2,25g /
5g) – 1-2 envelopes dissolvidos em 2/3 de um copo com água.

• Estomazil® - bicarbonato de sódio + citrato de potássio + citrato de sódio + ácido cítrico + carbona-
to de sódio /5 g - 1-2 envelopes dissolvidos em 2/3 de um copo com água.

• Sonrisal® - carbonato de sódio 0,4 g + ácido acetilsalicílico 0,325 g + ácido cítico 1,5 g + bicarbonato
de sódio 1,7 g / comprimido ou envelope – 1-2 cpr ou envelopes quando necessário.

• Peumus boldus 67 mg ou 0,67 ml/10 ml

• Capsulas 67 mg: 1 cps 4 x/dia (6/6h)

• Flaconetes 10 ml ou soluções 150 ml (0,67 ml/10 ml): 10 ml ou 1 flaconete, 4 x/dia.

Contraindicações

Antiácidos devem ser utilizados com cautela em pacientes com doença renal, histórico de úlcera gastrointestinal,
gestantes e suspeita de apendicite.

Efeito rebote de antiácidos

Pacientes em uso de antiácidos devem ser orientados que sintomas de hemorragia interna, secundária ao
uso de anti-inflamatórios não-esteroides podem ser mascarados e que doses elevadas ou o uso prolonga-
do podem desencadear hipersecreção gástrica e efeito rebote.
DOR DE CABEÇA (37–44) 55

O que é?

Dor de cabeça é uma queixa comum na farmácia comunitária. De maneira geral, o termo abrange diversos
tipos de dores: em um ou em ambos os lados da cabeça, isoladas ou irradiantes, latejantes, dentre outras. O
sintoma pode aparecer repentinamente ou de maneira gradual, e pode durar menos de uma hora ou durante
dias. Pelo menos 63 milhões de brasileiros de todas as idades sofrem com dores de cabeça frequentes.

Como são classificadas?

CLASSIFICAÇÃO ENXAQUECA TENSIONAL EM SALVAS


Localização Unilateral em 60 a 70% dos ca- Bilateral Sempre unilateral, geralmente come-
sos; bifrontal ou global em 30%. ça em torno do olho.
Características Gradual no início, padrão cres- Pressão ou tensão (sensa- A dor começa rapidamente, atinge
cente; pulsante; intensidade ção de aperto na cabeça) padrão crescente dentro de minutos;
moderada a grave; agravada dor é profunda, contínua, insupor-
por atividade física rotineira. tável, e explosiva em termos de
qualidade.
Aspecto do pa- Paciente prefere descansar em O paciente pode permane- Paciente permanece ativo.
ciente um quarto escuro e silencioso. cer ativo ou pode necessi-
tar de descanso
Duração 4 - 72 h Variável 30 min - 3 h
Sintomas Náuseas, vômitos, fotofobia, Nenhum Lacrimejamento ipsilateral e ver-
associados fonofobia; pode ter aura (geral- melhidão dos olhos; nariz entupido;
mente visual, mas pode envol- rinorreia; palidez; sudorese; Síndrome
ver outros sentidos ou causar de Horner; sintomas neurológicos
déficits motores e na fala). focais raros; sensibilidade ao álcool.

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS MEDICAMENTOS

• Alterações hormonais
• Atividade física irregular A maioria dos medicamentos pode causar dor de cabe-
ça no inicio do tratamento, essa tende a ser passageira,
• Consumo excessivo de álcool, cafeína, nitritos, entretanto, se persistente e/ou intolerável a farma-
nitratos, chocolate
coterapia do paciente deve ser avaliada, e os medica-
• Doenças sistêmicas (quadro infecciosos) mentos utilizados descontinuados individualmente,
sob supervisão médica, até a descoberta do agente
• Estresse, tensão, períodos de atividades intensa
causador.
Manual 6 . Autocuidado

• Mudança de altitude
• Mudanças climáticas
• Mudanças de horários (trabalho, sono)
• Mudanças dietéticas
• Mudanças no padrão de sono (insonia, hipersonia)
• Problemas de refração visual
• Vivência de perdas ou mudanças (morte, separa-
ção, divórcio, mudança de emprego)
56 O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Descreva sua dor de cabeça da maneira mais CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL


completa possível.
• Dor de início súbito • Normalmente
• Ela é concentrada em algum local? com intensidade associada a quadros
máxima neurológicos
• Ela é constante ou intermitente?
• Dor pulsátil asso- • Crise de enxaqueca
• Há quanto tempo a dor começou?
ciada a náuseas e
• Como ela começou? Associada a algum aconteci- vômitos e/ou foto-
mento ou situação? fobia e/ou fonofo-
bia, acompanhada
• Qual a intensidade da sua dor? (leve, moderada, ou não de aura
intensa?)
• Dor posterior a • Hemorragia intracra-
• Você já sentiu dor similar antes? Se sim, com que trauma niana
frequência (em um mês, quantas vezes em média
você se lembra de sentir dor)? • Dor de cabeça • Cefaleia em salvas
intensa, associada a
• Você nota que algum fator melhora ou piora a sua sintomas autonô-
dor? (investigar fotofobia e fonofobia) micos.

• Você tem algum outro sintoma associado? • Dor facial associada • Sinusite
a congestão nasal e
• Você apresentou alguma sensação visual estra-
rinorreia.
nha, ou alguma outra alteração antes da dor?

• Você mudou alguma coisa em sua rotina (sono,


exercício, alimentação)?

• Você sofreu algum trauma físico?

• Para mulheres apenas: você está em período pré-


menstrual ou ovulatório?

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Dor de cabeça constante associada a pontadas, altamente Podem indicar quadro de cefaleia em salvas, com necessi-
debilitante, com intensidade máxima em pucos minutos, e dade de abordagem de resgate por via de administração
duração limitada. rápida.
Necessidade de avaliação diagnóstica, e tratamento causal
Dor de cabeça intensa ou recorrente em crianças.
adequado.
Podem indicar quadro de sinusite. O tratamento sintomá-
Dor de cabeça, particularmente dor fácil, associada à con- tico para dor pode ser instituído, entretanto, nos casos de
gestão nasal e rinorreia. dor forte, ou febre, o paciente deve ser encaminhado para
avaliação médica diagnóstica.
Pode indicar crise de enxaqueca, com necessidade de ava-
Dor moderada a grave, associada a náuseas e vômitos e/ou liação médica pormenorizada e instituição de tratamento
fotofobia e/ou fonofobia. com medicamentos tarjados e/ou por via de administração
mais rápida que a oral.
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO 57
Crises de enxaqueca frequentes de longa duração, ou asso- Indicam a necessidade de avaliação médica e instituição de
ciadas a incapacidade importante. terapia profilática.
Dores de início súbito, ou persistente que atingem intensi- Necessidade de investigação rápida e agressiva. Como
dade máxima em poucos segundos ou minutos após o início exemplo hemorragias subaracnoides ou infecções do siste-
da dor. Descrições como “A pior dor da minha vida” ou “nuca ma nervoso central, condições de urgência, podem levar a
senti isso” exigem encaminhamento e investigações rápidas. dor de cabeça excruciante de início súbito.
Dor de cabeça acompanhada de alterações sensoriais, do Podem indicar quadro de acidente vascular cerebral, exi-
estado mental, do nível de consciência. gem encaminhamento urgente.
Pode indicar quadro de cefaleia em salvas, com necessidade
Dor de cabeça intensa associada a sinais autonômicos ipsi-
de intervenção farmacoterapêutica rápida, com medica-
laterais, como lacrimejamento ou rinorreia.
mentos tarjados (triptanos).
Novos episódios de dor de cabeça em crianças <5 anos e Se recorrentes e/ou persistentes podem indicar doença
adultos >50 anos. subjacente.
Pode indicar quadro de infecção sistêmica ou localizada. A
Dor de cabeça associada febre. febre pode induzir a dor de cabeça. Necessidade de avalia-
ção médica para investigação.
Necessidade de avaliação médica pormenorizada, e possível
Dor crônica (>15 episódios por mês)
instituição de terapia profilática.
Dor associada a alterações visuais (visão prejudicada ou Pode sugerir a problemas de refração visual ou glaucoma,
“buracos” em torno de luz). necessidade de investigação e tratamento da causa basal.
Dor associada à embaçamento da visão com flexão da cabe-
Pode indicar quadro de hipertensão intracraniana, condição
ça para frente. Do matinal, que melhora na posição sentada.
de urgência médica, que exige encaminhamento imediato.
Visão dupla ou perda de coordenação e equilíbrio.

Quais são os objetivos do tratamento?


Promover alívio sintomático, melhorando a qualidade de vida do paciente, proporcionando a retomada
das atividades habituais.

Para quais tipos de dor de cabeça posso indicar um tratamento sintomático?

Tratamento
Cefaleia tensional sintomático
até 9 dias/mês

Aguda
Manual 6 . Autocuidado

Enxaqueca
<15 episódios mês
Além desse limite
Cefaleia em salvas
Dor de cabeça

Crônica Encaminhamento
> 15 episódios/mês médico
58 O que o paciente precisa saber ao receber um tratamento?

• Terapia abortiva é mais efetiva quando administrada no início dos sintomas.

• O tratamento sintomático deve ser limitado a no máximo 9 dias ao mês.

• Dor de cabeça tensional pode ser associada a transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade, e nes-
ses casos analgésicos apresentam pouco ou nenhum efeito. O tratamento da condição basal é fundamental.

• Tratamento preventivo é recomendado para pacientes com sintomas frequentes, recorrentes, de longa du-
ração ou com limitação funcional importante.

Que tratamentos eu posso recomendar?

CRIANÇAS

Orientações gerais

Dores de cabeça são queixas comuns durante a infância, e podem estar associadas a quadros infecciosos
ou febris, tensões familiares ou escolares e enxaquecas. De maneira geral a abordagem farmacêutica, deve
ser destinada a quadros agudos, de intensidade leve a moderada. Quadros recorrentes ou intensos exigem
avaliação médica pormenorizada para diagnóstico diferencial e instituição terapêutica rápida.

Analgésica

• Paracetamol (Tylenol®)

□□ Gotas 200 mg/ml – 15 ml: 1 gota/ Kg de peso/ dose (por exemplo: uma criança com 10 Kg deve-
rá tomar 10 gotas, com 15 Kg tomará 15 gotas e assim por diante), até o limite de 35 gotas por
dose. Essa administração pode ser repetida 4-5 x/dia, com intervalos de 4-6 horas não devendo
ultrapassar 5 administrações em 24 horas.

• Dipirona (Novalgina®)

□□ Gotas 500 mg/ml – frasco 10 ml

°° Crianças <5 anos e lactentes: 3-5 gotas em água, até 5 vezes ao dia.

°° Crianças >5 anos: 7-15 gotas em água, até 4 x/dia.

□□ Solução oral 50 mg/ml – frasco 100 ml

°° 5-8 kg (3 a 11 meses): dose única 1,25-2,5. Dose máxima diária 10 ml (4 tomadas x 2,5 ml).

°° 9-15 kg (1 a 3 anos): dose única 2,5 a 5. Dose máxima diária 20 ml (4 tomadas x 5 ml).

°° 16-23 kg (4 a 6 anos): Dose única 3,75 a 7,5 ml. Dose máxima diária 30 ml (4 tomadas x 7,5 ml).
59
°° 24-30 kg (7 a 9 anos): Dose única 5 a 10 ml. Dose máxima diária 40 (4 tomadas x 10 ml).

°° 31-45 kg (10 a 12 anos): Dose única 7,5 a 15 ml. Dose máxima diária 60 ml (4 tomadas x 15
ml).

°° 46-53 kg (13 a 14 anos): Dose única 8,75 a 17,5. Dose máxima diária 70 (4 tomadas x 17,5 mL).

• Ibuprofeno (Alivium® / Dalsy® / Advil® / Ibuliv® / Ibupril® / Vantil® / Novalfem® / Buscofem®)

□□ Gotas de 50 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.

°° Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia,
não excedendo o máximo de 40 gotas/dose.

□□ Gotas de 100 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.

°° Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 20 gotas/dose.

*O tratamento para dor de cabeça em crianças, geralmente preconiza dose única. Se doses continuadas
são necessárias, o tratamento não deve ultrapassar 3 dias, com necessidade de encaminhamento médico,
se ausência de melhora no período.

ADOLESCENTES E ADULTOS

Terapia não farmacológica

• Calor, gelo, massagem, descanso, biofeedback.

Primeira linha

Dor leve

• Dipirona (Novalgina®)

□□ Comprimido 500mg: 1-2 cpr até 4 x/ dia.

□□ Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia.

□□ Solução oral 50 mg/m: 10-20 mL, até 4 x/dia


Manual 6 . Autocuidado

• Ibuprofeno (Alivium® / Dalsy® / Advil® / Ibuliv® / Ibupril® / Vantil® / Novalfem® / Buscofem®)

□□ Gotas 100 mg/mL: 200 mg (20 gotas) - 800 mg (80 gotas), não devendo exceder a dose máxima
diária de 3.200 mg.

□□ Comprimido - 200 mg: 1-2 cpr, 4-6 x/dia. Não exceder dose máxima de 6 cpr/dia.

• Naproxeno (Naprosyn® / Flanax® / Napronax® / Naprox®)

□□ Comprimido 250 mg e 500 mg


60
°° Dor de cabeça tensional: 500 mg administrados inicialmente seguidos de 250 mg a inter-
valos de 6-8 horas.

°° Crise enxaqueca leve a moderada: 750 mg ao primeiro sintoma de crise iminente, 250-
500 mg adicionais podem ser administrados no decorrer do dia, se necessário, mas não
antes de meia hora da dose inicial. A dose diária de 1250 mg não deve ser excedida.

• Cetoprofeno (Profenid® / Flamador® / Cetoprofen®)

□□ Cápsula 50 mg: 200 mg em dose única.

□□ Comprimido revestido 100 mg: 200 mg em dose única. Se necessário terapia de manutenção,
utilizar 100 mg 12/12h. Se necessária terapia de manutenção utilizar 2 cápsulas 2 x/dia, às refei-
ções; ou 1 cápsula 3 vezes ao dia às refeições.

□□ Solução 20 mg/ml: 50-100 gotas em dose única, se necessário terapia de manutenção, utilizar 50
gotas a cada 6 ou 8 horas.

• Ácido acetilsalicílico (Aspirina®)

□□ Comprimidos 500 mg: 2 cpr em dose única. Se necessário, repetir a cada 4 a 8 horas, não exce-
dendo 8 comprimidos por dia.

Dor moderada

• Mucato de Isometepteno + Dipirona Sódica + Cafeína Anidra (Neosaldina®)

□□ Comprimido (30 mg + 300 mg + 30 mg): 1 a 2 drágeas, 3 a 4 vezes ao dia.

• Ácido acetilsalicílico + cafeína (Cafiaspirina®)

□□ Comprimido (650mg + 65 mg):1-2 cpr a cada 6-8 h, não excedendo 5 cpr/dia.

• Paracetamol + cafeína (Tylenol DC® / Sonridor Caf®): 2 comprimidos de 6/6 horas enquanto persisti-
rem os sintomas ou a critério médico. Não ingerir mais de 8 cpr em 24 horas.

Segunda linha

Dor leve

• Paracetamol (Tylenol®)

□□ Comprimido 500mg: 1-2 cpr, 3 a 4 x/dia.

□□ Comprimido 750 mg: 1 cpr, 3-5 x/dia.

□□ Gotas 200 mg/mL - frasco 15 ml: 35 a 55 gotas, 3-5 x/dia.

□□ Não exceder dose máxima diária de 4g.

IDOSOS

As doses geriátricas são as mesmas recomendadas para adulto, entretanto, o tratamento deve ser iniciado
com as menores doses possíveis, e monitorado cautelosamente, visto a maior possibilidade de eventos
adversos. Contudo, algumas considerações devem ser feitas nesse sentido:
• Analgésicos como o paracetamol e a dipirona devem ser privilegiados visto seu menor potencial de in- 61
terações e melhor perfil de segurança. Ibuprofeno podem aumentar a pressão arterial e interagir com
anti-hipertensivos, portanto durante a vigência desses medicamentos pacientes hipertensos devem
ser monitorado.

• Analgésicos não-esteroidais e a aspirina devem ser evitados em pacientes com risco de sangramento
gastrointestinal (histórico de úlcera gastroentérica ou hemorragia digestiva alta, uso crônico de corti-
costeroides e intolerância prévia a classe).

• Analgésicos não-esteroidais e cafeína devem ser utilizados com cautela em pacientes hipertensos,
podendo levar a aumento pressórico transitório. Sempre que possível outras alternativas devem ser
privilegiadas.

• Orfenadrina apresenta efeito anticolinérgico e, por conseguinte risco de sedação e quedas em idosos.
Seu uso deve ser restrito nessa população.

ABUSO DE ANALGÉSICOS

O uso crônico de analgésicos, por mais de 3 meses, pode ser responsável pelo desenvolvimento de síndro-
me de cefaleia crônica, denominada medication overuse headache (MOH) ou cefaleia pelo uso abusivo de
analgésicos, com prevalência de 1-2% na população em geral. Esse transtorno se caracteriza por sensibili-
zação central e quadro de cefaleia em mais de 15 dias ao mês, é geralmente precedido por um transtorno
de dor de cabeça episódica, geralmente enxaqueca ou cefaleia do tipo tensional, tratada de maneira fre-
quente (2-3 x/semana) com medicamentos sintomáticos.

O que posso aconselhar?

• Explique ao paciente que o uso crônico de analgésicos em vez de melhorar a dor de cabeça, esta geran-
do sintoma rebote, e que sua retirada é aconselhável.

• Aconselhe a utilização de um AINE de longa duração, como o naproxeno para uso intermediário, 9-15
dias mês, com posterior redução gradual para o mínimo necessário.

• Acompanhe o paciente nesse processo, a utilização de um diário para dor, pode ser indicada.

• Em casos de dores frequentes ou altamente debilitantes, mesmo após a retirada, ou que impossibili-
tem o sucesso desse processo, tratamento profilático é altamente aconselhável. Para tal, encaminhe o
paciente ao médico, descrevendo o quadro sintomático e as intervenções realizadas.

Outra situação não incomum é uso regular de ergotamina (medicamento tarjado), o paciente muitas vezes
pode querer comprar outro medicamento para sua dor de cabeça ou enxaqueca, pois esse já não é suficien-
Manual 6 . Autocuidado

te. Nesses casos o paciente deve ser receber as seguintes recomendações:

• O uso crônico de ergotamina esta associado a eventos adversos importantes, como aumento do risco
de doenças cardiovasculares, e indução de MOH.

• Ressalte que o uso frequente do medicamento pode induzir a piora da resposta terapêutica, e que a
adição de um analgésico não soluciona o problema, siga as recomendações anteriores para a retirada
do medicamento.
62
DORES MUSCULARES (45,46)

O que é?

Mialgia, ou dor muscular, é uma queixa comum entre os adultos que procuram
a farmácia. De maneira geral, a maioria das pessoas irá ter dor muscular em al-
gum momento de sua vida. Esforço excessivo, trauma e infecções virais estão
entre as causas mais comuns.

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS MEDICAMENTOS

• Artrite reumatoide Antipsicóticos


• Bursites Bifosfonatos
• Deficiência de vitamina D
Ciprofloxacino
• Distensão muscular, fadiga
Estatinas
• Doença hepática crônica
Fibratos
• Exercício físico extenuante
• Fibromialgia Glicocorticoides

• Hipotireoidismo Inibidores da aromatase

• Infarto muscular Retirada de antidepressivos


• Infecções virais e bactérias
• Insuficiência Adrenal
• Lúpus eritematoso sistêmico
• Polimialgia reumática

• Vasculite

O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo você está sentindo dor muscular? Características Associação possível

• A dor começou de repente ou gradualmente? • Dor aguda, com sin- • Infecções


tomas constitucio-
• A dor é localizada ou difusa?
nais proeminentes.
63
ENTREVISTA ANORMALIDADES

• A dor está associada a dor em outro lugar? É perto CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL
de articulações?
• Dor de início • Polimialgia
• A dor piora no período da manhã? agudo no pescoço, reumática
ombros, braços,
• Existe vermelhidão, inchaço, calor ou dor na área
nádegas e coxas em
da dor muscular?
idosos, que piora no
• Você praticou alguma atividade física diferente da período da manhã.
intensidade usual?
• Dor subaguda asso- • Mialgias induzidas
• Apresentou algum trauma ou lesão? ciada à fraqueza por medicamentos

• Apresenta algum outro sintoma associado?

• Faz uso de algum medicamento? Qual?

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Piomiosite, abscesso, infarto do músculo ou síndrome comparti-
Dor associada à vermelhidão, inchaço, calor ou dor mental podem causar dor muscular focal. Piomiosite e abscesso
local. podem causar achados inflamatórios localizados também. Necessi-
dade de avaliação médica diagnóstica.
Pode indicar mialgia induzida por estatinas (pode se desenvolver
Dor subaguda proximal associada à fraqueza muscu-
semanas ou meses após início do tratamento), necessidade de
lar simétrica.
exames laboratoriais e avaliação médica diagnóstica.
Pode indicar quadro de polimialgia reumática, associada a quadro
Dor muscular associada a dor articular. de artrite reumatoide descompensado ou não diagnosticado. Ne-
cessidade de avaliação médica diagnóstica e terapêutica.
Dor muscular associada a prisão de ventre, fadiga e Sintomas podem indicar hipotireoidismo, com necessidade avalia-
ganho de peso. ção médica diagnóstica e terapêutica.
Pode indicar quadro de infecção local ou sistêmica. Necessidade
Dor muscular associada a erupções cutâneas e/ou
de encaminhamento para diagnóstico e instituição de terapia
febre.
adequada.
Dor muscular associada a hiperpigmentação e/ou Pode indicar quadro de insuficiência adrenal, com necessidade de
hipotensão postural. investigação diagnóstica.
Pode indicar quadro de fibromialgia associada a quadro depressivo
Dor generalizada associada a sintomas psiquiátricos
descompensado ou não diagnosticado. Necessidade de avaliação
Manual 6 . Autocuidado

de depressão (tristeza, fadiga, astenia, etc)


médica.

Quais são os objetivos do tratamento

Promover melhora sintomática do quadro de dor muscular.


64 Que tratamentos eu posso recomendar?

CRIANÇAS

Orientações gerais

• Quadro geralmente associado a infecções virais ou bacterianas. Para tal, a recomendação de repouso
e ingestão adequada de líquidos é importante.

Analgésica

• Paracetamol (Tylenol®)

□□ Gotas 200 mg/ml – 15 ml: 1 gota/ Kg de peso/ dose (por exemplo: uma criança com 10 Kg deve-
rá tomar 10 gotas, com 15 Kg tomará 15 gotas e assim por diante), até o limite de 35 gotas por
dose. Essa administração pode ser repetida 4-5 x/dia, com intervalos de 4-6 horas não devendo
ultrapassar 5 administrações em 24 horas.

• Dipirona (Novalgina®)

□□ Gotas 500 mg/ml – frasco 10 ml

°° Crianças <5 anos e lactentes: 3-5 gotas em água, até 5 vezes ao dia.

°° Crianças >5 anos: 7-15 gotas em água, até 4 x/dia.

□□ Solução oral 50 mg/ml – frasco 100 ml

°° 5-8 kg (3 a 11 meses): dose única 1,25-2,5. Dose máxima diária 10 ml (4 tomadas x 2,5 ml).

°° 9-15 kg (1 a 3 anos): dose única 2,5 a 5. Dose máxima diária 20 ml (4 tomadas x 5 ml).

°° 16-23 kg (4 a 6 anos): Dose única 3,75 a 7,5 ml. Dose máxima diária 30 ml (4 tomadas x 7,5
ml).

°° 24-30 kg (7 a 9 anos): Dose única 5 a 10 ml. Dose máxima diária 40 (4 tomadas x 10 ml).

°° 31-45 kg (10 a 12 anos): Dose única 7,5 a 15 ml. Dose máxima diária 60 ml (4 tomadas x 15
ml).

°° 46-53 kg (13 a 14 anos): Dose única 8,75 a 17,5. Dose máxima diária 70 (4 tomadas x 17,5 mL).

• Ibuprofeno (Alivium® / Dalsy® / Advil® / Ibuliv® / Ibupril® / Vantil® / Novalfem® / Buscofem®)

□□ Gotas de 50 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.

°° Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia,
não excedendo o máximo de 40 gotas/dose.

□□ Gotas de 100 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.

°° Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 20 gotas/dose.

*Devido a seu perfil de segurança desfavorável ou pouco estudado em pediatria, relaxantes musculares,
em monoterapia ou associação com analgésicos apresentam uso restrito em crianças e devem ser utiliza-
dos apenas sob supervisão médica.
65
ADOLESCENTES E ADULTOS

Primeira linha

Analgésicos orais

• Paracetamol (Tylenol®)

□□ Comprimido 500mg: 1-2 cpr, 3 a 4 x/dia.

□□ Comprimido 750 mg: 1 cpr, 3-5 x/dia.

□□ Gotas 200 mg/mL - frasco 15 ml: 35 a 55 gotas, 3-5 x/dia.

□□ Não exceder dose máxima diária de 4g.

• Dipirona (Novalgina®)

□□ Comprimido 500mg: 1-2 cpr até 4 x/ dia.

□□ Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia.

□□ Solução oral 50 mg/m: 10-20 mL, até 4 x/dia

• Ibuprofeno (Alivium® / Dalsy® / Advil® / Ibuliv® / Ibupril® / Vantil® / Novalfem® / Buscofem®)

□□ Gotas 100 mg/mL: 200 mg (20 gotas) - 800 mg (80 gotas), não devendo exceder a dose máxima
diária de 3.200 mg.

□□ Comprimido - 200 mg: 1-2 cpr, 4-6 x/dia. Não exceder dose máxima de 6 cpr/dia.

• Cetoprofeno (Profenid®)

□□ Cápsula 50 mg: 200 mg em dose única.

□□ Comprimido revestido 100 mg: 200 mg em dose única. Se necessário terapia de manutenção,
utilizar 100 mg 12/12h. Se necessária terapia de manutenção utilizar 2 cápsulas 2 x/dia, às refei-
ções; ou 1 cápsula 3 vezes ao dia às refeições.

□□ Solução 20 mg/ml: 50-100 gotas em dose única, se necessário terapia de manutenção, utilizar 50
gotas a cada 6 ou 8 horas.

Analgésicos e anti-inflamatórios tópicos

• Cetoprofeno tópico (Adulto)


Manual 6 . Autocuidado

□□ Gel 25mg/g: Aplicar sobre área dolorida 2 a 3 x/dia, massageando suavemente por alguns minu-
tos. A quantidade de gel deve ser ajustada para que possa cobrir a área afetada, não excedendo
15 g por dia (7,5 gramas de cetoprofeno, que correspondem a aproximadamente 14 cm de gel).
O tratamento deve ser mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma
semana.
66
• Diclofenaco Dietilamônio (Adulto)

□□ Gel ou gel creme 10 mg/g: Aplicar sobre a área dolorida 3 a 4 x/dia, massageando suavemente por
alguns minutos. A quantidade necessária depende do tamanho da região afetada. O tratamento
deve ser mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.

□□ Aerossol 11,6 mg/g (correspondente a 10mg/g de Diclofenaco potássico): Aplicar sobre a área
dolorida 3 a 4 x/dia. A quantidade necessária depende do tamanho da região afetada. O trata-
mento deve ser mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma sema-
na.

□□ Emplastro 140 mg (10x14 cm): Um emplastro medicamentoso deve ser aplicado na área doloro-
sa duas vezes por dia, de manhã e à noite. A dose diária máxima é de 2 emplastros medicamento-
sos, mesmo que exista mais do que uma área lesada para ser tratada. Portanto, apenas uma área
dolorosa pode ser tratada ao mesmo tempo.

• Etofenamato (Adulto)
□□ Gel 50 mg/g: Aplicar sobre a área dolorida 3 a 4 x/dia (5 a 10 cm de gel, dependendo do local a
ser tratado), massageando suavemente por alguns minutos O tratamento deve ser mantido até
o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.

• Salicilato* (Adultos) *permitido também em crianças>2 anos

□□ Salicilato de metila + cânfora + mentol + terebintina

□□ Aerossol (0,0333mL + 0,0333g + 0,0083g + 0,0833mL / mL): Aplicar sobre a área dolorida
2 a 3 x/dia. Durante a aplicação evitar inalação e proteger os olhos. O tratamento deve ser
mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.

□□ Linimento (75,0mg + 57,6mg + 14,4mg + 125,5mg / mL): Aplicar uma pequena porção do lini-
mento na região afetada massageando-a, de 1 a 3 x/dia. O tratamento deve ser mantido até o
desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.

□□ Pomada (52,50mg + 44,40mg + 20,0mg + 191,47mg): Friccionar sobre a área dolorida por
alguns minutos e repetir 2 ou 3 x/dia, até melhora da dor. O tratamento deve ser mantido até
o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.

□□ Salicilato de metila + associações

□□ Pomada 50 mg/g: Friccionar sobre a área dolorida por alguns minutos 1 ou 2 x/dia, até melho-
ra da dor. O tratamento deve ser mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo
exceder uma semana.

□□ Salicilato de metila + cânfora + mentol

□□ Pomada (0,0444mL + 0,0444g + 0,0200g): Friccionar sobre a área dolorida por alguns minu-
tos 2 ou 3 x/dia, até melhora da dor. O tratamento deve ser mantido até o desaparecimento
dos sintomas, não devendo exceder uma semana.
67
Segunda linha

Analgésicos + relaxantes musculares

• Dipirona monoidratada + citrato de orfenadrina + cafeína (Dorflex®)

□□ Comprimidos 300 mg + 35 mg + 50 mg: 1 a 2 comprimidos, 3 a 4 vezes ao dia por 3-5 dias.

□□ Solução oral (gotas) (300 mg + 35 mg + 50 mg) / ml - frascos com 20 mL: 30 a 60 gotas, 3 a 4 vezes
ao dia por 3-5 dias.

□□ Contraindicado em pacientes com glaucoma, obstrução pilórica ou duodenal, acalasia do esôfago,


úlcera péptica estenosante, hipertrofia prostática, obstrução do colo vesical ou miastenia grave.

□□ A orfenadrina como todo anticolinérgico, pode produzir bradicardia ou taquicardia, arritmias


cardíacas, secura da boca, sede, diminuição da sudorese, midríase, dificuldade de acomodação
visual (“visão borrada”). Em doses tóxicas podem ocorrer, além dos sintomas mencionados, ata-
xia, distúrbios da fala, disfagia, agitação, pele seca e quente, disúria, diminuição dos movimentos
peristálticos intestinais, aumento da pressão intraocular, náuseas, vômitos, cefaleia, constipa-
ção, tonturas, alucinações, delírio e coma.

• Paracetamol + Carisoprodol + Cafeína (Dorilax®) – Comprimido 350 mg + 150 mg + 50 mg: 1 a 2 com-


primidos, 2 a 4 vezes ao dia por 3-5 dias.

□□ Contraindicado nos casos de miastenia gravis, discrasias sanguíneas, porfiria aguda intermiten-
te, gastrites, duodenites, úlceras gástricas ou duodenais, hipertensão, cardiopatias, nefropatias
e hepatopatias.

□□ Podem induzir a distúrbios gastrintestinais como dispepsia, dor epigástrica, náuseas e vômitos.
Ocasionalmente, podem ocorrer cefaleia, tonturas, irritabilidade e insônia.

IDOSOS

As doses geriátricas são as mesmas recomendadas para adulto, entretanto, o tratamento deve ser iniciado
com as menores doses possíveis, e monitorado cautelosamente, visto a maior possibilidade de eventos
adversos. Considere as seguintes dicas:

• Analgésicos como o paracetamol e a dipirona devem ser privilegiados em prol de associações, que
apresentam perfil de segurança questionável em idosos,
Manual 6 . Autocuidado

• Orfenadrina apresenta efeito anticolinérgico e, por conseguinte risco de sedação e quedas em idosos.
Seu uso deve ser restrito nessa população.

• Anti-inflamatórios não esteroidais, como o ibuprofeno e o cetoprofeno, podem aumentar transitoria-


mente a pressão arterial e interagir com anti-hipertensivos, portanto durante a vigência desses medi-
camentos, pacientes hipertensos devem ser cuidadosamente monitorados.
68
ESCABIOSE (17,47–52)

O que é?

A escabiose (“coceira” ou “sarna”) é uma infestação da pele pelo ácaro Sarcoptes Scabiei, que resulta em erupções
cutâneas intensamente pruriginosas, com um padrão de distribuição característico. A transmissão de sarna ge-
ralmente é de pessoa para pessoa pelo contato direto.

O que mais eu preciso saber?

O sintoma mais comum da escabiose é o pru-


rido. Muitas vezes, é grave e geralmente piora
à noite. O prurido é o resultado de uma reação
de hipersensibilidade retardada do tipo IV para
o ácaro, fezes e ovos dos ácaros. As lesões são
essencialmente pequenas, eritematosas, papu-
lares, muitas vezes com crostas hemorrágicas.
Qualquer área pode ser afetada, mas o couro
cabeludo (crianças), mãos, pés, axilas, e regiões
de pregas são particularmente suscetíveis.

O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo essa lesão surgiu? Características ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL

• Ela coça? O sintoma piora no período noturno? • Lesões inflamató- • Infecção bacteriana
rias, dolorosas com secundária
• Como a lesão se espalhou?
eventual formação
• Você notou alterações na cor da pele? de pus.

• Quais são as regiões do corpo afetadas? • Lesões bem deli- • Tinea corporis
mitadas, com local
• Você fez alguma viagem e se hospedou em locais definido e forma
com problemas de higiene? anelar.

• Mais alguém na sua família está tendo sintomas • Lesões dissemi- • Infecções virais
semelhantes? nadas por todo o
corpo, associadas
• Você já utilizou algum medicamento para isso?
a sintomas sistê-
Qual? Funcionou?
micos.
Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico? 69

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Pode indicar infecção bacteriana secundária, com neces-
Inflamação intensa, com formação de placas de pus, ou
sidade de avaliação médica e instituição de tratamento
lesões de grande extensão.
sistêmico.
Lesões corporais disseminadas, associadas a sintomas sistê- Podem indicar condições sistêmicas, infecções virais: ex:
micos, como febre, fadiga e astenia. catapora.
Lesões localizadas associadas a gatilhos específicos. Podem indicar reações alérgicas, como urticárias.

Quais são os objetivos do tratamento?

Erradicação dos ácaros, com cessação dos sintomas, e recuperação do aspecto visual e fisiológico da pele.

Quais tratamentos eu devo aconselhar?

TODAS AS POPULAÇÕES

Primeira linha

• Permetrina tópica – loção cremosa 5% - 60 ml (Keltrina plus® / Pioletal plus® / Nedax plus®)

□□ Os pacientes devem massagear o creme de permetrina completamente desde a pele do pescoço


até as solas dos pés, incluindo áreas sob as unhas das mãos e dos pés.

□□ O couro cabeludo, pescoço, têmporas e testa podem ser infestados em crianças e pacientes geri-
átricos. Nestas populações, a permetrina, também deve ser aplicada ao couro cabeludo e na face,
poupando os olhos e a boca.

□□ O creme deve ser removido por lavagem (chuveiro ou banheira), após 8 a 14 horas.

□□ A aplicação deve ser repetida 14 dias após.


Manual 6 . Autocuidado

*A permetrina 5% creme parece ser segura e eficaz, mesmo quando aplicada em crianças com menos de um
mês de idade infectadas com sarna neonatal.

Orientações aos pacientes:

• Reforçar que o uso do medicamento deve ser exclusivamente externo; em caso de contato com os
olhos, lavar abundantemente com água corrente.
70
• Orientar para usar sabonetes neutros, pois sabonetes escabicidas aumentam o risco de irritação.

• Orientar para a necessária agitação do frasco da loção antes do uso.

• Alertar para aplicar com cuidado nos espaços interdigitais e não lavar as mãos após a aplicação.

• Orientar troca diária de roupas e roupas de cama; ensinar a ferver as roupas e passar a ferro bem
quente para não haver reinfestação.

• Orientar para a necessidade de investigar infestação em familiares e pessoas próximas.

• Alertar que, após o tratamento da escabiose, o prurido pode permanecer por algumas semanas, o que
isso raramente significa falha da terapêutica, não sendo necessária a repetição do tratamento.

E se a coceira persistir?

Anti-histamínicos podem benéficos na redução de prurido, e alternativas como a dexclorfenira-


mina ou a difenidramina podem ser úteis até a cessação do sintoma.

*Lembre-se que anti-histamínicos de primeira geração devem ser utilizados com cautela em
crianças e idosos, devido aos seus riscos associados de efeito paradoxal e anticolinérgico.
INSÔNIA E DIFICULDADES PARA DORMIR (53,54) 71

O que é?

Pacientes com insônia apresentam disfunção diurna devido à dificuldade em iniciar o sono, dificuldade
em manter o sono, ou acordar de manhã cedo, sem capacidade de voltar a dormir. Isso ocorre apesar de
ter tempo e oportunidade adequada para o sono. A insônia pode ser uma condição independente ou um
distúrbio do sono secundário a uma condição médica, doenças psiquiátricas, distúrbios do sono, medica-
mentos ou desordens independentes.

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS MEDICAMENTOS


• Depressão • Antidepressivos
• Ansiedade • Corticosteroides
• Transtorno de humor • Anfetamínicos
• Etilismo • Antipsicóticos
• Predisposição genética • Betabloqueadores
• Fatores precipitantes (quadros álgicos, vivência • Descongestionantes nasais
de perdas, problemas pessoais, estresse)
• Cafeína
• Abuso de substâncias estimulantes
• β-agonistas
• Hipertireoidismo

Classificação? Insônia de curto prazo ou insônia relacionada ao estresse

Sintomas presentes em menos de três meses. Os sintomas podem ser tempo-


ralmente relacionados a um estressor identificável. O fator principal no diag-
nóstico de insônia em curto prazo é a perturbação do sono, que passa a ter
foco independente para o paciente.

Insônia crônica

Sintomas ocorrem pelo menos três vezes por semana durante três meses ou
mais e não estão relacionadas a uma oportunidade inadequada para o sono
(não relacionados com a restrição do sono) ou ambiente inapropriado sono,
Manual 6 . Autocuidado

ou outro distúrbio do sono. Inclui tanto uma latência para pegar no sono de 20
minutos ou mais em crianças e adultos jovens ou 30 minutos ou mais em ido-
sos; ou períodos de despertar prolongados de 20 minutos ou mais em crianças
ou jovens adultos ou 30 minutos ou mais em adultos mais velhos.

Outros tipos de insônia

Pacientes que se queixam de dificuldade para iniciar ou manter o sono, mas não
preenchem todos os critérios para tanto a insônia de curto prazo ou crônica.
72 Quais as consequências da insônia?

• Alterações na qualidade de vida, com fadiga, sonolência, confusão, tensão, ansiedade e depressão, em
comparação com os controles.

• Comprometimento dos aspectos físicos e psicológicas

• Menor propensão para sucesso profissional

• Elevado risco cardiovascular

• Risco aumentado de hipertensão, diabetes, infarto

• Risco aumento de depressão e ansiedade

O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Você esta com problemas para dormir? CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL

• Há quanto tempo? • Insônia associada • Doenças neuroló-


a outros sintomas, gicas
• Existe algum fator precipitante (estresse, tensão,
tais como dor de
problemas emocionais)?
cabeça, alterações
• Apresenta algum problema psiquiátrico? cognitivas, visuais
ou na fala
• Existe algum outro fator associado (dor de cabeça
importante, alterações cognitivas, visuais, na fala)?

• Você está utilizando algum medicamento ou ali-


mento que podem ter efeito estimulante (cafeína,
guaraná)?

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Insônia associada a condições sistêmicas descompensadas,
Necessidade de tratamento da causa basal.
como quadro álgico ou psiquiátrico
Insônia associada a dor de cabeça, alterações cognitivas, Quadro neurológico, necessidade de investigação porme-
visuais ou na fala norizada.
Quadro crônico não responsivo a medicamentos isentos de Necessidade de investigação diagnóstica e mudança na
prescrição. farmacoterapia.
73
Quais são os objetivos do tratamento?

Reduzia a latência do sono, melhorar a constância do sono, reduzir o tempo necessário para despertar.

Que tratamentos eu posso recomendar?

TODAS AS POPULAÇÕES

Orientações gerais

• Higiene do sono

□□ Dormir apenas o quanto você precisa para se sentir descansado e, em seguida, sair da cama

□□ Manter um horário de sono regular

□□ Evitar forçar o sono

□□ Praticar exercícios físicos regularmente, durante pelo menos 20 minutos, de preferência 4 a 5


horas antes de deitar

□□ Evitar bebidas com cafeína depois do horário do almoço

□□ Evitar bebidas alcoólicas e tabagismo próximo ao horário de deitar, especialmente à noite

□□ Não ir para a cama com fome

□□ Ajustar ambiente do quarto

□□ Lidar com suas preocupações antes de dormir

• Terapia de controle de estímulos

□□ Ir para a cama somente quando estiver com sono.

□□ Não assistir televisão, ler, comer, ou se preocupar, enquanto está na cama. Use a cama apenas
para dormir e fazer sexo.

□□ Levantar se não adormecer dentro de vinte minutos e ir para outro local da casa. Volte para a
cama somente quando estiver com sono. Repita este passo quantas vezes forem necessárias du-
rante toda a noite.
Manual 6 . Autocuidado

□□ Defina um despertador para acordar em um horário fixo todas as manhãs, incluindo finais de semana.

□□ Não tirar uma soneca durante o dia.

Farmacoterapia

• Valeriana officinalis L. + Passiflora incarnata L + Crataegus oxyacantha L (40 mg + 50 mg + 30 mg)


(Sominex®)
74
• Passiflora incarnata L.

□□ Comprimido 3,5% (360mg)

°° Adultos: 1-2 cpr 2x/dia

□□ Solução oral 2,5% (100 mg) – 30 ou 100ml

°° Adultos: 5-10ml 2 x/dia

• Passiflora incarnata L + Crataegus oxyacantha L + Salix alba L (100mg + 30mg + 100 mg) Adultos: 1-2
comprimidos revestidos, 1 ou 2 x/ dia.

• Passiflora alata + Erythrina mulungu + Leptolobium elegans + Adonis vernalis (80mg + 60mg+ 20mg
+ 20 mg) (Ritmoneuran®)

□□ Adultos e crianças acima de 12 anos: 1 a 2 cápsulas 3 vezes ao dia

• Melatonina 1mg cápsulas (suplemento alimentar)

• 1-5 cps antes de dormir

*De modo geral o tratamento para insônia em crianças deve ser não medicamentoso. Orientado para hi-
giene do sono e medidas relaxantes antes de dormir, como massagens e afago.

Que tratamentos eu não devo recomendar?

Anti-histamínicos de primeira geração, ou seus derivados (dimenidrato) principalmente por seu efeito depressor
do sistema nervoso central, em muitas condições são utilizados cronicamente para o tratamento da insônia. En-
tretanto, o seu perfil de segurança questionável, bem como a ausência de estudos que comprovem sua eficácia
para essa função, contraindicam esses medicamentos para o tratamento da insônia. O paciente deve ser orien-
tado quanto a medidas não farmacológicas possíveis, e se necessário, uma nova terapia para manejo da insônia,
como a valeriana, pode ser instituída.
MEDICAMENTOS PARA VIAGENS (17) 75

Por quê?

A solicitação de indicação / prescrição de medicamentos para viagens é um motivo co-


mum de procura a farmácia comercial. A popularmente chamada “farmacinha” faz par-
te da cultura do brasileiro, e deve contemplar medicamentos que resolvam as afecções
mais comuns associadas a mudanças de hábitos, clima e rotina inerentes a uma viagem.

O que devo considerar para uma indicação racional?

• Para onde é a viagem? (De maneira geral, mudanças climáticas importantes podem predispor a vulne-
rabilidade imunológica e infecções virais)

• Qual a sua idade e das pessoas que irão viajar? (Crianças apresentam maior risco de infecções virais,
adultos normalmente apresentam afecções ligadas a mudanças de hábitos alimentares, como dispep-
sia ou condições gastrointestinais).

• Qual o motivo da viagem? (Viagens de férias normalmente estão associadas a exageros no que tange
ao aspecto alimentar e ao consumo de bebidas alcoólicas).

• Qual o período da viagem? (Viagens longas geralmente predizem a necessidade de medicamentos


para condições comuns, como dor, dispepsia e má digestão e náuseas)

• Quais são as afecções que você normalmente costuma ter? (Pacientes específicos apresentam predis-
posições características para determinadas patologias, isso normalmente depende de características
genéticas, anatômicas e ambientais, assim um paciente que normalmente tem sinusite, dor de gargan-
ta ou alergia apresenta uma elevada chance de desenvolver a condição em viagem longa associada a
fatores estressantes (físicos, psicológicos, alimentares).

Regras gerais
1) Selecione medicamentos para condições comuns:

Dor e febre Medicamentos para profilaxia de exageros (alimentares de bebidas alcoólicas)


Azia e má digestão Náuseas

2) Selecione medicamentos de acordo com as características do paciente e da viagem:


Manual 6 . Autocuidado

Antialérgicos Diarreia
Anti-inflamatórios Constipação

Quais são os objetivos do tratamento?

Proporcionar aos pacientes medicamentos para as condições mais comuns durante uma viagem longa.
76

Opções terapêuticas

MEDICAMENTO DOSE OBSERVAÇÕES


PRIMEIRA LINHA
Dor e febre
Comprimido 500mg: 1-2 cpr, 3 a 4 x/dia.

Comprimido 750 mg: 1 cpr, 3-5 x/dia.


Paracetamol
Gotas 200 mg/mL - frasco 15 ml: 35 a 55 gotas, 3-5 x/dia.

Não exceder dose máxima diária de 4g.


Comprimido 500mg: 1-2 cpr até 4 x/ dia.

Dipirona Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia.

Solução oral 50 mg/m: 10-20 mL, até 4 x/dia.


Gotas 100 mg/mL: 200 mg (20 gotas) - 800 mg (80 gotas), não devendo
exceder a dose máxima diária de 3.200 mg.
Ibuprofeno
Comprimido - 200 mg: 1-2 cpr, 4-6 x/dia. Não exceder dose máxima de
6 cpr/dia. Uso cauteloso em pacientes hipertensos ou com risco de
Comprimidos 250 mg e 500 mg: 500-1000 mg ao dia, em 2 tomadas a sangramento gastrointestinal.
Naproxeno
intervalos de 12 horas (250 mg 2x/dia ou 500 mg duas vezes ao dia.
Capsulas 50 mg e comprimidos revestidos 100 mg: 2 cápsulas 2 vezes
Cetoprofeno
ao dia, às refeições; ou 1 cápsula 3 vezes ao dia às refeições.
Azia e má digestão
Hidróxido de Alumínio Comprimido (230 mg/cpr): 460-920 mg VO, 1h após as refeições e ao deitar.
Hidróxido de Magnésio Suspensão 400 mg/ 5 ml: 5-15 ml VO, conforme necessário, 1h após as refeições, até 4 x/dia.
Suspensão (hidróxido de magnésio 125 mg, carbonato de cálcio 50 mg, hidróxido de alumínio 180 mg): Uma a duas colheres das de
Hidróxido de Alumínio + Hidróxido de Magnésio sobremesa (10 a 20 mL) 30-60 min após às refeições e à noite, ao deitar-se. A dosagem poderá ser aumentada ou reduzida, de acordo
com as necessidades do paciente.
Sal de fruta ENO® - bicarbonato de sódio +
carbonato de sódio + ácido cítrico (2,3g + 0,5g + 1-2 envelopes dissolvidos em 2/3 de um copo com água.
2,25g / 5g)
Estomazil® - bicarbonato de sódio + citrato
de potássio + citrato de sódio + ácido cítrico + 1-2 envelopes dissolvidos em 2/3 de um copo com água.
carbonato de sódio /5 g
MEDICAMENTO DOSE OBSERVAÇÕES
Sonrisal® - carbonato de sódio 0,4 g + ácido ace-
1-2 cpr ou envelopes dissolvidos em 2/3 de um copo com água, quando
tilsalicílico 0,325 g + ácido cítico 1,5 g + bicarbo-
necessário.
nato de sódio 1,7 g comprimido ou envelope
Má digestão e exageros alimentares
Maleato de mepiramina 15,0 mg + Hidróxido de Tomar de 1-4 cpr. Este medicamento dever ser utilizado até que haja o
Recomendar uso de 1 cpr antes da ocasião, onde haverá
alumínio 150,0 mg + acida acetilsalicílico 150,0 alívio dos sintomas da ressaca (geralmente o período de 24 horas após
abuso alimentar ou de bebidas alcoólicas e 1 cpr após.
mg + cafeina 50,0 mg (Engov®) aparecer os sintomas), sempre respeite a dosagem recomendada.
Citrato de colina 1000 mg + betaína 500 mg + Recomenda-se 1 (um) flaconete (10mL), três vezes por dia, de prefe-
Estimula a função e recuperação hepática.
DL-metionina 100 mg/10 mL rência antes das principais refeições.
Cápsulas: 1 cps 4 x/dia (6/6h)
Peumus boldus 67 mg ou 0,67 ml/10 ml Estimulante digestivo.
Flaconetes 10 ml ou soluções 150 ml: 10 ml ou 1 flaconete, 4 x/dia.
Comprimidos: 3 a 4 cpr/dia, ou a critério médico. Estimula a função e recuperação hepática.
SEGUNDA LINHA
Náuseas
Dimenidrato (Dramin®) Comprimido 100 mg: 1 cpr 4-6h

Solução 2,5 mg/ml: 20-40 ml (50 a 100 mg) a cada 4-6 h, não exceden-
do 160 ml (400 mg) em 24 horas.
Alergia
Xarope 1 mg/ml 100 ml: 10 mL (10 mg), 1 x/dia, quando necessário.
Loratadina (Claritin®)
Comprimidos 10 mg: 1 cpr (10 mg), 1 x/dia, quando necessário.
• Solução oral 2,8 mg/ml - frasco 10 ml, 20 ml ou 30 ml
□□ Adultos: 20 gotas 3 a 4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima
de 12 mg/dia (ou seja, 120 gotas/dia). Para alguns pacientes,
a dose diária máxima de 6 mg, (ou seja, 60 gotas/dia) é sufi-
ciente.
□□ No caso de esquecimento de alguma dose, oriente seu pa-
ciente a tomar a dose assim que possível, reajustar os horá-
rios de acordo com esta última tomada e continuar o trata-
Dexclorfeniramina (Polaramine®) Efeitos anticolinérgicos: restrição em idosos
mento de acordo com os novos horários programados. Não é
recomendado ingerir duas doses de uma só vez.
• Solução oral 2,0 mg/5ml – frasco 100-120 ml
□□ Adultos - 5 ml, 3 a 4 x/ dia. Não ultrapassar a dose máxima de
12 mg/dia. Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6
mg é suficiente.
• Comprimido 2 mg: 1 cpr 3-4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima
de 12 mg/dia.
77

Manual 6 . Autocuidado
78

MEDICAMENTO DOSE OBSERVAÇÕES


Xarope (12,5 mg + 125 mg + 56,25 mg)/5 ml – 120 ml: 1-2 colheres das
de chá (5-10 mL), a cada 2 ou 3 horas.

Cloridrato de difenidramina + cloreto de amônio Pastilha 5 mg de cloridrato de difenidramina (equivalente a 4,375 mg


de difenidramina), 50 mg de cloreto de amônio e 10 mg de citrato de Efeitos anticolinérgicos: restrição em idosos
+ citrato de sódio di-hidratado
sódio: dissolver lentamente uma pastilha na boca quando necessário,
sem exceder o máximo de 2 pastilhas por hora. A dose máxima diária é
de 8 pastilhas.
Diarreia
• Lactobacillus acidophilus
□□ Capsula 109 UFC - 1 cps/dia
□□ Capsula 200 milhões – 1-2 cps 3x/dia
Probióticos □□ Sachê granulado 200 milhões – Misturar o conteúdo do en-
velope em pequenas quantidades de líquido em temperatura
ambiente (nem muito quente >60ºCnem gelado) – 1-2 enve-
lopes/dia
□□ Flaconetes 10ml (200 milhões) – 1-2 tubos 3x/dia
• Saccharomyces boulardii
□□ Cápsula 100 mg – 1-2 cps 2x/dia
Loperamida (2mg/cpr) □□ Capsula 200 mg – 1 cps 1X/dia
□□ Pó oral 200 mg – 1 envelope 2x/dia
Dose inicial: 4 mg, seguidos de 2 mg após cada episódio de diarreia, até Indicado apenas para uso emergencial, uso crônico deve ser
16 mg/dia evitado.
Constipação
• Plantago ovata (Psyllium): 1 sachê (5,85 g ou 1 colher de sobremesa), dissolvido em um copo de água, até 3x/dia.
• Metilcelulose: 3-6 comprimidos administrados 2x/dia (4-6 g/dia).
Suplemento de fibras – formadores de massa
• Dextrina de trigo: duas colheres de chá (3,5g / um sachê), em 120 mL de líquido, frio ou quente. Não utilizar mais que 8 colheres
de chá (4 sachês) por dia (até 14g de produto por dia).
Lactulose: solução 667 mg/ml - 10-20 g/dia (15-30 mL) VO; dose pode
Laxantes osmóticos açúcares Indicados constipação importante, com risco de compactação.
ser titulada até máximo de 90-150 ml/dia

*A indicação deve ser individualizada de acordo com as necessidades individuais. Medicamentos como descongestionantes nasais ou comprimidos associados para o ma-
nejo da gripe podem ser utilizados – ver tópico gripe/resfriado. As doses apontadas na tabela são indicadas para adultos, em pediatria, individualização de posologia deve
ser realizada de acordo as necessidades.
ONICOMICOSE (TINEA UNGUIUM) (55–59) 79

O que é?

Onicomicoses referem-se a infecções na unha causadas por qualquer fungo, incluindo leveduras e fungos
filamentosos não-dermatófitos. Onicomicose dermatofítica (tinea ungueal) ocorre em três formas princi-
pais: subungueal distal, subungueal proximal e superficial. Uma ou várias unhas podem ser afetadas, rara-
mente todas. Grande parte dos pacientes afetados tem ou já tiveram Tinea Pedis também. A maioria dos
casos de onicomicose é devido a dermatófitos, no entanto, muitos casos são devido à leveduras.

O que mais eu preciso saber?

FATORES DE RISCO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Alguns fatores podem predispor o desenvolvimento de Apesar de onicomicose ser geralmente uma
onicomicoses, e merecem atenção, para tratamento precoce. preocupação estética, ela também pode causar
São eles:
desconforto físico, como: dor crônica ou aguda
• Diabetes exacerbada pelo corte de unhas, pressão de cal-
• Idade avançada çados ou roupas de cama. Além disso, em pacien-
tes com diabetes ou outros estados imunocom-
• Imunodeficiência
prometidos, onicomicose pode aumentar o risco
• Natação
de infecções bacterianas tais como a celulite.
• Predisposição genética
• Psoríase
• Tinea pedis (associação com Tinea pedis indica o trata-
mento adequado da condição pode evitar onicomicoses)
• Viver com membros da família que têm onicomicose

Tipos de onicomicose

Onicomicose subungueal distal


Afeta inicialmente o polegar, mas todas as unhas são suscetíveis. A doença começa
com uma descoloração esbranquiçada, amarelada ou acastanhada de um canto distal
da unha, que gradualmente se espalha para envolver toda a largura da placa da unha e
estende-se lentamente para a cutícula.

Onicomicose subungueal proximal


Manual 6 . Autocuidado

Forma relativamente rara de onicomicose que começa e progride de um modo seme-


lhante ao onicomicose subungueal distal, mas, como o nome implica afeta a porção
proximal da unha na vizinhança da cutícula e estende-se distalmente. Ocorre geralmen-
te em pessoas com um sistema imunológico gravemente comprometido.

Onicomicose superficial branca


Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas brancas sobre a superfície sem brilho da
placa da unha de uma ou várias unhas. Se não for tratada, as áreas doentes se espalham
por centrifugação
80 O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL


• Há quanto tempo os sintomas na unha iniciaram?
• Lesões esbranqui- • Podem indicar lesões
• Você percebeu descoloração, descolamento ou
çadas, associadas a alérgicas.
engrossamento da unha?
fatores precipitantes.
• Sente dor?
• Inflamação exacerba- • Pode indicar
• Você associa a condição a algum fator precipitante? da, acompanhada de infecções bacterianas
Esmaltes, acetonas? dor. secundárias.

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Inflamação intensa, com formação de placas de Pode indicar infecção bacteriana secundária, com necessidade de ava-
pus e dor. liação médica e instituição de tratamento sistêmico.
Ausência de resposta a tratamento tópico. Indica a necessidade de tratamento sistêmico para manejo da condição.

Quais são os objetivos do tratamento?

Curar a infecção fúngica, propiciando o desaparecimento dos sintomas e a retomada das características
da unha.

Em quais situações o tratamento deve ser indicado?

• Pacientes com história de celulite, especialmente se repetida, da extremidade inferior ipsilateral, com oni-
comicose.

• Pacientes com diabetes e onicomicose de unha com fatores de risco adicionais para a celulite (ex, celulite
prévia, insuficiência venosa, edema).

• Pacientes com dor / desconforto associado com unhas infectadas.

• Pacientes que desejam tratamento por razões estéticas.


Que tratamentos eu posso recomendar? 81

ADULTOS E IDOSOS

Primeira Linha

• Amorolfina 50mg/ml – Esmalte (Loceryl®)

□□ O esmalte deve ser aplicado na unha afetada da mão ou do pé 1-2 x/semana, da seguinte forma:

1. Antes de aplicar o produto, lixar a área afetada da unha o mais profundamente possível, com auxílio de
uma lixa. As lixas utilizadas nas unhas afetadas não devem ser utilizadas em unhas sadias.

2. Limpar e desengordurar a superfície da unha com uma das compressas embebidas em álcool isopropí-
lico ou removedor de esmalte comum.

3. Este processo deve ser repetido antes de qualquer nova aplicação, visando eliminar os resíduos de
medicamento da aplicação anterior.

4. Introduzir uma espátula no frasco contendo o esmalte.

5. Aplicar diretamente sobre a superfície da unha afetada.

6. Limpar o gargalo do frasco e fechar imediatamente.

7. Deixar secar por aproximadamente 3 - 5 minutos.

A duração do tratamento depende principalmente da gravidade, localização da infecção e velocidade de


crescimento da unha. Em média, são necessários 6 meses para as unhas das mãos e de 9-12 meses para as
unhas dos pés. O tratamento não deverá ser interrompido antes da completa regeneração da unha e cura
das áreas afetadas.

Que tratamentos eu não devo recomendar?

Segunda Linha

• Antifúngicos em solução ou em creme apresentam penetração errática na unha e, portanto baixíssima


efetividade. Além disso, a maioria desses produtos não é licenciada para esse tipo de aplicação.
Manual 6 . Autocuidado

E se o meu paciente não melhorar, ou melhorar apenas parcialmente?


Como se trata de um tratamento longo, altas taxas de abandono são relatadas, com melhora apenas parcial, ou
recorrência de sintomas. O paciente deve ser questionado sobre o cumprimento do tratamento, e conscientizado
sobre a necessidade de uso regular e contínuo, durante o período recomendado, para alcançar a cura sintomática
e micológica. Se o paciente se encontra altamente motivado o tratamento pode ser reiniciado. Alternativamente
o paciente desejar, pode ser encaminhado a atendimento médico para instituição de tratamento sistêmico.
82
PEDICULOSE (51,60–62)

O que é?

Pediculose capilar, pediculose corporal e pediculose pubiana e ciliar são doenças provocadas por infes-
tação de uma das três variedades de piolhos: phthirus pubis, pediculosis humanus capitis e pediculosis
humanus corporis, que infestam especialmente seres humanos.

O que mais eu preciso saber?

Pediculose capilar
A pediculose capilar é causada pelo Pediculus humanus capitis. A maioria das in-
festações por piolhos são assintomáticas; algumas crianças podem abrigar uma
colônia surpreendentemente grande de piolhos sem sintomas aparentes. Pru-
rido intenso (comichão) do couro cabeludo, pescoço e orelhas podem ocorrer
como uma reação alérgica a saliva de piolhos, que é injetada durante a alimenta-
ção. Linfonodos cervicais e da nuca estão frequentemente aumentados e episó-
dios febris associados à infecção estafilocócica secundária pode ocorrer.

Pediculose corporal
A pediculose corporal é um problema associado a pobres condições de higiene
e aglomerações. Pediculus humanus, seu agente etiológico, serve como vetor de
doenças como tifo, febre das trincheiras e febre recorrente. A coceira é a queixa
principal, embora algumas pessoas não pareçam se incomodar com a infestação.
Os sinais podem ser limitados a escoriações lineares no tronco e no pescoço, jun-
tamente com hiperpigmentação.

Pediculose pubiana e ciliar


Pediculose pubiana é geralmente transmitida sexualmente, e pode se estender
além da região pubiana, envolvendo outras áreas do corpo, incluindo os cílios
(pediculose ciliar). Phthirus púbis, também conhecido como o piolho do caran-
guejo, é o organismo responsável. A coceira é a queixa principal em adultos, prin-
cipalmente na região pubiana, mas também nas axilas. Em indivíduos peludos,
nenhuma área com pelos está imune a envolvimento. O couro cabeludo é pou-
pado na maioria dos casos, mas é ocasionalmente envolvido em indivíduos com
cabelo grosso e crespo.
O que devo perguntar ao paciente? 83

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo você está com coceira? CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL


• Qual a região específica da coceira?
• Escoriações e pruri- • Considerar possibili-
• Houve contato com pessoas com infestação de do generalizado dade de escabiose e
piolhos? dermatites. Descar-
tar possíveis fatores
• Você viu algum piolho?
precipitantes, e
• Você notou algum fator precipitante da coceira sintomas associados.
(cosméticos, medicamentos, contato com alguma Lembrar-se que em
substância)? pediculoses, normal-
• Você já utilizou algum tratamento específico? Se mente piolhos são
sim, qual? visíveis a olho nu.

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Piolhos corporais associados à dor de cabeça intensa, febre Pode indicar doenças sistêmicas transmitidas por piolhos,
alta sustentada, tosse, exantema, dor muscular grave. como tifo epidêmico, febre das trincheiras e febre recorrente.
Prurido associado a lesões e gatilhos específicos. Ausência Pode indicar casos de dermatite alérgica, ou de contato,
visual de piolhos. associada a fator precipitante.

Quais tratamentos eu devo aconselhar?

PEDICULOSE CAPILAR – TODAS AS POPULAÇÕES

Primeira linha

• Remoção mecânica:

□□ Uso de pediculicidas tópicos deve ser evitado em crianças <2 meses, nesses casos preconiza-se
a remoção mecânica, através da utilização de pente fino (dentes do pente com 0,2 milímetros de
intervalo) em cabelos molhados, como tratamento padrão.

°° Agente lubrificante, tal como, condicionador de cabelo, deve ser utilizado antes do pro-
cedimento seguinte.
Manual 6 . Autocuidado

°° O cabelo deve ser escovado ou penteado para remover os emaranhados.

°° O pente de dentes finos é inserido perto da coroa até que toque suavemente o couro ca-
beludo, após deve ser empurrado, com firmeza, para baixo, e examinado para presença de
piolhos depois de cada curso.

• O cabelo inteiro deve ser sistematicamente penteado, pelo menos, duas vezes (15 a 30 minutos).

• Permetrina tópica – loção ou shampoo 1% (10 mg/g) - 60 ml (Kwell®) – mínimo 2 meses


84
□□ Loção

°° Antes de utilizar o produto, o paciente deve ser aconselhado a testar o produto em peque-
na área capilar, para evitar possíveis reações alérgicas. Se o paciente desenvolver prurido
e vermelhidão intensos, o produto não deve ser utilizado.

°° Aplicar o produto nos cabelos úmidos, cobrindo todo o couro cabeludo, esfregando por
toda sua extensão (principalmente atrás das orelhas e na nuca). A quantidade necessária
varia de acordo com o volume e tamanho dos cabelos.

°° Deixar o produto agir por 10 minutos e utilizar o pente fino, para remoção de piolhos e
lêndeas, e sequencialmente enxaguar o cabelo com água morna.

°° Geralmente dose única é necessária. Se ainda houver piolhos e lêndeas 7 dias após a pri-
meira aplicação, repetir o procedimento.

□□ Shampoo

°° O conteúdo do frasco (60 ml) deve ser completamente aplicado sobre o couro cabeludo
previamente molhado, especialmente na nuca e atrás das orelhas, deixando-o em contato
com estas áreas por dez minutos. Após enxágue, o cabelo deve ser secado parcialmente
com toalha, e recomenda-se a utilização de pente fino para remoção de piolhos e lêndeas.

°° Geralmente dose única é necessária. Se ainda houver piolhos e lêndeas 7 dias após a pri-
meira aplicação, repetir o procedimento.

• Deltametrina + Butóxido de piperonila (20mg/100mg) (Deltacid plus®) – loção ou shampoo (xampu)

□□ Loção

°° Aplicar nas áreas atingidas de preferência durante o banho, fazendo-se ligeiras fricções
com a polpa dos dedos.

°° Deixar as áreas atingidas ensaboadas durante 5 minutos. Enxaguar bem. Usar durante 4
dias consecutivos.

□□ Shampoo

°° Aplicar nas áreas atingidas de preferência durante o banho, fazendo-se ligeiras fricções
com a polpa dos dedos.

°° Deixar as áreas atingidas ensaboadas durante 5 minutos. Enxaguar bem. Usar durante 4
dias consecutivos.

*Uso exclusivamente tópico, evitar contato com olhos e mucosas.

Segunda linha

• Loção de dimeticona (95%) (Produto importado – não fabricado no Brasil):

□□ A loção deve ser aplicada no cabelo seco.

□□ Aplicar a loção com a ponta da embalagem de maneira uniforme ao longo de todo o couro cabeludo.

□□ Massagear a loção das raízes às pontas até que o cabelo esteja completamente molhado. A quan-
tidade de produto necessária depende da espessura e do comprimento do cabelo. Cabelos na
85
altura dos ombros geralmente requerem cerca de 30 a 50 ml de loção.

□□ Deixar agir por 10 minutos, e efetuar a lavagem do cabelo, com posterior utilização de pente fino.

PEDICULOSE CORPORAL – TODAS AS POPULAÇÕES

Primeira linha

• Banho adequado, lavagem quente ou descarte de roupas de cama e vestimentas infestadas normal-
mente são suficientes para a gestão da pediculose corporal.

Segunda linha (casos onde lêndeas são encontradas em pelos do corpo)

• Permetrina tópica – loção cremosa 5% - 60 ml (Pioletal plus® / Nedax plus®) – Aplicação única

□□ Os pacientes devem massagear o creme de permetrina completamente desde a pele do pescoço


até as solas dos pés, incluindo áreas sob as unhas das mãos e dos pés.

□□ O couro cabeludo, pescoço, têmporas e testa podem ser infestados em crianças e pacientes geri-
átricos. Nestas populações, a permetrina, também deve ser aplicada ao couro cabeludo e na face,
poupando os olhos e a boca.

□□ O creme deve ser removido por lavagem (chuveiro ou banheira), após 8 a 10 horas.

PEDICULOSE PUBIANA – TODAS AS POPULAÇÕES

• Permetrina tópica – loção ou shampoo 1% (10 mg/g) - 60 ml (Kwell®)

□□ Ver recomendações uso capilar.

• Deltametrina + Butóxido de piperonila (20mg/100mg) (Deltacid plus®) – loção ou shampoo

□□ Aplicar na região infestada por 10 minutos e enxaguar.

*O paciente deve ser monitorado 7-10 dias após aplicação inicial. Em caso de persistência de lêndeas e
piolhos. Repetir tratamento.

PEDICULOSE CILIAR

• Devido ao envolvimento de cílios, o tratamento para a pediculose ciliar deve ser modificado para pro-
teger os olhos. A terapia inicial é destinada a desalojar mecanicamente os piolhos e lêndeas após apli-
cação duas vezes por dia de vaselina comum ou uma pomada oftálmica oclusiva para as margens da
pálpebra durante 8 a 10 dias.

Orientações de higiene são fundamentais!


Manual 6 . Autocuidado

Em todos os casos de pediculose, as orientações de higiene, com necessidade de banho diário, e lavagem dos
cabelos frequente (em pediculose capilar) são fundamentais.

Os pacientes devem ser orientados quanto à alta capacidade de infestação e a necessidade de monitoramento de
familiares para sintomas relacionados, tais como coceira. No caso da pediculose corporal e pubiana, o paciente
deve ser orientado a lavar roupas íntimas e de cama em água quente, a no mínimo 65 ºC.
86
PEQUENOS FERIMENTOS (63)

O que são?

Pequenos ferimentos são definidos como lesões superficiais e pouco extensas,


geralmente únicas. A gestão dessas condições é frequentemente realizada na
farmácia comunitária, através da indicação de medicamentos específicos e re-
alização de pequenos curativos.

Quais os tipos de ferimentos comuns?

FERIMENTOS COMUNS DEVO ME PREOCUPAR COM

• Pequenos cortes • Mordeduras de cachorros

• Lesões superficiais da pele por microtraumas • Picadas de insetos não identificados, com aspecto
(batidas) inflamatório intenso e/ou infeccioso.

• Lesões inflamatórias superficiais • Lesões crônicas extensas, com aspecto inflamatório


e/ou infeccioso e/ou necrótico
• Lesões infecciosas superficiais, sem comprometi-
mento sistêmico.

O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Como a lesão surgiu? Características Associação possível

• Há quanto tempo? • Lesões eritema- • Preditor de gravi-


• Posso ver a lesão? (Avalie a extensão, o grau de tosas extensas ou dade
inflamação, possível infecção e necrose) infectadas

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Lesões eritematosas e/ou infectadas de grande Necessidade de encaminhamento a uma unidade de saúde para ava-
extensão ou crônicas liação da intervenção eficaz.
Mordeduras de cachorro Necessidade de encaminhamento do paciente a unidade de saúde
para imunização adequada para raiva.
87
Quais são os objetivos do tratamento?

Amenizar a dor e inflamação local. Prevenir o surgimento de infecções secundárias.

Quais tratamentos eu posso recomendar?

TODAS AS POPULAÇÕES

Orientações gerais

Ferimentos visualmente contaminados, por sujeira ou detritos, devem ser cuidadosamente lavados com
solução fisiológica ou água e sabão.

Cortes

• Digluconato de clorexidina 10 mg/mL (Merthiolate®) – solução 30 ml ou spray 45 ml: Aplicar sobre a


lesão 3-4 x/dia

• Após a aplicação a lesão pode ser coberta com gaze estéril.

Infecções

• Neomicina 3,5 mg/g pomada - tubo(s) com 10g: Aplicar 3 x/dia sobre área lesada.

• Neomicina + Bacitracina (5 mg + 250 UI/g) (Nebacetin®) – bisnagas 15g e 50g: Aplicar sobre a região
afetada 2 a 5 vezes ao dia, utilizando-se ou não curativos semioclusivos.

Batidas, Inflamações de pele não lesionada

• Salicilato de metila + cânfora + mentol + terebintina

□□ Pomada (52,50 mg/g + 44,40 mg/g +191,47 mg/g) 20g (Gelol®): fricciona a parte dolorida duran-
te alguns minutos, com pequena quantidade do produto, envolvendo-a depois com um pano de
flanela ou lã, 2 a 3 x/dia.

□□ Spray 60 ml: aplicar 2 vezes ao dia, sobre a parte afetada.

• Diclofenaco dietilamônio 10 mg/g (Cataflam Emulgel®) – bisnaga 60g: Aplicar sobre a região afetada
Manual 6 . Autocuidado

(conforme a extensão), 3 a 4 x/dia, massageando suavemente.

• Cetoprofeno 25 mg/g (Flamador®) – bisnaga 30 g: aplicar sobre o local dolorido ou inflamado, 2-3 x/
dia, massageando levemente por alguns minutos.
88
PICADAS DE INSETOS (64)

O que são?

As picadas de insetos pode ser um incômodo menor ou pode levar a graves problemas de saúde, incluindo a trans-
missão de doenças e reações alérgicas graves. Nesse capítulo abordaremos a gestão das afecções cutâneas lo-
cais, importantes causas de procura a farmácia.

A reação normal a uma picada de inseto é uma reação inflamatória no lo-


cal da pele perfurada, que aparece em poucos minutos e consiste de eri-
tema local pruriginoso e edema. Os sintomas geralmente desaparecem
dentro de algumas horas. As reações locais são causadas por substâncias
irritantes concentrados na saliva do inseto (anticoagulantes, enzimas, an-
ticorpos aglutinantes e mucopolissacarídeos). Em alguns casos, a reação
local é seguida por uma reação cutânea retardada que consiste em incha-
ço local, prurido e vermelhidão.

Urticária papular é um distúrbio cutâneo de hipersensibilidade associa-


do que picadas de insetos, muitas vezes pulgas, mosquitos ou percevejos,
levando a pápulas recorrentes e coceira, por vezes crônicas em áreas
expostas da pele (por exemplo, braços, pernas, costas, couro cabeludo).
Urticária papular é relatada predominantemente em crianças pequenas
(normalmente 2-10 anos de idade).

O que devo perguntar ao paciente?

FERIMENTOS COMUNS DEVO ME PREOCUPAR COM

• Você pode me mostrar o local da picada? • Foliculite superficial (pequenas pápulas e pústulas
inflamatórias).
• Você apresenta histórico de reações alérgicas
importantes? • Dermatites de contato (reação alérgica inflamató-
ria precipitada por fator predisponente).
• Você está sentindo dor?

• Notou sinais de inchaço ou infecção?

• Utilizou algum medicamento? Se sim, qual? Melhorou?


Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico? 89

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Podem indicar quadro de doença transmitida pela picada de
Reações locais associadas a reações sistêmicas. inseto. Necessidade de investigação médica e tratamento
causal.
Podem indicar quadro alérgico importante, com necessida-
Reações locais associadas a reações alérgicas sistêmicas.
de de gestão e intervenção médicas.

Quais são os objetivos do tratamento?

Aliviar o prurido e o quadro de dor, vermelhidão e inchaço local.

Que tratamentos eu posso recomendar?

TODAS AS POPULAÇÕES

Orientações gerais

• O paciente deve ser aconselhado a lavar o local da picada previamente com água e sabão.

• Edema local pode ser reduzido com resfriamento (gelo, compressa úmida).

Reações leves e urticárias papulares

Primeira linha

• Calamina (óxido de zinco e corantes óxido férrico amarelo e óxido férrico vermelho) (Caladryl®)

□□ Creme 28g, loção 120ml, aerossol 120g - cloridrato de difenidramina 10mg + calamina 81mg
(equivalente a 80g de oxido de zinco) + canfora 1g (10 mg + 81 mg + 1 mg / g ou ml)

°° A quantidade de creme ou loção deve ser adequada à extensão da área cutânea afetada,
formando uma fina camada sobre a pele. As aplicações devem ser feitas 3 a 4 x/ dia. A du-
ração do tratamento deve ser adequada à intensidade e duração dos sintomas. Em áreas
extensas de aplicação, a duração do tratamento não deve exceder 7 dias.
Manual 6 . Autocuidado

Segunda linha

• Loratadina (Claritin®)

□□ Xarope 1 mg/ml 100 ml

°° Adultos e crianças acima de 12 anos: 10 mL (10 mg), 1 x/dia.

°° Crianças de 2 a 12 anos
90
□□ Peso corporal abaixo de 30 kg: 5 mL (5 mg), 1 x/dia.

□□ Peso corporal acima de 30 kg: 10 mL (10 mg) 1 x/dia.

□□ Comprimidos 10 mg

°° Adultos e crianças acima de 12 anos: 1 cpr (10 mg), 1 x/dia.

°° Crianças de 2 a 12 anos

□□ Peso corporal abaixo de 30 kg: ½ cpr (5 mg), 1 x/dia.

□□ Peso corporal acima de 30 kg: 1 cpr (10 mg), 1 x/dia.

• Dexclorfeniramina (Polaramine®)

□□ Solução oral 2,8 mg/ml - frasco 10 ml, 20 ml ou 30 ml

°° Adultos e crianças maiores de 12 anos: 20 gotas 3 a 4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxi-
ma de 12 mg/dia (ou seja, 120 gotas/dia). Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6
mg, (ou seja, 60 gotas/dia) é suficiente.

°° Crianças de 6 a 12 anos: 10 gotas 3 x/dia. Um máximo de 6 mg diários (ou seja, 60 gotas/dia).

□□ Crianças de 2 a 6 anos: 5 gotas, 3 x/dia. Um máximo de 3 mg diários (ou seja, 30 gotas/dia).

□□ No caso de esquecimento de alguma dose, oriente seu paciente a tomar a dose assim que possí-
vel, reajustar os horários de acordo com esta última tomada e continuar o tratamento de acordo
com os novos horários programados. Não é recomendado ingerir duas doses de uma só vez.

□□ Solução oral 2,0 mg/5ml – frasco 100-120 ml

□□ Crianças maiores de 12 anos - 5 ml, 3 a 4 x/ dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia.
Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6 mg é suficiente.

□□ Crianças de 6 a 12 anos - 2,5 ml, 3 x/dia. Um máximo de 6 mg diários.

□□ Crianças de 2 a 6 anos - 1,25 ml, 3 x/dia. Um máximo de 3 mg diários.

□□ Comprimido 2 mg: 1 cpr 3-4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia.
PITIRÍASE VERSICOLOR (65) 91

O que é?

Pitiríase versicolor ou Tinea versicolor é uma infecção fúngica superficial comum. Os pacientes com este trans-
torno apresentam frequentemente hipopigmentação, hiperpigmentação, ou máculas eritematosas no tronco e
extremidades superiores proximais. Ao contrário de outras doenças que utilizam a denominação tinea, pitiríase
versicolor não é uma infecção por dermatófitos. Os organismos causadores são leveduras saprofíticas dependen-
tes de lipídios, do gênero Malassezia (anteriormente conhecido como Pityrosporum).

Malassezia é um fungo dimórfico dependente de lipídios, que ocorre


como componente normal da flora da pele. Transformação de Malas-
sezia de células de levedura para uma forma micelial patogênica está
associada com o desenvolvimento da doença clínica. Fatores exter-
nos que podem contribuir para essa conversão incluem a exposição
ao clima quente e úmido, hiperidrose, e o uso de óleos tópicos na pele.

O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo essa lesão surgiu? CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL

• Ela coça? • Máculas completa- • Podem indicar


• Ela está associada a descamação? mente despigmen- vitiligo.
tadas
• Ela piora com suor?
• Comprometimento • Pode indicar condi-
• Você está sentindo dor na região? de outros locais do ções sistêmicas, ou
• Você pode me mostrar onde é a lesão exatamente? corpo reação imunológica
após o uso inadequa-
do de corticoides.

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?


Manual 6 . Autocuidado

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Lesões completamente despigmentadas, com ampla distri- Podem indicar vitiligo, uma doença autoimune, com necessi-
buição corporal. dade a avaliação médica.
Inflamação intensa, com formação de placas de pus, ou Pode indicar infecção bacteriana secundária, com necessida-
lesões de grande extensão. de de avaliação médica e instituição de tratamento sistêmico.
Lesões corporais, associadas a outros sintomas sistêmicos. Podem indicar outras condições, como eczema numular, pso-
ríase, lúpus eritematoso cutâneo subagudo e pitiríase rósea.
92
Quais são os objetivos do tratamento?

Curar a infecção fúngica, propiciando o desaparecimento dos sintomas e das lesões.

Que tratamentos eu posso recomendar?

TODAS AS POPULAÇÕES

Tratamento Agudo

• Terbinafina (Lamisil®)

□□ Creme 1% (10mg/g) – 15g, 20g e 30g: Aplicar em região afetada, após lavagem e secagem, 1-2 x/
dia por 2 semanas.

• Butenafina (>12 anos) (Tefin®)

□□ Creme 1% (10mg/g) – 20g: Aplicação em região afetada, após lavagem e secagem, 1 x/dia por 2
semanas

• Clotrimazol (Canesten®)

□□ Creme 1% (10 mg/g) – 20g, 30g, 40g e 50g: Aplicar ½ cm do creme sobre a área afetada, 2-3 x/
dia, 1-3 semanas.

□□ Solução 1% (10 mg/ml) – gotas e spray – 20-30 ml: Aplicar a solução ou o spray em camada fina
2-3 x/dia e friccionar levemente por 1-3 semanas.

• Nitrato de econazol (Micostyl®)

□□ Creme 0,5% (5 mg/g) – 35g: Aplicar o produto nas áreas afetadas, 2-3 x/dia, massageando suave-
mente o local, até o desaparecimento das lesões (2-5 semanas).

□□ Creme, Solução cremosa, Spray 1% (10 mg/g) – 45g, 60 ml, 50 ml : Aplicar o produto nas áreas
afetadas, 2-3 x/dia, massageando suavemente o local, até o desaparecimento das lesões (2-5
semanas).

• Cetoconazol (Nizoral®)

□□ Creme 2% (20 mg/g) – 30g: Aplicar o produto na área afetada 1 x/dia. O tratamento deve ser
mantido por períodos adequados, estendendo-se por mais alguns dias após o desaparecimento
dos sintomas e das lesões (4 semanas).

□□ Shampoo 2% (20 mg/g) – 110 ml: 1 x/dia, durante 5 dias.

• Miconazol (Daktarin®)

□□ Loção cremosa 2% (20 mg/g) – 30g: Aplique o produto sobre a região atingida 2 x/dia. Ao aplicar
93
o nitrato de miconazol, espalhe-o por uma região um pouco maior do que a afetada. É recomen-
dável a troca frequente das roupas que ficam em contato com a área infectada, a fim de evitar a
reinfecção. A duração da terapia varia de 2 a 6 semanas dependendo da localização e gravidade
da lesão. O tratamento deve continuar ao menos uma semana após o desaparecimento de todos
os sinais e sintomas.

□□ Creme 2% (20 mg/g) – 28g: Aplique o produto sobre a região atingida 2 x/dia. Ao aplicar o nitrato
de miconazol, espalhe-o por uma região um pouco maior do que a afetada. É recomendável a tro-
ca frequente das roupas que ficam em contato com a área infectada, a fim de evitar a reinfecção.
A duração da terapia varia de 2 a 6 semanas dependendo da localização e gravidade da lesão. O
tratamento deve continuar ao menos uma semana após o desaparecimento de todos os sinais e
sintomas.

• Tioconazol 1% creme (Tralen®) – bisnaga 30g: Aplicar suavemente nas áreas cutâneas afetadas e ad-
jacentes 1-2 x/dia, por 10 dias.

• Nistatina + Oxido De Zinco (100.000UI + 200 mg/g) (Micostatin®) – bisnaga 60g: duas ou mais vezes
ao dia nas áreas afetadas. O tratamento deve continuar ao menos uma semana após o desaparecimen-
to de todos os sinais e sintomas.

Tratamento Profilático

• Para o controlo em longo prazo, sugere-se a aplicação de um creme antifúngico tópico para as áre-
as envolvidas, como cetoconazol 2%, uma vez por semana; como uma alternativa, o cetoconazol 2%
shampoo pode ser utilizado para lavagem facial ou corporal 1x/semana.

Que tratamentos eu devo desaconselhar

• Associações com antifúngicos tópicos devem ser prontamente desaconselhados. Além de, nos casos de as-
sociações com corticosteroides, se tratar de medicamentos de prescrição, elas podem estar associados aos
seguintes problemas:

□□ Os corticosteroides tópicos podem exacerbar infecções fúngicas e podem contribuir para falha tera-
pêutica.
Manual 6 . Autocuidado
94
QUEIMADURAS DE SOL (66)

O que são?

A queimadura solar é uma resposta inflamatória aguda, lenta, e transitória da pele para a exposição excessiva à
radiação ultravioleta (UV) da luz solar natural ou fontes artificiais (por exemplo, camas de bronzeamento, apa-
relhos de fototerapia). Ambos os raios UVA e UVB podem causar queimaduras solares, mas os comprimentos de
onda que são mais eficazes na indução de eritema estão na gama UVB (290-320 nm).

As manifestações clínicas de queimaduras solares incluem


desde eritema leve a eritema muito doloroso com edema, ve-
siculação e bolhas. O eritema é normalmente referido pela pri-
meira vez de 3 a 5 horas após exposição à luz solar, os picos são
em 12 e 24 horas, e na maioria dos casos, diminui de maneira
importante em 72 horas. O aumento da sensibilidade da pele
ao calor e a pressão mecânica são característicos e presentes
mesmo em casos suaves.

O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA FATORES DE RISCO PARA QUEIMADURAS

• Há quanto tempo você notou a vermelhidão? • Horário do dia (próximo ao 12:00)

• Você está com vesículas ou bolhas em algum local? • Ambientes com areia ou água (reflexão)

• Notou inchaço no local da queimadura? • Consumo excessivo de álcool

• Você está apresentando algum outro sintoma, • Pele clara, olhos azuis e cabelos ruivos ou loiros
como, febre, mal-estar, dor de cabeça, vômito ou
• Utilização de medicamentos fototóxicos (princi-
desidratação?
pais: quinolonas, hidroclorotiazida, furosemida,
amiodarona, clorpromazina)

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Queimaduras extensas com bolhas, dor e sintomas sistêmi- Indicam a necessidade de hospitalização para gestão da
cos (por exemplo, febre, dor de cabeça, vômito, desidratação) desidratação e analgesia parenteral.
Podem indicar quadro de urticária solar, com necessidade
Pápulas ou eritema após exposição ligeira ao sol (minutos)
de avaliação médica diagnóstica e tratamento relacionado.
95
Quais são os objetivos do tratamento?

Alívio sintomático, propiciando redução de morbidade e retomada das atividades diárias.

Que tratamentos eu posso recomendar?

TODAS AS POPULAÇÕES

Orientações gerais

• Todos os pacientes devem ser orientados quanto aos riscos associados e exposição solar sem proteção
adequada, como a predisposição para câncer de pele. Pessoas claras, que relatam se queimar facil-
mente, devem ser alertadas quanto a seu risco prévio aumentado para câncer de pele e necessidade
de prevenção.

• A utilização adequada de protetores solares deve ser aconselhada como medida preventiva de novos
episódios.

• A queimadura solar é uma condição autolimitada que geralmente se resolve em poucos dias. Não exis-
tem terapias específicas para reverter os danos da pele e acelerar o tempo de cicatrização. O trata-
mento visa o manejo sintomático do desconforto e inflamação cutânea e controle da dor.

Desconforto cutâneo

• Compressas frias ou molhadas.

• Hidratantes: aplicada na pele intacta, conforme tolerado.

• Aloe vera gel: 2 x/dia, até melhora dos sintomas.

• Calamina (óxido de zinco e corantes óxido férrico amarelo e óxido férrico vermelho) (Caladryl®)

□□ Creme 28g, loção 120ml, aerossol 120g - cloridrato de difenidramina 10mg + calamina 81mg
(equivalente a 80g de oxido de zinco) + canfora 1g (10 mg + 81 mg + 1 mg / g ou ml)

°° A quantidade de creme ou loção deve ser adequada à extensão da área cutânea afetada,
formando uma fina camada sobre a pele. As aplicações devem ser feitas 3 a 4 x/ dia. A du-
Manual 6 . Autocuidado

ração do tratamento deve ser adequada à intensidade e duração dos sintomas. Em áreas
extensas de aplicação, a duração do tratamento não deve exceder 7 dias.

*Bolhas rompidas devem ser cuidadosamente limpas com sabão neutro e água e coberto com compressas
úmidas.
96
Dor e Inflamação

• Diclofenaco gel (Cataflam Emulgel®) - Bisnagas com 30, 60g e 100g: Aplicar sobre a região afetada, 3
a 4 x/ dia, massageando suavemente.

• Ibuprofeno (Alivium® / Dalsy® / Advil® / Ibuliv® / Ibupril® / Vantil® / Novalfem® / Buscofem®)

Crianças

• Gotas de 50 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.

□□ Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não ex-
cedendo o máximo de 40 gotas/dose.

□□ Gotas de 100 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.

°° Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 20 gotas/dose.

Adolescentes e Idosos

• Gotas 100 mg/mL: 200 mg (20 gotas) - 800 mg (80 gotas), não devendo exceder a dose máxima diária
de 3.200 mg.

• Comprimido 200 mg: 1-2 cpr, 4-6 x/dia. Não exceder dose máxima de 6 cpr/dia.

• Outros AINEs, como o naproxeno e o cetoprofeno podem ser utilizados como alternativas no trata-
mento das queimaduras de sol, entretanto, sua aplicação para tal finalidade é menos estudada.
REAÇÕES À IMUNIZAÇÃO (67–70) 97

O que é?

Muitas vacinas e toxoides podem causar efeitos secundários, tais como febre,
reações no local da injeção, dentre outras. Estas reações adversas podem ser
causadas pela porção imunogênica da vacina ou por vestígios de antibióticos,
conservantes, estabilizantes e proteínas de origem animal residuais. Apesar de
transitórias e autolimitadas na maioria dos casos, essas situações podem agre-
gar ansiedade importante aos pais.

Como podem ser classificadas?

Reações à imunização

Leve Moderada Grave

• Ausência de necessidade de • Necessidade de avaliação • Hospitalização por pelo


exames complementares e médica e exames comple- menos 24 horas;
tratamento médico mentares e/ou tratamento
• Disfunção ou incapacidade
médico
significativa e/ou persisten-
te (sequela);

• Evento que resulte em ano-


malia congênita;

• Risco de morte (necessida-


de de intervenção imediata
para evitar o óbito);

• Óbito.
Manual 6 . Autocuidado

Cuidados do farmacêutico
98 Quais são as reações adversas comuns?

COMUNS À MAIORIA DAS VACINAS VACINAS ESPECÍFICAS

• Reações dolorosas no local da injeção • Tétano - Neurite braquial dentro de 28 dias.

• Inchaço e prurido • Coqueluche - Encefalopatia ou encefalite dentro de


sete dias.
• Febre
• Sarampo, caxumba e/ou rubéola - Encefalopatia ou
encefalite dentro de 15 dias.

• Rubéola - Artrite crônica dentro de seis semanas.

• Sarampo - Púrpura trombocitopênica dentro de 7


a 30 dias; deformação por infecção por sarampo
em destinatários imunodeficientes no prazo de
seis meses.

• Poliomielite oral - Poliomielite paralítica ou deforma-


ção por poliomielite no prazo de 30 dias a seis meses.

O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo a vacina foi administrada? Características Associação possível

• Você notou alguma alteração comportamental (em • Dor importante na • Neurite braquial
você, ou em seu filho)? região do ombro
• Houve desenvolvimento de febre? até um mês após
vacinação.
• Dor de cabeça importante, ou outros sintomas
associados? • Alterações respira- • Reações alérgicas
tórias precoces (até imediatas
• O local da injeção está edemaciado (inchado) ou 1h após adminis-
dolorido? tração)

• Inchaço, rubor e • Reação alérgica


prurido no local da leve, imediata ou
injeção tardia

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Sintomas sistêmicos debilitantes, como febre e alterações Podem indicar complicações vacinais graves, ou agrava-
de humor posteriores há 48 horas após a vacinação. mento de condições subjacentes preexistentes.
Dor importante na região do ombro, que não melhora em
Pode indicar caso de neurite braquial.
48 horas, ou pode surgir tardiamente.
Dor de cabeça importante associada a alterações visuais e Pode indicar caso de encefalite, necessidade de encaminha-
em reflexos motores até 2 semanas após a vacinação mento urgente.
99
Quais são os objetivos do tratamento?

Alivio sintomático de reações adversas autolimitadas, tais como dor e febre.

Quais tratamentos eu posso recomendar?

CRIANÇAS

Dor durante a vacinação

Orientações gerais

• Sacarose oral

• Aleitamento materno

• Intervenções físicas (por exemplo, chupetas)

• Técnicas de distração

• Acariciamento e balanço

Febre e dor pós-vacinal

• Compressa fria para reações locais: Logo após aparecimento de sintomas

• Paracetamol (Tylenol®)

□□ Gotas 200 mg/ml – 15 ml: 1 gota/ Kg de peso/ dose (por exemplo: uma criança com 10 Kg deve-
rá tomar 10 gotas, com 15 Kg tomará 15 gotas e assim por diante), até o limite de 35 gotas por
dose. Essa administração pode ser repetida 4-5 x/dia, com intervalos de 4-6 horas não devendo
ultrapassar 5 administrações em 24 horas.

• Dipirona (Novalgina®)

□□ Gotas 500 mg/ml – frasco 10 ml

°° Crianças <5 anos e lactentes: 3-5 gotas em água, até 5 vezes ao dia.

°° Crianças >5 anos: 7-15 gotas em água, até 4 x/dia.


Manual 6 . Autocuidado

□□ Solução oral 50 mg/ml – frasco 100 ml

°° 5-8 kg (3 a 11 meses): dose única 1,25-2,5. Dose máxima diária 10 ml (4 tomadas x 2,5 ml).

°° 9-15 kg (1 a 3 anos): dose única 2,5 a 5. Dose máxima diária 20 ml (4 tomadas x 5 ml).

°° 16-23 kg (4 a 6 anos): Dose única 3,75 a 7,5 ml. Dose máxima diária 30 ml (4 tomadas x 7,5 ml).
100
°° 24-30 kg (7 a 9 anos): Dose única 5 a 10 ml. Dose máxima diária 40 (4 tomadas x 10 ml).

°° 31-45 kg (10 a 12 anos): Dose única 7,5 a 15 ml. Dose máxima diária 60 ml (4 tomadas x 15 ml).

°° 46-53 kg (13 a 14 anos): Dose única 8,75 a 17,5. Dose máxima diária 70 (4 tomadas x 17,5 mL).

• Ibuprofeno (Alivium® / Dalsy® / Advil® / Ibuliv® / Ibupril® / Vantil® / Novalfem® / Buscofem®)

□□ Gotas de 50 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.

□□ Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não ex-
cedendo o máximo de 40 gotas/dose.

□□ Gotas de 100 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.

°° Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 20 gotas/dose.

ADOLESCENTES, ADULTOS, IDOSOS

Orientações gerais

• As reações adversas à imunizações são pouco frequentes em adultos. Entretanto, a vacina para gripe,
constituída de vírus atenuados, administrada anualmente aos idosos, pode ser acompanhada de rea-
ções incômodas, como dor e eritema local, mialgia e infecções respiratórias.

Quadros álgicos (dolorosos)

• Paracetamol (Tylenol®)

□□ Comprimido 500mg: 1-2 cpr, 3 a 4 x/dia.

□□ Comprimido 750 mg: 1 cpr, 3-5 x/dia.

□□ Gotas 200 mg/mL - frasco 15 ml: 35 a 55 gotas, 3-5 x/dia.

□□ Não exceder dose máxima diária de 4g.

• Dipirona (Novalgina®)

□□ Comprimido 500mg: 1-2 cpr até 4 x/ dia.

□□ Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia.

□□ Solução oral 50 mg/m: 10-20 mL, até 4 x/dia

Infecções respiratórias

• Manejo sintomático para quadro gripal – ver tópico específico.


SINTOMAS DE ALERGIAS (71–74) 101

O que é?

Reações alérgicas são respostas imunológicas a agentes específicos, que desencadeiam a liberação de diversos
marcadores intracelulares que modulam respostas inflamatórias. A maioria das reações alérgicas se manifesta
através de sintomas respiratórios e cutâneos.

RINITE ALÉRGICA

A rinite alérgica, ou rinossinusite alérgica, é definida como inflamação sintomá-


tica da cavidade nasal e seios paranasais, mediada por agentes específicos, ca-
racterizada por paroxismos de espirros, coriza e obstrução nasal, muitas vezes
acompanhada de coceira nos olhos, nariz e boca. Gotejamento pós-nasal, tosse,
irritabilidade e cansaço são outros sintomas comuns.

DERMATITES

Dermatites alérgicas são condições inflamatórias pruriginosas da pele, que ocor-


rem com maior frequência em crianças, mas também afeta muitos adultos. As ca-
racterísticas clínicas da incluem ressecamento da pele, eritema, exsudação, cros-
tas e liquenificação. O prurido é uma marca registrada do estado e é responsável
por grande parte da carga de morbidade para os pacientes e suas famílias.

Quais são os fatores precipitantes?

FATORES PRECIPITANTES COMUNS MEDICAMENTOS (GERALMENTE REAÇÕES DER-


MATOLÓGICAS)
• Odores (perfumes)
• β-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas)
• Alterações climáticas (estação do pólen)
• Relaxantes musculares
• Alimentos
• Antibióticos
• Cosméticos • Metildopa
Manual 6 . Autocuidado

• Ácaros • Anti-inflamatórios não- esteroidais

• Poeira • Tacrolimus / Sirolimus

• Pelos • Carbamazepina

• Lamotrigina

• Alopurinol

• Abacavir

• Fenitoína
102 O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA - RESPIRATÓRIO ANORMALIDADES

• Conte-me detalhadamente quais são os seus CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL


sintomas?
• Sintomas respira- • Quadro gripal ou
• Você está com rinorreia, espirros, prurido nasal, tórios associados a infecções das vias
ocular ou no ouvido? sintomas sistêmicos aéreas superiores
• Está apresentando sintomas sistêmicos, como pros-
• Sintomas respira- • Sinusite bacteriana
tração, mialgia, dor de cabeça?
tórios associados à
• Apresentou febre? Ou dor facial importante? febre e dor fácil

• Notou que os sintomas pioram em algum horário do • Sintomas crônicos • Rinite


dia? associados ao uso medicamentosa
crônico de descon-
• Existe alguma situação ou agente que precipite os
gestionantes nasais
sintomas?

• Os sintomas são frequentes ou persistentes? (consi-


dere persistente, quadro sintomático com duração
de quatro dias por semana, durante mais de quatro
semanas)

ENTREVISTA – REAÇÕES DERMATOLÓGICAS ANORMALIDADES

• Há quanto tempo você notou que as lesões de pele CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL
surgiram?
• Lesões pruriginosas • Dermatite
• Você notou relação com algum fator precipitante? com descamação seborreica
(mudança alimentar, cosmética, ambiental?) e piora do quadro
• Principalmente em
• As lesões são localizadas ou disseminadas por todo no frio
crianças pode indicar
o corpo?
• Lesões persis- quadro de psoríase
• Elas são dolorosas? Apresentam placas de pus? tentes, sem fator
• Podem indicar qua-
precipitante, piora
• Você notou descamação ou alteração na coloração dro de deficiências
associada a fatores
da pele? nutricionais
estressantes
• A lesão piora no frio? • Podem indicar lesões
• Lesões associadas a
infectadas
• Você apresenta algum sintoma associado? sintomas sistêmi-
cos, como cansaço,
queda capilar

• Lesões inflamató-
rias dolorosas com
placas de pus
Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico? 103

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Podem indicar quadro de infecção bacteriana secundária
Sintomas respiratórios, associados a febre, prostração e
a infecção viral típica. Necessidade de encaminhamento
debilidade física (sintomas sistêmicos).
médico para avaliação diagnóstica.
Sintomas de rinite persistentes
Possível rinite persistente. Benefício robusto para institui-
(quatro dias por semana e durante mais de quatro semanas) ção de terapia padrão com glicocorticoides nasais (tarja-
dos). Necessidade de encaminhamento médico.
Podem indicar quadro de sinusite bacteriana, com necessi-
Sintomas respiratórios associados a dor facial e febre dade de avaliação médica e instituição de terapia antimicro-
biana sistêmica.
Lesões eritematosas persistentes, disseminadas, sem fator Podem indicar psoríase, necessidade de avaliação médica
precipitante, com piora associada a fator estressante para investigação diagnóstica.
Lesões eritematosas, pruriginosas, inflamatórias, dolorosas, Indicam lesão infectada, com necessidade de avaliação
associadas a placas de pus médica para instituição de terapia antimicrobiana.

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

Controlar sintomas alérgicos associados à rinite intermitente ou episódica: rinorreia, espirros e coceira. Re-
solver sintomas cutâneos alérgicos, restabelecendo a fisionomia e funcionalidade das regiões de pele afetada.

Que tratamentos eu posso recomendar?

CRIANÇAS

Orientações gerais

• Pacientes com sistemas persistentes (> 4 dias/semana e durante > 4 semanas) devem ser orientados a
procurar atendimento médico, para manejo crônico da condição alérgica.

Rinite Alérgica Intermitente ou episódica (<4 dias/semana ou durante <4 semanas)

Primeira Linha

• Loratadina (Claritin®)

□□ Xarope 1 mg/ml 100 ml


Manual 6 . Autocuidado

°° Crianças acima de 12 anos: 10 mL (10 mg), 1 x/dia.

°° Crianças de 2 a 12 anos

□□ Peso corporal abaixo de 30 kg: 5 mL (5 mg), 1 x/dia.

□□ Peso corporal acima de 30 kg: 10 mL (10 mg) 1 x/dia.

□□ Comprimidos 10 mg
104
°° Crianças acima de 12 anos: 1 cpr (10 mg), 1 x/dia.

°° Crianças de 2 a 12 anos

□□ Peso corporal abaixo de 30 kg: ½ cpr (5 mg), 1 x/dia.

□□ Peso corporal acima de 30 kg: 1 cpr (10 mg), 1 x/dia.

Segunda linha

• Dexclorfeniramina (Polaramine®)

□□ Solução oral 2,8 mg/ml - frasco 10 ml, 20 ml ou 30 ml

°° Crianças maiores de 12 anos: 20 gotas 3 a 4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12


mg/dia (ou seja, 120 gotas/dia). Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6 mg, (ou
seja, 60 gotas/dia) é suficiente.

°° Crianças de 6 a 12 anos: 10 gotas 3 x/dia. Um máximo de 6 mg diários (ou seja, 60 gotas/dia).

°° Crianças de 2 a 6 anos: 5 gotas, 3 x/dia. Um máximo de 3 mg diários (ou seja, 30 gotas/dia).

°° No caso de esquecimento de alguma dose, oriente seu paciente a tomar a dose assim que
possível, reajustar os horários de acordo com esta última tomada e continuar o tratamen-
to de acordo com os novos horários programados. Não é recomendado ingerir duas doses
de uma só vez.

□□ Solução oral 2,0 mg/5ml – frasco 100-120 ml

°° Crianças maiores de 12 anos - 5 ml, 3 a 4 x/ dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/
dia. Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6 mg é suficiente.

°° Crianças de 6 a 12 anos - 2,5 ml, 3 x/dia. Um máximo de 6 mg diários.

°° Crianças de 2 a 6 anos - 1,25 ml, 3 x/dia. Um máximo de 3 mg diários.

• Cloridrato de difenidramina + cloreto de amônio + citrato de sódio di-hidratado

□□ Xarope (12,5 mg + 125 mg + 56,25 mg)/5 ml – 120 ml

°° Crianças maiores de 2 anos: ½-1 colher das de chá l(2,5 a 5 mL), a cada 3 horas.

Dermatites alérgicas

Inflamação

Leves a moderadas

• Hidratação adequada: manutenção da hidratação adequada, através da utilização de cremes hidratan-


tes e emolientes, particularmente cremes com alta concentração oleosa.

• Hidrocortisona 1% - bisnagas 15 g e 30 g

□□ Aplicar uma camada fina de creme 2-3 x/dia, sob ligeira fricção; após melhora do quadro clínico
uma aplicação por dia é suficiente na maioria dos casos. Utilizar até cessação dos sintomas, ou
no máximo por 3 semanas.

Prurido importante

• Seguir orientações de tratamento para rinite.


105
ADOLESCENTES, ADULTOS, IDOSOS

Orientações gerais

• Pacientes com sistemas persistentes (> 4 dias/semana e durante > 4 semanas), devem ser orientados
a procurar atendimento médico, para manejo crônico da condição alérgica.

Rinite Alérgica Intermitente ou episódica (<4 dias/semana ou durante <4 semanas)

Primeira Linha

• Loratadina (Claritin®)

• Xarope 1 mg/ml 100 ml: 10 mL (10 mg), 1 x/dia, quando necessário.

• Comprimidos 10 mg: 1 cpr (10 mg), 1 x/dia, quando necessário.

Segunda linha

• Dexclorfeniramina (Polaramine®)

• Solução oral 2,8 mg/ml - frasco 10 ml, 20 ml ou 30 ml

• Adultos: 20 gotas 3 a 4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia (ou seja, 120 gotas/
dia). Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6 mg, (ou seja, 60 gotas/dia) é suficiente.

• No caso de esquecimento de alguma dose, oriente seu paciente a tomar a dose assim que
possível, reajustar os horários de acordo com esta última tomada e continuar o tratamento
de acordo com os novos horários programados. Não é recomendado ingerir duas doses de
uma só vez.

• Solução oral 2,0 mg/5ml – frasco 100-120 ml

• Adultos - 5 ml, 3 a 4 x/ dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia. Para alguns pacien-
tes, a dose diária máxima de 6 mg é suficiente.

• • Comprimido 2 mg: 1 cpr 3-4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia.

• Cloridrato de difenidramina + cloreto de amônio + citrato de sódio di-hidratado

• Xarope (12,5 mg + 125 mg + 56,25 mg)/5 ml – 120 ml: 1-2 colheres das de chá (5-10 mL), a cada 2
ou 3 horas.

• Pastilha 5 mg de cloridrato de difenidramina (equivalente a 4,375 mg de difenidramina), 50 mg de


Manual 6 . Autocuidado

cloreto de amônio e 10 mg de citrato de sódio: dissolver lentamente uma pastilha na boca quando
necessário, sem exceder o máximo de 2 pastilhas por hora. A dose máxima diária é de 8 pastilhas.

Dermatites alérgicas

Inflamação

Leves a moderadas
106
• Hidratação adequada: manutenção da hidratação adequada, através da utilização de cremes hidratan-
tes e emolientes, particularmente cremes com alta concentração oleosa.

• Hidrocortisona 1% - bisnagas 15 g e 30 g

• Aplicar uma camada fina de creme 2-3 x/dia, sob ligeira fricção; após melhora do quadro clínico
uma aplicação por dia é suficiente na maioria dos casos. Utilizar até cessação dos sintomas, ou no
máximo por 3 semanas.

Prurido importante

• Seguir orientações de tratamento para rinite.

* As doses geriátricas são as mesmas recomendadas para adulto, entretanto, o tratamento deve ser ini-
ciado com as menores doses possíveis, e cautelosamente monitorado, considerando a maior possibilidade
de eventos adversos. Quando indicado tratamento anti-histamínico, agentes de segunda geração, como a
loratadina devem ser privilegiados em idosos, por causarem menos sonolência e menor risco de quedas.

E se o paciente apresentar sintomas alérgicos oculares?

Apesar de menos comuns, sintomas oculares, como vermelhidão e coceira podem representar manifestações
alérgicas. A gestão desses sintomas depende do grau de gravidade da condição. Quando eles estão associados
a rinite, eles geralmente cessam com a administração de anti-histamínicos. Entretanto, se ocorrem de maneira
associada, colírios específicos, contendo substâncias anti-histamínicas e vasoconstritoras, podem representar
alternativas viáveis:

• Alcaftadina 0,25% (Lastacaft®) – solução oftálmica 3 ml: pingar 1 gota no(s) olho(s) afetado(s), uma vez ao
dia, até cessação dos sintomas. O produto deve ser armazenado em temperatura ambiente, e após aberto,
seu prazo de validade corresponde a 28 dias.

• Cloridrato de nafazolina (0,25 mg/ml) + maleato de feniramina (3 mg/ml) (Claril®) – solução oftálmica 15
ml: pingar 1 ou 2 gotas em cada olho a cada 3 ou 4 horas. A frequência de instilações deve ser reduzida
conforme alívio sintomático. O produto deve ser armazenado em temperatura ambiente, e após aberto, seu
prazo de validade corresponde a 28 dias.
SINTOMAS DE GRIPE E RESFRIADO (75–82) 107

O que são?

O resfriado comum e a gripe são síndromes virais, distintas por seus agentes etiológicos e gravidade associada.

O que mais devo saber?

O termo “resfriado comum” se refere a uma infecção respiratória


viral superior leve (diversas famílias de vírus), envolvendo, em graus
RESFRIADO
variáveis, congestão nasal e coriza (rinorreia), espirros, dor de gar-
ganta, tosse, febre baixa, dor de cabeça e mal-estar.

SINTOMAS SEMELHANTES

A gripe é uma doença respiratória aguda causada pelo vírus influen-


za A ou B, que ocorre em surtos e epidemias em todo o mundo, prin-
cipalmente durante a temporada de inverno. Sinais e sintomas de
envolvimento do trato respiratório superior e/ou inferior estão pre-
GRIPE
sentes, juntamente com indicações de doença sistêmica, como febre,
cefaleia, mialgia e fraqueza. Embora agudamente debilitante, a gripe
é uma infecção autolimitada na população em geral (gripe simples).

Manifestações Clínicas

SINTOMAS RESFRIADO GRIPE


Congestão nasal Frequente Variável
Espirros Frequente Variável
Dor de garganta Frequente Variável
Tosse Frequente (tosse seca) Frequente (tosse seca ou carregada)
Dor de cabeça Incomum Frequente
Manual 6 . Autocuidado

Febre Incomum (Se presente, branda) Possível


Mal-estar Incomum, se presente, intensidade moderada Frequente
Dores musculares Incomum Frequente
108 O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Você está com sintomas de gripe ou resfriado: Con- CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL
gestão nasal? Espirros? Mal-estar? Dores no corpo?
Dor de cabeça? Tosse? Febre? • Dor de garganta asso- • Amigdalite bacteriana
ciada à febre alta, sem
• Há quanto tempo os sintomas inciaram? outros sintomas

• Existe algum outro sintoma associado? • Dor facial associada a • Sinusite


secreção nasal puru-
• Você notou que os sintomas pioraram?
lenta
• Eles estão te incomodando, ou atrapalhando em
• Tosse prolongada, tipi-
suas atividades diárias? Quais? • Coqueluche
camente paroxística, e
associada a vômitos e
às vezes apneia.

Quais são as possíveis complicações?

A pneumonia, bacteriana e viral, é a complicação mais comum associada à gripe. Entretanto complicações como
sinusite e outras infecções secundárias também podem ocorrer. Sinais de complicações incluem piora progressi-
va, com febre alta e debilidade importante.

Quais pacientes apresentam maior risco para complicações?

• Crianças < 2 anos


• Adultos ≥ 65 anos
• Pessoas com doença pulmonar crônica (incluindo asma), cardiovascular (exceto hipertensão), renais, hepáticas,
hematológicas (incluindo anemia falciforme), metabólicas (incluindo diabetes mellitus), neurológica, neuromuscular,
e perturbações do desenvolvimento neurológico (incluindo doenças do cérebro, medula espinhal, nervos periféricos
e músculos, como paralisia cerebral, epilepsia, acidente vascular cerebral, deficiência intelectual [retardo mental],
atraso moderado a grave no desenvolvimento, distrofia muscular ou lesão da medula espinhal)
• Imunossupressão (incluindo imunossupressão causada por medicamentos ou por vírus da imunodeficiência humana)
• As mulheres que estão grávidas ou no pós-parto (dentro de duas semanas após o parto)
• Crianças / Adolescentes <19 anos de idade e que receberam terapia com aspirina a longo prazo
• Obesidade mórbida (índice de massa corporal [IMC] ≥40 para adultos ou IMC> 2,33 desvios padrão acima da média
para crianças)
• Residentes em casas de repouso e outros serviços de cuidados crônicos

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Sintomas persistentes indicam infecção bacteriana secun-
Sintomas não se resolvem em 3-5 dias ou ao contrário pio-
dária, com necessidade de avaliação diagnóstica e institui-
ram, com prostração importante e febre alta (>38 ºC).
ção de tratamento adequado.
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO 109
Pode indicar amigdalite bacteriana ou mononucleose, com
Febre alta, dificuldade para engolir, tosse. necessidade de avaliação diagnóstica e instituição de trata-
mento adequado.
Podem indicar quadro de asma, ou doenças autoimunes,
Infecções de vias respiratórias recorrentes, associadas à
que necessitam de avaliação diagnóstica cuidadosa e trata-
dispneia e debilidade respiratória na infância.
mento.
Tosse prolongada, tipicamente paroxística, e associada a Podem indicar coqueluche, com necessidade de hospitaliza-
vômitos e às vezes apneia. ção e intervenção médica.

O que o paciente precisa saber antes que eu recomende uma terapia com medicamentos?

Quando o paciente procura uma avaliação farmacêutica com sintomas de resfriado e gripe, ele deve ser
orientado quanto à:

• O curso habitual e a duração da doença são de até uma semana e meia; os sintomas podem persistir
por mais três dias em média em fumantes; em crianças pode durar até 14 dias.

• O tratamento visa alívio de sintomas, e não pode curar o paciente.

• Qualquer medicamento prescrito apresenta riscos associados, o risco-benefício da terapia deve ser
avaliado e medicamentos só devem ser indicados para sintomas altamente incômodos.

• Assegure que os antibióticos não são necessários e podem ter efeitos colaterais importantes.

• Discuta as preocupações e expectativas do paciente.

• Aconselhe paciente a procurar atendimento médico, se a sua condição piora ou permanece por tempo
superior previsto para a recuperação.

Orientações gerais

• Manter a hidratação adequada - ajuda a manter as secreções finas e acalmar a mucosa respiratória.

• Ingestão de líquidos quentes - efeito calmante sobre a mucosa respiratória, pode aumentar o fluxo de muco
nasal (possivelmente mediada pela inalação de vapor).

• Irrigação e lavagem com solução salina: sugere-se a aplicação de solução salina na cavidade nasal para re-
mover temporariamente secreções nasais incômodas. Em recém-nascidos, isto pode ser realizado através
Manual 6 . Autocuidado

da aplicação de gotas nasais salinas com uma seringa. Em crianças maiores, pode ser utilizado pulverizador
nasal com solução salina ou irrigação nasal.

• Aconselhe tratamento medicamentos de maneira racional, ou seja, investigue com o paciente quais são os
sintomas que incomodam e estão atrapalhando suas atividades diárias.

• Avalie o risco-benefício de cada terapia, e considere as características de cada paciente, a terapia deve ser
individualizada, e o tratamento acompanhado.
110 Que tratamentos eu posso recomendar?

IDOSOS

• De maneira geral, as doses recomendadas para idosos, são as mesmas apresentadas para Adolescen-
tes e Adultos na tabela abaixo, entretanto maior cuidado deve ser dispendido na anamnese do pacien-
te, considerando a presença de comorbidades e restrições específicas inerentes a idade, considere os
exemplos abaixo como dicas.

• A presença de hipertensão é uma contraindicação relativa ao uso de descongestionantes. Quando


a congestão nasal é extremamente incômoda e debilitante, o uso cauteloso de descongestionantes
tópicos, por até 3 dias, pode ser uma alternativa plausível.

• Anti-histamínicos de primeira geração, tais como a clorfeniramina e a dexclorfeniramina, apresen-


tam importante efeito anticolinérgico, e podem induzir a sedação e quedas em idosos, dessa manei-
ra devem ser utilizados com extrema cautela.

• Indique medicamentos que o paciente realmente precisa, ou seja, quais são os sintomas que real-
mente estão incomodando o paciente?

• Avalie sempre o risco-benefício da terapia. E se optar pela prescrição, monitore o tratamento. Se o


paciente não melhora após 3-5 dias, encaminhamento deve ser realizado.

• Lembre-se que associações geralmente são boas alternativas para jovens, entretanto, em idosos
induzem a risco elevado de sedação e quedas (pela presença de anti-histamínicos de primeira ge-
ração) e podem levar ao descontrole da hipertensão (pela presença de descongestionantes orais).
Crianças

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS


DOR E FEBRE
Gotas 200 mg/ml – 15 ml: 1 gota/ Kg de peso, por dose
(por exemplo: uma criança com 10 Kg deverá tomar 10 Pode suprimir a resposta de anticorpos
gotas, com 15 Kg tomará 15 gotas e assim por diante), Redução rápida da febre e alívio da dor neutralizadores, resultando em aumento
Paracetamol (Tylenol®)
até o limite de 35 gotas por dose. Essa administração muscular e de cabeça. de secreções nasais e prolongamento da
pode ser repetida 4-5 x/dia, com intervalos de 4-6 horas infecção viral.
não devendo ultrapassar 5 administrações em 24 horas.
• Gotas 500 mg/ml – frasco 10 ml
□□ Crianças <5 anos e lactentes: 3-5 gotas em
água, até 5 vezes ao dia.

□□ Crianças >5 anos: 7-15 gotas em água, até 4 x/dia.

• Solução oral 50 mg/ml – frasco 100 ml


□□ 5-8 kg (3 a 11 meses): dose única 1,25-2,5. Dose
máxima diária 10 ml (4 tomadas x 2,5 ml).

□□ 9-15 kg (1 a 3 anos): dose única 2,5 a 5. Dose


máxima diária 20 ml (4 tomadas x 5 ml).
Redução rápida da febre e alívio da dor
Dipirona (Novalgina®) □□ 16-23 kg (4 a 6 anos): Dose única 3,75 a 7,5 ml. muscular e de cabeça. -
Dose máxima diária 30 ml (4 tomadas x 7,5 ml).

□□ 24-30 kg (7 a 9 anos): Dose única 5 a 10 ml.


Dose máxima diária 40 (4 tomadas x 10 ml).

□□ 31-45 kg (10 a 12 anos): Dose única 7,5 a 15 ml.


Dose máxima diária 60 ml (4 tomadas x 15 ml).

□□ 46-53 kg (13 a 14 anos): Dose única 8,75 a 17,5


ml. Dose máxima diária 70 (4 tomadas x 17,5 mL).

• Supositório retal 300 mg (crianças >4 anos): 1 supo-


sitório até 4 x/dia.

Manual 6 . Autocuidado
111
112

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS

• Gotas de 50 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL.


□□ Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em in-
tervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 40 gotas/dose. Redução da febre, alívio álgico (dores, Contraindicado em pacientes com úlcera
Ibuprofeno como dor de cabeça ou dor no corpo) e gastroduodenal ou sangramento gastrin-
• Gotas de 100 mg/mL - frasco de 20, 30, 40, 50 e 60 mL. redução da inflamação (dor de garganta) testinal.
□□ Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em inter-
valos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não ex-
cedendo o máximo de 20 gotas/dose.

Congestão nasal
A utilização de descongestionantes tópicos e orais apresentam eficácia reduzida no tratamento de quadros de gripe e resfriados. Ademais esses me-
Descongestionantes tópicos e
dicamentos apresentam eventos adversos importantes, tais como, taquicardia, irritabilidade, agitação, sedação, palpitações, que tornam seus riscos
orais
superiores aos possíveis benefícios.
Tosse
Na maioria dos casos, os quadros de tosse associados a gripes e resfriados são autolimitadas, e não necessitam de tratamento farmacológico específico. Entretanto, quando o sintoma
é altamente debilitante, e atrapalha a criança com a alimentação e sono da criança, intervenções farmacológicas podem ser justificadas. O tratamento deve ser gerido de acordo com as
características da tosse, como a presença ou não de secreção e expectoração. Para acesso as principais alternativas terapêuticas disponíveis na farmácia comunitária consulte o tópico
específico para tosse.
Adolescentes e Adultos

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS


Dor e Febre
• Comprimido 500mg: 1-2 cpr, 3 a 4 x/dia.
Pode suprimir a resposta de anticorpos
• Comprimido 750 mg: 1 cpr, 3-5 x/dia.
Redução rápida da febre e alívio neutralizadores, resultando em aumen-
Paracetamol (Tylenol®) • Gotas 200 mg/mL - frasco 15 ml: 35 a 55 gotas,
da dor muscular e de cabeça. to de secreções nasais e prolongamento
3-5 x/dia.
da infecção viral.
• Não exceder dose máxima diária de 4g.
• Comprimido 500mg: 1-2 cpr até 4 x/ dia.

• Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração Redução rápida da febre e alívio


Dipirona (Novalgina®) -
única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia. da dor muscular e de cabeça.

• Solução oral 50 mg/m: 10-20 mL, até 4 x/dia.


• Gotas 100 mg/mL: 200 mg (20 gotas) - 800 mg (80
Redução da febre, alívio álgico
gotas), não devendo exceder a dose máxima diária Contraindicado em pacientes com úlce-
(dores, como dor de cabeça ou
Ibuprofeno de 3.200 mg. ra gastroduodenal ou sangramento gas-
dor no corpo) e redução da in-
• Comprimido - 200 mg: 1-2 cpr, 4-6 x/dia. Não exce- trintestinal.
flamação (dor de garganta).
der dose máxima de 6 cpr/dia.
Dor de garganta
• Colutório 1,5 mg/ml: 2, 3 ou mais bochechos ou gar-
garejos ao dia com 1 copo-medida e meio (15 ml) de
Benzidamina – uso tópico (Flogo- Atividade anti-inflamatória, O medicamento não deve ser ingerido.
colutório puro ou diluído em um pouco de água.
ral®) analgésica e anestésica. Pode induzir a Irritação e ardor bucal.
• Pastilha 3 mg: dissolver uma pastilha na boca, três
ou mais vezes ao dia.

Manual 6 . Autocuidado
113
114

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS

• Spray 1,5 mg: fazer 2 a 6 nebulizações ao dia nas


áreas inflamadas da boca e garganta.

• Creme dental 5 mg/g: escovar os dentes e as gengi-


vas 3 a 4 vezes ao dia, após as refeições.

• Pastilha 1,34 mg: dissolver 1 pastilha lentamente na


boca , sem mastigar, a cada 2 horas, se necessário
Uso cauteloso em diabéticos, já que nor-
Cloreto de cetilpiridínio monoi- (não exceder 6 pastilhas por dia).
Atividade antisséptica. malmente possuem açúcar na sua for-
dratado • Spray – frasco 50 ml: 3 a 6 nebulizações na área
mulação.
afetada. Repetir o procedimento a cada 2 a 3 horas
(como necessário), até o máximo de 6 vezes ao dia.
• Pastilhas 1,46 mg + 10 mg: deixar dissolver na boca
uma pastilha, não excedendo a 6 pastilhas por dia.

• Solução 7,5 mg + 60 mg: bochechos ou gargarejos,


Cloreto de cetilpiridínio monoi-
pura ou diluída em um pouco de água, 3 a 4 vezes Atividade antisséptica e anes- O medicamento não deve ser ingerido.
dratado + benzocaína (Cepacai-
ao dia. tésica. Pode induzir a Irritação e ardor bucal.
na®)
• Spray 7,5 mg + 60 mg: fazer 3 a 6 nebulizações na área
afetada. Repetir o procedimento a cada 2 a 3 horas
como necessário, até o máximo de 6 vezes ao dia.
MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS
• Pastilhas 5 mg + 1,035 mg: Deixar dissolver a pasti-
lha na boca, de acordo com as necessidades ou se-
gundo critério médico. Sugerimos 1 pastilha a cada

Benzocaína + tirotricina (Amida- hora, não deixando exceder a 10 pastilhas ao dia. Atividade anestésica e antimi- Incomuns, pode induzir reações de irri-
lin®) • Spray 5 mg + 1 mg/ml: Com a boca aberta, direcio- crobiana tópica. tação e hipersensibilidade.

nar o jato de Amidalin® para garganta, aplicar o


produto de 8 a 12 vezes ao dia, e deixar um pouco
na boca para atuar localmente.
Congestão nasal e rinorreia
• Solução nasal tópica – frasco 30 ml: Gotejar 2-4 go-
Podem induzir a rinite rebote, após pe-
tas em cada narina, 4-6 x/dia, 3-5 dias. Melhora rápida e efetiva da
Cloridrato de nafazolina ríodo de 72h. Aumento transitório da
• Solução nasal tópica – frasco 15-30 ml: 1-2 gotas / congestão nasal.
pressão arterial e batimentos cardíacos.
nebulizações em cada narina, 2x/dia, 3-5 dias.
Contraindicado em pacientes porta-

Comprimido 12 mg + 15 mg: 1 cpr 2 x/dia. dores de hipertensão, coronariopatias


Maleato de bronfeniramina + clo- severas, arritmias cardíacas, glaucoma,
Xarope 2 mg + 5 mg/ 5 ml: 1 a 1 ½ copos-medida (10 a
ridrato de fenilefrina (Decongex hipertireoidismo e/ou hipertrofia pros-
15 ml) 2-4 x/dia.
Plus®) tática. Pode induzir a sonolência, ansie-
dade, nervosismo, palpitações, dispneia
e palidez.
Tosse
Na maioria dos casos, os quadros de tosse associados a gripes e resfriados são autolimitadas, e não necessitam de tratamento farmacológico específico. Entretanto,
quando o sintoma é altamente debilitante, e atrapalha a qualidade de vida do paciente, intervenções farmacológicas podem ser justificadas. O tratamento deve ser
gerido de acordo com as características da tosse, como a presença ou não de secreção e expectoração. Para acesso as alternativas terapêuticas disponíveis na farmácia
comunitária consulte o tópico destinado a tosse.

Manual 6 . Autocuidado
115
116

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS


Compostos antigripais (Atuam em mais de um sintoma)
Dipirona + Maleato de clorfenira- • Comprimido - 500 mg + 2 mg + 30 mg em 2 cpr: 2 Alívio da febre e dor. Efeito Nervosismo, tontura, insônia ou seda-
mina + cafeína (Benegripe®) cpr 3-4 x/dia. moderado na rinorreia e tosse. ção.
Contraindicado para cardiopatas, hi-
pertensos, com distúrbios da tireóide,
Paracetamol + fenilefrina (Nalde- Comprimidos 800 mg + 20 mg (dose dividida em 2 cpr):
diabéticos, com hiperplasia prostática.
con dia®) 1-2 doses (2 cpr) durante o dia.
Pode induzir a nervosismo, tontura ou
insônia.
Contraindicado para cardiopatas, hiper-
tensos, com distúrbios da tireóide, dia-
Paracetamol + cloridrato de feni-
Comprimidos 800 mg + 20 mg + 4 mg (dose dividida em béticos, com hiperplasia prostática. Ner-
lefrina + maleato de carbinoxami-
2 cpr): 1 dose (2 cpr) por noite. vosismo, tremores, palpitações, dores de
na (Naldecon noite®)
cabeça, sonolência, sintomas gastrintes-
tinais, hipotermia.
Contraindicado para pacientes com hi-
pertensão, doença cardíaca, diabetes,
Cápsula 400 mg + 4 mg + 4 mg: 1-2 cps 6 x/dia (4/4h).
glaucoma, hipertrofia da próstata, doen-
Paracetamol + maleato de clorfe- Granulado 5g (400 mg + 4 mg + 4 mg): 1 envelope 6 x/ ça renal crônica, insuficiência hepática
Alívio da febre, dor, congestão
niramina + cloridrato de fenilefri- dia(4/4h). grave, disfunção tireoidiana, gravidez
nasal e rinorreia.
na (Resfenol®) e lactação. Pode induzir a sonolência,
Solução 40mg + 0,4 mg + 0,4 mg/ml – 100 ml: 10mL6 x/
vertigem, hipotensão, sudorese, palpita-
dia (4/4h).
ções, ansiedade, tremor, insônia, descon-
forto gástrico.
Contraindicado em pacientes com glau-
Ácido acetilsalicílico + maleato
coma de ângulo agudo, retenção uriná-
de dexclorfeniramina + cloridrato Alívio da febre, dor, congestão
Comprimido 400 mg + 1 mg + 10 mg + 30 mg ria, em pacientes com hipertensão grave,
de fenilefrina + cafeína (Coristina nasal e rinorreia.
doença coronariana grave ou hiperti-
D®).
reoidismo.
SINTOMAS DE VERMINOSES (83–85) 117

O que são?

As parasitoses intestinais são condições muito frequentes na infância, principal-


mente em pré-escolares e escolares. São consideradas a patologia mais comum do
mundo, podendo atingir até 25% da população. Trata-se de um problema de saúde
pública, principalmente nas zonas rurais de países subdesenvolvidos.

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS FATORES DE RISCO

• Ancylostomas duodenalis • Ausência de rede de distribuição e coleta de água

• Ascaris lumbricoides • Baixa renda familiar

• Enterobius vermicularis (enterobíase, sinonímia • Baixo grau de escolaridade materna


oxiuríase)
• Condições precárias de higiene
• Giardia lamblia (giardíase)
• Crianças <5 anos, que frequentam creches
• Strongyloides stercoralis
• Habitações em áreas rurais
• Trichuris trichiura (helmintíases)

As manifestações clínicas podem ou não estar presentes,


variando de ausência de sintomas a estado subagudo ou
crônico. Os sintomas, muitas vezes, são vagos e inespecífi-
cos, o que dificulta o diagnóstico clínico, salvo exceções de
MANIFESTAÇÕES prurido anal em casos de enterobíase (oxiuríase), quando há
Manual 6 . Autocuidado

CLÍNICAS eliminações de vermes na ascaridíase, ou quando evoluem


para suas complicações, com manifestações clínicas mais
específicas. Os sintomas gerais incluem diarreia, dor abdo-
minal (desconforto vago até cólicas), anorexia, astenia, ema-
grecimento e distensão abdominal.
118 O que devo perguntar ao paciente?

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Você percebeu alterações no hábito intestinal (seu CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL


ou do seu filho)?
• Prurido anal • Enterobiose
• Tem tido diarreia ou está constipado?

• Distensão ou dor abdominal?


• Sintomas intesti- • Ascaridíase
• Náusea e vômico? nais associados a
sintomas respirató-
• Prurido (coceira) anal? rios (tosse)
• Febre?

• Outros sintomas associados? • Eliminação de pro- • Teníase


glótides nas fezes
• Percebeu a eliminação de vermes ou aparência
estranha nas fezes?

• Emagreceu recentemente?

• Já tomou remédio para vermes? Há quanto tempo?


Qual?

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Constipação associada à dor abdominal importante e
Pode indicar quadro de obstrução intestinal e infestação de
sintomas respiratórios, com história prévia de infecções
vermes em órgãos secundários.
helmínticas.
Diarreia aguda associada a náuseas e/ou vômitos e febre. Podem indicar quadro de gastroenterite.

Quais são os objetivos do tratamento?

Tratar quadros autorrelatados de verminoses ou sintomas sugestivos em áreas endêmicas ou condições


específicas. Tratamento preventivo em áreas endêmicas.
119
Que tratamentos eu posso recomendar?

TODAS AS POPULAÇÕES

Orientações gerais

Todos os pacientes devem ser orientados quanto a importância de hábitos de higiene adequados para evi-
tar reinfecções:

• Lavar bem os alimentos

• Cozinhar ou assar bem os alimentos

• Ferver e filtrar a água

• Lavar bem as mãos com sabonete antes de comer

• Andar sempre calçado(a)

• Evitar o contato com terra ou lama

Farmacoterapia

• Mebendazol (Pantelmin®)

□□ Suspensão oral 20 mg/ml - frasco de 30 ml

°° Crianças: 5 ml 2 x/dia, durante 3 dias consecutivos.

°° Adultos: 10 ml 2 x/dia, durante 3 dias consecutivos.

□□ Comprimidos 500 mg

°° Crianças >1 ano e adultos: 1 cpr em dose única.

• Levamizol** (Ascaridil®)

□□ Comprimidos 80 e 150 mg

°° Lactentes até 1 ano: 40 mg

°° Crianças 1-7 anos: 80 mg

°° Crianças >7 anos: 150 mg

°° Adultos: 150 mg
Manual 6 . Autocuidado

*Em áreas endêmicas, o tratamento deve ser realizado a cada 3-4 meses para controlar infestações importantes.

**Espectro restrito a ascaridíase.


120
TOSSE (77,80,81,86–91)

O que é?

A tosse é um reflexo defensivo importante que protege contra a aspiração de corpos estranhos, e aumenta a
eliminação de secreções e partículas das vias aéreas. Crianças saudáveis podem tossir em uma base diária; um
estudo documentou uma média de 11 episódios de tosse a cada 24 horas. No entanto, a tosse pode também ser o
sintoma de apresentação de uma doença pulmonar ou extrapulmonar grave subjacente.

O que mais você precisa saber?

A tosse ocorre através da estimulação de um arco reflexo complexo. Este é inicia-


do pela irritação dos receptores da tosse (químicos e mecânicos), que existem não
somente no epitélio das vias respiratórias superiores e inferiores, mas também no
pericárdio, do esófago, do diafragma, e estômago. Receptores químicos sensíveis ao
ácido, frio, calor, e outros irritantes químicos desencadeiam o reflexo da tosse.

Aguda Subaguda Crônica


<3 semanas 3-8 semanas >8 semanas
Prescrição
Farmacêutica

Seca ou Produtiva

Quais são as causas possíveis?

CAUSAS COMUNS FATORES DE RISCO

• Asma • Anti-inflamatórios não esteroidais


• Bronquite bacteriana prolongada • Betabloqueadores
• Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
• Bloqueadores do Receptor de Angiotensina 2
• Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
• Bloqueadores dos canais de cálcio
• Infecções virais
• Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina
• Insuficiência Cardíaca
(IECAs)
• Laringite
• Pneumonia
• Rinite alérgica
• Rinossinusite aguda
• Rinossinusite crônica
• Tabagismo
O que devo perguntar ao paciente? 121

ENTREVISTA ANORMALIDADES

• Há quanto tempo você está tendo tosse? CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL


• Que horas do dia a tosse geralmente ocorre? Cedo?
• Contínua (durante • Infecção Respira-
• Você acorda com a tosse? todo o dia) tória
• Sua tosse é seca ou com catarro? • Gotejamento pós-na-
• Noturna
• O que piora a tosse? E o que piora? sal (rinite), sinusite,
insuficiência cardíaca
• O que melhora a tosse?
ou IECAs.
• Você tem outros sintomas? • Pela manhã
• Bronquite crônica ou
• Febre? tabagismo.
• Dor no peito? • Produtiva • Bronquite crônica ou
• Rinorreia? pneumonia.

• Congestão nasal? • Seca • Infecção viral, asma,


• Dor de cabeça? pneumonia ou IECAs.

• Glândulas inchadas? • Sibilância ou chiado • Asma ou alergia.

• Falta de ar ou dispneia?
• Dispepsia • DRGE (refluxo)
• Alguma doença recente ou trauma?

Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico?

CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Tosse subaguda e crônica. Sintomas persistentes indicam possível causa secundária, como alergias,
asma ou descompensação de doenças crônicas, e requer diagnóstico
médico e instituição de terapia causal.
Tosse associada à dispepsia, dor no peito e Pode indicar quadro de DRGE, com necessidade de avaliação médica
rouquidão. diagnóstica e instituição de tratamento específico.
Tosse produtiva associada à febre alta ou Pode indicar quadro de pneumonia, particularmente se associada à
sangramento importante. infecção viral prévia.
Tosse seca noturna crônica. Pode indicar quadro de rinite alérgica, principalmente se associada a
fatores precipitantes, como ácaros, poeiras, dentre outros.
Tosse crônica, associada a sibilância ou chiado. Particularmente durante a infância pode indicar quadro de asma, com
necessidade de avaliação médica e instituição de tratamento adequado.
Ausência de melhora após terapia medicamen- Pode indicar infecção bacteriana secundária a infecção viral. Necessida-
tosa em 7-10 dias. de de avaliação médica.
Manual 6 . Autocuidado

Quais são os objetivos do tratamento?

Melhora sintomática, facilitando as atividades diárias, como trabalho e sono.


122

Crianças

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS


Tosse seca
• Solução oral 60 mg/ml – frasco 20 ml
□□ Crianças de 2-3 anos: 10 gotas, 3 x/dia.

□□ Crianças de 3-6 anos: 10 a 15 gotas, 3


x/dia.

□□ Crianças de 6-12 anos: 15 a 20 gotas, 3


x/dia.

□□ Esse medicamento não deve ser utili- Agitação, tremores, náuseas, vômitos,
Redução do quadro de tosse (ação direta
Clobutinol (Silomat®) zado em crianças <2 anos. vertigens, fadiga, sonolência e distúrbios
no centro da tosse).
gastrintestinais.
• Filme de desintegração oral 7,5 mg: 2 fil-
mes 3-4 x/dia (6-8 horas).
□□ Crianças entre 6-12 anos: 2 filmes 3-4
x/dia (6-8 horas). Não exceder 8 filmes
em 24h.

°° Colocar o filme na língua; ele se


dissolverá instantaneamente.
• Xarope 4 mg + 0,75 mg/ml – frasco 120 ml
□□ Crianças de 2 a 3 anos: 2,5 mL-5 mL (¼-½
copo-medida), 3 vezes ao dia.
Cloridrato de clobutinol + Redução da tosse, ação no centro da Redução da tosse, ação no centro da
Succinato de doxilamina (Hytos □□ Crianças de 3-12 anos: 5 mL-10 mL ( tosse. Efeito antialérgico e redução da tosse. Efeito antialérgico e redução da
Plus®) ½-1 copo-medida), 3 vezes ao dia. rinorreia. rinorreia.
□□ Crianças >12 anos: 10 mL (1 copo-me-
dida), 3 vezes ao dia
MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS
• Xarope 15 mg/5 ml – frasco 120 ml
□□ Crianças de 2-5 anos: ½ colher de chá
(2,5 mL) a cada 6-8 horas. Redução importante do quadro de tos- Constipação intestinal, dor de cabeça,
Bromidrato de dextrometorfano □□ Crianças de 6-12 anos: 1 colher de chá se. Boa efetividade no quadro de tosse enjoo, sonolência, dor de estômago, náu-
(5 ml) a cada 6-8 horas. noturna. seas ou vômitos.
□□ Crianças acima de 12 anos: 2 colheres
das de chá (10 ml) a cada 6-8 horas.
Tosse produtiva
• Xarope 100 mg/15 ml – frasco 150 ml
□□ Crianças de 2 a 6 anos: 5 ml a cada 4
horas. Náuseas, vômitos, diarreia, dor de estô-
Expectoração e redução de secreção
Guaifenesina (Transpulmin®) □□ Crianças de 6 a 12 anos: 10 ml a cada mago, urolitíase, dor de cabeça, sonolên-
pulmonar.
4 horas. cia, vertigem.
□□ Crianças maiores de 12 anos: 15 ml a
cada 4 horas.
• Xarope 15 mg/5 ml – 120 ml
□□ Crianças de 2 a 5 anos: 1⁄4 copo-medi-
Auxilia na expectoração e fluidificação
Ambroxol (Mucosolvan®) da (2,5 mL), 3 x/dia. Manifestações gastrintestinais leves.
do muco. Efeito anestésico tópico
□□ Crianças de 5 a 10 anos: 1⁄2 copo-me-
dida (5 mL), 3 x/dia.
• Xarope 20mg/ml - frasco 100 mL ou 150 mL
□□ Crianças até 3 meses: 1 mL, 3 x/dia.
□□ Crianças de 3 a 6 meses: 2,5 mL, 2x/dia.
□□ Crianças de 6 a 12 meses: 2,5 mL, 3 x/dia. Ação mucolítica, fluidificando o muco e Epigastralgia em pacientes predispos-
Acetilcisteína (Fluimucil®)
□□ Crianças de 1 a 4 anos: 5 mL, 2-3 x/dia tornando mais fácil sua expectoração. tos.
ou a critério médico.
□□ Crianças acima de 4 anos: 5 mL, 3x/dia
ou a critério médico.

Manual 6 . Autocuidado
123
124

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO - DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS

• Xarope 4 mg/5 mL – frasco 120 ml


□□ Dose geral: 0,1 mg/Kg de peso, repeti-
da 3x/dia.
□□ Crianças de 6 a 12 anos: 1/2 copo-me-
dida (5 ml), 3 x/dia.
□□ Crianças de 2-6 anos: 1/4 copo-medida Ação mucolítica, fluidificando o muco, e
Bromexina (Bisolvon®) (2,5 ml), 3 x/dia. expectorante, estimulando sua elimina- Manifestações gastrintestinais leves.
□□ Crianças >12 anos: 1 copo-medida (10 ção.
ml), 3 x/dia.
• Gotas 2 mg/ ml (15 gotas) – frasco 50 ml:
□□ Crianças de 6 a 12 anos: 2 ml (30 gotas),
3 x/dia.
□□ Crianças de 2 a 6 anos: 20 gotas, 3 x/dia.

Latas de 12g e potes plásticos de 30g e 50g.


• Uso tópico: Aplicar uma camada fina até
3x/dia:
1. No peito para acalmar a tosse.
2. No pescoço para que quando você inalar
seus vapores medicinais eles aliviem a
congestão nasal e facilitem a respiração.
Mentol 28.2 mg/g, cânfora 52.6 Alivio da tosse, congestão nasal e do mal
3. Nas costas para que a sensação de calor
mg/g, óleo de eucalipto 13.3 mg/g estar muscular que acompanham gripes -
oferecida por Vaporub (mentol, cânfora e
(Vick Vaporub®) e resfriados.
óleo de eucalipto) ajude a acalmar o mal
estar muscular que acompanha as gripes
e resfriados.
• Como inalante: coloque 2 colheres das
de chá do composto (mentol, cânfora e
óleo de eucalipto) em uma vasilha com
meio litro de água quente e inale.
Adolescentes e Adultos

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO – DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS


Tosse seca
Agitação, tremores, náuseas, vômitos,
• Xarope 4 mg/mL – frasco 60 ml, 100 ml e 120 ml: Redução do quadro de tosse (ação direta
Tosse seca vertigens, fadiga, sonolência e distúrbios
1-2 copos-medida, 3 x/dia. no centro da tosse).
gastrintestinais.
Cloridrato de clobutinol +
Agitação, tremores, exantema prurigino-
Succinato de doxilamina (Hytos • Xarope 4 mg + 0,75 mg/ml – frasco 120 ml: 10 mL Redução da tosse, ação no centro da tosse.
so, náuseas, vômitos, vertigens, fadiga,
Plus®) (1 copo-medida), 3 x/dia. Efeito antialérgico e redução da rinorreia.
sonolência e distúrbios gastrintestinais.

Redução da tosse, ação nos receptores pe- Contraindicada em insuficiência respira-


• Xarope 15 mg/ 5 ml: 1 copo-medida (10 mL), 3-4 x/
Dropropizina (Vibral®) riféricos e em seus condutores aferentes tória e hipotensão. Pode induzir hipoten-
dia.
envolvidos no reflexo da tosse. são ortostática e sonolência.

• Xarope 15 mg/5 ml – frasco 120 ml: 10 mL a cada


Redução importante do quadro de tosse. Constipação intestinal, dor de cabeça,
Bromidrato de dextrometorfano 6-8 horas,
Boa efetividade no quadro de tosse notur- enjoo, sonolência, dor de estômago,
(Benalet TSC®) • Filme de desintegração oral 15 mg: 2 filmes 3-4 x/
na. náuseas ou vômitos.
dia (6-8 h).

Tosse produtiva
Náuseas, vômitos, diarreia, dor de estô-
• Xarope 100 mg/15 ml – frasco 150 ml: 15 ml a cada Expectoração e redução de secreção
Guaifenesina (Transpulmin®) mago, urolitíase, dor de cabeça, sonolên-
4 horas. pulmonar.
cia, vertigem.
• Xarope 30 mg/5 ml – frasco 120 ml: 1/2 copo-medida Auxilia na expectoração e fluidificação do
Ambroxol (Mucosolvan®) Manifestações gastrintestinais leves.
(5 mL), 3 x/dia. muco. Efeito anestésico tópico
Ação broncodilatadora, mucorreguladora Desconforto gastrintestinal (náuseas) e,
Acebrofilina (Brondilat®) • Xarope 50 mg/5 ml – frasco 120 ml: 10 mL 2 x/dia.
e expectorante. ocasionalmente, tonturas.
• Xarope 20mg/ml - frasco100 ml ou 150 ml
• 10 mL 3 x/dia (8/8 h).
• Granulado 100 mg – envelope 5g: 1 envelope 2-4 Ação mucolítica, fluidificando o muco e
Acetilcisteína (Fluimucil®) Epigastralgia em pacientes predispostos.
x/dia. tornando mais fácil sua expectoração.
□□ Dissolver o conteúdo de 1 envelope em meio
copo com água.

Manual 6 . Autocuidado
125
126

MEDICAMENTO (REFERÊNCIA) FORMULAÇÃO – DOSE POTENCIAIS BENEFÍCIOS POTENCIAIS RISCOS


• Granulado 200 mg – envelope 5g: 1 envelope 2-3
x/dia.
□□ Dissolver o conteúdo de 1 envelope em meio
copo com água.
• Granulado 600 mg – envelope 5g: 1 envelope/ dia
□□ Dissolver o conteúdo de 1 envelope em meio
copo com água.
Contraindicado em pacientes com úlcera
péptica ativa. Podem induzir a náuseas,
• Xarope 250 mg/5 ml: 1/2 a 1 copo-medida (5 - 10
Carbocisteína (Mucolitic®) diarreia, desconforto gástrico, san-
mL) 3 x/dia.
gramento gastrointestinal e erupções
dermatológicas.
• Xarope 8 mg/5 ml – frasco 120 ml: 1 copo-medida
(10 ml), 3 x/dia. Ação mucolítica, fluidificando o muco, e
Bromexina (Bisolvon®) Manifestações gastrintestinais leves.
• Gotas 2 mg/ ml (15 gotas) – frasco 50 ml: 4 ml (60 expectorante, estimulando sua eliminação.
gotas), 3 x/dia.

• Latas de 12g e potes plásticos de 30g e 50g.


• Uso tópico: Aplicar uma camada fina até 3x/dia:
• No peito para acalmar a tosse.
• No pescoço para que quando você inalar seus
vapores medicinais eles aliviem a congestão nasal e
Mentol 28.2 mg/g, cânfora 52.6 mg/g, facilitem a respiração. Alivio da tosse, congestão nasal e do mal
óleo de eucalipto 13.3 mg/g (Vick • Nas costas para que a sensação de calor oferecida estar muscular que acompanham gripes e -
Vaporub®) por Vaporub (mentol, cânfora e óleo de eucalipto) resfriados.
ajude a acalmar o mal estar muscular que acompa-
nha as gripes e resfriados.
• Como inalante: coloque 2 colheres das de chá do
composto (mentol, cânfora e óleo de eucalipto) em
uma vasilha com meio litro de água quente e inale.
127
IDOSOS

• As doses e alternativas terapêuticas destinadas a idosos são as mesmas preconizadas para adultos,
entretanto, nessa população, atenção especial deve ser dada a presença de comorbidades, e a pos-
sibilidade da tosse representar a descompensação de alguma condição subjacente. Fique atento as
seguintes dicas:

• Eventos adversos podem ocorrer com maior frequência em idosos. Tal fato pode relacionar-se a
própria mudança metabólica, a presença de outras comorbidades, tais como insuficiência renal e
hepática, e ao uso de outros medicamentos com potencial interação. O risco-benefício de cada me-
dicamento deve ser avaliado cuidadosamente, e a terapia supervisionada.

• Anti-histamínicos de primeira geração, presentes em alguns compostos para tosse, podem desenca-
dear sedação e efeitos anticolinérgicos em idosos, e, portanto, alternativas devem ser consideradas
sempre que possível.

• A presença de comorbidades deve sempre ser investigada com cautela, a incidência de condições
crônicas associadas a tosse, como DRGE, insuficiência cardíaca, ou doença pulmonar obstrutiva
crônica, aumenta com a idade.

• A possibilidade de complicações secundárias a infecção viral, principal causa de tosse aguda, au-
menta com a idade. A presença de febre alta deve ser interpretada como um importante sinal de
alerta.

Quais medicamentos devo evitar?

• Associações para tosse que apresentam fármacos destinados tanto para tosse seca como produtiva.

• Além de tratar-se de um caso de uso irracional de medicamentos, já que o paciente apresenta um quadro
clínico característico, os riscos relacionados a esse tipo de associação superam seus benefícios. Uma boa
anamnese farmacêutica deve ser a base para a prescrição farmacêutica.
Manual 6 . Autocuidado
128
GLOSSÁRIO
Abcesso Acúmulo localizado de pus num tecido, pode não ser visível a olho nu, mas evoluir
com vermelhidão, inflamação e dor local
Ataxia Perda do controle muscular durante movimentos voluntários, como andar ou pegar
objetos
Biofeedback Ferramenta terapêutica que fornece informações, com a finalidade de permitir aos
indivíduos desenvolver a capacidade autorregulação. Envolve o retorno imediato da
informação, através de aparelhos sensórios eletrônicos, sobre processos fisiológicos
(frequência cardíaca, temperatura periférica, resposta galvânica da pele, tensão
muscular, pressão arterial e atividade cerebral). O método permite à pessoa volunta-
riamente regular suas reações fisiológicas e emocionais
Bulbo Porção inferior do folículo piloso que, na sua extremidade mais inferior, possui a
matriz responsável pela produção do pelo
Celulite Doença infecciosa das camadas mais profundas da pele que a torna muito vermelha,
inchada e dolorida
Colite pseudomembranosa Inflamação do cólon devido a infecção pela bactéria Clostridium Difficile
Colite ulcerativa Doença inflamatória intestinal
Comedão Cravo, causado pelo acumulo de sebo no interior do folículo pilo-sebáceo
Comichão Prurido intenso
Disfagia Dificuldade de deglutição
Disúria Sensação de dor, ardor, ou desconforto ao urinar
DRGE Doença do refluxo gastroesofágico. Ocorre quando o esfíncter inferior do esôfago
não se fecha apropriadamente e o conteúdo do estômago extravasa de volta para o
esôfago.
Edema Acúmulo anormal de líquido no compartimento extracelular intersticial ou nas cavi-
dades corporais devido ao aumento da pressão hidrostática, diminuição da pressão
coloidosmótica, aumento da permeabilidade vascular (inflamações) e diminuição da
drenagem linfática
Efeito anticolinérgico Efeito antagonista de acetilcolina, podendo levar a dificuldade respiratória, secura na
boca e narinas, visão borrada, pupilas dilatadas, aumento do ritmo cardíaco, dimi-
nuição de pressão arterial, intestino preso, aumento da temperatura do corpo e em
casos extremos a delírio
Encefalite Infecção aguda do cérebro
Eritema Rubor, vermelhidão na pele
Fibromialgia Síndrome comum em que a pessoa sente dores por todo o corpo durante longos perí-
odos, com sensibilidade nas articulações, nos músculos, tendões e em outros tecidos
moles
Fonofobia Sensibilidade a barulho
Fotofobia Sensibilidade à luz
Hiperandrogenismo Distúrbio endócrino caracterizado pelo excesso de hormônios andrógenos, como a
testosterona
Hiperidrose Condição caracterizada pela transpiração e suor anormalmente aumentados
Hiperostose Aumento da massa óssea por unidade de volume. Pode estar presente em várias
doenças como: hiperostose esquelética difusa idiopática, síndrome de hiperostose
adquirida (SAPHO), hiperostose frontal interna, hiperostose esternocostoclavicular.
Hiperpigmentação Aumento da coloração da pele, escurecimento da pele
129

Hiperqueratinização folicular Alteração no processo de descamação dos queratinócitos foliculares. As células que-
ratinócitas podem se acumular excessivamente na superfície da epiderme aumentan-
do o espessamento da capa córnea, o que obstrui o folículo pilo-sebáceo e conse-
quentemente retém o sebo. Este é normalmente o ponto inicial de uma lesão acneica.
Hipopigmentação Redução da pigmentação da pele
Hirsutismo Aumento da quantidade de pelos na mulher em locais usuais ao homem, como quei-
xo, buço, abdome inferior, ao redor de mamilos, entre os seios, glúteos e parte interna
das coxas
Infarto do músculo Microangiopatia com oclusão das pequenas artérias musculares
Infundíbulo Estrutura do folículo pilossebáceo, se estende desde a abertura (óstio) até a inserção
do ducto da glândula sebácea
Ipsilateral Em um mesmo lado. Em relação a enxaqueca, indica lacrimejamento ou reações auto-
nômicas no mesmo lado da dor.
Istmo Estrutura do folículo pilossebáceo, localizado a partir da inserção da glândula sebá-
cea até a região da inserção do músculo eretor do pelo
Medication overuse headache Cefaleia pelo uso abusivo de analgésicos
(MOH)
Mialgia Dor muscular
Midríase Dilatação da pupila em função da contração do músculo dilatador da pupila
Neurite braquial Inflamação dos nervos (nevrite) na área do ombro
Osteíte Termo geral para designar a inflamação do osso, assim como a osteomielite
Pioderma gangrenoso Desordem da pele rara de etiologia desconhecida. Os principais sintomas incluem
pequenas pústulas que se tornam grandes úlceras em vários locais do corpo.
Piomiosite Infecção da musculatura esquelética
Polimialgia reumática Doença que causa enrijecimento e dor muscular intensa nos músculos do pescoço,
dos ombros e das ancas.
Prurido Sensação desagradável de coceira. Usualmente, é causado por doença cutânea
primária, com lesão e exantema (erupção cutânea) resultantes, todavia pode ocorrer
sem estes. É uma das queixas mais comuns em dermatologia. O ato de arranhar-se,
para se coçar, gera inflamação local e liberação de histamina, produzindo, desta
forma, mais prurido, gerando um círculo vicioso de prurido-arranhadura. Os anti-his-
tamínicos orais são os medicamentos mais eficazes no combate ao prurido.
Rinorreia ou coriza Corrimento excessivo de muco nasal
Sibilância ou chiado Ruído característico da asma brônquica, semelhante a um assobio agudo. É produzi-
do pelo ar que flui por vias respiratórias estreitadas. Frequente em asmáticos e em
portadores de doença pulmonar crônica
Síndrome compartimental Aumento de pressão num espaço anatômico restrito com queda da perfusão sanguí-
nea dos músculos e órgãos nele contido. Traz sintomas como perda de sensibilidade
local, dor contínua, formigamento, edema e enrijecimento da região acometida. É
uma urgência ortopédica.
Manual 6 . Autocuidado

Síndrome de Horner Também chamada de paralisia óculo-simpática, é uma rara síndrome clínica causada
pela lesão dos nervos faciais e oculares que fazem parte do sistema nervoso simpáti-
co. Pode evoluir com ptose parcial (queda parcial da pálpebra), miose (constrição da
pupila), enoftalmia (afundamento do olho) e anidrose (transpiração diminuída em um
dos lados da face)
Síndrome do cólon irritável Doença funcional crônica do intestino
Telangiectasias Vasos sanguíneos pequenos e alargados na pele
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