Manual 6
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS . 2016/2017
Manual 6
Autocuidado
AUTORES:
REVISÃO:
EDITORAÇÃO:
FICHA CATALOGRÁFICA:
613.6
C824 Correr, Cassyano Januário
Manual 6: autocuidado / Cassyano Januário Correr,
Walleri Christini Torelli Reis. 1. ed. atualizada. Curitiba: Ed. Practice, 2016.
136 p. : il. (algumas color.) ( Manual 6)
ISBN 978-85-68784-04-4
Inclui bibliografia
Os autores deste manual empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto
estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da entrega dos
originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante
fluxo de novas informações sobre terapêutica e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem sem-
pre outras fontes fidedignas (p. ex., Anvisa, diretrizes e protocolos clínicos), de modo a se certificarem de que as informações contidas neste
manual estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Recomendamos que
cada profissional utilize este manual como guia, não como única fonte de consulta.
Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qual-
quer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis correções posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de
algum deles tenha sido omitida.
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS ABRAFARMA
AVISO AO LEITOR
Este manual possui caráter técnico-científico e destina-se exclusivamente aos profissionais farmacêuticos e colabora-
dores das Redes de Farmácias e Drogarias associadas a Abrafarma. Sua elaboração tem por objetivo apresentar dire-
trizes para a estruturação e performance dos serviços farmacêuticos nos estabelecimentos e, sob nenhuma hipótese,
pretende substituir normas ou procedimentos estabelecidos na legislação sanitária ou profissional mais atual aplicável
ao setor. A Abrafarma, bem como os autores, eximem-se de qualquer responsabilidade pelo mau uso deste recurso,
bem como pela interpretação e aplicação de seu conteúdo feita por seus leitores.
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SUMÁRIO
09 A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO
11 INTRODUÇÃO
12 A CLÍNICA DO AUTOCUIDADO
21 Acne
25 Alopecia
33 Constipação intestinal
39 Dermatite Seborreica
43 Dermatofitoses
46 Diarreia
50 Dispepsia
54 Dor de cabeça
61 Dores musculares
67 Escabiose
81 Pediculose
85 Pequenos Ferimentos
87 Picadas de insetos
90 Pitiríase Versicolor
93 Queimaduras de sol
96 Reações à imunização
119 Tosse
127 GLOSSÁRIO
129 REFERÊNCIAS
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A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO
Um dos maiores desafios da administração moderna é o de gerenciar o vazio, aquilo que não existe, inovar. É um
grande desafio porque, no mundo imediatista e de busca pelo resultado em curto prazo no qual vivemos, não é fácil
abstrair-se da realidade que bate à porta, dos problemas do dia-a-dia, e perguntar-se: “e se...?”.
Como uma forma de ajudar suas redes associadas nesse exercício, a Abrafarma desenvolveu um método estrutura-
do de pensar sobre práticas que ainda não existem em nosso país. Assim, realizamos anualmente pelo menos uma
missão técnica internacional, que reúne no mínimo um representante de cada empresa, num exercício de “olhar
junto” realidades distintas da brasileira. Viajamos para países como Canadá, Estados Unidos, Espanha, França e In-
glaterra, para exercitar esse “olhar junto”, que se constitui num conjunto de conversas estruturadas, visitas a em-
presas, workshops e participação de especialistas que ajudam este dedicado grupo a fazer as perguntas corretas e
aprender métodos diferentes de fazer varejo. Foi assim, por exemplo, que o dermo-cosmético tornou-se realidade
no Brasil. Após uma das nossas missões internacionais.
Esse “olhar estruturado” da Abrafarma tem se voltado, nos últimos anos, para o repensar do varejo farmacêutico,
que observamos principalmente nos EUA: estabelecimentos que, além de ampla oferta de medicamentos, produtos
de higiene, beleza e conveniências, tem repensado o papel do profissional Farmacêutico para entregar mais valor à
sociedade. Se antes parecia distante da realidade brasileira, a Farmácia nos EUA está se reinventando, e nos dando
uma lição de como ir além!
Para alcançarmos esse nível também no Brasil, precisamos repensar o papel do Farmacêutico, que deve ter função
muito mais nobre do que entregar caixinhas de medicamentos ao usuário e esclarecer-lhes eventuais duvidas. Esse
profissional pode colocar suas competências a serviço de uma proximidade maior com o paciente, agregando mais
valor à sociedade. Assim, nasceu o Projeto Assistência Farmacêutica Avançada, cuja primeira etapa de trabalho
está sendo desenvolvida desde 2013. A iniciativa prevê a formatação inicial de oito novos serviços que podem ser
prestados nas redes da Abrafarma, desde a imunização até clínicas de autocuidado.
É, portanto, com o objetivo de contribuir com a evolução do papel do Farmacêutico, e com esta Farmácia em Trans-
formação no Brasil, que a Abrafarma lança este conjunto de manuais que serão a pedra fundamental de um “novo
olhar” nessa área. Este material, elaborado sob supervisão direta do Prof. Cassyano Correr, que juntou-se à Abra-
farma para burilar esta visão, também contou com o apoio inestimável dos membros do GTFARMA, nosso grupo
incansável de Coordenadores / Supervisores Farmacêuticos. A todos o meu melhor obrigado.
Uma Farmácia em Transformação. É assim que nos enxergamos hoje. O vazio, nesse caso, já tem forma e pode ser
preenchido, se assim o desejarmos. Temos um longo e belo trabalho pela frente.
Manual 6 . Autocuidado
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INTRODUÇÃO
Os serviços farmacêuticos prestados em farmácias e drogarias tem por objetivo promover saúde, prevenir do-
enças e auxiliar na recuperação da saúde, promovendo o uso racional dos medicamentos. Neste sentido, um dos
serviços mais tradicionais e buscados pela população consiste no aconselhamento com o farmacêutico sobre o
tratamento de sintomas considerados menores. As farmácias e drogarias, dada sua capilaridade e facilidade de
acesso em todo país, são pontos estratégicos onde o farmacêutico deve promover o autocuidado e a automedica-
ção responsável, em estreita colaboração com os pacientes, médicos, e demais profissionais e serviços de saúde.
A Lei no 13.021/14 reitera este papel ao definir a farmácia como uma “unidade de prestação de serviços destina-
da a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva”.
Outro avanços regulatórios fundamentam a visão da farmácia como um destino da população para saúde, bem-
-estar e prestação de serviços. No âmbito sanitário, destaca-se a Resolução no 44/09 da Anvisa, que regulamenta
a oferta de serviços de atenção farmacêutica nestes estabelecimentos, e exige o fornecimento da declaração de
serviços farmacêuticos, na qual podem constar os medicamentos isentos de prescrição médica recomendados
pelo farmacêutico ao paciente. No âmbito profissional, as Resoluções no 585 e no 586, de 2013, do Conselho Fe-
deral de Farmácia, sobre as atribuições clínicas do farmacêutico e a prescrição farmacêutica, reforçam e respal-
dam o dever deste profissional no que diz respeito as atividades clínicas e de cuidado direto dos pacientes, sem
ferir ou infringir o trabalho do médico, mas, pelo contrário, colaborando mais proximamente com ele.
Esta coleção tem por objetivo fornecer as diretrizes para a oferta e manutenção de uma carteira de serviços, bem
como instrumentalizar os profissionais para um trabalho técnico de alto nível. O MANUAL 6: AUTOCUIDADO,
aborda o tratamento de problemas de saúde autolimitados na farmácia, sob o ponto de vista do autocuidado re-
alizado pelo paciente e da promoção da automedicação responsável pelo farmacêutico. Os conjuntos de sinais e
sintomas são abordados de acordo com as doenças de base mais comuns, detalhando aquelas situações nas quais
o farmacêutico deve encaminhar o paciente ao médico e serviço de saúde, bem como as recomendações não far-
macológicas e para o uso seguro de medicamentos isentos de prescrição médica nestes pacientes.
Esperamos que você aprecie a leitura e que este material seja útil à sua prática profissional. Bom estudo!
Os autores
A CLÍNICA DO AUTOCUIDADO 13
Para entender melhor como isso funciona, é fundamental entender que as práticas de autocuidado correspon-
dem a um contínuo, que vai desde o “autocuidado puro” até a “responsabilidade abdicada”, dependendo da gravi-
dade da doença e da necessidade de atenção profissional (1).
O contínuo do autocuidado
Responsabilidade individual
(+) Autocuidado puro
Vida saudável >>> Transtornos menores >>> Condições crônicas e agudas >>> Cuidado hospitalar
A automedicação corresponde a um direito do paciente, no entanto deve ser conduzida de modo responsável, a
fim de que seus benefícios superem seus riscos potenciais (2). Estudos mostram que apenas 8% das pessoas que
sofrem algum tipo de sintoma buscam assistência médica, enquanto 32% optam pela automedicação e 60% op-
Manual 6 . Autocuidado
tam por tomar nenhuma atitude (3). Entre os meios que a população procura quando precisa de orientação sobre
algum problema de saúde, o farmacêutico da farmácia fica em terceiro lugar, atrás do médico (hospital, posto de
saúde) e dos familiares (4). Nas farmácias e drogarias, duas em cada três pessoas relatam comprar medicamentos
que não precisam de receita médica, 72% das pessoas relatam sintomas no balcão da farmácia, 69% procuram
diretamente pelo farmacêutico e 62% pedem que seja recomendado medicamento (4,5). Segundo relato dos far-
macêuticos que atuam nas redes associadas à Abrafarma, em 1 a cada 3 atendimentos, há solicitação de indica-
14 ção de medicamentos por parte dos clientes, numa mediana de 10 atendimentos com essa solicitação por dia (6).
No Brasil, projeta-se que a cada ano sejam feitos 190 milhões de atendimento dessa natureza. Pode-se dizer que
esta é uma realidade presente tanto em países desenvolvidos como no Brasil e faz parte da ecologia dos sistemas
de saúde.
De fato, existem sintomas comuns que podem ser facilmente auto-manejados pelo paciente, enquanto alguns
sintomas irão exigir o manejo assistido por um profissional, normalmente o farmacêutico, e outras situações irão
requer diagnóstico médico e tratamento. Estes sintomas autolimitados, que exigem um manejo assistido, são o
objeto de estudo deste Manual, e correspondem a uma série de situações nas quais o paciente necessita de ajuda
a fim de tomar uma decisão sobre buscar ou não assistência médica e que tratamento conduzir a fim de tratar seu
problema de saúde. O farmacêutico e a farmácia, nestes casos, convertem-se em verdadeira porta de entrada do
sistema de saúde e adquirem a responsabilidade de melhor servir a população, com profissionalismo, comodida-
de e segurança para o paciente.
Considera-se que o emprego de um medicamento isento de prescrição médica (MIP), somado a uma informação
adequada, pode produzir uma automedicação racional, segura e eficaz, e que, dessa forma, isso pode ser útil para os
sistemas de saúde e para a sociedade como um todo. A Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos
de Prescrição (ABIMIP) defende que a automedicação responsável deve se assentar sobre “4 regras de ouro”.
2
Escolher somente medicamentos isentos de prescrição médica, devidamente registrados na Anvisa, de
preferência com a ajuda de um farmacêutico
4 Parar de tomar o medicamento se os sintomas persistirem. Nesse caso, o médico deverá ser consultado.
No manejo desses problemas de saúde autolimitados, o objetivo essencial é ajudar os pacientes a tratarem seus
sinais e sintomas de forma segura, identificando situações mais graves que requerem assistência médica. Este é
um atendimento farmacêutico breve, que geralmente leva de 10 a 15 minutos. Da mesma forma que nos demais
serviços farmacêuticos, o profissional pode estruturar seu atendimento em 3 passos, conhecidos como os “3 As”:
Acolher, Avaliar e Aconselhar.
PASSO 1. ACOLHER 15
O primeiro passo é escutar o paciente e compreender a demanda. Isso geralmente ocorrerá no balcão da far-
mácia, que em muitos casos não corresponde a um lugar apropriado para este atendimento, devido à falta de
privacidade. Acolher bem o paciente significa conduzi-lo a um local adequado da farmácia, que pode ser tanto
um espaço semiprivado como uma sala de serviços farmacêuticos. Outra forma de acolhimento é comunicar aos
clientes que o farmacêutico desta farmácia está apto a atender uma determinada lista de sintomas e condições
de saúde, de forma a garantir o uso seguro dos medicamentos. Isso pode ser feito de várias formas, desde infor-
mações nos encartes de promoção da farmácia, em folderes, displays posicionados no balcão ou nos caixas, e por
diversos outros meios. A partir desta comunicação, o cliente se sentirá mais confiante em relatar este tipo de
situação ao farmacêutico.
• Recomendação do tratamento
Aconselhar • Encaminhamento ao médico
A equipe da farmácia também deve estar treinada e comprometida com este tipo de demanda dos clientes. Reco-
Manual 6 . Autocuidado
menda-se que a lista de sintomas e transtornos menores seja disponibilizada aos balconistas, com a instrução de
passar o atendimento ao farmacêutico sempre que estas demandas surgirem na farmácia. Este controle do fluxo
de atendimento no balcão é importante, pois canaliza o tempo limitado do farmacêutico para aquelas situações
que irão trazer maior impacto para a qualidade de atendimento da farmácia como um todo. Mostrar ao cliente
que sua necessidade será atendida de modo especial pelo farmacêutico gera segurança, fortalece o relaciona-
mento da farmácia com a comunidade e o posicionamento de sua marca no mercado.
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PASSO 2. AVALIAR
A fim de proceder uma boa avaliação, o farmacêutico deverá ouvir atentamente e coletar dados sobre o paciente.
Ao final dessa anamnese, o farmacêutico deverá dispor de informação suficiente para tomar uma decisão sobre o
caso. Considerando o limite de tempo e as condições de atendimento normais de uma farmácia e drogaria, é acei-
tável que esta entrevista clínica semiestruturada foque-se apenas na avaliação da queixa principal do paciente.
Existem diversas técnicas disponíveis na literatura que podem auxiliar o farmacêutico a conduzir esta anamnese
de forma estruturada, inclusive sugeridas pelo Conselho Federal de Farmácia. Como base, memorize o acrônimo
INDICO (7), uma forma de criar um roteiro para a anamnese farmacêutica:
I N D I C O
Desde quando Iniciou algum Comorbidades
Identificação do Natureza dos Outras situações
os sintomas tratamento? e medicamentos
paciente sinais e sintomas especiais
tiveram início Houve melhora? em uso
Identifique os aspectos básicos referentes ao paciente que está sofrendo o sintoma (que nem sempre é a mes-
ma pessoa que procura pelo medicamento). É homem ou mulher? Qual a idade? Trata-se de uma criança, jovem,
adulto ou idoso? Aspectos menos objetivos também podem ser relevantes como estado de saúde aparente: O
paciente apresenta bom estado geral? Aparenta boa nutrição? Boa higiene pessoal? Articula-se com facilidade
ou apresenta dificuldade ao andar ou falar? (7).
Compreenda o problema chave, a queixa principal, que trouxe o paciente à farmácia. Este geralmente compõe-
se de um ou dois sintomas primários, descritos pelo paciente em suas próprias palavras. Faça perguntas sobre a
história da queixa principal. Há sete fatores que compõe a história da queixa principal do paciente: i) localização,
ii) caracterização, iii) gravidade, iv) tempo, v) ambiente, vi) fatores que modificam e vii) sintomas associados. O
farmacêutico deve buscar conhecer a localização precisa dos sintomas, sua descrição específica, sua gravidade
(leve, moderada ou grave), em que momento do dia ou em que circunstâncias os sintomas surgem ou desapa-
recem, fatores que geram alívio ou agravo e outros sintomas que possam ter surgido associados aos sintomas 17
principais. Estas informações permitem ao farmacêutico avaliar a gravidade real do problema e eventual neces-
sidade de exploração diagnóstica e atendimento médico. Consulte as principais causas possíveis, os exemplos
de perguntas da entrevista e as anormalidades referentes a cada condição específica presente neste manual (7).
A duração dos sintomas também faz parte da história da queixa principal e apresenta especial importância no
aconselhamento para uso de medicamentos isentos de prescrição médica. A duração do problema de saúde re-
presenta um dos mais importantes critérios, quanto à avaliação da necessidade de atendimento médico. Dife-
rentes transtornos podem ter diferentes períodos de evolução, desde horas (ex. cefaleia), dias ou semanas (ex.
constipação, diarreia) ou mesmo vários meses ou anos (ex. acne, dermatite seborreica). Há autores que recomen-
dam que transtornos com evolução superior a 7 dias devem ser sempre encaminhados ao médico. Este período
de tempo pré-determinado, entretanto, pode não ser adequado para vários problemas de saúde. Assim, consulte
as características clínicas específicas dos principais sintomas menores passíveis de tratamento na farmácia, a
fim de avaliar sobre a necessidade ou não de encaminhamento ao médico ou seleção de medicamento isento de
prescrição (7).
Em muitos casos, os pacientes procuram a farmácia após já terem tentado algum tipo de tratamento (farma-
cológico ou não), sem sucesso. Explore o uso de anterior de medicamentos para os sintomas atuais, pois isso
pode ajudá-lo a estimar a gravidade do problema, assim como na seleção de tratamento apropriado. Geralmen-
te, sintomas cujo tratamento anterior tenha falhado indicam maior gravidade. Casos em que um medicamento
aparentemente adequado já tenha sido utilizado, sem evolução positiva dos sintomas, indicam necessidade de
encaminhamento ao médico. Por outro lado, o farmacêutico deve observar se o paciente utilizou o medicamento
adequado ao caso e de que forma (regime terapêutico). Em muitos casos, falhas no tratamento dos sintomas de-
vem-se a utilização incorreta dos medicamentos, mesmo em problemas de saúde menores (7).
Manual 6 . Autocuidado
Muitos pacientes apresentam doenças crônicas ou outras condições clínicas concomitantes, que podem indicar
maior gravidade dos sintomas apresentados (p.ex. sintomas respiratórios, que podem representar agravamento
em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva), assim como limitar o espectro de medicamentos isentos de
prescrição médica (p.ex. uso de descongestionantes nasais sistêmicos em pacientes com hipertensão arterial).
18 Por isso, conhecer essas condições é de extrema importância na avaliação do paciente. O uso de medicamen-
tos contínuos também deve ser investigado, pois podem tanto representar contraindicações ao uso de certos
medicamentos (p.ex. AINES em pacientes sob uso de anticoagulantes orais), como podem ser a própria causa da
sintomatologia relatada. Muito frequentemente, pacientes sofrendo reações adversas a medicamentos interpre-
tam seus sintomas como sendo novos problemas de saúde, de causa menor, buscando tratamento sintomático
na farmácia (p. ex. tosse causada por inibidores da ECA). Casos como esses indicam necessidade de encaminha-
mento ao médico, preferentemente acompanhado de informe escrito emitido pelo farmacêutico, pois exigirão
reavaliação da prescrição.
Existem situações especiais que podem orientar o farmacêutico em sua tomada de decisão. Gravidez e lactação,
particularmente, representam condições que podem limitar significativamente as opções de tratamento na farmá-
cia, ao mesmo tempo em que precipitam o surgimento de vários tipos de sintomas considerados menores (p.ex.
fraqueza, náuseas e constipação). Além disso, o risco de teratogenicidade, ou a passagem do medicamento para o
leite materno, requerem que o farmacêutico saiba interpretar informações sobre o risco do uso de certos medica-
mentos nesses períodos. A classificação mais conhecida de risco na gravidez foi desenvolvida pelo FDA Americano
e subdivide os medicamentos em A, B, C, D e X. Experiências anteriores de reações alérgicas a medicamentos tam-
bém devem ser investigadas antes da seleção de medicamentos isentos de prescrição. Trata-se de uma pequena
precaução que pode fazer grande diferença. Histórico de hipersensibilidade e risco X constituem duas condições de
contraindicação absoluta que podem representar a diferença entre o sucesso e o desastre terapêutico. Finalmente,
aspectos referentes às condições socioeconômicas do paciente, assim como acesso a serviços de saúde, devem ser
levados em consideração, pois podem influenciar diretamente o tipo de tratamento a ser recomendado por você,
assim como as instruções referentes ao encaminhamento para outros serviços de saúde (7).
PASSO 3. ACONSELHAR
O conteúdo do seu aconselhamento ao paciente pode incluir os tratamentos recomendados, tanto não-farma-
cológicos como com medicamentos, e/ou os motivos pelos quais você julga importante que o paciente procure
atendimento médico. O ponto crucial do aconselhamento neste caso é criar uma “rede de segurança” ao redor do
paciente. Isto é, informá-lo sobre “quem”, “quando” e “como” procurar, casos os sintomas piorem, ou o tratamento
recomendado não faça o efeito esperado.
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Encaminhamento ao médico
Caso você decida encaminhar o paciente ao médico, faça isso de forma clara e cautelosa, de modo que o paciente
compreenda seu estado e siga as orientações. Diferencie claramente casos de maior gravidade, que requerem
atendimento imediato, daqueles de gravidade leve ou moderada que não exigem encaminhamento de urgência.
Muitas vezes, ainda, a necessidade de encaminhamento não exclui o tratamento com MIPs. Tratar os sintomas
por período definido e encaminhar pode ser a melhor alternativa para várias situações.
Sempre que possível, faça este encaminhamento ao médico por escrito, utilizando a declaração de serviço farma-
cêutico ou um papel timbrado da farmácia, como no exemplo a seguir:
• Data do atendimento.
Neste manual, para cada condição apresentada, estão listadas as situações nas quais é necessário atendimento
médico.
Manual 6 . Autocuidado
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Pacientes difíceis
Quando decidir encaminhar, você poderá se deparar com clientes difíceis. Muitos pacientes aceitam o conselho de
ir ao médico sem questionar, enquanto outros podem se mostrar bastante resistentes. Sempre enfatize suas orien-
tações com bom senso, mas também respeite o paciente, entendendo que estes são livres para tomar suas próprias
decisões (7). Em casos de pacientes relutantes, alguns comentários podem auxiliar você a portar-se elegantemente:
Recomendação do tratamento
Você pode recomendar tanto medidas não-farmacológicas como medicamentos e ambas possuem a mesma im-
portância. Crie o hábito de escrever na declaração de serviço farmacêutico também as medidas não-farmacoló-
gicas prescritas. Caso decida pelo uso de medicamentos, considere o arsenal isento de prescrição disponível e
as características do paciente. Uma dica importante é criar listas pessoais de MIPs disponíveis na sua farmácia.
Nestes casos, considere sempre pelo menos duas opções para cada indicação clínica.
O primeiro passo para se prescrever bem medicamentos e medidas não-farmacológicas é definir claramente os
objetivos do tratamento. O que se pretende atingir com o uso do medicamento: cura, alívio do sintoma, prevenção
de uma doença, etc. Deve-se atentar para definição clara desses objetivos, incluindo indicadores de alcance e prazo
(metas). Consulte neste manual os principais objetivos do tratamento para cada condição clínica apresentada.
Quando recomendar o medicamento, forneça instruções completas ao paciente. Isso inclui nome do medicamen-
to, propósito do tratamento, dose, frequência e duração a ser seguida, e ainda instruções adicionais específicas
para administração correta do medicamento, caso existam. Forneça esta recomendação sempre por escrito, e 21
não se esqueça de pedir ao paciente que repita para você as instruções fornecidas (Por exemplo, “só para ter cer-
teza de que não nos esquecemos de nada, o(a) senhor(a) poderia me dizer como irá tomar este medicamento?”).
Finalmente, tão importante quanto avaliar e orientar o paciente na escolha do medicamento é educá-lo para o
autocuidado daquele momento em diante. Oriente o paciente sobre o que fazer caso os sintomas não melhorem
com as medidas adotadas e quanto tempo esperar até os efeitos do tratamento surgirem. Não há necessidade
de acompanhar a evolução de todos os pacientes que você atende, mas peça ao paciente que retorne à farmácia
quando possível, para lhe dizer como foi o resultado, e agende uma ligação dias após o atendimento para aqueles
pacientes que você julgar mais graves.
Segundo o Conselho Federal de Farmácia, a prescrição farmacêutica é definida como “ato pelo qual o farma-
cêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao
cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e
de outros problemas de saúde”. De acordo com a Resolução nº 586 de 29 de agosto de 2013, a prescrição farma-
cêutica deverá ser redigida em português, por extenso, de modo legível, observados a nomenclatura e o sistema
de pesos e medidas oficiais, sem emendas ou rasuras. Veja a seguir um exemplo:
• Data do atendimento
O que é?
A acne é uma doença do canal folicular de um folículo sebáceo (1). Um estrato cór-
neo compacto e uma camada granular engrossada na infrainfundíbulo são o início
da formação de um comedão, ou cravo (1 e 2). Microcomedões tornam-se fecha-
dos ou abertos (3). Secreção excessiva de sebo ocorre, e a bactéria P. acnes proli-
fera-se exacerbadamente. O organismo produz fatores quimiotáticos, levando a
migração de neutrófilos para o cravo intacto. Enzimas neutrofílicas são liberadas e
a ruptura do cravo, induz um ciclo de quimiotaxia neutrofílica e inflamação intensa
(4 a 7).
• Psoralênicos
• Tioureia
• Azatioprina
O que devo perguntar ao paciente? 23
ENTREVISTA ANORMALIDADES
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Acne fulminante
Acne conglobata
Síndrome SAPHO
Associação rara de sinovite, acne, pustulose, hiperostose e osteíte,
com necessidade de diagnóstico e instituição de tratamento sistêmico.
Síndrome PAPA
Manual 6 . Autocuidado
Reduzir o quadro inflamatório de acne. Diminuir cravos. Melhora da imagem pessoal e autoestima.
Orientações gerais
• Utilização de produtos de limpeza a base de detergente sintético (pH de 5,5 a 7) 2 x/dia. O enxague
deve ser com água morna (não quente).
• A pele não deve ser esfregada agressivamente, massagem suave com as pontas dos dedos é suficiente
para a limpeza. Trauma mecânico repetitivo pode agravar a acne inflamatória e promover o desenvol-
vimento de novas lesões de acne.
• Loções à base de água, cosméticos e produtos para o cabelo são menos comedogênicos do que os
produtos à base de óleo.
• Os pacientes devem ser aconselhados a não espremer suas lesões de acne, pois isso pode agravar cicatrizes.
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Primeira linha
□□ Gel 25 mg/g (2,5%), 40 mg/g (4%), 50 mg/g (5%), 80 mg/g (8%) e 100 mg/g (10%)
°° Adaptação: Aplicar na área das lesões 1-2 x/dia e deixar agir por 2 horas durante 4 dias, se
bem tolerado, aumentar o tempo de aplicação por 4 horas por mais 4 dias e posteriormen-
te durante a noite toda por mais 4 dias.
°° Manutenção: Aplicar o produto 2 x/dia, de manhã e a noite, e deixar agir. O uso concomi-
tante de bloqueador solar é recomendado.
°° Adaptação: Aplicar na área das lesões 1-2 x/dia e deixar agir por 2 horas durante 4 dias, se
bem tolerado, aumentar o tempo de aplicação por 4 horas por mais 4 dias e posteriormen-
te durante a noite toda por mais 4 dias.
°° Manutenção: Aplicar o produto 2 x/dia, de manhã e a noite, e deixar agir. O uso concomi-
tante de bloqueador solar é recomendado.
Segunda Linha
□□ Lapiseira antiacne – Aplicar nas lesões 2-3 x/dia para corrigir imperfeições
• Ácido salicílico + enxofre (Actine® / Nixoderm® / Sastid® / Salder S® / Despin As® / Dermolimp®)
Reações alérgicas
Em casos de reações alérgicas ou irritação grave da pele durante o uso de produtos tópicos, o uso
do produto deve ser interrompido e atendimento médico deve ser aconselhado. Irritações leves,
podem ocorrer no período inicial de tratamento com peróxido de benzoíla.
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ALOPECIA (10–14)
O que é?
A alopecia ou “perda de cabelo” é uma queixa clínica comum que representa a manifestação de uma
grande variedade de distúrbios. Embora a causa da perda de cabelo é facilmente diagnosticada em al-
guns casos, como em pacientes que se apresentam com queda de cabelo clássica ou desigual devido à
alopecia areata, o diagnóstico de perda de cabelo também pode ser um desafio.
Como classificar?
As principais linhas divisórias para as várias formas de perda de cabelo são a distinção entre alopecia
cicatricial (cicatrizes), não-cicatricial e devido a distúrbios estruturais do cabelo. Alopecia induzida
por quimioterápicos apesar de normalmente representar um tipo de alopecia não-cicatricial, apresen-
ta importância ímpar, devido a morbidade psicológica associada.
MEDICAMENTOS
Os principais medicamentos relacionados à alopecia são os quimioterápicos citotóxicos. Esses medicamentos atacam
células que se dividem rapidamente no organismo, incluindo as células da matriz capilar. Isto pode resultar em perda
de cabelo. A capacidade de quimioterápicos para causar a perda de cabelo depende da via, dose e esquema de adminis-
tração. De maneira geral regimes de quimioterapia intravenosa intermitente e combinações de medicamentos estão
associados com uma alta incidência de alopecia. Os principais medicamentos associados à alopecia são: ciclofosfamida,
dactinomicina, doxorrubicina, irinotecano, paclitaxel, docetaxel e topotecano.
Em menor proporção, uma grande variedade de medicamentos pode causar alopecia, particularmente eflúvio telógeno,
tais como, alopurinol, androgênicos, estatinas, anticoagulantes, anticonvulsivantes, antimicóticos, antitireoidianos,
betabloqueadores, anti-inflamatórios não esteroidais e etc.
Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
ALOPECIAS CICATRICIAIS
Alopecias Linfocíticas Primárias
Lúpus eritematoso discoide
Início geralmente na idade Eritematoso com presença Rosto, orelhas, e outros Dermatite de interface, Não
adulto jovem; mais comum de placas atróficas e entu- locais podem ser afetadas; atrofia epidérmica, tampo-
em mulheres; pode ocorrer pimento folicular, hiperpig- uma minoria dos casos estão namento folicular, espessa-
de forma independente ou mentação e/ou hipopigmen- associados com lúpus erite- mento da membrana basal,
em pacientes com Lúpus. tação podem ocorrer. matoso sistêmico, infiltrado mononuclear
perifolicular superficial e
profundo.
Líquen plano pilar
Mais comum em caucasia- Áreas de cicatrizes cercadas Pode ser acompanhada por Infiltrado liquenóide em Não
nos. por folículos com eritema; manifestações cutâneas, da todo o istmo e infundíbulo,
coceira e dor podem ser unha ou mucosas. dermatite de interface, fibro-
graves. plasia lamelar concêntrica.
Manual 6 . Autocuidado
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Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
Pseudopelada de Brocq
Mais comum em homens de Placas cicatriciais da cor da N/A Infiltrado linfocitário em Não
meia-idade. pele, parecidas com “pega- torno infundibulo, fibropla-
das”. sia lamelar concêntrica ao
redor dos folículos em lesões
posteriores.
Alopecia mucinosa Pode estar associada à Alopecia associada a placas Pode haver envolvimento da Deposição de mucina na bai- Não
micose fungoide ou linfoma endurecidas eritematosas ou sobrancelha. nha externa da raiz, eventual
cutâneo de células T. cor da pele, pápulas folicu- substituição dos folículos
lares. por mucina, infiltrado linfo-
citário.
Alopecia Neutrofílica Primária
Foliculite decalvante
Mais comum em jovens e de Manchas de alopecia, pápu- N/A Infiltrado neutrofílico Não
meia idade adultos, sobretu- las foliculares eritematosas, interfolicular e perifolicular;
do homens. pústulas, hiperqueratose infiltrado misto, granulomas
folicular, foliculite em tufos. e fibrose em lesões poste-
riores.
Alopecias Mistas
Acne necrótica Adultos. Pápulas umbilicadas, prurigi- N/A Foliculite infundibular com Não
nosas, dolorosas que sofrem necrose, linfocítica ou infil-
necrose central e evoluem trado inflamatório misto.
com cicatrizes varioliformes.
Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
ALOPECIAS NÃO-CICATRICIAIS
Focal
Alopecia areata
Uma das formas mais co- Manchas redondas de alope- Outros sítios detentores de Infiltrado peribulbar linfo- Sim
muns. Início ocorre comu- cia; pode estender-se à per- pelos podem ser afetados,- cítico assemelhando-se a
mente na infância ou no da de cabelo total do couro corrosão da unha, traquio- “enxame de abelhas”; vários
adulto jovem. cabeludo (alopecia total) ou níquia. folículos pilosos miniaturi-
a perda de todos os pelos do zados; na doença crônica, au-
corpo (alopecia universalis); mento catágeno / telógeno
apresentação da perda de nos folículos.
cabelo difusa é rara.
Alopecia por tração Indivíduos com uso crônico Perda de cabelos terminais N/A Aguda: aumento da catáge- Sim
de penteados de indução de em áreas de tração; tração ne / telógene, pigmentação
tração ou amarradores. prolongada pode levar a ocasional.
alopecia cicatricial.
Alopecia sifilítica Mais comum em adultos Perda de cabelo desigual, Outras manifestações Aumento de catágene / teló- Sim
jovens; ocorre devido à sífilis aspecto “roído por traças”. mucocutâneas da sífilis gene, inflamação perifolicu-
secundária. secundária. lar com células plasmáticas.
Crônica: redução de pelos
terminais, ratos fibrosos,
retenção de glândulas
sebáceas.
Alopecia Temporal Ocorre ao longo da vida, Área triangular ou oval com N/A Predominância de pelos Sim
Triangular geralmente detectada na o cabelo terminal ausente na velus (um tipo de pelo fino,
infância ou adolescência. região temporal com poucos curto e pouco pigmentado).
centímetros de diâmetro;
pelos visíveis na inspeção
próxima.
29
Manual 6 . Autocuidado
30
Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
Alopecia induzida por Mais comumente vista em Perda de cabelo localizada N/A Quase todos os cabelos em Sim
pressão (pós-operatória) pacientes cirúrgicos. em área de pressão prolon- fase catágena / telógena, me-
gada, como o couro cabeludo lanina colapsada na bainha
posterior após anestesia radicular exterior, trombose,
geral prolongada. necrose.
Perda de cabelo modelada
Queda de cabelo em padrão
masculino (alopecia
androgenética)
Mais comum em homens Perda de cabelo lenta e pro- N/A Marcada variação em tama- Sim
adultos, a prevalência au- gressiva na região frontal, nho folicular, aumento da
menta com a idade temporal e / ou vértice do proporção de folículos velus,
couro cabeludo. ligeiro aumento de folículos
telógenos.
Tricotilomania
Pode ocorrer em crianças e Cabelos quebrados frequen- Pode ser associada à inges- Distorção folicular, conver- Sim
adultos. Pessoas que sofrem temente distribuídos em um tão de cabelo e risco para são de pigmentos, tricoma-
desse distúrbio de controle padrão bizarro. tricobezoar (acúmulo de lácia, pigmento melanina
de impulsos arrancam os fios pelos ou cabelos dentro do colapsados em bainhas de
de cabelo para controlar a estômago). raiz, cabelos quebrados,
ansiedade e o nervosismo. hemorragia folicular.
Principais tipos de alopecia Epidemiologia Características clínicas no Envolvimento de outras par- Patologia Tratamento farmacológico é
couro cabeludo tes do corpo efetivo?
Perda de cabelo difusa
Eflúvio telógeno Mais comum em mulheres. Queda capilar difusa aguda Achados associados à causa Aumento na proporção de Sim
Associada a pós-parto, ou crônica. subjacente podem estar folículos telógenos (20 a
interrupção do uso de pílulas presentes. 50%).
anticoncepcionais ou de re-
posição hormonal, infecções
e doenças acompanhadas de
febre alta, traumas físicos e/
ou emocionais, pós-opera-
tório, doenças da tireoide,
deficiências nutricionais
(ferro, zinco e proteínas) ou
dietas muito restritivas (com
ou sem medicamentos).
Eflúvio anágeno Visto em associação com Queda capilar aguda. Achados associados à causa O aumento da proporção Sim
quimioterapia, radiação e subjacente podem estar de folículos telógenos, fios
toxinas. presentes; queda capilar em anágenos distróficos; raros
outros sítios. casos de perda permanente
do cabelo podem demons-
trar estruturas lineares basa-
lióides.
Alopecia estrutural
Tricorrexe nodosa Pode ocorrer como resul- Cabelos quebradiços e mal- N/A Ruptura da cutícula pro- Sim
(cabelo quebradiço) tado de práticas estéticas formados. tetora e desgaste da haste
prejudiciais, tais como o capilar.
processamento químico,
escovação excessiva ou apli-
cação de calor excessivo.
Tricoptilose Pode ocorrer como resul- Cabelos quebradiços e mal- N/A Divisão e desgaste da Sim
(pontas duplas) tado de práticas estéticas formados. extremidade distal do fio de
prejudiciais, tais como o cabelo, que é comumente re-
processamento químico, ferido como “pontas duplas”.
escovação excessiva ou apli-
cação de calor excessivo.
31
Manual 6 . Autocuidado
32 O que devo perguntar ao paciente?
Entrevista
• Você consegue dizer quando começou a ter queda capilar? Isso foi há quanto tempo?
• Você tem notado que a condição tem piorado ou progredido nos últimos anos?
• Houve algum fator precipitante, que possa ter induzido a queda capilar?
• Posso ver seu couro cabeludo? (Nesse momento avalie a distribuição da queda, e a possível presen-
ça de cicatrizes, lembre-se que a alopecia androgenética representa o tipo mais comum de calvice.
Investigue também possíveis fatores que podem estar levando ao quadro, como estresse físico e
psicológico, tração, pressão e mudanças hormonais).
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Podem indicar casos de alopecia cicatricial, e necessitam de
intervenção precoce na causa subjacente (quando ela exis-
Perda de cabelo associada a quadros inflamatórios locais
te) a fim de instituir tratamento adequado para minimizar
danos e propiciar o crescimento capilar.
Alopecia associada a placas endurecidas eritematosas ou
Pode estar associada à micose fungoide ou linfoma cutâneo.
cor da pele, pápulas foliculares.
Queda capilar difusa aguda ou crônica associada a pós-par-
to, interrupção do uso de pílulas anticoncepcionais ou de
Podem indicar causa subjacente ativa de eflúvio telógeno,
reposição hormonal, infecções e doenças acompanhadas de
necessidade de investigação e gestão causal.
febre alta, traumas físicos e/ou emocionais, em ausência de
normalização em 3-6 meses.
Alopecia ligada a transtornos psicológicos com arrancha-
Necessidade de tratamento causal.
mento de cabelos.
Alopecias não-cicatriciais
• Minoxidil tópico Solução 2% (20 mg/mL) e 5% (50 mg/mL) frasco 50ml e 60ml (Regaine® / Aloxidil®).
□□ Aplicar 1 mL do produto, 2 vezes por dia (de manhã e à noite, 30 minutos antes de deitar), duran-
te pelo menos 4 meses, ou por período individualizado, o paciente deve ser acompanhado mês a
mês. A dose diária não deve ultrapassar 2 ml/dia. O produto deve ser aplicado apenas no couro
cabeludo. Não utilizar se o couro cabeludo estiver inflamado, eritematoso, infectado, irritado ou
dolorido, pois pode haver aumento da absorção do produto.
• Os primeiros cabelos que crescerem podem ser mais fracos, menos espessos e menos coloridos do
que os já existentes. Com a continuação do tratamento os novos cabelos vão ficando da mesma cor
e espessura dos demais.
• O crescimento do cabelo pode ser visto dentro de quatro a oito meses e se estabiliza em 12-18 meses.
ADOLESCENTES E ADULTOS
Eflúvio telógeno
• Agudo: Geralmente associado a fatores causais, tais como, cirurgia de grande porte, parto, perda
rápida de peso, deficiência nutricional, profundo estresse emocional. Nesses casos recomenda-se a
gestão do distúrbio subjacente, e acompanhamento. Geralmente autolimitado.
O paciente deve ser aconselhado a não suspender abruptamente o tratamento, pois isso pode levar
a queda dos cabelos adquiridos em 3 a 4 meses. A interrupção gradual pode minimizar esse efeito,
entretanto, ainda assim pode haver perda de cabelos adquiridos.
34
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL (15–18)
O que é?
• Gestação • Antidepressivos
• Hemorroidas • Anti-histamínicos
• Hipotireoidismo • Benzodiazepínicos
• Sedentarismo
• Envelhecimento
ENTREVISTA ANORMALIDADES 35
• Você tem tido diarreia, alternada com constipação? • Fezes claras e esfa- • Obstrução hepatobiliar
reladas
• Como está a aparência das fezes? [cor, presença de
sangue / muco, consistência (líquidas?), fezes finas] • Fezes finas • Carcinoma de cólon
• Alguma mudança recente no tamanho das fezes? • Fezes aumentam • Constipação induzida
com alimentos ricos por dieta
• O que faz o sintoma melhorar ou piorar? em fibra
• Tem sentido alguma dor abdominal? • Sangue • Colite ulcerativa, carci-
noma de cólon
• Perdeu peso recentemente?
• Muco • Colite ulcerativa
• Que medicamentos sob prescrição você utiliza?
• Perda de peso • Carcinoma de cólon
• Que medicamentos você já tomou para constipa-
ção? Funcionou?
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Sintomas persistentes indicam causa secundária, que requer diagnóstico
Constipação persistente por 2 semanas ou
médico. Considerar o episódio atual, pois muitos pacientes referem o
mais, sem causa identificada
problema há anos (história de constipação crônica).
Cólica, distensão abdominal, náusea e vômito Podem indicar obstrução intestinal grave
Fezes com sangue, cor vermelha, âmbar ou negra. Podem indicar carci-
noma ou doenças infecciosas. Lesões anais, perianais e hemorroidas tam-
Presença de sangue nas fezes
bém podem produzir sangramento, geralmente em menor quantidade e
vermelho vivo. O sangue pode aparecer nas fezes ou no papel higiênico.
Específicos para alguns pacientes: Facilitar a evacuação em pacientes com retenção fecal. Normalizar a
função intestinal em pacientes com dificuldade evacuatória. Evitar ou reduzir o uso abusivo de laxantes
estimulantes Gerais para todos os pacientes: Reduzir o desconforto e os sintomas associados. Prevenir a
ocorrência de episódios de constipação no futuro.
36 Que tratamentos eu posso recomendar?
CRIANÇAS
Orientações gerais
□□ ≤2 anos - 5 g/dia (Em média uma porção de fruta ou legume fornece 1g de fibra)
□□ Ingestão mínima peso-dependente: 5 kg – 500 ml; 10 kg - 960 ml; 15 kg - 1260 ml; 20 kg – 1500 ml
• Em casos de constipação induzida por leite de vaca – orientar ingestão diária máxima de 475-700 ml e/
ou teste com leite de soja enriquecido com cálcio ou fórmula de transição comercial (94,95).
• Polietilenoglicol / Macrogol (Muvinlax®) – Preparo: 1 sachê de 14g deve ser dissolvido em 125 ml
(0,11 g/ml). A solução preparada deve preferivelmente ser administrada de maneira imediata, se ne-
cessário armazenamento da solução diluída, esse não deve ultrapassar 24 horas.
□□ Idade >2 anos – 0,8 g/kg/dia (de 0,3 a 1,4 g/kg/dia, por até 6 dias consecutivos)
°° Multiplique o peso da criança por 0,8 para obter pessoa quantidade de medicamento ne-
cessária em gramas. Em seguida divida o valor encontrado por 0,11, para obter a quanti-
dade necessária a ser administrada em ml.
• Óleo mineral
□□ Idade >6 anos - ½ colher de sopa à noite ou pela manhã (5-15 ml/dia)
• Supositório de glicerina ou estimulação retal com termômetro retal lubrificado (podem ser utilizados
ocasionalmente se há fezes duras no reto. Essas intervenções não devem ser utilizadas com frequên-
cia, porque pode desenvolver tolerância; além disso, a glicerina pode irritar a mucosa retal ou ânus).
• Dose inicial de laxante osmótico para eliminar fezes endurecidas (por 1-2 dias) (96–98):
□□ Lactulose (Lactulona®): lactentes - 5 ml/dia; 1-5 anos – 5-10 ml/dia; 6-12 anos – 10-15 ml/dia;I-
dade >12 anos: 15 a 30 ml/dia.
□□ Sorbitol solução + laurilsulfato de sódio (retal) (Minilax®): >2 anos - 1 bisnaga 6,5 g/dia.
• Suplementos de fibras (a fim de alcançar ingestão de 14g a cada 1000 kcal da dieta). Para serem efetivos,
esses devem ser associados a ingestão de 960-1920 ml de água ou outros líquidos não lácteos por dia.
□□ Plantago ovata (Psyllium) (Metamucil®, Agiloax®): 6-12 anos - meio sachê (2,9g) ou meia dose,
diluído em 240ml de água ou outro líquido, de 1 a 3 vezes ao dia.
□□ Metilcelulose: 1 cpr até 6x/dia, cada dose deve ser ingerida com pelo menos 300ml de água.
□□ Dextrina de trigo: crianças de 7-11 anos - duas colheres de chá (3,5g / um sachê), uma vez ao dia.
37
□□ Atenção: Consumo excessivo de fibras deve ser evitado em crianças com comportamentos de
retenção de fezes ou uma história de fecaloma.
Contraindicações
• Laxantes estimulantes (por exemplo: sene, bisacodil), óleo mineral, e enemas devem ser evitados em
lactentes devido aos seus potenciais efeitos adversos (96). Não utilizar óleo mineral em crianças <6
anos, pelo risco de aspiração.
ADOLESCENTES E ADULTOS
• Mudanças dietéticas, com ingestão adequada de fibras (20 a 35 g/dia) e fluídos (2 litros/dia) (99,100).
• Suplemento de fibras – formadores de massa (Os pacientes devem ser advertidos de que o consumo
de grandes quantidades de fibras pode causar inchaço abdominal ou flatulência; este pode ser mo-
dulado, iniciando com quantidades pequenas, aumentando lentamente o consumo de acordo com a
tolerância e eficácia) (99,100).
□□ Dextrina de trigo: duas colheres de chá (3,5g / um sachê), em 120 mL de líquido, frio ou quente.
Não utilizar mais que 8 colheres de chá (4 sachês) por dia (até 14g de produto por dia).
□□ *O tratamento com suplementação de fibras deve ser utilizado até que mudanças alimentares, e
ingestão de fluídos, sejam instituídos para normalização da função intestinal.
Segunda linha
□□ Polietilenoglicol (PEG): sachê 14g - iniciar com 1-2 sachês/dia, VO, ingeridos de preferência pela ma-
nhã. O conteúdo do sachê deve ser dissolvido completamente em um copo (125 mL) de água, chá ou
suco. A dose pode ser ajustada conforme necessidade do paciente até máximo de 5 sachês/dia.
□□ Lactulose: solução 667 mg/ml - 10-20 g/dia (15-30 mL) VO; dose pode ser titulada até máximo
de 90-150 ml/dia.
□□ Sorbitol: oral (solução 70%) - 30-150 ml/dia. Enema retal (solução 25-30%) – 120 ml.
Manual 6 . Autocuidado
Terceira linha
• Laxantes osmóticos salinos (atenção especial deve ser dada a pacientes com insuficiência renal devido
a risco de hipermagnesemia)
□□ Lauril sulfato de sódio: Lauril sulfato de sódio + sorbitol (714 + 7,70mg), via retal – 1-2 bisnagas 6,5 g/dia
38
□□ Hidróxido de magnésio: 400 mg/5 mL - 30-60 ml/dia, 1x/dia, ou em doses divididas; 800 mg/5
mL: 15-30 ml/dia, 1x/dia, ou em doses divididas.
□□ Docusato de sódio: cpr associado (docusato de sódio 60 mg - bisacodil 5 mg (Humectol D®) – 1-2
cpr/dia; cpr 50mg – 50 mg até de 6/6h VO.
• Laxantes estimulantes ou irritativos (*Ingestão diária contínua destes agentes pode estar associada
com hipocalemia, enteropatia com perda proteica e a sobrecarga de sal. Assim, esses medicamentos
devem ser usados com cautela, e não ingeridos cronicamente) (104,105).
□□ Bisacodil (Dulcolax® / Bisalax® / Lacto purga® / Ducodil®): cpr 5 mg – 5-10 mg/dia VO por no
máximo 3-5 dias. Picossulfato de sódio (Guttalax®): solução 7,5 mg/ml ou pérolas gelatinosas
2,5 mg – 5-10 mg, em dose única VO por no máximo 3-5 dias.
□□ Sene assoc. (Tamaril® / Naturetti®): cpr 100mg – 200 mg/dia VO por no máximo 3-5 dias.
□□ Cáscara sagrada: cps 250 mg – 500 mg/dia por no máximo 3-5 dias.
□□ Ácido ricinoléico (Óleo de rícino): 15-60 ml/dia VO por no máximo 3-5 dias.
*O uso contínuo ou prolongado, indica a necessidade de avaliação causal e medidas específicas para sua gestão.
• Enema com óleo mineral ou água morna ou fosfato de sódio dibásico 0,06g/mL e fosfato de sódio mo-
nobásico 0,16g/mL (Fleet enema).
Tratamento pós-descompactação
• Óleo mineral: 1-2 colheres de sopa à noite, e outra no dia seguinte ao despertar.
IDOSOS
As doses geriátricas são as mesmas recomendadas para adulto, entretanto, o tratamento deve ser iniciado com
as menores doses possíveis, e monitorado com maior cautela, visto a maior possibilidade de eventos adversos.
Primeira linha
□□ Psyllium: 1 sachê (5,85 g ou 1 colher de sobremesa), dissolvido em um copo de água (240 ml), até 3x/dia.
□□ Dextrina de trigo: duas colheres de chá (3,5g / um sachê), em 120 mL de líquido, frio ou quente.
Não utilizar mais que 8 colheres de chá (4 sachês) por dia (até 14g de produto por dia).
39
Segunda linha
Segunda linha
• Laxantes osmóticos salinos: Fosfato de sódio, Lauril sulfato de sódio, Hidróxido de magnésio (*atenção
especial deve ser dada a pacientes com insuficiência renal, risco de hipermagnesemia).
Uso cauteloso
• Supositório de glicerina e enema aquoso – Reservados para situações de risco de compactação, uso
deve ser cuidadosamente monitorado por profissionais de saúde (115).
• Descompactação digital
Tratamento pós-descompactação
• Macrogol
Contraindicações
• Fleet enema, e óleo mineral (particularmente em pacientes com problemas de deglutição), devem ser
evitados devido ao alto risco de eventos adversos.
ABUSO DE LAXANTES
• Educação para pacientes em uso crônico e/ou abusivo de laxantes deve envolver esforços para
reduzir a dependência de laxantes e aumentar a ingestão de líquidos e fibras. Os pacientes que
são dependentes de laxantes devem ser aconselhados a tentar reduzir sua utilização, uma vez
que novas medidas para melhorar o funcionamento do intestino, como ingestão de fibras e lí-
quido, são iniciadas (18). No início da retirada o uso eventual de laxantes osmóticos açúcares,
tais como a lactulose, pode ser uma alternativa para evitar a compactação das fezes.
importante na parte da manhã, quando a atividade motora do cólon é mais elevada (18).
• Pequenos ensaios clínicos, com Bifidobacterium lactis DN-173 010, Bifidobacterium lactis
BB12, Lactobacillus casei Shirota e E. coli 1917 Nissle, tem demonstrado benefício da uti-
lização desses compostos, entretanto, ensaios maiores ainda são necessários antes de sua
utilização ampla na gestão de constipação. Como alternativa, de maneira geral, probióticos
alimentares, tais como iogurtes e produtos lácteos enriquecidos, podem ser recomendados
na gestão da constipação leve a moderada.
40
DERMATITE SEBORREICA (19–28)
O que é?
A dermatite seborreica é uma condição crônica, recidivante, e se manifesta geralmente de forma leve em
crianças e em adultos. A gravidade pode variar desde mínima descamação assintomática do couro cabelu-
do (caspa) até uma distribuição mais ampla. Dermatite seborreica tem uma incidência bifásica, ocorrendo
em crianças entre as idades de 2 semanas a 12 meses, e mais tarde, durante a adolescência e a idade adulta.
A causa da dermatite seborreica não é conhecida. Não se trata de uma doença das glândulas sebáceas, entretan-
to, essas parecem ser necessárias para o desenvolvimento da condição, como indicado pela predileção por locais
do corpo com maior número de glândulas sebáceas e maiores glândulas sebáceas (face, couro cabeludo, tronco
superior, meato auditivo externo e área genital). Além disso, a forma infantil é comum no início do primeiro ano
de vida, quando a transferência transplantaria de andrógenos maternos estimula o crescimento das glândulas
sebáceas do lactente. As glândulas sebáceas podem desempenhar papel permissivo na patogênese da dermatite
seborreica, possivelmente através da criação de um ambiente favorável para o crescimento de fungos do gêne-
ro Malassezia (anteriormente conhecido como Pityrosporum ovale), micro-organismos saprofíticos da pele com
possível envolvimento nesse tipo de dermatite.
A dermatite seborreica é geralmente caracterizada por placas eritematosas bem demarcadas com apa-
rência oleosa e escamas amareladas distribuídas em áreas ricas em glândulas sebáceas, como couro ca-
beludo, ouvido externo, centro do rosto, parte superior do tronco, e áreas intertriginosas. Tende a piorar
com o estresse e durante os meses frios e secos do inverno.
O que devo perguntar ao paciente? 41
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Você está sentindo coceira capilar, com descama- Características Associação possível
ções perceptíveis?
• Lesões eritemato- • Psoríase
• Você está com alguma lesão no corpo, pruriginosa, sas grandes e bem
e descamativa? demarcadas em
áreas extensas.
• Quando começou?
• Telangiectasias e • Rosácea
• Você já apresentou quadro semelhante antes? Se papulopústulas com
sim, você notou alguma relação com o frio? envolvimento fre-
quente do nariz, malar,
• Você pode me mostrar o local da lesão? (Lembre- e áreas perioral com
se que a dermatite seborreica é caracterizada por mínima ou nenhuma
lesões eritematosas descamativas). descamação.
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Pequenas pápulas ovais eritematosas de início abrupto, Podem indicar quadro de Pitiríase Rósea, com necessidade de
distribuídas em locais de grande extensão, como o avaliação diagnóstica e tratamento adequado.
abdômen.
Erupções generalizadas associadas a lesões palmoplan- Podem indicar quadro de sífilis secundária, com necessidade de
tares e/ou nas mucosas e/ou adenopatia periférica. testes diagnósticos e tratamento causal.
Lesões associadas à inflamação intensa e dor. Podem indicar psoríase, se amplamente distribuídas ou pênfigo
foliáceo, com necessidade de diagnóstico e instituição de trata-
mento basal.
Lesão associadas a sintomas sistêmicos, como altera- Podem indicar quadro de Lúpus Eritematoso Sistêmico, com
ções imunológicas e infecções recorrentes. necessidade de investigação diagnóstica e tratamento basal.
NEONATOS E CRIANÇAS
Neonatos
Primeira Linha
• Embora dermatite seborreica neonatal, comumente conhecido como tampão lácteo ou crosta láctea
se resolva sem intervenções específicas. Sugestões gerais incluem:
42
□□ Lavagem com xampu não medicamentoso, específico para bebes, com posterior retirada da
crosta com escova macia.
□□ Aplicar uma pequena quantidade de emoliente (óleo vegetal, óleo mineral, óleo de bebê) no
couro cabeludo (durante a noite, se necessário) para soltar as placas escamosas, seguida por
massagem do couro cabeludo suave com uma escova suave e lavagem com xampu de bebê (não
medicamentoso).
• Hidrocortisona 10mg/g creme ou solução capilar (Stiefcortil® / Therasona®) – 10g, 20g ou 60ml: Apli-
car na área afetada 1x/dia durante uma semana.
Crianças
• Higienização adequada.
• Cetoconazol 2% shampoo (Nizoral®): Aplicar na área afetada 2 x/semana, durante duas semanas.
• Cetoconazol 2% creme (Nizoral®) – bisnaga 30g: Aplicar na área afetada 2 x/semana, durante duas
semanas.
Tratamento Agudo
Primeira Linha
• Cetoconazol 2% Shampoo – frasco com 100-110 ml (Nizoral®): Aplicar o medicamento nas áreas afe-
tadas da pele ou cabelos, deixando-o agir por 3-5 minutos, duas vezes por semana, por 2 a 4 semanas.
• Sulfeto de Selênio 2,5% Shampoo - frasco 100 ml (Selen Hair Ouro®, Caspacil®): Aplicar 1 x/sema-
na, nas 2 primeiras semanas de tratamento, e apenas 1x/semana nas 2 semanas seguintes. Em casos
intensos, aplicação diária pode ser indicada na primeira semana. Repetir o tratamento se houver reci-
diva de caspa.
□□ Aplicar o suficiente para produzir espuma, friccionando bem. Aguardar 2 minutos e enxaguar
bem. Em seguida repetir a aplicação e o enxágue.
• Ciclopirox olamina 1% Shampoo - frasco 100 ml (Stiprox®): Aplicar o xampu e massagear o couro ca-
beludo e áreas adjacentes, 2-3 x/semana, até desaparecimento de sintomas ou 4 semanas. Deixar agir
por cinco minutos e enxaguar.
• Ciclopirox olamina 1,5% + ácido salicílico 3,0% (Stiproxal®): Aplicar o xampu e massagear o couro
cabeludo e áreas adjacentes, 2 x/semana, até desaparecimento de sintomas ou 4 semanas. Deixar agir
por cinco minutos e enxaguar.
• Piritionato de Zinco (Head & Shoulders®): Aplicar o xampu e massagear as áreas subjacentes, 1x/dia
43
diariamente, ou no mínimo 3x/semana, até desaparecimento de sintomas ou 4 semanas.
• Ácido Salicílico (Denorex®): Aplicar o xampu e massagear as áreas subjacentes, 1x/dia diariamente,
ou no mínimo 3x/semana, até desaparecimento de sintomas ou 4 semanas.
Tratamento Profilático
• Cetoconazol 2%, Sulfeto de Selênio 2,5%, Ciclopirox olamina 1-1,5% (Shampoo): Aplicar 1 x/semana
ou 1 x/2 semanas.
Primeira linha
• Hidrocortisona 10mg/g creme ou solução capilar (Stiefcortil®) – 10g, 20g ou 60ml: Aplicar na área
afetada 1-2x/dia até que os sintomas desapareçam ou até 4 semanas. Não devem ser utilizados em
longo prazo devido ao risco de dermatite por corticoide, fenômeno rebote e rosácea por esteroides.
• Cetoconazol 2% creme (Nizoral®) – bisnaga 30g: Aplicar na área afetada, 1-2 x/dia, até que os sinto-
mas desapareçam.
• Cetoconazol 2% Shampoo (Nizoral®) – Homens com dermatite seborreica na região da barba e bigo-
de: Lavar a barba diariamente (1x/dia) até a cessação de sintomas.
Segunda linha
• Miconazol 2% loção cremosa ou creme (Daktarin® / Vodol® / Micozen®) – 30g e 28g: Aplicar um pou-
co de loção sobre as lesões, 1-2 x/dia, até desaparecimento dos sintomas. Friccionar a loção na pele
com os dedos até que tenha penetrado completamente.
• Tioconazol 1% creme – bisnaga 30g (Tralen® / Tionazen®): Aplicar suavemente nas áreas cutâneas
afetadas e adjacentes 1-2 x/dia, até a cessação dos sintomas. Em áreas intertriginosas o creme deve
ser aplicado em camadas finas e bem espalhado a fim de evitar maceração da pele.
□□ Creme 0,5% (5 mg/g) – 35g: Aplicar o produto nas áreas afetadas, 2-3 x/dia, massageando sua-
vemente o local.
□□ Creme, Solução cremosa, Spray 1% (10 mg/g) – 45g, 60 ml, 50 ml : Aplicar o produto nas áreas
afetadas, 2-3 x/dia, massageando suavemente o local
Manual 6 . Autocuidado
Tratamento Profilático
• Para o controle em longo prazo, sugere-se a aplicação de um creme antifúngico tópico para as áre-
as envolvidas, como cetoconazol 2%, uma vez por semana; como uma alternativa, o cetoconazol 2%
shampoo pode ser utilizado para lavagem facial ou corporal 1x/semana.
O que são?
As dermatofitoses representam infecções fúngicas superficiais das células queratinizadas, os principais agen-
tes etiológicos são epidermophyton, trichophyton, microsporum. O termo Tinea se refere a infecções causadas
por dermatófitos e é usualmente ligado ao sítio anatômico da infecção. Os três tipos mais comuns de dermato-
fitose são Tinea pedis (pé de atleta), Tinea corporis (micose de pele), Tinea cruris (micose de virilha).
Tinea Pedi
Tinea pedis apresenta em duas formas clínicas facilmente distinguíveis, Aguda e Crô-
nica. Ambas são contagiosas, contraída pelo contato com artrósporos liberados por
indivíduos infectados para os pisos e locais de piscina, vestiários, etc. A forma aguda
é geralmente causada por Trichophyton mentagrophytes, var. interdigitale, e a forma
crônica por Trichophyton rubrum.
AGUDA CRÔNICA
Infecções autolimitadas, intermitentes e recorrentes. Forma mais comum na prática. Se não tratada,
Acompanham atividades que fazem os pés suar. Inicia com geralmente persiste indefinidamente. A condição
o aparecimento de prurido intenso, por vezes doloroso, é lentamente progressiva com prurido e erosões
vesículas eritematosas ou bolhas entre os dedos ou na eritematosas entre os dedos dos pés. Fissuras
sola, frequentemente estendendo-se até o peito do pé. interdigitais estão frequentemente presentes.
Pode ser unilateral ou bilateral.
Tinea Corporis
Tinea Cruris
Tinea Cruris é um tipo especial de Tinea corporis, que atinge regiões de dobras, especial-
mente a virilha. A doença começa, frequentemente, após atividade física que resulta em
transpiração abundante, e a fonte do fungo infectante é geralmente tinea pedis do próprio
paciente. Normalmente se inicia com lesões circulares na virilha, que se espalham. Pode
ocorrer em associação com outras dermatofitoses.
O que devo perguntar ao paciente? 45
ENTREVISTA ANORMALIDADES
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Inflamação intensa, com formação de placas de Pode indicar infecção bacteriana secundária, com necessidade de
pus, ou lesões de grande extensão. avaliação médica e instituição de tratamento sistêmico.
Lesões corporais, com características anelares, Podem indicar outras condições, como eczema numular, psoríase,
associadas a outros sintomas sistêmicos. lúpus eritematoso cutâneo subagudo e pitiríase rósea.
Nos casos, onde os sintomas persistem, mesmo após tratamento
Ausência de resposta com o tratamento tópico. tópico adequado, o paciente deve ser encaminhado ao médico para
avaliação e instituição de tratamento sistêmico.
TODAS AS POPULAÇÕES
Orientações gerais
Manual 6 . Autocuidado
• Utilizar talco para os pés, para evitar suor excessivo e maceração das lesões durante o tratamento de
tinea pedis.
Dermatofitoses
□□ Creme 1% (10mg/g) – 20g: Aplicação em região afetada, após lavagem e secagem, 1 x/dia por 4
semanas
□□ Creme 1% (10 mg/g) – 20g, 30g, 40g e 50g: Aplicar ½ cm do creme sobre a área afetada, 2-3 x/
dia por 3 - 4 semanas.
□□ Solução 1% (10 mg/ml) – gotas e spray – 20-30 ml: Aplicar a solução ou o spray em camada fina
2-3 x/dia e friccionar levemente por 3 - 4 semanas.
□□ Creme 0,5% (5 mg/g) – 35g: Aplicar o produto nas áreas afetadas, 2-3 x/dia, massageando suave-
mente o local até o desaparecimento das lesões (2-5 semanas).
□□ Creme, Solução cremosa, Spray 1% (10 mg/g) – 45g, 60 ml, 50 ml : Aplicar o produto nas áreas afe-
tadas, 2-3 x/dia, massageando suavemente o local até o desaparecimento das lesões (2-5 semanas).
• Cetoconazol (Nizoral®)
□□ Creme 2% (20 mg/g) – 28g: Aplique o produto sobre a região atingida 2 x/dia. Ao aplicar o nitrato de
miconazol, espalhe-o por uma região um pouco maior do que a afetada. É recomendável a troca fre-
quente das roupas que ficam em contato com a área infectada, a fim de evitar a reinfecção. A duração
da terapia varia de 2 a 6 semanas dependendo da localização e gravidade da lesão. O tratamento
deve continuar ao menos uma semana após o desaparecimento de todos os sinais e sintomas.
• Tioconazol 1% creme – bisnaga 30g (Tralen® / Tionazen®): Aplicar suavemente nas áreas cutâneas
afetadas e adjacentes 1-2 x/dia, até a cessação dos sintomas. Em áreas intertriginosas o creme deve
ser aplicado em camadas finas e bem espalhado a fim de evitar maceração da pele. Tempo usual de
tratamento: 2-4 semanas.
• Associações de corticoides com antifúngicos tópicos devem ser prontamente desaconselhados. Além
de, nos casos de associações com corticosteroides, se tratar de medicamentos de prescrição, elas po-
dem estar associados aos seguintes problemas:
□□ Os corticosteroides tópicos podem exacerbar infecções por tinea e podem contribuir para falha
terapêutica.
□□ Algumas condições, como tinea cruris, podem necessitar de tratamento antifúngico por várias
semanas; utilização de produtos combinados expõe o paciente a risco desnecessário de eventos
adversos, tais como: atrofia da pele, a partir de corticosteroides tópicos.
• Nistatina não é efetiva no tratamento de dermatófitos, e, portanto, não devem ser utilizadas nos casos
de tineas.
DIARREIA (17,30–34) 47
O que é?
A diarreia é definida como três ou mais evacuações diárias com fezes moles ou líqui-
das ou uma queda importante na consistência e aumento da frequência considerando
as características basais do indivíduo. A diarreia aguda é definida como a diarreia dos
≤14 dias de duração, em contraste com persistente (> 14 dias e ≤30 dias) ou crônica (>
30 dias). Diarreia invasiva, ou disenteria, é definida como a diarreia com sangue visí-
vel. Disenteria é comumente associado com febre e dor abdominal (34).
• Neoplasias
• Anticolinérgicos
• Vasculites e neuropatias
• Fluoxetina
• Transtornos de motilidade
• Lítio
• Idiopática
• Metformina
• Levotiroxina
48 O que devo perguntar ao paciente?
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Existem outros sintomas associados, como dor • Diarreia aguda após • Toxina alimentar,
abdominal, febre, sede, hipotensão? alimentação infecções virais ou
bacterianas
• Normalmente ocorre após a alimentação?
• Diarreia aguda com • Shiguelose, amebía-
• O que faz o melhorar (fatores desencadeantes) ou
sangue se ou colite pseudo-
piorar?
membranosa
• Viagens por áreas endêmicas / epidêmicas de
• Diarreia crônica, • Colite ulcerativa
doenças diarreicas, como cólera?
com muco ou sangue
• Como está a aparência das fezes? [cor, presença de
• Diarreia crônica • Doença inflamatória
sangue / muco, consistência (líquidas? flutuantes?)]
aquosa intestinal
• Perdeu peso recentemente?
• Fezes flutuantes • Transtornos de
• Utilizou algum antibiótico recentemente? absorção
• Que medicamentos sob prescrição você utiliza? • Perda de peso • Neoplasias ou doen-
ça inflamatória
• Que medicamentos você já tomou para diarreia?
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Sintomas de desidratação, como: boca seca, sede, redução do volume uriná-
Diarreia aquosa profusa com sinais de
rio e urina concentrada (amarela escura), letargia ou hipotensão, requerem
hipovolemia e desidratação
avaliação médica. Aconselhar reidratação e encaminhamento imediato
Pequena quantidade de fezes contendo Podem indicar quadro infeccioso bacteriano, com necessidade de encami-
sangue e muco nhamento médico para instituição da terapia antimicrobiana.
Fezes com sangue, cor vermelha, âmbar ou negra. Podem indicar carcinoma,
doenças infecciosas ou colite pseudomembranosa. Lesões anais, perianais e
Presença de sangue nas fezes hemorroidas também podem produzir sangramento, geralmente em menor
quantidade e vermelho vivo. O sangue pode aparecer nas fezes ou no papel
higiênico.
História de cirurgia no intestino (Colosto-
A diarreia pode estar relacionada a uma complicação da cirurgia.
mia ou ileostomia)
Diarreia em idosos (≥70 anos de idade) ou
Maior possibilidade de quadro infeccioso grave, ou complicações.
imunocomprometidos
Síndromes que começam com diarreia, mas
progridem para febre e queixas sistêmicas, Pode indicar quadro infeccioso por Listeria monocytogenes, particularmen-
como dor de cabeça, dores musculares, te em gestantes.
rigidez do pescoço
Diarreia crônica Necessidade de diagnóstico e tratamento da etiologia causadora.
49
Estabilizar a função intestinal. Evitar e/ou corrigir a desidratação. Reduzir o desconforto e os sintomas
associados.
CRIANÇAS
Orientações gerais
• Reidratação oral
□□ Pó para solução 28,8g (cloreto de sódio 3,5g + cloreto de potássio 1,5g + cloreto de sódio di-hi-
dratado 2,9g + glicose 20g)*: O conteúdo do envelope deve ser dissolvido em um litro de água
filtrada ou fervida. Administrar 100-150 ml/Kg a cada 4 a 6 horas. Alternativamente, adminis-
trar 10 ml/kg da solução, após cada evacuação líquida ou semilíquida, ou após cada vômito. Du-
rabilidade após reconstituição: 24h.
• Solução pronta para uso 250ml (Cada ml contém: cloreto de Sódio 4,68 mg, citrato de Potássio 2,16
mg, citrato de sódio 0,98 mg, glicose 20,00 mg, água deionizada q.s.p.) – Administrar conforme a
tolerância e aceitabilidade do paciente (100-150 ml/Kg a cada 4- 6 horas).
• Soro caseiro: 1 litro de água filtrada ou fervida, 2 colheres (sopa) rasas de açúcar, 1 colher (café) rasa
de sal. Durabilidade: 24h.
Diarreia Aguda
• Probióticos
• Sachê granulado 200 milhões – Misturar o conteúdo do envelope em pequenas quantidades de líquido
em temperatura ambiente (nem muito quente >60ºCnem gelado) – 1-2 envelopes/dia
Manual 6 . Autocuidado
Orientações gerais
• Reidratação oral
□□ Pó para solução (cloreto de sódio 3,5 g, 2,9 g de citrato trissódico, 2,5 g de bicarbonato de sódio,
cloreto de potássio 1,5 g, 20 g de glicose ou 40 g de sacarose)*: O conteúdo do envelope deve ser
dissolvido em um litro de água filtrada ou fervida. Administrar 100-150 ml/Kg a cada 4 a 6 horas.
Alternativamente, administrar 10 ml/kg da solução, após cada evacuação líquida ou semilíquida,
ou após cada vômito. Durabilidade após reconstituição: 24h.
*Composição recomendada pela OMS. A composição e o volume de reconstituição podem variar discreta-
mente de acordo com o laboratório farmacêutico.
• Solução pronta para uso 250ml (Cada ml contém: cloreto de Sódio 4,68 mg, citrato de Potássio 2,16
mg, citrato de sódio 0,98 mg, glicose 20,00 mg, água deionizada q.s.p.) – Administrar conforme a tole-
rância e aceitabilidade do paciente (100-150 ml/Kg a cada 4- 6 horas - até 2 L/dia).
• Soro caseiro: 1 litro de água filtrada ou fervida, 2 colheres (sopa) rasas de açúcar, 1 colher (café) rasa
de sal – Ingerir até 2 L/dia. Durabilidade: 24h.
• Probióticos
ABUSO DE LOPERAMIDA
Apesar de não ser um medicamento isento de prescrição, o uso crônico de loperamida não é inco-
mum, e deve ser prontamente desaconselhado, considerando a possibilidade de mascaramento
de sintomas crônicos, e possível dependência do medicamento para manter função gastrointes-
tinal normal. As causas basais da diarreia devem ser manejadas, e o uso crônico do medicamento
deve ser resguardado para situações específicas como neuropatias, com dificuldade de retenção
de esfíncter e neoplasias, e exige avaliação médica prévia.
DISPEPSIA (17,35,36) 51
O que é?
A dispepsia, também conhecida como azia ou má digestão, é um sintoma comum, com ex-
tenso diagnóstico diferencial e uma fisiopatologia heterogênea, e ocorre em cerca de 25%
da população a cada ano. A condição é definida através da presença de um ou mais dos
seguintes sintomas: plenitude pós-prandial (classificada como síndrome do desconforto
pós-prandial); saciedade precoce (incapacidade de terminar uma refeição de tamanho
normal, também classificada como síndrome do desconforto pós-prandial); dor epigástri-
ca ou queimação (classificada como síndrome de dor epigástrica) (116).
ENTREVISTA ANORMALIDADES
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Dispepsia associada à dor em queimação retroesternal e Podem indicar doença do refluxo gastroesofágico, com ne-
regurgitação. Principalmente quando esses sintomas são as cessidade de avaliação médica, endoscópica e diagnóstica, e
queixas predominantes. instituição de tratamento crônico.
Dispepsia associada à dor abdominal epigástrica associada Pode indicar doença crônica maligna, com necessidade de
à anemia, fadiga, perda de peso. investigação causal, e exclusão de doenças subjacentes.
Dispepsia associada à dor abdominal superior aguda grave Pode indicar colelitíase sintomática, particularmente se dor
episódica, geralmente na região epigástrica ou no quadran- irradiar para as costas ou escápula, associada com inquieta-
te superior direito. ção, sudorese, ou vômitos.
Dispepsia associada a alimentação. Pode indicar úlceras, gástricas e duodenais.
Reduzir sintomas gástricos, sensação de queimação e desconforto pós-prandial. Normalizar a função gás-
trica e revenir novos episódios.
Que tratamentos eu posso recomendar? 53
CRIANÇAS
Orientações gerais
• Hábitos alimentares:
□□ Evitar gatilhos, como: excesso de lactose, compostos cítricos, picantes, ou alimentos com alto teor
de gordura, bebidas com cafeína ou gaseificadas, sorbitol (encontrado em doces sem açúcar e goma).
Orientações gerais
• Hábitos alimentares:
□□ Evitar gatilhos, como: excesso de lactose, compostos cítricos, picantes, ou alimentos com alto teor
de gordura, bebidas com cafeína ou gaseificadas, sorbitol (encontrado em doces sem açúcar e goma).
Primeira escolha
• Hidróxido de Alumínio
• Hidróxido de Magnésio (suspensão 400 mg/ 5 ml): 5-15 ml VO, conforme necessário, 1h após as refei-
ções, até 4 x/dia.
□□ Suspensão
Segunda escolha
• Sal de fruta ENO® - bicarbonato de sódio + carbonato de sódio + ácido cítrico (2,3g + 0,5g + 2,25g /
5g) – 1-2 envelopes dissolvidos em 2/3 de um copo com água.
• Estomazil® - bicarbonato de sódio + citrato de potássio + citrato de sódio + ácido cítrico + carbona-
to de sódio /5 g - 1-2 envelopes dissolvidos em 2/3 de um copo com água.
• Sonrisal® - carbonato de sódio 0,4 g + ácido acetilsalicílico 0,325 g + ácido cítico 1,5 g + bicarbonato
de sódio 1,7 g / comprimido ou envelope – 1-2 cpr ou envelopes quando necessário.
Contraindicações
Antiácidos devem ser utilizados com cautela em pacientes com doença renal, histórico de úlcera gastrointestinal,
gestantes e suspeita de apendicite.
Pacientes em uso de antiácidos devem ser orientados que sintomas de hemorragia interna, secundária ao
uso de anti-inflamatórios não-esteroides podem ser mascarados e que doses elevadas ou o uso prolonga-
do podem desencadear hipersecreção gástrica e efeito rebote.
DOR DE CABEÇA (37–44) 55
O que é?
Dor de cabeça é uma queixa comum na farmácia comunitária. De maneira geral, o termo abrange diversos
tipos de dores: em um ou em ambos os lados da cabeça, isoladas ou irradiantes, latejantes, dentre outras. O
sintoma pode aparecer repentinamente ou de maneira gradual, e pode durar menos de uma hora ou durante
dias. Pelo menos 63 milhões de brasileiros de todas as idades sofrem com dores de cabeça frequentes.
• Alterações hormonais
• Atividade física irregular A maioria dos medicamentos pode causar dor de cabe-
ça no inicio do tratamento, essa tende a ser passageira,
• Consumo excessivo de álcool, cafeína, nitritos, entretanto, se persistente e/ou intolerável a farma-
nitratos, chocolate
coterapia do paciente deve ser avaliada, e os medica-
• Doenças sistêmicas (quadro infecciosos) mentos utilizados descontinuados individualmente,
sob supervisão médica, até a descoberta do agente
• Estresse, tensão, períodos de atividades intensa
causador.
Manual 6 . Autocuidado
• Mudança de altitude
• Mudanças climáticas
• Mudanças de horários (trabalho, sono)
• Mudanças dietéticas
• Mudanças no padrão de sono (insonia, hipersonia)
• Problemas de refração visual
• Vivência de perdas ou mudanças (morte, separa-
ção, divórcio, mudança de emprego)
56 O que devo perguntar ao paciente?
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Você tem algum outro sintoma associado? • Dor facial associada • Sinusite
a congestão nasal e
• Você apresentou alguma sensação visual estra-
rinorreia.
nha, ou alguma outra alteração antes da dor?
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Dor de cabeça constante associada a pontadas, altamente Podem indicar quadro de cefaleia em salvas, com necessi-
debilitante, com intensidade máxima em pucos minutos, e dade de abordagem de resgate por via de administração
duração limitada. rápida.
Necessidade de avaliação diagnóstica, e tratamento causal
Dor de cabeça intensa ou recorrente em crianças.
adequado.
Podem indicar quadro de sinusite. O tratamento sintomá-
Dor de cabeça, particularmente dor fácil, associada à con- tico para dor pode ser instituído, entretanto, nos casos de
gestão nasal e rinorreia. dor forte, ou febre, o paciente deve ser encaminhado para
avaliação médica diagnóstica.
Pode indicar crise de enxaqueca, com necessidade de ava-
Dor moderada a grave, associada a náuseas e vômitos e/ou liação médica pormenorizada e instituição de tratamento
fotofobia e/ou fonofobia. com medicamentos tarjados e/ou por via de administração
mais rápida que a oral.
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO 57
Crises de enxaqueca frequentes de longa duração, ou asso- Indicam a necessidade de avaliação médica e instituição de
ciadas a incapacidade importante. terapia profilática.
Dores de início súbito, ou persistente que atingem intensi- Necessidade de investigação rápida e agressiva. Como
dade máxima em poucos segundos ou minutos após o início exemplo hemorragias subaracnoides ou infecções do siste-
da dor. Descrições como “A pior dor da minha vida” ou “nuca ma nervoso central, condições de urgência, podem levar a
senti isso” exigem encaminhamento e investigações rápidas. dor de cabeça excruciante de início súbito.
Dor de cabeça acompanhada de alterações sensoriais, do Podem indicar quadro de acidente vascular cerebral, exi-
estado mental, do nível de consciência. gem encaminhamento urgente.
Pode indicar quadro de cefaleia em salvas, com necessidade
Dor de cabeça intensa associada a sinais autonômicos ipsi-
de intervenção farmacoterapêutica rápida, com medica-
laterais, como lacrimejamento ou rinorreia.
mentos tarjados (triptanos).
Novos episódios de dor de cabeça em crianças <5 anos e Se recorrentes e/ou persistentes podem indicar doença
adultos >50 anos. subjacente.
Pode indicar quadro de infecção sistêmica ou localizada. A
Dor de cabeça associada febre. febre pode induzir a dor de cabeça. Necessidade de avalia-
ção médica para investigação.
Necessidade de avaliação médica pormenorizada, e possível
Dor crônica (>15 episódios por mês)
instituição de terapia profilática.
Dor associada a alterações visuais (visão prejudicada ou Pode sugerir a problemas de refração visual ou glaucoma,
“buracos” em torno de luz). necessidade de investigação e tratamento da causa basal.
Dor associada à embaçamento da visão com flexão da cabe-
Pode indicar quadro de hipertensão intracraniana, condição
ça para frente. Do matinal, que melhora na posição sentada.
de urgência médica, que exige encaminhamento imediato.
Visão dupla ou perda de coordenação e equilíbrio.
Tratamento
Cefaleia tensional sintomático
até 9 dias/mês
Aguda
Manual 6 . Autocuidado
Enxaqueca
<15 episódios mês
Além desse limite
Cefaleia em salvas
Dor de cabeça
Crônica Encaminhamento
> 15 episódios/mês médico
58 O que o paciente precisa saber ao receber um tratamento?
• Dor de cabeça tensional pode ser associada a transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade, e nes-
ses casos analgésicos apresentam pouco ou nenhum efeito. O tratamento da condição basal é fundamental.
• Tratamento preventivo é recomendado para pacientes com sintomas frequentes, recorrentes, de longa du-
ração ou com limitação funcional importante.
CRIANÇAS
Orientações gerais
Dores de cabeça são queixas comuns durante a infância, e podem estar associadas a quadros infecciosos
ou febris, tensões familiares ou escolares e enxaquecas. De maneira geral a abordagem farmacêutica, deve
ser destinada a quadros agudos, de intensidade leve a moderada. Quadros recorrentes ou intensos exigem
avaliação médica pormenorizada para diagnóstico diferencial e instituição terapêutica rápida.
Analgésica
• Paracetamol (Tylenol®)
□□ Gotas 200 mg/ml – 15 ml: 1 gota/ Kg de peso/ dose (por exemplo: uma criança com 10 Kg deve-
rá tomar 10 gotas, com 15 Kg tomará 15 gotas e assim por diante), até o limite de 35 gotas por
dose. Essa administração pode ser repetida 4-5 x/dia, com intervalos de 4-6 horas não devendo
ultrapassar 5 administrações em 24 horas.
• Dipirona (Novalgina®)
°° Crianças <5 anos e lactentes: 3-5 gotas em água, até 5 vezes ao dia.
°° 5-8 kg (3 a 11 meses): dose única 1,25-2,5. Dose máxima diária 10 ml (4 tomadas x 2,5 ml).
°° 9-15 kg (1 a 3 anos): dose única 2,5 a 5. Dose máxima diária 20 ml (4 tomadas x 5 ml).
°° 16-23 kg (4 a 6 anos): Dose única 3,75 a 7,5 ml. Dose máxima diária 30 ml (4 tomadas x 7,5 ml).
59
°° 24-30 kg (7 a 9 anos): Dose única 5 a 10 ml. Dose máxima diária 40 (4 tomadas x 10 ml).
°° 31-45 kg (10 a 12 anos): Dose única 7,5 a 15 ml. Dose máxima diária 60 ml (4 tomadas x 15
ml).
°° 46-53 kg (13 a 14 anos): Dose única 8,75 a 17,5. Dose máxima diária 70 (4 tomadas x 17,5 mL).
°° Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia,
não excedendo o máximo de 40 gotas/dose.
°° Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 20 gotas/dose.
*O tratamento para dor de cabeça em crianças, geralmente preconiza dose única. Se doses continuadas
são necessárias, o tratamento não deve ultrapassar 3 dias, com necessidade de encaminhamento médico,
se ausência de melhora no período.
ADOLESCENTES E ADULTOS
Primeira linha
Dor leve
• Dipirona (Novalgina®)
□□ Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia.
□□ Gotas 100 mg/mL: 200 mg (20 gotas) - 800 mg (80 gotas), não devendo exceder a dose máxima
diária de 3.200 mg.
□□ Comprimido - 200 mg: 1-2 cpr, 4-6 x/dia. Não exceder dose máxima de 6 cpr/dia.
°° Crise enxaqueca leve a moderada: 750 mg ao primeiro sintoma de crise iminente, 250-
500 mg adicionais podem ser administrados no decorrer do dia, se necessário, mas não
antes de meia hora da dose inicial. A dose diária de 1250 mg não deve ser excedida.
□□ Comprimido revestido 100 mg: 200 mg em dose única. Se necessário terapia de manutenção,
utilizar 100 mg 12/12h. Se necessária terapia de manutenção utilizar 2 cápsulas 2 x/dia, às refei-
ções; ou 1 cápsula 3 vezes ao dia às refeições.
□□ Solução 20 mg/ml: 50-100 gotas em dose única, se necessário terapia de manutenção, utilizar 50
gotas a cada 6 ou 8 horas.
□□ Comprimidos 500 mg: 2 cpr em dose única. Se necessário, repetir a cada 4 a 8 horas, não exce-
dendo 8 comprimidos por dia.
Dor moderada
• Paracetamol + cafeína (Tylenol DC® / Sonridor Caf®): 2 comprimidos de 6/6 horas enquanto persisti-
rem os sintomas ou a critério médico. Não ingerir mais de 8 cpr em 24 horas.
Segunda linha
Dor leve
• Paracetamol (Tylenol®)
IDOSOS
As doses geriátricas são as mesmas recomendadas para adulto, entretanto, o tratamento deve ser iniciado
com as menores doses possíveis, e monitorado cautelosamente, visto a maior possibilidade de eventos
adversos. Contudo, algumas considerações devem ser feitas nesse sentido:
• Analgésicos como o paracetamol e a dipirona devem ser privilegiados visto seu menor potencial de in- 61
terações e melhor perfil de segurança. Ibuprofeno podem aumentar a pressão arterial e interagir com
anti-hipertensivos, portanto durante a vigência desses medicamentos pacientes hipertensos devem
ser monitorado.
• Analgésicos não-esteroidais e a aspirina devem ser evitados em pacientes com risco de sangramento
gastrointestinal (histórico de úlcera gastroentérica ou hemorragia digestiva alta, uso crônico de corti-
costeroides e intolerância prévia a classe).
• Analgésicos não-esteroidais e cafeína devem ser utilizados com cautela em pacientes hipertensos,
podendo levar a aumento pressórico transitório. Sempre que possível outras alternativas devem ser
privilegiadas.
• Orfenadrina apresenta efeito anticolinérgico e, por conseguinte risco de sedação e quedas em idosos.
Seu uso deve ser restrito nessa população.
ABUSO DE ANALGÉSICOS
O uso crônico de analgésicos, por mais de 3 meses, pode ser responsável pelo desenvolvimento de síndro-
me de cefaleia crônica, denominada medication overuse headache (MOH) ou cefaleia pelo uso abusivo de
analgésicos, com prevalência de 1-2% na população em geral. Esse transtorno se caracteriza por sensibili-
zação central e quadro de cefaleia em mais de 15 dias ao mês, é geralmente precedido por um transtorno
de dor de cabeça episódica, geralmente enxaqueca ou cefaleia do tipo tensional, tratada de maneira fre-
quente (2-3 x/semana) com medicamentos sintomáticos.
• Explique ao paciente que o uso crônico de analgésicos em vez de melhorar a dor de cabeça, esta geran-
do sintoma rebote, e que sua retirada é aconselhável.
• Aconselhe a utilização de um AINE de longa duração, como o naproxeno para uso intermediário, 9-15
dias mês, com posterior redução gradual para o mínimo necessário.
• Acompanhe o paciente nesse processo, a utilização de um diário para dor, pode ser indicada.
• Em casos de dores frequentes ou altamente debilitantes, mesmo após a retirada, ou que impossibili-
tem o sucesso desse processo, tratamento profilático é altamente aconselhável. Para tal, encaminhe o
paciente ao médico, descrevendo o quadro sintomático e as intervenções realizadas.
Outra situação não incomum é uso regular de ergotamina (medicamento tarjado), o paciente muitas vezes
pode querer comprar outro medicamento para sua dor de cabeça ou enxaqueca, pois esse já não é suficien-
Manual 6 . Autocuidado
• O uso crônico de ergotamina esta associado a eventos adversos importantes, como aumento do risco
de doenças cardiovasculares, e indução de MOH.
• Ressalte que o uso frequente do medicamento pode induzir a piora da resposta terapêutica, e que a
adição de um analgésico não soluciona o problema, siga as recomendações anteriores para a retirada
do medicamento.
62
DORES MUSCULARES (45,46)
O que é?
Mialgia, ou dor muscular, é uma queixa comum entre os adultos que procuram
a farmácia. De maneira geral, a maioria das pessoas irá ter dor muscular em al-
gum momento de sua vida. Esforço excessivo, trauma e infecções virais estão
entre as causas mais comuns.
• Vasculite
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Há quanto tempo você está sentindo dor muscular? Características Associação possível
• A dor está associada a dor em outro lugar? É perto CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL
de articulações?
• Dor de início • Polimialgia
• A dor piora no período da manhã? agudo no pescoço, reumática
ombros, braços,
• Existe vermelhidão, inchaço, calor ou dor na área
nádegas e coxas em
da dor muscular?
idosos, que piora no
• Você praticou alguma atividade física diferente da período da manhã.
intensidade usual?
• Dor subaguda asso- • Mialgias induzidas
• Apresentou algum trauma ou lesão? ciada à fraqueza por medicamentos
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Piomiosite, abscesso, infarto do músculo ou síndrome comparti-
Dor associada à vermelhidão, inchaço, calor ou dor mental podem causar dor muscular focal. Piomiosite e abscesso
local. podem causar achados inflamatórios localizados também. Necessi-
dade de avaliação médica diagnóstica.
Pode indicar mialgia induzida por estatinas (pode se desenvolver
Dor subaguda proximal associada à fraqueza muscu-
semanas ou meses após início do tratamento), necessidade de
lar simétrica.
exames laboratoriais e avaliação médica diagnóstica.
Pode indicar quadro de polimialgia reumática, associada a quadro
Dor muscular associada a dor articular. de artrite reumatoide descompensado ou não diagnosticado. Ne-
cessidade de avaliação médica diagnóstica e terapêutica.
Dor muscular associada a prisão de ventre, fadiga e Sintomas podem indicar hipotireoidismo, com necessidade avalia-
ganho de peso. ção médica diagnóstica e terapêutica.
Pode indicar quadro de infecção local ou sistêmica. Necessidade
Dor muscular associada a erupções cutâneas e/ou
de encaminhamento para diagnóstico e instituição de terapia
febre.
adequada.
Dor muscular associada a hiperpigmentação e/ou Pode indicar quadro de insuficiência adrenal, com necessidade de
hipotensão postural. investigação diagnóstica.
Pode indicar quadro de fibromialgia associada a quadro depressivo
Dor generalizada associada a sintomas psiquiátricos
descompensado ou não diagnosticado. Necessidade de avaliação
Manual 6 . Autocuidado
CRIANÇAS
Orientações gerais
• Quadro geralmente associado a infecções virais ou bacterianas. Para tal, a recomendação de repouso
e ingestão adequada de líquidos é importante.
Analgésica
• Paracetamol (Tylenol®)
□□ Gotas 200 mg/ml – 15 ml: 1 gota/ Kg de peso/ dose (por exemplo: uma criança com 10 Kg deve-
rá tomar 10 gotas, com 15 Kg tomará 15 gotas e assim por diante), até o limite de 35 gotas por
dose. Essa administração pode ser repetida 4-5 x/dia, com intervalos de 4-6 horas não devendo
ultrapassar 5 administrações em 24 horas.
• Dipirona (Novalgina®)
°° Crianças <5 anos e lactentes: 3-5 gotas em água, até 5 vezes ao dia.
°° 5-8 kg (3 a 11 meses): dose única 1,25-2,5. Dose máxima diária 10 ml (4 tomadas x 2,5 ml).
°° 9-15 kg (1 a 3 anos): dose única 2,5 a 5. Dose máxima diária 20 ml (4 tomadas x 5 ml).
°° 16-23 kg (4 a 6 anos): Dose única 3,75 a 7,5 ml. Dose máxima diária 30 ml (4 tomadas x 7,5
ml).
°° 24-30 kg (7 a 9 anos): Dose única 5 a 10 ml. Dose máxima diária 40 (4 tomadas x 10 ml).
°° 31-45 kg (10 a 12 anos): Dose única 7,5 a 15 ml. Dose máxima diária 60 ml (4 tomadas x 15
ml).
°° 46-53 kg (13 a 14 anos): Dose única 8,75 a 17,5. Dose máxima diária 70 (4 tomadas x 17,5 mL).
°° Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia,
não excedendo o máximo de 40 gotas/dose.
°° Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 20 gotas/dose.
*Devido a seu perfil de segurança desfavorável ou pouco estudado em pediatria, relaxantes musculares,
em monoterapia ou associação com analgésicos apresentam uso restrito em crianças e devem ser utiliza-
dos apenas sob supervisão médica.
65
ADOLESCENTES E ADULTOS
Primeira linha
Analgésicos orais
• Paracetamol (Tylenol®)
• Dipirona (Novalgina®)
□□ Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia.
□□ Gotas 100 mg/mL: 200 mg (20 gotas) - 800 mg (80 gotas), não devendo exceder a dose máxima
diária de 3.200 mg.
□□ Comprimido - 200 mg: 1-2 cpr, 4-6 x/dia. Não exceder dose máxima de 6 cpr/dia.
• Cetoprofeno (Profenid®)
□□ Comprimido revestido 100 mg: 200 mg em dose única. Se necessário terapia de manutenção,
utilizar 100 mg 12/12h. Se necessária terapia de manutenção utilizar 2 cápsulas 2 x/dia, às refei-
ções; ou 1 cápsula 3 vezes ao dia às refeições.
□□ Solução 20 mg/ml: 50-100 gotas em dose única, se necessário terapia de manutenção, utilizar 50
gotas a cada 6 ou 8 horas.
□□ Gel 25mg/g: Aplicar sobre área dolorida 2 a 3 x/dia, massageando suavemente por alguns minu-
tos. A quantidade de gel deve ser ajustada para que possa cobrir a área afetada, não excedendo
15 g por dia (7,5 gramas de cetoprofeno, que correspondem a aproximadamente 14 cm de gel).
O tratamento deve ser mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma
semana.
66
• Diclofenaco Dietilamônio (Adulto)
□□ Gel ou gel creme 10 mg/g: Aplicar sobre a área dolorida 3 a 4 x/dia, massageando suavemente por
alguns minutos. A quantidade necessária depende do tamanho da região afetada. O tratamento
deve ser mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.
□□ Aerossol 11,6 mg/g (correspondente a 10mg/g de Diclofenaco potássico): Aplicar sobre a área
dolorida 3 a 4 x/dia. A quantidade necessária depende do tamanho da região afetada. O trata-
mento deve ser mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma sema-
na.
□□ Emplastro 140 mg (10x14 cm): Um emplastro medicamentoso deve ser aplicado na área doloro-
sa duas vezes por dia, de manhã e à noite. A dose diária máxima é de 2 emplastros medicamento-
sos, mesmo que exista mais do que uma área lesada para ser tratada. Portanto, apenas uma área
dolorosa pode ser tratada ao mesmo tempo.
• Etofenamato (Adulto)
□□ Gel 50 mg/g: Aplicar sobre a área dolorida 3 a 4 x/dia (5 a 10 cm de gel, dependendo do local a
ser tratado), massageando suavemente por alguns minutos O tratamento deve ser mantido até
o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.
□□ Aerossol (0,0333mL + 0,0333g + 0,0083g + 0,0833mL / mL): Aplicar sobre a área dolorida
2 a 3 x/dia. Durante a aplicação evitar inalação e proteger os olhos. O tratamento deve ser
mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.
□□ Linimento (75,0mg + 57,6mg + 14,4mg + 125,5mg / mL): Aplicar uma pequena porção do lini-
mento na região afetada massageando-a, de 1 a 3 x/dia. O tratamento deve ser mantido até o
desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.
□□ Pomada (52,50mg + 44,40mg + 20,0mg + 191,47mg): Friccionar sobre a área dolorida por
alguns minutos e repetir 2 ou 3 x/dia, até melhora da dor. O tratamento deve ser mantido até
o desaparecimento dos sintomas, não devendo exceder uma semana.
□□ Pomada 50 mg/g: Friccionar sobre a área dolorida por alguns minutos 1 ou 2 x/dia, até melho-
ra da dor. O tratamento deve ser mantido até o desaparecimento dos sintomas, não devendo
exceder uma semana.
□□ Pomada (0,0444mL + 0,0444g + 0,0200g): Friccionar sobre a área dolorida por alguns minu-
tos 2 ou 3 x/dia, até melhora da dor. O tratamento deve ser mantido até o desaparecimento
dos sintomas, não devendo exceder uma semana.
67
Segunda linha
□□ Solução oral (gotas) (300 mg + 35 mg + 50 mg) / ml - frascos com 20 mL: 30 a 60 gotas, 3 a 4 vezes
ao dia por 3-5 dias.
□□ Contraindicado nos casos de miastenia gravis, discrasias sanguíneas, porfiria aguda intermiten-
te, gastrites, duodenites, úlceras gástricas ou duodenais, hipertensão, cardiopatias, nefropatias
e hepatopatias.
□□ Podem induzir a distúrbios gastrintestinais como dispepsia, dor epigástrica, náuseas e vômitos.
Ocasionalmente, podem ocorrer cefaleia, tonturas, irritabilidade e insônia.
IDOSOS
As doses geriátricas são as mesmas recomendadas para adulto, entretanto, o tratamento deve ser iniciado
com as menores doses possíveis, e monitorado cautelosamente, visto a maior possibilidade de eventos
adversos. Considere as seguintes dicas:
• Analgésicos como o paracetamol e a dipirona devem ser privilegiados em prol de associações, que
apresentam perfil de segurança questionável em idosos,
Manual 6 . Autocuidado
• Orfenadrina apresenta efeito anticolinérgico e, por conseguinte risco de sedação e quedas em idosos.
Seu uso deve ser restrito nessa população.
O que é?
A escabiose (“coceira” ou “sarna”) é uma infestação da pele pelo ácaro Sarcoptes Scabiei, que resulta em erupções
cutâneas intensamente pruriginosas, com um padrão de distribuição característico. A transmissão de sarna ge-
ralmente é de pessoa para pessoa pelo contato direto.
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Ela coça? O sintoma piora no período noturno? • Lesões inflamató- • Infecção bacteriana
rias, dolorosas com secundária
• Como a lesão se espalhou?
eventual formação
• Você notou alterações na cor da pele? de pus.
• Quais são as regiões do corpo afetadas? • Lesões bem deli- • Tinea corporis
mitadas, com local
• Você fez alguma viagem e se hospedou em locais definido e forma
com problemas de higiene? anelar.
• Mais alguém na sua família está tendo sintomas • Lesões dissemi- • Infecções virais
semelhantes? nadas por todo o
corpo, associadas
• Você já utilizou algum medicamento para isso?
a sintomas sistê-
Qual? Funcionou?
micos.
Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico? 69
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Pode indicar infecção bacteriana secundária, com neces-
Inflamação intensa, com formação de placas de pus, ou
sidade de avaliação médica e instituição de tratamento
lesões de grande extensão.
sistêmico.
Lesões corporais disseminadas, associadas a sintomas sistê- Podem indicar condições sistêmicas, infecções virais: ex:
micos, como febre, fadiga e astenia. catapora.
Lesões localizadas associadas a gatilhos específicos. Podem indicar reações alérgicas, como urticárias.
Erradicação dos ácaros, com cessação dos sintomas, e recuperação do aspecto visual e fisiológico da pele.
TODAS AS POPULAÇÕES
Primeira linha
• Permetrina tópica – loção cremosa 5% - 60 ml (Keltrina plus® / Pioletal plus® / Nedax plus®)
□□ O couro cabeludo, pescoço, têmporas e testa podem ser infestados em crianças e pacientes geri-
átricos. Nestas populações, a permetrina, também deve ser aplicada ao couro cabeludo e na face,
poupando os olhos e a boca.
□□ O creme deve ser removido por lavagem (chuveiro ou banheira), após 8 a 14 horas.
*A permetrina 5% creme parece ser segura e eficaz, mesmo quando aplicada em crianças com menos de um
mês de idade infectadas com sarna neonatal.
• Reforçar que o uso do medicamento deve ser exclusivamente externo; em caso de contato com os
olhos, lavar abundantemente com água corrente.
70
• Orientar para usar sabonetes neutros, pois sabonetes escabicidas aumentam o risco de irritação.
• Alertar para aplicar com cuidado nos espaços interdigitais e não lavar as mãos após a aplicação.
• Orientar troca diária de roupas e roupas de cama; ensinar a ferver as roupas e passar a ferro bem
quente para não haver reinfestação.
• Alertar que, após o tratamento da escabiose, o prurido pode permanecer por algumas semanas, o que
isso raramente significa falha da terapêutica, não sendo necessária a repetição do tratamento.
E se a coceira persistir?
*Lembre-se que anti-histamínicos de primeira geração devem ser utilizados com cautela em
crianças e idosos, devido aos seus riscos associados de efeito paradoxal e anticolinérgico.
INSÔNIA E DIFICULDADES PARA DORMIR (53,54) 71
O que é?
Pacientes com insônia apresentam disfunção diurna devido à dificuldade em iniciar o sono, dificuldade
em manter o sono, ou acordar de manhã cedo, sem capacidade de voltar a dormir. Isso ocorre apesar de
ter tempo e oportunidade adequada para o sono. A insônia pode ser uma condição independente ou um
distúrbio do sono secundário a uma condição médica, doenças psiquiátricas, distúrbios do sono, medica-
mentos ou desordens independentes.
Insônia crônica
Sintomas ocorrem pelo menos três vezes por semana durante três meses ou
mais e não estão relacionadas a uma oportunidade inadequada para o sono
(não relacionados com a restrição do sono) ou ambiente inapropriado sono,
Manual 6 . Autocuidado
ou outro distúrbio do sono. Inclui tanto uma latência para pegar no sono de 20
minutos ou mais em crianças e adultos jovens ou 30 minutos ou mais em ido-
sos; ou períodos de despertar prolongados de 20 minutos ou mais em crianças
ou jovens adultos ou 30 minutos ou mais em adultos mais velhos.
Pacientes que se queixam de dificuldade para iniciar ou manter o sono, mas não
preenchem todos os critérios para tanto a insônia de curto prazo ou crônica.
72 Quais as consequências da insônia?
• Alterações na qualidade de vida, com fadiga, sonolência, confusão, tensão, ansiedade e depressão, em
comparação com os controles.
ENTREVISTA ANORMALIDADES
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Insônia associada a condições sistêmicas descompensadas,
Necessidade de tratamento da causa basal.
como quadro álgico ou psiquiátrico
Insônia associada a dor de cabeça, alterações cognitivas, Quadro neurológico, necessidade de investigação porme-
visuais ou na fala norizada.
Quadro crônico não responsivo a medicamentos isentos de Necessidade de investigação diagnóstica e mudança na
prescrição. farmacoterapia.
73
Quais são os objetivos do tratamento?
Reduzia a latência do sono, melhorar a constância do sono, reduzir o tempo necessário para despertar.
TODAS AS POPULAÇÕES
Orientações gerais
• Higiene do sono
□□ Dormir apenas o quanto você precisa para se sentir descansado e, em seguida, sair da cama
□□ Não assistir televisão, ler, comer, ou se preocupar, enquanto está na cama. Use a cama apenas
para dormir e fazer sexo.
□□ Levantar se não adormecer dentro de vinte minutos e ir para outro local da casa. Volte para a
cama somente quando estiver com sono. Repita este passo quantas vezes forem necessárias du-
rante toda a noite.
Manual 6 . Autocuidado
□□ Defina um despertador para acordar em um horário fixo todas as manhãs, incluindo finais de semana.
Farmacoterapia
• Passiflora incarnata L + Crataegus oxyacantha L + Salix alba L (100mg + 30mg + 100 mg) Adultos: 1-2
comprimidos revestidos, 1 ou 2 x/ dia.
• Passiflora alata + Erythrina mulungu + Leptolobium elegans + Adonis vernalis (80mg + 60mg+ 20mg
+ 20 mg) (Ritmoneuran®)
*De modo geral o tratamento para insônia em crianças deve ser não medicamentoso. Orientado para hi-
giene do sono e medidas relaxantes antes de dormir, como massagens e afago.
Anti-histamínicos de primeira geração, ou seus derivados (dimenidrato) principalmente por seu efeito depressor
do sistema nervoso central, em muitas condições são utilizados cronicamente para o tratamento da insônia. En-
tretanto, o seu perfil de segurança questionável, bem como a ausência de estudos que comprovem sua eficácia
para essa função, contraindicam esses medicamentos para o tratamento da insônia. O paciente deve ser orien-
tado quanto a medidas não farmacológicas possíveis, e se necessário, uma nova terapia para manejo da insônia,
como a valeriana, pode ser instituída.
MEDICAMENTOS PARA VIAGENS (17) 75
Por quê?
• Para onde é a viagem? (De maneira geral, mudanças climáticas importantes podem predispor a vulne-
rabilidade imunológica e infecções virais)
• Qual a sua idade e das pessoas que irão viajar? (Crianças apresentam maior risco de infecções virais,
adultos normalmente apresentam afecções ligadas a mudanças de hábitos alimentares, como dispep-
sia ou condições gastrointestinais).
• Qual o motivo da viagem? (Viagens de férias normalmente estão associadas a exageros no que tange
ao aspecto alimentar e ao consumo de bebidas alcoólicas).
• Quais são as afecções que você normalmente costuma ter? (Pacientes específicos apresentam predis-
posições características para determinadas patologias, isso normalmente depende de características
genéticas, anatômicas e ambientais, assim um paciente que normalmente tem sinusite, dor de gargan-
ta ou alergia apresenta uma elevada chance de desenvolver a condição em viagem longa associada a
fatores estressantes (físicos, psicológicos, alimentares).
Regras gerais
1) Selecione medicamentos para condições comuns:
Antialérgicos Diarreia
Anti-inflamatórios Constipação
Proporcionar aos pacientes medicamentos para as condições mais comuns durante uma viagem longa.
76
Opções terapêuticas
Dipirona Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia.
Solução 2,5 mg/ml: 20-40 ml (50 a 100 mg) a cada 4-6 h, não exceden-
do 160 ml (400 mg) em 24 horas.
Alergia
Xarope 1 mg/ml 100 ml: 10 mL (10 mg), 1 x/dia, quando necessário.
Loratadina (Claritin®)
Comprimidos 10 mg: 1 cpr (10 mg), 1 x/dia, quando necessário.
• Solução oral 2,8 mg/ml - frasco 10 ml, 20 ml ou 30 ml
□□ Adultos: 20 gotas 3 a 4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima
de 12 mg/dia (ou seja, 120 gotas/dia). Para alguns pacientes,
a dose diária máxima de 6 mg, (ou seja, 60 gotas/dia) é sufi-
ciente.
□□ No caso de esquecimento de alguma dose, oriente seu pa-
ciente a tomar a dose assim que possível, reajustar os horá-
rios de acordo com esta última tomada e continuar o trata-
Dexclorfeniramina (Polaramine®) Efeitos anticolinérgicos: restrição em idosos
mento de acordo com os novos horários programados. Não é
recomendado ingerir duas doses de uma só vez.
• Solução oral 2,0 mg/5ml – frasco 100-120 ml
□□ Adultos - 5 ml, 3 a 4 x/ dia. Não ultrapassar a dose máxima de
12 mg/dia. Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6
mg é suficiente.
• Comprimido 2 mg: 1 cpr 3-4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima
de 12 mg/dia.
77
Manual 6 . Autocuidado
78
*A indicação deve ser individualizada de acordo com as necessidades individuais. Medicamentos como descongestionantes nasais ou comprimidos associados para o ma-
nejo da gripe podem ser utilizados – ver tópico gripe/resfriado. As doses apontadas na tabela são indicadas para adultos, em pediatria, individualização de posologia deve
ser realizada de acordo as necessidades.
ONICOMICOSE (TINEA UNGUIUM) (55–59) 79
O que é?
Onicomicoses referem-se a infecções na unha causadas por qualquer fungo, incluindo leveduras e fungos
filamentosos não-dermatófitos. Onicomicose dermatofítica (tinea ungueal) ocorre em três formas princi-
pais: subungueal distal, subungueal proximal e superficial. Uma ou várias unhas podem ser afetadas, rara-
mente todas. Grande parte dos pacientes afetados tem ou já tiveram Tinea Pedis também. A maioria dos
casos de onicomicose é devido a dermatófitos, no entanto, muitos casos são devido à leveduras.
Alguns fatores podem predispor o desenvolvimento de Apesar de onicomicose ser geralmente uma
onicomicoses, e merecem atenção, para tratamento precoce. preocupação estética, ela também pode causar
São eles:
desconforto físico, como: dor crônica ou aguda
• Diabetes exacerbada pelo corte de unhas, pressão de cal-
• Idade avançada çados ou roupas de cama. Além disso, em pacien-
tes com diabetes ou outros estados imunocom-
• Imunodeficiência
prometidos, onicomicose pode aumentar o risco
• Natação
de infecções bacterianas tais como a celulite.
• Predisposição genética
• Psoríase
• Tinea pedis (associação com Tinea pedis indica o trata-
mento adequado da condição pode evitar onicomicoses)
• Viver com membros da família que têm onicomicose
Tipos de onicomicose
ENTREVISTA ANORMALIDADES
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Inflamação intensa, com formação de placas de Pode indicar infecção bacteriana secundária, com necessidade de ava-
pus e dor. liação médica e instituição de tratamento sistêmico.
Ausência de resposta a tratamento tópico. Indica a necessidade de tratamento sistêmico para manejo da condição.
Curar a infecção fúngica, propiciando o desaparecimento dos sintomas e a retomada das características
da unha.
• Pacientes com história de celulite, especialmente se repetida, da extremidade inferior ipsilateral, com oni-
comicose.
• Pacientes com diabetes e onicomicose de unha com fatores de risco adicionais para a celulite (ex, celulite
prévia, insuficiência venosa, edema).
ADULTOS E IDOSOS
Primeira Linha
□□ O esmalte deve ser aplicado na unha afetada da mão ou do pé 1-2 x/semana, da seguinte forma:
1. Antes de aplicar o produto, lixar a área afetada da unha o mais profundamente possível, com auxílio de
uma lixa. As lixas utilizadas nas unhas afetadas não devem ser utilizadas em unhas sadias.
2. Limpar e desengordurar a superfície da unha com uma das compressas embebidas em álcool isopropí-
lico ou removedor de esmalte comum.
3. Este processo deve ser repetido antes de qualquer nova aplicação, visando eliminar os resíduos de
medicamento da aplicação anterior.
Segunda Linha
O que é?
Pediculose capilar, pediculose corporal e pediculose pubiana e ciliar são doenças provocadas por infes-
tação de uma das três variedades de piolhos: phthirus pubis, pediculosis humanus capitis e pediculosis
humanus corporis, que infestam especialmente seres humanos.
Pediculose capilar
A pediculose capilar é causada pelo Pediculus humanus capitis. A maioria das in-
festações por piolhos são assintomáticas; algumas crianças podem abrigar uma
colônia surpreendentemente grande de piolhos sem sintomas aparentes. Pru-
rido intenso (comichão) do couro cabeludo, pescoço e orelhas podem ocorrer
como uma reação alérgica a saliva de piolhos, que é injetada durante a alimenta-
ção. Linfonodos cervicais e da nuca estão frequentemente aumentados e episó-
dios febris associados à infecção estafilocócica secundária pode ocorrer.
Pediculose corporal
A pediculose corporal é um problema associado a pobres condições de higiene
e aglomerações. Pediculus humanus, seu agente etiológico, serve como vetor de
doenças como tifo, febre das trincheiras e febre recorrente. A coceira é a queixa
principal, embora algumas pessoas não pareçam se incomodar com a infestação.
Os sinais podem ser limitados a escoriações lineares no tronco e no pescoço, jun-
tamente com hiperpigmentação.
ENTREVISTA ANORMALIDADES
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Piolhos corporais associados à dor de cabeça intensa, febre Pode indicar doenças sistêmicas transmitidas por piolhos,
alta sustentada, tosse, exantema, dor muscular grave. como tifo epidêmico, febre das trincheiras e febre recorrente.
Prurido associado a lesões e gatilhos específicos. Ausência Pode indicar casos de dermatite alérgica, ou de contato,
visual de piolhos. associada a fator precipitante.
Primeira linha
• Remoção mecânica:
□□ Uso de pediculicidas tópicos deve ser evitado em crianças <2 meses, nesses casos preconiza-se
a remoção mecânica, através da utilização de pente fino (dentes do pente com 0,2 milímetros de
intervalo) em cabelos molhados, como tratamento padrão.
°° Agente lubrificante, tal como, condicionador de cabelo, deve ser utilizado antes do pro-
cedimento seguinte.
Manual 6 . Autocuidado
°° O pente de dentes finos é inserido perto da coroa até que toque suavemente o couro ca-
beludo, após deve ser empurrado, com firmeza, para baixo, e examinado para presença de
piolhos depois de cada curso.
• O cabelo inteiro deve ser sistematicamente penteado, pelo menos, duas vezes (15 a 30 minutos).
°° Antes de utilizar o produto, o paciente deve ser aconselhado a testar o produto em peque-
na área capilar, para evitar possíveis reações alérgicas. Se o paciente desenvolver prurido
e vermelhidão intensos, o produto não deve ser utilizado.
°° Aplicar o produto nos cabelos úmidos, cobrindo todo o couro cabeludo, esfregando por
toda sua extensão (principalmente atrás das orelhas e na nuca). A quantidade necessária
varia de acordo com o volume e tamanho dos cabelos.
°° Deixar o produto agir por 10 minutos e utilizar o pente fino, para remoção de piolhos e
lêndeas, e sequencialmente enxaguar o cabelo com água morna.
°° Geralmente dose única é necessária. Se ainda houver piolhos e lêndeas 7 dias após a pri-
meira aplicação, repetir o procedimento.
□□ Shampoo
°° O conteúdo do frasco (60 ml) deve ser completamente aplicado sobre o couro cabeludo
previamente molhado, especialmente na nuca e atrás das orelhas, deixando-o em contato
com estas áreas por dez minutos. Após enxágue, o cabelo deve ser secado parcialmente
com toalha, e recomenda-se a utilização de pente fino para remoção de piolhos e lêndeas.
°° Geralmente dose única é necessária. Se ainda houver piolhos e lêndeas 7 dias após a pri-
meira aplicação, repetir o procedimento.
□□ Loção
°° Aplicar nas áreas atingidas de preferência durante o banho, fazendo-se ligeiras fricções
com a polpa dos dedos.
°° Deixar as áreas atingidas ensaboadas durante 5 minutos. Enxaguar bem. Usar durante 4
dias consecutivos.
□□ Shampoo
°° Aplicar nas áreas atingidas de preferência durante o banho, fazendo-se ligeiras fricções
com a polpa dos dedos.
°° Deixar as áreas atingidas ensaboadas durante 5 minutos. Enxaguar bem. Usar durante 4
dias consecutivos.
Segunda linha
□□ Aplicar a loção com a ponta da embalagem de maneira uniforme ao longo de todo o couro cabeludo.
□□ Massagear a loção das raízes às pontas até que o cabelo esteja completamente molhado. A quan-
tidade de produto necessária depende da espessura e do comprimento do cabelo. Cabelos na
85
altura dos ombros geralmente requerem cerca de 30 a 50 ml de loção.
□□ Deixar agir por 10 minutos, e efetuar a lavagem do cabelo, com posterior utilização de pente fino.
Primeira linha
• Banho adequado, lavagem quente ou descarte de roupas de cama e vestimentas infestadas normal-
mente são suficientes para a gestão da pediculose corporal.
• Permetrina tópica – loção cremosa 5% - 60 ml (Pioletal plus® / Nedax plus®) – Aplicação única
□□ O couro cabeludo, pescoço, têmporas e testa podem ser infestados em crianças e pacientes geri-
átricos. Nestas populações, a permetrina, também deve ser aplicada ao couro cabeludo e na face,
poupando os olhos e a boca.
□□ O creme deve ser removido por lavagem (chuveiro ou banheira), após 8 a 10 horas.
*O paciente deve ser monitorado 7-10 dias após aplicação inicial. Em caso de persistência de lêndeas e
piolhos. Repetir tratamento.
PEDICULOSE CILIAR
• Devido ao envolvimento de cílios, o tratamento para a pediculose ciliar deve ser modificado para pro-
teger os olhos. A terapia inicial é destinada a desalojar mecanicamente os piolhos e lêndeas após apli-
cação duas vezes por dia de vaselina comum ou uma pomada oftálmica oclusiva para as margens da
pálpebra durante 8 a 10 dias.
Em todos os casos de pediculose, as orientações de higiene, com necessidade de banho diário, e lavagem dos
cabelos frequente (em pediculose capilar) são fundamentais.
Os pacientes devem ser orientados quanto à alta capacidade de infestação e a necessidade de monitoramento de
familiares para sintomas relacionados, tais como coceira. No caso da pediculose corporal e pubiana, o paciente
deve ser orientado a lavar roupas íntimas e de cama em água quente, a no mínimo 65 ºC.
86
PEQUENOS FERIMENTOS (63)
O que são?
• Lesões superficiais da pele por microtraumas • Picadas de insetos não identificados, com aspecto
(batidas) inflamatório intenso e/ou infeccioso.
ENTREVISTA ANORMALIDADES
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Lesões eritematosas e/ou infectadas de grande Necessidade de encaminhamento a uma unidade de saúde para ava-
extensão ou crônicas liação da intervenção eficaz.
Mordeduras de cachorro Necessidade de encaminhamento do paciente a unidade de saúde
para imunização adequada para raiva.
87
Quais são os objetivos do tratamento?
TODAS AS POPULAÇÕES
Orientações gerais
Ferimentos visualmente contaminados, por sujeira ou detritos, devem ser cuidadosamente lavados com
solução fisiológica ou água e sabão.
Cortes
Infecções
• Neomicina 3,5 mg/g pomada - tubo(s) com 10g: Aplicar 3 x/dia sobre área lesada.
• Neomicina + Bacitracina (5 mg + 250 UI/g) (Nebacetin®) – bisnagas 15g e 50g: Aplicar sobre a região
afetada 2 a 5 vezes ao dia, utilizando-se ou não curativos semioclusivos.
□□ Pomada (52,50 mg/g + 44,40 mg/g +191,47 mg/g) 20g (Gelol®): fricciona a parte dolorida duran-
te alguns minutos, com pequena quantidade do produto, envolvendo-a depois com um pano de
flanela ou lã, 2 a 3 x/dia.
• Diclofenaco dietilamônio 10 mg/g (Cataflam Emulgel®) – bisnaga 60g: Aplicar sobre a região afetada
Manual 6 . Autocuidado
• Cetoprofeno 25 mg/g (Flamador®) – bisnaga 30 g: aplicar sobre o local dolorido ou inflamado, 2-3 x/
dia, massageando levemente por alguns minutos.
88
PICADAS DE INSETOS (64)
O que são?
As picadas de insetos pode ser um incômodo menor ou pode levar a graves problemas de saúde, incluindo a trans-
missão de doenças e reações alérgicas graves. Nesse capítulo abordaremos a gestão das afecções cutâneas lo-
cais, importantes causas de procura a farmácia.
• Você pode me mostrar o local da picada? • Foliculite superficial (pequenas pápulas e pústulas
inflamatórias).
• Você apresenta histórico de reações alérgicas
importantes? • Dermatites de contato (reação alérgica inflamató-
ria precipitada por fator predisponente).
• Você está sentindo dor?
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Podem indicar quadro de doença transmitida pela picada de
Reações locais associadas a reações sistêmicas. inseto. Necessidade de investigação médica e tratamento
causal.
Podem indicar quadro alérgico importante, com necessida-
Reações locais associadas a reações alérgicas sistêmicas.
de de gestão e intervenção médicas.
TODAS AS POPULAÇÕES
Orientações gerais
• O paciente deve ser aconselhado a lavar o local da picada previamente com água e sabão.
• Edema local pode ser reduzido com resfriamento (gelo, compressa úmida).
Primeira linha
• Calamina (óxido de zinco e corantes óxido férrico amarelo e óxido férrico vermelho) (Caladryl®)
□□ Creme 28g, loção 120ml, aerossol 120g - cloridrato de difenidramina 10mg + calamina 81mg
(equivalente a 80g de oxido de zinco) + canfora 1g (10 mg + 81 mg + 1 mg / g ou ml)
°° A quantidade de creme ou loção deve ser adequada à extensão da área cutânea afetada,
formando uma fina camada sobre a pele. As aplicações devem ser feitas 3 a 4 x/ dia. A du-
ração do tratamento deve ser adequada à intensidade e duração dos sintomas. Em áreas
extensas de aplicação, a duração do tratamento não deve exceder 7 dias.
Manual 6 . Autocuidado
Segunda linha
• Loratadina (Claritin®)
°° Crianças de 2 a 12 anos
90
□□ Peso corporal abaixo de 30 kg: 5 mL (5 mg), 1 x/dia.
□□ Comprimidos 10 mg
°° Crianças de 2 a 12 anos
• Dexclorfeniramina (Polaramine®)
°° Adultos e crianças maiores de 12 anos: 20 gotas 3 a 4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxi-
ma de 12 mg/dia (ou seja, 120 gotas/dia). Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6
mg, (ou seja, 60 gotas/dia) é suficiente.
□□ No caso de esquecimento de alguma dose, oriente seu paciente a tomar a dose assim que possí-
vel, reajustar os horários de acordo com esta última tomada e continuar o tratamento de acordo
com os novos horários programados. Não é recomendado ingerir duas doses de uma só vez.
□□ Crianças maiores de 12 anos - 5 ml, 3 a 4 x/ dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia.
Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6 mg é suficiente.
□□ Comprimido 2 mg: 1 cpr 3-4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia.
PITIRÍASE VERSICOLOR (65) 91
O que é?
Pitiríase versicolor ou Tinea versicolor é uma infecção fúngica superficial comum. Os pacientes com este trans-
torno apresentam frequentemente hipopigmentação, hiperpigmentação, ou máculas eritematosas no tronco e
extremidades superiores proximais. Ao contrário de outras doenças que utilizam a denominação tinea, pitiríase
versicolor não é uma infecção por dermatófitos. Os organismos causadores são leveduras saprofíticas dependen-
tes de lipídios, do gênero Malassezia (anteriormente conhecido como Pityrosporum).
ENTREVISTA ANORMALIDADES
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Lesões completamente despigmentadas, com ampla distri- Podem indicar vitiligo, uma doença autoimune, com necessi-
buição corporal. dade a avaliação médica.
Inflamação intensa, com formação de placas de pus, ou Pode indicar infecção bacteriana secundária, com necessida-
lesões de grande extensão. de de avaliação médica e instituição de tratamento sistêmico.
Lesões corporais, associadas a outros sintomas sistêmicos. Podem indicar outras condições, como eczema numular, pso-
ríase, lúpus eritematoso cutâneo subagudo e pitiríase rósea.
92
Quais são os objetivos do tratamento?
TODAS AS POPULAÇÕES
Tratamento Agudo
• Terbinafina (Lamisil®)
□□ Creme 1% (10mg/g) – 15g, 20g e 30g: Aplicar em região afetada, após lavagem e secagem, 1-2 x/
dia por 2 semanas.
□□ Creme 1% (10mg/g) – 20g: Aplicação em região afetada, após lavagem e secagem, 1 x/dia por 2
semanas
• Clotrimazol (Canesten®)
□□ Creme 1% (10 mg/g) – 20g, 30g, 40g e 50g: Aplicar ½ cm do creme sobre a área afetada, 2-3 x/
dia, 1-3 semanas.
□□ Solução 1% (10 mg/ml) – gotas e spray – 20-30 ml: Aplicar a solução ou o spray em camada fina
2-3 x/dia e friccionar levemente por 1-3 semanas.
□□ Creme 0,5% (5 mg/g) – 35g: Aplicar o produto nas áreas afetadas, 2-3 x/dia, massageando suave-
mente o local, até o desaparecimento das lesões (2-5 semanas).
□□ Creme, Solução cremosa, Spray 1% (10 mg/g) – 45g, 60 ml, 50 ml : Aplicar o produto nas áreas
afetadas, 2-3 x/dia, massageando suavemente o local, até o desaparecimento das lesões (2-5
semanas).
• Cetoconazol (Nizoral®)
□□ Creme 2% (20 mg/g) – 30g: Aplicar o produto na área afetada 1 x/dia. O tratamento deve ser
mantido por períodos adequados, estendendo-se por mais alguns dias após o desaparecimento
dos sintomas e das lesões (4 semanas).
• Miconazol (Daktarin®)
□□ Loção cremosa 2% (20 mg/g) – 30g: Aplique o produto sobre a região atingida 2 x/dia. Ao aplicar
93
o nitrato de miconazol, espalhe-o por uma região um pouco maior do que a afetada. É recomen-
dável a troca frequente das roupas que ficam em contato com a área infectada, a fim de evitar a
reinfecção. A duração da terapia varia de 2 a 6 semanas dependendo da localização e gravidade
da lesão. O tratamento deve continuar ao menos uma semana após o desaparecimento de todos
os sinais e sintomas.
□□ Creme 2% (20 mg/g) – 28g: Aplique o produto sobre a região atingida 2 x/dia. Ao aplicar o nitrato
de miconazol, espalhe-o por uma região um pouco maior do que a afetada. É recomendável a tro-
ca frequente das roupas que ficam em contato com a área infectada, a fim de evitar a reinfecção.
A duração da terapia varia de 2 a 6 semanas dependendo da localização e gravidade da lesão. O
tratamento deve continuar ao menos uma semana após o desaparecimento de todos os sinais e
sintomas.
• Tioconazol 1% creme (Tralen®) – bisnaga 30g: Aplicar suavemente nas áreas cutâneas afetadas e ad-
jacentes 1-2 x/dia, por 10 dias.
• Nistatina + Oxido De Zinco (100.000UI + 200 mg/g) (Micostatin®) – bisnaga 60g: duas ou mais vezes
ao dia nas áreas afetadas. O tratamento deve continuar ao menos uma semana após o desaparecimen-
to de todos os sinais e sintomas.
Tratamento Profilático
• Para o controlo em longo prazo, sugere-se a aplicação de um creme antifúngico tópico para as áre-
as envolvidas, como cetoconazol 2%, uma vez por semana; como uma alternativa, o cetoconazol 2%
shampoo pode ser utilizado para lavagem facial ou corporal 1x/semana.
• Associações com antifúngicos tópicos devem ser prontamente desaconselhados. Além de, nos casos de as-
sociações com corticosteroides, se tratar de medicamentos de prescrição, elas podem estar associados aos
seguintes problemas:
□□ Os corticosteroides tópicos podem exacerbar infecções fúngicas e podem contribuir para falha tera-
pêutica.
Manual 6 . Autocuidado
94
QUEIMADURAS DE SOL (66)
O que são?
A queimadura solar é uma resposta inflamatória aguda, lenta, e transitória da pele para a exposição excessiva à
radiação ultravioleta (UV) da luz solar natural ou fontes artificiais (por exemplo, camas de bronzeamento, apa-
relhos de fototerapia). Ambos os raios UVA e UVB podem causar queimaduras solares, mas os comprimentos de
onda que são mais eficazes na indução de eritema estão na gama UVB (290-320 nm).
• Você está com vesículas ou bolhas em algum local? • Ambientes com areia ou água (reflexão)
• Você está apresentando algum outro sintoma, • Pele clara, olhos azuis e cabelos ruivos ou loiros
como, febre, mal-estar, dor de cabeça, vômito ou
• Utilização de medicamentos fototóxicos (princi-
desidratação?
pais: quinolonas, hidroclorotiazida, furosemida,
amiodarona, clorpromazina)
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Queimaduras extensas com bolhas, dor e sintomas sistêmi- Indicam a necessidade de hospitalização para gestão da
cos (por exemplo, febre, dor de cabeça, vômito, desidratação) desidratação e analgesia parenteral.
Podem indicar quadro de urticária solar, com necessidade
Pápulas ou eritema após exposição ligeira ao sol (minutos)
de avaliação médica diagnóstica e tratamento relacionado.
95
Quais são os objetivos do tratamento?
TODAS AS POPULAÇÕES
Orientações gerais
• Todos os pacientes devem ser orientados quanto aos riscos associados e exposição solar sem proteção
adequada, como a predisposição para câncer de pele. Pessoas claras, que relatam se queimar facil-
mente, devem ser alertadas quanto a seu risco prévio aumentado para câncer de pele e necessidade
de prevenção.
• A utilização adequada de protetores solares deve ser aconselhada como medida preventiva de novos
episódios.
• A queimadura solar é uma condição autolimitada que geralmente se resolve em poucos dias. Não exis-
tem terapias específicas para reverter os danos da pele e acelerar o tempo de cicatrização. O trata-
mento visa o manejo sintomático do desconforto e inflamação cutânea e controle da dor.
Desconforto cutâneo
• Calamina (óxido de zinco e corantes óxido férrico amarelo e óxido férrico vermelho) (Caladryl®)
□□ Creme 28g, loção 120ml, aerossol 120g - cloridrato de difenidramina 10mg + calamina 81mg
(equivalente a 80g de oxido de zinco) + canfora 1g (10 mg + 81 mg + 1 mg / g ou ml)
°° A quantidade de creme ou loção deve ser adequada à extensão da área cutânea afetada,
formando uma fina camada sobre a pele. As aplicações devem ser feitas 3 a 4 x/ dia. A du-
Manual 6 . Autocuidado
ração do tratamento deve ser adequada à intensidade e duração dos sintomas. Em áreas
extensas de aplicação, a duração do tratamento não deve exceder 7 dias.
*Bolhas rompidas devem ser cuidadosamente limpas com sabão neutro e água e coberto com compressas
úmidas.
96
Dor e Inflamação
• Diclofenaco gel (Cataflam Emulgel®) - Bisnagas com 30, 60g e 100g: Aplicar sobre a região afetada, 3
a 4 x/ dia, massageando suavemente.
Crianças
□□ Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não ex-
cedendo o máximo de 40 gotas/dose.
°° Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 20 gotas/dose.
Adolescentes e Idosos
• Gotas 100 mg/mL: 200 mg (20 gotas) - 800 mg (80 gotas), não devendo exceder a dose máxima diária
de 3.200 mg.
• Comprimido 200 mg: 1-2 cpr, 4-6 x/dia. Não exceder dose máxima de 6 cpr/dia.
• Outros AINEs, como o naproxeno e o cetoprofeno podem ser utilizados como alternativas no trata-
mento das queimaduras de sol, entretanto, sua aplicação para tal finalidade é menos estudada.
REAÇÕES À IMUNIZAÇÃO (67–70) 97
O que é?
Muitas vacinas e toxoides podem causar efeitos secundários, tais como febre,
reações no local da injeção, dentre outras. Estas reações adversas podem ser
causadas pela porção imunogênica da vacina ou por vestígios de antibióticos,
conservantes, estabilizantes e proteínas de origem animal residuais. Apesar de
transitórias e autolimitadas na maioria dos casos, essas situações podem agre-
gar ansiedade importante aos pais.
Reações à imunização
• Óbito.
Manual 6 . Autocuidado
Cuidados do farmacêutico
98 Quais são as reações adversas comuns?
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Você notou alguma alteração comportamental (em • Dor importante na • Neurite braquial
você, ou em seu filho)? região do ombro
• Houve desenvolvimento de febre? até um mês após
vacinação.
• Dor de cabeça importante, ou outros sintomas
associados? • Alterações respira- • Reações alérgicas
tórias precoces (até imediatas
• O local da injeção está edemaciado (inchado) ou 1h após adminis-
dolorido? tração)
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Sintomas sistêmicos debilitantes, como febre e alterações Podem indicar complicações vacinais graves, ou agrava-
de humor posteriores há 48 horas após a vacinação. mento de condições subjacentes preexistentes.
Dor importante na região do ombro, que não melhora em
Pode indicar caso de neurite braquial.
48 horas, ou pode surgir tardiamente.
Dor de cabeça importante associada a alterações visuais e Pode indicar caso de encefalite, necessidade de encaminha-
em reflexos motores até 2 semanas após a vacinação mento urgente.
99
Quais são os objetivos do tratamento?
CRIANÇAS
Orientações gerais
• Sacarose oral
• Aleitamento materno
• Técnicas de distração
• Acariciamento e balanço
• Paracetamol (Tylenol®)
□□ Gotas 200 mg/ml – 15 ml: 1 gota/ Kg de peso/ dose (por exemplo: uma criança com 10 Kg deve-
rá tomar 10 gotas, com 15 Kg tomará 15 gotas e assim por diante), até o limite de 35 gotas por
dose. Essa administração pode ser repetida 4-5 x/dia, com intervalos de 4-6 horas não devendo
ultrapassar 5 administrações em 24 horas.
• Dipirona (Novalgina®)
°° Crianças <5 anos e lactentes: 3-5 gotas em água, até 5 vezes ao dia.
°° 5-8 kg (3 a 11 meses): dose única 1,25-2,5. Dose máxima diária 10 ml (4 tomadas x 2,5 ml).
°° 9-15 kg (1 a 3 anos): dose única 2,5 a 5. Dose máxima diária 20 ml (4 tomadas x 5 ml).
°° 16-23 kg (4 a 6 anos): Dose única 3,75 a 7,5 ml. Dose máxima diária 30 ml (4 tomadas x 7,5 ml).
100
°° 24-30 kg (7 a 9 anos): Dose única 5 a 10 ml. Dose máxima diária 40 (4 tomadas x 10 ml).
°° 31-45 kg (10 a 12 anos): Dose única 7,5 a 15 ml. Dose máxima diária 60 ml (4 tomadas x 15 ml).
°° 46-53 kg (13 a 14 anos): Dose única 8,75 a 17,5. Dose máxima diária 70 (4 tomadas x 17,5 mL).
□□ Crianças >6 meses: 1 a 2 gotas/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não ex-
cedendo o máximo de 40 gotas/dose.
°° Crianças >6 meses: 1 gota/kg peso, em intervalos de 6-8 horas, ou seja, 3 a 4 x/ dia, não
excedendo o máximo de 20 gotas/dose.
Orientações gerais
• As reações adversas à imunizações são pouco frequentes em adultos. Entretanto, a vacina para gripe,
constituída de vírus atenuados, administrada anualmente aos idosos, pode ser acompanhada de rea-
ções incômodas, como dor e eritema local, mialgia e infecções respiratórias.
• Paracetamol (Tylenol®)
• Dipirona (Novalgina®)
□□ Gotas 500 mg/ml: 20 a 40 gotas em administração única ou até o máximo de 40 gotas 4x/dia.
Infecções respiratórias
O que é?
Reações alérgicas são respostas imunológicas a agentes específicos, que desencadeiam a liberação de diversos
marcadores intracelulares que modulam respostas inflamatórias. A maioria das reações alérgicas se manifesta
através de sintomas respiratórios e cutâneos.
RINITE ALÉRGICA
DERMATITES
• Pelos • Carbamazepina
• Lamotrigina
• Alopurinol
• Abacavir
• Fenitoína
102 O que devo perguntar ao paciente?
• Há quanto tempo você notou que as lesões de pele CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL
surgiram?
• Lesões pruriginosas • Dermatite
• Você notou relação com algum fator precipitante? com descamação seborreica
(mudança alimentar, cosmética, ambiental?) e piora do quadro
• Principalmente em
• As lesões são localizadas ou disseminadas por todo no frio
crianças pode indicar
o corpo?
• Lesões persis- quadro de psoríase
• Elas são dolorosas? Apresentam placas de pus? tentes, sem fator
• Podem indicar qua-
precipitante, piora
• Você notou descamação ou alteração na coloração dro de deficiências
associada a fatores
da pele? nutricionais
estressantes
• A lesão piora no frio? • Podem indicar lesões
• Lesões associadas a
infectadas
• Você apresenta algum sintoma associado? sintomas sistêmi-
cos, como cansaço,
queda capilar
• Lesões inflamató-
rias dolorosas com
placas de pus
Em que casos eu devo encaminhar o paciente ao médico? 103
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Podem indicar quadro de infecção bacteriana secundária
Sintomas respiratórios, associados a febre, prostração e
a infecção viral típica. Necessidade de encaminhamento
debilidade física (sintomas sistêmicos).
médico para avaliação diagnóstica.
Sintomas de rinite persistentes
Possível rinite persistente. Benefício robusto para institui-
(quatro dias por semana e durante mais de quatro semanas) ção de terapia padrão com glicocorticoides nasais (tarja-
dos). Necessidade de encaminhamento médico.
Podem indicar quadro de sinusite bacteriana, com necessi-
Sintomas respiratórios associados a dor facial e febre dade de avaliação médica e instituição de terapia antimicro-
biana sistêmica.
Lesões eritematosas persistentes, disseminadas, sem fator Podem indicar psoríase, necessidade de avaliação médica
precipitante, com piora associada a fator estressante para investigação diagnóstica.
Lesões eritematosas, pruriginosas, inflamatórias, dolorosas, Indicam lesão infectada, com necessidade de avaliação
associadas a placas de pus médica para instituição de terapia antimicrobiana.
Controlar sintomas alérgicos associados à rinite intermitente ou episódica: rinorreia, espirros e coceira. Re-
solver sintomas cutâneos alérgicos, restabelecendo a fisionomia e funcionalidade das regiões de pele afetada.
CRIANÇAS
Orientações gerais
• Pacientes com sistemas persistentes (> 4 dias/semana e durante > 4 semanas) devem ser orientados a
procurar atendimento médico, para manejo crônico da condição alérgica.
Primeira Linha
• Loratadina (Claritin®)
°° Crianças de 2 a 12 anos
□□ Comprimidos 10 mg
104
°° Crianças acima de 12 anos: 1 cpr (10 mg), 1 x/dia.
°° Crianças de 2 a 12 anos
Segunda linha
• Dexclorfeniramina (Polaramine®)
°° No caso de esquecimento de alguma dose, oriente seu paciente a tomar a dose assim que
possível, reajustar os horários de acordo com esta última tomada e continuar o tratamen-
to de acordo com os novos horários programados. Não é recomendado ingerir duas doses
de uma só vez.
°° Crianças maiores de 12 anos - 5 ml, 3 a 4 x/ dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/
dia. Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6 mg é suficiente.
°° Crianças maiores de 2 anos: ½-1 colher das de chá l(2,5 a 5 mL), a cada 3 horas.
Dermatites alérgicas
Inflamação
Leves a moderadas
• Hidrocortisona 1% - bisnagas 15 g e 30 g
□□ Aplicar uma camada fina de creme 2-3 x/dia, sob ligeira fricção; após melhora do quadro clínico
uma aplicação por dia é suficiente na maioria dos casos. Utilizar até cessação dos sintomas, ou
no máximo por 3 semanas.
Prurido importante
Orientações gerais
• Pacientes com sistemas persistentes (> 4 dias/semana e durante > 4 semanas), devem ser orientados
a procurar atendimento médico, para manejo crônico da condição alérgica.
Primeira Linha
• Loratadina (Claritin®)
Segunda linha
• Dexclorfeniramina (Polaramine®)
• Adultos: 20 gotas 3 a 4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia (ou seja, 120 gotas/
dia). Para alguns pacientes, a dose diária máxima de 6 mg, (ou seja, 60 gotas/dia) é suficiente.
• No caso de esquecimento de alguma dose, oriente seu paciente a tomar a dose assim que
possível, reajustar os horários de acordo com esta última tomada e continuar o tratamento
de acordo com os novos horários programados. Não é recomendado ingerir duas doses de
uma só vez.
• Adultos - 5 ml, 3 a 4 x/ dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia. Para alguns pacien-
tes, a dose diária máxima de 6 mg é suficiente.
• • Comprimido 2 mg: 1 cpr 3-4 x/dia. Não ultrapassar a dose máxima de 12 mg/dia.
• Xarope (12,5 mg + 125 mg + 56,25 mg)/5 ml – 120 ml: 1-2 colheres das de chá (5-10 mL), a cada 2
ou 3 horas.
cloreto de amônio e 10 mg de citrato de sódio: dissolver lentamente uma pastilha na boca quando
necessário, sem exceder o máximo de 2 pastilhas por hora. A dose máxima diária é de 8 pastilhas.
Dermatites alérgicas
Inflamação
Leves a moderadas
106
• Hidratação adequada: manutenção da hidratação adequada, através da utilização de cremes hidratan-
tes e emolientes, particularmente cremes com alta concentração oleosa.
• Hidrocortisona 1% - bisnagas 15 g e 30 g
• Aplicar uma camada fina de creme 2-3 x/dia, sob ligeira fricção; após melhora do quadro clínico
uma aplicação por dia é suficiente na maioria dos casos. Utilizar até cessação dos sintomas, ou no
máximo por 3 semanas.
Prurido importante
* As doses geriátricas são as mesmas recomendadas para adulto, entretanto, o tratamento deve ser ini-
ciado com as menores doses possíveis, e cautelosamente monitorado, considerando a maior possibilidade
de eventos adversos. Quando indicado tratamento anti-histamínico, agentes de segunda geração, como a
loratadina devem ser privilegiados em idosos, por causarem menos sonolência e menor risco de quedas.
Apesar de menos comuns, sintomas oculares, como vermelhidão e coceira podem representar manifestações
alérgicas. A gestão desses sintomas depende do grau de gravidade da condição. Quando eles estão associados
a rinite, eles geralmente cessam com a administração de anti-histamínicos. Entretanto, se ocorrem de maneira
associada, colírios específicos, contendo substâncias anti-histamínicas e vasoconstritoras, podem representar
alternativas viáveis:
• Alcaftadina 0,25% (Lastacaft®) – solução oftálmica 3 ml: pingar 1 gota no(s) olho(s) afetado(s), uma vez ao
dia, até cessação dos sintomas. O produto deve ser armazenado em temperatura ambiente, e após aberto,
seu prazo de validade corresponde a 28 dias.
• Cloridrato de nafazolina (0,25 mg/ml) + maleato de feniramina (3 mg/ml) (Claril®) – solução oftálmica 15
ml: pingar 1 ou 2 gotas em cada olho a cada 3 ou 4 horas. A frequência de instilações deve ser reduzida
conforme alívio sintomático. O produto deve ser armazenado em temperatura ambiente, e após aberto, seu
prazo de validade corresponde a 28 dias.
SINTOMAS DE GRIPE E RESFRIADO (75–82) 107
O que são?
O resfriado comum e a gripe são síndromes virais, distintas por seus agentes etiológicos e gravidade associada.
SINTOMAS SEMELHANTES
Manifestações Clínicas
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Você está com sintomas de gripe ou resfriado: Con- CARACTERÍSTICAS ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL
gestão nasal? Espirros? Mal-estar? Dores no corpo?
Dor de cabeça? Tosse? Febre? • Dor de garganta asso- • Amigdalite bacteriana
ciada à febre alta, sem
• Há quanto tempo os sintomas inciaram? outros sintomas
A pneumonia, bacteriana e viral, é a complicação mais comum associada à gripe. Entretanto complicações como
sinusite e outras infecções secundárias também podem ocorrer. Sinais de complicações incluem piora progressi-
va, com febre alta e debilidade importante.
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Sintomas persistentes indicam infecção bacteriana secun-
Sintomas não se resolvem em 3-5 dias ou ao contrário pio-
dária, com necessidade de avaliação diagnóstica e institui-
ram, com prostração importante e febre alta (>38 ºC).
ção de tratamento adequado.
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO 109
Pode indicar amigdalite bacteriana ou mononucleose, com
Febre alta, dificuldade para engolir, tosse. necessidade de avaliação diagnóstica e instituição de trata-
mento adequado.
Podem indicar quadro de asma, ou doenças autoimunes,
Infecções de vias respiratórias recorrentes, associadas à
que necessitam de avaliação diagnóstica cuidadosa e trata-
dispneia e debilidade respiratória na infância.
mento.
Tosse prolongada, tipicamente paroxística, e associada a Podem indicar coqueluche, com necessidade de hospitaliza-
vômitos e às vezes apneia. ção e intervenção médica.
O que o paciente precisa saber antes que eu recomende uma terapia com medicamentos?
Quando o paciente procura uma avaliação farmacêutica com sintomas de resfriado e gripe, ele deve ser
orientado quanto à:
• O curso habitual e a duração da doença são de até uma semana e meia; os sintomas podem persistir
por mais três dias em média em fumantes; em crianças pode durar até 14 dias.
• Qualquer medicamento prescrito apresenta riscos associados, o risco-benefício da terapia deve ser
avaliado e medicamentos só devem ser indicados para sintomas altamente incômodos.
• Assegure que os antibióticos não são necessários e podem ter efeitos colaterais importantes.
• Aconselhe paciente a procurar atendimento médico, se a sua condição piora ou permanece por tempo
superior previsto para a recuperação.
Orientações gerais
• Manter a hidratação adequada - ajuda a manter as secreções finas e acalmar a mucosa respiratória.
• Ingestão de líquidos quentes - efeito calmante sobre a mucosa respiratória, pode aumentar o fluxo de muco
nasal (possivelmente mediada pela inalação de vapor).
• Irrigação e lavagem com solução salina: sugere-se a aplicação de solução salina na cavidade nasal para re-
mover temporariamente secreções nasais incômodas. Em recém-nascidos, isto pode ser realizado através
Manual 6 . Autocuidado
da aplicação de gotas nasais salinas com uma seringa. Em crianças maiores, pode ser utilizado pulverizador
nasal com solução salina ou irrigação nasal.
• Aconselhe tratamento medicamentos de maneira racional, ou seja, investigue com o paciente quais são os
sintomas que incomodam e estão atrapalhando suas atividades diárias.
• Avalie o risco-benefício de cada terapia, e considere as características de cada paciente, a terapia deve ser
individualizada, e o tratamento acompanhado.
110 Que tratamentos eu posso recomendar?
IDOSOS
• De maneira geral, as doses recomendadas para idosos, são as mesmas apresentadas para Adolescen-
tes e Adultos na tabela abaixo, entretanto maior cuidado deve ser dispendido na anamnese do pacien-
te, considerando a presença de comorbidades e restrições específicas inerentes a idade, considere os
exemplos abaixo como dicas.
• Indique medicamentos que o paciente realmente precisa, ou seja, quais são os sintomas que real-
mente estão incomodando o paciente?
• Lembre-se que associações geralmente são boas alternativas para jovens, entretanto, em idosos
induzem a risco elevado de sedação e quedas (pela presença de anti-histamínicos de primeira ge-
ração) e podem levar ao descontrole da hipertensão (pela presença de descongestionantes orais).
Crianças
Manual 6 . Autocuidado
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Congestão nasal
A utilização de descongestionantes tópicos e orais apresentam eficácia reduzida no tratamento de quadros de gripe e resfriados. Ademais esses me-
Descongestionantes tópicos e
dicamentos apresentam eventos adversos importantes, tais como, taquicardia, irritabilidade, agitação, sedação, palpitações, que tornam seus riscos
orais
superiores aos possíveis benefícios.
Tosse
Na maioria dos casos, os quadros de tosse associados a gripes e resfriados são autolimitadas, e não necessitam de tratamento farmacológico específico. Entretanto, quando o sintoma
é altamente debilitante, e atrapalha a criança com a alimentação e sono da criança, intervenções farmacológicas podem ser justificadas. O tratamento deve ser gerido de acordo com as
características da tosse, como a presença ou não de secreção e expectoração. Para acesso as principais alternativas terapêuticas disponíveis na farmácia comunitária consulte o tópico
específico para tosse.
Adolescentes e Adultos
Manual 6 . Autocuidado
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Benzocaína + tirotricina (Amida- hora, não deixando exceder a 10 pastilhas ao dia. Atividade anestésica e antimi- Incomuns, pode induzir reações de irri-
lin®) • Spray 5 mg + 1 mg/ml: Com a boca aberta, direcio- crobiana tópica. tação e hipersensibilidade.
Manual 6 . Autocuidado
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O que são?
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Emagreceu recentemente?
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Constipação associada à dor abdominal importante e
Pode indicar quadro de obstrução intestinal e infestação de
sintomas respiratórios, com história prévia de infecções
vermes em órgãos secundários.
helmínticas.
Diarreia aguda associada a náuseas e/ou vômitos e febre. Podem indicar quadro de gastroenterite.
TODAS AS POPULAÇÕES
Orientações gerais
Todos os pacientes devem ser orientados quanto a importância de hábitos de higiene adequados para evi-
tar reinfecções:
Farmacoterapia
• Mebendazol (Pantelmin®)
□□ Comprimidos 500 mg
• Levamizol** (Ascaridil®)
□□ Comprimidos 80 e 150 mg
°° Adultos: 150 mg
Manual 6 . Autocuidado
*Em áreas endêmicas, o tratamento deve ser realizado a cada 3-4 meses para controlar infestações importantes.
O que é?
A tosse é um reflexo defensivo importante que protege contra a aspiração de corpos estranhos, e aumenta a
eliminação de secreções e partículas das vias aéreas. Crianças saudáveis podem tossir em uma base diária; um
estudo documentou uma média de 11 episódios de tosse a cada 24 horas. No entanto, a tosse pode também ser o
sintoma de apresentação de uma doença pulmonar ou extrapulmonar grave subjacente.
Seca ou Produtiva
ENTREVISTA ANORMALIDADES
• Falta de ar ou dispneia?
• Dispepsia • DRGE (refluxo)
• Alguma doença recente ou trauma?
CRITÉRIO INTERPRETAÇÃO
Tosse subaguda e crônica. Sintomas persistentes indicam possível causa secundária, como alergias,
asma ou descompensação de doenças crônicas, e requer diagnóstico
médico e instituição de terapia causal.
Tosse associada à dispepsia, dor no peito e Pode indicar quadro de DRGE, com necessidade de avaliação médica
rouquidão. diagnóstica e instituição de tratamento específico.
Tosse produtiva associada à febre alta ou Pode indicar quadro de pneumonia, particularmente se associada à
sangramento importante. infecção viral prévia.
Tosse seca noturna crônica. Pode indicar quadro de rinite alérgica, principalmente se associada a
fatores precipitantes, como ácaros, poeiras, dentre outros.
Tosse crônica, associada a sibilância ou chiado. Particularmente durante a infância pode indicar quadro de asma, com
necessidade de avaliação médica e instituição de tratamento adequado.
Ausência de melhora após terapia medicamen- Pode indicar infecção bacteriana secundária a infecção viral. Necessida-
tosa em 7-10 dias. de de avaliação médica.
Manual 6 . Autocuidado
Crianças
□□ Esse medicamento não deve ser utili- Agitação, tremores, náuseas, vômitos,
Redução do quadro de tosse (ação direta
Clobutinol (Silomat®) zado em crianças <2 anos. vertigens, fadiga, sonolência e distúrbios
no centro da tosse).
gastrintestinais.
• Filme de desintegração oral 7,5 mg: 2 fil-
mes 3-4 x/dia (6-8 horas).
□□ Crianças entre 6-12 anos: 2 filmes 3-4
x/dia (6-8 horas). Não exceder 8 filmes
em 24h.
Manual 6 . Autocuidado
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Tosse produtiva
Náuseas, vômitos, diarreia, dor de estô-
• Xarope 100 mg/15 ml – frasco 150 ml: 15 ml a cada Expectoração e redução de secreção
Guaifenesina (Transpulmin®) mago, urolitíase, dor de cabeça, sonolên-
4 horas. pulmonar.
cia, vertigem.
• Xarope 30 mg/5 ml – frasco 120 ml: 1/2 copo-medida Auxilia na expectoração e fluidificação do
Ambroxol (Mucosolvan®) Manifestações gastrintestinais leves.
(5 mL), 3 x/dia. muco. Efeito anestésico tópico
Ação broncodilatadora, mucorreguladora Desconforto gastrintestinal (náuseas) e,
Acebrofilina (Brondilat®) • Xarope 50 mg/5 ml – frasco 120 ml: 10 mL 2 x/dia.
e expectorante. ocasionalmente, tonturas.
• Xarope 20mg/ml - frasco100 ml ou 150 ml
• 10 mL 3 x/dia (8/8 h).
• Granulado 100 mg – envelope 5g: 1 envelope 2-4 Ação mucolítica, fluidificando o muco e
Acetilcisteína (Fluimucil®) Epigastralgia em pacientes predispostos.
x/dia. tornando mais fácil sua expectoração.
□□ Dissolver o conteúdo de 1 envelope em meio
copo com água.
Manual 6 . Autocuidado
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• As doses e alternativas terapêuticas destinadas a idosos são as mesmas preconizadas para adultos,
entretanto, nessa população, atenção especial deve ser dada a presença de comorbidades, e a pos-
sibilidade da tosse representar a descompensação de alguma condição subjacente. Fique atento as
seguintes dicas:
• Eventos adversos podem ocorrer com maior frequência em idosos. Tal fato pode relacionar-se a
própria mudança metabólica, a presença de outras comorbidades, tais como insuficiência renal e
hepática, e ao uso de outros medicamentos com potencial interação. O risco-benefício de cada me-
dicamento deve ser avaliado cuidadosamente, e a terapia supervisionada.
• Anti-histamínicos de primeira geração, presentes em alguns compostos para tosse, podem desenca-
dear sedação e efeitos anticolinérgicos em idosos, e, portanto, alternativas devem ser consideradas
sempre que possível.
• A presença de comorbidades deve sempre ser investigada com cautela, a incidência de condições
crônicas associadas a tosse, como DRGE, insuficiência cardíaca, ou doença pulmonar obstrutiva
crônica, aumenta com a idade.
• A possibilidade de complicações secundárias a infecção viral, principal causa de tosse aguda, au-
menta com a idade. A presença de febre alta deve ser interpretada como um importante sinal de
alerta.
• Associações para tosse que apresentam fármacos destinados tanto para tosse seca como produtiva.
• Além de tratar-se de um caso de uso irracional de medicamentos, já que o paciente apresenta um quadro
clínico característico, os riscos relacionados a esse tipo de associação superam seus benefícios. Uma boa
anamnese farmacêutica deve ser a base para a prescrição farmacêutica.
Manual 6 . Autocuidado
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GLOSSÁRIO
Abcesso Acúmulo localizado de pus num tecido, pode não ser visível a olho nu, mas evoluir
com vermelhidão, inflamação e dor local
Ataxia Perda do controle muscular durante movimentos voluntários, como andar ou pegar
objetos
Biofeedback Ferramenta terapêutica que fornece informações, com a finalidade de permitir aos
indivíduos desenvolver a capacidade autorregulação. Envolve o retorno imediato da
informação, através de aparelhos sensórios eletrônicos, sobre processos fisiológicos
(frequência cardíaca, temperatura periférica, resposta galvânica da pele, tensão
muscular, pressão arterial e atividade cerebral). O método permite à pessoa volunta-
riamente regular suas reações fisiológicas e emocionais
Bulbo Porção inferior do folículo piloso que, na sua extremidade mais inferior, possui a
matriz responsável pela produção do pelo
Celulite Doença infecciosa das camadas mais profundas da pele que a torna muito vermelha,
inchada e dolorida
Colite pseudomembranosa Inflamação do cólon devido a infecção pela bactéria Clostridium Difficile
Colite ulcerativa Doença inflamatória intestinal
Comedão Cravo, causado pelo acumulo de sebo no interior do folículo pilo-sebáceo
Comichão Prurido intenso
Disfagia Dificuldade de deglutição
Disúria Sensação de dor, ardor, ou desconforto ao urinar
DRGE Doença do refluxo gastroesofágico. Ocorre quando o esfíncter inferior do esôfago
não se fecha apropriadamente e o conteúdo do estômago extravasa de volta para o
esôfago.
Edema Acúmulo anormal de líquido no compartimento extracelular intersticial ou nas cavi-
dades corporais devido ao aumento da pressão hidrostática, diminuição da pressão
coloidosmótica, aumento da permeabilidade vascular (inflamações) e diminuição da
drenagem linfática
Efeito anticolinérgico Efeito antagonista de acetilcolina, podendo levar a dificuldade respiratória, secura na
boca e narinas, visão borrada, pupilas dilatadas, aumento do ritmo cardíaco, dimi-
nuição de pressão arterial, intestino preso, aumento da temperatura do corpo e em
casos extremos a delírio
Encefalite Infecção aguda do cérebro
Eritema Rubor, vermelhidão na pele
Fibromialgia Síndrome comum em que a pessoa sente dores por todo o corpo durante longos perí-
odos, com sensibilidade nas articulações, nos músculos, tendões e em outros tecidos
moles
Fonofobia Sensibilidade a barulho
Fotofobia Sensibilidade à luz
Hiperandrogenismo Distúrbio endócrino caracterizado pelo excesso de hormônios andrógenos, como a
testosterona
Hiperidrose Condição caracterizada pela transpiração e suor anormalmente aumentados
Hiperostose Aumento da massa óssea por unidade de volume. Pode estar presente em várias
doenças como: hiperostose esquelética difusa idiopática, síndrome de hiperostose
adquirida (SAPHO), hiperostose frontal interna, hiperostose esternocostoclavicular.
Hiperpigmentação Aumento da coloração da pele, escurecimento da pele
129
Hiperqueratinização folicular Alteração no processo de descamação dos queratinócitos foliculares. As células que-
ratinócitas podem se acumular excessivamente na superfície da epiderme aumentan-
do o espessamento da capa córnea, o que obstrui o folículo pilo-sebáceo e conse-
quentemente retém o sebo. Este é normalmente o ponto inicial de uma lesão acneica.
Hipopigmentação Redução da pigmentação da pele
Hirsutismo Aumento da quantidade de pelos na mulher em locais usuais ao homem, como quei-
xo, buço, abdome inferior, ao redor de mamilos, entre os seios, glúteos e parte interna
das coxas
Infarto do músculo Microangiopatia com oclusão das pequenas artérias musculares
Infundíbulo Estrutura do folículo pilossebáceo, se estende desde a abertura (óstio) até a inserção
do ducto da glândula sebácea
Ipsilateral Em um mesmo lado. Em relação a enxaqueca, indica lacrimejamento ou reações auto-
nômicas no mesmo lado da dor.
Istmo Estrutura do folículo pilossebáceo, localizado a partir da inserção da glândula sebá-
cea até a região da inserção do músculo eretor do pelo
Medication overuse headache Cefaleia pelo uso abusivo de analgésicos
(MOH)
Mialgia Dor muscular
Midríase Dilatação da pupila em função da contração do músculo dilatador da pupila
Neurite braquial Inflamação dos nervos (nevrite) na área do ombro
Osteíte Termo geral para designar a inflamação do osso, assim como a osteomielite
Pioderma gangrenoso Desordem da pele rara de etiologia desconhecida. Os principais sintomas incluem
pequenas pústulas que se tornam grandes úlceras em vários locais do corpo.
Piomiosite Infecção da musculatura esquelética
Polimialgia reumática Doença que causa enrijecimento e dor muscular intensa nos músculos do pescoço,
dos ombros e das ancas.
Prurido Sensação desagradável de coceira. Usualmente, é causado por doença cutânea
primária, com lesão e exantema (erupção cutânea) resultantes, todavia pode ocorrer
sem estes. É uma das queixas mais comuns em dermatologia. O ato de arranhar-se,
para se coçar, gera inflamação local e liberação de histamina, produzindo, desta
forma, mais prurido, gerando um círculo vicioso de prurido-arranhadura. Os anti-his-
tamínicos orais são os medicamentos mais eficazes no combate ao prurido.
Rinorreia ou coriza Corrimento excessivo de muco nasal
Sibilância ou chiado Ruído característico da asma brônquica, semelhante a um assobio agudo. É produzi-
do pelo ar que flui por vias respiratórias estreitadas. Frequente em asmáticos e em
portadores de doença pulmonar crônica
Síndrome compartimental Aumento de pressão num espaço anatômico restrito com queda da perfusão sanguí-
nea dos músculos e órgãos nele contido. Traz sintomas como perda de sensibilidade
local, dor contínua, formigamento, edema e enrijecimento da região acometida. É
uma urgência ortopédica.
Manual 6 . Autocuidado
Síndrome de Horner Também chamada de paralisia óculo-simpática, é uma rara síndrome clínica causada
pela lesão dos nervos faciais e oculares que fazem parte do sistema nervoso simpáti-
co. Pode evoluir com ptose parcial (queda parcial da pálpebra), miose (constrição da
pupila), enoftalmia (afundamento do olho) e anidrose (transpiração diminuída em um
dos lados da face)
Síndrome do cólon irritável Doença funcional crônica do intestino
Telangiectasias Vasos sanguíneos pequenos e alargados na pele
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