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Atividade VI – Tecnologia e Livre Arbítrio

Aluno: Hugo Barbosa Santos

Sumário
Introdução.......................................................................................... .......................................... 1
Livre arbítrio? ................................................................................................................................ 2
Como a tecnologia tem esse poder de interferência? .................................................................. 3
Transparência ou Morte? .............................................................................................................. 3

Introdução..........................................................................................

É indiscutível a possibilidade e eficácia da influência nas decisões de outrem. Se


fosse algo de caráter duvidoso, não seria dedicado tanto tempo ao estudo de
Marketing nos cursos de Administração e afins. No livro "Homo Deus" de Yurval
Noah Harari, é falado que estudos recentes arriscam dizer que toda ação e
decisão tomada por um ser humano é aleatoriamente escolhida por uma
imensidão de genes e reações químicas, a fim de suprir as necessidades básicas
da sobrevivência (e vontade de potência) do indivíduo em questão (O livro
problematiza até mesmo o conceito de Indivíduo). O ser vivo só faz a escolha
por que o cérebro, através de pulsos elétricos, ordena aos membros e
articulações do corpo a se moverem para ser cumprida a escolha, tal fenômeno
pode ser até mesmo induzido em laboratório, mas o ser vivo realmente acredita
e sente que o desejo é puramente dele.
A tecnologia, por sua vez, se faz presente a cada minuto no cotidiano de um ser
humano médio atual. Descarregando um imenso fluxo informacional, muitas
vezes não filtrado, não regulamentado e não tratado pelo consciente do receptor,
deixando uma grande tarefa para o subconsciente aproveitar as informações
paralelas no grande hipertexto virtual da internet. A rede mundial de
computadores atua como não mais uma ferramenta, mas um ambiente social
quase completo, no qual empresários baseiam seu negócio de forma eficiente e
mais segura que empresas físicas tradicionais (basta olhar que no meio da
pandemia atual, os negócios que não tem pelo menos parte de seu
funcionamento no âmbito virtual estão decaindo, enquanto os mercados virtuais
sofrem um “milagroso” crescimento em meio à crise).
Aparentemente, o fluxo informacional é descontrolado e imparcial. Não toma
lados para si, é apenas uma força guiada e potenciada pela liberdade de
expressão e acesso à internet. Muitas vezes nem mesmo a plataforma virtual na
qual a informação é publicada é capaz de gerenciar e regrar a enxurrada de
dados. Mas o que acontece quando alguém decide guiar, ideologicamente, o
fluxo informacional de determinado espaço da internet sabendo que lá há um
grande público suscetível? Qual a diferença entre a manipulação ideológica
moderna, que usa a internet, das manipulações das massas que ocorreram ao
longo da história da humanidade?

Livre arbítrio?

Em consonância às descobertas científicas supracitadas, a própria bíblia


evidencia uma relativização do conceito de livre arbítrio. Ao mesmo tempo que
a bíblia diz que a vontade própria e a fé encaminham a pessoa para a salvação
(“A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração
creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” Romanos 10:9),
ela também diz que ninguém encontra a salvação se não for do desejo do Senhor
(“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o
ressuscitarei no último dia.” João 6:44). Com essas passagens é possível
interpretar que todos tem liberdade de escolher o caminho, mas a escolha só é
feita se for a vontade de Deus pois nenhuma folha cai de uma árvore se não for
da vontade do Senhor.
Seja por explicação teológica ou científica, a escolha não é livre, pelo fato de não
ser tomada de forma totalmente consciente. Sigmund Freud explica que existem
camadas subconscientes em ação na nossa mente, e o poder que essa camada
exerce sobre nossas escolhas e convicções é bastante considerável. As
estratégias de marketing mais eficientes focam em induzir essa área do cérebro,
dando sugestões ao subconsciente para que o cliente seja conquistado.
Quanto a posição política e decisão de voto, não há imunidade à sugestão. A
Cambridge Analitica por exemplo, foi perfeitamente capaz de traçar perfis no
Facebook de pessoas para identificar se são influenciáveis ou não, e utilizando
de propagandas e ferramentas virtuais para direcionar uma grande enxurrada de
informações aos indivíduos influenciáveis, a fim de sugestionar ao subconsciente
que aquela vertente política ou decisão de voto é a mais correta. Isso aponta um
risco no fato de qualquer pessoa influenciável, ter o mesmo poder de voto de
uma pessoa embasada e consciente de sua decisão.
Como a tecnologia tem esse poder de interferência?

As pessoas ou grupos podem usar a tecnologia, redes sociais e a fácil


comunicação do mundo globalizado para influenciar decisões importantes.
Nesse sentido, a tecnologia pode se tornar um ponto fraco da democracia. As
decisões de pessoas que usam exacerbadamente meios de comunicação
vulneráveis a mídias tendenciosas podem estar sendo comprometidas.
Outro fator importante é a facilidade de encontrar dados pessoais na internet. As
empresas donas das grandes Redes Sociais não se preocupam em ocultar
informações pessoais de seus usuários. Enquanto que os usuários não se
seguram na hora de fazer aquele check-in, de compartilhar aquele meme que
condiz com seu viés ideológico ou na hora de publicar sobre seus problemas
pessoais na rede.
Traçar um perfil de um usuário de rede social hoje é um trabalho tão banal que
programas de computador podem fazer isso facilmente, gerando um banco de
dados gigante de informações detalhadas sobre o posicionamento de alguém
sobre determinado assunto, um Big Data. Esse grande volume de dados vale
ouro para empresas de produtos e serviços, além de poder ser usadas por
organizações, partidos políticos e movimentos sociais para “puxar a corda para
o seu lado”.

Transparência ou Morte?

Diante de tal panorama, é nítida a falta de maturidade das sociedades atuais


para lidar com o universo virtual criado pela internet. O fenômeno da internet é
recente, e só podemos tirar experiências para nos ajudar a lidar com a tecnologia
com o passar do tempo, pois nada no passado se assemelha ao que vivemos
agora. É encarando problemas como os gerados pela Cambridge Analitica que
podemos ter base para agir e tomar decisões futuramente.
A transparência dos usuários de Redes Sociais pode se tornar um problema em
larga escala. As pessoas se abrem por achar que elas podem ser quem elas
querem em um ambiente social virtual. E quando alguém apresenta algo
contrário, com uma sequência de cliques a recente ameaça à tão preciosa
opinião pessoal pode ser excluída e bloqueada, o que gera cada vez mais
fragilidade para lidar com problemas oriundos de relações sociais reais.
Tal fragilidade por sua vez, acompanhada de solidão, faz a pessoa aprofundar
no ambiente virtual ideal criado por si para seu deleite, consumindo assim cada
vez mais o conteúdo empurrado para sua “timeline” que foi previamente
selecionado sob medida para o jeito de pensar dessa pessoa. A maturidade das
pessoas para utilizarem os recursos sociais é necessária, mas infelizmente só é
alcançada com o tempo, e com as adversidades do mal uso atual.

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