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COMUNICAÇÃO
cação integrada de marketing (CIM) para as empre-
sas, pode-se associá-la a duas palavras: convergência
GR
INtEGRADA
e assertividade. Isso porque a CIM consegue unir, em
um mesmo tom, as diversas possibilidades de contato
com o público (convergência), além de promover sua
adesão (assertividade).
Conhecer e estudar a CIM pode ajudar os futuros
gestores nas estratégias e atividades do marketing. E
DE MARKETING
é exatamente esta a proposta deste livro: apresentar
o conceito, a contribuição estratégica e o desenvolvi-
mento na prática da CIM, para que seja possível aplicá-
la nas organizações de diferentes segmentos e perfis.
Código Logístico
IESDE
2019
© 2019 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: VLADGRIN/Shutterstock
Apresentação 7
6 CIM digital 77
6.1. Comunidades virtuais 77
6.2 Influenciadores digitais 81
6.3. e-WOMM 84
Gabarito 89
Apresentação
Entender como todos esses elementos se integram e conversam nos permite desenvolver
a capacidade de potencializar resultados e de focar estrategicamente. No final das contas, essa
é a busca de qualquer organização que objetiva a vantagem competitiva de melhorar a sua
convergência e assertividade.
Você está preparado? Então, vamos iniciar essa jornada exploratória do mundo da
comunicação integrada de marketing.
Bons estudos!
1
Conhecendo a comunicação
integrada de marketing (CIM)
As empresas estão sempre em busca daquilo que lhes confira uma vantagem competitiva.
Quando percebemos isso, fica mais clara a necessidade de olharmos como nos posicionamos de
maneira estratégica. A comunicação possui grande relevância nesse processo e seus resultados
podem ser potencializados quando integrados em uma perspectiva da estratégia de marketing.
Assim, fica evidente a necessidade de olharmos, como gestores, para a comunicação integrada de
marketing (CIM).
Mas o que é, exatamente, a CIM e, igualmente importante, o que não é? A partir desse
questionamento, começaremos a explorar a comunicação integrada de marketing, como ela
engloba o processo de comunicação e como conversa e contribui para o posicionamento de
marca. Neste capítulo, também será possível começar a entender a mais-valia que a CIM pode
representar na estratégia.
Existem ainda outras definições, como a de Reid, Luxton e Mavondo (2005, p. 12), em
que a CIM seria “como uma filosofia ou um processo voltado a gerenciar estrategicamente todas
as mensagens de marca de forma que auxilie na construção de marcas fortes”. Nesse sentido, o
P de promoção do composto de marketing potencializado pela CIM seria capaz de fortalecer o
posicionamento das empresas. Kotler e Keller (2014, p. 512) citam que essa comunicação também
pode ser vista como uma maneira de as organizações tentarem “informar, persuadir e lembrar os
consumidores — direta ou indiretamente — sobre os produtos e as marcas que comercializam”. Isto
é, tudo se resume a auxiliar no processo de diferenciação de uma empresa das demais concorrentes
e entregar uma vantagem competitiva por meio do seu posicionamento.
É possível, também, propor como definição da CIM a busca pela coerência e consistência
das ações de promoção de uma marca, sob uma perspectiva convergente que agregue valor ao
posicionamento da marca e facilite a compreensão do propósito da organização. Isso significaria
que as marcas precisam trabalhar a autenticidade de seu posicionamento e sua essência e, enquanto
Conhecendo a comunicação integrada de marketing (CIM) 11
empresa, não devem divergir do que é comunicado em diferentes momentos e necessidades. Dessa
forma, a estratégia poderia contar com as vantagens que a CIM é capaz de agregar.
1 Stakeholders (do inglês stake = interesse e holders = quem possui algo) no ambiente de gestão significa as partes
interessadas ou afetadas por processos, projetos e resultados de uma empresa, podendo ser pessoas ou outras
organizações.
12 Comunicação integrada de marketing
Enfim, a CIM não é feita, meramente, por uma campanha publicitária. Ela possui um
escopo mais amplo e com aspectos estratégicos que fazem com que a integração entre os veículos
e a transversalização do tom que se pretende comunicar aumente a aceitação da mensagem. Até
aqui, conseguimos observar as vantagens e os benefícios que são viabilizados pela implementação
da CIM. Além de auxiliar na comunicação diretamente, o fato de permitir que a marca adquira
uma convergência e consistência para o consumidor potencializa a possibilidade de construir
um relacionamento entre a empresa e o público-alvo. E esse ponto se traduz em um melhor
posicionamento, melhor reconhecimento da marca e maior rentabilidade para a empresa.
Criação da mensagem Pode combinar os elementos léxicos (termos e palavras) ou sensoriais (visão,
olfato, audição e tato).
Interpretação da mensagem Quase sempre é um desafio compor uma mensagem que seja 100%
compreendida, visto que “o que significa uma mensagem para os seus
criadores e seus receptores não reside nas palavras que são faladas, ditas
ou encenadas. Um consenso entre os estudiosos de comunicação é que as
palavras não significam coisas, as pessoas significam as coisas” (GRIFFIN,
2012, p. 7). Um exemplo disso está na multiplicidade de interpretações para
a leitura de um mesmo texto, uma vez que o contexto social, econômico,
educacional, familiar e emocional de quem lê pode influenciar a sua
compreensão.
Processo relacional “Comunicação é um processo relacional não só porque ela ocorre entre
duas ou mais pessoas, mas também porque afeta a natureza das conexões
entre essas pessoas” (GRIFFIN, 2012, p. 8). Assim, o contexto da elaboração
e do desenvolvimento do processo de comunicação pode influenciar a
inteligibilidade.
Mensagens para motivar É quando a conclusão do processo de comunicação depende de uma resposta,
isto é, uma reação da outra parte envolvida. Um bom exemplo são os call to
uma resposta
action (chamar para a ação do destinatário da ação).
Mensagem
Mensagem
Meio
Codificação Decodificação
Emissor Receptor
Ruído
Feedback Resposta
É importante conhecermos um pouco mais sobre cada uma dessas etapas do processo de
comunicação para melhor trabalhá-las nas nossas estratégias de divulgação (KOTLER; KELLER,
2014):
• emissor: aquele que vai enviar uma mensagem, pretendendo se comunicar.
• codificação: como essa mensagem será transmitida de uma perspectiva mais ampla, ou
seja, a seleção de linguagem e símbolos.
• mensagem: etapa central do processo de comunicação. É o que vamos transmitir e
o momento em que é necessário ter cuidado para passar somente o que é o objetivo,
evitando interpretações equivocadas.
• meio: para ampliar a chance de compreensão, a mensagem deve ser passada por meios
adequados (como a seleção de veículos).
• ruído: interferências que podem influenciar, mediar ou moderar a compreensão da
mensagem que está sendo passada.
• decodificação: tradução da linguagem utilizada para passar uma mensagem. É importante
reforçar que, para haver a seleção da linguagem, precisamos saber qual é a mensagem.
Conhecendo a comunicação integrada de marketing (CIM) 17
• receptor: é a outra ponta do processo, isto é, para quem se pretende transmitir a mensagem.
Ele será o foco para entender qual é a mensagem e como fazer com que a compreensão
seja bem-sucedida.
• resposta: em um processo de comunicação bem construído, é possível gerar uma resposta
do receptor. Pode ser pela mesma codificação ou pode ser de códigos diferentes.
• feedback: é o momento em que é possível saber se a mensagem foi corretamente
compreendida. É quando há o retorno da mensagem enviada por meio de uma ação,
por exemplo.
Os autores ainda reforçam que, nesse processo, o emissor precisa ter experiência e entender
como desenvolver a comunicação. Griffin (2012) também indica que é relevante levar em
consideração o contexto do receptor para tentar prever as possíveis interpretações da mensagem.
Isso só é possível conhecendo o público-alvo e o plano estratégico para a comunicação.
No caso dos micromodelos de processos de comunicação, há um foco adicional nas respostas
(ou prováveis respostas) do consumidor. Um ponto fundamental ao aplicar um micromodelo é o
perfil do produto/serviço. Isso porque é necessário que seja algo capaz de gerar um engajamento,
isto é, capaz de despertar o interesse (ou mesmo a necessidade para evitar o arrependimento),
muitas vezes gerado pelo valor investido na aquisição de uma marca, categoria de produtos ou
serviços. Principalmente nessa perspectiva de transmitir (ou reforçar) o objetivo de marketing
por meio da comunicação, está bastante associado aos desafios da CIM. Nesse contexto, os
micromodelos “pressupõem que o comprador passa por um estágio cognitivo, um afetivo e um
comportamental, nessa ordem” (KOTLER; KELLER, 2014, p. 516 – grifos nossos).
Esses movimentos dão origem ao que os autores chamam de hierarquia de resspostas. Para
chegar a essa hierarquização, foram estudadas teorias clássicas sobre como ocorre a transmissão de
informação, seguindo os seguintes estágios, conforme a Figura 4.
Figura 4 – Modelos da teoria de hierarquia de respostas
conscientização exposição
simpatia
interesse interesse atitude
afetivo preferência
desejo avaliação intenção
convicção
experimentação
A respeito disso, Kotler e Keller (2014) ressaltam que não é algo tão simples desenvolver um
posicionamento de marca forte. É preciso explorar todas as nuances que compõem o estudo do que
a empresa é capaz de entregar, como e em quanto tempo. Seria o mesmo que evidenciar a mais-valia
de uma marca em relação aos concorrentes (KAPFERER, 2003).
Ao procurarmos uma definição na literatura para posicionamento, encontramos a de Kotler
e Pfoertsch (2008, p. 181): “posicionar marcas trata de encontrar o lugar ideal nas mentes dos
consumidores a fim de criar as pretendidas associações”. Isso significa que posicionar marcas nada
mais é do que saber para quem se destina o produto ou serviço e como melhor evidenciar os
atributos mais fortes. Assim, fica mais claro o papel que a CIM tem nesse contexto. Se estamos
falando de reforçar atributos importantes da marca, estamos nos referindo também a divulgá-los.
Sabendo disso, assim como usamos as mesmas estratégias que levamos em consideração
para identificar e desenvolver um posicionamento de marca ideal, precisamos levar em
consideração aspectos demográficos e psicográficos da identificação do público (principal
localização geográfica, estilo de vida, interesses, profissões etc.), bem como ter convicção da
essência da organização e o que ela é capaz de entregar que a destaque dos demais players do
mercado. Quando a comunicação de marketing é contemplada nessa equação, é possível contar
com um aumento considerável da coerência e assertividade, com as quais conseguimos chegar ao
consumidor.
Se já sabemos quem é a persona (personificação bastante minuciosa do público-alvo,
convertendo suas características e motivações em uma pessoa) que queremos comunicar, é mais
simples saber quais atributos da marca realçar e como fazer isso. Fica mais fácil identificar os quais
canais de comunicação mais indicados para serem explorados e o tom certo para a divulgação.
Nesse sentido, é possível relembrar que existe uma diferença entre comunicar e informar que vai
além da semântica das palavras. Informar se refere a quando se diz algo para o receptor, mas isso
não gera uma interação; comunicar, por sua vez, já pressupõe que haja interação. De maneira
resumida e para facilitar a percepção dessa diferenciação, informar é uma etapa que está contida
no ato de comunicar.
A CIM explora fortemente a marca da empresa. Ela é uma grande aliada para reforçar e
explorar os diferenciais dos produtos e serviços oferecidos. De modo ideal, “desenvolver uma
marca forte é tanto uma arte, quanto uma ciência. Requer planejamento cuidadoso e profundo
comprometimento de longo prazo, além de um marketing planejado e executado com criatividade”
(KOTLER; KELLER, 2014, p. 257).
Com essa perspectiva, já conseguimos perceber que as marcas devem ser trabalhadas para
possuir uma imagem a seu público-alvo. Sabendo que esse posicionamento dos autores exige
uma maturidade e robustez estratégica, é comum que as marcas sejam construídas com algum
amadorismo, sem ser capaz de integrar os atributos e essência da empresa de modo a conferir sentido
ao consumidor. Ao buscarmos na literatura a definição de marca, encontramos aquela oferecida
20 Comunicação integrada de marketing
por Kapferer (2003), segundo a qual marca é um conjunto de atribuições e articulações de nomes
e sinais, que tem como objetivo esclarecer a oferta e torná-la clara para o consumidor, favorecendo
a sua identificação, diferenciação e permitindo a promoção de produtos e serviços. A marca pode,
inclusive, constituir um capital de marca a médio prazo. Por essa razão, é importante um olhar
estratégico na construção e na promoção de uma marca para o mercado. Essa construção pode
produzir marcas fortes/fracas, com características femininas, masculinas, modernas, divertidas,
conservadoras e de outros tipos. São inúmeras as combinações possíveis e as estratégias que podem
ser trabalhadas em um planejamento de marketing bem executado para que os atributos principais
da marca sejam percebidos.
Kotler e Keller (2014) apresentam que o sucesso de uma marca está diretamente ligado ao
planejamento, ao autoconhecimento e à análise de mercado própria e do seu mercado (e público).
Para eles, a marca está associada ao valor que é capaz de gerar para o consumidor e para a empresa.
O processo de gestão estratégica de marca envolve quatro etapas principais:
• Identificação e definição do posicionamento da marca.
• Planejamento e implementação do marketing da marca.
• Mensuração e interpretação do desempenho da marca.
• Crescimento e sustentação do valor da marca. (KOTLER; KELLER, 2014,
p. 257)
Quando essas bases são avaliadas pelo planejamento de marketing, a comunicação de
marketing desempenha um importante papel. A adesão (ou melhor, a assertividade na seleção do
tom) é capaz de gerar indicadores que permitem à empresa identificar se a mensagem está sendo
percebida adequadamente. Caso seja necessário, é possível promover ajustes que agreguem na
identificação dos diferenciais da empresa e na melhora do seu posicionamento de marca no mercado.
Considerações finais
O posicionamento é uma etapa do marketing que envolve mais aspectos essenciais do que
deixa transparecer à primeira vista. Ainda há algumas oportunidades de conhecer os benefícios da
CIM, como melhor trabalhá-los e integrá-los às estratégias de marketing. Para desempenhar bem
essa função, é preciso ter um bom conhecimento do processo de comunicação como sendo algo
capaz de gerar insights sobre as necessidades da sua marca e do seu consumidor, como trabalhar
as etapas (seja dos macro ou micromodelos) para obter um determinado engajamento. Afinal, o
próprio processo de se comunicar pressupõe que haja a interação entre as partes.
Precisamos, obrigatoriamente, mapear e entender qual posicionamento de marca é capaz de
ser percebido como coerente para o público-alvo da empresa. Para isso, é necessário segmentar e
conhecer o consumidor, saber qual é a essência e diferenciais da organização, para, assim, compor
a marca assertivamente. Outra vantagem de contemplar a CIM nesse plano é conseguir identificar
a adesão, isto é, o engajamento que a marca é capaz de gerar durante a sua divulgação.
Uma vez que o cliente interage e responde a uma comunicação, é possível notar se a
mensagem é corretamente compreendida ou se precisa de ajuste. Dessa forma, a comunicação
Conhecendo a comunicação integrada de marketing (CIM) 21
• AMOR por Contrato. Direção: Derrick Borte. Elenco: Demi Moore, David Duchovny,
Amber Heard. EUA: Echo Lake Productions, 2009. 1 DVD (96 min.), son., color.
O filme conta a história de uma empresa que trabalha com produtos de luxo e contrata
atores para divulgar a marca, como se esses produtos fizessem parte do dia a dia deles,
e, assim, promoverem esses bens em determinados círculos sociais. No longa, também é
possível ver como estratégias de CIM podem influenciar as pessoas, em um contato mais
personalizado, aliado ao posicionamento seletivo em outras mídias.
Atividades
1. Como a CIM pode ser prevista no planejamento estratégico?
Referências
BELCH, G. E.; BELCH, M. A. Advertising and promotion: an integrated marketing communication
perspective. New York: McGraw-Hill, 2007.
GALÃO, F. P.; CRESCITELLI, E.; BACCARO, T. A. Comunicação Integrada de Marketing: uma Ferramenta
de Posicionamento Estratégico? UNOPAR Cient., Ciênc. Jurid. Empres., Londrina, v. 12, n.1, p. 85-91, mar.
2011.
GRIFFIN, E. A first look at communication theory. 8. ed. New York: McGraw-Hill, 2012.
22 Comunicação integrada de marketing
KAPFERER, J. N. As marcas, capital da empresa: criar e desenvolver marcas fortes. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2003.
KOTLER, P. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
KOTLER, P; PFOERTSCH, W. Gestão de marcas em mercados B2B. Porto Alegre: Bookman, 2008.
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2014.
REID, M.; LUXTON, S.; MAVONDO, F. The relationship between integrated marketing communication,
marketing orientation, and brand orientation. Journal of Advertising, v. 34, n. 4, p. 11-23, 2005.
SCHULTZ, D. E. Integrated Marketing Communications: Maybe Definition is in the Point of View. Marketing
News, v. 27, n. 2, jan. 1993.
SHIMP, T. A. Comunicação integrada de marketing: propaganda e promoção. Porto Alegre: Bookman, 2002.
2
Pré-requisitos para o plano de
comunicação integrada
Existem muitos aspectos que precisam ser pensados para desenvolvermos uma comunicação
integrada de marketing (CIM) eficiente, principalmente porque existe o escopo estratégico a ser
contemplado nessa integração. Um dos objetivos da CIM é proporcionar coerência, conversão e
assertividade na promoção de uma marca. Portanto, haverá muitos pontos que serão tratados no
planejamento estratégico de marketing e na comunicação integrada. Assim, é possível manter a
sinergia entre as ações e posicionamento.
O ponto de partida para o direcionamento do plano de comunicação integrada é conhecer
o público-alvo e entender o que é considerado um diferencial para o consumidor que a marca
quer atingir. Também precisamos conhecer o planejamento estratégico da organização, como está
sendo trabalhada a identidade da marca, como ela está sendo percebida e como são mapeados
e operacionalizados os objetivos de uma comunicação integrada de marketing. Dessa forma,
conseguiremos explorar esses pré-requisitos básicos para a elaboração de um plano de CIM.
É uma arte muito refinada fazer esse mapeamento, pois a identificação do público-alvo
envolve muita análise. Um bom ponto de partida para entender a quem a marca se destina é se
perguntar algumas questões (Figura 1).
Figura 1 – Questões norteadoras para relacionar marca e público alvo
? ?
Qual é a essência da empresa? Qual é o produto comercializado?
Ela é mais conservadora, tradicional, Como ele se posiciona face a outros
moderna ou descolada? similares no mercado?
Sabendo isso, é possível estabelecer uma Aqui chamamos de produto no sentido lato
ligação entre a marca e o público. É muito sensu, podendo ser um bem ou um serviço.
destoante um negócio que se apresenta Precisamos saber os diferenciais já explorados
como conservador, mas usa um tom de e o que mais se pode explorar e/ou se é
comunicação divertido. Soa desconexo. possível investir em compostos de marketing
para realçar algumas características do que
foi produzido perante o mercado. Saber o
que podemos realçar já nos ajuda a entender
?
Quanto custa produzir o produto/
quem é esse cliente.
serviço que a empresa oferece
exatamente?
?
Esse é um ponto muito importante, pois vai
Qual é a capacidade produtiva e de
ajudar a definir a saúde da organização e que atendimento da organização?
tipo de cliente tem poder aquisitivo para
adquirir. Existe uma margem de segurança
Logo de início, é preciso saber se é possível
que deve ser contemplada na precificação de
atender a um grande volume de consumidores
bens e serviços, e passar dela traz prejuízos
e qual é o tipo de distribuição (local, regional,
à empresa. Essa margem já ajuda a entender
nacional, internacional). Assim, é possível
o tipo de poder aquisitivo que o público
mapear os clientes que podem ser abrangidos
precisa ter.
nesse contexto.
Para compreendermos um pouco melhor como ocorre esse processo de identificação, vale
a pena entendermos as principais técnicas de segmentação de mercado, as quais representam uma
parte expressiva da delimitação estratégica da empresa. Sobre isso, Kotler e Armstrong (2015)
explicam que toda organização que visa ter participação efetiva de clientes precisa se dedicar a
conhecer quem é seu público-alvo e investir em atender melhor ao perfil desejado. É necessário,
dessa forma, conhecer as necessidades, o que motiva e o que estimula os prováveis consumidores,
sabendo que podemos ter influências sociais, situacionais, culturais, psicológicas e pessoais
(CHURCHILL JR.; PETER, 2012).
Ao conhecer e identificar o segmento que mais oferece oportunidades para a empresa, é
possível direcionar os esforços de modo inteligente (KOTLER; KELLER, 2014). Tudo começa
pela identificação de a quem o negócio se destina. Sobre esse ponto, na estratégia de marketing,
é possível encontrarmos alguns tipos de segmentação que auxiliam no conhecimento do público
potencial. Uma das maneiras clássicas de auxiliar esse processo é proposta por Weinstein (1995),
que sugere o mapeamento de acordo com as seguintes características (Figura 2):
Pré-requisitos para o plano de comunicação integrada 25
Abrange aspectos territoriais. Segundo Las Estuda questões como faixa etária e composição
Casas (2006), é uma das métricas mais utilizadas familiar (quantas pessoas por família na média)
pelas empresas. Isso porque permite explorar em um determinado território. Essa análise
geograficamente onde estão mais concentrados permite entender um pouco melhor quem é o
os consumidores que teriam maior interesse no consumidor e quais as necessidades e expectativas
produto ou serviço. Envolve analisar cidades, que a organização pode atender tanto direta
estados, regiões e países, o que auxilia a termos como indiretamente.
uma dimensão do mercado. Vale aqui fazermos
uma ressalva. Apesar de o poder de alcance de
alguns negócios ter se ampliado com a internet, é
dever do gestor avaliar a capacidade de produzir/
atender da empresa. Perfil socioeconômico
Outro aspecto importante para ser analisado é o tipo de público-alvo. De acordo com o perfil
do negócio, pode ser que o direcionamento esteja mais voltado a trabalhar com outras empresas, o
que é conhecido como Business to Business (B2B) – que, em uma tradução literal, significa negócio
para negócio – ou quando vise o consumidor final, o que é chamado de Business to Consumer (B2C)
– que, em tradução literal, significa negócio para consumidor. Segundo Kotler e Keller,
26 Comunicação integrada de marketing
Esses estudos ajudam a manter a coerência entre o que está sendo proposto, os valores
essenciais da organização e o posicionamento no mercado. Com esse tipo de informação, o
planejamento pode propor ações que estarão alinhadas com o objetivo estratégico organizacional.
Vale reforçar a necessidade de formalizar e comunicar o plano na perspectiva mais ampla a toda a
organização (MENDONZA; PLANELLAS, 1995).
Não é o nosso objetivo explorar com profundidade o planejamento estratégico, mas seria
impossível falarmos em estratégias de comunicação integrada sem sabermos como são delimitados
os escopos estratégicos organizacionais. A CIM precisa estar bastante alinhada com esses
direcionamentos maiores para obter a coerência e a consistência estratégica: “para assegurar que as
atividades corretas sejam selecionadas e executadas é essencial que os profissionais de marketing
deem prioridade ao planejamento estratégico” (KOTLER; KELLER, 2014, p. 39).
Quando olhamos por essa perspectiva, conseguimos perceber que o objetivo do
planejamento estratégico organizacional compreende como manter a missão-base de gerar valor
para o cliente sem comprometer a lucratividade e assimilar que “com o tempo, a missão pode
mudar para que novas oportunidades sejam aproveitadas ou para que mudanças nas condições do
mercado sejam atendidas” (KOTLER; KELLER, 2014, p. 40).
No caso do alinhamento desse planejamento estratégico organizacional e a CIM, há uma
relação de subordinação entre ambos. O plano do que e de como divulgar precisa ser claramente
conectado com o porquê e para quem a estratégia da empresa é capaz de indicar.
Com esse ponto de partida, o que precisamos fazer é conhecer como a literatura tem se
referido às marcas. Segundo Kotler e Keller,
uma marca é, portanto, um bem ou serviço que agrega dimensões que, de
alguma forma, o diferenciam de outros produtos desenvolvidos para satisfazer
a mesma necessidade. Essas diferenças podem ser funcionais, racionais ou
tangíveis — isto é, relacionadas com o desempenho do produto. E podem
também ser mais simbólicas, emocionais ou intangíveis — isto é, relacionadas
com aquilo que a marca representa ou significa em termos abstratos. (KOTLER;
KELLER, 2014, p. 257)
Essa definição é bastante abrangente quanto ao que a marca é capaz de representar e já mostra
a complexidade que é possível alcançar com elementos subjetivos que podem ser explorados para
adicionar significados ao nome ou símbolo. Kotler (1991), citado por Keller (1993), definiu marca,
anteriormente, como um conjunto de nome, termos, símbolos, design, ou a combinação deles,
com o objetivo de identificar produtos ou serviços e ser capaz de criar diferenciação perante os
concorrentes. Os componentes individuais desse conjunto são chamados de identidades da marca.
O autor destaca que deve haver uma seleção dos atributos a serem trabalhados para que a marca
permaneça na memória dos consumidores.
Com base nisso, é possível perceber que o valor da marca será resultado da construção da
sua identidade, e isso interfere no fluxo de caixa futuro, na lealdade e na intenção de recompra do
consumidor. Keller (2001) afirma que, quando construímos uma marca forte, também estamos
aumentando o seu valor e os benefícios que ela pode oferecer à empresa, como conquistar a
lealdade do consumidor, diminuir a vulnerabilidade perante os concorrentes e as crises, obter maior
margem de lucro, conseguir equilibrar-se na guerra de preços, contar com mais apoio dos canais
de distribuição e alcançar melhores resultados de comunicação. Por isso mesmo, existe uma área
dentro do marketing denominada branding, que se dedica a trabalhar a marca de modo estratégico.
Com base nesses fatores, Keller (2001) desenvolveu o modelo de Customer-Based Brand
Equity (CBBE) – que, em tradução literal, significa valor da marca com base no consumidor – o qual
estima o valor da criação de uma marca forte na percepção e nas associações dos consumidores a
partir de quatro perguntas (Figura 3).
Figura 3 – Perguntas CBBE
3) O que eu penso ou
Respostas à marca sinto a seu respeito?
Identidade
Identidade
de marca
de marca
Identificar o perfil dos clientes e fazer com que a marca se comunique com eles é importante
para solidificar e perpetuar o relacionamento da empresa com o público. Quando a marca é
bem construída, com elementos que permitem a identificação da essência da organização e dos
diferenciais que possui com foco no seu público-alvo, torna-se menos complicado trabalhar as
estratégias de marketing e de comunicação integrada. Em ambas as situações, o desenvolvimento
de marcas fortes é capaz de facilitar o processo de identificação e de evidenciar os diferenciais de
uma empresa em relação à sua concorrência, o que ajuda a minimizar ataques dos concorrentes, a
melhorar a performance de produtos ou serviços e a alcançar a lealdade e a intenção de recompra
por parte do consumidor.
Um objetivo da CIM quase sempre integra diversas etapas de micromodelos, como o AIDA
e o modelo de hierarquia de necessidades, para gerar uma resposta, uma ação do consumidor, que
pode ser traduzida na aquisição do produto ou serviço. Kotler e Keller (2014) apresentam alguns
objetivos de CIM:
1. Necessidade da categoria: aplicado quando é um produto ou serviço novo, que demostra
ter sido criado para sanar uma necessidade do mercado, o qual precisava dessa inovação.
Teria como objetivo “eliminar ou satisfazer uma evidente discrepância entre o estado
motivacional atual e o estado emocional desejado” (KOTLER; KELLER, 2014, p. 518).
2. Conscientização da marca: faz com que o consumidor reconheça a marca na hora
da compra. “É mais fácil conquistar o reconhecimento do que a lembrança [...]. A
lembrança é importante fora da loja; o reconhecimento é importante dentro da loja. A
conscientização da marca é o alicerce do brand equity” (KOTLER; KELLER, 2014, p.518).
3. Atitude em relação à marca: demonstra que a marca é capaz de atender as necessidades
do consumidor. As marcas podem reforçar esse posicionamento solucionando um
problema ou reforçando o sensorial de recompensa e de satisfação, que pode obter na
aquisição de determinado produto ou serviço.
4. Intenção de compra da marca: objetiva motivar a ação efetivamente para que o
consumidor decida tomar uma atitude que quase sempre se traduz em adquirir a marca.
Refere-se às campanhas de cunho promocional ou que utilizam apelos de oportunidade
("só para os primeiros dez inscritos"), de escassez ("compre, antes que acabe"), ou de
oferta ("compre um e ganhe outro") para o público.
Os objetivos de CIM devem estar diretamente alinhados com os objetivos da organização e
do marketing. A vantagem de ter esses objetivos bem estruturados e planejados se traduz em um
maior retorno dos investimentos e uma coerência e convergência de ações e possibilidades que
reforçam a imagem organizacional, mesmo quando o objetivo for de caráter promocional.
Considerações finais
Um plano de CIM precisa levar em consideração alguns critérios essenciais para que
seja executado com sucesso. Primeiramente, é necessário entender o fato de que, sem haver um
profundo conhecimento sobre a organização e o público-alvo, as ações podem ter a coerência e
eficácia comprometida. Como esse não é o cenário ideal, o gestor de marketing precisa estar atento
e se dispor a estudar o planejamento estratégico da organização e como a identidade de marca foi
construída. Assim, é possível otimizar as ações e, caso necessário, propor ajustes prévios.
Os objetivos da CIM devem estar alinhados com as estratégias de marketing para que haja
uma maior integração entre os possíveis pontos de contado dos consumidores com a marca e
para reforçar a mensagem institucional ou promocional com coerência, sem ferir a essência e a
identidade da empresa.
34 Comunicação integrada de marketing
Atividades
1. Existe a possibilidade do público-alvo da CIM ser diferente do público-alvo da organização?
3. Como evitar que a formalização do planejamento estratégico seja confundida com “engessar
a organização”?
Referências
CHURCHILL JR., G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
2012.
KAPFERER, J. N. As marcas, capital da empresa: criar e desenvolver marcas fortes. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2003.
KELLER, K. L. Building customer-based brand equity. Marketing Management. v. 10, n. 2, p. 14-19, jul./aug.
2001.
KELLER, K. L. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2014.
Pré-requisitos para o plano de comunicação integrada 35
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 15. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2015.
LAS CASAS, A. L. Marketing: conceitos, exercícios, casos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
SOLOMON, M. O comportamento do consumidor: Comprando, possuindo e sendo. 11. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2016.
VAN DER HEIJDEN, K. Planejamento por cenários: a arte da conversação estratégica. Porto Alegre:
Bookman, 2004.
Existe uma crença de que a comunicação deve ser espontânea e pouco estruturada. No
entanto, isso precisa ser desmistificado, pois a comunicação é algo bastante amplo e pode existir
em contextos em que essa visão não se aplique. Até porque é possível desenvolver algo que tenha
espaço tanto para a estrutura como para a espontaneidade. Entretanto, são muitos os aspectos que
precisam ser envolvidos e trabalhados no planejamento de comunicação integrada de marketing
(CIM), e conhecer o máximo possível desses aspectos é tão importante quanto saber como se
comunicar. Tudo isso precisa estar alinhado com um objetivo estratégico, o qual, normalmente,
combina quem é a organização com o que o mercado precisa. Esse é exatamente o nosso objetivo
neste capítulo, entender como podemos desenvolver um planejamento de CIM capaz de nos ajudar
a obter maior assertividade.
Seguindo essa linha de raciocínio, já é previsível que, para desenvolvermos um bom
plano de CIM, precisamos saber quais critérios nos ajudam a identificar e selecionar os canais
mais indicados. Esse aspecto leva em consideração o perfil da marca e o comportamento do seu
público‑alvo. Precisamos explorar como trabalhar da melhor forma com as estratégias de mídias
e como potencializar objetivos de comunicação integrada institucional e de promoção, tanto em
paralelo como de maneira associada. Pode não parecer à primeira vista, mas a sinergia entre esses
temas nos ajudará a ter melhores resultados e a incrementar o valor da marca.
exemplo, quando se é convidado para uma festa importante no seu círculo social, é possível saber
quais pessoas estarão lá e já nos perguntamos: o que fazer? Como a ideia é criar uma boa imagem,
o normal é planejar a vestimenta (que transmitirá a mensagem de uma pessoa autoconfiante,
elegante, moderna ou seja qual for o objetivo que possui em mente), cuidar um pouco da aparência
e pensar nas pessoas que já conhece e pode procurar para iniciar conversa. Enfim, você vai procurar
desenvolver esses apoios com antecedência.
Isso é exatamente o que precisa acontecer no desenvolvimento de um plano de CIM. Isto
é, o gestor da área deve identificar previamente os seguintes pontos que precisam ser trabalhados
para iniciar o processo:
• as características da mensagem que precisa passar;
• a dimensão do alcance da mensagem;
• qual é o tempo para a disseminação da mensagem;
• o custo com o qual é possível se arcar para cada fase;
• os indicadores que permitem medir os efeitos da comunicação.
Esses são os cinco pontos básicos que geram desdobramentos capazes de identificar os
critérios de seleção para os canais adotados. A mensagem seria o core, ou seja, o ponto central a ser
observado nesse processo de escolha e a necessidade de informação do consumidor. Baggio, Costa
e Blattemann (2016, p. 43) expõem que “a informação está sempre destinada a um público‑alvo.
Para cada informação, seja ela de cunho científico ou não, existe um usuário de interesse que a
utiliza para realizar alguma tarefa, obter conhecimento e tomar decisões”.
Gerar conhecimento e disseminar e buscar informação funcionam como um gatilho para a
construção da mensagem. No caso da comunicação organizacional, essa construção deve ter como
foco associar as necessidades estratégicas da empresa às demandas de conhecimento do público. É
preciso manter esse equilíbrio, pois sabemos que, hoje, o nível de exigência e de possibilidade de
acesso à informação é muito maior. A internet promoveu uma forma diferenciada de buscar dados
com mais abrangência e rapidez, o que resultou na necessidade do aumento da criticidade do público,
que começou a exercitar uma triagem das fontes de acordo com a credibilidade de cada uma.
Poder identificar quais as fontes relevantes, pertinentes e necessárias e aonde
buscá-las para atender [a] uma demanda informacional, seja para solucionar
uma curiosidade ou subsidiar uma pesquisa, se torna essencial para qualquer
indivíduo.
Existem fontes e recursos informacionais disponíveis de forma oral, impressa,
digital e multimídia, que possuem funções diferentes e se diferenciam por meio
do seu conteúdo, que consequentemente se direcionam a usuários específicos.
(BAGGIO; COSTA; BLATTMANN, 2016, p. 46)
Isso nos leva a utilizar o critério de dimensão do alcance que a mensagem precisa ter para
selecionar possíveis canais. Kotler e Keller (2014) afirmam que um dos desafios dos gestores
de marketing seria fazer o dimensionamento ideal de uma mensagem, tomando como base o
consumidor. Por essa razão, é tão importante conhecer quem é o público-alvo e onde ele está
Desenvolvimento de um planejamento de CIM 39
(segmentação de mercado geográfica). Saber o alcance da marca (a real e a pretendida) ajuda nesse
processo de seleção dos canais de comunicação. Uma mídia que possui característica de massa
(amplo alcance e pouca possibilidade de personalização/direcionamento) talvez não seja o ideal
para uma atuação regional, por exemplo.
O tempo é uma variável que influencia os custos e o alcance da mensagem. Isso porque nem
sempre todas as pessoas possuem acesso à mensagem ou ao canal de comunicação selecionado ao
mesmo tempo. Muitas vezes, a recepção acontece no sistema de ondas, em que há uma exposição a
um maior número de pessoas, e depois consegue ampliar a sua influência e reduzir a sua relevância.
É preciso ter sensibilidade (e muito conhecimento) para identificar quando a comunicação já
não está agregando e, às vezes, isso acontece. Estudos e monitoramento da divulgação costumam
indicar o comportamento do consumidor e propor uma duração da divulgação.
Apesar de ser necessário conhecer a mensagem, o público e as mídias disponíveis, Kotler e
Keller (2014, p. 515) alertam que “pela perspectiva da construção do brand equity, os profissionais
de marketing devem ser ‘imparciais quanto às mídias’ e avaliar todas as opções possíveis de
comunicação de acordo com critérios de eficácia (em que medida a opção funciona bem) e de
eficiência (quanto ela custa)”. Esse ponto é importante, pois os custos também são dimensionados
de acordo com a escolha do canal e o tempo de cada comunicação. Por essa razão, faz ainda mais
sentido contemplar o dimensionamento para justificar os investimentos necessários.
Para conseguir acompanhar a assertividade de todos os pontos mencionados, é natural
que precisemos saber como medir e acompanhar os resultados de cada comunicação. Para isso,
é necessário desenvolvermos indicadores que sejam capazes de monitorar o alcance, eficácia e
eficiência dessa divulgação, para estudar tanto a sua rentabilidade como a possibilidade de ajustes,
para replicar ou para estender uma mensagem. A eficiência e a eficácia são aspectos importantes
na identificação de mídias e sua seleção.
Kotler e Keller (2014) acreditam que os canais são divididos em pessoais e não pessoais e,
a partir daí, poderiam ter muitas outras subdivisões. Os canais de comunicações pessoais, por
exemplo, envolveriam “duas ou mais pessoas que se comunicam diretamente uma com a outra ou
com uma plateia por telefone, correio ou e-mail” (KOTLER; KELLER, 2014, p. 522). Nesse tipo
de canais, haveria mais possibilidade de personalização, de integração e de medição do feedback.
Nesse caso, por haver a possibilidade de maior interação com o público, podem ser utilizadas
técnicas de divulgação, como marketing direto, WOM (do inglês word of mouth, que é o chamado
boca a boca) e, até mesmo, vendas pessoais. Os canais de comunicação pessoal, segundo Kotler e
Keller (2014), podem ser distintos de acordo com o seu perfil:
• defensores: representados pelos que defendem a marca, como os vendedores ou a publicidade
paga desempenhada por artistas para comunicação com o público-alvo da empresa.
• especializados: desenvolvidos por especialistas de um determinado universo, que
apresentam informações sobre os produtos e serviços associados ao segmento que eles
conhecem com propriedade.
40 Comunicação integrada de marketing
• sociais: podem ser utilizados por qualquer pessoa de maneira informal, e as informações
interagem com redes de contatos partilhados sem a pretensão de defender (oficialmente,
pelo menos) uma marca ou outra.
Esses canais possuem grande popularidade na internet, tanto que a comunicação integrada
das organizações passou a contemplar ações de apresentação e promoção de suas marcas com
esses meios. “Hoje em dia, mais anunciantes buscam mais mídia espontâneas — comentário
profissional não solicitado, menção em blogs pessoais, discussão em redes sociais — como
resultado de suas ações de marketing em mídias pagas” (KOTLER; KELLER, 2014, p. 523). Isso
ocorre, principalmente, devido ao poder indiscutível de influência pessoal que os indivíduos
podem ter nesses canais quando passam uma mensagem. Provavelmente, por isso, marcas que
são mais caras ou que querem transmitir um determinado status, unem-se a personalidades que
possuam características associáveis a essas empresas e influência no seu círculo de contatos (que
podem ser chamados de seguidores). Poderemos explorar um pouco melhor os canais pessoais
quando falarmos sobre WOM, comunidades virtuais e influenciadores digitais.
Os canais de comunicação não pessoais possuem uma abrangência maior, uma vez que são
direcionados para públicos mais diversos. Nesse contexto, estamos nos referindo às mídias (TV,
rádio e imprensa), às promoções de vendas, aos eventos das marcas, tanto exclusivos da empresa
quanto em participação indireta como patrocinadora, e às ações de relações públicas. O processo de
mensuração dos resultados nesses canais é bastante desafiador. Kotler e Keller (2014, p. 524) elucidam
que “os eventos conseguem atrair atenção, embora seu efeito duradouro sobre a conscientização, o
conhecimento ou a preferência de marca varie consideravelmente, dependendo da qualidade do
produto, do evento em si e de como ele é realizado”.
Embora haja essa divisão, de acordo com o perfil do canal pessoal e não pessoal, para a CIM,
é importante contemplarmos a possibilidade de trabalhar ambos em conjunto sempre que possível.
Isso porque, muitas vezes, uma divulgação feita para um canal de massa pode gerar engajamento
suficiente para ser assunto, também, em canais pessoais, e ser multiplicado dessa forma. Um
bom exemplo disso são os memes que algumas campanhas publicitárias divulgam amplamente
nas mídias sociais. A integração desses canais, até mesmo com desdobramentos de campanhas
desenvolvidas para cada perfil, é capaz de proporcionar resultados potencializados na divulgação
de produtos e serviços, podendo ser adaptada de acordo com a essência da empresa e o perfil dos
atuais clientes e prováveis consumidores das marcas.
Barban, Cristol e Kopec (2001) indicam que um planejamento estratégico de mídia precisa
obrigatoriamente contar com cinco componentes básicos:
• Revisão em profundidade: saber quem é a empresa, produto e/ou serviço. Nessa etapa,
o profissional que irá trabalhar com a mídia deve entender a essência do negócio, quem
é o público-alvo, os objetivos de marketing para o ano e os objetivos de comunicação. A
revisão em profundidade é mais que um briefing (documento que contextualiza quem
é a empresa, objetivos de comunicação e de orçamento), ela envolve muita pesquisa e
preparação para realmente haver integração com a estratégia.
• Exposição dos objetivos: depurar e integrar os objetivos da organização, de maneira
ampla, os de marketing e os de comunicação, para conseguir mapear os objetivos que o
plano de mídia precisa atender. Conhecer esses pontos auxilia na seleção dos canais de
comunicação (sejam pessoais ou não pessoais).
• Definição dos mercados-alvo: entender mais sobre o comportamento do público-
alvo da organização. É importante saber onde se concentram geograficamente e qual o
potencial de alcance de um determinado perfil, dependendo das mídias selecionadas.
Nesse componente do planejamento de mídia, precisamos entender não só quem já é o
consumidor de uma marca, mas também quem a empresa quer sensibilizar com a marca
para vir a ser um consumidor.
• Mix de mídia: quando sabemos quem é a organização e quais são seus objetivos
estratégicos e de divulgação, já podemos selecionar os canais de comunicação que
iremos abranger com o nosso planejamento de mídia. É importante justificar as escolhas
a serem integradas no planejamento para ficarem perceptíveis os critérios de seleção e
sua sinergia estratégica.
• Considerações gerais de programação: nesse ponto, normalmente, acontecem
algumas confusões com relação ao nível de definição do planejamento de mídias. Esse
componente é o plano de inserção das mídias. É uma demonstração visual (geralmente
feita em estrutura de grade ou planilha) de como ficará a distribuição de cada etapa
do plano de comunicação por veículo, por quanto tempo, em que dia da semana e em
que horários ocorrerão as divulgações. O nível de detalhamento da apresentação tanto
das peças como das mídias envolvidas (TV, rádio, banner em blogs, mídias exteriores
etc.) deve ser muito extenso para que seja possível verificar se as comunicações foram
efetivamente efetuadas como foram previstas (acompanhamento das mídias).
Barban, Cristol e Kopec (2001, p. 15) complementam ainda que “esses cinco componentes
não chegam a produzir um plano de mídia completo; em vez disso, servem como base para o
plano. É claro que o plano de mídias incluirá tanto dados quantitativos como qualitativos para
as abordagens específicas de mídias que forem recomendadas”. Isso só reforça o grau de robustez
que se espera do planejamento para que possa entregar o que é necessário, atingir os objetivos
estratégicos e acompanhar e coordenar tanto o desenvolvimento como a execução.
Desenvolvimento de um planejamento de CIM 43
A estratégia de mídias precisa ser parte do desenvolvimento da CIM. Sendo assim, precisa envolver
os objetivos organizacionais, as estratégias de marketing e atender as expectativas do público‑alvo. Por
meio da integração de diferentes possibilidades de canais de comunicação com os demais pontos de
contato com a marca, em uma visão de comunicação 360º (atendimento, colaboradores, endomarketing,
comunicação off-line e on-line), é possível desenvolver um tom unificado, ou seja, divulgar com coerência
e consistência para aumentar a percepção de valor da marca.
“Uma fonte de informação é qualquer recurso que responda a uma demanda de informação
por parte dos usuários, incluindo produtos e serviços de informação, pessoas ou rede de pessoas,
programas de computador etc.” (BIREME, 2001 apud BAGGIO; COSTA.; BLATTMANN, 2016, p.
33). Quando se trata da comunicação das empresas, usualmente, os consumidores buscam atender
algumas necessidades (já conhecidas ou recém-descobertas) com marcas que, na avaliação de
valor, foram percebidas como melhores. Segundo o pesquisador John Maloney, citado por Kotler e
Keller (2014), os consumidores esperariam uma espécie de recompensa na escolha de uma marca,
como obter a satisfação racional, sensorial, social ou de ego.
A satisfação racional está associada diretamente às funcionalidades dos produtos e serviços;
e a sensorial está associada à experiência que tanto a aquisição como a utilização daquele produto
ou serviço podem trazer, envolvendo sensações e emoções. Kotler e Keller (2014) afirmam que,
muitas vezes, as questões sociais abordadas por Maloney se referem à necessidade dos indivíduos de
se associarem a uma marca para obter, ou projetar, um pertencimento a um grupo de convivência
(seu círculo social, por exemplo). Isso estaria muito associado às recompensas de ego, porque este
envolve a construção da personalidade do indivíduo, tanto na auto percepção como em quem ele
quer projetar ser.
Quando analisamos os três questionamentos básicos do processo de comunicação (o
que, como e para quem comunicar) com os pontos de recompensa do público-alvo, podemos
entender o que o nosso consumidor busca e percebemos que as suas respostas devem orientar
toda a CIM. Essa fase de identificação é importante para o posicionamento da marca e para o
direcionamento estratégico da comunicação, e é um erro, relativamente comum, subestimá-los.
Esses questionamentos orientam o tom da marca, o qual deve estar presente em seus pontos
de contato e tipos de comunicação (comunicação 360º). Se analisarmos as oportunidades de
comunicar que a marca possui, as quais devem estar integradas, perceberemos que formam um
círculo virtuoso (Figura 1) e que se complementam e ajudam a desenhar quem é a marca.
Figura 1 – Círculo virtuoso da comunicação
tucional
o insti
çã
ca
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Co
Co
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ção
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Isso quer dizer que a comunicação promocional pode ser vista como a etapa em que as
marcas querem promover uma ação e direcionam a sua divulgação de modo que fique evidente o
call to action – que significa, em tradução literal, chamar para a ação. É comum esse tipo de técnica
ser aplicada em sites ou lojas para motivar uma ação como a compra de um produto/serviço ou o
engajamento com a marca (feedback, participar de algo que está sendo promovido, reencaminhar
a informação). A comunicação promocional também está associada a apresentar a marca e a
explicar os benefícios que é capaz de entregar e a diferença que é capaz de proporcionar na vida
do consumidor. Enfim, foca em promover o produto ou serviço diretamente. Kotler e Armstrong
(2015) reforçam que as empresas precisam se comunicar diretamente com seus clientes, de maneira
estruturada e assertiva, e devem contemplar todo o mix de promoção (publicidade, promoção de
vendas, ações em pontos de venda, relações públicas, vendas pessoais e canais de comunicação
digitais, tradicionais e pessoais) para atender aos objetivos de marketing.
Tudo isso evidencia que a CIM serve para aumentar as possibilidades de comunicação
das marcas, unindo as perspectivas internas, institucionais e promocionais, entregando maior
coerência, coesão e valor ao consumidor. Devemos, portanto, ter um olhar integrado (360º) para
as possibilidades de comunicação que as marcas possuem, evidenciando sempre a essência das
organizações para o público que elas atendem. A CIM deve levar em consideração as necessidades
do cliente alvo e a essência da marca, desde o desenvolvimento de produtos até o planejamento de
comunicação propriamente dito.
Considerações finais
A CIM precisa alinhar diversas possibilidades de promover tanto as marcas como seus
produtos e serviços. Esse processo só pode ser desenvolvido quando as empresas entendem que a
origem de todas essas ações deve ser pautada na essência da organização e em quem é o público-
alvo. A partir desse ponto, torna-se possível a identificação dos canais de comunicação mais
indicados para transmitir cada tipo de mensagem, que podem e devem ser trabalhadas de maneira
associada, o que reforça a coerência e consistência da mensagem.
Precisamos, também, ter um olhar estratégico para as mídias e trabalhá-las de acordo com o
perfil da organização, da mensagem e do consumidor que se pretende atingir, lembrando sempre
que o que, como e a quem comunicaremos orienta a seleção de canais a serem utilizados, além da
mensagem em si. Essas possibilidades precisam conversar com a comunicação interna, institucional
e promocional, sabendo que a possibilidade de trabalhar a valorização e os diferenciais da marca são
um meio de sensibilizar e promover maior ação quando associada à promoção dos benefícios, dos
produtos e dos serviços associados a essa marca. Em resumo, tudo na comunicação de marketing
precisa estar afinado, alinhado e integrado para ser mais eficiente e eficaz.
Desenvolvimento de um planejamento de CIM 47
• OBRIGADO por Fumar. Direção: Jason Reitman. Elenco: Aaron Eckhart; Adam Brody;
Maria Bello; Rob Lowe. EUA: Room 9 Entertainment, 2006. I DVD (92 min.), son., color.
Este filme conta a história de um lobista das empresas de tabaco que resolve fazer uma
campanha em defesa do direito de fumar. Mesmo sendo um tema complexo e que
suscita uma série de questionamentos éticos, é interessante perceber o processo de
desenvolvimento do planejamento de comunicação, a seleção de canais por meio dos
quais ele poderia trabalhar essa mensagem, o tipo de comunicação a ser abordado e
como ele integra diferentes possibilidades para melhor posicionar as empresas tabagistas
perante o público.
Atividades
1. Com a popularização da internet, ainda é cabível a utilização de canais de comunicação não
pessoais?
3. É necessário que a comunicação institucional, que já aborda o público interno e externo, faça
parte da comunicação integrada?
Referências
BAGGIO, C. C.; COSTA, H.; BLATTMANN, U. Seleção de tipos de fontes de informação. Perspectivas em
Gestão e Conhecimento, João Pessoa, v. 6, n. 2, p. 32-47, jul./dez. 2016. Disponível em: http://www.brapci.inf.
br/index.php/res/v/50946. Acesso em: 11 nov. 2019.
BARBAN, A. M.; CRISTOL, S. M.; KOPEC, F. J. A essência do planejamento de mídia: um ponto de vista
mercadológico. São Paulo: Nobel, 2001.
DRUCKER, P. F. O melhor de Peter Drucker: obra completa. São Paulo: Nobel, 2002.
FRAZÃO, Â. Mídia – função básica. In: PREDEBON, J. (org.) Propaganda: Profissionais ensinam como se
faz. São Paulo: Atlas, 2000.
48 Comunicação integrada de marketing
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2014.
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 15 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.
De qualquer maneira, é importante que o gestor esteja preparado para encarar duas
realidades:
1. A de que ele pode participar da atribuição de orçamento:
Este é um passo fundamental para uma utilização eficaz do plano de marketing.
Quantificar todas as ações planeadas permite não só obter uma ideia bastante
definida de quais serão os gastos de marketing, como também um controle
eficaz da execução do plano no dia a dia (LOPES, 2011, p. 32).
Nesse caso, ele já tem uma noção do faturamento que poderá ter e, a partir disso, analisa
as necessidades de comunicação que identificou (campanhas on-line e off-line) e chega ao
valor de investimento necessário.
2. A de que o orçamento é atribuído pelo financeiro e repassado em valores totais. Assim,
ele precisará atribuir quanto vai para cada campanha de acordo com o perfil e as
necessidades da marca.
Os empresários se deparam normalmente com o dilema de gastar mais para ser reconhecido
ou gastar mais quando for reconhecido. A partir de uma perspectiva estratégica, podemos dizer
que a melhor opção seja investir mais na fase inicial. Isso porque é natural que, para ser conhecido,
seja necessário alavancar esse conhecimento com ações de comunicação. Pode ser um erro supor
que o produto ou serviço, por possuir muitos diferenciais e gerar uma boa repercussão boca
a boca, já tem a melhor divulgação possível. A realidade é que isso ajuda, mas, para haver um
reconhecimento que se reflita no faturamento de maneira expressiva e para que a empresa possua
uma notoriedade da marca (ou brand awareness), é importante o apoio da comunicação.
O investimento em comunicação varia muito de setor para setor e de empresa
para empresa. Os gastos podem variar de 40 a 45 por cento das vendas no setor
de cosméticos, mas somente de 5 a 10 por cento no setor de equipamentos
industriais. Mesmo dentro de determinado setor, há as empresas que gastam
mais e as que gastam menos (KOTLER; KELLER, 2014, p. 524).
Kotler e Keller reforçam o fato de que, nesse caso, não existe uma forma padronizada de
delimitar um orçamento que funcione para todas as realidades e segmentos de negócios. Embora o
ponto de partida seja atender/superar as expectativas do público-alvo para que o marketing saiba
o que se pretende desenvolver, as estratégias devem buscar uma rentabilidade. Normalmente,
o alinhamento entre as necessidades do consumidor a serem atendidas e as estratégias a serem
adotadas impactam a forma como um orçamento pode ser previsto.
Quanto às possibilidades de atribuição de orçamento, Kihn (2011) indica que ela pode ser
de uso ex ante de informação, isto é, ter como base o planejamento e, com isso, fazer as alocações ex ante: suposições
subjetivas, com base
necessárias. Nesse caso, pretende-se alinhar as necessidades de área e da organização como um em estimativas e
todo. No caso do marketing e comunicação integrada, como possuem um olhar direcionado a prognósticos.
todos pontos de contato, é importante saber o que as áreas estão planejando para entender também
como trabalhar. Kihn (2011) complementa que ainda há a possibilidade de atribuição de orçamento
ex post de informação, que pode ser considerado mais flexível, uma vez que já propõe o orçamento ex post: tem como
base informações,
pensando em como serão feitos os gastos e o resultado que se pretende obter. observações e
análises objetivas e
Esse método está associado ao estágio em que se encontra a organização. Kotler e Keller
(2014) indicam que essa tática envolve a visão da empresa sobre a participação da comunicação
nos resultados. Para Kihn (2011), o entendimento sobre como alocar e distribuir um orçamento,
nesse caso, está muito associado ao próprio gestor e pode possuir significados limitados ou amplos
e métodos diferentes. Nesse contexto, divulgar é visto como um gasto, e não um investimento, o
que é um engano. É verdade que pode ser difícil dizer exatamente o quanto e quais estratégias de
comunicação resultaram, mas não comunicar reflete diretamente na performance das marcas. Na
metodologia de recursos disponíveis, o valor atribuído para a promoção é incerto e pode variar. Vai
focar na disponibilidade de capital após as prioridades organizacionais.
Não ter um orçamento para o marketing e muito menos para a comunicação é uma prática
recorrente em muitas organizações que ainda não possuem maturidade estratégica (ainda não
trabalham com planejamento). Isso faz com que a métrica de atribuição de recursos funcione quase em
um sistema de leilão, ou seja, as áreas precisam mostrar a relevância e a necessidade dos investimentos
que estão sendo solicitados para que haja a priorização dos setores a recebê-los primeiro.
de uma noção de estabilidade no mercado, uma vez que, normalmente, empresas concorrentes
gastam praticamente o mesmo em comunicação quando se compara esse valor aos seus resultados
de vendas em pontos percentuais.
Apesar dessas vantagens, o método da porcentagem das vendas não se justifica
muito porque encara as vendas como determinantes da comunicação e não
como resultado desta, leva a um orçamento estabelecido pela disponibilidade
de fundos e não por oportunidades de mercado, e desencoraja iniciativas mais
ousadas, como comunicações anticíclicas e investimentos agressivos. Além disso,
a dependência das flutuações das vendas ano a ano interfere no planejamento de
longo prazo. A única base lógica para a escolha da porcentagem específica é o
que foi feito no passado ou o que os concorrentes têm feito. Por fim, o método
não incentiva o desenvolvimento de um orçamento para comunicação que
determine o que cada produto e cada território merecem. (KOTLER; KELLER,
2014, p. 525)
Segundo Kotler e Keller (2014, p. 526), “o método de objetivos e tarefas possui a vantagem de
exigir que a administração explicite suas premissas sobre a relação entre a quantia gasta, o nível de
exposição, o índice de experimentação e o uso regular”. Dessa forma, seria possível ter uma noção
da eficácia e da eficiência de um plano de comunicação.
Existem diversas formas de conseguirmos atribuir um orçamento de comunicação eficaz à
realidade das marcas. No caso de organizações que utilizam a CIM, é natural que esse orçamento
seja trabalhado em conjunto com outras áreas que podem ser responsáveis por outros pontos de
contato, como embalagem, distribuição no mercado, disponibilidade, funcionalidade do produto
ou serviço, atendimento etc. Todos esses aspectos precisam estar alinhados com as necessidades
do consumidor.
54 Comunicação integrada de marketing
Missão
Metas de vendas
Objetivos da publicidade
Moeda
Fatores a considerar:
• Estágio no ciclo de vida do produto
• Participação de mercado e base de
consumidores
• Concorrência e saturação da
comunicação
• Frequência da publicidade
• Grau de substituição do produto
Mensagem Mídia
Criação da mensagem Alcance, frequência, impacto
Avaliação e seleção da mensagem Principais tipos de mídia
Execução da mensagem Veículos de comunicação específicos
Análise da responsabilidade social Timing da mídia
Distribuição geográfica da mídia
Mensuração
Impacto na comunicação
Impacto nas vendas
uma linha criativa, selecionar quais apelos seriam mais trabalhados (atender ao que os
consumidores buscam) e pontuar os aspectos motivacionais (que promovam a ação).
• Desenvolvimento e execução criativa. Nessa etapa, a mensagem seria trabalhada de
acordo com os elementos identificados anteriormente. Kotler e Keller (2014) esclarecem
que é nessa fase que serão desenvolvidas as peças para cada canal de comunicação
selecionado para a campanha. Recomenda-se combinar diferentes perfis de canais para
que a mensagem possa chegar ao público-alvo de maneiras diferentes e em momentos
diversos. Os meios utilizados podem abranger publicidade em canais pessoais e não
pessoais e, ainda, equilibrar com os possíveis pontos de contato com o consumidor
(aplicar a CIM).
• Questões legais e sociais. Todas as campanhas de comunicação devem seguir regras
éticas e a legislação vigente. Muitas vezes, no impulso de desejar se comunicar com o
potencial cliente e gerar uma reação, há marcas que cruzam essa barreira. O resultado
desse tipo de situação pode ser a rejeição do público (que é cada vez mais informado
e consciente) e ações jurídicas. Existem alguns órgãos que se dedicam a monitorar
esses aspectos, como o Conselho Nacional de Autorregulamentação da Publicidade
(CONAR), que tem como missão “impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause
constrangimento ao consumidor ou a empresas e defender a liberdade de expressão
comercial” (CONAR, 2019). A comunicação, além de ser regulamentada pelo CONAR,
também está subordinada à legislação vigente, tanto no âmbito do Código de Defesa do
Consumidor (que envolve a penalização de publicidades abusivas ou enganosas) como no
Código Civil.
Enfim, são muitos os aspectos que precisam estar envolvidos no desenvolvimento de uma
campanha. Quando o foco está em como envolver o público-alvo e em como melhor apresentar
a mensagem que está alinhada com os objetivos estratégicos de comunicação da organização, é
possível identificar a fase e qual tipo de campanha podemos aplicar. É importante lembrarmos que,
nesse processo, pode e deve-se trabalhar com diferentes canais de comunicação, permitindo que
a mensagem chegue ao indivíduo de diferentes formas e em diversos momentos, o que aumenta a
probabilidade de promover uma ação.
O primeiro ponto que os gestores precisam lembrar é que toda proposta precisa ter um
porquê muito bem fundamentado e uma estimativa de resposta. As perguntas básicas (o quê,
por quê, para quê e quando) devem orientar o planejamento de cada ação para defender a sua
viabilidade e atribuição de orçamento. Isso envolve custos. Por isso, o gestor precisa estar preparado
para desenvolver qualquer estratégia. Quanto maior for o escopo de dimensão dessa campanha,
maior a necessidade de monitoramento e mensuração de performance.
Na CIM, por exemplo, quase sempre é envolvido o máximo de pontos de contato com o
consumidor por meio de uma mensagem e de um posicionamento consistente e coerente. Isso quer
dizer que, para além da campanha de comunicação, precisaremos somar esforços com outras áreas
da organização. Afinal, o cliente interage com a embalagem, o atendimento e os colaboradores
da marca. Yanaze (2011, p. 419) reforça que “os públicos internos podem, em diferentes
circunstâncias, ser destinatários e receptores de mensagens, tanto de comunicação administrativa
como mercadológica e até institucional”.
Se não for possível acompanhar o que foi realizado, como foi feito e qual foi a resposta,
como saber se estão em um bom caminho ou precisam de ajustes? É um pouco complicado, mas
totalmente possível e recomendável. Desenvolver indicadores que permitam monitorar e medir o
retorno é uma das capacidades esperadas dos gestores de marketing e comunicação.
Quando falamos de monitoramento, estamos falando de acompanhamento do planejamento.
No caso da comunicação, essa necessidade é ainda maior, uma vez que precisamos saber se o plano
de inserções foi cumprido, se as ações foram desenvolvidas de acordo com o planejado para obter
um determinado objetivo. Assim, chegamos a um ponto importante: até mesmo para selecionar
as métricas de monitoramento, é preciso saber quais eram os objetivos iniciais. Yanaze (2011)
apresenta que o profissional da área precisa deixar claros os objetivos da comunicação e como
ela agregaria para o objetivo organizacional, tanto no âmbito do retorno dos resultados quanto
institucionais. Dessa forma, é possível acompanhar com maior assertividade o que está sendo feito.
Para monitorar uma campanha de comunicação, podemos desenvolver métricas de controle
que visam acompanhar se o proposto foi efetivamente executado. Isso pode ocorrer por: a) check-in,
quando o responsável por desempenhar uma tarefa apresenta um relatório que indica exatamente
o que e quando foi feito, além do feedback dos clientes; b) acompanhamento do plano de mídia,
em que, normalmente, são contratadas ferramentas que acompanham os canais selecionados
para verificar se o comercial apareceu na televisão ou na rádio de acordo com o combinado, se o
banner esteve no site pelo tempo previsto e se foram veiculadas as peças desenvolvidas nos termos
acordados. Há alguns anos (e em muitas empresas, isso ainda é feito), havia uma área responsável
pelo clipping, ou seja, por monitorar e catalogar as divulgações da marca em revistas, jornais etc.
O monitoramento, muitas vezes, se confunde com a própria mensuração. Isso ocorre porque,
quando esse acompanhamento é feito, os gestores atentos tendem a questionar a resposta que estão
recebendo. Nesse contexto, por serem complementares, quase sempre as métricas de controle estão
indexadas às métricas de resultados. Para sabermos se os objetivos foram alcançados, precisamos
saber se foram postos em prática.
Estratégias de comunicação integrada 59
Podemos verificar essa relação quando olhamos a definição de mensuração, que, segundo
Hubbard (2008, p. 25), pode ser classificada como “um conjunto sistemático de observações
redutoras da incerteza e do risco, por meio de métodos bem construídos”. Toda organização quer
saber se o que foi planejado trouxe o resultado esperado. Sabemos que há algumas dificuldades
em medir resultados mais subjetivos das campanhas de comunicação, como o reconhecimento de
marca (brand awareness) e a quantidade de indivíduos que visualizaram o comercial ou o cartaz no
ônibus, por exemplo. Nesses casos, precisamos recorrer a estimativas que levam em consideração o
número de inserções, a potencialidade de alcance do canal e os períodos de exposição.
Kotler e Keller (2014, p. 556) apresentam que, muitas vezes, o objetivo é avaliar os efeitos
de uma campanha em alguns escopos, por exemplo, saber qual “o efeito potencial sobre a
conscientização, o conhecimento e a preferência”, sem deixar de citar, claro, a conversão da venda
(que é algo mais facilmente auferido). Para conseguir medir esses efeitos, os autores propõem
algumas possibilidades que podemos aplicar em diferentes tipos de negócio:
• Pesquisa de efeito da comunicação: tem como objetivo avaliar se a mensagem está sendo
corretamente decodificada. Nesse caso, o que se recomenda é que sejam desenvolvidos
três tipos de pesquisas: o primeiro é um pré-teste, em que, antes da veiculação, uma
curta amostra é passada a um grupo de indivíduos com perfil semelhante ao do público-
alvo por meio dos canais que se pretende utilizar. Após a amostra, o próximo passo é
perguntar o que os participantes entenderam, o que sentiram e qual é a opinião do grupo
sobre a marca e a campanha (imagem, som, percepção). Dessa forma, consegue-se um
feedback sobre o que pode influenciar a compreensão da publicidade e sobre o momento
do público-alvo. Esse teste também permite executar ajustes antes da veiculação mais
ampla (e de gastos expressivos). Quando é veiculada, esse mesmo teste deve ser feito com
uma amostragem maior para colher as impressões. Dependendo da dimensão da marca,
os canais de comunicação pessoais também são uma boa forma de conhecer as opiniões
sobre as campanhas. Desenvolver essa pesquisa após o período de divulgação serviria
para medir a duração (longevidade) da publicidade.
Os impactos que uma campanha de comunicação podem ter são diversos e ocorrem em
diferentes estágios da campanha. Podemos medir alguns de maneira quantitativa, enquanto outros,
somente por uma abordagem mais qualitativa. O importante é entender se os efeitos obtidos
estavam alinhados com os objetivos de comunicação. Justamente para evitar grandes desvios,
recomenda-se os pré-testes, mesmo sabendo que não há como ter total garantia dos resultados.
Isso porque a quantidade de indivíduos abrangidos e o contexto da realização não são exatamente
os mesmos da divulgação nos canais de comunicação.
• Pesquisa de efeito sobre vendas: teoricamente, são impactos mais fáceis de serem medidos.
Isso porque, se o objetivo da comunicação foi, por exemplo, ampliar a visibilidade da
marca, é difícil dizer o quanto essa visibilidade é capaz de influenciar o retorno financeiro.
É exatamente esse ponto que faz com que esse tipo de pesquisa seja importante para
as organizações: entender como está o seu ROI (do inglês, return of investments, que
60 Comunicação integrada de marketing
Participação na
Participação
Participação nos lembrança e na Participação de
em relação à
investimentos preferência do mercado
concorrência
consumidor
Algumas dessas etapas são utilizadas para avaliar o efeito da publicidade em uma perspectiva
quantitativa, que invariavelmente terá interface com o retorno de vendas que foi capaz de gerar.
A participação nos investimentos quase sempre é medida pelo retorno de vendas puro e simples.
share of voice:
quanto o público
Alguns aspectos são mensurados por meio de pesquisas de mercado, como o share of voice, que
está falando sobre a está associado à inserção da marca no segmento que opera. A participação na lembrança e na
marca.
preferência do consumidor (share of mind) é algo mais complexo de ser medido e envolve etapas
qualitativas e quantitativas para se chegar a um valor. No Brasil, é comum vermos esse ponto
top of mind: associado a marcas top of mind, em que os consumidores se recordam rapidamente quando se fala
lembrança rápida e
prioritária da marca das empresas que operam no segmento em que elas atuam. Isso indica a participação de mercado
associada a um
segmento.
(market share) e a representatividade que a marca obteve no seu campo de atuação.
O que precisamos ter em mente é que tanto o monitoramento quanto a mensuração
das campanhas de comunicação funcionam como um termostato da eficiência e da eficácia da
estratégia. Todas as organizações, mesmo as que não possuem fins lucrativos, buscam saber se
suas estratégias estão surtindo efeito, mesmo quando os objetivos mapeados são subjetivos, como
visibilidade e reconhecimento de marca. Quase sempre a resposta para esses questionamentos
é fornecida com a realização de pesquisas, o que embasa a continuidade do planejamento e a
necessidade de ajustá-lo. Dessa forma, a assertividade e o ROI de comunicação podem atingir o
seu potencial de acordo com o negócio.
Considerações finais
Para ser implementada, a comunicação integrada de marketing precisa envolver alguns
aspectos estratégicos além do planejamento de marketing. O ponto de partida é entender quanto
é possível investir para atender aos objetivos mapeados e, para isso, é necessário prever quais são
as ações e como elas serão implementadas. Os orçamentos geralmente são atribuídos de maneiras
diferentes, mas alinhados com o perfil organizacional e com o momento da marca (posicionamento),
já que é natural haver interferência de ambos os aspectos na possibilidade de rentabilidade.
Estratégias de comunicação integrada 61
• DO QUE AS MULHERES gostam. Direção: Nancy Meyers. Elenco: Mel Gibson; Helen
Hunt; Marisa Tomei; Alan Alda. EUA: Paramount Pictures, 2000. 1 DVD (126 min.), son.,
color.
O filme apresenta os passos necessários para o lançamento de uma campanha publicitária.
Apesar de não ser tão recente, essa produção aborda a necessidade de levar em
consideração a perspectiva do consumidor da organização como ponto estratégico que
deve ser combinado com o conhecimento sobre o produto ou serviço. Esse conhecimento
ajuda a trabalhar melhor os canais de comunicação para desenvolver estratégias de
posicionamento assertivas.
Atividades
1. Como é atribuído o orçamento para comunicação em empresas de pequeno porte?
Referências
CONAR. Disponível em: http://www.conar.org.br. Acesso em: 11 nov. 2019.
HUBBARD, D. W. Como mensurar qualquer coisa: encontrando valor do que é intangível nos negócios. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 2008.
KIHN, L. A. How do controllers and managers interpret budget targets? Journal of Accounting and
Organizational Change, v. 7, n. 3, p. 212-236, set. 2011.
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2014.
YANAZE, M. Gestão de marketing e comunicação: avanços e aplicações. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
5
Meios de integração de uma CIM
Não há como negar a importância das mídias para todo e qualquer plano de comunicação,
principalmente para promover uma comunicação integrada de marketing (CIM). Isso porque,
além de abranger mais pontos de contato com o público-alvo (comunicação 360º), as campanhas
podem abranger diferentes possibilidades de divulgação.
Dentro do universo dos canais de comunicação, tanto os pessoais como os não pessoais,
podemos contar com várias mídias. Nesse cenário, precisamos conhecer o máximo possível sobre
essas alternativas para, então, escolher quais devem ser envolvidas em campanhas, de acordo com
o objetivo da organização. Para isso, é necessário entender as capacidades e diferenças de cada
mídia, a fim de saber qual a mais indicada para incluir nos planejamentos. E é exatamente isto que
exploraremos neste capítulo.
Para garantir a eficácia de uma campanha que envolva mídias impressas, é preciso haver o
alinhamento do planejamento estratégico, do orçamento e do perfil do público-alvo. Historicamente,
Meios de integração de uma CIM 65
os investimentos feitos em anúncios nos veículos de grande circulação são caros e precisam estar
adaptados ao estilo do próprio meio (colorido, preto e branco) ou ao tipo de público, por exemplo.
Nesse tipo de mídia, também podemos incluir panfletos e encartes, os quais apresentam promoções
especiais de produtos e serviços em regiões próximas ao local onde se pode adquirir a marca.
Uma das fraquezas que a mídia impressa sofre é a rapidez com que deixa de ser novidade e,
consequentemente, a facilidade com a qual perde o interesse das pessoas. Isso porque esse tipo de
mídia apresentava as notícias mais recentes, o que fazia com que os leitores quisessem comprar logo
para estarem a par dos acontecimentos. Entretanto, com o passar do tempo, a mídia on-line passou
a ser muito mais rápida na divulgação de informações, o que fez com que as mídias impressas se
tornassem ultrapassadas e perdessem a sua relevância.
5.1.2.1 Rádio
Apesar de o rádio ser a mais antiga dentre essas mídias, ainda é a que possui mais abrangência
hoje, sendo um meio de comunicação em massa. Segundo Kotler e Keller (2014), isso se deve ao fato
de que a maioria das pessoas ainda sintonizam em suas estações favoritas em casa ou em seus carros.
No início do século XX, o rádio era visto como uma fonte alternativa ao jornal na transmissão de
informação e, com isso, veio a possibilidade de servir como um veículo de divulgação. Programas
eram desenvolvidos com patrocínios de marcas e famílias inteiras se reuniam para ouvir seus
programas favoritos, familiarizando-se com essas marcas, fato que ocorreu em todo o mundo.
Vale ressaltar que as rádios off-line têm, necessariamente, existência fora da
rede (no dial) já que não se justificaria chamar de rádio um produto que
não veicula programação radiofônica nem no dial nem no mundo virtual.
(TRIGO-DE-SOUZA, 2003, p. 94)
Graças às ondas do rádio, a informação conseguia chegar até mesmo aos locais mais remotos,
sendo mais acessível à maioria das pessoas. Essas características ajudaram a popularizar esse meio
de comunicação e essa notoriedade o posicionou, também, como mídia de comunicação. Para
Kotler e Keller (2014) uma das vantagens do rádio é a relação entre o alcance e o investimento.
Nesse caso, as campanhas desenvolvidas contemplando esse meio poderiam ser consideradas
acessíveis ao número de pessoas impactadas.
Como uma maneira de acompanhar a evolução e evitar o seu fim, algumas emissoras de rádios
adotaram a própria internet como um canal de difusão (TRIGO-DE-SOUZA, 2003), mas, ainda
assim, não são consideradas uma mídia on-line, uma vez que possuem as mesmas características
da transmissão por mega-hertz. Aqui, a possibilidade de adoção da internet como canal se deve à
possibilidade de, principalmente, as pessoas ouvirem enquanto usam seus computadores.
Kotler e Keller (2014) expõem que, quando abordamos esse meio no plano de mídia, também
precisamos levar em consideração que ele não permite explorar imagens e, por isso, a informação
66 Comunicação integrada de marketing
precisa estar bem clara. Em compensação, podemos trabalhar elementos que agucem a curiosidade
e a imaginação do público-alvo.
5.1.2.2 Cinema
O cinema também já teve a experiência de quase ser extinto, primeiro com a televisão e
depois com a possibilidade das plataformas de filmes on-line. Foi necessário, então, que as redes
cinematográficas adequassem seu posicionamento de acordo com o perfil do público que ainda
procura esse espaço para assistir aos lançamentos. Esse público representa um bom nicho para
algumas empresas. Além disso, cada título apresentado pode ser veiculado à publicidade de marcas
que estejam em sinergia com o público do filme. Por exemplo, em um lançamento do mundo da
Marvel, a qual sabemos que possui uma comunidade forte e diversificada, pode ser vantajoso a
veiculação de comerciais de seguradoras ou instituições financeiras. Parece não ter muito a ver,
mas, no mundo real, carros danificados e ferimentos precisariam ser reparados. Assim, muitos
espectadores dos filmes de ação se sentem mais preocupados depois de assistirem a tantos danos.
A imersão sensorial que o cinema promove também tem influenciado as empresas em
contemplar, cada vez mais, essa mídia como meio de comunicação. Obviamente, isso depende
do filme, da localização geográfica e do perfil do público. No entanto, atualmente, é possível fazer
campanhas em parceria tanto com as produtoras de filmes como com as redes de cinema.
5.1.2.3 Televisão
Agora trataremos do meio de comunicação que foi o mais caro e o mais combiçado entre os
audiovisuais de massa durante um bom tempo: a televisão. Inventada durante as primeiras décadas
do século XX, era considerada um item de luxo, pouco acessível à maior parte da população. A TV
se tornou um meio de comunicação popular desde o seu surgimento, em que os programas eram
transmitidos em preto e branco e ao vivo, até o momento em que a as cores vieram para ficar e a
possibilidade de gravação dos programas se tornou real. As pessoas passaram a, inclusive, ter mais
de um aparelho televisor em suas casas e, com isso, as grandes empresas começaram a considerá-la
como uma mídia quase obrigatória.
O mais fantástico sobre isso é que, entre as mídias off-line, essa foi a que mais se imaginava
sendo extinta pela evolução tecnológica; no entanto, ela conseguiu, e ainda consegue, manter a sua
relevância. A televisão começou, então, a saga de adaptação com as possibilidades de segmentação:
primeiro, se dividindo entre TV aberta e fechada, o que possibilitou ao espectador escolher
a emissora que melhor se adequasse aos seus gostos e estilo; em seguida, houve a proposta de
expansão, a partir do uso da internet, tornando possível que as pessoas utilizassem computadores
para assistir aos seus programas favoritos.
Para empresas com características mais amplas ou de massa, que precisam do máximo de
abrangência em publicidades visuais ou, ainda, que querem focar em públicos com determinadas
características (no caso da TV por assinatura), a televisão é uma possibilidade de publicidade.
Kotler e Keller (2014) afirmam que o desafio desse meio está em combinar a sua utilização com
aspectos orçamentários do planejamento de comunicação, visto que costuma ser uma mídia muito
cara.
Meios de integração de uma CIM 67
Os autores acreditam que isso não significa que não há também pontos de atenção com a
televisão. A rapidez com que a mensagem é passada e a facilidade de dispersão por parte do público
(mudando de canal, por exemplo) desafia os gestores a investirem em campanhas criativas e que,
ao mesmo tempo, transmitam claramente a mensagem.
Esses autores reforçam que, além de entender como trabalhar com as diferentes mídias, os
gestores precisam estar igualmente preparados para monitorar e medir os resultados da divulgação.
Sabendo que, como todas as mídias, esta possui aspectos positivos e negativos, o alinhamento
de estratégias e público ajuda a identificar quais seriam as melhores opções a adotar. Sobre isso,
Kotler e Keller (2014) propõem um quadro que resume os meios de comunicação, suas vantagens e
pontos de atenção (Quadro 1). Dessa forma, é possível ver que meio de comunicação está em maior
sinergia com o panejamento de CIM de cada empresa.
Quadro 1 – Perfil dos principais tipos de mídias
que todos tinham era a mídia de massa, capaz de com algum sucesso, atender a
muitos de seus interesses genéricos (ou seja, “de massa”). Até que as tecnologias
de mídia evoluíram de maneira que começaram a satisfazer aos interesses
específicos do público. (ANDERSON, 2006, p 122)
Segundo Anderson (2006), com a internet, uma das tarefas dos gestores de marketing e
comunicação passou a ser a responsabilidade de sugerir formas de divulgar os produtos e serviços
que consigam atingir um público cada vez mais específico. Para isso, é preciso estar atento às
necessidades desse cliente nesse novo contexto. Kotler e Keller (2014) complementam que as marcas
precisam desenvolver uma comunicação que permita ao consumidor sentir que seus interesses
estão sendo atendidos, de modo que o faça pensar que as marcas o escutam. Esse público digital faz
questão de deixar claro o que gostou e o que não gostou. Isso refere-se ao feedback e ao marketing
interativo. Essa capacidade de monitorar rapidamente se a comunicação está ou não resultando é
outro benefício das mídias on-line.
Outra vantagem que essa mídia é capaz de oferecer é a possibilidade de haver exatidão
no monitoramento e na mensuração das buscas e acessos, independentemente da localização
geográfica. Com o Google Analytics, por exemplo, é possível mensurar o volume de visitas únicas
(não duplicadas, de diferentes usuários) no site, blog ou e-commerce, além de analisar como chegaram
nessas páginas, banner ou links patrocinados de blogs, sites parceiros e mídias sociais. Também,
podemos encontrar o tempo médio de navegação e quantos clientes foram convertidos (no caso de
um e-commerce). Assim, é possível ajustar a mensagem para sempre obter a melhor performance,
tomando como base esses dados.
É interessante entendermos algumas possibilidades de mídias on-line que podem ser
contempladas em um planejamento de CIM:
• site: funciona como a vitrine principal das marcas. Segundo Kotler e Keller (2014), é
importante que as empresas conheçam seus objetivos, visão, missão e valores, isso sem
falar da divulgação dos seus produtos e serviços. No site, o consumidor, além de conseguir
buscar mais informações, vai conseguir julgar se a marca possui coerência entre quem diz
ser e o que comunica. A imagem do site e sua usabilidade devem ser amistosas e criativas,
com o intuito de motivar novas visitas e manter um maior tempo de navegação na página,
o que é um bom indicador do interesse que cada parte do site é capaz de despertar. “Para
estimular novas visitas, as empresas precisam dar atenção especial ao contexto e ao
conteúdo, além de incluir mais um C – a constante mudança” (KOTLER; KELLER, 2014,
p. 583). Os sites não são ajustados com a regularidade que a realidade digital espera e, para
isso, recomenda-se trabalhar com um blog anexado a eles.
• e-commerce: pode ser considerado um tipo de site, mas, nesse caso, é possível efetuar
venda. Se há a possibilidade de realizar operações comerciais, é necessário contar com
uma estrutura que acompanhe o estoque, as informações financeiras e todo o resto
que precisa ser considerado em um comércio tradicional. Por ter essa simetria com o
funcionamento de lojas tradicionais, também é conhecido como loja virtual.
Meios de integração de uma CIM 71
• blog: permite adaptação e alteração muito mais frequente. É algo considerado orgânico
por precisar de constante atualização para se manter relevante. Nesse caso, é possível
deixar transparecer o posicionamento da marca, bem como permitir que o público
também registre a própria opinião.
• anúncio em sites de buscas: um dos mais conhecidos é o Google Ads, em que as marcas
investem um determinado orçamento e selecionam palavras-chave associadas à marca, ao
produto ou ao serviço. Ou seja, quando alguém buscar por algo relacionado às palavras
selecionadas, o site (ou blog) aparece como recomendação, normalmente nas primeiras
colocações, com uma pequena tag que diz anúncio. Quando as pessoas clicam nesse link,
o Google debita um determinado valor da conta do anunciante; esse valor pago por clique
possui um cálculo variável conforme a demanda das buscas.
• banners: é usado quando as marcas pagam a sites parceiros para ter um espaço de
publicidade, normalmente com link para o seu próprio site ou e-commerce, com o
objetivo de conseguir cativar a atenção do público que possui um perfil semelhante ao
alvo da marca. O seu nome foi atribuído em uma tentativa de se relacionar aos cartazes
da realidade off-line (também chamados de banners, em inglês). “Considerando-se que
os usuários de internet gastam apenas 5 por cento de seu tempo online especificamente
à procura de informações, os banners ainda são promissores [...]. Entretanto, precisam
ser mais atrativos e influentes, mais bem segmentados e mais atentamente monitorados”
(KOTLER; KELLER, 2014, p. 584).
• marketing de conteúdo: dentro da jornada de compra, uma das formas dos internautas
terem acesso a uma marca é pela dúvida. Muitas vezes as pessoas navegam em busca
de informação sobre tópicos dos quais possuem dúvidas ou que gostariam de conhecer
mais. Essa é a mecânica do marketing de conteúdo, oferecer informação e conhecimento
sem forçar uma compra, ao mesmo tempo em que permite ao consumidor que conheça
a sua marca.
• e-mail marketing: com o passar do tempo, e pelo exagero cometido por muitas marcas,
esse tipo de mídia on-line ganhou um pouco de resistência. Isso porque empresas
começaram a mandar muitos e-mails de temas que não eram necessariamente do interesse
das pessoas. O que aconteceu? Começaram a ser considerados spam. Apesar disso, se bem
segmentado, com assuntos de interesse do público-alvo e em uma frequência aceitável,
muitos consumidores conseguem encarar o e-mail marketing como uma tentativa da
marca de se relacionar, o que, normalmente, é visto com bons olhos.
• YouTube: nessa mídia, é possível desenvolver um marketing de conteúdo muito
interessante para as marcas, ou ainda, anunciar em um canal com vídeos populares
para o público-alvo. A realidade é que essa plataforma vem, cada vez mais, cativando
novos adeptos e, com isso, os gestores podem contemplá-la nas estratégias de CIM, seja
como uma possibilidade de gerar informação e conhecimento associados à marca ou
como publicidade em canais populares. É possível mensurar os resultados e interligar
a comunicação/publicidade com o site. Ainda, por permitir que o consumidor partilhe
impressões e gerem informações, alguns autores consideram o YouTube uma mídia social.
72 Comunicação integrada de marketing
• mobile: é justamente nesse tipo de mídia on-line que estão sendo feitos os maiores
investimentos por parte das empresas. Hoje, a maioria das pessoas acessam os sites, blogs
e mídias sociais por meio de dispositivos móveis. Portanto, a comunicação em mídias on-
line deve ser clara, objetiva e leve para que elas possam ser carregadas independentemente
do pacote de dados do plano que o consumidor possui. Outro ponto de atenção é não
utilizar tecnologias que obriguem o público a baixar algum programa adicional, pois,
nessa situação, quase sempre a pessoa desiste de acessar o conteúdo por temer os vírus.
Os gestores precisam ter em mente que, apesar de obter respostas mais rápidas, o grau de
exigência e de preparo estratégico para desenvolver uma campanha ou conseguir engajamento do
cliente é maior nas mídias sociais do que nas tradicionais. Isso precisa ser incorporado nas estratégias,
não como uma forma de replicar o que é feito em outros meios, o que não funciona nessa realidade,
mas como uma possibilidade de alterar a abordagem e, com isso, estar mais próximo do público.
Considerações finais
As mídias possuem um papel importante na CIM. É contemplando corretamente os meios
que estão em sinergia com a essência organizacional, com o posicionamento da marca e com o
perfil do público que a mensagem pode se manter coerente em diferentes canais. No caso da CIM,
o tom da divulgação precisa estar alinhado e conseguir envolver o consumidor no maior número
possível de contextos. Hoje, os gestores de marketing e comunicação possuem muitas possibilidades
de imergir o comprador na mensagem da marca, podendo recorrer a uma campanha que integre
mídias off-line, on-line e sociais.
Cada uma dessas mídias apresenta inúmeras possibilidades para trabalhar a comunicação.
Cada canal e plataforma possui características próprias que precisam ser levadas em consideração
na hora de selecionar a mensagem e promovê-la. É possível mesclar a divulgação entre mídias
tradicionais, on-line e sociais, selecionando apenas alguns canais de cada uma dessas realidades,
que estejam de acordo com o posicionamento da marca. A decisão sobre a comunicação ser
positiva pertence ao alinhamento entre conhecimento (marca, consumidor e mídia) e criatividade
na composição de uma mensagem transversal interessante e atrativa.
• A REDE Social. Direção: David Fincher. Elenco: Andrew Garfield; Armie Hammer; Jesse
Eisenberg; Justin Timberlake. Relativity Media; Trigger Street Productions, 2010. 1 DVD
(120 min.), son., color.
O filme conta os bastidores do surgimento de uma das maiores plataformas de mídias
sociais: o Facebook. Nesse longa, é possível ver os objetivos e os aspectos que foram
contemplados para desenvolver essa mídia. Desde o seu surgimento, a rede social se
posicionou como um forte canal de comunicação pessoal, com uma possibilidade de
escala que ainda não havia sido explorada, de maneira que as pessoas poderiam ampliar
exponencialmente o seu círculo de conhecidos sem barreiras geográficas.
76 Comunicação integrada de marketing
Atividades
1. As mídias off-line podem ser denominadas mídias de massa?
Referências
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CRESCITELLI, E.; FREUNDT, V. A. Métricas de comunicação de marketing offline e online. Revista FSA,
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GAVILANES, J. M; FLATTEN, T. C.; BRETTEL, M. Content strategies for digital consumer engagement in
social networks: why advertising is an antecedent of engagement. Journal of Advertising, v. 47, p. 4-23, fev.
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KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
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LEMOS, A. A cibercultura como território recombinante. 2006. Disponível em: http://abciber.org.br/
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MUNTINGA, D.; MOORMAN, M.; SMIT, E. G. Introducing COBRAs. International Journal of Advertising.
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OGDEN, J. R. Comunicação Integrada de Marketing. São Paulo: Pretice-Halling, 2002.
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VOORVELD, H. et al. Engagement with social media and social media advertising: the differentiating role
of platform type. Journal of advertising, v. 47. p. 38-54, 2018.
6
CIM digital
Entender como trabalhar com o marketing digital não é algo fácil, tampouco imediato.
Envolve muito esforço, investimento, tentativa e erro por parte dos gestores para compreender
tanto o perfil das pessoas on-line como as características de cada mídia. Por ser um ambiente
que se atualiza constantemente e em que a informação transita livremente, a comunicação on-line
também precisa ser otimizada: surgiu, assim, a comunicação integrada de marketing (CIM) digital.
É comum que as pessoas pensem que o marketing e a comunicação digital são a mesma coisa, mas
isso não é verdade.
Neste capítulo, abordaremos como trabalhar diferentes divulgações no ciberespaço e como
engajar o consumidor com as marcas. Dentre as possibilidades de promoção on-line, é importante
conhecermos algumas que podem trazer bons resultados, como as comunidades virtuais, o
e-WOMM e as associações com influenciadores digitais. Cada uma dessas possibilidades possui
perspectivas e abordagens que precisamos incluir nos planejamentos de CIM.
Isso quer dizer que existem muitos focos capazes de gerar engajamento e, justamente por
essa diversidade, as pessoas podem fazer parte, acompanhar e interagir com várias comunidades,
sobre diferentes temas. E para conseguir se aproveitar disso, é interessante que as marcas entendam
quais são as comunidades que estão em sinergia com o DNA organizacional das empresas a fim de
evitar falta de coerência na comunicação.
Segundo a teoria de McLuhan (1970), citada por Kozinets (1999), a sociedade se divide em
tribos e as mídias eletrônicas são responsáveis por re-tribalizar a sociedade humana em nichos de
afiliação. Assim, surgiu o termo comunidade virtual, definido por Kozinets (1999) como um grupo
de pessoas que interagem entre si e criam laços sociais em um espaço comum que, nesse caso, é o
ambiente digital.
78 Comunicação integrada de marketing
Turista: é aquele participante que não tem vínculos Socializador: é o participante que possui fortes
sociais fortes com o grupo. O interesse na atividade vínculos sociais e gosta de interagir com os outros
de consumo é passageiro e pode ser somente para participantes da CVC, mas está pouco interessado
tirar uma dúvida antes de fazer uma compra, por na atividade de consumo em si (não é muito
exemplo. interessante para as marcas).
Devotee Insider
A comunicação precisa ser adaptada para cada tipo de comunidade de acordo com o perfil
dos seus participantes. Apesar de os gestores de marketing e comunicação precisarem conhecer o
público-alvo, é necessário saber que, às vezes, o comportamento desse consumidor pode ser um
pouco diferente na realidade virtual. A alteração de posicionamento que as pessoas podem ter
quando se comunicam nas plataformas também precisa ser avaliada e acompanhada.
Outro ponto que merece a atenção dos gestores é como converter essa alteração de
comportamento a favor das marcas. Hajli et al. (2017) alertam que é preciso potencializar a
comunicação de acordo com o perfil do consumidor nas CVC. Isso pode incentivar que esses
participantes adotem uma postura de cocriação de valor para a marca. As interações sociais dos
membros de comunidades ajudam a desenvolver a qualidade do relacionamento e a aumentar a
lealdade. Isso significa que as empresas podem desenvolver suas estratégias de marca usando as
mídias sociais e as comunidades de marcas on-line, para desenvolver um relacionamento com o seu
público-alvo e, assim, gerar valor tanto para o cliente como para a marca (TORRES, 2009).
Uma organização que consegue desenvolver um bom relacionamento de marca com CVCs
já tem uma vantagem competitiva perante a concorrência. Almeida et al. (2011) citam que obter
a intenção de recomendação, recompra e lealdade do consumidor, por meio de comunidades
virtuais, é capaz de melhorar, em grande escala, o posicionamento de uma empresa; até porque,
nesse ambiente, a informação e a opinião se propagam com muita velocidade. Basta imaginar que
cada indivíduo de uma comunidade pode ser persuadido por outro membro dessa tribo e se tornar
um multiplicador da imagem da marca (Figura 2). É nesse ponto que está a maior vantagem das
comunidades virtuais e o maior perigo também: se a resposta à imagem da marca for negativa,
também será multiplicada.
80 Comunicação integrada de marketing
aelitta/Shutterstock
Nesse cenário, Kozinets (1999) elucida que o virtual communal marketing (VCM) – traduzido
como marketing de comunidade virtual – deve ter como base três pressupostos: o primeiro é que os
consumidores on-line não são meramente destinatários passivos das informações de consumo, eles
também são criadores ativos; o segundo é que o relacionamento de marketing das empresas com
os clientes não pode ser visto simplesmente como um relacionamento bimodal, mas como redes
multimodais; e, por último, o pressuposto de que o valor de dados on-line sobre os consumidores
não se encontra apenas em seu aspecto unidimensional, mas nas suas múltiplas potencialidades.
Esses pressupostos devem refletir no estilo de comunicação, sendo a divulgação uma parte
importante do marketing.
Almeida et al. (2011) complementam indicando que é o relacionamento desenvolvido
entre as marcas e os participantes das CVCs que é capaz de gerar as avaliações e medir o grau de
satisfação e as intenções de recomendação. Não se trata de um efeito direto da comunidade de
marca. Segundo Hajli et al. (2017), quanto melhor é o desenvolvimento desse relacionamento das
marcas com os participantes das comunidades, maior é a lealdade de consumo, e isso é algo que as
empresas precisam promover por meio de comunicação.
A comunicação, assim como o marketing deve levar em consideração dois aspectos para ser
efetiva: não é possível, com uma comunicação replicada de outros canais, engajar as comunidades; e
o consumidor da comunidade virtual é mais politizado, crítico e exigente. Se isso não fizer parte do
planejamento de comunicação da marca, a tendência é que os grupos se dividam (KOZINETS, 1999).
As marcas precisam adotar coerência e uma comunicação que reflita transparência.
Demonstrar ser uma marca que disponibiliza o máximo de informações possíveis sobre os seus
produtos e serviços para seus consumidores, mesmo sabendo que pode ser alvo de críticas, ajuda
a conquistar a confiança do público. Essa confiança gera uma inclinação ao relacionamento com
essa marca.
CIM digital 81
Complementando esse ponto de vista, Kotler e Keller (2014, p. 593) indicam que “as
empresas também podem rastrear a atividade on-line para identificar os usuários mais influentes,
que podem atuar como líderes de opinião”. Assim, é possível que a marca se associe ao usuário mais
adequado. Nesse contexto, podemos dizer que os bloggers, youtubers e instragrammers podem ser
considerados como influenciadores digitais que atuam da mesma maneira que os formadores de
opinião tradicionais (off-line). No caso dos influenciadores on-line há um grande potencial de que
a mensagem se torne viral (altamente compartilhada em pouco tempo) com muito mais facilidade
do que pelos meios tradicionais.
Djafarova e Rushworth (2016) indicam, em estudo sobre o comportamento de influenciadores
do Instagram (IG), que o público dessa mídia social, em grande parte, aspira o estilo de vida de
algumas personalidades. Assim, adotam seus estilos, moda, maquiagem, tipos de postagens,
escolhas de produtos, restaurantes etc., e as empresas estão atentas a isso.
Durante muito tempo, nutriu-se a crença de que as celebridades on-line dificilmente
abusariam das suas posições com recomendações erradas, mesmo quando associados a algumas
marcas e sendo pagos para opinar. Mas como explorar a possibilidade de trabalhar em conjunto
com influenciadores digitais sem se resumir a mais uma publicidade em meio a tantas? Na verdade,
essa linha é tênue e nem todas as organizações entendem as sutilezas envolvidas em trabalhar com
essa possibilidade. A margem de rejeição, tanto da marca como do digital influencer, aumenta muito
quando a mensagem está descalibrada e parece ser pouco coerente com a imagem da personalidade.
Nesse caso, além de analisar a essência organizacional e o perfil do público‑alvo, é necessário
analisar o perfil do formador de opinião. Para percebermos como isso não funciona (e como pode
ser rejeitado pelo público), imagine uma personalidade do IG que publica frequentemente que
leva um estilo de vida vegetariano e, de repente, passa a divulgar algo que contém carne. Esse caso
teria grande repercussão na mídia, pois não haveria coerência entre a imagem da celebridade e a
mensagem, o que faria com que a veracidade da comunicação fosse questionada e pouco crível.
Djafarova e Rushworth (2016) indicam que, para serem influenciados por esse tipo de publicidade,
os internautas analisam a credibilidade do influenciador, a intenção de compra e a identificação
social com a e-celebridade e com a marca. Isso deve ser pensado pelos gestores ao fazerem uso desse
tipo de comunicação, para que a associação de marcas, em sinergia com o perfil do influenciador
digital, se torne uma ótima maneira de transmitir confiança e valor.
Segundo Uzunoglu e Misci Kip (2014), as marcas entenderam que também precisam gerar
valor para o influenciador e para a comunidade. Assim, tornou-se possível haver um relacionamento
duradouro e gerar uma boa impressão com público. Para Kozinets et al. (2010), é preciso haver
um ajuste no estilo da narrativa: a comunicação deve ser menos focada em venda (narrativa de
mercado) e ser mais centrada em levar informação e valor para as comunidades (narrativa social).
O formador de opinião, associado a uma campanha de marketing integrado, é capaz de
desempenhar três grandes funções:
CIM digital 83
6.3. e-WOMM
O word of mouth (WOM) é o que chamamos em português de boca a boca. Esse método
de comunicação não é novidade nos relacionamentos humanos. Na verdade, existe desde que
conseguimos compor uma forma de expressão. Esse modo de comunicação consiste em passar
opiniões, sugestões ou experiências de maneira informal. Há inclusive autores que defendem essa
necessidade de indicar e opinar como uma condição biológica, regulada pelo hipotálamo, e que,
muitas vezes, fazemos sem perceber.
Essa técnica, tão popular nos relacionamentos entre indivíduos, também pode ser aproveitada
como publicidade para as marcas. Isso porque as pessoas comentam sobre os produtos, serviços
e empresas diariamente. Fazem recomendações, dão opiniões, contam suas experiências (ou o
que ouviram de outras pessoas) e criticam o que não as agradou. Antes das mídias sociais, essas
inferências eram restritas ao grupo de relacionamento mais próximo das pessoas, mas, com tanta
facilidade em partilhar o que queremos dizer, esse recurso também ganhou outra dimensão.
As empresas já perceberam o potencial do WOM. Kotler e Keller (2014, p. 587) postulam
que “os consumidores usam a comunicação boca a boca para falar de dezenas de marcas todos os
dias, desde produtos de mídia e entretenimento, como filmes, programas de TV e publicações,
até produtos alimentícios, serviços de viagem e lojas de varejo”. Isso significa muita circulação de
diversas informações e as empresas precisam estar atentas para tirar proveito dessa situação.
O boca a boca, por definição, envolve interação, partilhar informações com outras pessoas.
Se trouxermos essa definição para a realidade digital, em que há a possibilidade de interagir,
podemos perceber um grande potencial dessas técnicas. E é assim que surge o e-WOM (eletronic
word of mouth ou, em português, boca a boca eletrônico).
Abrantes et al. (2013) afirmam que a realidade virtual, pelas suas próprias características,
é propícia para o boca a boca e, por isso, há a necessidade de entender o que leva o indivíduo a
se engajar em diferentes tipos de e-WOM. Esse entendimento contribui permitindo que gestores
tomem decisões estratégicas sobre o posicionamento da marca na internet. Para tal, Abrantes et
al. (2013) indicam algumas questões que podem ajudar a mapear o que esperar e onde explorar o
boca a boca eletrônico:
1. Qual é a motivação da utilização da internet? O comportamento das pessoas é
orientado por objetivos. No caso da internet, é preciso entender o que o indivíduo busca
na interação on-line. Diferentes aspectos funcionam como motivação para a utilização da
internet, como válvula de escape, aprendizado experiencial e interação social. O objetivo
interfere no seu impacto de e-WOM.
2. Quais são os tipos de relacionamentos em cada mídia social, fórum ou comunidade
on-line? Essa questão elucida que os atores sociais podem estar ligados por laços fracos
(membros de diferentes grupos) ou laços fortes (familiares e amigos) e que ambos os
laços devem ser analisados para o e-WOM.
CIM digital 85
Assim, fica mais fácil perceber que as marcas contemplam diversas formas de comunicar
usando o e-WOM. As organizações mais atentas a essas questões costumam obter melhores
resultados da sua presença digital. E assim surge o e-WOMM.
O e-WOMM (do inglês eletronic word-of-mouth marketing, que significa marketing de boca a
boca eletrônico) foi definido por Kozinets et al. (2010) como um recurso do marketing que consiste
em influenciar a comunicação de consumidor para consumidor. Ele também apresenta como
ramificações as seguintes formas de comunicação: marketing de mídia social, marketing viral,
marketing de guerrilha ou buzz marketing.
O buzz marketing produz excitação, gera publicidade e transmite novas
informações relevantes relacionadas com a marca por meios inesperados ou
até mesmo ultrajantes. O marketing viral é outra forma de comunicação boca
a boca, [...] que estimula os consumidores a passarem adiante pela internet
informações sobre bens e serviços desenvolvidos por uma empresa ou arquivos
de áudio, vídeo ou texto. (KOTLER; KELLER, 2014, p. 591)
A verdade é que esse recurso já possui uma aceitação considerável. É inclusive contemplado
na estratégia de marketing de diferentes segmentos, com investimentos expressivos, já que há
a possibilidade de se trabalhar com influenciadores digitais de diversos canais. É interessante
perceber que, nesse contexto, é muito difícil um blog, comunidade ou fórum on-line da própria
marca conseguir o mesmo tipo de interação e engajamento que os canais individuais possuem.
O ambiente digital possui características que induzem à expressão individual. Essa possibilidade
potencializa características de proximidade e de intenção de dar voz para quem quer manifestar sua
opinião. Isso reforça a crença de que as empresas podem utilizar outras formas de publicidade e,
por isso, esses meios seriam vistos por muitos como um território com menos interesse comercial.
Kozinets et al. (2010) reforçam que, para o e-WOMM ser bem-sucedido, os gestores
precisam considerar o fato de que a compreensão da mensagem deve estar subordinada às normas
de cada comunidade. Essas normas podem variar de acordo com a média de membros, seus
interesses, estilos de vida, orientação sexual, etnia, classe social etc. A mensagem e o significado
da comunicação são afetados por características promocionais da campanha de e-WOMM, tipo de
produto ou serviço, valor da marca e objetivos da campanha. Sendo assim, é preciso ponderar essas
variáveis antes de contemplar um influenciador digital em uma estratégia de CIM.
Para Kozinets et al. (2010), existem alguns modelos que ilustram como o e-WOMM funciona
na prática:
• Modelo orgânico de influência interconsumidor: o WOM é orgânico, uma vez que
ocorre entre os próprios consumidores, sem haver a interferência ou mensuração dos
profissionais de marketing diretamente. O e-WOMM é algo motivado pela vontade de
ajudar, comunicar ou alertar os outros sobre serviços ou produtos, e é comum desenvolver
parcerias bem alinhadas entre marca e personalidade digital. As teorias-base desse modelo
são antigas (BASS, 1969; WHYTE, 1954 apud KOZINETS et al., 2010) e defendem que,
quando o marketing é bem-feito, esse processo de WOM ocorre naturalmente.
86 Comunicação integrada de marketing
O e-WOMM faz parte de um processo cultural complexo, mas que possui alguns padrões
que permitem que os profissionais de marketing e comunicação consigam o implementar.
Essa comunicação boca a boca, na perspectiva de marketing, é influenciada por quatro fatores
CIM digital 87
importantes que precisam ser levados em consideração: 1. as características da mídia social, que
ditam o estilo da comunicação; 2. por ser uma técnica de divulgação individual e particular para o
marketing, é preciso ter um foco em entregar valor para o consumidor; 3. a sinergia entre o que está
sendo anunciado e por quem, também influencia no êxito da estratégia e-WOMM; e 4. adicionar o
e-WOMM nas estratégias de comunicação integrada amplia a possibilidade de chegar ao público-
alvo da marca.
É preciso aumentar a dose de critérios de seleção de canais e associações dos influenciadores
digitais para, assim, reforçar a mensagem e minimizar possíveis danos à aceitação da marca pelos seus
consumidores. O e-WOM pode fortalecer a confiança em uma aquisição de marcas off-line e on-line.
Considerações finais
Os consumidores on-line são muito mais ativos, participativos, resistentes, sociais, ativistas
e comunitários do que era esperado. Os insights, que os gestores de marketing e de comunicação
conseguiram trazer dessa realidade para as empresas, ajudaram a democratizar e expandir o mundo
do negócio on-line.
O marketing e a comunicação na era da internet devem aprender a formar alianças com
as poderosas comunidades que estão se formando on-line, gerando comentários positivos sobre
as marcas (e-WOMM), e receber o endosso de formadores de opinião alinhados com a essência
organizacional e da campanha.
• AOS TEUS Olhos. Direção: Carolina Jabor. Elenco: Daniel de Oliveira; Marco Ricca;
Stella Rabello; Gustavo Falcão. Brasil: Conspiração, 2018. 1 DVD (87 min.), son., color.
O filme conta a história de um professor de natação que se vê no centro de uma polêmica
depois de um aluno ter dito à mãe que o professor o beijou. O caso toma uma grande
proporção após a mãe da criança o acusar em um fórum virtual. O longa procura
demonstrar como as pessoas se unem e partilham a sua opinião nas comunidades e fóruns
on-line sobre diferentes temas, podendo, inclusive, emitir julgamentos.
88 Comunicação integrada de marketing
Atividades
1. Como manter a coerência da comunicação se é preciso seguir o estilo das comunidades
virtuais para conversar com os seus integrantes?
2. É benéfico que influenciadores digitais façam publicidade para as marcas, considerando que
essa mídia foi considerada como isenta e livre de propagandas?
Referências
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Gabarito
2. Com o avanço da tecnologia, ficou muito fácil saber qualquer coisa sobre as marcas e as
empresas. Perceber isso ajuda a entender porque é importante prever como a organização
se comunica internamente, uma vez que a mensagem que a empresa busca comunicar
precisa ser repassada pelo atendimento de seus colaboradores e pelo modo como eles
se referem à organização com o público externo, por exemplo, nas redes sociais. Assim,
a comunicação interna e o endomarketing colaboram com a CIM, buscando alinhar a
mensagem da empresa com o público externo e interno.
2. A aplicação da CIM tem mais a ver com a maturidade estratégica da organização do que
com o tipo ou o tamanho de organização. É recomendável que a CIM seja contemplada
como um meio de melhorar o posicionamento e a aceitação da marca. Como esse objetivo
não está atrelado a um segmento, dimensão ou idade do negócio, a comunicação é um
90 Comunicação integrada de marketing
olhar estratégico com possibilidades de aplicação transversal. Existem grandes negócios que
ainda estão tendo problemas em integrar as estratégias de marketing e de comunicação,
enquanto há negócios menores que já constroem a estratégia tendo esse olhar mais amplo,
considerando todas as bases e assimilando que deve haver um mesmo tom na comunicação
com os clientes.
3. O planejamento estratégico deve ser formalizado para que todas as áreas consigam visualizar
os objetivos da organização e como se pretende atingi-los. É como um “plano de guerra”
nos negócios. Nesse caso, é preciso também ter uma margem de flexibilidade no plano
para que ajam adaptações de acordo com o que os eventos estão trazendo. Há influência
dos ambientes, há alteração do comportamento do consumidor, e tudo isso precisa ser
incorporado à maneira que a empresa vai se posicionar.
2. É verdade que as mídias on-line possuem grande amplitude, mas um dos seus diferenciais é
justamente a possibilidade de personalizar a mensagem para atingir seu público com custos
menores. Dessa forma, as mídias on-line também representam uma boa oportunidade para
organizações menores divulgarem a sua marca de acordo com o seu posicionamento e com
o perfil do seu consumidor. O fato é que a internet conseguiu possibilitar que empresas
com orçamentos de comunicação pequenos pudessem promover as suas marcas de maneira
direcionada e com maior retorno.
6 CIM digital
1. A coerência da comunicação não está associada a ser estática e igual em todos os canais.
Pelo contrário, ela está associada ao tom da mensagem: dizer a mesma coisa de maneiras
diferentes, mas sempre com o mesmo conteúdo principal. Adaptar para conversar com
os consumidores em uma comunidade não é o mesmo que transformar a mensagem em
outra. Se for necessário fazer mudanças substanciais, é provável que aquela comunidade
não esteja alinhada com a marca. É necessário sempre buscar sinergia entre o público e a
essência organizacional.
2. Assim como acontece nas mídias tradicionais, em que celebridades divulgam produtos
por uma contrapartida financeira, ocorre também nas mídias sociais, e com considerável
frequência. O fato de que esses canais sejam vistos como uma mídia livre de abordagem
comercial não traz problemas para esse tipo de publicidade, tampouco quer dizer que haverá
danos para a imagem do formador de opinião ou para a da marca, se for algo ético e bem
planejado. Se for aplicada uma narrativa de aceitação, por exemplo, se ficar claro que se trata
de uma campanha publicitária, dificilmente haverá qualquer ônus.
COMUNICAÇÃO
cação integrada de marketing (CIM) para as empre-
sas, pode-se associá-la a duas palavras: convergência
GR
INtEGRADA
e assertividade. Isso porque a CIM consegue unir, em
um mesmo tom, as diversas possibilidades de contato
com o público (convergência), além de promover sua
adesão (assertividade).
Conhecer e estudar a CIM pode ajudar os futuros
gestores nas estratégias e atividades do marketing. E
DE MARKETING
é exatamente esta a proposta deste livro: apresentar
o conceito, a contribuição estratégica e o desenvolvi-
mento na prática da CIM, para que seja possível aplicá-
-la nas organizações de diferentes segmentos e perfis.
Código Logístico