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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DISCIPLINA DE PATOLOGIA GERAL

ROTEIRO DE ESTUDO SOBRE ASPECTOS GERAIS DA NEOPLASIA

(Literatura Recomendada – Robbins (8 ou 9 ed. – VERSÃO MAIS ATUAL ESTÁ MAIS


DIDÁTICA) e Bogliolo (8 ed.)

1) Qual a diferença entre CÉLULAS LÁBEIS, ESTÁVEIS E PERENES, BASEADA NO


CICLO CELULAR. E quais as principais classes de proteínas envolvidas no controle do ciclo
celular?
Células lábeis: são células de curta duração. De modo geral, não se agrupam de forma fixa na
organização dos tecidos, não se reproduzem e resultam de diferenciação rápida de células indiferenciadas de
origem embrionária. Como tal, se classificam os gametas (duram dois ou três dias) e as hemácias ou
glóbulos vermelhos do sangue (no máximo 120 dias). 
Células estáveis: constituem a grande maioria dentre as numerosas variedades celulares do nosso
organismo.
São células que se diferenciam durante o desenvolvimento embrionário e depois mantêm um ritmo
constante de multiplicação. Assim ocorre com as fibras musculares lisas e os diversos tipos de células
epiteliais e conjuntivas.
Podem duram meses ou anos. As células dos vegetais também se classificam nesse grupo. 
Células permanentes: resultam de uma diferenciação celular muito precoce no embrião. Duram toda a vida.
Atingem alto grau de especialização. Por isso, depois de concluída a formação embrionária, perdem a
capacidade de reprodução. É o que se verifica com as fibras musculares estriadas e com os neurônios. Não
há renovação dessas células no organismo depois do nascimento.
Controladores Positivos do Ciclo Celular: Estimulam a progressão da célula no ciclo celular, a fim
de que ocorra a divisão normal em duas células-filhas.:
CDKs (Cinases Dependentes de Ciclina): Estão presentes durante todo o ciclo celular, mas só são
ativadas em determinadas fases, quando ligadas às ciclinas. Este complexo CDK-ciclina fosforila proteínas
específicas.
Ciclinas: São assim chamadas porque suas quantidades variam periodicamente durante o ciclo
celular. São sintetizadas somente em fases específicas, de acordo com a necessidade, e destruídas após a
sua utilização.
Ligam-se às CDKs para que possam juntas exercer suas funções.
Controladores Negativos do Ciclo Celular: Atuam inativando as funções dos controladores positivos,
o que leva a célula à parada no ciclo celular e à apoptose (morte programada).
CKIs (Inibidores de Cinase dependente de Ciclina): São proteínas que interagem com CDKs ou
complexos ciclina- CDK, bloqueando sua atividade de cinase. As cinases não mais fosforilam proteínas, o
que determina parada do ciclo. As CKIs podem ser de dois tipos: - específicas (ex: p15, p16, p18, p19): são
seletivas sobre os complexos ciclina D-CDK4 e ciclina D-CDK6, que atuam em G1. - inespecíficas (ex:
p21, p27, p53, p57): atuam sobre diversos tipos de complexos ciclina-CDK.
Complexo ubiquitina: Degrada ciclinas e outras proteínas, impedindo a progressão do ciclo celular.
Fosfatases: Atuam na desfosforilação de CDKs e complexos ciclina-CDKs, tornando-os inativos
2) De forma simplificada explique como é feita a regulação do crescimento celular.
O ciclo celular em organismos multicelulares, é controlado por proteínas altamente específicas,
denominadas de fatores de crescimento. Os fatores de crescimento regulam a proliferação celular através de
uma rede complexa de cascatas bioquímicas que por sua vez regulam a transcrição gênica e a montagem e
desmontagem de um sistema de controle. São conhecidas cerca de 50 proteínas que atuam como fatores de
crescimento, liberados por vários tipos celulares. Para cada tipo de fator de crescimento, há um receptor
específico, os quais algumas células expressam na sua superfície e outras não.
Os fatores de crescimento podem ser divididos em duas grandes classes: 1). Os fatores
‘de crescimento de ampla especificidade, que afetam muitas classes de células, como por exemplo o
PDGF (fator de crescimento derivado das plaquetas) e o EGF (fator de crescimento epidérmico). A segunda
classe de fatores de crescimento são os de Estreita especificidade, que afetam células específicas.
A proliferação celular depende, de uma combinação específica de fatores de crescimento. Alguns FC
estão presentes na circulação, porém a maioria dos FC é originada das células da vizinhança da célula
afetada e agem como mediadores locais.

3) Descreva o significado anatomopatológico de HIPERPLASIA, HIPOPLASIA, DISPLASIA,


METAPLASIA, ATROFIA, HIPOTROFIA, HIPERTROFIA (CAPÍTULO 1- ROBBINS OU
CAPÍTULO 8 DO BOGLIOLO) e NEOPLASIA.
A hiperplasia é o aumento do número de células devido à proliferação de células diferenciadas e
substituição por células-tronco do tecido. A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. Em ambas as
situações, a proliferação celular é estimulada por fatores de crescimento que são produzidos por vários tipos
celulares. Ao contrário, diminuição da taxa de proliferação celular é chamada hipoplasia. Se há proliferação
celular e redução ou perda de diferenciação, fala-se em displasia. A metaplasia é a alteração do fenótipo em
células diferenciadas, sempre em resposta a irritação crônica que torna as células mais capazes de suportar o
estresse, geralmente induzida por via de diferenciação alterada das células-tronco nos tecidos; pode resultar
em redução das funções ou tendência aumentada para transformação maligna. Atrofia é a diminuição da
célula e do órgão, como resultado da diminuição do suprimento de nutrientes ou por desuso; associada à
diminuição de síntese celular e aumento da quebra proteolítica das organelas celulares. Quando uma célula
sofre estímulo acima do normal, aumentando a síntese de seus constituintes básicos e seu volume, tem-se a
hipertrofia. O aumento do volume é acompanhado de aumento das funções celulares. Ao contrário, se sofre
agressão que resulta em diminuição da nutrição, do metabolismo e da síntese necessária para a renovação
de suas estruturas, a célula fica com volume menor, fenômeno que recebe o nome de hipotrofia. A
proliferação celular autônoma, geralmente acompanhada de perda de diferenciação, é chamada neoplasia.

4) Conceituar CÂNCER, TUMOR, LESÕES CANCERIZÁVEIS, CARCINOMA “IN SITU”.


Câncer é um grupo de doenças que envolvem o crescimento celular anormal, com potencial para
invadir e espalhar-se para outras partes do corpo, além do local original.
Tumor é um termo usado para designar uma proliferação celular anormal, excessiva e descoordenada,
que não cessa quando o estímulo inicial termina.
As lesões cancerizáveis consistem em alterações morfológicas do tecido na qual o câncer tem maior
probabilidade de ocorrer, mas que podem também permanecer estáveis indefinidamente.
São assintomáticas e podem apresentar-se como lesões brancas, vermelhas, enegrecidas, mistas, com
ulcerações ou crescimentos.
O termo carcinoma in situ foi introduzido para indicar as neoplasias malignas do Epitélio de
Revestimento que ainda não invadiram o estroma adjacente, portanto de crescimento restrito à área de
origem. Entretanto, como são menos aderidas entre si, essas células cancerosas possuem grandes chances
de movimentar-se e infiltrar-se no estroma e nos tecidos adjacentes, sendo, por isso, designadas
erroneamente como um pré-câncer. Este termo não é adequado pelo fato do carcinoma in situ já ser
considerado um câncer (neoplasia maligna), porém apenas ainda não apresenta padrão infiltrativo. A
membrana basal está ainda preservada sendo a razão do termo in situ.

5) Quais os componentes básicos dos tumores malignos e benignos? E qual desses componentes é o
principal responsável pelo crescimento e evolução da neoplasia? Justifique sua resposta.
Os tumores benignos e malignos têm dois componentes básicos: parênquima que é constituído por
células neoplásicas e estroma que é composto por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Apesar das células
parenquimatosas apresentarem o componente proliferantes das neoplasias, determinando sua natureza, o
crescimento e evolução da neoplasia dependem de seu estroma.

6) O que é desmoplasia?
Desmoplasia é a deposição proeminente de colágeno de permeio às células neoplásicas, tendo-se o
miofibroblasto como a célula responsável por esse processo. As células parenquimatosas estimulam a
formação de estroma contendo colágeno.

7) O que é diferenciação celular? Como os tumores podem ser classificados quanto a diferenciação das
células neoplásicas?
São características observadas apenas em células parenquimatosas que constituem os elementos
transformados das neoplasias. A diferenciação das células tumorais parenquimatosas refere-se à extensão
em que se assemelham aos seus antepassados normais morfológica e funcionalmente.
Neoplasias benignas.
Neoplasias malignas.

8) Classificar as NEOPLASIAS quanto à ORIGEM, GRAU DE DIFERENCIAÇÃO E


COMPORTAMENTO CLÍNICO.
Benignas – crescem de maneira localizada, circunscrita. Não são letais nem causam transtornos ao
hospedeiro, podem evoluir despercebidas por muito tempo.
Malignas – crescimento muito acelerado, infiltram tecidos vizinhos e sofrem metátase, provocando
perturbações homeostáticas graves que podem levar a morte.
Origem
Mesenquimal:
Fibroblasto; Tecido adiposo; Osso; Cartilagem; Vasos sanguíneos; Vasos linfáticos; Músculo liso;
Músculo estriado.
Epitelial:
Projeções epiteliais; Padrão glandular.
A maioria das neoplasias benignas cresce lentamente e as malignas crescem rapidamente. Entretanto,
alguns tumores benignos podem apresentar crescimento mais rápido que tumores malignos.
Grau de diferenciação:
Bem diferenciado (I)
Moderadamente diferenciado (II)
Pouco diferenciado (III)
Indiferenciado ou anaplásico (IV)
Contudo, o comportamento clínico das neoplasias é mais complexo, sendo considerada, em algumas
situações, a existência de uma categoria adicional:
Malignidade intermédia.

9) NOMENCLATURA DOS TUMORES – Cite 10 exemplos de tumores malignos e benignos quanto à


denominação relacionado à origem.
Tumor benigno do tecido cartilaginoso – condroma;
Tumor benigno do tecido gorduroso – lipoma;
Tumor benigno do tecido glandular – adenoma.
Carcinoma basocelular de face – tumor maligno da pele;
Adenocarcinoma de ovário – tumor maligno do epitélio do ovário;
Condrossarcoma - tumor maligno do tecido cartilaginoso;
Lipossarcoma - tumor maligno do tecido gorduroso;
Leiomiossarcoma - tumor maligno do tecido muscular liso;
Hepatoblastoma - tumor maligno do tecido hepático jovem;
Nefroblastoma - tumor maligno do tecido renal jovem.

10) Conceitue HAMARTOMA, TERATOMA, CORISTOMA, BLASTOMA.


Hamartomas “são erros locais do crescimento no qual um tecido se desenvolve mais que o devido,
com células maduras e normais, mas com arquitetura tissular anormal (‘amartao’;= faltar). A diferenciação
com as neoplasias benignas é muito difícil e envolve controvérsias (para muitos autores os Hemangiomas,
os linfangiomas, os rabdomiomas cardíacos, os adenomas hepáticos e os nevos pigmentados não são
verdadeiras neoplasias e sim hamartomas).
Coristomas “são erros locais congênitos do desenvolvimento no qual um tecido aparentemente
normal se desenvolve heterotopicamente (“coristo”= dividir). São freqüentemente confundidos também
com neoplasias benignas. Exemplos: Fragmentos de pâncreas nas paredes gástricas, de córtex de adrenal
nos rins, nos pulmões, nos ovários, e de ovário no útero. Freqüentemente se atrofiam, mas podem originar
verdadeiras neoplasias, de maneira bem curiosa e paradoxal como Carcinomas de adrenal no ovário.
Teratoma é um tumor germinativo, formado por um ou mais tecidos embrionários, geralmente
encontrado no ovário ou testículos em adultos e na região sacrococcígea em crianças e que podem ser
cistos, maduros, dermoides, bem diferenciados (benignos) ou sólidos indiferenciados (maligno).
Blastoma é uma neoplasia (tumor), mais comum em crianças, formado a partir de células
precursoras, imaturas e indiferenciadas chamadas (blastocitos).

11) Quais as PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA NEOPLASIA BENIGNA?


Os tumores benignos, bem diferenciados são constituídos por células semelhantes às células do
tecido de origem. Estas células se dispõem de forma harmônica em relação ao estroma e, no conjunto, a
arquitetura do tumor lembra a arquitetura do tecido de origem. Como o crescimento é expansivo, os seus
limites são nítidos quando crescem em superfície, fazem-no sob a forma de massas salientes de limites
nítidos; quando crescem no interior de um órgão, assumem o aspecto de massas arredondadas, cujos limites
também são nítidos, tendo crescimento lento e sendo providas de estroma bem constituído, as neoplasias
benignas raramente são sujeitas a processos degenerativos importantes, necrose ou hemorragia. O mesmo
não acontece com os tumores malignos, nos quais a proporção parênquima/estroma nem sempre é a ideal, o
que favorece degeneração, necrose e hemorragia. Devido ao fato de os tumores benignos serem constituídos
por tecidos, cuja estrutura é muito semelhante à dos tecidos de origem, é frequente que suas células sejam
funcionantes. O resultado é que tumores benignos glandulares secretam, e existe tendência a que a secreção
se acumule, pois, embora a arquitetura do tumor seja semelhante à do tecido original, nem sempre os
tumores são providos de ductos excretores eficientes. O acúmulo de secreções no interior de tumores
benignos de glândulas determina a formação de cistos e esta é uma característica estrutural que pode ser
muito importante. Menos frequentemente, também os tumo¬res malignos podem ser císticos pelas mesmas
razões. 

12) Quais as PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA NEOPLASIA MALIGNA?


A neoplasia maligna (câncer) ou os tumores malignos, ao contrário da neoplasia benigna,
desenvolve-se rapidamente e provoca no indivíduo efeitos e consequências que implicam muito
negativamente na saúde podendo levar inclusive à morte. Portanto, os tumores advindos da neoplasia
maligna podem ser fatais devido ao fato de seu crescimento ser mais difícil de ser controlado, podendo
assim, atingir diversos tecidos de maneira irreversível e intratável. Nesse estágio é possível que o câncer
atinja o estágio de metástase. Embora a nomenclatura das lesões causadas pelas neoplasias
malignas esteja sendo atualizada com razoável intervalo de tempo, é possível reconhecê-la através do
sufixo “sarcoma”. Aquelas cuja origem é o tecido epitelial são caracterizadas pela denominação
de “carcinoma”.

13) Descreva as principais características morfológicas das CÉLULAS NEOPLÁSICAS


MALIGNAS, comumente associadas à anaplasia.
Os tumores malignos são caracterizados por conterem graus variados de diferenciação celular e,
portanto, guardam poucas semelhanças com as células que a originaram e são denominadas pouco
diferenciadas. Quando observadas pelo microscópio, veem-se células com alterações de membrana,
citoplasma irregular e núcleos com variações de forma, tamanho e cromatismo.

14) Explique os três fatores principais determinantes para a taxa de crescimento tumoral que
justifique o fato de terem cânceres de crescimento rápido e outros de crescimento lento.
O crescimento tumoral tem como principais influências a dependência de hormônios, suprimento de
sangue entre outros fatores. A taxa de crescimento do neoplasma está ligada diretamente ao nível de
diferenciação das suas células e dessa forma tumores malignos acabam crescendo mais rapidamente que
aqueles benignos. Entretanto, alguns tumores benignos podem apresentar crescimento mais rápido que
tumores malignos. O ritmo de crescimento depende do tipo de tumor e de alguns fatores como suprimento
sanguíneo e hormonal.

15) Qual a relação entre células tronco e as linhagens de células cancerosas?


O crescimento continuado e a manutenção de muitos tecidos que contêm células de vida curta,
como os elementos constituintes do sangue e as células epiteliais do trato gastrointestinal e da pele,
requerem uma população residente de células-tronco teciduais que apresentam vida longa e são capazes de
autorrenovação. As células-tronco teciduais são raras e existem em um nicho criado por células de apoio, as
quais produzem fatores parácrinos que sustentam as células-tronco. Recorde, que as células-tronco teciduais
se dividem assimetricamente para produzir dois tipos de células-filhas – aquelas com potencial proliferativo
limitado, que sofrem diferenciação terminal e morrem, e aquelas que retêm o potencial de células-tronco.
Os tumores malignos são imortais e possuem capacidade proliferativa ilimitada, indicando que, de
forma semelhante aos tecidos normais, eles também devem conter células com propriedades “tronco-
símile”. O conceito de células-tronco cancerosas apresenta diversas implicações importantes. Mais
notavelmente, se as células-tronco cancerosas são essenciais para a persistência do tumor, conclui-se que
tais células devem ser eliminadas para curar o paciente afetado.
Há a hipótese de que, como as células tronco normais, as células-tronco cancerosas possuem uma
alta resistência intrínseca a terapias convencionais, em razão de sua baixa taxa de divisão celular e
expressão de fatores, como a resistência a múltiplas droga-1 (MDR1), que se contrapõe dos efeitos das
drogas quimioterápicas. Portanto, o sucesso limitado das terapias atuais pode, em parte, ser explicado por
sua ineficácia em destruir as células-tronco malignas que estão na raiz do câncer.
As células-tronco cancerosas poderiam surgir das células-tronco do tecido normal ou de células
mais diferenciadas que, como parte do processo de transformação, adquirem a propriedade de
autorrenovação. Estudos sobre certas leucemias apoiam ambas as possibilidades. Por exemplo, a leucemia
mieloide crônica (LMC) se origina da contraparte maligna de uma célula-tronco hematopoiética normal,
enquanto certas leucemias mieloides agudas (LMA) são derivadas de precursores mieloides mais
diferenciados que adquirem uma capacidade anormal de autorrenovação. A identificação de “células-tronco
leucêmicas” tem estimulado a pesquisa em busca de células-tronco cancerosas em tumores sólidos. A
maioria desses estudos enfocou a identificação de células iniciadoras do tumor (T-IC) que são definidas
como células que permitem que um tumor humano cresça e se mantenha indefinidamente quando
transplantado em um camundongo imunodeficiente. As T-IC foram identificadas em diversos tumores
humanos, incluindo o carcinoma de mama, o glioblastoma multiforme, o câncer de intestino e a LMA,5-8
em que constituem 0,1% a 2% da celularidade total. Estudos mais recentes mostraram que em alguns
cânceres, as T-IC são muito comuns, representando 25% da celularidade total. Portanto, alguns tumores
podem ter um pequeno número de T-IC que então se “diferenciam” para formar a maior parte do tumor,
enquanto outros tumores podem ser primariamente compostos por T-IC. No futuro, será importante
identificar a população tumorigênica de cada tumor para direcionar a terapia contra as células-tronco
tumorais. Um tema emergente a respeito dos genes e vias que mantêm as células-tronco cancerosas, é se
eles seriam os mesmos que aqueles que regulam a homeostasia das células-tronco dos tecidos normais.
Exemplos incluem o BMI1, um componente do complexo de remodelagem da cromatina policomb que
promove a “tronculização”, (stem-ness) tanto em células-tronco hematopoiéticas normais, quanto em
leucêmicas; e a via do WNT, um regulador- chave das “células-tronco” da cripta intestinal normal que tem
sido implicado na manutenção das células-tronco do adenocarcinoma intestinal. Questões remanescentes
importantes giram em torno das T-IC, se realmente representariam uma mensuração adequada das células
tronco cancerosas, se as células-tronco cancerosas permanecem dependentes do “nicho” que fornece apoio
para as células-tronco normais, e se será possível atingir seletivamente os fatores de “troncolização” das
células cancerosas.

16) Explique as diferenças entre o comportamento de invasão e disseminação de neoplasias


benignas e malignas, levando em consideração os tópicos listados abaixo:
a. MECANISMOS DE PROPAGAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DOS TUMORES
(Justificativa para esta propriedade):
Praticamente todos os tumores benignos crescem como uma massa expansiva coesa que
permanece localizada em seu sitio de origem e não apresenta a capacidade de infiltrar, invadir ou
metastatizar para sítios distantes, como fazem os tumores malignos.
Como eles crescem e se expandem vagarosamente, geralmente desenvolvem uma margem de tecido
conjuntivo comprimido, algumas vezes referido como cápsula fibrosa, que o separa do tecido hospedeiro.
Essa capsula se deriva, em grande parte, da matriz extracelular do tecido nativo devido a atrofia das células
parenquimatosas normais que estão sob pressão de um tumor em expansão. Essa capsula não evita que o
tumor cresça, mas mantem o tumor benigno como uma massa discreta, facilmente palpável e bem móvel,
que pode ser enucleada cirurgicamente.
Apesar de um plano de clivagem bem definido existir ao redor da maioria dos tumores benignos, em
alguns ele não existe. Por exemplo, os hemangiomas (neoplasmas compostos por vasos sanguíneos
entrelaçados) frequentemente não são encapsulados e podem dar a impressão de permear o sitio em que
surgem (comumente a derme da pele). O crescimento dos cânceres é acompanhado por infiltração
progressiva, invasão e destruição dos tecidos circunjacentes. Em geral, os tumores malignos são pouco
demarcados do tecido normal ao seu redor e não ha um plano de clivagem bem definido. A expansão
vagarosa dos tumores malignos, contudo, pode propiciar o desenvolvimento de uma capsula fibrosa
aparente, que pode empurrar uma ampla frente tumoral em direção as estruturas normais adjacentes. O
exame histológico de tais massas pseudoencapsuladas quase sempre mostra fileiras de células penetrando
na margem e infiltrando as estruturas adjacentes, um padrão de crescimento em forma de caranguejo que
constitui a imagem popular do câncer. A maioria dos tumores malignos e obviamente invasiva e pode-se
esperar que penetrem, por exemplo, a parede do intestino ou do útero, ou perfurem a superfície cutânea.
Eles não reconhecem as barreiras anatômicas normais. Tal invasividade torna sua ressecção cirúrgica difícil
ou mesmo impossível, e mesmo quando o tumor parece bem circunscrito e necessário remover uma
margem considerável de tecidos aparentemente normais adjacentes ao neoplasma infiltrante. Afora o
desenvolvimento de metástases, a invasividade é a característica mais confiável para diferenciar os tumores
malignos dos benignos. Notamos anteriormente que alguns cânceres parecem evoluir de um estagio pre-
invasivo referido como carcinoma in situ. Isso ocorre comumente nos carcinomas da pele, mama e outros
sítios e é mais bem ilustrado pelo carcinoma do colo uterino. Os cânceres epiteliais in situ mostram
características citológicas de malignidade sem a invasão da membrana basal. Eles podem ser considerados
uma etapa anterior ao câncer invasivo; com o tempo, a maioria penetra a membrana basal e invade o
estroma subepitelial.

b. METÁSTASES:

As metástases são implantes tumorais descontínuos com o tumor primário. As metástases assinalam
de forma inequívoca um tumor como maligno porque os neoplasmas benignos não metastatizam. A
invasividade dos tumores malignos permite que eles penetrem nos vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades
corpóreas, provendo a oportunidade para a disseminação. Com poucas exceções, todos os tumores malignos
podem gerar metástases. As principais exceções são a maioria dos neoplasmas malignos das células gliais
do sistema nervoso central, denominados gliomas, e os carcinomas basocelulares da pele. Ambos são
formas localmente invasivas de câncer, mas raramente provocam metástases. E evidente então que as
propriedades de invasão e metástases são separáveis.
Em geral, quanto mais agressivo, mais rápido o crescimento e maior o neoplasma primário, maior
será a probabilidade de o tumor formar, ou mesmo já ter feito, metástases. Contudo, há inúmeras exceções.
Lesões pequenas, bem diferenciadas, de crescimento lento algumas vezes fazem amplas metástases;
contrariamente, algumas lesões de crescimento rápido e grandes permanecem localizadas durante anos.
Muitos fatores relacionados tanto ao invasor quanto ao hospedeiro estão envolvidos. Aproximadamente
30% dos indivíduos recém-diagnosticados com tumores sólidos (excluindo canceres de pele que não os
melanomas) se apresentam com metástases. A disseminação metastática reduz fortemente a possibilidade
de cura, então, fora a prevenção do câncer, não existe outra conquista de maior beneficio aos pacientes do
que os métodos para bloquear as metástases.

c. VIAS DE DISSEMINAÇÃO.

Vias de Disseminação
A disseminação dos canceres pode ocorrer através de uma dentre três vias: (1) implante direto das
cavidades ou superfícies corpóreas, (2) disseminação linfática e (3) disseminação hematológica. Apesar de
o transplante direto de células tumorais, como, por exemplo, sobre os instrumentos cirúrgicos, poder
ocorrer teoricamente, ele e raro e não discutimos em detalhes essa maneira artificial de disseminação. Cada
uma das três principais vias será descrita separadamente.
Implante em Cavidades e Superfícies Corpóreas. O implante de células tumorais em cavidades e
superfícies corpóreas pode ocorrer sempre que um neoplasma maligno penetra em um “campo aberto”
natural. A cavidade peritoneal e o local mais frequentemente envolvido, mas qualquer outra cavidade –
pleural, pericárdica, subaracnoidea e do espaço articular – pode ser afetada. Tal implantação e
particularmente característica de carcinomas que se originam nos ovários, quando, com certa frequência,
todas as superfícies peritoneais se tornam recobertas por uma pesada camada vítrea do tumor maligno.
Ressalta-se que as células tumorais podem permanecer confinadas à superfície da víscera abdominal
recoberta sem penetrar em sua substância. Algumas vezes carcinomas mucossecretores do apêndice
preenchem a cavidade peritoneal com uma massa neoplásica gelatinosa referida como pseudomixoma
peritonei (pseudomixoma peritoneal).
Disseminação Linfática. O transporte através dos vasos linfáticos é a via mais comum para a
disseminação dos carcinomas e os sarcomas podem também usar essa rota. Os tumores não contêm
linfáticos funcionais, mas os vasos linfáticos localizados nas margens tumorais são aparentemente
suficientes para a disseminação das células tumorais. A ênfase na disseminação linfática dos carcinomas e
na disseminação hematogênica dos sarcomas é enganosa, pois, em última instância, há numerosas conexões
entre os sistemas vascular e linfático. O padrão de envolvimento dos linfonodos segue as rotas naturais da
drenagem linfática. Como os carcinomas da mama geralmente surgem nos quadrantes superiores externos,
eles geralmente se disseminam primeiro para os linfonodos axilares. Os cânceres dos quadrantes internos
drenam para os linfonodos ao longo das artérias mamárias internas. Portanto, os linfonodos
infraclaviculares e supraclaviculares podem se tornar envolvidos. Os carcinomas do pulmão que surgem nas
vias respiratórias principais formam metástases primeiramente para os linfonodos peri-hilares
traqueobrônquicose mediastinais. Os linfonodos locais, contudo, podem ser contornados – a denominada
“metástase saltada” – porque os vasos linfáticos podem ter sido obliterados em razão de anastomoses
venolinfáticas, ou devido à inflamação, ou à radiação.
No câncer de mama, a determinação do envolvimento dos linfonodos axilares é muito importante
para a avaliação do curso futuro da doença e para a seleção de estratégias terapêuticas cabíveis. Para evitar a
morbidade cirúrgica considerável associada a uma completa dissecção de linfonodos axilares, uma biópsia
dos linfonodos sentinelas frequentemente é utilizada para avaliar a presença ou ausência de lesões
metastáticas nos linfonodos. Um linfonodo sentinela é definido como “o primeiro linfonodo em uma bacia
linfática que recebe o fluxo da linfa que vem do tumor primário. ” O mapeamento do linfonodo sentinela
pode ser feito através da injeção de sondas radiomarcadas e de corantes azuis, e o uso de cortes congelados
sobre o linfonodo sentinela no momento da cirurgia pode guiar o cirurgião em direção à terapia mais
adequada. A biópsia de linfonodo sentinela também já foi usada para detectar a disseminação de
melanomas, de cânceres de cólon e de outros tumores.
Em muitos casos os linfonodos regionais servem como barreiras efetivas contra a disseminação
futura do tumor, pelo menos por um tempo. É concebível que as células, após pararem no linfonodo,
possam ser destruídas por uma resposta imune tumor específica. A drenagem de restos de células tumorais
ou de antígenos tumorais, ou de ambos, também induz a alterações reativas dentro dos linfonodos. Assim, o
aumento dos linfonodos pode ser causado por (1) disseminação e crescimento das células cancerosas, ou (2)
hiperplasia reativa. Portanto, o aumento dos linfonodos próximos a um câncer, ao mesmo tempo em que
deve levantar suspeita, não significa necessariamente um meio de disseminação da lesão primária.
Disseminação Hematogênica. A disseminação hematogênica é típica dos sarcomas, mas também é
vista nos carcinomas. As artérias, com suas paredes mais espessas, são menos prontamente penetradas do
que as veias. Contudo, a disseminação arterial pode ocorrer quando as células tumorais passam através dos
leitos capilares pulmonares, ou através dos shunts arteriovenosos pulmonares, ou quando as metástases
pulmonares por si mesmas originam um êmbolo tumoral adicional. Nessa disseminação vascular, diversos
fatores influenciam os padrões de distribuição das metástases. Com a invasão venosa, as células produzidas
pelo sangue seguem o fluxo venoso de drenagem do sítio do neoplasma, enquanto as células tumorais
frequentemente se detêm no primeiro leito capilar que encontram.
Compreensivelmente, o fígado e os pulmões são mais frequentemente envolvidos nessa
disseminação hematogênica, porque toda a drenagem da área portal flui para o fígado e todo o sangue da
cava flui para os pulmões. Os tumores malignos que surgem em íntima proximidade com a coluna vertebral
com frequência embolizam através do plexo paravertebral, e essa via está envolvida nas frequentes
metástases vertebrais dos carcinomas da tireoide e da próstata. Alguns cânceres possuem a propensão de
invadir as veias. O carcinoma de células renais frequentemente invade os ramos da veia renal e depois a
própria veia renal, e cresce de forma semelhante a uma cobra, em direção superior na veia cava inferior,
alcançando, por vezes, o lado direito do coração. Os carcinomas hepatocelulares com frequência penetram
as vênulas portais e hepáticas, crescendo dentro delas até atingir os canais venosos principais. É notável
observar que esse crescimento intravenoso pode não ser acompanhado por uma ampla disseminação
tumoral. Evidência histológica de penetração tumoral em pequenos vasos no sítio do neoplasma tumoral, é
obviamente uma característica perigosa. Tais alterações, contudo, devem ser observadas com precaução,
pois, por razões discutidas posteriormente, elas não indicam o desenvolvimento inevitável de metástases.
Muitas observações sugerem que uma localização meramente anatômica do neoplasma e das vias naturais
de drenagem venosa não explicam, por completo, as distribuições sistêmicas das metástases. Por exemplo,
o carcinoma de mama dissemina-se preferencialmente para o osso, os carcinomas broncogênicos tendem a
envolver as glândulas suprarrenais e o cérebro, e os neuroblastomas disseminam-se para o fígado e para os
ossos. Pelo contrário, os músculos esqueléticos e o baço, apesar da grande porcentagem de fluxo sanguíneo
que recebem e da presença de enormes leitos vasculares, raramente servem de sítio para os depósitos
secundários.

17) ELABORE UMA TABELA COM AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS E


FUNCIONAIS DAS NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS, EM RELAÇÃO A:
NEOPLASIA MALIGNA NEOPLASIA BENIGNA
Taxa de crescimento Malignas crescem rapidamente. Benignas crescem lentamente
Figuras de mitose Mitoses frequentes e atípicas Mitoses raras e normais
Grau de diferenciação Falta de diferenciação com anaplasia, Bem diferenciado,
Atipias celulares e
Estrutura atípica Estrutura típica do tecido de origem
arquiteturais
Degeneração e necrose Escassas ou ausentes Muito frequentes
Tipo de crescimento desordenado e Tipo de crescimento lento e expansivo do
Tipo de crescimento
infiltrativo tecido tumoral
Não têm cápsulas verdadeiras (ou
Cápsula Não encapsulados
pseudocapsulados.)
Limites da lesão Limites imprecisos Limites nítidos
Não invadem nem incidem tecidos normais
Efeitos locais e sistêmicos Infiltram tecidos vizinhos
circundantes
Recidiva Frequentemente recidivos Raramente recidivos
Metástases Presente Ausentes

18) Sobre os aspectos epidemiológicos dos cânceres, comente os seguintes tópicos sobre os
aspectos etiológicos relacionados à formação do CÂNCER.
a. IDADE
A idade tem uma influência importante na probabilidade de ser atingido por câncer. A maioria dos
carcinomas ocorre nos anos mais tardios da vida (>55 anos). O câncer é a principal causa de morte entre as
mulheres com idade entre 40 e 79 anos e entre os homens com idades entre 60 e 79 anos; o declínio após os
80 anos de idade se deve aos números menores de indivíduos que atingem essa idade.
b. FATORES GEOGRÁFICOS E AMBIENTAIS
Não há escassez de fatores ambientais carcinogênicos: eles se escondem na atmosfera ambiente, no
local de trabalho, nos alimentos e nas práticas pessoais. Os indivíduos podem se expor a fatores
carcinogênicos quando eles vão para o ambiente externo (raios ultravioletas [UV], poluição), em seus
medicamentos (metotrexato), no trabalho (asbestos, cloreto de vinil, ou em casa (alimentação rica em
gorduras, álcool).
c. PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA
As evidências presentes indicam que para um grande número de tipos de câncer, inclusive as formas
mais comuns, há não somente influências ambientais, como também predisposições hereditárias. Além
disso, os genes que apresentam relação de causa com os neoplasmas que mostram um componente
hereditário forte, em geral, estão envolvidos nas formas esporádicas muito mais comuns do mesmo tumor.
A predisposição genética para o câncer pode ser dividida em três categorias:
Síndromes Neoplásicas Hereditárias com Padrão Autossômico Dominante. As síndromes
neoplásicas hereditárias incluem diversos tipos de câncer bem definidos, em que a hereditariedade de um
único gene autossômico dominante aumenta o risco de desenvolver um tumor.
Síndromes do Defeito no Reparo do DNA. Além das condições pré-cancerígenas herdadas de
forma dominante, um grupo de condições predisponentes ao câncer é coletivamente caracterizado por
defeitos no reparo de DNA com resultante instabilidade do DNA.
Cânceres Familiares. Além das síndromes hereditárias de suscetibilidade ao câncer, o câncer pode
ocorrer em uma frequência maior em certas famílias sem um padrão claramente definido de transmissão.
Virtualmente todos os tipos comuns de câncer que ocorrem esporadicamente também foram relatados como
ocorrendo em suas formas familiares.
d. DISTÚRBIOS CANCERIZÁVEIS ADQUIRIDOS. (PREDISPOSIÇÃO NÃO GENÉTICA)
A única maneira segura de evitar um câncer é não nascer; viver significa correr este risco. No
entanto, sob certas influências predisponentes, como influências ambientais e condições clínicas, o risco
pode aumentar. Por exemplo, as proliferações regenerativas, metaplásicas hiperplásicas e displásicas
consistem em solo fértil para a origem de um tumor maligno, já que a replicação celular está envolvida na
transformação neoplásica. De fato, a proliferação pode ser um requisito para a transformação neoplásica em
algumas conjunturas, já que são as células em proliferação que acumulam as lesões genéticas requeridas
para a carcinogênese.

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