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Art nouveau, um expoente da belle époque

O estilo art nouveau que talvez seja considerado o mais completo


representante da Belle Époque. Embora possa ser observado em diversos
campos artísticos, teve grande destaque na arquitetura. Houve a utilização de
novos materiais para a construção dos prédios, como o uso maciço de vitrais,
madeira e aço. Sua oposição ao romantismo clássico e, ao mesmo tempo, a
sofisticação de suas formas atraia a burguesia que construiu diversas de suas
residências neste estilo.

As artes, como a arquitetura, são representantes de uma ideia de civilização,


que teve a França em seu centro. O estilo art nouveau foi adotado por
diversos países do mundo, inclusive pelo Brasil.

Podemos observar este movimento, sobretudo, em São Paulo, que passava, na


virada do século, por um intenso processo de transformação urbana; e não era
único, visto que havia reformas em outras capitais, como é o caso do Rio de
Janeiro, feita, não por acaso a partir do modelo francês.

Destacou-se, em São Paulo, a construção da Vila Penteado, que abrigaria uma


das mais ilustres famílias paulistas. O prédio art nouveau é um dos poucos
remanescentes de seu estilo ainda de pé e foi doado, em 1849, à Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Vila Penteado
É importante remarcarmos, quando estudamos História Contemporânea ou do
Brasil, que a história é um processo e como tal, está interligada às mais
diversas partes do mundo.

Isto é especialmente observado ao falarmos sobre o período contemporâneo:


 o imperialismo e a descolonização da África no século XX criaram
diversos problemas de fronteira que estimularam a eclosão de conflitos
étnicos como os ocorridos em Ruanda e Darfur;
 na economia, a formação de blocos econômicos tende a alinhar cada
vez mais as diversas economias e as crises deixam de ser localizadas e passam
a ser mundiais;
 na cultura, as mudanças no pensamento, na arte, no comportamento,
são apropriadas e transformadas de acordo com as mais diversas realidades.

As reformas urbanas que atingiram as capitais brasileiras foram inspiradas


naquela feita em Paris, pelo Barão de Haussman. O barão tinha como projeto
remodelar a cidade e afastar a imagem da Paris das barricadas, fruto das
recorrentes revoltas que haviam ocorrido até então. Falamos sobre elas nas
aulas anteriores, quando discutimos acerca da onda liberal e as revoluções
que assolaram a Europa, lembra?

Como estratégia para a reforma urbana, começou um enorme processo de


demolição, que alargaria as ruas e criaria os boulevares. Além disso, essa
remodelação implicava na expulsão de boa parte da classe trabalhadora
parisiense – que participou das diversas revoltas – para as periferias
parisienses.

Há um fundo estético nas obras, mas, sobretudo, uma questão normalizadora,


pois se criou padrões para as habitações e para o comércio. Além disso, o
alargamento das ruas permitia a rápida ação militar em casos de revolta, pois
os becos e ruelas escuras viabilizavam aos revoltosos ocultar-se, o que agora
não seria mais possível.
Por mais de uma década, Georges-Eugène Haussman, prefeito de Paris, reuniu
engenheiros e arquitetos de grande reputação. Sistemas básicos de
saneamento e distribuição de água foram criados, reformados e ampliados,
bem como parques e prédios.

Os custos exorbitantes das obras acabaram por levar a sua demissão, mas não
sem antes a finalização do projeto que transformou Paris em sinônimo de
prosperidade e civilização. Isto tampouco impediu que o prefeito fosse
conhecido como o demolidor. Em contrapartida, o modelo urbanístico francês
se tornou referência em todo o mundo sendo amplamente adotada. Um dos
casos mais evidentes foi a Reforma Pereira Passos, ocorrida no Rio de Janeiro
da República Velha, quando a cidade ainda era a capital federal.

Os feitos de Haussman puderam ser observados por todo o planeta na


Exposição Universal de 1900, ocorrida naquela cidade. As exposições
universais eram o momento em que diversas nações se reuniam e divulgavam
seus avanços técnicos e científicos. Para isso, eram construídos pavilhões,
prédios completos, que posteriormente eram demolidos ou desmontados.

Na exposição de 1900, a maior parte destes pavilhões foi erguida em estilo art
nouveau e milhares de pessoas, das mais diferentes nacionalidades, puderam
conhecer o maravilhoso mundo novo que se abria no século XX.

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