Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
4
C O L E Ç AO AFRANIO PEIXOTO
publicações pela Acaiem ia Brasileira, decisão anaam *
(nome dado ás suas
de 25 de Junho de 1931)
b ib l io t e c a de cultura n a c io n a l
I — L iteratura
Publicados:
O Diãlogo, de deão de l jè r j.
« ■ r * — “ >■
1933.
Publicados:
r S T w
IV — I n éd ita
A publicar-sc:
P edro L u ís , por A franio Peixoto, 1933
C artas J esuíticas
hi
CARTAS,
Informações, Fragmentos Historicos
e Sermões
do
(1 5 5 4 - 1594)
19 3 3
CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S. A.
R U A DO LAVRADIO, 160 RIO D E JA N E IR O
NOTA PRELIMINAR
çuarlparU, « .
5
NOTA P R E L IM IN A R
6
NOTA PR ELIM IN A R
7
N O TA P R E L IM IN A R
8
NOTA P R E L IM IN A R
9
NOTA PR E L IM IN A R
10
NOTA PR E L IM IN A R
A . P.
R io, 1933.
S B S c J iH 2 5 S 3 I
— e mãi guanche, in-
eid en ts" d ^ h S lévaram-no "cedo á Coimbra, aonde <*«**>»
1 1
A OBRA D E A N C H IE T A NO B R A SIL
12
A OBRA DE A N CH IETA NO BRASIL
padre já sabe, a lingua deles, que, ao que parece, se^ conforma com
a biscainha, de modo geral que com eles se entende .
A arte da lingua ainda manuscrita, íoi tornada, revista obr
gatoria desde 156Ü, pelo padre Luiz da ü ra. Levista diuturna-
mente por entendidos, foi impressa a primeira vez em 1595 no
ultimo quartel do século passado reimprimiu-a e traduziu-a Julius
Platzmann, benemerito alemão a quem os estudos amencanistas
tanto devem. . . ,
O prestigio de Anchieta junto a Nobrega, ja Provincial da
Companhia de Jesus, manifestou-se no chamado^ armst.eio de Ipe-
rnií? As hostiliddes entre os moradores de bao Vicente e os
moiós, Comarcãos do Norte, subiram a tal ponto> que Nobrega de-
13
A OBRA D E A N C H IE T A NO B R A SIL
14
A OBBA DE A N C H IET A NO BRASIL
15
INTRODUÇÃO
que nos faz hoje fechar o “ e”, circunflexo, “A nchieta”, é que pa
rece errado, porque é o proprio Apóstolo que acentua, com acento
grave, esse “ e”, como para não fechá-lo expressamente, ao que o “i ”
17
2
INTRODUÇÃO
■ . ~7 r
' : |
S
,.y pcogreiio gtau patu n u if
c° “^
1 8
INTRODUÇÃO
19
INTRODUÇÃO
■ t - . - J S“ T s ^ r i / y Z % m e n u T ’t ^
l Z £ 7 X s u Z a J ie n to . . , ; (òb d t P. « T O
em 23, que, em 34, bem moço ainda, vai ser o p
= s = B f l E Í Í = « “
poderia tornar o rebento ausente dates, talJ “ ’hP“a se ' easa com
lado de Espmha, em TenerKe^ ■ breza local; em Laguna,
L “ terceiro “ o d * de S. José, (19 de março) de
lf)34 o nosso José de Anchieta. _
Daí se assim foi, os estudos deste em Portugal, e nao em ^
panha Em Coimbra os Jesuitas haviam de atrai-lo. j " ^ ^ h n ig o s ”
S™h por diferentes caminhos£
“ algum tempo encontradas ■ ^ V“ ^ e Loiola) agora para
; " ™ o : ^ ■ « “ c ^ . Ã T l i n b a . , . H » por que, dizem, Deus
escreve certo.
20
INTBODUÇÃO
ARTE D E GR A M A
H AT I CÁ Da L i N C O A ;
m aisv fA d a n a co lia d o B raíil. . 'i
jjjjfjt *< U rt lo jiy b d t ^ M b U U Ê é J ^ é n b i à & J
21
in t r o d u ç ã o
h i ~
m"'Mui e t s r v ? » . .
âVdo Mo de Jan eiro ... E ’ a certidão de baUsmo do Eto ea
cnrta Não sei como ela não é lida nas escolas publicas, tad -
de ' t " : ou 1- de M a ,,o ... O
guio, conta esta carta de ha quatro s,-culos, rcvm tome>vc e
siste, naquelas paginas, nascer senão o Lidw l [aneiro nas
o coração, - o rosto da P a tn a ... Nasce o Kio de Janeiro,
paginas de Anchieta. , . „ ,
Essas cartas não são apenas document,» de h.s ona>, « o a
coisa mais. que ainda vive: a Histona, “ “ '’r ^ f t e m a n h o , um
nas recordação, pois que vive na emoção de um Pslemun
actor, — José de Anchieta. _ Rrasileiros para elas,
Estas linhas, que chamam a atençao dos Bra. V
valem por todo o esforço e por toda a pena que este Im o M
senta.
23
INTBODUÇXO
25
INTRODUÇÃO
A f r a n io P e ix o t o .
2 6
BIBLIOGRAFIA DO PADRE JOSEPH DE ANCHIETA S. J.,
pxtractada da BiNiothèque ãe la Compagnie de Jesus, por Carlosi Sommervo-
gel S J . , tomo I, pags. 310-312, Bruxelles-Paris, 1890 o \ I U , pags-
1631 Bruxelles-Paris, 1898 e Suplemento: Corrections et additions à la
Bibliothèque de la Compagnie de Jesus — Por Ernest Kuion'
Fasciculo I I , p a g . 64, Toulouse, 1912-1930 ( ) .
27
BIBLIOGRAFIA DO PADRE ANCHIETA, S. J.
28
B IB L IO G R A FIA DO PA DRE ANCHIETA, S. J .
S K K i t r = . ‘S S S S ®
ções ultramarinas (Lisboa, 1812,^ , 'üriraeira vez) e publi-
Foi trasladada para português (p P Taneiro) I
cada nos “ Anais da Bibliotéca Nacional” (do Rio de Janeiro), 1,
m \ r T Z Z a do
zsx & r - s : t: s * PP. -
258 'i) Informação dos casamentos
mação do Brasa e de suas cap,tamas, 1584. I W - , t. VI, P
Cat. dos Mss. de Evora, I, P- l b - PC!r)rita de S. Vi-
i) Carta do P . Manoel da Nobrega a d -,m , esc ‘ a0
rente a 1 de Junho de 1560; excertos l 7 2a serie do
seu geral da mesma data e lo g ar...
Brasil Historico de Melo Morais (1866).
29
BIBLIO G RA FIA DO P A D ltE ANCHIETA, S. J .
30
B IB L IO G R A FIA DO PADRE ANCHIETA, S. J.
31
Cartas
i
35
JOSEPH HE A N C H IET A
r r ^ s:r r
::r r ;“:r —ssrir
3G
I. _ CAHTA D E PIRA TIN TN G A (1554)
37
JO S E P H DE A N CH IETA
38
I. _ CARTA DE P1RAT1NINGA (1554)
r p t r -j*
39
JO S E P H D E A N CH IETA
40
1. — CARTA DE PIRATININGA (1554)
41
JOSEPH DE ANCHIETA
42
CARTA DE PIRATININGA (1554)
43
JO S E P H D E A N C H IET A
4 4
I. — CARTA DE PIRATININGA (1554)
45
JOSEPH PE ANCHIETA
46
I. — CAETA I)E PIBATININ6A (1054)
47
JOSEPH DE ANCHIETA
48
I. — CARTA DE PIRATININGA (1504)
XOTAS
49
4
JOSEPH DE ANCHIETA
S S : K r : sir
p Z a , por » ?s« o bom conceito em que era tido por sens super,o,es.
(10) S de Vasconcelos dá o nome de três: Porto S eguro,.S anta Cu,/.
« Santo Amaro (Cro n ., 1. 1, n . 142).
(11) B ros Lolirenço, português, vein em M 'J' n° i'
j á ordenado. Em outul.ro desse ano, partru da B a.a p a a
N ones, ficando no E sp irito Santo como subs itu 0 do pad 0 A ftm » I
seguiu para São V icente. Em 1W 5. a consei o de Lum d #
do n atario Vasco F ernandes Coutmlio que a tia . 1'.rincipal lios temiminfis,
«hefe indigena Maracayaguaçu ( Grande Gato K e K n ic a d a ,.«>m os tamoios
qne nas partes do Rio de Janeiro viviam em lu ta enc, rn çada < ^ Con.
( S . de V ase., o. c „ 1. L n . 204) Locahzadoa na a l d e i a ^ u q ^ ^ ^
eeição os temiminós do “ Grande Gato , qu ; p q q obyg ( “ Peixe
Ontario (como Tibiriçá em P i » * ™ » * ) ■ ™ “ m ‘ " ümer„ d . tníinncnta
V e rd e " ) com seus Índios e, de Porto Segui o, gianae n
53
JO S E P H D E A N C H IE T A
Õ4
X. _ CARTA DE PIR A TIN 'IN G A (1554)
n r .: = * .n
ssiTad? v tr “ t
sub stitu ir a B raz Lourenço na reitoria da casa (o u C om panhia no Bra-
dezembro de 1584, sendo então na idade o mais velho da Lompai
ali. E oi sepultado na ig re ja de S . Tiago.
(18) Francisco Pires, j á padre vein na de J e ^ b i ^ N o s s í
P o rto Seguro, deu aí início á casa da om pani a urante a qual,junto ao
Senhora da A ju d a . E ra ele o oficiante da ^ durante a ^
altar-m ór, rebentou a fonte que logo oinou . ■ p eixoto). Em 1552 se
o . c ., I, p s. 467-9 e 492; Cart A v . , nota 70 de A. P e a o t ^ ^
encontrava de novo n a Baia No ano segam , ■ t P caluniados por
N obrega, n a fro ta de Tome de Sonsa F oi m dos r e iip Com
João Ramalho e é possivel que tenha participado da fundãrao
55
JO S E P H D E A N C H IE T A
" S t* i „ u e s e ^ J v ia T e V ™
r:::z z 5 ^ r s . «
tu n ic 4 p o rta do P araiso quanto 0 pa
dre” Francisco Piros esta™ no palpito a prègar, antes n .o q u e „ a n no P a m -
S(,’'. São de Francisco Pires emeo das Carl. Ai . ( M ' ■ A .
X X X V I e X X X V II). — V . Frag. Hist.
a 9 t Vicente Bodrignes, natural de Fonte da Talha arrabalde de L is
boa entrou para a Companhia no Colegio de Coim bra. “ Mmto achaeoso e su-
S ò T grandes dôres d i cabeça” , foi enviado p a ra a casa de K A ntao onde
peiorando cada vez mais seu estado de saúde., recebeu a visita do padre . una
Bodrigues de Azevedo. Disse-lhe êste: “ Confiai, irmão, que nao haveis dc
morrer desta” Mais não foi preciso para que recuperasse im ediatam ente a
saúde, segundo B . Teles (o. c ., I, ps. (518-9). Não era ain d a sacerdotequando
vein para o Brasil com N obrega. Na Baía, no ano de sua <• legada (L>49), ei
sin o iia doutrina aos meninos e teve “ escola de ler e escrever (N o b r., f a i t . I ) .
Além disso, cuidava como erm itão da horta da casa, da
irmão, ficou como superior durante a ausência de N obrega em Ilhéus c
Seguro (N o b r., o. c ., I I I ) . Em 1550 foi o pregoeiro da venda sim ulada de
Manuel de Paiva e aprendeu o oficio de tecelão (H i s t . dos Col., 1. ■, P- 1 >
o i , y-isc o c 1 1 n S3) . Esteve doente de febres quartas por espaço
de um ano (S . d e V a s c .,’ o. O., 1 . 1. n. 93) e foi enviado com Aspicuclta N a
varro para para Porto-Seguro. Aí ficou com Francisco I ires voltando a B aia
em 1551. No ano seguinte residiu em Itap o an (Cart. A r . , nota <3 de A.
x o to ) . Em outubro de 1003, reeem-ordenado, seguiu para o Sul com Leonardo
Nunes, chegando a São Vicente a 24 de Dezembro, Co-fundador em L>54 da
casa de São Paulo, logo depois residiu com Francisco I ires na. aldeia de Ma
niçoba. J á era superior de P ira tin in g a , em 1562, quando d o g n a m ^ ataqiic
dos índios, e nesse cargo ainda se m antinha em 1567. Em 1570 (Hit'< ■
Col. l. c. p . 128; S. de V asc., Vida do Venerável Padre Joseph de Anchie
ta Lisboa’ 1672, 1. 3, n . 8-11), acompanhou A nchieta na expedição pelo
Anhembi, durante a qual se deu o naufragio do canarino, tido por milagroso
e que Machado d ’Oliveira (Quadro Historico da Província de S Paulo ..ao
Paulo 1864, p. 58) fixa em 1560, durante a perm anência de Mem de ba n a
C apitania. Em abril dc 1573 seguiu p a ra o Bio dc Janeiro com o provincial
Tnacio dc Tolosa c daí p a ra a B aía, com escala pelo E spirito Santo. Porem,
no mesmo dia, em que os jesuítas deixaram V itória, 28 de abril, sofreram um
naufragio de que conseguiram escapar, alcançando a te rra . A 8 de maio esta
lam de novo na casa do E spirito Santo, onde perm aneceram quasi cinco meses
por fa lta de embarcação, só chegando á B aía no dia 9 de outubro (His . < _
C d i o ps 131-5). Vicente (Rodrigues voltou mais ta rd e ao Bio de J a n e i
ro, onde m orreu a 9 de junho de 1598. Era irmão do padre Jo rg e Ri.io, pro
fessor de Anchieta no Colégio dc Coim bra. Daí o nome que lhe da N obrega.
56
I. — CARTA D E P IR A T IN IN G A (1554)
Vicente R ijo (Cart., I ) . Três das Cart. A v. são dele (XT, X II e X V ). Gran-
de amigo de A nchieta, testem unhou vários de seus m ilagres (Hist, dos CoL, 1. c.).
(20) Afonso Braz, j á sacerdote de missa, chegou ao Brasil em 1550,
chefiando a segunda missão que veiu na arm ada de Simão da Gama de An-
drade Em 1551, foi enviado para o Espirito Santo com o irmão Simao Gon
çalves. No ano seguinte, esteve em Porto-Seguro, onde comunicou a Aspi-
e re lta “ casos de conciencia”, tornando logo ao Espirito Santo (Cart. A t . ,
IX ) Em 1553, quando Leonardo Nunes voltava da B aía para São Vicente
com o socorro pedido por N obrega, embarcou, ficando Braz Lourenco em seu
hurar Co-fundador de São Paulo de P iratininga, dm giu a construção da
casa e ig reja, trabalhando de pedreiro e carpinteiro, ofícios que exerceu tam
bém em São V icente. Com o provincial Inácio de Tolosa, seguiu em 1.)/,, para
() Rio de Jan eiro , onde ficou encarregado das obras do Colégio, por ser
grande c a rp in te iro ” ( H i s t . dos Col.. 1. e ., ps. 130-1). Anula vivia em b> 0
( Anch ., Fraff. H i s t . ) .
s ^ ’s r - s r i “; r « f e . « * * £ r r r ^ :
b a tib a com M anuel da Chaves fiervm do.de' ^ ,56^
acompanhou os portugueses em duas expediç d j bispo d . Pe-
-* -■ K » > ? V U c T a e n a U c l a d°erd S « a g í ° ^ o i = a de
P a r ip e . No ano seguinte já em rcit(.r ^ o l^ S ^ ro ^ ra ^ r
rJ rssK « ~ v S * t
f: -4 ^ % r r .r £
&*« 5v
on. Pi.rnambuco o mu* foi teito, 10£0 cmu i -u j . ^ iu 1 .L . .
eil' trazendo 16 missionários, o m aior socorro recebido pela provincia no L -
Í e i r o “ culo Keassumiu «á B aía o cargo de reitor tendo por auxil nr o
n d re Luiz da Fonseca, .... . afinal o substituiu defim tivam cnte em U S é .
N arra Anchieta (! «■. i que Serrão indo uma noite em mn barco a faze
uiná obra de serviço de Pons e misericórdia como costumava, lhe deu « a r ma
cabeeu de que eon.eçou u enferm ar, e pouco a pouco se foi alienando Ln-
í adT por Cristóvão de Gouvêa ao Rio de Janeiro, afim de obter melhoras
para sua saúde, parou no E spirito Santo e a, morreu «.emente •' ->
venibro de 1586, sendo enterrado na igreja de S . Tiago.
( 04 ) Pero Corria, em 1549. foi o primeiro 'meão recebido por Leonardo
Nunes" em São Vicente. Português, dos principais moradores e grande Im gua
L erra antes dé e n trar para a Companhia como noviço “ gastou muitos anos
£ Z?vid" ã 'm n ,à ,;„ d o -S' ......... !,« Vivor ,1o l„ s „r sol.e.mdo o oohvoodo
Índios" (8 . de Y asc.. o. <•.. 1. L »• 170). Tendo obtido ao tempo do ca-
pitão-iuór Compilo Monteiro, a te rra “ que era dada a um meet:re Cosme, i
c h arel” além de outra situada em Permbe, requereu em l->42 a Antonio de
Oliveira, loeo-tenente do douatario, carta de confirm ação, pois a p rin.eira
‘•lhe caira no m a r". P o r essa. carta, passada a 2-> de ma,o do mesmo .n o ,
conseguiu ainda a concessão da maior das três ilhas “ que estão defronte da
dita terra de Peruibe para seu aposentam ento de carga e descarga das naus .
A 20 de março de 1003, declarando-se «o-fundador ria casa. de Sao Em ente,
fez doação de todos os seus bens á Companhia fN obr Cart.. X , - ■ ;
de Azevedo Marques, Apontamentos E isto n c o s, Rio, 1879, I I , p . 98) . A ind.
om 1553, foi enviado por Nobrega a P a ran a itú , de onde trouxe p a ra feao Vi
cente alguns castelhanos cativos dos tupis. Em Lm4 participou da missão
fundadora de 8ão Paulo de P ira tin in g a e foi ai aluno de grainatica de Ar
chief a Nesse mesmo ano, pelo N atal, Pero Corrêa e João de Sousa m orre
ram ãs mãos dos Carijós, quando se dirigiam á te rra dos ib ira ja ra s, com
form e n a rra A nchieta nas cartas TV e V (v. notas 72 e 75) Sao de Peio
Corrêa cinco das Cart. A r . (V II, V I I I, V III-bis, IX e XX ) .
/25) Antonio Rodrigues, n a tu ra l de Lisboa, antigo soldado no P a r a
guai e grande conhecedor dos costumes dos carijós, foi recebido por X obrega
em São Vicente, no ano de 1553. E com N obrega nesse mesmo ano, entrou
ciuarenta léguas pelo sertão até a aldeia de J a p iu b a ou M am çoba ( 8 . de
{ a8Ci, o. c ., 1. 1, n . 130). M uito provável que, em 15o4, tenha sido c.os
58
X. — CARTA D E P IR A T IN IN G Á (1554)
59
J O S E P H D E A N C H IE T A
ir :
flw hado pelos carijós (v. nota 21 e c a r t a s 1\ e A. notas t •
H l) Além d e s t a c a r t a d e A n c h i e t a , n ã o lui n e n h u m d o c u m e n t o o u c r o -
nica, ao menos d e nosso conhecim ento, que c o n t e n h a 'm a l q u e r r e f e r e n c i a a
Gonçulo A ntónio.
(32) Manuel da N obrega.
n r» Treze foram os jesuítas que em janeiro de 1-V4 passada a Epi-
f t j ,í„ix»ra „I S ã . Yi-enCe, p a » ftm dar « . M . *
podem ser apontados com certeza nove; padres Manuel de P a x 'a (8UP* >
Afonso Braz, Vicente Rodrigues e irm ãos José dc Anchieta, Gregorio Sermo
M anuel de Chaves. Pero Corrêa, Diogo Jacom e e Leonardo do A ale. Mas t
provável que os quatro restantes fossem o padre Francisco 1 ires e os> xrinnos
M ateus N ogueira, António Rodrigues e Jouo de Sousa (A . de ^ ' <K ia_ ° ’
»2 nota 11) — Piratininga, “ c. pirá-tininga, o peixe a seca ,
seca-peixe. "D esig n a rio que, por efeito dos transbordam entos deita pe.xe
tfóra e o deixa em sêco, exposto ao sol. E a explicação de Ancliie . ■ •
Yatinim, Pirai inn" (Teodoro Sampaio, O tvpi na geografia minimal, 3 ed.,
“ R ev. do I n s t. Geogr. e H ist, da B a ía ” , n. f,4) . - Sobre n y n v v u . fo r
nias por que era designada a povoaçao, depois vila, no século lb, v L rn e
lindo A. de Leão (O rilrjo ãe Pirathiin, “ R evista Nova , Sao P a u o, ,
p ág in a 49) .
(34) A casa e ig re ja novas, construídas sob a direção de Afonso Braz,
BÓ foram inauguradas a 1 de novembro de l'*õ6 (v. carta A I I I , nota 8 4 ).
60
I. — CARTA DE P IR A T IN IN G A (1554)
Christi.
A graça, de Nosso Senhor vos console, cavissimos Irmãos en
fermos, e vos dê obras conforme ao nome que tendes. Amen.
Já escrevi outras, principalmente pelo Padre Leonardo Nunes
(45), depois de cuja partida chegaram as vossas, e nos deram gran
de consolação. As novas que ha por cá nas quadrimestres se verão
largamente. Njesta quero sómente dar-vos uma nova e é que virtus
in infirm itate p e rfic itu r; a qual f oi para mim assás nova todo o
tempo que aí estive.
Muito tendes, carissimos Irmãos, que dar graças ao Senhor,
porque vos fez participantes de seus trabalhos e enfermidades, em
as quais mostrou o amor que nos tin h a: rezão será que o sirvamos
algum pouco, tendo grande paciência na.s enfermidades e, nestas,
aperfeiçoando a virtude.
A larga conversação que tive nessas enfermarias me faz não
me poder esquecer de meus carissimos coenfermos, desejando vê-los
curar com outras mais fortes mezinhas, que as que lá se usam; por
que sem dúvida pelo que em mim experimentei, vos passo dizer que
as mezinhas materiais pouco fazem e aproveitam. Por outras cartas
vos tenho já escrito de minha disposição, a qual cada dia se renova,
de maneira que nenhuma diferença ha de mim a um são, ainda
62
I I . — CARTA D E S. V IC E N T E (1554)
aue algumas vezes não deixo de ter algumas relíquias das enfer
midades passadas, porém não faço mais conta delas que se não
fossem (46).
Até agora sempre tenho estado em Piratininga, que é a pri
meira aldeia de índios, que está 10 léguas do mar, como em ou
tras cartas tenho escrito, em a qual estarei por agora, porque é
terra mui bôa; e porque não tinha purgas nem regalos de en
fermaria, muitas vezes era necessario comer folhas de mostarda
cozidas com outros legumes da terra e manjares que lá podeis
imaginar, junto com entender em ensinar gramatica em tres clas
ses diferentes; e ás vezes estando dormindo me vêm a despertar,
para fazer-me perguntas; e em tudo isto parece que saro, e assim
ó, porque em fazendo conta que não estava enfermo comecei a
estar são. e podeis ver minha disposição pelas cartas que escrevo,
as quais parecia impossível poder escrever estando lá.
Toda quaresma comia carne, como sabeis, e agora a jejuo toda.
O mesmo digo do Irmão Gregorio (47), o qual ainda que não está tão
são como eu, por .ser de mais fraca compleição, todavia não quer
ele dar-me a vantagem: ao menos vos sei dizer que para um
negócio de importância ir daqui a Piratininga mui depressa, que
é caminho mui aspero e segundo creio o peor que ha no mundo
(-18) dos atoladeiros, subidas e montes, o escolheram a ele como
mais rijo, havendo outros mais sãos em casa, e assim foi, dor
mindo com a camisa ensopada em água, sem fogo, entre montes;
“ et v iv it et vivim u s”.
Neste tempo que estive em Piratininga servi de médico e bar
beiro, curando e sangrando a muitos daqueles índios, dos quais
viveram alguns de quem se não esperava vida, por sei em moitos
muitos daquelas enfermidades (49). Agora estou aqui em São
Vicente, que vim com nosso padre Manuel da Nobrega para des
pachar estas cartas. Demais disso tenho aprendido um ofício que
me ensinou a necessidade, que e fazer alpergatas, e sou já bom
mestre e tenho feitas muitas aos Irmãos, porque se não pode andar
por cá com sapatos de couro pelos montes (50).
Isto tudo é pouco pera o que Nosso Senhor vos mostrara
quando cá vierdes. Quanto á lingua eu estou adiantado, ainda
JO S E P H DE A N CH IETA
NOTAS
H - ,pbv r . W
de Anchieta, 1. , 1 ■
. M x
de são Vicente, é indicada no texto, e o ano
d f m s r s e infere da referencia 4 partida do padre Leonardo M ines p a ra
ít Eurojin (v. nota 42.i .
, , ,■ ....... i i r.nr.
que n:i c.irtn
carta ou
ou foi escritr
(4T) i Das palavras de Anclneta se conclui
da morte de Leonardo Nunes, ou, se
antes de 30 de junho de 1‘ 34, data
64
XI. — CARTA DE S. V IC E N T E (1554)
depois, quando ainda não havia chegado a São Vicente a notícia do nau
fragio do Abarébebê.
(46) Ao tempo em que A nchieta e ra noviço em Coimbra, j á com o
corpo m altratado pelas longas orações e vigilias, uma escada caindo 1 e
ofendeu seriamente os rin s. Doente por espaço de quasi dois anos, vem
p a ra o B rasil em busca de melhoras para sua saude.
(47) Gregorio Serrão, tam bém enviado p ara o B rasil por motivo de
doença (v nota 2 1 ). Chegados em 1549, Nobrega e seus companheiros de
m issiS logo escreveram p a r i P ortugal louvando o clima brasileiro. E vanos
foram os jesuítas que vieram, como Anchieta e Serrao, fiados na salubr
dade da terra, sempre decantada, apesar das pestes de bexigas e do im pa
ludismo Assim, confirm ando as cartas do canarino os dizeres dos primeiros
missionários, embarcaram doentes p a ra o Brasil, o padre D.oio o irmão
L v S de Carvalho (ambos, aliás, não se dando bem com os ares do Brasil,
tornaram logo para P o rtu g a l), o padre Ruí P ereira e outros.
s .r r , ? s r " ^
pag. 1-42.
(49) As “ enferm idades’’, a que se refere A nchieta,foram ,íu ™ « °
peste de priorizes, com ta l rigor, que era o mesmo acometer que d em b ar,
nriv ar dos sentidos, e dentro de três ou quatro dias levar a sepultura .
Como não houvesse “ no te rra o,Mico, ou s a n g r a d o r “
r = p S - - t >
m itâe " a t o m esírupulo” em servirem de sangradores "peio perigo da ir-
u s . dLfi s r
do bandeirante, 2‘ ed ., S . Paulo, 1330, p . .o e seg
(rao e
,rf|N u aluar catas eram feitas de “ certos cardos ou caragoatás bra-
V ase., o. c ., 1. 1 , n . 7o.).
Kf)o n 0 Colégio da Baía, e provavelmente desde 1555 no
de P iratm inga, j i se estudava a lingua '“ “ S , t a ! [ i r c s s l em Coim-
£T ÍS^ iSJTri*, ■
(52) Diogo Mir&o, aragonês, provincial de Portugal, depois de ha
sido reitor dos Colégios de Coimbra e V alençn.
(53) O padre Antonio Corrêa, natural do P orto
n h i a (fm 1542,? foi m estre de noviços no Ç o l* o de Z
1553 as Constituições da Companhia e instalada a ca i
65
JOSEPH DE ANCHIETA
paaaou ai a » - - ^ » ^ . ”»0“ ^ - » ^ S S
labendo como nenhum outro Quebrar ‘ Mir5o então provincial, se viu obn-
,|,eKou a tal ponto que o padre D l 0 JJ°dcra8se’ 0 rigor excessivo dos exerci-
_ Jn intervir, ordenando-lhe que ‘ i boca Antonio Correa foi
E j M ag lo,V o c M , ■»<■>* “ f j i “ motivo <ia poste *•
S , . “ ? » W . - « • Hoq" U (eS P»“ t i m b r a . Kvora. M ç n »
Lieboa, 0 » «o. amctpolo. >6 tmn. ^ cn,a, U r . v i.*
nesse mesmo nno, de un 1 r ,
(B . Teles, o. c ., II, P- ' /•
66
Ill
esus, Maria.
J A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo seja sempre em nossas
almas. Amen.
Mui Reverendo em Cristo Padre.
Todo êste tempo que aqui temos estado nos hão mandado de
Portugal alguns dos meninos órfãos, os quais havemos tido e te
mos comnosco sustentando-os com muito trabalhe* e dificuldade
( 5 5 ) ; o que nos moveu que aqui também recolhessemos alguns
órfãos principalmente dos mestiços da terra, peia assim os ampa
rar e ensinar, porque é a gente mais perdida desta terra, e al
guns peores que os mesmos índios.
Como disse na quadrimestre de Agosto e durante esse tempo
pretendemos conquistar um destes como um índio, porque neles
está muita parte da edificação ou destruição da terra como tam
bém porque como linguas e intérpretes para Hos ajudarem na
conversão dos Gentios e destes os que fossem aptos e tivessem
boas qualidades recolhê-los para Irmãos e os que não fossem tais
dar-lhes vida por outro modo. Agora quis Nosso Senhor por sua
misericordia dar-nos a conhecer que não é gente de que se de\a
fazer caso pera a conversão dos Infiéis. Porque um deles que
era casado e outros daqueles de que fazíamos alguma conta ten-
67
JO S E P H DE A N C H IETA
68
III. OAB TA DE P IE A T IN IN G A (1554)
iiou Sua Altesa mandar doze homens pelo sertão a descobrir ouro
que diziam que havia para o que o governador Tomé de Sousa
pediu um Padre, que fosse com eles em lugar de Cristo para que
não fossem desamparados e por Nosso Padre não poder negar e
principalmente para descobrir muitas gerações, que sabia por in
formação que naquelas partes havia mui boas e vendo tão boa
ocasião, por serem aquelas grandes linguas e escolhidas, mandou
com eles o Padre Navarro. Eles vão buscar ouro e ele vai buscar
tesouro de almas, que naquelas partes ha mui copioso e por aque
las partes cremos se entra até ao Amazonas. Agora temos novas
de que no mês de Março de 1554 entraram pela capitania cha
mada Porto Seguro (58). E o que mais suceder da Baía se es
creverá .
Do mês de Julho de 1554, de Piratininga.
Por comissão do Reverendo em Cristo Padre Manuel da
Nobrega.
O minimo da Sociedade de Jesus.
Pode vê-la o Padre Provincial de Portugal.
NOTAS
69
JOSEPH PE AXCHIETA
íS tíS S ín t S S i «
do Abreu, Hio. 1930, p . 151 e »■)•
k ís ü
IV
Besidenàas do Companhia « ^ t
ninga. - O ver, a, do Gent e - < » * » “ • ,.£ ,« » rf« Ir-
, ^ o s Expediçãodo
Pero Correa Jo,ao de Sousa ^ ^João de S e. Fabiam, l(e aos
Ibirajara.s. — v va u
Pero Corrêa e João de Sousa.
»• — filh,,s de Im,ios’
clsinaram-tties a doutrina e a ler e escrever. Agora nos hemos
71
JO S E P H DE A N CH IETA
73
JOSEPH DE ANCHIETA
Tz£ : r r i: r -
t x " - r r - ’ - m#mr mür-
te. que a seu parecer. « mui w estende muito por
Esta nação de Índios daqui ha m,tra naíã 0
» terra a dentro. Fóra destas nações ..Carisos" (Carijós),
em o Brasil mui estendida quí esta0 já debai-
r = .r :
-.'StATeiCtS.rS
Brasii e tem muita autoridade entre os índios por o minto tem-
74
CAR TA DK PIR A T IN IN G A (1555)
IV .
— - r r :
que tinham c a t i v o de Outubro para efetuar o
que os ensinasse (70), se p •„ ,ievein Ser de
:„ e disse. Agora h e m o s p a d e c i d o s
grandissima consolação paia touos, e i , ^so
devemos de dar á Suma Bondade muitas graças por elas, e pm
carne que achou posta ao fumo. Eles lhe tomaram por isso grande
odio, o enfermo como estava se vein. Louvores ao Senhor que no-lo
restituiu. _ .
O Irmão Pero Corrêa passou adeante com o Irmão doao üe
Sousa; o demonio persuadiu àqueles índios, havendo mostrado ao
princípio muita benevolencia e amor aos Irmãos, e querendo-se eles
já volver, que cressem que iam por espias de outros índios seus ini
migos e assim despedindo-se se sairam com eles 10 ou 12 índios
principais, e estando apartados já das povoações, começaram a fle-
(dmr o Irmão Sousa, que (segundo dizem) se pôs de joelhos louvan
do ao Senhor, e assim o mataram.
O Irmão Pero Corrêa, vendo isto, lhes começou a falar, e
a resposta deles era flechadas; ele todavia esteve falando com eles
um pedaço, recebendo-as, até que. não podendo mais sofre-las, dei
xou o bordão que tra/.ia e se pôs de joelhos, encomendando sua alma
ao Senhor, e assim morreram nossos dois Irmãos: bemdito seja o
Senhor. A nós outros muita consolação nos causou sua morte e pe
dimos outra semelhante ao Senhor, e agora cremos que quer fundar
aqui sua Igreja, pois lavra pedras desta maneira para o fundamento.
Com esta consolação temos misturado assas de dor e de sau
dade que nos deixa de sua suave conversação. O Irmão Pero ( or-
rêa era um homem dos principais Portugueses que havia em o
Hrasil e andava em um navio salteando estes índios, pensando que
em isto fazia grande serviço a Deus, porque os tirava de suas ter
ras e os trazia á lei dos Cristãos, e por ser nobre e mui prudente
era mui temeroso de Deus, e assim foi o primeiro que em esta terra
entrou na Companhia, e em cinco anos que esteve nela aproveitou
muito com a lingua, que ele sabia mui bem, e com o bom talento
qUÇ Deus Nosso Senhor lhe havia dado e muito crédito que em
esta terra tinha com os índios, até que morreu em serviço de suas
almas; e bem mostraram aqui os índios em lástimas que disseram.
Entre outros prantos foi notável o que fez êste principal de Pira-
tininga, que .se chama Martim Afonso, que. desde a meia noite ate
a manhã, andou ao derredor de suas casas (segundo eles costu
mam). dizendo lástimas que nós outros ouvimos, scilicet-. “ J á
morreu o senhor do falar, aquele que sempre nos falava a verdade,
76
XV. — CARTA D E F IR A T IN IN G A (1555)
aquele que com o coração nos amava; já morreu nosso pai, nosso
irmão, nosso amigo”, — e outras cousas semelhantes.
O Irmão João de Sousa também foi dos primeiros que aqui
entraram na Companhia, donde nos deu a todos mui bom exem-
pio • e assim do ofício de cozinheiro, o chamou o Senhor a tao g o-
riosa morte. Não podemos deixar de nos envergonhar, vendo que
dois Irmãos recebidos no Brasil correram mais que nós outros que
viemos de Portugal. Praza a nosso benignissimo Jesus dar-nos a
todos sua graça com sua santíssima vontade.
Uma cousa desejamos cá todos e pedimos muito a Nosso Se
nhor sem a qual não sc poderá fazer fruto no Brasil, que deseja
mos e é que esta terra toda seja mui povoada de Cristãos que a te
nham sujeita, porque a gente é tão indomita e está tao encarniçada •
em comer carne humana e isenta em não reconhecer superior, que
será mui dificultoso ser firme o que se plantar, se nao íouver
este remédio, o qual eontinuamente pedem cá os Padres e rmaos
a Nosso Senhor e estão mui consolados por haver quasi certeza que
pola terra a dentro se descobrem muitos metais, porque com isto
se habitará muito osta terra, e estes pobres índios que tao tirani
zados estão do demonio, se converterão a seu ( reader. < e no,
nha sempre a todos de sua mao.
Desta Piratininga.
SO TA S
S T o
Corrêa ^ ~ ^
e 5 vem no livro aludido acima, como desse ano de MDIA .
(6 0 ) O g o v e r n a d o r e r a df i ^ ^ " c h e g a d ^ e m 1552 Í T n o r f o p e lo s c a e t é s
r a n d es S a r d in h a , p rim e iro do B r a s il, c h e g a d o em
em 1556.
(61) Ambrosio Pires (v. nota 8 ).
79
JOSEPH DE ANCHIETA
80
v. _ CARTA D E S. V IC E N TE (1555)
81
6
JOSEPH DE ANCHIETA
NOTAS
83
JO S E P H D E A N CH IETA
S ~ de8i8tiuda viagem
(75) ftHte trecho de Anchieta ^ .n o n s tr a
O João de Sousa ocorreu de pom> do * ^ 1 ’0 mesmo dia de 1555 (N o
nno (P o rt. A v ., nota 40 de Afranio Peixoto j ^ um& c a rta de Pero Cor-
brega, C art., nota 52 dc Vale C a b ra l). & data dc g dc junho de loo4
rêa (Cart. A v . , .qUf ,0> 0 3 9 .4 2 sendo aí vertida para _o italiano,
nos Diversi A w n Porttcolari, \ ■ ^ a íôr do com as informações de An-
bnn mais extensa qiie nos ( a r t . . ^ g de Vasconcelos ( 0 . c ; , 1. 1,
chieta, nesta e na c a rta anion , term inou com 0 m artin o de
ns. 171 a 184), os sucessos da cspedn^ ^ rC8 umidos: Manuel da No-
pero Corrêa e Joao dc * (> » 1 jb ira iá ra s ou bilreiros, estabelecer
brega, desejando iniciar a catequese d» »raj r 0 Rio da P r a ta
a p i ' entre tupis e carijós e assegurar a hvre n 0 porto dos
de uns castelhanos que ^eomirdo ^ eacarregou dessa triplice missão os ir-
P atos e trouxera p a ra Sao * .. , Lucena P artiram os tres a
, 5 0 , Poro C o n to . J o io dc tu p i,. Ai doutriua-
H dc agoeto dc 1554 p ara 0 u,„ ia,lio cri,!»». A «
ram os indios e livraram da 11 » doixaJldo Fabiano de Lucena como
de outubro. Pero Corrêa e Jo 0 ‘h ferido, seguiram para a terra dos
enfermeiro do castelhano <t« indi 08 prègando o Evangelho e a paz quando,
c a rijó s. Estavam eles “ tre “ um espanhol 0 outro português.
Z Z ' T l ' i S E E T d í “ w S f dc k o Vicente, por l.avet .ido - t o o .
unia sua concubina carijó,
...... - Manue] ,1C noivo,, ounndo. com
morte certa pelos jesuítas,
ostavi cativo entre oa tu p is ■ ^ l ‘T d» eo'ncubina,
i i.. t . o / t i i V \i o
84
VI
Vinda de um
Grande escola de meninos cm Piratininga.
principal Carijó.
85
JO S E P H DE ANCHIETA
XOTAS
D o u tr in a ç ã o dos ín d io s . - A s s i s U n c ia . a o s d o e n * " . -
dos meninos. — Notícias d e Jenbahba. - Padre I m u O .
esus Maria.
J » Baz de Jesus Nosso Senhor esteja sempre comnosco.
. Nas passadas quadrimestres, foram já detalhadamente narra
das as cousas que se passam entre nós, agora tocare, de leve nas
que se me oferecem. , .
Na doutrinação dos índios guardamos a mesma ordem:
vezes por dia são chamados á igreja, pelo toque da campainha, ao
qual acodem as mulheres daqui e dali, e la recitam as oraçoes n
q;„ p r io idtoma, recebendo ao mesmo tempo conti:nuas exoraçoes, e
se instruindo em tudo quanto respeita ao conhecimento _ •
Algumas se mostram de tal maneira dedicadas, que nao p
sam um Só dia sem que vão duas ver.es á igreja, e de la se nao apa -
tam, nem mesmo com o rigor do frio, que é intensissi.nc, nesta q -
dra do ano, algumas se confessam todos os anos, duas ou tres
e outras tantas se aproximam da mesa eucarística.
Certa mulher uma ver se admirou de que nos
o, remedies de que usamos, no curativo de um indivíduo, atacado
de doença contagiosa, que parecia lepra; e também porque nao t -
— - £
t a t eC asCaprensava e desejava, nós nos desculpávamos, dizendo que
isso nos parecia acontecer por culpa dos proprios índios que,
87
JO S E P H B E A N CH IETA
88
V II. _ CARTA DE P IR A T IN IN G A (1556)
89
JO S E P H D E A N CH IETA
90
VII. _ CARTA DE PIRATIN1NGA (1556)
NOTAS
91
VIII
Trabalhos e frutos da M e
Padre A forno Braz.
Irmão Gregorio £5 errão. ,1aruibaiiba.
92
VIII. — CARTA DE PIRATININGA (1556)
93
JO S E P H D E A N CH IETA
94
V III. — CARTA DE PIR A T IN IN G A (1556)
NOTAS
96
IX
97
JO S E P H DE A N CH IETA
«ahem dar melhor conta das cousas, que locam á fé, que os
mesmos senhores. , mocas as unais de-
Ilaptizamos todos os pequenos, e J inam na
°r r ~
"i . V,, is,o mesmo lhes dizem outros Índios. que os en-
:::::: 'para . ...............
eies de tal natureza e condirão que nuns creem a q«ak te
íasamo:;;:::: e„n r
,t„s seus. que a quanto lhes P i a m o s , c se lhes dtz 9
93
IX . — CARTA DE P IR A T IN IN G A (1557)
99
JO S E P H DE A N CH IETA
100
CARTA DE PIR A T IN IN G A (lõõ7)
IX.
101
JO S E P H DE A N CH IETA
NOTAS
102
X
í£$T - z t% £ .
— Z Z g u e j Z - t l i n d u j Z 'd e ~
m- V Z 2 . - -A n t° _
JU an nu* „ , ; Ouriços. — Macacos. — la ta .
— Preguiça . ~ (rabiou . y Thnmn do P eru .
^ iaZ l u l h m Z M oL e
— Bicho da taquara. — 1' oi migas vassaros. —
m<Mí»«<w- - PaW®»*,. l ef Z rA ves T Z , i m . - A « h i -
Guará e outras aves marinhas. “ Yeticopê” —
m a .- U M . •*>«*•«• - p
Frva viva — Arvores medicinais. — tin iie v
U v a viva. Piastica — Conchas e pérolas. — &$-
medicinais. — Pedia elastic . ^ def ormidades en-
pectros noturnos ou demonios. henna-
tre os Brasis. - Criança monstruosa. - h m pono ne
frodita.
104
X. — CARTA DE S. VICENTE (1560)
105
JO S E P H DE ANCHIETA
107
JO S E P H DE A N CH IETA
103
X. CARTA D E S. V ICEN TE (1560)
— ' , r í r r r = r ”
.... V T : : - ~ t = r
posta em um. *e “ * m pela p8p. . p d « 1**».!
despedaçai-se n ^ eada um por sua vez, mas dois
corre-se a e o n lm ^ . , p„di„. Em uma palavra,
a dois e o mais üepies 1 romneu-se a amarra:
fôra fastidioso contar tudo que se p j (1e tudo
-E stá tudo acabado” ! gritaram todos mo ^ ^ ^
isso não deixávamos de conhar « m ‘ e mais cura88e sal-
que cada um contasse com certeza, m , dos
var a alma do que o corpo; c o n f i á v a m o s Mari a,
Santos, acontecido estas cousas,
“ = t r (ci^o) nos vem i - » P— ^
certo, e muita consolação me andavam por diversas re-
oeasião, muitos dos nossos Irmãos ^ ” dav^ P ^
giões, tinham todos o espirito alça P '
subindo ã presença piedade
por seus suspnos e giinit -, costumada misericordia,
pudesse trazer-nos os benefícios ^ su a costumada^^ ^ ^
Entretanto, não nos servindo das ve as ^ escolhos, para
mano, éramos levados saos e sa vo m0mento que
onde a corrente nos arrebatava, e esperando a^todo pQr
se despedaçasse a e m b a r c a ^ & inStante) passámos
: r “ ^ r mir. A 0 « ^ ** — d0 ai.
109
JO S E P H DE ANCHIETA
sarna,“ que
“ 0 aqui
"e". na o exioit m liarle
i alguma.
— r »
tom ago nao os
t r r r : -: “
pode diger , V
r r r ;
iuntamente com a co-
,i(, em mover-se, até , « ^ a barriga e a devora»
„,kla: entao, as aves de ™P“ « r“ ® meio devorada,
" ‘ esiende-se-ihe Por
“ T a pele, e volta â antiga férma (97).
112
x. __ CAKTA DE S. VICENTE (1560)
nTlp lhe Sarassem as feridas. Estes animais são quasi pretos, pouco
rire s “ atos, «un id o s de dentes e unhas agudíssimas.
113
8
JOSEPH I)E ANCHIETA
nuentes que não se pôde viajar sem grande perigo: vimos cães,
poreos e outros animais sobreviverem quando muito se.s ou sete
horas á mordedura delas. Não raro temos ca.do em semelhantes
perigos, tendo-as encontrado muitas vezes correndo pelos caminhos
de um lado para outro em alguns povoados, a que nos tem c la
mado o nosso dever. Uma vez, voltando eu para ^ a tin in g a de
certa povoação de Portugueses, para onde a obediência m
ir com outro irmão a ensinar a doutrina, encontrei uma cobra en
roscada no caminho: fazendo primeiramente o sinal da cruz, ba l-
Ihe com o bastão e matei-a. Pouco depois começaram tres ou qua-
tro pequenos filhos a andar pelo chão: e adm.r_ando-.,os de onde
aquelas que antes não apareciam tinham saido tao do repen c . ■
que começaram a sair outros do ventre materno: e sacudindo eu o
cadaver, apareceram outros filhos ainda, em numero de onze. todo
L n a d » e jã perfeitos, exceto dois. Ouvi também c o ^ pm l a
scas dignas dc crédito, de uma outra em cujo ventre foi am < c
tradas mais de quarenta (111). Todavia, no me,o de uma multi
dão tão grande e frequente delas, o Senhor nos conserva
e confiamos mais nele do que em contra-veneno on pode al
humano: só descansamos cn, Jesus. Senhor nosso que e o u, o
que póde fazer com que nenhum mal soframos, andando W l 1
cima de serpentes. .. ,
Ha também outras como pequenos escorpioes, que habitam em
certos montes de terra feitos pelas formigas: a estas chamam
índios bóiquía,isto é, “ cobras de pés pequenos piolhos de co
bras; são vermelhas, pouco maiores que aranhas: tem luas cabo
ças, como os caranguejos, e a cauda recurvada, na <1^ « -
unha também curva, com que ferem. Nao ma am, mas
extraordinariamente, de maneira que a dôr que produzem nao pas-
Sa antes de vinte e quatro horas (112).
O que direi das aranhas, cuja multidão não tem conta! limas
são um pouco ruivas, outras côr de terra, outras pintadas, todas
cabeludas; julgarias que são caranguejos, tal e o ta” an “ ‘ ° r'e
corpo: são horríveis de ver-se, de maneira que so a sua usta pa.e
trazer deante de si veneno (113).
115
JOSEPH DE ANCHIETA
1 16
«idade, o que, conquanto possa ser
que sucessivamente e de quando em quando se dao, bastaia
1 1V
JO S E P H HE A N CH IETA
ventre o dedo polegar do referido Indio, que se supõe que ela devo
rara quando ele subia á árvore: viam-se ainda nesta os vestígios das
suas unhas. . .
Existem aqui também outros animais (querem que sejam leões),
do mesmo modo ferozes, porém mais raros.
118
X. CARTA DE S. VICENTE (1560)
“ x^:a:;^ rvr:rr
lim mUSCUl° r ^ r a a fronte e abre caminho por espessos
tanto mais alto, aima eanda muito cur-
bosques, - P á - c i o os ra o » ^ obio em Ye2 (le Sri,o ; de
*....
■ H “ °0f c a u s a l leessiv a 2 Z « r-
d l l p re ^ ilo p o ia é ^ Z Z
grande, cor de cin/a , a sua eomuridos, munidos de unhas
do rosto de uma mulher; tem os raç . ^ &liatiu.e/a para poder
também compridas e curvas, com que e aU-
trepar em certas árvores, no que £ t a u m a boa P» 1» „
menta-se das suas folhas e r e b e n t o s '^ c o tendo porém subido,
certo, quanto tempo leva em mo\ei árvore toda; passa de-
a.«—— ■qr r r —c ;r r i
ír ™ , : r : r s . i ; » - ,=
s r r r ; = : - . ' - -
119
JOSEPH DE ANCHIETA
cada um em sua têta e dali não saem até que, não precisando mais
do auxílio materno, possam ficar em pé e andar por s i; mas antes,
depois da morte da mãe, só com muita dificuldade podem ser ar
rancados vivos de suas tetas. Já matámos muitas e entre elas uma
com sete filhos encerrados na mencionada bolsa.
120
X. — CABIA DE S. VICENTE (1560)
121
JO S E P H HE A N CH IETA
: : : : : d»s ^ * , * * ^
de ter o seu nome proprio, de maneira que com razao te admira
rias de (5o grande cópia e variedade de palavras. No entanto, las
formigas só parecem dignas de comemoração as que destroem as a l
vores; estas são chamadas ,™ 0 * '„ = «*« >»" tant0
das cheiram a limão; cavam para si grandes vasas deba xo da terra
Na primavera, islo é. em Setembro, e daí cm deante iacem sou, o
enxame dos filhos, quasi sempre no dia seguinte ao de clima e tr -
v o a d a , se o sol « tiv e r a r d e n t . ......... . p a i s v ã o a d e a n t e e. c o r r e m « «>m
a bôea ab erta de .............. d o pata on tro . .. ....... t e m todos os cammhos e
m u ita s vezes que form am uma nuvem no ar: em qualquer p arte que
caiam cavam im ed iatam en te a terra, construindo cana um a sua ha
rain-se inú m ero s ou tro s filhos, d e m aneira q.ie nao ad m ira haja tao
aves. ajuntam -se os Índios, que ansiosam ente esperam este tem p o ,
tan to hom ens, com o m ulheres: deixam as suas casas, apressam -se,
casa. assam -as em vasilhas de barro e com em -as; assim to rrad as,
conservam-se por muitos dias. sem se corrom perem . ,
das quais ha três variedades, aglom eram -se quasi sem conta no ar,
e co rtam pelo m eio com ad m irav el celeridade aq uelas form igas que
X. __ CARTA DE S . V IC EN TE (1560)
123
JO S E P H DE A N CH IETA
tS .n .» a a r
- — <
tie todos;
ha vários generos, dos quais um.
borboleta (146). f,nm 0 o-anso
Ha outro pcm.ro semelhante ao corvo, p c c u d o « .
por causa do bico, o qual mergulhando nos nos, esta
debaixo dagua a comer peixes.
124
X. CAETA DE S. VICENTE (1560)
para a qual, quando está no ninho, não só seus pais que tem com ela
particular cuidado, mas todas as outras aves que vivem da rapina
trazem comida como a um principe: têm isto coms.go, que mesm
que passem muitos dias sem comer, mal nenhum isso lhes faz (150)
Ouvi falar de outro genero ainda de aves de presa, a qual,
quando está aquecendo os filhotes recem-nascidos no ninho, qu
constroi no mais alto da árvore, se o caçador sobe para t.ra-los, na
voa mas, abrindo as asas para protegê-los, conserva-se .movei, con
sentindo antes que a apanhem, do que em desamparar os filhos.
^ « rr» r — r a i™
cores (153).
Isto quanto aos anim ais.
Das ervas e árvores não quero deixar de dizer isto, que as rai
Das ervas nos ul;ilzamos como ali-
zes a que chamam mandioca (154), d q _ nreoara-
l u t o são venenosas e nocivas por natureza, se nao forem p re p a y
das pela indústria humana para se comerem; com. ^^ ^ ^
a gente, assadas ou cozidas com em -se ; todavia, o, I
comem cruas impunemente; se porém beberem o suco que delas
expreme, incham de repente e morrem. semelhantes ao ra
lla outras raizes chamadas yeticope ( ) > . e
bão de agradavel sabor, muito apropriadas para acalm
Z m J o peito. A sua semente, que se assemelha a favas, . am
violentissimo veneno.
125
JO S E P H DE AN CH IETA
z r ^ — r : - : " - * . — <»-■
x. _ CARTA DE S. VICENTE (1560)
r : r : r r r r - -~
<parte
losz do— eo^
tempo junto do mar e m _ ’ , o mesm 0 como se
(166). que quer dizer coiisa ^ Qutra c0Usa senão um
se dissesse “ o que e todo fog • acomete rapidamente os
facho cintilante correndo daqui para ah, acomete P
X. CARTA DE S. VICENTE (1560)
Narrei essas cousas brevemente, como pude, posto que não du
vides que haja muitas outras dignas de menção, que são desconhe
cidas a nós, ainda aqui pouco práticos. Rogamos entretanto aos
que achem prazer em ler e ouvir estas cousas, queiram tomar o
trabalho de orar por nós e pela conversão deste país.
Escrito em São Vicente, que é a última povoação dos Portu
gueses na índia Brasílica voltada para o Sul, no ano do Senhor
1560, no fim do mês de Maio.
O minimo da Companhia de Jesus.
NOTAS
1 29
9
JO S E P H DE A N CH IETA
z i
do Amaral, diretor do Instituto do u ^ Lourenço Correa, tran scritas
Pinto, assistente do Museu Paulista e • pnt e e8Critas para esta edn
som nenhuma indicaç.ao do obra, toram e i revisão de um técnico do
l o , a pedido nosso. O utra, ainda• do dr. Adalberto de
Instituto Biologico de Sao ; ^ m e t e n t e s devemos, assim, em grande
V T . I Z J Z eu,l o » ou menos eU , 0
. admirável « r U » ^ „ a carta
(90) A essa tempestade volta a ■ ;r10 prestaram aos mdios o
è z tT £ . r s -«• s v —
( d ) Piracema ou piracc, “ '" on& ° ' c w q ^ t T v o n " A n ^ d V S • Na-
definição de B . Caetano ^ r ,,7)lí,-saindo. - Observação de OU-
cional” , V I I ) . De piro-peixe e cc sair .f} na descrição de Anchic-
3 M ario: “ Propriam ente nao ha ^ * d:ide que os peixes “ saem
ta ; apenas não se poderá dizer co m t ^ ^ rioS) fi procura das
d ’agua para põrem ovos , senão qi e ^ ^ pm que de f ato “ se metem pelas
cabeceiras, de aguas mais rasas c t a b r i g 0 relativo das causas natu-
ervas em pouca_ a g u a d a desova, ^ ^ | Iagalhiies ( Monografia Irasi-
rais de destruição • Paulo 1931, P- 6 6 ) .
leira dc peixes fluviais. , . «.E8ta maneira de calcular o
(92) N ota de L ara Ordonez ( • { ‘ d • 0 qual depois, isto e, no
verão e o inverno ^ suprimindo dez dias
ano de 1582, Gregorio X II , P o n tm ^ q anQ çivil excedes^ o sol. r
c providenciando para o fu ti • 1 0 tempo da celebração da L a >
z asvs^?ísSs jsíwrss rn n
-‘ü of i. .miBr
dezembro, ou dos passados ou dos se^ Tíealmente eles duram, eon-
S K tt ? « t ’» r» - — 13 - • 2 4 ’ - inmno' 1
— - — -
130
X. _ CARTA B E S. V IC EN TE (1560)
T S ^ r Z r l^ ~ °i “i t ) PÕ . T S “« Í ." a
fe w *
sJ!S z v 45f r ^
America Meridional e as Antilhas^ V ” 1 , T . ' ) s „„ passo quo as costas
M attorer) rive n a . b u i u do Oronoeo ' » £ £ £ « ; ',. un,0‘ o n to (Mo-
u s r ü js tâ x z X X T o X . £ 5
s r s s r K W » ^ ^ • -
fido dado pelos portugueses, segundo L ara Ordouos” .
(94) Tia Baía, en, outubro de 156.. ■» l™ f
e ala pelo Espirito Santo, OS jpgS^de Anchieta, «regi,rio Scrrão e (segundo
B raz Lourenço com os irmãos Jose de Anchieta entretanto, diz “ eu
é corrente) um terceiro, cujo nome * i g * ■ * fogseni realiuente cinco os
e quatro irmãos . E assim muito i 0 pretende S. de Vascon-
jesuitas que embarcaram na Baía, c que na noite de 20 para 21
eelos (o. c .. 1. 1. n . _ Atirnllios a embarcação de Anchieta
*r r ^ r s s w ~ ....- — -
esse o sucesso que Anchieta, n a ira .
£ X X X : s : X X L r
do á desova, em que pese a m aneira antropomoi . t - , gabido que
terpretada, conta forçosamente algum apoio na ealut ■ enlbotado e ru-
os animais, ainda aqueles cujo psíquico se nos ^ t i a n instiu-
dimentar, frequentemente nos m aranlhauí salobras ou
tos relacionados com a procreaçao . P t„ stifira se “ em determinadas
mesmo perfeitumeute doces” para a desova j o , mei o
especies, porque, dadas a,_ es.gencias r h^ , do (lc „ „ ta , cp.e mui-
quilo e farto de ahmentaçao para a fu tu I ’ uf r .18 “ ]0go após
<». ••permanecem no, rio . litoreauos to de S l h t o o / c . ,
os meses de procreaçao, voltam para o m ar (A.
páginas 06-7).
(90) Timbó. da fam ilia das Sapindaceas ( Panhma pinnata L . ) . O nome
131
JO S E P H D E A N CH IETA
- \ fo ™”p ° - Vi° s 6 * •
p ,a ! .° chamavam «« índio. < « » » ( T „ Sampaio. o. « . ) .
*bem*arygboia
% A - r(centro
. : r,"§ £
e i ora ), (Alto Amazonas e A cre), da fa-
boigvmtaú (Amazonia e t ° T L c n n . “ corr. s*fi-e«ri, morde ra-
milia dos Boidcos iEunectes m u n m , . S t r a t a de
p5do. a tira o bote ; co ■ 0 Vq ) _ Observa Afranio do
»«6o. :l sucun ainar®l a , i ntn J a de 4 Séries de afilados e recurvos dentes
Am aral: “ A s w u n v b a 6 dotada de ® Ag 4 séries supCTiores sao
na parte superior da bora e de - n< , „ maxiia r es e pelo par palatino-
form adas de 68 dentes, distri ui■ os\ y _ Rentes insertos na man-
pterigoideu:inferiore. » . di mi aaem de tam anho para
dibula direita e eeauerda Todo» e » e e ^ , oda8 „ p o n ta .. E sta
O fundo da boca. para <» ' . todos os ofidios, serve, na de-
orientação dos dentes, que «mreensao facil da vítim a e sua melhor
fesa das especies. ao duplo tim d * *p mais profundam ente fica im-
retenção: a presa, quanto mais te P ^ referida por Anchieta,
plantada nos dentes da cobra. A suposta " C i a , ^ ^ , tem 1a0 todo i 02
deve ser, não de dentes proprum e - ^ • n0 Brasil s(, ocorrem, respe-
dentes, mas do presas chanfrada ta lideas — Ao que eu tenho ob-
tivamente. nas corais verdadeira ‘ da vítim a p a ra m atá-la.
sorvado, a sucuriuba nao i n t r o u u c. uda i g o «mias ^ causa a
A informação no particular de\e , contricção progressiva, par-
morte dos anim ais por simples enroseamento ou n j t . . i
tindo-ihes o.aoa. diametro
Dessa fôrma consegue reduzir lhe. P Q apodrecimento do ven-
transverso e engulí-los com mais aves de rapina
tre da «ucurmba alimentada c a consequente m te n e n ç a o a a s ^
purecem-me deturpação fantastic» do longo P®r)® ^ ' reparação teci-
cteriza por extrema imobilidade ^ i t H z S ^ t r e L ofidic^ é sem*
“ Í ^ ° a r £ ° im perfeita ’ e r g u i d a de deformações mais ou menos
profundas” .
s íh
ecu” . E Anchieta tam bém. — Jacaré, cor . v . „ ,T g am.
sinuoso. Pode ser, ainda, g-echá-carc, aquele que olha de banda (
pílio, o . c .) -
s s r s x j f f ü s s r r s r s r V n u i o „ « . o ™ * *> » *
M ato Grosso). Paraguai e A rgentina .
r <. p, •mimai ouasi do mesmo ge-
(101) Nota dc Oliverio M ano. O banll!Ui 0 ou nutria (Myo-
r i
(]02)r D^ ! i i CT .;IeT T % tle2« ). cS l i « / £2 2 »
b ^ i i m o da fam ilia 1 dos Gec^cinideos {Cardisoina yuanUimi L a t i,) , cu.,a
cór é azul. e imo verde-mar. como diz Anchieta.
(103) N ota de Oliverio M ario: “ Os!
Anchieta que “ a natureza deu-lhes ^ sen3o 0s siris, cuias eximias
n a d a r” , outros decididamente nao P a denominação generica de
qualidades de nadadores inspiraram ? , marea brasileiros
Callinectes icdids. belo e ,.« < e . O. < „ a ,id „ e t e , ; .
mais de uma especie (C. sapiaus, <-• ••„ (.,,e corre, ou deslisa
- Aliás, o nome tupi do crustáceo ^ 60) dá mais o
(T . Sampaio, o c . ) . R . Gare a no _ n ie sm 0 trecho, refere-
signifieado de " afastar-se. andar p a ia tras • (G goares, o. c.,
se Anchieta ao uçá (F . Cardnn, o. c-, 1 9 t 0 braquiuro da fa-
p . 267) ou oussa ( D ’Abbeville, o. c J L . 248'). c r u i s t ^ ^ da fa .
m ilia dos Gecarcinideos {Vendes corça • _> outros caranguejos des-
xnilia dos Grapsideos {Aratus pxsom, M . E dw .) , c
critos por P . Cardini, G. Soares e D Abbeville.
. • in r • íl T?’ min«i CGl’tO QUC A-Iicllicto., COIUO
(104) N ota de Oliverro M ano: E duasi ' dicina, confundia
ainda boie o fazem os menos entendidos em‘ M m a lig n 0 8 que a tecno-
o cancer da patologia, isto e, os diferentes ae P sarcomas, etc., com
logia médica especifica sob os nomes c e l it’ d e la 3 perfeitamente
afecções outras de natureza m teiram ente d„ « s a . mintas ^üe ^ dú_
curáveis, como as neoformaçoes sifibticas. • cürntivo a que o catequista
vida de que ha mais do que abusao T ' virtudes E ’ o processo das
atribui tão maravilhosas quanto estupefac^ à l à e do Vovo, cue com tanto
curas por simpatia, tao do gosto e da c r e d u M i ^ ^ g o c u lta 8 se lhe
m ais convicção acredita na lenda flu ^ destacamento do
aparecem as causas dos fatos nela contados , 1 , "°’,,« 0 desprendimento
corpo do m artirizado crustáceo, corresponderia ° 1 grande
paralelo cia massa tum oral cuia por T ncl.ieta 6 S e ri
interesse a indentificação zoologica do cancio reten ao po
133
JO S E P H B E A N CH IETA
ri»
a l. : e "A
. , P bowinmpa
- « ■ snao
; a i “pode
J : \ andar
cn,i,pr - «>e J £ ■«•
A rept » » a*ç«5 o da * •cascavel
> m0("?
apressados, que os Índios dizem qu -‘^ die pequena a fôrça
e' das mais lerdas que se conhecem m ^ t u d e - > ^ l costm iia.ge até
muscular em relação ao volume do C ^ muBCUl«r coincidir
exemplificar o fato biologic • • j de dcfCsa da especie. o que,
com o aparecimento de qualquer > '■ ‘ arnrellio venenifero: o ser
no ca » . é representado pelo : : ! • * — » ; confurnen parece de-
torna-so aparentemente tanto ,te „,cra coincidência,
& U S J Í J S S Z ■» « * . * . ataal de nossos e o » b e e im e n to a . . .
(.0 7 ) caA
oU
n,„( nd, ), C .d im ,
ubitboca (G. Soares, o. c ., P- T . Elavs Marcgravii W ie d ).
134
x. — CARTA DE S. V ICEN TE (1560)
as especies” . 247),
(113) Refere-se Anchieta á rtlmnduaçã ^ ^ ^ f i ^ F i s i c a , trad, b ras.,
nhandú-guassú ou nhambú (J_ • n’ome de caranguejeiras sao co
pio, p . 388) ou caranguejeira. P or e .p(j indigenas se subordinam
nhecidas no Brasil as ^ p ipiuriãae e Theraphosidae Aa
a quatro fam ilias: aos generos Gramrnostola
psDecies maiores, de que fala Ancii e . P rW -ritas, e Lasxodora, de que
dc oúê exirtem » Brasil uuatorze ^ » ' 2 “ „„ Centro c Norte
to dezoito espertos W i l e . r a s eonbto.dns « estalo veneno da.,
m. p- «• • - >•
135
JO S E P H DE AN CH IETA
de z z . z : : «
S T b Í . s í Í U m . '«oral menores' que os Pom piiideos".
(115) A, lagartas. • • « * » P * o . T I
de total,rana isto a fogo”( T . Sam-
rana ou. melhor, tatarana, oe im.i
paio, o . c . ) .
(116) A arn„ e provoca "dcse.i.s
m
g a rta preta) a que se refere G. Soares ( o . - 46 e ^ 7 ) e .
tupinam bás. "tã o amigos da carne que , 0 form ou”, sôbre este
seus apetites, com o membro gem a como ‘ ' grandes dôres, mais
colocavam, "que lho faz logo inchar, com o quo tem gr andes
í - —
esperar, nem sofrer .
(117) As duas especies de Felideos, mencionadas P°.r “ °r
a on o a rd . ou . - 1 « (M b '«cL.) e a
(F elis onça L . ) . Além dessas, que sao as maiores, ha mais sete na
b rasile ira .
C11«1 Prvia nome generico de tamanduá são conhecidas as quatro es
pecies de desdentados da fam ilia dos Mirmecofagjdeos, existentes ™
In n saber: tamanduá bandeira (Myrmeeophaga tndactyla D .
S rii Tamandua tetraãactyla L . ) , Cyclothnrm didactylus L. e
Z J a t a Cope. as duas últim as e n c o n tra d a s a g n a na A » u ^ ;
« írfT J L % r. tH r& A ^
- ; , u Kf“ r « r r . r :v x r s - . j u
136
x. — CARTA DE S. VICENTE (1560)
^ e L6ry (0- c ’ Ij p
sob o de tapiroussu.
(121) AM s — ^ e grã-besta *
latinos designavam as espec.ies mamre d ■ ^ se referem Cesar (1. V I,
portanto erronea a suposrçao^e Anchiet . seu D ic. esta descrição
X X V II) e Pbnio (15 e 16). da f ^ 0 no tamanho c á cobra na
estapafúrdia: “ quadrupede semelhante ao asno
z&« s ü
deve ter conhecido melhor as du Q
rwa: r.H
>«
especie maior, preguiça-rea
trilaCylu,L . e ,'« ^ “ ilí" 8 c h a V e M atcgrnv n»d«
Ç
U
ratyP
B
137
JO S E P H D E ANCHIETA
% s i s s r . — — - - aia
pertencentes aos genero fe b v s .
n 2 q) Taíú nome generico dos desdentados da fam ilia dos Dasipodi-
deos, de^ quelha <cêrca de dezeseis espeeies “ £.
c a s e encorpado, denso, grosso, segundo B atista Cae ano (nota
cia a F . Cardim. o. c .. p. 113; T. Sampaio, o. c . ) .
m o ) No Estado de São Paulo têm sido registradas as seguintes es
peciei de veados: leado-galheiro, euguaçú-apára veado do^ n9guaJ J ta,
ga j r osP^ it É s T iB í s r ^ r í - r s -
13 8
x . — CARTA D E S. VICENTE (15(50)
iinferíeis,
L r áde sexualidade
s ^ abor a a .
de operari03’ i8t0 e’
esta3 formigas comem os
073 Of. G. Soares (0. c ., P - f . e aiguns homens bran-
indios torradas sôbTe 0 fogo. ®g f^gti<jos têm por bom jantar, e 0 gabam co
cos que andam entre eles. as de Alicante” .
saboroso, dizendo que sa suiriri (ou hemtevi) “ se
/1383 Diz G. Soares (o. c ., P- 21 )' ^ue _ a que em Portugal cha-
139
JO S E P H B E A N CH IETA
„41 I M «r,««! ( •
I Z Z Z I . T Z * ’ - ta - pertence o mo, „ n , » - , ^ o r a . geneto C U -
( aides.
« H S rs
laudo no ar, espreitando as aranhas ( 0 . c ., p. - o ).
C T i -
mM' ™ , r a t i r ” tóbre ú tm bò boleta, supondo a p o .t . 1 p a r . «m pequeno
Z ,Ó rò ê ’í í t e f i n q u e result» , crença dos indigenes de que aa borbo-
lotas se transform am em passares .
140
X. CARTA DE S. VICENTE (1560)
observando eT JÜ passaro’,
ave, por guará” .
(150) i aOliveno
N ota de t • ivTo^ir*
M a n o .• u T?pfprp-so
R etere se Anchieta
Aiu u ^ aos jgaviões dc pe-
L Na,ia a
— observabo biologica ha precon
ceito absurdo e evidente’ .
(151) Anhim a (A ncli.), anliigma (P . Cardini, o - c ^ P-
o . L u n a , da familia dos Palamedeideos U n h m a .c o n u a L . ) ,
dificil de explicar” (R . García, nota a F . Caidim, p. 1 - ) •
_ r\ i ~r,r, n o ^ • u Enfir&na-se Anchieta, atribuin-
(152) N ota de Lara 1(011 ' C • ’ s a s . têm unicamente dois em
do a estas aves três esporões em cada uma das asas.
cada u ma ” .
.... . \ro rín . “ Faz-se aqui alusão ás aves Tmannfor-
(153) Nota de Oliveno M ano GaKfonnea { m is, jacús, Ja
mes ( perdiz, codornas, inambus, jaos, matucos)
cviinaas, m u tu n s)” .
( ,54) A ' . . * « (M anibot « M M m P»M) i * ’ ™ "“ *
detalhadam ente na I n f . de 1585.
(155) Segundo M iranda de Azevedo (pref. a t * a d .J [ * a fydo ao jaca-
Alm rida p . X I I ) , “ d» * « * « . W * fc » •
tope, Pachyrrhyzus angulata, raiz bulbifera grossa, proui
cuia saborosa e apreciada” .
(15C ) E ’ a sensitiva, leguminosa da sub-familia das Miinosaceas.
141
JOSEPH HE ANCHIETA
—
tomou a form a de um arco de -’O" .
H641 Escreve Couto de Magalhães (O -selvagem, ed. 1913, p . 157>:
(.164) r»screie e. . tradições representam-o como
curupira é o deus que protege as fio esA. s. As tradiç
um pequeno tapuio com os pes io ta los P<>< * ■ Paríl diz que ele
p ara as secreções indispensáveis á vida, pelo q u e R r a e ü em
é m ím ico. O curupira ou currupira, como nos lie ■ ^ m >t0 P a r£
ÍT ía r £
Ermano Strndelli ( Vocabulários da lingng g e l
j~ z
qúai
s r w a s rc Jí
Í » ^ f » c , , 'p r e X w i a V c íJd õ r S , V » » H . f U .tr conforme a» sua, ne;
i f -p r;r: ; m ,
T T r u p i m ? mono» terrível que o ju n g a r i, é um espirito-do-mato c a ^ s t o que
encontrado sol, diversas forma», entra em conversa com os ind os « « g ™ »“
entretem sentimento» de inimizade entre mdmdu<» » '°™ 1“ “ ie s
desgraças hum anas” . M arcgrav e Nieuhofs, escreve A . M etraux (i.a j
142
X. — CARTA D E S . V IC E N T E (1560)
tvuinam ba, P aris, 1928, p . 65), “ qualifient curupira d ’esprit des passions (nu
men m entium ), je ne sais tro p pourquoi” . B a tista Caetano (nota a 1 . Car-
(ji,n o e p 237-8), igualm ente não achou “ saida etimológica para a
significação *dada por M arcgrav. Segundo o autor do Vocabulário da Conquis
ta curupira pode “ ser traduzido literalm ente por sarnento, de curub sarna, e
pir pele” . T . Sampaio, por sua vez, dá (o. c . ) : “Curupira, s., curupyra, o
chagado, o individuo coberto de pustulas. Nome de mn gemo da m itologia sel
vagem que presidia aos maus sonhos e pesadelos” . E . Stradelh, final mente,
faz derivar o vocabulo de curu abreviação de curumi, menino, e pira, corpo:
corpo de menino.
(165) 1gpupiára (Anch. e F . Cardim, o. c ., p . 89), hipupmra (Gan-
dava H is t., p . 123), upupiara (G-. Soares, o. c ., p. 2 õG), ypupiaprae (B ar-
laeus* p. 134) ou ipupiara, “ genio das fontes, anim al misterioso (pie os índios
davam como o homem m arinho, inimigo dos pescadores, mariseadores e lava
deiras” , de acordo com a definição de T . Sampaio (o. o..). A proposito do
etimo, escreve R . Garcia (nota a F . Cardim, p . 139): ‘ O nome tupi serve
de prova de que a idéa era fam iliar ás gentes dêsse grupo im portante. Sua
etim ologia consigna B atista Caetano em upypeara, ou y-pypiara, em que apa
recem os elementos y agua, e pypiára de dentro, do intim o: o que e de dentro
dagua, o que vive no fundo dagua, o aquatico; o nome era também atribuído
a peixes, especialmente á b a le ia ” . E ’ o “ monstro marinho ’ que em ln64 se
m atou em São Vicente, segundo G andavo.
n 66) Baeta tá, mar tatá ou boitatá, um dos genios da mitologia selva
gem, é o fogo fatuo, a fosforescência, e traduz-se por “ coisa que é toda togo,
luzeiro” ( T : Sampaio, o. c . ) . A mesma significação tinha o vocabulo ma-
cai era.
(167) Na carta. XV, Anchieta explica a ausência de deformidades entre
os indios, que enterravam os nascidos “ com alguma falta ou ^ n c h i d e , ^
por isso mui raram ente se acha algum coxo, torto ou mudo em esta n .iu o .
V . A. M étraux (o. c ., p. 102).
1 4 :j
Ao P adre G eral, de S ão V icente , a 1 de J unh o de 1560 (16S)
fIrmão
M- %D m
C joTJ a«c o»m íe . - Olidos
J dos
^ _ — wCastidade
c/m (U
d^ l 0 ln^ ' \ r w f i o “ilanuel de Chaves. — Batismo de dois catt-
v o s ' condenados Amorte - Z™õ«
Guerras comos Índios do seitao
Janeiro. - Jean des Boulez em Suo V,rente, - j w j t e p u t a
com Luiz da Grã e partida, pr
do Uem de Sá contra os Franceses do B, . _ y in.
rir, rie Virente — A tomada do forte de Coiigny .
t d e Z ‘w"
ea - Grõ r t c » . . » * « * . * * » * * ■ « * •
tade em suas orações, ordenou que todos nossos Irmãos nos enco
mendem mui particularmente a Nosso Senhor, do que está claro que
nos há de vir muita ajuda e proveito. Porque como era possível que
pudéssemos sofrer tanto tempo, e com tanta alegria, tanta dureza
de coração dos Brasis que ensinamos, tão cerrados ouvidos a Pala
vra Divina, tão facil renunciantes dos bons costumes, que alguns
hão desaprendido, tão pronto relaxo aos costumes e pecados de seus
maiores, e finalmente tão pouco e nenhum cuidado de sua propna
salvação, se as contínuas orações da Companhia nos nao dessem
mui grande ajuda? _ .
Ha tão poucas cousas dignas de se escrever, que nao sei que
escreva, porque, se escrever a Vossa Paternidade que haja muitos
dos Brasis convertidos, enganar-se-á a sua esperança, porque os adul
tos a quem os maus costumes de seus pais têem convertido em na
tureza, cerram os ouvidos para não ouvir a palavra de salvaçao, e
converter-se ao verdadeiro eulto de Deus, não obstante, que con
tinuamente trabalhamos pelos trazer á Fé; todavia, quando caem
em alguma enfermidade, de que parece morrerão, procuramos de
os mover, a que queiram receber o batismo, porque então comu-
mente estão mais aparelhados; mas quantos sao os que conhecem
e queiram estimar tão grande beneficio? Não são por dois outros
exemplos que isto se póde entender.
Adoeceu um destes catecumenos em uma aldeia nos arra
des de Piratininga e fomos lá para lhe dar algum remedio, prm-
cipalmente para a sua alma; diziamos-lhe, que olhasse para a sua
alma e que deixando os costumes passados, se preparasse para
batismo; respondeu, que o deixássemos sarar prime.ro e e^a re
posta somente nos dava a tudo que lhe dizíamos nos m tios decla
ravamos abreviadamente os artigos da Fe, e os man amen os
Deu, q«e muitas vezes de nós outros tinha ouvido, e respondido
como’ enjoado, que já tinha os ouvidos tapados, sem ouvir ao que
lhe dizíamos em todas as outras cousas fora deste I P • >
p o n d t “ ontamente, que bem parecia não ter tapados os ouvidos
do corpo, e somente os do coração.
Adoeceu outro em outro lugar, e como muitas vezes o admoes-
ta v a m o f o mesmo dizia, crendo que se sanaria; mas aumentando-
1 45
10
JO S E P H DE A N CH IETA
L :r r r : £ E i a^ r
Senhor, trabalhando nisto com muitas palavr *, 1 P
tn 0 uiccp. ‘-Pois que assim e, te batiza
haver dado corment.mento ° J _ ^ s6mente não eon-
rí,° ' ”, sem direr mais palavra, e
,U; : “ S - - obstinarão, morreu.
"° t « e d t i r S o , que voltando da guerra com í.ecbadas
“7 , r OTmr ; ^ ° « z * :- .* «. -
P r í h r . i s s i t = = •”
C í " '. " '- . - . ™ .........-
,C„m da mesma maneira, para « quais ser,a mister longa , ^
mm nenhum cuidado têern das cousas futuras, para que ao de em
, . „ vnwfl Paternidade maior motivo de dor, que a
X g r L T e n d o que aqueles que o piedoso Senhor cie tão inúmera-
sujeita ao .i«go do demonic, não os d - o u trazer a
sua Igreja, e vestidos de gloria imortal nos t eus, nao falando nos
inocentes, que morrem muitos batizados, e vão gozar da vrda -
VH.,,s mesmos adultos tinham também muita ocasrao de rrem para
O Senhor, receber grande consolação. _ ■
Havia um Cristão, casado legitimamente. que havia mint
, e m , r j . v « enfermo: fomos visitã-io ao lugar ciu» m üha^ de
Piratininva- eonsolou-se muito, confessou-se com murta dor e con
“ L , voltámos para easa: chegou um b en z e d o r d o sertão: o en
fermo. assim por leviandade do coração, como pelo desejo da, s -
se deixou esfregar por aquele, e chupar segundo o '
Gentios; mas como não sentisse sinal de saúde que esperara, a -
rendido com grande dòr. uniu-se a nós outros a confessar seu
pecado o estancio junto da Igreja, onde com frequentes con
lf.es pôde limpar a srra ahna dos pecados, e u r â m ^ 0, t o
,,u„s dias. achando-se melhor, se tomou para sua easa.
X I. - CARTA D E S. V IC EN TE (1560)
147
JO S E P H de A N CH IETA
— ....- r “
particular, e que nao sera oau p ortugnês quasi qua
l i uma velha que havia s.do manceba d o m Po g fc.
re n » a n o s . e ainda gerando mu, os h ! m s . ^ a m u ^ ^ ^ ^
mãos houvessem m u i t o admoestai o, «O arrependida, e co
sesse ir-se ao inferno por „ pecado per-
nhecendo a maldtóe com < 1 « ^ « ' ^ dc purgal. seus pecados com
severando na • A<rora ferida de uma longa e m-
inuitas esmolas que nos p . onde deixou uma casa para
curável enfermidade, ò “ ente as cousas tocantes á sal-
ava muitas vezes, e dando
v l^ o de SU am rdhava eternos tabernáculos na vida. M-
- confortavam-a nas divinas pala
,sitavam-a muitas ie -lti tendo corruptos os
— Pnncipairnente quan ; ,a ^ é _
membros secretos, M a era ^ Q Padre Afonso
nestas mulheres do Brasi . ame. « ’ do mais ânimo
Braz. e o Irmão Gaspar Lourenço mteiprete,
148
XI. — CARTA B E S . V IC E N TE (1560)
ao odor que sua alma havia de dar, venceram o fedor que aos ou
tros era intolerável, estiveram toda a noite sem dormir, esforçan
do-a com divinas palavras, em que ela muito se deleitava, ate que
espirou com ditoso fim, como ó de c ie t.
De outros muitos podia contar, maximè escravos, dos puais al-
auns morreram batizados de pouco, e outros já ba dias pue o -
ram: acabando sua confissão iam para o Senhor. Pelo que, quasi
sem cessar, andamos visitando varias Povoações assim dos índios
como de Portugueses, sem fazer caso das calmas e chuvas, gran
des enchentes dos rios, c muitas vezes de noite por bosques mm
escuros a socorrer os enfermos, não sem grande trabalho, assim
pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo,
maximè sendo tantas estas Povoações, estando longe umas das ou
tras. que não somos bastantes a acudir tão varias necessidades como
ocorrem e. mesmo que foramos muito mais, não poderíamos "
ta r. Ajunta-se a isto, que nós outros que socorremos as necessida
des dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos e fat,gados de
dôres desfalecemos no caminho, de maneira que apenas o pode
mos acabar, c assim ainda que mais parece termos necessidade ainda
de médico que os mesmos enfermos. Mas nada e arduo a quem
tem por fim somente a honra de Deus, e a salvaeao das almas, pelas
quais não duvidamos dar a vida. Muitas vezes nos levantamos do
sono. ora para os enfermos e os que morrem, ora para as mulheies
de parto, sobre as quais pômos as reliquias dos Santos (169
parem e o que elas não ignoram, começando a sentir as dores, g
l mandam pedir, havendo-se primeiro confessado Entre estas
cousas acontece que se batizam e mandam ao Ceu alguns menino,
que nascem meio mortos, e outros movidos, o que acontece mui
tas vezes mais por humana malícia que por desastre, porque estas
mulheres brasílicas mui facilmente movem: ou iradas contra seus
maridos, ou os não têem por medo; ou por outra qualquer oca.smo
mui leviana matam os filhos; ou bebendo para isso algumas e-
beragens; ou apertando a barriga; ou tomando alguma carga gran
de, e com outras muitas maneiras que a crueldade deshumana in
venta (169-A). • i „
Lsto me têem dito os doentes, porque o que se ba de jule
JO S E P H HE A N C H IET A
" ™ r i : r-
t r r r : — -
dores depois da c o n f i s s ã o . Assim »»» ‘ " _ a<wtri.
muito fruto neles se cstnessem iun os. jOTtos
, . orrnra exneriencia na I>aia U<uj, unut, j
”'ar- ,lf " a 1'aKWas por mandado do Governador, aprendem
em umas giamUs ameia i fruto,
mui depressa a doutrina e rudimentos da rY. e d ^
q,,c durará em quanto houver quem os traga
ii-icão que temos. . . , celebra o Nascimen-
Nas Festas priue.pa.s, maxime q u a n * « » os lu.
, ,, T).,;vr-,r ,i0 Senhor, concorrem a riratinm g
r r r « « ..mitos « . « « .p — -
ptviims Oficios e Procissões, diseiplinando.se ate derrama san
gue. para o que muito antes aparelham disciplinas com muda -
U i . - 0 mesmo fazem cm outros « huando^or ^ ^
r r r i r r — — T
: L ar : : t r : : “ ; r ™ r s dam.
" e dizendo muitas vezes Ave Maria tenham principal amor e de-
150
X I . __CARTA D E S. V ICENTE (1560)
:r c ^ a ,
rões, de lodo em lodo, e po, em que be
^ — d^x:1 acrescen-
152
X I. — CAETA DE S . V ICEN TE (1560)
gum desastre com a caida das easas. acudindo com a medicina cor-
poral e espiritual, e a todos tea ajuntar na Igreja, que p a« « » ;
Lr mais seguro, admoestando-os, que pedissem a Divina ajuda
^ “ velho doentes e meninos fez tracer á casa at o ou.ro dm,
que fina,mente em todos se viu também um sina, da Divma b -
bedoria que parece que nenhuma eousa se pod.a, e devia fazer
melhor' do que se fez. Pelo que, não sem razão, estiveram todo
com o Padre, assim índios como os Portugueses, a quem também
pregou mui a miudo aqui, e em outras povoaçoes com grande
153
JO S E P H DE A N CH IETA
1 54
X I. — CARTA DE S . VICENTE (1560)
156
X I. — CARTA DE S. V IC EN TE (1560)
C h a v ia — “ a e s c o l a s das « e -
" i i r belTido d a fo n te — — ^ ^
d e sa b e d o ria , e se h a v ia p a ssa d o ao * an Sa r,
D iv in a E s c r itu r a , a q u a l p a r a m a is au m csmos
h a v ia a p re n d id o a lin g u a S a c ra , B to e a h e b .e a ,
157
JO S E P H DE A N C H IET A
159
JO S E P H DE A N CH IETA
T “ : r < : t r , r í , ”“ « * . « . . . . » -
z »«- s-“ " • 8“ i” “ “
ovelhas. /1QÍ,v
, n Padre Manuel da Nobrega (lso ),
(Vmi o Governador io u o lacue
^ on e - íit,r r. inchada pernas cheias de
“ r « r a s g a s enfermidades, das quais como
— — 8 - ir â e daen a r Ssatde Os
dade do Senhor que pouco a P°™° temp0 convales-
^ ^ " o m :Z d e a: com I sahde dos p r o b o s mm tonm is
trabalham pela sua, servindo ao Senhor com alegm , “ ° “
■**» » « -
rahninga^onde alguns filhos d . Portugal
160
x i. — CARTA DE S. VICENTE (1560)
4
NOTAS
Aldeiam.
(171) Diogo Jacom e (v. nota 22).
(172) V . nota 50.
(173) Cf. S . de V asc. (o. e., 1. 2, n . 86) e v. Carta X.
(174) C f. S. de Vasc. (o. e ., 1. 2, n. 87).
(177) Villegai
1555. Depois de tr
Beriripe (hoje Ville
(178) Com a de 1557, quatorze enviados da
garam ao Rio de Janeiro, em 7 de março
JOSEPH DE ANCHIETA
-/ v r £•
r ™ a ™ n " :;íó - ! * « • - * » « - » > sen c,,samento "'"'l
X I. — CARTA DE S. V IC E N TE (1560)
163
JO S E P H DB A N CH IETA
!:i;
X II
I
o ano passado escrevi por duas vias o que o Senhor teve por
N bem obrar nestas partes, onde andamos na salvaçao das
almas Agora darei conta do que quererá saber Vossa Reverent is-
sima para a consolação dos Irmãos, que desejam saber novas de
nós outros, como nós outros as desejamos deles. ,
Depois da partida do Padre Luiz da G r a p a r a a L a i a
Todos os Santos, com o Governador, no mês de Junho um dia i '<
depois de S. João Batista (190), se foi o Padre Manuel da Lô
brega á Piratininga a visitar os Irmãos, os quais depois que c e-
gou da Baía ainda não havia visitado por suas muitas enfermi
dades de que se estava curando, que depois que um pouco con
valesceu, se partiu logo, passando assás trabalho, por ter as per
nas todas chagadas, lançar sangue pela boca, e os c a m m ms sei
mui asperos e despovoados, onde não ha conversação senão dos 1II
gres cujas pisadas achamos muitas vezes frescas, por onde passa-
Z l \e é necessário .ode se ha de pousar, fazer casa, ou por me-
16 5
JOSEPH DE ANCHIETA
166
XII. CAUTA DE 8. VICENTE <15(51)
escolhido para o seu Beto., assim agora, ora de «ma aide ia ora
íIp nutra vem „ alguns
i aa /inn-fpwar-se
coniessar-se, outros
ounuo a batizar-se e monei
bem, e outros que não podem vir, mandam a pedir remédio de
confissão, outros trazem seus filhos inocentes, de maneira_que « '
pre se colhem alguns manipulos misturados com cl «
sim em Piratininga, como quando os vamos . v « t o pelas s a a ,
aldeias, e destas tais visitações, quando outro nao achasse se
este proveito, que se padece alguma fome, com cansaço e t,aba,h ,
por amor de Nosso Senhor. n-n-timós
Uma vez. depois de termos corrido to.las as Igrejas, pa.tnn
delas por terra mui de manhã, por poder vir á missa, que ei a • -
m ing 0 , e um irmão saiu adeaute. o qual assm, por sabei mal o
caminho, como pela grande escuridade das^uiveus q j mui o
■ i ' i n iitiruc; p suo frigidíssimas, pensaii
po do ano duram quasi ato 10 hoias e * ,
do caminhar para a casa, tomou o eaminho em eon ra , e peuleu
se. andando de campo em campo, de vale em vale. ,1c -
monte sem achar caminho ate quasi meio dia. que ■
„ d o a nevou c Nosso Senhor o encaminhou, sem ele saber o ca
minho que levava, direito á casa. hem molhado do frio. roxo e assas
suado do trabalho e mui alegre no Senhor. (se„ un.
167
JOSEPH DE ANCHIETA
16 8
XII. — CARTA DE S. VICENTE (1561)
170
XII. — CARTA DE S. VICENTE (1561)
171
JO S E P H D E A N C H IET A
eles um dos sacerdotes dos nossos, para lhes dizer Missa e piegar,
e ir adeante levando a cruz (196), e um Irmão interprete (197)
para os índios batizados, que com eles iam.
O seu caminho é desta maneira: vão primeiro por um rio al-
pumas jornadas com armadilhas, as quais não são mais cada uma
que o âmago de uma árvore, mas tão grandes que numa cabem
vinte a vinte e cinco pessoas com seus mantimentos e armas e-
gados ao ponto do primeiro rio para onde vão, saem fora delas, e
as levam ás costas por quatro ou cinco léguas dos bosques de mui
maus caminhos, e que aí descarregados vão seguindo a jornada a
entrar em outro rio, que está já em guerra com os inimigos. 1 ar-
tiram. pois, de Piratininga, onde então estavamos esta Quaresma
passada, dizendo o Padre cada dia missa, e prègando-lhes antes de
chegar aos inimigos; tornaram-se a confessar e comungar muitos
deles, fazendo Igreja daqueles bravos e espantosos matos, e com
isto lhes deu Deus Nosso Senhor grande vitória, destruindo o lu
gar, sem escapar mais que um só; sendo-lhes a cousa mais forte que
nté hoje se tem visto nesta terra de inimigos: e bem se pareceu nos
muitos destes Índios que morreram e foram flechados, e dos Portu
gueses, que logo ao entrar os tomaram quasi todos, e mataram tres,
de maneira que só dez ou doze homens, com ajuda da Real Bandei
ra da Cruz que o Padre trazia adeante, animando-os, queimaram e
assolaram o lugar, do qual virão muitos inocentes, que estão já me
tidos no gremio da Santa Igreja pelo batismo.
Enquanto eles andavam em guerra, meu ofício consistia em
ajudá-los com orações públicas e particulares, repartindo a noite de
maneira, que sempre havia oração até de manhã, e acabada a oia-
ção cada um tomava sua disciplina, e o mesmo faziam muitas mu
lheres devotas, e as mestiças fazendo sua disciplina, vigilia, e ora
ção: e ordenou Nosso Senhor que a batalha se désse em dias de sua
paixão, nos quais eram tantos os gemidos, choros, e disciplinas no
fim dos oficios, de joelhos, assim os de casa como os de fora, que
Ioda a Igreja era uma voz de pranto que não podia deixar de pene
trar os Céus, e mover ao Senhor a ter misericordia de nós outos,
tendo padecido assás trabalho dos homens que cansaram pelos ca
minhos desertos.
172
X II. — CARTA D E S. V IC E N T E (1561)
174
X II. — CARTA DE 8 . V IC E N T E (1561)
NOTAS
Teixeira de Melo.
(190) Dia 25.
S L r
cliainou Tabatagoer»
zn
(liojc .Tabat,»fç..c™ .
sa rp a rasSãoã Vi-“
cominho que do alto do espigão e n . ]< < p-uilo no tempo de Anehie-
página 127).
(192) Santos.
/ 1 ()o\ Ttanhaen distante de São Vicente « léguas. — De itá-nhuen, ba-
,-i, de nietiii, panda de ferro (T . Sannp.ro, O <>„«
na geogv. nac-, 6a ed.).
cam aristas de Sao \ íctnie, ua ... •„„„ .-i., af.ârdo com os camaris-
provisão, sob pena de elegerem quem u s« ^ ‘ im ediatam ente eleito Pedro
tas do Santos. Nao a exibiu Moraes B a n tio sei o 0„ 8ua donata-
i
ta ia de ò . y-uente, ua, 1 80-7^
B. Calixto, Capitanias Paulistas, S . Paulo, l í - C p . ‘) ■
175
JO S E P H DE A N C H IET A
^ í
p a ra São Paulo o pelourinho, que P
SKt
Santo André, v. F re i Gaspar
prováveis motivos deterrnm antes da ' {N é das bandeiras, 2» ed.,
< * * .« < * . * « •
Vicente, p . 49-54) .
(196) P adro Manuel de P aiv a (v. nota 17 e F r a g . H i s t . ) .
(197) Gregorio Serrão (v. nota 23 e F r a g . H i s t . ) .
(198) 29 de janeiro. Sobre M ateus Nogueira, v . nota 29.
n Q oi um dos exercícios a que se submetiam os irmãos da Companhia de
J „ „ » era o de ae recolherem a - lag ar M a d o , ond,’ a a“ W
errados, sob a direção de um padre (B . Teles, o. c ., r, P- )
m andada construir por Nobrega serviria para esse fim.
XIII
Ao G e r a l D io g o L a i n e z , d e P i r a t i n i n g a , M a r ç o d e 1562, r e c e b i d a
em L i s b o a a 20 d e S e te m b ro do d ito a n o (200).
I-^ a x Christi.
O ano passado de 61, no mês de Julho, se escreveu larga-
mente por a segunda via em êste mesmo navio, havendo já sido a
primeira enviada por outro antes, mas esse não pôde chegar pelos
ventos contrarios, e por isso tornou a arribar (201). O que depois
acresceu escreverei brevemente, mais por cumprir com o manda
mento da santa obediência do que por haver cousa digna de ser
escrita.
Nossa conversação com os proximos é a costumada: ocupamo-
nos na doutrina das cousas da fé e mandamentos de Deus com as
mulheres dos Cristãos, e seus escravos e escravas, nestes lugares em
que dispargidos sempre se colhe algum fruto pela bondade do Se
nhor, assim em apartá-los de pecados, como em algum pouco sua
grande dureza em o conhecimento de Deus nosso Creador e Senhor,
e ajudando-os a bem morrer, para o qual comumente somos chama
dos, assim para os brancos como para seus escravos, aos quais é ne
cessário acudir a diversos lugares, por mar e por terra, onde fazem
suas habitações. Em o qual ás vezes o trabalho é grande, que se do
bra com a pouca consolação que se recebe do pouco fruto que dao
campos lavrados com tantos suores. Mas basta-nos salvar uma so
177
12
JOSEPH DE ANCHIETA
17 8
X III. CARTA DE P I R A T IN IXGA (1Õ62)
, ' n o s s o Qanhor
mial nos guardara bennor, se
sc V. R. P. com continuos
. . sacri-
-p
f “ ios e orações, assim proprias como de todos nos*>s cansarmos P a
dres e Irmãos, rogarem por nós outros minimos Mhos da Comp*
r , e creia dúvida se alguns são necessitados, mendigos somos
nós outros, eom o qual bem creio haverá dado Nosso Senhor a sen-
lir mui de verdade em sua ajuda a V . R . P-
Não se oferece outro ao presente. Christo Salus R ostra
nos dê sua mui copiosa graça para perfeitamente conhecer e cnm-
prir sua santissima vontade. . „ v.
Desta casa de S. Paulo de Piratimnga da Capitania de S.
rente, desde o mês de Julho de 61 até o mês de Março de 62.
Mínimo da Companhia de Jesus.
NOTAS
180
XTV
Ao S ão V i c e n t e ,
G e r a l D io g o L a i n e z , d e a 16 de A b ril
de 1563 (205,).
1-^AX Christi.
Um ano ha, e passa, que se escreveu clesta Capitania pelo
mês de Março de 1562 a V. P ., do que fazem os Irmãos em seus mi
nistérios em serviço de Nosso Senhor e socorro destas almas; resta
dar conta do que mais sucedeu, segundo manda a santa obediência.
Nas cartas passadas fiz menção de que ficavamos na casa de
S. Paulo de Piratininga com alguns estudantes nossos, e forastei
ros, ocupando-nos em ensiná-los, e na doutrina dos índios, junta
mente com os escravos dos Cristãos, em nossos costumados ministé
rios espirituais, instruindo e preparando para o batismo os que nao
são batizados, confessando os que são, e ajudando-os em suas enfer
midades corporais, curando-os, sangrando-os e acudindo-os, maximè
no tempo de morrer, para que consigam o fim de sua creaçao; e
nisto nos ocupamos esperando sempre os embates dos inimigos, de
uma parte dos contrários destes com quem vivemos (206), e de ou
tra dos nossos mesmos (207, que estão espavoridos pelo interior da
terra, como muitas vezes tenho escrito; e dêstes nossos temíamos
mais por serem ladrões de casa, e haver muitos anos que nos tem
181
JO S E P H D E A N C H IET A
18 2
X IV . — CARTA DE S. V ICEN TE (1563)
183
JO S E P H D E A N C H IET A
184
X IV . _ CAKTA DE S. V IC E N TE (1563)
185
J 0 8 E P H DE ANCHIETA
Esta guerra foi causa de muito bem para os nossos antigos dis-
ripulos» os quais são agora forçados pela necessidade a deixar todas
as suas habitações em que se liariam esparzido, e reco ere“ ' ^ °
a Piratininga, que eles mesmos cercaram agora de novo com
I ™ (213) e está segura de todo o embate, e desta maneira po-
ser ensinados nas cousas da fé, como agora se faz havendo com
tínua doutrina, de dia ás mulheres, e de noite aos homens. , ue
concorrem quasi todos, havendo um alcaide que os obriga a entrar
„” at tem-se já batizado e casado alguns deles, e prossegu -se
a mesma obra com esperança de maior fruto;
para onde se apartem, sendo inimizados eom os seus. e estando
p " u n to s de nós eomo agora eslão. não .....cm deixar de tomar ms
costumes e vida f r i s . f i . « « » - » .........................UW>' « " • » “
começado. Pareee-nos agora que estão as porias abertas nesta Ca
pitania para « conversão (los (ientios. se Deus Nosso Senhor quiser
dar maneira eom que sejam postos debaixo de J»go. porque P
êst,........ de gente não ha melhor progaeao do que espada e
ú,. ferro qual mais ....... ue em nenhuma outra <• neeessano que
se cumpra o - rompcHo M r m r f>U>. Vivemos agora nesta es
perança. ainda que postos em perigo, por estar toda a len a levan
tad a; e como são ladrões de casa. era cada dia vêm assaltar-nos pelas
fazendas e caminhos. Kntre outros hens, que „ Divina Bondade sou
be tirar desta guerra, foi um, que se batizaram e ajudaram a bem
morrer alguns escravos dos Portugueses, que destas povoaçoes ma
ritimas nos vieram (lar soeôrro. mas já depois de acabada a conten
do. OS quais enfermaram de graves febres (215), e acudindo a os
sangrar achacamos uns que tinham nome somente de Cristãos sem
o ser. por grande descuido de seus senhores; outros que em toe.a a
sua vida nunca haviam sido confessados, nem ensinados nas cousas
que haviam de crer e obrar, c assim teriam morrido, se por estes
meios não lhes procurasse Deus a sua salvação, levando-os a P.rati-
ninga. onde. pela graça do Senhor, têm os Irmãos grande vigilamus
sobre, estas cousas. . . . w
Também dos índios, que por fôrea haviam sido levados «
seus. regressaram alguns para nós, e parece de muitos que nao vi
nham mais que a buscar sua salvação, porque dentro de poucos dias
18 6
XIV. _ CATRTA D E S. V IC E N TE (1363)
187
JO S E P H DE A N CH IETA
■ :r, r ;
I
como em outros lugares maritimos, ocorrendo * ™ ™he / gam
tee segundo as necessidades T o t o g a aos Portu-
fnito- precando também o la d re Manuel ü , -
i S : = — ‘-tz:z:Tz:rj‘z
d0MN ^ a quaresma se tem socorrido a Vila de Santos. m i a P™ -
-" f - r :
noite se ocupavam em confissões, tom lo-se doutrma de “ “ “
de tarde a todos os homens e mulheres, quantos vinham. ■
'em espè;.ia, aos escravos. Logo que souberam que oramos chegados
„ ra os ensinar e confessar, concorreu grande multidão deles d
íaTndas com grandes desejos de eonfessar-se. E . melhor e, que
como não sabem usar de muitas eortezias, nem haver respei o m i
que á sua devoção, pouco se lhes dá se estamos cançados, se temos
necessidade de sono ou não; e assim se confessaram muitos deles^oa
quinze dias que ali estivemos, com murto proveito de suas almas
e como não tenham tantos embaraços, nem curem de mais que cie
servir a seus senhores, alguns deles já casados, guardando bem ■
ti mando muito as leis do matrimonio, outros solteiros vencendo.mui
tos encontros de tentações de diabos encarnados, e dando muito ore
dito ao que lhes ensinamos, não duvido de antepo-los a seus sen
r quais comumente eada vez, mais se embaraçam com diversos
generos de impedimentos, com o que não podem, nem q u -em ad
mitir o remedio que sc inclinam a dar-lhes os da C ompanhia, .-
188
X I X . — CARTA DE S. V ICEN TE (1563)
189
JO S E P H D E A N CH IETA
velhice, por ter já perdido o vêr e ouvir, e seus membros todos pou
co mais que os ossos cobertos com pele muito enrugada; mas
contrário, que. o que a muita idade lhe negava, supria nele a gram
de vontade e desejo que tinha de ser Cnstao, max.me depots que
lhe demos » entender quanto via nele. e de tal manetra tomou o que
lhe ensinávamos, que não me recordo, entre muitos que se tem ms-
truido pequenos e grandes, ter achado tal disposição e prontidão
como neste velho. Dando-lhe pois a primeira l.çao de ser um so
Deus todo poderoso, que criou todas as cousas, etc.. logo se lhe im
primi,, na memoria, dizendo que lhe rogava muitas vezes que enas
se os mantimentos para a sustentação de todos, mas que pensava
one os trovões eram este Deus; porém agora que sahia haver outio
Deus verdadeiro sôbre todas as cousas, que a ele rogaria chaman
do-o Deus pai e Deus filho; por que dos nomes da «anta 1rindade
êstes dois somente pôde tomar, pela razão de que se podem dizer
em sua lingua; mas o Espirito Santo, para o qual nunca achamos
vocabulo proprio, nem circunlóquio bastante, ainda que o nao sabia
nomear, sabia-o contudo crêr como nós lhe dizíamos.
Tornei depois a visitá-lo, perguntando-lhe por sua liçao ele a
repetiu toda dizendo, que a maior parte da noite (que por sua mui
ta velhice não pôde dormir) estava pensando e falando comsigo
aquelas cousas, desejando que sua alma fosse para o Céu. Quando
lhe vim a declarar o mistério da Encarnação, mostrou grande es
panto e contentamento de Nossa Senhora parir e ficar virgem, pei-
£ untando algumas particularidades acerca disto (o que é bem alheio
dos outros, que nem sabem duvidar, nem perguntar nada); e fa
lando palavras afetuosas de amor de Nossa Senhora, nunca mais se
olvidou nem do mistério nem do nome da Virgem. O nome de Jesus
teve mais trabalho em reter; e para isso chamava seus filhos e netos,
que também nos rogavam que o batizássemos; uns diziam: "B ati
zai meu avô, para que não vá sua alma ao inferno” ; outros: "B ati
zai meu pai, para que vá sua alma para o Céu” ; e assim cada um
com o que podia o ajudava. O que mais se lhe imprimiu foi o mis
tério da Ressurreição, que ele repetia muitas vezes dizendo: "Deus
verdadeiro é Jesus, que saiu da sepultura e subiu ao Céu, e depois
ha de vir muito irado, a queimar todas as cousas.” Finalmente
19 0
XXV. — CARTA DE S. VI CE NTE (1563)
191
JO S E P H DE ANCHIETA
192
__ CARTA DE S. "VICENTE (1563)
193
13
JOSEPH DE ANCHIETA
194
X IV . — CARTA D E S. V IC E N T E (1563)
cipal. Não se deve escrever TeUreçá, que tem mau sentido” (T . Sampaio, O
tx.pi na geogr. va c ., 3* e d .) .
(210) E n tre os indios sublevados figurava um irmão de Tibiriçá, cujo
filho Jagoanharo procurou sem resultado demover o tio do proposito de de
fender P ira tin in g a (S . de V asc.. o. e ., 1. 2. n . 134). Êsse principal, irmão
de Tibiriçá, é chamado Araraig por S . de Vasconcelos (1. c .) , Ururay por
Machado d ’Oliveira ( Quadro H is t., p . 60), Araray por T . Sampaio (conf. no
v. do Cent., p . 135). H a aí. entretanto, segundo João Mendes de Almeida
( “ Rev. do In st. H ist, de S . P a u lo ”, V II, p . 456), uma. confusão, atribuindo
os autores citados ao principal Piquerobi o nome da sua tab a ( Yruaray, ou
Ururay, ou ainda A ra ra y). Piquerobi, portanto, te ria sido o chefe que co
mandou o ataque contra P ira tin in g a .
(211) 10 de julho.
(212) Este catecumeno foi, segundo S. de Vasconcelos, (o. c ., 1. 2, nu
mero 136) o já citado sobrinho de T ibiriçá, “ chamado por sua valentia J a g o a
nharo, que vem a dizer, o Cão bravo” . T . Sampaio (1. c .) grafa Jagoanharo.
(213) A cêrca, inform a S. de Vasconcelos (o. c ., 1. 2, n. 137), “ a
toda a p ressa” foi feita “ de taip a de mão a modo de m uralha” . N as Atas da
Camara da Vila de S . Paulo (1562-1596, p b l. do Arquivo M unicipal de São
Paulo, I, S. Paulo, 1914), são frequentes as referencias aos “ muros e baluartes”
que fortificavam P ira tin in g a .
(214) E ’ o que o proprio A nchieta já reconhecia em 1->•»4 (v . carta 1 ).
E, como ele, N obrega em 1559 (('art., X X ) .
(215) “ P estilente desinteria de sangue perigoso” , diz S. de Vasconcelos
(o. c .. 1. 2. n . 137).
(216) P ad re Fernão Luiz (S . de V asc., o. c ., 1. 2, n . 138).
(217) Chamado Piririgoá Obyg, segundo S. de Vasconcelos (o. c ., 1. 2,
n . 141), “ todo enrugado, só com a pele sóbre os ossos, com m ostras que fora
antigam ente pintada, e galanteada, indicios de indio proncipal” .
(218) 8 de dezembro.
(219) Os tam oios.
(220) N obrega e Anchieta partiram de São Vicente a 18 de abril, dois
dias depois de escrita esta c a rta.
(221) Em 1562 seguiram p a ra a Baía, em companhia do padre Manuel
de Paiva, os irm ãos Gregorio Serrão, Diogo Jacom e e Manuel de Chaves, que
lá chegaram em setembro e foram logo ordenados pelo bispo d. Pero Leitão
(Cart. A v . , L ) . S. de Vasconcelos (o. c ., 1. 2, n . 127) fixa a data da che
gada á Baía em julho, confundindo-a talvez com a da p artid a de São 5 icente.
195 .
XV
1 9G
XV. — CARTA D E S. V IC E N T E (156õ)
fruto nasce da paciência, para que com tudo seja seu santo nome
glorificado.
Em as letras passadas toquei algo das grandes opressões que
dão a esta terra uns nossos inimigos chamados Tarnuya (Tamoios),
do Rio de Janeiro, levando contínuamente os escravos, mulheres e
filhos dos Cristãos, matando-os e comendo-os. e isto sem cessar, uns
idos, outros vindos por mar e por terra; nem bastam serras e mon
tanhas mui asperas, nem tormentas mui graves, para lhes impedir
seu cruel ofício, sem poder, ou por melhor dizer, sem querer resis-
t ir-lhes, de maneira que parece que a Divina Justiça tem atadas as
mãos aos Portugueses para que não se defendam, e permite que lhes
venham estes castigos, assim por outros seus pecados, como maxime
pelas muitas semrazões que têm feito a esta nação, que dantes eram
nossos amigos, salteando-os, cativando-os muitas vezes com muitas
mentiras e enganos.
Pelo que determinou o Padre Manuel da Nobrega de tratar
pazes com eles, com aprazimento de todos êstes povos, para que al
gum pouco cessassem tantos incursos e opressões, ou ao menos quan
do eles não quisessem, nos deixassem nossa causa justificada deante
de Deus Nosso Senhor, e abrandasse o rigor de sua Justiça, queren
do dar sua vida em sacrificio, entregando-a em mãos de seus inimi
gos, ficando-se com eles em suas terras, mandando também eles cá
alguns das seus em refens e assim tratando-se pouco a pouco até sol
dar a amizade e paz, n t unus aut duo morientur homines pro po
pulo, et non tota cjens periret, esperando daqui também outros fru
tos da conversão dos mesmos ou, em sua falta, ganhar algumas almas
de seus filhos inocentes com a agua do santíssimo batismo, como mais
longamente em as letras passadas hei referido.
Movido pois com tantas e tão justas causas, e confiando em a
virtude de Nosso Senhor Jesus Cristo, que das pedras duras tira
abundantes rios d ’agua, empreendeu êste caminho, determinado de
se partir em dois navios bem aparelhados á terra dos contrarios, e
depois de renovados os vetos á primeira oitava da Pascoa (223) do
ano passado de 1563 (223-a) nos partimos antes (pie os navios, e eu
indo-os esperar a uma fortaleza daqui a quatro léguas chamada beri-
guioca (224), em uma canoa, onde logo começámos a experimentar a
197
JO S E P H D E A N C H IET A
os Padres, a qual em nos vendo nos conheceu e disse aos seus como
o Padre Nobrega era nosso superior e que se confiassem ségura-
mente de nós outros, e desejando eles que saíssemos á terra a ver
seus lugares, para se acabarem de assegurar, saímos e com nós ou
tros oito ou nove Portugueses, ficando muitos dos inimigos nos
navios, já não como refens, mas de sua propria vontade, como em
casa de seus amigos. Chegados á praia pusemo-nos de joelhos dan
do graças a Nosso Senhor e desejando abrir-se já alguma porta, por
cnde entrasse sua graça a esta nação que tanto tempo esta apar
tada dela.
Visitámos ambas as aldeias e. entre eles, eu falando em
voz alta por suas casas como é seu costume, dizendo-lhes que se ale
grassem com a nossa vinda e amizade: que queriamos ficar entre
eles e ensinar-lhes as cousas de Deus, para que ele lhes désse abun
danda de mantimentos, saúde, o vitória de seus inimigos e outras
cousas semelhantes, sem subir mais alto, porque esta geração sem
êste escalão não querem subir ao céu, e a principal razão que os mo
veu a quererem a paz não foi o medo que tivessem aos Cristãos, aos
quais sempre levaram de vencida fazendo-lhes muitos danos, nem
necessidade que tivessem de suas cousas, porque os Franceses que
tratam com eles lhas dão em tanta abundanda, assim roupas, como
ferramentas, arcabuzes e espadas, que as podem os Cristãos comprar
a eles, mas o desejo grande que têm de guerrear com seus inimigos
Tupis, que até agora foram nossos amigos, e pouco ha se levanta
ram contra nós outros (salvo uns poucos de nossos discípulos, como
mais largamente hei referido em outras), dos quais, porque sempre
foram vencidos e maltratados com favor dos Portugueses, queriam
eles agora com o mesmo favor ser vencedores e vingar-se bem deles,
matando e comendo á sua vontade, dizendo que até agora nos ha
viam feito muito mal, com seus saltos contínuos, porque lhes estor
vávamos a passada a seus inimigos. Que deles desejavam vmgar-se,
e não de nós outros, mas daqui em deante não nos lembrássemos
mais das guerras passadas, pois também lhes haviamos morto mui
to dos seus, mas que todo o nosso furor se convertesse contra os
Tupis, que tão sem razão se haviam alevantado contra nos outros,
etc. (229). A primeira e principal condição das pazes foi que eles
19 9
JO S E P H DE A N C H IET A
Cünt Mostraram todos, homens e mulheres, folgar muito com nós ou
tros e assim assentadas todas as cousas, sacámos em terra nosso fato.
Despedindo-se os nossos de nós outros com muitas lagrimas como
que nos deixavam entre dentes de lobos famintos, e na verdade a
todos os Cristãos desta costa e ainda a nossos Padres, que con ecem
esta brava e carniceira nação, cujas queixadas ainda estão cheias de
carne dos Portugueses, pareceu isto não só grande façanha, mas qua
si temeridade, sendo esta gente de maneira que cada um faz lei para
si e não dá nada pelos pactos e contratos que fazem os outros. Mas
nós outros em terra, ordenou a Divina Providência que se metessem
doze mancebos das duas aldeias em um navio como refens, sem nos
outros esperar que fossem tantos, os quais partidos logo ao outro dia
vieram a estas vilas, e foram mui bem tratados dos Cristãos, e em o
outro navio se meteram cinco dos mais estimados, e se foram cami
nho do Rio de Janeiro, onde está a maior força dos seus, e o con
trato dos Franceses para acabar as pazes com eles, dando testemu
nho como já ficavamos de assento em suas terras, de cuja viagem
depois referirei.
Nós outros nos ficámos em terra, o Padre Manuel da Nobrega
e eu, e pousámos em casa de um Índio principal que havia muito
tempo que haviam salteado, por engano dos Portugueses com ou
tros muitos, e haviam escapado fugindo do navio, com uns ferros nos
pés, e andando toda a noite, e ainda que tinha razão por isto^de
ter-nos grande odio, determinou de olvidar-se dele e convertê-lo
lodo em amor, mostrando-se como um dos principais autores desta
paz, movido também por palavras de uma índia que tinha em sua
casa, a qual em o mesmo tempo fora salteada e vendida por escra
va contra toda razão e justiça, a qual tinha dado grandes novas de
200
XV. CARTA DE S . V IC E N TE (1565)
nós outros, que uão queríamos eonseutir que os que eram sa teados
fossem cativos, e não queríamos confessar a seu senhor dela,
one a pusesse em sua liberdade, e outras muitas cousas de nossos
costumes e maneira de vida, com que deu algum conhecimento e
crédito de nós outros àqueles índios seus parentes, e ela tinha cui
dado de nos dar de comer e proeurá-lo com muito amor e diligen
cia e ainda de avisar-nos de algumas cousas, se porventura os seus
maquinavam contra nós outros.
Logo começámos a ajuntar os meninos e meninas do lugar,
com os quais também se achegavam algumas mulheres e homens e
lhes c o m e ç á m o s a ensinar as cousas da fé, anunciando Sosso Se
nhor Jesus Cristo àqueles que dele nunca haviam ouvido, e os ra
pazes aprendiam de boa vontade; de maneira que em espaço de uma
semana estavam aptos para receberem o santo batismo, se estive
ram em terra de Cristãos, aos quais em público e em particular
admoestávamos, especialmente que aborrecessem o comer da carne
humana porque não perdessem suas almas no inferno, ao qual vao
todos os comedores dela e que não conhecem a Deus seu Ciead ,
e eles nos prometiam de nunca mais comê-la. mostrando muito sen
timento de ter mortos, sem êste conhecimento, seus antepassados e
sepultados no inferno. O mesmo diziam algumas mulheres em par
ticular. que pareciam folgar mais com nossa doutrina as quais
prometiam que assim o fariam ; aos homens em geral falamos nela,
dizendo-lhes como Deus o defende, e que nós outros nao consentía
mos em Piratimnga aos que ensinávamos que os comessem a cies,
nem outros alguns, mas eles diziam que ainda haviam de comer de
seus contrarios, até que se vingassem bem deles, e que devagai cai
riam em nossos costumes, e na verdade, porque costume em que
eles têm posta sua maior felicidade não se lhes ha de arrancai tao
presto ainda que é certo que ha algumas de suas mulheres que
nunca’ comeram carne humana, nem a comem, antes ao tempo que
se mata algum, e se lhe faz festa no lugar, escondem todos seus
vasos em que comem e bebem, porque não usem deles as outras, e
junto com isto têm outros costumes tão bons naturalmente que pa
recem não haver procedido de nação tão cruel e carniceira.
Os índios nos faziam todo o bom trato possível a sua pobreza
201
JO S E P H DE A N CH IETA
2 02
XV. - CAKTA DE S. V IC E N T E (1565)
203
JO S E P H DE A N C IIIE T A
PftZe Assim que nós outros em terra, cada dia esperávamos por al
guns destes, porque todos vêm aportar àquela fronteira, dos quais
bem criamos que trariam mui boa vontade de nos matar, como sou
bessem (pie estavamos em suas terras, e logo aos e i aio c
garam duas canoas; em uma delas vinha um grande principal da
mesma aldeia em que estavamos. que chamavam Pmdobuçu (-■ ),
que quer dizer "folha grande de palma” ; na outra vinha um ir
mão daquele em cuja casa pousamos, o s quais ainda nao sabiam
de nós outros, e entrando este em casa, como lhe deram conta do
que se passava, dissimulou por então e mandou que lhe desemba
raçassem sua casa, e como estivesse dentro fazendo lavar nosso
fato a-outra casa. chegou um seu genro, que vinha com ele. e ven
do-me dentro não pôde passar da porta, mas antes ali parado com
uma espada na mão, perguntou a seu sogro: “ Quem e este. es-
pondeu-lhe: "O Português” . Disse o outro: “ Português? como
homem que havia achado cousa mui natural para executar seu odio
mortal, que todos nos têm. Eu disse-lhes: "Eu sou vosso amigo,
que hei de estar com vós outros daqui em deante’ . Mas ele mui
indignado e soberbo respondeu: "Não quero sua companhia” e ou
tras cousas asperas; mas não lhe permitiu Deus Nosso Senhor
fazer m al.
Mas como as outros lhes deram conta do que se passava, logo se
assossegaram, maximè Pindobuçú. o qual mostrava grande prazer
das pazes, dizendo que muito tempo havia que as desejava, e que
queria durassem para sempre, praticando com nós outros muitas
cousas, assim das tocantes á paz, como de nossa vida. Nós outros
lhes mostrámos as disciplinas com que se domava a carne, falan
do-lhe também dos jejuns, abstinências e outros remedios que tí
nhamos, e que tudo isto fazíamos por não ofender a Deus, que
manda o contrário; e ele replicou: “ E Deus que lhes ha de fazer?
Por que tendes medo dele?” Então lhe falámos do inferno e glória,
etc do que ele ficou maravilhado, e tendo-nos grande crédito,
2 Od
XV. CARTA DE S . V IC E N TE (1565)
porque nossa vida era tão apartada da dos homens, e que nao tra
távamos senão em cousas de Deus e de bons costumes, e logo come
çou a pôr por obra o crédito que nos tinha, porque ao tempo que
entrou o outro em a casa de seu irmão, em que pousávamos, e ti
rando nós outros dela nosso fato, não nos podendo empecer em ou
tra cousa, escondeu a campainha com que ehamavamos a doutrina,
e nunca a quis descobrir, ainda que a foram buscar muitas vezes,
até que sendo informado disto o Pindobuçú. começou a pregar por
as casas, que descobrissem logo a campainha, e não fizessem cousa
por onde lhes viesse algum mal, dizendo: “ Se nós outros temos
medo de nossos feiticeiros, quanto mais o devemos de ter dos pa
dres, que devem ser santos verdadeiros, e teriam poder para nos
fazer vir camaras de sangue, tosse, dor de cabeça,” das quais pa
lavras o outro ficou tão espantado, que logo descobriu que ele ti
nha a campainha.
\o s 27 de Maio começaram a vir os que tinham a guerra jun
ta. e o primeiro foi um principal (232), com dez canoas de gente,
o qual já sabia a nova de nossa saida e logo determinou de nos
tomar e matar, e que os que eram vindos em refens ficariam en
tregues com nós outros, e isto por ser grande inimigo dos Portu
g eses por causa dos Franceses, de quem é grande amigo, e tem
a um deles por genro amancebado com uma sua filha, de que tem
uma neta, e este seu genro ficava atrás com quatro canoas, que
também vinham á guerra a nós outros, e ordenando assim a Di
vina Providência, encontrou com um navio que ia tratar as pazes
ao Rio de Janeiro, de que era capitão José Adorno (233), tio ^e
nosso irmão Francisco Adorno, e sabendo que não era Português
entrou no navio abraçando-o e mostrando muito contentamento
das pazes, e deu aviso de como os índios que vinham com ele deter
minavam de tomá-los ás mãos, e matá-los, aos quais ele ja tinha ti
rado de seu mau proposito e dali se tornou levando cartas do ca
pitão aos Franceses moradores do Rio, em que lhes pedia dessem
favor para o cumprimento da paz que se tratava, e o mesmo acon
selhou a José Adorno que se tornasse, porque se fosse adeante pu
nha-se em grande perigo de ser morto com todos os seus, e mandou
dizer a seu sogro por um índio seu irmão, que ia em o navio, que
205
JO S E P H D E A N C H IET A
206
XV. — CARTA D E S. V IC E N TE (1565)
20 7
JO S E P H DE A N CH IETA
208
XY. — CARTA DE S. V IC EN TE (1565)
20 9
14
JO S E P H DE A N CH IETA
is sTi
une até que passassem os da canoa, os quais esta^
i— .-^
J
212
XV. — CARTA D E S. V IC E N TE (1565)
213
JO S E P H DE A N C H IET A
dos Portugueses que era dos do Rio de Janeiro, que havia poueos
dias que de cá fugira, e ele o havia morto e então mandou a uma
de sua» mulheres que tirasse uma canela da perna que tinha guar
dada de que sóem laser flautas. Os outros vendo-a disseram:
"Pois tu o mataste e comeste, comamos nós outros também , e pe
dindo farinha, um por uma banda e outro por outra, começaram
a roer em ela como perros: assim toda a cousa passou em testa e
ficaram grandes amigos. Desta maneira lhes falavam também os
ou,ms em nosso favor, mas tudo aproveitara pouco se nao tivéra
mos outro maior guardador, porque é esta uma gente tao ma. bes
tial e carniceira, que só por tomar um nome novo ou «ngar-se de
alguma cousa passada, não tivera em conta qualquer mancebo so-
pe rho matar-nos, como é certo tinham mudos boa vontade de o
fazer, rnaximé sabendo que por isso não havia de ser enforcado,
e que todo o castigo passaria com dizer-lhes os outros: “ E s um
Para prova do qual ó de saber que nêste mesmo tempo
os ,1,, campo deram pela serra em uma fazenda de um homem, o
qual, ainda que tínhamos mandado aviso por cartas, nao sc quis
guardar, parecendo-lhe que. como soubessem que estavam muitos
dos seus entre nós outros, já não lhe fariam mal; mas eles, nao
curando de nada, ainda que lhes disseram que tinhamos já feitas
pazes, lhe puseram fogo á casa e a queimaram e mataram a cie
e á sua mulher e fizeram logo em pedaços, e outra mulher meio
queimada e ferida levaram viva e em sua aldeia a mataram com
grandes festas e vinhos e cantares e junto com ela algumas es-
cravas.
Depois disto, aos 20 de Junho, sendo já idos de cá os Tamu-
jos com suas presas, e ficando-se muitos em terra com desejo de
pelejar com seus contrarios, mandou-nos o Capitão um bergantim
para que nos viessemos, parecendo a todos, polo grande c o n t e n t a
mento que eles levavam, que já seriam firmes as pazes, e ao dia
que chegou lá o bergantim eram partidas para aqui onze canoas,
em que vinham muitos do Rio e todos da fronteira, salvo dois ou
três principais que ficavam como em nossa defensão com alguns
seus criados, e logo nêste mesmo dia chegaram dez canoas do Rio,
as quais, com a prêsa que estoutras haviam levado, vinham mui
214
XV. — CARTA D E S. V IC E N T E (1565)
215
JO S E P H DE A N CH IETA
217
JO S E P H DE A N C H IETA
218
XV. — CARTA DE S. V IC E N T E (1565)
219
JO S E P H D E A N C H IETA
220
XV. — CABTA DE S . V IC E N T E (1565)
221
JO S E P H DE A N C H IE T A
ooo
XV. — CARTA D E S . V IC E N T E (15G5)
riadeiro mestre dos Cristãos; se lhe fazem algum mal, logo nos ha
Deus de destruir a todos” ; e esta era a principal causa que fazia
a este índio procurar tanto por mim, porque temia, e assim pa
rece que o tinha encaixado em o coração, que não tinham mais
vida que enquanto me defendessem e não me permitissem fazer
algum mal, e dizia-me muitas vezes: “ Filho José, não tenhas medo,
que ainda que os teus matem todos os meus parentes, que estão
em tua terra, eu não hei de consentir que te matem porque bem
sei que falas a verdade: se os teus fizeram mal, neles me vingarei”.
Depôis: “ Bem vês como sempre te defendo e falo por ti, por isso
olhe Deus por mim e dê-me longa v id a .” E dizendo-me que em a
outra aldeia queriam matar um contrario, para com ele fazer festa
àqueles do Rio, que ainda não eram idos, determinei eu de ir lá
a ensinar-lhe as cousas de sua salvação e ver se queria sei’ C ris-
tão. e dizendo-o a Pindobuçú, me disse, ainda que mui pesada-
mente. que fôsse, e descendo eu polo monte abaixo, mandou mui
depressa uma de suas mulheres atrás de mim dizendo-me que me
A'olvesse, porque queriam saltear e furtar o contrário enquanto es
tavam ali os do Rio e talvez (pie eles me matassem. Eu estive em
grande dúvida, e temendo ser temeridade ia adeante, depois de
recebido êste aviso que me mandava como cousa certa, todavia,
parecendo-me que aquele contrário estava em extrema necessida
de de ajuda espiritual, porque muitos dos tais em aquele tempo
recebem o batismo com muita fe, me determinei a ir, sentindo que
seria mui bem empregada minha vida pola salvação de um meu
irmão e amigo do Padre Francisco Cardoso (243), o qual ocupa-
se da outra aldeia, onde iam muitos meus amigos, e o perigo só
ser em o caminho, que não era mui longo, enfim, fui; mas pouco
aproveitei, que ele não quis ser Cristão, dizendo-me que os que
nós outros batizavamos não morriam como valentes, e ele queria
morrer morte formosa e mostrar sua valentia, posto em o terreiro
atado com cordas mui longas pola cinta, que três ou quatro man
cebos têm bem estiradas, começou a dizer: “ Matai-me, que bem
tendes de que vos vingar em mim, que eu comi a fulano vosso
pai^a tal vosso irmão, e a tal vosso filho” — fazendo um grande
processo de muitos que havia comido destoutros, com tão grande
2 23
JO S E P H DE A N C H IETA
ânimo e festa, que mais parecia ele que estava para matar os ou
tros que para ser morto; entanto que não o podendo mais sotrer,
não esperando 'que seu senhor lhe quebrasse a cabeça com sua es
pada pintada, saltaram muitos com ele, e a estocadas, cutiladas e
pedradas o mataram, e estimou ele mais esta valentia que a sal
vação de sua alma. T
Tornarei agora aos nossos, os quais depois da fugida dos ín
dios, ficaram com grande tristeza, maximè o Padre Nobrega, que
houvera de chegar a ponto de morte sem nenhuma consolação por
haver me deixado só entre os inimigos, principalmente porque nao
havia de ser companheiro de minha morte, a qual ele e todos os
Cristãos tinham por certo que me haviam de dar os índios como
chegassem a suas terras; mas consolou-os Nosso Senhor com a vin
da de Cunhambeba, o qual, como acima liei dito, achando-se au
sentado por haver fugido, se tornou da fortaleza da Beriquioea e
se partiu logo com o Padre Nobrega á fronteira de Goiace (Goiaz),
para fazer a liga com nossos Tupis, que se haviam posto de nossa
parte contra os seus, os quais estavam com grande medo pensando
que os queriam dar a Cunhambeba para confirmar as pazes, e o
Cunhambeba com os seus pensavam que o queriam entregar aos ou
tros, e assim em ambas as partes andava um mesmo temor. Mas o
Padre Nobrega os fez ajuntar a todos na igreja onde se falaram e
abraçaram e ficaram grandes amigos (244). Logo no dia seguinte
chegou grande multidão dos Tupis inimigos sobre a vila, aos quais
sairam ao encontro os índios seus parentes com seus novos amigos
e alguns mancebos mestiços, e pelejaram todo aquele dia, sem lhes
deixar passar o rio, antes flechando muitos deles os fizeram fugir,
e não lhes foram ao alcance por ser muita gente, e os nossos mui
poucos, e depois indo o Cunhambeba com alguns mancebos dos seus
e dos Tupis a correr a praia, tomou um, com a qual presa determi
nou de tornar-se logo a dar certa informação do que passava e pa
cificar os que haviam fugido, que cada dia esperavam por nova cer
ta, mas não havendo oportunidade para logo partir-se, mandou os
mais dos seus a Piratininga, onde também se esperava por guerra,
aonde depois vieram mais de 300 dos Tamújos moradores no cam
po, em um rio, mui nomeado, chamado Paraíba, cujo Capitão era
224
XV. — CARTA D E S. V IC E N T E (1565)
225
15
JO S E P H DE A N C H IE T A
2 26
XY. — CARTA D E S. V IC E N T E (1565)
227
J O S E r i l D E A N C H IET A
-rs.:i; irr r —
bosques, com que o cuiasse, . buscando-lhe de comer
2 28
XV. CARTA D E S . V IC E N T E (1585)
229
JO S E P H DE A N CH IETA
1'ineo d\as" vein ali um Índio dos do Rio, o qual vendo, o Pindo-
luu-ú queria vir e não tinha em que, movido com a boa nova deter-
” trazê-lo cm nma sua barca, grande c ligeira^ que ba
haviam dado os Franceses, com sua vela e remos. EnUo mstm
muit0 com Pindobuçú c com todos que o trouxessem, que bastara
ficar lá ....... . era o que tratava as pazes, fazendo conta que . os
so Senhor moveria a Cnhambeba, que havrn logo de vir que me
trouxesse. .......ando não. que cada dia se me acrescentaria a coroa
a pacieneia. resignando-me pendente em as maos do Soi
sire ad vil(ini swe ad nwrton.
\eabei pola bondade de Deus que o trouxessem, ainda que
com muito trabalho. ....que as mulheres, pensando que eu também
me vinha, começaram a entristecer.se. dizendo que não ll.es t.cava
lá Uinguem em trôco de seus maridos, que cá eram vindos, em quem
se pudessem vingar, se algo lhes acontecesse, mas assegurando-as
disso o fiz embarcar com seu resgate aos 5 de Setembro, ficando-me
eu só em terra, os .piais partidos, vieram a metade do caminho com
nruito Irabalho. com ser o vento contrário e haver-se-lhe quebrado o
leme, e faltar-lhes já o mantimento, de maneira que se quiseram
tornar, mas o Pindobuçú não o consentiu e o pobre de meu compa
nheiro confiado em Nosso Senhor: "Não vos torneis, que amanha
nos ha Deus de dar bom vento com que cheguemos á minha terra ,
e concertando o leme o melhor que pôde, meteu-se só dentro da bar
ra. encomendando-se de coração á Nossa Senhora e rezando seu ro
sario. sem dormir até á meia-noite, em que, vindo o vento da terra,
chamou os Índios, os quais embarcados, vieram quasi meio caminho,
ate o golfo, e sendo já passada boa parte do dia encalmou-lhes o
vento, de que eles ficaram esmorecidos, vendo-se tão longe de terra,
vendo-se sem vento e sem ter que comer nem beber; mas meu com
panheiro lhes mandou levantar hem a vela até á ponta do masta-
réu. dizendo-lhes que logo lhes havia Deus de mandar outro vento
2 30
XV. — CAUTA DE S. V IC E N T E (1565)
231
JO S E P H HE A N CH IETA
233
JO SE PH DE ANCHIETA
E r - — = - r s : “ “ ■ ;= =
............. t.r .odes us caminhos abertos. ) » » todas as t a r d a s o
Cristão» win nada II.™ poder resistir, porque sao como t y e t q
U dão aqui. agor;..... i e to,™, con, a „rèsa en, o s e n e , e e ^
mesmos .... avisavam que não no» f,assemos tios do Rn, , Jane
....-que estão mui soberbo» com a» muitas cousas que lhes dao os
F r a n c e s e s ; agora são todos tornados a suas terras e nem qi
bem á sua natureza cruel, amiga da guerra e innntga de toda paz,
....... rrimeira vinda que fizerem será a roubar o matar como soem.
Nôsir mesmo tempo eslavam êstes meus amigos de Iperuig que
antes de mim eram vindos e outros muitos do Rio em Piratmmga,
(»n«le assim dos P o r t u g u e s e s eo.no «los Tupis discipulos nossos eram
mui hem trotados, e dali os levaram ao Pampo bem longe a uma
guerra onde tomaram alguns dos Tupis inimigos; mas sabendo de
minha vinda idearam mui amedrontados, pensando que somos como
dos mas logo p e r d e r a m o medo. vendo que da mesma maneira eram
trai ados, eomo «piando eu estava em sua terra, e esta foi a principal
cjuisa porque o Padre Xohrega me mandou vir dentre eles. para que
vendo que eram tão bem tratados, sem ter algum penhor em sua
terra, acabassem de crer nossa verdade e se assegurassem e soldas
sem de todo. Todavia cmnecaram logo de andar mais quietos o mais
atentos polas casas dos Cristãos, e mm isto ainda lhes sofriam e dis
s i m u l a v a m muitas cousas, porque pudesse o (íovernador, por quem
esperávamos, povoar o Rio de .Janeiro em paz. Baste para conhecer
csia gente saber que sem estar nenhum de nós outros em suas terras,
andam eles em a nossa mui seguros e á sua vontade, e ainda que
deles estejam muitos entre nós outros, não póde um só dos nossos
pndar seguro em suas terras, porque, se não têm cá pai, filho ou
irmão, ou cousa que lhes doa muito, tanto caso fazem de haver mui
tos eomo poucos, e ê cousa certa que para ser um principal basta
ter uma canôa de seu em que se ajuntem doze ou quinze mancebos,
com que possa vir a roubar e saltear, de onde parece quão particular
234
XV. — CARTA DE S. V IC E N T E (1ÕG5)
cuidado teve Nosso Senhor o tempo que entre eles estivemos de nos
conservar a vida. Glória seja a seu santo nome.
Dos do Rio já quasi tinhamos o desengano que não queriam
pazes, porque tinhamos certa notícia que eu havia mui bem alcan
çado em Iperuig dos mesmos índios que tinham cerca de 200 ca
noas juntas, com as quais determinavam com êste título de pazes
entrar em nossas vilas, que já muitos deles tinham mui bem mi
radas, e pôr tudo a fogo e a sangue, se pudessem, e ainda que isto
não se soubera por outra via, suas obras o estavam pregoando, por
que, ultra deles virem sempre com proposito e vontade de nos matar
enquanto estivemos entre eles, em Iperuig, depois de eu vindo, es
tando cá muitos deles, vieram outros por duas vezes e saltearam,
levaram e comeram alguns escravos, depois vinham umas quarenta
ou mais canoas, para começar a efetuar sua vontade, mas não che
garam cá mais de dez ou onze. os quais logo descobriram que vinham
com determinação de tomar um dos lugares do campo, de nossos dis
cipulos, o qual sabido pareceu bem ao Padre Nobrega,^ e assim o
disse ao Capitão e Regedores da terra em conselho que sobre isso se
fez. que se retivessem os principais daqueles, que eram senhores
das mulheres e filhas dos Cristãos, que lá tinham cativas, e haviam
morto e comido um rapaz Português depois das pazes, porque estes
retidos. OU de grado ou contra sua vontade, fazendo-se-lhes todo o
bom tratamento, não só se houveram as mulheres cativas, mas lo
ram grande parte para.se povoar o Rio em paz. Êste conselho na o
pareceu bem, e eles, ou sentindo-o ou temendo-o, se volveram logo
quasi fugindo e fizeram volver as mais canoas que vinham; dali a
bons dias, depois de longa dissimulação, vieram outras sete canoas
dizendo que nos vinham ajuclar, os quais foram recebidos de paz em
a fortaleza de Beriquioca, e eles dentro, vendo bôa ocasião, toma
ram ás mãos quantos puderam, e atados os levaram, dois deles eram
mestiços, um homem e um menino, os mais eram escravos; ao guar
da da fortaleza tiveram aferrado, mas quis Deus que teve um mon-
lante ás mãos e fez tal estrago neles que se dava por satisfeito dos
escravos que lhe haviam tomado; ali ficaram alguns mortos, mui
tos foram mui mal feridos e deles morreram no caminho; contudo,
ele ficou ferido de uma flecha de que agora está tolhido com uma
2 35
JO S E P H D E ANCHIETA
e e s --
cios seus fi/erem. i /ocn\ nup ps-
Estando a cousa nestes termos chegou a am ada ( ) 1
peravamos da Baía, a qual vindo-se ao Hio de J a n e ir o o ehtda
dos contrários como amigos, logo ao principio, mas ent.etanto
tava-se ajuntando a gente das aldeias, a qual junta 'com quam cem
canoas, acometeram uma náu e um barco, que vtnham p ta a e
puseram-os em tanto aperto que, se não foram as grandes end
cue faziam, houveram-os de tomar, porque 4 náu romperam por
partes com machados junto á agua, dando-lhes para isto fato e
ardis os Franceses que vinham com eles misturados, e mataram nl-
guns homens c flecharam muitos. Ao barco, depois da gente
mal ferida aeolher-se á náu, lhe puseram as maos em um bordo para
entrar a lhe despojar, mas eram tantos que o trabucaram c meteram
„o fundo; mas dos inimigos foram muitos mortos, fendo» e quei
mado» com polvora, e assim se houveram de ir. e a nau se tem seu
can.... .... também outro dia mataram oito homens o fenram todos
OS mais que tomaram em uma barquinha que se desmandou, e se
não tires íôra socorro mui depressa, todos es levavam para « m » .
O capitão-mór da armada, logo que chegou ao Eto mandou ca
lim navio pequeno em que fosse o Padre Nobrega. para com o seu
conselho assentar o que havia de fazer, em o qual nos embarcamos
o Padre e eu com alguma gente, aos 111 de Março, e de eamm o
fomos a visitar nossos antigos hospedes de íperuig, como lhes havia
prometido que havia de tornar quando me vim, os quais nos vie
ram a ver ao navio e me trouxeram os livros e tudo o mais que es
havia deixado em guarda e algum refresco. Partimos, donde chega
mos ao Rio á sexta-feira santa (251). e entrámos pola barra bem a
meia-noite com grande escuridfro c tormenta de vento, e estivemos
meio perdidos todos nós outros dentro do porto « lançada ancora
não vimos os navios dos nossos, e mandando logo á terra a uma ilhe
ta (252) que foi dos Franceses, acharam todas as casas onde os nos-
XV. _ CARTA D E S. V IC E N T E (1565)
2 37
JO S E P H DE ANCHIETA
238
XV. — CARTA DE S. VICENTE (1565)
239
JO S E P H D E A N CH IETA
estava em ponto de morte, sem saber seus pais que lhe fazer, smao
chorar-lhe, o qual, como lhe cortámos com uma tesoura toda aque
corrupção dos pis, e os deixámos esfolados, logo começou a se dar
b( m c cobrou a saúde.
B ' gente miserável, que em semelhantes enfermidades nem sa
bem nem têm com que se curem, e assim todos confugem a nos ou-
tros demandando ajuda, e é necessario socorre-los nao so com as
medicinas, mas ainda muitas vezes com lhes mandar a levar de
mer e a dar-lho por nossas mãos, e não é muito isto em os índios,
que são paupérrimos, os mesmos Portugueses parece que nao sabem
viver sem nós outros, assim em suas enfermidades proprias, como
de seus escravos: cm nós outros têm medicos, boticários e enfermei
ros' nossa casa é botica de todos, poucos momentos esta quieta a
campainha da portaria, uns idos. outros vindos a pedir diversas cou
sas que só o dar recado a lodos não é pouco trabalho, onde nao ha
mais que dois ou três que atendam a isto e a tudo o mais: isto
mesmo é neste Colégio de S. Vicente e finalmente onde quer que
achem os Irmãos, os quais ao presente estão bem dispostos pela
bondade de Deus, ainda que frequentemente são visitados com
várias indisposições. Os devotos continuam suas confissões e CO-
nmnhões cada oito e cada quinze dias,
Nosso.
Muita necessidade tem toda esta terra, que de todas as partes
está cercada com guerras, de ser encomendada a Deus de Vossa Pa
ternidade e de todos os Irmãos, para que a Divina Justiça amanse
um pouco seu furor, e mui maior a temos nós outros, que em todos
éstes encontros havemos de andar em a deanteira para que sine ef
fusione corramos e agrademos a Jesus Nosso Capitão e Senhor, ao
qual praza de nos dar sua graça cumprida, para que sua santa von
tade sintamos e aquela perfeitamente façamos.
Dêste Colégio de Jesus de S. Vicente, em 8 de Janeiro de
1565 anos.
Minimus Socielaiis Jesu.
240
\
XV. CARTA DE S. VICENTE (1565)
NOTAS
(223) 18 de abril.
(223-a) D atada de 8 de janeiro de 1565, a carta, bastante longa, foi
iniciada naturalm ente em dezembro de 1564, explicando-se assim a referência
a.o “ ano passado de 3563” .
(224) Bertioga, canal que separa a ilha de Santo Amaro do continente.
M artini Afonso construiu uma trincheira junto â barra, dando assim início ao
fo rte de São Tiago, depois chamado São João da Bertioga e Santo António
Em 1550 edifieou-se o forte de São Felipe (chamado mais tarde S a o L u iz ), do
lado da Armação, na ilha de Santo Amaro, de que foi comandante H ans Sta-
den. Nessa mesma ilha, m ais p a ra o Sul, Andrés Igino levantou em 158 <
forte de Santo Amaro, só concluido em 1590 (v nota_362), e mais tard e c -
inado da B a rra Grande. Sôbre as prim eiras fortificações de Santos v . Alber
to de Sousa (Os Andradas, S. Paulo, 1932, I, p . 175 e s .) . - * X \ 7 h J Z
lciolca escreve H . Staden) vem do tupi piraty-oca, paradeiro das tainhas, po
eer o canal “ um excelente abrigo dos cardum es” desses peixes, segundo T. Sam
paio (nota 39 a I I . Staden, Viagem ao Brasil, pbl. da Academia B rasileira,
p io 1930) — A fortaleza da Bertioga servia de presidio, impondo frequente
mente a Cam ara de São Paulo (Atas, I ) , penas de tantos mil reis e tantos
anos “ de degredo para a fortaleza da Bertyogua .
zoo.-,) D ia 21, diz S. de Vasconcelos (C r o n 1. 3, n. 5 ). Mas tendo
caído a Paseoa em 1563 a 33 de abril e declarando Anchieta que a. partid a de
São Vicente foi na sua prim eira oitava e a estada na Bertioga de cinco dias,
em barcaram os jesuítas efetivam ente a 23 Quem os levou a Jpero.g «n. barco
de sua propriedade, foi, segundo S. de Vasconcelos (1. c . ), Antoiuc' ^ a n c o
(Vida de Nobrega, no v. das Cartas, p . 46), Southey (Eistóna do Vrasü Cr .
de L J . de Oliveira e Castro, Rio, 1862, 1, p. 404) e outros, o genovês I ram
cisco Adorno. E ntretanto, não só o proprio Anchieta, nesta mesma carta, s<
refere mais de um a vez a José Adorno, tio do jesuíta Francisco Adorno e ir
mão do de igual nome indicado pelos autores acima citados, con .
gues ( Vida de Anch., 1. c., p. 204) declara expressamente que a ^ g e m a
Iperoig foi fe ita no navio de “ um homem de muito respeito o virtude, e gran
de amigo dos padres, por nome José Adorno, de nação italiano, da principal
nobreza de Genova, tio do nosso padre Francisco Adorno, o qual estudou o cur
so “ artes e teologia, no Colégio de Coimbra, e depois veiu a ser Provincial
da Provincia de Genova” .
(226) 1 de maio.
(227) Iperoig, aldeia do principal Caoquira, entre São Sebastião c m ,a-
tu ba a 155 km s. mais ou menos a Nordeste de Santos. — Iperoig, corr.
ypirú-yg, o rio ou agua do tubarão. ( . . . ) Pode proceder também de ipero-yç,
que se traduz - rio das perobas” (T . Sampaio, O tupi na geogr. nac., 3 td .) .
(228) 6 de maio.
JOSEPH DE ANCHIETA
1878, p. 181-2).
( ‘>32) Aimbiré (S . de V ase., °- 0 > ' *' n ‘ . . T
K h'irea Nobrega e Anchieta viajaram ate Ipe-
(233) José Adorno^em^cuja >< i flllfJ
quatro ro irnlâos
irmãos dessedesse nome,
nome, naturais
naturais
nota 225) ■ José Adorno, um
roig (v. eixos povoadores da Capitania de Sao
de Genova c de sangue nobre, foi dos P ™ 1®1™— ® ^ ,ie ^ Cristóvão
.............„ Monteiro, dei-
Vicente. Casou-se com Catarm n M o n t e ^ i m p l a d o por M artini Afonso
xando numerosa descendencia. Te eden", no dizer de Azevedo Mar-
"coiii uma das maiores sesmaria, q Vicente, engenho de que
ques, fundou o engenho de Rao Joao na ilha ^ s ta d e n . E ’ ele,
foi feitor Heliodoro Eoban, em cuj« elho na idade, como envelhecido em
segundo frei Caspar, o “ homem nao U o lelho na n , certeza antes do
v iS o . ........lime", quo " i ™ rour oudldo pur Leonardo Nunes afim
seu casamento com Catarina Monteiro, P “ cnl <)Ue vivia, com muitos
de que “ largasse a nu. ocaaiao de p tas i a d e n tro ,^ 1 ^ fílho> A rrepen.
filhos” . tentou agredir o padre, nr - Pqual d o então em deante pres-
dido, tomou-se grande amigo da p M;’BCricordia de Santos quando, a 2o
tou relevantes serviços. Era pro e • ; Rolés na devassa aberta
do abril de 1560, depôs sôbre as » Put° f « ^ ( P r o c . de João
pch. vigário G o n ^ o Montmro, a requeri ^ .m0H depois da viagem a ípe-
<h Iiolé8\ An EaTació de Rá p a ra o Rio de Janeiro, onde com Pero
roip setfuiu na armada ac r^sia \ a .. i0Vantada pelos por-
M i í t ta í Namorado construi» »m ,« * . d o » t r J o a rt, « .
o recebeu em ^ « - — «*•
oritft a Richard Btaper por John \Mutl all, 1 . um nílvio que chegou a
dc José Adorno, cinco comerciou com os moradores, sem que as
Santos a 3 do fevereiro dc 1_ ro do 1- s:1> quando Edward Fenton com
autoridades o impedissem. -’ E , - Adorno fez parte da comissão en-
dois galeões esteve no porto de Santos José Adorno pa^ A , fl.
vinda a bordo pelas autoridades a im c ^ ^ ^ ^ ingleses. José Adorno e sua
missão, porém, traindo o m * > \ n s s à Senhora da Graça, na vila de
mulher foram os fundadores da ermida de E o s s a « o r a ^ a t ^ ^ nhu
Santos, doada em ^ t^ - n n e n to imposto “ a seus herdeiros, e a
desse nome, tendo Adorno ,mlitas, a obrigação de conservarem
T n T a r S T c S n l m que vai para ela, e mandarem dizer
;i cupola do * ♦ * o a »» ,£ • Gaspar) . Morreu mais que centena-
’V.........< - ', V v ™ ' , £ salvação” : ” Um dolos foi
r,o c. segundo á cern de imias C onfrarias pera seu enterro, e
que. einprestanclo-se-l e 1 ^ p.lgaBBe por pêso o dispêndio; durou o ato
oficio, com cond ç, 1 P seunnc acesa, quando depois veiu ao pêso, nao
242
XV. CARTA DE S. VICENTE (1565)
243
JOSEPH DE ANCHIETA
J\K S SA
franceses do Pio do Janeiro e iniciada a sua povoaçao. Chegados os ga.eocs
algum reforço para o Sul, embarcando
n Baía, Men. do Sá enviou-os logo com
No Espirdo Santo recebeu a frota o
com Estacio o ouvidor Bra/. Fragoso,
auxílio valioso do capitão-mór Belchior de Azevedo e do principal A rariboia.
E em fevereiro de 1364 chegou á altura do Bin de Janeiro.
(251) 31 de março.
(252) Ilh a de Villcgaignon.
C>-,3) “ fistes cadaveres desenterrados c de cabeças partidas eram evi
dent t men e de companheiros de Estacio de Sá, que resistiu quasi dois meses
nT s de se decidir a procurar São Vicente”, observa Capistrano (nota a Var-
nhngcn, o. c ., I, p. 406).
( or)4) A up de marco, portanto, deixou a fro ta pela prim eira vez
de Janeiro, e não em dia’s de abril, quinta-feira santa como diz S. de Vas-
eormelos (o. c .. 1. 3, n . ÕP) e repete Southey (H ist., I, p . 417), mesmo por
que a Pascoa em 1564 caiu a 2 de abril.
(255) 1 de abril.
(256) Essa peste de variola “ ou corrupção pestilente” , como diz S. de
Vasconcelos (o. c ., 1. 3, n. 38), assolou o Brasil inteiro em loC3, sobietudo
a Baía, onde “ tirou a aí da a três partes dos indios’ .
244
XVI
24 5
JOSEPH HE ANCHIETA
246
X V I. CARTA DA BAÍA (1565)
247
JOSEPH DE ANCHIETA
248
X V I. CARTA DA BAÍA (1565)
2 49
JOSEPH HE ANCHIETA
250
XVI. — CARTA DA BAÍA (15ji5)
251
JOSEPH DE ANCHIETA
25 3
JOSEPH DE ANCHIETA
NOTAS
254
X V I. — CARTA DA BAÍA (1565)
255
JO S E P H DE A N C H IETA
p e la t o .... »C die p 50 do — r v s .r r
cava, coin que ficavam cm pa e Bernardo da Cruz, na
«>; f t s “ é3 r - ” ‘â p~ - 1837
\ v Z l 0 e lín ír/d » p. 4 1 0 ). - V. »oU 280.
com os Portugueses . ’
= t , “u‘olinha8
= «antes,v c a rta
. essa dirigida aos
- c i t o n d o - o , o ...... .. - « - » ” * • 1**««-
h(‘h e "se saisscm dentre os selvagens .
c.,
(278) Foi esta cilad a a 10 de março, segundo S. de Vasconcelos (o
1 com.batendo
\ “ l o >
1. :í , n . 78), . os portugueses em ...in
. _................. "d e z. ..iinnüH
canoas com
com duas lane
duas lanchas
de rem o” .
(279) Ancliieta seguiu para a Baía afim de ser aí ordenado F f ^ n w a -
,1 Pedro Leitão. Ao passar pelo Espirito Santo, visitou a casa da Compa
hia e as aldeias indígenas, a mandado de Nobrcga Êste parDu logo de
São Vicente para o Rio de Janeiro com alguns companheiros. N a Ba a. An
.•hicta fez ver u Mem de Sá a necessidade de enviar nova arm ada ao Rio de
Janeiro para consolidar a conquista, arm ada que partiu da cidade do Sa va
dor em novembro de lõtití, nela embarcando o c.anarmo em companhia do go
vernador, provincial Luiz da Grã, visitador Inácio de Azevedo e bispo d. P e
dro Leitão. A chegada ao Rio foi a 18 de janeiro de 15<n .
(•>8U) Estas palavras de Anchieta provam, segundo V arnh. (o. c ., 2*
cd , 1 , nota 1 da p . 304, suprim ida na 4» e d .), que a, cerca construída por
Estacio de Sá estava localizada na praia Vermelha e nao no morro de o
João E ntretanto, a “ opinião em contrário é hoje vigorante , tendo-se por
certo que o sítio em que se iniciou a fundação do Rio de Janeiro foi o istmo
da peninsula de São João, a varzea que demora entre o morro Cara de Lao
e os penedos do Pão de Assucar e U rea” , observa R . Garcia (n o ta a Varnh
1 c., 3* ed. in t., p. 410-1), citando J . Vieira la z e n d a ( Re\ . do In .
H is t/” , LXXX, p . 532-00).
(281) O ataque, de (pie Anchieta só chegou a presencear os prep ara
tivos, se deu nos primeiros dias de junho, feito por 3 naus francesas e
canoas tanioias (S . de V asc., o. c., 1. 3, n. 81).
(282) V. nota 600.
(283) Bois-le-Comte se achava na Europa por esse tempo (Capistrano,
nota 16 a V arnh., o. c., 1, p . 41o).
(283-a ) Ü. Sebastifo, que reinaria ainda durante treze anos.
256
XVII
Ao G e ra l P a d re F ra n c is c o de B o rja , de São V ic e n te ,
a 10 de J u lh o de 1570 (284).
ESUS
257
17
JOSEPH DE ANCHIETA
NOTAS
258
X V II. — CARTA DE S . V IC E N T E (1570)
( 2S6) Adão Gonçalves, m orador em São Vicente, “ dos m ais ricos e po
derosos da t e r r a ” , teve p a rte saliente na tom ada do fo rte dc Coligny em
1560, seguindo depois p a ra a B aía afim de obter de Mem de Sá certidão dos
serviços prestados na lu ta que o habilitasse a “ requerer a el-rei prêmio dêlos” .
Isa B aía, porém, resolveu e n tra r para a Companhia, sendo recebido pelo p ro
vincial Luiz da G rã. Desistiu então de todos os seus haveres em favor dos
jesu itas e confiou seu filho Adão em São Vicente aos cuidados de N obrega.
No Colégio da Baía, a 31 de janeiro de 1501, prestou seu depoimento no auto
de culpas instaurado contra Bolés (v. nota 179). Em 1564, por ocasião da
grande fam in a que assolou a B aía, o j á padre Adão Gonçalves, que com ou
tro s jesu ita s trab alh av a nas aldeias de N ossa Senhora da Assunção e São
Miguel, escapou de ser morto pelos indios, cu ja debandada queria im pedir.
M ais ta rd e residiu no Colégio do Rio de Ja n eiro coin A nchieta. Seu filho
estudou gram ática, foi recebido na Companhia e m orreu na B aía logo depois
do term inar o curso de filosofia, “ com alguns princípios já da teo lo g ia”
(>S. de V asc., o. c ., 1. 2, n . 79-80, e 1. 3, n . 4 0 ). — V . nota 081.
259
JOSEPH ANCHIETA
■ á r x s j.
IhO. 131 e 132-5).
26 0
XVIII
J esu sMaria.
Jesu Cristo verdadeira luz, que alumia a todo homem
existente neste mundo, alumie vosso coração pera que assista sobre
vós sua divina luz, e vos guie pelo caminho direito, até chegardes
ao monte de sua santificação, monte cheio, e fértil, aonde vos far
teis naqueles peitos de toda consolação. Que cousa é o homem, que
assi é engrandecido do Senhor? Ontem ereis de menor idade, falá
veis como um menino, tínheis pensamentos pueris, porém agora
estais feito varão, Sacerdote do altíssimo Deus, oferecendo pão e
vinho.
Mas que pão é este? Pão dos Anjos, verdadeiro manjar, que
comem os pobres, e ficam fartos, pão vivo que desceu do Céu para
encher de todas os bens aos que dele têm fome. Quem come êste
pão tem vida pera sempre, pão celeste que em si tem todas as de
lícias do gosto, e toda a sua suavidade do sabor.
E que vinho é êste, vinho bom, com ele se nos deu um lava
tório a nossas culpas, reconciliando-nos com o Eterno Pai, alim-
pando-nos as máculas da filha de Sião; per ele entrou o mesmo
Cristo na S a n c t a s a n c t o r u m , ganhando a eterna rendenção pera
nós, que estavamos em prisões de pobresa, e ferro; com ele sopeou
as potências do Inferno, quebrou o arco, despedaçou o escudo, a
espada desfez a guerra, pondo tudo em paz, assi no Céu como na
terra.
Eis aqui, Padre, quanto vos quis o Senhor engrandecer; ad-
JOSEPH DE ANCHIETA
262
XVIII. — CARTA DE ( )
NOTA
I esus.
** P az C hristi vobis.
Todo o tempo que residi em S. Vicente (296) procurei de so
correr a casa de V. M. com os ministérios de nossa Companhia,
como também agora fazem os Padres que lá estão. Resido agora
nesta cidade da Baía porque me deitaram ás costas o cargo de Pro
vincial, mas, para Outubro, espero lá volver a visitar aquela terra,
com a graça de Nosso Senhor (297).
Jesidro e Luiz, filho de João Batista (298), aportaram aqui o
ano passado e já chegaram a S. Vicente. Deram-me notícia que era
falecido o sr. Melchior Schet (299), no tempo daquelas turbulên
cias de Antuérpia. A dôr que todos cá sentimos Nosso Senhor sabe,
por faltar lá uma cabeça tão católica em tal ocasião; e por não fal
tar de nossa parte a nosso ofício e á muita caridade que tem V. M.
á nossa Companhia, muitas missas lhe dissemos por toda esta costa,
como nos obriga a razão.
Sempre trabalhei por que os feitores de V. M. vivessem con
formes, mas, como um se havia casado, não quis o outro sossegar,
e já havia alguns dias que não combinavam bem, até que João Mar
tins (300), depois de muitas voltas se casou, com a licença que ti
nha de V. M., depois de minha partida daquela terra. Como soube
JOSEPH DE ANCHIETA
NOTAS
. 266
X IX . — CARTA DA BAÍA (1578)
T I epoie que vim até agora andei por estas aldeias negociando
^ ^ente para a viagem, pouca achei porque toda ela é pouca.
E posto que agora com a canoa de Salvador Corrêa (303) se po
derão escusar estes trabalhos, porque ela com ajuda de Nosso Se
nhor bastava para me levar, todavia bem sei que nem com isso V. M.
me ha de deixar ir só; e por isso não quero p artir de cá até nao
aviar a gente, e levá-la comigo, porque se a deixar á sua discrição
não sei quando partirão. António de Macedo aviou vinte mancebos
com seu irmão João Fernandes (304) os quais partirão terça-feira
querendo Deus, mas não pude acabar com eles que fossem senão
por o caminho velho da Borda do Campo (305). L la hão de es
perar por canoa.
Domingos Luiz estava acabando a igreja (306). Já lhe disse
mos missa nela com muita festa. Logo se parte para o Caraguaba;
não achei de sua banda gente que tirar, porque não vão desaper
cebidos e contudo daqui e dali me parece que se ajuntaram alguns
quinze ou dezaseis entre os quais irá Cairobaca, porque o achei meio
amotinado contra Domingos Luiz, e trabalhei polo levar para lá por
que não se vá polo caminho de seu irmão. Faço conta de partir
terça-feira com eles por agua. Ele se ofereceu para a viagem hbe-
ralmente. E até sexta ou sabado ser no Cubatão com ajuda de Nosso
Senhor.
268
XX. CARTA DE PIRATININGA (157.9)
XOTAS
(301) Estam pada, em fac simile, no catalogo n . 429 dos hvrexros Maggs
B r0s de Londres, reproduziu-a Gentil M oura na “ R evista do B rasil , de
S o 8 Paulo x x ill p 28-9. Em 1926, medeante um a subscrição em sacas
di> c ífé o quinzenario paulistano “ T erra roxa e outras terrnsj °
original e o ofereceu ao Museu P a u lista. Foi então p b l., a 29 ^ abril dêsse
ano, no citado quinzenario, e nos “ Anais do Museu Paulis , » I >
p . 375-6.
(302) O capitão-mó r Jeronim o Leitão por duas vezes governou a Ca-
n ita n ia de São Vicente, como loco-tenente do donatario: a prim eira de i
\ 1580 e a segunda de 1583 a 1592. Em 1585 organizou a fam osa bandeira
contra os carijós do Paranapanem a, atingindo P aran ag u á era fins desse ano,
cu princípios do seguinte, e assolando durante seis anos as aldeias do Anlitin
H (Taunay H ist Ger. das B a n d ., I, p . 171). Foi grande amigo de A n
chieta, de cujos conselhos “ sempre fez muito caso” ( P . Rodrigues, i a e
J n c h - , 1. c-, P- 242).
(303) Salvador Corrêa de Sá, capitão-mór e governador do Rio de Ja -
neiro, que, corno se depreende da carta, mandou a São Vicente a canoa, na
qual Anchieta devia fazer a viagem até aquela C a p ita n ia .
J O S E P H D E A N C H IE T A
27 0
XX [
NOTAS
27 1
XX II
Eí-US.
mente ajuda pera nossas fraquezas, pouco a pouco nos mete tanto
regêlo no coração, que vimos não sómente a não desgostar da vida
e da Religião, desejando liberdade pera poder ter gostos do mundo.
Assi é em tudo, pelo que, carissimo, esforçai-vos. Muito cami
nho tendes já andado com a graça do Senhor. Ele sabe quanto vos
falta por andar, que porventura será mui pouco, e vos quer ajudar
nele, sendo vosso companheiro. Não percais tal companhia, porque
ainda que vos pareça peregrino, como parecia aos discipulos de
Emaus (313), contudo logo vosso coração arderá quando vos Ele
falar, dando-vos suas consolações espirituais, como eu sei que vos
deu muitas vezes, principalmente quando vos parte o pão na ora
ção, e quando comungais. E quando vos achardes muito desconso
lado e afligido, tomai por remédio singular puxar-lhe pela capa e
dizer-lhe: “ Senhor, ficai-vos comigo, que se me faz tarde e a noite
da tentação vem sôbre mini’’, e pedi licença ao Superior para co
mungardes. Porque eu confio, que no partir dêste divino pão o co
nhecereis com tanta alegria e tanto esforço, que não pareis até che
gardes á celestial Jerusalém.
Esta podereis comunicar com o Irmão nosso, porque também
pera ele escrevo, desejando que vós, e ele, e todos os da Companhia
sejamos cheios de Espirito Santo, que hoje vem sôbre os discipu
los, e fiquemos confirmados com sua graça, que nunca mais quei
ramos nem possamos ofendê-lo, antes tendo tão bom amigo, e tão
suave hóspede em nossas almas, perseveremos até o fim em seu di
vino amor. O Senhor com a Virgem Nossa Senhora seja sempre
convosco. Amen.
Dêste Rio de Janeiro, hoje, dia do Espirito Santo, 1587 (314).
Vosso Irmão em Cristo.
NOTAS
ano de 1587” .
X X IÍI
« sr xTiT.'s % r&
servó-la dê uma das janelas do Colégio, que nela vinha um carpinteiro par
entrar na Companhia. De fato: a arm ada era a de Valdez e o carpinteiro
Francisco do Escalante. Êste, assim que desembarcou, se dirigiu ao Colégio
nelo porteiro se fez anunciar ao provincial. Anchieta, dizendo saber que
c r f i v S ta n te e para que vinha, rie b o u -o logo. B deante do canarm o, sem
proferir palavra, Escalante caiu de joelhos, sendo assim recebido na Compa
r.iiia, conforme ele mesmo depôs no processo de beatificaçao (Pero Pod
263; B. Teles, Cron., II, p. 293-4, que
goes Vida de Anch., 1. c ., n. 2 :>.> e
rlà
v, o fato como ocorrido em 1581; S. de V ase., Vida de 1 . 4 cap X I 5
Degli Oddi, Vita del Venerabile Verm di Dio Padre Giuseppe
17‘t8 d 243-4 onde o nome do carpinteiro vem escrito Pietro d - ’
Charles Sainte-Foy, Vida do Venerável Padre Joseph de Anchieta, t r . por
« Paulo, 1878, p . 177). - A arm ada de Valdez, composta de 17 navios,
ali peimanecendo até 2
chegou ao Itio de Janeiro a 25 de março de 1582,
270 e s . ) .
de outubro (frei V. do Salvador, H is t., 3a ed ., p.
XXIV
27 7
JOSEPH DB ANCHIETA
guemos, nunca a dívida tem fim, nem a paga, porque a paga mes
ma com que pagamos é dívida que, de novo, devemos a c a n d l e
e, asai. quanto mais pagas se fazem, tanto mais dividas ficara por
pagar. E não é pera mim cousa de pouco gozo te-lo por tal de
vedor, pois se me paga melhor, e mais do que me deve, e desta
maneira é mais seu ganho que seu gasto, pois gastando em pagar-
me, cada dia se faz mais rico.
Deus por sua liberalidade lhe acrescente com suas imensas ri
quezas. pelas quais pode fazer bem a si e a seus Irmãos, delas ne
cessitados. Aos Irmãos Luiz Fernão, Tinozio (318) e a todos os
demais que quiser e puder, rogo eu de saudações minhas no Senhor.
Da Capitania do Espirito Santo, 7 de Julho de 1591.
Seu Irmão em Cristo.
NOTAS
278
XXV
« ■ s -í k * ;
cessario que despida todo o amor que nao for de
NOTA
Ao C a p itã o M ig u e l d e A zev ed o , d a B a ía , a 1 d e
DEZEMBRO DE 1592 (320)
280
XXVI. CARTA DA BAÍA (1592)
281
JOSEPH HE ANCHIETA
282
XXVI. — CARTA DA BAÍA (1W2)
283
JO S E P H DE A N C H IET A
NOTAS
284
s
<**> * * * s ' :
Brasil* ™ ,n‘ dois companheiros. Auxiliou Gregorio Serrao » 8e°.
legio da Baía e em 1584 assunnu o f ii s de
viu de colateral ou secretario do provinc , d eito procurador a
1591 ou mais provavelmente no decurso de lo92, a 322) . Apon-
Pom a, » congregação provincial real,rad a n a ( v . ^ 1
ta-o Capistrano coam passive autor da — ■ - 7 ,™ So áos
= (V 1 no ta 456) . f -
5 ST^ M , Sr d e n a ri os
T bA . íi, .P.-/7-73) ^ 6v:tv ep „ “ Ledi5iL s i ' ‘s s s s j ;
op reconstituir m a ^ tra lm e n te °a narração daquela ‘ragica 3” “ ^ ™
285
JOSEPH DE ANCHIETA
y7 w » " ^ T p r o f c â » ” » , 4 v o to ? o ^ i S r o T ' c ” l e g io n e E .o ra ,
foi c o lh i d o ,.ara Teles
que foi tid a por milagrosa entre os jesuítas (v. nota •>*')•
1585 já se encontrava na Baía, de volta da viagem as partes do Sul. Ai
exerceu o cargo de reitor do Colégio, até 1593 pelo menos e foi confessor
do governador d. Francisco de Sousa. A 14 de abril de l j > 9 1 397 ^
rante o Santo Oficio a Salvador de M aia e outros ( De n . da Baia, ? ■_ - ) •
Dirigiu depois o Colégio do liio de Janeiro e em 1o9b, na conggegaçao pro
vincial realizada na Baía, foi eleito procurador a B oina. Tendo^ embarcado
cm Lisboa, de volta ao Brasil, a 24 de setembro de 1601, foi preso logo em
seguida pór corsários ingleses e levado para a Inglaterra com o Visitado*
João M adureira, que faleceu no m ar (;. de o u tu b ro ). Depois de resga . ,
em principles de 1603, provavelmente, esteve em Bruxelas. Ao ano seguinte
tornou ao Brasil com 0 cargo de provincial, que exerceu ate 1609, quando
assumiu, pela segunda vez, 0 de reitor do Colégio da Baia, conjuntam ente
com o de vice-provincial. Ainda era reitor nesse Colégio, quando os hoh .11
deses tomaram a cidade, em 9 de maio de 1624. Sendo interinam ente pro
vincial do Brasil, faleceu na aldeia do Espirito Santo (B aia) a 7 de ja
neiro de 1625. Seus escritos (Informação da missão do P . Cristovao de Gou-
vêa ás partes do Brasil, Do principio e origem dos índios do Brasil e Do
clima e Terra do Brasil), que. tiveram várias edições, sendo os dois últimos
publicados em inglês na coleção Burel,as his PU gr imas (IV , Londres, 1625),
foram reunidos em 1925 sob o título de Tratados da Terra e Gente do Brasil
(od. J . Leite, Kio), com introduções e notas de B atista Caetano, Capistrano
de Abreu e Rodolfo Garcia (R . Garcia, I . c ., p . 1-32; Antonio Mmrra,
Anua ou Anais da Provinda do Brasil (1624-5), nos A n . da B i b l . N a c ., X IX ,
p. 187; Pbl. do Arq. N ac., XIV, p. 18; A n . da Bibi. N a c ., X X IX ,
p. 183-4; Dcn. da Baía, p . 46 e 327).
(327) Na m adrugada de 25 de dezembro de 1591, duas embarcações
de Thomas Cavendish assaltaram e saquearam Santos, onde permaneceram
durante dois meses. Rumaram depois para 0 Sul e Cavendish, não podendo
286
XXVI. — CARTA DA BAÍA (1592)
í£ STSi S t1?
Miguel de Azeredo como capitão-mór (Cesar A. Marques, D m ., r - •
,o 9ob Marcos Antonio de Azeredo Coutinho (era esse o seu nome, se-
gundo conjetura Francisco Lobo), descendente ou eolateral1 d . ^ " c o n f o r m a
Esr^^rsrsisrsí1-.
quando e onde m orreu: se ™ f j ãafí Band., V, p . 247-52) re-
! v n i c a d T í d c todos os dados . « boje eon,tecidos.
(333) H c ib j V « * g S ^ ^ T e Í S S i l í ^ .
Z ;S ò do Santo Ò fíeio^foi nomeado® p a r . vi.itador dos bispado, de Cabo-
287
JOSEPH DE ANCHIETA
288
XXVI. — CARTA DA BAÍA (1592)
r r a r i^ r £ 5 L « J IB5 S t E S
sn “
- f es s r
a i ; Anchieta. Em 1594 * p r e t e n d o » 4 rotoe, encontrara-
ge novamente na Capitania vicentma (v . carta XV TI).
XXVII
29 0
XXYH. _ CARTA DO E S P IR IT O SANTO (1594)
bem despedido, mas que temia que havia tardado em o ser, e, como
êste, não ha que duvidar dos outros que tiveram mui claras e ur
gentes causas, indignos omnimo vocatione nostra. Não toco nelas,
nem os menciono, porque disso dará informação o Padre Provincial,
a quem a dei mui larga.
No Rio de Janeiro queda por Vice-Reitor o Padre Francisco
Soares (356). Em sua companhia está o Padre João Pereira, que
ha pouco fez profissão de 4 votos, pouco satisfeito de seu modo de
proceder e desejoso de mudança pera outra parte; acabei com ele
que sobrestivesse, ajudando-o a ele e a todo o Colégio e a toda a
terra, até se dar conta ao Padre Provincial. Os mais também que
daram quietas, com a esperança da vinda do Padre Provincial, que
tomos agora, por nova, ser o Padre Pero Rodrigues (347), que foi de
Angola e esteve presente á congregação provincial na Baia.
Na Capitania de São Vicente queda o Padre Pero Soares, que
agora fez lá profissão de 4 votos, com muita consolação sua e lágri
mas dos estranhos que a ela compareceram. Com ele queda o Pa
dre Domingos Ferreira (348), por superior de uma daquelas casas.
Faziam bem seus ministérios, ele e seus companheiros, assi com os
Portugueses como com os índios Brasis. Ainda que estes, como a
Capitania por uma parte foi saqueada pelos Ingleses (349) e por
outra parte se levantaram os Brasis do sertão e mataram alguns ho
mens (350) não tenham a quietude desejada pera a doutrina, sem
pre se visitam, confessam e eles ouvem missa e recebem os demais
sacramentos, com não pouco trabalho dos nossos que são poucos
pera os acudir, a eles e aos Portugueses e escravos.
Nesta do Espirito Santo encontro agora muita perturbação en
tre os Portugueses, uns com outros, sobre pretençoes de ofícios e
honras, e, com os nossos, porque não lhes concedemos que façam
dos índios Cristãos á sua vontade, querendo servir-se deles a torto
e a direito. Mas como esta é guerra antiga, e no Brasil não se aca
bará senão com os mesmos índios, trabalha-se todo o possivel pela
sua defensão, pera que com isto se salvem os predestinados, que, se
não se tivesse respeito a isto, era quasi insofrível a vida dos Pa
dres nas aldeias, sed omnia sustinemus propter electos.
Eu. ainda que velho (351) e mal disposto, desenganado estou
JO S E P H DE ANCHIETA
* NOTAS
29 2
X X V II. — CARTA DO E S P IR IT O SANTO (1594)
29 3
XX VIII
y JMV»W
K l
absens corpore-, praesens autem spiritu, apud
te gaudeo in donis Domini nostri , quibus te accumulat, orans pro
te in orationibus meis ut adimplearis vera last it ia-, qua. m hum ih
potientia labore subjectaque obedientia cum charitate posita est.
Modicum laborabis et jam non videbis: st quavis quousque, dico
tibi: jam non videbis, labores quos patens pro Domino, sed exul-
tabis in eo. qui legitime pugnantibus dat coronam. A u d i te Do
mina tua, quam habes semper in corde et ante oculos. A ssum pta
est in coelum post multos labores et requievit arca mense septimo
super montes Armeniae-. 0 si hoc audires , quum p m d ica vi in ejus
octava, quomodo leetareris, sed et nunca lentare in illa-, quae arca
esi manu Domini fabricata, in qua animalia pusilla cum magnis,
peccatores magni et parvi refugium inveniunt, sed ut possis patrem
V irentium (355) participem facere hujus cibi, dicam tibi materna
lingua (356) :
294
XXVIII. - CARTA AO IRMÃO EM A N U EL ( . . . )
> - - ■r — r a“ ^ r d: «
r r r r — r ,» ,, r r ~
tados de seu coração. Porque, como quer que ela tinha dentio ü
a „ filho, sobre o qual o eterno Padre largou o grande hluvm
dos trabalhos e paixões, necessario era déssem no cora a a V£
gem onde ele estava guardado. Por estas aguas andou n o s s a ^
trinta e três anos, enquanto ele viveu, padecendo co B
dando-nos o nós. As ondas que a mim me houveram de alagar no
abismo do inferno, como me tinham alagado no abmmo do pecad
embarraram na arca dela, como bem betumada e mats forte 1
uma rocha, pois era mais que Cristo Jesu que 6 pedra angular q ^
bram seu furor, recebendo em s. a pena de mtnha culpa. O
£ .■ £ - « . ^ . h,
seu precioso unico e verdadeiro filho e lho m ataram , contudo nao
tiveram poder pera lhe tirarem de dentro os brutos animai» dos pe
cadores. que Domino lhe tinha dado por filhos antes «» " “ >
os ama quanto por eles mais alagado na patxao foi « « S
nhor Para quê mais? Ainda depois de subtdo ele ao ceu, livre do
mar tempestuoso, ela se ficou cá muitos anos, com os anima,s dentre
l e si querendo ser anatema, e apartada da face divina por seus
filhinhos, com uma maior caridade que São Paulo ate Z
sou esta divina arca no sétimo mês sobre os montas da Armenia.
Armenia quer dizer luz do que correi esta é a luz eterna, a d arn
dade perpétua, a visão divina de Cristo, resplendor do Padre, o
qual exuliavit ui gigas od currendam viam, dando tao pandes sa^
L de virtudes pelo mar dêste mundo, eom tanta l.geireza que todos
„ perdlram de vista em sua paixão, perdendo a fé, senão a s„a mm
hem betumada arca, que sempre o acompanhou ate o pe| a eruz ^
ainda qne não correu tanto eomo ele, todav.a sempre lhe fo, pelo
alcance sem perder a luz da fé. E, por isso, com muita razao o
grande corredor Cristo, seu Pilho, em trôco dela o alcançar ao pe
JO S E P H DE ANCHIETA
, eruz e ali eBtar recebendo em seu coração embate das ondas que
* - z r = = r;“
i r " : a todos'os Querubins, e mars — do amor e
s s r s r . c r : r - ^ ^ .
Uphs fez todas suas obras em seis dias et requie
í ; ; : : r : r c arca de
seu Filho obrando a redenção do mundo em uma semana que s
seis dias de trabalho, porque todos os anos que ^ a“ que
foram para ele dias de — " ^re “ t ’q
outeo entrarã na
semana de trabalho eterno. E quem não ias mais easo desta rida
one de uma semana de trabalho, da verdaderra eom eternidade m -
nos ha que tomar cuidado, que quanto padece e pouco por amoi d
Seu Senhor, e dizendo: mihi absit gloriari in em ce Dormm N ostn
Jesu Christo. Como a Virgem gloriosa, fazia acabada a semana
( “ b i o pera repousar ao sétimo dia, ,ue é o Domingo da eterna
f r a g a n l senão sôbre os montes de Armenia, ao menos entre os
coros angélicos, onde alcançará luz de Cristo corredor c da Virgem
corredora, após os quais andava, correndo nesta vida segundo sem
exemplos de pobreza, castidade e obediência, dizendo-lhes: odo-
rem unguentorum tuorum currimus.
Se forte interrogas porque se multiplicaram aquelas duas vezes
de arriba, dicam tibi: audi bene ei nota tn corde tuo. A Virgem
Santíssima, como a mais humilde que houve no mundo, nunc* quis
passar da especie de diminuir, diminuindo-se sempre, anulando-, e
e tendo-se por escrava, mas porque seu Fiiho deu lei: qm se hu
miliat exaltabitur, da segunda especie de diminuir, em que a ir-
gem se tinha posto, a levantava á terceira de multiplicar subindo
á mais alta de todas as três Jerarquias dos anjos, dizendo-lhe: mt -
tiplicabo fiiios seus sicut stellas coeli et sicut arenam marus. E, as
sim a que sc tinha pela mais pequena do mundo foi feita uma arca
tão grande de misericordia, em cujos retretes e escaninhos se escondes
sem os pecadores da ira de Deus e se salvassem do diluvio do pe-
X X V III. — CARTA AO IRMÃO EM ANUEL ( • • • • )
cado e reina em todos aqueles que não querem ser seus filhos.
Multiplicam-se seus filhos como as areias do mar e como a s®
do céu porque os que cã andam desprezados como areia ao g
do mar considerando a vida da Virgem e imitando-a segundo sua
fraqueza depois se fazem claros no céu como estrelas, e mais que
estréias, ’pois o mesmo sol de justiça m n t sol ,
NOTAS
29 8
XXIX
301
JO S E P H DE A N C H IET A
302
£. _ in f o r m a ç ã o do BRASIL E d e s u a s CAPITANIAS (1.184)
XXIX
- t r a r s “: r : -
. n M ) No seu tempo se levantaram algumas aldeias dos
, Z (r U N° a r ^ e tornou a ^ ™
se começaram de edifiear egrejas entre o índios se
emio mais de proposito á conversão (Sbo) .
N'a éra de 1557 vein o terceiro governador Hem de Su M , ■
• * A n o r oaii teve guerra cora os Tndias do
Kste sujeitou quasi todo o ■• lerosos, em que lhes
Paraguaçú fronteiros da Baia e multo P Aman.
queimou 160 aldeias, matando muitos e os - d’estruklas m ,i-
S011 os dos Ilhéus que estavam levantados e tin ^ h(juve
tas fazendas e posta a capitania em ' ImUos
muitas insignes vitórias at que que são 40
Aa Raia desde Carnamu ate o ltapuuuu, i
comarcaos da Baia d <M aj„„tar e fazer egrejas
r S . — foi em grandíssimo — *“
começatla,cm^ ternpo de ^ ^ a torre for-
303
JO S E P H DE A N C H IETA
305
20
JO S E P H DE A N C H IE T A
307
JO S E P H DE A N C H IE T A
308
X X IX . — INFORM AÇÃO DO B R A SIL E D E SUAS C A PIT A N IA S (loS 4)
3 09
JO S E P H D E A N C H IE T A
310
X X IX . - INFORM AÇÃO DO B R A SIL E D E SUAS C A P IT A N IA S ( U M )
n r
r;::n a ^ r m r 8;.) — e»T . r t r
g +ovvo mie aprendessem a língua dos Índios,
: u - ** ^
viessem
V1C as naus. (38b).
, tlflPPW. nue foi no ano de looi, co-
tu
Daí a muito tempo, que parece qu
— a íazeTpo v o a is - ^ e -a s
a q u e la f o r t i “ ’^ L o l a u cie V iU e g a ig n o n (3811). c a -
d e m o rad o res, cu jo aut tá â e n tra d a d a
i • ,i0
valeiro de Malta
Malta, ee fundou-a em uma dha, fi1 n ■conl „ nome de
barra no princípio daque a ai , < aju) (,(1 ir)60, como
ViUegaignon. Esta lhe êm Franca e com esta nova
acima se disse' . S™ ° ' , ^ alglm!i que se ficaram entre os
não tornou mais a > B - ^ #lnattcebando^ com as índias,
Índios, tomando ■ . • a |Untavam outras mercadorias da
e faziam roçarias de P • denois se tomaram
terra para dar aos sens quando viessem. Estes depois
todos pouco e pouco nas ^ ; ^ ^ ^
A m a io r p a rte dos F ra n c e se s uns m in istro s de
reges d e d i v e r s a s s e i t a s c os P ™ > V iU e g a ig n o n
Calvino q u e p r e g a v a m e e n s i n a v a m . De cavalbei.
a firm a v a m to d o s eles s e r c a t o i c o e rH de m o rte os
ro i c a stig a v a m ui rijamente e c re io que ^ resgatar
que pecavam com ín d ia s pagas; am . d a-
lPortugueses que os Tamoios tomavam em seus salt ^ ^ ^
311
J O S E P H DE A N C H IE T A
312
X X IX . — INFORM AÇÃO DO B R A SIL E DE SUAS C A PIT A N IA S (3584)
3 13
JO S E P H D E A N C H IE T A
3 15
JO S E P H DE A N CH IETA
3 16
X X IX . — INFORMAÇÃO DO BRASIL E DE SUAS C A PITA N IA S (1584)
3 17
Para se entenderem as ocupações e trabalhos dos da Companhia
no Brasil, apontar-se-ão brevemente as povoações de Portugueses e
índios que nele ha, a todas as quais os nossos acodem.
Na Capitania de Pernambuco, além da vila principal chamada
Olinda, ha outra que se chama Igaruçú, que dista dela cinco lé
guas, onde está uma igreja de S. Cosme e Damião de grande de
voção e se fazem nela muitos milagres pelos merecimentos destes
Santos Mártires. Daí a duas léguas está a ilha de Itamaraeá com -
sua vila e igreja.
Item na dita Capitania de Pernambuco ha muitas fazendas e
alguns 60 ou mais engenhos de assucar (405) a três, quatro, cinco
e oito léguas por terra, cada um dos quais e uma boa povoação com
muita gente branca. Negros de (iuiné e índios da terra. A todos
êstes acodem os da Companhia com pregações, doutrinas e confis
sões, passando as grandes calmas daquela terra.
Na Baía, além da cidade, ha nove freguezias (406) e alguns
40 engenhos (407) a 4, S e 12 léguas por mar e por terra, cheios de
Portugueses, índios da terra e Negros de Guiné, a que os Padres
acodem com seus ministérios, porque, ainda que têm curas, não sa
bem a lingua da terra nem se matam muito por acudir aos de Guiné,
nem são para poder pregar aos Portugueses. E isto além das al
deias dos índios, de que têm particula]’ cuidado os nossos em que
sempre residem. Quatorze léguas da cidade para o norte se fez uma
ermida da Conceição de Nossa Senhora, na fazenda de um homem
dos antigos e principais da terra, mui perfeita e de muita devoção
(408). Está em um alto sobre o mar, onde se vê dos navegantes, e
Ii através pelo sertão tern a aldeia dos índios chamada Santo Antó
nio (409).
Na Capitania dos Ilhéus ha alguns engenhos (410) e fazendas
i a duas e mais léguas por mar e por terra, com índios da terra e
Portugueses, aos quais continuamente acodem os nossos.
Na de Porto Seguro, lia duas vilas de Portugueses quatro lé
Isjj guas uma da outra (411). e duas aldeias de índios da doutrina a
3 18
X X ÍX . - INFORM AÇÃO DO B R A SIL E DE SUAS C A P IT A N IA S (1584)
3 19
JO S E P H D E A N C H IE T A
3 20
X X IX . — I N FORMAÇÃO DO BRASIL E DE SUAS CA PITANIAS (1584)
321
21
JO SEPH DE ANCHIETA
323
JO S E P H DE A N C H IET A
324
X X IX . — INFORMAÇÃO DO BRASIL E DE SUAS CAPITANIAS (1584)
325
JO SE P H DE ANCHIETA.
328
X X IX . — INEORMAÇAO DO BRASIL E DE SUAS CAPITANIAS (1584)
329
JO SE PH DE ANCHIETA
326
X X IX . — INFORM AÇÃO DO B R A SIL E D E SUAS C A PIT A N IA S (1584)
327
JO SEPH DE ANCHIETA
wêm pela linha dos machos, não casando com elas de nenhuma ma
neira, ainda que sejam fóra do quarto grau. As sobrinhas, filhas
de irmãs e deinceps, têm por verdadeiras mulheres, e comumente
casam com elas, sine discrimine (449).
Os de uma nação são muito pacificos entre si, e de maravilha
pelejam senão de palavra e ás punhadas, e se alguma hora com a
quentura demasiada do vinho vai a cousa muito avante, as mu
lheres logo lhes escondem as flechas e outras armas, até os tições
de fogo, porque se não matem e firam, porque de uma morte
destas ás vezes acontece dividir-se urna nação com guerra civil, e
matarem-se e comerem-se e destruirem-se. como aconteceu no Rio
de Janeiro.
yão muito dados ao vinho, o qual fazem ('as raizes da man
dioca que comem, e de milho e outras trutas. Êste vinho fazem
as mulheres, e depois de cozidas as raizes ou o milho, o mastigam
porque com isso dizem que lhe dão mais gosto e o fazem ferver
mais (450). Deste enchem muitos e grandes potes, que somente
servem disso e depois de ferver dois dias o bebem quasi quente,
porque assim não lhes faz tanto mal nem os embebeda tanto, ainda
que muitos deles, principalmente os velhos, por muito que bebem,
de maravilha perdem o siso, ficam somente quentes e alegres. Com
o vinho das frutas que é muito forte se embebedam muito e per
dem o siso. mas deste bebem pouco, e somente o tempo que elas
duram; mas o vinho comum das raizes e milho bebem tanto que
ás vezes andam dois dias com suas noites bebendo, e ás vezes mais,
principalmente nas matanças de contrários e todo êste tempo can
tando e bailando sem cansar nem dormir. Êste vinho comumente
o fazem grosso e basto, porque juntamente lhes serve de manti
mento e quando bebem nenhuma outra cousa comem. E da mesma
maneira quando comem não curam de ter vinho nem agua para
beber, nem têm trabalho nisso e, algumas vezes acabando de comer,
se não têm agua em casa, se vão á fonte a beber, e ás vezes de
noite com um tição do fogo na mão, principalmente os que não
têm mulher, mãe. ou irmã que lhes traga agua. E nisto nenhum
trabalho têm, e quasi não fazem diferença de boa ou ma agua,
com qualquer se contentam. Os moços pequenos não bebem aque-
330
X X IX . — INFORMAÇÃO DO B R A SIL E DE SUAS C A PIT A N IA S (1584)
33 1
JO S E P H D E A N C H IE T A
3 32
X X IX . — INFORM AÇÃO DO B R A SIL E D E SUAS C A P IT A N IA S (1584)
333
JO S E P H D E A N C H IE T A
3 34
XXXX. — INFORM AÇÃO DO B R A SIL E D E SUAS C A P IT A N IA S (1584)
NO TAS
33 5
)
JO S E P H DE A N C H IETA
bro de 84” , e não, conforme eecreve Anchieta linhas adeante e seria mais
correto, ” . . . a 21 de dezembro do presente ano de 84” .
(3,58) N ota de Capistrano (Mat. e Ac h., I ) : ‘‘Aliás treze, o nome
de cuios comandantes com pequenas divergências trazem Castanheda, Gaspar
Corrêa, B arros e outros” . — V. nota de líodolfo Garcia a Varnhagem (Hxst.
Ger., 4* e d ., I, p . 85-6).
(359) N ota de Capistrano (1. c . ) : “ Que a doação de Pero Lopes, do
natário das Capitanias de Itum aracá c Santo Amaro, foi de 8 6 léguas de
m onstra o d r. M . Lopes Machado na “ Revista do In stitu to Arqueologico e
Geográfico Pernam bucano”, Recife, 1884, IV, p . 107-26 .
(360) Dem onstra Eugenio de Castro ser a ilha de Santo Amaro, só
assim conhecida em documentos oficiais posteriores a 1545”, a ilha do Sol,
em uma do cujas p raias aferrou a nau de M artini Afonso de Sousa no dia
21 de janeiro de 1532 ( Diario da Navegação de Pero Lopes de Sousa, Kid,
1927 í, p. 337-8). A ilha de Guaibe ou Guaimbé tomou o nome de Santo
Amaro de uma capela dedicada a esse santo, ali edificada pelo capitão Jo rg e
Ferreira e outros “ habitantes principais” (frei Gaspar, Mev i ., 3“ ed ., p a
gina 282).
(361) As prim eiras autoridades de Santo Amaro foram Gonçalo A fon
so, no cargo de ouvidor, e Cristóvão de Aguiar de Altero, no de loeo-tenente,
ambos nomeados em 1542 por dona Isabel de Gamboa, tu to ra do donatario
Fero Lopes. Morrendo êste, Jo rg e F erreira foi nomeado ouvidor o loco-
tenente de Santo Amaro, acumulando assim os dois cargos. Em 1557 substi
tuiu-o Antonio Rodrigues de Almeida. Por esse tempo a ilha se achava quasi
completamente abandonada, pelos motivos que dá A nchieta. Só depois de f ir
m adas as pazes com os Tamoios de Iperoig é que se reiniciou a povoação de
Santo Am aro. Em 1578, Lourenço da Veiga, procurador dos sucessores do
terceiro donatario M artim Afonso de Sousa, determinou ao ouvidor de São
Vicente que “ tomasse conhecimento das causas respetivas a C apitania dos
seus constituintes” (frei Gaspar, o. c . , p . 277-93). Daí o fato de Santo
Amaro não ter “ ju stiça p articu lar” e tudo se reputar por São Vicente, como
diz Anchieta.
(362) Refere-se Anchieta á estada de Edw ard Fenton em Santos, onde
chegou com dois galeões de guerra a 19 de janeiro de 1583 ( v . nota 233),
e á luta que com ele, cinco dias depois, travou Andrés Igino ou Eguino, co
mandando três naus da arm ada de Diogo Flores Valdez. F oi Igino quem
fez construir e guarnecer “ um forte na. entrada da b a rra de São V icente”,
obra essa que Valdez encampou como sua para compensar o desastre de sua
expedição ao E streito de M agalhães (V arn h ., Hi st. Ger., 4* ed ., I, p. 473-4,
e notas de Capistrano e R . G arcia). A construção do fo rte só se concluiu
em 1590 (nota de R. Garcia a F . Cardim, Trat., p . 413).
(362-A) Sôbre as Tapuias em geral, et. G. Soares (o. c ., p . 315 e
s e g .) ; e, particularm ente sôbre os Aimorés, Gandavo (T rat., p . 32-3, e H i s t. ,
p. 142-4) e F . Cardim (o. c ., p. 198-9).
(363) Francisco P ereira Coutinho já se encontrava na B aía em 20 de
dezembro de 1536, d a ta da c a rta de sesmaria a Diogo Alvares, tra n sc rita
por Varnhagem (o. c ., I, p . 249-51). Em 1545, hostilizado pelos colonos e
guerreado pelos tupinam bás, recolheu-se a Porto Seguro, onde ficou m ais de
3 36
B R A SIL E DE SUAS C A PIT A N IA S (1584)
X X IX . — INFORM AÇÃO DO
um ano Foi morto pelos índios de Ita p a ric a , em fins de 1546 princípios
de 1547 depois do naufragio do navio em que tornava a B aia (C apistran ,
ti r e c J Z Ò l na, Inf. eF rog. H i s , . , p . 77-8, e n o ta , a Varnhogon
O. e ., I, p. 252 e 261-2).
(364) N ota de Capistrano (1. c . ) : “ N a coleção_ de São Vicente, que
existe m anuscrita em Lisboa, encontrou Lino d ’Assunção o seguinte aponta
mento " o : “ A rm ada em que foi d. D u a rte . - N a arm ada em que fo i
d D uarte firam quatro velas, scüicet: um a náu e três caravelas em que fo
ram 260 pessoas e são mais no B rasil dois navios arm ados um em que fm
o Bisoo e outro em que foi Manuel da Fonseca e levaram ambos 100 pessoas .
— Com. d. D uarte da Costa é que veiu a missão jesuítica de que fazia p a rte
Anchieta, chegando á B aía a 13 de julho de 1553.
(365) D urante o governo de d. D uarte da Costa, ergueram-se entre os
Índios duas' ig re jas: a de S. Sebastião e a de N ossa Senhora no Rio V er
melho, am bas extintas mais tarde (V . I n f . dos Prim . A l d e ia m .) .
(366) Mem de Sá chegou á B aía a 28 de dezembro de 1557 (C apis
trano, nota a V arnli., o. c ., I, p . 378).
(367) V . Carta X I, nota 170, e I n f . dos prim, aldeiam.
(368) O testam ento de Mem de Sá, que faleceu a 2 de março de 1572,
foi pela prim eira vez publicado por R . G arcia em nota a V arnhagen (o. c .,
1, p . 445-53).
(369) O conselheiro Luiz de B rito de A lm eida chegou á B aía em maio
de 1575.
P
(370) V. nota 456. *
(371) O desem bargador Antonio de Salema desde 1570 se encontrada
em Pernam buco, onde recebeu sua nomeação para governador das C apitanias
do S u l.
(372) ,Porto Seguro tam bém fazia p a rte das Capitanias do Sul, sob o
governo de Salema (V arnli., o. c ., 1, p . 456-7).
(373) Manuel Teles B arreto chegou á B aía em 9 de maio de 1583.
(374) E de fato assim aconteceu, pois V arnhagen (o. c ., I, p. 496)
a trib u i ás “ informações e influência de Teles B a rre to ’’ a “ lei repressiva
acêrca do cativeiro dos índios de 22 de agosto de 1587 .
( 3 7 5 ) 0 clérigo nigrom atieo, a que se refere Anchieta, e que é o mes
mo “ clérigo português m agico” de F . Cardim (o. e ., p . 196) ou P a d re
do O uro” de frei Vicente do Salvador (H ist ., ed. 1918, p . 202), chamava-
se Antonio de Gouvêa (Antonio de Gruca, lê-se na Hist, dos Col., 1. c .,
•o 8 6 ) A ’ documentação que existe a seu respeito, citad a por C apistrano
(nota a Varnli , o. c ., 1, p. 453-4) e R . G arcia (nota a F . Cardim, o. c .,
p 276-7) deve-se acrescentar o que inform a B altazar Teles ( C r o n L \ 7
p 263-7)’. Nascido em 1528 na lib a Terceira, “ depois de ordenado levou
uma vida acidentada por diversos paises da E uropa” (C apistrano) . Em 1556
entrou na Companhia, sendo recebido no Colégio de Coimbra, de onde foi
transferido para São Roque. Despedido logo da Companhia por suas p rática s
337
22
JO SEPH DE ANCHIETA
d r nigrom ancia, deu de difam ar os jesu itas. Preso pelo Santo O f cio, fo i
condenado a galés perpétuas, de onde fugiu p ara o B rasil, segundo B Teles.
Dos processos de Gouvôa na Inquisição ( “ Arquivo H istorico P ortuguês , L is
boa 1905 I I I p . 179-208 o 274-86, e “ Be.v. do In st. A rq u eil. e Geogr . P e r
nam bucano” X I I I , p. 171-211) vê-se entretanto que esteve preso de lo o , a
Í S S o ’ Vindo’ dPe g re to i« p a ra o Braail em 1667. N a B aía fm re n te -
grado nas ordens sacras pelo bispo d. Pedro Leitão e conquistou em P e r
nambuco a amizade do donatario D uarte Coelho de Albuquerque. Fazendo-
se passar por alquim ista e grande conhecedor de minas, guerreou os índios
e moveu um a cam panha de difam ação contra o jesu íta padre Amaro Gon
çalves, a quem acusava de herético. E “ de ta l m aneira o acusou deante do
iuiz da v ara da C apitania de Pernambuco, que. o reverendo A igario, enga
nado com a falsa alquim ia deste embusteiro, excedendo seus poderes, quis
entender com a Com panhia” . A final Antonio de Gouvêa, contra quem o p ro
vedor e vigário geral Silvestre Lourenço já in sta u ra ra um processo a 1 de
outubro de 1569, foi preso a 25 de abril de 1561 n a rua No\m de Olinda,
m orada do juiz ordinario Henrique Afonso. A ordem de pnsao viera de
Lisboa, mandando-a executar d. Pedro Leitão que com o padre Luiz da Gra
chegara por essa época a Pernambuco (Hist, dos C o t. ) . Remetido p a ra L is
boa deu en trad a no cárcere a 10 de setem bro. Segundo B . Teles, avisados
no Reino os Inquisidores “ de como aparecera no Brasil o que se tin h a feito
invisível em Portugal, logo foi ordem pera o mandarem vir, juntainente com
o Vigário <la vara, que por ignorância ou m alícia dava ouvido a tao íalsas
acusações. (Regado ao Reino, foi outra vez entregue ao Santo Oficio, em
cujos carceres acabou sua vida, sem sabermos o fim que la teve . ln lo rm a
ainda B . Teles que, intitulando-se alquim ista, prometendo tra n sfo rm ar p rata
em ouro, obteve um oficio na Casa de M oeda de Lisboa, onde chegou a ter
m orada. Expulso, quando descoberto o seu embuste, propôs o negócio o Alar-
tim Afonso de Sousa, donatario de São Vicente e ex-governador da Índia,
que se deixou embair pelo prcFenso alq u im ista.
(:; 7 (i) Xota de Capistrano (1. c .) : “ Martini Afonso de Sousa, prim ei
ro donatario, não era então vivo. Desde 1572, sucedera-lhe seu filho Peio
Lopes de Sousa, cuja doação e foral foram confirm ados por d. Sebashao
a. 25 de julho de 1574. Por falecim ento dêste segundo donatario, lhe suce
deu na Capitania de São Vicente seu filho Lopo de Sousa, a quem el-rei
d. Filipe confismou a mesma doação e foral por carta passada a 8 de
agosto de 1577 (Taques, “ Rev. do I n s t . ” IX , p. 1 5 ] ) ” . O trabalho de P e
dro Taques, citado por Capistrano, é a. História da Capitania de São Vicente,
publicada pela Comp. de Melhoramentos de S. Paulo, s. d ., com um escorço
biográfico do autor, por Afonso de E . Taunay.
(377) V. nota 224.
(378) V. nota 274. — Anchieta, que. assistiu aos combates travados
nté 31 de março, descreve-os minuciosamente na Carta XVI .
33 8
X X I X . — INFORMAÇÃO DO B R A SIL E DE SUAS C A P IT A N IA S (1584)
339
JO S E P H DE A N C H IETA
“ S r 'G a i ^ C 'K ^ 8^
''" S a V V 'V 'i l d o M endo, no . n , W ............. ~
V. Carta -XI e nota 179.
( 3 0 0 ) Em um dos Esclarecimentos do n. I dos Hat e . epoi
de lem brar o trecho <le »»,« carta d . Aspiilenoi» ^ < ‘
que por engano atribui a Francisco Pires, L ^ .foT óu .n frade de Santo
refere n • um rio on, „
A n tó n io . sem m e n c io n a r porti disfarce é narrada por ou-
v„ C a p i s t r a n o : •• E n t r e t a n t o . » 7 “ “ 1 ^ ( õ í .» da Ana-
” 7 m ’« T . « W . . J a b o a tã o (O rbe Soro/,™. 1. a n te
' ' IV , one onto, nn o fato o,o P o rto Seguro, mas a data cm _l.->03
jir.ui,,. e IX ) qm colo s 7 diz p ortü Seguro que nao cre
Na segunda edição de sua llust. (,tr \ . estivessem em 1503
que os A r,abides. . quo so « m » ' d” , ,.o p i n i ã o polo,
cm Porto Seguro. Porque. u ‘10 " , _ \ rrabidos como afirm am os cro-
^ “T n ^ r T J 'l S 'n r » . ™ S m . dole, qualquer p arte da terra , princl-
“ X - V a s i Í d „ «atava por no,near
i . Conto v - tr ii d \rra b id a , um pouco ao A oru ao tuuu uo
Z sü Z " ‘ i t t a X V a i que s i devo looalisar son
rsírE*
bida a baia di.a” Ti nr p. o ian ««•%
« . «an tes dos J e s u íta
U rasil .1 7s7:
'J ZTJTZZ
da Traição, isto e. de Santa Maria d A rralnda .
" *■— ......... . da te,a
v XV _ An p a rtir para a Pranoa, Villcgaigaon sdonc.
n.enlo promote,, a o , 'colonos do Porte de Califa? ' i « V b it” S
sivel com grandes reform s. Mas tornado a palrra o n . r e g o u ^ todo a
,,0„a e pela espada, contra os huguem.tcs e esoucm u d c» loma d
fundara E ’ o que demonstra Gaffarel (o. c . ). sem adeaiuar palavra a
peito do envio de religiosos, a que se refere Anchieta .
(394 s Os beneditinos vieram ao Brasil pela prim eira vez em _1Õ81, du-
34 0
X X IX . - INFORM AÇÃO DO B R A SIL E D E SUAS C A P IT A N IA S (1581)
v„ir<tAÍ5S“ ,fSSL
o B rasil.
(3 9 5 ) A chegada á B aía foi a 29 de m arço.
(396) Faleceu no Rio de Jan eiro a 8 de junho de 1598 (y . nota 1 9 ).
(397) Salvador Boãrifjues, j á sacerdote, veiu eni Í35 0 na miasão d i e t o
cuidado Ao s ° - n i n e s 2
js « í
r dai38°9) r" e .c » '." » á sua hum ildade, narrando „»e Salvador Rodrigues m £
ta a le g ria ’ .
«sr. « r ã s » ssuts
(398) Francisco P ires faleceu no Colégio da Baía em janeiro de 1586
(v. nota 18).
(399) Sete, e não seis, foram os jesu itas que vieram coin d,
Costa sendo Luiz da Grã superior. A nchieta omite o nome do padre Ambiosio
P ire s ’ E não é impossivel que essa omissão seja proposital, em vir u e _ ■
>
, P ir; l avei deixado » Companhia no Reino para onde se= com
d. D uarte da Costa, em 1558, depois de trés anos de missão no Brami (V.
nota S) .
(400) João Gonçalves faleceu na B aía, a 21 de dezembro de 1558 (v .
nota 5 ) .
< « • ) Precisam ente setenta e cinco, de acôrdo »»
nio Franco ( Synopsis, nos Apont. de A . H . Leal, l i ) e • c
Avulsas) .
(402) O número dos jesuitas que compunham a missão fundadora de
Qõo Paulo é incertam ente fixado em doze ou treze. E a incerteza aum enta
quando se tra ta de identificá-los, só podendo ser indicados nove, coin seguran
ça (v . nota 33).
(403) V. c a rta X I e nota 170.
(404) Cf. Trap. H i s t . : Hist. dos Col. (1. <?., p . 104); Pero Rodrigues
( Vida de Anch., 1. c ., p . 193); F . Cardim {Trat., p . 297, e n o ta de R. Gar-
cia,7 p•*. 3 88); . G. Soares ., pn.\ 5 3 ) ; B . Teles ( Cron., I, p . 467-8); S. de
• r, ( T r a trrn
Vasconcelos {Cron., 1. 2, n . 70-2); frei Vicente do Salvador {Hist., ed. de
1918, p. 4 1 ); Jaboatão {Orbe Seraf., I, p . 8 1 ).
341
JO S E P H DE A N C H IET A
342
X X IX . - INFORMAÇÃO DO B R A SIL E DE SITAS C A P IT A N IA S (1584)
Espanha, era leigo por profissão. Devia ter passado ao Brasil. em 1558 F oi
encontrado morto n a capelinha de Sao Francisco em 2 de maio de 1570, e dado
ã sepultura no alpendre da ermida que i*undára ( J r t w t e o , Orbe S e r a f ., ^11,
p . 44; Agiologw Lusitano, I, p . 465 e 469, e I I I , p . - 8 e 39) .
Vicente do Salvador (o. c ., 3* e d ., p . 9 7 ).
(414) Seis, dizem a Jn f. de 85 e F . Cardim (o . c ., p . 3 4 4 ). N a opi
nião de Gandavo, o unico engenho que em 1570 ou pouco antes existia no E spi
rito Santo, produzia “ o melhor assuere que ha em todo o Brasil ( T r a t . , ? . 34).
Anos mais tarde, F . Cardim dava a prim azia ao baiano (V . nota 407).
(415) Nossa Senhora da Conceição e São Jo ã o .
(416) São Lourenço, aldeia de A rariboia, e São Barnabé, fundada cerca
de 1578 no Cabuçú e mais tarde tran sferid a p a ra as vizinhanças do rio Ma-
oacú onde Anchieta doutrinou algum tempo os Índios quando voltava das pes
carias de M aricá (R . Garcia, nota a F . Cardim, o. c ., p . 409-10).
343
JO S E P H D E A N C H IE T A
a ca rta do Loiola, a que se refere a nota 428 E ssa e a que indic»> Luiz da G rã
para o cargo de colateral, reproduziu-as R . Garcia na 4 ed. da. H is t. Gei .
Y arnhagen ( I, p . 363-5).
(433) Ar . nota 4.
(434) Como é sabido, Inácio de Azevedo não chegou a assum ir o provin-
cialato, por ter sido m artirizado com 39 companheiros a. lo de julho de lo70,
quando viajava p a ra o Brasil (v . nota 285).
C4351 O padre Inácio dc Tolosa, n a tu ra l de Medina Coeli (E sp an h a ), foi
rccobido n a Companhia em P o rtu g al D outor em teoloRÍa leemuou - ' Ço.m-
bra essa disciplina . Com onze companheiros, a 23 de abril dc 157-, depois de
três meses de navegação, chegou ao B rasil nomeado p a ra o cargo de provinci .
Em p ríic íp io de julho seguiu com Luiz da Grã e outros p a ra Pernam buco. A
20 de outubro toínou á B aía e a 20 de novembro daí p a rtiu em visita as ca
pitanias do Sul. Em Ilhéus esteve três semanas, chegando em dezembio a P o r
!o S g u r o , onde um indio, m isturando com falsidades “ algum as coisas apren
didas dos padres, andava pelas aldeias destruindo a obra da catequese (#«*■
âos Col 1 c p. 9 7 ). Ainda cm dezembro em barcou p ara o E spirito Santo
e daí p ara o Rio de Janeiro, onde chegou em janeiro de 1573. Um mes depois
visitou as casas de São Vicente e P ira tin in g a , voltando ao Rio em a b r il. Ai no
meou B rás Lourenço reitor do Colégio e embarcou p a ra a Baia. afim de reab m
a congregação provincial que devia enviar procurador a Rom a em 1574. De
passagem, parou no Espirito Santo e a 28 de ab ril, d ia em que ai embarcou,
sofreu um naufragio em (pie quasi perdeu a v id a . Tornou « itnn a V itoria,
onde chegou a 6 de maio e se demorou, por fa lta de embarcaçao, cerca de cin
co meses. Iniciou então a construção de uma nova igreja e incentivou g ran
demente a catequese. Só a 9 de outubro chegou á Baia cujas aldeias visitou
no ano seguinte. Defendeu ardorosam ente a liberdade dos índios e em L 77
deixou o cargo dc provincial, sendo substituido por Anchieta . Sete anos m ais
tard e era reitor do Colégio do Rio de Janeiro, de onde em 1585 seguiu para a
Baía. com o visitador Cristóvão de Gouvêa. Aí morreu a 24 de maio de l u l l .
345
JO S E P H DE A N C H IE T A
ro e S. Vicente (o. c.. 287-8, 330, 336, 345 e 354). A ’s da B aía alude
ainda A nchieta na l v f . de 85.
(4 4 3) xôbre os jubileus realizados na B aía encontram-se notícias nas
Cart. A v . (L U L U I L IV e L IX ) .
(444) "E ssa unidade de raça e de lingua, desde Pernam buco até o porto
dos Patos, e pelo outro lado quasi até ás cabeceiras do Amazonas e desde Sao
Vicente até os mais apartados sertões onde nascem varios afluentes do P ra ta ,
346
X X IX . — INFORM AÇÃO DO B R A SIL E D E SUAS C A P IT A N IA S (1584)
facilitou o progresso das conquistas feitas pelos colonos do B rasil, que, onde
a lingua se lhes apresentou outra, não conseguiram tão facilm ente p a ssa r”
(V a rn h ., o. c ., I, p . 16).
(445) Cf. V arnh. (o. c ., I, p . 29) e A . M étraux (La civilisation ma-
tériclle des tribus tupi-guarani P a ris 1928, p . 120).
(446) Cf. Cart. A v . (L X I) e H . Staden (o . c ., p . 149 e 1 5 2 ).
(447) Não é isso confirm ado pelas descrições de António Blasquez (Cart.
A v . , X X II ) , H . Staden (o. c ., p . 134 c 160-8) e Gandavo ( T r a t. , p . 53, e
H i s t. , p . 139-40), entre outros.
(448) Sóbre a poligam ia entre os selvagens, v ., além da Informação dos
casamentos ãos índios Nobrega (Cart., V I I ), Cart. A v . (IX e X L V ), H. S ta
den, p. 151), Léry (Hist, d ’un Voyage, I I , p . 85 e s . ) , Yves d ’Evreux (Voya
ge, p. 88) e o estudo de Machado d ’Oliveira Qual era a condição social do
sc.ro feminino entre os indigenos do Brasil? ( “ Rev. do Inst.. H i s t . ’’, IV , p á
ginas 168-201). Em 1561, referindo-se aos indios das aldeias baianas, escrevia
Antonio Blasquez (Cart. A v . , X L V ): “ H a entre eles agora mui poucos que
tenham duas mulheres, pelo que parece não haverá m uito trabalho com eles” .
(449) Como observa A . Peixoto (Cart. A v . , nota 177), entre os selva
gens " e r a incestuosa a filiação agnatica e p erm itida a uterina dada a idéa
que tinham da prim azia do homem na conceição” . V . a I n f . ãos Casam., N o
brega (o. e ., IV e X IV ), Cart. A v . (X L V I) e G. Soares (o . c ., p. 287-8).
Em contrario, Gandavo (Hist., p . 128).
(450) Explica A. Peixoto (Cart. A v . , nota 20) : “ O m astigar por moças,
dando m ais gôsto, não é galanteio indigena: a saliva a ju d a á sacarificação do
amidon, pelo ferm ento; ó êste ferm ento que faz “ ferv e r” a bebida, e não o
fogo, como, inadvertidam ente, se poderia supôr; ha produção de gazes e ele
vação de tem peratura, o que esquenta a bebida” . —• C f. I I . Staden (o. c .,
p . 145) e G. Soares (o. e ., p . 289).
(451) V. N obrega (Cart., V I I ) ; Cart. A v . ( X I I I ) ; a dissertação de
Machado d ’Oliveira (“ Rev. do In st. H i s t.” , V I, p . 133-55), baseada no de
poimento do autores e viajantes até 1344; Couto de M agalhães (O selvagem,
2* ed ., p . 145 e s .) e A. M étraux (La religion des tupinambâ, p . 7-78). —
N a c a rta X, inform a Anchieta que os indios deixavam penas e flechas nos ca
minhos, “ como um a especie de oblação, rogando fervorosa mente aos cmrupiras
que não lhes façam m al” .
(452) C f. N obrega (o. e ., V e V I I ), Cart. A v . ( X I I I e L) e H . S ta
den (o. e,., p . 153) .
(453) V ., sôbre as diferentes significações de caraiba, o Vocabulário da
Conquista (“ A n. da B ibl. N a e . V II, p . 69) e a nota a F . Cardim (o. e .,
p . 233-5) de B atista Caetano, bem como T. Sampaio (O tupi na geogr. nac..
3“ edição; .
(454) Cf. N obrega (o. c ., I I e IV ), Cart. A v . (X IV e X V ), A Nova
Gazeta da Terra do Brasil ( tr . por C. B randenburger, 1922), S . de Vascon
celos (Cron., 1. 2 das Notícias, n. 18 e s . ) , Jab o atão (o. c ., 1. an te prim o,
IX , n. 30), e frei G aspar (Notícias ãos anos em que sc descobriu o Brasil, nas
M em ., p . 362-G), entre outros. Sôbre o assunto existe um estudo do dr. C. Pas-
347
JO S E P H D E A N C H IET A
salaqun, 0 B. 3 W « A ~ £ C “ a 1 £ % J té ,
In” , V III, p. 138-49), tam bém p u Mi MÍ J , « * „ ab8otato t u U lit
segundo B atista Caetano, que c ita Capistrano > ,q „ .,„ „ t a 73).
r. T m * £ £ a . p. »■»>•
“ Peró” ? ( “ Rev. do In s t. I « ■ ,
n,TVuxT r =
’ escreve êste últim o, reproduzim os o
(o. c .) e T . Sampaio (o. c . ) ■ I . • do B rasil. Os guaranis
seguinte: “ Mair, apelido dos ,a ™tS(h ; 0 s dois vocábulos mair e mbai
do P a rag u a i chamavam os 0 soii t ario, o
são form as contratas de mbae-na, quc (Xl,r , . aJro ma)r> ™bai. Êste
que vive distante. De uibae.ra proco, em: J só por virem de
apelido davam os indigenas aos tranceses c aQg J vs feiticeiros,
longe, como porque os equiparavam, j c . - SÜH taria no recesso das
chamados /-nr/é* ou carahybas, os quais h -«ara
m atas, nas cavernas das m ontanhas distantes .
XXX
349
JO S E P H DE AN CH IETA
35 1
JO S E P H DE A N C H IET A
352
I
Baía, se recolheu todo o gentio desta comarca, que pelo menos seriam
16.000 almas, a saber: S. Paulo, uma legua desta cidade, com 2.000
almas. O Espirito Santo, 5 léguas desta cidade, com 4.000 almas.
S. António, 9 léguas desta cidade, com 2.000 almas. Estas três igre
jas estavam ao longo do mar pela costa. Santiago, 4 léguas desta ci
dade, com 4.000 almas. S. João, 6 léguas desta cidade, com 4.000
almas. Estas duas igrejas estavam para o sertão, tinham por mar o
da Baía, do qual estavam uma legua.
No mês de Junho do dito ano de 1561 se fez a igreja do Bom
Jesus em Tatuapára, 12 léguas desta cidade, ao longo da costa, na
qual se recolheu todo o gentio, que havia ao longo do rio, que se
chama Jacuig, que eram 4.000 almas (473), e alguns mais que havia
se recolheram em S. António. Vendo todo o mais gentio da banda do
Tapueurú, como as igrejas iam em crescimento, e como o governador
Mem de Sá favorecia muito a todos os índios, que se convertiam, e
a judava tanto a conversão, vieram muitos principais a visitá-lo, e ao
Padre Luiz da Grã, Provincial, pedindo-lhe Padres, e importunando
por isso, dizendo que se queriam juntar e fazer igrejas; de que o go
vernador folgou muito, e os ajudou pera com o Padre Provincial e a
Padre lhes deu esperanças disso. Indo o Padre visitar as igrejas já
povoadas, como sempre fazia, passou do Bom Jesus por deante e che
gou até Itapucurú, que é um rio, que está desta cidade 40 léguas,
cousa que até então os Portugueses não faziam, e fez o Padre Pro
vincial pazes entre o gentio que estava no dito rio, que ficava atrás
da banda de Tatuapára pera que não houvesse mais guerras entre
eles, e os que se convertessem á nossa santa fé tivessem paz; e da
volta que o Padre fez deixou dois lugares perto do mar pera duas
igrejas, e disse aos índios que se ajuntassem neles, e depois de ju n
tos lhes daria Padres para os ensinarem; de que eles ficaram muito
alegres (474).
Estando as cousas dos índios nestes termos, e sua conversão
indo tanto em crescimento que por todo o sertão eram já nomeadas
as igrejas, e a lei do Senhor se divulgava, vieram alguns principais
da banda de Camamú dar obediência ao governador, dizendo que
eles queriam se fazer cristãos, pediam lhes déssem Padres para os
doutrinar: remeteu-os o governador muito alegre com tão boa nova
3 53
23
JO S E P H DE A N C H IE T A
35 4
X X X . — INFORM AÇÃO DOS P R IM E IR O S A L D EIA M EN TO S
,1a guerra quo lhes haviam ,1c dar, e eles viam pelo olho como eram
salteados, se levantou parte do gentio de Paraguaçu e Cingipe,
indo-se pera o sertão; e das nossas igrejas, a saber; Santo Antomo,
Horn Jesus, S. Pedro. S. André, 12.000 almas, ficariam 1.000 pou-
,,,. mais ou menos, e toda esta gente e a mais que tenho dito se foi
meter por esses matos por escaparem aos agravos e sem razoes, que
lhes os Portugueses faziam.
Vendo o governador quão mal isto saíra, e quantos males e pe
cados daqui resultaram, que pagavam os inocentes polos culpados,
e que a terra se destruirá em tão pouco espaço de tempo, revogou
a sentença dos Caaetés. mas a tempo que já não havia remedio, por
que como os homens andavam já tão metidos r.-o saltear dos Índios,
como ainda agora hoje em dia se vê, e vendo que o governador lhes
atalhava o seu proposito, revogando a sentença dos Caaetes, usa
vam outra manha não menos perigosa, assim para as conciencias,
,.(,mo para as vidas que alguns perderam neste ofício, indo-se polos
matos com resgates, onde os índios se iam esconder por fugir
Peles, e faziam com eles (pie se vendessem uns aos outros, dizendo
OU.- eram Caaetés, isto tanto montava, que fossem das igrejas, que
sc despovoaram, como que fossem dos outros; e vendo o governador
que isto não tinha remédio, fazia por haver ás mãos quantos índios
iiéstes, assim trazidos, podia, e punha-as em sua liberdade, mandan-
, V-os pei a as igrejas. Foi esta revolta grande perturbação pera os
índios cristãos, porque a uns levavam as mulheres, ás mulheres le
vavam os maridos, e a outros os filhos a vender por essas eapi-
1anias.
3 56
X X X . — INFORM AÇÃO DOS P R IM E IR O S A L D E IA M E N T O S
357
JO S E P H DE A N C H IE T A
35 8
x xx. _ INFORM AÇÃO DOS P R IM E IR O S A L D E IA M E N T O S
359
J O S E P H D E A N C H IE T A
360
XXX. INFORM AÇÃO DOS P R IM E IR O S A L D E IA M E N T O S
361
JO S E P H DE A N C H IET A
362
XXX. — INFORMAÇÃO DOS PRIMEIROS ALDEIAMENTOS
363
JO S E P H DE A N C H IET A
364
XXX. - INFORMAÇÃO DOS P R IM E IR O S A L D EIA M ENTOS
oo 6 5
JOSEPH HE ANCHIETA
366
XXX. — INFORMAÇÃO DOS PRIMEIROS ALDEIAMENTOS
3b7
JOSEPH DE ANCHIETA
3 69
24
JOSEPH DE ANCHIETA
forros, posto que seja um somente sonegado, alem das penas que
têm pelos regimentos, leis e ordenações, sendo peão, será açoitado
publicamente com o baraço e pregão, e pagará de pena quarenta
cruzados, e sendo de mais qualidade, pagará a dita pena a dinhei-
,o, e será degredado para fóra das capitanias da governança, onde
cometer o tal delito, por dots anos, e os índios todos que vieram
do tal resgate serão havidos por forros, e a metade destas penas
serão pera as obras dos colégios, e a outra metade pera quem os
acusar.
“ 0 qual assento se tomou nesta cidade da Baía de Todos os
Santos, e mandam, que em tudo se cumpra e guarde conforme a
carta de Sua Al tesa, e serão passadas cartas para as outras capi
tanias na forma acostumada, e assinaram aqui. Hoje 6 de Janei
ro. Antonio da Costa o fez por nosso mando. Ano do Nascimento
de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1574 anos.
O governador Huiz de Brito d ’Almeida. Antonio Salema (502).
371
JOSEPH DE ANCHIETA
to, polo muito gentio que havia. Dali por deante mandou tam
bém o governador com o Padre um capitão com alguns Portugue
ses (504), para ver se naquela terra se podia fazer alguma povoa
ção. porque diziam ter ele ali 10 léguas de terra, os quais lo i-
1ugueses foram causa daquilo não ir por deante, e da guerra que
s( foz: porque pretendendo .seu interesse, que são escravos, com
enganos resolveram tudo.
Chegado o Padre ao Rio-Real, os Portugueses, que com ele
iam. fizeram sua habitaçuo na barra do rio, e <> 1 adie passou por
deante ás aldeias, que a primeira estava dali a seis léguas, e á.s
outras mais: foi o Padre recebido de todos os índios com mostias
de muito amor, mostrando o desejo que tinham de o vei e ouvir
a palavra de Deus. Fez logo uma igreja de S. Tomé (505), e
depois de estar eom aquela gente, foi por deante visitar as outras
aldeias, onde fez a igreja de Nossa Senhora da Esperança (506)
■■outra de S. Inácio na aldeia de Curubi (507), que era o princi
pal de toda aquela terra, muito nomeado o temido entre os Por
tugueses. F.stas tres igrejas andava o 1 adie visitando com muita
consolação e quietação dos índios, a t e que Nosso Senhor desse ou
t r e remedio.
Daqui passou o Padre ao ( irigi. e pôs em paz todas aquelas
aldeias, que por ali estavam, que eram 28, pregando a todos sua
salvação: uns folgavam de o ouvir, outros também se escondiam
polo não ver. Fez então o Padre entre éste gentio uma igreja de
S. Paulo para os ir visitar algumas vezes, e os que quisessem ou
vir as cousas de sua salvação o pudessem fazer; de que os Índios
ficaram muito contentes, parecendo-lhes que com isto ficariam li
vres dos agravos, que lhes faziam os Portugueses, porque onde
quer que us Padres foram pregar a lei de Deus entre o gentio,
assim nesta Baía, como nas capitanias onde o houve, sempre ti-
\ eram contra si os Portugueses, como bem se tem mostrado no que
tem sucedido.
37 2
*
XXX. — INFORMAÇÃO DOS PRIMEIROS ALDEIAMENTOS
O 7 O
O I O
JOSEPH DE ANCHIETA
3 74
XXX. — INFORMAÇÃO DOS PRIMEIROS ALDEIAMENTOS
375
JOSEPH DE ANCHIETA
37 6
XXX. — INFORMAÇÃO DO»S PRIMEIROS ALDEIAMENTOS
377
JOSEPH DE ANCHIETA
3 78
XX X. — INFORMAÇÃO DOS PR IM E IR O S A L D EIA M EN TO S
379
J O S E P H DE ANCHIETA
d S0
XXX. — INFORMAÇÃO DOS PRIM EIROS ALDEIAMENTOS
NOTAS
382
X X X . — INFORM AÇÃO DOS PRIM ETROS A LD EIA M EN TO S
3 83
J O S E P H DE ANCHIETA
» ■ » . - - o t «utro lado, a d a ta a .
I7 . d. , , ... :n(iu„,,jq lio texto*. 4 Êste toi o sucesso cias igrejas
r « S ' “ dres 'd a Companhia tircrou, a seu cargo depois que vein
W S * Sonea até agora, que ha 34 anoe” . Tendo Tome de Sousa chegado ao
Brasil em 1549 em 1583 se completarum os 34 anos. Oia, ainda que n a ) ,e
I d e como rigorosamente exato êsse cômputo dos anos decorridos desde a
vinda do primeiro governador, cômpulo que frequentemente nos documentos co-
loniaia t sé aproximativo, pároco co ito pouco protnvol sobretudo e m j n n a o
dos termos categóricos da informação, que, sendo ela de 1 ..8 /, a aproximaçao
se estendesse a um periodo de 4 anos. Mesmo porque todas as demais datas
indicadas no papel são absolutamente precisas. E mais um indicio veemente,
,,té decisivo de que a Informação foi escrita em loS3 e o fato dela só men
cionar OS sucessos ocorridos durante os governos de Tomé de Sousa, Duarte da
Costa Mem de Sá, Luiz de Brito de Almeida-Antonio Salema, Lourene.o da
V . ! £ . . interino dc Co.ntc itangcl. Quer dixer: outre 1549 c 1588, dos pn -
n.eiros trabalhos de Nobrega á expedição de Onofre Pinheiro contra os ne
•rros de Guiné nlevantados” . Se a lnformaçao tivesse sido escrita em lo» 7,
fom.samente, indubitavelmente faria referencia á conquista da Paraíba, nesse
mesmo ano conduida o da qual participaram os mdios aldeiados. la n to mais
quanto três jesuítas, padres Jeronimo Machado, Sun ao lavares e h raiicisco
Teixeira, foram testemunhas de boa parte da campanha. E e a u m 'd o s dois
primeiros (pois Francisco Teixeira faleceu em L)87 em Pernambuco) que se
deve o Sumário das armada* que se fizeram e guerras que se deram na con
quista do rio Paraíba ( “ Rev. do lust. H i s t . ”, XXXVI, parte I, p. o-89;, es
crito a mandado do visitador Cristóvão de Gouvêa. Ao autor da Informação
dos primeiros aldciavtcnlos seria fácil, portanto, completar a extensa e precisa
narração de seu companheiro de hábito. Quem se ocupou tão minueiosamente
do todos os acontecimentos importantes da Colonia, que direta ou indiretamente
se relacionassem com a atividade da Companhia, a partir de 1560 sobretudo,
i;ão deixaria de dedicar longo trecho do sua Informarão a sucesso de tal monta,
ressaltando os serviços prestados na conquista da Paraíba pelos índios amigos
e seus protetores jesuítas. Ademais, se tivesse sido escrita “ em 1587 ou logo
depois”, como diz Capistrano, a Informação não poderia omitir, antes a trans
creveria integralmente como fez com as anteriores, a “ lei repressiva acerca do
cativeiro dos Índios de 22 de agosto de 1587”, que Varnhagen (o. c ., I, pa
gina 496) atribui ás “ informações e influência de Teles B a rre to ” . Tudo isso
indica, portanto, que a data do papel é realmente aquela revelada pelo seu au
tor, quando calcula os anos decorridos desde a chegada do primeiro governador.
A única dúvida possível a respeito decorre da referência aos indios aldeiados
que socorreram a Baía, quando aí esteve uma “ nau inglesa”, pouco antes de
redigida a informação, ao que parece. Só havendo notícia, por essa época, do
ataque dos corsários ingleses Withrington e Lister em abril de 1587, Capistra-
3 84
X X X . — INFORMAÇÃO DOS PR IM EIR O S ALDEIA M EN TO S
385
JO S E P H DE A N CH IETA
Pi......... « * a , ............ .
, *i o cftso d e A n c h ie te , quo, repo ineiill Tnaci 0 do Tolosa, só esteve
até 1577, quando chegou do Sul I P tniral em 3 509, se conser-
» « ... ™ '» ■ . r i l ™ riü » ™ . w , * *
v,m 11.1 H o» « ' « , * > > » * • sncosBOS ....... iToterniinarani ■ oubatitui-
T
(|f>" setembro
T T de
j 15 a, 1u's
fi t ai
lo 1573. W
1 a - ,.................
in h«•
a lh"o sKim,|“ ' l'k ” pr0'
da conversão 110
curador a Poma, deixando bas an e a< « ^ ' . seguido. Além disso, seu
-o - f ( ; v \ 0 m ui r ' , Ü d i m o s ( ^ i s t r n n o , n ã o I b e p e r -
P rc, ' : m " .......................... ' ’ ,, r r a b a l l i o s a c o m o ó a Informação dos pn-
,!'iMritt , 7 <;r,.‘v,'r ;! , !r r : 7 a t é prova melhor em contrário fornecida
tnda .8 as probabilidades militam, segun-
i " 1' ,i',lll' 1UCr ‘" '^ m .r * (h""ulorm 'do' Ancbiod a. Em todo 0 caso, se não é ele
do 1 0 .s parece. . 1 cia v i - t o s foi escrita a Informarão
- — v:-,;' 7;" .^v.;v
: 'r r'::zz
não
«■
I"k : i rá o p a pel d e s l o c a d o cut re os esc r d os d o
r
1 a u m a t ui g . .
o ;i Companhia para a
( !"7 ! Hf,I ire a s t r a i at i v a s e n t r e d . d e ã o 11!
j). 42!) e s . ) e S. do
id:i ilos n ■i s s ' o n a r i o s a o b r a s i l , v . P>. T i d e s (( rou
!s i•o 11 <■e 11 s (i rou., e d . d e í s i m , 1. !, n .
4.-.S ) “ T r n i t a l l m m o s d e s a b e r a l i n g u a d e l e s e n i s s o j . p a d r e N a v a r r o n o s
, , -- , , ^. r .,v p, \ o b r e g a ao p a d r e S i m a o b o d r i g u e s (Can.,
i v:1 van a g e m a lo d o s . m u u . i -'oi.i g
.... u n d o C a p i s t r a n o ( n o t a a V a r a l , . .
i
Ihst. Gcr.,
D o d . 5 E ]>■ oOO
. ,, V iX-
V.
: i. . en o n i r o n f a c i l i d a d e e m a p r e n d e r a lingua d a t e r r a p o r se . <u u ^
\ a ’•!
Xp P , u (Muil.em a r a p i d e z c o m q u e A n c m c l u , <m o u
■n ;ka ra K a s s i m se
t;mn 1l i s e a i i d i . se l o n m u me-4 ro i la l i n g u a nr
a ca rta de d . D u a r t e
. 1õ!> i Sol ire C'SE.’l Pji l e r r a dos í n d i o s da B a ía.
.!a ( ' ost a . d e 1n P o i m d i o d e 15:,-., p b l . na !!>■'
p o r It. C a r e
/in Urosil ( I I I . i1 477-b ) e r e p r .
i. p . 7- 7 1 ) .
c . , ! . o, n. o ), “ teve fim esta
i tiiO i N o di izer d e S . d e V a s e o n c e l o s ( i1
de Maio do ano do Senhor de
leoliii,.Pii m a s b e m a f o r t u n a d a g u e r r a , n o m e s
, ,.:n “ A p r i m e i r a a l d e i a q i m a s s e n t a r a m os p a d r e s * ’ f o i a (1°
melhe (S d e V a s e . , o . c . , 1. 2, n . 5 ) . Ne l a r e s i d i r a m os p a d r e s A n t o n i o b o -
P rigim s e I .e o n a r d o do '• a l e .
, pm, F m 155(>, a l é m d a s c a s a s d a B a t a , E s p i r i t o S a n t o e S ã o V i c e n t e ,
F u l m i e os J e s u i t a s a d e P o r t o S e g u r o e j á p r i n c . p i u d a a d e I e r n a n i b m o .
s*,‘, b r e a - m e r r n d o s i m l i o s d o E s p i r i t o S a n t o , n a q u a l E e r n ã o de
M-, perdeu a vida, v* Cart. Ar. ( X X I I I ) , f r e i V i c e n t e d o S a l v a d o r (. Hist.,
|, Ktp 7 0 ) e C a p i s t r a n o ( n o t a a Y a r n h . , o . c . , C P - <>. i ) .
i .KPT) A guerra dos Ilhéus é porm enorizadam ente descrita por X obrega
X V ) . •!á e s t a v a c o n e l u i d a e m s e t e m b r o d e .15:.9 (Urt Aj ., —
X X X ! V e X X X V I ; C a p i s t r a n o , n o t a a V a r n l i . , o . c . , 1, P - ' /•
XX X . INFORMAÇÃO DOS PR IM E IR O S A LD EIA M EN TO S
3 87
JO SEPH DE A N C H IE T A
388
X X X . __ INFORM AÇÃO DOS P R IM E IR O S A LDEIAM EN TOS
(487) A a l d e i a d e S a n t a Cruz. d e D a p a r i e s , s e h a v i a m u d a d o p a r a J n -
g u a r i p e , “ p o r c a u s a d a f o m e , o p o r l h o m e t e r e m em c a h e c n se us f e i t i c e i r o s , q u e
p r o c e d i a e s t a em c a s t i g o de se h a v e r e m s u j e i t a d o a C r i s t ã o s (• • " e ascon
coJ og 0 . e . 1. n . 3 0 ) . — Q u a n d o p r o c u r a v a m i m ] t o d i r a d e b a n d a d a i d s in
dios d e T a p c r n g u á e T a p e p i t a n g a , e s t i v e r a m a p i q u e d e m o r r e r as m a o s d o s u-
g i t i v o s os p a d r e s J o ã o P e r e i r a , A d ã o G o n ç a l v e s , J o r g e R o d r i g u e s e urn i r n m o .
(4 S S )E m l.'()4, e s c r e v i a A n t o n i o Blasouez. ao p r o v i n c i a l p o r t u g u ê s (( «m .
A r i ; n i ) : “ A s m u r m u r a ç õ e s q u e o a n o p a s s a d o so h a v i a m l e v a n t a d o , f u n
d a d a s n o s m i e p r e t e n d e m os s e u s p r o p r i o s i n t e r e s s e s d o s b n l i o s , p a r e c e n d o - l h e s
q )e nós i m , W i L s a .......... * * » • " ^ 5 ^
eme t e v e o P a d r e P r o v i n c i a l p a r a l h e s d e s a r r a i g a r e s t a o p m x a o .ir..ib.indc
o G o v e r n a d o r q u e m a n d a s s e p ô r e m c a d a . p o v o a ç ã o u m h o m e m .m i r a d o q u e t i
v esse o n o m e de C a p i t ã o e fo sse como q u e o p r o t e t o r dc.es deten d e m .o -o s . . .
i
i n á r i a s e a g r a v o s dos C r is t ã o s . Estes, com o te s t e m u n h a s de vista, o b s e rv a n
d o a n o s s a v i g i l â n c i a e c u i d a d o q u e c o m eles se t e m c p o r o u t r a p ai te c o n s i
d e r a n d o o s i n s u l t o s e o p r e s s õ e s q u e d a p a r l e d o s C m t ã o s j . s -índios p a d m m m
h ã o d e c l a r a d o e p u b l i c a m e n t e diz em ao povo a p o u c a r uza o o a
q u e tem e m no s p e r s e g u ir , e a j u d a r ta o pouco n esta obi.i
Senhor” .
( 4 S ()) E ’ c o m c e r t e z a o m e s m o F r a n c i s c o de M o r a i s q u e do n o s na m
q u i r i ç ã o o r d e n a d a p o r M e n , d e S á , e m 1570, para j us t if ic a r os s e r v i a s q n c
prestou no governo (Instrumento dos serviço,s de Mem de ba,
B ibl. N ae. ”, X X V II, p. 153).
389
JO S E P H DE A N C H IETA
selvagens do Campo Grande, onde morreu com muitos aldeiados da Baía, se
gundo narra esta mesma I n f .
(492) Certamente o mesmo que tomou parte na guerra dos indios da
laia durante o governo de d. Duarte da Costa (nomeando-o êste, na c arta de
Baía
100 de junho de 1555, “ João d ’Araújo, que foi Tesoureiro ) vem citado como
lartidnrio do governador na representarão da Camara da B aia de 18 de de-
V'
zetnbro de 155G e dcpOs em 1570 no Instrumento dos serviços de H e m ae^ba
(“ An. da Bi Dl. Nac >* XX VII p. 137; Hist, ria Colon. Por t. , I l l , p. 377-9;
“■“ ’1 - ^JO)
Capistrano, e R. Garcia, nota a Varnh , 0 . c ., 1. p. 3(36, 371 e
(493) V arnhagcn ( 0 . c ., I, ]>■ 423-4 ) reproduz, n carta régia ligeira-
mente m odificada, sobretudo no final.
(■4944 Observa Capistr: no um ;1 a V arnli., o . e ., T. p . 424): “ O ou-
vi dor quo anui estava era ainda i iraz F ra g o so . Isso permite fixar a d a ta da
carta régia em 156li, pois já "i;i 20 d( novembro dêsse ano Fernão da Silva es-
íif. - A
lava no B r Silva Lisboa,
a Anais
s do !!io id1’ Janeiro,l 1, 313 _.
carta foi recebida antes de jullm, mês em que se tomaram as residuçoes que
a I v í ■ reproduz, em seguida .
(495 > <'oiiiii Cl.
d i z ( 'a i i st r a m 1 c .) , essa data indica (pie não se esperou
]>nrn delibe i r a v i n d a d o pae.n lnacio de Azevedo e do novo ouvidor geral
Fernão da S i l v a , d e a c õ r d o c o m 11 111 ic de! erm ina va cart a-régia .
390
X X X . — INFORM AÇÃO DOS PR IM E IR O S A L D EIA M E N T O S
sri s : m v - í **
391
JO S E P H D E ANCH IETA
cença pelo mesmo caso é mui bem castigado conforme a sua culpa. Além disto
pera que nesta parte h a ja mais desengano, quantos escravos agora vêm nova-
mente do sertão ou dc umas Capitanias pera outras, todos levam primeiro
A alfandega, e ali os examinam, e lhes fazem preguntas, quem os xendeu, ou
como foram resgatados, porque ninguém os pode vender senão seus pais, se
fôr ainda com extrema necessidade, ou aqueles que em^ ju sta guerra os c ati
vam: e os que acham mal adquiridos poem-nos em sua liberdade. E desta m a
neira quantos índios se compram são bem resgatados, e os moradores da te ira
não deixam por isso de ir muito avante com suas fazendas” . J á no Trat
fed. da Acad., p . 55-6), havia aludido (landavo A “ determinação e assento
lie ].r>74, quasi que com as mesmas palavras.
(503' Com o padre Gaspar Lourcnço seguiram 11 irmão Joao Solonio e
vinte neófitos da aldeia de Santo Antonio (padre fnacio de Tolosa, carta de
7 do setembro de IA7A,, na Hishkia clr Sc niipr, de Folisholo Freire, llio, 1891,
nota, p. d-13; F. Saechino. 27/.P orne Snrii tnfis Jruu, nos Aponi, de A. H. Leal,
p Partiram, de m-úrdo emu a I v f . . cm janeiro de 1070, precisando
F. Saechino que a chegada ao 1,’io pool foi na / 0 . februari (28 de ja n e i
ro) Tolosa, porém, dá a partida da Paia em fevereiro o a chegada ao lio Leal
no dia 28 dêsse mós. Xa Synopsis de A. Franco ( A p o v t . de A. H . Deal,
p. -j:::; 1 j 0ão Salono (siri, catalão, vem mencionado como padre já em D»i4,
•mo do sua oliegada ao Brasil.
(.'.04 1 Esse capitão era Garcia <1’Avila (G . Soares, o. e .. p . ■>■>. e frei
\ r . do Salvador, o. . . . c l . HUS, p. 213-4 i, que seguiu com uma companhia
de vinte soldados (F. Freire, o. c., p. a ).
( ) A aldeia de São Tomé, segundo supõe F. Freire ( 0 . r ., nota, p a
gina ã), ficava “ nas imediações do rio Piaui, atinente do Kio Ileal .
(50C.) No dizer de Saechino, quem edificou igreja de Nossa Senhora
da Esperança, em substituição A de Suo T o m e , foi 0 padre Luiz da Grã. A ida
deste ao rio Kcal é narrada por Tolosa, na carta citada. Declara 0 Provincial
que, tendo chegado ao Governador Luiz de Brito várias queixas contra 0 p a
dre Gaspar Lourenco, queixas essas enviadas pelos portugueses que haviam se
guido com Garcia d 'Avila, resolveu mandar Luiz da Gra, tendo por intérprete
o irmão Francisco Pinto, afim de apurar a procedência das acusações. Luiz da
Grã escreveu logo desinent indo 0 que se dissera do padre Gaspar Lourenco.
Saechino informa que, após a revolta dos Índios de São Tomé contra os por
tugueses, Inácio de Tolosa substituiu Grã pelo padre João Pereira.
(.“07 1 Curnhí e Survbí (Tolosa. !. e .) , Surubim (Saechino, i. e .) ou
Snroh 1/ (frei A', do Salvador, 1. c . ) . A aldeia desse principal, no dizer de
P. Freire (o. e ., nota, p. ã) “ ficava nas margens do rio Vazabarris, junto,
011 talvês 110 lugar em que acha-se edificada a vila de Itaporanga, o que se vê
pela carta, de sesmaria de Sebastião da Silva, Francisco Hodrigues e Gaspar
dc Fontes” . — Surubim, de çoó-r-oby, significa “ animal azulado, com laivos
azuos” : é o nome do peixe chamado jaú, no Sul do Brasil (T . Sampaio, O
tu vi na ninar, nar., 3* cd . ) .
(AOS) Apircpc (Saechino, 1. e .) ou Aperipé (frei V. do Salvador, 1. e.).
Na reprodução da carta de Tolosa feita por F . Freire (1. e..) , 0 nome dêsse
principal figura como sondo Pepita, evidente erro de cópia.
(Aopt Isto se passou, segundo Saechino, com o padre Luiz da Grã. —
V . nota A ;,
3 92
XX X . — INFORMAÇÃO DOS PR IM EIRO S ALDEIAM ENTOS
(511) O u Orobó.
(512) O p a d r e D i o g o N u n e s a c o m p a n h o u , e m 161-1, a e x p e d i ç ã o d e A l e
x a n d r e d e M o u r a a o M a r a n h ã o , d a «mal p a r t i c i p o u t a m b é m o_ p a d r e M a n u e l
G o m e s . D e v e t e r e n t r a d o p a r a a C o m p an h ia , n o b r a s i l , po is n a o vem m e n c io
nado na Synopsis de A . Franco.
394
* ■
XXXI
COLÉGIO DA BAÍA
395
JO S E P H DE A N C H IE T A
39 6
X X X I. — B R EV E NARRAÇÃO (1584)
39 7
JO S E P H DE AXCHIETA
398
X X X I. — B R EV E NARRAÇÃO (1584)
399
JO S E P H D E A N C H IE T A
400
X X X I . — B R EV E NARRAÇÃO (1584)
401
26
JO S E P H DE A N C H IE T A
visou a tristeza que nos oprimiu, bem como aos estranhos, dos
quais era estimadíssimo. Todos nutrimos a esperaça de que o
Senhor recompense com a patria celeste aquele a quem a morte
encontrou preparadissimo, pela participação no jubileu do Espi-
rito Santo.
De tal modo os nossos se dedicaram este ano em ouvir con
fissões e convocar assembléas, que muitos de entre eles, por inspi
ração divina, adotaram uma vida muito diferente do que passa
vam antes.
Como no espaço de sete, ou oito meses partissem deste porto
para Lisboa mais de quarenta navios carregados, houve entre nós
grande concorrência de marinheiros, que, prèviamente confortados
<-om os sacramentos, empreenderam a navegação.
Continuas excursões se fazem aos engenhos de assucar, que
encerram grande quantidade de Africanos, e com o favor de Deus,
ainda mais frequentes se farão, visto que foi admitido, êste ano,
em o número dos Irmãos, certo rapaz habilissimo naquele idioma,,
e como o Padre Visitador o mandasse pregar publicamente no re
feitório, tamanha energia e dextreza manifestou no seu discurso,
que a todos encheu de admiração. Por meio dêsse intérprete e
sendo ele seu mestre, grande será o fruto que se deverá colher
das missões.
Nestas missões os nossos tinham batizado 190. Uniram em le
gítimo m a t r i m o n i o 166, purificaram pela confissão a 5 . 3 0 7 .
Em breve tocarei em notáveis exemplas, que decorrem da re
cepção dos sacramentos e das assembleas.
Por intervenção e diligencia de um Padre, sucedeu que se ex
tinguissem completamente as desinteligencias que existiam entre
dois fidalgos.
Duas mulheres expostas ao perigo da deshonra, por meio de
uma coleta, puderam contrair matrimonio.
Realizou-se a restituição de 591$300 ao seu legítimo dono.
Certo fidalgo estava tão acostumado a jurar, que não podia
proferir uma só palavra, sem fazer um juramento. Falando-lhe
nisto um Padre e lhe expondo o perigo de concienda, mudou-se
em outro homem, de tal modo que mandando ao Colégio uma car-
X X X I. — B R EV E NARRAÇÃO (1584)
403
JO S E P H D E A N C H IE T A
404
X X X I. B R E V E NARRAÇÃO (1584)
Passam de 2.000 aqueles que, este ano, foram pelos nossos ar
rancados á impiedade e purificados pelo batismo, em toda a pro
vincia, se a eles se juntarem os trezentos que foram batizados no
Colégio do Rio de Janeiro (como é grande a bondade divina!),
não contando os que foram batizados em casas particulares e não
puderam ser registrados.
Estes são os frutos desta vinha que vos pude oferecer R .P . J . ,
os quais para que se aumentem e se desenvolvam, eu desejaria
que em vossas contínuas preces recomendásseis a Deus os nossos
Padres e os nossos Irmãos.
Dada na Baía, a 28 de Dezembro de 1584 (545).
NOTAS
(523) P b l. em latim , com a assin atu ra rle Anchieta, nos “ Anais da. Bi-
bliteca N acional”, X IX , p . 58-64, c, vertida p a ra o português pelo prof. João
V ieira de Almeida, no fsacieulo Carta fazendo a descrição das inúmeras coi
sas naturais que se encontram na provinda de S . Vicente, hoje S . Paulo, se-
fluiâa ãe outras cartas inéditas escritas da Baía pelo venerável Padre José
âe Anchieta, S . Paulo, 1900, p . 56-69. E scrita au mesmo tempo que a I n fo r
mação ão Brasil de 1584, deve te r sido rem etida com esta p a ra a E uropa,
talvez como seu complemento, exclusivamente dedicado á atividade jesuítica
naquele ano. H ipótese plausivel ainda que seja a Breve narração o papel en
viado em agosto de 1585, a que se refere A nchieta no final da Informação
da P ro vinda do Brasil do mesmo ano, desde que a demora de oito meses
n a rem essa se tivesse verificado por fa lta de embarcação segura p a ra a
E u ro p a .
(524) E ram os da B aia, Rio de Janeiro e Pernam buco.
(525) Cinco residências: Ilhéus, P orto Seguro, Espirito Santo, São V i
cente e São P a u lo .
(526) Esse sacrario ou relicário, “ de pau de cheiro de jacaran d á, e ou
tra s m adeiras de preço, de várias cores”, contendo “ dezeseis arm arios com
suas portas de vidraças, e no meio um grande p a ra a imagem de Nossa Senhora
de S. L ucas” , todos forrados “ de setim carm ezim ” , foi feito por “ um irm ão
da casa, insigne oficial” , a m andado do visitador Cristóvão de Gouvêa. O bra
avaliada, segundo F . Cardim ( T r a t p . 324), “ somente das mãos, cm cem
cruzados” .
(527) P a d re Cristóvão de Gouvêa, nascido no Porto a S de janeiro de
1542, filho de H enrique Nunes de Gouvêa e B eatriz de M adureira. Segundo
n a rra B . Teles ( C r o n I, p . 268-75), Henrique Nunes de Gouvêa, homem
rico e de boa estirpe, movido em 1546 pela palavra do famoso pregador je-
suita Francisco E strada, então em missão no Porto, abandonou os cargos pu-
JO S E P H DE A N C H IET A
* anti r,3~ \ R efm : s(' Ar,f'],ieta neste trecho aos índios da aldeia do E spirito
Santo, onde o visitador “ teve as endoenças” ( F . Cardim, o. c ., p. 322-3).
(533) O que se segue é referente ao Colégio de Pernambuco, narrando
mhi et a o que ocorreu durante a visita de Cristóvão de Gouvêa, a quem não
acompanhou por motivo dc doença (F . Cardim, o. c ., p. 326).
(o34) Será B altazar Gonçalves que Luiz da Grã levou em 1560 de São
Vicente p ara a B aía, quando ainda noviço*
(535) Luiz da Grã.
406
X X X I. — B R EV E NARRAÇÃO (1584)
até 1572, quando tornou para o Roino. Dona B eatriz aaraimu então o gover
no P ela narração de Anchieta, vê-se que faleceu durante a j u n t a de Cristó
vão de Gouvêa a Pernam buco, isto é, entre 14 de ju ho e 16 de outubro de
1584 ( F . Cardim, o . c ., p . 327 e 386; V a rn h ., H u t . Ger., 3 ed. m t . , I ,
nota de Capistrano e R. Garcia, p . 373).
(537) Frei Antonio B arreiros, terceiro bispo do B rasil.
(538) Depois do insucesso da expedição ao estreito de M agalhaes, Diogo
Flores Valdez aportou á. B aía nos prim eiros dias de junho de 1583, logo após
f a i a d a notícia do desb,trato da segunda investida de ITutuoso Barbosa
contra os franceses da P a ra íb a . Valdez demorou-se na Baia. oito meses e
por ordem do governador Manuel Teles B arreto, p a rtiu afim de combater os
intrusos, comandando sete navios espanhóis e dois p o rtu g u ese s. Em Pernam
buco deixou o bispo d. Antonio B arreiros e combinou a m archa do socou o
que devia ir por te rra . Seguiu depois p a ra a Paraíba, onde incendiou cinco
das naus francesas que ali so achavam e á foz do n o , em Cabedelo, e d j c
o forte de São Felipe, que confiou a Francisco C astejon. A l de maio c.e
15S4, p artiu p a ra a Europa (V a rn h ., o. c ., 1, p. 486 e s e g . ) .
407
JOSEPH DE ANCHIETA
408
X X X II
409
JO S E P H DE A N C H IE T A
TAMARA CA ’
PERNAMBUCO
410
X X X II. — INFORM AÇÃO DA PR O V IN C IA DO B R A SIL
COLÉGIO DE PERNAMBUCO
411
w
JO S E P H DE A N C H IET A
BAÍA
412
X X X II. — INFORM AÇÃO DA PR O V IN C IA DO B R A SIL
413
JO S E P H D E A N C H IE T A
414
XXXII. — INFORMAÇÃO DA PROVINCIA DO BRASIL
415
JO S E P H D E A N C H IE T A
fissão nem missa, até que os nossos por ali vão. Estas missões são
não somente de grande edificação para todos, mas também de tanto
fruto que quinze dias que por lá anda um Padre com um Irmão,
faz de ordinario duzentos batismos de escravos adultos e inocentes,
dc Guiné e da terra, e até cem casamentos, sacando-os do mau es
tado, dando-lhes conhecimento do Criador e cousas de sua salvação,
além de muitas confissões e comunhões que se fazem e de tudo se
serve muito Sua Divina Magestade com grande consolo dos nossos
e não pequena edificação de toda a terra.
Tem êste Colégio três aldeias de índios cristãos livres a seu
cargo, que terão duas mil e quinhentas pessoas, s c i l i c e t : Espirito
Santo que dista sete léguas daqui, S. João que dista oito e Santo
Antonio que dista quatorze; nelas residem de ordinario até oito
dos nossos, dous ou quatro em cada uma.
Tem nelas suas casinhas, cobertas de palmas, bem acomodadas
e igrejas capazes, onde ensinam aos índios as cousas necessarias á
sua salvação, lhes dizem missa, e ensinam a doutrina cristã duas vezes
cada dia, e também em cada uma ensinam aos filhos dos índios a
ler, escrever, contar e falar português, que aprendem bem e falam
com graça, ajudar as missas, e desta maneira os fazem polidos e
homens. Em uma delas lhes ensinam a cantar e tem seu côro de can
to e flautas para suas festas, e fazem suas dansas á portuguesa com
tamboris e violas, com muita graça, como se fossem meninos portu
gueses, e quando fazem estas danças põem uns diademas na cabeça
de penas de passaros de várias côres, e desta sorte fazem também
os arcos, empenam e pintam o corpo, e assim pintados e mui galan
tes a seu modo fazem suas festas muito apraziveis, que dão conten
to e causam devoção por serem feitas por gente tão indomita e bar
bara, mas, pela bondade divina e diligência dos nossos, feitos já
homens politicos e cristãos.
RESIDÊNCIAS DA BAÍA
IL H É U S
416
XXXII. INFORMAÇÃO DA PROVÍNCIA DO BRASIL
PORTO SEGURO
417
27
JOSEPH DE ANCHIETA
418
XXXII. INFORMA ÇAO DA PROVINCIA DO BRASIL
RIO DE JANEIRO
419
JOSEPH DE ANCHIETA
420
XXXII. — INFORMAÇÃO DA PROVINCIA DO BRASIL
421
JOSEPH DE ANCHIETA
SÃO V IC E N TE
422
XXXII. — INFOKMAÇÀO DA PROVINCIA DO BRASIL
PIKAT1N1NGA
42 3
JOSEPH DE ANCHIETA
CLIMA
4 24
XXXII. — INFORMAÇÃO DA PROVINCIA DO BRASIL
425
JO S E P H DE A N C H IE T A
427
JOSEPH DE ANCHIETA
CARNES
PESCADOS
428
XXXII. INFORM AÇÃO DA PROVINCIA DO BRASIL
leite, e ás vezes sem azeite nem vinagre e dá-se aos enfermos de fe
bre como galinha ou outras aves. Entre êstes pescados ha muitos
peixes de preço e reais, como baleias, tantas e tão grandes que e
para ver. Aqui na Baía das janelas dos cubiculos as vemos andar
saltando e por toda a costa ha muitas.
Nos rios caudais que entram no mar ha peixes-bois (612) qu,
têm de pêso 20 e 30 arrobas. Dentro do cerebro destes se acha uma
pedra mui medicinal para quem tem dor de pedra e a carne e de
preço cozinha-se com couves e sabe á carne de vaca; se com espe
ciaria sabe a carneiro e também a porco e faz-se chacina muito
boa. Outros que chamam meros (613) são tão grandes que alguns
têm sete quintais de pêso.
Ha. muitas tartarugas, que são como cágados. ™
os dias passados que 20 homens não a pod.am volver (614). Nes
rios ha porcos dagua quasi da mesma maneira que os da teria ( )•
Junto I Baía três léguas, está um lago que tem caos marinhos
16161 e está um bom pedaço longe do mar em lugar m u i — e
é de anua doce, mas enche e vasa com o mar Oceano. Alem d.sto,
ha muitos mariscos em toda a costa, conmlagostms, ostras, caran-
cueiios breguigões (617), camarões, que sao alguns de um p >
e as ostras são em tanta quantidade que se acham ilhas cheiasdas
cascas (618) e far, cal para os edifícios que c tao boa como
FRUTOS
429
JOSEPH DE ANCHIETA
que são como peros bravos de Portugal, mas de grande gôsto e pre
ço e ao comer se sorvem como sorvas; acajús (621), que são como
peros repinaldos e dão uma castanha no olho, melhor que as de Por
tugal; aratieús (622), a árvore c como limoeiro, o fruto como pi-
niia ; naná (6211), dão-se em uns como cardos e as folhas como erva
babosa, o fruto é á moda de pinha, ainda que maior, dão-se todo o
ano, é fruto de muito preço e real, sabem e cheiram a melões, mas
são melhores e muito mais odoriferos e têm muito sumo. são bons
para quem tem dôr de pedra; o vinho que os índios fazem deles é
muito forte e se toma a miudo dele; com as cascas se limpam as
manchas de azeite e quando se os cortam fica a faca limpa e asseada.
Pstes frutos dao nas hortas e pelos campos e bosques em gran
ge abundanda e deles se fazem conservas, como laranjada, cidradas,
limões, naná em conserva e outros, e cruas não faltam aos nossos
para antepasto.
LECH uVÍES
BOSQUES
430
XXXII. INFORMAÇÃO DA PROVINCIA DO BfíAíSJD
BICHOS
431
JO S E P H HE A N CH IETA
ÍNDIOS
..-r;s:= ,”'2:íir;®— -
r."sr- r
rsx
: , » -
.ir»:::—”»-.■*.rsrrrrí:
i „n, Pace A estes, para alcançai saúde, >e
<■ "»c chamam 1 ag. . A I cerimonias, mas não acre-
1 l’ * ^ " ^ <" n 8 o são demamlBes. mas bomfaw-ios e earitati-
oi qnc'lhes entram em casa comem com eies sem ihes
CONVERSÃO
435
JO S E P H H E A N CH IETA
r ■■ \ ' acç' i P a t e r n i d a d e o u t r a in f o r -
P ," . A g o s to ■■ '■ ,.m tm ( 6 4 0 ) , com
,!"men,° de T
T^a IU i Ím
% Z r ^ r de Dezembro de 1585.
43 6
X X X II. — INFORMAÇÃO DA PR O V IN CIA DO BRASIL
NOTAS
* — • « £ & '* * * •
» » * . *
r, 31-56) Em bora o manuscrito nao tra g a assinatura, a 7n;orw»«c«o ««
l ; ^ r czt^: s s r « *
583, i , d» „ Catálogo * » « - * *“ p X
fere “ á mudança do Colégio de S. Vicente para Sant P01 or^ 0
Cristóvão de Gouvêa, mudança ^ j o ^ c t u a ^ X ^ a mesma nota, cs-
a te sta Cardim, que esteve> P ^ e n t ^ ^ ](Ia Inf ormação de Anchieta, em
crcve, a proposito da fla &™ , de F Oardim : “ Comparando a pre-
rário s trechos, com a Narrativa ePtst°-*J * ^ ta m -s e muitas semelhanças nas
sente Informação com a de erm • ’ V f 0T1tes da Narrativa epis-
descrições e é ootovol qoc se procure »«>" » “ "primciril carta de
iolar. Tal conclusão tem, porei , _ - a.a.ia-t de 16 de outu-
Cardim õ a.üerior « *»
r S t ^ i S a t í ™ : a vivacidade . .
sensivelmente, ou que ambos ^ e Brasil written bv a Portnqnese wich
Se nos lembrarmos eme no ' encontram muitas
X M thnr, P « » j £ ' s c » h m c S e v „»c eõra
fV v S á rS rZ :» ™ .* • * .« » » » • * . r ^ t r ^
&?£
A segunda das Informações m titu la .e e ía!a cm n0me dela,
a s
mente escrita pelo Provincial ,el“ |)r‘™ A j em segnndo porque se refere ú
tanto que em seu nome pede a benção do D tral c ,g ^ llôstc tempo
I n f o r m a r ã o anterior, que escrevera poi fo iça Informa-
o Provincial do Brasil era Joseph de Anchiota sc encí n treiu
coes de Anchieta, mas também por ora nao posso a
,os originais.
437
JO S E P H D E A N C H IETA
~ ? ! é t ssr ? r z x s á t t t t z
z r J u« £ £ : &.
nos tempos antigos por mol ■} ; Ho das comunicações com o Pa-
dade plena e 1ornavam por assim edim inuia: e quern
n,pssa inter,irelacão é tanto mais logica (pianto notarmos que desde o p ri
meiro ano da Visita 1083, a N a r r a t i v a E p i s t o l a r , tala de Informações car-
las, papeis, etc., enviados por Cristóvão de Gouvea no Geral ( . L a . d o I n . t .
U i s t ., tomo <5õ, 1*. pág. 24 i . . . . . n
Ai eu humilde modo dc vêr é que seria mais provável ter sido uma e outra
I n f o r m a ç ã o , fornecida de fato por Anchieta, mas da responsabilidade do Vi
sit ador, a quem por razão de seu oficio competia mais que a. nenhum outro
UÍ <' Destarte o Visit ador, pessoa de fóra teria se servido de Anchieta; mas
como Superior a todos, informaria Roma. Anchieta Redator da Informação,
Gouvea Informador oficial. Explicação não forcada. Longe de nos pensar que
., pêna de Gouvêa. ora alheia a assuntos sobre Brasil. Escreveu nada menos qu
mua Historia do Brasil. Refere Barbosa Machado, I, 579, que^no Colégio de
Jesus de. Coimbra havia no seu tempo Manuscritos do P . Gouvea:
Io) H i s t o r i a d o B r a s i l c c o s t u m e d a s s a i s h a b i t a d o r e s .
2“ ) C o m e n t á r i o d a s o c u p a ç õ e s q u e t e v e . c d o q u e n e l a s f e z .
3°) S u m a r i o d a s A r m a d a s q u e s e f i z e r a m e c / v e r r a s q u e s e d e r a m n a c o n
quista da P a ra íb a (Aís. da B ib l. do Conde de Vimieiro e de
J). José B a rb o s a )."
A respeito da tése desenvolvida pelo ilustre padre Murilo Moutinho, da
43 8
INFORMAÇÃO DA PR O V IN CIA DO BRASIL
X X X II.
439
V-
JO S E P H D E A N CH IETA
ti ;i a Ipid (lisso
se sc tratasse dc uraa inform ação do visita-
<*. ^ . e , , » < * * * * > * , < *«**
ainda não conhecia. E ’ natural que o Yisitador, so depois do o b se d a r pes
soalmente os trabalhos da catequese em toda a t r eer-
mar o Geral. Achando-se ele no Rio de Janeiro, na d a ta da Informaçao cer
lam ente adiaria p a ra depois de sua visita a S a o 7™ *?* cxtíem o^sui do*Pro-
Aa fnrnv. a noder registrar as impressões recebidas no extremo sul da n o
vincia Por tudo isso, é possivel afirm ar com pouca probabilidade de erro
que foi a Narrativa epistolar, redigida por Fernao Cardim a seu mandado,
f p r ta r ir a relação çompleta <k» « c r i » *> P™ '™ ™ « v i . d a por Cr.sto-
vão de Gouvêa. , , .
6*) Convem salientar finalm ente que, mesmo no caso de ser verdadei
ra a hipótese aventada polo padre Murilo Moutinho (A nchieta jtedatoi
Cristóvão de Gouvêa inform ador oficial), as duas Informações nao podem
deixar dc fig u rar entre os escritos do Apostolo do Brasil.
4 40
X X X II. — INFOEM AÇÃO DA PR O V IN CIA DO B R A SIL
sssr.
na qual confirma a data
c U dito Cologio do
de urna legua de t e u a em vamarug i
Olinda liavia dado do,, Crtsto,™ do M e|„ quam o
mril do
foi governador". (“ Kov. do l a s t . Arq. e Oeogr. Pernanibucano . l v , p . P J ) ■
Provavelmente esta terra fazia parte das duas léguas a que se 1 '
(558) C f. F . Cardim (o. c ., p . 287).
(559) V. I n f . de 84, nota 407.
„ qqo\ c<-ipvn n <ddiide com seu ter-
srss; i : " - » 1
em to da a capitania (Gandavo, T r a t., p . — )•
. . . . » •.
441
JO S E P H DE A N C H IET A
gij s .
página 54).
(567 i V. I nf . de s4 e lmta 415 .
,, ,, »()(), Fm 15s 7, dez on doze (Ga-
(508) Quatro l F. < ardim, o. c., 1»- )•
briel S o a r e s , o. c .. p . 54 j .
(5 6 9 , j.) ’ o ,|iie lambem informa F . 'Cardim (o. 1»• - 44 1 •
,. . *
(5711 ) V . I n f . de M e not a H4 .
44 2
X X X II. — INFORMAÇÃO DA PROVIN CIA DO B R A SIL
443
JO S E P H T)E A N CH IETA
p»- r— rr.
saryS".?— f ,-x*^ .s s s .ir™
altíssimo p a ra o tempo
1;::*;™
I,ara aU M venclerem, ‘' , / TU7'a
;
(A . de
' T’ „ s> p a »7o nos primeiros anos,
ji
p . 133 o 140-4) .
dc p <*».
ira tin in g a, exclama vF°. <Cardm,
" s : t (o. rc Ir • )
rece urn novo P ortugal .
. . M c r ,„ .. ,, “ . .0 muito sadia, ha nela gran-
S ', . :,;v . r .............
t e m p e r a d o s * c o m o e m ' E s p a n h a , c u j a t e r r a é m u i s a d i a ” . E S . d e J ^ c ^ eP{J®3
’V 1 , , _ 1 4 (, - “
K stes c a m p o s (de P i r a t n u n g a ) m erecem no m e d t Eli
‘ r : „ ; t ; f,„ ,.,J - e - .„„■ ................ .1, - f— " ; ; f “
r , , ' r .... .i,,, .. .............
, 0 ....... ................. 5™ .ili,l;Oc - ^ 2
I o d a a P r o v i n c i a : c o m o p o r q u e p a i l i u o . m c l cs ■ -■ ‘ h ma
t o d a a a l n . n d a n c i a d o f o u s a s n e c e s s a r i a s p e r a u s o d a n „ i Imi. a a
m u n d o . De
,- l i mi a p e r a r e c r e a ç ã o , e d e l i c i a , a q u e m a ' p ro c u ra i .
são capazes
( (Kl 1 ) . . . SCIS ousci e d o s nossos*' ( F . <
' a r u l m , o . c ., p p ><;
{ (>i>4 ) S ã o p a l a v r a s de F . C a r d i m ( o . c . , p . P-P>4) : “ V e s t e , n - s e ( o s m o
r a d o r e s d e P e r n a m b u c o ), e a s m u l l a r e s e f i l h e s d e t o d a a. s o r t e u e v e l u d o s d a
m a s c o s e m i t r a s s e d a s , e n i s t o t ê m g r a n d e s e x c e s s o s . Q u a n t o a os d a I ><»n> M
, , , - v c (, S o a r e s ( o . c . , p . 1 1■Ç : “ ■ ■ ■ t r a t a m s u a s p e s s o a s m u , h o n r a d a m e n t e ,
c o m l imit o s c a v a l o s , c r i a d o s e e s c r a v o s , e c o m v e s t i d o s d e m a s i a d o s , o s p e e m l -
, „ c „ t e a s m u l h e r e s , p o r q u e n ã o v e s t e m s e n ã o s e d a s , p o r a l e r r a n a o sei í n a ,
no que fazem g r a n d e s despezas, nibrincnle en tre a gente de m enor e o m b ç j o ,
p o r q u e q u a l q u e r p e ã o a n d a c o m c a l ç õ e s e g . b a o d e s e t , m m, d a m a s c o , e Ü 3 / e m
a s m u l h e r e s c o m v a s q u i n h a s e g i b õ e s d ........ e s m o , e s q u a i s , c o m o t e m q u a l q u e i
p o ssib ilid ade, têm su a s casas m ui bem c o n c e r ta d a s e n a sua m e sa^ serviço c e
p i a t a , e t r a z e m s u a s m u l h e r e s m u i b e m a t a v i a d a s de j o i a s d e o u r o . h m m o
P a u l o d e P i r a t i n i n g a , t e r r a i so l ad a e p o b r e , esse luxo er a d e s c o n h e c i d o , H a
via, q u a n d o C a r d i n , a v is ito u ( o . e . . p . - d ) , " g r a n d e f a l t a d e v e s tid o , p o r
q u e n ã o v ã o o s n a v i o s a X. V i c e n t e s e n ã o t a r d e e p o u c o . O s p i r a i i n i n g n n o s
ve s t i a . , i,-s e “ d e b u r e l , o p e l o t e s p a r d o s e a z u e s , d e p e r t m a s c o m p r i d a s c o m o
a n t ig a ,,,e n t e se v e s t i a m " , u sa n d o so m ente aos d o m in g o s “ ro u p o e s ou b ern e u s
,1c c a c h e i r a s e m c a p a ” . E s s a p o b r e z a d o v e s t u á r i o p a u l i s t a n o , q u e se e s t e n d i a
m o b i l i á r i o e a o r e s t o , é a t e s t a d a p e l o s i n v e n t a r i o s d o t e m p o ( A l c a n t a r a -M a
chado. Vitiu í morte do bandeirante, l!” e d . , p. ÕOS-m.
(OOr,) “ c a d a e s t a c a d e s t a s cr ia t r ê s ou q u a t r o ra iz e s e d aí p a r a c i m a
( s e g u n d o a v i r t u d e d a t e r r a e m q u e se p l a n t a ) a s q u a i s p õ e m n o v e o u d e z
m e s e s 0 , 1 1 se c r i a r : s a l v o e m S ã o V i c e n t e q u e p o e m t r e s a n o s p o r c a u s a d a
l e i r a ser m ais f r i a ” ((ia n d av o , Hixt., ed . d a A c a d . , p . t H ) .
sem
(C,0li) “ C e r t o g e n e r o dc t a p u i a s c ene a m andioca peçonhenta crua
l he f uz e , ' m a l p o r s e r e m c r i a d o s n i s s o ( t . Caiding o. ( ■, p- d)
444
XXXII. - INFORM AÇÃO DA PROVIN CIA DO B R A SIL
agua « m ^ rosado p a ra
comer e fica sofrível" ( F . Cardim, o. c ., p . áob) .
_ r ;U " :n S . r -
tupi nu geogr. nac., .1“ e d .) .
“ oue 20 homens não a podiam vol-
(614) E ssa ta rta ru g a , a g gg refeve y _ Cardim (o. c ., p . 8 5):
ver", é com certeza a mesma q vinte homens a não podiam le-
v a n t J ^ c l S f ^ L r t r - n m 'v e n t o - . 'R . Garcia (nota a F . Cardim, o. c „
445
JO S E P H DE A N C H IET A
446
X X X II — INFORMAÇÃO DA PR O V IN CIA DO B R A SIL
447
XXXIII
448
X X X III. — INFORMAÇÃO DOS CASAMENTOS DOS ÍN D IO S
é pelo amor carnal que lhes têm e pela conversação de muito tempo,
ou por eles serem principais; mas logo se lhes passa, porque ou se
contentam com os filhos que têm, ou se casam com outros: e al
gumas há que dizem aos maridos que as deixem, que lhes bastam seus
filhos, e que eles tomem outra qual quiserem.
E se a mulher acerta ser varonil ou virago, também elas dei
xam o marido, e toma outro, como me contaram que fez a principal
mulher de C u n h ã b ê b a (644), que era o principal mais estimado dos
Tamoios que havia na comarca de Iperuig, do qual tinha já um
filho e uma filha casadouros, e com tudo isso deixou, por ele ter
outras, ou pelo que quis, e se casou ou amancebou com outro: e ou
tras fazem o mesmo sem sentimento dos maridos; e assim nunca vi,
nem ouvi, que com o sentimento de adulterio algum índio matasse
alguma de suas mulheres; quando muito espancam o adúltero (645),
se podem, e ele tem paciência pelo que sabe que tem feito, salvo
se é algum grande principal, e a mulher não tem pai ou iimãos
valentes de que ele tenha medo: como me contaram de A m b i r e m
(646), um grande principal do Rio de Janeiro, naturalmente cru
delissimo e carniceiro, e grande amigo dos Franceses, o qual dal
gumas vinte mulheres que tinha, por lhe fazer uma adulterio, a
mandou atar a um pau, e abrir com um manchil pela barriga: e o
adúltero, que era um seu sobrinho, andou algum tempo ausentado
dele, com medo de ser morto; mas isto bem parece que foi lição dos
Franceses, os quais costumam dar semelhantes mortes, porque nun
ca Indio do Brasil tal fez, nem tal morte deu. O mesmo, e peor, e
com maior facilidade fazem outros ás mancebas; por onde parece
não é o sentimento pelas terem por legítimas mulheres, senão ha
veria ciúmes, como fez T a m a n d i b a , grande principal de 1 iiati-
ninga, que enforcou uma sua manceba, que era sua escrava tomada
em guerra; e o outro índio da aldeia de M a r r a n h a y a a outra sua
manceba escrava da mesma maneira (se bem me lembra), quebrou
a cabeça com uma fouce, ou por elas andarem com outros, ou ao
menos pelo suporem.
A g o a ç ã (647), que é o nome comum a homem e mulher, si
gnifica barregão ou manceba comum a qualquer homem ou mu
lher, ainda que não tivesse com ele ou com ela mais que um só
449
29
JO S E P H DE A N C H IETA
450
X X X III. — INFORMAÇÃO DOS CASAMENTOS DOS ÍN D IO S
451
JOSEPH HE ANCHIETA
como eaâ etc (656), mat» fino, de boa madeira, iyU ra etc
452
INFORMAÇÃO DOS CASAMENTOS DOS ÍNDIO S
X X X III.
453
JOSEPH DE ANCHIETA
aquela, e lhe querem bem, porque não tiveram outra nem ao p re
sente têm poder para a achar, e se acertaram de v ir a poder dos
Portugueses, têm medo que lhas tomem seus senhores, e eles se f i
quem sem m ulher; mas se lhes dão algum a mais jeitosa, facilm ente
deixam a prim eira; e assim acontece não raro que estes mesmos se
ao tempo do batismo têm tomado alguma de novo, ou algum p rin
cipal lhes quer dar alguma filha, ou irmão, facilm ente deixam a
outra e não querem se casar senão com a derradeira. E as outras,
ou sc ficam assim se são velhas e têm filhos, ou se casam com outros
(com o se disse ao princípio) sem muito sentim ento.
XOTAS
4 54
in f o r m a ç ã o d o s c a s a m e n t o s d o s ín d i o s
X X X III.
torreB ” -
4 55
JO S E P H DE A N CH IETA
45 6
XXX TV
457
JO S E P H D E A N C H IET A
458
X X X IV . — INFORMAÇÃO DO P. GONÇALO D E O LIV EIR A
NOTAS
a d fi^ iS : &
ao dia 29 de agosto, eselareeei.do que, além dos jesu tas nomeados por S de
Vasconcelos, v ^ a r a i com Luis da Grã mais 0
Z X » r ® e r ) Y . » õ Y r J , i i à ) ™ 4 i d Í ” . Gonçalo de Oliveira, Gaspar Lou-
“Y o 1 " I n t o S de Sousa (acrescenta Eui T ercira, “ est.o
dcnkr, p era que com «•
íssar,
çalo de Oliveira foi
rsu
inc»,aludo de t a s e r a dou ; pmmaiieceram os
ratYSar s r Y i E t x ^ “
459
JO S E P H DE A N CH IETA
..... r - — stto J!
. u o r t e ( o . c , ,1. 1 3 b ) . S e i p i u d o ptue.up , . ^ o 7 ;^ * ^ Garcia,
vid ra desped ido d a C o m p a n h m . E e quasi 1 ' * a 3 (lo j a n e i r o d e
que le n h a sido ele o " « e e r d o l e - evo.,; . . - ' .-A ldvao de
1.-.S4 a g a s a l h o u e m s u a c a s a na Ra. a d m, n l t a o:u, y m t ., p . 302,
Gouvêu, que » • * « < ' «' f a l i .................. da
mim <|U0
^
pertenceu ao
— "-tv::"
" ’í m i M p i o i si>) e A b r a n -
■mntlos /tara o Diriovorw (iro<irafivu un /, tamlJ u n , >‘ . 4 • 1■
è 9 é ;i a n t i g a a l d e i a d o E s p i r i t o S a n t o ( K . D a r e m , n o t a a 1 . < ; J
p 382) Da m e s m a f o r m a p o d e - s e t e r p o r c e r t o q u e e a n u í a a n p
1 r u 337- i S ),
q u a n d o d i z q u e , d i a s u n i t s cia,
v e ra q u e t ' a r d u i , se i e i n . ( u . , I' • ’ 1 s , ( U fk, n 0 v e n i b r o d e
4 6 ft
INFORMAÇÃO DO P. GONÇALO D E O L IV EIR A
X X XIV.
- ™ - « ■ , ,
(M5) o padre M artin, o» M a rtin .,, da Bocha chego» a . Brand, n a leva
461
JOSEPH DE ANCHIETA
4 62
XXXV
R esposta do p a d r e J o seph de A n c h ie t a ao p a d r e
G o n ç a lo de O l iv e ir a (667).
J
„ o Padre Gonçalo d’Oliveira muito tempo me importunou
pera entrar na Companhia e eu o diverti disto quanto pude por me
pareeer, ou quasi ter por certo, que teria as impuetw» e trabamoa
„„e agora tem. O mesmo pediu por si. e por mim e pelo Padre Lum
da Fonseca, ao Padre Visitador, o qual lhe disse por vezes que desse
.vimeiro fazenda « s e u t p a r e n t e s ou a outros pobres e que com isso
o receberia, e como ele instasse que a não havia de dar senão aos
pobres da Companhia ( 6 6 8 ) 1 t a n d e m fo. admitido sem nenhuma
condieão de se lhe haver de dar profissão nem votos de coadjutor
espiritual, e posto que ele isto pedia pera ficar mais atado e nao
poder depois qualquer Provincial despedi-lo e ele hear perdido
sem fazenda, o assegurei que entrasse liberalmente que dal a
meses querendo fazer, que facilmente e dali a pouco tempo lhe con
cederia o Padre Visitador votos de coadjutor espiritual que bastava
pera o que ele queria (669). ^
Tratando o Padre Visitador de seu recebimento com os Consu -
jones a todos pareceu bem que se recebesse c que se lhe podia con
ceder o que pedia, pois fazia tão grande mudança, mas nao acertan
do lhe essa condição, como de fato não se lhe acertou, mas dando-
oo-me es v , „plo p adre Visitador mandando-o
lhe esperanças, como se lhe deram, peio i auie
vir ao cubículo, onde, depois de tratar tudo isto corn eie deante dos
Consultores, o recebeu e se fez logo escritura de doaçao, consentin
ele em todas as clausulas que nela se puseram.
463
JOSEPH HE ANCHIETA
464
XX XV . — EESPO ST A AO P. GONÇALO DE O LIV EIR A
ser
conforme já se viu n a nota 661.
(670) Nêate e nos periodos que so seguem, Anehieta confirm a o alegado
por Gonçalo de Oliveira.
(671) 29 de junho.
^ - ao referindo-se com certeza Anehieta ao pa-
(672) Deve ser erro de copia, reieruiuo
dre ministro M artim da Rocha (v. nota 6 o ) .
(673) 2 de julho.
t
XXXVI
" V a . * r ^ K tr ;K S S £
" “ .« C i., - »
go, e dando-lhes vida, além dos P ^ mandada
fazia criar por pessoas virtuosas. T m t a ^ m ,
com os enfermos, aeudin o- es °°m com piedade, prineipal-
quando os noite, vi»do chamar um Padre
mente com os poores
469
JOSEPH DE ANCHIETA
Por morte deixou parte de sua fazenda para nossa igreja, que
ali então se edificava; parte á Misericordia e a outra parte aos po
bres. Houve neste liomen, enquanto se não deu a Deus, soltura no
vício da luxuria; mas por respeito de Nossa Senhora nunca quis
pecar com mulher que tivesse o nome de Maiia.
Com esta caridade e benignidade com que abraçava a todos,
470
_ FRAGMENTOS h isto rico s
XXXVI.
era mui amado dos bons e mui severo e rigoroso contra os vicios e
s : r ” — — i — - » - ■ — -
471
JOSEPH DE ANCHIETA
472
XXXVI. — FRAGMENTOS HISTORICOS
— - — ;:ritzxzz
:zizxez::^ ^ w - ...~: r
" T S e ' d ^ e constância era dos que mal vivia»
murmurado, perseguido e t ^ . m r ^ ^ ~
tado com pal avias, em ause estranhava muito em
c vis. Er» uni certo tempo, porque o Rrdrc ^ ^ ^ ^
particular e em publreo um caso ^ ^ &^ ^ com.
vrdor da Capitania, q hoim. muito provável suspeita
parando-o com o caso ' ■ (1izi„ ele aos Tr-
e indieios que se lhe maquinava a s nossos ror-
m ã o s: " E u , se h o u v e r d e s e r m á r tir , ha de
tugueses cristãos e nãc> dos Brasni neeessk,all(?s, quando ha-
Com tudo foi <> s o b r e d i t o poderoso, que,
via mister sua ajud • dp gailtos para S. Vicente, des-
estando preso e indo-be jc se embarcara e o deixava
pedido do governador em ’ ^ ele, com ra-
por alguns casos em poder d o capxtao d tmia, dej g^
zão, muito se temia, movido que depois de sua
bou com o governador que ^ ^ . vexado do Capitão (679).
partida nenhum lhe ficava senão sei m uutava. outro que
A» grande zé,o da ^ X , cnidadn e dili-
lhe era consequente, convem a sabei . g
47 3
JO SE PH DE A N C niE T A
c- í “ h ta i“
(lolegio de (Coimbra (bHO) .
r rins llluho benigno e piedoso e pelas cn-
Kni para com os ‘ • n>e eünservou a santa sin-
tranhas de amor eom que os ama «, • 1 VÓS; e além de
ecridade. antiga de ('mmbra, talam ( ^ _ c p a(lre> pelo im-
Ibe ser muito trabalho so de pionm.uai. l lh exercitava
pedimento da lingua, parece que o « - terMOs di-
— T 1’ * " ^ — cie I * . eui-
zendo: Irmão, vos tal « tal • _ 1 4 ,q, ,êlo que nele
lagrimas.
„ mesmas entranhas de caridade procurava to, o o pos-
sivl„ tie conservar um oa Companhia depots de * * » *
- x* . f.tni-as m rt.e s e outros tivessem uiverso parecer,
.-jr: SL-jr.zzXt a .
4 74
XXXV!. — FRAGMENTOS HISTORICOS
47 5
JO S E P H DE ANCHIETA
p e n a d a ...........
da igreja, sobreveio um* 8 ™,,, >; #)|mçW u,„as gotas
i m u l o n e g r a e l e i m i o s , i . s o ire peixeverando sem -
d- ........ possas. mas ngo - ^ ^ se
p...... »«'•«»• , s , V eiitàn rte.scarrc.gou com
recolheram q u ietam en te a suas a - w m ntni-
r t ,; : : ; ; : ; v o a Çães * . r r r .
l in g u a s não eram s a c e rd o te s .
47 6
XXXVI. _ fr a g m en to s h isto r ic o s
»■— e ***« * * * * * •
rrr— - r —s^:
T
477
JOSEPH DE ANCHIETA
mais com ela nem com outra no confessionário, senão presente o sa
cerdote ou em público na igreja, como costumais a falar e a en i-
” Sr PiMlmente não sofria nesta parte cousa, por pequena que fosse,
nrocurando conforme a perfeição que ele nisto tinha, que vivessem
T 5os com tanto resguardo quanto demanda a castidade evan
gel ca que nosso padre S. Inácio de Loiola pede nas Constituições.
Não tinha menos zêlo e cuidado que a obedienca dos subditos
para com os superiores fosse exata em tudo c de sua parte ~
c-m o exemplo. Em cousas graves esperava, quanto eia passive,
nosta deTom a ou Portugal, ainda que lhe parecesse que as podia
S — S Si. Quando, depois de im n to ^ — I X
negócio a Deus, se resolveu de ,r a c . r i , da _J ^ de
tão dependurado de querer a vontade cie 1 ’ ^ d„ padre Luiz da
^ * *
sas de a, viçaras a quem 11» desse novasde sua elega, &^ ^
- 4 - a f-s te se
479
JO S E P H DE A N CH IETA
c *^ ^ »r r r zz
o í™ “» - ■* p» aias * aepois
X X X V I. — FRAGM ENTOS HISTORICOS
™ z * — ...
levado ás c o s t a * e sem uso de mantéu, por-
roupa nova, senão veina ,
que então pela muita pobreza o nao avi • ^ que lhe ofevecia
Quando andava £°ra de e a s a , ^ # # dormia aí todo o
a pousada a aceitava * assim por sel. esmola, como porque eom
tempo que era necessa , para se" tirarem do mau
isso ganhava as vontades a ’ «niormc a lei de Deus e
estado e a outros para nc, seu^ive ^ ^ „
481
31
JO S E P H D E ANCH IETA
X l! T '
com muita paz seu espirito ao Senhor (691).
PADRE D IO GO J A COME
48 2
_f r a g m e n t o s h is t o r ic o s
X X X V I.
que então não havia sapato nem meia. Faziam muitos nos tem p»
l e furtavam ao estudo da gramatica e outras ma» graves ocupa-
e“es de que usavam nos eaminhos, ,ue são muito asperos de mom
tes e serras e grandes alagadiços: a matena destes alpargotes
! l o Unho mui rijo tirado de uns cardos, que os mesmos Irmãos
tiravanmdo mato e deitavam na agua, até que a cabo de qu.nze
OU vinte dias apodreciam e lhes tiravam o I mo .
l ^ i r H I o u c o a pouco se
~ Çr\rr QC OQCQQ P; lí^rGlBS (3-0 Pll O.
^ ° s deec o « : : s TJTJz
Viu-se sempre no dito Padre Diogo
salvação dos Brasis, e por esta ordmandmUm Ob d
estudou alguns " i Z e Z Poder ser sa-
posto que pouco aju d g^ ^ estmJo trabalhou muito,
cerdote e ajudar os Índio . . da terra, e as-
contudo muito mais trabalhava por sa o aparelhá-los
sim soube dela o que bastava para ensinar os Ind.os apa
para o batismo e ouvir suas confissões.
Depois de ordenado sacerdote foi
pitania do Espirito tempo,
^ e i S X ’e r — ^ id a d e , eurando-os corporal e espirituai-
“ en: i r í C e o u de um ajrave
deceu muito por falta do neee p rtutnieses e parecendo que ja
panhia, que está na vüa^ com ob ^ ^ igreja. B posto qUe
convalescia o tornou a man aldeia tomaria a
ele sentia em si muita fraqueza ^ ^ e
recair de maneira que se lhe se8ulSSe mltidão e alegria, se foi
propôs, contudo, obedecendo com ^ ^ ^ „u J dias, tor-
LdoTa i r : ^ " m o obediente e verdade.ro fi-
483
JO S E P H B E A N C H IE T A
P A D R E M A N U E L D E P A IV A
4 84
XXXVI. — FRAGMENTOS HISTORICOS
485
JOSEPH DE AHCHIETA
cas a Deus „or que o sou". Com o qual o outro ficou «ao somente
: „fuso mas também cheio de temor e não sem causa, porque o Pa-
dre (posto que (lisso nenhum caso faria) era homem de grande es-
de áninu, e forças...... uheeido de todos por tal, mas sna pa-
ciência e paz interior com que isto curava eia maior.
Era intrépido para todo o perigo corporal, especialmente se l -
ton inha obedieneia. na qual era prontíssimo; tanto que um dra,
indo por um monte abaixo muito íngreme com o
11a mandou o Padre que se deitasse por cie a rodar, o qual ele fez
logo sem nenhuma dilação, indo a tombos pelo monte abaixo, ate quo
lhe disseram que bastava (696).
Ordenaram os capitães de S. Vicente duas guerras contra os
Tamoios: foi necessário mandar o Padre Nobrega em sua companh.a
ao Padre Paiva, o qual todo o caminho, que lot largo, lhes disse
missa e prégou sempre, esforçando os Portugueses e
c acudindo juntamente aos índios cristãos com o Irmão Gre rio
Scrrão. que era o língua que levava. Em uma guerra e em outra
foi sempre o Padre Paiva sem medo com cruz na mao dean e a
efrea das aldeias, uma das quais foi rendida de todo, e com o es-
fôreo do Padre se salvaram muitos dos nossos, que estavam a ponto
de furtr com perigo certo das vidas; os quais o Padre fez esperar
f u que de todos se renderam os inimigos, de que havia ainda boa
Cépia recolhidos em uma casa forte, e se .sentiram covardia nos nos
sos. houveram de sair e matar muitos nas eanôas, em que se queriam
486
_ f r a g m e n t o s h is t o r ic o s
XXXVI.
A outra « — r S t " ; = t e de
r J T J T d e matar, e — do s e ^ o s P - . » — ^
„ último que ficou no mato; porque,
pesado, quis que mato , i perto, o
\im índio cristão o vem buscar e,
acompanhou até o embarcar com toda a gente. _
-[-> i eo acartou da cerca com
Nêste combate nunca o ^ ^ ^ Tsmok» nos per-
a cruz em ^ ™ ^ que estava com
guntavam: Quem ‘ 1 ]he tiravamos muitas frechadas e
uma cruz perto da cerca, p ^ mançira gtmrdou Nosso Senhor
nunca o pudemos aceitar . p&dre Paiva os nossos; e não quis
por sua misericordia por rm ^ g depois esteve nela o Padre
com os Tamoios, muitos dos quais sfio agora
(A . Franco, o. ., I I , p. 212-4).
487
JO S E P H H E A N CH IETA
488
XXXVI. — FRAGMENTOS HISTORICOS
4 89
JO S E P H HE A N C H IETA
490
X X X Y I. — FRAGMENTOS HISTORICOS
rrrrrrsri::"..;—
P” ' Foi eleito por Procurador para Roma no tempo do no*o Padre
Everardo, o qual ofício fez a mandar
fieação. Por ver nosso a Baía. no qual per-
ao Brasil com o caigo c . - ie diligência e ca-
severou muitos aims, cada vez com aos ,,,mis acudia
ridade, assim para os nossos como pai. ■ ’ buscando
com muita benignidade em seus negocio < £ 0
remédio para os pobres e pnncpalmentc P a ea^m
qnal ajudavam os ores e assim por
Tinha muita autoridade para Cole„io, e „ negó-
seu rmpeito tin ta » nm.ta ‘ “V Fimllmente" em tudo os
I l v a b’c " . e “ * . autoridade e dos Bispos e m a .
Justiças ele por todas as vias trabalhava de ^ _
Andando assim ocupado « • «-
barco a fazer uma obra e ser 1 COTnecou a enfermar, e pouco
tumava, lhe deu o ar na cabeça, q J f ofício, até
a pouco se foi “ t ^ é a , que entho era Vi-
r ir : : : Sa*— s. de a ^ a.
491
JO S E P H DE ANCHIETA.
ü ** r ; i: - r» u
„,„.50. dando-lhe >™,a ebte - • NüVembr0 de 1586, tendo 36
(1„is. acabando com .nr, a ■ • - na nossa igreja
anos de Companhia e 3o do Pia.ii ia i
de São-Tiago da mesma Capitania ( o- C -
XOTAS
49 2
XXXVI. — FRAGMENTOS HISTORICOS
2 . padre Adorno
Franco em diversae passasens da <>»
C f o t e í r e o m f Cm m rios f e n d e s por
49 3
JOSEPH DE ANCHIETA
(685) V - Carta T ' s de Anchieta pode-se deduzir que era ele proprio o
( 68ft) Dessas palavras d ^
irmão com quern se pas> , , , vaTa, piratininga
(687) Santo André * B o* « . ° » 1 * . so mudada pa
494
X X X Y I. — FRAGM ENTOS HISTORICOS
<r> ? £ % £ T s
" “ando 3se despediu dêste na ( £ 3 Í 5 .) P™™-
de ir para o Rio de Janeiro. Disse o I'1 )'’ 1 , «Se sei” . “ Contudo isso
Beverência com» ca “ Botaons de si»,
me manda . Respondeu. Sim . I locus, n o s c o n j u n -
Acudiu o padre Jose: “ Isso nao V r i e f r a t g g na casa do Es
oci” . E assim aconteceu, que o padre Gregorio berrao ia
pirito Santo, e está enterrado na capela junto dele, cova
(705) Sobre Gregorio Serrão, v. nota 23.
495
Sermões
XXXVII
ESUS, Maria.
J Domine descende, priusquam moriatur film s meus.
Ha um pai rico e poderoso, que tem um filho que multo ama,
a nuem ha de deixar por herdeiro de seus bens, o qual pretende que
seja virtuoso e saiba estimar a fasenda, que lhe tem ganha a elempre
gL bem em boas obras e * * * > « “
e familia com siso e prudência, se ve \ com
e a muita fartura e abastança de riquezas e boa vida que
T a i l de se perder, manda-o tora a terras estranhas, o n d e ^
s n :
499
JO S E P H DE A N CH IETA
” ' v : ....
causam os trabalhos c a M a que é verdade que todos
sem clicgar-se mais p.11,1 ’1 nesta vida, nos vieram pelo
os trabalhos c miserias, que 1 depois pelos noa-
pecado de Adão. que fo. a X , J . vto Deus Nosso Se-
s o s . que foram a causa de s ^ ^b i
nhor, como e autor de tod sempre nos espera
f mat « b i s , " - - m * em bem, dando-,
« penitência, de todos, que é 0 pecado,
no-los paia poi e eb " ^ íiistainente se merece.
0 da pena do inferno, que poi miserieordiosas entranhas
No qual clarameute nos mos ‘ Sapiência: Quis est fi-
O emor de pai, como de d -ceret: Sabeis homens porque
í;„ , quem non ^ “ ‘X . criad„s á minha imagem
vos castigo? poiqne sos 1 . oue vos amo etemamente.
e semelhança, e sou vosso verdade.ro , , ™ ™ d # dar tra.
K êste amor, que vos tenho vos amostro em qu.am o e te-
bailios nesta vida, q m a egoq u o s
-'■» r™ ;;;:: - »-*«r
>'10s V * ! f ^ r que tudo procede de amor; e não preten-
tigo de pai para fd -. Percutiam et ego sanabo,
de matar-nos, mas dar-nos vida etema. r
,liz ele; ferirei e eu rosef re Nosso Senhor? Para vos
^lZ
T
sarar alFere” m" com perdas temporais da fasenda, p a ra ^ u e tra
balheis por não perder os alguma
" £ £ 2 r «r mu„do, «. *
500
X X X V II. — SERMÃO DE 1567
z r j s - j s z .- ^ -
501
JO S E P H DE A N CH IETA
502
x x x v ii. _ SERMÃO DE 1567
sr.=*
nhor lhe deu algum açoite destes com que
—b:xt f&zia conta da
q ^ r r a - *- -
503
JO S E P H D E A N C H IET A
sarnentos, começa já a olhá-la ou ela para ele com olhos pouco cas
tos começa a desmandar-se em risos e palavras; e o diabo atiça
por sua parte quauto pôde; a carne pela sua. Todavia como ele
traz o tento de sua alma posto em não fazer nenhum peeado^mor-
tal torna em si pela bondade do Senhor e larga a tal conversação,
dizendo eomsigo, incipiebam mori, eu já começava a morrer, perto
estava de fazer algum grande mal ou pelo menos consentir num
pecado mortal e dar eseandalo com minha muita conversação. N m
guia Dominus a d m i t me paulo minus tn fe m o am m a
mea. Incipiebam enim mori.
A um religioso que deve de fiar ainda mais delgado, que deve
de trazer o tento não somente em não pecar mortalmente mas tam
bém em andar dependendo da vontade de Deus, desatado de toda
a afeição da terra e atado com ele somente, muitas vezes cuiaara
que tudo estava em paz dentro de sua alma e que não mora nela ne
nhuma outra afeição senão o amor de Deus. E, porém, ele estava
afeiçoado a se confessar ou pregar e ser conhecido do povo. Man
da-o seu superior á cozinha e que não entenda mais em confissões
(707). Então sente a ferida e lhe dói muito tirarem-no do foro em
que estava posto e então conhece o laço que lhe tinha sua soberbia
armado de dentro e começa a dizer incipiebam m ori. E ele estava
afeiçoado e tinha lançadas raizes na terra com devotos e amigos.
Mandam-no mudar para outra parte. Sente nisso trabalho; e então
conhece que nem tudo era Deus: torna em si, dizendo, incipiebam
enim mori. Tinha dentro de si criado um desgosto de um seu ir
mão; não o tinha ora em tanta conta; não lhe pareciam muito bem
as suas coisas. Ordena a divina providência que lho façam seu Su
perior. Começam então a descobrir-se os desgostos que antes não
se sentiam; faz-se-lhe de mal sujeitar-se a ele; parece-lhe desorde
nado e de má condição, e que basta para fazer perder o siso aos
outros e dar com eles fóra da religião. Então cai na conta e conhece
quão longe estava da verdadeira humildade e cai idade e começa a
dizer: incipiebam mori, etc., e corre com grande pressa a Cristo
Nosso Senhor, cuidando de raiz em suas grandes virtudes e abra
çando-se com ele, dizendo-lhe com David, quia m ihi est in cedo et a
te quid m lu i super terram? Ah, triste de mim, quão enganado vivia,
504
X X X V II. — SERMÃO D E 1567
que cuidava que não havia outra coisa em minha alma senão o vosso
amor, meu Deus, e que todo estava já metido no céu, e, porém agora
vejo que quid m ihi est in coelo! Vejo que não tenho lá nada, pois
não vos amo a vós puramente sem outra mistura das criaturas e de
meu proprio amor: E t a te quid volui super terram f Que coisas
andava eu amando sobre a terra, sem vós e fora de vos, pois me
traziam roubado meu amor e meus apetites e afeições; estava na
morado da minha soberbia e propria estimação e cuidava que vós
só ereis o amor de meu coração, que o tinheis todo ocupado. In ci
piebam mori, meu Senhor, se me não acudíreis com a vossa divina
graça.
Desta maneira se acolhem a Cristo Nosso Senhor os que se sen
tem em semelhantes necessidades, como fez este régulo, vendo seu
filho á morte. Mas vejamos que'lhe respondeu Nosso Senhor, em
que lhe acudiu.
Nisi signa et prodigia videritis, non creditis. Dixit in illa.
Nosso Senhor com ele, e mudou-lhe a prática; e emfim nao quer ir
com ele a curar-lhe o filho, mas de cá lho sara, dizendo-lhe: I ode,
filius tuus vivit. Do centurio escreve S. Mateus, que indo pedir re
médio para um seu criado, que estava doente, logo se ofereceu osso
Senhor: Ego veniam, et curabo cum. E era a este regii o, que eia
uma pessoa tão poderosa, que lhe pedia que fosse sarar seu i o,
não quer ir.
Usou Nosso Senhor com cada um destes segundo a lo, que ti
nha. Ao centurio, porque cria, bastou uma só palavra de Cristo,
como ele disse: Domine, non sum dignus, etc., oferece-se p a n m
com ele a sua casa, porque sua grande » o merecia. E ao regulo
porque cria que N ono Senhor não podia sarar, se nao estivesse
presente porque o não tinha mais que por um homem santo nao
:::V r com l mas de cá lho sara, P - « • - e ia que verdadeiro
Deus, que em todas as partes está presente E assim 0. 1 «
isto acabou aquele de crer, vendo que naquela mesma « u
em que lhe disse Nosso Senhor: Vade, fth u s turns v«nt . C e d n h t
ipse et domus ejus tota.
Outra causa por que Nosso Senhor se houve desta maneira com
50 5
JO S E P H D E A N C H IET A
fetes dois homens, (como diz S. Gregorio) é porque nos quis ensi-
a ser humildes e que não desprezemos os baixos Como quer
que Cristo, filho de Deus, venha a abaixar a soberbia dos homense
dar-lhes exemplo de toda a humildade em si mesmo em tudo lhe
quis dar a um filho de um régulo, um homem tao poderoso, que lhe
estava pedindo, não quer ir; e a um servo do eentuno que era um
homem muito mais baixo, oferece-se de muito boa vontade, qnm ex
celsus Dominus et hamiti*
. respicit a cognoscat. Altis-
é o Senhor e olha para os baixos e folga de conversar com ele
e servi-los; e os altos, os que cá na reputação do mundo sao tidos
por grandes, o longe cognoscit: do longe, mm cura muito da sua
conversação- Para que entendam os homens sua grande soberbia e
se envergonhem deante de Deus; pois sendo tao baixos como sao
one não são mais que p u l v i s cl cinis, se querem subir s
egentes. angustiati.afflicti, quibus non erat diz S. Pa .
Não merecem os mundanos, não são dignos mundanos soberbos de
ter em sua companhia aos pobres necessitados, angustiados, a agi
dos fomes e trabalhos, porque éstes são mui grandes e de muita
estima «sis olhos do Deus.
Outra causa vos direi eu porque de tão boa vontade se ofe-
m -o ao servo e não quer ir ao filho do régulo. Sabeis qual e. Porque
omne animal dilirjit sim,Ir sib i ; porque era seu semelhante era servo
como ele. Semelhante era Cristo Nosso Senhor a este filho do rega o,
pois era verdadeiro e natural filho de Deus Padre, Rei dos cens, c«m
iu forma Dei esset, non rapinam arbitratus est esse se aqualem Deo
Bias, porém, depois (pie tomou carne humana, depois que poi amor o
homem, que era escravo do diabo, se abaixou tanto que exinanivit se
n e ti/,sum. formam serei accipiens , todo o tempo que andou neste mun
do encobrindo a forma de filho de Deus, não se tratando como Rei
nem como filho de Deus, que era; e mostrou sempre por fora a for
ma e semelhança de escravo, que tinha tomada, tratando-se como es
cravo, servindo como escravo, sujeitando-se a todos como escravo,
quia filius hominis non venit ministrari sed ministrare, d im ele.
E u que sou verdadeiro homem e filho de mulher, não vim ao mundo
a tratar-me como Deus e ser servido como filho de Deus, essa ima
gem p forma de filho de Deus a tenho, e não uso agora dela, nao vim
X X X V II. — SERMÃO D E 1567
507
JO S E P H DE A N C H IET A
5 09
JO S E P H DE A N C H IET A
P" ^ n m , “ SÔbre
i1 t r r,L ,„:„ «fibre
— ele e o menino
^ ficou tão
—grande
t eom
comoo: z
o Eli-
’ tomando Deus carne humana ficou Deus tão pequeno
tomo o homem e o homem tamanho como Deus, pois fteou concebido
v „ Senhor Deus e homem, homem e Deus.
Ê ainda isto pa’r eceu pouco á sua imensa bondade e misencor-
dia para sara -ste enfermo e ressuscitar èste morto, mas alem disso
Oihos sfibre " Z T Z Z o
«■ * ^ - " t
510
X X X V II. — SERMXO D E 1567
511
JO S E P H HE A N C H IET A
- r ; ; ,: s r . E i™ sl * .
mente ás abenças d o e s c u d a d a ^ em sua pai-
so Senhor. Pois \ faltar esta confiança.
f i D e s s a nem s a ^
n “ se.iamc l o fizerdes isto, que pede o régulo: Descende, p m a -
512
X X X V II. — SERMÃO D E 1567
513
33
JO S E P H D E A N C H IETA
*• — ' ; :
fazem mais prest P , de Deus morreu,
nosso filho tao amado, pelo qual o num
m#rtQu«es f— r
rr ík í
- " qt T Z Z V Z —
:rssa
f « h a , mordido
guardara de pec ■ ^ ^ ^ mund„ a tomar todas as nossas
ram, era uma dentada daquelas cobras; até que o prègaram na cruz
onde das muitas feridas, que lhe deram, ficou como homem mordi
do de muitas cobras, todo rilhado, vulnus et livor et plaga tum ens,
non est circumligata , nec curata medicamine nec fota oleo. Não ti
nha outra triaga que beber senão o fel e vinagre; não teve outra
mezinha, com que resistir a esta peçonha senão o grandissimo amor,
que nos tinha, sem ter outro azeite com que untar as suas chagas se
não sua infinita misericordia, com que morria por nós, com a qual
temperava a grandeza das dôres. Lavrava a peçonha das dentadas
daquelas cruéis cobras por fóra em todo o seu corpo. Lavrava a pe
çonha de todos os nossos pecados, que tinha bebido, por dentro até
que chegou ao coração, e t e x p i r a v i t c a d i t a s c e n s o r e j u s r e t r o ; cai sua
santíssima alma, que é o cavaleiro, para trás, dando consigo no
limbo dos santos Padres, e ainda depois de morto lhe deram outra
dentada, abrindo com a cruel lança seu sagrado lado e divino co
ração. E porém s a l u t a r e t u u m e x p e c t a b o D o m i n e ; q u i a t e r t i a d i e
re su rg it gloriosus.
Deixa-se Nosso Senhor morder de cobras, para que escapes das
dentadas das cobras infernais, morre de peçonha de teus pecados,
para que tu não morras com ela. D e s c e n d e p r i u s q u a m m o r i a t u r f i
l i u s t u u s . Desce-te, irmão, da soberba e dos mais pecados e não te
deixes mais morder com nenhum pecado mortal. D e s c e n d e p r i u s -
q u a m m o r i a t u r f i l i u s t u u s . Desce-te, irmão, da soberba e dos mais
pecados e não te deixes mais morder com nenhum pecado mortal.
Desce vivo ao inferno a cuidar nos tormentos, que se dão por um
pecado, desce á confissão muitas vezes, para que não peques; desce
a cuidar na extrema humildade e baixeza do filho de Deus com que
quis morrer por teu amor e humilha-te a seus santos mandamentos,
p r i u s q u a m m o r i a t u r f i l i u s t u u s , enquanto estás nesta vida. E desta
maneira terás segura confiança na sagrada paixão de Cristo Nosso
Senhor. Cobrir-te-á como escudo sem te deixar ferir de seus inimi
gos. E t s u b p e n n i s e j u s s p e r a b i s , e debaixo de suas asas esperarás de
alcansar misericordia e graça nesta vida; e estarei dizendo, s a l u t a r e
t u u m e x p e c t a b o , D o m i n e ; espero, Senhor, por vós, que sois meu sal
vador; espero que desçais a me sarar; espero que venhais por mim,
a n t e q u a m m o r i a t u r f i l i u s m e u s , antes que torne a fazer pecado, com
515
JO S E P H D E A N C H IET A
; ; ri ; * * - «**•* * seaãonm-
A m en.
NOTAS
516
X X XV III
S ermão da C o n v er s ã o de S. P a u e o C™8 )
15 6 8
JESUS
In d ie co n v e r tio n is S . P a u li. 1 5 68 .
V a s electio n is est m ih i is te . A c t . 0.
517
JO S E P H D E A N C H IET A
in custodiam.
Paulo, como lobo faminto e desejoso de se fartar de carne e san-
pUe dos cristãos, depois de se ter cevado no sangue do glorioso már
tir Santo Estevão, guardando as vestiduras dos que o apedrejavam,
não somente consentindo em sua morte, mas também apedrejando-o
com as mãos de todos eles, pois todas as pedradas que eles lhe deram
com as mãos, lhe deu ele com o coração, folgando e gostando de o
vêr assim apedrejar. Não contente com isto entrava pelas casas e
tirava delas a rasto os homens e mulheres, com grande crueldade, e
fazia-os encarcerar e açoitar, e em cada um dos cristãos, que assim
perseguia, encarcerava e açoitava o mesmo Cristo. E ra Jesus ^ris-
to pacientíssimo; com incrível paciência e mansidão estava sofren
do todos aqueles golpes, e ainda que lhe davam muito trabal o e
dôr l a b o r a b a t s u s t i n e n s , trabalhava e sofria e vencia a ira de sua
divina justiça, r e c o r d a t u s m i s e r i c o r d i a s u c e , lembrando-se daquela
grandissima misericórdia, que o constrangeu a tomar forma de cor
deiro, e como tal ser esfolado e morto na cruz. E não contente com
isto e em ter já dito a seu Padre Eterno: P a t e r , a g n o c e s ilhs, qma
n e s c i u n t q u o d f a c i u n t , está incitando a seu m ártir S. Estevão, que
X X X V III. — SERMÃO DA CONVERSÃO DE S. PAULO (1568)
519
JO S E P H DE A N C H IE T A
5 20
XXXVIII. — SERMÃO DA CONVERSÃO DE S. PAULO (1568)
521
JO S E P H DE AN CH IETA
siso, senão como velho cheio da sabedoria divina, não como lobo so
berbo e roubador, senão como humilde e manso cordeiro, stupens
ac tremens responde a Jesus: Domine, quid me vis facere? Senhor,
que me mandais, que faça? Não tenho necessidade, que me digais
quem sois, porque já vos conheço. Já sei, que sois Deus e Homem
verdadeiro; vencestes a dureza de meu coração com a brandura de
vossa misericordia, vencido sou do vosso amor, aguilhoado estou
com o aguilhão do vosso poder divino, traspassada está minha alma
com o duro aguilhão de vossa paixão. Quid me vis facere? Mandai,
Senhor, que eu farei; mandai-me padecer, que eu padecerei, man
dai-me morrer, que eu morrerei; porque daqui por deante absii
m ihi gloriari, nisi in cruce domini mei Jesu Cristi, omnia ut ster
cora arbitrabor, u t Christum lucrifaciam: mihi vivere Christus erit
el mori lucrum .
Não descansarei até pôr minlia vida por vós, pois com tanta mi
sericordia me chamais depois de terdes posto vossa vida por mim.
Eis aqui concluido o desafio de Saulo com Jesus. Este é o fim des
ta batalha; vencedor fica Jesus, e Saulo vencido; tal vencimento
viesse ora por nós, com que nos acharemos derrubados aos pes de
Jesus, dizendo: Domine, quid me vis faceref E porque vos disse ao
princípio, que o Diabo traz guerra conosco, e nós com Cristo, e que
é necessario, que vençamos a um, e nos deixemos vencer do outro,
quero vos dizer isto mais de raiz, para que vos deixeis vencei e
Cristo, porque eom isto vencereis o Diabo.
Sabeis, que cousa é a vida de um pecador? E um continuo
desafio, que traz com Cristo, nosso senhor, com que sempre o anda
desafiando e provocando que tome a espada de sua ira e se meta
em campo com ele. Que vos parece, que faz um pecador, quando
tão sem temor de Deus está fazendo um e dois e vinte pecado
mortais? Está desafiando a Cristo, está dizendo com mas obras que
não é poderoso Cristo, para vingar suas injúrias pois fazendo-lhe
tantas em suas barbas, não sai por elas: Irritai adversanu» nomem
523
JOSEPH DE ANCHIETA
rip u m p e c a d o r q u a n to m e n o s a te n ta C ris to p o r s u a s in jú r ia s ,
% 2 u M p e , c 2 inuk rpo p t e r p a t e
om n tia » .
principes vestri probaverem t et viderunt o p e r a mea
C ris to n o sso s e n h o r, p e r a n ã o se to m a r com u m a p u lg a e m e
,, „ I , e co m u m eão m o rto , q u e 6 o p e e a d o r, q u e a tn d a q u e
M re e rô a m o rto é e a b o m in á v e l d e a n te d e D eu s, e a m rrg u em i a ,
- .. . • - ^ ^ v s s s r í s :
*T--asrrsr-'K
S t£ . -
isrii
2••- - .......
v e r te r e f a z e r seu 9iu ig o . pr
E p a r a m a is c la re z a e n te n d e i, q u e J e s u s , nosso se n h o r, to n
1 , OS p e c a d o re s de d u a s m a n e ir a s : u m a d v io le n ta e fo rço sa p o rq u e
a in d a q u e e ria sse a v o n ta d e do liom em liv r e p a r a p o d e r d e la fa z e r
„ q u e m s :- , e esco lh er o bem e o m a l, to d a v ia ^ ^
d e r, ro a ,o to d o s os leologos eo n elu em , p a r a anmbatar- he a v o „ ^ d e
e fazê-la q u e r e r o q u e ele q u e r, d e m a u e .r a q u e p o d e
p o r Ié re a a u m ........em. q u e a h e r re e a o peeatlo e am e a v ir tu d e ,
o n e d e n e n h u m a m a n e ira possa q u e r e r p e e a r . Desta m a n e ir a con-
v e rte u h o je a S an lo . q u e foi g ra n d is s im o « esp o e,o liss,m o p n
gio a rre b a ta n d o - lh e a v o n ta d e e m u d a n d o -lh e o m a l em b e m sem
ele p o d e r a isto re s is tir , e da m esm a , n a m o ra u so u com 6 . J U _’
s e c u t i o S . J e ro n im o , o q u a l diz. q u e. em ch am a n d o -o d i s t o ,
n ele a lg u m a cousa g ra n d e e m n s tia de su a v ir t u d e d iv in a ; com o
Que n ão p ô d e fa z ei- o u tr a cousa sen ão ,s eg u i-lo .
1e.sta m a n e ira , arm ão, n ão e sp e re s tu , q u e n ão h a m aas q u e
um S . P a u lo e S . M a te u s .
O u tra m a n e ira d e c o n v e r te r é o r d in á r ia e co m u m a to d o s os p e
c ad o res. ,1a q u a l. d iz o sab io . r e „ „ « i t V e u s h o m i n e m i n m a n u e o n -
cilii sui. a d j e c i t m a n d a ta , a p p o s u i t ignem ct a q u a m a d q u o d v a lu e -
5 24
XXXVIII. — SERMÃO DA CONVERSÃO DE S. PAULO (1568)
525
JOSEPH DE ANCHIETA
veneer dele, que não vence senão para coroar e fazer-te vencedor
de teus inimigos.
Não esperes, que tome a espada de sua ira, duram
in lanceam eoutra ti; não esperes, que lanec mao do seu ngoroso
e justo poder et arcum conterat et arma et scuta corn
burnt igni; não esperes, que esmiuce esse areo de tua obstmaçao e
pertinência, que teus sempre armado eoutra ele: nao esperes, que
L a pedaços todos os sentidos e membros do teu corpo, que sunt
arma iniquitatis, com que pelejas contra Deus, e ofendes sem ces
sar e te dê uma morte subitanea, quando estiveres mais descuida o,
e que por derradeiro scutum comburat igni, queime eom est
infernal M e teu coração mais rijo que escudo de aço, que nao se
niolenta senão a poder do fogo e marteladas dos diabos, ferreiros
infernais. „ „
E se porventura me dizes, irmão, que tu nao persegues ^
como Raulo, como suspeito, que estás dizendo em ten coraçao. este
0 ainda maior mal, e c sinal, que estás já no cabo: erpes tens nas
feridas, pois estando tão chagado não o sentes.
Porventura Saulo perseguia a Cristo em sua pessoa? Nao, que
já estava no céu glorioso, e Cristo está lhe dizendo: Saule,J a u l e ,
quid me persequeris? Porque perseguis aos cristãos, que sao seus
membros e ele tem dito no Evangelho: Quod uni ex minoribus fra-
tribus meis fecistis, mihi fecistis, sive in bonum sive m m alum.
Dou-tc um desengano, irmão, sabe que todas as vezes que
pecas, persegues a Cristo e pisas o seu precioso sangue, que por ti
derramou; todas as vezes que injurias e queres mal a teu proximo,
injurias e queres mal a Deus, que é seu irmão; todas as vezes que
o avexas e persegues com o poder de tua vara e teus cargos, a
Cristo persegues; todas as vezes que andas subtilizando maneiras,
com que lhe leves o seu ou lhe tires o ganho que podia haver cris-
tãmente, a Cristo persegues e roubas todo o tempo; todas as vezes
que tens a fazenda do pobre órfão e não lha queres pagar, podendo,
a Cristo persegues, e lhe bebes o sangue, como lobo faminto; todas
as vezes que olhas para a mulher do teu proximo e a queres des-
honrar, persegues a Cristo, seu verdadeiro esposo e mando muito
mais cioso de sua honra do que seu marido; todas as vezes que mo-
526
XXXVIII. — SERMÃO DA CONVERSÃO DE S. PAULO (1568)
5 27
JOSEPH DE ANCHIETA
528
X X X V III. — SERMÃO DA CONVERSÃO D E S. PA U L O (1568)
529
34
JO S E P H D E A N C H IE T A
á sua mão direita, não como qualquer dos escolhidos, senão com
mui especial privilegio sentado numa cadeira como juiz, judicando
duodecim tribus Israel.
Este é o nome, que põe Cristo a este seu filho, que hoje lhe
nasceu, que é o que hoje lhe chamei, dizendo: Vas electionis est
m ihi iste, vaso escolhido, vaso d ’ouro lavrado com muitas pedras
preciosas de virtudes, vaso tão puro e limpo, em que Cristo, nosso
senhor, infundia tanta abundancia do suavissimo licôr de sua graça,
vaso sagrado, que tantos milhares d ’almas recebeu em si e pôs na
mesa de Cristo.
E porque não vos pareça, novo êste nome de vaso escolhido, que
Cristo, nosso senhor, põe a S. Paulo, ouvi e entendereis.
Haveis de imaginar, como é verdade, que Deus é uma fonte
viva e perenal de misericordia e justiça, que é impossivel exgotar-
se; e todas quantas almas criou e ha de criar são vasos, em que ele
ha de infundir êste licôr. E como diz o mesmo S. Paulo, assim
como in magna domo non solum sunt vasa aurea et argentea, sed et
lignea et fictilia, et aliud quidem in honorem, aliud sunt in contu
m eliam ; assim, nesta grande casa de Deus, rei eterno, ha vasos de
ouro e prata, que S. Paulo com os outros apostolos, mártires e san
tos qui tanquam aurum in fornace probati et exam inati sunt sicut
argentum , dignos de ser postos na mesa de Cristo para neles ele
comer e beber grande mutidao de almas, que se converteram, que
é seu verdadeiro manjar, quia sicut cibus meus ut faciam volunta
tem patris mei, que in calis est, assim o meu verdadeiro manjar
são os que fazem a vontade de meu padre. Ila também outros va
sos de pau e de cobre e outros metais, que são os que trabalham
por guardar os mandamentos de Deus e a poder de machadadas e
marteladas da penitência e confissões e boas obras se lavram para
receber em si o licôr da misericordia e graça divina. E todos es
tes vasos são vasos in honorem et gloriam eternam escolhidos.
E dos pecadores que diremos? Lastima é grande e mágua
dizê-los, mas di-lo Jeremias, com grandes suspiros e dôr de seu co
ração: R ep u ta ti sunt in vasa testea, opus m anuum fig u li. São va
sos de barro, obras das mãos do oleiro infernal; enquanto são ho
mens, verdade é, que são obra de Cristo, nosso senhor, soberano
JO S E P H D E A N C H IE T A
NOTAS
5 41
V ID A DO PA D R E JO S E P H D E A N C H IE T A
- - r t as “ £
yoL” D e’ uin dos episodic® dela, o mais violento, participou o
futuro Santo Inácio. princípios do seguinte,
Por aquela epoca, fins do X^ z J do fundador da
tiveram os Onaz como che e j n de Anchieta. A prin-
Companhia de Jesus e ^ h l e L favoreceu o casamento de Martim,
cípio amigos, Juan de A , de jsabel a Católica. B a
«'»<* t í s a T à teve com " 4 o T i ^ a paro,tuia! de Aspei-
ã” S ~
moço de Beltran, Inácio, por quem paiece se
sr £ £
» * — - " e
Coster, a questão permanece em suspen. .
Em Tenerife, provavelmente no ^ re n í^ a to a l^ e
cbieta cason-se com ^ ^ ^ ^ i f o r t u n a d a s , de noble sangre
la Gran Canaria, cabeça de las Fernãdo de Llarena,
y gruessa hazienda, de aeahallo. y tuvo
qlie passo a a conquista de l ’ \ Diaz era viuva do bacharel
" z z z n ™
elusive o do procuradoi do < • ainda longos anos, dei-
eJ Z ,0t l Z ^ tS deUÍ 5 « . Então, dos «lhos do easal, eram
o
vivos seis: Teresa, Ana, José, Juan, Baltasar e Casp ai.
(IX ) O. c ., p. 63.
( X ) B a lta sa r de Anchieta, o. c ., p . 62.
(X I) O. c ., p. 30-1.
( X I I) Vida do Padre José de Anchieta, nos “ Anais da Biblioteca N a
cional” , Rio de Janeiro, X X IX , p. 197.
( X I I I ) P . Rodrigues, o. c ., p . 197.
(X IV ) Vita del veneraUl servo di Dio P . Giuseppe Anchieta, Roma
3738, p . 8. ’
545
35
VIDA DO PA D R E JO S E P H DE A N C H IE T A
5 5 ? pou'
Enquanto Anchieta, sem p e d id o f fnsistentes
légio de Coimbra, chegavam do ,- - ^ d e da
de novos mission anos, os o u v i - - só Anchieta como ou-
foram ineliiidos na
(X V ) Carta H -
(X V I) C arta XV. 198.
(XVIT) P . Rodrigues, o. c... p-
VIDA DO PA D E E JO S E P H DE A N C H IE T A
( XXI I ) v . u °t:i 33
( X X I I I ) Carta I I .
Jcsu, Lisboa,
í(XXV)
i v v , ^S. “de11
de Vasconcelos, Crônica *
ed. de 1865, liv. L n- 157 .
( XXVI ) I d . , liv. 1, n. 2 0 2 .
YIDA DO PADRE JOSEPH DE ANCHIETA
(X X V II) C arta X IV .
(X X V III) C arta XV, á qual pertencem também as citações seguintes.
549
VID A DO PADRE JOSEPH DE ANCHIETA
(X X IX ) O. e ., p . t207.
5 50
VIDA DO PADRE JOSEPH DE ANCHIETA
(X X X ) C arta XV.
(X X X I) S. de Vasconcelos, o. c ., liv. 3, n . 60.
VIDA DO PADRE JOSEPH DE ANCHIETA
d,e
r * g e s s a r a São
chegou a capitânia. de S » % mamalucos e ao
navios. Para contentar P timcntos estabelecendo-se em
mesmo tempo remediar a {f £ j U Z S i e f i capitães dos navios
lugar em cp.e fosse possível faser p lan tais osc ^ a cada
su geriram a entrada .mediata m Jmia. A ohe.
5 5 2
VIDA DO PADRE JO SEPH DE ANCHIETA
(X X X II) Carta X V I.
VIDA DO PADRE JO SEPH DE ANCHIETA
^ “ ™ ’u p a m P i r "
555
VIDA DO PADRE JOSEPH DE ANCHIETA
t r . p= .
i = ^ P ^ o ssombra
desejavam viver os jesuítas sem d* sua piecUde’
. ^ Anohieta foi en-
do Bio’, entre junho e dezembro de 87, ao
5 56
VIDA DO PADRE JOSEPH DE ANCHIETA
557
sacra RI T VV M
CONGREGATIONE
Emo, &RmoD.Cará.
IMPERIALI
BrafiUen., feüBahyen.
Beatifications»& Canonizations
yen. servi dei
P . I O S E P H 1
DE A N C H IE T A
Sacerdotis Profeííi Societatis leio •
POSITIO S VP ER D V B I O.
Ar. m t l a d ' V ir m ih s T b 'o h lM u , f i d , S f ' 's j* £ “ u
troa Deum , & Proximum ; Et de Cardinalibus p r u d e n t i >
g luflitia , Fortitudine , & Temperantia , earumqut
annexis in gradu heroico, in cafu> ÍJ ad
ejjeftum de quo agitur .
ROM , M.DCC.XXXIII.
ExTypographia R euerendae Camerae A poftolic*
Su per iorumJacuit at e .
‘ Museu Paulista)
558
BRASILIENSIS, SEU BAHYENSIS
Beatificationis
V E N E R A B I L I S
, Canonizationis
S E R V I D E I
JOSEPHI DE ANCHIETA
Sacerdotis Profdfi Societatis J E S U.
Teria Tertia j i. Julii j 6.
Oram SanAiffmo D. N. CLEMENTE PAPA XII. hahita fuit Congrega
DECRETUM
Oram SanílilTimo D. N. CLEMENTE PP. XII. die j i . Julii currentis anni
C 1730. habita fuit Congregatio Generalis Sacr. R ituum , in qua per Rmum_.
D. Card. Imperiali Ponentem, (eu Relatorem propofita fuit Caufa Brafilienfis, feit
Bahyenfis Beatificationis, 8c Canonizationis Ven. Servi Dei JO SE PH I DE AN
CHIETA Sacerdotis Profeifi Societatis JE SU . In ea vero (uper Dubio : oAn con
fle t de Virtutibut, tum Tbeologalibut, tum Cardinalibut ipflus Ven. Servi D ei, in
tafu , & ad effc&um , de quo agitur : Sanil itas Sua , auditis Votis DD. Confulto-
rum , nec non Rmorum DD.Cardinalium: R.e(blutionem ea ipfa die de more differ
re cenfuit ,u t nimirum, prius tum fuis, tum aliorum precibus peculiarem i Patre .
luminum opem,& auxilium imploraret. Id autem cum jam peregerit, tandem infra-
Icripta d i e , Divo Laurentio Sacra , accitis coram fe R.P. Ludovico de Valentibus
Fidei Promotore, íí me infraferipto Secretario , fuper propofito Dubio publicari
mandavit refponfumafflrinativum , videlicet = Conflare de Virtutibu: Venerabilis
Servi Dei 'JOSEPHI D E A N C H I E T A , tam Tbeologalibut, (cilicèt , Eide , Spe,
(jf Cbaritatc, quam Cardinalibus, Prudentia, 'Juflitia, Fortitudine, gt» Temperan
tia, earumque rcfpeUivè annexis in gradu heroico, in cafu, f r ad effeButn, de quo
agitur = E t ita &c. die 10. Augufli 1736.
5 62
IN D IC E
564
INDICE
565
INDICE
566
INDICE
567