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PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do
Regime Geral de Previdência Social -
Parte II
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Estudo das Normas e Regras Gerais do Regime Geral de Previdência Social - Parte II
Frederico Pereira Martins
Estudo das normas e regras gerais do Regime Geral de Previdência Social (PARTE II). . ...3
1. Espécies de Prestações Previdenciárias.......................................................................3
2. Classificação das Prestações Previdenciárias.. ............................................................3
3. Segurados e Dependentes........................................................................................... 7
3.1. Dependentes da 1ª Classe........................................................................................ 21
3.2. Dependentes da 2ª Classe......................................................................................54
3.3. Dependentes da 3ª Classe..................................................................................... 60
4. Qualidade de Segurado: Manutenção e Perda............................................................63
5. Período de Graça...................................................................................................... 66
6. Descontos Previdenciários e Ressarcimentos. . ......................................................... 82
7. Concessão, Suspensão, Cancelamento, Restabelecimento dos Benefícios............... 109
8. Acumulação de Benefícios....................................................................................... 114
9. Abono Anual............................................................................................................ 119
Resumo....................................................................................................................... 120
Exercícios.................................................................................................................... 144
Gabarito...................................................................................................................... 154
Gabarito Comentado. ................................................................................................... 155
Referências Bibliográficas........................................................................................... 192
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É que nesses benefícios, por incapacidade, existe a possibilidade da não exigência de ca-
rência conforme o artigo 151, da Lei n. 8.213/1991, que assim diz:
Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe
de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após
filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação
mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imuno-
lógica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina espe-
cializada. (Redação dada pela Lei n. 13.135, de 2015)
Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência perma-
nente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal; [...].
h) classificação quanto à necessidade ou não do afastamento do trabalho para sua concessão
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Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o pe-
ríodo de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.
Art. 72. O auxílio-doença consiste numa renda mensal calculada na forma do inciso I do caput do
art. 39 e será devido:
I – A contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade para o segurado empregado, exceto
o doméstico;
II – A contar da data do início da incapacidade, para os demais segurados (Redação dada pelo
Decreto n. 3.265, de 1999).
A Instrução Normativa INSS n. 77/2015 detalha ainda mais a questão da seguinte forma:
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3. Segurados e Dependentes
Com relação ao estudo dos segurados, vimos no capítulo anterior as diversas espécies de
filiação ao regime geral de previdência social. Agora, partimos para o estudo relacionado aos
dependentes daqueles segurados.
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§ 2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante declaração do segurado: o enteado;
o menor que, por determinação judicial, esteja sob a sua guarda; e o menor que esteja sob sua tu-
tela e não possua condições suficientes para o próprio sustento e educação.
§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde
que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento (Redação dada
pela Lei n. 9.528, de 1997)
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união
estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve
ser comprovada
§ 5º A prova de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material con-
temporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de
motivo de força maior e ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento (Incluído pela Medida
Provisória n. 871, de 2019).
§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material con-
temporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à
data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente tes-
temunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
regulamento (Incluído pela Lei n. 13.846, de 2019).
§ 6º Na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º do art. 77 desta Lei, a par da exigência do § 5º deste
artigo, deverá ser apresentado, ainda, início de prova material que comprove união estável por pelo
menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado (Incluído pela Lei n. 13.846, de 2019).
§ 7º Será excluído definitivamente da condição de dependente quem tiver sido condenado crimi-
nalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio
doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os abso-
lutamente incapazes e os inimputáveis (Incluído pela Lei n. 13.846, de 2019).
Perceba que optamos, na transcrição acima, por deixar as redações originárias do dispo-
sitivo para acompanharmos juntos as alterações promovidas ao longo do tempo.
Foram muitas alterações, e o rol dos dependentes já passou por algumas mudanças le-
gais significativas desde a edição da Lei n. 8.213/1991 há quase 30 anos.
Em síntese, o rol do art. 16 da lei de benefícios foi objeto de mudança decorrente das se-
guintes leis:
• Lei n. 9.032/1995;
• Lei n. 12.470/2011;
• Lei n. 13.135/2015;
• Lei n. 13.146/2015.
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Além das leis acima, outras também foram editadas alterando os parágrafos do art. 16,
alterando também, por isso, alguns aspectos importantes de cada classe de dependente:
• Lei n. 9.528/1997;
• Medida Provisória n. 871/2019, convertida na Lei n. 13.846/2019.
Promoveu uma das maiores mudanças no rol do art. 16, da lei de benefícios, extinguindo
a existência de uma quarta classe de dependentes do segurado.
Essa quarta classe era prevista no inciso IV, do art. 16, da Lei n. 8.213/1991:
IV – A pessoa designada, menor de 21 (vinte e um) anos ou maior de 60 (sessenta) anos ou inválida
(Revogada pela Lei n. 9.032, de 1995).
Até a Lei n. 9.032/1995, portanto, era possível escolher uma pessoa diversa das demais
listadas nas classes I, II e III. Ou seja, era possível designar uma pessoa para figurar como de-
pendente na hipótese de não haver candidatos habilitados às classes anteriores, prioritárias.
Essa pessoa designada, contudo, deveria ter menos de 21 anos ou mais de 60 anos de idade,
ou ainda, poderia ser inválida de qualquer idade.
Entendido?
Agora, por favor, preste atenção: essa classe NÃO existe mais, ok? Não há como designar
uma pessoa além das existentes nas classes I, II e III, únicas existentes desde a edição da Lei
n. 9.032/1995.
E, obviamente, como já estudamos com base no princípio tempus regit actum, não há que
se falar em direito adquirido à existência e à permanência dessa classe, salvo se o óbito ou a
prisão do instituidor tenha ocorrido até a edição da referida lei revogadora.
Inclusive já foi tratado na TNU, por meio de sua jurisprudência cristalizada na edição de
sua Súmula 4, que assim diz:
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O Superior Tribunal de Justiça já vinha, aliás, antes da TNU, naquela época, orientando-se
no sentido de que não haveria que se dar essa espécie de ultratividade da norma revogada, de
modo que somente a data do óbito é que, no caso da pensão por morte, asseguraria a aquisi-
ção do direito então vigente.
Vejamos o julgado do STJ a respeito:
É certo ter se firmada a jurisprudência deste Superior Tribunal no sentido de que é o óbito
do segurado que determina o suporte fático a ser analisado na concessão de benefício
de pensão por morte e que há de se aplicar a lei vigente àquela época.
Assim, constatado o falecimento da avó segurada na vigência da Lei n. 8.213/1991, já
com a redação determinada pela Lei n. 9.032/1995, não faz jus ao benefício seu neto,
pois não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 16 daquele disposi-
tivo, inclusive na de equiparação a filho (§ 2º).
Note-se não haver alusão de que se cuide de menor designado, ressalta-se, também,
que mesmo aquele designado anteriormente à instituição do benefício não tem direito
adquirido a percebê-lo, mas, apenas, mera expectativa.
[...].
Precedentes citados: AgRg no Ag 272.639-RJ, DJ 8/5/2000; AgRg no Ag 375.893- 49 GO,
DJ 4/2/2002; EREsp 190.193-RN, DJ 7/8/2000; REsp 256.699-RN, DJ 4/9/2000, e REsp
263.494-RN, DJ 18/12/2000. REsp 464.760-SC, Rel. originário Min. Hélio Quaglia Bar-
bosa, Rel. para acórdão Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 19/4/2005.
NÃO.
A Lei n. 9.032/1995, além disso, alterou a redação do inciso I, do art. 16, para inserir a exi-
gência de que o filho do segurado, embora menor de 21 anos, fosse “não emancipado”.
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Em outros termos: a partir da Lei n. 9.032/1995, o filho menor de 21 anos NÃO poderia ter
sido emancipado por qualquer das hipóteses previstas na lei civil.
Essa exigência não existia na redação original do art. 16, I, da Lei n. 8.213/1991, sendo
irrelevante do ponto de vista previdenciário, até então, o fato de o filho menor de 21 anos já ter
obtido sua emancipação nos termos da lei civil.
Veja a redação anterior e a redação dada pela Lei n. 9.032/1995 (grifo nosso):
O mesmo ocorreu, ou melhor, foi acrescentado como exigência, no inciso III, do art. 16,
que trata do irmão do segurado, menor de 21 anos. Da mesma forma, até a edição da Lei n.
9.032/1995, era irrelevante o fato de o irmão menor de 21 anos ser emancipado ou não para
fins previdenciários.
Isso mudou com a referida lei (grifo nosso):
Após a Lei n. 9.032/1995, dezesseis anos depois, houve outra alteração legal dada pela
Lei n. 12.470/2011, a qual inseriu algumas mudanças na primeira e na terceira classes, es-
pecificamente no que toca à inclusão do filho ou irmão do segurado que tenha deficiência
intelectual ou mental.
Essa lei incluiu nos incisos I e III, do art. 16, o trecho “ou que tenha deficiência intelectual
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente”.
Vamos comparar?
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Veja novamente o dispositivo com suas graduais alterações até a Lei n. 12.470/2011 (gri-
fo nosso):
A parte grifada é a alteração determinante em ambos os incisos, pois deixou clara a ne-
cessidade de que a deficiência mental ou intelectual deveria implicar o reconhecimento judi-
cial da incapacidade, seja ela relativa seja absoluta. A partir de então, a deficiência por si só
alegada não seria elemento apto a gerar a dependência para os fins previdenciários, por meio
das alterações feitas pela Lei n. 12.470/2011, exigindo-se uma interdição judicial.
Em outros termos, a Justiça Estadual deveria reconhecer a incapacidade relativa ou ab-
soluta do incapaz, nomeando-o, consequentemente, um curador. A ação era disciplinada no
art. 1.177, na época da vigência do CPC-73:
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Muito se questionou sobre a necessidade ou não de o INSS, a partir dessa vigência nor-
mativa, integrar a ação de interdição judicial, que, a par de se constituir no exercício de jurisdi-
ção voluntária, acabava por gerar um reconhecimento judicial que repercutiria posteriormente
nas obrigações previdenciárias daquela autarquia.
De modo geral, prevalecia o entendimento de que ao INSS não seria oponível à sentença
de interdição, uma vez que a autarquia não teria participado do processo.
Nesse sentido, citamos jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região:
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Mas também havia entendimento no sentido de que a sentença de interdição seria sufi-
ciente à satisfação junto ao INSS de que o dependente era efetivamente incapaz ao tempo do
óbito, dispensando-se, por isso, a realização de perícia médica no Juízo Federal.
Abaixo, outro julgado também do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (grifos nossos):
Sua alteração normativa no rol do art. 16, da Lei de Benefícios, foi feita no inciso III, do
referido artigo, tendo ela retirado a exigência acima de que o irmão fosse “não emancipado”
para ser dependente do segurado. Ou seja, a partir da Lei n. 13.135/2015, voltou a ser indife-
rente a emancipação do irmão menor de 21 anos para fins previdenciários.
Mesmo que ocorresse algum fato que ensejasse a emancipação, a pensão por morte não
seria extinta pela maioridade.
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SIM. Além disso, foi retirada a parte relativa à exigência da declaração judicial da incapa-
cidade relativa ou absoluta acima referida.
A partir dessa alteração, portanto, da Lei n. 13.135/2015, o irmão inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave por si só já seria dependente do segura-
do, não necessitando mais de declaração judicial, ou melhor, a interdição judicial, na prática,
que assegurasse a sua incapacidade absoluta ou relativa.
Veja que a parte grifada que antes existia por causa da Lei n. 12.470/2011 passou a não
mais ser exigida na redação do inciso III dada pela Lei n. 13.135, de 17 de junho de 2015
(grifo nosso):
Assim, apenas a partir de 17 de junho de 2017 é que não seria mais exigível a declaração
judicial do irmão menor de 21 anos “inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental
que o torne absoluta ou relativamente incapaz”.
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SIM, houve, mas ela ocorreu não no art. 16, I, mas no art. 77, §2º, II, da Lei n. 8.213/1991
(grifo nosso):
Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte
iguais (Redação dada pela Lei n. 9.032, de 1995).
[...]
§ 2º O direito à percepção de cada cota individual cessará: (Redação dada pela Lei n. 13.135,
de 2015)
§ 2º O direito à percepção da cota individual cessará: (Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019)
I – Pela morte do pensionista (Incluído pela Lei n. 9.032, de 1995);
II – Para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou ao
completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido (Incluído pela Lei n. 9.032, de 1995);
II – Para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou
ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou
mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Redação
dada pela Lei n. 12.470, de 2011);
II – Para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte e um)
anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência (Redação dada pela Lei n. 13.135, de 2015);
II – Para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou
ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou
mental ou deficiência grave (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência).
Percebeu?
A Lei n. 13.135/2015 não mexeu no art. 16, I, por causa do veto mostrado abaixo, mas
mexeu no art. 77, §2º II, suprimindo também a exigência de interdição judicial prévia para o
inválido.
Veja, novamente, no detalhe (grifo nosso):
II – para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou
ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou
mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Redação
dada pela Lei n. 12.470, de 2011);
II – para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte e um)
anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência (Redação dada pela Lei n. 13.135, de 2015).
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A redação dada ao inciso II, acima, não foi objeto de veto da Presidente da República. Com
relação ao art. 16, I, da Lei n. 8.213/1991, houve, contudo, veto da Presidência da República,
então exercida por Dilma Rousseff.
As razões do veto, entretanto, não mencionaram nada quanto à supressão da exigência de
declaração judicial do absoluta ou relativamente incapaz. O veto se deu, como se vê no texto
abaixo (grifos nossos), apenas em razão da retirada do trecho “não emancipado” do inciso I,
do art. 16, da Lei n. 8.213/1991.
Não obstante o veto acima, a questão da emancipação como causa para a cessação da
relação de dependência também foi resolvida pelo art. 77, §2º, II, da Lei n. 8.213/1991, que reti-
rou aquela circunstância deste dispositivo legal, conforme comparativo abaixo (grifos nossos):
§ 2º O direito à percepção da cota individual cessará: (Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019)
REDAÇÃO ANTERIOR
II – para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou
ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou
mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Redação
dada pela Lei n. 12.470, de 2011).
REDAÇÃO NOVA SEM A EMANCIPAÇÃO COMO CAUSA DE
II – para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte e um)
anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência (Redação dada pela Lei n. 13.135, de 2015).
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Quanto à questão da necessidade ou não de declaração judicial, não fosse a redação dada
ao inciso II, §2º, do art. 77, da Lei n. 8.213/1991, o veto acima, embora não tenha tratado da
questão, implicaria obviamente uma situação de desigualdade na comprovação da invalidez
entre o filho menor de 21 anos e o irmão menor de 21 anos: para aquele continuaria sendo
exigível a declaração judicial de interdição; para este, não mais.
Tal discrepância, contudo, somente permanecia de forma literal e superficial no art. 16,
entre os incisos I e III, da Lei n. 8.213/1991, mas resolvida de certa forma pelo art. 77, §2º, II,
da mesma lei (grifo nosso):
Art. 77.
[...].
§ 2º O direito à percepção da cota individual cessará: (Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019)
I – pela morte do pensionista (Incluído pela Lei n. 9.032, de 1995);
II – para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou ao
completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido (Incluído pela Lei n. 9.032, de 1995);
II – para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou
ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou
mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Redação
dada pela Lei n. 12.470, de 2011);
II – para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte e um)
anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência (Redação dada pela Lei n. 13.135, de 2015).
Pouquíssimo tempo depois da edição da Lei n. 13.135/2015, foi aprovada a Lei n. 13.146,
de 06 de julho de 2015. De fato, a publicação da Lei n. 13.146/2015 ocorreu apenas 19 dias
após a publicação da Lei n. 13.135/2015.
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São contingências sociais ligeiramente distintas, que se aproximam bastante, mas que,
na prática, por possíveis interpretações duvidosas da autarquia previdenciária, tornavam, por
vezes, inviável a concessão do benefício pretendido ao dependente.
Essa foi uma boa mudança advinda pela Lei n. 13.146/2015.
SIM. Perceba que, apesar de a Lei n. 13.146/2015 ter inserido em nosso ordenamento ju-
rídico norma protetiva da pessoa com deficiência, acabou alterando de maneira prejudicial os
incisos I e III, do art. 16, da Lei n. 8.213/1991, pois voltou a exigir que o filho e o irmão inválido
ou deficiente mental intelectual ou, ainda, com deficiência grave, não fossem emancipados no
momento do óbito ou da reclusão do instituidor.
Assim, a partir da Lei n. 13.146/2015, e até hoje, se houver qualquer causa ensejadora de
emancipação, ocorrerá a extinção da relação de dependência para fins previdenciários.
Como se percebe, a lei voltou atrás na proteção social antes ampliada no intento normati-
vo da Lei 13.135/2015, conforme explicamos acima (intento esse que, contudo, jamais entrou
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em vigência, pois a vacatio legis de tal alteração, como vimos acima, era de dois anos e, muito
antes disso, entrou em vigor a Lei n. 13.146/2015).
Art. 16.
[...].
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve
ser comprovada.
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Art. 16.
[...].
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às presta-
ções os das classes seguintes.
Justamente por isso é que quando há extinção de cota de algum dependente da pri-
meira classe, por exemplo, não haverá transferência do direito à pensão por morte para os
dependentes da segunda ou da terceira classes.
Observe que não é o mesmo que readequação do valor da cota por causa da cessação
de pagamento de algum codependente. Nesse caso, se um cônjuge com direito à pensão por
morte vitalícia, por exemplo, recebe, devido ao recebimento concomitante com o filho menor
de 21 anos, apenas metade do valor da pensão por morte deixada pelo cônjuge instituidor,
com o atingimento da idade limite daquele, passará a receber integralmente. Está previsto no
art. 77, §1º, da Lei n. 8.213/1991:
Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte
iguais (Redação dada pela Lei n. 9.032, de 1995).
§ 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar (Redação dada
pela Lei n. 9.032, de 1995).
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Gostaria de chamar atenção em relação ao cônjuge no que toca à Súmula 336, do Superior
Tribunal de Justiça, que assim, diz:
SÚMULA N. 336
A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão pre-
videnciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superve-
niente.
Referências: CF/1988, arts. 201, V, e 226, § 3º. Lei n. 8.213/1991, art. 76, §§ 1º e 2º.
Isso quer dizer que o cônjuge que, embora estivesse separado do segurado instituidor ao
tempo do óbito, comprovar que dependia economicamente dele, poderá ter direito à pensão
por morte junto ao INSS.
Cabe anotar que o entendimento fixado na Súmula 336, do Superior Tribunal de Justiça,
não se aplica apenas às situações de separação judicial, mas também se estende aos casos
de divórcio, como naturalmente deveria se concluir, realmente, pois se trata do mesmo fato
gerador de renúncia dos alimentos.
Nesse sentido, observe o seguinte julgado do STJ (conquanto se refira ao regime próprio,
também adotou como fundamento a analogia com a Súmula 336):
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Professor, a Súmula 336, do Superior Tribunal de Justiça, também é aplicável aos casos
de união estável dissolvida?
SIM, também na união estável podemos adotar o entendimento fixado na súmula mencio-
nada, pois se trata do mesmo fato gerador, já que a essência do entendimento jurisprudencial
é proteger a relação de convivência constituída de forma duradoura, pública, com aparência
e afeição marital.
Não haveria mesmo razão para discriminar aqueles que se uniram por meio de uma união
estável, em detrimento da constituição formal do casamento, pois a Constituição Federal de
1988 não faz essa distinção, ao menos para fins previdenciários.
Devemos anotar também que esse entendimento se alarga e vai além para atingir as uni-
ões homoafetivas. Sobre o casamento e a união estável homoafetivos, destacamos o Enun-
ciado 601, da VII Jornada de Direito Civil do CJF/STJ:
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Art. 130. De acordo com a Portaria MPS n. 513, de 9 de dezembro de 2010, publicada no DOU, de 10
de dezembro de 2010, o companheiro ou a companheira do mesmo sexo de segurado inscrito no
RGPS integra o rol dos dependentes e, desde que comprovada a união estável, concorre, para fins
de pensão por morte e de auxílio-reclusão, com os dependentes preferenciais de que trata o inciso
I do art. 16 da Lei n. 8.213, de 1991, para óbito ou reclusão ocorridos a partir de 5 de abril de 1991,
conforme o disposto no art. 145 do mesmo diploma legal, revogado pela MP n. 2.187-13, de 2001.
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Não é raro perceber também que, nas relações em que houve filho em comum, ocorra com
frequência ajuda mútua para a manutenção do lar de um dos cônjuges separados ou divor-
ciados em prol dos filhos em comum.
A comprovação, portanto, pode ser por meio da prestação de alimentos in natura ou ainda
de qualquer outro elemento de ajuda ou cooperação persistente em relação ao cônjuge.
E as pessoas que são separadas de fato podem ser consideradas companheiras para fins
previdenciários?
A princípio, o art. 16, §3º, da Lei n. 8.213/1991, daria indicação de que não, pois diz esse
dispositivo que (grifos nossos):
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união es-
tável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.
Como vemos, a disposição normativa do referido artigo da lei previdenciária exige que a
pessoa não seja casada, impedindo que pessoas separadas de fato, ou seja, com a constitui-
ção formal do casamento ainda vigente, possam estabelecer união estável.
De outro lado, o artigo 1723 do Código Civil trata a Constituição da união estável de modo
diferente, pois permite expressamente a relação de companheirismo, conquanto que os con-
viventes ainda estejam separados de fato.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, confi-
gurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
de família.
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se
aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente.
......................................................................................................
Art. 1.521. Não podem casar:
I – Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II – Os afins em linha reta;
III – O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – O adotado com o filho do adotante;
VI – As pessoas casadas; [...].
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Notamos que a lei civil considera, para fins de constituição de união estável, que a sepa-
ração de fato e a separação judicial não traduzem situação regular de casamento. Por isso,
não se aplica o disposto no inciso VI, do art. 1.521, CC, no caso de a pessoa casada se achar
separada de fato ou judicialmente.
Diante desse aparente conflito de normas, coube ao regulamento expressar melhor a von-
tade do legislador. Cumpre observar que a norma regulamentadora da lei previdenciária tratou
de explicitar que aquele conflito não prevaleceria, de modo que em seu art. 16, §6º, do Decreto
n. 3.048/1999, prescreveu-se que deve ser aplicado o art. 1.723, §1º, do Código Civil. Sendo
assim, como vimos na transcrição da lei civil acima será possível a ocorrência de união es-
tável entre pessoas casadas que já estejam separadas de fato ou judicialmente, perante a
autarquia previdenciária.
Vejamos o referido artigo 16, §§ 5º e 5º, do Decreto n. 3.048/1999 (grifo nosso):
Imediatamente, a resposta administrativa dada pelo INSS é NÃO. Pela postura adminis-
trativa do INSS, não podem estabelecer união estável ou casamento, para fins previdenciá-
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rios, os menores de 16 anos, que está previsto claramente na Instrução Normativa INSS n.
77/2015, conforme alterações dadas pela Instrução Normativa INSS n. 85/2016.
Vejamos, antes, a conceituação de união estável dada pelo INSS nos referidos normativos:
Art. 122. Considera-se por companheira ou companheiro a pessoa que mantém união estável com
o segurado ou a segurada, sendo esta configurada na convivência pública, contínua e duradoura,
estabelecida com intenção de constituição de família, observando que não constituirá união está-
vel a relação entre:
I – Os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil;
II – Os afins em linha reta;
III – O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – O adotado com o filho do adotante;
VI – As pessoas casadas; e
VII – O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o
seu consorte.
Parágrafo único. Não se aplica a incidência do inciso VI do caput no caso de a pessoa casada se
achar separada de fato, judicial ou extrajudicialmente.
§ 2º Não é possível o reconhecimento da união estável, bem como dos efeitos previdenciários
correspondentes, quando um ou ambos os pretensos companheiros forem menores de dezes-
seis anos.
§ 3º Em se tratando de companheiro(a) maior de dezesseis e menor de dezoito anos, dada a in-
capacidade relativa, o reconhecimento da união estável está condicionado à apresentação de de-
claração expressa dos pais ou representantes legais, atestando que conheciam e autorizavam a
convivência marital do menor.”
Havia certa dúvida na manutenção de tal entendimento perante o que dispunha o Código
Civil, no que toca à fixação da idade núbil e suas exceções. As disposições do Código Civil
sobre o tema estão insertas no art. 1.517 e seguintes (grifos nossos):
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Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único
do art. 1.631.
Art. 1.518. Até à celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogar a autori-
zação.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização (Reda-
ção dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência).
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade
núbil (art. 1517 ), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil,
observado o disposto no art. 1.517 deste Código (Redação dada pela Lei n. 13.811, de 2019).
Perceba que a idade núbil fixada é de 16 anos, de modo que, para os relativamente incapa-
zes, ou seja, para os nubentes que pretendam se casar entre os dezesseis e os dezoito anos,
deverá haver autorização dos pais ou de seus representantes legais para que isso ocorra.
Em suma:
• casamento sem necessidade de qualquer autorização: a partir dos 18 anos de idade;
• casamento com necessidade de autorização de ambos os pais ou de seus represen-
tantes legais: entre os 16 e os 18 anos de idade;
• casamento vedado, ainda que com autorização: para os menores de 16 anos, sem qual-
quer hipótese de exceção a partir da Lei n. 13.811/2019.
Veja que a Lei n. 13.811/2019 deu nova redação ao art. 1.520/CC, que permitia excepcio-
nalmente o casamento de quem ainda não tinha atingido a idade núbil para evitar imposição
ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Desde a edição da Lei n. 13.811/2019, passa a não ser permitido “em qualquer caso” o
casamento de quem não atingiu a idade núbil.
Se isso ocorrer, o casamento será anulável, nos termos do art. 1.550, inciso I, do Código
Civil:
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Curioso observar que o art. 1.551, do Código Civil parece ainda dar uma brecha para que
haja uma exceção à invalidade do casamento por quem for menor de 16 anos. É que, con-
quanto o art. 1.520/CC assevere que não será permitido em qualquer caso o casamento por
menores de 16 anos, o art. 1.551/CC (grifos nossos) assinala que NÃO será anulável o casa-
mento se dele resultar gravidez.
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.
Essa questão não foi enfrentada de modo vinculante pelos Tribunais Superiores ou pela
TNU ainda, mas penso que em alguns casos, sim. Há que se considerar situações excepcio-
nais, já que, em alguns casos, a norma que estaria visando à proteção dos menores de 16
anos, acabaria, na prática, causando um impacto desproporcional e antiprotetivo. Para qual-
quer categoria de segurado e de dependente, é necessária a comprovação da idade mínima
de 16 anos.
Isso está previsto, inclusive, no art. 18, §2º, do Decreto n. 3.048/1999 (grifo nosso):
Art. 18. Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o
segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados
pessoais e de outros elementos necessários e úteis a sua caracterização, observado o disposto no
art. 330 e seu parágrafo único, na seguinte forma: (Redação dada pelo Decreto n. 3.265, de 1999)
I – O empregado e trabalhador avulso - pelo preenchimento dos documentos que os habilitem ao
exercício da atividade, formalizado pelo contrato de trabalho, no caso de empregado, observado o
disposto no § 2º do art. 20, e pelo cadastramento e registro no sindicato ou órgão gestor de mão-
-de-obra, no caso de trabalhador avulso (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
II – Empregado doméstico - pela apresentação de documento que comprove a existência de con-
trato de trabalho.
III – Contribuinte individual - pela apresentação de documento que caracterize a sua condição ou
o exercício de atividade profissional, liberal ou não (Redação dada pelo Decreto n. 3.265, de 1999).
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Há peculiaridades que devem ser observadas na fixação da idade mínima dos 16 anos e,
desta forma, na vedação do recebimento de benefícios quando o segurado ou dependente for
absolutamente incapaz.
Um exemplo é o do salário-maternidade, cuja concessão, embora seja dirigida à gestante,
possui como destinatário final das verbas alimentícias prestadas pela autarquia previdenciá-
ria, essencialmente, o nascituro.
O nascituro, como dependente de uma possível segurada menor de 16 anos, sua genitora,
poderá receber o benefício de salário-maternidade? O INSS poderá negar tal benefício
pelo simples fato do critério etário?
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Nada obstante, a questão pende de julgamento sob o regime da repercussão geral, o que
se espera ser resolvido por meio do julgamento do RE 669.465.
Transcrevo abaixo a ementa do julgado que reconheceu a repercussão geral a respeito do
tema (grifo nosso):
Ao que consta, o objeto central do julgado acima será o enfrentamento de eventual discri-
men normativo a ser dado à relação de concubinato de longa duração.
A situação denominada “concubinato de longa duração” assemelha-se ao que não raro
nos defrontamos na prática da judicatura, quando avistamos a disputa da pensão por morte
por efetivamente duas companheiras ou uma viúva e outra companheira, denotando espécie
de bigamia relativamente consentida.
Em resumo, nesses casos, o instituidor da pensão morreu e depois se descobriu que manti-
nha, por longos e longos anos, duas mulheres e, consequentemente, duas famílias efetivamente.
Fato que não é raro, devendo ter tratamento normativo adequado. No âmbito do STF,
aquele RE 669.465 foi baixado, posteriormente, tendo sido substituído pelo RE 883.168/SC,
que remanesceu como representativo do TEMA 526 dos recursos afetados ao regime da re-
percussão geral.
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A proposta da tese a ser fixada no TEMA 526, portanto, é de que seja analisada caso a caso
a longa duração do concubinato, vislumbrando seus efeitos previdenciários apenas na hipóte-
se de se aproximar do cumprimento dos requisitos exigíveis em abstrato para a união estável.
Em outras palavras, o parecer do PGR foi no sentido de que, em havendo “duas uniões es-
táveis”, poderia existir, em tese, repercussão do enlace de longa duração no âmbito previden-
ciário, garantindo-se proteção social pela pensão por morte à concubina que, de certo modo,
teria se relacionado como companheira.
Já na Turma Nacional de Uniformização, podemos citar o julgado realizado no bojo do
PEDILEF 2008.72.95.001366-8/ SC, que assinalou a impossibilidade de se conferir qualquer
tratamento previdenciário favorável à concubina, ainda que decorrente do chamado “concu-
binato de longa duração”.
Em revisão
Situação
Tema 15 - Tema 526/ Ramo do direito DIREITO PREVIDENCIÁRIO
do tema
STF
Questão submetida a Saber se pode haver rateio de pensão entre esposa e concubina no regime de
julgamento concubinato impuro.
A pensão por morte não deve ser rateada entre a viúva e a concubina, pois a
Tese firmada
relação extraconjugal paralela ao casamento não configura união estável.
Decisão de Trânsito em
Processo Relator(a) Julgado em Acórdão publicado em
afetação julgado
Juíza Fede-
ral Simone
PEDILEF
dos Santos 11/10/2011 28/10/2011 18/11/2011
2008.72.95.001366-8/ SC
Lemos Fer-
nandes
Não podemos concordar, data venia, com o entendimento acima, que, como dito, mostra
que essa situação não é rara, sendo frequente que entre a real companheira e a concubina de
longa duração haja certo conhecimento e assentimento recíprocos.
De todo modo, perceba que o TEMA 15 dos representativos de controvérsia da TNU, se-
gundo acima colacionado, está assinalado como sendo objeto de possível revisão, à vista da
pendência de julgamento do TEMA 526 no âmbito do Supremo Tribunal Federal.
Você sabe como é feita a prova da união estável?
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Até pouco tempo atrás, a prova da união estável não exigia início de prova material, permi-
tindo, em tese, prova unicamente testemunhal. Recentemente, entretanto, com aprovação da
Medida Provisória n. 871/2019, convertida, posteriormente, na Lei n. 13.846, de 18 de junho de
2019, foi inserida a exigência de que essa comprovação seja feita por meio de início de prova
material, não se admitindo mais prova testemunhal isolada, salvo motivo de força maior ou
caso fortuito, conforme §5º incluído no art. 16, da Lei n. 8.213/1991.
§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material con-
temporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à
data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente tes-
temunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
regulamento (incluído pela Lei n. 13.846, de 2019).
Perceba que a lei estabeleceu um intervalo de tempo relativo ao qual deverá haver a com-
provação da união estável por início de prova material. Assim, o início de prova material deve
ser contemporâneo aos fatos, devendo ter sido produzido, para isso, nos últimos 24 meses
anteriores ao óbito do instituidor.
Tal exigência, de início de prova documental e vedação de prova unicamente testemunhal,
também foi dirigida para a comprovação da dependência econômica nos casos em que a
classe de dependentes exigir. É que os companheiros e companheiras não precisam compro-
var a dependência econômica, mas os dependentes da classe dois e três precisam, conforme
previsto no art. 16, §4º, da Lei n. 8.213/1991:
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve
ser comprovada.
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• que a comprovação acima seja efetivamente por início de prova material, podendo ser
complementada por prova testemunhal idônea, não sendo possível, porém, que haja
unicamente prova testemunhal;
• que a comprovação acima se escore em início de prova material contemporânea aos
fatos narrados, isto é, nos termos da lei, que tenha sido produzida dentro do intervalo
máximo de 24 meses anteriores ao óbito do segurado instituidor.
É de se perceber, portanto, que a prova da união estável, a partir dessa alteração normativa, passou
a ser feita igualmente ao que se exige na comprovação de tempo de contribuição ou tempo de ser-
viço, conforme já prescrevia a norma previdenciária no art. 55, §3º, da Lei n. 8.213/1991:
Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compre-
endendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que
trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado:
[...].
§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os fins desta Lei, inclusive mediante justificativa
administrativa ou judicial, observado o disposto no art. 108 desta Lei, só produzirá efeito quando
for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusi-
vamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na forma
prevista no regulamento (Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019).
Essa sistemática chumbada de comprovação – início de prova material mais prova tes-
temunhal – já era, aliás, exigida nas situações assemelhadas às que abordamos acima, rela-
tivamente à Súmula 336, do STJ, que sempre foi o entendimento do INSS, conforme se pode
observar do art. 373, da Instrução Normativa INSS 77/15:
Art. 373. No caso de requerimento de pensão por morte com declaração de separação de fato em
benefício assistencial anterior, será devido o benefício de pensão por morte, desde que comprova-
do o restabelecimento do vínculo conjugal, na forma do § 3º do art. 22 do RPS.
§ 1º A certidão de casamento não poderá ser utilizada como um dos documentos para a com-
provação do restabelecimento do vínculo conjugal, bem como não poderá ser comprovado esse
restabelecimento exclusivamente por meio de prova testemunhal.
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SÚMULA N. 149
A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola,
para efeito da obtenção de benefício previdenciário.
Referência: CF/1988, art. 202. Lei Complementar n. 16/1973. Lei n. 8.213/1991, art. 55,
§ 3º. Decreto n. 83.080/1979, art. 57, § 5º.
Diante disso, podemos afirmar que não há mais no sistema de valoração da prova, no que
toca à consideração da união estável, o sistema de livre convencimento motivado, mas o de
prova tarifada.
Entenda, nada obstante essa alteração, que essa regra não pode ser aplicada aos proces-
sos administrativos ou judiciais em curso. Em verdade, a data do óbito - ou, eventualmente,
de outro fato gerador do benefício previdenciário a ser requerido, no qual se fundamenta a
relação de dependência por meio da comprovação de união estável – é que servirá de baliza
para a aplicação ou não dessa mudança. É que se trata de direito material e não de direito
processual. A doutrina de Frederico Amado, contudo, aponta no sentido contrário2:
Vale registrar que se cuida de regra processual inerente à prova da condição de dependente, de
modo que possui aplicação imediata a todos os processos pendentes de decisão para óbitos an-
teriores à vigência da alteração normativa, pois somente regras de direito material não possuem
retroação.
Por fim, cabe destacar que a Lei n. 13.846/2019 acrescentou um requisito temporal para
que a união estável:
§ 6º Na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º do art. 77 desta Lei, a par da exigência do § 5º deste
artigo, deverá ser apresentado, ainda, início de prova material que comprove união estável por pelo
menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado (Incluído pela Lei n. 13.846, de 2019).
2
AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª edição. Salvador, Editora JusPodvim, 2019, p. 577.
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Art. 123. Filhos de qualquer condição são aqueles havidos ou não da relação de casamento, ou
adotados, que possuem os mesmos direitos e qualificações dos demais, proibidas quaisquer desig-
nações discriminatórias relativas à filiação, nos termos do § 6º do art. 227 da Constituição Federal.
Sendo, pois, filho do segurado, biológico ou adotado, havido dentro ou fora do casamento,
haverá sua proteção previdenciária como dependente de 1ª classe, conforme art. 16, I, da Lei
n. 8.213/1991.
O filho, em sadias condições de vida, sem nenhum grau de invalidez ou deficiência mental,
intelectual ou grave, somente será considerado dependente até os 21 anos de idade ou até
eventual causa de emancipação.
Vejamos o que diz o art. 17, do Decreto n. 3.048/99, a respeito (grifo nosso):
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Frederico Pereira Martins
Muito se discutiu sobre a prorrogação da pensão por morte ao maior de 21 anos, já que a
própria Instrução Normativa INSS n. 77/2015 parece apontar que a colação de grau em ensino
superior não implica para o dependente emancipação, mantendo-se, com isso, a qualidade de
dependente.
Art. 128.
§2º É assegurada a qualidade de dependente perante a Previdência Social do filho e irmão invá-
lido maior de 21 (vinte e um) anos, que se emanciparem em decorrência, unicamente, de colação
degrau científico em curso de ensino superior, assim como para o menor de 21 (vinte e um) anos,
durante o período de serviço militar, obrigatório ou voluntário.
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dendo haver alargamento dessa hipótese, notadamente por conta do princípio da prévia fonte
de custeio e, bem assim, do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema.
Entende-se, pois, que a norma infralegal acima dirige-se apenas a filho ou irmão maior de
21 anos inválido. Desse modo, na hipótese de o filho ou o irmão inválido maior de 21 anos ob-
ter colação de grau em ensino superior, a emancipação civil daí decorrente não deverá surtir
efeitos previdenciários, continuando a ser dependente.
Exatamente nesse sentido é que a TNU julgou o TEMA 7 de seus representativos de con-
trovérsia firmando a seguinte tese:
Situação DIREITO
Tema 7 Julgado Ramo do direito
do tema PREVIDENCIÁRIO
Saber se o filho maior de 21 anos que esteja cursando ensino superior
Questão submetida a julgamento
tem direito à prorrogação de pensão por morte até os 24 anos.
É indevida a prorrogação da pensão por morte ao filho maior de 21 anos,
Tese firmada
ainda que esteja cursando o ensino superior.
Acórdão
Processo Relator (a) Julgado em Trânsito em julgado
publicado em
Juíza Fede-
ral Simone dos
PEDILEF 2005.63.11.006938-1/ SP 06/09/2011 07/10/2011 25/10/2011
Santos Lemos
Fernandes
Visto isso, verificaremos agora algumas questões relacionadas ao filho inválido ou com
deficiência intelectual ou mental ou ainda com deficiência grave.
Existe alguma relevância o fato de o inválido ter se tornado inválido após a maioridade?
Nesse ponto há certa divergência entre o que está previsto na norma escrita e o que vem
sendo entendido nos termos da jurisprudência dos Tribunais.
É que o art. 17, do Decreto n. 3.048/99, como vimos acima, na redação dada pelo Decreto
n. 6.939/2009, citado abaixo (grifos nossos), assevera que, para se enquadrar como depen-
dente do segurado, é indispensável que a invalidez do filho tenha ocorrido antes dos 21 anos
de idade ou, caso tenham ocorrido as hipóteses da lei civil, antes das causas de emancipação.
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Mas a jurisprudência aponta para outro sentido, afirmando que a relação de dependente do
inválido, deficiente mental ou intelectual, ou ainda deficiente grave, poderá surgir após os 21
anos de idade. Esse é o sólido entendimento do Superior Tribunal de Justiça (grifos nossos):
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Magalhães, Segunda Turma, DJe 24.4.2015; AgRg no Ag 1.427.186/PE, Rel. Min. Napo-
leão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 14.9.2012; REsp 1.618.157/SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12.9.2016.
4. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem afirmou que a parte autora preenche
todos os requisitos para receber o benefício de pensão por morte, sobretudo o que se
refere à dependência econômica do filho maior inválido.
5. Merece transcrição o seguinte excerto da decisão combatida: “[...]. Saliento, ainda,
que a citada condição de enfermo dependente do autor é corroborada pela documenta-
ção trazida aos autos pelo INSS, bem como pelo próprio depoimento das testemunhas”
(fl. 242, e-STJ).
6. Para desconstituir as conclusões abrigadas pelo acórdão quanto à demonstração de
dependência econômica exigida para fins de concessão de pensão por morte, é neces-
sário revolver o acervo fático-probatório dos autos, defeso ao STJ em razão da Súmula
7/STJ.
7. Agravo conhecido para conhecer se parcialmente do Recurso Especial somente com
relação à preliminar de violação do art. 1.022 do CPC e, nessa parte, não provido.
(AREsp 1570257/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
21/11/2019, DJe 19/12/2019).
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Há quem não concorde com esse entendimento, pois consta no rol do art. 16, da Lei n.
8.213/1991 a simples condição de invalidez quanto ao filho, o qual se enquadraria, pois, na
primeira classe dos possíveis dependentes, sendo certo que o §4º está voltado a esses que a
“dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve
ser comprovada”.
Ou seja, a lei fala que quem está figurando na lista do inciso I, do art. 16, possui depen-
dência econômica presumida e não se poderia interpretar desfavoravelmente ao beneficiário.
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Mas, nada obstante tal orientação, prevalece que deva haver a comprovação da depen-
dência econômica nesses casos. Vale transcrever, inclusive, trecho do julgamento do PEDILEF
0009116-29.2014.4.03.6302 (grifo nosso), que elucida muito bem os fundamentos normati-
vos do porquê da exigência de comprovação da dependência econômica em relação ao filho
maior inválido, cuja invalidez sobreveio à maioridade.
atingida a idade limite, com o filho sendo plenamente capaz, cessa a dependência eco-
nômica, havendo, assim, a extinção daquela situação jurídica anterior de dependência.
Isso porque - é da ordem natural das coisas - o filho maior de idade deverá manter o seu
próprio vínculo direto com a previdência, a partir do exercício de atividade remunerada,
constituição de família, necessidade de prover o próprio sustento e o sustento dos seus.
Por esse motivo, a ocorrência da invalidez supervenientemente à maioridade não ense-
jará, por si só, o reconhecimento da dependência em relação aos genitores, na medida
em que, uma vez comprovada a condição de segurado, resultará, sim, na concessão de
benefício próprio, qual seja, o auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez.
Somente na hipótese em que conjugada a invalidez posterior à maioridade com a situa-
ção de dependência econômica é que se pode falar no direito à percepção do benefício
previdenciário.
(Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Presidência) 0009116-29.2014.4.03.6302,
MINISTRO RAUL ARAÚJO - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, grifo nosso).
Entendemos como razoável tal percepção, pois, de fato, se a condição de inválido se cons-
tituiu somente após a maioridade do dependente, poderíamos supor, em tese, que até o fato
gerador de sua invalidez (um acidente grave de carro, por exemplo) teria uma vida normal.
Poderia, em tese, até então ter acumulado uma fortuna por meio do seu trabalho e, nessa
medida, não seria dependente economicamente de seu pai.
E com relação ao enteado e o menor tutelado, eles são dependentes para fins previdenciá-
rios?
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SIM, isso está previsto no §2º, do art. 16, da Lei n. 8.213/91, mas diferentemente dos filhos
tal como previsto na classe primeira do art. 16, o menor tutelado e o enteado deverão compro-
var a dependência econômica em relação em relação ao segurado instituidor.
§ 2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante declaração do segurado: o enteado;
o menor que, por determinação judicial, esteja sob a sua guarda; e o menor que esteja sob sua tu-
tela e não possua condições suficientes para o próprio sustento e educação.
§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde
que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento (Redação dada
pela Lei n. 9.528, de 1997).
Acima, a redação originária do art. 16, §2º, da Lei n. 8.213/1991, antes da alteração pro-
movida pela Lei n. 9.528/1997, para você saber que o enteado e o menor tutelado não preci-
savam comprovar a dependência econômica em relação ao segurado instituidor.
NÃO.
Já foi considerado dependente, mas não é mais, como visto no comparativo da redação
antiga e da redação nova do §2º, do art. 16, acima transcritas.
Era considerado dependente até a edição da medida provisória 1.523/1996, a qual foi
sucessivamente reeditada e, posteriormente, revogada pela MP n. 1.596/1997 (que tinha o
mesmo texto praticamente), para em seguida ser convertida na Lei n. 9.528/1997, alterando
definitivamente o §2º, do art. 16, da Lei de Benefícios e excluindo o menor sob guarda da pro-
teção previdenciária do RGPS.
Aliás, isso é extraído da própria leitura da Instrução Normativa INSS 77/2015, em seu
art. 132 (grifo nosso):
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E, tal como corretamente assinalado no art. 374 (grifo nosso), da Instrução Normativa
INSS 77/2015, fica, com base no princípio do tempus regit actum, resguardado o direito à
pensão por morte para:
Art. 374.
I – O menor sob guarda, caso o óbito do segurado tenha ocorrido até 13 de outubro de 1996, véspe-
ra da publicação da MP n.1.523, de 1996, reeditada e convertida na Lei n. 9.528, de 10 de dezembro
de 1997, desde que atendidos os requisitos da legislação em vigor à época; [...].
Portanto, atualmente, grave essa informação: exceto o filho de qualquer condição, menor
de 21 anos ou inválido, deficiente mental, intelectual ou com deficiência grave, apenas serão
considerados dependentes do segurado instituidor, de maneira equiparada a filho, os seguintes:
• ENTEADO;
• MENOR TUTELADO.
As duas exigências acima, portanto, mostram que o enteado e o menor tutelado são equi-
parados a filho, porém com algumas ressalvas e peculiaridades.
Com relação à comprovação da relação de dependência econômica, embora a jurispru-
dência entenda que se trata de rol não exaustivo, o Decreto n. 3.048/1999, em seu art. 22, §3º,
elenca quais documentos servem a tal propósito perante a autarquia previdenciária.
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Art. 16. [...].
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às presta-
ções os das classes seguintes.
......................................................................................................
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do
segurado:
I – O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição, me-
nor de vinte e um anos ou inválido;
II – Os pais; ou
III – O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido.
§ 1º Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições.
§ 2º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às presta-
ções os das classes seguintes.
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A grande questão em relação aos dependentes da segunda classe é que eles precisam de-
monstrar a dependência econômica em relação ao segurado instituidor. Não basta, portanto,
demonstrar a relação de paternidade ou de maternidade para que seja assegurado o direito
à relação jurídica de dependente para fins previdenciários nesses casos. Necessário ir além,
comprovando uma relação mútua de ajuda financeira persistente e permanente que chegue
ao nível real de dependência econômica.
Não se trata, muito importante frisarmos, de colaboração eventual ou ajuda pontual sobre
alguma contingência financeira dos pais, mas de uma simbiose orçamentária que define uma
indispensável participação orçamentária, seja em dinheiro, seja em pagamento in natura de
determinadas necessidades básicas da vida daqueles. Somente assim haverá dependência
econômica.
A doutrina3 aponta ainda os elementos que caracterizam a dependência econômica para
fins previdenciários: a substancialidade e a habitualidade da participação financeira do segu-
rado instituidor em relação os pais.
No âmbito da própria Administração Pública, tem-se o Enunciado 13, do Conselho de Re-
cursos da Previdência Social, cujo teor aponta que a dependência econômica pode ser até
parcial, mas precisa representar um auxílio “substancial, permanente e necessário, cuja falta
acarretaria desequilíbrio dos meios de subsistência do dependente”4.
Perceba assim que a dependência não precisa ser integral, abarcando todas as necessi-
dades de vida dos pais, mas que, sendo parcial, seja substancial e com o caráter indispensá-
vel da habitualidade. Assim, a indispensabilidade deve ser tal que a parcela coberta pela ajuda
financeira persistente e permanente do filho. Caso não encontre mais os aportes financeiros
deste, provoque considerável abalo orçamentário na manutenção da vida dos pais.
Vamos verificar como se comporta jurisprudência em relação a esse tema? Sobre isso,
citamos o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça (grifos nossos):
3
Idem, p. 591.
4
Ibidem, p. 587.
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Situação DIREITO
Tema 147 Julgado Ramo do direito
do tema PREVIDENCIÁRIO
Saber se deve ser exclusiva a dependência econômica dos genitores em
Questão submetida a julgamento
relação aos filhos.
A dependência econômica dos genitores em relação aos filhos não
precisa ser exclusiva, porém a contribuição financeira destes deve ser
Tese firmada substancial o bastante para a subsistência do núcleo familiar e devida-
mente comprovada, não sendo mero auxílio financeiro o suficiente para
caracterizar tal dependência.
Acórdão Trânsito em
Processo Relator(a) Julgado em
publicado em julgado
Juiz Federal
PEDILEF 5044944-
Douglas Camari- 17/08/2016 26/08/2016 19/09/2016
05.2014.4.04.7100/ RS
nha Gonzales
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Como visto acima, a TNU ainda aponta para o entendimento de que a dependência eco-
nômica dos pais em relação aos filhos não necessariamente será exclusiva, ou seja, integral.
Todavia, é muito importante que esta cooperação contínua do segurado instituidor, no caso,
o filho, seja efetivamente substancial para a manutenção indispensável da subsistência do
núcleo familiar dos dependentes, no caso, os pais.
Interessante observar que há julgados recentes do Superior Tribunal de Justiça no sen-
tido de que haveria uma presunção relativa de dependência econômica em famílias de baixa
renda, de modo que a relação de simbiose financeira entre pais e filhos, então residentes no
mesmo teto e sob o mesmo grupo familiar, deveria ser afastada pelo INSS. Nesses casos,
a situação de baixa renda, por si só, daria a noção necessária dos elementos de substanciali-
dade e habitualidade das contribuições financeiras dos filhos em relação aos pais, delineando
a dependência econômica.
[...].
V – É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que “é devida
pensão por morte aos pais de família de baixa renda, em decorrência da morte de filho
menor, e não é exigida prova material para comprovação da dependência econômica do
filho, para fins de obtenção do referido benefício” (STJ, AgRg no Ag 1.252.268/SP, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 18/03/2010). Nesse sentido:
STJ, AgInt no AREsp 1.047.018/SC, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA
TURMA, DJe de 29/06/2017; AgRg no AREsp 346.483/PB, Rel. Ministro HERMAN BEN-
JAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/12/2013. VI. Agravo interno improvido...EMEN:
(AINTARESP - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - 1346126
2018.02.07535-9, ASSUSETE MAGALHÃES, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE
DATA:17/12/2018. DTPB:., grifo nosso).
Decerto, não concordamos com tal posicionamento, já que não há nada na lei previdenci-
ária que gere essa presunção, a qual existe apenas para os dependentes da classe primeira,
tal como previsto no art. 16, §4º, da Lei n. 8.213/1991.
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A dependência econômica pode realmente ser comprovada, nesses casos, apenas por
prova testemunhal?
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NÃO.
Como já afirmamos acima, o art. 143, do Decreto n. 3.048/1999, exige que, no caso de
dependência econômica, bem como em outros casos de comprovação de relações jurídico-
-previdenciárias, a comprovação somente surtirá efeito se lastreada em apresentação de iní-
cio de prova material idôneo. Não é, portanto, admitida a prova exclusivamente testemunhal,
ressalvados, como já salientamos, os casos fortuitos.
A jurisprudência noticiada acima, contudo, vinha combatendo essa disposição regula-
mentar, fundamentando que ela exorbita de seus poderes regulamentares, indo além do que
a sua base legal permite. Isso porque, até pouco tempo atrás, de fato, o art. 55, §3º, da Lei n.
8.213/1991 (grifos nossos), direcionava a exigência de início de prova material apenas no que
toca à demonstração e à comprovação do tempo de serviço.
Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compre-
endendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que
trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado:
[...].
§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os fins desta Lei, inclusive mediante justificativa
administrativa ou judicial, observado o disposto no art. 108 desta Lei, só produzirá efeito quando
for baseada em início de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusi-
vamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na forma
prevista no regulamento. (Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019).
Contudo, essa regra foi expandida para outros casos. É que a lei, recentemente, alterou a
flexibilidade comprobatória quanto à dependência econômica, alargando a exigência da in-
dispensável demonstração de início de prova material para outros casos que não apenas os
de comprovação do tempo de serviço.
Como apontamos em linha supra, a respeito da comprovação da união estável, as recen-
tes alterações legais passaram a exigir que os elementos delineadores da relação de com-
panheirismo fossem comprovados e demonstrados junto à autarquia previdenciária por in-
dispensável início de prova material contemporânea aos fatos, em intervalo não inferior a 24
meses anteriores ao óbito, sendo vedada terminantemente a prova exclusivamente testemu-
nhal. Essa mudança também teve como objeto da comprovação da dependência econômica.
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Vejamos o dispositivo legal, incluído pela Lei n. 13.846/2019, no art. 16, da Lei n. 8.213/1991:
Art. 16. [...].
§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material con-
temporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à
data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente tes-
temunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
regulamento (incluído pela Lei n. 13.846, de 2019).
Assim, note que não há mais razão legal para existirem as disposições jurisprudenciais da
Súmula 63, da TNU, que assim dizia:
SÚMULA 63
DOU 23/08/2012
A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início
de prova material.
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mental intelectual ou, ainda, com deficiência grave, não fossem emancipados no momento do
óbito ou da reclusão do instituidor. Assim, a partir da Lei n. 13.146/2015, e até hoje, se houver
qualquer causa ensejadora de emancipação, ocorrerá a extinção da relação de dependência
para fins previdenciários.
Com isso, as circunstâncias geradoras da dependência do irmão do segurado, ficaram da
seguinte forma diante da Lei n. 13.146/2015, vigentes até hoje:
• irmão não emancipado de qualquer condição, menor de 21 anos;
• irmão inválido;
• irmão com deficiência intelectual;
• irmão com deficiência mental;
• irmão com deficiência grave.
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Todavia, apesar de hipóteses como aquelas, há outras nas quais é proeminente o viés da
solidariedade como fator jurídico que ocasiona a manutenção individual de cada segurado no
RGPS, na hipótese de suspensão abrupta do pagamento das contribuições previdenciárias.
Não havendo pagamento das contribuições previdenciárias, o princípio da contributividade
exigiria sua imediata expulsão da relação jurídico-previdenciária.
Mas há situações previstas na lei nas quais isso não ocorre. Vamos abordá-las! Para
deixarmos mais didática tal abordagem, vamos nos valer de algumas perguntas e respostas.
Vejamos se você saberia respondê-las em uma prova.
SIM, a qualidade de segurado é conservada sem limite de prazo, ainda que não haja qual-
quer recolhimento previdenciário durante esse período, e não há realmente, salvo no caso do
salário-maternidade.
SIM, pois, como dito, durante o período de gozo do benefício previdenciário, conserva-se a
qualidade de segurado, independentemente de o benefício ter sido concedido administrativa
ou judicialmente.
A TNU, inclusive, já decidiu nesse exato sentido (grifos nossos):
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E com relação ao pagamento do aviso prévio e indenizado: ele conta como sendo incluso
na manutenção da qualidade do segurado?
SIM, isso já foi tratado também na TNU, de modo que o período de graça somente se inicia
após os 30 dias da notificação de saída do trabalhador
O período de aviso prévio que foi indenizado deve ser projetado como de manutenção da
qualidade de segurado empregado, de modo que o período de graça inicie apenas após
o término dessa projeção (PUIL n. 5076345-22.2014.4.04.7100/RS, extraído do Boletim
n. 27, da TNU).
Nada obstante essas hipóteses acima, a lei permite que haja um lapso temporal denomi-
nado período de graça, justamente para permitir, com base na solidariedade, a manutenção
da qualidade do segurado nas hipóteses nas quais houve interrupção ou suspensão do paga-
mento das contribuições previdenciárias.
5. Período de Graça
É no art. 15, da Lei n. 8.213/1991, que podemos verificar como o legislador tratou de dis-
ciplinar o denominado período de graça. Como o próprio nome diz, a finalidade é que o se-
gurado mantenha sua relação jurídico-previdenciária mesmo sem pagar por ela. Em outros
termos, continua sendo segurado do RGPS de graça, sem ter que recolher para isso.
Mas por um tempo apenas, obviamente, por se tratar de situação de liberalidade do siste-
ma, que impõe então limites para serem observados a fim de que todo o equilíbrio financeiro
e atuarial do regime não se perca em meio a inadimplência generalizada de seus segurados.
Abaixo, o dispositivo citado para o seu aprendizado:
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II – Até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer
atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;
III – Até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segrega-
ção compulsória;
IV – Até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;
V – Até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar;
VI – Até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver
pagado mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda
da qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado de-
sempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do
Trabalho e da Previdência Social.
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previ-
dência Social.
§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no
Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imedia-
tamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.
Surgem, a partir das disposições da Lei, portanto, algumas questões a serem enfrentadas.
A primeira pergunta que fazemos é: durante o intervalo de tempo no qual o segurado está
gozando do período de graça, é possível computá-lo como sendo tempo de contribuição?
NÃO. Não é possível computar, evidentemente, o período de graça como tempo de con-
tribuição, especialmente porque desde a EC 20/1998 não há como se considerar qualquer
tempo fictício de contribuição. E não há, assim, mais o tempo de serviço, salvo nas hipóteses
legais expressamente permitidas.
Lembre-se de que, após a EC 20/1998, a norma determinou que as hipóteses de tempo de
serviço seriam disciplinadas pela lei, que regularia a transição das situações anteriores, nas
quais era permitido cômputo do serviço como sendo de contribuição.
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o tempo de serviço considerado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até
que a lei discipline a matéria, será contado como tempo de contribuição.
Ou seja, a Emenda condicionou que a lei ordinária é que vai disciplinar o que é tempo de con-
tribuição. O problema é que essa lei até hoje simplesmente não existe. De todo modo, mesmo
diante dessa transição normativa ainda pendente, não seria possível considerar o período de
graça como sendo tempo de serviço/contribuição.
NÃO. Vamos estudar o conceito de carência nos capítulos seguintes do nosso curso, mas,
para adiantar, a carência é o efetivo recolhimento de contribuições previdenciárias em uma
quantidade mínima que assegure, conforme os requisitos específicos do benefício, a conces-
são e o gozo deste. Se não há no período de graça qualquer recolhimento, justamente por se
tratar de um período de graça, não há que se falar em cômputo de carência.
Como vimos na leitura do art. 15, da Lei 8213/1991, os períodos de graça lá discriminados
são dirigidos, a princípio, a todos os segurados do Regime Geral da Previdência Social. Todavia,
há certas hipóteses de período de graça que não se aplicariam em tese a todos os segurados.
Exemplo: com relação ao segurado especial, também valem as regras de prorrogação do perí-
odo de graça previstas nos §§1º e 2º, do art. 15, da Lei 8213/1991? E com relação ao contri-
buinte individual, é possível também a prorrogação?
A doutrina de AMADO5 expressa que não é possível adotar a prorrogação em relação ao segu-
rado especial, salvo se existirem contribuições efetivas que comprovem mais de 120 recolhi-
5
Ibidem, p. 641.
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mentos pagos sobre a receita decorrente da comercialização da sua produção, ou caso tenha
optado em recolher o mesmo regime do contribuinte individual, conforme a previsão dada
pelo art. 25, §1º, da Lei n. 8.212/19916.
[...].
Considero que deve prevalecer a interpretação da Turma Regional de Uniformização da
4ª Região.
De fato, os enunciados constantes dos §1º e 2º do artigo 15 da Lei 8.213/1991 não
podem ser interpretados literalmente.
A aplicação de normas, extraídas de leis ou regulamentos, para a resolução de confli-
tos sociais, tem a vantagem de simplificar o trabalho dos operadores do direito que não
necessitam realizar juízos morais complexos.
Contudo, não é possível aplicar nenhum texto sem a realização de uma atividade de
interpretação que não pode ser uma operação mecânica e meramente cognoscitiva. Por
melhores que sejam os legisladores de um País, jamais será possível abarcar toda a
complexidade da vida social e, além disso, todos os sistemas jurídicos aceitam o critério
interpretativo de que a aplicação de uma norma não pode levar a um resultado irracional,
absurdo ou incompatível com o princípio da isonomia.
No julgamento da Reclamação 4374, cabe recordar que o STF, no voto ministro Gilmar
Mendes, destacou que o legislador deve tratar a matéria de forma sistemática. Isso sig-
nifica dizer que todos os benefícios da seguridade social (assistenciais e previdenciá-
rios) devem compor um sistema consistente e coerente.
Com isso, podem-se evitar incongruências na concessão de benefícios, cuja consequ-
ência mais óbvia é o tratamento antisonômico entre os diversos beneficiários das polí-
ticas governamentais.
6
§ 1º O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no caput, poderá contribuir,
facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei (Redação dada pela Lei n. 8.540, de 22.12.92).
Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o res-
pectivo salário-de-contribuição (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).
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[...].
De todo o modo, o princípio da uniformidade e equivalência das prestações devidas aos
trabalhadores urbanos e rurais (parágrafo único do art.194 da CF/88) não compactua
com distinções previdenciárias que não estejam amparadas em justificativas razoáveis,
seja do ponto de vista da responsabilidade pelo recolhimento das contribuições ou no
princípio da seletividade.
De efeito, se os trabalhadores verteram o mesmo número de contribuições, ou trabalha-
ram pelo mesmo período (nas situações em que a lei exige apenas a prova do trabalho),
sendo todos segurados obrigatórios, não faz sentido que a manutenção da qualidade de
segurado seja maior para uma categoria e menor para outra.
[...].
Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas,
a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos juizados Especiais Federais,
por unanimidade, CONHECEU do incidente de uniformização e, por maioria, DEU-LHE
PARCIAL PROVIMENTO, nos termos do voto do (a) Juiz (a) Federal DANIEL MACHADO DA
ROCHA, que lavra o presente acordão.
(PEDILEF 05009466520144058400, JUIZ FEDERAL DANIEL MACHADO DA ROCHA, TNU,
DOU 03/06/2016 PÁGINAS 79/167, grifos nossos).
Essa orientação já foi também adotada pelo próprio INSS, no Ministério da Previdência
Social, por meio da 21ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social:
processo: 44232.065526/2014-91.
Outro questionamento importante sobre os prazos de prorrogação previstos no art. 15, da
Lei 8213/1991, é referente à hipótese de o segurado conseguir a extensão do período de graça
previsto no §1º, do art. 15, da Lei n. 8.213/1991.
Como se sabe, pela leitura da lei, é possível a prorrogação do período de graça por mais
12 meses após o segurado ter contribuído por mais de 120 meses sem interrupções. Havia
dúvidas a respeito da incorporação definitiva ou não dessa vantagem, ou seja, se o segurado
poderia usar novamente a expansão do período de graça no caso de se defrontar com um
novo período longo sem recolhimentos, ou, ainda se ele poderia usar, quando após a perda de
sua qualidade de segurado, retornasse ao sistema.
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A Turma Nacional de Uniformização já decidiu que sim, ou seja, que aquela prorrogação
uma vez atingida fica incorporada definitivamente no patrimônio jurídico do segurado:
Há alguma outra forma de prorrogação dos 12 meses iniciais do período de graça para o
segurado empregado?
SIM, pode ocorrer uma nova prorrogação de 12 meses do período de graça se houver a
comprovação de desemprego involuntário. De acordo com a lei, a comprovação dessa situa-
ção de desemprego involuntário ocorre por meio da demonstração de que houve o registro da
demissão no órgão próprio do Ministério do Trabalho, ocasionando o pagamento do seguro-
-desemprego.
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Art. 137. [...].
§ 4º O segurado desempregado do RGPS terá o prazo do inciso II do caput ou do § 1º deste artigo
acrescido de doze meses, desde que comprovada esta situação por registro no órgão próprio do
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, podendo comprovar tal condição, dentre outras formas:
I – Comprovação do recebimento do seguro-desemprego;
ou
II – Inscrição cadastral no Sistema Nacional de Emprego SINE, órgão responsável pela política de
emprego nos Estados da federação.
§ 5º O registro no órgão próprio do MTE ou as anotações relativas ao seguro-desemprego deverão
estar dentro do período de manutenção da qualidade de segurado de doze ou 24 (vinte e quatro)
meses, conforme o caso, relativo ao último vínculo do segurado.
§ 6º A prorrogação do prazo de doze meses, previsto no § 4ºdeste artigo, em razão da situação de
desemprego, dependerá da inexistência de outras informações que venham a descaracterizar tal
condição, ou seja, exercício de atividade remunerada, recebimento de benefícios por incapacidade
e salário maternidade, dentro do período de manutenção de qualidade de segurado.
O segurado desempregado deverá comprovar tal condição, portanto, dentro de seu perí-
odo de graça, de 12 ou 24 meses, conforme o caso, por meio do recebimento do seguro-de-
semprego ou por meio da inscrição cadastral no SINE – Sistema Nacional de Emprego.
Notamos que a referida instrução normativa abre a interpretação de que é perfeitamente
possível comprovar o desemprego por outras formas. Nada obstante, é forçoso concluir que
os meios indicados acima são os mais seguros de se comprovar tal situação, a fim de se evi-
tarem fraudes.
Não seria possível aceitar a comprovação do desemprego unicamente por meio de prova
testemunhal por exemplo. Isso se assemelharia à comprovação que se pretenderia fazer pela
simples ausência de anotação na CTPS.
Sobre isso, aliás, a Súmula 27, da TNU sedimentou o entendimento de que a “ausência
de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do desemprego
por outros meios admitidos em direito”. Essa Súmula poderia dar a interpretação de que, se
a ausência do registro em órgão do Ministério do Trabalho não impediria a comprovação do
desemprego, este, por sua vez, poderia ser demonstrado pela simples ausência de anotação
de novos vínculos na CTPS após o desligamento do emprego. Mas, como veremos adiante,
a própria TNU tratou de expressar a melhor interpretação de sua Súmula 27, de modo a afas-
tar aquela conclusão, alinhando-se ao Superior Tribunal de Justiça a respeito.
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não é suficiente à comprovação do desemprego, que pode ser demonstrado por outros
meios de prova admitidos em Direito (precedente: TNU, PU 2004.61.84.391942-0, Rel.
Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, j. 12.08.2010, DJ 22.11.2010). Dessa forma,
ao analisar incidentes de uniformização interpostos pelo INSS contra acórdãos que con-
cluíram pelo desemprego com base apenas na falta de anotação em CTPS, determina-
-se a devolução dos autos à origem para possibilitar que a parte autora produza outras
provas (v.g.: TNU, AgRegPU 2008.70.53.000533-6, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fer-
nandes, j. 11.10.2010, DJ 24.05.2010).
3. Esta TNU aceita como prova do desemprego, por exemplo, documentação médica
indicativa da impossibilidade de retorno ao trabalho (v.g.: TNU, PU 2003.61.84.051426-0,
Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, j. 12.08.2010, DJ 22.11.2010) e demons-
tração do recebimento de seguro-desemprego (TNU, PU 2005.63.01.313893-8, Rel. Juíza
Federal Rosana Noya Alves Weibel Kaufmann, j. 05.05.2011).
4. Ao considerar comprovado o desemprego do falecido pela inexistência de novos regis-
tros em CTPS e pela prova testemunhal, a Turma Recorrida decidiu conforme a atual
orientação do STJ e desta TNU. 5. Pedido de Uniformização Regional não conhecido.
(200771950168803, JUIZ FEDERAL JOSÉ ANTONIO SAVARIS, DOU 22/07/2011 SEÇÃO 1).
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Contribuintes individuais do RGPS podem ter extensão do período de graça nos casos
de privação de trabalho comprovados publicado 22/10/2015 11h13, última modificação
07/10/2016 19h25.
Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU), em sessão
realizada nesta quarta-feira (21), em Brasília, firmou a tese, nos termos do voto-vista
do juiz federal Daniel Machado da Rocha, de que o período de graça previsto no art. 15,
§ 2º, da Lei n. 8.213/1991, também é aplicável para os contribuintes individuais.
Assim, a qualidade de segurado fica mantida por 24 meses, nos casos de contribuintes
individuais comprovarem que se encontram em uma situação equiparável ao desem-
prego. O período de graça é aquele em que o contribuinte mantém sua condição de
segurado junto à Previdência Social, mesmo sem contribuições.
Na ocasião, o Colegiado, por maioria, também entendeu que, nesses casos, a ausência
de trabalho pode ser comprovada por diferentes meios e não apenas pelo registro na
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).
[...].
Segundo o magistrado, não se pode ignorar que a Lei de Benefícios é uma versão
“remasterizada” da antiga Lei Orgânica da Previdência Social de 1960 – com a inclusão
dos trabalhadores rurais e permeada por regras de transição – quando se acreditava
que seria possível concentrar as relações de trabalho no formato padronizado do vín-
culo empregatício.
Como não houve a realização de instrução probatória, entendeu que o incidente nacio-
nal de uniformização de jurisprudência formulado pela parte autora deve ser provido,
aplicando-se a Questão de Ordem 20 da TNU, para que a Turma Recursal de origem se
ajuste ao entendimento ora firmado. Diante disso, o colegiado da TNU solicitou o retorno
do processo à primeira instância, a fim de que a parte autora comprove que se encon-
trava em uma situação de privação do trabalho.
Processo n. 0500946-65.2014.4.05.8400.
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No Superior Tribunal de Justiça não temos ainda o enfrentamento direto da questão, não
tendo a Corte se manifestado sobre a orientação acima encampada pela TNU. Há apenas um
julgado no qual se manteve a decisão da instância ordinária, cujos fundamentos entenderam
ser inaplicável ao contribuinte individual a extensão do período de graça prevista no art. 15,
§2º, da Lei n. 8.213/1991.
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Interessante mencionar que alguns julgados permitem que a extensão do período de gra-
ça ocorra também em casos de pedido de demissão. Veja nesse sentido que a doutrina de
AMADO7 cita que
também os segurados empregados domésticos que pedirem demissão terão direito a citada pror-
rogação do período de graça, pois não é possível uma interpretação extensiva da norma para res-
tringir o direito dos segurados.
Desempregado voluntário não pode ser beneficiado por extensão do período de graça
(publicado 19/12/2014 16h10, última modificação 07/10/2016 19h25)
Na sessão realizada nesta quinta-feira, dia 11 de dezembro, a Turma Nacional de Uni-
formização dos Juizados Especiais Federais reafirmou o entendimento de que a prorro-
gação do período de graça – prevista no §2º do artigo 15 da Lei 8.213/1991, e conside-
rada à luz do artigo 201, III, da Constituição Federal – somente se aplica aos casos em
que a ausência de contribuições ao sistema previdenciário é decorrente de desemprego
involuntário.
A decisão foi tomada no julgamento de incidente de uniformização apresentado pelo
INSS contra acórdão proferido pela 1ª Turma Recursal do Paraná que, confirmando sen-
tença, restabeleceu o auxílio-doença da parte autora, com base na tese de que “a legis-
lação previdenciária não faz distinção entre as situações de desemprego voluntário ou
involuntário para efeito de prorrogação do período de graça, sendo irrelevante o fato de
o último vínculo de emprego ter sido rescindido por iniciativa própria”.
Esse entendimento, segundo o relator da matéria da TNU, juiz federal Bruno Carrá,
resume a controvérsia jurídica trazida a exame: a possibilidade ou não de estender o
período de graça por 12 (doze) meses na hipótese de o desligamento do emprego ante-
rior ter sido motivado por deliberação voluntária do desempregado.
7
Ibidem, p. 641.
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Aplica-se, no caso, o princípio pro misero, sendo que, embora o Decreto n. 3.048/1999 e,
tampouco, a Lei n. 8.213/1991, nada falem de um período de graça de 12 meses para o segu-
rado facultativo, deverá ser aplicada a regra prevista na Instrução Normativa INSS n. 77/2015,
por ser claramente mais favorável ao segurado.
SIM, existem mais três casos com o período de graça específico, sendo os seguintes:
• 12 meses após a cessação da segregação compulsória decorrente de doença;
• 12 meses após o livramento do preso;
• 03 meses após o licenciamento dos incorporados às forças armadas.
Vejamos:
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Deverá incidir a norma mais favorável ao caso. No caso do exemplo, deverá ser de 12 me-
ses, pois se trata de regra específica e, além disso, é mais favorável do que o prazo de período
de graça regular o segurado facultativo.
Existem outras normas mais favoráveis previstas na instrução normativa INSS n. 77/2015?
SIM, elas estão dispostas no art. 137 da referida instrução normativa e são os seguintes
casos:
• haverá 12 meses de período de graça após a cessação dos benefícios por incapacida-
de, salário-maternidade;
• haverá 12 meses de período de graça após a cessação do salário-maternidade;
• haverá 12 meses de período de graça ao servidor público oriundo de regime próprio de
previdência social desde que se filie ao RGPS;
− o segurado obrigatório que, durante o gozo de período de graça, 12, 24 ou 36 meses,
conforme o caso, filiar-se ao RGPS na categoria de facultativo, ao deixar de contri-
buir nesta última, terá direito de usufruir o período de graça de sua condição anterior,
se mais vantajoso (aqui, em tese, poderá haver até 38 meses de período de graça,
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Existe alguma norma que, de algum modo, pune o segurado com a perda do período de
graça em alguma hipótese?
SIM, essa norma está prevista no art. 139, da Instrução Normativa INSS n. 77/2015:
Art. 139. No caso de fuga do recolhido à prisão, será descontado do prazo de manutenção da
qualidade de segurado a partir da data da fuga, o período de graça já usufruído anteriormente ao
recolhimento.
SIM, essa regra específica está prevista no art. 3º, da Lei n. 10.666/2003, no sentido de
que a perda da qualidade de segurado não será considerada para concessão das aposenta-
dorias por tempo de contribuição especial. Na aposentadoria por idade, vige a mesma regra
desde que haja tempo de contribuição o suficiente ao exigido para efeito de carência na data
do requerimento do benefício.
Uma questão muito importante: para darmos um fechamento a esse tema do período de
graça, qual é o momento exato, ou melhor, o dia exato em que devemos considerar a per-
da da qualidade após a fluência dos prazos de período de graça?
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Art. 14. O reconhecimento da perda da qualidade de segurado no termo final dos prazos fixados
no art. 13 ocorrerá no dia seguinte ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual
relativa ao mês imediatamente posterior ao término daqueles prazos (Redação dada pelo Decreto
n. 4.032, de 2001, grifos nossos).
Em outros termos, a perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte, data má-
xima prevista para o recolhimento da contribuição previdenciária relativa ao mês seguinte ao
fim do período de graça.
Lembrando que, conforme a Lei n. 11.933/2009, que alterou a redação do art. 30, inciso I,
“b”, da Lei n. 8.212/1991, é o dia 20 do mês subsequente a data limite para o pagamento de
cada competência.
Vejamos (grifo nosso):
A lei previdenciária permite que haja um desconto incidente sobre os benefícios previden-
ciários em alguns casos previamente indicados pela norma tanto em relação aos benefícios
pagos aos segurados quanto aos dependentes.
Por ser norma de exceção, contudo, suas hipóteses não podem ser alargadas pelo intér-
prete, pois os descontos incidem sobre verba alimentar e, além disso, como já estudamos,
os benefícios previdenciários são indisponíveis, impenhoráveis e inalienáveis.
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Art. 114. Salvo quanto a valor devido à Previdência Social e a desconto autorizado por esta Lei, ou
derivado da obrigação de prestar alimentos reconhecida em sentença judicial, o benefício não pode
ser objeto de penhora, arresto ou sequestro, sendo nula de pleno direito a sua venda ou cessão,
ou a constituição de qualquer ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes irrevogáveis ou em
causa própria para o seu recebimento.
Com relação a essa última hipótese (desconto derivado da obrigação de prestar alimen-
tos), o Superior Tribunal de Justiça já enfrentou questão interessante. Na hipótese, preten-
dia-se vincular o INSS a acordo particular feito para pagamento de alimentos. Sobre isso,
ao julgar o caso, o STJ confirmou que é impossível na legislação previdenciária a renúncia de
benefício por dependente em favor de outro.
Mas o entendimento deixou a ressalva de que o ente previdenciário deverá se sujeitar ao
pacto firmado por terceiros, mesmo sem a sua participação, para proceder ao desconto do
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percentual acordado a título de alimentos. Ou seja, o terceiro beneficiado com o acordo não
se transformará em dependente habilitado para a pensão por morte, mas terá garantido o
recebimento direto do crédito previdenciário que lhe foi destinado.
O STJ permitiu que os descontos sejam feitos em benefício previdenciário, embora com
natureza de mero pagamento de alimentos fixados em decisão judicial, o que não resulta
alterar a titularidade originária da prestação previdenciária. Em suma: o Superior Tribunal
de Justiça no referido julgado afirmou que não pode haver renúncia, confirmando a irrenun-
ciabilidade do direito à previdência, mas possibilitou a disposição de percentual por meio de
acordo judicial. Para melhor fixação e compreensão do tema, segue abaixo o informativo para
você com grifos necessários.
Informativo n. 0618
Publicação: 23 de fevereiro de 2018.
SEGUNDA TURMA
Processo
RMS 45.817-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, por maioria,
julgado em 26/09/2017, DJe 05/02/2018.
Ramo do Direito
DIREITO ADMINISTRATIVO
Tema
Pensão por morte. Acordo efetivado em juízo. Divisão entre companheira do de cujus e
a genitora deste. Efeitos perante terceiros. Alteração da ordem legal de pensionamento.
Impossibilidade.
Destaque
O acordo de partilha de pensão por morte, homologado judicialmente, não altera a ordem
legal do pensionamento, podendo, todavia, impor ao órgão de previdência a obrigação de
depositar parcela do benefício em favor do acordante que não figura como beneficiário
perante a autarquia previdenciária.
Informações do Inteiro Teor
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Sendo assim, fique atento para o fato de que se deve seguir a estrita taxatividade da nor-
ma previdenciária a fim de que os descontos não sejam dirigidos a outras situações não de-
finidas previamente pelo legislador.
Como visto, o aplicador da norma previdenciária, ao abordar o tópico do desconto previ-
denciário, deverá observar as regras previstas nos artigos 114 e 115, da Lei n. 8.213/1991:
Art. 114. Salvo quanto a valor devido à Previdência Social e a desconto autorizado por esta Lei, ou
derivado da obrigação de prestar alimentos reconhecida em sentença judicial, o benefício não pode
ser objeto de penhora, arresto ou sequestro, sendo nula de pleno direito a sua venda ou cessão,
ou a constituição de qualquer ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes irrevogáveis ou em
causa própria para o seu recebimento.
Art. 115. Podem ser descontados dos benefícios:
I – Contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social;
II – pagamento administrativo ou judicial de benefício previdenciário ou assistencial indevido, ou
além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício pela revogação de decisão judicial,
em valor que não exceda 30% (trinta por cento) da sua importância, nos termos do regulamen-
to; (Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019)
III – Imposto de Renda retido na fonte;
IV – Pensão de alimentos decretada em sentença judicial;
V – Mensalidades de associações e demais entidades de aposentados legalmente reconhecidas,
desde que autorizadas por seus filiados;
VI – Pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamen-
to mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil, ou
por entidades fechadas ou abertas de previdência complementar, públicas e privadas, quando ex-
pressamente autorizado pelo beneficiário, até o limite de 35% (trinta e cinco por cento) do valor do
benefício, sendo 5% (cinco por cento) destinados exclusivamente para: (Redação dada pela Lei n.
13.183, de 2015);
a) amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou (Redação dada pela Lei
n. 13.183, de 2015)
b) utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito. (Redação dada pela Lei n.
13.183, de 2015)
§ 1º Na hipótese do inciso II, o desconto será feito em parcelas, conforme dispuser o regulamento,
salvo má-fé. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei n. 10.820, de 17.12.2003)
§ 2º Na hipótese dos incisos II e VI, haverá prevalência do desconto do inciso II. (Incluído pela Lei
n. 10.820, de 17.12.2003)
§ 3º Serão inscritos em dívida ativa pela Procuradoria-Geral Federal os créditos constituídos pelo
INSS em decorrência de benefício previdenciário ou assistencial pago indevidamente ou além do
devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício pela revogação de decisão judicial, nos
termos da Lei n. 6.830, de 22 de setembro de 1980, para a execução judicial. (Redação dada pela Lei n.
13.846, de 2019)
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§ 4º Será objeto de inscrição em dívida ativa, para os fins do disposto no § 3º deste artigo, em con-
junto ou separadamente, o terceiro beneficiado que sabia ou deveria saber da origem do benefício
pago indevidamente em razão de fraude, de dolo ou de coação, desde que devidamente identificado
em procedimento administrativo de responsabilização. (Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019)
§ 5º O procedimento de que trata o § 4º deste artigo será disciplinado em regulamento, nos termos
da Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e no art. 27 do Decreto-Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942.
(Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019)
§ 6º Na hipótese prevista no inciso V do caput deste artigo, a autorização do desconto deverá ser
revalidada a cada 3 (três) anos, a partir de 31 de dezembro de 2021, nos termos do regulamento.
(Redação dada pela Lei n. 13.846, de 2019)
Art. 116. Será fornecido ao beneficiário demonstrativo minucioso das importâncias pagas, discri-
minando-se o valor da mensalidade, as diferenças eventualmente pagas com o período a que se
referem e os descontos efetuados.
Da consignação
Art. 522. Consignação é uma forma especial ou indireta de pagamento, meio pelo qual o devedor,
titular de benefício, possui para extinguir uma obrigação de pagamento junto ao INSS e/ou a ter-
ceiros, comandada por meio de desconto em seu benefício.
§ 1º As consignações classificam-se em descontos obrigatórios, eletivos e por determinação
judicial.
§ 2º São considerados descontos obrigatórios aqueles determinados por lei:
I – As contribuições à Previdência Social;
II – Os pagamentos de benefícios indevidos ou além do devido;
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Subseção I
Dos descontos em benefícios
Art. 523. O INSS pode descontar da renda mensal do benefício:
I – As contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social, observado o contido no art. 522;
II – Os pagamentos de benefícios com valores indevidos, observado o disposto nos §§ 2º ao 5º do
art. 154 do RPS, devendo cada parcela corresponder, no máximo, a 30% (trinta por cento) do valor
do benefício em manutenção, podendo o percentual ser reduzido por ato normativo específico,
e ser descontado em número de meses necessários à liquidação do débito;
III – O Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF, observando-se que:
a) para cálculo do desconto, aplicam-se a tabela e as disposições vigentes nas normas estabele-
cidas pela Receita Federal do Brasil,
b) para cálculo do desconto, no caso de pagamentos acumulados ou atrasados, aplicam-se as
tabelas e as disposições nas normas vigentes e estabelecidas pela Receita Federal do Brasil, es-
pecíficas para essas situações;
c) na forma da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, são isentos de desconto do IRRF os valores
a serem pagos aos beneficiários que estão em gozo de:
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Subseção III
Das operações financeiras autorizadas pelo beneficiário
Art. 527. O titular do benefício de aposentadoria ou pensão por morte poderá autorizar a consigna-
ção em benefício para pagamento de operações financeiras, conforme o estipulado em normativos
específicos e obedecendo aos seguintes critérios:
I – A consignação poderá ser efetivada, desde que:
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[...].
d) o valor do desconto não exceda, no momento da contratação, a 30% (trinta por cento) o valor
disponível do benefício, excluindo Complemento Positivo - CP, PAB, e décimo terceiro salário, cor-
respondente à última competência emitida, constante do Histórico de Créditos - HISCRE - Sistema
de Benefícios;
II – Entende-se por valor disponível do benefício, aquele apurado após as deduções das seguintes
consignações:
a) pagamento de benefício além do devido;
b) Imposto de Renda;
c) pensão alimentícia;
d) mensalidades de associações e demais entidades de aposentados legalmente reconhecidas; e
e) oriundas de decisão judicial;
III – as consignações não se aplicam aos benefícios:
a) concedidos nas regras de Acordos de Previdência
Social, para os segurados residentes no exterior;
b) pagos a título de pensão alimentícia;
c) assistenciais, inclusive os decorrentes de leis específicas;
d) recebidos por meio de representante legal do segurado: dependente tutelado ou curatelado;
e) pagos por intermédio da empresa acordante; e
f) pagos por intermédio de cooperativas de créditos que não possuam contratos para pagamento
e arrecadação de benefícios.
Parágrafo único. O empréstimo poderá ser concedido por qualquer instituição consignatária, inde-
pendentemente de ser ou não responsável pelo pagamento de benefícios.
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dos legalmente reconhecidas, desde que sempre, como dito, autorizadas expressamente por
seus filiados.
SIM, mas quando falamos do acúmulo de todos os descontos, sejam eles obrigatórios,
eletivos ou por determinação inicial, a norma prevista na Instrução Normativa INSS n. 77/2015
define que o limite é de 100% do valor da renda mensal do benefício, devendo ser observados,
para os casos de consignações decorrentes de empréstimos bancários de valores recebidos
indevidamente, os respectivos limites estabelecidos pelos normativos vigentes.
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haja até 100% do valor da renda mensal descontado, de modo que, na prática, o titular do be-
nefício não chegaria a receber nenhum centavo de sua renda mensal inicial.
Aqui vale uma observação: não seria aceitável que um beneficiário tenha 100% da pres-
tação paga pelo INSS descontada por conta das consignações acima permitidas pela IN
77/2015. Tal medida implicaria, na prática, deixar a pessoa completamente a descoberto da
proteção social prevista na Constituição Federal de 1988, na legislação previdenciária e, bem
assim, no próprio regulamento da previdência social. Compensar todo o benefício previden-
ciário por dívidas tributárias ou particulares ou ainda por dívida junto ao próprio INSS não é,
certamente, a intenção consubstanciada nas normas de proteção social de nosso ordena-
mento jurídico.
SIM, nesse caso não há nenhum limite para que haja um desconto, inclusive não há tam-
bém o limite referido alhures para as considerações decorrentes de empréstimos bancários
de valores recebidos indevidamente. É que nesses casos, o caráter alimentar, de certa forma,
transmuta-se para uma indenização, e essa não teria, em tese, a imediatidade orçamentária
ínsita aos pagamentos mensais da previdência social, que são dirigidas, portanto, à manu-
tenção diária da vida dos beneficiários.
Existe alguma hipótese de isenção de imposto de renda quanto aos pagamentos de pres-
tações previdenciárias?
SIM, a Lei n. 9.250/1995 muda a Lei n. 8.541/1992 que “altera a legislação do Imposto
de Renda e dá outras providências”, de modo a definir que o pagamento de auxílio-doença
e auxílio-acidente e a aposentadoria por invalidez decorrente de acidente em serviço serão
benefícios os quais estarão isentos da retenção do imposto de renda.
Vejamos (grifos nossos):
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[...].
c) na forma da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, são isentos de desconto do IRRF os valores
a serem pagos aos beneficiários que estão em gozo de:
1. auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez decorrente de acidente em serviço; e
2. benefícios concedidos a portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação men-
tal, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapaci-
tante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave,
estados avançados da doença de Paget (osteite deformante), contaminação por radiação, Síndro-
me da Imunodeficiência Adquirida, Fibrose cística (mucoviscidose), hepatopatiagrave e Síndrome
de Talidomida;
d) a isenção dos beneficiários portadores das doenças citadas no item 2 da alínea “c” do inciso III
deste artigo, deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
e) de acordo com o disposto no § 1º do Decreto n. 4.897, de 25 de novembro de 2003, também
estão isentas as aposentadorias e pensões de anistiados; [...].
Como visto, não haverá também incidência do imposto de renda dos benefícios previ-
denciários concedidos em decorrência das doenças graves previstas no dispositivo acima,
bem como nas aposentadorias e pensões de anistiados concedidas na forma do Decreto n.
4.897/2003, o qual regulamenta o art. 9º, da Lei n. 10.559/2002, que assim diz (grifo nosso):
Art. 9º Os valores pagos por anistia não poderão ser objeto de contribuição ao INSS, a caixas de
assistência ou fundos de pensão ou previdência, nem objeto de ressarcimento por estes de suas
responsabilidades estatutárias.
Parágrafo único. Os valores pagos a título de indenização a anistiados políticos são isentos do
Imposto de Renda. (Regulamento)
O art. 9º acima regulamenta, por sua vez, o art. 8º, do ADCT, que trata das indenizações e repara-
ções devidas aos que receberam o reconhecimento da anistia prevista conforme o texto que segue
(grifos nossos):
Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da pro-
mulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação exclusivamente política,
por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que foram abrangidos pelo Decreto
Legislativo n. 18, de 15 de dezembro de 1961 , e aos atingidos pelo Decreto-Lei n. 864, de 12 de
setembro de 1969 , asseguradas as promoções, na inatividade, ao cargo, emprego, posto ou gra-
duação a que teriam direito se estivessem em serviço ativo, obedecidos os prazos de permanência
em atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as características e peculiari-
dades das carreiras dos servidores públicos civis e militares e observados os respectivos regimes
jurídicos. (Regulamento)
§ 1º O disposto neste artigo somente gerará efeitos financeiros a partir da promulgação da Cons-
tituição, vedada a remuneração de qualquer espécie em caráter retroativo.
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§ 2º Ficam assegurados os benefícios estabelecidos neste artigo aos trabalhadores do setor priva-
do, dirigentes e representantes sindicais que, por motivos exclusivamente políticos, tenham sido
punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades remuneradas que exerciam, bem
como aos que foram impedidos de exercer atividades profissionais em virtude de pressões osten-
sivas ou expedientes oficiais sigilosos.
§ 3º Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional específica,
em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica n. S-50-GM5, de 19 de ju-
nho de 1964, e n. S-285-GM5 será concedida reparação de natureza econômica, na forma que dis-
puser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze meses a contar
da promulgação da Constituição.
§ 4º Aos que, por força de atos institucionais, tenham exercido gratuitamente mandato eletivo de
vereador serão computados, para efeito de aposentadoria no serviço público e previdência social,
os respectivos períodos.
§ 5º A anistia concedida nos termos deste artigo aplica-se aos servidores públicos civis e aos em-
pregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações, empresas públicas ou empresas
mistas sob controle estatal, exceto nos Ministérios militares, que tenham sido punidos ou demiti-
dos por atividades profissionais interrompidas em virtude de decisão de seus trabalhadores, bem
como em decorrência do Decreto-Lei n. 1.632, de 4 de agosto de 1978 , ou por motivos exclusiva-
mente políticos, assegurada a readmissão dos que foram atingidos a partir de 1979, observado o
disposto no § 1º.
Questão pontual que poderá implicar ou não a realização de descontos no benefício recebido
ou ainda o ressarcimento ao INSS na hipótese de o benefício ter sido cancelado: possibilidade
de implantação de algum benefício previdenciário em decorrência de decisão judicial precária.
SÚMULA 51
DJ DATA 15/03/2012
PG: 00119
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(CANCELADA EM 30.08.2017)
DJe DATA:20/09/2017
PG:00002
Os valores recebidos por força de antecipação dos efeitos de tutela, posteriormente
revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e
da boa-fé no seu recebimento.
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gação acarreta a restituição dos valores recebidos em decorrência dela (art. 273, § 3º e
475-O do CPC).
5. Recurso Especial do INSS provido.
(REsp 988.171/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, jul-
gado em 04/12/2007, DJ 17/12/2007, p. 343).
No julgado acima, podemos notar que, apesar de a decisão ter sido no sentido de de-
volução, houve, ao menos, a limitação dos descontos em até 10% do benefício mensal do
beneficiário. De fato, deve-se considerar o caráter alimentar dos benefícios previdenciários,
fazendo sua devida vinculação ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana,
de forma que as imposições normativas que permitem o desconto do benefício por débitos
não poderão comprometer o sustento do segurado. Seria até mesmo um contrassenso, já
que, não possuindo mais renda, poder-se-ia cogitar do recebimento de benefício assistencial
em algumas hipóteses, se idoso com 65 anos ou deficiente sem sustento pela sua própria
família. Ou seja, o Estado retira de um lado para satisfazer um crédito seu, mas assume um
débito ainda maior de outro lado.
Não obstante em outras ocasiões, contudo, o STJ nada pontuou sobre essa limitação,
determinando unicamente a devolução das parcelas pagas a título de tutela antecipada ou
decisão liminar ante o caráter precário e provisório dessas8:
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ESPECIAL.
DECISÃO
1. Trata-se de agravo de decisão que deixou de admitir recurso especial interposto
contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que deu provimento à ape-
lação do recorrente para “reformar a sentença recorrida e julgar improcedente o pedido
formulado na inicial, revogada, de imediato, a tutela antecipada concedida, dispensando
a autora da repetição das parcelas recebidas até a cessação dos seus efeitos.” (fl. 128).
No recurso especial, o recorrente aponta, além do dissídio jurisprudencial, violação aos
arts. 273, § 3º e 811, I e II, do CPC, sustentando que (a) “no caso das tutelas antecipadas,
a lei processual impõe, com toda a clareza, a reversibilidade do provimento antecipado
como pré-requisito à sua concessão” (fl. 136) e (b) “é impossível falar-se em boa-fé
quando a parte autora tinha pleno conhecimento de que estava recebendo em razão de
provimento jurisdicional precário.” (fl. 138) 2. Tem razão o recurso. As medidas anteci-
patórias, quando concedidas, o são com a sua natureza própria de precariedade, provi-
soriedade e revogabilidade, se for o caso, sendo que, em caso de revogação, devem as
partes retornar ao status quo ante, cabendo ao requerente repor os danos causados pela
execução da medida revogada. É o que se extrai dos arts. 273, § 4º e 811, I e II, do CPC,
invocados nas razões recursais.
[...].
3. Diante do exposto, conheço do agravo para, desde logo, dar provimento ao recurso
especial. Intime-se.
Brasília (DF), 22 de maio de 2012.
MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI
Relator
(Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, 01/06/2012, grifo nosso).
Mas o entendimento da devolução com limitação de 10% do benefício acabou sendo con-
solidado no julgamento do REsp n. 1.384.418/SC, feito pela 1ª Seção do STJ:
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Federal ou no Superior Tribunal de Justiça, não será necessária a evolução. Isso porque, nes-
ses casos, a superação das instâncias ordinárias já terá criado, em tese, na parte, a confiança
legítima e a expectativa de vitória e confirmação da decisão antecipatória, delineando a sua
boa-fé no recebimento das parcelas previdenciárias, embora posteriormente canceladas.
Vejamos o julgado (grifos nossos):
Portanto, até 2013, conforme o julgado acima, o entendimento que chegou a se consolidar,
conquanto fora do regime de recursos repetitivos, foi o de que seria necessária a chamada
“dupla conformidade” para que não houvesse a obrigação de devolução das parcelas pagas a
título de decisão antecipatória posteriormente revogada ou reformada. A dupla conformidade
ocorre quando a sentença de primeiro grau concessiva é confirmada pelo acórdão que julgar
a apelação ou o recurso inominado, no caso dos Juizados Especiais Federais.
Mas a história dessa novela não acaba por aí.
A questão da devolução ou não ainda não havia sido julgada no âmbito do regime dos re-
cursos repetitivos, de modo que, no final do ano de 2015, o STJ voltou a enfrentar o tema por
meio do julgamento do REsp 1.401.560-MT, agora sob a ótica do então art. 543-C, do CPC-73
(hoje art. 1.036, do CPC-15).
Vejamos, sobre isso, o extrato do Informativo 570 (grifos nossos), do STJ, que abordou, por-
tanto, o julgamento do TEMA 692 dos representativos de controvérsia daquela Corte Superior:
isso, quando o juiz antecipa a tutela, está anunciando que seu decisum não é irreversí-
vel. Sendo assim, se acabou por ser mal sucedida a demanda na qual houvera antecipa-
ção da tutela judicial, o autor da ação responde pelo que recebeu indevidamente.
Além do mais, não prospera o argumento de que o autor não seria obrigado a devolver
benefícios advindos da antecipação por ter confiado no juiz, porquanto esta fundamen-
tação ignora o fato de que a parte, no processo, está representada por advogado, o qual
sabe que a antecipação de tutela tem natureza precária.
Há, ainda, o reforço do direito material.
Um dos princípios gerais do direito é o de que não pode haver enriquecimento sem causa.
Sendo um princípio geral, ele se aplica ao direito público, e com maior razão neste caso
porque o lesado é o patrimônio público.
Ademais, o art. 115, II, da Lei 8.213/1991 é expresso no sentido de que os benefícios
previdenciários pagos indevidamente estão sujeitos à repetição. Uma decisão do STJ
que viesse a desconsiderá-lo estaria, por via transversa, deixando de aplicar norma legal
que, a contrario sensu, o STF declarou constitucional, uma vez que o art. 115, II, da Lei
8.213/1991 exige o que dispensava o art. 130, parágrafo único na redação originária,
declarado inconstitucional na ADI 675 (Tribunal Pleno, DJ 20/6/1997). REsp 1.401.560-
MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Ari Pargendler, Primeira Seção, jul-
gado em 12/2/2014, DJe 13/10/2015.
9
Jurisprudência em Teses. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/jt/toc.jsp. Acesso em 06 maio 2020.
Por essas razões é que a TNU cancelou sua Súmula 51, no julgamento do PEDILEF n.
0004955-39.2011.4.03.6315 (grifo nosso):
10
Ibidem, p. 1.235.
cia causar à parte adversa, devendo a indenização ser “liquidada nos autos em que a
medida tiver sido concedida, sempre que possível”. Realmente, toda sentença é apta a
produzir efeitos principais (condenar, declarar, constituir, por exemplo), que decorrem da
demanda e da pretensão apresentada pelo autor, e, também, efeitos secundários, que
independem da vontade das partes ou do próprio juízo. Nessa conjuntura, a sentença
de improcedência, quando revoga tutela antecipadamente concedida, constitui, como
efeito secundário, título de certeza da obrigação de o autor indenizar o réu pelos danos
eventualmente experimentados, cujo valor exato será posteriormente apurado em liqui-
dação nos próprios autos.
Com efeito, a responsabilidade objetiva pelo dano processual causado por tutela anteci-
pada posteriormente revogada decorre da inexistência do direito anteriormente acaute-
lado, responsabilidade que independe de reconhecimento judicial prévio ou de pedido do
lesado. Além do mais, o CC positivou princípio de sobredireito regente das relações jurí-
dicas privadas, qual seja, a boa-fé objetiva (art. 422), o qual constitui cláusula geral, diri-
gida precipuamente ao julgador, afigurando-se como instrumentalizadora do sistema,
a emprestar a este um aspecto móbil apto a mitigar a rigidez da norma posta, legalmente
ou contratualmente. Quanto à possibilidade de a entidade previdenciária - administra-
dora do plano de benefícios que tenha suportado os prejuízos da tutela antecipada -
efetuar descontos mensais no percentual de 10% sobre o montante total de cada pres-
tação suplementar, considerando não haver norma que trate especificamente do caso,
deve-se, por analogia, buscar, no ordenamento, uma norma que diga respeito à situa-
ção assemelhada. Embora as previdências privada e pública submetam-se a regimes
jurídicos diversos, com regramentos específicos, tanto de nível constitucional, quanto
infraconstitucional, o regramento da previdência estatutária, eventualmente, pode servir
como instrumento de auxílio à resolução de questões relativas à previdência privada
complementar (REsp 814.465-MS, Quarta Turma, DJe 24/5/2011).
No tocante à previdência oficial, a Primeira Seção do STJ (REsp 1.384.418-SC, DJe
30/8/2013) entendeu que, conquanto o recebimento de valores por meio de antecipação
dos efeitos da tutela não caracterize, do ponto de vista subjetivo, má-fé por parte do bene-
ficiário da decisão, quanto ao aspecto objetivo, é inviável falar que pode o titular do direito
precário pressupor a incorporação irreversível da verba ao seu patrimônio, cabendo ser
observados os seguintes parâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença
Afetado -
Tema/ Situação Possível Órgão
PRIMEIRA SEÇÃO Assuntos
Repetitivo do Tema Revisão Julgador
de Tese
Proposta de Revisão de Entendimento firmado em tese repetitiva firmada pela Primeira
Questão subme-
Seção relativa ao Tema 692/STJ, quanto à devolução dos valores recebidos pelo litigante
tida
beneficiário do Regime Geral da Previdência Social - RGPS em virtude de decisão judicial
a julgamento
precária, que venha a ser posteriormente revogada.
Tese firmada pela Primeira Seção no julgamento do REsp 1.401.560/MT, acórdão publicado
no DJe de 13/10/2015, que se propõe a revisar:
Tese Firmada
A reforma da decisão que antecipa a tutela obriga o autor da ação a devolver os benefícios
previdenciários indevidamente recebidos.
Importante
No voto condutor do acórdão de afetação da matéria ao rito dos repetitivos, o Ministro rela-
tor ressalta a necessidade de ampliação do debate das variações a respeito da questão. No
ponto, lista as seguintes situações que, dentre outras, poderão ser analisadas pelo Superior
Tribunal de Justiça na presente afetação:
a) tutela de urgência concedida de ofício e não recorrida; b) tutela de urgência concedida
a pedido e não recorrida; c) tutela de urgência concedida na sentença e não recorrida,
seja por agravo de instrumento, na sistemática processual anterior do CPC/1973, seja por
pedido de suspensão, conforme o CPC/2015; d) tutela de urgência concedida initio litis e
Anota- não recorrida; e) tutela de urgência concedida initio litis, cujo recurso não foi provido pela
ções Nugep segunda instância; f) tutela de urgência concedida em agravo de instrumento pela segunda
instância; g) tutela de urgência concedida em primeiro e segundo graus, cuja revogação
se dá em razão de mudança superveniente da jurisprudência então existente; h) tutela de
urgência concedida e cassada, a seguir, seja em juízo de reconsideração pelo próprio juízo
de primeiro grau, ou pela segunda instância em agravo de instrumento ou mediante pedido
de suspensão; i) tutela de urgência cassada, mesmo nas situações retratadas anterior-
mente, mas com fundamento expresso na decisão de que houve má-fé da parte ou afronta
clara a texto de lei, como no caso das vedações expressas de concessão de medida liminar
ou tutela antecipada.
que será sempre necessária a prévia postulação administrativa por meio de um pedido pró-
prio feito ao INSS e acompanhado dos documentos exigidos.
Feito esse pedido e guardadas as peculiaridades de concessão de cada espécie de pres-
tação previdenciária, observe que será invariável o exame de dois elementos normativos em
um processo administrativo junto ao INSS, bem como em um processo judicial, em caso de
indeferimento do pedido feito àquela autarquia: a qualidade de segurado e a carência.
Essa é a regra. É impossível falar em análise de um pedido administrativo junto ao INSS,
para concessão de um benefício ou serviço previdenciário, sem que seja analisada a filiação e
a inscrição do respectivo segurado (qualidade de segurado) e, no que toca aos dependentes,
a efetiva relação de dependência com o instituidor do benefício do benefício (qualidade de
dependente e a qualidade de segurado do instituidor). Em relação à carência, como veremos
benefício por benefício, cada tipo de prestação previdenciária exigirá um número mínimo de
contribuições vertidas aos cofres do INSS, demonstrando, assim, a carência de permanência
e contribuição correspondente junto ao regime geral de previdência social.
Há, entretanto, algumas hipóteses nas quais se previu a inexigibilidade de carência, hi-
póteses essas que serão abordadas em capítulo próprio. Por ora, basta você saber, generi-
camente, que a regra é que, para a concessão dos benefícios previdenciários, é necessária
a análise da qualidade de segurado e da carência, conforme as exigências de cada tipo de
benefício previdenciário.
Promovido o pedido administrativo, feita a análise pela autarquia previdenciária e, fi-
nalmente, autorizada a concessão do benefício previdenciário, o segurado começa receber
a prestação correspondente com base na sua renda mensal inicial devidamente calculada
pelo INSS.
A concessão pode gerar pagamento vitalício (sem prazo para cessar), temporário (com
prazo para cessar) ou meramente circunstancial (sem prazo para cessar, mas condicionado à
determinação circunstancial médica e/ou econômica).
Art. 43.
[...].
§ 4º O segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avalia-
ção das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou admi-
nistrativamente, observado o disposto no art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei n. 13.457, de 2017)
[...].
Art. 101. O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista invá-
lido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo
da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e trata-
mento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultati-
vos. (Redação dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
§ 1º O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham retornado à atividade es-
tarão isentos do exame de que trata o caput deste artigo: (Redação dada pela lei n. 13.457, de 2017)
I – Após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando decorridos quinze anos
da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a precedeu; ou (In-
cluído pela lei n. 13.457, de 2017) (Vide Medida Provisória n. 871, de 2019)
II – Após completarem sessenta anos de idade. (Incluído pela lei n. 13.457, de 2017)
Art. 69. O INSS manterá programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos be-
nefícios por ele administrados, a fim de apurar irregularidades ou erros materiais. (Redação dada
pela Lei n. 13.846, de 2019)
Antes disso, em verdade, já havia a previsão dada pelo art. 11, da Lei n. 10.666/2003, que
determina, do mesmo modo, que o INSS execute um programa permanente de revisão da con-
cessão e da manutenção dos benefícios da Previdência Social.
Cabe lembrar que, para a revisão e a anulação dos atos administrativos de concessão do
benefício previdenciário, deve haver a observação do prazo decadencial de 10 anos, tal como
previsto no artigo 103-A, da Lei n. 8.213/1991, que assim diz (grifo nosso):
Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé. (Incluído pela Lei n. 10.839, de 2004)
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do
primeiro pagamento. (Incluído pela Lei n. 10.839, de 2004)
8. Acumulação de Benefícios
A acumulação de benefícios é tratada pelo art.124, da Lei n. 8213/1991 e deverá ser sem-
pre balizada pelo princípio do tempus regit actum.
Aliás, é essa a dicção da lei:
Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes
benefícios da Previdência Social:
I – Aposentadoria e auxílio-doença;
II – Mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
III – aposentadoria e abono de permanência em serviço;
IV – Salário-maternidade e auxílio-doença; (Incluído dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
V – Mais de um auxílio-acidente; (Incluído dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
VI – Mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela
mais vantajosa. (Incluído dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício
de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente. (In-
cluído dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
Art. 167. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes
benefícios da previdência social, inclusive quando decorrentes de acidente do trabalho:
I – Aposentadoria com auxílio-doença;
II – Mais de uma aposentadoria;
III – Aposentadoria com abono de permanência em serviço;
IV – Salário-maternidade com auxílio-doença;
V – Mais de um auxílio-acidente;
VI – Mais de uma pensão deixada por cônjuge;
VII – Mais de uma pensão deixada por companheiro ou companheira;
VIII – Mais de uma pensão deixada por cônjuge e companheiro ou companheira; e
IX – Auxílio-acidente com qualquer aposentadoria.
§ 1º No caso dos incisos VI, VII e VIII é facultado ao dependente optar pela pensão mais vantajosa.
§ 2º É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de presta-
ção continuada da previdência social, exceto pensão por morte, auxílio-reclusão, auxílio-acidente,
auxílio-suplementar ou abono de permanência em serviço.
§ 3º É permitida a acumulação dos benefícios previstos neste Regulamento com o benefício de que
trata a Lei n. 7.070, de 20 de dezembro de 1982, que não poderá ser reduzido em razão de eventual
aquisição de capacidade laborativa ou de redução de incapacidade para o trabalho ocorrida após
a sua concessão.
§ 4º O segurado recluso, ainda que contribua na forma do § 6º do art. 116, não faz jus aos bene-
fícios de auxílio-doença e de aposentadoria durante a percepção, pelos dependentes, do auxílio-
-reclusão, permitida a opção, desde que manifestada, também, pelos dependentes, pelo benefício
mais vantajoso. (Incluído pelo Decreto n. 4.729, de 2003)
Art. 168. Salvo nos casos de aposentadoria por invalidez ou especial, observado quanto a esta o
disposto no parágrafo único do art. 69, o retorno do aposentado à atividade não prejudica o recebi-
mento de sua aposentadoria, que será mantida no seu valor integral. (Redação dada pelo Decreto
n. 4.729, de 2003)
a) as regras de acumulação previstas no RGPS também valem para os regimes próprios, conforme
o §6º, do art. 40, da CF:
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Cons-
tituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previ-
dência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios
previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 103, de 2019)
b) há expressa previsão no art. 201, §15, da CF, no sentido de que será uma lei complementar que
tratará dos casos de acumulação de benefícios previdenciários.
Art. 201. [...].
§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras e condições para a acumulação de benefí-
cios previdenciários. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)
Além disso, o art. 24 (grifos nossos), da própria EC 103/19, trata de disposições constitu-
cionais relativas às mudanças nas regras de acumulação de benefícios previdenciários:
Art. 24. É vedada a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou compa-
nheiro, no âmbito do mesmo regime de previdência social, ressalvadas as pensões do mesmo insti-
tuidor decorrentes do exercício de cargos acumuláveis na forma do art. 37 da Constituição Federal.
§ 1º Será admitida, nos termos do § 2º, a acumulação de:
I – pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social com
pensão por morte concedida por outro regime de previdência social ou com pensões decorrentes
das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal;
II – pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime pró-
prio de previdência social ou com proventos de inatividade decorrentes das atividades militares de
que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal; ou
III – pensões decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição
Federal com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de re-
gime próprio de previdência social.
§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no § 1º, é assegurada a percepção do valor integral
do benefício mais vantajoso e de uma parte de cada um dos demais benefícios, apurada cumulati-
vamente de acordo com as seguintes faixas:
I – 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salário-mínimo, até o limite de 2 (dois)
salários-mínimos;
II – 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) salários-mínimos, até o limite de 3 (três)
salários-mínimos;
III – 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários-mínimos, até o limite de 4 (quatro)
salários-mínimos; e
IV – 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salários-mínimos.
§ 3º A aplicação do disposto no § 2º poderá ser revista a qualquer tempo, a pedido do interessado,
em razão de alteração de algum dos benefícios.
§ 4º As restrições previstas neste artigo não serão aplicadas se o direito aos benefícios houver sido
adquirido antes da data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional.
§ 5º As regras sobre acumulação previstas neste artigo e na legislação vigente na data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional poderão ser alteradas na forma do § 6º do art. 40 e do § 15
do art. 201 da Constituição Federal.
da seguinte forma:
§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no § 1º, é assegurada a percepção do valor integral
do benefício mais vantajoso e de uma parte de cada um dos demais benefícios, apurada cumulati-
vamente de acordo com as seguintes faixas:
I – 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salário-mínimo, até o limite de 2 (dois)
salários-mínimos;
II – 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) salários-mínimos, até o limite de 3 (três)
salários-mínimos;
III – 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários-mínimos, até o limite de 4 (quatro)
salários-mínimos; e
IV – 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salários-mínimos.
Essas alterações somente valerão para as hipóteses de acumulação ocorridas após a vi-
gência da EC 103, ou seja, a partir de 13/11/2019, conforme art. 36, III, da referida Emenda, sen-
do assegurados os direitos adquiridos até então, conforme expressa previsão do §4º, do art. 24:
§ 4º As restrições previstas neste artigo não serão aplicadas se o direito aos benefícios houver sido
adquirido antes da data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional.
Finalmente, a EC 103 deixa ressalvado que as regras acima, bem como as que atualmente
se encontram vigentes na legislação previdenciárias, que poderão ser alteradas por meio de
lei complementar, conforme o art. 201, §15, da CF:
§ 5º As regras sobre acumulação previstas neste artigo e na legislação vigente na data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional poderão ser alteradas na forma do § 6º do art. 40 e do § 15
do art. 201 da Constituição Federal
9. Abono Anual
Art. 40. É devido abono anual ao segurado e ao dependente da Previdência Social que, durante o
ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-re-
clusão. (Vide Decreto n. 6.525, de 2008) (Vide Decreto n. 6.927, de 2009) (Vide Decreto n. 7.782, de
2012) (Vide Decreto n. 8.064, de 2013) (Vide Decreto n. 9.447, de 2018)
Parágrafo único. O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a Gratificação
de Natal dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de de-
zembro de cada ano.
......................................................................................................
Art. 120. Será devido abono anual ao segurado e ao dependente que, durante o ano, recebeu auxí-
lio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, salário-maternidade, pensão por morte ou auxílio-re-
clusão. (Redação dada pelo Decreto n. 4.032, de 2001)
§ 1º O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a gratificação natalina dos
trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro de cada
ano. (Incluído pelo Decreto n. 4.032, de 2001)
§ 2º O valor do abono anual correspondente ao período de duração do salário-maternidade será
pago, em cada exercício, juntamente com a última parcela do benefício nele devida. (Incluído pelo
Decreto n. 4.032, de 2001)
RESUMO
• Espécies de prestações previdenciárias. Quanto às espécies de prestações previdenci-
árias, meu amigo, minha amiga, não há muita dificuldade neste primeiro momento de
abordagem. Basta que você saiba que existem apenas duas espécies de prestações
previdenciárias:
− Os benefícios e os serviços. Os benefícios previdenciários são as espécies de pres-
tações que veiculam as obrigações de pagamento pelo INSS baseadas em um cál-
culo derivado do salário de contribuição e, posteriormente, do salário de benefício do
segurado, gerando uma renda mensal inicial a ser paga mês a mês até a respectiva
hipótese de cancelamento ou extinção do benefício. Já os serviços são espécies de
prestações previdenciárias que disponibilizam ao segurado uma “obrigação de fa-
zer” a ser prestada pelo INSS.
exigência acima de que o irmão fosse “não emancipado” para ser dependente do se-
gurado. Ou seja, a partir da Lei n. 13.135/2015 voltou a ser indiferente a emancipação
do irmão menor de 21 anos para fins previdenciários. Mesmo que ocorresse algum fato
que ensejasse a emancipação, a pensão por morte não seria extinta pela maioridade.
Além disso, foi retirada a parte relativa à exigência da declaração judicial da incapaci-
dade relativa ou absoluta acima referida.
• Alterações promovidas pela Lei n. 13.146/2015: pouquíssimo tempo depois da edição
da Lei n. 13.135/2015, foi aprovada a Lei n. 13.146, de 06 de julho de 2015. Em verdade,
a publicação da Lei n. 13.146/2015 ocorreu apenas 19 dias após a publicação da Lei n.
13.135/2015. A Lei n. 13.146/2015 instituiu a “Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência)” e foi, portanto, bastante protetiva ao
deficiente no que se relaciona ao rol do art. 16, da Lei n. 8.213/1991. É que ela inseriu
mais uma extensão de deficiência do filho ou irmão do segurado instituidor, acentuando
que também seria ela possível na hipótese de deficiência grave e não apenas no caso
de invalidez ou com deficiência intelectual ou mental. Mas houve mudança prejudicial
em alguma outra questão? SIM. Perceba que, apesar de a Lei n. 13.146/2015 ter inseri-
do em nosso ordenamento jurídico norma protetiva da pessoa com deficiência, acabou
alterando de maneira prejudicial os incisos I e III, do art. 16, da Lei n. 8.213/1991, pois
voltou a exigir que o filho e o irmão inválido ou deficiente mental intelectual ou, ainda,
com deficiência grave, não fossem emancipados no momento do óbito ou da reclusão
do instituidor. Assim, a partir da Lei n. 13.146/2015 e até hoje, se houver qualquer cau-
sa ensejadora de emancipação, ocorrerá a extinção da relação de dependência para fins
previdenciários.
• Dependentes da 1ª classe: Os dependentes de classe um ou da 1ª classe são:
− cônjuge;
− companheira;
− companheiro;
− filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos;
− filho inválido;
em abstrato para a união estável. O parecer do PGR foi no sentido de que, em havendo “duas
uniões estáveis”, poderia existir, em tese, repercussão do enlace de longa duração no âmbito
previdenciário, garantindo-se proteção social pela pensão por morte à concubina que teria
se relacionado como companheira. Já na Turma Nacional de Uniformização, podemos citar
o julgado realizado no bojo do PEDILEF 2008.72.95.001366-8/ SC, que assinalou a impossi-
bilidade de se conferir qualquer tratamento previdenciário favorável à concubina, ainda que
decorrente do chamado “concubinato de longa duração”. De todo modo, perceba que o TEMA
15 dos representativos de controvérsia da TNU, conforme acima colacionado, está assinalado
como sendo objeto de possível revisão, à vista da pendência de julgamento do TEMA 526, no
âmbito do Supremo Tribunal Federal.
Você sabe como é feita a prova da união estável? Até pouco tempo atrás, a prova da união
estável não exigia início de prova material, permitindo, em tese, prova unicamente testemu-
nhal. Recentemente, entretanto, com aprovação da Medida Provisória n. 871/2019, converti-
da, posteriormente, na Lei n. 13.846, de 18 de junho de 2019, foi inserida a exigência de que
essa comprovação seja feita por meio de início de prova material, não se admitindo mais pro-
va testemunhal isolada, salvo motivo de força maior ou caso fortuito, conforme §5º incluído
no art. 16, da Lei n. 8.213/1991.
• Quanto aos filhos de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou com deficiên-
cia intelectual, mental ou grave:
− filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos;
− filho inválido;
− filho com deficiência intelectual;
− filho com deficiência mental;
− filho com deficiência grave.
superior não implica para o dependente emancipação, mantendo-se, com isso, a qualidade
de dependente. Argumentava-se que, no trilho do entendimento aplicável ao Direito de Fa-
mília, a manutenção da qualidade de dependente do filho deveria se estender até os 25 anos
de idade. Mas a jurisprudência se solidificou no sentido de que isso não é possível na seara
previdenciária, já que a Lei n. 8.213/1991 deixa claro que o dependente é o filho menor de 21
anos, não podendo haver alargamento dessa hipótese, notadamente por conta do princípio
da prévia fonte de custeio e, bem assim, do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. Enten-
de-se, pois, que a norma infralegal acima dirige-se apenas ao filho ou irmão maior de 21 anos
inválido. Desse modo, na hipótese de o filho ou irmão inválido maior de 21 anos obter colação
de grau em ensino superior, a emancipação civil daí decorrente não deverá surtir efeitos pre-
videnciários, continuando a ser dependente.
Existe alguma relevância o fato de o inválido ter se tornado inválido após a maioridade?
O art. 17, do Decreto n. 3.048/1999, como vimos acima, na redação dada pelo Decreto n.
6.939/2009, assevera que, para se enquadrar como dependente do segurado, é indispensável
que a invalidez do filho tenha ocorrido antes dos 21 anos de idade ou, caso tenham ocorrido
as hipóteses da lei civil, antes das causas de emancipação. Mas a jurisprudência aponta para
outro sentido, afirmando que a relação de dependente do inválido, deficiente mental ou inte-
lectual, ou ainda deficiente grave, poderá surgir após os 21 anos de idade. A Turma Nacional
de Uniformização já proferiu diversos julgamentos sobre o tema, favoráveis à possibilidade de
que o filho maior inválido pode ser dependente para fins previdenciários, desde que a invalidez
tenha ocorrido antes do óbito. Assim, não importa se a invalidez ocorreu após a maioridade
ou emancipação, de modo que o surgimento dela antes do óbito é causa suficiente da consti-
tuição da relação de dependência, para fins de enquadramento do filho maior no rol do art. 16,
inciso I, da Lei n. 8213/1991, conquanto com a ressalva de que a dependência econômica
nesses casos deverá ser devidamente comprovada. Quanto a esse último aspecto, a TNU já
julgou em um de seus representativos de controvérsia exatamente nesse sentido, ou seja, de
que o filho maior inválido, cuja invalidez deu-se após a maioridade, deverá comprovar sua
dependência econômica em relação ao instituidor.
E com relação ao enteado e o menor tutelado, eles são dependentes para fins previden-
ciários?
SIM, isso está previsto no §2º, do art. 16, da Lei n. 8.213/1991, mas, diferentemente dos
filhos, tal como previsto na classe primeira do art. 16, o menor tutelado e o enteado deverão
comprovar a dependência econômica em relação em relação ao segurado instituidor.
NÃO. Já foi considerado dependente, mas não é mais, como visto no comparativo da reda-
ção antiga e da redação nova do §2º, do art. 16, acima transcritas. Era considerado dependen-
te até a edição da medida provisória 1.523/1996, a qual foi sucessivamente reeditada e, pos-
teriormente revogada pela MP n. 1.596/1997 (que tinha o mesmo texto praticamente), para,
em seguida, ser convertida na Lei n. 9.528/1997, alterando definitivamente o §2º, do art. 16,
da Lei de Benefícios e excluindo o menor sob guarda da proteção previdenciária do RGPS.
Portanto, hoje em dia, grave isso: fora o filho de qualquer condição, menor de 21 anos ou
inválido, deficiente mental, intelectual ou com deficiência grave, apenas serão considerados
dependentes do segurado instituidor, de maneira equiparada a filho, os seguintes: ENTEADO
e MENOR TUTELADO.
• Dependentes da 2ª classe: Na segunda classe prevista no inciso II, do art. 16 da Lei n.
8.213/1991, temos como dependentes do segurado apenas os pais. A grande questão
em relação aos dependentes da segunda classe é que eles precisam demonstrar a de-
pendência econômica em relação ao segurado instituidor. A doutrina11 aponta, ainda,
os elementos que caracterizam a dependência econômica para fins previdenciários: a
substancialidade e a habitualidade da participação financeira do segurado instituidor
em relação os pais. Perceba, assim, que a dependência não precisa ser integral, abar-
cando todas as necessidades de vida dos pais, mas que, mostrando-se parcial, seja
substancial e com o caráter indispensável da habitualidade. Assim, a indispensabili-
11
Idem, p. 591.
dade deve ser tal que a parcela coberta pela ajuda financeira persistente e permanente
do filho, caso não encontre mais os aportes financeiros deste, provoque considerável
abalo orçamentário na manutenção da vida dos pais.
• Dependentes da 3ª classe: passamos, agora, ao estudo das espécies de dependentes
da classe 3.
− irmão não emancipado de qualquer condição, menor de 21 anos;
− irmão inválido;
− irmão com deficiência intelectual;
− irmão com deficiência mental;
− irmão com deficiência grave.
Mas há situações previstas na lei nas quais isso não ocorre. Vamos abordá-las! Para dei-
xarmos mais didática essa abordagem, valer-nos-emos de algumas perguntas e respostas.
SIM, conserva a qualidade de segurado e sem limite de prazo, ainda que não haja qual-
quer recolhimento previdenciário durante esse período, e não há realmente, salvo no caso do
salário-maternidade.
SIM, pois, como dito, durante o período de gozo do benefício previdenciário conserva-se a
qualidade de segurado, independentemente de o benefício ter sido concedido administrativa ou
judicialmente.
SIM, isso já foi tratado também na TNU, de modo que o período de graça somente os inicia
após os 30 dias da notificação de saída do trabalhador
O período de aviso prévio que foi indenizado deve ser projetado como de manutenção da
qualidade de segurado empregado, de modo que o período de graça inicie apenas após
o término dessa projeção, conforme PUIL n. 5076345-22.2014.4.04.7100/RS, extraído
do Boletim n. 27, da TNU.
• Período de graça: é no art. 15, da Lei n. 8.213/1991, que podemos verificar como o le-
gislador tratou de disciplinar o denominado período de graça, como o próprio nome diz,
para que o segurado mantenha sua relação jurídico-previdenciária mesmo sem pagar
por ela. Em outros termos, continua sendo segurado do RGPS de graça, sem ter que
recolher para isso.
A primeira pergunta que fazemos é: durante o intervalo de tempo no qual o segurado está
gozando do período de graça, é possível computá-lo como sendo tempo de contribuição?
NÃO. Não é possível computar, evidentemente, o período de graça como tempo de con-
tribuição, especialmente porque desde a EC 20/1998 não há como se considerar qualquer
tempo fictício de contribuição. E não há, assim, mais o tempo de serviço, salvo nas hipóteses
legais expressamente permitidas.
Outra pergunta: é possível computar o período de graça como sendo um período de ca-
rência?
NÃO. Vamos estudar o conceito de carência nos capítulos seguintes do nosso curso, mas,
para adiantar, a carência é o efetivo recolhimento de contribuições previdenciárias em uma
12
Ibidem, p. 641.
13
§ 1º O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no caput, poderá contribuir,
facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei. (Redação dada pela Lei n. 8.540, de 22.12.92)
Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o res-
pectivo salário-de-contribuição. (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).
Existe alguma outra forma de prorrogação dos 12 meses iniciais do período de graça para
o segurado empregado?
SIM, pode ocorrer uma nova prorrogação de 12 meses do período de graça se houver a
comprovação de desemprego involuntário. De acordo com a lei, a comprovação dessa situa-
ção de desemprego involuntário ocorre por meio da demonstração de que houve o registro da
demissão no órgão próprio do Ministério do Trabalho, ocasionando o pagamento do seguro-
-desemprego.
Mas, como visto, a própria TNU tratou de expressar a melhor interpretação de sua Súmula 27,
de modo a afastar aquela conclusão, alinhando-se ao Superior Tribunal de Justiça a respeito.
Pela lei, podemos em tese dizer que sim, parcialmente, pois o art. 15, §2º, da Lei de Benefí-
cios, refere-se apenas e tão somente ao segurado desempregado, permitindo-se daí inferir que
seria aplicável apenas ao segurado empregado e ao segurado empregado doméstico, já que
para essas espécies de segurados existe não apenas uma relação de trabalho, mas também
uma relação de emprego. A jurisprudência, contudo, vem permitindo aumentar a aplicabilidade
dessa norma, expandindo-a ao contribuinte individual.
Aplica-se, no caso, o princípio pro misero, sendo que, embora o Decreto n. 3.048/1999 e
tampouco a Lei n. 8.213/1991 nada falem de um período de graça de 12 meses para o segu-
rado facultativo, deverá ser aplicada a regra prevista na Instrução Normativa INSS n. 77/2015,
por ser claramente mais favorável ao segurado.
SIM, existem mais três casos com o período de graça específico, sendo os seguintes:
− 12 meses, após a cessação da segregação compulsória decorrente de doença;
− 12 meses, após o livramento do preso;
− 03 meses, após o licenciamento dos incorporados às forças armadas.
• Descontos previdenciários e ressarcimento: a lei previdenciária permite que haja um
desconto incidente sobre os benefícios previdenciários, em alguns casos previamente
indicados pela norma, tanto em relação aos benefícios pagos aos segurados quanto
aos dependentes. Sendo assim, fique atento para o fato de que se deve seguir a estri-
ta taxatividade da norma previdenciária para que os descontos não sejam dirigidos a
outras situações não definidas previamente pelo legislador. Como visto, o aplicador da
norma previdenciária, ao abordar o tópico do desconto previdenciário, deverá observar
as regras previstas nos artigos 114 e 115, da Lei n. 8.213/1991. O INSS promove os
descontos por meio da “consignação”. A consignação é a forma especial ou indireta
de pagamento de uma obrigação devida pelo beneficiário junto ao INSS e/ou terceiros,
SIM, mas quando falamos do acúmulo de todos os descontos, sejam eles obrigatórios,
eletivos ou por determinação inicial, a norma prevista na Instrução Normativa INSS n. 77/2015
define que o limite é de 100% do valor da renda mensal do benefício, devendo ser observados
para os casos de consignações decorrentes de empréstimos bancários de valores recebidos
indevidamente os respectivos limites estabelecidos pelos normativos vigentes.
SIM, nesse caso não há nenhum limite para que haja um desconto, inclusive não há tam-
bém o limite referido alhures para as considerações decorrentes de empréstimos bancários
de valores recebidos indevidamente. É que, nesses casos, o caráter alimentar, de certa forma,
transmuta-se para uma indenização, e essa não teria, em tese, a imediatidade orçamentária
ínsita aos pagamentos mensais da previdência social, que são dirigidas, portanto, à manu-
tenção diária da vida dos beneficiários.
Existe alguma hipótese de isenção de imposto de renda quanto aos pagamentos de pres-
tações previdenciárias?
A Corte Especial do STJ definiu a questão, assentando uma posição que ficaria no meio do
caminho, digamos, entre os entendimentos firmados pela 1ª e 3ª Seções. Asseverou-se as-
sim que, se as decisões judiciais tiverem sido proferidas em sede de sentença ou em segunda
instância, nos Tribunais de 2º grau ou nas Turmas Recursais, deverá ocorrer a devolução das
parcelas pagas a título de antecipação de tutela à previdência social. Por outro lado, havendo
a revogação ou a reforma da decisão que concedeu benefício judicialmente apenas no âmbito
das instâncias extraordinárias, ou seja, no Supremo Tribunal Federal ou no Superior Tribunal
de Justiça, não haverá necessidade de evolução. Isso porque, nesses casos, a superação das
instâncias ordinárias já terá criado, em tese, na parte, a confiança legítima e a expectativa
E como a questão se encontra hoje? Você acha que o assunto está encerrado?
Pois bem meu amigo, minha amiga, não está! Após a fixação da tese no julgamento do
TEMA 692, há ainda questões que remanescem as quais necessitam de enfrentamento defi-
nitivo pela Corte Cidadã. Ainda remanesce a questão da possibilidade de desconto direto no
limite de 10% do benefício, mas esse é um aspecto que necessita ser integrado ao TEMA 692,
pois há julgado no STJ que impede o desconto direto e determina que o INSS busque em ação
própria o seu ressarcimento nos casos de tutela antecipada posteriormente revogada (REsp
n. 1.338.912)15. Diante de questões ainda pendentes de apreciação em tópicos paralelos à
devolução das parcelas recebidas a título de antecipação de tutela revogada ou reformada,
o TEMA 692 encontra-se hoje afetado para possível revisão. Como podemos ver, houve a
determinação de suspensão do processamento de todos os processos ainda sem trânsito
em julgado, individuais ou coletivos, que versem acerca da questão submetida à revisão per-
14
Jurisprudência em Teses. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/jt/toc.jsp. Acesso em 06 maio 2020.
15
Ibidem, p. 1.235.
Afetado -
Tema/ Situação Possível Órgão Julga-
PRIMEIRA SEÇÃO Assuntos
Repetitivo do Tema Revisão dor
de Tese
Proposta de Revisão de Entendimento firmado em tese repetitiva firmada pela Primeira
Questão subme- Seção relativa ao Tema 692/STJ, quanto à devolução dos valores recebidos pelo litigante
tida a julgamento beneficiário do Regime Geral da Previdência Social - RGPS em virtude de decisão judicial
precária, que venha a ser posteriormente revogada.
Tese firmada pela Primeira Seção no julgamento do REsp 1.401.560/MT, acórdão publi-
cado no DJe de 13/10/2015, que se propõe a revisar:
Tese Firmada
A reforma da decisão que antecipa a tutela obriga o autor da ação a devolver os benefí-
cios previdenciários indevidamente recebidos.
Importante
Essa é a regra. Em relação à carência, contudo, há algumas hipóteses nas quais se previu
a inexigibilidade de carência. Por ora, basta você saber, genericamente, que a regra é que, para
a concessão dos benefícios previdenciários, é necessária a análise da qualidade de segurado
e da carência, conforme as exigências de cada tipo de benefício previdenciário. A concessão
pode gerar pagamento vitalício (sem prazo para cessar), temporário (com prazo para cessar)
ou meramente circunstancial (sem prazo para cessar, mas condicionado à determinação cir-
cunstancial médica e/ou econômica).
Em todas essas hipóteses, contudo, é possível falar em casos de suspensão do pagamen-
to feito pelo INSS, bem como de cancelamento da concessão anteriormente autorizada pela
autarquia previdenciária. Em síntese, a suspensão decorrerá de detecção da incorrência do
próprio segurado em algum ato incompatível com a manutenção do benefício ou em alguma
omissão que resulte em falta obrigacional junto à autarquia previdenciária. A suspensão não
revolve o ato administrativo de concessão, mas impinge a esse um determinado efeito obs-
tativo de seus efeitos.
Já o cancelamento, diferentemente da suspensão, implica a anulação total ou parcial do
ato administrativo de concessão do respectivo benefício previdenciário. Trata-se, assim, do
exercício da autotutela administrativa, nada se referindo ou nada decorrendo, portanto, de
algum ato posteriormente praticado pelo próprio segurado ou dependente, tal como ocorre
nas hipóteses de suspensão do benefício. Cabe lembrar que, para a revisão e a anulação dos
atos administrativos de concessão do benefício previdenciário, deve haver a observação do
prazo decadencial de 10 anos, tal como previsto no artigo 103-A, da Lei n. 8.213/1991. Perce-
ba, contudo, que, na eventualidade de ser comprovada má-fé do beneficiário, a revisão do ato
poderá exceder a esse prazo de 10 anos. Importante lembrar ainda que para o cancelamento
do benefício, deve ser sempre observado devido processo legal, de acordo com procedimento
administrativo previsto na lei e nos normativos do INSS.
• Acumulação de benefícios: a acumulação de benefícios é tratada pelo art. 124, da Lei n.
8213/1991, e deverá ser sempre balizada pelo princípio do tempus regit actum. Como
exemplo de preservação do direito adquirido à acumulação, temos a antiga possibili-
dade de recebimento conjunto do auxílio-acidente com aposentadoria. Isso não mais
é possível. Haverá o cancelamento do auxílio-acidente no momento da concessão da
aposentadoria, de qualquer espécie, ao segurado, conforme previsto no art. 86, §2º, da
Lei n. 8.213/1991, desde que aquele auxílio-acidente tenha sido concedido após a Lei n.
9.528/1997. Para os auxílios-acidentes concedidos anteriormente a essa lei, portanto,
existe direito adquirido à concomitância e à cumulação dos benefícios de auxílio-aci-
Mas mesmo nas hipóteses de acumulação, não haverá o recebimento integral de ambos
os benefícios acumuláveis. Haverá o recebimento do benefício de maior valor mais uma parte
do outro, que poderá variar conforme a sua correspondência quantitativa em salários míni-
mos. Essas alterações somente valerão para as hipóteses de acumulação ocorridas após a
vigência da EC 103, ou seja, a partir de 13/11/2019, conforme art. 36, III, da referida Emenda,
sendo assegurados os direitos adquiridos até então, conforme expressa previsão do §4º, do
art. 24. Por fim, a EC 103 deixa ressalvado que as regras acima, bem como as que atualmente
se encontram vigentes na legislação previdenciárias, poderão ser alteradas por meio de lei
complementar, conforme o art. 201, §15, da CF.
• Abono anual: O abono anual é um corolário obrigacional de todos os benefícios pre-
videnciários pagos no âmbito do RGPS. Há apenas uma única exceção: o salário-fa-
mília. É previsto no art. 40, da Lei n. 8.213/1991, bem como no art. 120, do Decreto
n. 3.048/1999. Define-se como sendo o direito anual ao pagamento de quantia que
corresponde ao cálculo feito com base na mesma sistemática da gratificação natalina
paga aos trabalhadores. Assim, o abono anual está para os beneficiários da previdên-
cia social assim como a gratificação natalina está para os empregados na atividade.
EXERCÍCIOS
Questão 1 (VUNESP/VALIPREV-SP/ANALISTA DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS/2020)
Com relação aos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de depen-
dentes do segurado, nos termos da Lei n. 8.213/1991, é correto afirmar que:
a) não pode ser considerado como dependente para os fins de obtenção de benefício previ-
denciário o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.
b) o enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho e dispensam a comprovação da depen-
dência econômica, bastando, para essa finalidade, a declaração escrita de próprio punho do
segurado.
c) a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de
21 (vinte e um) anos são exemplos de dependentes presumidos, que dispensam prova da
dependência econômica.
d) as provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova mate-
rial contemporânea dos fatos, sendo admitida, porém, a prova exclusivamente testemunhal
quando não houver provas documentais.
e) os pais e os avós são considerados dependentes especiais do segurado e poderão obter o
benefício por meio de simples apresentação do documento que comprove a relação de paren-
tesco, dispensados outros meios de prova.
nômica superveniente, sendo absolutamente certo que esse entendimento pode ser aplicado
também aos casos de divórcio e, bem assim, à companheira ou ao companheiro em iguais
condições, nas hipóteses de união estável.
a) é devido, calculado, no que couber, da mesma forma que o Descanso Semanal Remunera-
do dos trabalhadores, tendo por base o valor médio da renda mensal do benefício do mês de
dezembro do referido ano.
b) não é devido, pois cabe apenas a quem recebeu, durante o ano, auxílio-doença e aposen-
tadoria.
c) é devido, calculado, no que couber, da mesma forma que o Descanso Semanal Remunerado
dos trabalhadores, tendo por base o valor da hora mensal trabalhada.
d) não é devido, pois cabe apenas a quem recebeu, durante o ano, aposentadoria.
e) é devido, calculado, no que couber, da mesma forma que a Gratificação de Natal dos tra-
balhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro do
referido ano.
GABARITO
1. c 28. C
2. C 29. E
3. C 30. E
4. b
5. d
6. E
7. C
8. E
9. E
10. C
11. E
12. C
13. E
14. E
15. a
16. e
17. b
18. c
19. d
20. E
21. C
22. E
23. e
24. d
25. c
26. b
27. E
GABARITO COMENTADO
Questão 1 (VUNESP/VALIPREV-SP/ANALISTA DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS/2020)
Com relação aos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de depen-
dentes do segurado, nos termos da Lei n. 8.213/1991, é correto afirmar que:
a) não pode ser considerado como dependente para os fins de obtenção de benefício previ-
denciário o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.
b) o enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho e dispensam a comprovação da depen-
dência econômica, bastando, para essa finalidade, a declaração escrita de próprio punho do
segurado.
c) a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de
21 (vinte e um) anos são exemplos de dependentes presumidos, que dispensam prova da
dependência econômica.
d) as provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova mate-
rial contemporânea dos fatos, sendo admitida, porém, a prova exclusivamente testemunhal
quando não houver provas documentais.
e) os pais e os avós são considerados dependentes especiais do segurado e poderão obter o
benefício por meio de simples apresentação do documento que comprove a relação de paren-
tesco, dispensados outros meios de prova.
Letra c.
De acordo com o previsto no art. 16, I e §4º, da Lei n. 8.213/1991:
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes
do segurado:
I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, me-
nor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência
grave; (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência)
[...]
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve
ser comprovada.
§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material con-
temporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à
data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente tes-
temunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
regulamento. (Incluído pela Lei n. 13.846, de 2019)
e) Errada. Apenas os pais são dependentes do segurado, mas o disposto na alternativa é con-
tra o previsto no art. 16, §4º, da Lei n. 8.213/1991:
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve
ser comprovada.
Certo.
A assertiva está, de fato, certa, pois seu enunciado está de acordo com o disposto no art. 15,
§4º, da Lei n. 8.213/1991:
Certo.
A assertiva está certa, já que os irmãos apenas são dependentes entre si nas situações pre-
vistas no art. 16, III, da Lei n. 8.213/1991, sendo certo que somente poderiam ser considera-
dos dependentes, no caso da questão, se inválidos ou com deficiência mental ou intelectual
ou deficiência grave, pois, nessas hipóteses, a relação de dependência com o segurado vai
além dos 21 anos. No mais, seria necessária a comprovação de dependência econômica,
conforme abaixo:
Letra b.
I – Certa. De acordo com o disposto no art. 15, VI, da Lei n. 8.213/1991:
V – Até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar;
I – Sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente; (Redação
dada pela Lei n. 13.846, de 2019)
§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no
Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imedia-
tamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.
Letra d.
Mantivemos a questão acima na sua forma original apenas para treinarmos, mas cabe desta-
car que houve alteração de seu teor, de acordo com a EC 103/19, conforme abaixo:
• as regras de acumulação previstas no RGPS também valem para os regimes próprios,
conforme o §6º, do art. 40, da CF:
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Cons-
tituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previ-
dência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios
previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 103, de 2019)
• há expressa previsão no art. 201, §15, da CF, no sentido de que é será uma lei comple-
mentar que tratará dos casos de acumulação de benefícios previdenciários.
Art. 201. [...].
§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras e condições para a acumulação de benefí-
cios previdenciários. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019, grifos nossos)
Além disso, o art. 24, da própria EC 103/2019, trata de disposições constitucionais relativas às
mudanças nas regras de acumulação de benefícios previdenciários:
Art. 24. É vedada a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou com-
panheiro, no âmbito do mesmo regime de previdência social, ressalvadas as pensões do mesmo
instituidor decorrentes do exercício de cargos acumuláveis na forma do art. 37 da Constituição
Federal.
§ 1º Será admitida, nos termos do § 2º, a acumulação de:
I – pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social com
pensão por morte concedida por outro regime de previdência social ou com pensões decorrentes
das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal;
II – pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime pró-
prio de previdência social ou com proventos de inatividade decorrentes das atividades militares de
que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal; ou
III – pensões decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição
Federal com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de re-
gime próprio de previdência social.
§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no § 1º, é assegurada a percepção do valor integral
do benefício mais vantajoso e de uma parte de cada um dos demais benefícios, apurada cumulati-
vamente de acordo com as seguintes faixas:
I – 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salário-mínimo, até o limite de 2 (dois)
salários-mínimos;
II – 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) salários-mínimos, até o limite de 3 (três)
salários-mínimos;
III – 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários-mínimos, até o limite de 4 (quatro)
salários-mínimos; e
IV – 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salários-mínimos.
§ 3º A aplicação do disposto no § 2º poderá ser revista a qualquer tempo, a pedido do interessado,
em razão de alteração de algum dos benefícios.
§ 4º As restrições previstas neste artigo não serão aplicadas se o direito aos benefícios houver sido
adquirido antes da data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional.
§ 5º As regras sobre acumulação previstas neste artigo e na legislação vigente na data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional poderão ser alteradas na forma do § 6º do art. 40 e do § 15
do art. 201 da Constituição Federal.
• não pode acumular mais de uma pensão por morte no âmbito do mesmo regime, seja
no RGPS, seja nos RPPSs. Se houver pensão, uma pensão no RGPS e outra em algum
RPPS, sim, é possível. Também será possível acumular no caso de cargos acumuláveis
previstos nos termos do art. 37, CF, de modo que nesses casos poderá haver mais de
uma pensão dentro do mesmo regime.
• será possível ainda acumular:
− Pensão de um regime + pensão de outro regime de previdência social (regime pró-
prio, regime de previdência complementar fechada, regime de previdência comple-
mentar privada);
− Pensão de um regime qualquer não militar + pensão de um regime militar (Polícias
Militares, Corpo de Bombeiros Militares e Forças Armadas);
− Pensão por morte de um regime qualquer (RGPS/RPPS/Militar/Previdências Com-
plementares fechadas, abertas, públicas ou privadas) + aposentadoria do RGPS ou
de um RPPS;
− Pensão por morte de um regime qualquer (RGPS/RPPS/Militar/Previdências Com-
plementares fechadas, abertas, públicas ou privadas) + proventos de inatividade de
militares;
− Pensão militar (Polícias Militares, Corpo de Bombeiros Militares e Forças Armadas)
+ aposentadoria do RGPS ou de um RPPS.
Mesmo nas hipóteses de acumulação, não haverá o recebimento integral de ambos os benefí-
cios acumuláveis. Haverá o recebimento do benefício de maior valor, mais uma parte do outro,
que variará conforme a sua correspondência quantitativa em salários mínimos, da seguinte
forma:
§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no § 1º, é assegurada a percepção do valor integral
do benefício mais vantajoso e de uma parte de cada um dos demais benefícios, apurada cumulati-
vamente de acordo com as seguintes faixas:
I – 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salário-mínimo, até o limite de 2 (dois)
salários-mínimos;
II – 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) salários-mínimos, até o limite de 3 (três)
salários-mínimos;
III – 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários-mínimos, até o limite de 4 (quatro)
salários-mínimos;
IV – 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salários-mínimos.
Essas alterações somente valerão para as hipóteses de acumulação ocorridas após a vigên-
cia da EC 103, ou seja, a partir de 13/11/2019, conforme art. 36, III, da referida Emenda, sendo
assegurados os direitos adquiridos até então, conforme expressa previsão do §4º, do art. 24:
§ 4º As restrições previstas neste artigo não serão aplicadas se o direito aos benefícios houver sido
adquirido antes da data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional.
Por fim, a EC 103 deixa ressalvado que as regras acima, bem como as que atualmente se
encontram vigentes na legislação previdenciárias, poderão ser alteradas por meio de lei com-
plementar, conforme o art. 201, §15, da CF:
§ 5º As regras sobre acumulação previstas neste artigo e na legislação vigente na data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional poderão ser alteradas na forma do § 6º do art. 40 e do § 15
do art. 201 da Constituição Federal.
Assim, a resposta é a letra d), mesmo com as alterações acima, conforme a seguinte possibi-
lidade de cumulação prevista no texto do art. 24, da EC 103/19:
• Pensão por morte de um regime qualquer (RGPS/RPPS/Militar/Previdências Comple-
mentares fechadas, abertas, públicas ou privadas) + aposentadoria do RGPS ou de
um RPPS.
Note, contudo, que deverá haver a aplicação do §2º, do art. 24, da Emenda, de modo que,
apesar da possibilidade de recebimento conjunto, não será possível o recebimento integral de
ambos os benefícios, sendo garantido o valor do maior, acrescido de um percentual do outro
conforme as faixas abaixo previstas:
§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no § 1º, é assegurada a percepção do valor integral
do benefício mais vantajoso e de uma parte de cada um dos demais benefícios, apurada cumulati-
vamente de acordo com as seguintes faixas:
I – 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salário-mínimo, até o limite de 2 (dois)
salários-mínimos;
II – 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) salários-mínimos, até o limite de 3 (três)
salários-mínimos;
III – 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários-mínimos, até o limite de 4 (quatro)
salários-mínimos; e
IV – 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salários-mínimos.
Quanto às demais opções, cabe salientar que o §5º, do art. 24, da EC 103/2019, assevera que
ainda estão vigentes as hipóteses e os regramentos atualmente previstos na legislação pre-
videnciária até que seja editada uma lei complementar para tratar dos casos de acumulação
de benefícios, suas vedações, regras e condições. Assim, ainda estão vigentes as regras do
art. 124, da Lei n. 8.213/1991, na medida em que não foi editada qualquer lei complementar
naquele sentido.
Com isso, vejamos os casos:
Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes
benefícios da Previdência Social:
I – Aposentadoria e auxílio-doença;
II – Mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
III – aposentadoria e abono de permanência em serviço;
IV – Salário-maternidade e auxílio-doença;
(Incluído dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
V – Mais de um auxílio-acidente;
(Incluído dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
VI – Mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela
mais vantajosa. (Incluído dada pela Lei n. 9.032, de 1995)
Errado.
A assertiva está errada, pois não é mais possível incluir pessoa designada no rol de depen-
dentes, desde as alterações promovidas pela Lei n. 9.032/1995. Essa lei promoveu uma das
maiores mudanças, talvez, no rol do art. 16, da lei de benefícios, extinguindo a existência de
uma quarta classe de dependentes do segurado. A quarta classe era prevista no inciso IV, do
art. 16, da Lei n. 8.213/1991:
IV – A pessoa designada, menor de 21 (vinte e um) anos ou maior de 60 (sessenta) anos ou
inválida.
(Revogada pela Lei n. 9.032, de 1995)
Até a Lei n. 9.032/1995, portanto, era possível escolher uma pessoa diversa das demais lis-
tadas nas classes I, II e III. Ou seja, era possível designar uma pessoa para figurar como de-
pendente na hipótese de não haver candidatos habilitados às classes anteriores, prioritárias.
Essa pessoa designada, contudo, deveria ter menos de 21 anos ou mais de 60 anos de idade
ou ainda poderia ser inválida de qualquer idade.
Certo.
A assertiva está certa, sendo a reprodução da Súmula 4, da TNU. Após as alterações da refe-
rida lei passou a não existir mais a figura do dependente designado no rol do art. 16, da Lei n.
8.213/1991. E com base no princípio tempus regit actum, não há que se falar em direito ad-
quirido à existência e à permanência dessa classe, salvo se o óbito ou a prisão do instituidor
tenha ocorrido até a edição da referida lei revogadora. Isso foi tratado na TNU, por meio de sua
jurisprudência cristalizada na edição de sua Súmula 4:
Súmula 4
Não há direito adquirido à condição de dependente de pessoa designada, quando o fale-
cimento do segurado se deu após o advento da Lei 9.032/1995.
(DJ 23/6/2003, p. 555).
O Superior Tribunal de Justiça já vinha, aliás, antes da TNU, naquela época, orientando-se no
sentido de que não haveria que se dar essa espécie de ultratividade da norma revogada, de
modo que somente a data do óbito é que, no caso da pensão por morte, asseguraria a aquisi-
ção do direito então vigente. Vejamos o julgado do STJ a esse respeito:
É certo ter se firmado a jurisprudência deste Superior Tribunal no sentido de que é o óbito
do segurado que determina o suporte fático a ser analisado na concessão de benefício
de pensão por morte e que há de se aplicar a lei vigente àquela época.
Assim, constatado o falecimento da avó segurada na vigência da Lei n. 8.213/1991, já
com a redação determinada pela Lei n. 9.032/1995, não faz jus ao benefício seu neto,
pois não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 16 daquele disposi-
tivo, inclusive na de equiparação a filho (§ 2º).
Note-se não haver alusão de que se cuide de menor designado, ressalta-se, também,
que mesmo aquele designado anteriormente à instituição do benefício não tem direito
adquirido a percebê-lo, mas, apenas, mera expectativa.
[...].
Precedentes citados: AgRg no Ag 272.639-RJ, DJ 8/5/2000; AgRg no Ag 375.893- 49 GO,
DJ 4/2/2002; EREsp 190.193-RN, DJ 7/8/2000; REsp 256.699-RN, DJ 4/9/2000, e REsp
263.494-RN, DJ 18/12/2000. REsp 464.760-SC, Rel. originário Min. Hélio Quaglia Bar-
bosa, Rel. para acórdão Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 19/4/2005.
Errado.
A assertiva está errada, pois, a partir da Lei n. 13.135/2015 voltou a ser indiferente a emanci-
pação do irmão menor de 21 anos para fins previdenciários. A alteração normativa no rol do
art. 16, da Lei de Benefícios foi feita no inciso III, do referido artigo, tendo aquela lei retirado a
exigência de que o irmão fosse “não emancipado” para ser dependente do segurado. Ou seja,
mesmo que ocorresse, a partir disso, algum fato que ensejasse a emancipação, a pensão por
morte não seria extinta pela maioridade. A Lei n. 13.146/2015, aprovada 19 dias após a Lei n.
13.135/2015, voltou a exigir que o filho e o irmão inválido ou deficiente mental intelectual ou,
ainda, com deficiência grave, não fossem emancipados no momento do óbito ou da reclusão
do instituidor. Assim, a partir da Lei n. 13.146/2015, e até hoje, se houver qualquer causa en-
sejadora de emancipação, ocorrerá a extinção da relação de dependência para fins previden-
ciários. Como se vê, a lei voltou atrás na proteção social antes ampliada no intento normativo
da Lei 13.135/2015, conforme explicamos acima (intento esse que, contudo, jamais entrou
em vigência, pois a vacatio legis de tal alteração, como vimos acima, era de 2 anos e, muito
antes disso, entrou em vigor a Lei n. 13.146/2015).
Errado.
A assertiva está errada, já que vai de encontro ao previsto na SÚMULA N. 336, do STJ, que
assim diz:
A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previ-
denciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.
Referências: CF/1988, arts. 201, V, e 226, § 3º. Lei n. 8.213/1991, art. 76, §§ 1º e 2º
Isso quer dizer que o cônjuge que, embora estivesse separado do segurado instituidor ao
tempo do óbito, comprovar que dependia economicamente dele, poderá ter direito à pensão
por morte junto ao INSS.
Certo.
A assertiva está certa. O entendimento fixado na Súmula 336, do Superior Tribunal de Jus-
tiça, não se aplica apenas às situações de separação judicial, mas também se estende aos
casos de divórcio, como naturalmente deveria se concluir, realmente, pois se trata do mes-
mo fato gerador de renúncia dos alimentos. Nesse sentido, segue o seguinte julgado do STJ
(conquanto se refira ao regime próprio, também adotou como fundamento a analogia com a
Súmula 336):
Além disso, não restam dúvidas de que a referida Súmula 336, STJ, também é aplicável aos
casos de união estável dissolvida. Nesses casos, podemos adotar o mesmo entendimento
fixado na súmula mencionada, pois se trata do mesmo fato gerador, pois a essência do enten-
dimento jurisprudencial é proteger a relação de convivência constituída de forma duradoura,
pública, com aparência e afeição marital. Não haveria mesmo razão para discriminar aqueles
que se uniram por meio de uma união estável, em detrimento da constituição formal do ca-
samento, já que a Constituição Federal de 1988 não faz essa distinção, ao menos para fins
previdenciários.
Errado.
O enunciado está errado. A orientação dada pela Súmula 336, do STJ, vai além para atingir as
uniões homoafetivas, sem nenhuma possibilidade de dar tratamento discriminatório nesses
casos. Sobre o casamento e a união estável homoafetivos, destacamos o Enunciado 601, da
VII Jornada de Direito Civil do CJF/STJ:
A validade da união homoafetiva já foi tratada no Supremo Tribunal Federal. Embora não tenha
tratado especificamente do casamento homoafetivo no Brasil, a Suprema Corte sacramentou
a validade da união estável entre pessoas do mesmo sexo, inclusive para fins previdenciários.
Isso restou assentado no julgamento conjunto da ADPF 132 e da ADIn 4277/DF, da Relatoria
do ex-ministro Ayres Britto. No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a jurisprudência é
também nesse sentido, alinhando-se ao que restou decidido pelo Supremo Tribunal Federal,
senão vejamos (grifos nossos):
que lhe aportam “de costas” para a Constituição Federal, sob pena de ser entregue ao
jurisdicionado um direito desatualizado e sem lastro na Lei Maior. Vale dizer, o Superior
Tribunal de Justiça, cumprindo sua missão de uniformizar o direito infraconstitucional,
não pode conferir à lei uma interpretação que não seja constitucionalmente aceita.
2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto da ADPF n. 132/RJ e da ADI
n. 4.277/DF, conferiu ao art. 1.723 do Código Civil de 2002 interpretação conforme à
Constituição para dele excluir todo significado que impeça o reconhecimento da união
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar,
entendida esta como sinônimo perfeito de família.
[...].
5. O que importa agora, sob a égide da Carta de 1988, é que essas famílias multiformes
recebam efetivamente a “especial proteção do Estado”, e é tão somente em razão desse
desígnio de especial proteção que a lei deve facilitar a conversão da união estável em
casamento, ciente o constituinte que, pelo casamento, o Estado melhor protege esse
núcleo doméstico chamado família.
[...].
11. Recurso especial provido.
(REsp 1183378/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
25/10/2011, DJe 01/02/2012)
Art. 130. De acordo com a Portaria MPS n. 513, de 9 de dezembro de 2010, publicada no DOU, de
10 de dezembro de 2010, o companheiro ou a companheira do mesmo sexo de segurado inscrito no
RGPS integra o rol dos dependentes e, desde que comprovada a união estável, concorre, para fins
de pensão por morte e de auxílio-reclusão, com os dependentes preferenciais de que trata o inciso
I do art. 16 da Lei n. 8.213, de 1991, para óbito ou reclusão ocorridos a partir de 5 de abril de 1991,
conforme o disposto no art. 145 do mesmo diploma legal, revogado pela MP n. 2.187-13, de 2001.
Certo.
A assertiva está certa, pois, de fato, atualmente, não é possível o reconhecimento da rela-
ção de dependência em relação ao concubinato, não sendo ele aceito para fins previdenci-
ários. No Supremo Tribunal Federal, a questão foi enfrentada em 2009, no julgamento do RE
590.779, decidindo-se no sentido de que a proteção social dada pelo Estado não poderia estar
voltada a legitimar relações de união estável ilegítimas e contrárias ao ordenamento jurídico.
Na ocasião, deixou-se bem clara a distinção entre companheira e concubina. Nada obstante,
a questão pende de julgamento sob o regime da repercussão geral, o que se espera ser resol-
vido por meio do julgamento do RE 669.465. Ao que consta, o objeto central do julgado acima
será o enfrentamento de eventual discrimen normativo a ser dado à relação de concubinato
de longa duração. Em verdade, a situação denominada como “concubinato de longa duração”
assemelha-se ao que não raro nos defrontamos na prática da judicatura, quando avistamos a
disputa da pensão por morte por efetivamente duas companheiras ou uma viúva e outra com-
panheira, denotando espécie de bigamia relativamente consentida. Em resumo, nesses casos,
o instituidor da pensão morreu e depois se descobriu que mantinha, por longos e longos anos,
duas mulheres e, consequentemente, duas famílias efetivamente. Isso não é raro, devendo ter
tratamento normativo adequado. No âmbito do STF, aquele RE 669.465 foi baixado, posterior-
mente, tendo sido substituído pelo RE 883.168/SC, que remanesceu como representativo do
TEMA 526 dos recursos afetados ao regime da repercussão geral.
Errado.
O enunciado está errado ao afirmar que Maria e seus filhos com Antônio deverão comprovar a
dependência econômica para que sejam considerados dependentes para fins previdenciários.
Essa assertiva vai de encontro com o disposto no art. 16, I, §4º, da Lei n. 8.213/1991:
dente doméstico, Valéria está temporariamente incapacitada para o trabalho. Nessa situação,
Valéria terá direito a receber o benefício do auxílio-doença cumulativamente com a aposenta-
doria por tempo de contribuição.
Errado.
A assertiva está errada, já que vai de encontro com o disposto no art. 124, da Lei n. 8.213/1991,
que assim diz:
Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefí-
cios da Previdência Social:
I – Aposentadoria e auxílio-doença;
Além disso, o aposentado que retorna à atividade tem direito apenas ao salário-família, à re-
abilitação profissional e, no caso da segurada empregada, ao salário-maternidade, conforme
os dispositivos abaixo (grifos nossos):
Art. 103. A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao pagamento do salário-mater-
nidade, de acordo com o disposto no art. 93.
......................................................................................................
Art. 65. O salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado, inclusive o domésti-
co, e ao segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados
nos termos do § 2º do art. 16 desta Lei, observado o disposto no art.66.
Parágrafo único. O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com sessenta
cinco anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou sessenta anos ou mais, se do feminino,
terão direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria.
d) Enquanto estiver no gozo de benefício o segurado não perde a qualidade de segurado, des-
de que o benefício não se prolongue por mais de 12 meses.
e) Se o segurado já tiver recolhido mais de 120 contribuições sem interrupção que acarrete
a perda da qualidade de segurado, todos os prazos dos incisos do art. 15 da Lei 8.213/1991
são prorrogados em 6 meses.
Letra a.
É o que diz o art. 15, VI, da Lei n. 8.213/1991:
b) Errada, pois colide com o disposto no art. 15, IV, da Lei n. 8.213/1991:
e) Errada, pois colide com o disposto no art. 15, §1º, da Lei n. 8.213/1991 (grifo nosso):
Letra e.
É a alternativa certa pois inclui uma hipótese de serviço prestado pelo RGPS, no caso, a rea-
bilitação profissional.
As letras a), b), c) e d) estão em desacordo com o disposto no art. 18, da Lei n. 8.213/1991,
que assim diz:
Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclu-
sive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:
I – Quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez;
b) aposentadoria por idade;
c) aposentadoria por tempo de contribuição; (Redação dada pela Lei Complementar n. 123, de 2006)
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença;
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente;
II – Quanto ao dependente:
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão;
III – Quanto ao segurado e dependente:
b) serviço social;
c) reabilitação profissional.
Note que não há mais a previsão do pagamento do pecúlio, bem como não há que se falar em
pagamento do seguro-desemprego no âmbito do RGPS.
Letra b.
As letras a), c), d) e e) estão em desacordo com o disposto no art. 18, da Lei n. 8.213/1991:
Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclu-
sive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:
I – Quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez;
b) aposentadoria por idade;
c) aposentadoria por tempo de contribuição; (Redação dada pela Lei Complementar n. 123, de 2006)
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença;
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente.
II – Quanto ao dependente:
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão.
III – Quanto ao segurado e dependente:
b) serviço social;
c) reabilitação profissional.
Letra c.
Pois o enteado menor pode ser considerado dependente do segurado, desde que comprove
dependência e econômica, bem como mediante declaração expressa do segurado, tal como
previsto no art. 16, §3º, da Lei n. 8.213/1991:
a) Certa, uma vez que os pais, como dependentes de 2ª classe do segurado, necessitam, de
fato, comprovar a dependência econômica para fins previdenciários, tal como disposto no
art. 16, II, §4º, da Lei n. 8.213/1991.
b) Certa, pois o irmão inválido, ainda que conte com mais de 21 anos, terá direito ao reconhe-
cimento de sua relação de dependência com o segurado, no caso seu irmão, desde que com-
prove a dependência econômica, conforme previsto no art. 16, III, §4º, da Lei n. 8.213/1991.
d) Certa, pois o companheiro do segurado é dependente, conforme o art. 16, I, §4º, da Lei n.
8.213/1991.
e) Certa, uma vez que o irmão menor de 21 anos, não emancipado, desde que comprove a
dependência econômica, será considerado dependente nos termos do art. 16, III, §4º, da Lei
n. 8.213/1991.
Letra d.
As demais alternativas estão em desacordo com o regramento previdenciário relacionado ao
aposentado que retorna ao trabalho, uma vez que, embora tenha que obrigatoriamente voltar
a contribuir, não fará jus a todos os benefícios e serviços do RGPS, mas apenas ao salário-
-família (benefício) e à reabilitação profissional (serviço). Além disso, no caso da segurada,
haverá direito ainda à concessão de salário-maternidade. Vejamos os dispositivos pertinen-
tes (grifos nossos):
Art. 103. A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao pagamento do salário-mater-
nidade, de acordo com o disposto no art. 93.
......................................................................................................
Art. 65. O salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado, inclusive o domésti-
co, e ao segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados
nos termos do § 2º do art. 16 desta Lei, observado o disposto no art.66.
Parágrafo único. O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com sessenta
cinco anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou sessenta anos ou mais, se do feminino,
terão direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria.
Errado.
A assertiva está errada. Até pouco tempo atrás, a prova da união estável não exigia início de
prova material, permitindo, em tese, prova unicamente testemunhal. Recentemente, entretan-
to, com aprovação da Medida Provisória n. 871/2019, convertida, posteriormente, na Lei n.
13.846, de 18 de junho de 2019, foi inserida a exigência de que essa comprovação seja feita
por meio de início de prova material, não se admitindo mais prova testemunhal isolada, salvo
motivo de força maior ou caso fortuito, conforme §5º incluído no art. 16, da Lei n. 8.213/1991.
Vejamos (grifos nossos):
§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material con-
temporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à
data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente tes-
temunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
regulamento. (Incluído pela Lei n. 13.846, de 2019)
Perceba que a lei estabeleceu um intervalo de tempo relativo ao qual deverá haver a com-
provação da união estável por início de prova material. Assim, o início de prova material deve
ser contemporâneo aos fatos, devendo ter sido produzido, para isso, nos últimos 24 meses
anteriores ao óbito do instituidor. Lembre-se de que a dependência econômica na relação de
união estável é presumida, mas a relação de união estável em si precisará ser comprovada
perante o INSS de modo mais rígido do que a relação de casamento, já que esta demanda tão
somente a apresentação de certidão de casamento. Para se comprovar a união estável, serão
necessários: que haja início de prova material revelando que se tratava de relação pública,
notória, duradoura, estável, ou seja, que apresentava a chamada affectio maritalis; que a com-
provação acima seja efetivamente por início de prova material, podendo ser complementada
por prova testemunhal idônea, não sendo possível, porém, que haja unicamente prova teste-
munhal; que a comprovação acima se escore em início de prova material contemporâneo aos
fatos narrados, isto é, nos termos da lei, que tenha sido produzido dentro do intervalo máximo
de 24 meses anteriores ao óbito do segurado instituidor.
Assim, a assertiva está errada na medida em que a ausência de documento não pode ser
considerada força maior ou caso fortuito, de modo que não se admitirá, na hipótese, a prova
unicamente testemunhal.
Certo.
A assertiva está correta. Na hipótese do art. 15, II, da Lei n. 8.213/1991, é possível a prorroga-
ção do período de graça por mais 12 meses após o segurado ter contribuído por mais de 120
meses sem interrupções. Isso está previsto no art. 15, §1º, da Lei n. 8.213/1991. Havia dúvi-
das a respeito da incorporação definitiva ou não dessa vantagem, ou seja, se o segurado po-
deria usar novamente a expansão do período de graça no caso de se defrontar com um novo
período longo sem recolhimentos ou ainda se ele poderia usar quando, após a perda de sua
qualidade de segurado, retornasse ao sistema. A Turma Nacional de Uniformização já decidiu
que sim, ou seja, que aquela prorrogação uma vez atingida fica incorporada definitivamente
no patrimônio jurídico do segurado:
Errado.
A assertiva está errada. Há certa divergência na doutrina e na jurisprudência sobre o tema.
A lei previdenciária não diz expressamente que a extensão do período de graça, nesses casos,
somente ocorrerá na hipótese de demissão por decisão do empregado. Tampouco diz que
poderá ocorrer em pedidos de demissão feitos pelo próprio empregado.
Art. 15.
[...].
2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desem-
pregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do
Trabalho e da Previdência Social).
Interessante mencionar que alguns julgados permitem que a extensão do período de graça
ocorra também em casos de pedido de demissão. Veja por exemplo, nesse sentido, que a
doutrina de AMADO (2019, p. 641) menciona que
também os segurados empregados domésticos que pedirem demissão terão direito a citada pror-
rogação do período de graça, pois não é possível uma interpretação extensiva da norma para res-
tringir o direito dos segurados.
De outro lado, há julgado vinculante no âmbito da TNU, que entendeu ser incabível a extensão
do período de graça se o trabalhador pediu demissão, de modo que as disposições benéficas
do art. 15, §2º, da Lei n. 8.213/1991, restringem-se ao desemprego involuntário. Vejamos os
fundamentos, portanto, do decidido no PEDILEF 5047353-65.2011.4.04.7000 (grifos nossos):
Desempregado voluntário não pode ser beneficiado por extensão do período de graça
(publicado 19/12/2014 16h10, última modificação 07/10/2016 19h25)
Na sessão realizada nesta quinta-feira, dia 11 de dezembro, a Turma Nacional de Unifor-
mização dos Juizados Especiais Federais reafirmou o entendimento de que a prorrogação
do período de graça – prevista no §2º do artigo 15 da Lei 8.213/1991, e considerada à luz
do artigo 201, III, da Constituição Federal – somente se aplica aos casos em que a ausên-
cia de contribuições ao sistema previdenciário é decorrente de desemprego involuntário.
A decisão foi tomada no julgamento de incidente de uniformização apresentado pelo
INSS contra acórdão proferido pela 1ª Turma Recursal do Paraná que, confirmando sen-
tença, restabeleceu o auxílio-doença da parte autora, com base na tese de que “a legis-
lação previdenciária não faz distinção entre as situações de desemprego voluntário ou
involuntário para efeito de prorrogação do período de graça, sendo irrelevante o fato de
o último vínculo de emprego ter sido rescindido por iniciativa própria”.
Esse entendimento, segundo o relator da matéria da TNU, juiz federal Bruno Carrá,
resume a controvérsia jurídica trazida a exame: a possibilidade ou não de estender o
período de graça por 12 (doze) meses na hipótese de o desligamento do emprego ante-
rior ter sido motivado por deliberação voluntária do desempregado.
E foi exatamente o que aconteceu no caso em julgamento. De acordo com a documenta-
ção apresentada, o último vínculo empregatício da requerente foi rompido por iniciativa
própria, demarcando o início da situação de desemprego.
Em seu pedido, a autora deseja ser beneficiada pela extensão do período de graça pre-
vista no artigo 15, §2º, da Lei 8.213/1991, segundo o qual, mantém-se a qualidade de
segurado, independente de contribuição, por até 24 (vinte e quatro) meses, prorrogáveis
por mais 12 (doze), desde que comprovada situação de desemprego. O que ficou devida-
mente comprovado nos autos. “Não paira dúvida quanto à permanência da situação de
desemprego da autora, uma vez que as instâncias ordinárias determinaram a realização
de diligência específica para a comprovação dessa condição”, destacou o magistrado.
Acontece que, no entendimento do relator, como o artigo 201, III, da Constituição Federal
dispõe que a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, e atenderá, nos termos da lei, à proteção ao traba-
lhador em situação de desemprego involuntário, apenas o desempregado involuntário
estaria apto a receber essa proteção especial.
“A norma constitucional em destaque, ao enunciar a expressão ‘nos termos da lei’, exige
naturalmente que a regra complementar subjacente se coadune com seus preceitos valo-
rativos. Em outras palavras, a locução ‘desemprego involuntário’ foi ali colocada como
objeto de destaque, a significar adequação da lei a seus termos”, pontuou o relator.
Com efeito, destacou Bruno Carrá, o fator de risco social eleito pelo legislador para ser
objeto de atenção e proteção especial foi o desemprego involuntário.
“Considerando a nítida feição social do direito previdenciário, cujo escopo maior é alber-
gar as situações de contingência que podem atingir o trabalhador durante sua vida, não
é razoável deferir proteção especial àqueles que voluntariamente se colocam em situa-
ção de desemprego. No desemprego voluntário não há risco social. O risco é individual
e deliberadamente aceito pelo sujeito”, avalia.
Seguindo esse entendimento, o magistrado destacou ainda que a norma do artigo 15,
§2º, da Lei 8.213/1991, que elastece por até 36 (trinta e seis) meses o período de graça,
Letra e.
Está certa na medida em que a assertiva vai ao perfeito encontro do disposto no art. 40, da
Lei n. 8.213/1991:
Art. 40. É devido abono anual ao segurado e ao dependente da Previdência Social que, durante o
ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-re-
clusão. (Vide Decreto n. 6.525, de 2008) (Vide Decreto n. 6.927, de 2009) (Vide Decreto n. 7.782, de
2012) (Vide Decreto n. 8.064, de 2013) (Vide Decreto n. 9.447, de 2018)
Parágrafo único. O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a Gratificação
de Natal dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de de-
zembro de cada ano.
a) Errada, já que o abono anual não é calculado na forma do descanso semanal remunerado,
mas conforme a gratificação natalina.
b) Errada, uma vez que é devido o abono anual a quem recebe o auxílio-reclusão, conforme o
disposto no art. 40, caput, da Lei n. 8.213/1991.
c) Errada, já que, como dito, não é com base no descanso semanal remunerado que se calcula
o abono anual.
d) Errada, pois o abono anual é, no caso, devido.
Letra d.
Pois seu valor é calculado, realmente, na forma da gratificação natalina, conforme o art. 40,
parágrafo único, da Lei n. 8.213/1991:
Parágrafo único. O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a Gratificação
de Natal dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de de-
zembro de cada ano.
a) Errada, pois o abono anual não é calculado com base no fator previdenciário.
b) Errada, uma vez que o abono anual não é recebido acumuladamente com o benefício men-
sal, mas apenas uma vez, em dezembro ou, ainda, no mês de alta ou da cessação do benefício,
podendo também ser pago de maneira parcelada, conforme o art. 397, da Instrução Normati-
va INSS n. 77/2015:
Art. 397. Autorizado o pagamento parcelado do abono anual, o parcelamento será realizado da
seguinte forma:
I – Para os benefícios permanentes:
a) 50% (cinquenta por cento) do valor devido até a competência dezembro ou da cessação do be-
nefício, caso prevista, na competência agosto; e
b) 100% (cem por cento) do valor devido até a competência dezembro, na competência novembro,
descontado o valor da parcela paga anteriormente no ano;
II – Para os benefícios temporários:
a) 50% (cinquenta por cento) do valor devido até a competência agosto ou da cessação do bene-
fício, caso prevista, na competência agosto, descontados os valores pagos anteriormente no ano
decorrentes de cessação de benefício posteriormente restabelecido; e
b) 100% (cem por cento) do valor devido até a competência dezembro ou da cessação do benefício,
caso prevista, na competência novembro, descontado o valor das parcelas pagas anteriormente no ano.
c) Errada, pois o seu pagamento não é feito de modo vinculado ao início e ao fim do recebi-
mento de benefícios, sendo devido no mês de dezembro ou no mês da alta ou da cessação do
benefício, conforme dispõe o art. 396, da Instrução Normativa INSS n. 77/2015:
Art. 396. O abono anual, conhecido como décimo terceiro salário ou gratificação natalina, corres-
ponde ao valor da renda mensal do benefício no mês de dezembro ou no mês da alta ou da cessação
do benefício, para o segurado que recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, salá-
rio-maternidade, pensão por morte ou auxílio-reclusão, na forma do que dispõe o art. 120 do RPS.
e) Errada, uma vez que o abono anual não terá por base a 1ª remuneração do ano em que o
trabalhador receber qualquer benefício, mas sim o valor pago no mês dezembro de cada ano,
ou, conforme apontado acima, no mês de alta programada ou da cessação do benefício.
Letra c.
A alternativa vai ao encontro perfeito do disposto no art. 16, §2º, da Lei n. 8.213/1991:
a) Errada, sendo que vai de encontro com o previsto no art. 16, I, §4º, da Lei n. 8.213/1991.
b) Errada, colidindo com o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/1991, na medida em que não
é o “menor de 18 anos”, mas o “menor de 21 anos”.
d) Errada, já que vai de encontro com o disposto no art. 16, §1º, da Lei n. 8.213/1991:
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às presta-
ções os das classes seguintes.
c) não são considerados dependentes, em qualquer hipótese, por ausência de disposição le-
gal específica prevendo esta condição.
d) podem ser considerados dependentes somente quando não houver irmão não emancipado,
de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido ou que tenha deficiência intelec-
tual ou mental ou deficiência grave.
e) podem ser considerados dependentes somente quando não houver irmão não emancipado,
de qualquer condição, menor de dezoito anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental ou deficiência grave.
Letra b.
A alternativa está certa, pois os pais podem ser dependentes se não houver dependentes ha-
bilitados da classe um, bem como se comprovarem dependência econômica com o segurado
instituidor.
a) Errada, uma vez que os pais não concorrem com os dependentes da 1ª classe, sendo que
somente podem ser dependentes na hipótese de não existirem os dependentes da 1ª classe.
c) Errada, pois exclui os pais de maneira peremptória como dependentes do segurado, o que
não condiz com o art. 16, II, da Lei n. 8.213/1991.
d) Errada, porque os pais, como dependentes da classe dois, preferem em relação aos irmãos,
que são dependentes de 3ª classe.
e) Errada, pelo mesmo erro assinalado na alternativa d), de modo que em relação aos irmãos
do segurado, os pais possuem preferência na habilitação, conforme ordem legal dada pelo
art. 16, da Lei n. 8.213/1991.
Errado.
A assertiva está errada, porque vai de encontro com o disposto no art. 114, da Lei n. 8.213/1991
que admite a penhora, arresto ou sequestro não apenas para satisfazer obrigação de pres-
tar alimentos reconhecida judicialmente, mas também para descontar valores eventualmente
devidos à Previdência e para descontar valores autorizados por lei. No mais, quanto aos des-
contos de obrigação alimentícia, de fato, não há limite expresso na lei previdenciária, de modo
que o parâmetro de desconto a ser feito nas consignações do benefício será extraído pelo
INSS com base na decisão judicial ou no termo de acordo, conforme art. 524, da Instrução
Normativa INSS n. 77/2015:
De todo modo, parece que não seria possível que as consignações ultrapassassem o limite de
50% do benefício mensal e, mesmo assim, quando considerado eventual atrasado, sendo isso
o que se extrai do disposto no art. 529, §3º, do CPC-15:
§ 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode
ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos
do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento
de seus ganhos líquidos.
Certo.
A indisponibilidade dos benefícios previdenciários decorre de sua natureza de direito funda-
mental, portanto, irrenunciável e indisponível. Há, contudo, previsão legal para que, em três
hipóteses, haja o desconto de parcela do benefício recebido pelo segurado ou dependente.
Vejamos quais são as hipóteses: se houver algum valor devido à Previdência Social; se houver
algum desconto autorizado na própria Lei n. 8.213/1991; se houver algum desconto derivado
de obrigação de prestar alimentos. Com relação a essa última hipótese (desconto derivado da
obrigação de prestar alimentos), o Superior Tribunal de Justiça já enfrentou questão interes-
sante. Na hipótese, pretendia-se vincular o INSS a acordo particular feito para pagamento de
alimentos. Sobre isso, ao julgar o caso, o STJ confirmou que é impossível na legislação previ-
denciária a renúncia de benefício por dependente em favor de outro. Mas o entendimento dei-
xou a ressalva de que o ente previdenciário deverá se sujeitar ao pacto firmado por terceiros,
mesmo sem a sua participação, para proceder ao desconto do percentual acordado a título de
alimentos. Ou seja, o terceiro beneficiado com o acordo não se transformará em dependente
habilitado para a pensão por morte, mas terá garantido o recebimento direto do crédito previ-
denciário que lhe foi destinado. Para melhor fixação e compreensão do tema, transcrevemos
o informativo para você, com grifos necessários.
Informativo n. 0618
Publicação: 23 de fevereiro de 2018.
SEGUNDA TURMA
Processo
RMS 45.817-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, por maioria,
julgado em 26/09/2017, DJe 05/02/2018.
Ramo do Direito
DIREITO ADMINISTRATIVO
Tema
Pensão por morte. Acordo efetivado em juízo. Divisão entre companheira do de cujus e
a genitora deste. Efeitos perante terceiros. Alteração da ordem legal de pensionamento.
Impossibilidade.
Destaque
O acordo de partilha de pensão por morte, homologado judicialmente, não altera a ordem
legal do pensionamento, podendo, todavia, impor ao órgão de previdência a obrigação de
depositar parcela do benefício em favor do acordante que não figura como beneficiário
perante a autarquia previdenciária.
Informações do Inteiro Teor
Errado.
A assertiva está errada tão somente no que toca à idade a partir da qual não haverá mais a
obrigatoriedade do segurado aposentado por invalidez se submeter-se à perícia médica, sen-
do isso possível a partir de 60 anos e não de 65 anos como asseverou a questão. Vejamos o
artigo 101, §1º, I e II, da Lei n. 8.213/1991:
Errado.
A assertiva está errada, pois a jurisprudência tem admitido outras formas de comprovação
do desemprego involuntário e não apenas por meio do pagamento do seguro-desemprego.
Entretanto, já foi decidido que a simples ausência de anotação na carteira de trabalho não
implica automática comprovação de que o segurado estava desempregado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 11ª edição. Salvador, Editora
JusPodvim, 2019.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário.
São Paulo, Forense, data. Kindle.
SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. 6ª edição. São Paulo,
editora, 2016.