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Janeiro

2014

FORMAÇÃO À DISTÂNCIA

Contabilidade para
juntas de freguesia

DIS0214

Maria José Fernandes

www.otoc.pt
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS

FICHA TÉCNICA

Título: Contabilidade para juntas de freguesia


Autor: Maria José Fernandes

Capa e paginação: DCI - Departamento de Comunicação e Imagem da OTOC

© Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, 2014

Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não o indicado, sem
autorização prévia e por escrito da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, entidade que de-
tém os direitos de autor.

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Índice
Nota Prévia 5
Capítulo 1 - A nova lei das finanças locais 7
1.2 Diferenças em relação à anterior LFL 7
Capítulo 2 – A Contabilidade das Juntas de Freguesia 10
Capítulo 3 – Os Documentos Previsionais 14
3.1. Documentos previsionais 14
3.2. As Grandes Opções do Plano e o Plano PLURIANUAL DE INVESTIMENTOS 15
3.3. O Orçamento 19
3.4. Modificações ao Orçamento e ao PPI 23
3.5. Modificações ao Plano Plurianual de Investimentos 26
Capítulo 4 – Execução do Orçamento 28
4.1.Execução Orçamental da Receita 28
4.1.1. Fases da arrecadação da receita 29
4.1.2. Registos contabilísticos da Receita 30
4.1.3. Documentos de suporte ao registo da receita 30
4.2. Execução Orçamental da Despesa 34
4.2.1. Fases de registo contabilístico da despesa 36
4.3. Operações de tesouraria 38
4.3.1. As retenções de Impostos e as cauções 38
4.3.2. Reposições abatidas nos pagamentos 39
4.3.3. Classificador Económico das operações de tesouraria 39
4.3.4. Movimentos contabilísticos com Operações de Tesouraria 40
Capítulo 5 - PRESTAÇÃO DE CONTAS 42
5.1. Enquadramento legal Prestação de Contas 42
5.2. Prazos para a apresentação das Contas 43
5.3. Efetivação das responsabilidades financeiras 44
5.4. Documentos de Prestação de Contas 45
Capítulo 6- O Sistema de Controlo Interno no POCAL 53
6.1. Introdução 53
6.2. Elementos do Sistema de Controlo Interno 53
6.3. Os métodos e procedimentos de controlo 55
Capítulo 7 - Lei dos compromissos e pagamentos em atraso (LCPA) 66
7.1. Enquadramento: 66
7.2. Principais conceitos da Lei dos Compromissos e Pagamentos em atraso. 69

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Nota Prévia
O regime relativo à contabilidade das autarquias locais visa a sua uniformização, normalização e
simplificação, de modo a constituir um instrumento de gestão económico-financeira, permitir o
conhecimento completo do valor contabilístico do respetivo património, bem como a apreciação
e julgamento das respetivas contas anuais
A contabilidade das autarquias locais baseia-se no Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias
Locais (POCAL), podendo ainda dispor de outros instrumentos necessários à boa gestão e ao
controlo dos dinheiros e outros ativos públicos, nos termos previstos na lei. A diversidade e di-
mensão das entidades contabilísticas que se enquadram no POCAL levou o legislador a dividi-las
em dois grandes grupos: Regime Geral e Regime Simplificado. Pertencem ao Regime Simplifica-
do as entidades cujo Orçamento anual seja inferior a 5000 vezes o índice 100 da escala indiciária
das carreiras do Regime Geral da Função Pública (Orçamento Anual igual ou superior (5000 *
343,28 €) = 1716 400 €
As 3091 Freguesias ( resultante da recente reforma administrativa) existentes em Portugal en-
quadram-se na sua grande maioria no regime simplificado. Efetivamente há uma heterogenei-
dade muito grande na dimensão das Freguesia, refira--se por exemplo que existem Freguesias
com orçamentos muito reduzidos e por outro lado algumas freguesias com orçamentos muito
elevados (algumas mesmo que implementam o regime completo).
O sistema contabilístico a implementar, embora simplificado, em muitos casos exigirá a colabo-
ração de um Técnico Oficial de Contas, pelas novas exigências contabilísticas e pela responsabi-
lidade cada vez maior na prestação de contas.
Face a esta realidade, entendeu-se que este manual deveria cobrir todas as obrigações inerentes
ao regime simplificado (apesar de muitas freguesias não terem a necessidade de desenvolver na
totalidade o apresentado). O manual tem em atenção o legislado propondo ainda metodologias e
procedimentos a adotar pelas freguesias com vista a enriquecer o sistema contabilístico.
Pretende-se nesta formação e com o apoio deste Manual que os Técnicos Oficiais de Contas que
nela participem adquiram os conhecimentos necessários para colaborarem com estas entidades
contabilísticas, muitas delas carentes de Técnicos especializados em Contabilidade Pública. As-
sim, pretende-se que os leitores deste Manual e participantes na formação em sala, sejam capa-
zes de:
• Conhecer o processo da aprovação do Orçamento Anual;
• Conhecer as regras e princípios que estruturam o Orçamento;
• Estabelecer uma metodologia para a elaboração do Orçamento;
• Conhecer o tipo de modificações orçamentais e respetivas funções;
• Conhecer as diferentes funcionalidades das alterações orçamentais e das revisões orça-
mentais;
• Conhecer as regras da execução orçamental da despesa;

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• Identificar as fases orçamentais da despesa;


• Identificar as fases de registo contabilístico da despesa;
• Conhecer as regras e procedimentos para a atribuição de fundo de maneio;
• Conhecer o tipo de operações extraorçamentais;
• Conhecer o registo das operações extraorçamentais;
• Identificar e analisar o mapa de operações de tesouraria.
• Conhecer os métodos e procedimentos de controlo interno
• Identificar os diferentes mapas de prestação de contas.
Para a elaboração deste manual recorreu-se a vária legislação e ao POCAL comentado (Rei dos
Livros),de autoria de João Carvalho, Ana Teixeira e Maria José Fernandes.

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Capítulo 1 - A nova lei das finanças locais


A Lei 73/2013, de 3 de setembro1, Lei que Estabelece o regime financeiro das autarquias locais e
das entidades intermunicipais, entrando em vigor em 1 de janeiro de 2014.
Nos pontos seguintes apresentam-se as principais diferenças no que respeita a tipologia da recei-
ta bem os valores a serem considerados.

1.2 Diferenças em relação à anterior LFL

As receitas das freguesias estão previstas no artigo 23º da Lei 73/2013 de 3 de setembro.
1. Constituem receitas das freguesias:
a) O produto da receita do IMI sobre prédios rústicos e uma participação no valor de 1 %
da receita do IMI sobre prédios urbanos;
b) O produto de cobrança de taxas, nomeadamente provenientes da prestação de serviços
pelas freguesias;
c) O rendimento de mercados e cemitérios das freguesias;
d) O produto de multas e coimas fixadas por lei, regulamento ou postura que caibam às
freguesias;
e) O rendimento de bens próprios, móveis ou imóveis, por elas administrados, dados em
concessão ou cedidos para exploração;
f) O produto de heranças, legados, doações e outras liberalidades a favor das freguesias;
g) O produto da alienação de bens próprios, móveis ou imóveis;
h) O produto de empréstimos de curto prazo;
i) O produto da participação nos recursos públicos determinada nos termos do disposto
nos artigos 38.º e seguintes;
j) Outras receitais estabelecidas por lei ou regulamento a favor das freguesias.

2. O disposto no artigo 22.º, no âmbito da cooperação técnica e financeira, aplica-se às freguesias.

  Com as alterações pela Retificação n.º 46-B/2013, de 01/11


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O quadro seguinte sintetiza as diferenças em termos financeiros da nova Lei das Finanças Locais
em relação à anterior lei de acordo com a informação disponibilizada no site da ANAFRE.
Receitas:

Lei 73/2013, de 3 de setembro Lei 2/2007 de 15 de janeiro

IMI urbano As freguesias recebem 1% do IMI urbano As freguesias não recebiam IMI urbano

IMI rural As freguesias recebem a totalidade do IMI rural As freguesias recebiam 50% do IMI rural

Produto da participação nos recursos públicos


Nova receita determinada nos termos do disposto nos artigos 38º
e seguintes da LFL (site da ANAFRE)

As freguesias têm direito a uma participação As freguesias têm direito a uma participação nos
nos impostos do Estado equivalente a 2% da impostos do Estado equivalente a 2,5% da média
média aritmética simples da receita do IRS, IRC aritmética simples da receita do IRS, IRC e do IVA
FFF
e do IVA nos termos do nº2 do art.º25 da LFL, nos termos do nº2 do art.º19 da anterior da LFL, a
a qual constitui o Fundo de Financiamento das qual constitui o Fundo de Financiamento das Fre-
Freguesias (FFF) guesias (FFF)

Relativamente ao regime de crédito as freguesias nos termos do artigo nº 55 da Lei 73/2013 de 3


de setembro:
1. As freguesias podem contrair empréstimos de curto prazo e utilizar aberturas de crédito,
junto de quaisquer instituições autorizadas por lei a conceder crédito, que devem ser amor-
tizados até ao final do exercício económico em que foram contratados.
2. As freguesias podem celebrar contratos de locação financeira para aquisição de bens móveis,
por um prazo máximo de cinco anos.
3. As freguesias podem celebrar contratos de locação financeira de bens imóveis com duração
anual, renovável até ao limite de cinco anos, e desde que os respetivos encargos sejam supor-
tados através de receitas próprias
4. A celebração de contratos de empréstimos de curto prazo, de aberturas de crédito e de loca-
ção financeira compete à junta de freguesia, mediante prévia autorização da assembleia de
freguesia ou do plenário de cidadãos eleitores.
5. Os empréstimos de curto prazo e as aberturas de crédito são contraídos para ocorrer a difi-
culdades de tesouraria, não podendo o seu montante exceder, em qualquer momento, 10 %
do FFF respetivo.
6. Constituem garantia dos empréstimos contraídos as receitas provenientes do FFF.
7. É vedado às freguesias quer o aceite quer o saque de letras de câmbio, a concessão de avales
cambiários, bem como a subscrição de livranças, a concessão de garantias pessoais e reais e
a contração de empréstimos de médio e longo prazos, exceto o disposto no n.º 4.
8. O montante das dívidas orçamentais das freguesias a terceiros, excluindo as relativas a con-
tratos de empréstimo de curto prazo ou aberturas de crédito, não pode ultrapassar 50 % das
suas receitas totais arrecadadas no ano anterior.
9. Quando o endividamento a fornecedores não cumpra o disposto no número anterior, o mon-
tante da dívida deve ser reduzido em 10 %, em cada ano subsequente, até que o limite se
encontre cumprido.
10. No caso previsto no número anterior, compete ao órgão executivo elaborar o plano de redu-
ção da dívida até ao limite de endividamento previsto no n.º 7 e apresentá-lo à assembleia de
freguesia para a aprovação.

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Lei 73/2013 de 3 de setembro Lei 2/2007 de 15 de janeiro

Podem contrair empréstimos de curto prazo Podem contrair empréstimos de curto prazo
Empréstimo de curto
desde que sejam amortizados até ao final do desde que sejam amortizados na sua totali-
prazo
exercício económico em que foram contratados dade no prazo máximo de um ano

Podem celebrar contratos de locação financeira


para a aquisição de bens imóveis com duração
Leasing: anual, renovável até ao limite de cinco anos,
desde que os respetivos encargos sejam supor-
tados através de receitas próprias

No respetivo sítio da Internet deve estar a pro-


Publicidade posta de orçamento apresentado pelo órgão
executivo ao deliberativo

(de acordo com o site da ANAFRE)

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Capítulo 2 – A Contabilidade das Juntas de Freguesia


O regime relativo à contabilidade das autarquias locais visa a sua uniformização, normalização
e simplificação, de modo a constituir um instrumento de gestão económico-financeira, per-
mitir o conhecimento completo do valor contabilístico do respetivo património, bem como a
apreciação e julgamento das respetivas contas anuais.
A contabilidade das autarquias locais baseia-se no Plano Oficial de Contabilidade das Autar-
quias Locais (POCAL), podendo ainda dispor de outros instrumentos necessários à boa gestão e
ao controlo dos dinheiros e outros ativos públicos, nos termos previstos na lei.
O Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais (POCAL) – Decreto-Lei n.º 54-
A/99, de 22 de fevereiro, é o “edifício” estruturante do ponto de vista conceptual, orga-
nizacional e instrumental da informação contabilística para efeitos de gestão, controlo e
informação
Quando falamos de POCAL e da sua implementação teremos naturalmente de ter em considera-
ção não só o diploma mas a legislação enquadradora (antes e pós aprovação do POCAL) de suporte
as regras e princípios inerentes ao sistema contabilístico, entre outras:
• Lei 73/2013 de 3 de setembro (Lei das Finanças Locais)
• Lei do Enquadramento Orçamental – Lei 91/2001, republicada pela Lei 48/2004 de 24 de
agosto;
• Resolução nº4/2001 de 18 de agosto (Instruções para organização e documentação das
contas;
• A recente Lei dos compromissos e pagamentos de atraso Lei 8/2012, de 21 de fevereiro e
respetivo Decreto-Lei 127/2012, de 21 de junho
• Entre outros
No POCAL são definidos no POCAL 2 regimes contabilísticos: O regime geral e o regime simpli-
ficado. O simplificado associado a autarquias locais de menor dimensão que pelo seu volume de
movimento financeiro não justifica a implementação do sistema contabilístico completo.
Assim, as entidades (grande maioria de freguesias) que implemente o regime simplificado terá
apenas de implementar o sistema orçamental, permitindo o controlo e execução do orçamento.
As entidades que implemente o regime geral deverão implementar os três sistemas contabilísti-
cos, o orçamental, o patrimonial e o de custos os principais documentos de prestação de contas
são: Balanço, Demonstração de resultados, Mapas de execução orçamental, mapa de fluxos de
caixa, anexos às demonstrações financeiras e relatório de gestão.
Pertencem ao Regime Simplificado as entidades cujo Orçamento anual seja inferior a 5000 vezes
o índice 100 da escala indiciária das carreiras do Regime Geral da Função Pública (Orçamento
Anual igual ou superior (5000 * 343,28€) = 1 716 400 €). Estas entidades são obrigadas a apresen-
tar os seguintes documentos de prestação de contas, conforme o POCAL:

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PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE DAS AUTARQUIAS LOCAIS (POCAL)


(Decreto de Lei n.º 54-A/99, de 22 de fevereiro)
Considerações técnicas:

3 - A informação relativa à prestação de contas das autarquias locais cujo movimento de


receita seja inferior a 5000 vezes o índice 100 da escala indiciária das carreiras do regime
geral da função pública, arredondado para o milhar de escudos mais próximo, é apresen-
tada nos seguintes mapas:
• Controlo orçamental - Despesa;
• Controlo orçamental - Receita;
• Execução anual do plano plurianual de investimentos;
• Operações de tesouraria;
• Contas de ordem;
• Fluxos de caixa;
• Empréstimos;
• Outras dívidas a terceiros;
• Caracterização da entidade;
• Relatório de gestão.

Em resumo, são obrigações contabilísticas das Juntas de Freguesia pertencentes ao regime sim-
plificado:

Documentos previsionais Execução Prestação de contas


Elaborar e aprovar o Orça- Registar as seguintes fases Mapa de execução orçamen-
mento da receita da despesa: tal da Receita
• Liquidação Fluxos de caixa
• Cobrança
Empréstimos
Elaborar e aprovar o Orça- Registar as seguintes fases Mapa de execução orçamen-
mento da despesa da despesa: tal da Despesa Outras dívidas a ter-
• Cabimento ceiros
• Compromisso
• Autorização de paga- Relatório de gestão
mento
• Pagamento

Elaborar e aprovar o Plano Registar as receitas e as des- Execução anual do plano plu-
Plurianual de Investimentos pesas por investimentos rianual de investimentos
Registar as operações de Mapa das operações de te-
tesouraria souraria

A diferenciação dos documentos a apresentar, em prestação de contas, relativamente às autar-


quias integradas ou no regime geral ou no regime simplificado do POCAL advém de facto de ser
não exigível aplicação do sistema de contabilidade patrimonial. No quadro seguinte apresenta-se
de forma resumida essas diferenças.

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Obrigações contabilísticas Regime geral Regime simplificado

Inventário e valorização SIM SIM

Norma de controlo interno SIM SIM

Documentos previsionais:
- PPI SIM SIM
- Orçamento

Contabilidade orçamental SIM SIM

Contabilidade patrimonial SIM NÃO

Contabilidade de custos SIM NÃO

De referir que, quase todas as freguesias a nível nacional não estão sujeitas ao regime geral, isto
é não são obrigadas a implementar a contabilidade patrimonial, nem a utilização do método di-
gráfico para a execução do orçamento. No entanto, o POCAL não impede que as freguesias optem
pelo regime geral, tendo como objetivo o aumento da informação contabilística. Assim, verifi-
camos que apesar de não estarem obrigadas à implementação do regime completo, algumas fre-
guesias (sobretudo as de maior dimensão) optam por implementar o regime completo do POCAL.
A Resolução n.º 4/2001 – II Secção do Tribunal de Contas, estabelece da seguinte forma, os docu-
mentos de prestação de contas que autarquias locais e entidades equiparadas deverão enviar ao
tribunal de contas:

Entidades do Regime Simplificado


Regime Geral Regime Simplificado
dispensadas da remessa das contas

Balanço --- ---


Demonstração de Resultados --- ---
Controlo Orçamental da Despesa Controlo orçamental da despesa ---
Controlo Orçamental da Receita Controlo orçamental da receita ---
Fluxos de Caixa Fluxos de caixa Conta de Gerência e Mapa de Fluxos de
Contas de Ordem Contas de ordem caixa
Operações de Tesouraria Operações de tesouraria ---
Caracterização da entidade Caracterização da entidade ---
Contratação administrativa --- ---
Empréstimos Empréstimos ---
Relatório de Gestão Relatório de gestão ---
Ata da Reunião em que foi discutida Ata da reunião em que foi discutida e ---
e votada a conta votada a conta Ata da reunião em que foi discutida e
Norma de Controlo Interno e suas Norma de controlo interno e suas alte- votada a conta
Alterações rações
Síntese das reconciliações bancárias Síntese das reconciliações bancárias ---
Relação nominal de responsáveis. Relação nominal de responsáveis
---
Relação nominal de responsáveis.

As entidades sujeitas ao regime simplificado têm as seguintes obrigações contabilísticas:


1. Ter uma contabilidade organizada
2. Elaborar e aprovar o inventário e proceder à respetiva avaliação
3. Elaborar, aprovar e executar Documentos Previsionais
4. Executar o orçamento da despesa e da receita
5. Elaborar e aprovar um Sistema de Controlo Interno
6. Elaborar e apresentar a Prestação de Contas aos diferentes destinatários
No ponto sobre Sistema Contabilístico – Documentos e Registos (ponto 12 do POCAL) são defini-
dos uma série de documentos contabilísticos que servirão de suporte à organização contabilísti-

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ca, bem como à definição de procedimentos contabilísticos a implementar. No quadro seguinte


são referenciados os documentos inerentes ao regime simplificado.

Tipos de documento Regime simplificado do POCAL

Guia de recebimento (SC-1)


Guia de débito ao tesoureiro (SC-2)
Guia de anulação da receita Virtual
Requisição Interna (SC-3)
De suporte ao registo da receita, despesa e Requisição externa (SC-4)
operações de tesouraria Ordem de Pagamento (SC-5)
Folha de Remunerações (SC-6)
Guia de reposições abatidas aos pagamentos
(SC-7)

Folha de caixa (SC-8)


Resumo diário de tesouraria (SC9)
Conta corrente da receita (SC-10)
Conta corrente da despesa (SC-11)
Conta corrente com instituições de crédito (SC-12)
De escrituração permanente
Conta-corrente de entidades (SC-13)
Diários de entidades (SC-14)
Conta-corrente de operações de tesouraria (SC-
15)
Conta-corrente de contas de ordem (SC-16)

Do Inventário e Cadastro Patrimonial importa caracterizar os dois principais diplomas legais


que contêm as normas de património e inventariação dos bens das Freguesias e que são a Lei n.º
477/80, de 15 de outubro e a Portaria n.º 671/2000, de 17 de abril.

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Capítulo 3 – Os Documentos Previsionais

3.1. Documentos previsionais


No âmbito do planeamento da respetiva atividade e no da gestão financeira compete à Junta de
freguesia (artigo 16.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro), elaborar e submeter à aprovação da
Assembleia de Freguesia ou do plenário de cidadãos eleitores as Opções do Plano e a proposta do
Orçamento.
Nos artigos 11.º e 61.º determina-se que a Assembleia de Freguesia aprovará as opções do plano e a
proposta de orçamento na reunião ordinária de dezembro, salvo no ano da realização de eleições
gerais em que a aprovação terá lugar no final do mês de abril.
A estrutura da proposta de aprovação dos documentos previsionais a enviar à Assembleia de Fre-
guesia deverá conter:
a) Documento de apresentação e justificação dos valores orçamentais propostos devendo in-
cluir a apreciação dos seguintes aspetos:
-- Linhas gerais da política orçamental;
-- Evolução dos principais agregados de receita, por classificação económica;
-- Evolução dos principais agregados de despesa, por classificação económica, e funcional;
-- Evolução das despesas por objetivos, programas, projetos/ações, considerando o plano
plurianual de investimento;
-- Discriminação dos investimentos, por capítulo económico, num horizonte móvel de
quatro anos;
-- Evolução das despesas previstas, comparando o proposto para o ano com as despesas
propostas para o ano n-1, por classificação económica;
-- Evolução das despesas com pessoal;
-- Mapas resumo das despesas segundo a classificação económica;
-- Especificação das transferências financeiras da autarquia para o exterior;
-- Memória descritiva da transferência de competências por parte do município;
-- Transferências orçamentais do município;
-- Outros elementos informativos relevantes justificativos das principais decisões orça-
mentais propostas que constituam anexos ao relatório.
b) Mapas orçamentais (ponto 7.2 do POCAL):
-- Resumo das receitas e das despesas;
-- Orçamento das Receitas e Despesas por classificação económica, devendo obedecer às
seguintes regras:
• O valor dos pagamentos nunca pode ser superior ao valor dos recebimentos
• As receitas de capital não podem ser superiores às despesas de capital (ou seja, parte
das despesas correntes devem ser utilizadas em investimentos);
c) Plano Plurianual de Investimentos – PPI;
d) Proposta (texto) em que se solicita à Assembleia de Freguesia o seguinte:

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-- A aprovação dos mapas orçamentais e grandes opções do plano;


-- A aprovação dos montantes totais das receitas e despesas por natureza económica;
-- A aprovação da tabela de taxas, de tarifas e preços (se a mesma for apresentada com o
orçamento);
-- A aprovação das normas regulamentares à execução orçamental;
-- A autorização ao executivo, por parte da assembleia de freguesia, para contrair emprés-
timos a curto prazo até ao montante legalmente estabelecido.
e) Norma de Controlo Interno – NCI o qual:
-- Deve conter disposições gerais relativas às operações respeitantes à arrecadação de re-
ceita, e à realização das despesas, ao movimento das operações de tesouraria, às respe-
tivas operações de controlo e responsabilidade da autarquia;
-- Poderá estabelecer os procedimentos contabilísticos relativos àquelas operações bem
como definir os responsáveis pela sua execução;
-- Deve ser aprovado anualmente uma vez que deve definir as regras e as condições espe-
cíficas à execução do orçamento.
No regime simplificado de contabilidade para as freguesias nos moldes definidos no POCAL,
apenas se exige que os documentos previsionais contemplem informação do ponto de vista or-
çamental.

Plano Plurianual de Investimentos


Grandes Opções do Plano
Outras atividades relevantes, não de investimento
Documentos previsionais
(Regime simplificado)
- Resumo do Orçamento,
Orçamento - Orçamento de despesa
- Orçamento de receita

3.2. As Grandes Opções do Plano e o Plano PLURIANUAL DE INVESTIMENTOS


As Grandes Opções do Plano (GOP’s) são apresentadas num horizonte móvel de 4 anos, e deverão
constituir o elemento primordial e estruturante das políticas definidas pela freguesia, a desen-
volver para o ano a que se refere o orçamento. É um documento onde o executivo apresenta e
define as suas linhas estratégicas de intervenção. Deverá revestir uma natureza programática e
ser organizado por ações, refletindo obrigatoriamente todas as atividades de investimento (Pla-
no Plurianual de Investimento), e facultando outras ações relevantes (Plano de Atividades mais
relevantes).
O Plano Plurianual de Investimentos (PPI) deve ser elaborado num horizonte móvel de quatro
anos. Deve incluir todos os projetos e ações de investimentos a realizar no âmbito dos objetivos
estabelecidos pela freguesia e deve explicitar a respetiva previsão da despesa.
A elaboração do Plano Plurianual de Investimento exige a apreensão da atividade global da Fre-
guesia, respeitando-se a delimitação das atribuições definidas no capítulo II da Lei n.º 75/2013,
de 12 de setembro no seu artigo 7º, as quais abrangem um leque de domínios de intervenção,
bastante alargado, sem contudo delimitarem os níveis de ação dos mesmos.
O PPI deve incluir todos os projetos de investimentos a realizar pela freguesia, podendo apenas
nele serem inscritos, projetos relativos aos investimentos relacionados com as atribuições taxati-
vamente referidas na lei, nos termos já explicitados.

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As despesas realizadas em investimentos que extravasem aquelas atribuições são ilegais, sendo-
-as, também, as que se reportam a projetos não inscritos no plano plurianual de investimento,
embora no âmbito das atribuições das autarquias. Contudo, a adequação das necessidades emer-
gentes ou até subsequentes ao desenrolar das atividades podem ser objeto de alterações do PPI
inicialmente aprovado com a criação até de novas atividades.
O PPI deverá ainda considerar os investimentos que forem delegados às freguesias pelos muni-
cípios nos termos da lei.
Com o objetivo de racionalizar e reforçar o controlo de gestão e de execução orçamental, as des-
pesas de investimento (despesas cuja classificação económica se reporta ao capítulo 07- «Aquisi-
ção de bens de investimento»), serão inscritas por projetos, podendo cada um destes desdobrar-
-se em ações. Os projetos são agrupados em programas, e estes integram-se em objetivos.
Contudo, para melhor uniformização e compreensão dos investimentos realizados defende-se
que os Objetivos (unidade macro do Plano) correspondam e sejam por isso identificados pela
classificação funcional apresentada no ponto 10.1 do POCAL.
O Projeto (PRJ) é indicativo do ano em que se inscreve pela primeira vez a ações afins do Pro-
grama, sendo as mesmas agrupadas por um número sequencial dentro do Plano Plurianual de
Investimentos (PPI).
A ação/atividade concreta a realizar distingue-se pela sua natureza e tem uma numeração se-
quencial no Projeto para o qual contribui isoladamente ou com outras ações. A organização do
PPI, nesta estrutura é da responsabilidade de cada autarquia.
Apresenta-se, a seguir, um extrato da estrutura de um possível plano plurianual de investimen-
tos, para 2014 por objetivos/funções (OB), programas/subfunções (PR), projetos (PRJ) e ações
(AC), conforme preceituado no POCAL

PRJ
Objetivo PR AC Descrição
Ano N.

02 Função Social

211 ENSINO NÃO SUPERIOR

2012 5 Manutenção das instalações escolares

1 Remodelação da caixilharia das escolas

2 Remodelação das instalações sanitárias das escolas e das caleiras

2013 7 Manutenção das instalações escolares

1 Remodelação dos recreios escolares

2014 8 1 Aquisição de equipamento escolar

252 Serviços culturais, recreativos e religiosos

2014 1 Remodelação dos parques infantis

1 Remodelação dos parques infantis

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10.1. – Classificação funcional

Código Rubricas
1. Funções gerais
1.1.0. Serviços gerais de administração pública
1.1.1. Administração geral
1.2.0. Segurança e ordem públicas
1.2.1. Proteção civil e luta contra incêndios
1.2.2. Polícia municipal
2. Funções sociais
2.1.0. Educação
2.1.1. Ensino não superior
2.1.2. Serviços auxiliares de ensino
2.2.0. Saúde
2.2.1. Serviços individuais de saúde
2.3.0. Segurança e ações sociais
2.3.1. Segurança social
2.3.2. Acão social
2.4.0. Habitação e serviços coletivos
2.4.1. Habitação
2.4.2. Ordenamento do território
2.4.3. Saneamento
2.4.4. Abastecimento de água
2.4.5. Resíduos sólidos
2.4.6. Proteção do meio Ambiente e conservação da natureza
2.5.0. Serviços culturais, recreativos e religiosos
2.5.1. Cultura
2.5.2. Desporto, recreio e lazer
2.5.3. Outras atividades cívicas e religiosas
3. Funções económicas
3.1.0. Agricultura, pecuária, silvicultura, caça e pesca
3.2.0. Indústria e energia
3.3.0. Transportes e comunicações
3.3.1. Transportes rodoviários
3.3.2. Transportes aéreos
3.3.3. Transportes fluviais
3.4.0. Comércio e turismo
3.4.1. Mercados e Feiras
3.4.2. Turismo
3.5.0. Outras funções económicas
4. Outras funções
4.1.0. Operações da dívida autárquica
4.2.0. Transferências entre administrações
4.3.0. Diversas não especificadas

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7.1 – Plano Plurianual de Investimentos

(designação da autarquia local) unidade: €uros3


Código da N.º do Designação Forma de Fonte de Datas Fase de Realizado Despesas Total
classi- projeto/ do programa realiza- financiamento execução © previsto
ficação ação e projeto/ -ção (g)
AC AA FC 20... Anos seguintes

Responsável
econó- (a) ação
Objetivo

mica (b) Total Finan- Finan- 20.. ... ... Outros

Início
d)=(e)+(f) cia- ciamento

Fim
mento não
definido definido
(e) (f)

Total geral

O número atribuído a cada projeto é sequencial em cada ano e acompanha o projeto até à sua
conclusão
a) Designação de todos os projetos e ações dentro de cada programa
b) Deve considerar-se o montante das despesas realizadas por projeto a 1 de outubro do ano
em curso
c) Devem considerar-se todas as despesas a suportar coma realização do projeto/ação no
respetivo curso
d) Deve considerar-se o montante das despesas a suportar com a realização do projeto/ação
no respetivo ano
e) Deve considerar-se o montante das despesas do projeto/ação, cujo financiamento se en-
contra em negociação
f) O “Total previsto” é igual à importância na coluna © adicionado da importância da co-
luna (d) e dos montantes de cada das colunas de “Anos seguintes”.
Para a elaboração do Plano Plurianual de Investimentos aconselha-se o cumprimento destas três
fases distintas e sequenciais:
1ª Fase: A elaboração de um pré-documento nos termos do exigido no modelo 7.1 do POCAL prio-
ritariamente para as seguintes situações:
a) Para todas as iniciativas em curso, dotando-se as correspondentes rubricas orçamentais
de montantes suficientes para a cabimentação dos respetivos cronogramas financeiros
atualizados à data de elaboração do documento (outubro de cada ano económico em cur-
so). A esta previsão dever-se-á acrescentar a previsão relativa à despesa realizada e se
presume não ser paga no ano em curso (ano em que se elabora o orçamento).
b) Cálculo do valor das iniciativas que embora não estando ainda contratualizadas se re-
portam a atividades com caráter de continuidade, cuja não execução poderão por em
causa a segurança e preservação dos ativos patrimoniais da autarquia (são exemplo, as
despesas de manutenção e conservação).
2ª Fase: Esta fase exige um rigoroso processo de planeamento que está subordinado ao projeto
politico que é lhe subjacente. Os momentos de implementação poderão ser os seguintes:
a) Identificação das situações socioeconómicas que exigem investimento;

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Esta programação poderá decorrer naturalmente de uma lógica de continuidade de um man-


dato, e/ou de uma preocupação contínua de adaptação aos sempre novos desafios exigidos,
tanto pela progressiva desconcentração (e por vezes descentralização de poderes), como da
normal evolução dos territórios da intervenção autárquica, através da identificação de situ-
ações críticas a ultrapassar. Cabe ainda nesta fase a identificação das competências transfe-
ridas do município para a freguesia.
b) Correlacionamento dessas situações com os objetivos/funções definidos ou a definir, se
for o caso disso;
Este correlacionamento poderá servir de guia à definição e elenco das ações que concretiza-
rão os objetivos, e os programas já definidos e hierarquizados, que compõem a estrutura do
Plano Plurianual de Investimentos, conforme sugerido no ponto anterior.
c) Definição dos projetos a realizar para satisfazer aqueles objetivos/funções;
Fixados os grandes objetivos/funções e os programas a desenvolver, ter-se-á que identificar
os projetos e as ações que serão necessárias executar para atingir esses objetivos. Este mo-
mento de programação do plano plurianual de investimentos obriga à previsão das despesas
por cada ação. Para o efeito, cada responsável pela sua eventual execução, recolherá os ele-
mentos e informação de forma o mais fiável possível.
d) Definição de prioridades e seleção dos projetos possíveis de executar em face dos recur-
sos financeiros disponíveis.
Só se poderá avançar no processo de construção do PPI, se se souber quais são os recursos
financeiros de que a autarquia poderá dispor para as novas ações. A priorização e hierar-
quização das ações a desenvolver, depois de se assegurar os meios financeiros para as ações
em curso e para aquelas cuja continuidade é imprescindível, deve obedecer ao programa de
resolução das necessidades públicas, também elas hierarquizadas tendo em conta o impacto
que a sua satisfação tem na melhoria da qualidade de vida do cidadão.
Deverá ser uma prioridade imediata, a execução de ações delegadas pelo município, através
de Contratos-Programa, ou outras ações em desenvolvimento ou a desenvolver através de
programas de apoio da Administração Central. Estas ações têm que ser suficientemente por-
menorizadas para de avaliar o nível de execução dos contratos-programa, e para se estimar
a contrapartida financeira exigida à freguesia e paga com recursos próprios. Esta exigência
poderá pôr em risco a concretização de protocolos de cooperação se não forem devidamente
aprovisionadas as dotações necessárias à cobertura das mesmas.

3.3. O Orçamento
O orçamento é uma previsão de recebimentos e de pagamentos para um determinado ano civil.
Na previsão de pagamentos é importante fundamentar-se numa previsão de receitas não otimis-
ta. Assim, o POCAL estabelece princípios e regras para a elaboração do Orçamento, procurando-
-se acautelar o melhor possível as previsões das receitas a cobrar sustentando-as em dados com
elevado grau de fiabilidade orçamental que nas freguesias atingem normalmente uma percenta-
gem elevada de conformidade.
Na maioria das Freguesias a principal fonte de receita é o FFF (Fundo de Financiamento das Fre-
guesias) cujo valor a transferir é definido anualmente com base nos critérios estabelecidos na
Lei das Finanças Locais. Tal situação deve-se essencialmente ao facto de dependerem em quase
100% de receitas certas que não dependem de fatores externos, como a evolução da própria eco-
nomia. Outra fontes de receita normalmente já identificada no momento da elaboração do Orça-
mento são as transferências dos municípios, sejam como simples apoios sejam como sustentação
financeira de contratos-programa de delegação de competências.

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Por outro lado, a aplicação dos fundos previstos em determinadas despesas de investimento e
despesas correntes dependerá de uma rigorosa escolha de objetivos e finalidades a desenvolver
pelo executivo, hierarquizadas com vista à sua adequação aos recursos materiais identificados.
Ainda quanto aos princípios e regras é de salientar o seguinte:
a) De acordo com o princípio da autonomia financeira (art.º6 da LFL) o Orçamento de uma
freguesia é independente do Orçamento de Estado e do Município;
b) Conforme os princípios da universalidade e da unidade existe um modelo do orçamento
(alíneas a) c) e d) do ponto 3.1.1. do POCAL), e um conjunto de oito regras que são impres-
cindíveis ao modelo e estrutura do orçamento. Por outro lado, o orçamento é único devendo
conter todas as receitas e todas as despesas que se preveem cobrar e realizar no período fi-
nanceiro devidamente especificadas e escritas pelo seu valor integrar sem deduções de qual-
quer natureza.
c) Anualidade – O Orçamento da Autarquia é anual, coincidindo com o ano civil. Deve, no
entanto, ser enquadrado na perspetiva plurianual, permitindo não só evidenciar as despesas
previstas no plano plurianual de investimento, para um horizonte de quatro anos, bem como
outras despesas obrigatórias decorrentes de contratos preestabelecidos com vinculação para
anos futuros.
d) Unidade e Universalidade – O orçamento da freguesia é unitário e compreende todas as
receitas e despesas autárquicas.
e) Com base no princípio da não consignação, o produto de quaisquer receitas não pode ser
afeto à cobertura de determinadas despesas salvo em situações previstas na lei, como é o
caso do financiamento específico para uma Obra.
f) Não consignação – São exceção a esta regra, e nos termos do n.º 2 do artigo 43º da LFL:
- Fundos comunitários;
- Fundo Social Municipal;
- Cooperação técnica e financeira, nos termos do artigo 22.º;
- Empréstimos a médio e longo prazos para aplicação em investimento ou contraídos
no âmbito de mecanismos de recuperação financeira nos termos dos artigos 51.º e 57.º
e seguintes;
- Receitas provenientes dos preços cobrados nas situações referidas no n.º 8 do artigo 21.º.
g) O princípio da especificação (alínea f) do ponto 3.1 do POCAL) obriga, ainda, que as des-
pesas sejam fixadas de acordo com a classificação funcional, no sistema de contabilidade de
custos e na elaboração do Plano Plurianual de Investimentos. Por outro lado, e sem prejuízo
da sua especificação de acordo com a classificação funcional e económica, as despesas ins-
critas no Plano Plurianual de Investimentos podem estruturar-se por programas, projetos e
ações integrando desta forma as grandes opções do plano.
h) As importâncias relativas aos impostos, taxas e tarifas a inscrever no orçamento não po-
dem ser superiores a metade das cobranças efetuadas nos últimos 24 meses que precedem
o mês da sua elaboração, exceto no que diz respeito a receitas novas ou a atualizações dos
impostos, bem como dos regulamentos das taxas e tarifas que já tenham sido objeto de deli-
beração, devendo-se, então juntar ao orçamento os estudos ou análises técnicas elaborados
para determinação dos seus montantes;
i) As importâncias relativas às transferências correntes e de capital só podem ser conside-
radas no orçamento desde que estejam em conformidade com a efetiva atribuição ou apro-

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vação pela entidade competente, exceto quando se trate de receitas provenientes de fundos
comunitários, em que os momentos das correspondentes dotações de despesa, resultantes de
uma previsão de valor superior ao da receita de fundo comunitário aprovado, não podem ser
utilizadas como contrapartida de alterações orçamentais para outras dotações;
j) As importâncias previstas para despesas com pessoal devem considerar apenas o pessoal
que ocupe lugares de quadro, requisitado e em comissão de serviço, tendo em conta o índice
salarial que o funcionário atinge no ano a que o orçamento respeita, por efeitos da progressão
de escalão na mesma categoria, e aquele pessoal com contratos a termo certo ou cujos con-
tratos ou abertura de concurso para ingresso ou acesso estejam devidamente aprovados no
momento da elaboração do orçamento;
k) No orçamento inicial, as importâncias a considerar nas rubricas “Remunerações de pes-
soal” devem corresponder à da tabela de vencimentos em vigor, sendo atualizada com base
na taxa de inflação prevista, se ainda não tiver sido publicada a tabela correspondente ao ano
a que o orçamento respeita.
A conjugação da lei que define as competências dos órgãos autárquicos (Lei n.º 75/2013, de 12 de
setembro,)2, com o definido no ponto 3.1.1 do POCAL- princípios orçamentais obriga à elabora-
ção, aprovação e execução de um orçamento anual coincidente com o ano civil. A sua inexistên-
cia nos prazos determinados na lei supra mencionada, poderá provocar a dissolução dos órgãos
da autarquia.
Para a elaboração do orçamento autárquico deverão ser dados os seguintes passos:
1. Previsão de todos os recursos financeiros possíveis de obter (receita):
Esta fase de elaboração do orçamento reveste-se de uma enorme importância, uma vez que a
avaliação das receitas é fator condicionante do orçamento da despesa. Efetivamente, uma so-
breavaliação das receitas ocasionará uma ilusão de suficiência que estimulará a realização de
despesas relativamente às quais a autarquia não disporá efetivamente de fundos financeiros su-
ficientes.
Para evitar esta situação de cálculo por excesso, as regras previsionais apresentadas no ponto 3.3.
do POCAL condicionam a avaliação das receitas, permitindo que o ajustamento das previsões se
reflitam ao longo da execução do orçamento através de alterações e revisões.
Surge assim, a par com as regras previsionais supra mencionadas, as regras do “bom senso” e da
“prudência”.
2. Identificação de todas as despesas obrigatórias e respetiva cobertura orçamental:
São consideradas despesas obrigatórias:
- As dotações necessárias para o cumprimento das obrigações decorrentes da Lei: obri-
gações fiscais, contribuições para a Caixa Geral de Aposentações;
- As dotações destinadas às remunerações certas e permanentes;
- As dotações para despesas que resultem de contratos de empreitadas, fornecimento de
bens ou de prestação de serviços em execução;
- As dotações destinadas aos pagamentos de encargos resultantes de sentenças de
quaisquer tribunais.
De referir que, se durante a execução orçamental se verificar insuficiência de dotações para pa-
gamento de despesas obrigatórias, dever-se-á promover, de imediato, as correspondentes retifi-

2
Com as seguintes alterações: Lei n.º 5-A/2002, de 11/01, Rect. n.º 4/2002, de 06/02, Rect. n.º 9/2002, de 05/03, Lei n.º
67/2007, de 31/12, Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30/11 e Lei n.º 75/2013, de 12/09

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cações ou alterações orçamentais, prejudicando, se assim for, possíveis utilizações de dotações,


dando-se prioridade absoluta às despesas destinadas ao cumprimento das obrigações autárqui-
cas.
3. Identificação de todas as receitas consignadas:
São despesas com receitas consignadas, todas aquelas que são suportadas por recursos financei-
ros provenientes de contratos-programa ou programas comunitários, já contratualizados, e por
isso cujas contrapartidas foram contabilizadas para o efeito da obtenção das receitas orçamentais
4. Identificação de novos projetos e atividades devidamente hierarquizadas:
Após a obtenção do montante das receitas previstas nos termos apresentados, e identificados os
compromissos a assumir como despesas obrigatórias, bem como as despesas com receitas con-
signadas será possível determinar o montante de receitas a inscrever no orçamento, disponível
para sustentar despesas com novas ações, novos projetos ou alargamento de atividades, ou seja,
o que poderemos chamar “novos encargos”, resumidos na seguinte fórmula:

Total das receitas previstas - Despesas obrigatórias - Despesas com receitas consignadas = Receitas disponíveis para novos encargos

O cálculo do valor das novas atividades ou das atividades que exigem continuidade deverá ser
obtido em obediência aos princípios de economia, eficácia e eficiência. Isto é calcular os encargos
ações a desenvolver segundo uma hierarquização de interesse público, numa lógica de prestar
melhor serviço com o menor custo.
Ter-se-á ainda de equacionar a hipótese de com os mesmos recursos obter mais e melhores re-
sultados. Isto pressupõe formas alternativas de resolver problemas e obter soluções. A esta forma
de avaliar os encargos chamamos avaliação direta das despesas. À forma simples de as obter pe-
los dados históricos chamamos método incrementalista da elaboração do orçamento autárquico.
Documentos
Considerando o princípio da especificação, o qual obriga à discriminação de todas as receitas e
despesas previstas, o orçamento deverá ser constituído por duas peças distintas:
- O Orçamento da Receita com a descrição por classificação económica que se preveem ar-
recadar;
- Orçamento da Despesa, com a descrição das despesas por classificação económica e facul-
tativamente por orgânica (esta só se a dimensão da freguesia o justificar).
No ponto 7.2 do POCAL estão definidos os mapas de apresentação do orçamento os quais deverão
ser extensivos às freguesias:
- Mapa resumo das despesas e receitas;
- Mapa discriminativo de toda a despesa e receita.
A classificação económica a considerar, deverá respeitar o Decreto-Lei n º 26/2002, de 14 de fe-
vereiro.

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Mapa resumo das despesas e receitas

(Designação da autarquia local) Ano

RESUMO

(Unidade: €uros3)

Receitas Montante Despesas Montante

Correntes........................... Correntes...........................
Capital............................... Capital................................

Total Total

Total Geral Total Geral

Orçamento
(Designação da autarquia local) Ano
(Unidade: €uros3)
Receitas (a) Despesas (b)
Código Designação Montante Código Designação Montante
Receitas Correntes Despesas Correntes

Total das receitas correntes Total das despesas correntes


Receitas de Capital Despesas de Capital

Total das receitas de Capital Total das despesas de capital


Total Geral Total Geral
a) Desagregar de acordo com a classificação económica das receitas
b) Desagregar de acordo com a classificação económica das despesas e em conformidade com a classificação orgânica das des-
pesas caso esta seja adotada pela Autarquia

3.4. Modificações ao Orçamento e ao PPI


As modificações orçamentais são um instrumento que visa a adequação do Orçamento e do PPI
a novas necessidades, a novas ações ou atividades não previstas no Orçamento inicial ou em or-
çamentos já modificados.
Uma modificação serve também para reajustar financeiramente ações ou atividades já existen-
tes, com dotações, no Orçamento e/ou PPI reforçando-as ou diminuindo-lhes o valor disponível
da dotação, aquela data, de modo a que as duas situações de sinal contrário se equilibrem finan-
ceiramente.
As modificações orçamentais podem ser de dois tipos:
- Alterações orçamentais:
- Revisões orçamentais.
A distinção entre alterações orçamentais e revisões orçamentais é fundamental face ao caráter
deliberativo de cada uma, as quais dependerão de órgãos distintos e por isso mesmo de diferente
influência quanto à sua eficácia prática e jurídica.
As alterações orçamentais dependerão exclusivamente da Junta de Freguesia e são aplicáveis

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quando não exigem aumento da totalidade da receita, ou quando este aumento acontece deriva-
do da afetação direta e exclusiva de recursos financeiros consignados a obras já previstas ou não
no Plano de Investimentos ou outras ações já existentes ou não nas Grandes Opções do Plano.
Trata-se da inclusão das chamadas receitas consignadas a determinadas despesas, decorrendo
a maior parte delas da contratualização de protocolos entre a freguesia e o município ou com a
Administração Central.
Quando se torna necessário incluir novas ações de investimento ou novas ações de caráter plu-
rianual tanto de caráter corrente como relacionadas com transferências de capital, então, ter-se-
-á que efetuar uma revisão orçamental, se as mesmas não dependerem de receitas que lhe estão
consignadas por Contrato-Programa ou outros financiamento específicos para aqueles fins. Isto
é, uma revisão pressupõe uma nova alocação das dotações orçamentais existentes, redistribuin-
do-as por ações novas a inscrever no PPI ou pela afetação às mesmas (novas ou existentes) do
saldo da gerência transitado do ano anterior.
Anota-se, contudo, que tanto de uma alteração como de uma revisão orçamental não poderão
resultar reforços ou ações já existentes ou novas provenientes da diminuição de ações com finan-
ciamento consignado. A não realização de uma ação protocolada com fundos que lhe são consig-
nados não liberta dotações orçamentais.
A inclusão do Saldo Orçamental do ano anterior poderá, caso a autarquia o queira afetar a despe-
sas já existentes ou a novas despesas originar uma revisão orçamental. Poderá ainda, a proposta
do executivo propor que se integre o saldo, mas não distribui-lo por qualquer rubrica da despesa,
o que lhe permitirá garantir uma melhor execução da receita, e não agravar o deficit orçamental,
com o correspondente aumento da despesa. Neste caso, o orçamento fica superavit, com a receita
superior à despesa, em termos previsionais, mas não em termos de execução orçamental, embora
isso possa acontecer, no caso de uma execução da receita prevista a 100%.
Qualquer que seja o tipo de modificação efetuada e nos procedimentos a adotar, deverá sempre
considerar-se:
a) Documentação de suporte à modificação orçamental:
Esta questão coloca-se pela necessidade de se fundamentar todas as modificações orçamentais,
explicando-se quais as necessidades públicas que se propõem a realizar, onde e porquê se re-
fletem estas modificações, e as novas origens de fundos, se as mesmas existirem, ou a razão da
diminuição de dotações de ações inicialmente previstas por um maior valor.
b) Manutenção dos princípios e regras orçamentais, nomeadamente:
- Não considerar como contrapartida orçamental de reforços de outras ações, dotações co-
bertas por receitas consignadas;
- Preservar, o equilíbrio orçamental corrente. Isto é, o total das despesas correntes não po-
derá ser superiores ao total das receitas correntes.
- Manter as restrições das dotações orçamentais, não incrementando os créditos para a des-
pesa inicialmente previstas sem a necessária e fundamentada explicação, por avaliação di-
reta do novo encargo.
As modificações orçamentais podem ser de diversas formas:

1.1. Abertura de dotações de rubricas e/ou ações dotações inexistentes


1. Aumento global da despesa
1.2. Aumento de dotações existentes

2. Manutenção da despesa global com redistribuição de dotações

3. Diminuição ou anulação de receitas

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1.1. Abertura de dotações de rubricas e/ou ações dotações inexistentes

Requisitos Características Procedimento


- Necessidade da realização de despe- - Incorporação de receita legalmente - Alteração orçamental (ponto 8.3.1.5
sas concretas consignada do POCAL): Registos utilizando os
- Manutenção do equilíbrio corrente - Incorporação do saldo do exercício mapas 8.3.1.1 e 8.3.1.2
(volume de receita corrente maior ou anterior - Revisão orçamental (ponto 8.3.1.4 do
igual ao volume de despesa corrente - Incorporação de novas receitas que a POCAL): Registos utilizando os mapas
freguesia esteja autorizada a arrecadar 8.3.1.1) e 8.3.1.2
(por ex. provenientes de mercados e
feiras antes não cobradas, etc.

1.2. Aumento de dotações existentes

Requisitos Características Procedimento

- Despesa inicialmente prevista com - Incorporação de receita legalmente - Alteração orçamental (ponto 8.3.1.5
dotação insuficiente consignada a determinadas despesas do POCAL) Registos utilizando os
- Justificação da insuficiência de do- - Incorporação do saldo do exercício mapas 8.3.1.1 e 8.3.1.2
tação anterior - Revisão orçamental (ponto 8.3.1.4 do
- Antecipação de parte de ações - Incorporação de novas receitas que a POCAL): Registos utilizando os mapas
plurianuais previstas para anos pos- freguesia esteja autorizada a arreca- 8.3.1.1 8.3.1.2
teriores dar (por ex. provenientes de mercados
e feiras antes não cobradas, etc.,
- Incorporação de eventual excesso
de cobrança de receita, relativamente
à totalidade de receitas previstas e já
arrecadadas

2. Manutenção da despesa global com a redistribuição de dotações

Requisitos Características Procedimento

--Dotações insuficientes --Transferência de dotações inter- --Alteração orçamental (ponto 8.3.1.5


--Dotações inexistentes -rubricas orçamentais e ou interações do POCAL): Registos utilizando os
--Dotações em excesso, em montante das GOPs mapas 8.3.1.1 e 8.3.1.2
igual ou superior aos créditos insufi- --Abertura de novas rubricas orçamen- --Revisão orçamental (ponto 8.3.1.4 do
cientes tais e ou novas ações POCAL): Registos utilizando os mapas
--Justificação da necessidade da am- 8.3.1.1 e 8.3.1.2
pliação de dotações (ex: fraca execução
das ações transferindo-se para o ano
seguinte despesas previstas do ano N;
não realização de atividades previstas
inicialmente; diminuição dos custos
previstos no orçamento….)
--Justificação da possibilidade da dimi-
nuição de dotações
--Manutenção do Equilíbrio Corrente

3. Diminuição ou anulação de receitas

Requisitos Características Procedimento

Alterações negativas, substanciais aos Diminuição do orçamento da receita Revisão orçamental (ponto 8.3.1.4 do
contratos que vinculam as previsões Diminuições às dotações orçamentais POCAL):
orçamentais da despesa, ainda disponíveis, com Registos utilizando os mapas 8.3.1.1
Alterações negativas substanciais das diminuição ou anulação das mesmas e 8.3.1.2
deliberações ou de lei que fundamen- Diminuição ou anulação de dotações
tem o cálculo das previsões de ações do PPI reajustando-as à
diminuição das receitas

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8.3.1.1 – Receita

Alteração n.º
Revisão n.º.
(designação da entidade) (Unidade: €uros3)
Classificação económica Receita

Modificações orçamentais
Previsões iniciais
Código Descrição Previsões corrigidas Observações
Inscrições/ Diminuições/
reforços anulações
(1) (2) (3) (4) (5) (6)=(3)+(4)-(5) (7)

             
  Total          

3) Previsões iniciais – importâncias ao orçamento inicial;


6) Previsões corrigidas – valores finais relativos à previsão das receitas a cobrar, inclui o saldo da ge-
rência anterior após a sua aprovação.
8.3.1.2 – Despesa
Alteração n.º
Revisão n.º.
(designação da entidade) (Unidade: €uros3)
Classificação económica Despesa

Modificações orçamentais Repo- Dotações


sições corrigidas
Código Descrição Dotações iniciais Diminuições/ abatidas Observações
Inscrições/
anulações aos paga-
reforços
mentos
(7)=(3)+(4)-
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (8)
(5)+(6)

           
  Total          

3) Previsões iniciais – importâncias ao orçamento inicial;


7) Dotações corrigidas – Importâncias correspondentes aos valores finais das despesas previstas no or-
çamento..

3.5. Modificações ao Plano Plurianual de Investimentos


O órgão executivo deliberará sobre as modificações ao financiamento, sempre que se torne ne-
cessário por:
-- Transferência de valor do financiamento não definido, para definido com a concretização
das receitas previstas, como não definidas;
-- Diminuição de dotações de novas ações com incremento de outras;
-- Decisão de não execução de ações que permite o reforço de outras ou mesmo a inclusão de
novas;
-- Inclusão do saldo da gerência, como reforço de ações existentes ou inclusão de novas ações.
Por outro lado, sempre que se antecipe a realização de ações previstas para anos posteriores ou

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se altere o custo total previsto para uma ação, as modificações incidem não só no financiamento
do ano, como ainda nos valores dos anos seguintes. Dado que na coluna das modificações não se
consideram as modificações dos anos seguintes, na coluna reportada a estas, constarão sempre,
neste mapa, os valores finais resultantes das modificações realizadas.
8.3.2 – Modificações ao plano plurianual de investimentos

8.3.2.1 – As modificações do plano plurianual de investimentos consubstanciam-se em revisões e alte-


rações.
8.3.2.2 – As revisões do plano plurianual de investimentos têm lugar sempre que se torne necessário
incluir e ou anular projetos nele considerados, implicando as adequadas modificações no orçamento,
quando for o caso.
8.3.2.3 – A realização antecipada de ações previstas para anos posteriores ou a modificação do mon-
tante das despesas de qualquer projeto constante do plano plurianual de investimentos aprovado de-
vem ser precedidas de uma alteração ao plano, sem prejuízo das adequadas modificações no orçamento,
quando for o caso. Modificações ao plano plurianual de investimentos
Alteração n.º
Revisão n.º.
(designação da entidade) (Unidade: €uros3)
Despesas
Datas
2000
Total Financia- Anos seguintes
mento
Responsável

Designação definido  Modificação


Objetivo

Código da Número
do programa (+/-)
classificação do projeto/
Dotação corrigida

Dotação corrigida

e projeto/  
Início

económica ação Financiamento


Dotação atual

Dotação atual
Fim

ação (f)=(d)-©
não definido

Outros
2001
2002
2002

27
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Capítulo 4 – Execução do Orçamento

4.1.Execução Orçamental da Receita


O POCAL no ponto 2.3.4 define as seguintes regras de execução orçamental para a receita:
a) As receitas só podem ser liquidadas e arrecadadas se tiverem sido objeto de inscrição orça-
mental adequada.
Esta regra aplica-se às situações em que a cobrança é precedida de uma liquidação sustentada
num fundamento legal. Isto é, aplica-se às situações de cobrança de taxas e tarifas às quais exi-
gem prévia aprovação pelo órgão deliberativo, em documentos próprios como sejam:
-- Tabela de taxas;
-- Preçários;
-- Regulamentos de licenciamentos.
Assim, tecnicamente nada impede que a autarquia receba uma determinada receita cuja origem
não está especificada no orçamento da receita, desde que não se trate de produto de taxas ou tarifas.
Exemplo:
-- Numa determinada autarquia, não estava prevista a receita proveniente de patrocínios de
empresas. Entretanto, uma determinada atividade é desenvolvida no âmbito de uma par-
ceria público-privada, de interesse público para a freguesia e, pressupõe o apoio financeiro
de privados à ação em causa, pelo impacto social e económico da mesma para a localidade
(exemplo: exposição de produtos locais)
-- Deverá ou não a freguesia receber os patrocínios?
-- Em caso afirmativo como se registam contabilisticamente?

Resposta:
Não podendo inscrever esta receita numa rubrica especificamente adequada, sem a ne-
cessária revisão orçamental, como por exemplo «Transferências Correntes – Sociedades
e quase sociedades não financeiras – Privadas», registá-la-á na rubrica «outras receitas
correntes», a qual deverá ser sempre considerada em qualquer orçamento de receita. O
facto é que esta receita deverá ser sempre cobrada e contabilizada e para tal deverá ser
preenchida a respetiva guia de recebimento e conta corrente da receita.

b) A cobrança de receitas pode no entanto ser efetuada para além dos valores inscritos no orça-
mento.
A cobrança de receitas que excedem os valores inscritos no orçamento devem ser contabilizadas,
e não poderão ocasionar reforço orçamental salvo nas seguintes situações:
Representarem excesso de cobrança em relação à totalidade das receitas previstas no orçamento,
ou seja, em situação de eventual excedente orçamental – situação de superavit (alínea b) do ponto
8.3.1.4 do POCAL

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8.3.1.4 – Na revisão do orçamento podem ser utilizadas as seguintes contrapartidas, para


além das referidas no número anterior:
- ….
- O excesso de cobrança em relação à totalidade das receitas previstas no orçamento;
-….

-- Se tratar de novas receitas legalmente consignadas a determinadas despesas, (ponto 8.3.1.3


do POCAL

8.3.1.3 – O aumento global da despesa prevista dá sempre lugar a revisão do orçamento,


salvo quando se trata da aplicação de:
Receitas legalmente consignadas;
…….

c) As receitas liquidadas e não cobradas até 31 de dezembro devem ser contabilizadas pelas cor-
respondentes rubricas do orçamento do ano em que a cobrança se efetuar
Este preceito estabelece a regra da anualidade aplicada à receita. Isto é, as receitas deverão ser
contabilizadas como origem de fundos, no ano económico em que são arrecadadas (cobradas).
Assim, todas as receitas liquidadas e não cobradas num determinado ano económico, deverão ser
considerada, em termos previsionais incluídas no orçamento do ano seguinte, ou seja naquele em
que se prevê sejam efetivamente arrecadadas.

4.1.1. Fases da arrecadação da receita


Os momentos distintos do processo de contabilização da receita são:
a) A liquidação ou reconhecimento do direito a favor da autarquia
b) A sua respetiva cobrança orçamentais,
a) Liquidação:
O momento da liquidação pode apresentar diferentes procedimentos em função da sua ori-
gem (impostos, taxas, tarifas, outras transferências ou receitas provenientes de vendas de
bens e serviços, entre outros), implicando um reconhecimento diferenciado desse mesmo
direito a receber.
O reconhecimento contabilístico de um direito a cobrar impõe o cumprimento em simultâ-
neo dos seguintes requisitos:
-- Que se tenha produzido um facto que tenha dado origem ao nascimento de um direito a
cobrar;
-- Que o direito a cobrar tenha um valor certo e determinado;
-- Que o devedor possa ser individualizado e determinado e lhe seja dado conhecimento fun-
damentado do débito criado.
b) Cobrança
Com a cobrança extingue-se o direito da freguesia, sobre o terceiro, e é coincidente com a
entrada de fundo em tesouraria

29
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O mapa seguinte associa o momento do reconhecimento do direito a receber, com a origem


das respetivas receitas orçamentais.

Momentos de reconhecimento da receita (liquidação)


Origem do direito a receber Momento do reconhecimento do direito a receber

O reconhecimento do direito concretiza-se com o ato de liquidação o qual poderá ocorrer


das três seguintes formas:
Com a emissão de notificação expressa ao sujeito passivo como consequência da sua inclu-
são numa lista cobratória que se realiza de forma periódica e renovável, através da emissão
de um aviso/recibo dirigido a cada devedor. Esta notificação assume um caráter coletivo
Impostos indiretos, taxas, multas e
mediante anúncios e editais que fixam prazos de pagamento de acordo com o estabelecido
outras penalidades
em Regulamentos de liquidação e cobrança de taxas e outras receitas tributárias.
Com a emissão direta e individualizada da guia de recebimento, resultante de uma prévia
notificação ao utente, devendo ajustar-se a respetiva cobrança aos prazos legalmente esta-
belecidos no regulamento de liquidação e cobranças de taxas e outras receitas municipais.
Esta situação é a que ocorre com mais frequência.
Este grupo compreende receitas orçamentais, geralmente de caráter não tributário, que não
Vendas de bens e serviços precisam de prévia liquidação administrativa. O reconhecimento do direito ocorre no mo-
mento em que se efetua a venda ou se efetiva a prestação de serviços.

Transferências do Orçamento de Estado O registo destas receitas orçamentais ocorre após a confirmação do valor efetivamente
para a autarquia, a título de compartici- transferido. A liquidação e a cobrança, na contabilidade da autarquia verificam-se em simul-
pação nos impostos do Estado (FFF). tâneo, através de um documento único que será a guia de recebimento.
O reconhecimento do direito dá-se com o recebimento do valor do subsídio transferido pela
Outras Transferências e Subsídios entidade financiadora. Pode-se, conhecendo-se o valor certo a receber, sustentado em proto-
colo com prazos de recebimento, emitir notas de débito (notas de liquidação)

4.1.2. Registos contabilísticos da Receita


A contabilização da receita envolve diferentes registos contabilísticos, e momentos distintos.

Movimentos contabilísticos da receita


Descrição Momentos Documentos de Suporte
Aprovação do orçamento da receita Mapas previsionais
Previsões iniciais
7.2- Orçamento

Descrição Momentos Documentos de Suporte


Aprovação dos reforços ou anulações de previ-
Mapa 8.3.1.1
sões relativamente, que se sabe que não se vão
(modificações à receita)
executar
Modificações às previsões
Mapa 8.3.1.1 (modificações à
Inclusão do saldo da gerência anterior receita) e Mapa de fluxos de
caixa da gerência anterior

Descrição Momentos Documentos de Suporte


Emissão da guia de recebimento Guia de recebimento (modelo SC
Reconhecimento e liquidação 1) ou documento similar (fatura/
de direitos recibo; notificação para paga-
mento...)

Descrição Momentos Documentos de Suporte


Guia de recebimento com confir-
Recebimento ou cobrança de
Efetivação da cobrança mação do tesoureiro da cobran-
direitos
ça efetuada

É de salientar que as freguesias devem registar a liquidação no momento do direito a receber que pode
ocorrer antes da cobrança. E assim, no final do ano, nos mapas de execução da receita, pode surgir
liquidação por cobrar, que na linguagem da contabilidade empresarial significa as dívidas a receber.

4.1.3. Documentos de suporte ao registo da receita


Os documentos de suporte à execução da receita são a Guia de recebimento (SC-1) e a Conta cor-
rente da receita (SC-10)

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Guia de recebimento (SC-1)


A Guia de Recebimento é o documento contabilístico, a emitir informaticamente, ou pré-im-
presso, que serve de registo à receita e entrada de fundos por operações de tesouraria

Data de emissão

Guia de Recebimento

Designação da autarquia Serv. Emissor N.º da Guia Ano


Morada
Código Postal:
N.º Contribuinte: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Exmo. Sr.
Nome:
Morada:
Código Postal:
N.º Contribuinte:

Texto: Data limite de pagamento

Código do POCAL Descrição da receita Tipo (b) Receita Orçamental Operações de Tesouraria

Subtotal
Total sem IVA

Base tributável Taxa Valor do IVA Valor Total

Total a pagar com IVA

Montante por extenso:

Observações:

Meio de Pagamento:
______________________
0 serviço emissor Tipo: N.º: _______________
Instituição bancária:
______________ Data: ___/___/___
O Tesoureiro

Processada por computador


Válido como recibo após boa cobrança (c)
SC-1
(a) Ou fatura /recibo, se for caso disso;
(b) Preenchimento com os seguintes símbolos:
- V, se se tratar de receita virtual;
- E, no caso se tratar de receita eventual;
(c) Desagregar a base tributável pelas diferentes taxas de IVA. Indicação quando aplicável do valor não sujeito e ou dos valores
isentos de IVA.
(d) Quando se trate de fatura recibo.

31
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Notas adicionais:
- Deve constar, deste documento, para além da designação da autarquia, a morada e o seu
número de contribuinte;
- O código do POCAL, apresentado no documento, refere-se à classificação económica;
- Caso a guia de recebimento se refere à cobrança de taxas ou impostos indiretos, não há
lugar a liquidação de IVA, nos termos do n.º 2 do artigo 2º do código do IVA;
- Caso a guia de recebimento se refira a cobranças sujeitas IVA, tarifas e preços por presta-
ções de serviços a mesma deverá incluir os campos para o respetivo registo;
- Na descrição da receita, deve ser referido, o facto que lhe deu origem, e dever-se-á fazer
referência à alínea e artigo que deu origem à cobrança, se o valor que se pretende cobrar
constar da tabela de taxas e licenças, da autarquia.

Conta corrente de receita (SC-10)


A conta Corrente de Receita, destina-se ao registo das receitas liquidadas e cobradas e deverá ser
emitida informaticamente. Permite controlar cada rubrica orçamental da classificação económi-
ca das receitas e fornecer a seguinte informação:
a) O volume de receitas arrecadadas até ao momento;
b) A diferença entre o valor da receita arrecadada e o valor atualizado da receita orçamen-
tada;
c) O total das modificações efetuadas à receita, durante a execução orçamental

Conta Corrente da Receita

Designação da autarquia: Ano N.º Pág.

Designação da rubrica Montantes das Dotação


Dotação Inicial Código POCAL R/A +/-
alterações/revisões Orçamental

Receita
Data Documento Saldo Folha de Caixa
em numerário
N.º Tipo Inicial Acumulado Data N.º

A transportar
Total
Data de emissão: ___/___/___

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Notas adicionais:
-- A natureza da modificação será indicada por R ou A conforme se trate de Revisão ou de Al-
teração.
-- A “Dotação orçamental” será o valor atualizado da previsão constante na rubrica orçamental
em questão (previsão inicial +/- total das modificações efetuadas até ao momento).
-- No campo “Documento” indica-se o tipo e o nº de documento a registar.
Exemplo:
O Sr. José Silva foi à Junta tirar fotocópias autenticadas do seu bilhete de identidade bem como
das suas duas filhas.
No final o Presidente da Junta cobrou o valor fixado na “Tabela de Taxas e preços” aprovada pelo
executivo e publicada no Boletim da Freguesia por cada fotocópia autenticada, tendo a receber do
senhor José 15€ pelas três cópias e autenticações. Como prova de cobrança a junta tem de preen-
cher uma Guia de recebimento.

Guia de Recebimento
Designação da autarquia:
Morada: freguesia ………… Serv. Emissor N.º da Guia Ano
Código Postal: …. 1 10 2014
N.º Contribuinte: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Data de emissão
08-01-2014
Exmo Sr.
Nome: Sr.José Silva
Morada: ……….
Código Postal:
N.º Contribuinte:
Texto: Serviço de cópia e autenticação de documentos Data limite de pagamento
imediato

Operações de
Código do POCAL Descrição da receita Tipo (b) Receita Orçamental
Tesouraria
07.02.09.99: Prestação de serviços-Outros Cópias e Eventual 15,00 3,45
autenticação de documentos

Subtotal 15,00 3,45


Total sem IVA 15,00

Valor do
Base tributável Taxa Valor Total
IVA
15 23% 3,45 18,45

Total a pagar com IVA 18,45


Montante por extenso: Dezoito euros

Observações:

Meio de Pagamento:
___________A tesouraria____________ Tipo: N.º: _______________
0 serviço emissor Instituição bancária:
______________ Data: ___/___/___
O Tesoureiro
Notas: O valor do IVA considera-se operação de tesouraria uma vez que é uma receita que terá de ser entregue ao Estado

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4.2. Execução Orçamental da Despesa


O POCAL no ponto 2.3.4.2 define um conjunto de regras de execução ao orçamento da despesa

As despesas só podem ser cativadas, assumidas, autorizadas e pagas se, para além de serem
legais, estiverem inscritas no orçamento e com dotação igual ou superior ao cabimento e ao com-
promisso, respetivamente

Esta alínea deverá merecer especiais cuidados a todos os responsáveis pela execução do orça-
mento autárquico. Efetivamente, a expressão apresentada “para além de serem legais” significa
que a despesa a realizar deve respeitar a lei, a qual é rigorosa e precisa determinando:
- Quais as atribuições e competências das freguesias bem como a delimitação da intervenção da
administração local, concretizada através da Lei n.º 75/2013, de 12/09, ou seja, os poderes que
lhes permitem atuar em diversas vertentes e áreas.
- Quais os formalismos a respeitar para a realização das despesas públicas. Estas disposições
estão estabelecidas, essencialmente, no Decreto-Lei n.º 18/2008 de 29 de janeiro, os quais regu-
lamentam respetivamente a realização das despesas e respetiva contratação relativa à locação e
aquisição de bens e serviços, e a realização das empreitadas de obras públicas.
Nesta alínea, referem-se ainda a fases da realização da despesa: o cabimento (cativação da ver-
ba), o compromisso3 (a realizar dos termos da lei dos compromissos), a autorização da despesa (a
qual deverá anteceder o compromisso e ser precedida do cabimento) e o pagamento.
Os momentos de execução de cada uma destas fases não só é importante em termos de legalidade
da própria despesa, como em termos de “saúde” financeira da freguesia. Efetivamente, antes de
se assumir uma despesa é preciso saber se no orçamento há dotação disponível para a suportar. A
fase do cabimento deverá preceder qualquer ato de vinculação externa da autarquia, e quem tem
competência para autorizar a despesa deverá fundamentar a sua decisão, não só numa informa-
ção dos serviços (informação/proposta) que justifique a necessidade e pertinência dos encargos
em causa para a persecução das atribuições da autarquia, como no prévio conhecimento e registo
da existência de suficiente dotação orçamental (princípio do equilíbrio), na rubrica económica
adequada (princípio da especificação).
O proceder à cativação da verba orçamental significa que a despesa, a efetivar-se, cabe na dotação
orçamental que se encontra disponível. Trata-se de uma disposição cautelar que tem por objetivo
informar o autorizador da despesa. Se porventura a despesa a cabimentar exceder a dotação inscri-
ta na respetiva rubrica orçamental, ou se desiste da referida aquisição, ou recorre-se ao dispositivo
legal de alteração ou revisão orçamental, colocado à disposição das autarquias. Não é permitido,
em circunstância alguma, exceder as dotações orçamentais da despesa. Tal atuação acarretará a
ilegalidade da mesma, e poderá provocar sanções a aplicar pelo Tribunal de Contas. Assim, os cré-
ditos orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na realização das despesas.
Verificada a legalidade e o cabimento da despesa, é obtida a autorização do órgão competente,
procedendo de seguida os respetivos serviços às diligências necessárias para a sua realização.
Nesta fase, há que ter em conta o disposto no Decreto-Lei n.º 18/2008 de 29 de janeiro. Estes di-
plomas visam garantir a transparência dos processos de realização das despesas com o forneci-
mento de bens e serviços e com empreitadas, e respeitar o princípio da concorrência.

3
Nos termos da alínea a) do artigo 3º da LCPA) «Compromissos» as obrigações de efetuar pagamentos a terceiros em
contrapartida do fornecimento de bens e serviços ou da satisfação de outras condições. Os compromissos consideram
-se assumidos quando é executada uma ação formal pela entidade, como sejam a emissão de ordem de compra, nota
de encomenda ou documento equivalente, ou a assinatura de um contrato, acordo ou protocolo, podendo também ter
um caráter permanente e estar associados a pagamentos durante um período indeterminado de tempo, nomeadamente
salários, rendas, eletricidade ou pagamentos de prestações diversas;

34
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Resolvida esta questão, ou seja, depois de definido o fornecedor de bens e serviços ou o emprei-
teiro, bem como as condições das respetivas prestações, a autarquia assumirá o compromisso de
pagar desde que a outra parte cumpra as condições que declarou aceitar.
A assunção de compromisso efetuar-se-á através de requisição, contrato ou outra forma similar
que seja juridicamente válida, devendo a autarquia respeitar o definido na LCPA relativamente as
regras impostas para a assunção de compromissos, nomeadamente a existência de fundos dis-
poníveis no termos definidos. Nos termos da LCPA, o compromisso é definido como uma obriga-
ção de pagamento. A fase do compromisso assume desta forma uma nova dimensão, passando a
constituir um momento crucial de controlo da despesa.
Nos termos da LCPA, artigo 5º, não podem ser assumidos compromissos que excedam os fundos
disponíveis, ou seja, o valor dos encargos que podem ser assumidos depende dos fundos dispo-
níveis definidos nos termos da al. f) do artigo 3º.
Alteram-se assim os pressupostos que delimitam os compromissos que podem ser assumidos,
sendo o limite da dotação orçamental substituído pelo limite dos fundos disponíveis, definidos
nos termos da LCPA.
Esta fase, a de adjudicação, exige a confirmação da verba cabimentada (cativação efetuada com
base em estimativa), procedendo-se, se necessário, ao reforço do cabimento ou à anulação dos
valores excedentários, e ao registo contabilístico do compromisso pelo valor exato do montante a
adjudicar e Se a aquisição em causa se prolongar por mais que um ano económico (encargo plu-
rianual), então ter-se-á que considerar, também, os compromissos em anos futuros. De referir
ainda que o compromisso
Seguir-se-á a realização da despesa propriamente dita, através da concretização da aquisição nas
condições contratualizadas cumprindo cada uma das partes as suas obrigações.
Esta concretização exige da autarquia a verificação das correspondentes prestações. Para o efeito
a nota de remessa e a fatura ou documento equivalente, emitido pelo fornecedor ou prestador,
deverá ser confirmada com a expressa declaração, por parte do responsável do serviço, que as
obrigações do fornecedor foram cumpridas. No caso das empreitadas a verificação das prestações
é efetuada através da elaboração de um auto de medição dos trabalhos e do valor a pagar ao em-
preiteiro. Após efetuadas as verificações, atrás referidas, proceder-se-á ao registo contabilístico
da fatura, ou seja inicia-se o seu processamento. A liquidação da fatura, i.e., a emissão da cor-
respondente ordem de pagamento dependerá da confirmação da existência de disponibilidade da
tesouraria para o consequente pagamento.
Poderá assim acontecer que a fase da liquidação da despesa não possa decorrer imediatamente
a seguir à fase do reconhecimento da obrigação, pois a cadência das cobranças não acompanha,
normalmente, a cadência da realização das despesas. Sugere-se que a verificação da existência de
disponibilidade monetária para o pagamento decorra de um processo diário de acompanhamen-
to dos recebimentos e dos pagamentos efetuados, através da elaboração de um adequado mapa de
informação da situação financeira.
Sendo o pagamento a última fase da realização de uma despesa, encerra em si a extinção da obri-
gação decorrente da mesma, e exige a autorização prévia para a sua liquidação. Esta autorização é
nos termos da alínea h) do nº1 da arte. 35º Da Lei 75/2013, de 12 de setembro competência própria
do presidente da câmara, delegável e subdelegável nos vereadores e nos dirigentes máximos da
respetiva unidade orgânica (alínea a) do n.º 3 do art.º. 38.° Daquele diploma). Nestes termos, as
ordens de pagamento poderão ser assinadas pelo presidente do órgão executivo da autarquia ou
por quem tem competência por si delegada ou subdelegada.

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As dotações orçamentais da despesa constituem o limite máximo a utilizar na sua realização

Este preceito traduz a característica fundamental do Orçamento como documento não só funda-
mental à explicação da política da autarquia que lhe está subjacente, como documento autoriza-
dor da despesa.
Isto é, por muito significativa que socialmente se torne necessária a despesa pública, ela só po-
derá ser assumida se houver dotação disponível para ser cabimentada, no orçamento em vigor.
Claro que existe um instrumento, a Alteração Orçamental que permite a realização de despesas
para as quais não estavam previstas inicialmente dotações financeiras através do seu respetivo
reforço orçamental, obtido pela diminuição de dotações de outras ações, que, ou não se realiza-
ram ou se concretizarão em menor escala. (transferência da dotação entre rubricas económicas).

As despesas a realizar com a compensação em receitas legalmente consignadas podem ser auto-
rizadas até à concorrência das importâncias arrecadadas

Esta alínea apresenta-se como uma restrição, dado que faz depender a realização da despesa da
existência simultânea de dotação orçamental e da cobrança efetiva das receitas que lhe estão
consignadas, representando uma condicionante desadequada à execução orçamental. De facto,
as importâncias arrecadadas relativas a receitas consignadas (empréstimos ou financiamentos
externos, sejam eles da administração central ou dos fundos comunitários) decorrem da forma-
lização de pedidos de pagamento, sustentados em comprovativos de despesa, os quais exigem
previamente as necessárias autorizações para a sua realização.
Alínea g):

“As ordens de pagamento de despesa caducam a 31 de dezembro do ano a que respeitam...”

Em face do exposto, no início do exercício económico deverão os encargos assumidos e não pa-
gos, ser objeto de cabimentação e compromisso.
Alínea i):
“Os serviços, no prazo improrrogável definido na alínea anterior, devem tomar a iniciativa de
satisfazer os encargos, assumidos e não pagos, sempre que não seja imputável ao credor a razão
do não pagamento.”
Para qualquer situação que tenha dado origem à anulação da ordem de pagamento, deve com-
petir à freguesia a diligência do respetivo pagamento, salvo na situação em que o credor tenha
uma situação irregular perante o Fisco ou à Segurança Social. Situação esta prevista na lei ao
estabelecer a obrigatoriedade da administração pública proceder à retenção por conta de 25% do
montante a pagar, quando o credor não tem a sua situação regularizada com a Segurança Social.

4.2.1. Fases de registo contabilístico da despesa


As fases de registo contabilístico de qualquer despesa são:
1 - Cabimento ou 2 - Compromisso 3 - Registo da Fatura 4 - Autorização de 5 - Pagamento
autorização da des- (registo das despesas (obrigação) pagamento
pesa (cativação da assumidas)
verba)

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Cabimento
A fase do cabimento deverá preceder qualquer ato de compromisso financeiro externo da fregue-
sia, e quem tem competência para autorizar a despesa deverá fundamentar a sua decisão, não só
numa informação dos serviços (informação/proposta) que justifique a necessidade e pertinência
dos encargos em causa, para a persecução das atribuições da freguesia, como no prévio conhe-
cimento e registo da existência de dotação orçamental suficiente (princípio do equilíbrio), na
rubrica económica adequada (classificador económico da despesa).
As dotações orçamentais constituem por natureza económica, o limite máximo a utilizar na re-
alização das correspondentes despesas.
A cativação da verba significa que a despesa, a efetivar-se, cabe na dotação orçamental em rubri-
ca apropriada à sua tipologia económica
Se a despesa a cabimentar exceder a dotação inscrita na respetiva rubrica orçamental, ou a au-
tarquia desiste da referida aquisição ou recorre ao dispositivo legal de alteração ou revisão orça-
mental, para providenciar a necessária dotação à assunção da despesa.
Verificada a legalidade e o cabimento da despesa, é obtida a autorização do órgão competente,
procedendo de seguida, o respetivo serviço, às diligências necessárias para a sua realização.
A Informação/Proposta será o documento de suporte ao cabimento, onde se traduz as necessida-
des aquisitivas de um determinado serviço de uma autarquia, com vista a consecução dos seus
objetivos, e ao exercício das suas competências.
Os cabimentos devem ter uma numeração sequencial.
Compromisso
De acordo com a Lei dos compromissos e dos pagamentos em atraso, Compromissos são as obri-
gações de efetuar pagamentos a terceiros em contrapartida do fornecimento de bens e servi-
ços ou da satisfação de outras condições. Os compromissos consideram-se assumidos quando
é executada uma ação formal pela entidade, como seja a emissão de ordem de compra, nota de
encomenda ou documento equivalente, ou a assinatura de um contrato, acordo ou protocolo,
podendo também ter um caráter permanente e estarem associados a pagamentos durante um
período indeterminado de tempo, nomeadamente, salários, rendas, eletricidade ou pagamentos
de prestações diversas. (art.º 3 da Lei dos compromissos e pagamentos em atraso)
Depois de definido o fornecedor de bens e serviços ou o empreiteiro da obra, bem como as res-
petivas condições prestativas, a freguesia assumirá o compromisso de pagar, desde que, a outra
parte cumpra as condições que declarou aceitar. A assunção do compromisso efetuar-se-á atra-
vés da requisição, contrato ou outra forma similar que seja válida jurídica e fiscalmente, devendo
a freguesia limitar, ao máximo, os compromissos não reduzidos a escrito.
O registo do compromisso, exige a confirmação da verba cabimentada (cativação efetuada com
base em estimativa), procedendo-se, se necessário, ao reforço do cabimento ou à anulação dos
valores excedentários quando do concurso resulta uma proposta de adjudicação de valor inferior
ao previsto. O registo contabilístico do compromisso é efetuado, pelo valor exato do montante a
adjudicar refletido pelos anos durante os quais a adjudicação se concretizará. Se a aquisição em
causa se prolongar por mais que um ano económico (encargo plurianual), então ter-se-á que
considerar, também, os compromissos em anos futuros.
O compromisso terá por base a requisição, nota de encomenda, ou um contrato celebrado decor-
rente da execução da Informação/Proposta.
De acordo com a Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso os compromissos devem ser
numerados sequencialmente.

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Obrigação
Uma obrigação é um dever ou responsabilidade para agir ou executar de certa maneira e pode ser
legalmente imposta como consequência de:
a) Um contrato vinculativo (por meio de termos explícitos ou implícitos);
b) Legislação;
c) Requisito estatutário;
d) Outra operação da lei.
No momento de receção da fatura a mesma deverá ser validada com a verificação da realização
da correspondente prestação pelo técnico ou serviço responsável. Após a sua validação deverá ser
registada nas respetivas contas de correntes e no diário de despesa.
A obrigação tem como documento de suporte a fatura ou documento equivalente.
Na fatura ou documento equivalente deve ser colocado o nº de compromisso.

Autorização de Pagamento
No momento da liquidação ou autorização de pagamento deverá ser emitida a ordem de paga-
mento e registada nas contas correntes e diário de despesa. A ordem de pagamento será autoriza-
da pelo órgão ou dirigente com competência para o efeito
A Ordem de pagamento cujo modelo é apresentado no POCAL é o documento de suporte da fase
da autorização de pagamento.

Pagamento
O pagamento implica a verificação das condições necessárias para a sua realização, nomeada-
mente disponibilidade na tesouraria. O pagamento deverá ser registado no diário de tesouraria,
conta corrente da despesa e diário da despesa.

4.3. Operações de tesouraria

4.3.1. As retenções de Impostos e as cauções


As operações de Tesouraria são entradas ou saídas de dinheiro que não se repercutem na execu-
ção do Orçamento da receita e da despesa. As principais operações de tesouraria são:
-- As retenções efetuadas a favor do Estado, tais como IVA, IRS,…. São as verbas que a au-
tarquia retém nos pagamentos a terceiros, seus prestadores de bens e serviços, a favor do
Estado ou de outra entidade pública. Estas verbas representam impostos, taxas e outras
obrigações dos credores da autarquia perante o Estado ou de outra entidade pública;
-- As cauções prestadas em dinheiro pelos empreiteiros. As cauções são verbas depositadas
na autarquia para garantia de uma boa prestação ou execução do serviço por parte do
fornecedor. Há ainda cauções que resultam do depósito prévio em numerário, para ga-
rantir o cumprimento por parte do cidadão de regras exigidas para o exercício de um di-
reito atribuído através de um licenciamento com condições impostas. O registo de uma
caução em dinheiro exigirá contas bancárias próprias para depósito do fundo e conta
corrente de terceiros – (Fornecedores), onde se registará o débito da autarquia para com
os donos do fundo entregue. Assim, a partir daquele momento a freguesia torna-se de-
vedora perante o prestador da caução durante o período em que o montante não for en-
tregue, acrescido de juros bancários produzidos até à data. Caso haja incumprimento do

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fornecedor procede-se ao acionamento da caução, sendo a mesma transferida da conta


de depósitos de caução para uma conta de depósitos à ordem da autarquia e reconhecido
aquele valor como receita orçamental.

4.3.2. Reposições abatidas nos pagamentos


As reposições abatidas aos pagamentos são operações que se realizam durante a execução orça-
mental, durante cada ano económico. No POCAL refere-se deste modo a esta tipologia de ope-
ração:

«Reposições abatidas aos pagamentos». – Nos termos da lei, as operações desta natureza aba-
tem aos pagamentos realizados, libertando as dotações correspondentes. Trata-se da situação
que ocorre com as entregas de fundos nos cofres da autarquia relativas a pagamentos, ocorridos
no ano em curso.
Se as reposições não têm qualquer efeito sobre as dotações da despesa, o que ocorre com as repo-
sições relativas a despesas pagas em exercícios anteriores, classificam-se como reposições não
abatidas aos pagamentos e vão acrescer ao valor das receitas, não dando lugar a movimentos
nesta conta.

Assim, quando durante o exercício se verificarem reposições de pagamentos indevidamente efe-


tuados, duas situações e consequentes registos se poderão verificar:
a) O pagamento foi efetuado neste exercício e a reposição é também realizada neste exercício
-- Anulação de uma despesa e considerada uma operação extraorçamental. Estas movi-
mentações serão sustentadas com o preenchimento da Guia de Reposições Abatidas aos
Pagamentos
b) O pagamento foi efetuado em exercício (s) anteriores (s) e a reposição é realizada neste exer-
cício
-- Receita do exercício (a considerar na elaboração do Orçamento da Receita

4.3.3. Classificador Económico das operações de tesouraria


O classificador económico, aprovado pelo Decreto-Lei nº 26/2002 de 14 de fevereiro cria contas
próprias para o registo de entradas e saídas de fundos extra-orçamentais.
Entrada de Fundos:
17.00.00 – Operações Extraorçamentais
17.00.00 - «Operações extra orçamentais». - Neste agrupamento englobam-se as operações
que não são consideradas receita orçamental, mas com expressão na tesouraria.
Este capítulo desagrega-se em quatro grupos, que a seguir se apresentam:
17.01.00 - «Operações de tesouraria – Retenção de receitas do Estado»;
17.02.00 -«Outras operações de tesouraria»;
17.03.00 - «Reposições abatidas nos pagamentos»;
17.04.00 - «Contas de ordem».
Destes quatro grupos apenas os três primeiros 17.01, 17.02 e 17.03, se aplicam às autarquias locais.
A outra rubrica 17.04 aplica-se exclusivamente as instituições com autonomia financeira perten-

39
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centes à Administração Central.


17.01.00 – Operações de Tesouraria – Retenção de Receitas do Estado
Engloba os montantes provenientes de impostos, contribuições e outros que tenham ficado por
entregar nos cofres públicos, como, por exemplo, o IRS, o imposto do selo, a ADSE, etc.
17.02.00 – Outras Operações de Tesouraria
Incluem-se os montantes provenientes de retenção de fundos alheios que deverão constituir pos-
teriormente fluxos de entrega às entidades a quem respeitam, como, por exemplo, os descontos
em vencimentos que não sejam receitas do Estado, as cauções e garantias de fornecedores, as
quotas de sindicatos, emolumentos, etc.
17.03.00 – Reposições abatidas nos pagamentos
Abrange as receitas resultantes das entradas de fundos na tesouraria em resultado de pagamen-
tos orçamentais indevidos.
Na ótica de saída de fundos
12.00.00 - «Operações extraorçamentais».
Neste agrupamento englobam-se as operações que não são consideradas despesa orçamental
mas com expressão na tesouraria
Este agrupamento divide-se em três sub agrupamentos:
17.01.00 - «Operações de tesouraria – entrega de receitas do Estado»;
17.02.00 - «Outras operações de tesouraria»;
17.03.00 - «Contas de ordem»
12.01.00 - Operações de tesouraria – entrega de receitas do Estado
Incluem-se os montantes provenientes de impostos, contribuições e outros, que tenham ficado
por entregar nos cofres do públicos, como por exemplo o IRS, o imposto de selo, a ADSE, etc.
12.02.00 - Outras Operações de tesouraria
Incluem-se os montantes relativos a fundos alheios, entregues às entidades competentes e que
constituem fluxos de caixa relativos a descontos em vencimentos, que não sejam receitas do Es-
tado, a cauções e garantias de fornecedores, a quotas de sindicatos, a emolumentos, etc.

4.3.4. Movimentos contabilísticos com Operações de Tesouraria


Os movimentos contabilísticos das situações relacionadas com operações de tesouraria são os
seguintes:
1) Cobrança para terceiros:
1. Quando se processam vencimentos há lugar à retenção do IRS dos funcionários. Assim,
aquando do pagamento aos funcionários dever-se-á reter o imposto e para tal preen-
cher uma guia de recebimento com o montante do valor retido (classificada na rubrica
17.01.00): e refletir este facto na conta-corrente da receita;
2. Na data de entrega do imposto retido ao Estado dever-se-á preencher uma ordem de pa-
gamento (classificada no sub agrupamento 12.01.00) com o movimento associado à saída
do banco, pelo que é registado na conta corrente com instituições de crédito;
3. O movimento, quer na entrada de fundo extra orçamental, quer da saída de fundos ex-

40
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tra orçamental deverá ser simultaneamente registado na conta corrente de operações de


tesouraria;
4. A conta corrente de operações de tesouraria deverá estar refletida no Mapa de Operações
de Tesouraria a apresentar em sede de prestação de contas.
2) Cauções em dinheiro e devolução ao fornecedor da mesma:
1. Quando um fornecedor presta uma caução em dinheiro (classificada na rubrica 17.02.00)
deve a freguesia depositar o valor entregue e para tal preencher uma guia de recebimen-
to e em simultâneo registar na conta corrente com instituições de crédito (o valor do
depósito. De referir que deve ser aberta uma conta bancária específica para depósitos de
caução e por fornecedor;
2. Na data de devolução da caução, dado que o fornecedor cumpriu com as obrigações con-
tratuais, dever-se-á emitir uma ordem de pagamento (classificada no sub agrupamento
12.02.00) com o movimento associado à saída do banco, pelo que registado na conta cor-
rente com instituições de crédito;
3. O movimento quer na entrada da receita extra orçamental, quer da saída da despesa ex-
tra orçamental deverá ser simultaneamente registado na conta corrente de operações de
tesouraria montante retido e devolvido;
4. A conta corrente de operações de tesouraria deverá está refletida no Mapa de Operações
de Tesouraria.
3) Cauções em dinheiro e não devolução ao fornecedor por incumprimento contratual:
1. Quando um fornecedor presta uma caução em dinheiro deve a freguesia depositar o
valor entregue e para tal preencher uma guia de recebimento (classificada na rubrica
17.02.00) e em simultâneo registar na conta corrente com instituições de crédito o valor
do depósito. De referir que deve ser aberta uma conta específica no banco para depósitos
de caução e por fornecedor;
2. Caso o fornecedor não cumpra com as obrigações contratuais, deverá a freguesia acionar
a caução, isto é transformar a operação não orçamental (OT) em operação orçamental,
reconhecendo a receita como receita orçamental. A receita orçamental deverá ser classi-
ficada na rubrica 13.01.99 – «Outras receitas de capital- Outras»;
3. Assim, deverá preencher a guia de recebimento e transferir da conta de banco depósitos
de caução para bancos conta corrente. O movimento associado a bancos deverá ser re-
gistado nas contas correntes com instituições de crédito envolvidas. Deverá também ser
movimentada a conta corrente da receita, dado o valor da caução ser reconhecido como
tal;
4. O movimento deverá ser simultaneamente registado na conta corrente de operações de
tesouraria pela entrada e pela saída o montante retido;
5. A conta corrente de operações de tesouraria deverá estar refletida no Mapa de Operações
de Tesouraria.

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Capítulo 5 - PRESTAÇÃO DE CONTAS

5.1. Enquadramento legal Prestação de Contas


As freguesias que implementem o regime simplificado deverão, no que concerne a prestação de
contas ter em conta o definido da diversa legislação enquadradora nomeadamente:
-- Lei n.º 98/97, de 26 de agosto – Organização e Processo do Tribunal de Contas
-- Decreto-Lei 54-A de 22 de setembro – POCAL
-- Resolução nº 4/2001 do Tribunal de Contas de 18 de agosto
-- Resolução nº 3/ 2013 do Tribunal de Contas e Resolução nº 7/2013.
-- Lei 73/2013 de 3 de setembro (Lei das Finanças Locais)
As freguesias enquadradas no regime simplificado do POCAL deverão apresentar os seguintes
documentos de prestação de contas:
-- Controlo orçamental da despesa
-- Controlo orçamental da receita
-- Execução Anual do Plano Plurianual de Investimentos
-- Fluxos de caixa
-- Contas de ordem
-- Operações de tesouraria
-- Mapa de outras dívidas a terceiros, relação dos encargos assumidos e não pagos
-- Modificações do Orçamento da despesa
-- Modificações do Orçamento da receita
-- Modificações ao Plano Plurianual de Investimentos
-- Empréstimos
-- Relatório de gestão
O Tribunal de Contas através Resolução n.º 4/2001, de 18 de agosto, fixou os documentos que exi-
ge as entidades sujeitas ao POCAL, distinguindo dois grupos: grupo 1 para as entidades sujeitas
ao regime geral e grupos 2 entidades que implementem o regime simplificado.
De seguida elencamos os mapas de prestação de contas previstos pelo POCAL e pelo Tribunal de
Contas (Resolução 4/2001, de 18 de agosto) paras as entidades sujeitas ao regime simplificado:
Código N.º do Doc.
Mapas de Prestação de Contas na Ótica Execução Orçamental: Grupo 2
POCAL T.C.
Mapa de Controlo Orçamental de Despesa; 7.3.1. 6 X
Mapa de Controlo Orçamental da Receita; 7.3.2. 7 X
Execução Anual do Plano Plurianual de Investimentos; 7.4. 8 X
Mapa dos Fluxos de Caixa; 7.5. 11 X
Demonstração das Contas de Ordem 75 9 X
Mapa de Operação de Tesouraria; 76. 10 X
Mapa de O. Dívidas a Terceiros; relação dos encargos assumidos. e não pagos 8.3.6.2. 27 X
Modificações do Orçamento – Receita 8.3.1.1. 14 X
Modificações do Orçamento – Despesa 8.3.1.2. 15 X
Modificações ao Plano Plurianual de Investimentos 8.3.2. 16 X
Relatório de Gestão 13 28 X

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Outros documentos exigidos pelo Tribunal de Contas em sede de prestação de contas:


Código N.º do Doc.
Mapas de dos Documentos: Grupo 2 Observações
POCAL T.C.
Caracterização da Entidade 8.1. 12 X Anexo II
Guia de Remessa de Conta ------ 29 X Anexo III
Ata da Reunião em que foi discutida e votada a conta ------ 30 X
Norma de Controlo Interno e suas Alterações 2.9. 31 X
Resumo Diário de Tesouraria 12.2.9. 32 X
Síntese das Reconciliações Bancárias ------ 33 X Anexo IV
Mapa de Fundo de Maneio (podendo ser substituído pela Conta- Corren- ------ 34 X Anexo V
te de Entidade)
Relação dos Emolumentos Notariais e Custos de Execução Fiscais ------ 35 Anexo VI
Relação de Acumulação de Funções ------ 36 X Anexo VII
Relação Nominal de Responsáveis ------ 37 X Anexo VIII

O Tribunal de Contas solícita, que sejam apresentados com a prestação de contas os seguintes
documentos previsionais:

Código N.º do Doc.


Descrição dos documentos Grupo 2
POCAL T.C.

Plano Plurianual de Investimentos 7.1. 3 X


Resumo do Orçamento 7.2. 4 X
Orçamento (Despesa e Receita) 7.2. 5 X

No entanto, poderá ainda, nos termos do n.º 3 do artigo 51º da Lei n.º 98/97, de 26 de agosto, o
Tribunal de Contas dispensar de remessa de contas, as entidades integradas neste grupo, fixando
para o efeito, o montante anual da receita ou despesa abaixo do qual o podem fazer.
De referir que o ano de 2013 um ano excecional em termos de prestação de contas dada a recente
reorganização administrativa que implicou a extintas de freguesias bem como a alteração de li-
mites territoriais de alguns.
Em face desta situação do Tribunal de Contas publicou as Resoluções n.º 3/20134 e nº7/20135 – 2
S que determina o modo como deve ser feita a remessa das contas para as freguesias extintas;
freguesias com alteração de limites territoriais e ainda que entidades devem ficam dispensadas
de remeter as contas ao TC.
Assim, o ponto 4 da Resolução nº 7/2013 define que apenas remetem ao TC as freguesias cujo va-
lor anual de receita ou despesa seja superior a 1 000.000 euros.
No entanto, de acordo com o definido no ponto 11 da Resolução as entidades dispensadas da re-
messa das contas devem organizar e documentar as contas nos termos das Instruções aplicáveis
e mantê-las em arquivo nos prazos de 10 anos por ser esse o prazo previsto pelo Tribunal de
Contas.
Efetivamente as contas dispensadas de remessa ao Tribunal de Contas, podem ser objeto de veri-
ficação e as respetivas entidades sujeitas a auditoria, pelo que deverão manter organizada toda a
informação nos termos indicados pelo n.º 3 do ponto 2 do POCAL.

5.2. Prazos para a apresentação das Contas


a) O órgão executivo da freguesia, apresentará os documentos de prestação de contas ao
respetivo órgão deliberativo, de modo a que este os aprecie em sessão ordinária, no mês

4
Remessa da contas ao Tribunal relativas ao ano de 2013 das freguesias objeto de reorganização administrativa terri-
torial autárquica.
5
Remessa da contas ao Tribunal relativas ao ano de 2013 e gerências partidas de 2014.

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de abril do ano seguinte aquele a que respeitam (nº 1 do artigo 76º da Lei n.º 73/2013, de 3
de setembro - Lei das Finanças Locais).
b) As freguesias ficam obrigadas a enviar à DGAL as respetivas contas, nos 30 dias sub-
sequentes à data da sessão do órgão deliberativo em que aquelas contas foram sujeitas
a apreciação, bem como os mapas trimestrais das contas, nos 10 dias subsequentes ao
período a que respeitam. (nº 4 do artigo 78º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro - Lei das
Finanças Locais).
Quando dentro de um ano económico houver substituição da totalidade do executivo, as contas
serão prestadas em relação a cada gerência. A substituição parcial dos responsáveis do executivo
por motivo de presunção ou apuramento de qualquer infração financeira, dará também lugar a
prestação de contas, que serão encerradas na data em que se fizer a substituição (artigo 52º da
Lei n.º 98/97, de 26 de agosto). Nesta caso o prazo para apresentação das contas será de 45 dias a
contar da data de substituição dos responsáveis.
a) As contas são prestadas por anos económicos, que caso presente da aplicação do POCAL,
coincide com o ano civil, e elaboradas pelos responsáveis da respetiva gerência, salvo, se
estes tiverem cessado funções. Neste caso, serão aqueles que lhes sucederem, sem preju-
ízo da obrigação de ser prestado, pelos primeiros a necessária colaboração.
b) As freguesias ficam obrigadas a remeter ao ministro que tutela as autarquias locais as
respetivas contas nos 30 dias subsequentes à data da sessão do órgão deliberativo em que
aquelas contas foram sujeitas a apreciação.

5.3. Efetivação das responsabilidades financeiras


Sempre que os resultados das ações de verificação do Tribunal de Contas, seja através da verifica-
ção dos documentos de prestação de contas (verificação interna), seja através de auditorias (ve-
rificação externa), indiciem factos constitutivos de responsabilidade financeira, desenvolve-se o
processo de julgamento das respetivas responsabilidades, podendo, conforme os casos, dar ori-
gem ou à responsabilidade financeira reintegrativa (regulamentada na secção II da Lei n.º 98/97)
ou responsabilidade sancionatória (regulamentada na secção III desta lei).

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Descrição Factos que originaram Responsáveis


Responsabilidade Financeira Rein- - Alcances (desvios de destino ou valores públicos) Agente ou agentes da ação que
tegrativa - Pagamentos indevidos (pagamentos ilegais que poderá incluir:
(Reposição das importâncias causem danos à entidade pública, por não terem a) eleitos
abrangidas pela infração, incluindo contraprestações efetiva). b) dirigentes
os juros de mora. Esta responsabili- - Não liquidação, cobrança ou natureza das receitas c) funcionários ou agentes que
dade, só ocorre se ação for pratica- públicas, com violação das normas legais aplicáveis nas suas informações não
da com culpa esclarecem os assuntos da
sua competência.
Responsabilidades sancionatória - Não liquidação, cobrança ou entrega de receitas Agente ou agentes da ação que
(aplicação de multas, que têm como devidas poderá incluir:
limite mínimo metade do seu venci- - Violação das normas sobre elaboração e execução a) eleitos
mento liquido mensal e limite má- dos orçamentos; b) dirigentes
ximo metade do vencimento liquido - Violação das normas relativas à autorização e c) funcionários ou agentes que
anual dos responsáveis). pagamento de despesas; nas suas informações não
- Falta de restrição ou restrições indevidas dos esclarecem os assuntos da
descontos legalmente obrigatórios e efetuados ao sua competência.
pessoal;
- Violação das normas legais e ou regulamentos
relativos à realização das despesas públicas autár-
quicas;
- Violação das normas legais ou regulamentos à
gestão do património autárquico;
- Adiantamento por conta de pagamentos nos casos
não expressamente previsto na Lei;
- Aplicação de empréstimos em finalidades diversas
das legalmente previstas;
- Ultrapassagem dos limites legais da capacidade de
endividamento;
- Aplicação de fundos de operações de tesouraria
em despesas orçamentais;
- Falta de injustificada da remessa de contas ao
Tribunal Contas;
- Falta injustificada de colaboração como o Tribunal
de Contas;
- Incumprimento dos prazos legais de remessa ao
Tribunal de Contas de processos sujeitos ao Visto
Prévio.

5.4. Documentos de Prestação de Contas


Nota ao mapa do controlo orçamental
Despesa

Este mapa tem como finalidade permitir o controlo da execução orçamental da despesa durante o exercício.
A coluna “Classificação económica” deve apresentar um nível de desagregação idêntico ao do orçamento.

Faculta informação designadamente sobre:


-- “Dotações corrigidas” - montantes orçamentados, modificados ou não através de revisões, de al-
terações orçamentais ou de reposições abatidas nos pagamentos ocorridas no decurso do exercício;
-- “Compromissos assumidos” - importâncias correspondentes às obrigações constituídas, inde-
pendentemente da concretização do seu pagamento no próprio exercício;
-- “Despesas pagas” - indica os pagamentos efetuados no exercício. No final de cada ano económi-
co, deverá distinguir-se o montante dos pagamentos respeitantes a despesas de anos anteriores
dos que respeitam a despesas do exercício findo;
-- “Diferenças” - diferenças entre os valores orçamentados corrigidos e os compromissos assumi-
dos no exercício e entre aqueles e as despesas pagas, bem como entre os compromissos assumidos
no exercício e as despesas pagas;
-- “Grau de execução orçamental” - percentagem de realização das despesas pagas em relação às
dotações do orçamento corrigido.

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Controlo Orçamental – Despesa

(Unidade:
 (designação da autarquia local)    €uros3)
Classificação Grau de
Compromissos assumidos Diferenças
económica Dota- execução
Des-
ções orçamental
pesas Compro-
Có- corrigi- Exercí- Exercícios Dotação não das
Descrição Total pagas Saldo missos
digo das cio futuros comprometida despesas
por pagar

(9)=(3)- (10)=(4)- (11)=(7)/


(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)=(3)-(4)
(7) (7) (3)*100

                     
  Total                  

Receita

Este mapa tem como finalidade permitir o controlo da execução orçamental da receita durante o
exercício. A coluna “Classificação económica” deve apresentar um nível de desagregação idênti-
co ao do orçamento, salvo o saldo da gerência anterior, dada a sua natureza.
Faculta informação designadamente sobre:
-- “Previsões corrigidas” - montantes orçamentados, modificados ou não através de revi-
sões ou alterações orçamentais. O saldo da gerência anterior, após a sua aprovação, é in-
cluído nesta coluna;
-- “Receitas por cobrar no início do ano” - receitas já liquidadas em anos anteriores, mas
ainda não cobradas;
-- “Receitas liquidadas” - receitas liquidadas no exercício;
-- “Liquidações anuladas” - importâncias que, embora já tivessem sido liquidadas, foram
anuladas antes da cobrança;
-- “Receitas cobradas brutas” - importâncias arrecadadas não afetadas pelo valor dos
reembolsos e restituições;
-- “Reembolsos e restituições” - importâncias emergentes de recebimentos indevidos,
evidenciando o apuramento das importâncias a reembolsar emitidas e os valores efeti-
vamente pagos;
-- “Receitas cobradas líquidas” - receitas cobradas brutas corrigidas dos reembolsos e res-
tituições;
-- “Receitas por cobrar no final do ano” - importâncias liquidadas ainda não objeto de co-
brança;
-- “Grau de execução orçamental” - percentagem das receitas cobradas líquidas em re-
lação às previsões corrigidas.

Controlo Orçamental – Receita


(unidade: €uros)
(designação da autarquia local)
Classificação Receitas Reembolsos e Grau de
Previ- Liqui- Receitas
económica por co- Receitas restituições Receita Receitas por execução
sões dações cobra-
brar no liquida- cobrada cobrar no orçamen-
Có- corrigi- anula- das
Descrição início do das líquida final do ano tal das
digo das das brutas Emitidos Pagos
ano receitas
(12)=(10)/
(10)=(7)- (11)=(4)+(5)-
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (3)*100
(9) (6)-(7)
 
                     
  Total                    

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ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS

O mapa orçamental do controlo da receita é apresentado com o objetivo de permitir o controlo


da execução orçamental da receita durante o exercício, registando todos os factos orçamentais
ocorridos, inclusive a absorção do saldo da gerência do exercício anterior. Paralelamente, classi-
ficador económico aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26/2002, de 14 de fevereiro prevê uma rubrica
específica da classificação económica para a incorporação saldo da gerência anterior, a classifi-
cação:160101.
Os reembolsos e as restituições são tratados contabilisticamente como despesa, devendo utili-
zar-se para o efeito as rubricas da classificação da despesa -06.01 “Outras despesas correntes –
Restituições” ou 11.02 “Outras despesas de capital- Restituições”.
Em face desta situação, serão os subtotais (corrente e de capital) apurados na coluna (7) – “Re-
ceitas cobradas brutas”- que deverão ser considerados para efeitos de fluxos de caixa, uma vez
que o montante pago em reembolsos e restituições são incluídos nos correspondentes subtotais
das despesas pagas (coluna 7 do mapa 7.3.1), as quais serão, por sua vez, consideradas no mapa
de fluxos de caixa.
Execução anual do plano plurianual de investimentos

Este mapa tem como finalidade permitir o controlo da execução anual do plano plurianual
de investimentos e faculta informação designadamente sobre:
Cada programa e projeto/ação de investimento;
Formas de realização - utilizar os códigos:
(A) para administração direta;
(E) para empreitada;
(O) para fornecimentos e outras;
Fontes de financiamento previstas, a preencher quando se trate de projetos com financia-
mento externo à Autarquia local - (AC) administração central, (AA) administração autár-
quica, e (FC) fundos comunitários -, devendo ser indicada a percentagem desse financia-
mento externo;
Financiamento da componente anual e valor global do programa/projeto;
Execução financeira dos anos anteriores, no exercício e exercícios futuros

 (designação da autarquia local)   (Unidade: €uros3)


Fonte de financiamento
Código da classe económica

Datas Montante previsto Montante executado Nível de Nível de


  Designa- (percentagem)
Forma de realização

execução e execução e
Núme- ção financiamento financiamento
Administração
Objetivo

ro do do progra- Fun-
anual (per- global (per-
projeto ma dos Anos Anos
centagem) centagem)
/ ação e projeto autár- comu- Início Fim Ano seguin- Total ante- Ano Total
central
  / ação quica nitá- tes riores
rios (a) (b)

                                   
Total Geral

a) Montante executado no ano/montante previsto do ano


b) Total do montante executado/total do montante previsto.

Pág.

47
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ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS

Operações de Tesouraria

São consideradas como operações de tesouraria as cobranças que os serviços autárquicos reali-
zam para terceiros.
Apresenta o movimento das operações de tesouraria devidamente desagregadas, devendo ser ar-
ticulado com o mapa de fluxos de caixa.
A entrada e a saída de fundos por operações de tesouraria são sempre documentadas, respetiva-
mente por guia de recebimento e ordem de pagamento. As operações de tesouraria serão desen-
volvidas e movimentadas em contas correntes por entidade e natureza.

Operações de tesouraria
Ano
(designação da autarquia local) (Unidade: €uros3)

Saldo da gerência anterior Movimento anual Saldo para a gerência seguinte


Código e designação das contas
Devedor Credor Débito Crédito Devedor Credor
Cobranças para terceiros            
           
           
           
           
           
           
           
           
Total            

Contas de ordem

Descrição desagregada das responsabilidades, por garantias e cauções prestadas e recibos para cobrança
de acordo com o seguinte mapa

Contas de ordem

Ano
(Designação da autarquia local) (Unidade: €uros3)

Saldo para a
Saldo da gerência anterior Movimento anual
Código e designação das contas Gerência seguinte

Devedor Credor Débito Crédito Devedor Credor


Garantias e cauções

Recibos para cobrança

Total

As garantias e cauções devem ser desagregadas em fornecedores, fornecedores de imobilizado e


credores diversos.
Este mapa deve ser articulado com o mapa de fluxos de caixa.

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Fluxos de Caixa

Neste mapa devem ser discriminadas as importâncias relativas a todos os recebimentos e pa-
gamentos ocorridos no exercício, quer se reportem à execução orçamental quer a operações de
tesouraria.
Nela se evidenciam também os correspondentes saldos (da gerência anterior e para a gerência
seguinte) desagregados de acordo com a sua proveniência (execução orçamental e operações de
tesouraria).
As receitas e despesas orçamentais serão desagregadas de acordo com a discriminação constante
do orçamento. Neste mapa deve ainda constar o movimento dos recibos para cobrança, garantias
e cauções.

Fluxo de Caixa
(designação da autarquia local) (Unidade: €uros3)
Recebimentos Pagamentos
Saldo da gerência anterior   € Despesas orçamentais   €
       
Execução orçamental €   Correntes €  
Operações de tesouraria €   Capital €  
 
       
 
Receitas orçamentais   € Operações de tesouraria €
       
Correntes €   Saldo para a gerência seguinte € 
Capital €      
 
    Execução orçamental €  
 
Operações de tesouraria   € Operações de tesouraria €  
       
 
         
Total   € Total   €

Contas de ordem

Saldo da gerência anterior    € Garantias e cauções acionadas   €


Garantias e cauções € Garantias e cauções devolvidas €
Recibos para cobrança € Receita virtual cobrada €
Garantias e cauções prestadas € Receita Virtual anulada €
Receita virtual liquidada € Saldo para a gerência seguinte €
Garantias e cauções €
Recibos para cobrança €
Total    € Total   €

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Empréstimos
8.3.6.1 Empréstimos(a)

Ano
(designação da autarquia local)
(Unidade: €uros3)
Visto do TC Capital Taxa de juro Encargos do ano

Data da Data da con- Finalidade do Encargos do ano


Caracterização Prazo do
aprovação tratação do empréstimo vencidos e não Observações
do empréstimo contrato Juros de
pela AM empréstimo Data (c) Contratado Utilizado Inicial Atual Juros Total pagos

Amort.
mora

Anos decorridos
Dívida em 1 de janeiro

Número de registo
Dívida em 31 de dezembro

curto prazo (b)  


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Total
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 M. e L. prazos (b)  
   
   
   
 
 
                                   
                                   
                                   
                                   
                                   
                                   
Total                                  
Limite de endividamento    

a) As colunas serão preenchidas quando se justifique


b) A desagregar por empréstimos bancários, por obrigações, outros empréstimos e por entidade
c) Utilizar (I)- se estiver isento do limite de endividamento, indicando a legislação aplicável, e (N) no caso contrário
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Outras Dívidas de Terceiros

Ano
(designação da autarquia local) (unidade: €uros)
Dívida em 1 de
Caracterização da dívida Dívida em 31 de dezembro Observações
janeiro
Curto prazo (a)    
 
Médio e longo prazos (a)    
 
Total      

Relatório de Gestão

O relatório de gestão a apresentar pelo órgão executivo ao deliberativo deve contemplar os seguintes
aspetos:

a) A situação económica relativa ao exercício, analisando, em especial, a evolução da gestão


nos diferentes setores de atividade da autarquia local, designadamente no que respeita ao
investimento, condições de funcionamento, custos e proveitos, quando aplicável;

b) Uma síntese da situação financeira da autarquia laca], considerando os indicadores de ges-


tão financeira apropriados à análise de balanços e de demonstrações de resultados

c) Evolução das dívidas de curto, médio e longo prazos de terceiros e a terceiros nos últimos três
anos, individualizando, naquele último caso, as dívidas a instituições de crédito das outras
dívidas a terceiros;

d) Proposta fundamentada da aplicação do resultado líquido do exercício;

e) Os factos relevantes ocorridos após o termo do exercício.

O regime simplificado, como anteriormente referimos apenas exige a prestação de contas em


termos orçamentais. Assim, o relatório de gestão exigido deverá versar sobre a execução orça-
mental, bem como os resultados orçamentais e do Plano Plurianual de Investimentos
O relatório de gestão deverá, por isso, incluir a comparabilidade entre os objetivos traçados pela
autarquia, os meios e os métodos utilizados na execução das atividades e os resultados obtidos.
A adequabilidade dos resultados aos objetivos pré-determinados, aos meios e métodos utiliza-
dos permite identificar respetivamente o grau de eficácia e de eficiência atingido pela atividade
autárquica.
Por outro lado, os meios e os métodos aplicados deverão ser avaliados não só em termos da lega-
lidade, mas também em termos da oportunidade e da adequação. Para tal, torna-se necessário
definir um conjunto de indicadores de gestão, que constituirão os “tableaux de bord” capazes de
fornecer informações suficientes à avaliação e acompanhamento da administração financeira no
domínio orçamental
Estes “tableaux de bord” servirão essencialmente à função de supervisão de gestão, permitindo a ve-
rificação, o acompanhamento e informação de todos os atos de decisão tomados ao longo da atividade
financeira da autarquia com vista à execução do Orçamento, e das Grandes Opções do Plano.
Em conclusão, o Relatório de Gestão deverá proporcionar uma visão clara da situação orçamental
relativa ao exercício espelhando a eficiência na utilização dos meios afetos à persecução das ati-
vidades desenvolvidas pela autarquia e a eficácia na realização dos objetivos.
Apresenta-se de seguida uma proposta de índice para o Relatório de Gestão a ser elaborado pela
autarquia:

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a- Introdução
Linhas de orientação e síntese da atividade desenvolvida.
Resumo das Principais políticas contabilísticas adotadas.
Atividades executadas por delegação de competências do Município
b- Execução e evolução da política orçamental desenvolvida pela freguesia
Processo orçamental:
- Modificações ao orçamento inicial
- Resumo da execução orçamental
- Orçamento da receita: estrutura e evolução
• Por natureza económica
- Orçamento da despesa: estrutura e evolução
• Por natureza económica
• Por orgânica
• Por funções
- Orçamento de Investimentos:
• Avaliação da execução do Plano Plurianual de Investimentos
• Integração dos investimentos executados por objetivo e programas
- Transferências e Subsídios obtidos
• Por natureza económica da despesa que é afetada
• Por origem de fundos: entidade, programas
c- Dívida da freguesia
- Estrutura da dívida
- Evolução da dívida

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Capítulo 6- O Sistema de Controlo Interno no POCAL

6.1. Introdução

O Sistema de Controlo Interno a adotar pelas autarquias locais engloba (nos termos do
POCAL), designadamente: o plano de organização; políticas; métodos e procedimentos
de controlo, bem como todos os outros métodos e procedimentos definidos pelos respon-
sáveis autárquicos que contribuam para assegurar o desenvolvimento das atividades de
forma ordenada e eficiente, incluindo: a salvaguarda dos ativos; a prevenção e deteção de
situações de ilegalidade; as fraudes e erros; a exatidão e a integridade dos registos conta-
bilísticos e a preparação oportuna de informação financeira fiável. Ponto 2.9.1do POCAL

A aprovação de um Sistema de Controlo Interno (SCI), definido nas condições apresentadas nos
pontos 2.9.1 é de caráter obrigatório e tem por base as leis e regulamentos vigentes, de modo a
garantir a fiabilidade das informações produzidas e a realização e otimização das operações, ne-
cessárias à execução da missão da cada serviço ou função.
A alínea e) do nº1 do artigo 16º da Lei n º 75/2013 de 12 de setembro estipula que compete à junta
de freguesia elaborar e aprovar a norma de controlo interno. Assim, a junta deve:
-- Aprovar o Sistema de Controlo Interno;
-- Assegurar o seu funcionamento;
-- Assegurar o acompanhamento e a avaliação do sistema;
-- Estabelecer, em conjunto com o órgão deliberativo (Assembleia de Freguesia), procedi-
mentos de controlo específicos.
O Sistema de Controlo Interno, deverá integrar:
-- Norma de Controlo Interno;
-- Regulamento de Inventário;
-- Manual de Procedimentos Contabilísticos;
-- Outros regulamentos da atividade autárquica

6.2. Elementos do Sistema de Controlo Interno


A Norma de Controlo Interno
A Norma de Controlo Interno (NCI) a elaborar por cada autarquia, deverá adequar-se à respetiva
estrutura organizativa e atender aos serviços existentes. Refletirá e ajustar-se-á às competências
e atribuições, conforme o arrolamento das funções apresentadas em sede das correspondentes
microestruturas, bem como as respetivas responsabilidades funcionais.
A Norma de Controlo Interno é aprovada pelo executivo conforme estipulado na Lei n.º 75/2013,
de 12 de setembro, e ponto 2.9.3 do POCAL.
Os órgãos executivos das autarquias locais cujas contas são enviadas a julgamento do Tribunal
de Contas remetem à Inspeção-geral de Finanças cópia da norma de controlo interno, bem como
todas as suas alterações, no prazo de 30 dias após a sua aprovação

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O órgão executivo aprova e mantém em funcionamento o Sistema de Controlo Interno adequado


às atividades da Autarquia, assegurando o seu acompanhamento e avaliação permanente.
A Norma de Controlo Interno deverá conter os seguintes elementos:
1. Instruções relativas aos procedimentos de gestão financeira;
2. Métodos de controlo:
-- Definição das funções de controlo;
-- Identificação das responsabilidades funcionais;
-- Circuitos documentais e definição dos correspondentes pontos ou verificação de contro-
lo.
Determina ainda o POCAL que os órgãos executivos das Autarquias locais cujas contas são en-
viadas a julgamento do Tribunal de Contas remetem à Inspeção Geral de Finanças (IGF) cópia da
Norma de Controlo Interno, bem como todas as suas alterações, no prazo de 30 dias após a sua
aprovação 2.99 do POCAL.
Os objetivos fundamentais da Norma de Controlo Interno (NCI), poder-se-ão condensar no se-
guinte esquema:
-- Imagem fiel das Demonstrações Financeiras;
-- Eficácia da gestão e qualidade da informação;
-- Execução dos planos e políticas superiormente definidas;
-- Integralidade e exatidão dos registos contabilísticos;
-- Salvaguarda dos ativos;
-- Registo e atualização dos Ativos Fixos;
-- Legalidade e a regularidade das operações;
-- Segregação de Funções;
-- Controlo das Operações;
-- Definição de Autoridade e Responsabilidade;
-- Registo Metódicos dos Factos.
A segregação de funções evita a atribuição à mesma pessoa de duas ou mais funções concomitan-
tes, impedindo ou dificultando a prática de erros ou irregularidades, e ainda a sua dissimulação.
Exemplificando, a mesma pessoa não pode ter simultaneamente a responsabilidade pelo controlo
físico dos ativos e pelo seu registo contabilístico.
O Princípio da Segregação de Funções implica a diferenciação das operações de execução orça-
mental e a sua realização por funcionários distintos e ou serviços.
Exemplos de segregação de funções:
-- Tesouraria versus contabilidade - o tesoureiro nunca poderá ter funções na área da con-
tabilidade;
-- Depósitos versus reconciliações bancárias – o funcionário que tem a responsabilidade
dos registos contabilísticos da receita não deverá conferir nem realizar as reconciliações
bancárias;
-- Manuseamento das existências em armazém versus registo dos bens – o funcionário que
manuseia as requisições e receciona as matérias e bens não poderá ser o responsável pelo

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registo e inventário físico das mesmas.


-- Autorização de despesa versus autorização de pagamento – quem autoriza a despesa não
deve coincidir com quem autoriza o pagamento
Regulamento de Inventário
O Sistema de Controlo Interno deve ter em conta a necessidade de se estabelecerem métodos e
procedimentos conducentes, à permanente atualização do Inventário dos Bens Móveis, Imóveis
e Veículos, daí a inclusão do Regulamento de Inventário.
Manual de Procedimentos Contabilísticos
O Manual de Procedimentos Contabilísticos deve fazer referência às instruções relativas aos
procedimentos contabilísticos, com definição dos circuitos obrigatórios dos documentos e enu-
meração de modelos de documentos contabilísticos. De realçar a importância acrescida desde
manual com a publicação da Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso Lei nº 8/2012, de 21
de fevereiro.
Conjunto de Regulamentos das diversas atividades autárquicas
Trata-se da necessidade de se proceder à elaboração de regulamentos específicos para as dife-
rentes áreas de intervenção autárquica, no âmbito, ainda que restrito, das freguesias. Não deve
haver qualquer área de intervenção autárquica sem um regulamento que estabeleça as regras,
circuitos, procedimentos, responsabilidades, prazos de execução e sanções a aplicar quando as
mesmas não forem cumpridas. São exemplo o Regulamentos de Taxas e Licenças, Regulamento
de Feiras e Mercado e Regulamento dos Cemitérios, etc… Nesta matéria dá-se especial relevo ao
regulamento de Taxas e licenças que com a Lei n.º 53-E/2006 de 29 de dezembro regime geral das
taxas das autarquias locais conjugado com a lei das Finanças Locais se tornou um documento de
vital importância para a arrecadação de receita. De referir ainda que o valor das taxas e serviços
deve ser sustentado pela fundamentação económico e financeira dos mesmos.
Estes regulamentos são estabelecidos para proporcionar a segurança necessária ao cumprimento
das atribuições cometidas às freguesias. Devem abranger o maior número possível de atividades
da Autarquia e consagrarem os objetivos apontados no ponto 2.9.2 do POCAL.

6.3. Os métodos e procedimentos de controlo


Tendo em conta que na definição dos objetivos do SCI, os métodos e procedimentos estabelecidos
no ponto 2.9.10 do POCAL são os mínimos aos quais deverá obedecer a Norma de Controlo Inter-
no a aprovar pela autarquia, nesta sessão fazer-se-á uma referência a cada uma delas através de
Tópicos Específicos a desenvolver de seguida.
Os métodos e procedimentos de controlo devem visar os seguintes objetivos:
a) A salvaguarda da legalidade e regularidade no que respeita à elaboração, execução e mo-
dificação dos documentos previsionais, à elaboração das demonstrações financeiras e ao
sistema contabilístico;
b) O cumprimento das deliberações dos órgãos e decisões dos respetivos titulares;
c) A salvaguarda do património;
d) A aprovação e controlo de documentos;
e) A exatidão e integridade dos registos contabilísticos, bem como, a garantia da fiabilidade
da informação produzida;
f) O incremento da eficiência das operações;

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g) A adequada utilização dos fundos e o cumprimento dos limites legais na assunção de


encargos;
h) O controlo das aplicações e do ambiente informáticos;
i) A transparência e a concorrência no âmbito dos mercados públicos;
j) O registo oportuno das operações pela quantia correta, nos documentos e livros apro-
priados e no período contabilístico a que respeitam, de acordo com as decisões de gestão
e no respeito das normas legais. Ponto 2.9.2.
Anota-se que estes métodos e procedimentos apresentados, bem como os objetivos que os de-
terminaram (2.9.2 do POCAL), conduzem à elaboração de um normativo de caráter operacional
essencialmente destinado à verificação, acompanhamento e avaliação dos métodos e procedi-
mentos desenvolvidos pela contabilidade
Porque a Norma de Controlo Interno deve ser um instrumento regulador de todos os procedi-
mentos desenvolvidos pela contabilidade deverá, conter regras definidoras para todas as áreas de
intervenção contabilística.

Disponibilidades
As disponibilidades (sobretudo a nível dos meios monetários) são um dos meios financeiros mais
vulneráveis e objeto de utilização não apropriada por parte das pessoas que, a qualquer nível,
trabalhem na freguesia. Por tal vulnerabilidade é mais que percetível a importância de um Sis-
tema de Controlo Interno, para de certa forma permitir um maior controlo sobre as mesmas. No
âmbito das disponibilidades é ainda muito importante a segregação de funções, que estabelece
que as diferentes funções não sejam realizadas apenas por uma única pessoa (nas freguesias de
menor dimensão, que contem apenas com os eleitos locais, há maior dificuldade no cumprimen-
to destes procedimentos).

A NCI deve definir:


-- O montante máximo de numerário em caixa;
-- A constituição e regularização de um fundo de maneio e definição das despesas a pagar
pelo fundo e do seu limite
-- Como e quando é efetuada a entrega das importâncias recebidas pelos cobradores dis-
tintos do tesoureiro;
-- Qual a periodicidade da contagem física do numerário e quais os documentos sob a res-
ponsabilidade do tesoureiro;
-- Como é efetuada a abertura de contas bancárias, (Lei: tituladas pelas autarquias, sujeitas
a deliberação do órgão executivo, e movimentadas simultaneamente pelo tesoureiro e
presidente da Junta);
-- A guarda dos cheques por emitir;
-- O depósito dos recebimentos (Lei: depósito diário e integral dos recebimentos);
-- Quem é o responsável e qual a periodicidade da elaboração das reconciliações bancárias
(por exemplo: estas devem ser realizadas por funcionário não afeto à tesouraria e men-
salmente).
Exemplo de procedimentos de autocontrolo a adotar relativamente à emissão de cheques:
-- A emissão destes deverá estar a cargo de um funcionário responsável;
-- Devem ser emitidos nominativamente e cruzados;

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-- Devem ser assinados por duas pessoas (com funções independentes);


-- Devem apenas ser emitidos na presença de documentos justificativos;
-- Qualquer cheque anulado deve ser arquivado depois de lhe inutilizarem as assinaturas;
-- Deverá ser alvo de aposição de carimbo ou indicação da validade do cheque (por ex.
“Válido por 6 meses).
O que o POCAL exige, para as freguesias, como métodos e procedimentos, nesta matéria:

2.9.10.1.1 – A importância em numerário existente em caixa não ultrapasse o montante adequado às neces-
sidades diárias da Autarquia, sendo este montante definido pelo órgão executivo;

2.9.10.1.2 – A abertura de contas bancárias é sujeita a prévia deliberação do órgão executivo, devendo as
mesmas ser tituladas pela Autarquia e movimentadas simultaneamente pelo tesoureiro e pelo presidente do
órgão executivo ou por outro membro deste órgão em quem ele delegue;

2.9.10.1.3 – Os cheques não preenchidos estão à guarda do responsável designado para o efeito, bem como
os que já emitidos tenham sido anulados, inutilizando-se neste caso as assinaturas, quando as houver, e
arquivando-se sequencialmente;

2.9.10.1.4 – A entrega dos montantes das receitas cobradas por entidades diversas do tesoureiro seja feita
diariamente, utilizando para o efeito os meios definidos pelo órgão executivo;

2.9.10.1.5 – As reconciliações bancárias se fazem mensalmente e são confrontadas com os registos da con-
tabilidade, pelo responsável designado para o efeito, que não se encontre afeto à tesouraria nem tenha aces-
so às respetivas contas correntes;

2.9.10.1.6 – Quando se verifiquem diferenças nas reconciliações bancárias, estas são averiguadas e pron-
tamente regularizadas, se tal se justificar;

2.9.10.1.7 – Findo o período de validade dos cheques em trânsito, se procede ao respetivo cancelamento junto
da instituição bancária, efetuando-se os necessários registos contabilísticos de regularização;

2.9.10.1.9 – O estado de responsabilidade do tesoureiro pelos fundos, montantes e documentos


entregues à sua guarda é verificado, na presença daquele ou seu substituto, através de contagem
física do numerário e documentos sob a sua responsabilidade, a realizar pelos responsáveis de-
signados para o efeito, nas seguintes situações:

a) Trimestralmente e sem prévio aviso;

b) No encerramento das contas de cada exercício económico;

c) No final e no início do mandato do órgão executivo eleito ou do órgão que o substituiu, no caso de
aquele ter sido dissolvido;

d) Quando for substituído o tesoureiro;

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2.9.10.1.10 – São lavrados termos da contagem dos montantes sob a responsabilidade do tesourei-
ro, assinados pelos seus intervenientes e, obrigatoriamente, pelo presidente do órgão executivo,
pelo dirigente para o efeito designado e pelo tesoureiro, nos casos referidos na alínea c) do número
anterior, e ainda pelo tesoureiro cessante, nos casos referidos na alínea d) do mesmo número;

2.9.10.1.11 – Para efeitos de controlo dos fundos de maneio o órgão executivo deve aprovar um
regulamento que estabeleça a sua constituição e regularização, devendo definir a natureza
da despesa a pagar pelo fundo, bem como o seu limite máximo, e ainda:

a) A afetação, segundo a sua natureza, das correspondentes rubricas da classificação económica;

b) A sua reconstituição mensal contra a entrega dos documentos justificativos das despesas;

c) A sua reposição até 31 de dezembro;

2.9.10.1.13 – O tesoureiro responde diretamente perante o órgão executivo pelo conjunto das im-
portâncias que lhe são confiadas e os outros funcionários e agentes em serviço na tesouraria res-
pondem perante o respetivo tesoureiro pelos seus atos e omissões que se traduzam em situações
de alcance, qualquer que seja a sua natureza, para o que o tesoureiro deve estabelecer um sistema
de apuramento diário de contas relativo a cada caixa, segundo o que se encontre em vigor nas
tesourarias da Fazenda Pública, com as necessárias adaptações;

2.9.10.1.14 – A responsabilidade por situações de alcance não são imputáveis ao tesoureiro es-
tranho aos factos que as originaram ou mantêm, exceto se, no desempenho das suas funções de
gestão, controlo e apuramento de importâncias, houver procedido com culpa;

2.9.10.1.16 – Sempre que, no âmbito das ações inspetivas, se realize a contagem dos montantes
sob responsabilidade do tesoureiro, o presidente do órgão executivo, mediante requisição do ins-
petor ou do inquiridor, deve dar instruções às instituições de crédito para que forneçam direta-
mente àquele todos os elementos de que necessite para o exercício das suas funções.

Um dos instrumentos de verificação das regras da NCI na área das disponibilidades como meio de
prevenção ao não cumprimento dessas mesmas regras, se necessário, será a implementação de
um questionário (check-list), com periodicidade anual, para a avaliação das regras estabelecidas.
Este procedimento é também uma forma da autarquia se preparar para as eventuais auditorias
externas e melhorar o seu desempenho. Assim, apresenta-se uma proposta de check-list a usar
para este fim.

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Questionário para avaliação do Controlo Interno (Área/setor: Disponibilidades)

Não
Descrição dos procedimentos contabilísticos e/ou medidas de controlo interno Sim Não Obs.
Aplicável
1. Está definido pelo executivo o montante máximo de numerário existente em caixa?
2. Qual o seu valor?
3. Identificação de todas as contas bancárias por onde se movimentam recebimentos e
pagamentos da autarquia:


4. Relação das datas de deliberação do órgão executivo para a abertura de cada conta
supramencionada.
5. Há alguma conta movimentada na tesouraria não titulada pela Autarquia? Se sim qual:
6. Os pagamentos são concretizados com base em ordens de pagamento devidamente
autorizadas?
7. Confere-se diariamente o total das ordens de pagamentos com os pagamentos efetua-
dos?
8. Os cheques são assinados por duas pessoas e na presença dos respetivos documentos de
suporte previamente conferidos?
9. É conferido pelo responsável da contabilidade o NIB registado na ficha do credor com
base em informação emitida pela própria da entidade?
10. Está protegido em termos informáticos com código de permissão o campo relativo ao
registo do NIB na ficha da entidade credora?
11. Existe responsável designado para o controlo dos cheques não preenchidos ou cheques
emitidos e anulados?
12. São inutilizadas as assinaturas de cheques anulados?
13. Procede-se a reconciliação bancária mensal?
14. As reconciliações bancárias são feitas por algum funcionário que manuseia numerário ou
cheque?
15. Procede-se ao cancelamento de cheques em trânsito findo o seu período de validade?
16. Os itens que aparecem nas reconciliações bancárias, por um período de tempo anormal,
são objeto de adequada investigação?
17. Os valores recebidos são diários e integralmente depositados nos bancos?
18. Confere-se diariamente o total dos valores recebidos com o somatório dos recibos emi-
tidos?
19. Há controlo específico sobre os cheques devolvidos pelo banco?
20. Em que momento se procede à contagem física do numerário e documentos que estão
sob a responsabilidade do tesoureiro?
21. Existem responsáveis pela contagem física das disponibilidades à guarda do tesoureiro?
22. Existe regulamento para a constituição e regularização dos fundos de maneio?
23. Qual o órgão que aprovou o regulamento dos fundos de maneio?
24. Qual é o limite máximo do fundo de maneio?
25. Existem fundos de maneio sem reposição até 31 de dezembro?
26. Existem mapas de controlo das contas bancárias afetas a empréstimos de curto e médio
prazo?
27. Procede-se à verificação de cálculo dos juros líquidos pelas entidades de crédito, resul-
tantes de créditos obtidos?
28. Existe mapa de controlo, na tesouraria, relativo a prazos de pagamento relacionadas
com:
• encargos de dívida de curto prazo?
• locação financeira?
• obrigações fiscais?
• segurança social?
• outras situações com débitos em conta?
29. Existe mapa de controlo”, na contabilidade, relativo a prazos de pagamento com:
• encargos de dívida?
• outros encargos com fornecedores?
• obrigações fiscais?
• obrigações com a Segurança Social?
30. São objeto de imediata investigação todas as receitas identificadas nos extratos de
conta bancária para os quais não existe a respetiva guia de recebimento?
31. Qual o prazo médio para a identificação das diferenças verificadas entre os depósitos
bancários e as guias de recebimento?
32. É confrontado diariamente o montante de pagamento e de recebimento registado na
tesouraria com a respetiva receita e despesa registada na contabilidade?
33. Existe mapa previsional de tesouraria?

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Terceiros
Embora subordinado ao Plano Plurianual de Investimentos e ao Plano de Atividades, o controlo da
atividade da autarquia, nesta área de relevante interesse financeiro, é necessário para salvaguardar o
bom funcionamento da autarquia, conforme condicionalismos impostos no ponto 2.9.10.2 do POCAL.

2.9.10.2.1 – As compras são feitas pelos responsáveis do setor designado para a realização de
compras, com base em requisição externa ou contrato, após verificação do cumprimento das nor-
mas legais aplicáveis, nomeadamente, em matéria de assunção de compromissos, de concurso e
de contratos;
2.9.10.2.2 – A entrega de bens é feita no setor designado para o efeito, obrigatoriamente distinto
do setor referido na alínea anterior, onde se procede à conferência física, qualitativa e quantita-
tiva, e se confronta com a respetiva guia de remessa, onde é aposto um carimbo de “Conferido” e
“Recebido”, se for o caso;
2.9.10.2.3 – Periodicamente, o funcionário para tal designado faz a reconciliação entre os extra-
tos de conta corrente dos clientes e dos fornecedores com as respetivas contas da Autarquia local;
2.9.10.2.4 – Na contabilidade são conferidas as faturas com a guia de remessa e a requisição ex-
terna, após o que são emitidas as ordens de pagamento e enviadas cópias dos documentos ao
setor responsável pelo aprovisionamento;
2.9.10.2.5 – Caso existam faturas recebidas com mais de uma via, é aposto nas cópias, de forma
clara e evidente, um carimbo de “Duplicado”;
2.9.10.2.6 – Se efetuem reconciliações na conta de devedores e credores;
2.9.10.2.7 – Se efetuem reconciliações nas contas de empréstimos bancários com instituições de
crédito e se controlem os cálculos dos juros;
2.9.10.2.8 – Se efetuem reconciliações nas contas “Estado e outros entes públicos”

Reveste-se de grande importância o seu cumprimento pelo impacto organizativo que as mesmas
impõem à Freguesia. Uma mais eficiente resposta a estes itens exige que se repense a organização
da informação relacionada com os processos aquisitivos.
A NCI deve definir:
-- No que respeita às aquisições:
• Por quem são feitas; quem preenche e assina a requisição externa ou nota de encomenda;
• Onde devem ser entregues os bens e quem efetua a conferência física com a guia de
remessa e receção qualitativa (deve ser pessoa diferente de quem encomenda);
-- No que respeita à contabilidade: quem confere a fatura do fornecedor com a guia de re-
messa e requisição externa;
-- No que respeita ao controlo das dívidas a pagar: quem efetua e periodicidade da reconci-
liação entre extratos de conta corrente dos fornecedores e as contas da autarquia.
-- No que respeita ao Pagamento: quem emite e verifica a conformidade legal das ordens de
pagamento e cheques, ou ordem de transferência bancária.
Porque a NCI é um documento com os condicionalismos mínimos a considerar impostos pelo
POCAL já referidos, apresenta-se a título de complemento da informação um check-list relativo
a esta área de intervenção financeira. Mantêm-se contudo, o que foi dito sobre a razoabilidade
da sua aplicação a todo o universo destas entidades face ao grande leque de diferenças existentes
entre freguesias de pequenas dimensão e freguesias de grande dimensão.

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Questionário para avaliação do Controlo Interno (Área/setor: Terceiros)

Não
Descrição dos procedimentos contabilísticos e/ou medidas de controlo interno Sim Não Obs.
Aplicável

1. A função compra está centralizada num único serviço, se não qual o organograma explicativo
desta função?
2. Serviço de compras, se existe, está separado dos serviços de:
• Contabilidade?
• Armazém?
3. Todas as compras são objeto de prévia autorização do órgão competente?
4. Que delegação ou sub-delegação de competências existem para autorizar despesas? Qual a
Lei habilitante que as sustenta?
5. Todas as autorizações de compras estão sustentadas por proposta fundamentada pelo serviço
requisitante, onde seja evidenciada a necessidade da aquisição?
6. Todas as informações propostas são cabimentadas previamente à autorização do órgão diri-
gente com competência para tal?
7. A adjudicação é precedida do registo do compromisso nos termos da Lei dos Compromissos e
pagamentos em Atraso?
8. As requisições externas são emitidas em modelo oficial? Tem o número de compromisso
sequencial?
9. Está delegado no dirigente do serviço de compras a competência para assinatura das requisi-
ções externas?
10. Existe algum controlo relativamente às requisições efetuadas e ainda não satisfeitas.
11. Existe algum controlo para efeitos de verificação da conformidade do prazo da entrega com a
proposta apresentada e o contrato celebrado?
12. As aquisições de serviço efetuam-se no cumprimento das regras impostas na Lei, relativamen-
te ao tipo de procedimentos a adotar?
13. Relativamente às situações de bens em que se proceda à compra por ajuste direto faz-se con-
sultas periódicas ao mercado, a fim de se detetar fornecedores que ofereçam melhores condi-
ções de preço, prazo, qualidade, descontos, etc.
14. Os bens são rececionados num só local ou diversos locais?
15. As guias de receção e as guias de remessa são encaminhadas para o setor de compras?
16. É atualizada a informação sobre as requisições não satisfeitas?
17. São enviadas as guias de remessa devidamente visadas pelo serviço aquisitivo, para o setor da
contabilidade a fim de serem anexadas ao respetivo processo de despesa?
18. Existe algum registo de correspondência entrada, onde se evidencie as faturas de fornecedores
recebidas, incluindo as entregas por mão própria?
19. Qual o prazo que medeia entre o processo de receção da fatura e o seu envio para a contabilidade?
20. Existe alguma regra interna a determinar este prazo máximo?
21. Na receção das faturas, na contabilidade, é assegurada a distinção clara entre original e o
duplicado das faturas garantindo indicação, na cópia, do termo “duplicado”?
22. As faturas são objeto de apropriada conferência com base em todos os documentos de supor-
te: requisição, guia de remessa, guia de receção e incluindo a verificação aritmética?
23. Como se controlam as entregas parciais?
24. Existe segregação de funções entre o pessoal que confere os documentos e quem processa o
registo e controlo da conta corrente?
25. As contas de fornecedores são examinadas periodicamente com a identificação das faturas por pagar?
26. Com que periodicidade se procede à circularização das contas correntes de clientes e fornecedores?
27. A contabilidade, após a emissão da ordem de pagamento envia cópia dos documentos ao setor
responsável pelo aprovisionamento?
28. Há funcionários que são simultaneamente fornecedores ou prestadores de serviço direta ou
indiretamente através de empresas?
29. Aquando da emissão da ordem de pagamento é verificada a situação de regularização perante
a segurança social e fisco, das entidades credoras da Autarquia?
30. Os contratos celebrados entre a Autarquia e terceiros são numerados sequencialmente por
ano civil?
31. A celebração de contratos, bem como a sua organização e arquivo encontram-se centralizados
num único serviço?
32. Existe um plano de pagamento relativo às obrigações legais?
• Fiscais?
• Segurança social?
• O cálculo de juros debitados pelas instituições de crédito é conferido pela contabilidade?
33. Com que periodicidade se efetuam as reconciliações das contas de empréstimos bancários e as
relativas a contratos de leasing com as respetivas contas correntes das Instituições de crédito?
34. Com que periodicidade se efetuam as reconciliações nas contas “Estado e Outros Entes Público”?

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Medidas de controlo de Existências


As existências, tal como as disponibilidades, são muito vulneráveis a situações de fuga ou perda,
pelo que devem ser alvo de controlo intensivo. A segregação de funções é um princípio muito
importante que deverá estar presente na definição das medidas de controlo das existências.
A NCI deve definir:
-- Quem é o responsável pelas saídas de armazém para venda ou consumo de materiais;
-- Qual a periodicidade e quem efetua a inventariação física periódica das existências;
-- Quem é o responsável pelas fichas de armazém definidas no POCAL, uma vez que estas
refletem os bens existentes em armazém. O responsável pelo registo nestas fichas deverá
ser alguém que não contacte com as mesmas – Princípio da Segregação de Funções;
-- Quais os procedimentos para salvaguarda das existências relativas a furtos, por exemplo
a importância da conferência entre a fatura e a respetiva requisição externa;
-- Quem, realiza as inspeções físicas e reconciliações e qual a periodicidade destas, e como.
Exemplos de medidas de controlo interno:
1. Os registos nas fichas de armazém são feitos por funcionários que não procedam ao ma-
nuseamento físico das existências em armazém;
2. Conferir se o resultado da contagem física corresponde à realidade dos registos conta-
bilísticos;
3. Alterar rotativamente as equipas que efetuam as contagens físicas;
4. Ter previstas instruções sobre o armazenamento das existências, bem como o acesso,
para facilitar o seu controlo físico.
O que o POCAL exige, para as freguesias, como métodos e procedimentos, nesta matéria :

2.9.10.3.1 – A cada local de armazenagem de existências corresponde um responsável nomeado


para o efeito;
2.9.10.3.2 – O armazém apenas faz entregas mediante a apresentação de requisições inter-
nas devidamente autorizadas;
2.9.10.3.3 – As fichas de existências do armazém são movimentadas por forma que o seu saldo
corresponda permanentemente aos bens existentes no mesmo armazém;
2.9.10.3.4 – Os registos nas fichas de existências são feitos por pessoas que, sempre que possível,
não procedam ao manuseamento físico das existências em armazém;
2.9.10.3.5 – As existências são periodicamente sujeitas a inventariação física, podendo utilizar-
-se testes de amostragem, procedendo-se prontamente às regularizações necessárias e ao apu-
ramento de responsabilidades, quando for o caso.

Será também pertinente, neste capítulo de intervenção, em que se exigem regras de controlo
interno apresentar a título exemplificativo um quadro de check-list de prevenção aos eventuais
desvios ao necessário autocontrolo.

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Questionário para avaliação do Controlo Interno (Área/setor: Existências)

Não
Descrição dos procedimentos contabilísticos e/ou medidas de controlo interno Sim Não Obs.
Aplicável
1. Existem responsáveis designados para o armazém de existências?
2. Existe segregação de funções entre quem procede ao registo de quantidades e quem pro-
cede ao armazenamento físico das existências?
3. O acesso ao armazém de existências é condicionado?
4. O ficheiro das quantidades é revisto periodicamente com o objetivo de detetar os artigos
em excesso, com pouco movimento ou obsoletos?
5. Existe adequada cobertura de seguros de existências, nomeadamente contra roubo,
incêndio e inundações?
6. No ato de receção, os bens são inspecionados, contados, pesados ou medidos, confron-
tando-se com a informação constante na cópia da requisição?
7. Para cada um dos artigos rececionados, emite-se uma guia de receção, que é confronta-
da com a guia de remessa do fornecedor?
8. É posto na guia de remessa, após a verificação e receção, o carimbo de conferido e rece-
bido se for o caso?
9. No ato de receção, são anotados os desvios em quantidade e qualidade dos bens entre-
gues relativamente ao solicitado?
10. Está implementado o sistema de inventário permanente para as existências? As fichas de
existências estão permanentemente atualizadas?
11. A saída de existências de armazém é precedida da respetiva requisição interna, devida-
mente autorizada pelo dirigente do serviço requisitante e pelo responsável do armazém?
12. As requisições internas são emitidas em modelo oficial visado pelo executivo da fregue-
sia?
13. As requisições internas são numeradas sequencialmente por serviço requisitante e por
ano civil?
14. As requisições internas identificam o projeto ou atividade para a qual se destinam os
bens solicitados?
15. Com que periodicidade se efetuam contagens físicas periódicas às existências em arma-
zém?
16. Procede-se à averiguação quando se detetam diferenças entre as contagens e o registo
de quantidades?
17. A venda de bens obsoletos, sucatas está devidamente autorizada?
18. Os critérios de valorização das saídas de existências são os previstos no POCAL?
19. A Autarquia adota o fornecimento contínuo como forma de aquisição para os bens de
utilização contínua e permanente?

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Medidas de controlo do Imobilizado


O POCAL no seu ponto 2.9.10.4, exige de igual forma, a implementação de pontos e critérios de
controlo:

2.9.10.4.1 – As fichas do imobilizado são mantidas permanentemente atualizadas;


2.9.10.4.2 – As aquisições de imobilizado se efetuam de acordo com o plano plurianual de in-
vestimentos e com base em deliberações do órgão executivo, através de requisições externas ou
documento equivalente, designadamente contrato, emitido pelos responsáveis designados para o
efeito, após verificação do cumprimento das normas legais aplicáveis, nomeadamente em maté-
ria de empreitadas e fornecimentos;
2.9.10.4.3 – A realização de reconciliações entre os registos das fichas e os registos contabilísti-
cos quanto aos montantes de aquisições e das amortizações acumuladas; 2.9.10.4.4 – Se efetue a
verificação física periódica dos bens do ativo imobilizado, se confira com os registos, proceden-
do-se prontamente à regularização a que houver lugar e ao apuramento de responsabilidades,
quando for o caso.

Face ao caráter de obrigatoriedade de constar na NCI pontos e critérios de controlo, e consideran-


do a dimensão da atividade financeira da freguesia sugere-se como mínimos os seguintes:
-- Quem autoriza a aquisição de imobilizado;
-- Quem verifica os aspetos legais da aquisição de bens;
-- Quem preenche e atualiza as fichas de imobilizado;
-- Quais os bens considerados de domínio público e critérios de avaliação;
-- Quando e quem efetua a verificação física do ativo imobilizado e da sua operacionalida-
de, conferindo com os registos;
-- Quem preenche as fichas individuais e anuais previstas no CIBE (Cadastro e Inventário
dos Bens do Estado).
Exemplos de medidas de controlo interno:
1. Receção e conferência qualitativa e quantitativa de todos os bens móveis e imóveis que
passem a integrar o património imobilizado da autarquia.
2. O serviço requisitante deverá verificar a conformidade dos bens rececionados com as
guias de remessa, faturas ou equivalentes documentos e com as cópias das requisições
externas.
Em complemento ao referido apresenta-se um check-list que poderá servir de prevenção a des-
vios as regras a estabelecer que deverá ser, pelo menos, uma vez em cada ano.

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Questionário para avaliação do Controlo Interno (Área/setor: Imobilizado)

Não
Descrição dos procedimentos contabilísticos e/ou medidas de controlo interno Sim Não Obs.
Aplicável
1. Cada informação/proposta, que fundamenta o pedido de aquisição de bens imobilizados
é cabimentada previamente à respetiva autorização, na rubrica orçamental e no Plano
Plurianual de Investimentos?
2. Existe serviço ou funcionário designado para a verificar se aquisições de bens, e adjudi-
cação de empreitadas se efetuam no cumprimento das regras impostas por lei?
3. As diversas fases do processo de aquisição estão autorizadas pelo órgão ou dirigente
com competência própria ou delegada?
4. Existem fichas individuais de imobilizado permanentemente atualizadas?
5. Os valores totais das fichas são periodicamente conferidos com os saldos das corres-
pondentes contas do razão?
6. Existe regulamento de inventário para bens móveis e imóveis?
7. Do manual de procedimentos contabilísticos constam procedimentos (de bens transferi-
dos, abatidos, etc.), circuitos (segregação de funções, sequencialidade dos atos adminis-
trativos) e documentos (ficha) relativos à aquisição e gestão de imobilizado?
8. Estão definidas regras e procedimentos a seguir relativamente aos trabalhos efetuados
para a própria entidade?
9. Os circuitos e procedimentos definidos asseguram o controlo físico e financeiro dos
projetos de investimento em todas as fases?
10. Existe uma contabilização por projeto ou ação que permita identificar cada uma delas
como centro de custos?
11. Existe um gestor de projeto para cada projeto implementado?
12. Existe modelo processual aprovado para a organização dos dossiers técnico-adminis-
trativos relacionados com empreitadas e contratos de fornecimento de bens?
13. Existe modelo de relatório de acompanhamento da execução física de obras?
14. São devidamente fundamentados e fiscalizados os valores de trabalhos a mais e a me-
nos das empreitadas?
15. Todos os trabalhos a mais ou a menos constituem adendas ao contrato inicial?
16. É verificado o cálculo da revisão de preços apresentado pelos empreiteiros?
17. Quando o imobilizado em curso é dado como concluído procede-se à sua transferência
para imobilizado corpóreo?
18. Todos os bens inventariáveis estão contabilizados no imobilizado corpóreo?
19. Com que periodicidade são efetuadas verificações físicas aos bens do ativo imobilizado,
confrontando o resultado com os registos contabilísticos existentes?
20. Quando não há conformidade entre as verificações físicas efetuadas e as informações
constantes na contabilidade procede-se de imediato às respetivas regularizações e ao
apuramento de responsabilidades?
21. Com que periodicidade se efetuam reconciliações entre os registos das fichas e os regis-
tos contabilísticos dos bens do ativo imobilizado?
22. Existe controlo sobre as pequenas ferramentas e utensílios?
23. Existem seguros sobre os bens imobilizados?
24. Existe registo em contas de ordem das garantias bancárias apresentadas pelos fornece-
dores de imobilizado?
25. Existe registo individualizado nas respetivas contas das operações de tesouraria das
retenções para efeitos de caucionamento das obras?
26. No ato de receção de equipamentos, é confirmada pelo responsável designado a quali-
dade e funcionamento dos bens adquiridos?
27. Os autos de medição são confirmados pelo gestor da obra e pelo responsável do servi-
ço? Requisitante?
28. Existe regulamento para a gestão dos bens de domínio privado?
29. O início da obra é sempre precedido do auto de consignação da obra?
30. O auto de receção provisório e auto de receção definitivo são elaborados nos termos
regulamentares?

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Capítulo 7 - Lei dos compromissos e pagamentos em atraso (LCPA)

7.1. Enquadramento:
A Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso (LCPA), aprovada em 21 de fevereiro de 2012
(Lei nº 8/2012), tem finalidades preventivas e reguladoras, destacando-se os seguintes objetivos:
1º Estancar a dívida atual de vários organismos públicos, impedindo ou dificultando que se
assumam compromissos quando não existem garantias de seu pagamento a curto prazo, ou
seja, num período não superior a 90 dias após a data limite de pagamento;
2º Diminuir o prazo de pagamento a fornecedores;
3º Controlar os compromissos plurianuais;
4º Responsabilizar e sancionar os dirigentes, gestores e responsáveis pela contabilidade, pela
inobservância da lei, nomeadamente se assumirem compromissos sem fundo disponível e
aumentarem os pagamentos em atraso.
Em resumo:
-- As entidades públicas obrigatoriamente elaboram o seu orçamento anual equilibrado
(receitas previstas = despesas previstas);
-- Em muitas entidades públicas as receitas liquidadas e as receitas cobradas são muito in-
feriores às receitas previstas;
-- Por Lei, as despesas são autorizadas (cabimento e compromisso) se e só se estiverem den-
tro da previsão da despesa;
-- Acontece que muitas entidades autorizam despesa num valor muito próximo do previs-
to, mas cobram receitas muito abaixo do previsto;
-- Como consequência, as despesas pagas são, em muitas instituições, bastante inferiores
às despesas comprometidas;
-- A LCPA e o Decreto-lei n.º 127/2012 vêm obrigar a que somente seja permitido compro-
meter despesas se existir saldo ou receitas efetivas a curto prazo (até 90 dias). Esta legis-
lação apresenta um conjunto de obrigações institucionais, pessoais e contabilísticas que
são desenvolvidas neste livro.
-- A LCPA foi aprovada através da Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, referindo como objeto:

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Lei nº 8/2012, de 21 de fevereiro

Artigo 1.º
Objeto
A presente lei estabelece as regras aplicáveis à assunção de compromissos e aos pagamen-
tos em atraso das entidades públicas.

O artigo 14º da LCPA refere que “ Os procedimentos necessários à aplicação da presente lei e à opera-
cionalização da prestação de informação constante do artigo 10.º são regulados por decreto-lei”, o que
se veio a concretizar com a publicação em 21 de junho de 2012 do Decreto-Lei nº 127/2012.
O Decreto-Lei n.º 127/2012, conforme artigo 1º tem por objeto:

Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21 de junho

Artigo 1.º
Objeto
O presente diploma contempla as normas legais disciplinadoras dos procedimentos neces-
sários à aplicação da Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em atraso, aprovada pela Lei
n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, doravante abreviadamente designada por LCPA, e, bem as-
sim, à operacionalização da prestação de informação constante do artigo 10.º da mesma lei.

A Direção Geral das Autarquias Locais (DGAL), em 31-07-2012, elaborou um Manual de apoio
“por forma a auxiliar as entidades na aplicação da LCPA, cabendo, no caso do subsetor da admi-
nistração local, essa responsabilidade à DGAL, em coordenação com a DGO” (Manual de apoio
à aplicação da LCPA no subsetor da administração local; http://aircfiles.airc.pt/files/af/LCPA_
DGAL.pdf).
Da leitura do artigo 2º da LCPA e da Lei de Enquadramento Orçamental, verifica-se que a LCPA
se aplica A todos os organismos da administração local (nomeadamente municípios, serviços
municipalizados e freguesias), incluindo as respetivas entidades públicas reclassificadas
Decorrente da LCPA as freguesias têm as seguintes obrigações:
1. Cumprir com a Lei 8/2012 de 21 de fevereiro, independentemente de terem ou não dívi-
das;
2. Calcular mensalmente os fundos disponíveis para assumir compromissos do mês;
3. Somente pode assumir compromissos se tiver fundos disponíveis;
4. Ter o cálculo e registo dos fundos disponíveis;
5. Ter o registo dos compromissos nos termos da LCPA;
6. Numeração com o valor total do compromisso antes da despesa, exceto:
a) Despesas com valor incerto:
i. Despesas por fundo de maneio;
ii. Despesas urgentes e inadiáveis;

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ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS

7. Registo dos compromissos plurianuais;


8. Controlo dos pagamentos em atraso;
9. Proibição do aumentos mensal do valor dos pagamentos em atraso.
10. A LCPA responsabiliza gestores e responsáveis pela contabilidade pelo seu incumpri-
mento;

Vejamos o seguinte exemplo:

No exemplo apresentado verifica-se que:


a) A entidade elaborou o seu orçamento de forma equilibrada (receitas previstas = despesas
previstas);
b) As receitas liquidadas e as receitas cobradas são inferiores às receitas previstas, embora
apresente uma elevada taxa de execução da receita;
c) As despesas foram autorizadas dentro da previsão da despesa;
d) A entidade autorizou despesas num valor próximo do previsto e cobrou receitas aproxi-
mada- mente na mesma proporção do previsto;
e) As despesas pagas são iguais às despesas comprometidas concluindo-se que, numa si-
tuação pouco vulgar, a entidade não tem dívidas a fornecedores, compra tudo a pronto
f) A LCPA e o Decreto-lei 127/2012 vêm obrigar a que somente seja permitido comprome-
ter despesas se existe saldo ou receitas efetivas a curto prazo (até 90 dias). Assim, se a
LCPA existisse em 2011 os compromissos desta entidade estavam em conformidade com
a LCPA. Ou seja, para casos destes a LCPA tem pouco impacto.

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7.2. Principais conceitos da Lei dos Compromissos e Pagamentos em atraso.

Conceito de Fundos disponíveis

Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro

Artigo 3.º

Definições
Para efeitos da presente lei, consideram-se:
….
f) «Fundos disponíveis» as verbas disponíveis a muito curto prazo, que incluem, quando
aplicável e desde que não tenham sido comprometidos ou gastos:
i) A dotação corrigida líquida de cativos, relativa aos três meses seguintes;
ii) As transferências ou subsídios com origem no Orçamento do Estado, relativos aos três
meses seguintes;
iii) A receita efetiva própria que tenha sido cobrada ou recebida como adiantamento;
IV) A previsão da receita efetiva própria a O produto de empréstimos contraídos nos ter-
mos da lei;
V)As transferências ainda não efetuadas decorrentes de programas e projetos do Quadro
de Referência Estratégico Nacional (QREN) cujas faturas se encontrem liquidadas, e devi-
damente certificadas ou validadas; do artigo 4.º da LCPA

Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21 de junho

Artigo 5º

Fundos disponíveis

3 - Integram ainda os fundos disponíveis:
a) Os saldos transitados do ano anterior cuja utilização tenha sido autorizada nos termos da
legislação em vigor;
b) Os recebimentos em atraso existentes entre as entidades referidas no artigo 2.º da LCPA,
desde que integrados em plano de liquidação de pagamentos em atraso da entidade deve-
dora no respetivo mês de pagamento.

Conforme artigo 3.º da LCPA e posterior Decreto-lei, o fundo disponível é calculado mensalmen-
te, consistindo no limite máximo que uma entidade pode assumir compromissos nesse mês

Determinação mensal do fundo disponível

De acordo com o Decreto-lei 127/2012 de 21 de junho:

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Artigo 7º: Assunção de compromissos


1. Até ao 5º dia útil de cada mês, devem as entidades determinar os fundos disponíveis de acordo
com o disposto no art.º 5º de presente diploma.

Exemplo 1:
Suponhamos que uma entidade tem previsto, como receitas consideradas para o cálculo do Fun-
do disponível, os seguintes valores mensais:

Tabela 1 – Previsão de receitas para o ano N

Em euros
Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto Set Out Nov Dez
100.000 120.000 90.000 100.000 120.000 80.000 70.000 50.000 100.000 120.000 90.000 90.000

Pressupondo que o saldo de tesouraria a 31 de dezembro era de 80.000 euros e que não havia
compromissos por pagar nem pagamentos em atraso, o fundo disponível (FD) do mês de janeiro é
de 390.000 euros, ou seja, este é o montante máximo que a entidade pode assumir compromissos
durante o mês de janeiro:

Tabela 2 – Fundo disponível a 1 de janeiro

Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto Set Out Nov Dez
100.000 120.000 90.000
FD janeiro= 310.000+80.000= 390.000

Se a entidade recebeu em janeiro toda a verba prevista (100.000 euros) e assumiu compromissos
no valor de 300.000 euros, significa que “sobraram” 90.000 euros uma vez que tinha um fundo
disponível de 390.000 euros. A este “saldo” juntando a previsão de receitas de abril, obtém-se o
fundo disponível de fevereiro no valor de 190.000 euros, ou seja, este é o montante máximo que
a entidade pode assumir compromissos durante o mês de fevereiro:

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ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS

Tabela 3 - Fundo disponível a 1 de fevereiro

Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto Set Out Nov Dez
Receitas 180.000
cobradas
Receitas 120.000 90.000 100.000
previstas
Compromissos 300.000
assumidos
FD de fevereiro = 90.000 (saldo
31jan)
+100.000 (abril)=
190.000
Ou:
80.000 (saldo dez)+
100.000 (receitas jan) +
120.000 (receitas fev) +
90.000 (receitas março) +
100.000 (receitas abril) –
300.000 (compromissos assumidos)
= 190.000

Se a entidade recebeu em fevereiro não a verba prevista (120.000 euros) mas apenas 100.000
euros e se assumiu compromissos no valor de 140.000 euros, significa que “sobraram” 50.000
euros uma vez que tinha um fundo disponível de 190.000 euros mas terá de abater 20.000 euros
às receitas de fevereiro. A este “saldo” (50.000), corrigindo as receitas de fevereiro (-20.000) e
juntando a previsão de receitas de maio (120.000), obtém-se o fundo disponível de março no
valor de 150.000 euros, ou seja, este é o montante máximo que a entidade pode assumir compro-
missos durante o mês de março:

Tabela 4 - Fundo disponível a 1 de março

Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto Set Out Nov Dez
Receitas 180.000 100.000
cobradas
Receitas 90.000 100.000 120.000
previstas
Compromissos 300.000 140.000
assumidos
Fundo Disponível de março:
+50.000 (saldo 28 fev)
- 20.000 (correção receita de
fev.)
+120.000 (previsão receita maio)
= 150.000
Ou:
+80.000 (saldo dez)
+ 100.000(receitas jan)
+ 100.000 (receitas fev corrigida)
+ 90.000 (receitas março)
+100.000 (receitas abril)
+ 120.000 (receita de maio)
–440.000 (compromissos assu-
midos) = 150.000

Se a entidade recebeu em março não a verba prevista (90.000 euros) mas 100.000 euros e se as-
sumiu compromissos no valor de 150.000 euros, significa que não “sobrou” qualquer valor para
novos compromissos mas poderá acrescentar 10.000 euros às receitas de março uma vez que se
previa receber 90.000 e recebeu-se 100.000. A este “saldo” (10.000) juntando a previsão de re-
ceitas de junho (80.000), obtém-se o fundo disponível de abril no valor de 90.000 euros, ou seja,
este é o montante máximo que a entidade pode assumir compromissos durante o mês de abril:

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Tabela 5 - Fundo disponível a 1 de abril

Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agost Set Out Nov Dez
Receitas cobradas 180.000 100.000 100.000
Receitas previstas 100.000 120.000 80.000
Compromissos 300.000 140.000 150.000
assumidos
Fundo Disponível de abril:
+0 (saldo 31mar)
+ 10.000 (correção receita de
mar)
+80.000 (previsão receita jun)
= 90.000
Ou:
+80.000 (saldo dez)
+ 100.000(receitas jan)
+ 100.000 (rec. fev corrigida)
+ 100.000(rec. Mar corrigida)
+ 100.000 (receitas abril)
+ 120.000 (receita de maio)
+ 80.000 (receita de jun)
–590.000 (compromissos assu-
midos)
= 90.000

Conforme LCPA, são aceites para o cálculo do fundo disponível as seguintes receitas:
a) A dotação corrigida líquida de cativos corresponde à verba total inscrita no orçamento, con-
sideradas as respetivas alterações orçamentais e deduzidos os respetivos cativos. Em cada
mês, considera-se o respetivo duodécimo. Este tipo de receitas é muito comum nos orga-
nismos da administração central, incluindo organismos com autonomia administrativa e
financeira como é o caso das Universidades e politécnicos.
b) As receitas efetivas próprias cobradas ou recebidas por adiantamento correspondem às re-
ceitas próprias efetivamente cobradas. Este valor é determinado mensalmente e refere-se
sempre aos meses anteriores ao mês em que se determinam os fundos disponíveis. Entram
nesta alínea todas as receitas efetivamente cobradas ou recebidas independentemente da ori-
gem. O controlo destes valores mensais pode ser efetuado através da verificação das receitas
cobradas registadas na conta 251-devedores e credores por execução orçamental. Quando a
Lei e o Decreto-Lei referem “receitas efetivas próprias”, significa que apenas não se incluem
as receitas a favor de terceiros, como por exemplo, retenção de impostos, descontos nos ven-
cimentos e cauções. Não se trata, assim, do conceito financeiro de receitas próprias com a
finalidade de medir a autonomia financeira, em que apenas se incluem os valores que a pró-
pria entidade consegue “faturar” pelos serviços prestados, por impostos ou taxas da própria
entidade, e excluindo-se as receitas provenientes de transferências do estado, empréstimos
bancários, etc.
c) A previsão de receita efetiva própria a cobrar corresponde às receitas próprias estimadas
para os três meses seguintes. Normalmente, corresponde à receita emitida. Note-se que, se
necessário, estes valores devem incorporar correções em relação à previsão de receita pró-
pria. São exemplos de receitas efetivas próprias, as taxas e impostos a cobrar diretamente
pelos municípios e freguesias, as propinas a cobrar pelas Instituições de ensino superior, as
vendas e prestação de serviços a cobrar por qualquer organismo público
O valor efetivamente cobrado durante o mês de abril no cálculo dos fundos disponíveis passa
para a linha anterior (“receitas cobradas”) com a respetiva correção caso o valor seja dife-
rente do previsto.
d) O produto dos empréstimos contraídos corresponde aos empréstimos contraídos e a cobrar

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no período em causa. Trata-se assim, de uma previsão de receita a cobrar nos próximos 3 me-
ses. As receitas provenientes de empréstimos já recebidas serão acrescidas à alínea c) “receita
efetiva própria”.
No cálculo do fundo disponível de maio será colocada a verba a receber no mês de julho
(10.000 euros) nesta linha.
e) As Transferências do QREN ainda não efetuadas e de outros programas estruturais, corres-
pondem às transferência por efetuar, no âmbito do respetivos projetos/programas, mas cujas
faturas já se encontram liquidadas e validadas. De referir que foi o Decreto-Lei n.º 127/2012
que acrescentou “e de outros programas estruturais”. Por outro lado, e tal como na alínea d),
trata-se de receitas ainda não cobradas. As receitas já cobradas acrescem à alínea c) “receita
efetiva própria”
De referir, ainda, que, conforme Decreto-Lei n.º 127/2012, os valores incluídos nesta com-
ponente dos fundos disponíveis correspondem a pedidos de pagamentos que tenham sido
submetidos nas plataformas eletrónicas dos respetivos programas, desde que a entidade be-
neficiária não tenha tido, nos últimos seis meses, uma taxa de correção dos pedidos de paga-
mento submetidos igual ou superior a 10%.
f) Os saldos transitados do ano anterior cuja utilização tenha sido autorizada nos termos da
legislação em vigor.
Note-se que o valor dos saldos transitados do ano anterior não estava incluído na lista de re-
ceitas para efeitos do cálculo mensal dos fundos disponíveis elencada na al. f) do artigo 3º a
LCPA. O Decreto-Lei n.º 127/2012 veio acrescentar este valor à referida lista.
g) Os recebimentos em atraso existentes entre as entidades referidas no artigo 2.º da LCPA, des-
de que integrados em plano de liquidação de pagamentos em atraso da entidade devedora no
respetivo mês de pagamento.
Tal como na alínea anterior, o valor dos recebimentos em atraso incluídos em planos de liqui-
dação de pagamentos não estava incluído na lista de receitas para efeitos do cálculo mensal
dos fundos disponíveis elencada na al. f) do artigo 3º a LCPA. O Decreto-Lei n.º 127/2012 veio
acrescentar este valor à referida lista.
h) Outros montantes autorizados nos termos do artigo 4º
Conforme exemplo anterior, o total dos fundos disponíveis para o Mês de abril será o soma-
tório das receitas recebidas ou a receber, deduzidos todos os compromissos assumidos até 31
de março.
Se por exemplo, os compromissos assumidos de 1 de janeiro a 31 de março foram de 590.000€
e as receitas as apresentadas no quadro seguinte, neste caso, os fundos disponíveis para o mês
de abril são de 90.000 €, tal como se determinou na tabela 5.

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Tabela 6 – Fundos disponíveis em 1 de abril

Fundos disponíveis Valor:


+ Dotações corrigidas líquidas de cativos (abril, maio e junho) 30.000 €
+ Transferências com origem no OE (abril, maio e junho) 3.000 €
+ Receita efetiva própria (janeiro, fevereiro e março) 380.000 €
+ Previsão de receita efetiva própria (abril, maio e junho) 137.000 €
+ Produto de empréstimos (abril) 40.000 €
+ Transferências QREN e de outros programas ainda não efetuadas 34.000 €
+ Saldos Transitados de 31 dezembro do ano N-1 32.000 €
+ Recebimentos em atraso com plano de liquidação 24.000 €
Total de receitas aceites para efeito do cálculo dos FD 680.000 €
- compromissos assumidos acumulados (janeiro, fevereiro e março) -590.000 €
= Fundos disponíveis 90.000 €

Aumento temporário dos fundos disponíveis


E se num determinado mês o valor dos fundos disponíveis for manifestamente inferior aos com-
promissos mínimos que a entidade pretende ou tem de assumir?
A LCPA, no seu artigo 4º, prevê um acréscimo temporário dos fundos disponíveis, autorizando
que seja colocado neste quadro receitas de meses posteriores aos 3 meses que por regra são aceites
para o cálculo dos fundos disponíveis.
Lei nº 8/2012, de 21 de fevereiro

Artigo 4.º

Aumento temporário dos fundos disponíveis


1 — A título excecional, podem ser acrescidos aos fundos disponíveis outros montantes,
desde que expressamente autorizados:
a) Pelo membro do Governo responsável pela área das finanças, quando envolvam enti-
dades pertencentes ao subsetor da administração central, direta ou indireta, e segurança
social e entidades públicas do Serviço Nacional de Saúde;
b) Pelo membro do Governo Regional responsável pela área das finanças, quando envol-
vam entidades da administração regional;
c) Pela câmara municipal, sem possibilidade de delegação, quando envolvam entidades da
administração local.
2 — Quando os montantes autorizados ao abrigo do número anterior divirjam dos valores
efetivamente cobrados e ou recebidos deverá a entidade proceder à correção dos respetivos
fundos disponíveis.

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Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21 de junho

Artigo 6º

Aumento temporário dos fundos disponíveis


1 - A autorização para o aumento temporário dos fundos disponíveis nas entidades relati-
vamente às quais os órgãos previstos nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo 4.º da LCPA não
exerçam poderes de tutela ou superintendência é da competência dos respetivos órgãos
executivos.
2 - O aumento temporário dos fundos disponíveis a que se refere o artigo 4.º da LCPA só
poderá ser efetuado mediante recurso a montantes a cobrar ou a receber dentro do período
compreendido entre a data do compromisso e a data em que se verifique a obrigação de
efetuar o último pagamento relativo a esse compromisso.

Exemplo 2:
Considerando os pressupostos do exemplo 1, no mês de abril, a entidade A obteve autorização
para proceder a um aumento temporário dos fundos disponíveis no valor de 30.000 €, por ante-
cipação de receitas próprias a cobrar em setembro. Este valor permite que a entidade assuma os
compromissos mínimos no mês de abril.
De referir que nos meses de julho, agosto e setembro, no cálculo do fundo disponível de cada um
desses meses, à receita prevista do mês de setembro deve ser abatido o valor de 30.000€, ou seja
valor já utilizado no cálculo dos fundos disponíveis em meses anteriores.
O aumento temporário dos fundos disponíveis, que corresponde à possibilidade de, no cálculo
mensal dos fundos disponíveis, acrescentar à previsão de receitas dos próximos 3 meses, uma
receita de um mês posterior. Esta situação verificar-se-á sobretudo em entidades com receitas
que não se repetem todos os meses sendo cobradas apenas em determinados meses. É o caso da
cobrança do IMI por parte dos municípios que recebem esse imposto em dois meses do ano, abril
e setembro. Assim, o IMI que recebe no mês de setembro e quase garantido, poderá excecio-
nalmente ser considerado para efeito do cálculo dos fundos disponíveis em meses como março,
abril,..! Situação idêntica verifica-se com as propinas arrecadadas pelas Instituições de Ensino
Superior que recebem uma grande fatia dessa receita no mês de setembro.

Tabela 7 – Aumento temporário dos fundos disponíveis (artigo 4º LCPA)

Fundos disponíveis Valor:


+ Dotações corrigidas líquidas de cativos (abril, maio e junho) 30.000 €
+ Transferências com origem no OE (abril, maio e junho) 3.000 €
+ Receita efetiva própria (janeiro, fevereiro e março) 380.000 €
+ Previsão de receita efetiva própria (abril, maio e junho) 137.000 €
+ Produto de empréstimos (abril) 40.000 €
+ Transferências QREN e de outros programas ainda não efetuadas 34.000 €
+ Saldos Transitados de 31 dezembro do ano N-1 32.000 €
+ Recebimentos em atraso com plano de liquidação 24.000 €
+ Aumento temporário ao abrigo do art. 4º da LCPA 30.000 €
Total de receitas aceites para efeito do cálculo dos FD 710.000 €
- compromissos assumidos acumulados (janeiro, fevereiro e março) -590.000 €
= Fundos disponíveis 120.000 €

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Este regime excecional implica:


-- Prévia autorização das entidades competentes. No caso do setor local é a câmara munici-
pal que autoriza o aumento temporário dos fundos disponíveis para o caso do município,
e ajunta de freguesia no caso das freguesias
-- Correção dos fundos disponíveis, sempre que os montantes autorizados sejam diferentes
dos montantes efetivamente cobrados ou recebidos. A correção deve ser efetuada no mês
indicado no pedido de autorização.
É de salientar que, conforme artigo 6º do Decreto-Lei n.º 127/2012, o aumento temporário dos
fundos disponíveis a que se refere o artigo 4.º da LCPA só poderá ser efetuado mediante recurso a
montantes a cobrar ou a receber dentro do período compreendido entre a data do compromisso
e a data em que se verifique a obrigação de efetuar o último pagamento relativo a esse compro-
misso.
Compromissos
Compromissos são obrigações de efetuar pagamentos a terceiros em contrapartida do forneci-
mento de bens e serviços ou da satisfação de outras condições. Os compromissos consideram-se
assumidos quando é executada uma ação formal pela entidade, como seja a emissão da ordem de
compra, nota de encomenda ou documento equivalente, ou a assinatura de um contrato, acor-
do ou protocolo podem também ter um caráter permanente e estar associados a pagamentos,
durante um período indeterminado de tempo, nomeadamente, salários, rendas, eletricidade ou
pagamentos de prestações diversas.
Data de compromisso: data de ordem de compra, nota de encomenda ou documento equivalente
e que deve corresponder à data de registo nos sistemas contabilísticos locais, que deve ocorrer
em regra, pelo menos três meses antes da data prevista de pagamento, para os compromissos
conhecidos nessa data.
Data de vencimento do compromisso: data em que o valor da fatura ou documento equivalente
é exigível.

Decreto- lei 127/2012, de 21 de junho

Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21 de junho

Artigo 8 º

Regras relativas à assunção de compromissos


1 - A assunção de compromissos no âmbito dos contratos com duração limitada ao ano
civil, independentemente da sua forma e natureza jurídica, deverá ser efetuada pelo seu
valor integral aquando da outorga do respetivo contrato, emissão da ordem de compra,
nota de encomenda ou documento equivalente.
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, e independentemente da duração do res-
petivo contrato se o montante a pagar não puder ser determinado no momento da cele-
bração do contrato, nomeadamente, por depender dos consumos a efetuar pela entidade
adjudicante, a assunção do compromisso far-se-á pelo montante efetivamente a pagar no
período de determinação dos fundos disponíveis.

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Despesas urgentes e inadiáveis


Decreto- lei 127/2012, de 21 de junho

Artigo 9.º
Despesas urgentes e inadiáveis
1 - Nas despesas urgentes e inadiáveis, devidamente fundamentadas, do mesmo tipo ou
natureza cujo valor, isolada ou conjuntamente, não exceda o montante de € 5000, por mês,
a assunção do compromisso é efetuada até às 48 horas posteriores à realização da despesa.
2 - Nas situações em que estejam em causa o excecional interesse público ou a preservação
da vida humana, a assunção do compromisso é efetuada no prazo de 10 dias após a reali-
zação da despesa.

Fundo de maneio
Decreto-lei 127/2012, de 21 de junho

Artigo 10.º
Fundo de Maneio
Os pagamentos efetuados pelo fundo de maneio são objeto de compromisso pelo seu valor
integral aquando da sua constituição e reconstituição, a qual deverá ter caráter mensal e
registo da despesa em rubrica de classificação económica adequada.

Passivos
Passivos são as obrigações presentes da entidade proveniente de acontecimentos passados, cuja
liquidação se espera que resulte num exfluxo de recursos da entidade que incorporam benefí-
cios económicos. Uma característica essencial de um passivo é a de que a entidade tenha uma
obrigação presente ( constituída, por exemplo, com a entrega de bens, com a guia de remessa,
contabilizados em receção e conferência – na ausência destes a fatura; provisões; empréstimos).

Contas a pagar
As contas a pagar constituem a dívida a vencida suportada por fatura ou documento equivalente
ou exigível em resultado de contrato

Pagamentos em atraso
Os pagamentos em atraso correspondem à dívida vencida suportada por fatura ou documento
equivalente ou exigível em resultado de contrato há mais de 90 dias após a data de vencimento

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Lei n.8/2012, de 21 de fevereiro

Artigo 3.º
Definições
Para efeitos da presente lei, consideram -se:
….
d) «Contas a pagar» o subconjunto dos passivos certos, líquidos e exigíveis;
e) «Pagamentos em atraso» as contas a pagar que permaneçam nessa situação mais de 90
dias posteriormente à data de vencimento acordada ou especificada na fatura, contrato, ou
documentos equivalentes;

Decreto-lei n.º 127/2012, de 21 de junho

Artigo 4º
Pagamentos em atraso
1 - Consideram-se pagamentos em atraso as contas a pagar que permaneçam nessa situ-
ação mais de 90 dias posteriormente à data de vencimento acordada ou especificada na
fatura, contrato, ou documentos equivalentes.
2 - Excluem-se do âmbito de aplicação do número anterior os pagamentos objeto de im-
pugnação judicial até que sobre eles seja proferida decisão final e executória, as situações
de impossibilidade de cumprimento por ato imputável ao credor e os montantes objeto de
acordos de pagamento desde que o pagamento seja efetuado dentro dos prazos acordados.

Lei n. 8/2012, de 21 de fevereiro

Artigo 7.º
Atrasos nos pagamentos
A execução orçamental não pode conduzir, em qualquer momento, a um aumento dos pa-
gamentos em atraso

Decreto-lei n.º 127/2012

Artigo 14.º
Atrasos nos pagamentos
Para efeitos do cumprimento do disposto no artigo 7.º da LCPA, no final de cada mês os
pagamentos em atraso não podem ser superiores aos verificados no final do mês anterior.

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Compromissos plurianuais
Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro

Artigo 6.º
Compromissos plurianuais
1 — A assunção de compromissos plurianuais, independentemente da sua forma jurídica,
incluindo novos projetos de investimento ou a sua reprogramação, contratos de locação,
acordos de cooperação técnica e financeira com os municípios e parcerias público-priva-
das, está sujeita a autorização prévia:
a) Por decisão conjunta dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças e
da tutela, quando envolvam entidades pertencentes ao subsetor da administração central,
direta ou indireta, e segurança social e entidades públicas do Serviço Nacional de Saúde,
salvo quando resultarem da execução de planos plurianuais legalmente aprovados;
b) Do membro do Governo Regional responsável pela área das finanças, quando envolvam
entidades da administração regional;
c) Da assembleia municipal, quando envolvam entidades da administração local.
2 — É obrigatória a inscrição integral dos compromissos plurianuais no suporte informáti-
co central das entidades responsáveis pelo controlo orçamental em cada um dos subsetores
da Administração Pública.

Decreto –lei 127/2012, de 21 de junho

Artigo 11º
Compromissos plurianuais
1 - A autorização prévia do membro do Governo responsável pela área das finanças a que
se refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 6.º da LCPA é efetuada nas situações em que a assun-
ção de compromissos plurianuais depende de portaria de extensão de encargos, mediante
aprovação e assinatura desta portaria ou do ato de excecionamento a que se refere o n.º 7 do
artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de junho.
2 - Nas situações que não se encontram previstas no número anterior, a autorização para
assunção de encargos plurianuais, a que se refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 6.º da LCPA,
por parte dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças e da tutela pode ser
dada mediante despacho genérico conjunto ou individual.
3 - Exclui-se do âmbito de aplicação do n.º 1 do artigo 6.º da LCPA a assunção de compro-
missos relativos a despesas com pessoal independentemente da natureza do vínculo.
4 - No caso dos institutos públicos de regime especial, das instituições de ensino superior
públicas de natureza fundacional e das entidades públicas empresariais que não tenham
quaisquer pagamentos em atraso, a competência para a assunção de compromissos pluria-
nuais que apenas envolvam receitas próprias é do respetivo órgão de direção.

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Artigo 11º
Compromissos plurianuais
6 - O exercício da competência delegada nos termos do número anterior deve observar,
com as devidas adaptações, o disposto nos n.ºs 1 e 2 do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 197/99,
de 8 de junho, e revestir a forma de despacho sujeito a publicação em Diário da República.
7 - O disposto no n.º 4 e a delegação de competência prevista no n.º 5 cessa no momento em
que as entidades nelas previstas passem a ter pagamentos em atraso.
8 - O disposto no presente artigo não prejudica o cumprimento do disposto no artigo 13.º
do presente diploma.

Artigo 23º
Norma transitória

5 - A autorização a que se refere o artigo 11.º do presente diploma dispensa a emissão do
parecer prévio vinculativo previsto no n.º 4 do artigo 26.º da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de
dezembro.

Pagamentos
Decreto-lei 8/2012, de 21 de fevereiro

Artigo 9.º
Pagamentos
1 — Os pagamentos só podem ser realizados quando os compromissos tiverem sido as-
sumidos em conformidade com as regras e procedimentos previstos na presente lei, em
cumprimento dos demais requisitos legais de execução de despesas e após o fornecimento
de bens e serviços ou da satisfação de outras condições.
2 — Os agentes económicos que procedam ao fornecimento de bens ou serviços sem que o
documento de compromisso, ordem de compra, nota de encomenda ou documento equi-
valente possua a clara identificação do emitente e o correspondente número de compro-
misso válido e sequencial, obtido nos termos do n.º 3 do artigo 5.º da presente lei, não
poderão reclamar do Estado ou das entidades públicas envolvidas o respetivo pagamento
ou quaisquer direitos ao ressarcimento, sob qualquer forma.
3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 11.º, os responsáveis pela assunção de compromis-
sos em desconformidade com as regras e procedimentos previstos na presente lei respon-
dem pessoal e solidariamente perante os agentes económicos quanto aos danos por estes
incorridos.

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Registos contabilísticos
Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro

Artigo 5.º
Assunção de compromissos

2 — As entidades têm obrigatoriamente sistemas informáticos que registam os fundos dis-
poníveis, os compromissos, os passivos, as contas a pagar e os pagamentos em atraso, es-
pecificados pela respetiva data de vencimento.
3 — Os sistemas de contabilidade de suporte à execução do orçamento emitem um número
de compromisso válido e sequencial que é refletido na ordem de compra, nota de enco-
menda, ou documento equivalente, e sem o qual o contrato ou a obrigação subjacente em
causa são, para todos os efeitos, nulos.
..

Decreto-lei n.º 127/2012, de 21 de junho

Artigo 7º
Assunção de compromissos

3 - Sob pena da respetiva nulidade, e sem prejuízo das responsabilidades aplicáveis, bem
como do disposto nos artigos 9.º e 10.º do presente diploma, nenhum compromisso pode
ser assumido sem que tenham sido cumpridas as seguintes condições:
a. Verificada a conformidade legal e a regularidade financeira da despesa, nos termos da
lei;
b. Registado no sistema informático de apoio à execução orçamental;
c. Emitido um número de compromisso válido e sequencial que é refletido na ordem de
compra, nota de encomenda ou documento equivalente.

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Responsabilidades

Artigo 11.º
Violação das regras relativas a assunção de compromissos
1 — Os titulares de cargos políticos, dirigentes, gestores ou responsáveis pela contabilidade
que assumam compromissos em violação do previsto na presente lei incorrem em respon-
sabilidade civil, criminal, disciplinar e financeira, sancionatória e ou reintegratória, nos
termos da lei em vigor.
2 — O disposto no número anterior não prejudica a demonstração da exclusão de culpa, nos
termos gerais de direito.

Recomendações:
Despacho a identificar o responsável pela contabilidade

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