Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2014
FORMAÇÃO À DISTÂNCIA
Contabilidade para
juntas de freguesia
DIS0214
www.otoc.pt
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não o indicado, sem
autorização prévia e por escrito da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, entidade que de-
tém os direitos de autor.
2
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Índice
Nota Prévia 5
Capítulo 1 - A nova lei das finanças locais 7
1.2 Diferenças em relação à anterior LFL 7
Capítulo 2 – A Contabilidade das Juntas de Freguesia 10
Capítulo 3 – Os Documentos Previsionais 14
3.1. Documentos previsionais 14
3.2. As Grandes Opções do Plano e o Plano PLURIANUAL DE INVESTIMENTOS 15
3.3. O Orçamento 19
3.4. Modificações ao Orçamento e ao PPI 23
3.5. Modificações ao Plano Plurianual de Investimentos 26
Capítulo 4 – Execução do Orçamento 28
4.1.Execução Orçamental da Receita 28
4.1.1. Fases da arrecadação da receita 29
4.1.2. Registos contabilísticos da Receita 30
4.1.3. Documentos de suporte ao registo da receita 30
4.2. Execução Orçamental da Despesa 34
4.2.1. Fases de registo contabilístico da despesa 36
4.3. Operações de tesouraria 38
4.3.1. As retenções de Impostos e as cauções 38
4.3.2. Reposições abatidas nos pagamentos 39
4.3.3. Classificador Económico das operações de tesouraria 39
4.3.4. Movimentos contabilísticos com Operações de Tesouraria 40
Capítulo 5 - PRESTAÇÃO DE CONTAS 42
5.1. Enquadramento legal Prestação de Contas 42
5.2. Prazos para a apresentação das Contas 43
5.3. Efetivação das responsabilidades financeiras 44
5.4. Documentos de Prestação de Contas 45
Capítulo 6- O Sistema de Controlo Interno no POCAL 53
6.1. Introdução 53
6.2. Elementos do Sistema de Controlo Interno 53
6.3. Os métodos e procedimentos de controlo 55
Capítulo 7 - Lei dos compromissos e pagamentos em atraso (LCPA) 66
7.1. Enquadramento: 66
7.2. Principais conceitos da Lei dos Compromissos e Pagamentos em atraso. 69
3
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
4
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Nota Prévia
O regime relativo à contabilidade das autarquias locais visa a sua uniformização, normalização e
simplificação, de modo a constituir um instrumento de gestão económico-financeira, permitir o
conhecimento completo do valor contabilístico do respetivo património, bem como a apreciação
e julgamento das respetivas contas anuais
A contabilidade das autarquias locais baseia-se no Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias
Locais (POCAL), podendo ainda dispor de outros instrumentos necessários à boa gestão e ao
controlo dos dinheiros e outros ativos públicos, nos termos previstos na lei. A diversidade e di-
mensão das entidades contabilísticas que se enquadram no POCAL levou o legislador a dividi-las
em dois grandes grupos: Regime Geral e Regime Simplificado. Pertencem ao Regime Simplifica-
do as entidades cujo Orçamento anual seja inferior a 5000 vezes o índice 100 da escala indiciária
das carreiras do Regime Geral da Função Pública (Orçamento Anual igual ou superior (5000 *
343,28 €) = 1716 400 €
As 3091 Freguesias ( resultante da recente reforma administrativa) existentes em Portugal en-
quadram-se na sua grande maioria no regime simplificado. Efetivamente há uma heterogenei-
dade muito grande na dimensão das Freguesia, refira--se por exemplo que existem Freguesias
com orçamentos muito reduzidos e por outro lado algumas freguesias com orçamentos muito
elevados (algumas mesmo que implementam o regime completo).
O sistema contabilístico a implementar, embora simplificado, em muitos casos exigirá a colabo-
ração de um Técnico Oficial de Contas, pelas novas exigências contabilísticas e pela responsabi-
lidade cada vez maior na prestação de contas.
Face a esta realidade, entendeu-se que este manual deveria cobrir todas as obrigações inerentes
ao regime simplificado (apesar de muitas freguesias não terem a necessidade de desenvolver na
totalidade o apresentado). O manual tem em atenção o legislado propondo ainda metodologias e
procedimentos a adotar pelas freguesias com vista a enriquecer o sistema contabilístico.
Pretende-se nesta formação e com o apoio deste Manual que os Técnicos Oficiais de Contas que
nela participem adquiram os conhecimentos necessários para colaborarem com estas entidades
contabilísticas, muitas delas carentes de Técnicos especializados em Contabilidade Pública. As-
sim, pretende-se que os leitores deste Manual e participantes na formação em sala, sejam capa-
zes de:
• Conhecer o processo da aprovação do Orçamento Anual;
• Conhecer as regras e princípios que estruturam o Orçamento;
• Estabelecer uma metodologia para a elaboração do Orçamento;
• Conhecer o tipo de modificações orçamentais e respetivas funções;
• Conhecer as diferentes funcionalidades das alterações orçamentais e das revisões orça-
mentais;
• Conhecer as regras da execução orçamental da despesa;
5
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
6
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
As receitas das freguesias estão previstas no artigo 23º da Lei 73/2013 de 3 de setembro.
1. Constituem receitas das freguesias:
a) O produto da receita do IMI sobre prédios rústicos e uma participação no valor de 1 %
da receita do IMI sobre prédios urbanos;
b) O produto de cobrança de taxas, nomeadamente provenientes da prestação de serviços
pelas freguesias;
c) O rendimento de mercados e cemitérios das freguesias;
d) O produto de multas e coimas fixadas por lei, regulamento ou postura que caibam às
freguesias;
e) O rendimento de bens próprios, móveis ou imóveis, por elas administrados, dados em
concessão ou cedidos para exploração;
f) O produto de heranças, legados, doações e outras liberalidades a favor das freguesias;
g) O produto da alienação de bens próprios, móveis ou imóveis;
h) O produto de empréstimos de curto prazo;
i) O produto da participação nos recursos públicos determinada nos termos do disposto
nos artigos 38.º e seguintes;
j) Outras receitais estabelecidas por lei ou regulamento a favor das freguesias.
7
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
O quadro seguinte sintetiza as diferenças em termos financeiros da nova Lei das Finanças Locais
em relação à anterior lei de acordo com a informação disponibilizada no site da ANAFRE.
Receitas:
IMI urbano As freguesias recebem 1% do IMI urbano As freguesias não recebiam IMI urbano
IMI rural As freguesias recebem a totalidade do IMI rural As freguesias recebiam 50% do IMI rural
As freguesias têm direito a uma participação As freguesias têm direito a uma participação nos
nos impostos do Estado equivalente a 2% da impostos do Estado equivalente a 2,5% da média
média aritmética simples da receita do IRS, IRC aritmética simples da receita do IRS, IRC e do IVA
FFF
e do IVA nos termos do nº2 do art.º25 da LFL, nos termos do nº2 do art.º19 da anterior da LFL, a
a qual constitui o Fundo de Financiamento das qual constitui o Fundo de Financiamento das Fre-
Freguesias (FFF) guesias (FFF)
8
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Podem contrair empréstimos de curto prazo Podem contrair empréstimos de curto prazo
Empréstimo de curto
desde que sejam amortizados até ao final do desde que sejam amortizados na sua totali-
prazo
exercício económico em que foram contratados dade no prazo máximo de um ano
9
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
10
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Em resumo, são obrigações contabilísticas das Juntas de Freguesia pertencentes ao regime sim-
plificado:
Elaborar e aprovar o Plano Registar as receitas e as des- Execução anual do plano plu-
Plurianual de Investimentos pesas por investimentos rianual de investimentos
Registar as operações de Mapa das operações de te-
tesouraria souraria
11
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Documentos previsionais:
- PPI SIM SIM
- Orçamento
De referir que, quase todas as freguesias a nível nacional não estão sujeitas ao regime geral, isto
é não são obrigadas a implementar a contabilidade patrimonial, nem a utilização do método di-
gráfico para a execução do orçamento. No entanto, o POCAL não impede que as freguesias optem
pelo regime geral, tendo como objetivo o aumento da informação contabilística. Assim, verifi-
camos que apesar de não estarem obrigadas à implementação do regime completo, algumas fre-
guesias (sobretudo as de maior dimensão) optam por implementar o regime completo do POCAL.
A Resolução n.º 4/2001 – II Secção do Tribunal de Contas, estabelece da seguinte forma, os docu-
mentos de prestação de contas que autarquias locais e entidades equiparadas deverão enviar ao
tribunal de contas:
12
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
13
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
14
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
15
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
As despesas realizadas em investimentos que extravasem aquelas atribuições são ilegais, sendo-
-as, também, as que se reportam a projetos não inscritos no plano plurianual de investimento,
embora no âmbito das atribuições das autarquias. Contudo, a adequação das necessidades emer-
gentes ou até subsequentes ao desenrolar das atividades podem ser objeto de alterações do PPI
inicialmente aprovado com a criação até de novas atividades.
O PPI deverá ainda considerar os investimentos que forem delegados às freguesias pelos muni-
cípios nos termos da lei.
Com o objetivo de racionalizar e reforçar o controlo de gestão e de execução orçamental, as des-
pesas de investimento (despesas cuja classificação económica se reporta ao capítulo 07- «Aquisi-
ção de bens de investimento»), serão inscritas por projetos, podendo cada um destes desdobrar-
-se em ações. Os projetos são agrupados em programas, e estes integram-se em objetivos.
Contudo, para melhor uniformização e compreensão dos investimentos realizados defende-se
que os Objetivos (unidade macro do Plano) correspondam e sejam por isso identificados pela
classificação funcional apresentada no ponto 10.1 do POCAL.
O Projeto (PRJ) é indicativo do ano em que se inscreve pela primeira vez a ações afins do Pro-
grama, sendo as mesmas agrupadas por um número sequencial dentro do Plano Plurianual de
Investimentos (PPI).
A ação/atividade concreta a realizar distingue-se pela sua natureza e tem uma numeração se-
quencial no Projeto para o qual contribui isoladamente ou com outras ações. A organização do
PPI, nesta estrutura é da responsabilidade de cada autarquia.
Apresenta-se, a seguir, um extrato da estrutura de um possível plano plurianual de investimen-
tos, para 2014 por objetivos/funções (OB), programas/subfunções (PR), projetos (PRJ) e ações
(AC), conforme preceituado no POCAL
PRJ
Objetivo PR AC Descrição
Ano N.
02 Função Social
16
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Código Rubricas
1. Funções gerais
1.1.0. Serviços gerais de administração pública
1.1.1. Administração geral
1.2.0. Segurança e ordem públicas
1.2.1. Proteção civil e luta contra incêndios
1.2.2. Polícia municipal
2. Funções sociais
2.1.0. Educação
2.1.1. Ensino não superior
2.1.2. Serviços auxiliares de ensino
2.2.0. Saúde
2.2.1. Serviços individuais de saúde
2.3.0. Segurança e ações sociais
2.3.1. Segurança social
2.3.2. Acão social
2.4.0. Habitação e serviços coletivos
2.4.1. Habitação
2.4.2. Ordenamento do território
2.4.3. Saneamento
2.4.4. Abastecimento de água
2.4.5. Resíduos sólidos
2.4.6. Proteção do meio Ambiente e conservação da natureza
2.5.0. Serviços culturais, recreativos e religiosos
2.5.1. Cultura
2.5.2. Desporto, recreio e lazer
2.5.3. Outras atividades cívicas e religiosas
3. Funções económicas
3.1.0. Agricultura, pecuária, silvicultura, caça e pesca
3.2.0. Indústria e energia
3.3.0. Transportes e comunicações
3.3.1. Transportes rodoviários
3.3.2. Transportes aéreos
3.3.3. Transportes fluviais
3.4.0. Comércio e turismo
3.4.1. Mercados e Feiras
3.4.2. Turismo
3.5.0. Outras funções económicas
4. Outras funções
4.1.0. Operações da dívida autárquica
4.2.0. Transferências entre administrações
4.3.0. Diversas não especificadas
17
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Responsável
econó- (a) ação
Objetivo
Início
d)=(e)+(f) cia- ciamento
Fim
mento não
definido definido
(e) (f)
Total geral
O número atribuído a cada projeto é sequencial em cada ano e acompanha o projeto até à sua
conclusão
a) Designação de todos os projetos e ações dentro de cada programa
b) Deve considerar-se o montante das despesas realizadas por projeto a 1 de outubro do ano
em curso
c) Devem considerar-se todas as despesas a suportar coma realização do projeto/ação no
respetivo curso
d) Deve considerar-se o montante das despesas a suportar com a realização do projeto/ação
no respetivo ano
e) Deve considerar-se o montante das despesas do projeto/ação, cujo financiamento se en-
contra em negociação
f) O “Total previsto” é igual à importância na coluna © adicionado da importância da co-
luna (d) e dos montantes de cada das colunas de “Anos seguintes”.
Para a elaboração do Plano Plurianual de Investimentos aconselha-se o cumprimento destas três
fases distintas e sequenciais:
1ª Fase: A elaboração de um pré-documento nos termos do exigido no modelo 7.1 do POCAL prio-
ritariamente para as seguintes situações:
a) Para todas as iniciativas em curso, dotando-se as correspondentes rubricas orçamentais
de montantes suficientes para a cabimentação dos respetivos cronogramas financeiros
atualizados à data de elaboração do documento (outubro de cada ano económico em cur-
so). A esta previsão dever-se-á acrescentar a previsão relativa à despesa realizada e se
presume não ser paga no ano em curso (ano em que se elabora o orçamento).
b) Cálculo do valor das iniciativas que embora não estando ainda contratualizadas se re-
portam a atividades com caráter de continuidade, cuja não execução poderão por em
causa a segurança e preservação dos ativos patrimoniais da autarquia (são exemplo, as
despesas de manutenção e conservação).
2ª Fase: Esta fase exige um rigoroso processo de planeamento que está subordinado ao projeto
politico que é lhe subjacente. Os momentos de implementação poderão ser os seguintes:
a) Identificação das situações socioeconómicas que exigem investimento;
18
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
3.3. O Orçamento
O orçamento é uma previsão de recebimentos e de pagamentos para um determinado ano civil.
Na previsão de pagamentos é importante fundamentar-se numa previsão de receitas não otimis-
ta. Assim, o POCAL estabelece princípios e regras para a elaboração do Orçamento, procurando-
-se acautelar o melhor possível as previsões das receitas a cobrar sustentando-as em dados com
elevado grau de fiabilidade orçamental que nas freguesias atingem normalmente uma percenta-
gem elevada de conformidade.
Na maioria das Freguesias a principal fonte de receita é o FFF (Fundo de Financiamento das Fre-
guesias) cujo valor a transferir é definido anualmente com base nos critérios estabelecidos na
Lei das Finanças Locais. Tal situação deve-se essencialmente ao facto de dependerem em quase
100% de receitas certas que não dependem de fatores externos, como a evolução da própria eco-
nomia. Outra fontes de receita normalmente já identificada no momento da elaboração do Orça-
mento são as transferências dos municípios, sejam como simples apoios sejam como sustentação
financeira de contratos-programa de delegação de competências.
19
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Por outro lado, a aplicação dos fundos previstos em determinadas despesas de investimento e
despesas correntes dependerá de uma rigorosa escolha de objetivos e finalidades a desenvolver
pelo executivo, hierarquizadas com vista à sua adequação aos recursos materiais identificados.
Ainda quanto aos princípios e regras é de salientar o seguinte:
a) De acordo com o princípio da autonomia financeira (art.º6 da LFL) o Orçamento de uma
freguesia é independente do Orçamento de Estado e do Município;
b) Conforme os princípios da universalidade e da unidade existe um modelo do orçamento
(alíneas a) c) e d) do ponto 3.1.1. do POCAL), e um conjunto de oito regras que são impres-
cindíveis ao modelo e estrutura do orçamento. Por outro lado, o orçamento é único devendo
conter todas as receitas e todas as despesas que se preveem cobrar e realizar no período fi-
nanceiro devidamente especificadas e escritas pelo seu valor integrar sem deduções de qual-
quer natureza.
c) Anualidade – O Orçamento da Autarquia é anual, coincidindo com o ano civil. Deve, no
entanto, ser enquadrado na perspetiva plurianual, permitindo não só evidenciar as despesas
previstas no plano plurianual de investimento, para um horizonte de quatro anos, bem como
outras despesas obrigatórias decorrentes de contratos preestabelecidos com vinculação para
anos futuros.
d) Unidade e Universalidade – O orçamento da freguesia é unitário e compreende todas as
receitas e despesas autárquicas.
e) Com base no princípio da não consignação, o produto de quaisquer receitas não pode ser
afeto à cobertura de determinadas despesas salvo em situações previstas na lei, como é o
caso do financiamento específico para uma Obra.
f) Não consignação – São exceção a esta regra, e nos termos do n.º 2 do artigo 43º da LFL:
- Fundos comunitários;
- Fundo Social Municipal;
- Cooperação técnica e financeira, nos termos do artigo 22.º;
- Empréstimos a médio e longo prazos para aplicação em investimento ou contraídos
no âmbito de mecanismos de recuperação financeira nos termos dos artigos 51.º e 57.º
e seguintes;
- Receitas provenientes dos preços cobrados nas situações referidas no n.º 8 do artigo 21.º.
g) O princípio da especificação (alínea f) do ponto 3.1 do POCAL) obriga, ainda, que as des-
pesas sejam fixadas de acordo com a classificação funcional, no sistema de contabilidade de
custos e na elaboração do Plano Plurianual de Investimentos. Por outro lado, e sem prejuízo
da sua especificação de acordo com a classificação funcional e económica, as despesas ins-
critas no Plano Plurianual de Investimentos podem estruturar-se por programas, projetos e
ações integrando desta forma as grandes opções do plano.
h) As importâncias relativas aos impostos, taxas e tarifas a inscrever no orçamento não po-
dem ser superiores a metade das cobranças efetuadas nos últimos 24 meses que precedem
o mês da sua elaboração, exceto no que diz respeito a receitas novas ou a atualizações dos
impostos, bem como dos regulamentos das taxas e tarifas que já tenham sido objeto de deli-
beração, devendo-se, então juntar ao orçamento os estudos ou análises técnicas elaborados
para determinação dos seus montantes;
i) As importâncias relativas às transferências correntes e de capital só podem ser conside-
radas no orçamento desde que estejam em conformidade com a efetiva atribuição ou apro-
20
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
vação pela entidade competente, exceto quando se trate de receitas provenientes de fundos
comunitários, em que os momentos das correspondentes dotações de despesa, resultantes de
uma previsão de valor superior ao da receita de fundo comunitário aprovado, não podem ser
utilizadas como contrapartida de alterações orçamentais para outras dotações;
j) As importâncias previstas para despesas com pessoal devem considerar apenas o pessoal
que ocupe lugares de quadro, requisitado e em comissão de serviço, tendo em conta o índice
salarial que o funcionário atinge no ano a que o orçamento respeita, por efeitos da progressão
de escalão na mesma categoria, e aquele pessoal com contratos a termo certo ou cujos con-
tratos ou abertura de concurso para ingresso ou acesso estejam devidamente aprovados no
momento da elaboração do orçamento;
k) No orçamento inicial, as importâncias a considerar nas rubricas “Remunerações de pes-
soal” devem corresponder à da tabela de vencimentos em vigor, sendo atualizada com base
na taxa de inflação prevista, se ainda não tiver sido publicada a tabela correspondente ao ano
a que o orçamento respeita.
A conjugação da lei que define as competências dos órgãos autárquicos (Lei n.º 75/2013, de 12 de
setembro,)2, com o definido no ponto 3.1.1 do POCAL- princípios orçamentais obriga à elabora-
ção, aprovação e execução de um orçamento anual coincidente com o ano civil. A sua inexistên-
cia nos prazos determinados na lei supra mencionada, poderá provocar a dissolução dos órgãos
da autarquia.
Para a elaboração do orçamento autárquico deverão ser dados os seguintes passos:
1. Previsão de todos os recursos financeiros possíveis de obter (receita):
Esta fase de elaboração do orçamento reveste-se de uma enorme importância, uma vez que a
avaliação das receitas é fator condicionante do orçamento da despesa. Efetivamente, uma so-
breavaliação das receitas ocasionará uma ilusão de suficiência que estimulará a realização de
despesas relativamente às quais a autarquia não disporá efetivamente de fundos financeiros su-
ficientes.
Para evitar esta situação de cálculo por excesso, as regras previsionais apresentadas no ponto 3.3.
do POCAL condicionam a avaliação das receitas, permitindo que o ajustamento das previsões se
reflitam ao longo da execução do orçamento através de alterações e revisões.
Surge assim, a par com as regras previsionais supra mencionadas, as regras do “bom senso” e da
“prudência”.
2. Identificação de todas as despesas obrigatórias e respetiva cobertura orçamental:
São consideradas despesas obrigatórias:
- As dotações necessárias para o cumprimento das obrigações decorrentes da Lei: obri-
gações fiscais, contribuições para a Caixa Geral de Aposentações;
- As dotações destinadas às remunerações certas e permanentes;
- As dotações para despesas que resultem de contratos de empreitadas, fornecimento de
bens ou de prestação de serviços em execução;
- As dotações destinadas aos pagamentos de encargos resultantes de sentenças de
quaisquer tribunais.
De referir que, se durante a execução orçamental se verificar insuficiência de dotações para pa-
gamento de despesas obrigatórias, dever-se-á promover, de imediato, as correspondentes retifi-
2
Com as seguintes alterações: Lei n.º 5-A/2002, de 11/01, Rect. n.º 4/2002, de 06/02, Rect. n.º 9/2002, de 05/03, Lei n.º
67/2007, de 31/12, Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30/11 e Lei n.º 75/2013, de 12/09
21
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Total das receitas previstas - Despesas obrigatórias - Despesas com receitas consignadas = Receitas disponíveis para novos encargos
O cálculo do valor das novas atividades ou das atividades que exigem continuidade deverá ser
obtido em obediência aos princípios de economia, eficácia e eficiência. Isto é calcular os encargos
ações a desenvolver segundo uma hierarquização de interesse público, numa lógica de prestar
melhor serviço com o menor custo.
Ter-se-á ainda de equacionar a hipótese de com os mesmos recursos obter mais e melhores re-
sultados. Isto pressupõe formas alternativas de resolver problemas e obter soluções. A esta forma
de avaliar os encargos chamamos avaliação direta das despesas. À forma simples de as obter pe-
los dados históricos chamamos método incrementalista da elaboração do orçamento autárquico.
Documentos
Considerando o princípio da especificação, o qual obriga à discriminação de todas as receitas e
despesas previstas, o orçamento deverá ser constituído por duas peças distintas:
- O Orçamento da Receita com a descrição por classificação económica que se preveem ar-
recadar;
- Orçamento da Despesa, com a descrição das despesas por classificação económica e facul-
tativamente por orgânica (esta só se a dimensão da freguesia o justificar).
No ponto 7.2 do POCAL estão definidos os mapas de apresentação do orçamento os quais deverão
ser extensivos às freguesias:
- Mapa resumo das despesas e receitas;
- Mapa discriminativo de toda a despesa e receita.
A classificação económica a considerar, deverá respeitar o Decreto-Lei n º 26/2002, de 14 de fe-
vereiro.
22
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
RESUMO
(Unidade: €uros3)
Correntes........................... Correntes...........................
Capital............................... Capital................................
Total Total
Orçamento
(Designação da autarquia local) Ano
(Unidade: €uros3)
Receitas (a) Despesas (b)
Código Designação Montante Código Designação Montante
Receitas Correntes Despesas Correntes
23
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
quando não exigem aumento da totalidade da receita, ou quando este aumento acontece deriva-
do da afetação direta e exclusiva de recursos financeiros consignados a obras já previstas ou não
no Plano de Investimentos ou outras ações já existentes ou não nas Grandes Opções do Plano.
Trata-se da inclusão das chamadas receitas consignadas a determinadas despesas, decorrendo
a maior parte delas da contratualização de protocolos entre a freguesia e o município ou com a
Administração Central.
Quando se torna necessário incluir novas ações de investimento ou novas ações de caráter plu-
rianual tanto de caráter corrente como relacionadas com transferências de capital, então, ter-se-
-á que efetuar uma revisão orçamental, se as mesmas não dependerem de receitas que lhe estão
consignadas por Contrato-Programa ou outros financiamento específicos para aqueles fins. Isto
é, uma revisão pressupõe uma nova alocação das dotações orçamentais existentes, redistribuin-
do-as por ações novas a inscrever no PPI ou pela afetação às mesmas (novas ou existentes) do
saldo da gerência transitado do ano anterior.
Anota-se, contudo, que tanto de uma alteração como de uma revisão orçamental não poderão
resultar reforços ou ações já existentes ou novas provenientes da diminuição de ações com finan-
ciamento consignado. A não realização de uma ação protocolada com fundos que lhe são consig-
nados não liberta dotações orçamentais.
A inclusão do Saldo Orçamental do ano anterior poderá, caso a autarquia o queira afetar a despe-
sas já existentes ou a novas despesas originar uma revisão orçamental. Poderá ainda, a proposta
do executivo propor que se integre o saldo, mas não distribui-lo por qualquer rubrica da despesa,
o que lhe permitirá garantir uma melhor execução da receita, e não agravar o deficit orçamental,
com o correspondente aumento da despesa. Neste caso, o orçamento fica superavit, com a receita
superior à despesa, em termos previsionais, mas não em termos de execução orçamental, embora
isso possa acontecer, no caso de uma execução da receita prevista a 100%.
Qualquer que seja o tipo de modificação efetuada e nos procedimentos a adotar, deverá sempre
considerar-se:
a) Documentação de suporte à modificação orçamental:
Esta questão coloca-se pela necessidade de se fundamentar todas as modificações orçamentais,
explicando-se quais as necessidades públicas que se propõem a realizar, onde e porquê se re-
fletem estas modificações, e as novas origens de fundos, se as mesmas existirem, ou a razão da
diminuição de dotações de ações inicialmente previstas por um maior valor.
b) Manutenção dos princípios e regras orçamentais, nomeadamente:
- Não considerar como contrapartida orçamental de reforços de outras ações, dotações co-
bertas por receitas consignadas;
- Preservar, o equilíbrio orçamental corrente. Isto é, o total das despesas correntes não po-
derá ser superiores ao total das receitas correntes.
- Manter as restrições das dotações orçamentais, não incrementando os créditos para a des-
pesa inicialmente previstas sem a necessária e fundamentada explicação, por avaliação di-
reta do novo encargo.
As modificações orçamentais podem ser de diversas formas:
24
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
- Despesa inicialmente prevista com - Incorporação de receita legalmente - Alteração orçamental (ponto 8.3.1.5
dotação insuficiente consignada a determinadas despesas do POCAL) Registos utilizando os
- Justificação da insuficiência de do- - Incorporação do saldo do exercício mapas 8.3.1.1 e 8.3.1.2
tação anterior - Revisão orçamental (ponto 8.3.1.4 do
- Antecipação de parte de ações - Incorporação de novas receitas que a POCAL): Registos utilizando os mapas
plurianuais previstas para anos pos- freguesia esteja autorizada a arreca- 8.3.1.1 8.3.1.2
teriores dar (por ex. provenientes de mercados
e feiras antes não cobradas, etc.,
- Incorporação de eventual excesso
de cobrança de receita, relativamente
à totalidade de receitas previstas e já
arrecadadas
Alterações negativas, substanciais aos Diminuição do orçamento da receita Revisão orçamental (ponto 8.3.1.4 do
contratos que vinculam as previsões Diminuições às dotações orçamentais POCAL):
orçamentais da despesa, ainda disponíveis, com Registos utilizando os mapas 8.3.1.1
Alterações negativas substanciais das diminuição ou anulação das mesmas e 8.3.1.2
deliberações ou de lei que fundamen- Diminuição ou anulação de dotações
tem o cálculo das previsões de ações do PPI reajustando-as à
diminuição das receitas
25
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
8.3.1.1 – Receita
Alteração n.º
Revisão n.º.
(designação da entidade) (Unidade: €uros3)
Classificação económica Receita
Modificações orçamentais
Previsões iniciais
Código Descrição Previsões corrigidas Observações
Inscrições/ Diminuições/
reforços anulações
(1) (2) (3) (4) (5) (6)=(3)+(4)-(5) (7)
Total
Total
26
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
se altere o custo total previsto para uma ação, as modificações incidem não só no financiamento
do ano, como ainda nos valores dos anos seguintes. Dado que na coluna das modificações não se
consideram as modificações dos anos seguintes, na coluna reportada a estas, constarão sempre,
neste mapa, os valores finais resultantes das modificações realizadas.
8.3.2 – Modificações ao plano plurianual de investimentos
Código da Número
do programa (+/-)
classificação do projeto/
Dotação corrigida
Dotação corrigida
e projeto/
Início
Dotação atual
Fim
ação (f)=(d)-©
não definido
Outros
2001
2002
2002
27
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Resposta:
Não podendo inscrever esta receita numa rubrica especificamente adequada, sem a ne-
cessária revisão orçamental, como por exemplo «Transferências Correntes – Sociedades
e quase sociedades não financeiras – Privadas», registá-la-á na rubrica «outras receitas
correntes», a qual deverá ser sempre considerada em qualquer orçamento de receita. O
facto é que esta receita deverá ser sempre cobrada e contabilizada e para tal deverá ser
preenchida a respetiva guia de recebimento e conta corrente da receita.
b) A cobrança de receitas pode no entanto ser efetuada para além dos valores inscritos no orça-
mento.
A cobrança de receitas que excedem os valores inscritos no orçamento devem ser contabilizadas,
e não poderão ocasionar reforço orçamental salvo nas seguintes situações:
Representarem excesso de cobrança em relação à totalidade das receitas previstas no orçamento,
ou seja, em situação de eventual excedente orçamental – situação de superavit (alínea b) do ponto
8.3.1.4 do POCAL
28
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
c) As receitas liquidadas e não cobradas até 31 de dezembro devem ser contabilizadas pelas cor-
respondentes rubricas do orçamento do ano em que a cobrança se efetuar
Este preceito estabelece a regra da anualidade aplicada à receita. Isto é, as receitas deverão ser
contabilizadas como origem de fundos, no ano económico em que são arrecadadas (cobradas).
Assim, todas as receitas liquidadas e não cobradas num determinado ano económico, deverão ser
considerada, em termos previsionais incluídas no orçamento do ano seguinte, ou seja naquele em
que se prevê sejam efetivamente arrecadadas.
29
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Transferências do Orçamento de Estado O registo destas receitas orçamentais ocorre após a confirmação do valor efetivamente
para a autarquia, a título de compartici- transferido. A liquidação e a cobrança, na contabilidade da autarquia verificam-se em simul-
pação nos impostos do Estado (FFF). tâneo, através de um documento único que será a guia de recebimento.
O reconhecimento do direito dá-se com o recebimento do valor do subsídio transferido pela
Outras Transferências e Subsídios entidade financiadora. Pode-se, conhecendo-se o valor certo a receber, sustentado em proto-
colo com prazos de recebimento, emitir notas de débito (notas de liquidação)
É de salientar que as freguesias devem registar a liquidação no momento do direito a receber que pode
ocorrer antes da cobrança. E assim, no final do ano, nos mapas de execução da receita, pode surgir
liquidação por cobrar, que na linguagem da contabilidade empresarial significa as dívidas a receber.
30
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Data de emissão
Guia de Recebimento
Exmo. Sr.
Nome:
Morada:
Código Postal:
N.º Contribuinte:
Código do POCAL Descrição da receita Tipo (b) Receita Orçamental Operações de Tesouraria
Subtotal
Total sem IVA
Observações:
Meio de Pagamento:
______________________
0 serviço emissor Tipo: N.º: _______________
Instituição bancária:
______________ Data: ___/___/___
O Tesoureiro
31
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Notas adicionais:
- Deve constar, deste documento, para além da designação da autarquia, a morada e o seu
número de contribuinte;
- O código do POCAL, apresentado no documento, refere-se à classificação económica;
- Caso a guia de recebimento se refere à cobrança de taxas ou impostos indiretos, não há
lugar a liquidação de IVA, nos termos do n.º 2 do artigo 2º do código do IVA;
- Caso a guia de recebimento se refira a cobranças sujeitas IVA, tarifas e preços por presta-
ções de serviços a mesma deverá incluir os campos para o respetivo registo;
- Na descrição da receita, deve ser referido, o facto que lhe deu origem, e dever-se-á fazer
referência à alínea e artigo que deu origem à cobrança, se o valor que se pretende cobrar
constar da tabela de taxas e licenças, da autarquia.
Receita
Data Documento Saldo Folha de Caixa
em numerário
N.º Tipo Inicial Acumulado Data N.º
A transportar
Total
Data de emissão: ___/___/___
32
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Notas adicionais:
-- A natureza da modificação será indicada por R ou A conforme se trate de Revisão ou de Al-
teração.
-- A “Dotação orçamental” será o valor atualizado da previsão constante na rubrica orçamental
em questão (previsão inicial +/- total das modificações efetuadas até ao momento).
-- No campo “Documento” indica-se o tipo e o nº de documento a registar.
Exemplo:
O Sr. José Silva foi à Junta tirar fotocópias autenticadas do seu bilhete de identidade bem como
das suas duas filhas.
No final o Presidente da Junta cobrou o valor fixado na “Tabela de Taxas e preços” aprovada pelo
executivo e publicada no Boletim da Freguesia por cada fotocópia autenticada, tendo a receber do
senhor José 15€ pelas três cópias e autenticações. Como prova de cobrança a junta tem de preen-
cher uma Guia de recebimento.
Guia de Recebimento
Designação da autarquia:
Morada: freguesia ………… Serv. Emissor N.º da Guia Ano
Código Postal: …. 1 10 2014
N.º Contribuinte: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|
Data de emissão
08-01-2014
Exmo Sr.
Nome: Sr.José Silva
Morada: ……….
Código Postal:
N.º Contribuinte:
Texto: Serviço de cópia e autenticação de documentos Data limite de pagamento
imediato
Operações de
Código do POCAL Descrição da receita Tipo (b) Receita Orçamental
Tesouraria
07.02.09.99: Prestação de serviços-Outros Cópias e Eventual 15,00 3,45
autenticação de documentos
Valor do
Base tributável Taxa Valor Total
IVA
15 23% 3,45 18,45
Observações:
Meio de Pagamento:
___________A tesouraria____________ Tipo: N.º: _______________
0 serviço emissor Instituição bancária:
______________ Data: ___/___/___
O Tesoureiro
Notas: O valor do IVA considera-se operação de tesouraria uma vez que é uma receita que terá de ser entregue ao Estado
33
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
As despesas só podem ser cativadas, assumidas, autorizadas e pagas se, para além de serem
legais, estiverem inscritas no orçamento e com dotação igual ou superior ao cabimento e ao com-
promisso, respetivamente
Esta alínea deverá merecer especiais cuidados a todos os responsáveis pela execução do orça-
mento autárquico. Efetivamente, a expressão apresentada “para além de serem legais” significa
que a despesa a realizar deve respeitar a lei, a qual é rigorosa e precisa determinando:
- Quais as atribuições e competências das freguesias bem como a delimitação da intervenção da
administração local, concretizada através da Lei n.º 75/2013, de 12/09, ou seja, os poderes que
lhes permitem atuar em diversas vertentes e áreas.
- Quais os formalismos a respeitar para a realização das despesas públicas. Estas disposições
estão estabelecidas, essencialmente, no Decreto-Lei n.º 18/2008 de 29 de janeiro, os quais regu-
lamentam respetivamente a realização das despesas e respetiva contratação relativa à locação e
aquisição de bens e serviços, e a realização das empreitadas de obras públicas.
Nesta alínea, referem-se ainda a fases da realização da despesa: o cabimento (cativação da ver-
ba), o compromisso3 (a realizar dos termos da lei dos compromissos), a autorização da despesa (a
qual deverá anteceder o compromisso e ser precedida do cabimento) e o pagamento.
Os momentos de execução de cada uma destas fases não só é importante em termos de legalidade
da própria despesa, como em termos de “saúde” financeira da freguesia. Efetivamente, antes de
se assumir uma despesa é preciso saber se no orçamento há dotação disponível para a suportar. A
fase do cabimento deverá preceder qualquer ato de vinculação externa da autarquia, e quem tem
competência para autorizar a despesa deverá fundamentar a sua decisão, não só numa informa-
ção dos serviços (informação/proposta) que justifique a necessidade e pertinência dos encargos
em causa para a persecução das atribuições da autarquia, como no prévio conhecimento e registo
da existência de suficiente dotação orçamental (princípio do equilíbrio), na rubrica económica
adequada (princípio da especificação).
O proceder à cativação da verba orçamental significa que a despesa, a efetivar-se, cabe na dotação
orçamental que se encontra disponível. Trata-se de uma disposição cautelar que tem por objetivo
informar o autorizador da despesa. Se porventura a despesa a cabimentar exceder a dotação inscri-
ta na respetiva rubrica orçamental, ou se desiste da referida aquisição, ou recorre-se ao dispositivo
legal de alteração ou revisão orçamental, colocado à disposição das autarquias. Não é permitido,
em circunstância alguma, exceder as dotações orçamentais da despesa. Tal atuação acarretará a
ilegalidade da mesma, e poderá provocar sanções a aplicar pelo Tribunal de Contas. Assim, os cré-
ditos orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na realização das despesas.
Verificada a legalidade e o cabimento da despesa, é obtida a autorização do órgão competente,
procedendo de seguida os respetivos serviços às diligências necessárias para a sua realização.
Nesta fase, há que ter em conta o disposto no Decreto-Lei n.º 18/2008 de 29 de janeiro. Estes di-
plomas visam garantir a transparência dos processos de realização das despesas com o forneci-
mento de bens e serviços e com empreitadas, e respeitar o princípio da concorrência.
3
Nos termos da alínea a) do artigo 3º da LCPA) «Compromissos» as obrigações de efetuar pagamentos a terceiros em
contrapartida do fornecimento de bens e serviços ou da satisfação de outras condições. Os compromissos consideram
-se assumidos quando é executada uma ação formal pela entidade, como sejam a emissão de ordem de compra, nota
de encomenda ou documento equivalente, ou a assinatura de um contrato, acordo ou protocolo, podendo também ter
um caráter permanente e estar associados a pagamentos durante um período indeterminado de tempo, nomeadamente
salários, rendas, eletricidade ou pagamentos de prestações diversas;
34
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Resolvida esta questão, ou seja, depois de definido o fornecedor de bens e serviços ou o emprei-
teiro, bem como as condições das respetivas prestações, a autarquia assumirá o compromisso de
pagar desde que a outra parte cumpra as condições que declarou aceitar.
A assunção de compromisso efetuar-se-á através de requisição, contrato ou outra forma similar
que seja juridicamente válida, devendo a autarquia respeitar o definido na LCPA relativamente as
regras impostas para a assunção de compromissos, nomeadamente a existência de fundos dis-
poníveis no termos definidos. Nos termos da LCPA, o compromisso é definido como uma obriga-
ção de pagamento. A fase do compromisso assume desta forma uma nova dimensão, passando a
constituir um momento crucial de controlo da despesa.
Nos termos da LCPA, artigo 5º, não podem ser assumidos compromissos que excedam os fundos
disponíveis, ou seja, o valor dos encargos que podem ser assumidos depende dos fundos dispo-
níveis definidos nos termos da al. f) do artigo 3º.
Alteram-se assim os pressupostos que delimitam os compromissos que podem ser assumidos,
sendo o limite da dotação orçamental substituído pelo limite dos fundos disponíveis, definidos
nos termos da LCPA.
Esta fase, a de adjudicação, exige a confirmação da verba cabimentada (cativação efetuada com
base em estimativa), procedendo-se, se necessário, ao reforço do cabimento ou à anulação dos
valores excedentários, e ao registo contabilístico do compromisso pelo valor exato do montante a
adjudicar e Se a aquisição em causa se prolongar por mais que um ano económico (encargo plu-
rianual), então ter-se-á que considerar, também, os compromissos em anos futuros. De referir
ainda que o compromisso
Seguir-se-á a realização da despesa propriamente dita, através da concretização da aquisição nas
condições contratualizadas cumprindo cada uma das partes as suas obrigações.
Esta concretização exige da autarquia a verificação das correspondentes prestações. Para o efeito
a nota de remessa e a fatura ou documento equivalente, emitido pelo fornecedor ou prestador,
deverá ser confirmada com a expressa declaração, por parte do responsável do serviço, que as
obrigações do fornecedor foram cumpridas. No caso das empreitadas a verificação das prestações
é efetuada através da elaboração de um auto de medição dos trabalhos e do valor a pagar ao em-
preiteiro. Após efetuadas as verificações, atrás referidas, proceder-se-á ao registo contabilístico
da fatura, ou seja inicia-se o seu processamento. A liquidação da fatura, i.e., a emissão da cor-
respondente ordem de pagamento dependerá da confirmação da existência de disponibilidade da
tesouraria para o consequente pagamento.
Poderá assim acontecer que a fase da liquidação da despesa não possa decorrer imediatamente
a seguir à fase do reconhecimento da obrigação, pois a cadência das cobranças não acompanha,
normalmente, a cadência da realização das despesas. Sugere-se que a verificação da existência de
disponibilidade monetária para o pagamento decorra de um processo diário de acompanhamen-
to dos recebimentos e dos pagamentos efetuados, através da elaboração de um adequado mapa de
informação da situação financeira.
Sendo o pagamento a última fase da realização de uma despesa, encerra em si a extinção da obri-
gação decorrente da mesma, e exige a autorização prévia para a sua liquidação. Esta autorização é
nos termos da alínea h) do nº1 da arte. 35º Da Lei 75/2013, de 12 de setembro competência própria
do presidente da câmara, delegável e subdelegável nos vereadores e nos dirigentes máximos da
respetiva unidade orgânica (alínea a) do n.º 3 do art.º. 38.° Daquele diploma). Nestes termos, as
ordens de pagamento poderão ser assinadas pelo presidente do órgão executivo da autarquia ou
por quem tem competência por si delegada ou subdelegada.
35
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Este preceito traduz a característica fundamental do Orçamento como documento não só funda-
mental à explicação da política da autarquia que lhe está subjacente, como documento autoriza-
dor da despesa.
Isto é, por muito significativa que socialmente se torne necessária a despesa pública, ela só po-
derá ser assumida se houver dotação disponível para ser cabimentada, no orçamento em vigor.
Claro que existe um instrumento, a Alteração Orçamental que permite a realização de despesas
para as quais não estavam previstas inicialmente dotações financeiras através do seu respetivo
reforço orçamental, obtido pela diminuição de dotações de outras ações, que, ou não se realiza-
ram ou se concretizarão em menor escala. (transferência da dotação entre rubricas económicas).
As despesas a realizar com a compensação em receitas legalmente consignadas podem ser auto-
rizadas até à concorrência das importâncias arrecadadas
Esta alínea apresenta-se como uma restrição, dado que faz depender a realização da despesa da
existência simultânea de dotação orçamental e da cobrança efetiva das receitas que lhe estão
consignadas, representando uma condicionante desadequada à execução orçamental. De facto,
as importâncias arrecadadas relativas a receitas consignadas (empréstimos ou financiamentos
externos, sejam eles da administração central ou dos fundos comunitários) decorrem da forma-
lização de pedidos de pagamento, sustentados em comprovativos de despesa, os quais exigem
previamente as necessárias autorizações para a sua realização.
Alínea g):
Em face do exposto, no início do exercício económico deverão os encargos assumidos e não pa-
gos, ser objeto de cabimentação e compromisso.
Alínea i):
“Os serviços, no prazo improrrogável definido na alínea anterior, devem tomar a iniciativa de
satisfazer os encargos, assumidos e não pagos, sempre que não seja imputável ao credor a razão
do não pagamento.”
Para qualquer situação que tenha dado origem à anulação da ordem de pagamento, deve com-
petir à freguesia a diligência do respetivo pagamento, salvo na situação em que o credor tenha
uma situação irregular perante o Fisco ou à Segurança Social. Situação esta prevista na lei ao
estabelecer a obrigatoriedade da administração pública proceder à retenção por conta de 25% do
montante a pagar, quando o credor não tem a sua situação regularizada com a Segurança Social.
36
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Cabimento
A fase do cabimento deverá preceder qualquer ato de compromisso financeiro externo da fregue-
sia, e quem tem competência para autorizar a despesa deverá fundamentar a sua decisão, não só
numa informação dos serviços (informação/proposta) que justifique a necessidade e pertinência
dos encargos em causa, para a persecução das atribuições da freguesia, como no prévio conhe-
cimento e registo da existência de dotação orçamental suficiente (princípio do equilíbrio), na
rubrica económica adequada (classificador económico da despesa).
As dotações orçamentais constituem por natureza económica, o limite máximo a utilizar na re-
alização das correspondentes despesas.
A cativação da verba significa que a despesa, a efetivar-se, cabe na dotação orçamental em rubri-
ca apropriada à sua tipologia económica
Se a despesa a cabimentar exceder a dotação inscrita na respetiva rubrica orçamental, ou a au-
tarquia desiste da referida aquisição ou recorre ao dispositivo legal de alteração ou revisão orça-
mental, para providenciar a necessária dotação à assunção da despesa.
Verificada a legalidade e o cabimento da despesa, é obtida a autorização do órgão competente,
procedendo de seguida, o respetivo serviço, às diligências necessárias para a sua realização.
A Informação/Proposta será o documento de suporte ao cabimento, onde se traduz as necessida-
des aquisitivas de um determinado serviço de uma autarquia, com vista a consecução dos seus
objetivos, e ao exercício das suas competências.
Os cabimentos devem ter uma numeração sequencial.
Compromisso
De acordo com a Lei dos compromissos e dos pagamentos em atraso, Compromissos são as obri-
gações de efetuar pagamentos a terceiros em contrapartida do fornecimento de bens e servi-
ços ou da satisfação de outras condições. Os compromissos consideram-se assumidos quando
é executada uma ação formal pela entidade, como seja a emissão de ordem de compra, nota de
encomenda ou documento equivalente, ou a assinatura de um contrato, acordo ou protocolo,
podendo também ter um caráter permanente e estarem associados a pagamentos durante um
período indeterminado de tempo, nomeadamente, salários, rendas, eletricidade ou pagamentos
de prestações diversas. (art.º 3 da Lei dos compromissos e pagamentos em atraso)
Depois de definido o fornecedor de bens e serviços ou o empreiteiro da obra, bem como as res-
petivas condições prestativas, a freguesia assumirá o compromisso de pagar, desde que, a outra
parte cumpra as condições que declarou aceitar. A assunção do compromisso efetuar-se-á atra-
vés da requisição, contrato ou outra forma similar que seja válida jurídica e fiscalmente, devendo
a freguesia limitar, ao máximo, os compromissos não reduzidos a escrito.
O registo do compromisso, exige a confirmação da verba cabimentada (cativação efetuada com
base em estimativa), procedendo-se, se necessário, ao reforço do cabimento ou à anulação dos
valores excedentários quando do concurso resulta uma proposta de adjudicação de valor inferior
ao previsto. O registo contabilístico do compromisso é efetuado, pelo valor exato do montante a
adjudicar refletido pelos anos durante os quais a adjudicação se concretizará. Se a aquisição em
causa se prolongar por mais que um ano económico (encargo plurianual), então ter-se-á que
considerar, também, os compromissos em anos futuros.
O compromisso terá por base a requisição, nota de encomenda, ou um contrato celebrado decor-
rente da execução da Informação/Proposta.
De acordo com a Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso os compromissos devem ser
numerados sequencialmente.
37
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Obrigação
Uma obrigação é um dever ou responsabilidade para agir ou executar de certa maneira e pode ser
legalmente imposta como consequência de:
a) Um contrato vinculativo (por meio de termos explícitos ou implícitos);
b) Legislação;
c) Requisito estatutário;
d) Outra operação da lei.
No momento de receção da fatura a mesma deverá ser validada com a verificação da realização
da correspondente prestação pelo técnico ou serviço responsável. Após a sua validação deverá ser
registada nas respetivas contas de correntes e no diário de despesa.
A obrigação tem como documento de suporte a fatura ou documento equivalente.
Na fatura ou documento equivalente deve ser colocado o nº de compromisso.
Autorização de Pagamento
No momento da liquidação ou autorização de pagamento deverá ser emitida a ordem de paga-
mento e registada nas contas correntes e diário de despesa. A ordem de pagamento será autoriza-
da pelo órgão ou dirigente com competência para o efeito
A Ordem de pagamento cujo modelo é apresentado no POCAL é o documento de suporte da fase
da autorização de pagamento.
Pagamento
O pagamento implica a verificação das condições necessárias para a sua realização, nomeada-
mente disponibilidade na tesouraria. O pagamento deverá ser registado no diário de tesouraria,
conta corrente da despesa e diário da despesa.
38
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
«Reposições abatidas aos pagamentos». – Nos termos da lei, as operações desta natureza aba-
tem aos pagamentos realizados, libertando as dotações correspondentes. Trata-se da situação
que ocorre com as entregas de fundos nos cofres da autarquia relativas a pagamentos, ocorridos
no ano em curso.
Se as reposições não têm qualquer efeito sobre as dotações da despesa, o que ocorre com as repo-
sições relativas a despesas pagas em exercícios anteriores, classificam-se como reposições não
abatidas aos pagamentos e vão acrescer ao valor das receitas, não dando lugar a movimentos
nesta conta.
39
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
40
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
41
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
42
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
O Tribunal de Contas solícita, que sejam apresentados com a prestação de contas os seguintes
documentos previsionais:
No entanto, poderá ainda, nos termos do n.º 3 do artigo 51º da Lei n.º 98/97, de 26 de agosto, o
Tribunal de Contas dispensar de remessa de contas, as entidades integradas neste grupo, fixando
para o efeito, o montante anual da receita ou despesa abaixo do qual o podem fazer.
De referir que o ano de 2013 um ano excecional em termos de prestação de contas dada a recente
reorganização administrativa que implicou a extintas de freguesias bem como a alteração de li-
mites territoriais de alguns.
Em face desta situação do Tribunal de Contas publicou as Resoluções n.º 3/20134 e nº7/20135 – 2
S que determina o modo como deve ser feita a remessa das contas para as freguesias extintas;
freguesias com alteração de limites territoriais e ainda que entidades devem ficam dispensadas
de remeter as contas ao TC.
Assim, o ponto 4 da Resolução nº 7/2013 define que apenas remetem ao TC as freguesias cujo va-
lor anual de receita ou despesa seja superior a 1 000.000 euros.
No entanto, de acordo com o definido no ponto 11 da Resolução as entidades dispensadas da re-
messa das contas devem organizar e documentar as contas nos termos das Instruções aplicáveis
e mantê-las em arquivo nos prazos de 10 anos por ser esse o prazo previsto pelo Tribunal de
Contas.
Efetivamente as contas dispensadas de remessa ao Tribunal de Contas, podem ser objeto de veri-
ficação e as respetivas entidades sujeitas a auditoria, pelo que deverão manter organizada toda a
informação nos termos indicados pelo n.º 3 do ponto 2 do POCAL.
4
Remessa da contas ao Tribunal relativas ao ano de 2013 das freguesias objeto de reorganização administrativa terri-
torial autárquica.
5
Remessa da contas ao Tribunal relativas ao ano de 2013 e gerências partidas de 2014.
43
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
de abril do ano seguinte aquele a que respeitam (nº 1 do artigo 76º da Lei n.º 73/2013, de 3
de setembro - Lei das Finanças Locais).
b) As freguesias ficam obrigadas a enviar à DGAL as respetivas contas, nos 30 dias sub-
sequentes à data da sessão do órgão deliberativo em que aquelas contas foram sujeitas
a apreciação, bem como os mapas trimestrais das contas, nos 10 dias subsequentes ao
período a que respeitam. (nº 4 do artigo 78º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro - Lei das
Finanças Locais).
Quando dentro de um ano económico houver substituição da totalidade do executivo, as contas
serão prestadas em relação a cada gerência. A substituição parcial dos responsáveis do executivo
por motivo de presunção ou apuramento de qualquer infração financeira, dará também lugar a
prestação de contas, que serão encerradas na data em que se fizer a substituição (artigo 52º da
Lei n.º 98/97, de 26 de agosto). Nesta caso o prazo para apresentação das contas será de 45 dias a
contar da data de substituição dos responsáveis.
a) As contas são prestadas por anos económicos, que caso presente da aplicação do POCAL,
coincide com o ano civil, e elaboradas pelos responsáveis da respetiva gerência, salvo, se
estes tiverem cessado funções. Neste caso, serão aqueles que lhes sucederem, sem preju-
ízo da obrigação de ser prestado, pelos primeiros a necessária colaboração.
b) As freguesias ficam obrigadas a remeter ao ministro que tutela as autarquias locais as
respetivas contas nos 30 dias subsequentes à data da sessão do órgão deliberativo em que
aquelas contas foram sujeitas a apreciação.
44
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Este mapa tem como finalidade permitir o controlo da execução orçamental da despesa durante o exercício.
A coluna “Classificação económica” deve apresentar um nível de desagregação idêntico ao do orçamento.
45
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
(Unidade:
(designação da autarquia local) €uros3)
Classificação Grau de
Compromissos assumidos Diferenças
económica Dota- execução
Des-
ções orçamental
pesas Compro-
Có- corrigi- Exercí- Exercícios Dotação não das
Descrição Total pagas Saldo missos
digo das cio futuros comprometida despesas
por pagar
Total
Receita
Este mapa tem como finalidade permitir o controlo da execução orçamental da receita durante o
exercício. A coluna “Classificação económica” deve apresentar um nível de desagregação idênti-
co ao do orçamento, salvo o saldo da gerência anterior, dada a sua natureza.
Faculta informação designadamente sobre:
-- “Previsões corrigidas” - montantes orçamentados, modificados ou não através de revi-
sões ou alterações orçamentais. O saldo da gerência anterior, após a sua aprovação, é in-
cluído nesta coluna;
-- “Receitas por cobrar no início do ano” - receitas já liquidadas em anos anteriores, mas
ainda não cobradas;
-- “Receitas liquidadas” - receitas liquidadas no exercício;
-- “Liquidações anuladas” - importâncias que, embora já tivessem sido liquidadas, foram
anuladas antes da cobrança;
-- “Receitas cobradas brutas” - importâncias arrecadadas não afetadas pelo valor dos
reembolsos e restituições;
-- “Reembolsos e restituições” - importâncias emergentes de recebimentos indevidos,
evidenciando o apuramento das importâncias a reembolsar emitidas e os valores efeti-
vamente pagos;
-- “Receitas cobradas líquidas” - receitas cobradas brutas corrigidas dos reembolsos e res-
tituições;
-- “Receitas por cobrar no final do ano” - importâncias liquidadas ainda não objeto de co-
brança;
-- “Grau de execução orçamental” - percentagem das receitas cobradas líquidas em re-
lação às previsões corrigidas.
46
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Este mapa tem como finalidade permitir o controlo da execução anual do plano plurianual
de investimentos e faculta informação designadamente sobre:
Cada programa e projeto/ação de investimento;
Formas de realização - utilizar os códigos:
(A) para administração direta;
(E) para empreitada;
(O) para fornecimentos e outras;
Fontes de financiamento previstas, a preencher quando se trate de projetos com financia-
mento externo à Autarquia local - (AC) administração central, (AA) administração autár-
quica, e (FC) fundos comunitários -, devendo ser indicada a percentagem desse financia-
mento externo;
Financiamento da componente anual e valor global do programa/projeto;
Execução financeira dos anos anteriores, no exercício e exercícios futuros
execução e execução e
Núme- ção financiamento financiamento
Administração
Objetivo
ro do do progra- Fun-
anual (per- global (per-
projeto ma dos Anos Anos
centagem) centagem)
/ ação e projeto autár- comu- Início Fim Ano seguin- Total ante- Ano Total
central
/ ação quica nitá- tes riores
rios (a) (b)
Total Geral
Pág.
47
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Operações de Tesouraria
São consideradas como operações de tesouraria as cobranças que os serviços autárquicos reali-
zam para terceiros.
Apresenta o movimento das operações de tesouraria devidamente desagregadas, devendo ser ar-
ticulado com o mapa de fluxos de caixa.
A entrada e a saída de fundos por operações de tesouraria são sempre documentadas, respetiva-
mente por guia de recebimento e ordem de pagamento. As operações de tesouraria serão desen-
volvidas e movimentadas em contas correntes por entidade e natureza.
Operações de tesouraria
Ano
(designação da autarquia local) (Unidade: €uros3)
Contas de ordem
Descrição desagregada das responsabilidades, por garantias e cauções prestadas e recibos para cobrança
de acordo com o seguinte mapa
Contas de ordem
Ano
(Designação da autarquia local) (Unidade: €uros3)
Saldo para a
Saldo da gerência anterior Movimento anual
Código e designação das contas Gerência seguinte
Total
48
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Fluxos de Caixa
Neste mapa devem ser discriminadas as importâncias relativas a todos os recebimentos e pa-
gamentos ocorridos no exercício, quer se reportem à execução orçamental quer a operações de
tesouraria.
Nela se evidenciam também os correspondentes saldos (da gerência anterior e para a gerência
seguinte) desagregados de acordo com a sua proveniência (execução orçamental e operações de
tesouraria).
As receitas e despesas orçamentais serão desagregadas de acordo com a discriminação constante
do orçamento. Neste mapa deve ainda constar o movimento dos recibos para cobrança, garantias
e cauções.
Fluxo de Caixa
(designação da autarquia local) (Unidade: €uros3)
Recebimentos Pagamentos
Saldo da gerência anterior € Despesas orçamentais €
Execução orçamental € Correntes €
Operações de tesouraria € Capital €
Receitas orçamentais € Operações de tesouraria €
Correntes € Saldo para a gerência seguinte €
Capital €
Execução orçamental €
Operações de tesouraria € Operações de tesouraria €
Total € Total €
Contas de ordem
49
50
Empréstimos
8.3.6.1 Empréstimos(a)
Ano
(designação da autarquia local)
(Unidade: €uros3)
Visto do TC Capital Taxa de juro Encargos do ano
Amort.
mora
Anos decorridos
Dívida em 1 de janeiro
Número de registo
Dívida em 31 de dezembro
Total
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
M. e L. prazos (b)
Total
Limite de endividamento
Ano
(designação da autarquia local) (unidade: €uros)
Dívida em 1 de
Caracterização da dívida Dívida em 31 de dezembro Observações
janeiro
Curto prazo (a)
Médio e longo prazos (a)
Total
Relatório de Gestão
O relatório de gestão a apresentar pelo órgão executivo ao deliberativo deve contemplar os seguintes
aspetos:
c) Evolução das dívidas de curto, médio e longo prazos de terceiros e a terceiros nos últimos três
anos, individualizando, naquele último caso, as dívidas a instituições de crédito das outras
dívidas a terceiros;
51
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
a- Introdução
Linhas de orientação e síntese da atividade desenvolvida.
Resumo das Principais políticas contabilísticas adotadas.
Atividades executadas por delegação de competências do Município
b- Execução e evolução da política orçamental desenvolvida pela freguesia
Processo orçamental:
- Modificações ao orçamento inicial
- Resumo da execução orçamental
- Orçamento da receita: estrutura e evolução
• Por natureza económica
- Orçamento da despesa: estrutura e evolução
• Por natureza económica
• Por orgânica
• Por funções
- Orçamento de Investimentos:
• Avaliação da execução do Plano Plurianual de Investimentos
• Integração dos investimentos executados por objetivo e programas
- Transferências e Subsídios obtidos
• Por natureza económica da despesa que é afetada
• Por origem de fundos: entidade, programas
c- Dívida da freguesia
- Estrutura da dívida
- Evolução da dívida
52
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
6.1. Introdução
O Sistema de Controlo Interno a adotar pelas autarquias locais engloba (nos termos do
POCAL), designadamente: o plano de organização; políticas; métodos e procedimentos
de controlo, bem como todos os outros métodos e procedimentos definidos pelos respon-
sáveis autárquicos que contribuam para assegurar o desenvolvimento das atividades de
forma ordenada e eficiente, incluindo: a salvaguarda dos ativos; a prevenção e deteção de
situações de ilegalidade; as fraudes e erros; a exatidão e a integridade dos registos conta-
bilísticos e a preparação oportuna de informação financeira fiável. Ponto 2.9.1do POCAL
A aprovação de um Sistema de Controlo Interno (SCI), definido nas condições apresentadas nos
pontos 2.9.1 é de caráter obrigatório e tem por base as leis e regulamentos vigentes, de modo a
garantir a fiabilidade das informações produzidas e a realização e otimização das operações, ne-
cessárias à execução da missão da cada serviço ou função.
A alínea e) do nº1 do artigo 16º da Lei n º 75/2013 de 12 de setembro estipula que compete à junta
de freguesia elaborar e aprovar a norma de controlo interno. Assim, a junta deve:
-- Aprovar o Sistema de Controlo Interno;
-- Assegurar o seu funcionamento;
-- Assegurar o acompanhamento e a avaliação do sistema;
-- Estabelecer, em conjunto com o órgão deliberativo (Assembleia de Freguesia), procedi-
mentos de controlo específicos.
O Sistema de Controlo Interno, deverá integrar:
-- Norma de Controlo Interno;
-- Regulamento de Inventário;
-- Manual de Procedimentos Contabilísticos;
-- Outros regulamentos da atividade autárquica
53
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
54
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
55
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Disponibilidades
As disponibilidades (sobretudo a nível dos meios monetários) são um dos meios financeiros mais
vulneráveis e objeto de utilização não apropriada por parte das pessoas que, a qualquer nível,
trabalhem na freguesia. Por tal vulnerabilidade é mais que percetível a importância de um Sis-
tema de Controlo Interno, para de certa forma permitir um maior controlo sobre as mesmas. No
âmbito das disponibilidades é ainda muito importante a segregação de funções, que estabelece
que as diferentes funções não sejam realizadas apenas por uma única pessoa (nas freguesias de
menor dimensão, que contem apenas com os eleitos locais, há maior dificuldade no cumprimen-
to destes procedimentos).
56
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
2.9.10.1.1 – A importância em numerário existente em caixa não ultrapasse o montante adequado às neces-
sidades diárias da Autarquia, sendo este montante definido pelo órgão executivo;
2.9.10.1.2 – A abertura de contas bancárias é sujeita a prévia deliberação do órgão executivo, devendo as
mesmas ser tituladas pela Autarquia e movimentadas simultaneamente pelo tesoureiro e pelo presidente do
órgão executivo ou por outro membro deste órgão em quem ele delegue;
2.9.10.1.3 – Os cheques não preenchidos estão à guarda do responsável designado para o efeito, bem como
os que já emitidos tenham sido anulados, inutilizando-se neste caso as assinaturas, quando as houver, e
arquivando-se sequencialmente;
2.9.10.1.4 – A entrega dos montantes das receitas cobradas por entidades diversas do tesoureiro seja feita
diariamente, utilizando para o efeito os meios definidos pelo órgão executivo;
2.9.10.1.5 – As reconciliações bancárias se fazem mensalmente e são confrontadas com os registos da con-
tabilidade, pelo responsável designado para o efeito, que não se encontre afeto à tesouraria nem tenha aces-
so às respetivas contas correntes;
2.9.10.1.6 – Quando se verifiquem diferenças nas reconciliações bancárias, estas são averiguadas e pron-
tamente regularizadas, se tal se justificar;
2.9.10.1.7 – Findo o período de validade dos cheques em trânsito, se procede ao respetivo cancelamento junto
da instituição bancária, efetuando-se os necessários registos contabilísticos de regularização;
c) No final e no início do mandato do órgão executivo eleito ou do órgão que o substituiu, no caso de
aquele ter sido dissolvido;
57
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
2.9.10.1.10 – São lavrados termos da contagem dos montantes sob a responsabilidade do tesourei-
ro, assinados pelos seus intervenientes e, obrigatoriamente, pelo presidente do órgão executivo,
pelo dirigente para o efeito designado e pelo tesoureiro, nos casos referidos na alínea c) do número
anterior, e ainda pelo tesoureiro cessante, nos casos referidos na alínea d) do mesmo número;
2.9.10.1.11 – Para efeitos de controlo dos fundos de maneio o órgão executivo deve aprovar um
regulamento que estabeleça a sua constituição e regularização, devendo definir a natureza
da despesa a pagar pelo fundo, bem como o seu limite máximo, e ainda:
b) A sua reconstituição mensal contra a entrega dos documentos justificativos das despesas;
2.9.10.1.13 – O tesoureiro responde diretamente perante o órgão executivo pelo conjunto das im-
portâncias que lhe são confiadas e os outros funcionários e agentes em serviço na tesouraria res-
pondem perante o respetivo tesoureiro pelos seus atos e omissões que se traduzam em situações
de alcance, qualquer que seja a sua natureza, para o que o tesoureiro deve estabelecer um sistema
de apuramento diário de contas relativo a cada caixa, segundo o que se encontre em vigor nas
tesourarias da Fazenda Pública, com as necessárias adaptações;
2.9.10.1.14 – A responsabilidade por situações de alcance não são imputáveis ao tesoureiro es-
tranho aos factos que as originaram ou mantêm, exceto se, no desempenho das suas funções de
gestão, controlo e apuramento de importâncias, houver procedido com culpa;
2.9.10.1.16 – Sempre que, no âmbito das ações inspetivas, se realize a contagem dos montantes
sob responsabilidade do tesoureiro, o presidente do órgão executivo, mediante requisição do ins-
petor ou do inquiridor, deve dar instruções às instituições de crédito para que forneçam direta-
mente àquele todos os elementos de que necessite para o exercício das suas funções.
Um dos instrumentos de verificação das regras da NCI na área das disponibilidades como meio de
prevenção ao não cumprimento dessas mesmas regras, se necessário, será a implementação de
um questionário (check-list), com periodicidade anual, para a avaliação das regras estabelecidas.
Este procedimento é também uma forma da autarquia se preparar para as eventuais auditorias
externas e melhorar o seu desempenho. Assim, apresenta-se uma proposta de check-list a usar
para este fim.
58
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Não
Descrição dos procedimentos contabilísticos e/ou medidas de controlo interno Sim Não Obs.
Aplicável
1. Está definido pelo executivo o montante máximo de numerário existente em caixa?
2. Qual o seu valor?
3. Identificação de todas as contas bancárias por onde se movimentam recebimentos e
pagamentos da autarquia:
•
•
4. Relação das datas de deliberação do órgão executivo para a abertura de cada conta
supramencionada.
5. Há alguma conta movimentada na tesouraria não titulada pela Autarquia? Se sim qual:
6. Os pagamentos são concretizados com base em ordens de pagamento devidamente
autorizadas?
7. Confere-se diariamente o total das ordens de pagamentos com os pagamentos efetua-
dos?
8. Os cheques são assinados por duas pessoas e na presença dos respetivos documentos de
suporte previamente conferidos?
9. É conferido pelo responsável da contabilidade o NIB registado na ficha do credor com
base em informação emitida pela própria da entidade?
10. Está protegido em termos informáticos com código de permissão o campo relativo ao
registo do NIB na ficha da entidade credora?
11. Existe responsável designado para o controlo dos cheques não preenchidos ou cheques
emitidos e anulados?
12. São inutilizadas as assinaturas de cheques anulados?
13. Procede-se a reconciliação bancária mensal?
14. As reconciliações bancárias são feitas por algum funcionário que manuseia numerário ou
cheque?
15. Procede-se ao cancelamento de cheques em trânsito findo o seu período de validade?
16. Os itens que aparecem nas reconciliações bancárias, por um período de tempo anormal,
são objeto de adequada investigação?
17. Os valores recebidos são diários e integralmente depositados nos bancos?
18. Confere-se diariamente o total dos valores recebidos com o somatório dos recibos emi-
tidos?
19. Há controlo específico sobre os cheques devolvidos pelo banco?
20. Em que momento se procede à contagem física do numerário e documentos que estão
sob a responsabilidade do tesoureiro?
21. Existem responsáveis pela contagem física das disponibilidades à guarda do tesoureiro?
22. Existe regulamento para a constituição e regularização dos fundos de maneio?
23. Qual o órgão que aprovou o regulamento dos fundos de maneio?
24. Qual é o limite máximo do fundo de maneio?
25. Existem fundos de maneio sem reposição até 31 de dezembro?
26. Existem mapas de controlo das contas bancárias afetas a empréstimos de curto e médio
prazo?
27. Procede-se à verificação de cálculo dos juros líquidos pelas entidades de crédito, resul-
tantes de créditos obtidos?
28. Existe mapa de controlo, na tesouraria, relativo a prazos de pagamento relacionadas
com:
• encargos de dívida de curto prazo?
• locação financeira?
• obrigações fiscais?
• segurança social?
• outras situações com débitos em conta?
29. Existe mapa de controlo”, na contabilidade, relativo a prazos de pagamento com:
• encargos de dívida?
• outros encargos com fornecedores?
• obrigações fiscais?
• obrigações com a Segurança Social?
30. São objeto de imediata investigação todas as receitas identificadas nos extratos de
conta bancária para os quais não existe a respetiva guia de recebimento?
31. Qual o prazo médio para a identificação das diferenças verificadas entre os depósitos
bancários e as guias de recebimento?
32. É confrontado diariamente o montante de pagamento e de recebimento registado na
tesouraria com a respetiva receita e despesa registada na contabilidade?
33. Existe mapa previsional de tesouraria?
59
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Terceiros
Embora subordinado ao Plano Plurianual de Investimentos e ao Plano de Atividades, o controlo da
atividade da autarquia, nesta área de relevante interesse financeiro, é necessário para salvaguardar o
bom funcionamento da autarquia, conforme condicionalismos impostos no ponto 2.9.10.2 do POCAL.
2.9.10.2.1 – As compras são feitas pelos responsáveis do setor designado para a realização de
compras, com base em requisição externa ou contrato, após verificação do cumprimento das nor-
mas legais aplicáveis, nomeadamente, em matéria de assunção de compromissos, de concurso e
de contratos;
2.9.10.2.2 – A entrega de bens é feita no setor designado para o efeito, obrigatoriamente distinto
do setor referido na alínea anterior, onde se procede à conferência física, qualitativa e quantita-
tiva, e se confronta com a respetiva guia de remessa, onde é aposto um carimbo de “Conferido” e
“Recebido”, se for o caso;
2.9.10.2.3 – Periodicamente, o funcionário para tal designado faz a reconciliação entre os extra-
tos de conta corrente dos clientes e dos fornecedores com as respetivas contas da Autarquia local;
2.9.10.2.4 – Na contabilidade são conferidas as faturas com a guia de remessa e a requisição ex-
terna, após o que são emitidas as ordens de pagamento e enviadas cópias dos documentos ao
setor responsável pelo aprovisionamento;
2.9.10.2.5 – Caso existam faturas recebidas com mais de uma via, é aposto nas cópias, de forma
clara e evidente, um carimbo de “Duplicado”;
2.9.10.2.6 – Se efetuem reconciliações na conta de devedores e credores;
2.9.10.2.7 – Se efetuem reconciliações nas contas de empréstimos bancários com instituições de
crédito e se controlem os cálculos dos juros;
2.9.10.2.8 – Se efetuem reconciliações nas contas “Estado e outros entes públicos”
Reveste-se de grande importância o seu cumprimento pelo impacto organizativo que as mesmas
impõem à Freguesia. Uma mais eficiente resposta a estes itens exige que se repense a organização
da informação relacionada com os processos aquisitivos.
A NCI deve definir:
-- No que respeita às aquisições:
• Por quem são feitas; quem preenche e assina a requisição externa ou nota de encomenda;
• Onde devem ser entregues os bens e quem efetua a conferência física com a guia de
remessa e receção qualitativa (deve ser pessoa diferente de quem encomenda);
-- No que respeita à contabilidade: quem confere a fatura do fornecedor com a guia de re-
messa e requisição externa;
-- No que respeita ao controlo das dívidas a pagar: quem efetua e periodicidade da reconci-
liação entre extratos de conta corrente dos fornecedores e as contas da autarquia.
-- No que respeita ao Pagamento: quem emite e verifica a conformidade legal das ordens de
pagamento e cheques, ou ordem de transferência bancária.
Porque a NCI é um documento com os condicionalismos mínimos a considerar impostos pelo
POCAL já referidos, apresenta-se a título de complemento da informação um check-list relativo
a esta área de intervenção financeira. Mantêm-se contudo, o que foi dito sobre a razoabilidade
da sua aplicação a todo o universo destas entidades face ao grande leque de diferenças existentes
entre freguesias de pequenas dimensão e freguesias de grande dimensão.
60
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Não
Descrição dos procedimentos contabilísticos e/ou medidas de controlo interno Sim Não Obs.
Aplicável
1. A função compra está centralizada num único serviço, se não qual o organograma explicativo
desta função?
2. Serviço de compras, se existe, está separado dos serviços de:
• Contabilidade?
• Armazém?
3. Todas as compras são objeto de prévia autorização do órgão competente?
4. Que delegação ou sub-delegação de competências existem para autorizar despesas? Qual a
Lei habilitante que as sustenta?
5. Todas as autorizações de compras estão sustentadas por proposta fundamentada pelo serviço
requisitante, onde seja evidenciada a necessidade da aquisição?
6. Todas as informações propostas são cabimentadas previamente à autorização do órgão diri-
gente com competência para tal?
7. A adjudicação é precedida do registo do compromisso nos termos da Lei dos Compromissos e
pagamentos em Atraso?
8. As requisições externas são emitidas em modelo oficial? Tem o número de compromisso
sequencial?
9. Está delegado no dirigente do serviço de compras a competência para assinatura das requisi-
ções externas?
10. Existe algum controlo relativamente às requisições efetuadas e ainda não satisfeitas.
11. Existe algum controlo para efeitos de verificação da conformidade do prazo da entrega com a
proposta apresentada e o contrato celebrado?
12. As aquisições de serviço efetuam-se no cumprimento das regras impostas na Lei, relativamen-
te ao tipo de procedimentos a adotar?
13. Relativamente às situações de bens em que se proceda à compra por ajuste direto faz-se con-
sultas periódicas ao mercado, a fim de se detetar fornecedores que ofereçam melhores condi-
ções de preço, prazo, qualidade, descontos, etc.
14. Os bens são rececionados num só local ou diversos locais?
15. As guias de receção e as guias de remessa são encaminhadas para o setor de compras?
16. É atualizada a informação sobre as requisições não satisfeitas?
17. São enviadas as guias de remessa devidamente visadas pelo serviço aquisitivo, para o setor da
contabilidade a fim de serem anexadas ao respetivo processo de despesa?
18. Existe algum registo de correspondência entrada, onde se evidencie as faturas de fornecedores
recebidas, incluindo as entregas por mão própria?
19. Qual o prazo que medeia entre o processo de receção da fatura e o seu envio para a contabilidade?
20. Existe alguma regra interna a determinar este prazo máximo?
21. Na receção das faturas, na contabilidade, é assegurada a distinção clara entre original e o
duplicado das faturas garantindo indicação, na cópia, do termo “duplicado”?
22. As faturas são objeto de apropriada conferência com base em todos os documentos de supor-
te: requisição, guia de remessa, guia de receção e incluindo a verificação aritmética?
23. Como se controlam as entregas parciais?
24. Existe segregação de funções entre o pessoal que confere os documentos e quem processa o
registo e controlo da conta corrente?
25. As contas de fornecedores são examinadas periodicamente com a identificação das faturas por pagar?
26. Com que periodicidade se procede à circularização das contas correntes de clientes e fornecedores?
27. A contabilidade, após a emissão da ordem de pagamento envia cópia dos documentos ao setor
responsável pelo aprovisionamento?
28. Há funcionários que são simultaneamente fornecedores ou prestadores de serviço direta ou
indiretamente através de empresas?
29. Aquando da emissão da ordem de pagamento é verificada a situação de regularização perante
a segurança social e fisco, das entidades credoras da Autarquia?
30. Os contratos celebrados entre a Autarquia e terceiros são numerados sequencialmente por
ano civil?
31. A celebração de contratos, bem como a sua organização e arquivo encontram-se centralizados
num único serviço?
32. Existe um plano de pagamento relativo às obrigações legais?
• Fiscais?
• Segurança social?
• O cálculo de juros debitados pelas instituições de crédito é conferido pela contabilidade?
33. Com que periodicidade se efetuam as reconciliações das contas de empréstimos bancários e as
relativas a contratos de leasing com as respetivas contas correntes das Instituições de crédito?
34. Com que periodicidade se efetuam as reconciliações nas contas “Estado e Outros Entes Público”?
61
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Será também pertinente, neste capítulo de intervenção, em que se exigem regras de controlo
interno apresentar a título exemplificativo um quadro de check-list de prevenção aos eventuais
desvios ao necessário autocontrolo.
62
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Não
Descrição dos procedimentos contabilísticos e/ou medidas de controlo interno Sim Não Obs.
Aplicável
1. Existem responsáveis designados para o armazém de existências?
2. Existe segregação de funções entre quem procede ao registo de quantidades e quem pro-
cede ao armazenamento físico das existências?
3. O acesso ao armazém de existências é condicionado?
4. O ficheiro das quantidades é revisto periodicamente com o objetivo de detetar os artigos
em excesso, com pouco movimento ou obsoletos?
5. Existe adequada cobertura de seguros de existências, nomeadamente contra roubo,
incêndio e inundações?
6. No ato de receção, os bens são inspecionados, contados, pesados ou medidos, confron-
tando-se com a informação constante na cópia da requisição?
7. Para cada um dos artigos rececionados, emite-se uma guia de receção, que é confronta-
da com a guia de remessa do fornecedor?
8. É posto na guia de remessa, após a verificação e receção, o carimbo de conferido e rece-
bido se for o caso?
9. No ato de receção, são anotados os desvios em quantidade e qualidade dos bens entre-
gues relativamente ao solicitado?
10. Está implementado o sistema de inventário permanente para as existências? As fichas de
existências estão permanentemente atualizadas?
11. A saída de existências de armazém é precedida da respetiva requisição interna, devida-
mente autorizada pelo dirigente do serviço requisitante e pelo responsável do armazém?
12. As requisições internas são emitidas em modelo oficial visado pelo executivo da fregue-
sia?
13. As requisições internas são numeradas sequencialmente por serviço requisitante e por
ano civil?
14. As requisições internas identificam o projeto ou atividade para a qual se destinam os
bens solicitados?
15. Com que periodicidade se efetuam contagens físicas periódicas às existências em arma-
zém?
16. Procede-se à averiguação quando se detetam diferenças entre as contagens e o registo
de quantidades?
17. A venda de bens obsoletos, sucatas está devidamente autorizada?
18. Os critérios de valorização das saídas de existências são os previstos no POCAL?
19. A Autarquia adota o fornecimento contínuo como forma de aquisição para os bens de
utilização contínua e permanente?
63
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
64
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Não
Descrição dos procedimentos contabilísticos e/ou medidas de controlo interno Sim Não Obs.
Aplicável
1. Cada informação/proposta, que fundamenta o pedido de aquisição de bens imobilizados
é cabimentada previamente à respetiva autorização, na rubrica orçamental e no Plano
Plurianual de Investimentos?
2. Existe serviço ou funcionário designado para a verificar se aquisições de bens, e adjudi-
cação de empreitadas se efetuam no cumprimento das regras impostas por lei?
3. As diversas fases do processo de aquisição estão autorizadas pelo órgão ou dirigente
com competência própria ou delegada?
4. Existem fichas individuais de imobilizado permanentemente atualizadas?
5. Os valores totais das fichas são periodicamente conferidos com os saldos das corres-
pondentes contas do razão?
6. Existe regulamento de inventário para bens móveis e imóveis?
7. Do manual de procedimentos contabilísticos constam procedimentos (de bens transferi-
dos, abatidos, etc.), circuitos (segregação de funções, sequencialidade dos atos adminis-
trativos) e documentos (ficha) relativos à aquisição e gestão de imobilizado?
8. Estão definidas regras e procedimentos a seguir relativamente aos trabalhos efetuados
para a própria entidade?
9. Os circuitos e procedimentos definidos asseguram o controlo físico e financeiro dos
projetos de investimento em todas as fases?
10. Existe uma contabilização por projeto ou ação que permita identificar cada uma delas
como centro de custos?
11. Existe um gestor de projeto para cada projeto implementado?
12. Existe modelo processual aprovado para a organização dos dossiers técnico-adminis-
trativos relacionados com empreitadas e contratos de fornecimento de bens?
13. Existe modelo de relatório de acompanhamento da execução física de obras?
14. São devidamente fundamentados e fiscalizados os valores de trabalhos a mais e a me-
nos das empreitadas?
15. Todos os trabalhos a mais ou a menos constituem adendas ao contrato inicial?
16. É verificado o cálculo da revisão de preços apresentado pelos empreiteiros?
17. Quando o imobilizado em curso é dado como concluído procede-se à sua transferência
para imobilizado corpóreo?
18. Todos os bens inventariáveis estão contabilizados no imobilizado corpóreo?
19. Com que periodicidade são efetuadas verificações físicas aos bens do ativo imobilizado,
confrontando o resultado com os registos contabilísticos existentes?
20. Quando não há conformidade entre as verificações físicas efetuadas e as informações
constantes na contabilidade procede-se de imediato às respetivas regularizações e ao
apuramento de responsabilidades?
21. Com que periodicidade se efetuam reconciliações entre os registos das fichas e os regis-
tos contabilísticos dos bens do ativo imobilizado?
22. Existe controlo sobre as pequenas ferramentas e utensílios?
23. Existem seguros sobre os bens imobilizados?
24. Existe registo em contas de ordem das garantias bancárias apresentadas pelos fornece-
dores de imobilizado?
25. Existe registo individualizado nas respetivas contas das operações de tesouraria das
retenções para efeitos de caucionamento das obras?
26. No ato de receção de equipamentos, é confirmada pelo responsável designado a quali-
dade e funcionamento dos bens adquiridos?
27. Os autos de medição são confirmados pelo gestor da obra e pelo responsável do servi-
ço? Requisitante?
28. Existe regulamento para a gestão dos bens de domínio privado?
29. O início da obra é sempre precedido do auto de consignação da obra?
30. O auto de receção provisório e auto de receção definitivo são elaborados nos termos
regulamentares?
65
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
7.1. Enquadramento:
A Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso (LCPA), aprovada em 21 de fevereiro de 2012
(Lei nº 8/2012), tem finalidades preventivas e reguladoras, destacando-se os seguintes objetivos:
1º Estancar a dívida atual de vários organismos públicos, impedindo ou dificultando que se
assumam compromissos quando não existem garantias de seu pagamento a curto prazo, ou
seja, num período não superior a 90 dias após a data limite de pagamento;
2º Diminuir o prazo de pagamento a fornecedores;
3º Controlar os compromissos plurianuais;
4º Responsabilizar e sancionar os dirigentes, gestores e responsáveis pela contabilidade, pela
inobservância da lei, nomeadamente se assumirem compromissos sem fundo disponível e
aumentarem os pagamentos em atraso.
Em resumo:
-- As entidades públicas obrigatoriamente elaboram o seu orçamento anual equilibrado
(receitas previstas = despesas previstas);
-- Em muitas entidades públicas as receitas liquidadas e as receitas cobradas são muito in-
feriores às receitas previstas;
-- Por Lei, as despesas são autorizadas (cabimento e compromisso) se e só se estiverem den-
tro da previsão da despesa;
-- Acontece que muitas entidades autorizam despesa num valor muito próximo do previs-
to, mas cobram receitas muito abaixo do previsto;
-- Como consequência, as despesas pagas são, em muitas instituições, bastante inferiores
às despesas comprometidas;
-- A LCPA e o Decreto-lei n.º 127/2012 vêm obrigar a que somente seja permitido compro-
meter despesas se existir saldo ou receitas efetivas a curto prazo (até 90 dias). Esta legis-
lação apresenta um conjunto de obrigações institucionais, pessoais e contabilísticas que
são desenvolvidas neste livro.
-- A LCPA foi aprovada através da Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, referindo como objeto:
66
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Artigo 1.º
Objeto
A presente lei estabelece as regras aplicáveis à assunção de compromissos e aos pagamen-
tos em atraso das entidades públicas.
O artigo 14º da LCPA refere que “ Os procedimentos necessários à aplicação da presente lei e à opera-
cionalização da prestação de informação constante do artigo 10.º são regulados por decreto-lei”, o que
se veio a concretizar com a publicação em 21 de junho de 2012 do Decreto-Lei nº 127/2012.
O Decreto-Lei n.º 127/2012, conforme artigo 1º tem por objeto:
Artigo 1.º
Objeto
O presente diploma contempla as normas legais disciplinadoras dos procedimentos neces-
sários à aplicação da Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em atraso, aprovada pela Lei
n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, doravante abreviadamente designada por LCPA, e, bem as-
sim, à operacionalização da prestação de informação constante do artigo 10.º da mesma lei.
A Direção Geral das Autarquias Locais (DGAL), em 31-07-2012, elaborou um Manual de apoio
“por forma a auxiliar as entidades na aplicação da LCPA, cabendo, no caso do subsetor da admi-
nistração local, essa responsabilidade à DGAL, em coordenação com a DGO” (Manual de apoio
à aplicação da LCPA no subsetor da administração local; http://aircfiles.airc.pt/files/af/LCPA_
DGAL.pdf).
Da leitura do artigo 2º da LCPA e da Lei de Enquadramento Orçamental, verifica-se que a LCPA
se aplica A todos os organismos da administração local (nomeadamente municípios, serviços
municipalizados e freguesias), incluindo as respetivas entidades públicas reclassificadas
Decorrente da LCPA as freguesias têm as seguintes obrigações:
1. Cumprir com a Lei 8/2012 de 21 de fevereiro, independentemente de terem ou não dívi-
das;
2. Calcular mensalmente os fundos disponíveis para assumir compromissos do mês;
3. Somente pode assumir compromissos se tiver fundos disponíveis;
4. Ter o cálculo e registo dos fundos disponíveis;
5. Ter o registo dos compromissos nos termos da LCPA;
6. Numeração com o valor total do compromisso antes da despesa, exceto:
a) Despesas com valor incerto:
i. Despesas por fundo de maneio;
ii. Despesas urgentes e inadiáveis;
67
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
68
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Artigo 3.º
Definições
Para efeitos da presente lei, consideram-se:
….
f) «Fundos disponíveis» as verbas disponíveis a muito curto prazo, que incluem, quando
aplicável e desde que não tenham sido comprometidos ou gastos:
i) A dotação corrigida líquida de cativos, relativa aos três meses seguintes;
ii) As transferências ou subsídios com origem no Orçamento do Estado, relativos aos três
meses seguintes;
iii) A receita efetiva própria que tenha sido cobrada ou recebida como adiantamento;
IV) A previsão da receita efetiva própria a O produto de empréstimos contraídos nos ter-
mos da lei;
V)As transferências ainda não efetuadas decorrentes de programas e projetos do Quadro
de Referência Estratégico Nacional (QREN) cujas faturas se encontrem liquidadas, e devi-
damente certificadas ou validadas; do artigo 4.º da LCPA
Artigo 5º
Fundos disponíveis
…
3 - Integram ainda os fundos disponíveis:
a) Os saldos transitados do ano anterior cuja utilização tenha sido autorizada nos termos da
legislação em vigor;
b) Os recebimentos em atraso existentes entre as entidades referidas no artigo 2.º da LCPA,
desde que integrados em plano de liquidação de pagamentos em atraso da entidade deve-
dora no respetivo mês de pagamento.
Conforme artigo 3.º da LCPA e posterior Decreto-lei, o fundo disponível é calculado mensalmen-
te, consistindo no limite máximo que uma entidade pode assumir compromissos nesse mês
69
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Exemplo 1:
Suponhamos que uma entidade tem previsto, como receitas consideradas para o cálculo do Fun-
do disponível, os seguintes valores mensais:
Em euros
Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto Set Out Nov Dez
100.000 120.000 90.000 100.000 120.000 80.000 70.000 50.000 100.000 120.000 90.000 90.000
Pressupondo que o saldo de tesouraria a 31 de dezembro era de 80.000 euros e que não havia
compromissos por pagar nem pagamentos em atraso, o fundo disponível (FD) do mês de janeiro é
de 390.000 euros, ou seja, este é o montante máximo que a entidade pode assumir compromissos
durante o mês de janeiro:
Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto Set Out Nov Dez
100.000 120.000 90.000
FD janeiro= 310.000+80.000= 390.000
Se a entidade recebeu em janeiro toda a verba prevista (100.000 euros) e assumiu compromissos
no valor de 300.000 euros, significa que “sobraram” 90.000 euros uma vez que tinha um fundo
disponível de 390.000 euros. A este “saldo” juntando a previsão de receitas de abril, obtém-se o
fundo disponível de fevereiro no valor de 190.000 euros, ou seja, este é o montante máximo que
a entidade pode assumir compromissos durante o mês de fevereiro:
70
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto Set Out Nov Dez
Receitas 180.000
cobradas
Receitas 120.000 90.000 100.000
previstas
Compromissos 300.000
assumidos
FD de fevereiro = 90.000 (saldo
31jan)
+100.000 (abril)=
190.000
Ou:
80.000 (saldo dez)+
100.000 (receitas jan) +
120.000 (receitas fev) +
90.000 (receitas março) +
100.000 (receitas abril) –
300.000 (compromissos assumidos)
= 190.000
Se a entidade recebeu em fevereiro não a verba prevista (120.000 euros) mas apenas 100.000
euros e se assumiu compromissos no valor de 140.000 euros, significa que “sobraram” 50.000
euros uma vez que tinha um fundo disponível de 190.000 euros mas terá de abater 20.000 euros
às receitas de fevereiro. A este “saldo” (50.000), corrigindo as receitas de fevereiro (-20.000) e
juntando a previsão de receitas de maio (120.000), obtém-se o fundo disponível de março no
valor de 150.000 euros, ou seja, este é o montante máximo que a entidade pode assumir compro-
missos durante o mês de março:
Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto Set Out Nov Dez
Receitas 180.000 100.000
cobradas
Receitas 90.000 100.000 120.000
previstas
Compromissos 300.000 140.000
assumidos
Fundo Disponível de março:
+50.000 (saldo 28 fev)
- 20.000 (correção receita de
fev.)
+120.000 (previsão receita maio)
= 150.000
Ou:
+80.000 (saldo dez)
+ 100.000(receitas jan)
+ 100.000 (receitas fev corrigida)
+ 90.000 (receitas março)
+100.000 (receitas abril)
+ 120.000 (receita de maio)
–440.000 (compromissos assu-
midos) = 150.000
Se a entidade recebeu em março não a verba prevista (90.000 euros) mas 100.000 euros e se as-
sumiu compromissos no valor de 150.000 euros, significa que não “sobrou” qualquer valor para
novos compromissos mas poderá acrescentar 10.000 euros às receitas de março uma vez que se
previa receber 90.000 e recebeu-se 100.000. A este “saldo” (10.000) juntando a previsão de re-
ceitas de junho (80.000), obtém-se o fundo disponível de abril no valor de 90.000 euros, ou seja,
este é o montante máximo que a entidade pode assumir compromissos durante o mês de abril:
71
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agost Set Out Nov Dez
Receitas cobradas 180.000 100.000 100.000
Receitas previstas 100.000 120.000 80.000
Compromissos 300.000 140.000 150.000
assumidos
Fundo Disponível de abril:
+0 (saldo 31mar)
+ 10.000 (correção receita de
mar)
+80.000 (previsão receita jun)
= 90.000
Ou:
+80.000 (saldo dez)
+ 100.000(receitas jan)
+ 100.000 (rec. fev corrigida)
+ 100.000(rec. Mar corrigida)
+ 100.000 (receitas abril)
+ 120.000 (receita de maio)
+ 80.000 (receita de jun)
–590.000 (compromissos assu-
midos)
= 90.000
Conforme LCPA, são aceites para o cálculo do fundo disponível as seguintes receitas:
a) A dotação corrigida líquida de cativos corresponde à verba total inscrita no orçamento, con-
sideradas as respetivas alterações orçamentais e deduzidos os respetivos cativos. Em cada
mês, considera-se o respetivo duodécimo. Este tipo de receitas é muito comum nos orga-
nismos da administração central, incluindo organismos com autonomia administrativa e
financeira como é o caso das Universidades e politécnicos.
b) As receitas efetivas próprias cobradas ou recebidas por adiantamento correspondem às re-
ceitas próprias efetivamente cobradas. Este valor é determinado mensalmente e refere-se
sempre aos meses anteriores ao mês em que se determinam os fundos disponíveis. Entram
nesta alínea todas as receitas efetivamente cobradas ou recebidas independentemente da ori-
gem. O controlo destes valores mensais pode ser efetuado através da verificação das receitas
cobradas registadas na conta 251-devedores e credores por execução orçamental. Quando a
Lei e o Decreto-Lei referem “receitas efetivas próprias”, significa que apenas não se incluem
as receitas a favor de terceiros, como por exemplo, retenção de impostos, descontos nos ven-
cimentos e cauções. Não se trata, assim, do conceito financeiro de receitas próprias com a
finalidade de medir a autonomia financeira, em que apenas se incluem os valores que a pró-
pria entidade consegue “faturar” pelos serviços prestados, por impostos ou taxas da própria
entidade, e excluindo-se as receitas provenientes de transferências do estado, empréstimos
bancários, etc.
c) A previsão de receita efetiva própria a cobrar corresponde às receitas próprias estimadas
para os três meses seguintes. Normalmente, corresponde à receita emitida. Note-se que, se
necessário, estes valores devem incorporar correções em relação à previsão de receita pró-
pria. São exemplos de receitas efetivas próprias, as taxas e impostos a cobrar diretamente
pelos municípios e freguesias, as propinas a cobrar pelas Instituições de ensino superior, as
vendas e prestação de serviços a cobrar por qualquer organismo público
O valor efetivamente cobrado durante o mês de abril no cálculo dos fundos disponíveis passa
para a linha anterior (“receitas cobradas”) com a respetiva correção caso o valor seja dife-
rente do previsto.
d) O produto dos empréstimos contraídos corresponde aos empréstimos contraídos e a cobrar
72
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
no período em causa. Trata-se assim, de uma previsão de receita a cobrar nos próximos 3 me-
ses. As receitas provenientes de empréstimos já recebidas serão acrescidas à alínea c) “receita
efetiva própria”.
No cálculo do fundo disponível de maio será colocada a verba a receber no mês de julho
(10.000 euros) nesta linha.
e) As Transferências do QREN ainda não efetuadas e de outros programas estruturais, corres-
pondem às transferência por efetuar, no âmbito do respetivos projetos/programas, mas cujas
faturas já se encontram liquidadas e validadas. De referir que foi o Decreto-Lei n.º 127/2012
que acrescentou “e de outros programas estruturais”. Por outro lado, e tal como na alínea d),
trata-se de receitas ainda não cobradas. As receitas já cobradas acrescem à alínea c) “receita
efetiva própria”
De referir, ainda, que, conforme Decreto-Lei n.º 127/2012, os valores incluídos nesta com-
ponente dos fundos disponíveis correspondem a pedidos de pagamentos que tenham sido
submetidos nas plataformas eletrónicas dos respetivos programas, desde que a entidade be-
neficiária não tenha tido, nos últimos seis meses, uma taxa de correção dos pedidos de paga-
mento submetidos igual ou superior a 10%.
f) Os saldos transitados do ano anterior cuja utilização tenha sido autorizada nos termos da
legislação em vigor.
Note-se que o valor dos saldos transitados do ano anterior não estava incluído na lista de re-
ceitas para efeitos do cálculo mensal dos fundos disponíveis elencada na al. f) do artigo 3º a
LCPA. O Decreto-Lei n.º 127/2012 veio acrescentar este valor à referida lista.
g) Os recebimentos em atraso existentes entre as entidades referidas no artigo 2.º da LCPA, des-
de que integrados em plano de liquidação de pagamentos em atraso da entidade devedora no
respetivo mês de pagamento.
Tal como na alínea anterior, o valor dos recebimentos em atraso incluídos em planos de liqui-
dação de pagamentos não estava incluído na lista de receitas para efeitos do cálculo mensal
dos fundos disponíveis elencada na al. f) do artigo 3º a LCPA. O Decreto-Lei n.º 127/2012 veio
acrescentar este valor à referida lista.
h) Outros montantes autorizados nos termos do artigo 4º
Conforme exemplo anterior, o total dos fundos disponíveis para o Mês de abril será o soma-
tório das receitas recebidas ou a receber, deduzidos todos os compromissos assumidos até 31
de março.
Se por exemplo, os compromissos assumidos de 1 de janeiro a 31 de março foram de 590.000€
e as receitas as apresentadas no quadro seguinte, neste caso, os fundos disponíveis para o mês
de abril são de 90.000 €, tal como se determinou na tabela 5.
73
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Artigo 4.º
74
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Artigo 6º
Exemplo 2:
Considerando os pressupostos do exemplo 1, no mês de abril, a entidade A obteve autorização
para proceder a um aumento temporário dos fundos disponíveis no valor de 30.000 €, por ante-
cipação de receitas próprias a cobrar em setembro. Este valor permite que a entidade assuma os
compromissos mínimos no mês de abril.
De referir que nos meses de julho, agosto e setembro, no cálculo do fundo disponível de cada um
desses meses, à receita prevista do mês de setembro deve ser abatido o valor de 30.000€, ou seja
valor já utilizado no cálculo dos fundos disponíveis em meses anteriores.
O aumento temporário dos fundos disponíveis, que corresponde à possibilidade de, no cálculo
mensal dos fundos disponíveis, acrescentar à previsão de receitas dos próximos 3 meses, uma
receita de um mês posterior. Esta situação verificar-se-á sobretudo em entidades com receitas
que não se repetem todos os meses sendo cobradas apenas em determinados meses. É o caso da
cobrança do IMI por parte dos municípios que recebem esse imposto em dois meses do ano, abril
e setembro. Assim, o IMI que recebe no mês de setembro e quase garantido, poderá excecio-
nalmente ser considerado para efeito do cálculo dos fundos disponíveis em meses como março,
abril,..! Situação idêntica verifica-se com as propinas arrecadadas pelas Instituições de Ensino
Superior que recebem uma grande fatia dessa receita no mês de setembro.
75
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Artigo 8 º
76
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
77
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Artigo 9.º
Despesas urgentes e inadiáveis
1 - Nas despesas urgentes e inadiáveis, devidamente fundamentadas, do mesmo tipo ou
natureza cujo valor, isolada ou conjuntamente, não exceda o montante de € 5000, por mês,
a assunção do compromisso é efetuada até às 48 horas posteriores à realização da despesa.
2 - Nas situações em que estejam em causa o excecional interesse público ou a preservação
da vida humana, a assunção do compromisso é efetuada no prazo de 10 dias após a reali-
zação da despesa.
Fundo de maneio
Decreto-lei 127/2012, de 21 de junho
Artigo 10.º
Fundo de Maneio
Os pagamentos efetuados pelo fundo de maneio são objeto de compromisso pelo seu valor
integral aquando da sua constituição e reconstituição, a qual deverá ter caráter mensal e
registo da despesa em rubrica de classificação económica adequada.
Passivos
Passivos são as obrigações presentes da entidade proveniente de acontecimentos passados, cuja
liquidação se espera que resulte num exfluxo de recursos da entidade que incorporam benefí-
cios económicos. Uma característica essencial de um passivo é a de que a entidade tenha uma
obrigação presente ( constituída, por exemplo, com a entrega de bens, com a guia de remessa,
contabilizados em receção e conferência – na ausência destes a fatura; provisões; empréstimos).
Contas a pagar
As contas a pagar constituem a dívida a vencida suportada por fatura ou documento equivalente
ou exigível em resultado de contrato
Pagamentos em atraso
Os pagamentos em atraso correspondem à dívida vencida suportada por fatura ou documento
equivalente ou exigível em resultado de contrato há mais de 90 dias após a data de vencimento
78
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Artigo 3.º
Definições
Para efeitos da presente lei, consideram -se:
….
d) «Contas a pagar» o subconjunto dos passivos certos, líquidos e exigíveis;
e) «Pagamentos em atraso» as contas a pagar que permaneçam nessa situação mais de 90
dias posteriormente à data de vencimento acordada ou especificada na fatura, contrato, ou
documentos equivalentes;
Artigo 4º
Pagamentos em atraso
1 - Consideram-se pagamentos em atraso as contas a pagar que permaneçam nessa situ-
ação mais de 90 dias posteriormente à data de vencimento acordada ou especificada na
fatura, contrato, ou documentos equivalentes.
2 - Excluem-se do âmbito de aplicação do número anterior os pagamentos objeto de im-
pugnação judicial até que sobre eles seja proferida decisão final e executória, as situações
de impossibilidade de cumprimento por ato imputável ao credor e os montantes objeto de
acordos de pagamento desde que o pagamento seja efetuado dentro dos prazos acordados.
Artigo 7.º
Atrasos nos pagamentos
A execução orçamental não pode conduzir, em qualquer momento, a um aumento dos pa-
gamentos em atraso
Artigo 14.º
Atrasos nos pagamentos
Para efeitos do cumprimento do disposto no artigo 7.º da LCPA, no final de cada mês os
pagamentos em atraso não podem ser superiores aos verificados no final do mês anterior.
79
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Compromissos plurianuais
Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro
Artigo 6.º
Compromissos plurianuais
1 — A assunção de compromissos plurianuais, independentemente da sua forma jurídica,
incluindo novos projetos de investimento ou a sua reprogramação, contratos de locação,
acordos de cooperação técnica e financeira com os municípios e parcerias público-priva-
das, está sujeita a autorização prévia:
a) Por decisão conjunta dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças e
da tutela, quando envolvam entidades pertencentes ao subsetor da administração central,
direta ou indireta, e segurança social e entidades públicas do Serviço Nacional de Saúde,
salvo quando resultarem da execução de planos plurianuais legalmente aprovados;
b) Do membro do Governo Regional responsável pela área das finanças, quando envolvam
entidades da administração regional;
c) Da assembleia municipal, quando envolvam entidades da administração local.
2 — É obrigatória a inscrição integral dos compromissos plurianuais no suporte informáti-
co central das entidades responsáveis pelo controlo orçamental em cada um dos subsetores
da Administração Pública.
Artigo 11º
Compromissos plurianuais
1 - A autorização prévia do membro do Governo responsável pela área das finanças a que
se refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 6.º da LCPA é efetuada nas situações em que a assun-
ção de compromissos plurianuais depende de portaria de extensão de encargos, mediante
aprovação e assinatura desta portaria ou do ato de excecionamento a que se refere o n.º 7 do
artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de junho.
2 - Nas situações que não se encontram previstas no número anterior, a autorização para
assunção de encargos plurianuais, a que se refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 6.º da LCPA,
por parte dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças e da tutela pode ser
dada mediante despacho genérico conjunto ou individual.
3 - Exclui-se do âmbito de aplicação do n.º 1 do artigo 6.º da LCPA a assunção de compro-
missos relativos a despesas com pessoal independentemente da natureza do vínculo.
4 - No caso dos institutos públicos de regime especial, das instituições de ensino superior
públicas de natureza fundacional e das entidades públicas empresariais que não tenham
quaisquer pagamentos em atraso, a competência para a assunção de compromissos pluria-
nuais que apenas envolvam receitas próprias é do respetivo órgão de direção.
80
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Artigo 11º
Compromissos plurianuais
6 - O exercício da competência delegada nos termos do número anterior deve observar,
com as devidas adaptações, o disposto nos n.ºs 1 e 2 do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 197/99,
de 8 de junho, e revestir a forma de despacho sujeito a publicação em Diário da República.
7 - O disposto no n.º 4 e a delegação de competência prevista no n.º 5 cessa no momento em
que as entidades nelas previstas passem a ter pagamentos em atraso.
8 - O disposto no presente artigo não prejudica o cumprimento do disposto no artigo 13.º
do presente diploma.
Artigo 23º
Norma transitória
…
5 - A autorização a que se refere o artigo 11.º do presente diploma dispensa a emissão do
parecer prévio vinculativo previsto no n.º 4 do artigo 26.º da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de
dezembro.
Pagamentos
Decreto-lei 8/2012, de 21 de fevereiro
Artigo 9.º
Pagamentos
1 — Os pagamentos só podem ser realizados quando os compromissos tiverem sido as-
sumidos em conformidade com as regras e procedimentos previstos na presente lei, em
cumprimento dos demais requisitos legais de execução de despesas e após o fornecimento
de bens e serviços ou da satisfação de outras condições.
2 — Os agentes económicos que procedam ao fornecimento de bens ou serviços sem que o
documento de compromisso, ordem de compra, nota de encomenda ou documento equi-
valente possua a clara identificação do emitente e o correspondente número de compro-
misso válido e sequencial, obtido nos termos do n.º 3 do artigo 5.º da presente lei, não
poderão reclamar do Estado ou das entidades públicas envolvidas o respetivo pagamento
ou quaisquer direitos ao ressarcimento, sob qualquer forma.
3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 11.º, os responsáveis pela assunção de compromis-
sos em desconformidade com as regras e procedimentos previstos na presente lei respon-
dem pessoal e solidariamente perante os agentes económicos quanto aos danos por estes
incorridos.
81
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Registos contabilísticos
Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro
Artigo 5.º
Assunção de compromissos
…
2 — As entidades têm obrigatoriamente sistemas informáticos que registam os fundos dis-
poníveis, os compromissos, os passivos, as contas a pagar e os pagamentos em atraso, es-
pecificados pela respetiva data de vencimento.
3 — Os sistemas de contabilidade de suporte à execução do orçamento emitem um número
de compromisso válido e sequencial que é refletido na ordem de compra, nota de enco-
menda, ou documento equivalente, e sem o qual o contrato ou a obrigação subjacente em
causa são, para todos os efeitos, nulos.
..
Artigo 7º
Assunção de compromissos
…
3 - Sob pena da respetiva nulidade, e sem prejuízo das responsabilidades aplicáveis, bem
como do disposto nos artigos 9.º e 10.º do presente diploma, nenhum compromisso pode
ser assumido sem que tenham sido cumpridas as seguintes condições:
a. Verificada a conformidade legal e a regularidade financeira da despesa, nos termos da
lei;
b. Registado no sistema informático de apoio à execução orçamental;
c. Emitido um número de compromisso válido e sequencial que é refletido na ordem de
compra, nota de encomenda ou documento equivalente.
…
82
Contabilidade par a juntas de freguesia | DIS0214
ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS
Responsabilidades
Artigo 11.º
Violação das regras relativas a assunção de compromissos
1 — Os titulares de cargos políticos, dirigentes, gestores ou responsáveis pela contabilidade
que assumam compromissos em violação do previsto na presente lei incorrem em respon-
sabilidade civil, criminal, disciplinar e financeira, sancionatória e ou reintegratória, nos
termos da lei em vigor.
2 — O disposto no número anterior não prejudica a demonstração da exclusão de culpa, nos
termos gerais de direito.
Recomendações:
Despacho a identificar o responsável pela contabilidade
83