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Boa Vista, RR
2016
ÉSIO DANIEL MONTE BOTELHO
Boa Vista, RR
2016
Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)
(Biblioteca Central Maria Auxiliadora de Sousa Melo)
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7
2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 8
2.1 GERAL .......................................................................................................................... 8
2.2 ESPECÍFICOS .............................................................................................................. 8
3 METODOLOGIA........................................................................................................ 9
4 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 10
4.1 DEFINIÇÃO................................................................................................................ 10
4.2 CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................... 11
4.3 EMBRIOLOGIA ......................................................................................................... 13
4.3.1 Osso normal ............................................................................................................... 13
4.3.2 Estrutura do osso na osteogênese imperfeita .......................................................... 15
4.4 HISTOLOGIA ............................................................................................................. 17
4.4.1 Alterações na biossíntese do colágeno tipo I ........................................................... 19
4.4.2 Histologia do dente .................................................................................................... 21
4.5 EPIDEMIOLOGIA ...................................................................................................... 21
4.6 DIAGNÓSTICO .......................................................................................................... 21
4.7 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL............................................................................... 23
4.8 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ................................................................................. 25
4.9 TIPOS DE OSTEOGÊNESE IMPEFEITA................................................................. 30
4.9.1 Osteogênese imperfeita tipo I (leve) ......................................................................... 30
4.9.2 Osteogênese imperfeita tipo II (perinatal letal) ...................................................... 30
4.9.3 Osteogênese imperfeita tipo III (deformante progressiva) .................................... 32
4.9.4 Osteogênese imperfeita tipo IV (moderadamente grave) ...................................... 33
4.9.5 Osteogênese imperfeita tipo V .................................................................................. 34
4.9.6 Osteogênese imperfeita tipo VI ................................................................................ 36
4.9.7 Osteogênese imperfeita tipo VII ............................................................................... 36
4.9.8 Osteogênese imperfeita tipo VIII ............................................................................. 37
4.10 OUTRAS MANIFESTAÇÕES ................................................................................... 37
4.11 ETIOPATOGENIA ..................................................................................................... 38
4.12 TRATAMENTO .......................................................................................................... 40
4.12.1 Tratamento medicamentoso ..................................................................................... 40
4.12.2 Tratamento não medicamentoso ............................................................................. 47
4.13 PROGNÓSTICO ........................................................................................................ 51
5 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 53
6 CONCLUSÃO ..........................................................................................................57
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
2.2 ESPECÍFICOS
3 METODOLOGIA
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 DEFINIÇÃO
4.2 CLASSIFICAÇÃO
4.3 EMBRIOLOGIA
vasos sanguíneos do tecido que rodeia o modelo cartilagíneo, penetram na região interna e
central da cartilagem, que se encontra num processo de calcificação e degenerescência
celular. As cavidades deixadas pelos condrócitos, entre os septos de matriz de cartilagem
calcificada são, então, invadidas por capilares e por células mesenquimatosas indiferenciadas,
que se diferenciam em osteoblastos, dando início à síntese de matriz óssea sobre os septos de
cartilagem calcificada. Este processo origina a formação de espículas ósseas constituídas por
matriz óssea e por remanescências de matriz cartilagínea calcificada. Estas estruturas sofrem,
depois, um processo de reabsorção e remodelação, dando lugar a trabéculas de tecido ósseo
maduro ou lamelar. Deste modo, forma-se um tecido ósseo nos locais onde havia tecido
cartilagíneo, sem que, todavia, ocorra a transformação da cartilagem em osso (JUDAS, 2012).
O crescimento longitudinal dos ossos ocorre na junção diáfise-epífise. O alongamento
do osso depende das placas cartilaginosas epifisárias (placas de crescimento), cujos
condrócitos proliferam e participam na formação óssea endocondral. Células cartilaginosas na
região diáfise-epífise proliferam mor mitose. Em direção a diáfise, células cartilaginosas
hipertrofiam, e a matriz torna-se calcificada e é fragmentada em espículas pelo tecido vascular
da medula ou cavidade medular. O tecido ósseo é depositado sobre essas espículas e a
absorção desse tecido mantém as massas de osso esponjoso relativamente constantes em
comprimento e aumento a cavidade medular (MOORE, 2008).
Seja qual for o processo de ossificação de base, o tecido ósseo inicialmente resultante
é sempre de tipo primário ou imaturo, sendo trabecular pouco organizado e irregular,
contrariamente ao que se verifica no tecido ósseo, normalmente observado no adulto,
caraterizado por uma estrutura lamelar organizada (JUDAS, 2012).
4.4 HISTOLOGIA
O tecido conjuntivo fornece uma estrutura de suporte e de ligação para todos os outros
tecidos do corpo. O tecido conjuntivo é formado por células e pela matriz extracelular (MEC).
A MEC representa uma combinação de colágenos, glicoproteínas não colagenosas e
proteoglicanos envolvendo as células do tecido conjuntivo. As células do tecido conjuntivo
desempenham função importante no armazenamento de metabólitos, nas respostas
imunológicas e inflamatórias e no reparo tecidual após lesão (JUNQUEIRA, 2013).
O colágeno é um tipo de proteína que possui mais de 20 variações conhecidas,
apresenta um nítido padrão de estrias transversais e representa a proteína mais abundante do
corpo, constituindo 30% de seu peso seco. As fibras colágenas são o principal componente da
matriz extracelular e podem ter características peculiares que as diferenciam nos vários tipos
conhecidos. As fibras colágenas têm como componente básico a proteína colágeno, e, para os
estudos histológicos mais básicos. O colágeno I é o tipo de colágeno mais abundante em todo
o organismo, sendo capaz de formar fibras espessas, as quais conferem resistência aos tecidos
(GITIRANA,2012).
A síntese do colágeno (Figura 1) começa no retículo endoplasmático rugoso (RER)
seguindo a via típica de síntese de exportação da célula. O pré-procolágeno é sintetizado com
um peptídeo sinal e liberado como pró-colágeno par o interior da cisterna do RER. O pró-
colágeno consiste de 3 cadeias α polipeptídicas, sem o peptídeo sinal, formando uma tripla-
hélice (JUNQUEIRA, 2013).
O colágeno é a proteína mais abundante do tecido conectivo . As várias diferenças na
sua composição química determinam as suas funções biológicas. Os tipos de fibras colágenas
do tecido conjuntivo são helicoidais, com seqüência tripeptídica repetitiva composta de
18
Produção de fibras colágenas a partir de suas moléculas precursoras até a exocitose da substância completamente
formada.
Fonte: https://www.google.com.br/search?+intracelular+de+fibras+co1agenas&source=fibras+Colagenas+tipo.
Acesso em (22/07/2016).
19
O colágeno é sintetizado pelos fibroblastos. Nos adultos essas células são observadas
em menor frequência pois suas divisões de mitoses são reduzidas. Entram em mitose apenas
por conta de uma solicitação aumentada, seja ela por sobrecarga funcional ou em resposta a
lesões. Apesar dos fibroblastos serem capazes de sintetizar e secretar vários componentes da
matriz extracelular, a síntese da molécula de colágeno tipo I é a mais bem estudada,
principalmente devido a sua grande abundância e ampla distribuição em vários locais do
organismo (RODRIGUES, 2009)
Em aproximadamente 90% dos indivíduos com OI, as mutações nos genes COL1A1 e
COL1A2 são responsáveis por esta patologia, (CHEVREL, 2006; HACKLEY, 2008;
BISHOP, 2010) podendo distinguir-se duas classes gerais de mutações, de acordo com o
resultado final: defeito quantitativo ou qualitativo da síntese de colágeno tipo I (HACKLEY,
2008; CASTILO, 2009; RAUCH, 2010; SEMLER, 2011; VUORIMIES, 2011). As mutações
nestes genes são tipicamente responsáveis pelas formas clássicas de transmissão AD definidas
por Sillence: OI tipo I a IV, inclusive (BISHOP, 2010; STARR, 2010).
Julga-se que, em cerca de 2 a 5% dos restantes 10% dos indivíduos com diagnóstico
clínico de OI moderada a letal, o padrão de transmissão é AR (ROHRBACH, 2012).
A forma mais ligeira de OI – OI tipo I – é resultado de um defeito quantitativo,
(STARR, 2010) traduzido pela diminuição para metade da quantidade de colágeno tipo I que
é sintetizado. Este defeito deve-se geralmente à presença de um alelo nulo do gene COL1A1
(MARTIN, 2007; RAUCH, 2009; BISHOP, 2010; RAUCH, 2010; BRADBURY, 2012;
VAN, 2012) – haploinsuficiência (BISHOP, 2010; SEMLER, 2010; RAUCH, 2010) –
resultado de um processo específico: mutação nonsense, (STARR, 2010) isto é, mutação que
codifica um codon stop prematuro (RAUCH, 2004; STARR, 2010). Nestas circunstâncias, os
produtos da transcrição serão proteínas truncadas por paragem prematura da tradução
(BISHOP, 2010). Estas proteínas são posteriormente degradadas no interior da célula através
de um processo designado nonsense-mediated decay. (RAUCH, 2004; MARTIN; 2007;
CHEUNG, 2008; GLORIEUX, 2010; BISHOP, 2010). Este processo de degradação garante
que apenas as cadeias de pro--α1 normais, ou seja, codificadas pelo outro alelo COL1A1,
serão secretadas, sendo a totalidade de colágeno tipo I sintetizado 50% da quantidade normal.
(MARTIN, 2007; RAUCH, 2009; VAN, 2012; SEMLER, 2010)
20
4.5 EPIDEMIOLOGIA
Sua frequência varia entre 6-7:100.000 indivíduos e no Brasil estima-se que existam
12.000 indivíduos com tal diagnóstico. Doenças raras são definidas como aquelas que afetam
um número limitado de indivíduos na população, ou cuja prevalência é menor que 1:2000
(STEINER, 2005).
Os dados acima citados divergem das estatísticas do Ministério da Saúde, segundo o
qual não existe informação precisa da incidência de OI para cada nascidos-vivos, sua
incidência pode ser superior em virtude das formas ligeiras de OI (RAUCH, 2004;
CASTILLO, 2012; ROHRBACH, 2012)
A OI tipo I apresenta uma frequência de cerca de 1 em cada 30.000 nascimentos
(LONGO et al, 2013).
A forma letal neonatal tipo II, que é quase sempre decorrente de uma nova mutação
em um dos gametas dos pais, tem uma incidência de cerca de 1 em cada 50.000 nascimentos
(GOLDMAN, 2014).
4.6 DIAGNÓSTICO
22
ultrassonografia 2D, a 3D pode detectar fetos com OI mais precisamente e fornecer imagens
mais nítidas após várias formas de reconstrução que a ultrassonografia 2D não pode, ( figura 2
), concluindo-se assim que a US 3D pode contribuir significativamente para a detecção de OI
in útero e fornecer um visual para este defeito.
Jornal de Ginecologia e Obstetricia de Taiwan. Recontrução tridimensional de US mostrando feto com fraturas
ósseas intra-útero.
Fonte: TSAI (2011, p. 390).
Outras doenças com fragilidade ósseas, hereditárias ou não, devem ser consideradas
no diagnóstico diferencial da OI, especialmente osteoporose idiopática juvenil. É uma
condição rara de etiologia desconhecida, manifestando-se geralmente no período pré-púbere,
sendo sua evolução autolimitada com remissão em um período de 5 anos. A doença causa dor
lombar e nas extremidades, deformidades pelas fraturas de coluna, acomete crianças maiores,
em média as com mais de 7 anos de idade, e tende a melhorar após a puberdade. Outra
situação de difícil diferenciação das formas leves de OI pode ser a ocorrência de maus tratos,
razão pela qual uma criteriosa avaliação clínica, radiológica e social é fundamental (KIM,
2000; BRASIL, 2013).
Lesão não acidental: é de extrema importância a diferenciação entre o quadro de
fratura por fragilidade óssea excessiva e o causado por lesões não acidentais (abuso infantil),
principalmente nas crianças menores. O achado de fraturas múltiplas, em diversos estados de
consolidação, fraturas de arcos costais posteriores e fraturas metafisárias tem grande chance
de corresponder a casos de lesão não acidental (BRASIL, 2013).
Raquitismo hipofosfatêmicos: caracteriza-se por aspectos clínicos e radiológicos
semelhantes ao raquitismo, associado ao baixo nível sérico de fosfatase alcalina alterações
ósseas surgem quando a criança inicia a marcha. Radiologicamente, apresentam
desmineralização óssea, ossos longos encurvados e metáfises irregulares tipo “ taça”. A
condição pode ser classificada de acordo com a idade e gravidade, sendo assim congênita,
juvenil, tardia e adulta. A forma congênita é muito grave e quase sempre letal, múltiplas
fraturas e encurvamento dos ossos longos são características clínicas presentes, semelhantes
aquelas observadas na OI (KIM, 2000).
Displasia Camptomélica: é um nanismo grave, caracterizado ao nascimento por
encurvamento dos ossos longos, particularmente de tíbias e pela presença de outros defeitos
esqueléticos e extra-esqueléticos. Os afetados apresentam geralmente fenda palatina,
micrognatia, face achatada, hipertelorismo, hipoplasia de escápula, anormalidades costais, da
coluna e da pelve. A maioria dos pacientes morrem no período neonatal por dificuldade
respiratória (KIM, 2000).
Síndrome da osteoporose-pseudoglioma: apresenta rarefação generalizada com fraturas
e deformidades dos ossos longos e da coluna, porém as alterações oculares, como
microftalmia, macrocórnea, atrofia de íris e opacidade corneana, identificam essa doença
como entidade isolada. Manifesta-se inicialmente como um pseudo-tumor (pseudoglioma) nos
olhos. Retardo mental, hipotonia e hiperextensibilidade articular são manifestações variáveis
(KIM, 2000; HEBERT, 2013).
25
Classificação da OI, grau de gravidade e manifestação clínica. Retirado de: Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas –Osteogênese Imperfeita- Portaria SAS/MS no 1.306, 22 de novembro de 2013.
Fonte: BRASIL (2013, p. 2).
Fonte: http://histologiaon-off.blogspot.com.br/2014/04/patologias-
do-tecido-osseo.html Acesso em (22/07/2016).
sendo esta, a forma mais comum da doença. A DI tipo III, é observada na população residente
da cidade de Brandywine, em Maryland, nos Estados Unidos. Evidências mostram que a DI
tipo I é causada por mutações no gene que codifica o colágeno tipo I, à semelhança da OI, ao
passo que outras formas de DI estão associadas a mutações no gene que codifica a
sialofosfoproteína da dentina (DSPP). Os dentes afetados pela DI, chamados “dentes
opalescentes”, apresentam uma coloração característica que varia de diferentes tons de
amarelo até castanho. O esmalte dentário tende a se destacar da dentina, deixando o tecido
alterado exposto. Radiograficamente há evidencias de constrição cervical, raiz curta e polpas
reduzidas, sendo os canais menores do que o comum ou completamente obliterados. A
dentição permanente é bem menos afetada que a decídua, podendo apresentar características
de normalidade (SONG, 2008; MAJORANA, 2010).
- Escleras Azuis: a descoloração azulada (Figura 5) é causada por afinamento ou
transparência do colágeno da esclera com visualização da úvea subjacente, esse afinamento
permite a visualização do pigmento intraocular, além da coloração azulada, as órbitas também
são rasas (STREUBEL, 2005;BOWLING, 2012).
Outra condição é o aplainamento excessivo da curvatura corneana causada pela
redução no desenvolvimento dos tecidos durante o quarto mês de gestação (SCHOR, 2010).
Um fato importante é que a presença de esclera azul isolada em uma criança é
altamente sugestivo mas não expressivamente diagnóstico de alguém com tipo de osteogênese
imperfeita, nessa situação deve-se levar em conta os diagnósticos diferenciais que inclui
algumas doenças como síndrome de Marfan e Ehlers-Danlos e distúrbios nutricionais como
deficiência de ferro e anemia. Crianças saudáveis com a esclera de tonalidade azulada
discreta, pode ocorrer naturalmente até os 18 meses de idade, já uma esclera intensamente
escura ou azulada após os 2 anos de idade deve ser avaliada (GLORIEUX, 2007).
Trata-se da forma mais benigna de OI, felizmente o tipo mais comum, correspondendo
a aproximadamente 70% dos casos forma suficientemente leve e é encontrada em grandes
linhagens. Muitas famílias do tipo I apresentam escleras azuis, osteoporose, (Figura 6)
fraturas recorrentes na infância e perda auditiva pré-senil. Outras alterações podem estar
presentes como hiperextensibilidade articular, deformidades esqueléticas e alta frequência de
aparecimento precoce de cifoescoliose. De acordo com a classificação de Levin a OI tipo I
pode ser subdividida em IA com dentinogênese normal e IB com dentinogênese imperfeita
(KIM, 2000; BERHMAN, 2010).
Trata-se da forma mais grave, representando cerca de 10% dos casos de OI e uma
frequência variando de 1:20.000 a 1:60.000 nascidos vivos. Essas crianças podem ser
natimortas ou morrer durante o primeiro ano de vida. O peso e o comprimento ao nascer são
baixos para a idade gestacional. Observa-se uma fragilidade extrema do esqueleto e de outros
tecidos conjuntivos. Observam-se várias fraturas intra-uterinas dos ossos longos, que
apresentam uma aparência pregueada nas radiografias. Apresentam fascieis característico;
olhos com escleróticas azuis em órbita rasa, nariz pequeno, face triangular, crânio com
ossificação extremamente pobre. Várias fraturas de costelas criam uma aparência de contas e
o tórax pequeno contribui para a insuficiência respiratória. O crânio é grande para o tamanho
corporal, com dilatação das fontanelas anteriores e posterior. Subdividem-se em 3 grupos de
acordo com o aspecto das alterações radiológicas dos ossos longos e das costelas
(BEHRMAN, 2010; KIM, 2000).
Figura 7 – Criança com 3 dias de vida, sexo masculino, com múltiplas fraturas à nascença
OI IIA: geralmente pequenos pra idade gestacional e prematuros, a face e o crânio são
de consistência amolecida e o crânio desproporcionalmente grande em relação a face. O tórax
32
Trata-se de um tipo de OI relativamente rara, abrangendo cerca de 20% dos casos, esta
é a forma não letal mais grave da OI e resulta em incapacidade física significativa. O peso e o
comprimento ao nascer são geralmente baixos, mas normais. Caracteriza-se por fragilidade
óssea extrema causando múltiplas fraturas, deformidade acentuada e progressiva de ossos
longos, crânio e coluna. As fraturas geralmente ocorrem no útero, ao nascimento constata-se a
presença de fraturas em 50% dos pacientes, por volta de 1 a 2 anos de idade todos apresentam
fraturas que acometem principalmente ossos longos e costelas, essas fraturas ocorrem após
traumas inconsequentes e consolidam com deformidade. As deformidades em membros
inferiores e superiores ocorre não somente pelas fraturas, mas também pela fragilidade óssea
que determina encurvamento (Figura 8) e angulações ósseas (BEHRMAN, 2010; KIM, 2000).
33
Ossos wormianos podem não estar presentes ao nascimento, mas tornam-se evidentes
após algumas semanas ou meses. As escleróticas azuladas bem evidentes na infância tornam-
se progressivamente mais claras com o avançar da idade. O gradil costal apresenta um
alargamento em sua base sendo frequente a deformidade corporal (BEHRMAN, 2010; KIM,
2000).
Trata-se de um tipo raro, pouco descrito, acometendo cerca de 6% dos casos, podem
se apresentar ao nascimento com fraturas in útero ou arqueamento dos ossos longos dos
membros inferiores, a frequência de fraturas é máxima durante a infância, ocorrendo redução
abundante das mesmas após puberdade e na vida adulta, a surdez ocorre em 29% dos afetados
acima dos 30 anos. Devido a possibilidade de se encontrar alterações na dentinogênese, este
tipo pode ser dividido em 2 (BEHRMAN, 2010; KIM, 2000).
OI IVA: com dentinogênese normal
34
Foi descrita pela primeira vez no ano de 2000, apresenta achados clínico,
radiológicos e histológicos únicos, é um tipo de OI moderadamente deformante, caracterizado
por fragilidade óssea de moderada a severa e estatura ligeira a moderadamente baixa. As
escleróticas são tipicamente normais e os doentes não apresentam dentinogênese imperfeita
nem perda auditiva. Apresenta como critério diagnóstico radiológico a tríade de calo
hipertrófico nos locais de fratura, bandas hiperdensas adjacentes às placas de crescimento e
calcificação da membrana interóssea radioulnar (Figura 10). O calo hipertrófico quando
presente, torna evidente ser o diagnóstico de Osteogênese Imperfeita tipo V, embora nem todo
paciente com um calo hipertófico em formação, necessariamente, tenha OI tipo V. Estes calos
podem ser precipitados por fraturas ou cirurgias (GLORIEUX, 2000; RAUCH, 2004;
VIEIRA, 2006; CHEUNG,2007).
35
A OI tipo VII, relatada pela primeira vez numa comunidade de americanos nativos no
norte de Quebec, (MARTIN, 2007; CHEUNG, 2008; RAUCH, 2009) foi descrita em 2002
por Ward et al. (2002). Caracterizada por deformidade ósseas moderadas (RAUCH, 2004;
CHEVREL, 2006; GLORIEUX, 2008; HACKLEY, 2008; CHEUNG, 2008) a severas
(RAUCH, 2004; CHEUNG, 2008) e estatura ligeiramente baixa, (RAUCH, 2004;
HACKLEY, 2008) podem apresentar fraturas intrauterinas (MARTIN, 2007; BISHOP, 2010).
37
Estes indivíduos não apresentam escleróticas azuis, DI (RAUCH, 2004; CHEVREL, 2006;
GLORIEUX, 2008; HACKLEY, 2008) ou perda auditiva (HACKLEY, 2008).
Em 2007, esse tipo foi adicionado ao sistema de classificação como uma severa
deformação associada a um gene recessivo. É um tipo raro (RACKLEY, 2008).
4.11 ETIOPATOGENIA
Uma falha genética causando a substituição de um aminoácido por outro dentro das
cadeias de polipeptídeos, modificará toda a organização do esqueleto protéico. O resultado
pode ser a produção de colágeno defeituoso ou em quantidade diminuída, (HEBERT, 2013).
Cerca de 90% dos casos possuem mutações nos genes que codificam o colágeno,
genes COL1A1 e COL1A2, atualmente mais de 1.500 mutações já são descritas. Mutações
tem sido identificadas em muitos outros genes, em particular as dos genes CRTAP, LEPRE1,
PP1B, IFITM5 e SERPINF1 (FORLINO, 2011).
Um terço das mutações na cadeia α 1 é letal, especialmente substituições com cadeias
laterais carregadas ou ramificadas que rompem a estabilidade da hélice. As substituições de
glicina em cadeias α 2 são predominantemente não letais (BEHRMAN, 2010).
Como regra, quando há substituição da glicina na cadeia α 1, e o fenótipo vai
depender da posição da substituição: substituições C-terminais causam um fenótipo grave da
doença e as substituições N-terminais, fenótipos mais leves. As mutações em COL1A1 e
COL1A2 alteram a estrutura ou a quantidade de colágeno tipo I e causam um fenótipo
esquelético que varia de subclínico a letal. Estes pacientes apresentam anomalias qualitativas
e quantitativas no colágeno tipo I devido ao efeito dominante negativo da mutação, já que as
pró-cadeias mutantes são incorporadas nas moléculas de pró-colágeno tipo I, que contêm
também pró-cadeias normais. Como regra, quando há substituição da glicina na cadeia α 1,
e o fenótipo vai depender da posição da substituição: substituições C-terminais causam um
fenótipo grave da doença e as substituições N-terminais, fenótipos mais leves. Resíduos com
cadeias laterais grandes ou carregados são altamente desorganizadores da estrutura tripla, não
importando onde estejam localizados (MARINI, 2007; FORLINO, 2011).
Mais raro do que as formas dominantes, são as formas autossômicas recessivas de OI
para as quais muitos genes já são conhecidos. Esses genes estão envolvidos principalmente no
processamento, montagem e tráfico de cadeias de prócolágeno que envolve vários passos e
um grande número de modificações pós-traducionais . Mutações homozigóticas no CRTAP,
LEPRE1, PPIB, ou OSTERIX foi demonstrado que provoca principalmente grave tipos de OI
que resultam de super modificação de procolágeno e sua retenção no rER. Doença
autossômica recessivas dos óssos frágeis sem super modificações na estrutura do procolágeno
podem ser causadas por mutações em ambas SERPINH1 genes ou FKBP10 (CABRAL, 2007;
VAN, 2009).
Em relação a etiopatogenia de alguns tipos de OI classificados mais atualmente. Uma
mutação recorrente numa proteína transmembrana (IFITM5) do cromossomo 11p15.5 é a
causa da osteogênese tipo 5. Essa proteína está envolvida na formação óssea e na maturação
40
4.12 TRATAMENTO
Embora não haja cura da doença, existem diversas ferramentas terapêuticas capazes de
melhorar o curso da condição clínica e a qualidade de vida de pacientes com OI. No entanto, o
cuidado integral, utilizando uma abordagem multidisciplinar é necessário devido
àcomplexidade e variabilidade clínica da doença (FANO, 2010).
Fisioterapia, reabilitação e cirurgia ortopédica são o pilar do tratamento na OI e visam
maximizar a mobilidade e outras capacidades funcionais, além de outros programas de
atividade física que também são encorajados (ZEITLIN, 2003).
De acordo com (BRASIL, 2013) o tratamento da OI e dividido em tratamento
medicamentoso e tratamento não medicamentoso:
Esquema de administração
1. Alendronato: recomenda-se avaliar a necessidade de jejum e ortostatismo por 30
minutos. A dose recomendada é de 70 mg/dose única / semana em pacientes adultos.
2. Pamidronato: as infusões intravenosas devem ser feitas em ciclos de 3 dias com
intervalos de 2-4 meses conforme faixa etária. As doses e os intervalos de
administração contam no quadro abaixo. Para diminuir os efeitos da fase aguda na
primeira administração (primeiro ciclo), a dose deve ser metade do recomendado,
(ANDIRAN, 2008).
Carbonato de Cálcio
Durante o uso do Pamidronato, recomendam-se dieta rica em cálcio (leite e derivados,
vegetais verdes escuros, alimentos preparados com soja, suco de laranja), administração de
1.000g de carbonato de cálcio 2 vezes ao dia (800mg de cálcio elementar) e 400 ou 800 UI de
colecalciferol (vitamina D) (BRASIL,2013).
44
Recomenda-se que os pacientes sejam tratados por 2 anos após o período em que não
apresentarem mais fraturas (BRASIL,2013).
A periodicidade da monitorização clínica deve ser feita de acordo com a faixa etária.
-Crianças até 2 nos de idade: a cada 2 meses.
-Crianças de 2-3 anos: até 3 meses.
-Crianças com mais de 3 anos: a cada 4 meses.
-Adultos: a cada 6 meses.
Os resultados obtidos com o tratamento serão analisados pelos seguintes parâmetros:
-Número de fraturas e dor óssea, registrados pelo paciente ou familiar no período e
informado à equipe assistente; e
-Exames radiológicos para a confirmação de novas fraturas e deformidades ósseas
realizados a critério clínico.
Os parâmetros bioquímicos de cálcio, fósforo e fosfatase alcalina, preferencialmente a
cada ciclo de pamidronato ou a cada 4-6 meses, quando administrado alendronato (BRASIL,
2013).
- Critérios de Inclusão para o Uso de Medicação Segundo Protocolo do MS (BRASIL,2013):
Serão incluídos neste Protocolo de tratamento os pacientes com diagnóstico de OI que
preencherem os seguintes critérios para a respectiva terapia medicamentosa.
Alendronato
Para os pacientes com mais de 18 anos, os critérios são os seguintes:
• diagnóstico de formas moderadas a graves, tipos III ou IV;
• mais de 3 fraturas/ano, fraturas de vértebras ou deformidade óssea, com comprovação
radiológica; e
• exames do metabolismo do cálcio (cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, PTH).
Pamidronato
Para a indicação de pamidronato em pacientes com menos de 18 anos, os critérios são os
seguintes:
• portadores de fenótipos moderados a graves, tipos III ou IV (2), ou de fenótipo tipo I com
dor crônica;
• mais de 3 fraturas/ano, sem trauma significativo nos últimos 2 anos, fraturas de vértebras ou
com deformidades dos membros com necessidade cirúrgica (2); e
• radiografia simples de crânio, coluna e ossos longos, evidenciando fraturas ou escoliose ou
ossos wormianos.
Nos pacientes com mais de 18 anos, os critérios são os seguintes:
45
contendo cálcio; devem ser administrados longe das refeições com água e nunca com leite
(SILVA, 2006).
Essas drogas devem ser tomadas com estômago vazio, o que pode causar dor gástrica
e esofagite, em certas ocasiões pode causar dor óssea (RANG, 2001).
O etidronato, bifosfonato de primeira geração, devido seu efeito de causar
osteomalacia, associado a sua baixa eficácia, limita seu uso atual. A primeira infusão
parenteral de pamidronato pode ser acompanhada de febre discreta e dores, provavelmente
devido a liberação de citocinas. Esses sintomas são de curta duração e, em geral, não sofrem
recidiva com administração subsequente. Os aminoderivados como o pamidronato, podem
levar a uma reação de fase aguda, em particular as formas endovenosas, que podem precipitar
na circulação sanguínea com comprometimento vascular e, às vezes, comprometimento renal
(GOODMAN, 2010).
Cerca de 20-60% do total absorvido vão para o osso, e o restante é rapidamente
excretado na urina. Sua meia-vida é curta, principalmente pela sua rápida entrada na estrutura
óssea. (SILVA, 2006).
O manejo anestésico de pacientes com OI deve ser feito com cautela, por causa dos
riscos de complicações respiratórias causadas por deformidade torácica, fraturas ósseas
durante o movimento ou mudança de posição, fraturas mandibulares e cervicais relacionadas a
intubação, intubação difícil e hipertermia maligna (ERDOGAN, 2012).
Os cuidados com o paciente portador de OI devem ser máximos antes, durante e
depois do procedimento cirúrgico. No período perioperatório, o manejo dos pacientes com OI
deve ser cuidadoso durante o transporte, a colocação e o posicionamento na mesa de
operação; as partes sob pressão devem ser apoiadas em almofadas macias. Ossos
extremamente frágeis podem causar morbidade perioperatoria. Fraturas do pescoço e da
mandíbula podem ocorrer durante a laringoscopia por causa da extensão excessiva do
pescoço. Fasciculações induzidas por succinilcolina podem causar fraturas. Cifoescoliose e
deformidades torácicas podem restringir os movimentos do pescoço e dificultar a visualização
da laringe. O risco de perda dentaria em pacientes com dentinogênese imperfeita e alto.
Recomendamos a identificação pre-operatória de anomalias orais e dentarias e o uso de
protetores bucais para proteger os dentes desses pacientes (BAUM, 2007).
No que diz respeito ao acesso à via aérea, a máscara laríngea tem sido sugerida como
uma alternativa para os casos em que a intubação orotraqueal é desencorajada, já que pode ser
inserida com o paciente em posição cervical neutra, o que reduziria a possibilidade de fraturas
de coluna cervical ou de mandíbula, no entanto, quando a máscara laríngea não pode ser
usada, a alternativa seria o rinolaringoscópio, por apresentar diâmetro reduzido. Deve-se
tomar cuidado também com o posicionamento do paciente na mesa de cirurgia, protegendo-se
as áreas sujeitas a compressão (MORO, 2009).
O Brasil, através do Sistema Único de Saúde (SUS), vem dando suporte ao tratamento
de doenças raras e , desde 2001, vem oferecendo medicamento gratuito aos pacientes
acometidos por OI. O Sistema Único de Saúde (SUS) vem emplementando uma série de
estratégias para a prevenção e a monitorização das malformações congênitas. Dentre elas, a
Portaria GM/MS n° 2.305/2001 e a Portaria SAS/MS n° 714/2010, que dizem respeito ao
programa de tratamento da osteogênese imperfeita (OI) (JUNIOR, 2002).
O programa para a OI na rede pública de Saúde no Brasil oferece tratamento com
medicamentos do grupo dos bisfosfonatos (pamidronato dissódico e alendronato dissódico),
de forma gratuita, descentralizada e de acesso universal a todas as pessoas com essa condição.
Esses são medicamentos que inibem a reabsorção óssea, causando o aumento da densidade
mineral óssea, a diminuição da dor óssea e do número de fraturas3, melhorando, assim, o
prognóstico da doença. Porém, ainda há poucos estudos sobre a repercussão da intervenção na
50
4.13 PROGNÓSTICO
A esperança de vida nos doentes com OI varia consoante o tipo de OI, ou seja, de acordo
com a severidade: no tipo II, raramente sobrevivem após o período neonatal, em contraste com os
indivíduos com os tipos I e IV, cuja esperança de vida é normal (BASEL, 2009).
As complicações respiratórias e cardiovasculares, geralmente mais frequentes na idade
adulta, constituem a causa mais comum de morbidade e mortalidade na OI (ROHRBACH, 2012)
Na OI tipo I, normalmente os doentes têm uma vida normal, tendo poucas fraturas ou até
mesmo nenhumas durante a sua vida, e a causa de morte não se relaciona com a OI. No entanto,
os problemas cardiovasculares, como a doença valvular aórtica, e a perda auditiva são causas
importantes de morbidade nestes doentes (HACKLEY, 2008).
52
Na OI tipo II, 80% morrem na primeira semana de vida, dos quais mais de 60% morrem
no primeiro dia de vida. Contudo, alguns morrem in utero ou ocorre aborto espontâneo.
Normalmente, a morte advém de insuficiência respiratória, decorrente de múltiplas fraturas das
costelas, ou flail chest devido às costelas instáveis. Os doentes exibem muito frequentemente
hipoplasia pulmonar. Após um ano de vida, a sobrevivência é extremamente rara e requer,
geralmente, suporte intensivo com ventilação assistida contínua (CHEVREL, 2006; BAJPAI,
2007; MARTIN, 2007; HACKLEY, 2008; CHEUNG, 2008; BASEL, 2009; STARR, 2010).
Na OI tipo III, a sobrevivência para além dos 30 anos é rara. As múltiplas fraturas, as
quais podem ser num total de 200, as deformidades ósseas, condicionam incapacidade severa. A
presença de cifoescoliose severa e as alterações da conformação torácica em associação com
doença pulmonar restritiva e insuficiência cardíaca poderão diminuir a longevidade destes doentes
(BASEL, 2009; HACKLEY, 2011).
A severidade da OI tipo IV é variável, o que torna a classificação difícil e o prognóstico
variável (HACKLEY, 2011).
As crianças com fenótipo grave têm expectativa de vida significativamente reduzida,
devido problemas associados com insuficiência respiratória e pulmonar, cifoescoliose e
pequeno volume pulmonar. Embora a sobrevida de pacientes com fenótipos graves na idade
adulta não seja comum, somente 20% atingem a idade de 40 anos (PATERSON, 2014).
A Osteogênese Imperfeita pode ser um importante fator limitante, na qualidade de
vida do seu portador devido as manifestações clinicas imposta pela enfermidade. Vértebras
osteoporóticas não apresentam resistência suficiente para suportar as forças tênseis do peso
corpóreo, o que resulta em alterações posturais da cabeça e pescoço, escoliose e outras
deformidades da coluna. Fraturas frequentes ocasionam dor, deformidades e inabilidades,
enquanto que alteração na córnea e esclera podem levar a distúrbios visuais.
Muitos pacientes com OI conseguem, felizmente, dentro de suas limitações, chegar a
fase adulta, passam por uma fase de transição ao sair da adolescência. Nessa fase é importante
garantir o bem-estar desses pacientes através da manutenção do seu estado atual de saúde,
preservar ou melhorar seu nível de função como exigências físicas. Garantir a continuidade da
assistência médica e cirúrgica e a reestruturação psicossocial (PHILPOTT, 2011;
CAMFIELD, 2011).
53
5 DISCUSSÃO
Um rápido aumento de peso tem sido notado em muitas crianças durante o tratamento
com o pamidronato (ZEITLIN et al., 2003). Pronunciado declínio na dor óssea crônica pode
ser observado após poucas semanas do início do tratamento, somado a um aumento da
sensação de bem-estar e da força muscular. Tem sido reportado rápido aumento da massa
óssea vertebral atribuído ao aumento da densidade mineral óssea, do tamanho vertebral e da
espessura da cortical metacarpal, diminuição do número de fraturas e melhora da mobilidade.
Alguns autores reportaram a impressão de que corpos vertebrais deformados adquirem
morfologia mais semelhante ao normal durante o tratamento com pamidronato. Também tem
sido notado um aumento na espessura da cortical, no número de trabéculas e na massa óssea
das diáfises de ossos longos. Não têm sido observados efeitos negativos no crescimento nem
em reparação de fraturas (GLORIEUX, 2004; RAUCH et al., 2006; VALLO et al., 2006;
GLORIEUX, 2007 e 2008; RAUCH,2009).
Achados em estudos histomorfométricos de amostras de osso da crista ilíaca
mostraram que o maior efeito do tratamento com o pamidronato foi um aumento da espessura
cortical de até 88% (figuras 1 e 2). A quantidade de osso trabecular também aumenta, devido
a um maior número de trabéculas, apesar de não mostrar nenhum efeito detectável na
espessura do trabeculado (figura 3). Essa droga diminui a remodelação óssea por alterar o
mecanismo de homeostase e inibir os osteoclastos, podendo interferir na forma do osso
(GLORIEUX, 2004; RAUCH et al., 2006; DRAKE, 2008; GLORIEUX, 2008
RAUCH,2009).
Mesmo com resultados tão encorajadores, alguns efeitos adversos são preocupantes
quando bisfosfonatos são administrados em crianças e adolescentes, Muitas crianças
apresentam, após sua primeira infusão, uma reação semelhante a uma gripe, que pode ser
acompanhada de febre, exantemas e vômitos. Esses sintomas normalmente começam 12-36
horas após o início da infusão e são geralmente controlados com antipiréticos de uso comum e
não necessitam de outros tratamentos, porém trazem preocupações para crianças que têm
condição sistêmica comprometida ou dificuldades respiratórias (RAUCH; GLORIEUX,
2004).
Além disso, as consequências em longo prazo desse medicamento ainda são desconhecidas.
Após um longo período de tratamento, os bisfosfonatos diminuem a taxa de remodelação
óssea a níveis menores que a de crianças saudáveis, o que pode retardar os reparos de
microlesões e de fraturas no tecido ósseo (RAUCH et al., 2003; MELO; OBEID, 2005).
Segundo Glorieux (2008), os efeitos dos bisfosfonatos no esqueleto são dependentes do
crescimento, assim, adolescentes após a puberdade e adultos não têm tantos benefícios com o
55
tratamento em comparação a pacientes mais jovens. Além disso, seus efeitos parecem tornar-
se menos evidentes com o aumento da duração do tratamento.
O tratamento médico é feito através de terapias de reabilitação, fisioterapia, atividade
física e utilização de suportes ortopédicos. É importante minimizar o tempo de imobilização
dos doentes durante o período de recuperação de fraturas, pois esta acarreta uma perda de
massa muscular, de densidade óssea e deterioração da função cardiovascular, levando a um
ciclo vicioso de fratura, imobilização, osteoporose, re-fratura, que tem de ser evitado. Por este
motivo é também aconselhada terapia de reabilitação e fisioterapia durante o período de cura
de fraturas, antes e após a alta hospitalar (CHO et al., 2007). Deve ser feita com ajuda de
pessoal especializado. Uma opção com bons resultados é a natação e exercício feitos dentro
de água, pois esta permite a movimentação com menor dor, aumentando a força muscular e
melhorando a função respiratória (VAN, 2008). Um estudo concluiu que a utilização da
plataforma vibratória em crianças e adolescentes imobilizados ajuda a aumentar a densidade
óssea, aumentar a força muscular e flexibilidade (SEMLER, 2007). Doentes com alterações
da caixa torácica podem necessitar de ventilação auxiliar. É importante que a função
pulmonar seja avaliada com alguma frequência desde a infância, pois uma manutenção
precoce da doença pulmonar, feita com broncodilatadores, pode atrasar ou até mesmo impedir
a necessidade crónica de oxigénio.
O tratamento cirúrgico é da máxima importância na melhoria do prognóstico. No
tratamento das fraturas, estão disponíveis várias modalidades cirúrgicas e material disponível
que tem de se adequar a cada situação tendo em conta os riscos cirúrgicos comuns a todas as
cirurgias e riscos específicos inerentes à condição do doente, nomeadamente a fragilidade
cervical durante a intubação. É importante ter em conta que o osso cortical se encontra
diminuído na OI, e que durante a recuperação é aconselhado minimizar o tempo de
imobilização. As fraturas são abordadas conforme a condição do doente e a decisão do
tratamento tem de ser feito para cada doente individualmente. O tratamento de fraturas pode
ser conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador inclui a redução fechada e
imobilização com utilização de gesso ou tração cutânea/esquelética. No entanto é
desaconselhado devido ao longo período de tempo necessário para a recuperação, sendo mais
utilizada em fraturas dos membros superiores. O tratamento cirúrgico inclui redução fechada
ou aberta, osteotaxia osteossíntese com fixação interna ou externa utilizando cavilhas, placas
e parafusos (SALDANHA, 2004).
São colocadas muitas vezes após realização de osteotomia, e são frequentemente
utilizadas em doentes com OI. O procedimento de osteotomia seguida de colocação de cavilha
56
6 CONCLUSÃO
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
medida do possível, os avanços que a ciência e a tecnologia vêm trazendo, com velocidade
crescente, nos dias de hoje.
60
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