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AUTOVALORES E AUTOVETORES 1

FACULDADE DE ENGENHARIA – FEIS

Autovalores e Autovetores: definição e aplicações

Professor João Angelo Ferres Brogin

GUILHERME GRATON ORLANDO – RA: 191051861


AUTOVALORES E AUTOVETORES 2

Ilha Solteira, 2020

FACULDADE DE ENGENHARIA – FEIS

Autovalores e Autovetores: definição e aplicações

Professor João Angelo Ferres Brogin

Relatório realizado por Aluno de Graduação em

Engenharia Mecânica da Universidade Estadual

Paulista “Júlio De Mesquita Filho” referente à

disciplina Geometrica Analítica e Álgebra Linear

(909-ST1-CEM)
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Ilha Solteira, 2020

Sumário

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................4

2. OBJETIVO..............................................................................................................5

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................6

3.1. Introdução à Álgebra

Linear.......................................................................6

3.2. Autovalores e Autovetores de uma

matriz..................................................7

4. APLICAÇÃO..........................................................................................................9

5. CONCLUSÃO......................................................................................................12

6. REFERÊNCIAS....................................................................................................13
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1. INTRODUÇÃO

O tema de autovalores e autovetores é bastante amplo e com várias aplicações

em diversas áreas das ciências exatas, desde somente operações matemáticas até

analises de dados, sistemas dinâmicos e ordenação computacional.

De forma superficial, o autovalor λ de uma matriz A é um valor independente

de variáveis que representa o aumento ou diminuição de um vetor após a operação do

autovetor, sendo que um autovetor de A é um vetor não nulo que mantém a

característica de direção, podendo aumentar ou diminuir a sua norma, dependendo do

seu autovalor.
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2. OBJETIVO

Esse trabalho tem como objetivo apresentar as definições de autovalores e

autovetores, bem como conceitos básicos de Álgebra Linear, além de discorrer sobre

aplicações dessas operações na área da engenharia mecânica. Através de pesquisas

bibliográficas, são apresentados dados e comprovações acerca do tema, juntamente

com uma análise rápida sobre a utilização de autovalores para resolução de problemas.
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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Introdução à Álgebra Linear

Um tópico importante, quase que fundamental para o que vem em seguida, são

as matrizes e operadores matriciais; mas, para isso, é necessário aprender sua notação.

Dito isso, é importante saber que os conjuntos são representados por ℕ, ℤ, ℚ, ℝ, ℂ,

sendo o conjunto dos números naturais, inteiros, racionais, reais e complexos,

respectivamente.

Para a representação de uma matriz com m linhas e n colunas, usa-se o

conjunto de todas as matrizes m x n, denotado por ℝ mxn caso sejam reais os algarismos,

ou ℂ mxn caso esses sejam complexos.

Uma matriz A é composta por m.n elementos, sendo representado por aij em

que i é a linha e j, a coluna na qual se encontra. A matriz transposta de A é

representada por AT. A matriz inversa de A é representada por A-1, e a matriz inversa da

transposta de A é representada por A-T. A matriz identidade é denotada I ou In,

ocultando ou explicitando sua ordem. O determinante de A será dado por det A.

Definição 1 – Espaços Vetoriais

É dito que um conjunto V não nulo e não vazio é um espaço vetorial se, e

somente se, utilizando as operações de soma e multiplicação, possam ser verificadas

os seguintes axiomas:

Para a adição:

I. Associatividade: (u + v) + w = u + (v + w), Ɐ u, v, w ∈ V;

II. Comutatividade: (u + v) = (v + u), Ɐ u, v ∈ V;


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III. Elemento neutro (aditivo): existe um vetor neutro dado por 0 de forma

que Ɐ u ∈ V, u + 0 = u;

IV. Elemento inverso: Ɐ u ∈ V, existe –u ∈ V, de forma que u + (–u) = 0.

Para a multiplicação:

Sendo α e β constantes pertencente ao conjunto dos reais (α, β ∈ ℝ)

I. Associatividade: (αβ) u = α (βu), Ɐ u ∈ V;

II. Distributividade: α (u +v) = αu + αv, Ɐ u, v ∈ V;

III. Distributividade: (α + β) u = αu + βu;

IV. Elemento neutro (multiplicativo): existe um elemento neutro de

forma que 1u = u, Ɐ u ∈ V

Dessa forma, se o conjunto V satisfizer todos os oito axiomas, pode-se dizer que V é

um espaço vetorial de ℝ ou ℂ.

Definição 2 – Transformções lineares

Tranformação linear é uma aplicação entre dois conjuntos. Dados U e V dois

conjuntos não vazios, uma transformção linear é uma operação que associa um

elemento u de U a um único elemento v de V. Dada por T, uma transformação de U em

V é representada por:

T: U → V

3.2. Autovalores e Autovetores de uma matriz


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Os autovetores e autovalores de uma matriz qualquer são utilizados

amplamente nas engenharias, em casos de análises de dados, estudo das equações

lineares, sistemas dinâmicos, agrupamento de variáveis entre outras aplicações.

Dito isso, é importante apresentar a definição desses termos e suas

propriedades para compreender a ampla utilidade.

Definição 3 – Autovalores e Autovetores

Dada uma matriz A de ordem n, um vetor v não nulo no conjunto a que a

matriz pertence (ℝn ou ℂn) é chamado de autovetor dessa matriz se Av = λv; ou seja, v

será um autovetor de A se a multiplicação entre A e v resultar em um múltiplo de A.

Na relação Av = λv, λ é um escalar pertencente ao mesmo conjunto de A e é

chamado de autovalor de A. A necessidade do autovetor ser não nulo se discorre por

essa relação, visto que se v = 0, A.0 = λ.0, caindo em uma indeterminação.

Dada a equação Av = λv, temos que: Av – λv = 0, e, da mesma forma, que:

(A – λI) v =0. Ao colocar em evidência o vetor v, é necessário multiplicar o escalar λ

pela matriz identidade I para que a operação se mantenha entre matrizes, e não entre

matriz e escalar. Considerando o fato de que o vetor v é obrigatoriamente não nulo,

implica-se que A-λi seja uma matriz singular, de forma que det (A-λi) = 0.

Para T: ℝ2→ ℝ2 , e considerando A= [ aa 1121 a 12


a 22], temos que:

[ a 12−λ
a 21
a 12
a 22− λ ] [ xy ] [ 00]
. =
(1)

De forma que det (A-λi) = 0 seja denominada equação característica de A, e as

raízes dessa equação sejam os autovalores de A, além de que, para cada autovalor

encontrado, seja possível encontrar mais de um autovetor v.


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4. APLICAÇÃO

Uma das aplicações desse tema é a questão de amortecimento de um veículo,

ou sistema de mola, em que a roda de um automóvel é acoplada de forma fixa ao eixo

de transmissão e conectada ao chassi do veículo por uma suspensão vertical composta

por duas partes: a mola em si e um sistema de amortecimento e suspensão próprio.

Para fins didáticos, consideremos apenas a mola com massa desprezível. Tal

mola, em repouso, mantém sua posição de equilíbrio em x (m) =0. Porém, quando o

veículo passa por um obstáculo, a roda (ponto de referência) é movida para cima, e a

mola exerce uma força de restauração contrária ao movimento, dada por –kx, na qual k

é uma constante positiva.

Dadas a Segunda Lei de Newton e as leis do movimento, temos que a trajetória

da partícula é seguinte a equação:

mx’’ (t) = -kx (t) - µx’ (t) + Fe (t) (2)

Em que x’ (t) e x’’ (t) são as derivadas de x (t), ou seja, velocidade e aceleração

da partícula variável em t. – kx é a força de restauração da mola, µ é o coeficiente de

atrito e Fe é o somatório das possíveis forças externas.

Fazendo algumas substituições, temos a seguinte equação:


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x’’ (t) + 2ax’ (t) + ω2x (t) = h (t) (3)

De modo que ω= √ k /m , a = n/2m e h = Fe/m.

Desconsiderando o atrito, temos uma equação do movimento vertical

diferencial homogênea dada por:

x’’ + ω2x = 0 (4)

Relembrando propriedades de Cálculo, é notório que a função que ao ser

derivada retorna na mesma função é a função exponencial. Com isso, é possível usar

métodos de substituição para deixar a equação da forma adequada, de forma que x (t)

= ebt. Substituindo na equação (4) e aplicando as derivadas, temos a seguinte equação:

b2 . ebt + ω2 . ebt = 0 (5)

Dividindo por ebt, temos que:

b=±i.ω (6)

Dessa forma, as duas soluções complexas serão termos da solução geral

através de uma combinação linear dada por:

x (t) = c1eiωt + c1e-iωt (7)

Utilizando a identidade de Euler (eiθ= cos θ + i sen θ), podemos reescrever a

equação (7) como:

x (t) = c1[cos ωt+ i sen ωt] + c2[cos ωt - i sen ωt] (8)


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É possível colocar as constantes em evidência e substituí-las por outras

constantes, de forma que:

x (t) = A . cos ωt + B i sen ωt (9)

Nas condições iniciais, temos que:

x (t) = x0 . cos ωt + y0 1/ω sen ωt (10)

A maior questão desse exemplo é a equação de segunda ordem única, mas com

duas variáveis, enquanto seria melhor que fossem obtidas uma equação para a

velocidade e uma para o deslocamento. Isso pode ser remediado com a aplicação de

uma equação que relaciona as duas grandezas em um gráfico bidimensional.

Atribuindo o eixo x à posição e o eixo y à velocidade e relembrando que a relação

entre espaço e velocidade é dada pela derivação, podemos relacionar as variáveis de

forma que y = x’

Dessa forma, voltando à equação (4) e substituindo as variáveis, temos que:

x’ (t) = y (t)

y’ (t) = –ω2x (t)

Escrevendo vetorialmente e resolvendo o sistema, teremos:

x' ( t ) = 0 1 ∗ x (t)
[ ][ ][ ]
y ' (t) −ω 2 0 y (t)

x (t) = x0 . cos ωt + y0 1/ω sen ωt

y (t) = -x0 . sen ωt + y0 cos ωt


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Dessa forma, fica visível que apenas x (0) = x0 e x’ (0) = y0, que são as

condições iniciais, satisfazem o sistema.

5. CONCLUSÃO

Com esse trabalho foi possível dar início à matéria de autovetores e

autovalores de forma concisa e direta, apresentando informações prévias necessárias

para um amplo entendimento e uma aplicação prática no curso de Engenharia

Mecânica.

Foi possível perceber que esse conteúdo é de extrema importância no currículo

pessoal de um engenheiro, tanto no ciclo básico, específico, ou mesmo no mercado de

trabalho, pois o sistema de mola é apenas uma dentre as inúmeras aplicações desse

tema na vasta área da engenharia.


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6. REFERÊNCIAS

COLARES, Gilderléia Bezerra. AUTOVALORES E AUTOVETORES E APLICAÇÕES.

2011. 42 f. Monografia (Especialização) - Curso de Matemática, Universidade Federal de

Santa Catarina, Foz do Iguaçu, 2011. Disponível em:

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/107651/302312.pdf?sequence=1.

Acesso em: 10 ago. 2020.

C. A. Callioli, H. H. Domingues, R. C. F. Costa. Álgebra Linear e Aplicações. 6ª Edição,

Atual Editora, 1990.

AMORIM, Sirlando Rodrigues de. Quatro aplicações da algebra linear na engenharia.

2017. 60 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Alagoas,

Delmiro Gouveia, 2017. Disponível em:

http://www.repositorio.ufal.br/bitstream/riufal/3836/1/Quatro%20aplica%C3%A7%C3%B5es

%20da%20%C3%A1lgebra%20linear%20na%20engenharia.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020.


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P. E. De Lima, L. F. R. De Souza. Autovalores e Autovetores: conceitos e uma aplicação a um

sistema dinâmico. Revista Eletrônica de Educação e Ciência (Reec), Avaré, v. 03, n. 01, p.

22-28, 2013. Disponível em: http://www.fira.edu.br/revista/vol3_num1_pag22.pdf. Acesso

em: 13 ago. 2020.

SILVA, Ataiz Souza. O Teorema de Euler e algumas aplicações. 2015. 31 f. TCC

(Graduação) - Curso de Matemática, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande,

2015. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/8607/1/PDF

%20-%20Ataiz%20Souza%20Silva.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020.

MORE: Mecanismo online para referências, versão 2.0. Florianópolis: UFSC Rexlab, 2013.

Disponível em: http://www.more.ufsc.br/. Acesso em: 13 ago. 2020.

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