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RESUMO

O presente relatório tem por objetivo principal sintetizar o atual estágio em que se encontra o
setor elétrico nacional no que tange aos critérios atrelados com a regulamentação das
exigências das distribuidoras quando da conexão de acessantes potencialmente
perturbadores ou sensíveis a distúrbios na rede, e ainda, estabelecer as premissas para
aprimoramentos da regulamentação da matéria no contexto do PRODIST. São analisados os
atuais procedimentos utilizados pelas distribuidoras, bem como normas nacionais e
documentos internacionais que indicam as análises a serem realizadas quando da conexão
de cargas ou de geração distribuída no sistema elétrico, com destaque aos indicadores de
qualidade de energia e, por fim, apresentada sugestões para a elaboração do documento
final.

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SUMÁRIO

1) Considerações Iniciais........................................................................................................................................ 6
1.1) Objetivos específicos do Relatório 6/8 .......................................................................................................... 7
2) Procedimentos atualmente utilizados pelas distribuidoras para conexão de acessantes potencialmente
perturbadores............................................................................................................................................................ 8
2.1) Procedimentos adotados pelas distribuidoras .............................................................................................. 8
2.1.1) AES-SUL ................................................................................................................................................... 8
2.1.2) AMPLA ..................................................................................................................................................... 8
2.1.3) BANDEIRANTE ....................................................................................................................................... 10
2.1.4) CAUIÁ (REDE SUL/SUDESTE) ................................................................................................................. 12
2.1.5) CEA........................................................................................................................................................ 12
2.1.6) CEAL ...................................................................................................................................................... 13
2.1.7) CEB ........................................................................................................................................................ 13
2.1.8) CEEE-D .................................................................................................................................................. 14
2.1.9) CELESC .................................................................................................................................................. 15
2.1.10) CELG .................................................................................................................................................... 17
2.1.11) CELPA .................................................................................................................................................. 17
2.1.12) CELPE .................................................................................................................................................. 18
2.1.13) CELTINS ............................................................................................................................................... 19
2.1.14) CEMAR ................................................................................................................................................ 19
2.1.15) CEMAT ................................................................................................................................................ 20
2.1.16) CEMIG ................................................................................................................................................. 20
2.1.17) CERON ................................................................................................................................................ 21
2.1.18) COCEL ................................................................................................................................................. 21
2.1.19) COELBA ............................................................................................................................................... 21
2.1.20) COELCE ............................................................................................................................................... 21
2.1.21) COOPERALIANCA ................................................................................................................................ 24
2.1.22) COPEL ................................................................................................................................................. 24
2.1.23) COSERN............................................................................................................................................... 24
2.1.24) Grupo CPFL ......................................................................................................................................... 25
2.1.25) DEMEI ................................................................................................................................................. 27
2.1.26) DME-PC ............................................................................................................................................... 27
2.1.27) EFLJC ................................................................................................................................................... 28

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2.1.28) EFLUL .................................................................................................................................................. 28
2.1.29) ELETROACRE ....................................................................................................................................... 28
2.1.30) ELETROCAR ......................................................................................................................................... 28
2.1.31) ELETROPAULO .................................................................................................................................... 28
2.1.32) ELFSM ................................................................................................................................................. 29
2.1.33) Grupo ENERGISA................................................................................................................................. 29
2.1.34) ENERSUL ............................................................................................................................................. 30
2.1.35) ESCELSA .............................................................................................................................................. 31
.1.36) HIDROPAN ............................................................................................................................................ 33
2.1.37) IENERGIA ............................................................................................................................................ 33
2.1.38) LIGHT .................................................................................................................................................. 34
2.1.39) MUX-ENERGIA .................................................................................................................................... 34
2.1.40) SULGIPE .............................................................................................................................................. 34
2.1.41) Síntese das orientações/critérios em prática pelas distribuidoras de energia elétrica nacionais ..... 35
2.2) Regulamentação para acessos estabelecidos pelos Procedimentos de Rede e de Distribuição ............... 38
2.2.1) Procedimentos de Rede ....................................................................................................................... 38
2.2.2) PRODIST Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição..................................................................... 39
2.3) Documentos complementares sobre o acesso de consumidores potencialmente perturbadores e geração
distribuída ............................................................................................................................................................ 41
2.3.1) Relatório 57/2008 - Critérios para estudos de medições de Qualidade da Energia Elétrica ............... 41
2.3.2) IEC 61000-3-6 – Assessment of emission limits for the connection of distorting installations to MV,
HV and EHV power systems ............................................................................................................................ 42
2.3.3) IEEE Std 519 – IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electrical
Power Systems................................................................................................................................................. 43
2.3.4) IEEE Std 1547 – IEEE Standard for Interconnecting Distributed Resources with Electric Power Systems
......................................................................................................................................................................... 43
2.3.5) IEC 61400-21 – Measurement and Assessment of Power Quality Characteristics of Grid Connected
Wind Turbines ................................................................................................................................................. 44
2.3.6) IEC 61000-3-7 - Electromagnetic compatibility (EMC) — Limits—Assessment of emission limits for
the connection of fluctuating installations to MV, HV and EHV power systems ............................................ 44
3) Definições dos critérios de acesso à rede de distribuição............................................................................... 46
3.1) Critérios de acesso ao SDBT ......................................................................................................................... 46
3.2) Critérios e Procedimentos de acesso ao SDMT e SDAT ............................................................................... 49
3.2.1) Critérios para a exigência de estudos acessos .......................................................................................... 50
3.2.2) Conteúdo do Relatório RISE ...................................................................................................................... 51

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3.2.3) Procedimentos para a avaliação das distorções harmônicas e limites ..................................................... 51
3.2.4) Procedimentos para a avaliação das flutuações de tensão e limites........................................................ 53
4) Quadro comparativo dos objetivos do Produto 6 constantes no contrato e do cumprimento das atividades
contempladas neste relatório ................................................................................................................................. 54
5) Referências bibliográficas ................................................................................................................................ 56

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1) Considerações Iniciais

Visando o aperfeiçoamento da regulamentação brasileira direcionada aos sistemas de


distribuição de energia elétrica, os trabalhos contemplados através do contrato ANEEL-FAU no
179/2013 se apresentam com o objetivo central da realização de serviços técnicos de consultoria
para suporte às ações da SRD/ANEEL para fins da regulamentação dos fenômenos relacionados à
qualidade do produto nas redes de distribuição de energia elétrica.

O cerne dos trabalhos está no fornecimento de subsídios para o aprimoramento das


diretrizes associadas com a qualidade da energia elétrica, nos termos previstos pelos
Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST [1].
Estes, em consonância com os princípios que nortearam as tratativas sobre o assunto visam,
sobretudo, possibilitar à ANEEL acompanhar e regular a qualidade do produto considerando
fenômenos como desequilíbrios de tensão, distorções harmônicas, flutuação de tensão e variações
de tensão de curta duração.

Num contexto mais amplo, as ações a serem desenvolvidas encontram-se focadas para temas
específicos, e os resultados dos estudos se apresentam sintetizados nos seguintes produtos:

 Produto 1 - Revisão bibliográfica atualizada contendo os principais regulamentos


internacionais, normas consideradas importantes, assim como pesquisas e trabalhos já
realizados no Brasil e no exterior relacionados com a qualidade do produto;

 Produto 2 - Definição dos indicadores para os fenômenos Desequilíbrio de tensão,


Harmônicos, Flutuação de tensão e Variações de tensão de curta duração, incluindo o
aprimoramento ou inclusão de indicadores que possam ser utilizados para avaliação da
qualidade do produto no âmbito da distribuição de energia elétrica no Brasil;

 Produto 3 - Definição do procedimento de medição para cada um dos fenômenos associados


com a qualidade do produto;

 Produto 4 - Definição dos padrões de referência para os fenômenos desequilíbrio de tensão,


distorções harmônicas, flutuação de tensão e variações de tensão de curta duração;

 Produto 5 - Definição dos procedimentos para acompanhamento da qualidade do produto


na distribuição de energia elétrica, considerando-se os indicadores associados aos
fenômenos desequilíbrio de tensão, distorções harmônicas, flutuação de tensão e variações
de tensão de curta duração;

 Produto 6 - Proposições para o estabelecimento dos critérios mínimos para regulamentação


dos padrões exigidos pelas distribuidoras quando da conexão de acessantes potencialmente
perturbadores ou de acessantes sensíveis a distúrbios na rede;

6
 Produto 7 - Proposta de texto para a revisão dos módulos 1, 3, 6 e 8 dos Procedimentos de
Distribuição;

 Produto 8 - Apresentação dos resultados finais dos trabalhos desenvolvidos.

De um modo pontual, o conteúdo dos trabalhos aqui reportados se destina, prioritariamente,


a atender aos quesitos estabelecidos como metas para o que foi denominado por Produto 6, os
quais visam estabelecer os critérios mínimos para regulamentação dos padrões exigidos pelas
distribuidoras quando da conexão de acessantes potencialmente perturbadores ou sensíveis a
distúrbios na rede.

1.1) Objetivos específicos do Relatório 6/8

Visando atender aos propósitos supra postos, o documento em pauta se encontra alicerçado
nos seguintes pontos focais:

 Análise dos documentos sobre a matéria e em prática pelas distribuidoras do Brasil;


 Avaliação dos Procedimentos de Rede e dos Procedimentos de Distribuição atualmente em
uso no Brasil;
 Análise de documentações complementares, a nível nacional e internacional, voltadas para
o tema em pauta, com destaque aos critérios para a conexão de cargas perturbadoras,
microgeração e/ou minigeração distribuída no sistema elétrico;
 Estabelecimento de proposta para uma padronização de critérios para conexões.

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2) Procedimentos atualmente utilizados pelas distribuidoras para conexão
de acessantes potencialmente perturbadores

Em atenção aos objetivos anteriormente ressaltados, esta seção encontra-se direcionada a


ressaltar os principais documentos e/ou orientações encontradas e que regem o assunto ora
tratado. Neste particular a estrutura utilizada para sintetizar as análises feitas encontra-se
elaborada em consonância com 3 (três) grupos de documentos, a saber:

 Procedimentos adotados por distribuidoras de energia no contexto do Brasil;


 Recomendações indicadas pelos Procedimentos de Rede e pelos Procedimentos de
Distribuição;
 Documentos complementares, na esfera nacional e internacional.

2.1) Procedimentos adotados pelas distribuidoras

Após detidos trabalhos direcionados à identificação das empresas nacionais que possuem
orientações/critérios para o acesso de cargas perturbadoras ou conexão de geração distribuída
chegou-se aos resultados abaixo apresentados, os quais representam um resumo das
diretrizes/determinações encontradas através dos levantamento feitos, em consonância com
solicitação encaminhada pela ANEEL, sem que, todavia, tenha-se a pretensão de afirmar que todos
os documentos existentes puderam ser identificados.

2.1.1) AES-SUL

Para o fornecimento de energia elétrica em tensão secundária de distribuição, a conexão de


unidades consumidoras na área de concessão AES Sul Distribuidora depende de verificação e/ou
estudo da rede, caso existam aparelhos que ocasionem flutuações bruscas de tensão.
Ressalta-se que toda a instalação ou carga suscetível de ocasionar perturbações ao
fornecimento regular de energia a outras unidades consumidoras, somente deve ser conectada à
rede elétrica após a prévia concordância da distribuidora, a qual deve providenciar, a expensas do
consumidor, as alterações no sistema. Tal medida visa manter o fornecimento adequado a todos
os consumidores da área.

2.1.2) AMPLA

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária

As ligações de aparelhos que ocasionem flutuações ou quaisquer outros distúrbios de


tensão ou corrente, distorção na forma de onda de tensão ou instalações que representam
condições diferente das usuais são tratadas como especiais. Nesta situação, o acessante deverá
apresentar informações detalhadas sobre estas cargas, as quais fazem parte do relatório de
impacto ao sistema elétrico e devem ser apresentadas juntamente com o Pedido de Fornecimento
de Energia Elétrica.

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Caso a utilização de cargas especiais venha a introduzir perturbações como flutuações,
oscilações e afundamento de tensão, sobretensão, excedentes de reativos, harmônicos, dentre
outras situações que impactam na qualidade do fornecimento à outras unidades consumidoras, a
Ampla exige do consumidor a adoção de medidas compatíveis com o funcionamento e as
características elétricas de sua(s) carga(s).
Nesse contexto, ressalta-se que a Ampla poderá exigir, mesmo após a conexão da unidade
consumidora, a adoção de medidas para a mitigação de distúrbios, caso seja constatado que a
instalação possui aparelhos ou cargas perturbadoras ao serviço regular de fornecimento de
energia elétrica.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária

Tal como para o caso do fornecimento em tensão primária, as ligações de aparelhos com as
características descritas anteriormente são tratadas como cargas especiais. Em tais situações,
exigências de adoção de medidas mitigatórias podem ser solicitadas pela distribuidora.

III. Geração Distribuída

A qualidade da energia fornecida pelos sistemas de geração distribuída às cargas locais e ao


sistema de distribuição da Ampla é regida por práticas e normas referentes aos valores para a
tensão, cintilação, frequência, distorção harmônica e fator de potência. O desvio dos padrões
estabelecidos por essas normas caracteriza uma condição anormal de operação, e os sistemas
devem ser capazes de identificar esse desvio e cessar o fornecimento de energia à rede da Ampla.
Todos os parâmetros de qualidade de energia (tensão, cintilação, frequência, distorção
harmônica e fator de potência) devem ser medidos na interface da rede/ponto de conexão
comum, exceto quando houver indicação de outro ponto, quando aplicável. No que se refere à
distorção harmônica, cada harmônica individual deve estar limitada aos valores apresentados na
Tabela 1. A distorção harmônica total de corrente deve ser inferior a 5 %, na potência nominal do
sistema de geração distribuída.

Tabela 1 – Limite de distorção harmônica de corrente


Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

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2.1.3) BANDEIRANTE

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária

No que tange a ligação de novos equipamentos, caso seja constatada, após a ligação da
unidade consumidora, que determinadas cargas ocasionam perturbações ao fornecimento regular
de energia elétrica, a distribuidora poderá exigir, a seu exclusivo critério, que as mesmas sejam
desligadas até a adequação do sistema de fornecimento, as expensas do cliente proprietário do
equipamento causador da perturbação.
A concessionária se reserva do direito de exigir, a qualquer tempo, a instalação de
equipamentos corretivos para quaisquer perturbações que se produzam no seu sistema, caso o
cliente venha a utilizar, a sua revelia, cargas susceptíveis de provocar distúrbios ou danos ao
sistema elétrico e/ou equipamentos de outros clientes. A Concessionária poderá ainda exigir o
ressarcimento de indenizações por danos acarretados a outros consumidores, provocados por uso
de cargas perturbadoras.
A empresa define apenas os dados técnicos a serem solicitados por cada equipamento
especial, mas não informa qualquer tipo de estudo específico.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária

Similarmente ao fornecimento em tensão primária, se após a ligação da unidade


consumidora for constatada que há algum tipo de carga ocasionando perturbações ao
fornecimento regular do sistema elétrico da Concessionária, esta pode exigir os mesmos
procedimentos supra postos. Para esses casos, pode ser exigida a instalação de equipamentos
corretivos e/ou pagamento das obras necessárias a serem executadas pela Concessionaria. Os
clientes cuja unidade consumidora esteja enquadrada nesta condição devem entrar em contato a
Agência de Atendimento da EDP Bandeirante, antes da execução de suas instalações para fornecer
detalhes e dados técnicos e receberem, caso necessário, a devida orientação.
Adicionalmente, de acordo com os critérios de acesso de cargas especiais definidos pela
Bandeirante, o acessante deverá realizar a análise fundamentada em indicadores de qualidade de
energia, fornecendo um Relatório de Impacto (RIBD), sendo analisados os fenômenos de flutuação
de tensão, distorção harmônica e desequilíbrio de tensão. Cabe aos agentes que se conectam, a
responsabilidade de realizar medições e estudos específicos relacionados ao desempenho de sua
instalação quanto a qualidade da energia elétrica. Para novos pontos, as medições devem ser
realizadas após a conexão da nova instalação considerando as condições sistêmicas no momento
de sua conexão.
O relatório de impacto quanto aos fenômenos de qualidade de energia elétrica citados
acima, devem ser elaborados de acordo com “Instruções para Realização de Estudos e Medições
de QEE relacionados aos Novos Acessos à Rede Básica” do ONS. Para avaliação dos estudos
associados a distorção harmônica, flutuação de tensão e desequilíbrio de tensão, a Bandeirante
segue as recomendações definidas pelo Módulo 8 do PRODIST.

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III. Geração Distribuída

Em relação a conexão de microgeradores ao sistema de distribuição em baixa tensão, a EDP


Bandeirante informa que as instalações no Ponto de Conexão não podem produzir perturbações
que infrinjam os limites individuais e globais de qualidade de fornecimento de energia elétrica
estabelecidos pela ANEEL ou legislação em vigor. Cabe à Acessada manter o nível de perturbação
no sistema de distribuição dentro dos limites globais. A acessada poderá desconectar a unidade
consumidora possuidora de microgeração de seu sistema elétrico nos casos em que:
 a qualidade da energia elétrica fornecida pelo acessante não obedecer aos padrões de
qualidade dispostos no Parecer de Acesso;
 quando a operação da microgeração representar perigo à vida e às instalações da acessada,
neste caso, sem aviso prévio.

Ressalta-se que a documentação para conexão de microgeradores ao sistema de


distribuição em baixa tensão descreve requisitos de qualidade associados à cintilação e distorção
de forma de onda. Para cintilação a EDP Bandeirante define que a operação do sistema de geração
distribuída não pode causar cintilação acima dos limites mencionados nas seções pertinentes da
IEC 61000-3-3 (para sistemas com corrente inferior a 16 A), IEC 61000-3-11 (para sistemas com
corrente superior a 16 A e inferior a 75 A) e IEC/TS 61000-3-5 (para sistemas com corrente
superior a 75 A). Para distorção de forma de onda, é conveniente que a energia injetada pelo
sistema de geração distribuída tenha baixos níveis de distorção harmônica de corrente, para
garantir que nenhum efeito adverso ocorra em outro equipamento conectado à rede. Níveis
aceitáveis de distorção harmônica de tensão e corrente dependem do tipo das características da
rede de distribuição, tipo de serviço, cargas conectadas e procedimentos adotados para a rede. A
distorção harmônica total de corrente deve ser inferior a 5 %, em relação à corrente fundamental
na potência nominal do inversor. Cada harmônica individual deve estar limitada aos valores
apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Limite de distorção harmônica de corrente


Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

Em relação a conexão de microgeradores ao sistema de distribuição em média tensão, a


EDP Bandeirante define que o acessante deve garantir, ao conectar suas instalações, que não
sejam violados os valores de referência no ponto de conexão estabelecidos abaixo:

 Distorções harmônicas:
 Vn<= 13,8 kV / 34,5 kV;
 D <= 8,0 % (Distorção Harmônica Total de Tensão);

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 D <= 10,0 % (Distorção Harmônica Total de Corrente).
 Desequilíbrio de tensão: nos termos estabelecidos no Módulo 8 - Qualidade da Energia
Elétrica.

2.1.4) CAUIÁ (REDE SUL/SUDESTE)

A CAIUÁ não possui procedimentos específicos nem diretrizes estabelecendo critérios para
o acesso de cargas perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede.

2.1.5) CEA

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária

No que se refere o fornecimento de energia elétrica em tensão primária, a CEA dispõe que a
corrente absorvida pelos equipamentos deve ser limitada a um valor que não provoque queda de
tensão e oscilações que perturbem os demais consumidores e outros equipamentos supridos pela
mesma fonte. Caberá a CEA analisar os impactos dos novos acessos na rede primária.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária

Quanto ao fornecimento de energia elétrica em tensão secundária, a CEA dispõe que se o


cliente utilizar na unidade consumidora, à revelia da CEA, carga susceptível de provocar distúrbios
ou danos no sistema elétrico de distribuição ou nas instalações e/ou equipamentos elétricos de
outras unidades consumidoras, é facultado à CEA exigir desse consumidor o cumprimento das
seguintes obrigações:
 Instalação de equipamentos corretivos na unidade consumidora, com prazos pactuados
e/ou o pagamento do valor das obras necessárias no sistema elétrico da CEA, destinadas a
correção dos efeitos desses distúrbios;
 Ressarcimento à CEA de indenizações por danos acarretados a outros consumidores, que,
comprovadamente, tenham decorrido do uso da carga provocadora das irregularidades.

III. Geração Distribuída

Para a conexão de microgeração distribuída na baixa tensão ou minigeração distribuída ao


sistema de distribuição de média tensão, a qualidade da energia fornecida pelos sistemas de
microgeração distribuída às cargas locais e à rede elétrica da Companhia de Eletricidade do
Amapá é regida por práticas e normas referentes à tensão, cintilação, frequência, distorção
harmônica e fator de potência.
O desvio dos padrões estabelecidos por essas normas caracteriza uma condição anormal de
operação, e os sistemas devem ser capazes de identificar esse desvio e cessar o fornecimento de
energia à rede da Companhia de Eletricidade do Amapá. Portanto, a conexão da microgeração
distribuída não poderá acarretar prejuízos ao desempenho e aos níveis de qualidade da Rede de
Distribuição ou de qualquer consumidor a ela conectado, conforme os critérios neste documento e
demais Resoluções da ANEEL. Todos os parâmetros de qualidade de energia (tensão, cintilação,
frequência, distorção harmônica e fator de potência) são referenciados à medição na interface da

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rede/ponto comum de conexão, exceto quando houver indicação de outro ponto. No que se refere
à distorção harmônica, cada harmônica individual deve estar limitada aos valores apresentados na
Tabela 3. A distorção harmônica total de corrente deve ser inferior a 5 %, na potência nominal do
sistema de geração distribuída.

Tabela 3 – Limite de distorção harmônica de corrente


Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

2.1.6) CEAL

A CEAL não possui procedimentos específicos nem diretrizes estabelecendo critérios de


conexão de cargas perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede. Todavia, quando se tratar de
acesso de geradores eólicos, a CEAL define que o acessante deve apresentar, juntamente com a
Solicitação de Acesso, os seguintes estudos:

 Avaliação dinâmica para analisar a influência no sistema das saídas da central geradora,
bem como a estabilidade da central geradora face às perturbações na rede;
 Estudos de ajustes das proteções intrínsecas das centrais geradoras, considerando os
compromissos de coordenação com as proteções sistêmicas;
 Estudos transitórios de energização de linhas, transformadores coletores das centrais
geradoras, quando julgados necessários;
 Avaliação dos níveis de flicker para operação em regime permanente;
 Avaliação das variações de tensão de curta duração devido às correntes de inrush;
 Estudos dos impactos sobre os indicadores de distorção harmônica.

2.1.7) CEB

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária

De acordo com a CEB, denomina-se carga potencialmente perturbadora, a carga instalada


na unidade consumidora que, em função de suas características de funcionamento, pode provocar
a inadequação do fornecimento de energia a outras unidades consumidoras. Com base nessa
definição, a CEB pode indicar a necessidade da instalação, sob responsabilidade do acessante, de
equipamentos de correção ou implementação de ações de mitigação. Caso seja necessário, será
providenciado, às expensas do consumidor, alterações no sistema elétrico, visando a manutenção
de condições adequadas para o fornecimento de energia a todos os consumidores. Deve ser
garantido que não sejam violados, no ponto de entrega, os valores de referência para os seguintes
parâmetros de qualidade da energia:
 Distorção harmônica;
 Desequilíbrio de tensão;
 Flutuação de tensão.

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Os limites recomendados pela CEB para os indicadores supracitados são os mesmos
indicados pelo Módulo 8 do PRODIST.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária

A CEB define limites de fornecimento para fornecimento de energia elétrica em tensão


secundária, de acordo com o tipo de fornecimento. Para a instalação de equipamentos especiais
deve haver consulta prévia à CEB.

III. Geração Distribuída

A qualidade da energia fornecida pelos sistemas de geração distribuída às cargas locais e à


rede elétrica da CEB é regida por práticas e normas referentes à tensão, cintilação, frequência,
distorção harmônica e fator de potência. O desvio dos padrões estabelecidos por essas normas
caracteriza uma condição anormal de operação, e os sistemas devem ser capazes de identificar
esse desvio e cessar o fornecimento de energia à rede da CEB-D. Todos os parâmetros de
qualidade de energia (tensão, cintilação, frequência, distorção harmônica e fator de potência)
devem ser medidos na interface da rede/ponto de conexão comum, exceto quando houver
indicação de outro ponto, quando aplicável.
A distorção harmônica total de corrente deve ser inferior a 5 %, em relação à corrente
fundamental na potência nominal do inversor. Cada harmônica individual deve estar limitada aos
valores apresentados na Tabela 4.
Tabela 4 – Limite de distorção harmônica de corrente
Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

2.1.8) CEEE-D

No que tange a conexão de nova carga, a CEEE-D solicita um Relatório de Impacto no


Sistema Elétrico – RISE. Este deve apresentar um estudo de qualidade da energia com as possíveis
perturbações, salientando-se os impactos sobre as distorções harmônicas e variação de tensão de
curta duração (VTCD) provocados pela nova instalação no Ponto de Conexão Comum (PAC).
Ressalta-se que o acessante deverá informar as reais características da nova carga e da
existente, caso já esteja conectado, ou da máquina, no caso de gerador de energia,
comprometendo-se com a veracidade das informações.
Para a realização da Solicitação de Acesso de Centrais Geradoras são necessários estudos
de avaliação dos impactos da nova conexão com relação à qualidade de energia. Para a conexão de
unidades geradoras de forma direta à rede da CEEE-D (sem utilização de conversores eletrônicos),
realiza-se avaliações para a identificação do impactos reduzidos sobre os indicadores qualidade
de energia.

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Após um período experimental de coleta de dados, a CEEE-D adotou, além das orientações
existentes no Módulo 8 do PRODIST, a avaliação de harmônicos de corrente produzidos pelo
acessante, de acordo com as premissas existentes no documento IEEE 519-1992. Assim, novos
acessos à rede de distribuição devem estar acompanhados do RISE (Relatório de Impacto no
Sistema Elétrico), o qual apresenta um estudo de qualidade da energia com as possíveis
perturbações, com destaque para os impactos sobre as distorções harmônicas. O RISE também
deve conter as propostas de soluções para que os níveis adotados como referências não sejam
violados.

2.1.9) CELESC

A CELESC estabelece procedimentos para disciplinar a conexão ou acréscimo de novas


cargas em unidade consumidora acessante da rede de distribuição em tensões de 1kV a 138kV.
Para tanto, a unidade acessante deve elaborar o Relatório de Ações de Correção e de Mitigação de
Perturbações Elétricas (RAMPE), o qual apresenta os equipamentos necessários à correção ou
proteção e às ações de mitigação para as cargas potencialmente perturbadoras (CPP). Tais ações
tem por objetivo garantir que os valores de referência para os indicadores de qualidade da energia
não sejam violados.
Adicionalmente a unidade consumidora acessante deve incluir na elaboração do RAMPE, as
ações de mitigação quando da operação de bancos de capacitores para correção de fator de
potência, ligados em tensão superior a 1kV, de forma a não provocar transitórios ou ressonâncias
que possam prejudicar o desempenho do sistema de distribuição.
A CELESC deve efetuar a primeira medição de grandezas e de perturbações elétricas no
ponto de conexão antes e depois da conexão da CPP, tendo em vista a identificação dos impactos
sobre a qualidade da energia. No que tange os valores de referência da qualidade da energia
elétrica estabelecidos no ponto de conexão da unidade consumidora acessante, deve-se verificar
os seguintes limites:

a) Distorção harmônica

A distorção harmônica total de tensão (DTT), em regime permanente, expressos em


percentagem da tensão fundamental, no ponto de conexão do acessante, tem como limites os
seguintes valores:

 DTT% de 10% para tensão nominal (Vn < 1kV);


 DTT% de 8% para tensão nominal (1kV < Vn < 13,8kV);
 DTT% de 6% para tensão nominal (13,8kV < Vn < 69kV);
 DTT% de 3% pata tensão nominal (69Kv < Vn < 230KV).

b) Flutuação de Tensão

15
Os indicadores de severidade de flutuação de tensão no ponto de conexão de energia
elétrica, ou seja, as faixas de classificação de PstD95% e de PltD95% em relação à tensão nominal
terá por base os seguintes valores:
 Pontos de conexão em Tensão Nominal (< 69 kV ):

o Nível de severidade classificada de adequada: PstD95% < 1,0p.u.


PltD95% < 0,8p.u.
o Nível de severidade classificada de precário: PstD95% de 1,0 até 2,0p.u.
PltD95% de 0,8 até 1,6p.u.
o Nível de severidade classificada de crítico: PstD95% > 2,0p.u.
PltD95% > 1,6p.u.

 Pontos de conexão em Tensão Nominal (> 69kV e < 230kV):

o Nível de severidade classificada de adequada: PstD95% < 0,8 p.u.


PltD95% < 0,6 p.u.
o Nível de severidade classificada de precário: PstD95% de 0,8 até 1,6p.u.
PltD95% de 0,6 até 1,3p.u.
o Nível de severidade classificada de crítico: PstD95% > 1,6p.u.
PltD95% > 1,3p.u.

c) Variação de Tensão de Curta Duração

A variação de tensão de curta duração no ponto de conexão da rede, definidos para


afundamentos de tensão, será adotado a curva SEMI (Semiconductor Equipament and Materials
International) Std. 2844ª Magnitude-Duration Scatter Plot, como curva de referência de
susceptibilidade a afundamentos de tensão, a qual se encontra ilustrada na Figura 1.

Figura 1 – Curva Amplitude-Duração (SEMI Std. 2844ª).

16
No que tange as informações contidas na Figura 1, esta oferece as seguintes diretrizes:

 Afundamentos severos à interrupção de até 20ms são admissíveis;


 Afundamentos até 0,5 p.u. de duração de 20 até 200ms são tolerados, assim como de 0,7
p.u. de duração de 200 até 500ms; afundamentos até 0,8 p.u. de duração de 500ms até 10
segundos são permitidos; e ainda, afundamentos até 0,9 p.u. a partir de 10 segundos de
duração são toleráveis.

d) Desequilíbrio de Tensão

O desequilíbrio de tensão associado a alterações dos padrões trifásicos do sistema de


distribuição, medidos para as tensões fase-fase, no ponto de conexão da rede, será limitado a 2%.

2.1.10) CELG

No que se refere o fornecimento de energia elétrica em tensões primárias, a CELG exige que
a unidade consumidora adeque suas instalações de forma a atender aos valores de referência para
os indicadores de qualidade da energia estabelecidos no Modulo 8 do PRODIST. Caso a unidade
consumidora possua cargas perturbadoras, as quais podem produzir situações associadas a
injeção de harmônicos, variação de frequência, desequilíbrio de tensão e/ou corrente, flutuação de
tensão, radio-interferência, distorção na forma de onda da tensão e/ou corrente, incluindo
qualquer combinação destes distúrbios, com valores que ultrapassem os índices estabelecidos, é
facultado à concessionária exigir do consumidor o cumprimento de uma das obrigações abaixo:

 Instalação de equipamento(s) corretivo(s) na unidade consumidora;


 Pagamento do valor das obras necessárias à eliminação dos efeitos desses distúrbios.

A CELG recomenda um forte atenção ao projeto de instalações elétrica, quando da presença


de componentes harmônicas. Nestes casos, deve-se considerar as cargas presentes na instalação e,
de acordo com aas orientações da ABNT NBR 5410, realizar o correto dimensionamento dos
condutores de neutro e proteção. Adicionalmente, bancos de capacitores devem ser alvo de
atenção especial, quando da conexão em redes previamente distorcidas.

2.1.11) CELPA

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Baixa Tensão

No que tange o fornecimento de energia elétrica em baixa tensão, devem ser elaborados
estudos para verificar a necessidade de reforço de rede e evitar possíveis perturbações, quando da
ligação de cargas perturbadoras.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Média Tensão

17
A CELPA poderá estabelecer a conexão na tensão primária de fornecimento, quando a
unidade consumidora tiver equipamento que, pelas suas características de funcionamento ou
potência, possa prejudicar a qualidade de fornecimento a outros consumidores.

2.1.12) CELPE

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária – Classe 15 kV

No que se refere o fornecimento de energia elétrica em tensão primária – Classe 15 kV,


deve-se realizar alteração da carga quando da ligação destas não constem do projeto liberado ou
com regime de partida ou funcionamento diferente daquele apresentado no projeto e que venham
a introduzir perturbações indesejáveis na rede, tais como flutuação de tensão, radio interferência,
harmônicos, etc., sendo o consumidor notificado para que providencie a necessária regularização.
Caso seja necessária, a adequação da rede, as alterações devidas são efetuadas às expensas do
consumidor.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária – Classe 69, 138 e 230 kV

Quanto ao fornecimento de energia elétrica em tensão das classes de 69, 138 e 230 kV,
durante os entendimentos iniciais de ligação do consumidor, dentre as informações solicitadas, o
consumidor deve informar a existência de cargas especiais, ou seja providenciar os equipamentos
que introduzem perturbações indesejáveis no sistema elétrico da CELPE e que são prejudiciais aos
demais e ao próprio consumidor. Tais cargas devem ser objeto de análise especial da CELPE. O
consumidor deve fornecer os dados técnicos e condições de operação, indispensáveis à citada
análise. Entre tais cargas incluem-se fornos a arco, grandes motores síncronos e de indução,
informando potência e tipo de partida, grandes unidades retificadoras e inversoras.

III. Conexão de Geração Distribuída

Para a conexão de microgeração em Baixa Tensão (BT) ou conexão de microgeração ou


minigeração em Média Tensão (MT), a qualidade da energia fornecida pelos sistemas de
microgeração às cargas locais e à rede elétrica da CELPE é regida por práticas e normas referentes
à tensão, cintilação, frequência, distorção harmônica e fator de potência. O desvio dos padrões
estabelecidos por essas normas caracteriza uma condição anormal de operação, e os sistemas
devem ser capazes de identificar esse desvio e cessar o fornecimento de energia à rede da CELPE.
Todos os parâmetros de qualidade de energia (tensão, cintilação, frequência, distorção harmônica
e fator de potência) devem ser medidos na interface da rede/ponto de conexão comum, exceto
quando houver indicação de outro ponto, quando aplicável. O acessante deve realizar a operação e
manutenção de suas instalações de forma a não interferir na qualidade de fornecimento.
A distorção harmônica total de corrente deve ser inferior a 5 %, na potência nominal do
sistema de microgeração. Cada harmônica individual deve estar limitada aos valores apresentados
na Tabela 5.
Tabela 5 – Limite de distorção harmônica de corrente
Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%

18
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

2.1.13) CELTINS

A CELTINS apresenta procedimentos de ligação apenas para cargas geradoras de


distorções harmônicas e cuja potência seja acima de 250 kW. Medidas corretivas por parte do
consumidor devem ser tomadas, para o caso de medições dos indicadores de qualidade
ultrapassarem os limites permissíveis.

2.1.14) CEMAR

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Baixa Tensão

No que tange o fornecimento de energia elétrica em baixa tensão, devem ser elaborados
estudos para verificar a necessidade de reforço de rede e evitar possíveis perturbações.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Média Tensão

No que tange fornecimento de energia elétrica em Média Tensão, as considerações


descritas pela CEMAR são as mesmas dispostas pela CELPA.

III. Fornecimento de Energia Elétrica em Alta Tensão

No que se refere o fornecimento de energia elétrica em Alta Tensão, a ligação de máquinas


elétricas, tais como motores síncronos e assíncronos (especialmente aqueles utilizados em
laminadores e elevadores de carga etc.), fornos a arco e equipamentos geradores de harmônicos,
cujo funcionamento em regime transitório possa causar perturbações no suprimento total de
energia elétrica a outros consumidores, estão sujeitos as seguintes condições:
 Motores elétricos
 A variação de tensão no ponto de entrega de energia, durante a partida de motores
elétricos fica limitada aos valores da Tabela 6;
 A utilização de chaves estrela-triangulo ou comutadora no acionamento de motores
de indução implica no ajuste do tempo de comutação, quando o motor atingir a
velocidade de 90% a 95% de sua velocidade de regime.

Tabela 6 – Variação de tensão no ponto de entrega de energia durante a partida de motores.


Variação de tensão admissível (%)
Número de Partidas
Por Dia Por Hora Por Minuto
2 4 6 8 10 12 14 2 4 6 8 2 4 6 8
4,91 4,87 4,85 4,83 4,81 4,79 4,77 4,60 4,45 4,35 4,26 3 2,57 2,32 2,14

 Fornos a Arco

19
 O Limite padrão de flutuação de tensão no ponto de entrega de energia dado pelo
método inglês (ERA) é de 0,25%;
 A apuração do valor do padrão de flutuação de tensão deve ser considerada quando
os três eletrodos do forno estão em curto-circuito e o transformador do forno está
ajustado no tap que permita o maior valor desta corrente;
 Quaisquer outros critérios adotados para a apuração do nível de “flicker” devem ser
submetidos previamente a CEMAR para análise.
 Equipamentos Geradores de Harmônicos
 Os limites aceitáveis para tensões harmônicas são aplicáveis a conexão de
consumidores com cargas que provocam distorções harmônicas em tensões ≥ 13,8
kV, bem como para equipamentos especiais das concessionárias. Na Tabela 7 são
representados valores de referência globais das distorções harmônicas totais.

Tabela 7 – Valores globais de referência das distorções harmônicas totais.


Tensão Nominal do Barramento (kV) Distorção Harmônica Total de Tensão (DTT) (%)
13,8 kV < VN ≤ 69 kV 6
69 kV < VN ≤ 230 kV 3

2.1.15) CEMAT

A CEMAT não possui documento próprio para regulamentar as condições de acesso ao


sistema elétrico. Dessa forma, a empresa utiliza o próprio Módulo 3 do PRODIST e também a
Resolução Normativa nº 506/2012 como procedimento para análises dessas solicitações. Quando
necessário, solicita-se estudos complementares para o cliente tais como estudos sobre distorções
harmônicas, Flicker e VTCD.

2.1.16) CEMIG

A CEMIG dispõe de informações apenas associadas à conexão de geração distribuída em


Baixa Tensão (BT). Nesse contexto, a qualidade da energia fornecida pelos sistemas de geração às
cargas locais e à rede elétrica da Cemig é regida por práticas e normas referentes à tensão,
cintilação, frequência, distorção harmônica e fator de potência. O desvio dos padrões
estabelecidos por essas normas caracteriza uma condição anormal de operação, e os sistemas
devem ser capazes de identificar esse desvio e cessar o fornecimento de energia à rede da Cemig
D. Todos os parâmetros de qualidade de energia (tensão, cintilação, frequência, distorção
harmônica e fator de potência) devem ser medidos na interface da rede/ponto de conexão
comum, exceto quando houver indicação de outro ponto, quando aplicável. A distorção harmônica
total de corrente deve ser inferior a 5 %, na potência nominal do sistema de microgeração. Cada
harmônica individual deve estar limitada aos valores apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 – Limite de distorção harmônica de corrente


Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%

20
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

2.1.17) CERON

A CERON apenas cita os casos especiais para fornecimento de energia elétrica em tensão
primária, definidos como sendo consumidores que possuem equipamento que poderão causar
oscilações de tensão inadmissíveis na rede de distribuição, sendo prejudiciais ao próprio
consumidor e/ou aos seus vizinhos. Esses casos exigem um tratamento específico, sendo
necessário o encaminhamento prévio do projeto para a CERON.

2.1.18) COCEL

A COCEL não possui norma específica que trate dos critérios para conexão de cargas
potencialmente perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede. A empresa ressalta que
dependendo do porte do consumidor e das cargas a serem conectadas, realiza-se um estudo
específico para cada conexão.

2.1.19) COELBA

Quanto ao fornecimento de energia elétrica em média tensão, a COELBA destaca que, para a
ligação de cargas perturbadoras, deve-se fornecer nas fases preliminares de solicitação do acesso
as características específicas dos equipamentos que podem causar perturbações.

2.1.20) COELCE

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária

No que se refere o fornecimento de energia elétrica em tensão secundária de distribuição, a


COELCE estabelece que as ligações de aparelhos que ocasionem flutuações bruscas de tensão, ou
quaisquer outros distúrbios de tensão ou corrente, sejam tratadas como especiais e serem alvo de
análises.
Caso se verifique que a instalação ocasiona perturbações, mesmo após sua conexão à rede
de distribuição, a COELCE pode exigir, a seu exclusivo critério, que as mesmas sejam desligadas
até a adequação do sistema de fornecimento, às expensas do consumidor.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Alta Tensão

No que se refere o fornecimento de energia elétrica em alta tensão (69 kV), a COELCE
estabelece que máquinas elétricas, tais como motores síncronos e assíncronos (especialmente
aqueles utilizados em laminadores e elevadores de carga etc.), fornos a arco e equipamentos
geradores de harmônicos, cujo funcionamento em regime transitório possa causar perturbações
no suprimento total de energia elétrica a outros consumidores, estão sujeitos as seguintes
condições:

21
a) Motores elétricos

Fica limitada aos valores da Tabela 9, a variação de tensão no ponto de conexão ou de


entrega de energia, durante a partida de motores elétricos.

Tabela 9 – Variação de tensão no ponto de entrega de energia durante a partida de motores.


Variação de tensão admissível (%)
Número de Partidas
Por Dia Por Hora Por Minuto
2 4 6 8 10 12 14 2 4 6 8 2 4 6 8
4,91 4,87 4,85 4,83 4,81 4,79 4,77 4,60 4,45 4,35 4,26 3 2,57 2,32 2,14

A utilização de chaves estrela-triângulo ou comutadora no acionamento de motores de


indução implicará no ajuste do tempo de comutação, quando o motor atingir a velocidade de 90%
a 95% de sua velocidade de regime.

b) Fornos a Arco

Limite padrão de flutuação de tensão no ponto de conexão ou de entrega de energia dado


pelo método inglês (ERA – “Electrical Research Association”) é de 0,25%. A apuração do valor do
padrão de flutuação de tensão deve ser considerada quando os três eletrodos do forno estão em
curto-circuito e o transformador do forno estiver ajustado no tap que permita o maior valor desta
corrente. Adicionalmente, quaisquer outros critérios adotados para a apuração do nível de
“flicker” devem ser submetidos previamente à COELCE para análise.

c) Equipamentos Geradores de Harmônicos

Os limites aceitáveis para tensões harmônicas são aplicáveis à conexão de consumidores


com cargas que provocam distorções harmônicas em SDAT e SDMT com tensões ≥ 13,8 kV, bem
como para equipamentos especiais da Coelce. Na Tabela 10 são representados valores de
referência globais das distorções harmônicas totais.

Tabela 10 – Valores globais de referência das distorções harmônicas totais.


Tensão Nominal do Barramento (kV) Distorção Harmônica Total de Tensão (DTT) (%)
13,8 kV < VN ≤ 69 kV 6
69 kV < VN ≤ 230 kV 3

Os limites por consumidor para as tensões harmônicas individuais e para a DTT são
indicados conforme Módulo 8 do PRODIST. Esses limites devem ser aplicados no ponto de entrega
ou de conexão. Adicionalmente, os consumidores devem assegurar que a operação de seus
equipamentos, quando existirem cargas não lineares, bem como outros efeitos dentro de suas
instalações, incluindo ressonâncias, não cause distorções harmônicas no ponto de entrega ou de
conexão acima dos limites individuais. A concessionária deve utilizar para as suas análises os
valores limites de distorção de corrente da Tabela 11.

Tabela 11 – Limite de distorção de corrente para sistema de distribuição.

22
Corrente de Distorção Harmônica Máxima em Percentual Harmônico Individual de Ordem Ímpar
ISC/II < 11 11 ≤ h ≤ 17 11 ≤ h ≤ 17 11 ≤ h ≤ 17 35 ≤ h TDH
< 20 4,0 2,0 1,5 0,6 0,3 5,0
20 < 50 7,0 3,5 2,5 1,0 0,5 8,0
50 < 100 10,0 4,5 4,0 1,5 0,7 12,0
100 < 1000 12,0 5,5 5,0 2,0 1,0 15,0
> 1000 15,0 7,0 6,0 2,05 1,4 20,0

Onde:
– ISC: é a corrente máxima de curto-circuito no ponto de conexão
– II: é a média da máxima corrente de demanda de carga no ponto de conexão
– TDH: é a taxa de distorção harmônica

Ressalta-se que os harmônicos pares são na ordem de 25% dos harmônicos ímpares.

III. Conexão de Geração Distribuída

No que se refere a conexão de conexão de micro e minigeração em unidades consumidoras


cativas que utilize fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração
qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, como microgeração ou minigeração, a COELCE
pode estabelecer a forma de conexão diferente do definido na Tabela 12 quando na unidade
consumidora houver equipamento que possa prejudicar a qualidade do fornecimento a outros
consumidores ou houver conveniência técnica e econômica ao sistema de distribuição, neste
último caso sendo necessário a anuência do consumidor.

Tabela 12 –Forma de Conexão.


Carga Instalada Tensão Nominal Sistema Elétrico
≤ 10 kW 220 V BT (Monofásico)
> 10 kW e ≤ 75 kW 380 V BT (Trifásico)
> 75 kW e ≤ 1 MW 13800 V MT

Os limites de distorção harmônica são aqueles definidos pela Tabela 13 e a distorção


harmônica total não deve ser superior a 5%.

Tabela 13 – Limite de distorção harmônica de corrente


Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

Por fim, ressalta-se que a COELCE pode interromper preventivamente, de imediato, o


acesso quando verificada a ocorrência de uso à revelia, pelo acessante, de equipamento ou carga
susceptível de provocar distúrbios ou danos no sistema de distribuição da COELCE ou nas
instalações de outros acessantes, bem como deficiência técnica ou de segurança de suas
instalações internas.

23
2.1.21) COOPERALIANCA

A COOPERALIANCA não possui procedimentos específicos, nem diretrizes que tratem de


critérios de conexão de cargas perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede.

2.1.22) COPEL

Para os atendimentos em tensões de 69 kV, 138 kV e 230 kV, a solicitação de acesso do


interessado deve conter a relação de cargas especiais que possam vir a causar oscilações de
tensão, desequilíbrios de corrente ou distorção na forma de onda de tensão. Tais informações são
utilizadas para os estudos de conexão e avaliação do impacto da nova conexão ao sistema elétrico,
realizados durante a elaboração do Parecer de Acesso. As análises levam em consideração os
critérios vigentes na regulamentação para a manutenção dos requisitos de qualidade da rede.
Para os atendimentos em redes de tensão de13,8 kV ou 34,5 kV, a relação de cargas
perturbadoras também deve ser fornecida, para o estudo da viabilidade técnica do atendimento,
para todas as solicitações de ligação e/ou aumento de carga acima de 100 kW. Ressalta-se que
nestes níveis de tensão as condições para o atendimento estão contidas na NTC 903100 da COPEL.
Por fim, quanto ao atendimento em baixa tensão, há apenas limitações de carga em relação
a alguns equipamentos conforme cada categoria de atendimento, sendo disponibilizadas na NTC
901100 da COPEL.

2.1.23) COSERN

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária

Para o fornecimento de energia elétrica em tensão primária de distribuição - 69 e 138kV,


estabelece-se que as cargas especiais devem ser objeto de análise da distribuidora. Dessa forma, o
consumidor deve fornecer os dados técnicos e condições de operação, dados estes indispensáveis
à avaliação do acesso. Entre tais cargas incluem-se fornos a arco, grandes motores síncronos e de
indução, grandes unidades retificadoras.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária

Para o fornecimento de energia elétrica em baixa tensão individual, estudos específicos


devem ser elaborados para verificar a necessidade de reforço de rede e evitar possíveis
perturbações.
A empresa informa ainda que não é permitida a ligação de motor trifásico com carga
superior a 30 CV em tensão secundária de distribuição.
A COSERN destaca que o fornecimento de energia elétrica deve ser suspenso após prévia
comunicação formal ao consumidor, por existência de equipamento que ocasione perturbações ao
sistema elétrico de distribuição.

III. Conexão de Geração Distribuída

De acordo com a COSERN a conexão de microgeração ou minigeração não poderá acarretar


prejuízos ao desempenho e aos níveis de qualidade dos serviços públicos de energia elétrica a
qualquer consumidor. Assim, a Cosern poderá interromper o acesso ao seu sistema quando
constatar interferências provocadas por equipamentos do acessante, prejudiciais ao
funcionamento do sistema elétrico da acessada ou dos equipamentos de outros consumidores.

24
As obras necessárias à instalação ou adequação do ponto de conexão são de
responsabilidade do acessante e sua execução somente deverá iniciar após liberação formal da
Cosern. Além disso, cabe à Cosern a execução das obras de reforma ou reforço em seu próprio
sistema de distribuição para viabilizar a conexão da microgeração ou minigeração.
A qualidade da energia fornecida pelos sistemas de geração distribuída às cargas locais e à
rede elétrica da Cosern é regida por práticas e normas referentes à tensão, cintilação, frequência,
distorção harmônica e fator de potência. O desvio dos padrões estabelecidos por essas normas
caracteriza uma condição anormal de operação, e os sistemas devem ser capazes de identificar
esse desvio e cessar o fornecimento de energia à rede da Cosern.
Todos os parâmetros de qualidade de energia (tensão, cintilação, frequência, distorção
harmônica e fator de potência) devem ser medidos na interface da rede/ponto de conexão
comum, exceto quando houver indicação de outro ponto, quando aplicável. Além disso, o
acessante deve realizar a operação e manutenção de suas instalações de forma a não interferir na
qualidade de fornecimento dos demais acessantes.
Dentre os itens de qualidade de energia, no que se refere a conexão de microgeradores ou
minigeradores, a empresa apresenta limites apenas para distorção harmônica de corrente, cujos
valores individuais são definidos de acordo com a Tabela 14. A distorção total não deve ser
superior a 5%.
Tabela 14 – Limite de distorção harmônica de corrente
Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

2.1.24) Grupo CPFL

A CPFL estabelece as diretrizes, critérios e procedimentos que deverão ser seguidos pelos
acessantes do sistema de subtransmissão e das redes primárias de distribuição quando da
existência de cargas potencialmente perturbadoras e que possam provocar violação dos limites de
qualidade de energia estabelecidos, individualmente ou pelas superposição dos efeitos
adicionados aos efeitos já existentes no Sistema Elétrico de Potência (SEP).
Essa norma técnica se aplica para:
 Acessantes do sistema elétrico da CPFL com tensões nominais de 69 kV, 88 kV ou 138 kV;
 Acessante com Forno a Arco de qualquer potência;
 Acessante com Geração Própria em regime permanente ou temporária;
 Acessante do sistema elétrico da CPFL com tensões nominais entre 11,9 kV até 34,5 kV e
com demanda contratada superior a 300 kW.

O acessante com carga potencialmente perturbadora (nova ligação ou acréscimo de carga),


deve consultar a CPFL para obter as informações técnicas que o subsidiem nos estudos de
viabilidade de sua conexão. Também deverá fornecer a relação das cargas existentes
discriminadas e relação detalhada das novas cargas com as suas especificações técnicas.
O acessante deve identificar o(s) ponto(s) de conexão de interesse e entregar as
informações técnicas a respeito das cargas (para ligações). Todos os acessantes com a demanda na

25
ponta ou fora de ponta contratada superior a 300 kW deverão entregar a relação de cargas
completa para análise preliminar, a fim de verificar se há necessidade de elaborar o Relatório de
Impacto no Sistema Elétrico (RISE). Ressalta-se que em função da relação entre a potência de
curto-circuito no Ponto de acoplamento Comum - PAC e a demanda máxima solicitada pelo cliente
e a taxa de perturbação das cargas não lineares, o cliente poderá ser informado que não haverá
necessidade de elaboração do RISE. Entretanto mesmo no caso do cliente não necessitar a
elaboração do RISE, deverá se comprometer com as medidas corretivas, se após a ligação
definitiva os limites de perturbações forem superados.
O acessante juntamente com a Solicitação de Acesso na conexão deverá elaborar às suas
expensas e apresentar à CPFL um Relatório de Impacto no Sistema Elétrico – RISE, demonstrando
quais serão os impactos causados no ponto de conexão pelas cargas previstas no processo
produtivo, qualquer que seja o regime operativo utilizado, bem como demonstrando quais serão
as medidas de compensação adotadas para prevenir o surgimento de perturbações, tais como
deformação da onda senoidal da tensão ou de corrente, e variação de tensão ou frequência fora
dos limites especificados, mesmo não acarretando desligamento forçado.
Os valores limites para os principais parâmetros e indicadores do sistema elétrico que
permitem avaliar os níveis de perturbação introduzidos por determinadas cargas e dispositivos
conectados, são indicados a seguir:

a) Cintilação

Os limites individuais adotados para os indicadores de severidade de cintilação no ponto de


conexão do acessante com o sistema elétrico da CPFL são os seguintes:

 PstD95% (valor do indicador Pst que foi superado em apenas 5 % dos registros obtidos no
período de 1 dia) deverá ser ≤ 0,8 pu/ FT;
 PltS95% (valor do indicador Plt que foi superado em apenas 5 % dos registros obtidos no
período de uma semana, 7 dias completos e consecutivos) deverá ser ≤ 0,6 pu/ FT. A
integralização semanal deverá ser em janelas de 2 horas não deslizantes. (total de 84
amostras).

Há, também, os limites globais superior e inferior adotados para os indicadores de


severidade de cintilação, os quais se aplicam às conexões da CPFL com a Rede Básica do Sistema
Elétrico Interligado. Para tanto, deve ser consultado o Item 8 (Flutuação de Tensão), do
Submódulo 2.2 dos Procedimentos de Rede do ONS.

b) Distorção Harmônica

Os padrões individuais de tensões harmônicas de ordens 2 a 50, bem como o padrão para a
distorção de tensão harmônica total (DTHT), são apresentados na Tabela 15. O valor de cada
indicador a ser comparado com o valor padrão será assim obtido por medição:

 Determina-se o valor que foi superado em apenas 5 % dos registros obtidos no período de
1 dia (24 horas), ao longo de 7 dias consecutivos;
 O valor do indicador corresponde ao maior dentre os 7 valores obtidos, anteriormente, em
base diária.

26
Tabela 15 – Limite de distorção harmônica, em % da fundamental
Consumidor com Conexão em Tensão Nominal ≥ 69 kV %
Distorção Total de Harmônicas de Tensão - DTHT 1,5
Distorção Harmônica Individual: Ímpares 3ª a 25ª 0,6
Distorção Harmônica Individual: Ímpares ≥ 27ª 0,4
Distorção Harmônica Individual: Todas Pares 0,3
Consumidor com Conexão em Tensão Nominal < 69 kV %
Distorção Total de Harmônicas de Tensão - DTHT 3,0
Distorção Harmônica Individual: Ímpares 3ª a 25ª 1,5
Distorção Harmônica Individual: Ímpares ≥ 27ª 0,7
Distorção Harmônica Individual: Todas Pares 0,6
Clientes com Conexão em Redes Dist. (de 11,4 kV a 34,5 kV) %
Distorção Total de Harmônicas de Tensão - DTHT 5,0
Distorção Harmônica Individual: Ímpares 4,0
Distorção Harmônica Individual: pares 2,0

A transgressão dos limites individuais especificados nas tabelas acima implicará na adoção
de medidas corretivas por parte do acessante.
No caso em que determinadas ordens de tensão harmônica e/ou a distorção harmônica
total variem de forma intermitente e repetitiva, os limites especificados podem ser transgredidos
em até o dobro, desde que a duração cumulativa acima dos limites contínuos estabelecidos não
ultrapasse 5% do período de monitoração. Os limites das Tabelas 11 não devem ser aplicados a
fenômenos que resultem em injeção de correntes harmônicas transitórias, como na energização
de transformadores.
Há, também, os limites globais para harmônicos de tensão, os quais se aplicam às conexões
da CPFL com a Rede Básica do Sistema Elétrico Interligado. Para tanto, deve ser consultado o Item
10 (Distorção Harmônica), do Submódulo 2.2 dos Procedimentos de Rede do ONS.
Embora individualmente os acessantes possam estar operando normalmente dentro dos
limites acima estabelecidos, o seu conjunto, numa dada parte do sistema elétrico da CPFL,
conectado a algum barramento da Rede Básica pode eventualmente provocar a transgressão dos
limites globais estabelecidos pelo Poder Concedente. Neste caso, o ONS poderá determinar
estudos para a implantação de ações mitigadoras e atribuição de responsabilidades.

c) Desequilíbrio de Tensão

O valor do fator de desequilíbrio de referência no PAC do cliente deve ser igual ou inferior a
1,5%. Esse valor serve para referência termos de QEE e que, regulatoriamente, será estabelecido
em resolução específica, após período experimental de coleta de dados.

2.1.25) DEMEI

A DEMEI não possui procedimentos específicos nem diretrizes que trate dos critérios de
conexão de cargas perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede.

2.1.26) DME-PC

O âmbito de aplicação se refere a unidades consumidoras atendidas pela DME Distribuição


S.A. com tensão de fornecimento na média tensão (cujo valor eficaz entre fases é superior a 1 kV e

27
inferior a 69 kV). Quando solicitado e/ou detectado pelo DMED quando da presença de cargas
potencialmente perturbadores ou sensíveis a distúrbios na rede será exigida a Análise de Impacto
no Sistema Elétrico (AISE) e também quando a unidade consumidora com projeto aprovado no
DMED e necessite instalar equipamentos potencialmente perturbadores ou sensíveis a distúrbios
na rede será exigida a AISE.
Se solicitado pelo DMED e/ou constatado no AISE que as cargas potencialmente
perturbadores ou sensíveis a distúrbios na rede ocasionam eventos nos quais excedam os limites
previstos no PRODIST modulo 8, seção 8.1 – Qualidade do Produto, deverá ser realizada
simulações com possíveis soluções de correção com resumo das necessidades de compensações,
filtros para componentes harmônicas, e outras medidas necessárias para adequar os níveis de
perturbações no ponto de entrega da unidade consumidora. Sendo que nestas simulações deverão
conter a situação atual e outra com as melhorias propostas.

2.1.27) EFLJC

Esta empresa estabelece as condições para fornecimento em tensão primária que abrange
as unidades consumidoras atendidas em tensão de distribuição superior a 1000 V. A empresa
destaca que a instalação elétrica da unidade consumidora que causar perturbação indesejável
(flutuação de tensão, etc.) à rede de distribuição da JOÃO CESA, será, a critério desta, passível de
correção pelo consumidor.

2.1.28) EFLUL

A empresa destaca que carga instalada até 75kW e/ou agrupamento de até 3 (três)
medições não há necessidade de apresentação de projeto elétrico, desde que atendidas condições
especiais e/ou não permitidas

2.1.29) ELETROACRE

A ELETROACRE não possui procedimentos específicos nem diretrizes que trate dos
critérios de conexão de cargas perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede.

2.1.30) ELETROCAR

A ELETROCAR não possui procedimentos específicos nem diretrizes que trate dos critérios
de conexão de cargas perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede.

2.1.31) ELETROPAULO

No que se refere o fornecimento de energia elétrica em tensão primária, a ELETROPAULO


define equipamentos especiais como aqueles que possam causar perturbação na rede de
distribuição. A ELETROPAULO, a seu critério, pode exigir informações complementares dos
equipamentos especiais, inclusive catálogos dos fabricantes e ensaios de perturbações, podendo
atender a carga perturbadora em tensão diferente da solicitada.

28
2.1.32) ELFSM

A ELFSM não possui procedimentos específicos nem diretrizes que trate dos critérios de
conexão de cargas perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede.

2.1.33) Grupo ENERGISA

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária

Quanto as diretrizes técnicas para o fornecimento de energia em tensão primária a partir


da rede aérea de distribuição e para instalações consumidoras com carga instalada acima de
75kW, até 2.500kW de demanda, as instalações consumidoras que introduzem na rede da
Concessionária perturbações indesejáveis (flutuação de tensão, rádio-interferência, etc.), serão, a
critério da Concessionária, passíveis de correção, a expensas do consumidor.
Ocorrendo a ligação de cargas que não constam do projeto aprovado pela Concessionária
ou com regime de partida e/ou funcionamento diferente daquele apresentado no projeto e que
venha a introduzir perturbações indesejáveis na rede, tais como flutuações de tensão, rádio
interferência, harmônicas, etc., a Concessionária notificará o consumidor para que providencie a
necessária regularização.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária

No que se referem aos critérios de conexão de cargas perturbadoras ou sensíveis a


distúrbio na rede, quando a carga instalada na unidade consumidora for igual ou inferior a 75 kW,
verifica-se que são analisados separadamente os casos de conexão de máquinas de solda e
motores. Além disso, para casos de ligações de aparelhos que ocasionem flutuações bruscas de
tensão, ou quaisquer outros distúrbios de tensão ou corrente, pode-se exigir a instalação de
equipamentos corretivos e/ou o pagamento para a realização das obras necessárias à correção
dos distúrbios, a serem executadas pela Concessionária. Ressalta-se que esses critérios também se
aplicam para o fornecimento de energia elétrica a edificações agrupadas ou de uso coletivo.

III. Conexão de Geração Distribuída

No que se refere aos critérios e procedimentos técnicos para a conexão de acessantes de


geração distribuída ao sistema de distribuição da ENERGISA, verifica-se que os parâmetros de
qualidade de energia (tensão, cintilação, frequência, distorção harmônica e fator de potência) são
acompanhados pela ENERGISA na interface da rede/ponto de conexão comum, exceto quando
houver indicação de outro ponto. Todavia, de forma similar às outras empresas que estabelecem
critérios para conexão de geração distribuída, a ENERGISA destaca apenas os limites associados à
distorção harmônica total e individual de corrente. Esses limites são os mesmos já discutidos
nesse relatório, ou seja, a distorção harmônica total de corrente deve ser inferior a 5 % e os
limites de distorção harmônica individual de corrente são aqueles destacados pela Tabela 16.

29
Tabela 16 – Limite de distorção harmônica de corrente
Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

2.1.34) ENERSUL

Os critérios para acesso de cargas perturbadoras definidos pela ENERSUL estão divididos
por níveis de tensão de atendimento.

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Baixa Tensão

No que se refere a baixa tensão, não há critérios específicos, sendo definidos apenas as
cargas não permitidas de acesso à rede.

II. Fornecimento de Energia Elétrica em Média Tensão

Quanto aos novos pedidos de ligação e/ou aumento de carga para fornecimento de energia
elétrica em média tensão, realiza-se o pedido de viabilidade de atendimento, o qual inclui
informações básicas do empreendimento e dados técnicos para subsidiar a realização dos estudos
de viabilidade pela distribuidora. Tais estudos são realizados pela distribuidora para análise da
demanda solicitada, utilizando um software de fluxo de potência para a verificação dos impactos
técnicos da nova carga ao sistema existente. As simulações também avaliam se a entrada da nova
carga no sistema indica possibilidade de violação nos critérios de qualidade de fornecimento de
energia conforme os limites estabelecidos pela ANEEL através dos Procedimentos de
Distribuição/PRODIST – Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica.
Caso o impacto da nova carga seja tal que provoque violação de algum dos valores de
referência estabelecidos pela ANEEL, são apresentadas ao cliente as necessidades de reforço do
sistema de distribuição decorrente do acréscimo de carga pleiteado. No caso de necessidade de
obras para adequação, são considerados os critérios de mínimo dimensionamento técnico
possível, menor custo global e proporcionalidade, conforme estabelecido na Resolução Normativa
ANEEL Nº 414/2010.
Mediante casos específicos a distribuidora poderá realizar estudos adicionais para garantir
a qualidade do fornecimento ao solicitante e demais cargas conectadas ao sistema de distribuição.

III. Conexão Geração Distribuída

A qualidade da energia fornecida pelos sistemas de micro e mini geração distribuída às


cargas locais e à rede elétrica da Enersul é regida por práticas e normas referentes à tensão,
cintilação, frequência, distorção harmônica e fator de potência. O desvio dos padrões
estabelecidos por essas normas caracteriza uma condição anormal de operação, e os sistemas
devem ser capazes de identificar esse desvio e cessar o fornecimento de energia à rede da Enersul.
Todos os parâmetros de qualidade de energia (tensão, cintilação, frequência, distorção harmônica
e fator de potência) devem ser medidos na interface da rede/ponto de conexão comum, exceto

30
quando houver indicação de outro ponto, quando aplicável. Os limites de distorção harmônica são
aqueles definidos pela Tabela 17 e a distorção harmônica total não deve ser superior a 5%.

Tabela 17 – Limite de distorção harmônica de corrente


Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

2.1.35) ESCELSA

A ESCELSA destaca que novos acessos ao sistema de distribuição são tratados através de
três vias: impactos sobre as distorções harmônicas, flutuações de tensão e desequilíbrio de tensão.

a) Critérios para Distorções Harmônicas

Para que a conexão de uma carga não linear seja aprovada, devem ser atendidos nos pontos
de entrega, os limites de tensão e de corrente por consumidor.

 Limites de Tensão

Conforme Tabelas 18 e 19 devem ser respeitados os limites de tensão globais e por


consumidor. Entende-se por limites globais os máximos valores que podem ser atingidos no
sistema considerando todas as fontes de perturbações em operação. Por limites por consumidor
entende-se como sendo os valores máximos admissíveis das perturbações introduzidas no
sistema por um único consumidor.

Tabela 18 – Limites globais de tensão expressos em porcentagem da tensão fundamental


Limite por nível de tensão
Baixa Média Alta
Indicador Critério Tensão Tensão Tensão
(V ≤ 1 kV) (1 < V < 69 (V ≥ 69 kV)
kV)
Distorção Harmônica Total de Tensão DHTV Diário 10,0 8,0 3,0
95%
h = 3, 5 e 7 Máximo Diário 8,0 5,0 2,0
h = 9, 11 e 4,0 2,0 1,0
Distorção Harmônica Individual de Ordem (h) Máximo Diário
13
ímpar
15 ≤ h ≥ 25 Máximo Diário 2,0 1,0 0,6
h ≥ 27 Máximo Diário 1,0 0,6 0,4
Distorção Harmônica Individual de Ordem (h) h = 2, 4 e 6 Máximo Diário 2,0 1,0 0,6
par h≥8 Máximo Diário 1,0 0,5 0,3

31
Tabela 19 – Limites de tensão por consumidores expressos em porcentagem da tensão fundamental
Limite por nível de tensão
Baixa Média Alta
Indicador Critério Tensão Tensão Tensão
(V ≤ 1 kV) (1 < V < 69 (V ≥ 69 kV)
kV)
Distorção Harmônica Total de Tensão DHTV Diário 3,0 3,0 1,5
95%
h = 3, 5 e 7 Máximo Diário 1,5 1,5 0,6
h = 9, 11 e 1,5 1,5 0,6
Distorção Harmônica Individual de Ordem (h) Máximo Diário
13
ímpar
15 ≤ h ≥ 25 Máximo Diário 1,5 0,8 0,3
h ≥ 27 Máximo Diário 0,7 0,3 0,2
Distorção Harmônica Individual de Ordem (h) h = 2, 4 e 6 Máximo Diário 0,6 0,6 0,3
par h≥8 Máximo Diário 0,6 0,3 0,1

 Limites de Corrente

Devem ser estabelecidos pela concessionária, com base em estudos de penetração de


harmônicos em sua rede, de forma a evitar que os limites de distorção de tensão por consumidor
sejam excedidos em quaisquer pontos do sistema. A avaliação do atendimento aos critérios pode
ser feita em dois estágios.
No primeiro leva-se em conta a potência dos equipamentos causadores de distorções em
relação à potência de curto-circuito no ponto de entrega, conforme a Tabela 20 a seguir.

Tabela 20 – Potência dos equipamentos (Pc) X potência de curto-circuito (Scc)


Tensão do sistema V < 69 kV V ≥ 69 kV
Pc/Scc 0,6 0,3

O segundo estágio é aplicado às cargas que superam as condições do estágio anterior. Neste
caso deve ser realizado um estudo de penetração de harmônicos a fim de verificar o atendimento
aos critérios.

b) Critérios para Flutuações de Tensão

Para flutuações de tensão com frequência inferior a 9 (nove) variações/hora, deve ser
respeitado o limite de variação de tensão de 5% da tensão nominal, independentemente da forma
da flutuação de tensão.
Os efeitos das variações aleatórias e repetitivas são avaliados pelos níveis de severidade de
curta duração (Pst) e de longa duração (Plt), globais e por consumidor, apresentados nas Tabelas
21 e 22.

Tabela 21 – Limites globais de severidade de “flicker”


Limite por nível de tensão
Indicador Critério
Baixa Tensão Média Tensão Alta Tensão
(V ≤ 1 kV) (1 < V < 69 kV) (V ≥ 69 kV)
PstD95% Diário 95% 1,2 1,2 1,4
Flutuação de Tensão
PltS95% Semanal 95% 1,0 1,0 1,2

32
Tabela 22 – Limites de severidade de “flicker” por consumidor
Indicador Baixa Tensão (V ≤ 1 kV) Média Tensão (1 < V < 69 kV) Alta Tensão (V ≥ 69 kV)
Pst 1,0 1,0 1,2
Plt 0,8 0,8 1,0

Ressalta-se que esses limites devem ser atendidos no ponto de entrega e devem ser
estimados por métodos analíticos simplificados ou por simulação analógica, conforme a
complexidade do caso.

c) Critérios para Desequilíbrios de Tensão

Estas perturbações são provocadas por cargas desequilibradas, tais como máquinas de
solda, fornos de indução monofásicos e ferrovias eletrificadas de grande porte. Os limites para o
fator de desequilíbrio de tensão (K - relação entre as componentes de sequência negativa e
positiva de tensão) são os seguintes:

 Limites globais: K ≤ 2%;


 Limites por consumidor: K ≤ 1,5%.
.1.36) HIDROPAN

Quando da solicitação de conexão de carga potencialmente perturbadora, a HIDROPAN


exige do consumidor o encaminhamento do Relatório de Impacto no Sistema Elétrico - RISE. O
relatório deve apresentar um estudo de qualidade de energia com as possíveis distorções que a
nova carga pode provocar no sistema adotando como referência a IEEE 519.

2.1.37) IENERGIA

A IENERGIA estabelece critérios apenas para a conexão de unidades consumidoras com


migrogeração ou minigeração distribuída ao sistema de distribuição em baixa tensão e em média
tensão. Nesse contexto, a conexão do acessante não poderá prejudicar o desempenho do sistema
elétrico ou comprometer a qualidade do fornecimento de energia aos consumidores (níveis de
tensão, forma de onda, cintilação, frequência – especificados no Módulo 8 do PRODIST). Os limites
de distorção harmônica estabelecidos seguem os mesmos aplicados por outras distribuidoras, e se
encontram dispostos na Tabela 23. A IENERGIA não destaca limites para os outros indicadores de
energia.
Tabela 23 – Limite de distorção harmônica de corrente
Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

33
2.1.38) LIGHT

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Baixa e Média Tensão

Para fornecimento de energia elétrica em baixa tensão (abaixo de 1,0 kV) e em média
tensão até 34,5 kV, a LIGHT exige, a qualquer tempo, dentro de prazo por ela estabelecido, a
instalação de equipamentos destinados a correção e resguardo do sistema de distribuição contra
flutuações, desequilíbrios e distorções harmônicas advindas de cargas especiais da instalação
particular, cabendo ao Consumidor a total responsabilidade pelo fornecimento, montagem e
custeio dos equipamentos de correção necessários. Para avaliação das perturbações e dos índices
de qualidade, devem ser observados os limites legais estabelecidos pelas regulamentações e
procedimentos da ANEEL.

II. Conexão Geração Distribuída

Quanto a conexão da geração distribuída ao sistema de distribuição da LIGHT SESA BT e


MT – até 34,5kV, a qualidade da energia fornecida pelos sistemas de geração distribuída às cargas
locais e à rede elétrica da Light SESA é regida por práticas e normas referentes à tensão, cintilação,
frequência, distorção harmônica e fator de potência. O desvio dos padrões estabelecidos por essas
normas caracteriza uma condição anormal de operação, e os sistemas devem ser capazes de
identificar esse desvio e cessar o fornecimento de energia à rede da Light SESA. Todos os
parâmetros de qualidade de energia (tensão, cintilação, frequência, distorção harmônica e fator de
potência) devem ser medidos na interface da rede/ponto comum de conexão, exceto quando
houver indicação de outro ponto, quando aplicável. Os limites de distorção harmônica
estabelecidos seguem os mesmos aplicados por outras distribuidoras, e se encontram dispostos
na Tabela 24. A IENERGIA não destaca limites para os outros indicadores de energia.

Tabela 24 – Limite de distorção harmônica de corrente


Harmônicas ímpares Limite de distorção
3ª a 9ª < 4,0%
11ª a 15ª < 2,0%
17ª a 21ª < 1,5%
23ª a 33ª < 0,6%
Harmônicas Pares Limite de distorção
2ª a 8ª < 1,0%
10ª a 32ª < 0,5%

2.1.39) MUX-ENERGIA

A MUX-ENERGIA não possui procedimentos específicos nem diretrizes que trate dos
critérios de conexão de cargas perturbadoras ou sensíveis a distúrbios na rede.

2.1.40) SULGIPE

I. Fornecimento de Energia Elétrica em Baixa Tensão

Para o fornecimento de energia elétrica em tensão secundária de distribuição (carga instala


igual ou inferior a 75W), toda instalação ou carga que possa ocasionar perturbações ao
fornecimento regular a outras unidades consumidoras será ligada somente após a prévia

34
concordância da SULGIPE, que providenciará, às expensas do consumidor, alterações no sistema
elétrico, visando manter o fornecimento adequado a todos os consumidores da área. Se após a
ligação da unidade consumidora, for constatada que determinadas cargas ocasionam
perturbações ao fornecimento regular do sistema elétrico da SULGIPE, esta pode exigir, a seu
exclusivo critério, que as mesmas sejam desligadas até a adequação do sistema de fornecimento, a
expensas do consumidor. Para a ligação de cargas especiais poderá ser exigida a instalação de
equipamentos corretivos e/ou pagamento das obras necessárias a serem executadas pela
SULGIPE. Os interessados cujas entradas consumidoras estejam enquadradas com este tipo de
carga, devem procurar a SULGIPE antes da execução de suas instalações para fornecer detalhes e
dados técnicos e receberem, caso necessário, a devida orientação.

II. Conexão de Geração Distribuída

O parecer de acesso da SULGIPE deve indicar, se aplicável, informações sobre


equipamentos ou cargas susceptíveis de provocar distúrbios ou danos no sistema de distribuição
acessado ou mas instalações de outros acessantes conectados.
Os estudos básicos e operacionais necessários à efetiva conexão da instalação da geração
distribuída ao sistema elétrico de distribuição, caso sejam necessários, deverão ser realizados pela
acessada, sem ônus para o acessante.
No documento de relacionamento operacional para microgeração distribuída, a SULGIPE
constata que a unidade consumidora possuidora de microgeração poderá ser desconectada do
sistema elétrico no caso em que a qualidade da energia elétrica fornecida não obedecer aos
padrões de qualidade dispostos no parecer de acesso.
No acordo operativo para minigeração distribuída, verifica-se que em caso de perturbação
nas instalações e/ou ponto de conexão, a investigação das causas e dos responsáveis será
realizada através do processo de análise de perturbação, em conformidade com as diretrizes e
procedimentos descritos nos Procedimentos de Distribuição, Módulo 4, Item 5, Seção 4.5 –
Coordenação Operacional, cujo objetivo é fornecer subsídios para a determinação das
responsabilidades quanto à origem, às causas e às consequências, e identificar as
responsabilidades dos agentes envolvidos nas perturbações em instalações do acessante ou da
distribuidora. Conforme Módulo 4 do PRODIST, no processo de análise devem ser identificadas as
anormalidades que tiveram influência na perturbação e dificultaram tanto a operação quanto a
recomposição do sistema afetado, desde o início da perturbação até a sua normalização. Além
disso, o comportamento do sistema elétrico deve ser analisado, verificando o desempenho diante
de perturbação e as previsões contidas nos estudos elétricos.

2.1.41) Síntese das orientações/critérios em prática pelas distribuidoras de energia


elétrica nacionais

A Tabela 25 destaca a relação das distribuidoras pesquisadas, para as quais foram obtidas,
através dos levantamentos feitos, indicativos sobre critérios para o acesso de cargas ou
consumidores potencialmente perturbadores ou sensíveis a distúrbios na rede. O quadro resumo
apresenta as empresas para as quais foram encontradas diretrizes sobre a matéria e também
algumas particularidades próprias aos documentos consultados. A Figura 2 apresenta um gráfico
que ilustra este quadro. O resultado destes estudos revela que grande parte das distribuidoras do
território nacional não dispõem de determinações específicas para nortear a matéria em foco.

35
Tabela 25 – Relação das distribuidoras do Brasil para as quais foram encontradas orientações ou critérios de
conexão de acessantes potencialmente perturbadores ou sensíveis a distúrbios na rede.

Ligação de cargas potencialmente Conexão de microgeradores ou


perturbadoras - CPP minigeradores - GD
Item Empresa
Estudos Estudos
Critérios/Orientações Critérios/Orientações
Específicos Específicos
1 AES-SUL •
2 AMPLA • •
3 BANDEIRANTE • •
CAIUÁ (REDE
4
SUL/SUDESTE)
5 CEA • •
6 CEAL • •
7 CEB • •
8 CEEE • • • •
9 CELESC • •
10 CELG •
11 CELPA •
12 CELPE • •
13 CELTINS •
14 CEMAR •
15 CEMAT

16 CEMIG •
17 CERON •
18 COCEL

19 COELBA •
20 COELCE • •
21 COOPERALIANÇA

22 COPEL •
23 COSERN • •
24 Grupo CPFL • • • •
25 DEMEI

26 DME-PC • •
27 EFLJC •
28 EFLUL •
29 ELETROACRE

30 ELETROCAR

31 ELETROPAULO •
32 ELFSM

33 Grupo ENERGISA • •
34 ENERSUL • •

36
35 ESCELSA •
36 HIDROPAN • •
37 IENERGIA •
38 LIGHT • •
39 MUX-ENERGIA

40 SULGIPE • •

Nota: CPP: Carga potencialmente perturbadora


GD: Geração distribuída
Figura 2 – Quantitativo associados com recomendações de acesso para distribuidoras nacionais.

Complementarmente, as Figuras 3(a) e (B) apresentam, respectivamente, gráficos


associados à conexão de cargas potencialmente perturbadoras e interligação de geração
distribuída. Nestas são indicados os quantitativos de distribuidoras e os correspondentes
indicadores de qualidade de energia que as mesmas contemplam em seus documentos.

Nota: CPP: Carga potencialmente perturbadora


GD: Geração distribuída
Figura 3 – Quantitativos de distribuidoras nacionais que possuem diretrizes para a avaliação do
acesso e indicadores de qualidade de energia considerados. (a) Carga potencialmente
perturbadora. (b) Geração distribuída.

37
2.2) Regulamentação para acessos estabelecidos pelos Procedimentos de Rede e de
Distribuição

2.2.1) Procedimentos de Rede

I. Acesso ao Sistema de Transmissão

O acesso ao sistema de transmissão brasileiro é regulamentado pelos documentos que


constituem o Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Transmissão dos Procedimentos de Rede. Este é
composto por 6 submódulos, os quais apresentam as instruções e procedimentos gerais que
devem ser realizados para a interligação de novas instalações. O seguintes pontos são
contemplados nestes documentos:

1. Submódulo 3.2 – Consulta de acesso: trata da descrição das etapas do processo de consulta
de acesso e do relacionamento entre o ONS, o agente de transmissão acessado e o
acessante envolvidos no processo.

2. Submódulo 3.3 – Solicitação de acesso: descreve as etapas do processo de solicitação de


acesso e o relacionamento entre o ONS, o agente de transmissão acessado e o acessante.
Ressalta-se que o acessante pode ser solicitado a realizar estudos específicos de acesso, os
quais tem os seguintes objetivos:
a. Avaliar o impacto da instalação do acessante na qualidade de energia elétrica – QEE
(fenômenos de distorção harmônica e flutuação de tensão), verificada no ponto de
conexão na rede básica ou no barramento de transformador de fronteira;
b. Avaliação do impacto da operação do acessante considerando os indicadores de
desempenho da rede básica;
c. Verificar o atendimento aos requisitos técnicos mínimos estabelecidos nos
Procedimentos de Rede;
d. Definição das características básicas dos equipamentos.

3. Submódulo 3.4 – Informações para a solicitação de acesso: trata do conjunto informações e


dados relativos às instalações do acessante que devem ser disponibilizadas ao ONS ou
agente de transmissão acessado.

4. Submódulo 3.5 – Inspeções e ensaios nas instalações de conexão: contém as diretrizes e


condições gerais para a realização de inspeções e ensaios após o comissionamento das
instalações de conexão. Tal processo visa, sobremaneira, o acompanhamento e verificação
dos indicadores de desempenho da rede básica, dentre os quais se destacam aqueles
referentes à Qualidade da Energia Elétrica.

5. Submódulo 3.6 – Requisitos técnicos mínimos para a conexão às instalações de


transmissão: estabelece os requisitos técnicos mínimos que as instalações acessantes
devem atender para efetuar a conexão ao sistema de transmissão.

II. Critérios para estudos

A definição de critérios para a realização de diversos tipos de estudos que envolvem o


acesso, ampliações ou reforços, planejamento e operação de instalações à rede básica é realizada
no Módulo 23 – Critérios para estudos dos Procedimentos de Rede. Este documento é composto

38
por 5 submódulos, os quais apresentam as diretrizes para estudos elétricos, energéticos,
hidrológicos e estratégicos envolvendo instalações do SIN.
Nesse contexto, destaca-se o submódulo 23.3 – Diretrizes e Critérios para estudos elétricos,
o qual detalha os requisitos a serem considerados para a avaliação das condições elétricas do
sistema de transmissão.
No que tange aos novos acessos à rede básica, os estudos básicos necessários são:

 Fluxo de potência: este se destina a avaliação dos níveis de tensão nos barramentos e os
carregamentos de linhas, transformadores e demais componentes, para uma determinada
configuração da rede elétrica e uma dada condição de carga e de geração. Assim, tendo em
visto os critérios estabelecidos no submódulo 23.3, os resultados do fluxo de potência
permitem a identificação dos impactos do novo acesso sobre o comportamento da rede
elétrica em regime permanente e de possíveis medidas mitigatórias que devem ser
adotadas pelo acessante;
 Qualidade da Energia Elétrica: o submódulo 23.3 apresenta as condições gerais para a
realização de estudos envolvendo os indicadores de distorções harmônicas, flutuações de
tensão e variações de tensão de curta duração.

Por fim, deve-se destacar que os novos acessos associados a ampliações ou reforços na
rede elétrica, outros estudos devem ser realizados, dentre os quais se destacam:

 Fluxo de potência ótimo;


 Curto circuito;
 Estabilidade Eletromecânica;
 Transitórios Eletromagnéticos;
 Segurança de tensão.

As ferramentas computacionais a serem utilizadas nos diferentes estudos são definidas no


Submódulo 18.2 – Relação dos sistemas e modelos computacionais.

2.2.2) PRODIST Módulo 3 – Acesso ao Sistema de Distribuição

O módulo 3 do PRODIST consiste num documento voltado para o estabelecimento das


condições de acesso ao sistema de distribuição, a partir da definição dos critérios técnicos e
operacionais, dos requisitos de projeto, das informações, dados e implementação de conexões. As
premissas estabelecidas neste procedimento são aplicadas a novos acessos, bem como às
instalações que solicitem alterações nas condições de fornecimento.
Nesse sentido, os Procedimento de Acesso definidos na versão atual do Módulo 3 do
PRODIST se apresentam na forma de por 4 (quatro) etapas básicas, as quais estão detalhadas a
seguir:
 Consulta de acesso: A consulta de acesso deve ser formulada pelo acessante à distribuidora
acessada com o objetivo de obter informações técnicas que subsidiem os estudos
pertinentes ao acesso;
 Informações de acesso: Esta etapa se caracteriza pela resposta formal e obrigatória da
distribuidora acessada à consulta de acesso e tem por objetivo o fornecimento das
informações sobre o acesso pretendido;

39
 Solicitação de acesso: A solicitação de acesso é o requerimento formulado pelo acessante e
destinado à distribuidora acessada e tem por objetivo iniciar o processo formal de conexão
à rede elétrica. Nesse sentido, devem ser encaminhados o contrato de concessão ou ato
autorizativo e o projeto das instalações elétricas do acessante para a avaliação das
condições de acesso. Além do mais, havendo necessidade, pode-se solicitar a elaboração de
estudos adicionais, tendo por vista complementar o processo de avaliação;
 Parecer de acesso: O parecer de acesso é o documento formal obrigatório apresentado pela
acessada, sem ônus para o acessante, onde são informadas as condições de acesso,
compreendendo a conexão e o uso, e os requisitos técnicos que permitam a conexão das
instalações do acessante, com os respectivos prazos,

A Tabela 26 apresenta as etapas que devem ser cumpridas, em função do tipo de acessante
e a Figura 3 exemplifica o fluxograma das atividades a serem realizadas.
Tabela 26 – Etapas dos procedimentos de acesso

Etapas a cumprir
Acessante
Consulta de Informações de Solicitação de Parecer de
acesso acesso acesso acesso
Consumidor especial Opcional Necessária
Consumidor livre Opcional Necessária
Central Geradora – Registro Opcional Necessária
Central Geradora –
Necessária Necessária
Autorização
Central Geradora – Concessão Definidos no edital de licitação
Outra distribuidora de
Necessária Necessária
energia
Agente
Necessária Necessária
importador/exportador

Figura 3 – Etapas obrigatórias para o acesso de centrais geradoras solicitantes de


autorização.

No que se refere aos critérios técnicos e operacionais mínimos estipulados para os


acessantes ao sistema de distribuição, o Módulo 3 do PRODIST especifica:

40
 Conexão de unidades consumidoras ao sistema de distribuição BT: O acessante deve
garantir, ao conectar suas instalações, que não sejam violados os valores de referência no
ponto de conexão estabelecidos em regulamentação específica para os indicadores de
distorções harmônicas, desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão e variações de tensão
de curta duração;
 Conexão de unidades de consumo ao sistema de distribuição de MT e AT: Esta categoria de
consumo é composta pelas unidades consumidoras de energia, distribuidoras e agentes
exportadores de energia. Tais instalações devem fornecer à acessada as informações
necessárias quanto às cargas próprias que possam introduzir perturbações no sistema de
distribuição acessado. Estas informações subsidiam a realização de estudos e análises para
avaliar o grau de perturbação, identificando os equipamentos de correção ou as ações de
mitigação. Tais ações devem ser implementadas pelo acessante, de forma a evitar o
comprometimento da segurança e a violação dos valores de referência da qualidade da
energia elétrica, definidos no Módulo 8 do PRODIST;
 Conexão de unidades de produção de energia ao sistema de distribuição: Esta categoria é
composta pelas centrais geradoras de energia e pelos agentes de importação de energia.
Dentre as condições gerais de acesso, os estudos básicos, de responsabilidade do acessante,
visam avaliar tanto no ponto de conexão como na sua área de influência no sistema elétrico
acessado relacionados a: nível de curto-circuito; capacidade de disjuntores, barramentos,
transformadores de instrumento e malhas de terra; sistema de proteção envolvido na
integração das instalações do acessante e revisão dos ajustes associados, observando-se
estudos de coordenação de proteção, quando aplicáveis; ajuste dos parâmetros dos
sistemas de controle de tensão e de frequência e, para conexões em alta tensão, dos sinais
estabilizadores. A instalação do acessante, conectada ao sistema de distribuição, deve
operar dentro dos limites estabelecidos no Módulo 8 do PRODIST.

2.3) Documentos complementares sobre o acesso de consumidores potencialmente


perturbadores e geração distribuída

2.3.1) Relatório 57/2008 - Critérios para estudos de medições de Qualidade da Energia


Elétrica

Muito embora o Submódulo 23.3 do Procedimentos de Rede apresente orientações quanto


à realização de estudos de acesso de novas instalações, o ONS disponibiliza o Relatório 57/2008
intitulado “Instruções para realização de estudos e medições de Qualidade da Energia
relacionados aos novos acessos à rede básica”. Tal documento tem por objetivo complementar e
detalhar as orientações do referido submódulo, de forma a buscar um melhor nivelamento quanto
às diretrizes propostas para estudos e medições relacionadas à qualidade da energia elétrica.
Nesse sentido, exploram-se aspectos relativos aos critérios e metodologias para determinar a
nova condição operacional da rede elétrica, no que tange aos indicadores de distorções
harmônicas e flutuações de tensão, em função da conexão de instalações que possuam
equipamentos não lineares.
As metodologias apresentadas no relatório 57/2008 são empregadas atualmente para a
realização dos estudos de acesso destinados a conexão de gerações distribuídas às redes elétricas,
com destaque para os aproveitamentos eólicos. Portanto, segundo o submódulo 3.6 dos
Procedimentos de Rede, a conexão de centrais de geração eólicas em instalações de transmissão e

41
redes de distribuição em tensão superior a 69 kV deve atender os limites individuais dos
indicadores de desempenho da rede básica.

2.3.2) IEC 61000-3-6 – Assessment of emission limits for the connection of distorting
installations to MV, HV and EHV power systems
As orientações contidas no documento IEC 61000-3-6 tem por objetivo apresentar
princípios que podem ser usados por órgãos regulamentadores para a determinação de requisitos
para a conexão de instalações perturbadoras, dentre as quais se incluem aquelas destinadas a
consumo e geração, em redes de média, alta e extra alta tensão. Para fins deste documento, uma
instalação perturbadora é caracterizada pela presença de equipamentos que produzem
componentes harmônicas e inter-harmônicas.
Nesse contexto, a metodologia proposta para fixar limites de emissão depende da potência
contratada do consumidor, da potência nominal do equipamento perturbador e das características
da rede elétrica. Tendo em vista tais critérios, o objetivo é limitar a injeção de correntes
harmônicas no ponto de conexão para valores que não resultariam em violações dos limites de
distorção harmônica de tensão.
O documento IEC 61000-3-6 propõe 3 estágios de avaliação de novas conexões:

 Estágio 01 – Avaliação simplificada das emissões: este mecanismo se destina à análise do


acesso de pequenas cargas na rede elétrica, as quais podem ser conectadas sem uma
avaliação detalhada de seu impacto sobre os indicadores de distorção harmônica. Nesse
sentido, a IEC 61000-3-6 propõe uma comparação das características da instalação
acessante com o nível de curto circuito no ponto de conexão.
 Estágio 02 – Limites de emissão relativos às características reais do sistema: Caso uma
instalação acessante não atenda aos critérios estabelecidos no estágio 1, as características
específicas dos equipamentos perturbadores devem ser avaliadas de forma conjunta com
as informações da rede elétrica. Nesse sentido, o documento IEC 61000-3-6 propõe duas
metodologias para a avaliação do novo acesso:
a. Avaliação simplificada: esta metodologia se destina a especificar limites para as
correntes harmônicas injetadas na rede elétrica pela carga acessante, tendo em vista
sua corrente nominal. Quando este critério é atendido, a distorção harmônica de
tensão não ultrapassará os valores operacionais propostos;
b. Avaliação genérica: esta metodologia é baseada na soma ponderada das tensões
harmônicas, as quais consideram as distorções preexistentes na rede elétrica e a
injeção de correntes harmônicas produzidas por diferentes cargas no sistema de
distribuição.

 Estágio 03 – Aceite condicional de elevados níveis de emissão: Sob determinadas


circunstâncias, a IEC 61000-3-6 sugere que uma instalação perturbadora, a qual ocasiona
impacto acima dos limites fixados, possa ser conectada ao sistema. Esta situação se
caracteriza por um caso especial de acesso e se baseia no fato de que os limites definidos a
avaliação dos impactos, e apresentados no estágio 02, são genéricos e determinados de
forma conservativa. Assim, é sugerido a realização de um acordo entre o acessante e o
operador do sistema para a integração da nova instalação à rede elétrica.

42
2.3.3) IEEE Std 519 – IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic
Control in Electrical Power Systems

Conforme apresentado no Relatório 01/08, o documento IEEE 519 apresenta condições


gerais para o projeto de instalações com cargas não lineares. Tal documento inclui uma seção com
critérios gerais destinados a avaliação dos impactos da conexão de novas fontes harmônicas na
rede elétrica. Tais critérios se sumarizam nas seguintes premissas:
 Simulações devem ser realizadas para identificar as distorções harmônicas esperadas e a
resposta da rede de conexão ao novo acesso. Assim, para a situação em que os níveis de
distorção harmônica apresentam patamares adequados, em relação aos valores limites
estabelecidos no documento, maiores investigações não se mostram necessárias. Caso
contrário, análises detalhadas devem ser realizadas, as quais devem estar associadas ao
desenvolvimento de uma solução mitigatória.
 Outro aspecto ressaltado pelo documento consiste no emprego de medições como uma
ferramenta complementar à avaliação do novo acesso. Dessa maneira, ela viabiliza a
identificação de distorções preexistentes no ponto de conexão, bem como auxilia a
caracterização das correntes harmônicas injetadas na rede elétrica.
 Por fim, o documento apresenta condições gerais para o desenvolvimento de soluções par a
mitigação harmônica, quando o novo acesso viola os limites operacionais.

2.3.4) IEEE Std 1547 – IEEE Standard for Interconnecting Distributed Resources with
Electric Power Systems
O IEEE 1547 se apresenta na forma de uma série de documentos publicados e
desenvolvidos pelos comitês de estudo desta associação visando, sobretudo, prover requisitos e
padrões para a conexão de gerações distribuídas na rede elétrica. Este documento contém uma
seção destinada a fornecer subsídios para a realização de estudos que visem a determinação dos
impactos advindos da conexão de gerações às redes elétricas.
Segundo o documento em pauta, um estudo para a identificação dos impactos no sistema
pode assumir diversas formas, variando de uma simples comparação da interação entre geração
distribuída e rede elétrica, através de informações operacionais genéricas, até uma avaliação
detalhada das condições de acesso, envolvendo os estudos tradicionais empregados em sistemas
de potência.
Nesse contexto, os estudos simplificados visam determinar as condições para as quais os
requisitos definidos no documento IEEE 1547 são atendidos. Estes estudos envolvem:
 Utilização de certificados dos equipamentos da instalação;
 Verificação da propensão em criar ilhamentos não detectados;
 Impactos sobre o sistema de proteção e qualidade da energia na rede elétrica;
 Avaliação das condições da rede de distribuição operar em sobrecarga.

Por outro lado, estudos detalhados são exercícios de engenharia que visam analisar
cuidadosamente o efeito potencial de uma unidade de geração distribuída no sistema elétrico. As
preocupações deste estudo são semelhantes aos do estudo simples. Todavia, considerando a
potência, o tipo ou a localização das novas gerações, são excluídas as possibilidade de validar o
acesso sem estudos criteriosos.
Dessa maneira, as análises podem incluir avaliações de fluxo de potência, curto-circuito,
queda de tensão e flicker, proteção e coordenação, aterramento, sobrecarga de equipamentos,

43
impactos na qualidade de energia, problemas de estabilidade, e outras questões relevantes para o
bom funcionamento do sistema. Além do mais, essa filosofia de análise permite a identificação de
medidas de mitigação para os problemas e a determinação de modificações para a rede elétrica.
Por fim, vale ressaltar que o documento IEEE 1547 apresenta orientações para a
elaboração de modelos a serem utilizados nos estudos, os quais devem estar em consonância com
os softwares adotados pelos órgãos regulamentadores.

2.3.5) IEC 61400-21 – Measurement and Assessment of Power Quality Characteristics of


Grid Connected Wind Turbines
O documento IEC 61400-21 se apresenta com o propósito de prover uma metodologia
uniforme para garantir a consistência e precisão na apresentação, testes e avaliação de
parâmetros que indiquem a qualidade da energia de uma unidade eólica individual conectada à
rede elétrica, independente da topologia empregada para o sistema de geração. Nesse contexto,
inclui-se:
 a definição e especificação das quantidades a serem determinadas para a caracterização da
qualidade da energia em unidades eólicas conectadas à rede elétrica;
 os procedimentos de medição para quantificar tais grandezas;
 os procedimentos para avaliação de conformidade com os requisitos de qualidade da
energia, incluindo uma estimativa dos indicadores quando os aerogeradores são
implantados em parques eólicos específicos, com possível operação em grupo.
A primeira versão deste texto foi elaborada em 2001, e foi posteriormente revista em 2008.
Este documento encontra-se destinado a fornecer diretrizes para a realização de testes de
unidades eólicas individuais com uma conexão trifásica com a rede elétrica, independente da
potência nominal e do local de instalação.
As grandezas a serem avaliadas, segundo os protocolos definidos no documento IEC
61400-21 e em outros referenciados neste documento, para a caracterização e avaliação da
qualidade da energia são:
 Curvas de potência ativa e reativa;
 Flutuação de tensão em operação contínua e em condições de manobra;
 Correntes harmônicas, correntes inter-harmônicas e correntes de alta frequência;
 Controle de potência ativa e reativa;
 Funcionamento dos esquemas de proteção e tempo de reconexão;
 Respostas a afundamentos de tensão.

Nesse contexto, destaca-se que a IEC 61400-21 apresenta as informações necessárias para
a identificação dos impactos associados à conexão de gerações eólicas à rede elétrica. De forma
específica, ela apresenta uma metodologia para estimar o efeitos combinado dos aerogeradores
sobre os indicadores de flutuação de tensão.

2.3.6) IEC 61000-3-7 - Electromagnetic compatibility (EMC) — Limits—Assessment of


emission limits for the connection of fluctuating installations to MV, HV and EHV power
systems

O principal objetivo da IEC 61000-3-7 é fornecer os procedimentos a serem aplicados como


base para determinar os requisitos para a conexão de instalações com potencial de causar
flutuação em redes de média, alta e extra-alta tensão. Para tanto, o ponto de avaliação (POE) de

44
flutuação de tensão é definido como sendo o ponto onde os níveis de emissão de flicker de uma
dada instalação do consumidor são avaliados de acordo com os limites de emissão, e o nível de
emissão de flicker é definido como sendo a magnitude de flicker originada no ponto de avaliação
devido à instalação sob análise.
Recomenda-se que os níveis de emissão sejam avaliados sob condições normais de
operação, com exceção à outra especificada. A avaliação dos níveis de flicker da instalação
perturbadora deve considerar a pior situação da condição normal de operação incluindo
contingências para as quais o sistema ou a instalação do consumidor sejam projetadas a operar.
Adicionalmente, para grandes instalações, comparadas ao tamanho do sistema, recomenda-se
avaliar os níveis de emissão para condições de operação eventuais. Entretanto, níveis maiores de
emissão podem ser permitidos sob tais situações.

45
3) Definições dos critérios de acesso à rede de distribuição

Diante do contexto apresentado anteriormente, fica evidenciado que o assunto em pauta se


apresenta com as mais distintas orientações/definições/exigências. Não obstante a isto,
reconhecem-se esforços nacionais e internacionais no sentido de se atingir meios para a
regulamentação dos procedimentos objetivando a conexão de consumidores contendo cargas com
características perturbadoras e também instalações que caracterizam a inserção de geração
distribuída na rede de distribuição.
Dentro de aspectos mais gerais, reconhece-se a necessidade do estabelecimento de
diretrizes, critérios e procedimentos que deverão ser seguidos pelos acessantes ao Sistema de
Distribuição de Baixa Tensão (SDBT), Média Tensão (SDMT) ou Alta Tensão (SDAT) quando da
existência de cargas potencialmente perturbadoras e gerações distribuídas que possam provocar
violação dos limites estabelecidos para a qualidade do produto, individualmente ou pelas
superposição dos efeitos adicionados aos efeitos já existentes no ponto de conexão. Esses
procedimentos, fundamentalmente, deverão primar por considerar questões como:

 Características das cargas e unidades de geração quanto a sua natureza e


potencialidade de interferências sobre os indicadores de qualidade do produto;
 Caso estas sejam consideradas passíveis de promover impactos sobre a rede ou
serem afetadas pela mesma, estudos deverão ser realizados visando obter
informações sobre tais interações;
 Dentre os fenômenos e avaliações a serem feitas, no contexto dos indicadores da
qualidade da energia, ressaltam-se: as variações de tensão, distorções harmônicas,
flutuações da tensão e desequilíbrios;
 Os resultados dos estudos de acesso supra mencionados deverão ser então
correlacionados com os indicadores de desempenho regulamentados e, caso
necessário, a utilização de meios para a adequação da operação deverão ser
providenciados com vistas ao atendimento aos padrões de qualidade estabelecidos;
 Em vista das dificuldades inerentes ao prévio conhecimento das condições
operativas na situação pré-inserção das cargas e gerações distribuídas, os trabalhos
aqui referidos deverão ser realizados a partir de uma condição inicial tal que a rede
de conexão se apresente sob situação ideal quanto aos indicadores supra
mencionados;
 Por fim, o processo da inserção deverá, após a entrada em operação dos novos
acessos, ser alvo de monitorações visando a constatação do cumprimento dos
termos estabelecidos.

A seguir são delineados os critérios e procedimentos de acesso ao SDBT, SDMT, SDAT.

3.1) Critérios de acesso ao SDBT

Inicialmente ressalta-se que as avaliações de novos acessos em BT não deverão ser objeto
de estudos nos termos tradicionalmente realizados e sintetizados em relatórios de impactos. De
fato, os objetivos aqui postos se revestem simplesmente do propósito de uma estimativa da
correlação destes novos consumidores com relação ao efeitos provocados sobre os níveis de
tensão de operação disponibilizados nos pontos de conexão. Portanto, não cabe aqui a
consideração de outros indicadores de desempenho que não os níveis de tensão.

46
Inicialmente, é importante destacar que, dentro do escopo e do reconhecimento da grande
variedade de cargas acessantes ao SDBT, aquelas consideradas para os propósitos em pauta
encontram-se atreladas com consumidores cuja natureza e potencialidade venham a ser
enquadradas dentro das duas categoriais abaixo identificadas:

 Cargas dinâmicas: São aquelas que encontram-se fundamentadas em princípios


operacionais capazes de provocar variações de tensão nos termos classicamente
reconhecidos na partida direta de motores e outros dispositivos com
comportamentos similares. Neste contexto, uma característica comum a estas cargas
está na rápida variação da corrente, iniciando com altos valores os quais são
atenuados em alguns segundos, via de regra, sob baixo fator de potência nos
momentos iniciais. A Figura 4 ilustra esta situação na forma de um diagrama unifilar
constituído por um alimentador suprindo uma carga P+jQ, a qual deve ser
considerada dinâmica ao longo do processo. Observando este aspecto, a figura
mencionada é indicativa de uma situação momentânea, definida pelo consumo
indicado.

Figura 4 – Circuito equivalente para cálculo da variação de tensão imposta pela inserção de
um consumo P+jQ.

Através da figura é possível observar que, sendo Rs e Xs os parâmetros equivalentes


do ramal de suprimento até o ponto de conexão e, sendo P e Q as potências ativa e
reativa da carga para o instante considerado, quer para a situação inicial de partida
ou de regime, pode-se estimar a variação da tensão, aplicando-se a equação (1).

Rs  P  X s  Q
V %  2 (1)
VN

Onde: Vn é a tensão nominal no lado BT.

No que tange aos valores de potência a serem empregados, estes devem se


apresentar consonantes com a operação da carga em questão. A exemplo disto, cita-
se que para o caso de motores de indução trifásicos, com partida direta, no instante
inicial de sua inserção, o valor da potência aparente a ser utilizada seria em torno de
5 a 8 vezes a potência nominal do motor, com um fator de potência da ordem de 0,3
a 0,4. Dentro desse contexto, para cargas predominantemente indutivas, a variação
de tensão acompanha apenas a variação da potência reativa. Nestas circunstancias, a
relação (1), pode ser reescrita, de forma mais simplificada, como indicado em (2):

47
Q
V %   100% (2)
S cc

A potência de curto-circuito no barramento de baixa tensão (Scc) pode ser calculada


através da expressão (3).

2
V
Scc  N (3)
XS

Posta a metodologia, as variações de tensão consideradas potencialmente


perturbadoras seriam aquelas capazes de provocar uma queda de tensão superior a
5%, valor este que tomando por base a tensão de operação pré-existentes no
barramento supridor. Caso o impacto da nova carga seja tal que provoque violação
do limite supracitado, a conexão não deve ser autorizada até a adoção de medida
mitigadora do fenômeno.

A título de ilustração do fenômeno e metodologia de cálculo, seja o caso da partida


direta de um motor de indução de 5 cv, indicado na Figura 5.

Figura 5 – Partida de motor de indução - cálculo da variação de tensão percentual.

Sendo o nível de curto-circuito no barramento de BT de 1 MVA, e admitindo-se uma


corrente de partida da ordem de 6 vezes a nominal para o motor indicado na figura
anterior, resta que a variação de tensão estimada na partida será:

48
Q 6  5  103
V %   100   100  3 [%]
Scc 1,0  106

Portanto, para o caso sob análise, não seria esperada uma violação do limite
proposto para a variação de tensão durante a partida direta do motor de indução.

 Cargas intermitentes: São aquelas que caracterizam, inerentemente ao seu processo


operativo, inserções súbitas e aleatórias de cargas P+jQ, as quais se apresentam em
dois estágios, ou nulo ou pleno. Este é, por exemplo, o caso de: máquinas de solda,
aparelhos de raio X, hemodinâmica, dentre outras. Similarmente às cargas
dinâmicas, a variação de tensão depende das potências ativa e reativa envolvidas no
processo, todavia, sem a caracterização do processo dinâmico típico de motores de
indução. Diante desse contexto, recomenda-se que, para o acesso destes
consumidores, sejam realizadas avaliações de impacto sobre os níveis das tensões
junto aos pontos de conexão tal que estas experimentem variações de tensão (ΔV%)
de até 3%. No que se refere a metodologia de cálculo, esta deve ser consonante com
as expressões já apresentadas anteriormente. Também, a similaridade com o
fenômeno supra referido, permite excluir a explicitação de um exemplo de cálculo
para o caso ora referido. Quanto ao critério de acesso, o impacto da nova carga
deverá ser tal que não ultrapasse o limite já mencionado de 3%, e, caso isto ocorra, a
conexão não deve ser autorizada até a adoção de medida mitigadora do fenômeno.

Novamente, os impactos associados aos fenômenos de distorção harmônica e


desequilíbrios são excluídos dos critérios mínimos exigidos, muito embora eventuais violações
dos limites estabelecidos possam ser alvo de medições e mitigações, com os correspondentes
custos atribuídos ao responsável pelos distúrbios.

3.2) Critérios e Procedimentos de acesso ao SDMT e SDAT

No que tange os procedimentos de acesso ao SDMT e SDAT, um dos balizadores


considerados mais adequados aos propósitos da matéria em pauta refere-se aos documentos IEC.
Estes, conjuntamente com outras orientações contidas neste relatório, apresentam
direcionamentos que permitem fundamentar metodologias para avaliar o acesso de novas
instalações as redes elétricas. De um modo geral, todas apontam para a necessidade de elaboração
de estudos de acesso, materializados num relatório comumente designado por Relatório de
Impacto no Sistema Elétrico (RISE).
Em síntese, o processo a ser estabelecido se apresenta consonante com as etapas
constantes no fluxograma representado pela figura 6. Nesta observa-se que a última etapa,
associada com a celebração do contrato de fornecimento, é feita com base nos resultados dos
estudos feitos. Todavia, uma vez realizada a conexão do acessante, eventuais violações dos limites
dos indicadores de qualidade preconizados deverão, obrigatoriamente, ser alvo de identificação
de suas origens e as medidas corretivas que se seguirão serão condizentes com as
responsabilidades identificadas.

49
Figura 6 –Etapas compreendidas entre a solicitação do acesso até a celebração do contrato
de fornecimento

3.2.1) Critérios para a exigência de estudos acessos

Os estudos de impacto deverão ser realizados em concordância com a análise e


determinação da distribuidora (conforme regulamentação vigente no Brasil), considerando os
aspectos físicos associados com as cargas potencialmente perturbadoras ou unidades geradoras.

50
3.2.2) Conteúdo do Relatório RISE

Os indicadores de desempenho da rede elétrica a serem contemplados nos estudos de


impacto, nos termos aqui referidos, ou seja, qualidade do produto, estes deverão ser compostos
por:
 Distorções Harmônicas de Tensão;
 Flutuações de tensão.

No que tange aos fundamentos que nortearam a definição pelos indicadores acima, os quais
excluem os fenômenos atrelados com VTCDs e desequilíbrios, ressalta-se o reconhecimento do
fato que as variações de tensão ora referidas não são factíveis de uma modelagem e previsão de
forma sustentada, uma vez que estas se apresentam como anomalias operacionais e não fazem
parte do escopo operativo das cargas em foco. Complementarmente, a questão dos desequilíbrios
também não contemplada, se apoia no fato que os consumidores em MT se apresentam com
características trifásicas e a distribuição de suas cargas individuais buscam, sobretudo, o
equilíbrio entre as fases. Por tal motivo, considera-se que a existência de critérios de acesso não se
apresentam com meios sustentáveis para determinação destes indicadores, os quais, à princípio,
se apresentam oriundos da rede de suprimento. Não obstante a tais considerações, ao se
constatar, via medições, eventuais violações dos limites estabelecidos, medidas mitigadores
devem ser implementadas e seus custos compartilhados entre os responsáveis pelos distúrbios.

3.2.3) Procedimentos para a avaliação das distorções harmônicas e limites

Considerando que o objetivo do estudo de desempenho harmônico restringe-se a avaliar o


impacto da nova instalação no ponto de conexão com a rede elétrica, o método de análise a ser
utilizado deve se apresentar consonante com os princípios estabelecidos no circuito equivalente
da figura 7. Nesse sentido, a forma de avaliação da condição operacional se baseia na
determinação de “equivalentes Norton” da rede interna do agente acessante vistos do ponto de
conexão (instalação desconectada da rede básica), para cada harmônica significativa,
considerando as condições operativas possíveis desta instalação. Alternativamente, através de
aplicativos computacionais que permitam a modelagem do arranjo no domínio do tempo, estes
poderão ser utilizados.

51
Ponto de
Conexão

Żih
Ih Żω
Ẏih

(a) Domínio da frequência


Ponto de
Conexão

Modelagem da
Modelagem
Rede Interna do
I(t) Acessante da Rede Elétrica

(b) Domínio do tempo

Figura 7 - Circuito equivalente utilizado para a avaliação as distorções harmônicas

Nesse sentido, o valor da tensão harmônica no ponto de conexão, para cada ordem
harmônica, é conceitualmente obtido através de (4).

𝐼ℎ
𝑉ℎ,𝑚𝑎𝑥 = (4)
𝑌ℎ,𝑚𝑖𝑛

Onde: 𝑉ℎ,𝑚𝑎𝑥 é a tensão harmônica máxima; 𝐼ℎ é a corrente harmônica de ordem h; 𝑌ℎ,𝑚𝑖𝑛 é


valor mínimo da admitância resultante entre a rede interna e externa.

52
Para fins da verificação da adequação do novo acesso, os valores das distorções de tensão,
individuais e totais, deverão ser contrapostos com aqueles constantes na Tabela 27. Esta se
apresenta com um fator de redução para os limites apresentados entre 50 a 70% daqueles
definidos no Relatório 04, visto que o assunto em questão refere-se a uma premissa em que a rede
de conexão se apresentava sob condições senoidais na situação pré-inserção do acessante. Os
maiores redutores se apresentam aplicados aos menores níveis de distorção previstos.

Tabela 27 – Proposta para os limites das distorções harmônicas – Acesso


Tensão nominal do ponto de conexão
Indicador
1,0 kV < Vn < 69,0 kV Vn ≥ 69,0 kV
DTT95% 3,0% 2,0%
DTTp95% 1,0% 0,5%
DTTI95% 2,5% 2,0%
DTT395% 2,0% 1,5%

3.2.4) Procedimentos para a avaliação das flutuações de tensão e limites

Novamente, considerando que o objetivo do estudo de desempenho quanto as flutuações


de tensão são restritas a avaliação do impacto da nova instalação no ponto de conexão com a rede
elétrica é proposta, na sequência, uma metodologia simplificada para a obtenção dos indicadores
de flicker. Esta, como se constata, se baseia na curva de Pst unitário para média e alta tensão,
Figura 8, a qual é adotada para a predição de flicker a partir do conhecimento da variação relativa
de tensão da carga, (d=ΔV/V%).

Figura 8 – Curva de Pst unitário para aplicações em MT e AT.

53
A curva de Pst unitário é baseada em variações do tipo degrau, periódicas e repetitivas
(onda quadrada). Desta, determina-se o valor da variação de tensão relativa, d, que está associada
ao valor de Pst igual a 1,0 p.u., para uma dada frequência de modulação da onda quadrada. Como a
resposta do flickermeter é linear, uma variação de tensão igual a 2d, por exemplo, produzirá um
Pst de 2,0 p.u, para uma mesma frequência de análise.
A amplitude da variação relativa de tensão dependerá da característica da carga, podendo
ser calculada conforme (1) ou (2), indicado no item 3.1. A frequência da intermitência da carga,
em número de variações por minuto, deve ser estimada com base nas características operativas da
mesma. Este procedimento conduz a um único ponto representado pela variação relativa de
tensão e pela frequência de intermitência da carga, devendo o mesmo ser comparado às curvas
indicadas na Figura 8, cujos valores constituintes, para mais clareza, são indicados na Tabela 28.

Tabela 28 – Valores constituintes da curva limite para variações relativas de tensão.


Tensão Nominal do Ponto de Conexão Tensão Nominal do Ponto de Conexão
Variações/ Variações/
1,0 kV < Vn < 69,0 kV Vn ≥ 69,0 kV 1,0 kV < Vn < 69,0 kV Vn ≥ 69,0 kV
minuto minuto
ΔV/V% ΔV/V% ΔV/V% ΔV/V%
0,1 7,400 9,620 176 0,640 0,832
0,2 4,580 5,954 273 0,560 0,728
0,4 3,540 4,602 375 0,500 0,650
0,6 3,200 4,160 480 0,480 0,624
1 2,724 3,541 585 0,480 0,546
2 2,21 2,874 682 0,420 0,481
3 1,950 2,535 796 0,370 0,416
5 1,640 2,132 1020 0,320 0,364
7 1,459 1,897 1055 0,280 0,364
10 1,290 1,677 1200 0,290 0,377
22 1,020 1,326 1390 0,340 0,442
39 0,906 1,178 1620 0,402 0,523
48 0,870 1,131 2400 0,770 1,001
68 0,810 1,053 2875 1,040 1,352
110 0,725 0,943 - - -

4) Quadro comparativo dos objetivos do Produto 6 constantes no contrato e


do cumprimento das atividades contempladas neste relatório

A Tabela 29 relaciona os tópicos solicitados para o produto 4 no contrato ANEEL-FAU no


179/2013 com o conteúdo deste documento.

Tabela 29 - Quadro comparativo entre atividades solicitadas e executadas.


Identificação das seções que
Descrição das atividades requeridas
contemplam as atividades

6.1.1) análise das normas e procedimentos adotados pelas Seção 2


distribuidoras;

54
6.1.2) Proposição de disposições gerais a serem
observadas nas normas das distribuidoras para
uniformizar os requisitos exigidos para a conexão e as
Seção 3
informações necessárias para os estudos de viabilidade
dessas conexões.

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5) Referências bibliográficas

[1] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de Distribuição. 2008.


[2] Procedimentos de Rede, Submódulo 3.2 – Consulta de acesso, Operador Nacional do
Sistema (ONS), Junho 2010.
[3] Procedimentos de Rede, Submódulo 3.3 – Solicitação de acesso, Operador Nacional do
Sistema (ONS), Junho 2010.
[4] Procedimentos de Rede, Submódulo 3.4 – Informações para a solicitação de acesso,
Operador Nacional do Sistema (ONS), Junho 2010.
[5] Procedimentos de Rede, Submódulo 3.5 – Inspeções e ensaios nas instalações de
conexão, Operador Nacional do Sistema (ONS), Junho 2010.
[6] Procedimentos de Rede, Submódulo 3.6 - Requisitos técnicos mínimos para a conexão
às instalações de transmissão, Operador Nacional do Sistema (ONS), Setembro 2010.
[7] Procedimentos de Rede, Submódulo 23.3 – Diretrizes e critérios para estudos elétricos,
Operador Nacional do Sistema (ONS), Novembro 2011.
[8] Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST),
Módulo 3: Acesso ao Sistema de Distribuição, Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL), Fevereiro 2012.
[9] Relatório 57/2008 – Instruções para realização de estudos e medições de QEE
relacionados aos novos acessos à rede básica, Operador Nacional do Sistema (ONS),
Setembro 2010.
[10] IEC Std 61000-3-6, Electromagnetic compatibility (EMC) - Part 3-6: Limits - Assessment
of emission limits for the connection of distorting installations to MV, HV and EHV
power systems, 2008.
[11] IEEE Std. 519, IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control
in Electrical Power Systems, 1992.
[12] IEEE Std 1547, .IEEE Standard for Interconnecting Distributed Resources with
Electrical Power System, 2009.
[13] IEC Std 61400-21, Wind turbines – Part 21: Measurement and assessment of power
quality characteristics of grid connected wind turbines, 2008.
[14] IEC Std 61000-3-7, Electromagnetic compatibility (EMC) - Part 3-7: Limits - Assessment
of emission limits for the connection of fluctuating installations to MV, HV and EHV
power systems, 2008.

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Equipe técnica responsável:
Prof. José Carlos de Oliveira - UFU
Prof. José Rubens Macedo Jr. - UFU
Prof. Antônio Carlos Delaiba - UFU

Colaboradores:
Prof. José Wilson Rezende - UFU
Prof. Isaque Nogueira Gondim - UFU
Arnaldo José P. Rosentino Jr. - UFU
Alex Reis - UFU

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