Há dois mil anos, Plutarco dizia que os atos mais destacados de uma
pessoa não revelam nem sua bondade, nem sua maldade. Podemos saber quem
é uma pessoa por seus feitos mais públicos e notáveis? O que define uma pessoa:
o que ela diz, o que esconde ou o que faz? Um perfil é um gênero jornalístico que
tenta explicar alguém a partir destas três perguntas. Em sua forma mais
Um perfil tenta dar lógica a uma vida extraordinária: tenta ser um relato
mais ou menos completo da vida e do caráter de uma pessoa, mas também pode
exemplo: o perfil de uma pacata mãe de família que em poucos dias se transforma
subcultura à qual ela pertence (e todos os preconceitos e mitologias por trás dela).
de amar. Nesse caso, esta história não trataria tanto de narrar o estilo de vida dos
deve não só definir uma pessoa no singular, como também universalizá-la dentro
de sua comunidade. Em consequência, este gênero alcança mais leitores ao
comunica o que sabe e o que ignora. E há casos como o de Janet Malcolm, que
evita dar ao leitor a ilusão de que está lendo algo objetivo e prefere evidenciar
sua posição. Nesse sentido, não há gênero no jornalismo mais subjetivo que o
perfil. Os leitores, é claro, sempre esperam que o autor seja responsável pela
completo e, ao mesmo tempo, o mais falível. "Os grandes artistas nunca são iguais
dois dias seguidos. Melhor assim, pois a irregularidade costuma ser um dos
pessoa. 2. Ensaiar ideias sobre ela e sua comunidade. 3. Narrar e condensar sua
crueldade. O tempo todo enfrenta decisões éticas: o que contar e o que calar sobre
autoridade possível. Sem ela, um perfil pode acabar sendo uma cortesia, um
da história para conseguir um grande perfil (como nos casos de "Frank Sinatra
sentido, o perfil por excelência é o obituário, este retrato entre o epitáfio e a lápide
de pessoas.
exemplar que encanta mesmo quem não tem o hábito de ler, pelo simples fato de
que precisamos de modelos para viver. Sem se propor a isso, um perfil acaba