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INTRODUÇÃO

A educação e o ensino fazem parte do contexto social e, como esse contexto é


dinâmico, a educação e o ensino também o são. Por isso, o professor precisa estar sempre
se atualizando. Mas mudar um comportamento não é fácil, principalmente quando a pessoa
já tem hábitos arraigados. Toda mudança de comportamento gera insegurança. Por isso,
essas "inovações" pedagógicas criam inquietações e até mesmo confusão na mente dos
professores, sobretudo daqueles que gostam de realizar seu trabalho com eficácia.
É costumeiro as vezes ouvir alunos dizer que gostam de um certo professor talvez
por ele emprega ótimos métodos e técnicas de ensino. Outros dizem que com certa
professora ou professor aprende mais facilmente. Provavelmente, o que os alunos estão
querendo dizer é que esses professores têm um modo acertado de dar aula, que ensinam
bem, que com eles, de fato, aprendem. Tendo em conta este aspecto, levanta-se a seguinte
questão: O que é ter didática? A didática pode ajudar os alunos a melhorar seu
aproveitamento escolar? O que um professor precisa conhecer de didática para que possa
levar bem o seu trabalho em sala de aula? Considerando as mudanças que estão ocorrendo
nas formas de aprender e ensinar, principalmente pela forte influência dos meios de
informação e comunicação, o que mudar na prática dos professores?
Neste trabalho em grupo vamos procurar dar respostas as perguntas levantadas no
parágrafo anterior. Sendo este tema muito complexo em termos de conteúdo vamos
destacar o que há de mais importante. Desde o conceito da didática, os seus elementos, a
suas histórias e os grandes estudiosos na matéria. Mas vamos começar por ver o campo em
que é aplicado a didática, que é na educação e no ensino.

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1. CONCEITO DE DIDATICA

O vocábulo “Didática” surgiu do grego Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que se


traduz por “arte” ou “técnica de ensinar”. A Didática é a parte da Pedagogia que utiliza
estratégias de ensino destinadas a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica, do
ensino e da aprendizagem. A Didática, para desempenhar papel significativo na formação
do educador, não poderá reduzir-se somente ao ensino de técnicas pelas quais se deseja
desenvolver um processo de ensino-aprendizagem.
A Pedagogia é o estudo sistemático da educação. É a reflexão sobre as doutrinas e
os sistemas de educação. A Didática é uma secção ou ramo específico da Pedagogia e se
refere aos conteúdo do ensino e aos processos próprios para a construção do conhecimento.
Enquanto a Pedagogia pode ser conceituada como a ciência e a arte da educação, a
Didática é definida como a ciência e a arte do ensino. Mauro Laeng diz que "a pesquisa
didática deve adaptar os métodos e as técnicas de maneira a obter o máximo resultado com
o mínimo de esforço (princípio comeniano da Didática magna1 ), tendo em conta que os
requisitos objectivos da matéria de ensino e da sua lógica interna quer as capacidades
subjectivas do aluno e da sua psicologia"2 . Referindo-se ao ensino, que é o objeto da
Didática, Laeng esclarece que "o estudo predominante do ensino caracterizou sobretudo a
didática do passado, dominada, até certo ponto, pela figura central do professor; na didática
contemporânea cedeu o lugar a uma nova projeção do aspecto correlativo da
aprendizagem"3 . Ensinar e aprender são como as duas faces de uma mesma moeda. A
Didática não pode tratar do ensino, por parte do professor, sem considerar simultaneamente
a aprendizagem, por parte do aluno. O estudo da dinâmica da aprendizagem é essencial
para uma Didática que tem como princípio básico não a passividade, mas sim a atividade
da criança. Por isso, podemos afirmar que a Didática é o estudo da situação instrucional,
isto é, do processo de ensino e aprendizagem, e nesse sentido ela enfatiza a relação
professor-aluno. Todo sistema de educação está baseado numa concepção do homem e do
mundo. São os aspectos filosóficos que dão à educação seu sentido e seus fins.

1 Nome da principal obra do educador renascentista João Amos Comenius, publicada em 1632.
2 Mauro Laeng, Dicionário de Pedagogia, p. 128.
3 Idem, ibidem, p. 149

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2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA DIDÁTICA

Da Antiguidade até o início do século XIX, predominou na prática escolar uma


aprendizagem de tipo passivo e receptivo. Aprender era quase exclusivamente memorizar.
Nesse tipo de aprendizagem, a compreensão desempenhava um papel muito reduzido. Esta
forma de ensino baseava-se na concepção de que o ser humano era semelhante a um
pedaço de cera ou argila úmida que podia ser modelado à vontade. Na antiga Grécia,
Aristóteles já professava essa teoria, que foi retomada frequentemente, ao longo dos
séculos, reaparecendo sob novas formas e imagens. A ideia difundida no século XVII, por
exemplo, de que o pensamento humano era como se fosse uma tábua lisa, um papel em
branco sem nada escrito, onde tudo podia ser impresso, é apenas uma variação da antiga
teoria. Ensinava-se a ler e a escrever da mesma forma que se ensinava um ofício manual ou
a tocar um instrumento musical. Por meio da repetição de exercícios graduados, ou seja,
cada vez mais difíceis, o discípulo passava a executar certos atos complexos, que aos
poucos iam se tornando hábitos. O estudo dos textos literários, da gramática, da História,
da Geografia, dos teoremas e das ciências físicas e biológicas caracterizou-se, durante
séculos, pela recitação de cor. Os conhecimentos a serem adquiridos eram, até certo ponto,
reduzidos. E para que os alunos pudessem repeti-los correta e adequadamente, o professor
utilizava o procedimento de perguntas e respostas, tanto em sua forma oral como escrita.
Este era o chamado método catequético, cuja origem remonta, pelo menos na cultura
ocidental, aos antigos gregos. A palavra catecismo provém do termo grego katechein, que
significa "fazer eco". Este método era usado por todas as disciplinas e consistia na
apresentação, pelo professor, de perguntas acompanhadas de suas respostas já prontas. O
importante nessa forma de aprendizagem era que o aluno reproduzisse literalmente as
palavras e frases decoradas. A compreensão do que se falava ou se escrevia ficava relegada
a um segundo plano. Em consequência, o aluno repetia as respostas mecanicamente, e não
de forma inteligente, pois ele não participava de sua elaboração e, em geral, não refletia
sobre o assunto estudado. Embora esse ensino de caráter verbal, baseado na repetição de
fórmulas já prontas, tenha predominado na prática escolar por muito tempo, vários foram
os filósofos e educadores que exortaram os mestres, ao longo dos séculos, a dar mais
ênfase à compreensão do que à memorização. Com isso pretendiam tornar o ensino mais
estimulante e adaptado aos interesses dos alunos e às suas reais condições de
aprendizagem. Surgiram, assim, algumas teorias que tentavam explicar como o ser humano

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é capaz de apreender e assimilar o mundo que o circunda. Com base nessas teorias do
conhecimento, alguns princípios didáticos foram formulados.
Apresentamos a seguir alguns filósofos e educadores que refletiram sobre o
conhecimento e elaboraram teorias sobre o ato de conhecer, que repercutiram no âmbito da
Pedagogia.

JOÃO AMOS COMENIUS

João Amos Comenius (1592-1670) Segundo Comenius, dentre as obras criadas por
Deus, o ser humano é a mais perfeita. Dada sua formação cristã, Comenius acreditava que
o fim último do homem é a felicidade eterna. Assim, o objetivo da educação é ajudar o
homem a atingir essa finalidade transcendente e cósmica, desenvolvendo o domínio de si
mesmo através do conhecimento de si próprio e de todas as coisas. Portanto, Comenius
concordava com os educadores medievais na concepção dos fins da educação, mas
diferenciou-se deles na concepção dos meios através dos quais a educação se processaria.
Para ele, os jovens deviam ser educados em comum e por isso eram necessárias as escolas.
Os jovens de ambos os sexos deveriam ter acesso à educação escolar. Comenius valorizava
o processo indutivo como sendo a melhor forma de se chegar ao conhecimento
generalizado, e aplicou-o na sua prática instrucional. Ele afirmava que o método indutivo
estava mais "de acordo com a natureza" e propunha a inclusão do estudo dos fenômenos
físicos nos currículos e nos livros escolares. Escreveu o primeiro livro didático ilustrado
para crianças, intitulado O mundo das coisas sensíveis ilustrado. Criou, também, um
método para o ensino de línguas de acordo com suas ideias educacionais, considerado
revolucionário para a época. Devido a sua longa experiência como professor, Comenius
não foi apenas um teórico da educação. Ele teve também grande importância para a prática
da instrução escolar, contribuindo para a melhoria dos processos de ensino. A seguir,
apresentamos alguns princípios defendidos por Comenius na sua obra Didática magna,
publicada em 1632, e que teve influência direta sobre o trabalho docente. Ao ensinar um
assunto, o professor deve:
1. Apresentar o objeto ou ideia diretamente, fazendo demonstração, pois o aluno
aprende através dos sentidos, principalmente vendo e tocando.
2. Mostrar a utilidade específica do conhecimento transmitido e a sua aplicação na
vida diária.

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3. Fazer referência à natureza e origem dos fenômenos estudados, isto é, às suas
causas.
4. Explicar primeiramente os princípios gerais e só depois os detalhes.
5. Passar para o assunto ou tópico seguinte do conteúdo apenas quando o aluno
tiver compreendido o anterior. Como se pode ver, esses pressupostos da prática docente já
eram proclamados por Comenius em pleno século XVII.

HEINRICH PESTALOZZI

Heinrich Pestalozzi (1746-1827) Defendendo a doutrina dos naturalistas, em


especial a de Rousseau, Pestalozzi acreditava que o ser humano nascia bom e que o caráter
de um homem era formado pelo ambiente que o rodeia. Sustentava que era preciso tornar
esse ambiente o mais próximo possível das condições naturais, para que o caráter do
indivíduo se desenvolvesse ou fosse formado positivamente. Ele pregava a educação das
massas e proclamava que toda criança deveria ter acesso à educação escolar, por mais
pobre que fosse seu meio social e mesmo que suas condições fossem limitadas. Na teoria
educacional de Pestalozzi podemos encontrar as sementes da Pedagogia moderna. Foi ele o
primeiro a formular de forma clara e explícita o princípio de que a educação deveria
respeitar o desenvolvimento infantil. Na concepção de Pestalozzi, o principal objetivo da
educação era favorecer o desenvolvimento físico, intelectual e moral da criança e do
jovem, através da vivência de experiências selecionadas e graduadas, necessárias ao
exercício dessas capacidades.
Para alcançar esse objetivo, ele elaborou um método, que era a base de seu trabalho
educativo, e organizou atividades sequenciais, que, vivenciadas pelo aluno de forma
graduada, contribuíam para seu desenvolvimento intelectual e moral. O método
pestalozziano, como foi posteriormente chamado, tinha as seguintes características:
1. Apresentava o conhecimento começando por seus elementos mais simples e
concretos, de forma a estimular a compreensão.
2. Utilizava o processo de observação ou percepção pelos sentidos, denominado
por ele de intuição.
3. Fixava o conhecimento por meio de uma série progressiva de exercícios
graduados, que se baseavam mais na observação do que no mero estudo de palavras.

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JOHN FREDERICK HERBART

John Frederick Herbart (1776-1841) De início, Herbart baseou-se no trabalho de


Pestalozzi, mas posteriormente ele elaborou seus próprios princípios educacionais,
fundamentados na ideia da unidade do desenvolvimento e da vida mental. Na concepção de
Herbart, o ser humano não é compartimentalizado em faculdades, mas é uma unidade.
Desde o nascimento, o ser humano tem a capacidade de entrar em contato com o meio
ambiente, reagindo a este de forma global, através do sistema nervoso. Por meio da
percepção sensorial se estabelece, portanto, a relação com o ambiente, o que dá origem às
representações primárias, que são a base da vida mental. A generalização das
representações primárias forma os conceitos, e a interação dos conceitos conduz aos atos
de julgamento e raciocínio. Ao nascer, o ser humano não é bom nem mau, mas desenvolve-
se num sentido ou no outro, a partir das influências externas, das representações formadas
e de suas combinações. Portanto, a característica fundamental do ser humano é o seu poder
de assimilação. A teoria educacional de Herbart gravita assim em torno da noção de função
assimiladora, que ele denominou de apercepção. A apercepção é a assimilação de novas
ideias através da experiência e sua relação com as ideias ou conceitos já anteriormente
formados.

JOHN DEWEY

John Dewey (1859-1952) A concepção que Dewey tinha do homem e da vida, e


que serve de base à sua pedagogia, é de que a ação é inerente à natureza humana. A ação
precede o conhecimento e o pensamento. Antes de existir como ser pensante, o homem é
um ser que age. A teoria resulta da prática. Logo, o conhecimento e o ensino devem estar
intimamente relacionados à ação, à vida prática, à experiência. O saber tem caráter
instrumental: é um meio para ajudar o homem na sua existência, na sua vida prática. Para
Dewey, o homem é um ser eminentemente social. Assim sendo, são as necessidades sociais
que norteiam sua concepção de vida e de educação. Para ele, os motivos morais devem
estar a serviço de fins sociais. O trabalho em comum e a cooperação são os elementos
fundamentais da vida coletiva e satisfazem as necessidades sociais e psíquicas do ser
humano. Dewey instituiu a fórmula: Vida humana = vida social = cooperação. Como o

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trabalho e a cooperação são o fundamento da vida, é em torno desses elementos que deve
gravitar a educação escolar. Salientando a importância social do trabalho e valorizando o
trabalho manual, ele afirma que a escola deve tornar-se uma verdadeira comunidade de
trabalho, em vez de um lugar isolado onde se aprendem lições sem ligação com a vida.

3. RELAÇÃO DA DIDÁTICA COM OUTRAS CIÊNCIAS

3.1. RELAÇÃO DA DIDÁTICA COM A SOCIOLOGIA

Segundo o Modulo da UCM (2010), a didáctica relaciona –se com várias outras
ciências como a sociologia, está indica as formas de trabalho que permitem desenvolver a
solidariedade, a liderança, a responsabilidade, no contexto de iterações sociais, pois a
aprendizagem acontece no contexto socialmente construído o que implica reconhecer o
papel dessas relações na educação dos alunos.

3.2. RELAÇÃO COM A BIOLOGIA

A biologia orienta sobre o desenvolvimento físico, e os índices de fadiga dos


alunos, a nutrição e a herança também tem seu peso na aprendizagem. (idem).

3.3. RELAÇÃO DA DIDÁTICA COM A PSICOLOGIA

A psicologia indica a didática as oportunidades que melhor favorecem a expansão


ou desenvolvimento da personalidade bem como os processos que melhor garantem a
efetivação da aprendizagem. UCM (2010)

3.4. RELAÇÃO DA DIDÁTICA COM A FILOSOFIA

Uma doutrina pedagógica fundamenta-se numa teoria filosófica, ou seja, toda


pedagogia supõe uma filosofia. O valor da nossa doutrina de educação depende da nossa
concepção do homem e da vida. A didáctica, como parte da pedagogia, Também está
colocada numa concepção filosófica. Até o século XIX, fundamentava-se exclusivamente

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na filosofia. No século passado, a psicologia atingiu o status de ciência. Assim, os aspectos
filosóficos da didáctica passaram a fundamentar-se nas ciências do comportamento, em
especial, na psicologia e na biologia.

Nesse aspecto, há uma relação directa entre filosofia e pedagogia. A filosofia,


entendida como reflexão sistemática sobre a concepção da vida, e a pedagogia, como
reflexão sistemática sobre o ideal da educação e da formação humana de uma sociedade. A
didática, por sua vez, como parte integrante da pedagogia, também se baseia numa
concepção de homem e sociedade, portanto, subordina-se a propósitos sociais, políticos e
pedagógicos para a educação escolar, a serem estabelecidos em função da realidade social
de cada povo.

3.5. RELAÇÃO COM A PEDAGOGIA

Pedagogia é uma ciência que tem como objecto de estudo a educação. Claro que a
palavra se utiliza para designar curso, ou disciplina, mas é mesmo uma ciência,
infelizmente influenciada por muitos pseudocientistas ou charlatões que se acham no
direito de dissertar sobre educação. Pedagogia é a ciência que tem por objecto de estudo a
Educação, o processo de ensino e aprendizagem. O sujeito é o ser humano enquanto
educando. Para tal a pedagogia apoia–se da didáctica para lhe fornecer técnicas, métodos e
meios de ensino.

ELEMENTOS DIDÁTICOS
Dentre os Elementos Didáticos, temos:
Objetivos;
Planos de Ação Didática;
Métodos e Técnicas de Ensino;
Conteúdos;
Professor/Aluno;
Avalição.
OBJETIVOS
São proposições, a cerca de um papel de uma instituição, que definem, em grandes linhas,
aquilo que desejamos alcançar diante de uma situação. São também mudanças no

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pensamento, nos sentimentos e nas ações dos alunos, respaldadas pelo processo
educacional.
As metas definidas com precisão ou resultados previamente determinados, indicando
aquilo que o aluno será capaz de fazer como consequência do empenho no processo
ensino-aprendizagem.
Constitui o objetivo da educação a formulação do que se almeja adquirir sobre
conhecimentos, atitudes-(afetiva/atitudinal) relacionados ao comportamento,
sentimentos, interesses expressos em atitudes e gostos; compreendem princípios e valores;
conceitos-(cognitiva/conceitual) estão relacionados ao conhecimento, compreendem
conceitos, idéias, princípios, habilidades e capacidades mentais e procedimentos-
(psicomotora/procedimental) estão relacionados às habilidades motoras, implicam saber
fazer coisas, ter habilidades, ter prática.
Os objetivos dividem-se em: Objetivo geral- expressa os resultados finais esperados de um
curso com relação às competências e habilidades a serem adquiridas durante o processo de
ensino; e Objetivo da unidade, matéria ou aula - expressa os resultados específicos
esperados da unidade, matéria ou aula.
PLANOS DE AÇÃO DIDÁTICA
O plano deve apresentar: 1. Ordem seqüencial;
2. Objetividade (deve estar atrelada a realidade)
3. Coerência (idéias / prática)
4. Flexibilidade
O processo de planejamento de constitui-se, portanto, de três fases: a de preparação ou
elaboração, a de desenvolvimento ou execução e a de aperfeiçoamento ou avaliação.
Na Fase de preparação ou elaboração dos planos são previstos todos os passos, visando
assegurar a sistematização, o desenvolvimento e a consecução dos objetivos propostos,
selecionando-se as melhores condições para que a aprendizagem aconteça.
Na Fase de desenvolvimento ou de execução, as atividades previstas com relação ao ensino
e aprendizagem são, efetivamente concretizadas. Nessa etapa, pode-se verificar a
necessidade de adaptação à medida que a interação com os alunos vai ocorrendo e o
feedback indica formas alternativas mais eficientes.”O plano deve ser claro e completo,
mas flexível, em função de feedbacks advindos da sua própria concretização”.
A fase de avaliação e aperfeiçoamento do plano deve prever mecanismos, instrumentos e
periodicidade para análise do processo e dos resultados. Ao seu término, a avaliação

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apresenta um significado mais amplo, porque além de avaliar os resultados do ensino-
aprendizagem, avalia também a qualidade do plano, a eficiência dos professores e a
eficiência do sistema escolar. Nessa fase, procura-se fazer os ajustes que se fizerem
necessários ao atingimento dos objetivos e ao replanejamento do plano.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO
Os métodos de ensino (ou estratégias de ensino) são ações, processos ou comportamentos
planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com fatos ou fenômenos
que lhe proporcionem experiências que possibilitem modificar sua conduta, em função dos
objetivos previstos. Tem a finalidade de despertar interesse no aluno, facilitar a fixação do
assunto, acelerar a aprendizagem, além de destacar informações essenciais.
Para a escolha das estratégias de ensino deve-se ter em vista: os objetivos; o nível de
conhecimento/aprendizagem do aluno (físico e cognitivo); o nível de interesse do aluno; a
disponibilidade dos recursos locais; o domínio dos procedimentos metodológicos pelo
professor; a interdisciplinaridade; a transversalidade; a contextualização.
Técnicas de ensino de que o professor deve fazer uso: resolução de problemas; simulação;
caso; painel de discussão; métodos de ensino. Entre os procedimentos de ensino, temos:
pesquisa; estudo dirigido ou discussão dirigida; debate cruzado; grupos de vivências;
discussão em grupos; dramatizações e estratégias ativas.
CONTEÚDOS
A seleção e organização dos conteúdos deve ser realizada em função dos objetivos
propostos. Deve-se considerar o progresso evolutivo, os interesses e necessidades dos
alunos. Deve ser uma disposição encadeada e hierarquizada dos conteúdos, visando o
estabelecimento de uma seqüência gradual de dificuldades que permita ao aluno passar do
estágio de conhecimentos concretos a outros cada vez mais abstratos.
Os critérios para seleção de conteúdos, são:
UTILIDADE — Este critério está presente quando há possibilidade de aplicar o
conhecimento adquirido em situações novas.
SIGNIFICAÇÃO — Um conteúdo será significativo e interessante para o aluno quando
estiver relacionado às experiências por ele vivenciadas (contextualização).
VALIDADE — Deve haver uma relação clara e nítida entre os objetivos a serem atingidos
com o ensino e os conhecimentos desenvolvidos.
FLEXIBILIDADE — O conteúdo deve possibilitar a flexibilização, para que sejam feitos
os ajustes e adaptações que necessários.

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ADEQUAÇÃO AO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO DO ALUNO – os conteúdos
devem ser coerentes com o grau de maturação dos alunos.
Os critérios para organização de conteúdos, são:
CONTINUIDADE - Refere-se ao tratamento de um conteúdo repetidas vezes em diversas
fases do trabalho.
SEQÜÊNCIA - Faz com que os tópicos sucessivos de um conteúdo partam sempre dos
anteriores, aprofundando-os.
INTEGRAÇÃO - Refere-se ao relacionamento entre as diversas áreas do processo ensino-
aprendizagem, visando garantir a unidade do conhecimento.
PROFESSOR/ALUNO
O professor necessita conhecer como se dá o conhecimento em sala de aula para aumentar
sua competência pedagógica e favorecer o desenvolvimento profissional do aluno e a sua
autonomia intelectual, nesse espaço de interação entre professor/aluno e alunos/alunos.
Espaço em que o professor desenvolve sua prática, seleciona e transmite conteúdos, passa
posições políticas, ideológicas, transmite e recebe afetos e valores.
O processo educativo intencional e sistemático, baseado no trabalho com o conhecimento e
na organização da coletividade, baseando-se em uma concepção de homem e de
conhecimento. Compreendendo que o conhecimento não é “transferido” nem “depositado”
pelo outro, nem é “inventado” pelo sujeito, mais sim, construído pelo sujeito na sua relação
com os outros e o mundo.
O conteúdo apresentado pelo professor precisa ser trabalhado, refletido, re-elaborado pelo
aluno, para uma apropriação do conhecimento, uma aprendizagem significativa. Esse
conhecimento se dá em 3 momentos: Síncrese- mobilização para o conhecimento (prática
social e problematização); Análise- construção do conhecimento ( instrumentalização) e
Síntese- elaboração e expressão do conhecimento (catarse e prática social).
AVALIAÇÃO
Avaliar é um processo contínuo, que envolve não apenas o aspecto quantitativo, mas
principalmente o aspecto qualitativo, que é alicerce para o processo ensino-aprendizagem,
determina o valor de algo, emite juízo de valor a partir do conhecimento.
Usa-se de critérios pré-estabelecidos, e atribui significado e orientando ações a serem
implementadas.
Para realizar uma avaliação significativa deve- se: definir bem o que se quer avaliar e seus
reais propósitos; estabelecer critérios para que a avaliação ofereça de forma abrangente,

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informações sobre tudo que foi apreendido; as atividades de avaliação devem ser definidas
segundo objetivos, competências e habilidades.
A Avaliação pode ser dos tipos:
DIAGNÓSTICA- no início das atividade para verificar deficiências nos resultados de
aprendizagens anteriores, domínio de pré-requisitos, nível de conhecimento prévio sobre o
assunto a ser desenvolvido.
FORMATIVA- durante a ensino- aprendizagem para obter dados e informações para
melhorar o ensino e a aprendizagem e assegurar o alcance dos objetivos previstos.
SOMATIVA- ao final da unidade, a fim de classificar e comparar os resultados alcançados
pelo alunos.
A Avaliação tem como função a auto-compreensão do aluno e do professor, motivar o
crescimento; aprofundar a aprendizagem; auxiliar na aprendizagem e refletir sobre a
prática pedagógica. Em sua essência o processo avaliativo tem que ser útil na informação
que oferece, viável na realização de sua trajetória, ética em seus propósitos e precisa na
elaboração de seus critérios.

CONCLUSÃO

Educar é um termo mais amplo que ensinar, pois, enquanto a educação refere-se ao
processo de formação humana, o ensino é a orientação da aprendizagem. Enquanto a
Pedagogia é o estudo e a reflexão sobre a teoria da educação, a Didática é uma área
específica da Pedagogia e se refere à teoria e à prática da instrução e do ensino. Toda teoria

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pedagógica tem seus fundamentos baseados num sistema filosófico. E a Filosofia que,
expressando uma concepção de homem e de mundo, dá sentido à Pedagogia, definindo
seus objetivos e determinando os métodos da ação educativa. Nesse sentido, não existe
educação neutra. Ao trabalhar na área da educação, é sempre necessário tomar partido,
assumir posições. E toda escolha de uma concepção de educação é, fundamentalmente, o
reflexo da escolha de uma filosofia de vida. Alguns dos pressupostos didáticos atualmente
adotados não são construções inteiramente recentes, mas foram elaborados pelos
educadores ao longo do tempo, e reformulados a partir de um processo contínuo de
reflexão-ação-reflexão.
Ao longo deste livro temos procurado mostrar que a Didática, sendo o estudo
sistematizado do ensino, não é um edifício pronto e acabado. Ao contrário, assemelha-se a
um arcabouço em processo permanente de construção. Nos dois primeiros capítulos, vimos
que, ao longo dos anos, várias foram as contribuições de filósofos, educadores e psicólogos
para a construção e aperfeiçoamento da Didática. Neste capítulo, apresentamos uma
classificação das várias correntes pedagógicas, mostrando mais uma vez como a Didática
(que é a teoria da instrução e do ensino) está constantemente sendo repensada e
reelaborada. Tentamos mostrar também que a forma de selecionar, organizar e desenvolver
os conteúdos do ensino depende da concepção de educação adotada. Verificamos, assim,
que toda prática Didático-pedagógica tem pressupostos teóricos implícitos.

RECOMENDAÇÕES
Segere-se que o educador tenha Conhecimento profundo dos conceitos centrais e leis gerais da
disciplina, bem como dos seus procedimentos investigativos (e como surgiram historicamente na atividade
científica).

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Também sugere-se que o educador saiba avançar das leis gerais para a realidade circundante
em toda a sua complexidade.

SUGESTÕES

Anexo II - REQUISITOS PARA O PLANEJAMENTO DO ENSINO

1.
2. Saber
3. Saber escolher exemplos concretos e atividades práticas que demonstrem os conceitos e leis gerais de
modo mais transparente.
4. Iniciar o estudo do assunto pela investigação concreta (objetos, fenômenos, visitas, filmes), em que os
alunos vão formulando relações entre conceitos, manifestações particulares das leis gerais, para chegar aos
conceitos científicos.
5. Criação de novos problemas (situações de aprendizagem mais complexas, com maior grau de incerteza que
propiciam em maior medida a iniciativa e a criatividade do estudante).

Anexo III - ORIENTAÇÃO PARA ANÁLISE E ORGANIZAÇAO DO CONTEÚDO

Uma boa análise do conteúdo favorece formular tarefas de aprendizagem, com suficiente atrativo
para canalizar os motivos dos alunos para o conteúdo.

1. Identificar as relações gerais básicas que dão suporte ao conteúdo (fazer um zoom, isto é,
aproximações sucessivas).
2. Construir a rede de conceitos básicos (mapa conceitual): os conceitos como ferramentas mentais
para deduzir relações particulares de uma relação abstrata.
3. Propor tarefas de aprendizagem em que a relação geral aparece em problemas específicos, em casos
particulares (uso de materiais, experimentos, problemas...)
4. Domínio do modo geral pelo qual o objeto é construído, implicando os modos de atividade
anteriores aplicados à investigação dos conceitos a serem interiorizados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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 LIBÂNEO, José Carlos, DIDÁTICA, Velhos e novos temas, Edição do Autor,
Maio de 2002.

 Revista Ensino Interdisciplinar, v. 1, nº. 1, Julho/2015 UERN, Mossoró, RN, A


IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM: a prática do professor em foco. IMPOSSÍVEIS, Rita dos;
SILVÂNIA, Dutra de Paiva; SILVA, Lúcia de Araújo

 LIBÂNEO, José C. A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a teoria


histórico-cultural da atividade e a contribuição de Vasili Davydov. In: Revista
Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 27, 2004.
 LIBÂNEO, José C. Didática e epistemologia: para além do embate entre a didática
e as didáticas específicas. In: VEIGA, Ilma P. A. e d’Ávila, Cristina (orgs.).
Profissão docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus Editora,
2008).
 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo:
Cortez/Unesco, 2000.
 RUBTSOV, Vitaly. A atividade de aprendizagem e os problemas referentes à
formação do pensamento teórico dos escolares. In: GARNIER, C., BEDNARZ,
ULANOVSKAYA (orgs.). Após Vygotsky e Piaget; perspectivas social e
construtivista, escolas russa e ocidental.Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
 VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fonte, 1984.

ANEXO

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