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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP

REDEFOR
EUGÊNIO DUARTE DE ALMEIDA

O ENSINO DE FÍSICA DE PARTÍCULAS NO ENSINO

MÉDIO

UMA INTRODUÇÃO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

2012

1
Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

Redefor

Eugênio Duarte de Almeida

O Ensino de Física de Partículas no Ensino Médio

Uma introdução

Monografia de conclusão do Curso de

Especialização em Ensino de Física da

Universidade Estadual de Campinas sob

a orientação do Prof. Dr. Edson Pedro

Cecílio Júnior.

2
São José dos Campos

2012

Dedicatória

Dedico este trabalho à memória de minha mãe Dirce Coser de Almeida e a meu irmão

Mauro Duarte de Almeida Júnior que incentivaram, orientaram e possibilitaram a minha

formação acadêmica, alicerce de minha vida profissional e dignidade.

3
Agradecimentos

Agradeço à equipe de orientadores da Unicamp a oportunidade pela realização desse Curso

de Especialização em Ensino de Física que engrandece minha formação acadêmica e a

minha evolução profissional, em especial aos professores Tárcio Pelissoni Manfrim, Júlio

César Guimarães Tedesco e Edson Pedro Cecílio Júnior.

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“Quem disser que compreende a Mecânica Quântica é porque não a compreendeu.”

Niels Bohr

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Resumo

Este trabalho tem por objetivo desenvolver, a nível introdutório, o tema de Física

de Partículas no Ensino Médio. Por tratar-se de uma área de grande complexidade, porém,

de fundamental importância para a compreensão do mundo científico e tecnológico atual, o

assunto é colocado de forma conceitual, partindo-se das origens das concepções sobre a

constituição da matéria na Grécia Antiga, seguindo a evolução dos modelos atômicos, a

descoberta das primeiras partículas – o elétron, o próton, o neutrino e o nêutron – , a

descoberta do méson pi com a participação do físico brasileiro César Lattes, a miríade de

novas partículas surgidas a partir da metade do século XX, a teoria dos quarks , os

hádrons, léptons e bósons formando o Modelo Padrão, os aceleradores de partículas, o

LHC e culminando com a possível detecção do bóson de Higgs nesse último, anunciada no

início de julho de 2012. São apresentadas atividades e trabalhos a serem desenvolvidos

pelos alunos para consolidar o seu aprendizado sobre esses importantes conceitos.

Palavras-chaves: Física de Partículas, átomo, quarks, hádrons, léptons, bárions , mésons,

bósons, , interações fundamentais, antipartículas , acelerador de partículas.

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Abstract

This work aims to develop at introductory level, the theme of Particle Physics in High

School. As this is an area of great complexity, but of fundamental importance for the

understanding of current scientific and technological world, it is placed so conceptual,

starting with the origins of the conceptions of the constitution of matter in Ancient Greece

following the evolution of atomic models, the discovery of the first particles - the electron,

the proton and the neutron - the discovery of pi meson with the participation of the

brazilian physicist Cesar Lattes, a myriad of new particles arising from the mid-twentieth

century, the teory of quarks, hadrons, leptons and bosons forming the Standard Model,

particle accelerators, the LHC and culminating with the possible detection of the Higgs

boson in the latter announced in early July, 2012. Are presented activities and works to be

developed by the students to consolidate their learning about these important concepts.

Keywords: Particle Physics, atoms, quarks, hadrons, leptons, barions, mesons ,bosons,

fundamental interactions, antiparticles, particle accelerator.

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SUMÁRIO

1- Introdução .................................................................................................................. 10

2- Desenvolvimento........................................................................................................ 11

2.1- Concepções sobre a constituição da matéria........................................................ 11

2.2- O Atomismo Grego................................................................................................. 12

2.3- Modelos Atômicos e Partículas Subatômicas....................................................... 13

2.3.1- O Átomo de Dalton.............................................................................................. 13

2.3.2- A Descoberta do Elétron e o Modelo Atômico de Thomson............................ 15

2.3.3- A Descoberta do Próton.......................................................................................15

2.3.4- O Modelo Atômico de Rutherford......................................................................16

2.3.5- O Modelo Atômico de Bohr................................................................................ 17

2.3.6- A Descoberta do Neutrino e do Nêutron............................................................17

2.3.7- O Modelo Atômico Atual.....................................................................................18

3- O Enigma da Estabilidade Nuclear: O Méson Pi e César Lattes..........................19

4- A Teoria dos Quarks................................................................................................. 21

5- Antipartículas............................................................................................................ 22

6- Hádrons e Léptons.................................................................................................... 23

6.1- Hádrons.................................................................................................................. 23

6.2- Léptons................................................................................................................... 24

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7- Bósons e as Interações Fundamentais...................................................................24

8- O Modelo Padrão....................................................................................................27

9- Aceleradores de Partículas....................................................................................27

9.1- Acelerador Linear (Linac)..................................................................................28

9.2- Cíclotron...............................................................................................................30

9.3- Síncrotron............................................................................................................ 30

9.4- O LHC (Large Hadron Collider)....................................................................... 32

10- O Bóson de Higgs.................................................................................................35

11- Atividades com alunos......................................................................................... 36

11.1- Atividade 1: Seminários sobre Física de Partículas...................................... 36

11.2- Atividade 2: Video: Cientistas Brasileiros-César Lattes e J.L. Lopes.........38

11.3- Atividade 3: Identificando Partículas............................................................ 38

11.4- Atividade 4: Jogo de Cartas do Modelo Padrão............................................40

11.5- Atividade 5: Jogo de Cartas “Quarkle”.........................................................41

11.6- Atividade 6: Simulação de um Acelerador Linear........................................41

12- Considerações Finais...........................................................................................42

13- Referências Bibliográficas..................................................................................43

13.1- Sites Consultados............................................................................................. 44

14- Anexos..................................................................................................................45

14.1- Anexo 1: Quiz sobre o Video da Atividade 2.................................................45

14.2- Anexo 2: Regras e Cartas do Jogo do Modelo Padrão.................................47

14.3- Anexo 3: Regras e Cartas do Jogo “Quarkle”..............................................47

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1- Introdução

A curiosidade natural do ser humano conferida pelo seu poder de raciocínio e ima-

ginação levou-o, desde eras primevas, a buscar um entendimento sobre a sua existência e a

de todas as coisas ao seu redor. Nesse contexto, a própria matéria, base de todos os objetos

palpáveis, animados ou inanimados e manifestada sob múltiplas formas, cores e texturas

torna-se alvo de indagações fundamentais: de onde proveio ? por que possui as proprie-

dades que conhecemos ? de que é, essencialmente, constituída em seu aspecto mais ele-

mentar ? qual a razão de toda essa diversidade com que ocorre ? As respostas a essas e

muitas outras questões a respeito da matéria tem uma longa e fascinante história perpassan-

do séculos e atraindo a atenção e o talento intelectual dos maiores luminares do conheci-

mento humano que, na busca por explicações, dedicaram-lhes grande parte de suas vidas

através do pensamento e da experimentação.

Começando com os filósofos gregos, eminentemente teóricos e chegando ao

Modelo Padrão da Física de Partículas e à maior máquina construída na história humana –

o LHC – produto da mais sofisticada tecnologia, apresentarei uma síntese das melhores

respostas que temos até o presente para aquelas indagações primordiais, com propostas

variadas de atividades a serem executadas pelos alunos sobre os temas abordados.

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2– Desenvolvimento

2.1 – CONCEPÇÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

Encontramos, em diversas culturas e desde eras remotas, uma variedade de

concepções sobre a natureza do mundo, da matéria e dos fenômenos observados. Estes,

muitas vezes, eram miticamente tratados como divindades ou efeitos de sua ação.

Foi na Grécia Antiga, a partir do século V a.C. que começaram a surgir inter-

pretações despojadas desse caráter mítico e embasadas na observação da composição

e dinâmica fenomenológica da natureza. No contexto dessa mentalidade, diversos filó-

sofos buscaram uma sistematização explicativa sintética de todas as coisas do mundo

(inclusive de si próprios) através de teorias que estabeleciam elementos e regras funda-

mentais que abarcavam toda a variedade de seres e transformações.

Pela observação da própria constituição do planeta e de seus entes naturais, Tales

de Mileto conclui que a água era a matéria prima de todas as coisas; Anaxímenes con-

sidera o ar como o elemento mais essencial (a água seria derivada de sua condensação);

Xenófanes elege a terra como substância primordial e Heráclito, o fogo. Aristóteles

promove a integração de todas essas ideias em sua teoria dos quatro elementos

acrescentando o éter, o qual perdurou até o século XX quando foi descartado pelo

experimento de Michelson e Morley. Aristóteles, ao juntar os quatro elementos em uma

mesma teoria, cria o conceito de “lugar natural” através do qual procura dar um sentido

para a dinâmica dos movimentos dos corpos (a queda de uma pedra ocorre porque o seu

lugar natural é embaixo, no centro; a fumaça sobe porque o lugar natural dos gases é em

11
cima, no céu; a chuva cai porque a água deve ficar sobre a terra e o fogo sobe porque seu

lugar natural é o Sol, que fica em cima).

Platão, o grande filósofo e geômetra, associa os quatro elementos a formas poli-

édricas – a terra ao cubo, o fogo ao tetraedro, o ar ao octaedro e a água a icosaedro –

numa antevisão incipiente de algo que hoje é bem conhecido pelos físicos e químicos: os

diferentes tipos de substâncias são constituídos por moléculas cujas propriedades são

funções de sua geometria.

Leucipo e seu grande discípulo, Demócrito, estabelecem a teoria que constitui um

dos fundamentos de nossas atuais concepções sobre a matéria: o atomismo.

2.2 – O ATOMISMO GREGO

Com Leucipo e Demócrito, temos a criação do conceito de átomo (“indivisível”) e

de um sistema materialista que pode ser sintetizado através das seguintes ideias:

- toda a matéria, incluindo os seres vivos, é formada por átomos, em diferentes proporções.

- os átomos diferenciam-se pela sua massa e forma, são eternos e imutáveis.

- entre um átomo e outro há espaço vazio.

- toda transformação (“devenir” - vir a ser) é ocasionada pelo movimento de átomos no

espaço vazio .

- os átomos que constituem os sujeitos (almas) são de natureza ígnea – mais finos, rápidos

e escorregadios.

Nesse sistema, toda a mecânica da natureza, incluindo o psiquismo, são reduzidos a

movimentos de átomos.

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2.3 – MODELOS ATÔMICOS E PARTÍCULAS SUBATÔMICAS

Nos séculos seguintes ao atomismo de Leucipo e Demócrito, a velha teoria dos

quatro elementos persistiu por muito tempo. Embora seja comum encontrarmos, nos livros

didáticos, um salto cronológico do atomismo grego do século V a.C. à teoria atômica de

John Dalton na Inglaterra do século XIX quando se desenvolve o tema dos modelos

atômicos (o que causa a falsa impressão de que nesse interlúdio o atomismo não foi objeto

de hipótese de outros pensadores, embora preterido em favor de outras ideias), é

importante citar, portanto, que a ideia de átomo foi considerada por Galileu Galilei:

“Galileu não desconhecia a teoria atômica, tanto que, em sua obra Il

Saggiatore (O Experimentador), publicada em 1623, admite ser possível chegar a

uma teoria corpuscular para fenômenos físicos e desenvolve uma teoria corpuscular

para o calor e para a luz; usa, inclusive, o termo átomo para a luz, pois interpreta a

luz como sendo formada por partículas (CARUSO; OGURI, 2006). Em sua obra,

Diálogo, publicada em 1632, ele apresenta os átomos como entidades sem forma,

puramente matemáticas”

.(Projetando o ensino de partículas elementares e interações fundamentais no ensino médio, Lisiane Araujo

Pinheiro, Sayonara Salvador Cabral da Costa, Marco Antonio Moreira, XVIII Simpósio Nacional de Ensino

de Física, SNEF 2009)

2.3.1 - ÁTOMO DE DALTON

No entanto, é partir de John Dalton que a teoria atômica é aplicada com grande

sucesso para desvendar os segredos das leis das combinações químicas (lei das proporções

múltiplas). Para isso, Dalton estabeleceu as seguintes hipóteses atômicas:

13
- Os átomos são partículas reais, descontínuas e indivisíveis de matéria, e permanecem

inalterados nas reações químicas

- Os átomos de um mesmo elemento são iguais entre si.

- Os átomos de elementos diferentes são diferentes entre si.

- Na formação dos compostos, os átomos entram em proporções numéricas fixas 1:1, 1:2,
1:3, 2:3, 2:5 etc.;

- O peso do composto é igual à soma dos pesos dos átomos dos elementos que o
constituem.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dalton)

Com esse modelo atômico de Dalton, temos o átomo como partícula fundamental da

natureza explicando de forma bem sucedida resultados empíricos da Química.

(Modelo Atômico de Dalton: esferas rígidas, diferentes no tamanho e massa, conforme o elemento

químico)

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2.3.2 – DESCOBERTA DO ELÉTRON E O MODELO ATÔMICO DE THOMSON

No final do século XIX, experimentos com descargas elétricas em tubos de gases

rarefeitos (ampola de Crookes ou tubo de raios catódicos) realizados por Joseph John

Thomson, em 1897, demonstraram a existência de partículas de carga negativa emitidas

pelo filamento aquecido do tubo. Essas partículas já haviam sido previstas por George

Johnstone Stoney: eram os elétrons. Desta forma, tem-se uma primeira partícula mais

elementar do que o átomo.

A partir da descoberta do elétron, Thomson estabelece o seu Modelo Atômico do

Pudim de Passas (ou Ameixas): um átomo com elétrons uniformemente distribuídos

através de uma massa de carga positiva.

(Modelo de Thomson: “pudim de passas ou ameixas” – uma massa positiva com elétrons

incrustados)

2.3.3 – A DESCOBERTA DO PRÓTON

Em 1886, utilizando o mesmo tubo de raios catódicos, porém, com o cátodo

perfurado, Eugen Goldstein observa a emissão de um feixe de raios em sentido oposto ao

dos raios catódicos, que denominou raios canais. Pelo seu movimento, deduziu que esses

raios tinham carga oposta à dos raios catódicos, ou seja, positiva. No entanto, não soube

interpretar sua natureza, o que só foi resolvido 12 anos depois por Wilhelm Wien que

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determinou que os raios canais eram constituídos de hidrogênio ionizado. Associando a

seus estudos publicados sobre desintegração radioativa, em 1919, Ernest Rutherford

concluiu que a partícula constituinte dos raios canais são os prótons. Temos então mais

uma partícula fundamental que, juntamente com o elétron, desvendou a origem das cargas

elétricas.

2.3.4 – MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD

Em seu famoso experimento de bombardeamento da lâmina de ouro com partículas

alfa (espalhamento, 1911), Rutherford concluiu que a maior parte do átomo é composta de

espaço vazio, com um núcleo positivo e de diâmetro dez mil vezes menor que o do próprio

átomo e concentrando praticamente toda a sua massa. Em torno desse núcleo, os elétrons

orbitam, tal como os planetas em torno do Sol – tem-se assim o Modelo Atômico

Planetário. A sua falha está no fato de que os elétrons, acelerados em torno do núcleo,

emitiriam energia eletromagnética e colapsariam nesse núcleo, problema que Rutherford

não conseguiu solucionar.

(Modelo de Rutherford: o átomo como um sistema solar)

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2.3.5 – MODELO ATÔMICO DE BOHR

Niels Bohr, em 1913, no intuito de resolver o problema do modelo planetário de

Rutherford postulou que os elétrons ocupam, em torno do núcleo atômico, órbitas onde sua

energia é quantizada e de tal forma que, nelas, não emitem radiação, permanecendo

estáveis. No entanto, Bohr não conseguiu explicar seus postulados adequadamente.

(Modelo de Bohr: os elétrons ocupam órbitas circulares e estáveis, onde não irradiam)

2.3.6 – A DESCOBERTA DO NEUTRINO E DO NÊUTRON

Em 1930, Wolfang Pauli, equacionando as energias emitidas no fenômeno da radiação

beta, concluiu que a grande variedade de valores obtidos poderia ser explicada pela

existência de uma partícula eletricamente neutra que carregaria parte da energia. Essa

partícula viria a ser batizada de neutrino por Enrico Fermi.

Em 1932, James Chadwick, num experimento de bombardeio de amostras de berílio

com partículas alfa, detectou a emissão de uma radiação eletricamente neutra,

comprovando experimentalmente a existência do nêutron, já previsto teoricamente por

Rutherford em 1920. Com o nêutron, passou-se a ter, até então, três partículas

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fundamentais constituintes do átomo, agrupadas de forma a ter-se um núcleo com prótons e

nêutrons (chamados, portanto, de núcleons) e elétrons dispostos ao redor desse núcleo

constituindo a eletrosfera, organizada em orbitais dispostos em ordem crescente de energia

(diagrama de Pauling).

2.3.7 – MODELO ATÔMICO ATUAL

Reúne diversas características, destacando-se a interpretação probabilística de orbital

(região onde há maior probabilidade de se encontrar um elétron), o Princípio da Incerteza

de Heisenberg (impossibilidade de determinar simultaneamente e com grande precisão a

posição e momentum de uma partícula qualquer), o conceito de partícula-onda (de Broglie)

e a descrição matemática pela equação de onda de Schrödinger. Novas e numerosas

partículas subatômicas responsáveis por diversas interações passam a ser descobertas,

cada uma delas como resposta a uma nova indagação surgida na interpretação da

microfísica atômica.

(Modelo Atual: orbitais s, p,d, f,...)

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3 - O ENIGMA DA ESTABILIDADE NUCLEAR: O MÉSON PI E CÉSAR LATTES

Uma vez estabelecido o modelo atômico com prótons e nêutrons formando um

núcleo, a questão imediata que se levantou foi: como é mantida a estabilidade desse núcleo

se os prótons estão sujeitos à repulsão coulombiana ?

Trabalhando teoricamente esse problema, o físico japonês Hideki Yukawa postulou,

em 1935, a existência de uma partícula de massa intermediária entre o próton e o elétron (a

qual, por isso, batizou de “méson” ) e que seria responsável pela ligação entre os prótons e

os nêutrons originando a força nuclear forte que atua nos domínios das dimensões do

núcleo atômico (da ordem de 10-15 m), onde supera a força coulombiana de repulsão.

A detecção do primeiro tipo de méson descoberto (o méson pi ou píon) veio a ter a

participação do físico brasileiro César Lattes (Cesare Mansueto Giulio Lattes, 1924 –

2005). Esse méson foi inicialmente detectado através de rastros deixados em emulsões

fotográficas expostas ao bombardeio de radiação cósmica no Pic du Midi, nos Pirineus

(França), a 2 800 m de altitude e no Monte Chacaltaya, na Bolívia, a 5 500 m. Lattes

revolucionou a técnica de elaboração da emulsão fotográfica acrescentando-lhe o

tetraborato de sódio (bórax), o que aumentava bastante o tempo de duração das imagens

nas chapas. Nessa época, Lattes trabalhava na equipe de Cecil Frank Powell, Giuseppe

Occhialini e H. Muirhead na Universidade de Bristol, Inglaterra. Posteriormente, em

trabalho com Eugene Gardner, na Universidade de Berkeley, participou da detecção de

mésons pi produzidos pela colisão de partículas alfa contra núcleos de carbono no

acelerador cíclotron daquela instituição. Dessa forma, foi comprovada a existência do

méson pi, porém, apenas Cecil Powell foi laureado com o Prêmio Nobel, em 1950.

19
(Lattes explicando a descoberta do méson pi , numa palestra na cidade de Rio Claro-SP, em 14 de
agosto de 1999)

(O autor deste trabalho com César Lattes, na mesma ocasião, após a palestra)

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4 – A TEORIA DOS QUARKS

Por volta de década de 1950, já era grande o número de partículas que constituem a

“fauna” subatômica. Na década de 1960, esse número já era quase o mesmo que o de

elementos da tabela periódica, o que leva os físicos Murray Gell-Mann e George Zweig,

em 1964, a propor que muitas dessas partículas (hádrons e bárions), são formadas por

partículas mais elementares – os quarks (termo que Gell-Mann extraiu do romance

Finnegans Wake, de James Joyce).

Os quarks são de seis tipos: up (u), down (d), top (t), bottom(b), charm (c) e strange(s)

sendo que nas condições de temperatura de nosso atual Universo temos apenas os quarks

up e down; os demais só ocorrem em experimentos de alta energia produzidos em

aceleradores de partículas.

(Quarks: up, down, top, bottom, charm, strange)

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Os quarks apresentam carga elétrica que corresponde a uma fração da carga elétrica

elementar (e = 1,6.10-19 C) : +/- 1/3.e ou +/- 2/3.e

Desta forma, um próton, que possui carga +1e ou um nêutron que possui carga

nula são constituídos, respectivamente, de 2 quarks up e um quark down (uud) e 1 quark up

e dois quarks down (udd).

(Modelo dos Quarks: próton: uud e nêutron: udd)

5 – ANTIPARTÍCULAS

Toda partícula tem sua correspondente antipartícula, de mesma massa, paridade e

mesmo spin, porém, carga elétrica oposta. Quando uma partícula e sua antiparticula se

encontram, ocorre um aniquilamento com a produção de energia. Por exemplo

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antipartícula do elétron e- é o pósitron e+: quando ambos colidem, são destruídos e

transformados em radiação gama:

e- + e+ γ

Processo similar ocorre com outros pares partícula-antiparticula.

6 – HÁDRONS E LÉPTONS

6.1 - HÁDRONS

São partículas formadas por um quark e um antiquark (méson) ou três quarks

(bárions). Dessa forma , temos, por exemplo:

- um próton (p) é um hádron do tipo bárion pois é formado por dois quarks up e um quark

down (uud).

- o píon positivo ( π+) é um hádron do tipo méson pois é formado por um quark up e um

antiquark down (ud)

(Hádrons: formados por um quark e um antiquark ou por três quarks)

23
6.2 - LÉPTONS

São partículas elementares em si mesmas, não sendo constituídas de quarks. Porém,

tal como esses, existem em seis tipos: elétron, neutrino do elétron, múon, neutrino do

múon, tau e neutrino do tau.

Os quarks e léptons, possuem spin fracionário e são chamados de férmions e

obedecem ao Principio de Exclusão de Pauli.

Hádrons e léptons desempenham um papel estrutural na matéria (1ª geração)

(Família dos léptons)

7- BÓSONS E AS INTERAÇÕES FUNDAMENTAIS

São partículas que desempenham o papel de mediadoras de processos de interação

entre outras partículas, não possuem estrutura interna e seu spin é inteiro.

Os bósons são: o glúon (g), o fóton (γ), e as partículas W+, W- e Z0. O gráviton (G)

ainda é puramente teórico uma vez que não foi detectado.

Através dos bósons, podemos compreender a estrutura conceitual da Física de

Partículas para as quatro forças fundamentais que governam todos os processos físicos do

Universo: força eletromagnética, força gravitacional, força nuclear forte e força nuclear

fraca.

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Deste modo, temos as seguintes relações:

- Os glúons atuam entre os quarks, prótons e nêutrons, produzindo a força nuclear

forte, de domínio restrito à distâncias da ordem de 10-15 m. A propriedade dos quarks que

permite a sua interação através dos glúons é denominada carga-cor e são o vermelho, verde

e azul. Entre os antiquarks, vale uma propriedade semelhante com as cores ciano, magenta

ou amarelo, complementares às dos quarks, respectivamente.

- Os fótons atuam entre partículas carregadas eletricamente, produzindo a atração ou

repulsão eletromagnética (força coulombiana). Esses fótons mediadores são denominados

fótons virtuais, de duração muito pequena.

(fóton virtual – γ – intermediando a repulsão coulombiana entre elétrons)

- Os Bósons W+, W- e Z0 são mediadores da força nuclear fraca: os W+ para as partículas

carregadas negativamente ou W- para as partículas carregadas positivamente. Os bósons Z

são neutros e, portanto, atuam em interações fracas de partículas de carga nula.

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(decaimentos onde aparecem os bósons W+, W- e Z0)

- O gráviton é considerado o mediador da interação gravitacional, porém, ainda não foi

detectado experimentalmente. O Brasil participa do esforço de detecção do gráviton

através do Projeto Ômega, que consiste de três detectores esferoidais de nomes Schenberg,

Newton e Einstein, que formarão o Laboratório Brasileiro de Ondas Gravitacionais.

(http://questcosmic.wordpress.com/2012/09/19/na-onda-do-graviton-revista-fapesp-2001/)

(Família dos Bósons)

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8- O MODELO PADRÃO

A descrição da composição da matéria e das interações fundamentais através desse

conjunto de partículas constitui o chamado Modelo Padrão das Partículas Elementares.

(Modelo Padrão das Partículas)

Esse modelo ainda não está completo; além do gráviton, falta ainda o chamado Bóson de

Higgs, responsável pela massa de partículas que a possuem.

9- ACELERADORES DE PARTÍCULAS

A descoberta de muitas novas partículas previstas teoricamente ocorre em

equipamentos denominados de aceleradores de partículas.

O princípio geral dos funcionamento de um acelerador de partículas consiste em se

produzir em uma determinada fonte (gás ionizado, amostra de material radioativo , cátodo

emissor de elétrons) um feixe de partículas (prótons, elétrons, nêutrons, íons) de alta

energia (MeV, GeV, TeV) concentrado em um pequeno volume e que pode ser utilizado

para bombardear um alvo fixo ou choca-se contra si mesmo, dependendo do modelo de

acelerador utilizado.

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Do ponto de vista da geometria, há essencialmente dois tipos de aceleradores de

partículas: o linear e o circular (ou cíclico).

9.1 –ACELERADOR LINEAR (LINAC)

Um acelerador linear promove a aceleração das partículas quando atravessam as

diferenças de potenciais elétricos estabelecidos entre seus eletrodos.

Como exemplos de aceleradores lineares, podemos citar desde o simples gerador

de van de Graaf , o tubo de raios catódicos dos aparelhos de televisão ou monitores de

vídeo ao gigantesco SLAC (Stanford Linear Accelerator, Illinois, EUA) que acelera o feixe

de elétrons a 22 GeV e tem 3,2 km de comprimento.

Os aceleradores lineares de grande porte utilizam longos tubos divididos em seções

de diferentes comprimentos e conectadas a alternadores que promovem uma variação na

polaridade dessas seções de modo que as partículas são sempre atraídas pela seção

seguinte, de carga oposta, adquirindo energia cinética crescente.

Utiliza-se também o método das ondas eletromagnéticas estacionárias no interior do

tubo, que transferem energia para as partículas, acelerando-as.

(esquema de uma acelerador linear: o feixe de partículas é acelerado por alternância nas

polaridades dos tubos de tamanhos variáveis)

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Aceleradores lineares podem ser usados não apenas na pesquisa de partículas, mas

para se estudar a estrutura de materiais, produzir fármacos, tratamento de câncer, etc.

A USP possui um acelerador linear – o Pelletron – que é uma versão evoluída de um

acelerador tipo van de Graaf (tipo Tandem)

(esquema do Pelletron da USP, em foto de 22/10/2010)

(Pelletron – USP, 22/10/2010)

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Os aceleradores circulares (ou cíclicos) são de dois tipos: cíclotron e síncroton.

9.2- CÍCLOTRON

Inventado em 1929 por Ernest O. Lawrence, consiste de duas caixas ocas

(evacuadas) com formato de “D” que funcionam como eletrodos e são colocadas entre

os polos de um eletromagneto, sendo atravessadas por um campo magnético

perpendicular ao plano dos “des”. Uma fonte de íons é colocada no centro do aparelho;

os íons liberados são acelerados em trajetórias espirais devido à existência do campo

magnético e à alternância na polaridade dos “des” que, para essa finalidade, são ligados

a um oscilador de rádio frequência.

(esquema de um cíclotron)

9.3- SÍNCROTRON

Num acelerador síncrotron (sincro = sincronizado) o feixe de partículas é mantido

estável em uma trajetória circular pela sincronização entre as frequências de oscilação

do campo elétrico (que acelera o feixe) e do campo magnético (que confina e deflete o

feixe garantido a forma circular) com a frequência de revolução do feixe de partículas.

Um síncrotron acelera partículas com energias da ordem de GeV a TeV.

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São destaque o Tévatron, do Fermilab (EUA), com uma circunferência de 6,3

km e energias até 1 TeV e o maior de todos, o LHC (Large Hadron Collider), entre a

França e a Suíça, que pode atingir energias até 14 TeV.

(Tévatron – Fermilab, Batavia, Illinois, EUA)

No Brasil, temos o LNLS, Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, situado na

Unicamp (Universidade de Campinas), um projeto nacional e que é utilizado em

pesquisas e aplicações em diversas áreas: medicina, farmacologia, materiais,

eletrônica,nanotecnologia, alimentação, paleontologia, etc. No caso, a luz síncrotron é

produzida pela aceleração de elétrons e sua interação com a matéria produz efeitos

variados, conforme o tipo de material utilizado.

O LNLS é único na América Latina e pioneiro no hemisfério sul, produzindo

feixes de elétrons com energias de 1,37 GeV a 3 GeV , no novo projeto.

31
(LNLS – Labortório Nacional de Luz Síncrotron – Unicamp)

9.4- O LHC (LARGE HADRON COLLIDER)

Em português, Grande Colisor de Hádrons, é o maior acelerador de partículas

síncrotron do mundo e a maior máquina construída na história da humanidade, fazendo

parte do CERN (sigla francesa para Centro Europeu de Pesquisas Nucleares) e situado

entre a França e Suiça. Faz parte de um consórcio de 20 países.

Tem um anel principal de 27 km de circunferência, subterrâneo (100 m abaixo da

superfície), utilizando ímãs refrigerados a -271,25°C (1,9 K) para confinar feixes de

prótons que viajam a 99,99 % da velocidade da luz com energias de até 14 TeV. Possui

seis detectores que analisam diferentes parâmetros das colisões entre os prótons:

ATLAS (A Toroidal LHC AparatTus, mede o momento das partículas; CMS (Compact

Muon Soleinoid, mede aspectos gerais das subpartículas geradas nas colisões; ALICE

(A Large Ion Collider Experiment) , projetado para estudar colisões de íons de ferro que

produzem quarks e glúons; LHCb (Large Hadron Collider beauty), que detecta

antimatéria através da partícula quark beauty; LHCf (Large Hadron Collider for ward)

que simula colisões idênticas às dos raios cósmicos e, finalmente, o TOTEM (Total

32
Elastic and diffractive cross section Measurement) que medirá parâmetros da seção de

choque do feixe de prótons, seu tamanho e a precisão das colisões. Todo esse

equipamento tem capacidade de produzir 15 petabytes de dados por ano e necessita de

uma rede de computadores para ser analisados.

O LHC entrou em funcionamento no dia 10 de setembro de 2008 e foi

interrompido nove dias depois, em 19 de setembro, devido a um vazamento de hélio

utilizado para resfriar os ímãs que produzem o campo magnético, ficando fora de

operação por vários meses.

A entrada do LHC em operação provocou uma onda de especulações fantasiosas

sobre possíveis efeitos catastróficos como a criação de partículas estranhas (strangelets

ou strange quarks) que poderiam gerar um buraco negro e destruir o planeta e mesmo o

surgimento de partículas que produziriam um monopolo magnético que também

provocariam destruição da matéria do planeta devido ao desequilíbrio magnético

ocasionado. Na Ìndia, uma menina de 16 anos cometeu suicídio pelo medo causado por

essas notícias, num mau exemplo do que o sensacionalismo irrefletido e a

desinformação podem acarretar.

Dois dos objetivos do LHC são: recriar as condições que deram origem ao Big

Bang, o instante do surgimento do Universo, e encontrar a partícula Bóson de Higgs.

(Vista aérea da região do CERN e do LHC, entre Genébra, Suíça e Prévessin, França)

33
(Vista de uma parte do interior do anel principal do LHC, em construção)

(Parte da grande equipe de cientistas e técnicos do LHC)

34
10- O BÓSON DE HIGGS

Previsto teoricamente em 1964 por Peter Higgs, essa partícula constitui o

quantum de um campo que preenche todo o espaço vazio do Universo, denominado

“campo de Higgs” , surgido um trilionésimo após o Big Bang e que explica a origem da

massa das partículas (daquelas que a possuem). As partículas, no início do Universo

seriam todas iguais e só adquiriram massa devido ao surgimento desse campo.

O bóson de Higgs foi chamado, numa analogia muito infeliz, de “partícula de

Deus” num livro sobre o tema escrito pelo físico Leon Lederman (Prêmio Nobel de

1993) que, originalmente, a chamou de “Partícula Maldita” tendo mudado o nome por

influência de seu editor. Essa nomenclatura tem provocado muita confusão devido ao

apelo teológico mas que passa longe do assunto ( a relação é “nada”, segundo o físico

da USP Henrique Xavier).

A provável confirmação do bóson de Higgs ocorreu em 4 de julho de 2012, com

um anúncio público feito no CERN para uma plateia de cientistas e para o mundo e com

a presença do próprio Peter Higgs, com 83 anos. Na ocasião, foi anunciada a detecção

(pelos detectores ATLAS e ALICE) de uma partícula com energia entre 125 a 126 GeV,

a uma margem de confiança estatística da ordem de “5 sigma” que corresponde a

35
99,9999% de certeza. Por essas medidas, trata-se de um bóson, mas se é o bóson de

Higgs ainda não foi dada a última palavra, pois todo novo resultado requer revisões e

análises cuidadosas que agora estão sendo desenvolvidas. Ficamos no aguardo de novas

notícias...

(decaimento do bóson de Higgs)

11- ATIVIDADES COM ALUNOS

A seguir são apresentadas diversas atividades, todas de natureza conceitual e

lúdica, que tem sido desenvolvidas com alunos do terceiro ano do ensino médio.

Algumas, como os jogos de cartas de partículas, ainda se encontram em fase de

experimentação.

11.1- ATIVIDADE 1 – SEMINÁRIOS SOBRE FÍSICA DE PARTÍCULAS

Numa primeira atividade, grupos de alunos fizeram seminário e trabalho de

mural para exposição nas dependências da escola, tendo por tema Física de Partículas.

O seminário foi desenvolvido com intervenções do professor no sentido de aprofundar

as discussões e o desenvolvimento dos conceitos.

36
37
11.2 - ATIVIDADE 2 – VIDEO: CIENTISTAS BRASILEIROS

Em consonância com a proposta do Caderno do Aluno, volume 4, 4º Bimestre,

essa atividade consistiu na apresentação do excelente vídeo Cientistas Brasileiros: César

Lattes e José Leite Lopes ( https://www.youtube.com/watch?v=DB3PzzIrRTc) , onde os

alunos puderam conhecer melhor a história de César Lattes e da descoberta do méson

pi, do desenvolvimento da Física no Brasil e a criação do CBPF, da USP e da Unicamp

com seus percalços e sabotagens do imperialismo norte americano, com toda a

contextualização histórica. A seguir, os alunos responderam a um “quiz” de 10 questões

sobre o documentário, constante no anexo.

11.3- ATIVIDADE 3 : IDENTIFICANDO PARTÍCULAS

Essa atividade é muito interessante e consta no Caderno do Aluno, volume 4, 4º

bimestre. São fornecidas figuras de trajetórias de algumas partículas (reproduzidas a

seguir):

38
Os alunos devem recortar esses quadros e utilizá-los para identificar as

partículas desconhecidas nas trajetórias das figuras seguintes e que estão apenas

indicadas com “?”.

A identificação é feita sobrepondo-se as trajetórias previamente recortadas ás figuras

dadas e observando-se a coincidência de formas:

39
11.4 - ATIVIDADE 4: JOGO DE CARTAS DO MODELO PADRÃO

Essa é uma atividade lúdica, um jogo de baralho das partículas elementares

idealizado por Marcos Fernando Soares Alves, licenciado em Física e Dr. Luciano

Gonsalves Costa, Professor do Departamento de Física da Universidade Estadual de

40
Maringá, publicado através do artigo Proposta de aplicação de Física de partículas

elementares para o Ensino Médio: um jogo sobre o modelo padrão , disponível em

http://www.pg.utfpr.edu.br/sinect/anais2010/artigos/Ens_Fis/art85.pdf

No Anexo 2 são apresentadas as regras e as cartas utilizadas nesse jogo.

11.5 - ATIVIDADE 5 – JOGO DE CARTAS “QUARKLE”

É uma outra atividade lúdica com baralho de partículas, diferente do apresentado

na Atividade 4. Esse jogo chama-se Quarkle, As regras e cartas estão reproduzidas no

anexo 3.

11.6 – ATIVIDADE 6 – SIMULAÇÃO DE UM ACELERADOR LINEAR

Essa atividade consiste numa simulação de aceleração de elétrons num acelerador

linear encontrada em:

http://www.fisica.ufs.br/egsantana/elecmagnet/movimiento/lineal/lineal.htm

Nessa simulação, que pode ser realizada no laboratório de informática da escola, os

alunos variam a carga, a massa, a ddp e o período da oscilação da ddp. Há um desafio:

encontrar conjuntos de valores para essas grandezas tais que o elétron tenha sempre sua

energia aumentada ao longo do percurso.

41
12- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Da Grécia ao presente, o desafio de descobrir a estrutura fundamental da matéria

tem sido uma epopeia muito bem sucedida do ser humano. Começando como uma

indagação puramente filosófica, a busca por uma resposta a esse desafio atraiu o

interesse dos maiores pensadores e cientistas cuja somatória de contribuições

transcenderam em muito o aspecto puramente intelectual, propiciando o

desenvolvimento das mais sofisticadas tecnologias de que dispomos na atualidade. Do

atomismo de Leucipo e Demócrito ao Bóson de Higgs, passando pela evolução dos

modelos atômicos, a descoberta das subpartículas e a construção do Modelo Padrão,

atingimos um patamar de compreensão que está nos conduzindo, através dos

experimentos do LHC, à obtenção de uma das respostas mais cruciais da Filosofia e da

Ciência: como e por quais mecanismos esse Universo em que existimos surgiu e, por

extensão, a vida e nós mesmos. Os desafios não terminaram, porém, vivemos uma

época feliz por podermos, pelo menos, dizer que nunca estivemos tão perto. “Está

quente !”, diz o instrutor ao aprendiz, quando o desafia a encontrar uma resposta e

recebe de volta algo consistente. Parece que foi essa a mensagem dos “5 sigma” obtidos

no LHC.

Tenho a esperança de que esse modesto trabalho traga algum incentivo para que

outros professores abracem o desafio de introduzir a Física de Partículas em seus

planejamentos e, com sua criatividade, multipliquem essa iniciativa propondo novas

estratégias e atividades, divulgando-as nos fóruns acadêmicos e educacionais.

42
13- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDALLA, Maria Cristina Batoni, Sobre o Discreto Charme das Partículas

Elementares, Física na Escola, vol. 06, nº 01, 2005

BASSALO, José Maria Filardo, César Lattes: Um dos Descobridores do então

Méson Pi, Caderno Catarinense de Ensino de Física, nº 07 vol. 02, 1990

ABREU, Iracema Godoy de – O Atomismo Grego de Leucipo e Demócrito –

Universidade Estadual Paulista – UNESP.

ALVES, Marcos Fernando Soares; COSTA, Luciano Gonsalves – Proposta de

Aplicação de Física de Partículas Elementares para o Ensino Médio: um jogo sobre

o modelo padrão.

CANDIDO, Suzana Laino; Formas num mundo de formas, 1ª Edição, Editora

Moderna, 19979

CADERNO DO ALUNO, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, volume 4, Rede

Estadual de SP.

HARVEY, Bernard G., Química Nuclear, Série Textos de Química, Ed. Edgard

Blucher, São Paulo, 1969

LOZADA, Cláudia de Oliveira; TEIXEIRA DE ARAÚJO, Mauro Sérgio – Ensino

de Física de Partículas Elementares no Ensino Médio: As perspectivas dos

professores em relação ao ensino do modelo padrão – Universidade Cruzeiro do Sul.

OSTERMANN, Fernanda; CAVALCANTI, Cláudio J. de H. – Um pôster para

ensinar Física de Partículas na escola – Universidade Federal do Rio Grande do Sul –

UFRS

PINHEIRO, Lisiane Araujo; CABRAL DA COSTA, Sayonara Salvador;

MOREIRA, Marco Antonio – Projetando o Ensino de Partículas Elementares e

43
Interações Fundamentais no Ensino Médio; XVIII Simpósio Nacional de Ensino

Física – SNEF 2009.

SIQUEIRA, Maxwell; Pietrocola Maurício – A Transposição Didática aplicada à

teoria contemporânea: A Física de Partículas Elementares no Ensino Médio –

Universidade de São Paulo

VIEIRA , Cássio Leite, Lattes: Nosso Heroi na Era Nuclear, Física na Escola, V.6,

nº 02, 2005

13.1-SITES CONSULTADOS

http://conspiratorio.wordpress.com/2008/09/11/tragico-menina-de-16-anos-comete-suicidio-
por-medo-do-lhc/

http://www.dfn.if.usp.br/pagina-lafn/aceleradores/pelletron/index.html

http://www.fisica.ufs.br/egsantana/elecmagnet/movimiento/lineal/lineal.htm

http://www.gizmodo.com.br/o-que-e-o-boson-de-higgs/

http://www.infoescola.com/fisica-nuclear/proton/

http://www.infoescola.com/fisica/forca-nuclear-fraca/

http://www.infopedia.pt/$acelerador-de-particulas-linear

http://www.mundoeducacao.com.br/quimica/acelerador-particulas.htm

http://www.sbfisica.org.br/v1/arquivos_diversos/apresentacoes/LNLS.pdf

http://shenews.projo.com/2009/02/physics-face-of-1.html

http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-07-04/descoberta-particula-de-deus.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antipart%C3%ADcula

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADncrotron

http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3son_de_Higgs

http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_at%C3%B4mico_de_Rutherford

http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_at%C3%B4mico_de_Thomson

http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tron

44
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81tomo_de_Bohr

http://pt.wikipedia.org/wiki/Neutrino

http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_forte

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tevatron

14- ANEXOS

A seguir, são apresentados o Quiz aplicado com o vídeo Cientistas Brasileiros e as


regras e cartas dos baralhos do Modelo Padrão e do Quarkle.

14.1- ANEXO 1 : QUIZ SOBRE O VIDEO DA ATIVIDADE 2

1) César Lattes teve uma participação decisiva na descoberta do:

a) nêutron
b) próton
c) méson pi
d) bóson de Higgs

2) A descoberta de Lattes confirmou a previsão teórica do físico:

a) José Leite Lopes


b) Marcelo Damy
c) Hideki Yukawa
d) Gleb Wataghin

3) São cientistas brasileiros do grupo de Lattes que lutaram pelo desenvolvimento da Física no
Brasil:

a) Hideki Yukawa, Mario Schenberg, Marcelo Damy, Jayme Tiomno.


b) Gleb Wataghin, Marcelo Damy, José Leite Lopes , Eugene Gardner
c) Cecil Powell, Jaime Tiomno, Mario Schenberg, Eugene Gardner
d) Mario Schenberg, José Leite Lopes, Marcelo Damy, Jayme Tiomno.

4) A descoberta de Lattes foi premiada com o Nobel de Física de 1950 que, no entanto, foi atribuído
a:

a) Hideki Yukawa
b) Cecil Powell
c) Gleb Wataghin
d) Eugene Gardner

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5) São radiações de alta energia que tiveram grande importância na detecção da partícula que Lattes
e equipe estavam procurando:

a) radiação alfa.
b) radiação ultravioleta.
c) radiação cósmica.
d) radiação infravermelha

6) Lattes teve a genial ideia de mudar a composição química dos filmes fotográficos utilizados
para a detecção de partículas, de modo a prolongar a duração dos traços deixados nesses
filmes. Para isso, Lattes adicionou aos filmes:

a) cloreto de prata
b) tetraborato de sódio (bórax)
c) tetracloreto de carbono
d) amoniato de zinco

7) A equipe brasileira de Lattes, no intuito de desenvolver as pesquisas físicas no Brasil, criou :


a) o CBPF.
b) a USP
c) a UNICAMP
d) a UNESP.

8) A confirmação definitiva da descoberta de Lattes ocorreu em :

a) um acelerador cíclotron nos EUA.


b) um observatório astronômico nos Andes bolivianos
c) um acelerador linear de elétrons na UNICAMP
d) um sincrotron na USP.

9) Lattes participou da criação de duas importantes universidades brasileiras, a saber:

a) USP e UNESP
b) PUC E UNICAMP
c) UNESP E UNICAMP
d) USP E UNICAMP

10) Com as crises políticas das décadas de 50 e 60 o instituto de pesquisas fundado por Lattes
e sua equipe enfrentou dificuldades motivadas:

a) pela pressão da URSS, pois era época da guerra fria.


b) pela pressão dos Estados Unidos, contrário a autonomia brasileira.
c) pela evasão de cientistas.
d) pelo fato de Lattes não ter recebido o Prêmio Nobel de Física de 1950.

46
14.2 – ANEXO 2: REGRAS E CARTAS DO JOGO DO MODELO PADRÃO

Esta proposta lúdica foi baseada num jogo de cartas popularmente conhecido como “PIF”. O jogo
aqui apresentado é constituído por 51 cartas, sendo: 36 cartas quarks e léptons, 6 cartas “coringas”
e 9 cartas informativas, além de um dado. Cada jogador recebe 6 cartas .Ganha quem primeiro
montar um dos grupos de férmions (quarks ou léptons), para isso, caso receba ou durante
a“compra” de novas cartas, o jogador poderá utilizar a carta “coringa” que por corresponder a
uma determinada geração, “substitui” duas cartas das partículas da geração correspondente. Há
ainda as cartas informativas, que explicam conceitos sobre as partículas, o Modelo Padrão,
algumas descobertas, evoluções e inquietações do homem a respeito dos constituintes do Universo.
Estas cartas, informativas, podem levar o jogador a alterar a estratégia de jogo. O descarte das
cartas é comandado pelo lançamento do dado, a cada duas faces distintas do dado correspondem a
um tipo de carta (quarks, léptons e informativas, lembrando que as cartas “coringas” são
consideradas quarks ou léptons). Assim, o jogador só poderá participar da rodada se possuir o tipo
de carta definida pelo dado para descarte, caso contrário, deverá “pular” a vez. Se, após o
lançamento do dado, a face apresentada for a correspondente à carta informativa, antes de ser
descartada seu conteúdo deverá ser lido em voz alta por aquele que irá descartá-la, a fim de que
todos ouçam. Ao longo do jogo, a estratégia em relação a que família montar, quarks ou léptons,
podem ser alteradas de acordo com olançamento do dado, já que são suas faces quem determina a
carta a ser descartada.

As cartas dos quarks e léptons (reduzidas) são:

Cartas coringa e cartas informativas:

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14.3 – ANEXO 3: REGRAS E CARTAS DO JOGO “QUARKLE”

Regras para o jogo Quarkle:


1. O objetivo deste jogo é ser o primeiro a “criar” 5 partículas.
2. Uma partícula deve ter carga -2e, outra deve ter carga -e, outra zero, outra +e e a
outra +2e.
3. Quarkle deve ser jogado por pelo menos 2 ou 3 pessoas, mas não é recomendado
mais de quatro jogadores.
4. Para começar o jogo, cada jogador recebe 3 cartas do maço embaralhado. O
restante é colocado no centro da mesa.
5. Um jogador pode formar uma partícula quando for sua vez de jogar. As partículas
devem ser colocadas em frente ao jogador, viradas ara cima, em pilhas de 2 ou 3
cartas. As partículas podem ser criadas em qualquer ordem. Cada jogador precisa
de um espaço para 5 pilhas em sua frente.
6. No sentido horário, após o carteador, o primeiro jogador pesca uma carta do
monte. O jogador combina as cartas para tentar formar uma partícula (usando as
regras propostas acima). É possível ao jogador criar mais de uma partícula em sua
vez. Quando não formar mais nenhuma partícula é a vez do próximo jogador.
7. Se o jogador ficar sem cartas, recebe mais 3 do maço, mas a vez é do próximo.
8. O primeiro a criar as 5 partículas ganha! Se acabarem as cartas da mesa e
nenhum jogador conseguir formar mais partículas, ganha o que tiver mais
partículas já criadas.
9. Fique com suas partículas para a atividade seguinte.

A seguir, temos os modelos das cartas utilizadas no jogo:

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