Você está na página 1de 4

9

FACULDADE ANHANGUERA DE JACAREÍ


CURSO DE DIREITO

Direito Administrativo – Administração Pública

6° Semestre

JACAREÍ
2020
Josiane é médica e professora e exerce as seguintes atividades
remuneradas concomitantemente:

i) de servidora pública sujeita ao regime estatutário do Município de


São Paulo no cargo de médica clínica geral na Unidade Básica de
Saúde do Limão, onde foi aprovada em concurso público de provas
e títulos;

ii) de plantonista no Hospital das Clínicas da Universidade do


Estado de São Paulo, no Município de São Paulo/SP, onde foi
contratada por processo seletivo público simplificado de provas e
títulos;

iii) professora universitária em uma faculdade de medicina particular


no Município de São Paulo/SP, onde foi contratada pelo regime
celetista.

Nesse contexto, Josiane pode acumular os cargos/funções


descritas em "i", "ii" e "iii"? Justifique sua resposta.

A nossa Constituição no Artigo 37, inciso XVI, via de regra, logo de primeira,
proíbe a acumulação de cargos, empregos e funções, ou seja, significa por
uma questão de moralidade, de oportunidade, não ser possível acumular dois
cargos, mesmo passando em dois concursos. Então, via de regra, não se pode
acumular dois cargos, dois empregos ou uma função e um emprego ou um
cargo com um emprego, ou seja, não dá para acumular de acordo com o texto
Constitucional. Mas, obviamente toda regra tem uma exceção e esse caso
também tem exceção, ou seja, há duas situações, duas condições para que se
possa acumular cargos e empregos, desde que, esteja prevista na
Constituição, que seja possível compatibilizar os horários de trabalho e
obviamente, que seja concursado. Com relação ao teto remuneratório, tem que
estar atento, porque há uma orientação recente do Supremo, no qual, os
valores para comparar o teto constitucional, são de cada um dos vínculos, não
é a soma dos dois, isto é, se dois cargos são acumuláveis, o teto constitucional
é comparado em relação a cada um e não na soma dos dois cargos. As
possibilidades de acumulação são: 1.Dois cargos de professor, não importa se
é Municipal, Estadual ou Federal; 2.Um de professor e técnico científico; 3.Dois
cargos de profissionais da área da saúde; 3.Um cargo efetivo qualquer com
mandato eletivo de vereador; 4.Juiz com o professor; 5.Promotor com o
professor e 6. Conselheiro do Tribunal de Contas com o professor.
Não existe na Constituição o que se chama de compatibilidade de
horário, um limite. Mas, o TCU já estabeleceu que o limite para compatibilidade
horária é de 60 horas, ou seja, não pode ter vínculos semanais que supere 60
horas, é impossível acumular. De acordo do STF, abril de 2019, esse
entendimento não é aplicado aos profissionais da saúde, apenas devem
comprovar a compatibilidade de horários. No caso específico da médica
Josiane, ela exerce atividades de médica e professora. É bom lembrar que a
mesma é servidora pública aprovada em concurso público de provas e títulos,
contratada por processo seletivo público simplificado de provas e títulos e ao
mesmo tempo, contratada como professora universitária em uma faculdade
particular, pelo regime celetista. De acordo com a Constituição, o concurso
público é a regra para todos os cargos públicos, excepcionalmente admite que
seja feito o processo seletivo. Excepcionalmente nos casos de contratação
temporária, aquelas que dizem respeito a uma necessidade temporária de
serviço ou ainda em casos, por exemplo, o que trata na Constituição, o caso de
agente de saúde e o caso de agente de endemias. No caso específico, não tem
problema, a comparação é em relação ao serviço público, ou seja, a faculdade
não faz parte da estrutura da administração pública. Então a médica em
questão, pode acumular os dois cargos sem problema nenhum, desde que seja
respeitado a compatibilidade de horários.
A União entrou com recurso no STF, questionando a decisão do TRF da
segunda região, que entendeu ser possível uma servidora pública da saúde
acumulasse dois cargos, acima de 60 horas, ou seja, a soma de horas dos dois
cargos públicos, seja acima de 60 horas. Segundo o TRF, é possível em razão
da previsão constitucional no artigo 37 da Constituição. A União alegava que
uma jornada acima de 60 horas semanais, seria muito exaustiva trazendo
prejuízos para a servidora, seria uma superposição de carga horária e haveria
incompatibilidade do texto constitucional. Mas, o plenário virtual do STF,
reafirmou o entendimento sobre a acumulação de cargos públicos, na sessão
do dia 25 de março de 2020. Por maioria, o Supremo Tribunal Federal (STF),
em sessão virtual obteve uma decisão que reafirma o entendimento do
Supremo sobre a compatibilidade de acumulação de cargos públicos. E que
ainda haja, compatibilidade de horário, respeito ao teto remuneratório e que
essa decisão, esse entendimento deve prevalecer, ainda que exista uma norma
infraconstitucional, abaixo da Constituição, que limita a jornada de trabalho.
Esse entendimento foi sobre uma servidora pública da saúde que acumulava
dois cargos públicos, ultrapassando 60 horas semanais. Essa decisão foi
tomada no recurso extraordinário de repercussão geral e que deve ser aplicado
a outros casos, que estavam esperado essa decisão.

REFERÊNCIAS

Supremo Tribunal Federal. Acumulação de cargos prevista na Constituição.


Brasília: Notícias do STF, 2020.

www.JusBrasil.com.br. Acesso em: 24 de setembro de 2020.

Você também pode gostar