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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA

03ª VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL XV - BUTANTÃ DA COMARCA DE


SÃO PAULO/SP

PROCESSO Nº 1005027-42.2018.8.26.0704

CONDOMÍNIO WAYS VILA SÔNIA, já devidamente qualificado


nos autos em epígrafe, neste ato representado por seu advogado, em face da
ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S/A,
vem respeitosamente perante Vossa Excelência com fulcro no artigo 1.009 ss do
Código de Processo Civil, apresentar suas CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE
APELAÇÃO, que seguem em anexo, requerendo seu recebimento e regular
processamento, para fins de direito.

Requer-se, por oportuno, sejam feitas no nome do advogado JÚLIO


CESAR LEAL (OAB/SP Nº. 351.189) todas as intimações dos atos produzidos neste
feito, em especial aquelas realizadas mediante publicação no Diário Oficial do
Estado, bem como no sítio virtual, sob pena de eventual nulidade dos atos
processuais.

Termos em que,

Pede deferimento.

São Paulo, 17 de dezembro de 2020.

Júlio Cesar Leal

OAB/SP nº 351.189

CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO


AUTOS PROCESSUAIS Nº: 1005027-42.2018.8.26.0704

RECORRENTE: ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SÃO


PAULO S/A
RECORRIDO: CONDOMÍNIO WAYS VILA SÔNIA

ORIGEM: 3ª Vara Cível do Foro Regional XV - Butantã

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SP,


COLENDA CÂMARA,
NOBRES DESEMBARGADORES,

I. – DOS FATOS

O empreendimento e construção denominado de Condomínio WAYS VILA


SÔNIA foi entregue em agosto de 2013 pela Construtora TIBÉRIO, e, nesse projeto houve a
participação da INPAR INCORPORAÇÕES.

O condomínio residencial é composto de 04(quatro) blocos, cada


um com 8 pavimentos, perfazendo o total de 247(duzentos e quarenta e sete)
unidades autônomas.

Em 08/12/2.017 aproximadamente às 6:30 horas ocorreu o


rompimento do cabo elétrico da rede concessionária AES- Eletropaulo que deixou o
Condomínio Recorrido sem energia elétrica até às 14 horas, protocolos Eletropaulo
nºs 1789323338 e 1789324630, com a presença de funcionários da empresa recorrente
atuando na solução do dano elétrico.

A OTIS elevadores detectou a queima de peças em três elevadores


no Condomínio Autor: BLOCO A – 01 conversor elétrico e acessórios; BLOCO D –
Transformador e placas; BLOCO – Salões de festa.
Assim, a empresa OTIS estipulou a execução da prestação de
serviços bem como a troca das peças danificadas pela pane elétrica causada pela Ré,
em R$ 28.490,00 (vinte e oito mil e quatrocentos e noventa reais).

Não obstante, a parte recorrida acionou a seguradora Allianz cujo


processo ficou registrado sob nº 226896431 sendo que de acordo com a apólice nº
517720172Y160037970 celebrado entre o Recorrido e a seguradora em questão, há a
previsão da franquia da cobertura da apólice em 20% (vinte por cento) dos
prejuízos elencados pela OTIS elevadores.

Contudo, o Condomínio Recorrido recebeu com surpresa a


informação da Seguradora Allianz que a noticiou o ressarcimento do montante
líquido de R$ 14.348,69 (quatorze mil, trezentos e quarenta e oito reais e sessenta e
nove centavos), já descontada a quantia de franquia 20% (vinte por cento)
estipulada na apólice de seguro, ou seja, R$ 3.587,17 (três mil, quinhentos e oitenta e
sete reais e dezessete centavos), totalizando, portanto, o valor em R$ 17.935,86
(dezessete mil, novecentos e trinta e cinco reais e oitenta e seis centavos)!

Como vemos o valor de R$ 17.935,86 (dezessete mil, novecentos e


trinta e cinco reais e oitenta e seis centavos) é inferior ao da ordem de serviço da
OTIS elevadores fixado em R$ 28.490,00 (vinte e oito mil e quatrocentos e noventa
reais),e, ao interpelar a Seguradora Allianz do desencontro de valores, o Recorrido
teve a ciência que a tabela da OTIS elevadores para este tipo de equipamento é de
R$ 19.729,44, que com desconto habitual ficaria em R$ 17.935,86 .

Vale ressaltar que o Recorrido questionou a OTIS elevadores sobre


os valores distintos para a mesma reparação do dano elétrico produzido pela
Concessionária recorrente, no entanto, a OTIS noticiou que a quantia seria R$
28.490,00 (vinte e oito mil e quatrocentos e noventa reais), e, diante da grande
circulação de pessoas e os transtornos causados a dias aos condôminos do local, não
teve outra opção senão acelerar o conserto dos elevadores.

Desse modo, a parte recorrida teve que desembolsar a “diferença”


de R$ 14.141,31 (quatorze mil, cento e quarenta e um reais e trinta e um centavos) à
OTIS elevadores para a execução do serviço e a troca dos equipamentos destruídos
em função de uma descarga de alta tensão da rede elétrica da Concessionária AES-
Eletropaulo.
Dessa maneira, conclui- se que os danos elétricos foram provocados
pela Concessionária recorrente, e, a mesma deverá ser responsabilizada por
indenizar o condomínio recorrido pelos gastos decorrentes com a troca dos
aparelhos e execução da prestação de serviços bem como os danos morais
ocasionados aos condôminos que ficaram sem o elevador por muitos dias o que
dificultou a locomoção deles para as suas residências.

II – DO NEXO CAUSALIDADE DO DANO MATERIAL CAUSADO PELA


EMPRESA RECORRENTE

A empresa recorrente alegou em sua defesa que não ocorreu


nenhum registro na rede de fornecimento de energia elétrica na data de
08/12/2.017, assim como, salienta que “não há nos autos nenhuma comprovação do
nexo de causalidade, evidenciando que há nos autos comprovação de que o
condomínio possui falhas estruturais com infiltração de água”

Vejamos:

O fato relatado pela parte recorrente foi extraído da ata de


assembleia e, trata-se de vício de construção de infiltração e umidade no subsolo
embaixo da região da piscina que atualmente a parte autora apresentou uma ação
nº 1053321-31.2017.8.26.0100 em face da Construtora responsável pelo
empreendimento.
Assim, Excelências, a posição dos elevadores não guarda qualquer
proximidade embaixo da piscina, sendo que na região em questão há apenas carros
no local!!!

Ademais, a empresa OIWA ELEVADORES, realizou um laudo de


reparo ao drive Regem do elevador de entrada, e, constatou que fato gerador dos
danos materiais foi de fato uma variação de tensão na rede de fornecimento da
Eletropaulo.

Ademais, Excelências, tal argumentação da parte recorrente é


inconsistente, pois, a Seguradora Allianz, apólice nº 517720172Y160037970
celebrado entre a autora e a mesma , ressarciu o montante de líquido de R$
14.348,69 (quatorze mil, trezentos e quarenta e oito reais e sessenta e nove centavos)
ao Condomínio Ways Vila Sônia, portanto, caso fosse constatado pela seguradora
em questão possíveis vícios de construção os quais pudessem danificar os
elevadores, a parte recorrida jamais receberia qualquer ressarcimento parcial do
dano material ocasionado pela recorrente.
III - DA EXPRESSA FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS BEM COMO O
RECONHECIMENTO DO DEVER DE INDENIZAR

Em 08/12/2.017 aproximadamente às 6:30 horas ocorreu o


rompimento do cabo elétrico da rede concessionária AES- Eletropaulo que deixou o
Condomínio recorrido sem energia elétrica até às 14 horas, protocolos Eletropaulo
nºs 1789323338 e 1789324630, com a presença de funcionários da empresa recorrente
atuando na solução do dano elétrico.

A OTIS elevadores detectou a queima de peças em três elevadores


no Condomínio recorrido: BLOCO A – 01 conversor elétrico e acessórios; BLOCO D
– Transformador e placas; BLOCO – Salões de festa.

Conforme se depreende a parte Recorrente em seus argumentos de


defesa, resta incontroversa a falha na prestação de serviços, vejamos:

Ora, Excelência, importante repisar que a Recorrente ao aduzir que


não houve danos às fontes de alimentação, é nítido ouvir o arme e desarme interno
do estabilizador característico de picos e quedas de energia.

A empresa Recorrente NUNCA enviou qualquer perito para a


devida verificação dos problemas ocasionados pela deficiente prestação de serviço
da empresa Recorrente sendo que a própria parte requerida admite em sua
contestação os reiterados pedidos do recorrido para que no mínimo um funcionário
fosse ao local tendo em vista os constantes casos de picos de energia na região.

Urge destacar que o dever de indenizar é medida que se impõe,


sendo irrelevantes os descabidos argumentos suscitados pela Recorrente em sua
defesa.

IV - DA RESOLUÇÃO 414/2010 – ANEEL CUMULADA COM O ARTIGO 22 DO


CÓDIGO DE DEFESA AO CONSUMIDOR

Dispõe o inciso LVI do artigo 2º da Resolução 414/2010:

“Art. 2. Para os fins e efeitos desta Resolução, são adotadas as


seguintes definições:
LVI – perturbação no sistema elétrico: modificação das condições que
caracterizam a operação de um sistema elétrico fora da faixa de
variação permitida para seus valores nominais, definidos nos
regulamentos sobre qualidade dos serviços de energia elétrica
vigentes;[grifamos]”

Outrossim, ao reconhecer a perturbação no sistema elétrico do


recorrido ora que extrapolou os limites mínimos no que tange a qualidade e
segurança consumidores.

E, se assim o fez, deve assumir as consequências.

A despeito do exposto, importante consignar ainda que, a referida


norma cita o termo “perturbação ”para definir o cerne da questão: o dever de
indenizar, seja a título de danos materiais ou morais (inciso XVIII e XIV do art. 2º da
Resolução):

“XVIII – dano emergente: lesão concreta que afeta o patrimônio do


consumidor, consistente na perda ou deterioração, total ou parcial,
de bens materiais que lhe pertencem em razão de perturbação do
sistema elétrico;”

“XIX – dano moral: qualquer constrangimento à moral ou à honra


do consumidor causado por problema no fornecimento da energia ou
no relacionamento comercial com a distribuidora, ou, ainda, a ofensa
de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica,
decorrente do fato lesivo; (Redação dada pela
RENANEEL479,de03.04.2012)[grifamos]

Segundo o artigo 210 que trata de forma específica o dever de


indenizar todos os danos elétricos causados à equipamentos instalados nas
unidades consumidoras, deve ocorrer independentemente da existência de culpa,
ou seja, tratamos aqui dos ditames da responsabilidade objetiva:

“Seção IV Das Responsabilidades Art. 210. A distribuidora


responde independentemente da existência de culpa, pelos danos
elétricos causados a equipamentos elétrico- instalados. “
Não há qualquer tipo de limitação na referida resolução, ao
contrário, sabiamente, a norma expressão dever de reparação total dos prejuízos
causados pelas distribuidoras, portanto, absolutamente incabível qualquer tipo de
limitação.

Necessário salientar também, que a relação que se estabelece entre o


usuário e a concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica são
de consumo, incidindo, na espécie, o Código de Defesa do Consumidor, com todos
os princípios e cláusulas gerais que lhe são inerentes em especial, a
responsabilidade civil objetiva e a inversão do ônus da prova.

Sob essa égide, para a responsabilização civil da fornecedora do


serviço público é impertinente a perquirição de culpa, a teor do que estatuem o art.
37, § 6º, da Constituição da República, e o art.14, do Código de Defesa do
Consumidor.

Para que fosse possível eximir a Recorrente de sua


responsabilidade objetiva assumida, seria necessária a apresentação de prova cabal
que comprovasse qualquer excludente de responsabilidade, o que, no caso, não
ocorreu.

Porquanto, os serviços deflagrador do acidente de consumos e


presume, de modo que à concessionária incumbe o ônus de produzir prova capaz
de excluir o nexo causal, e demonstrar que, tendo prestado o serviço, o defeito
inexiste; ou que a culpa é exclusiva do consumidor ou de terceiros (artigo
14,§3º,IeII,CDC),o que também não restou demonstrado na contestação
apresentada.

V – DO LAUDO PERICIAL DO SR. PERITO JUDICIAL


Tomando como base os esclarecimentos trazidos à luz pelo Sr.
Perito Judicial, fls 242/262, podemos constatar que os danos ocorridos nos
equipamentos elétricos se deram após o rompimento dos cabos do circuito de alta
tensão da rede de distribuição da concessionária, e que os elevadores, até o
momento do ocorrido, operavam normalmente.
VI. CONSIDERAÇÕES DA PARTE RECORRENTE

A recorrente, representada pelo seu assistente técnico, discordou do


laudo do Sr. Perito Judicial, fls. 282/295 tendo apresentado um Parecer Técnico
Divergente dos fatos.

O assistente técnico da recorrente apresentou argumentos


indicando que a metodologia utilizada, análise de forma indireta, não permite
apresentar os fatos como ocorreram, ao contrário de uma análise de forma direta,
pleiteada pelo profissional.

Acontece que tal análise indireta foi assertiva, tendo sido elaborada
tomando como base, além dos fatos ocorridos, a coleta de informações e a vistoria
nas instalações elétricas do condomínio autor.

Essas medidas são suficientes para uma tomada de decisões,


principalmente quando ocorridas em virtude de um grande lapso temporal, como a
análise em questão.

Após a junção das provas e análises documentais, tal fato, já


compreendido, foi apenas confirmado em inspeção visual, apresentando as
emendas dos cabos no circuito de alta tensão, responsável pela alimentação do
transformador que fornece energia ao condomínio.

Tal situação foi confirmada tanto pela ausência da energia elétrica


quanto pelo fato da comunicação do incidente, por parte do condomínio, conforme
protocolos acostados nos autos e consequente vistoria e correção pela equipe técnica
da concessionária.

Em continuidade às divergências, o profissional argumenta que o


laudo foi elaborado sem fundamentação técnica.

Tal profissional equivoca-se em tal argumento, como podemos


observar no texto apresentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL,
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, sendo o órgão fiscalizador das
concessionárias de energia elétrica:

“Equipamentos eletroeletrônicos podem queimar quando


ocorrem picos de energia. Esses picos são mais visíveis
quando há oscilação de tensão, mas também podem ocorrer
quando a energia é restabelecida logo depois de ter faltado.”
(ANEEL, 2020)

Também podemos complementar a informação com o texto técnico


trazido por Joseph Seymour e Terry Horsley, ambos pertencentes ao grupo
Schneider Electric:

“Uma interrupção, seja ela instantânea, momentânea,


temporária ou sustentada, pode causar transtornos, danos e
tempo de inatividade, tanto para o usuário doméstico como
para o usuário industrial.” (SCHNEIDER ELECTRIC, 2020).

E complementa

“Quando estes componentes desligam em forma repentina


como consequência de uma interrupção, os equipamentos
podem sofrer danos e até serem destruídos, gerando custos
associados...” (SCHNEIDER ELECTRIC, 2020).

OS DANOS CAUSADOS FORAM DETECTADOS NO MOMENTO


DO REESTABELECIMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA.

OS ELEVADORES, QUE ESTAVAM EM PERFEITO


FUNCIONAMENTO ANTES DO OCORRIDO, DEIXARAM DE FUNCIONAR.

A ANÁLISE TÉCNICA DA EMPRESA RESPONSÁVEL PELA


MANUTENÇÃO DOS ELEVADORES, EMPRESA TERCEIRA, CONFIRMOU QUE
OS DANOS CAUSADOS AOS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS ERAM
IRREVERSÍVEIS, SENDO QUE O REPARO DOS ELEVADORES EXIGIA
URGÊNCIA PARA A RESTAURAÇÃO DAS ATIVIDADES PARA ATENDER AOS
RESIDENTES DO CONDOMÍNIO.
Os danos aos equipamentos ocorreram por falha no fornecimento
da energia elétrica por parte da concessionária, que sob sua responsabilidade,
deve garantir a qualidade e a continuidade do serviço.

Podemos destacar a Art. 15 da Resolução Normativa 414/2010 da


ANEEL, que nos traz o seguinte trecho:

“A distribuidora deve adotar todas as providências com


vistas a viabilizar o fornecimento, operar e manter o seu
sistema elétrico até o ponto de entrega, caracterizado como o
limite de sua responsabilidade, observadas as condições
estabelecidas na legislação e regulamentos aplicáveis.”
(ANEEL, 2010).

O Assistente Técnico da parte recorrente tentou imputar a


responsabilidade da concessionária de energia elétrica, responsável pelo
fornecimento e qualidade deste, sem levar em conta as responsabilidades que a
mesma possui que, como única opção disponível para o consumidor de energia,
deve garantir a qualidade, confiabilidade e segurança para as pessoas e
equipamentos.

A Resolução Normativa 414/2010 da ANEEL em seu Artigo 210


traz o seguinte trecho:

“A distribuidora responde, independente da existência de


culpa, pelos danos elétricos causados a equipamentos
elétricos instalados em unidades consumidoras, nos termos
do art. 203.” (ANEEL, 2010).

Também podemos destacar na mesma resolução, em seu Artigo 2º,


item LXVIII, a seguinte definição apresentada:

“ressarcimento de dano elétrico: reposição do equipamento


elétrico danificado, instalado em unidade consumidora, na
mesma condição de funcionamento anterior à ocorrência
constatada no sistema elétrico ou, alternativamente,
indenização em valor monetário equivalente ao que seria
necessário para fazê-lo retornar à referida condição, ou, ainda,
substituição por equipamento equivalente.” (ANEEL, 2010)

Desta maneira, podemos evidenciar o equívoco dos


questionamentos apresentados pelo Sr. Assistente Técnico da parte recorrente em
seu parecer técnico.

VII- DOS DANOS MORAIS

Conforme amplamente demonstrado, uma vez comprovada à


conduta da recorrente e os danos sofridos pelo recorrido o dever de indenizar é
medida que se impõe.

Neste item melhor sorte não socorre a distribuidora.

A Autora foi prejudicada pela falha na prestação do serviço.

Isto posto, evidente a plena dissociação dos argumentos jurídicos


tecidos na defesa ofertada pela recorrente, com os documentos por ela acostados,
o legítimo nexo de causalidade dos danos com a falha nos serviços por ela
prestados, haja vista os documentos apresentados pelo recorrido bem como os
diversos pedidos de averiguação dos picos de energia que nunca foram
periciados pelos funcionários da empresa recorrente.

VIII – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Excelências, a r. decisão recorrida entendeu “não ser cabível referida


compensação, isso porque o transtorno causado à parte autora não constitui nada além de
meros dissabores e incômodos do cotidiano, não suscetíveis de reparação pecuniária, não se
constituindo em ofensa a quaisquer dos direitos da personalidade e não extrapolando os
limites que devem ser tolerados na vida em sociedade”.

Ademais, foi julgada a sucumbência recíproca: “a) cada parte arcará


com metade das despesas processuais; b) a parte autora pagará aos patronos da parte ré
honorários advocatícios de 10% do proveito econômico dos pedidos julgados improcedentes;
c) a parte ré pagará aos patronos da parte autora honorários advocatícios de 10% do valor da
condenação devidamente atualizado”.

Vejamos os pontos controvertidos da r.sentença recorrida de


acordo com a previsão do artigo 1.022, inciso I, do Códex Processual Civil.

Em ambas posições controvertidas os Tribunais Superiores


pacificaram a aplicação o entendimento do PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE que
deu causa à propositura da demanda ou à instauração de incidente processual
deve responder pelas despesas daí decorrentes.

Quando não houver julgamento do mérito, para aplicar-se o


princípio da causalidade na condenação da verba honorária acrescida de custas e
demais despesas do processo, deve o juiz fazer exercício de raciocínio,
perquirindo sobre quem perderia a demanda se a ação fosse julgada pelo mérito.

Assim, Excelências, no tocante à aplicação da penalização de danos


morais é plenamente cabível nesse caso em comento, pois, o julgamento procedente
do dano material pressupõe que a Eletropaulo deu causa à quebra dos elevadores.

A descarga elétrica causada pela Eletropaulo foi ratificada pelo Sr.


Perito Judicial sendo que ocasionou pânico geral aos residentes do Condomínio
Ways Vila Sônia, assim como, parte deles sem e com restrições de locomoção não
puderam utilizar os elevadores em direção aos seus apartamentos nesse período da
reparação dos equipamentos.

Muitos moradores, Excelências, foram obrigados a utilizar as


escadas para levar sacolas de compras de supermercado, idosos, crianças, portanto,
não se trata apenas de mero dissabor do cotidiano tendo em vista a má manutenção
da empresa Ré.

Outrossim, a sucumbência recíproca apresentou pontos


controvertidos em vossa decisão.

O Condomínio recorrido despendeu o recolhimento de custas


processuais, honorários do patrono e do assistente técnico sendo que A
ELETROPAULO OCASIONOU O DANO DIANTE DA DESCARGA NA SUA
REDE ELÉTRICA.

Se não houvesse esse fato o Condomínio não desembolsaria custas


processuais e honorários do seu fundo de reserva para essa demanda judicial o que
julgo contraditória vossa decisão, pois, a Eletropaulo foi causadora direta dos danos
relatados nessa exordial e a sucumbência recíproca contempla a má manutenção da
empresa Ré bem como a exime parcialmente das consequências judiciais
contrapondo o princípio da causalidade pacificada pela jurisprudência
predominante nos Tribunais Superiores. (RE 73527 (RTJ 63/222), RE 87958 EDv
(RTJ 89/285), RE 89696 EDv (RTJ 95/282), RE 93443 (RTJ 100/835) e RE 94132 (RTJ
107/686), foi editada a Súmula 621, aprovada em sessão plenária de 17.10.1984 (DJ
de 29/10/1984, p. 18115; DJ de 30/10/1984, p. 18203; DJ de 31/10/1984, p. 18287).

“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.
OCORRÊNCIA. SÚMULA 83 /STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. "Esta Corte Superior de Justiça, com fundamento no princípio da
causalidade, é firme no entendimento de que, nas hipóteses de
extinção do processo sem resolução do mérito, decorrente de perda do
objeto superveniente ao ajuizamento da ação, a parte que deu causa à
instauração do processo deverá suportar o pagamento dos honorários
advocatícios" (AgRg no Ag 1.191.616/MG , Rel. Min.
HAMILTONCARVALHIDO, Primeira Turma) 2. Agravo
regimental não provido. (STJ- AgRg no REsp RS 2010/0080746-8,
data de publicação: 19/12/2011).

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PRINCÍPIO DA


CAUSALIDADE. SÚMULA 303/STJ. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. O Tribunal de origem consignou que a penhora
recaiu sobre bem de terceiro por ato praticado pelo Juízo, e a Fazenda
Pública não resistiu à pretensão de desconstituição da constrição
judicial. 2. Inviável, pelo princípio da causalidade, a condenação em
honorários advocatícios. Súmula 303/STJ. Precedentes do STJ. 3.
Agravo Regimental desprovido.” (STJ - AgRg nos EDcl no REsp:
1206870 RS 2010/0149742-6, Relator: Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 02/05/2013, T1 -
PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 09/05/2013)

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. MEDIDA


CAUTELAR. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO.
EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE
MÉRITO.CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. PRINCÍPIO DA
CAUSALIDADE.POSSIBILIDADE. ART. 20, § 4º, DO CPC.
PRECEDENTES DO STJ. RECURSOPROVIDO. 1. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que,
"pelo princípio da causalidade, a parte que deu causa ao ajuizamento
da demanda deve arcar com seus ônus" (REsp 1.225.144/SE,Rel.
Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, DJe
4/3/11). 2. "É possível a condenação em honorários advocatícios na
ação cautelar em face do princípio da causalidade" (AgRg no
Ag1.363.344/RS, Rel. Min. MARIA ISABEL GALLOTTI, Quarta
Turma, DJe28/3/11). 3. Recurso especial provido para fixar a verba
honorária em R$1.000,00 (hum mil reais).” (STJ - REsp: 1240099
RJ 2011/0043252-0, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, Data de Julgamento: 01/09/2011, T1 - PRIMEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 27/09/2011)

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. MEDIDA


CAUTELAR. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO.
EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE
MÉRITO.CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. PRINCÍPIO DA
CAUSALIDADE.POSSIBILIDADE. ART. 20, § 4º, DO CPC.
PRECEDENTES DO STJ. RECURSO PROVIDO. 1. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que,
"pelo princípio da causalidade, a parte que deu causa ao ajuizamento
da demanda deve arcar com seus ônus" (REsp 1.225.144/SE,Rel.
Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, DJe
4/3/11). 2. "É possível a condenação em honorários advocatícios na
ação cautelar em face do princípio da causalidade" (AgRg no
Ag1.363.344/RS, Rel. Min. MARIA ISABEL GALLOTTI, Quarta
Turma, DJe28/3/11). 3. Recurso especial provido para fixar a verba
honorária em R$1.000,00 (hum mil reais).” (STJ - REsp: 1240099
RJ 2011/0043252-0, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, Data de Julgamento: 01/09/2011, T1 - PRIMEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 27/09/2011).
Relembra Orlando Venâncio dos Santos Filho que “se devem ao
engenho de Chiovenda os fundamentos da teoria da sucumbência, para quem o direito há que
ser reconhecido como se fosse no momento da ação ou da lesão: tudo que foi necessário ao seu
reconhecimento e concorreu para diminuí-lo deve ser recomposto ao titular do direito, de
modo que questo non sofra detrimento dal giudizio. Daí conclui o referido autor que a
condenação do vencido nas despesas processuais, como corolário da declaração de
determinado direito, tendo natureza de ressarcimento ao vencedor. Em síntese, para o mestre
italiano, a condenação nas despesas processuais estava condicionada alla socombenza pura e
semplice, desimportando a intenção ou o comportamento do sucumbente quanto à má-fé ou
culpa. ”

Artigo 85 do Código de Processo Civil in verbis:

“A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor.

(...)

§ 2º  Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o


máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

III  - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu


serviço.

§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão


devidos por quem deu causa ao processo.(Grifos nossos)
Pelo exposto, requer a condenação dos danos morais causados pela
Empresa recorrente assim como a sua condenação ao pagamento das custas
processuais, honorários do patrono e do assistente técnico despendidos pelo
Condomínio recorrido e os honorários advocatícios arbitrados em 20% (vinte por
cento) para o patrono da parte recorrida relativos à sucumbência processual
corroborando com o princípio da causalidade e a previsão expressa do artigo 85,
§2º, §10º do Código de Processo Civil.

IX – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer não seja o presente Recurso


de Apelação acolhido e julgado DESPROVIDO, com o fito de
CONFIRMAR r .sentença recorrida fls., proferida pela 3ª Vara
Cível do Foro Regional XV- Butantã, nos autos nº 1005027-
42.2018.8.26.0704 e pugna os ressarcimentos morais e materiais
(consertos e reposições) constantes no memorial descritivo,
sem prejuízo da verba referente aos danos extrapatrimoniais
sofridos pelo Condomínio recorrido ao pagamento das custas,
honorários advocatícios arbitrados em 20% (vinte por cento)
ao patrono da parte recorrida, juros legais moratórios desde a
citação inicial, com relação as condenação pleiteadas a título
de dano material (art. 405, do Código Civil), juros legais
moratórios desde a prática do ato, com relação à condenação
pleiteada a título de danos morais, correção monetária de
todos os valores a serem apurados de acordo com a tabela
prática para cálculo de atualização monetária dos débitos
judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e
demais despesas inerentes do presente feito, nos termos do
art. 85, do Código de Processo Civil.
Requer-se, por oportuno, sejam feitas no nome do advogado JÚLIO
CESAR LEAL (OAB/SP Nº. 351.189) todas as intimações dos atos produzidos neste
feito, em especial aquelas realizadas mediante publicação no Diário Oficial do
Estado, bem como no sítio virtual, sob pena de eventual nulidade dos atos
processuais.

Termos em que,

Pede deferimento.

São Paulo, 17 de dezembro de 2020.

Júlio Cesar Leal

OAB/SP nº 351.189

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