Não vou ficar a falar de minha pessoa e nem desta realidade brasileira, vou logo
palestrar sobre nós como amigos trabalhadores do mundo invisível.
Parece que a linha dos boiadeiros é nova, mas não é não. Já manifestávamos em
terreiros, tendas e barracões de muitas variantes do culto. No Catimbó é mais
notável nossa presença.
Quando começou o movimento Umbanda no Astral é que nos organizamos e
aguardamos a oportunidade de aparição dos terreiros deste culto. Assim foi
ocorrendo de forma regional até que nos alastramos por todos terreiros de
Umbanda.
Mas engana-se aquele que hoje pensa que esta linha de trabalho é composta por
homens e mulheres da terra. Nem todos, aqui tem uma mistura grande.
Também tem o machista que prega não existir mulher na linha boiadeiros, então
o que faríamos com as amazonas? Ou tantas “Marias Bonitas” que guerrilharam
por uma vida melhor???
Outro tanto de companheiros nesta linha são espíritos que atuaram no Grau Exu,
lá nas esferas mais densas e que após receber a graça de se graduar na luz tem
que passar por uma linha transitória. Eis a chave do nosso “mistério”. Boiadeiro
enquanto Grau é um Grau de transição para espíritos que aguardam seu
alocamento mais definitivo.
Neste período vamos trabalhando na Lei, colocando ordem na fronteira do meio
fio entre luz e trevas, já esta tênue linha existe dentro de cada um de nós, logo
a oportunidade de trabalhar a ordem na fronteira, nos nossos semelhantes
encarnados e desencarnados é a forma que o Criador achou para que nós
pudéssemos fortalecer a ordem dentro de nós mesmo.
Com nosso laço, visto pelos clarividentes, este serve para buscar os zombeteiros
e perturbadores. Nossa corda é infinitamente “elástica” e de onde estivermos se
localizarmos um ponto negativo e um perturbador, dali lançamos o laço e no laço
quebramos o mal.
Somos comumente chamados nos terreiros para limpeza pesada, pois somos
mesmo aquele que retira a carga pesada, quando batemos nosso pé e gritamos
nosso boi, não sobra mal algum em nosso redor.
Por fim nosso arquétipo é o sertanejo, o brasileiro do sertão, quer seja o
guerrilheiro lampião ou o tocador de gado. No entanto nem todos foram assim.
Vou tocando meu gado por aqui e desejo que o Criador lhe ilumine!
Getuá Boiadeiros!
Nota do Médium: Quem não sentiu o chão tremer e o corpo bambear ao
presenciar a manifestação de um Boiadeiro no terreiro, girando o braço como
que a laçar um boi e gritando: - Ê boi! ???
A oportunidade de convivência com a diversidade cultural brasileira que a
Umbanda fornece é algo incrível que só vivenciando para poder compreender.
Podemos viajar o Brasil todo em apenas uma gira.
Obrigado aos valentes Boiadeiros do Além que nos ampara e nos guia, como disse
certa vez o Sr. José Anízio: “- Estamos a serviço do Criador para tocar seu
gado divino, cada filho seu, seu rebanho e cabe a nós laçar aqueles que se
perderam ou afundaram em algum brejo da evolução e uma vez laçado
vamos recolocar na trilha reta do caminhar. Mais um adeus e lá vamos nós a
laçar o boi de meu Deus!”