Você está na página 1de 64

Ministério da Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro,

Secretaria Municipal de Cultura e Centro Cultural Correios apresentam


Ministério da Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro,
Secretaria Municipal de Cultura and Centro Cultural Correios present

Rio 450 anos, 120 anos de cinema

Rio de Janeiro, 2016

1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro – SP, Brasil)

Vistas Lumière / Aída Marquez [org.]


Rio de Janeiro : Editora Circuito, 2015.

ISBN 978-85-64022-78-2

1. Cinema 2. Modernidade I. Irmãos Lumière

15-09285CDD-709.81

Índices para catálogo sistemático:


1. irmãos Lumière 709.81

produção apoio
Produced by Supported

patrocínio realização
Sponsored by Organized by
Aída Marques [org.]

Rio 450 anos, 120 anos de cinema


4
ARRIVÉE D’UN TRAIN EN GARE – VILLEFRANCHE-SUR-SAÔNE, FRANÇA
6 SECRETARIA DE CULTURA
Marcelo Calero

8 CENTRO CULTURAL CORREIOS

11 VISTAS LUMIÈRE
RIO 450 ANOS, 120 ANOS DE CINEMA
Aída Marques

15 O IMPONDERÁVEL DA VIDA
E O SENTIMENTO DA HISTÓRIA
Henri Arraes Gervaiseau

19 ALVORADA DO CINEMA CARIOCA


– EM BREVE E SUAVE
Pedro Vasquez

29 A MÚSICA E O CINEMA –
UM CASO DE AMOR
Alexandre Guerra

33 O MINUTO LUMIÈRE:
A INFÂNCIA DO CINEMA
Adriana Fresquet

37 CITAÇÕES

38 BIBLIOGRAFIA SOBRE OS IRMÃOS LUMIÈRE

39 FILMOGRAFIA SOBRE OS IRMÃOS LUMIÈRE

40 FILMOGRAFIA DA EXPOSIÇÃO

41 UM POUCO DE CADA PARTICIPANTE

45 ENGLISH VERSION

5
6
A
exposição “Vistas Lumière, Rio 450 Anos, 120 Anos de Cinema” reforça os laços
histórico-culturais entre o Rio e a França. Essa relação tem início antes mesmo da funda-
ção oficial da cidade, em 1565. Até Portugal conseguir se estabelecer às margens da Baía
de Guanabara, os franceses fundaram e mantiveram a experiência da França Antarctica.
Em mapas da época, é possível encontrar a denominação Henriville, que era como cha-
mavam a possessão em plena Guanabara.
Apesar da vitória portuguesa, os franceses não deixaram de exercer influência sobre a constru-
ção da identidade carioca ao longo desses 450 anos. Aqui chegado com a Missão Artística Francesa,
o artista Jean-Baptiste Debret é a principal fonte iconográfica para conhecer os hábitos e os costumes
do Rio no início do século XIX. Muitos outros artistas, arquitetos e escritores deram suas contribuições.
Tanto a fotografia como o cinema foram acolhidos com entusiasmo pelos cariocas. Um dos maio-
res fotógrafos do Rio, Marc Ferrez, foi um dos incentivadores do desenvolvimento da atividade cinema-
tográfica. Ainda nas primeiras décadas do século XX as salas de cinema da Avenida Central já exibiam
filmes curtos rodados e produzidos na Cidade.
Receber a exposição do acervo do Instituto Lumière, no ano das comemorações do jubileu de
quatro séculos e meio do Rio, é mais uma contribuição relevante da França para o calendário comemo-
rativo dos 450 anos. Que os visitantes possam apreciar esse incrível acervo de imagens em movimento
e, assim, abraçar a Cidade Luz.

Marcelo Calero
Secretário Municipal de Cultura
e Presidente do Comitê Rio450

7
8
L
uz, eles têm no sobrenome, herdado do pai fotógrafo e fabricante de películas
fotográficas, e como berço o país, cuja capital é identificada no mundo como “Cidade Luz”.
Sob esse intenso feixe luminoso, os irmãos Lumière – Auguste (1862-1954) e Louis (1864-1948)
– são considerados os “pais do cinema”, pela produção e exibição em público dos primeiros
filmes no final do século XIX. Na antiga indústria em Lyon, fundaram a Companhia Lumière
e, desenvolvendo o cinematógrafo, eles deram movimento a imagens, projetando, assim, um promis-
sor futuro para a sétima arte.
Naquele período de transição para o século XX, nos idos de 1895 e com a utilização do novo in-
vento, os dois franceses – nascidos em Besançon – seguiram com suas ideias em direção à arte cinema-
tográfica, além da França, com um roteiro ao redor do mundo, filmando paisagens, pessoas e cenas do
cotidiano em curtíssimos três minutos. Conhecidos como “Vistas Lumière”, esses célebres documen-
tários, integram o importante acervo do Instituto Lumière e compõem as cenas primordiais e memorá-
veis no longa metragem de 120 anos da história do cinema.
O projeto “Vistas Lumière” comemora as 12 décadas do cinema neste ano de 2015, ao mesmo
tempo em que rememora o 450º centenário de fundação da cidade do Rio de Janeiro, com uma pro-
posta inusitada de ver cinema. A sétima arte excede os limites das telas e invade o espaço expositivo
das artes visuais no Centro Cultural Correios. As “Vistas Lumière” de 120 anos contracenam com recen-
tes “Vistas de Jovens do Instituto Benjamin Constant”, em cenas da Cidade Maravilhosa filmadas com
o uso de celulares, além de imagens de filmes antigos sobre o Rio.
Dos primeiros registros cinematográficos dos “pais do cinema” – nos filmes “Chegada de um
trem à estação de La Ciotat” e “Saída dos trabalhadores da Fábrica Lumière” – aos belíssimos ângulos
do Rio de Janeiro, mostrados em filmes antigos, e aos filmados, neste ano, por deficientes visuais, a ex-
posição faz uma viagem no tempo, conectando passado e presente, com “vistas” na beleza, na arte, na
inclusão social, no desenvolvimento cultural e nos avanços tecnológicos que projetam, infinitamente,
o futuro para o cinema: uma das mais fascinantes artes de todos os tempos.
Luz, cinematógrafo, câmera, celular... Ação! Os Correios, como patrocinadores da exposição
“Vistas Lumière”, selam com sua marca mais uma de suas ações como disseminadores das artes em
seus vários segmentos, como bens destinados ao desenvolvimento cultural de diferenciados públicos,
indistintamente. A Empresa se orgulha em investir na realização da mostra por seu cunho comemora-
tivo, seu ineditismo, sua beleza e, especialmente, por sua abrangência social e seu conteúdo de grande
exemplo de superação. Bem-vindos!

Centro Cultural Correios


Rio de Janeiro

9
10
SORTIE D’USINE – LYON, FRANÇA
VISTAS LUMIÈRE
RIO 450 ANOS,
120 ANOS DE CINEMA
Aída Marques

E o mundo se fez movimento...


Em 1895. Em Paris. Na França do fim do século XIX.
E o movimento se fez luz... O mundo se transformava, tornava-se vibrante, rápido e ainda fan-
tástico, quase um milagre. Novos odores, as imagens, os vapores, os homens em constantes andan-
ças, as mulheres se livrando dos espartilhos e conquistando espaços com gestos mais largos e mais
livres. O mundo mudava – muito – e em pouco tempo. As vanguardas artísticas se sucediam: propos-
tas, escândalos e um redemoinho de novidades, inventos, imagens, loucuras – eram “os anos loucos”.
Entretanto, em 1895, dois irmãos, inventores, cientistas e artistas, residentes em Lyon, projetaram
uma revolução sem saber. Eles próprios afirmaram que aquele invento não teria futuro – afinal, estavam
longe de imaginar o que estaria por acontecer. O cinematógrafo iria reconstruir o mundo – nas feiras
e nas salas escuras. Que mundo seria este? Foram muitos, hoje ainda são muitos e, no futuro, serão tan-
tos mais, registrados por essa mesma máquina, inventada há cento e vinte anos pelos irmãos Lumière.
A História (com “h” maiúsculo) ficará para os nossos palestrantes. Aqui e agora quero somente
contar para vocês como e por que decidi fazer a exposição. Recentemente, tenho trazido para a minha
cidade, o Rio de Janeiro, com grande sucesso, exposições cuja matéria-prima é o audiovisual. Não pre-
ciso sequer destacar a importância delas, no Brasil, para suprir as demandas de um público específico,
que, assim como eu, quer pensar a questão da imagem, do movimento e da vanguarda.
Vistas Lumière, sobretudo em um cenário de efeméride, relacionado ao aniversário de 450 anos
da cidade do Rio de Janeiro, é uma exposição importante, imprescindível, por trazer pela primeira vez
ao nosso país uma coleção de filmes que registram o crescimento acelerado e a transformação progres-
siva das cidades ao longo do século XX. Grande parte desses filmes, que viajaram pelo mundo e pela li-
nha do tempo, chegando até os dias de hoje, constitui um legado deixado pelos irmãos Lumière.
Paralelamente, ao lado das maiores capitais do globo, a exposição abre espaço para o Rio de
Janeiro – de ontem e de hoje. Reunindo um vasto acervo fotográfico e audiovisual, a capital carioca
é redescoberta em sua origem urbana, seu passado, através de um acervo histórico e estético, que diz
respeito à identidade do cidadão carioca e, no entanto, muitas vezes é desconhecido do grande público.
Por outro lado, o Rio de Janeiro de hoje, volatilizado pela tecnologia digital e pelas redes sociais,
também tem espaço na exposição, em filmes de um minuto de duração, realizados por alunos do Insti-
tuto Benjamin Constant dentro do projeto Escola de Cinema CINEAD ADELE SIGAUD e exibidos em tele-
fones celulares, transmitindo ao público um novo olhar sobre a cidade na contemporaneidade e novos
discursos sobre o fazer cinematográfico em plena revolução digital.

11
E agora Vistas Lumière se transforma neste catálogo – que com palavra e imagem procura re-
gistrar o efêmero: impressões e pensamentos despertados pela exposição. Neste texto de abertura, há
espaço para cumprimentar meus parceiros e patrocinadores – sempre grata pelo gesto de confiança
e pelo trabalho de colaboração – ressaltando a importância ideológica, política e histórica da arte, prin-
cipalmente em tempos de crise e de transformação.
Agradeço a leitura atenta e espero que o catálogo sirva de ensejo para, cada vez mais, pensar
sobre o cinema. Seja no Rio de Janeiro em 2015. Seja na França do século XIX. Afinal, o mundo visto
nos filmes – a imagem projetada pelo cinema – tem movimento o suficiente para nos conectar a todos,
apesar de qualquer distância.

12
13
14
ENTRÉE DU CINÉMATOGRAPHE – LONDRES, INGLATERRA
O IMPONDERÁVEL DA VIDA
E O SENTIMENTO DA HISTÓRIA
Henri Arraes Gervaiseau

“A partir do fim do romantismo, há uma espécie de


corrida, entre a fotografia e a pintura, para a impressão
instantânea da vida. O que é o impressionismo, senão
o imponderável da vida que passou para as telas,
independentemente do valor da matéria? O que passou
para os filmes de Lumière, senão o imponderável da vida?.”
Henri Langlois

Louis Lumière, pintor ocasional e fotógrafo experimentado, criou, com seu irmão Auguste,
o mercado da fotografia amadora na Europa. Os dois irmãos publicaram em 1894, em uma coleção po-
pular de grande difusão, um libreto sobre fotografia onde dedicam-se a uma série de considerações de
ordem estética, abordando a questão da fotografia de paisagens.
Herdeiros do impressionismo, definem a tomada, por surpresa, das combinações acidentais da
natureza e, no caso do retrato, a fixação de poses acidentais dos indivíduos, como duas das principais
missões do fotógrafo. Colocam como condição para a compreensão do movimento da natureza a ne-
cessidade da análise das impressões sentidas pelo observador. Finalmente, sublinham a importância
da escolha do ângulo e da localização do aparelho, assim como da variação do ponto de vista sobre
o movimento do mundo1.
No final de 1895, a empresa Lumière dispõe de uma centena de filmes de cerca de um minuto,
dos quais quarenta são obra de Louis, cinegrafista e primeiro entre os cineastas. A maioria dos filmes
dirigidos por ele pertence ao gênero denominado Vistas gerais, tomadas ao ar livre.
La sortie des usines Lumière, tomada da paisagem urbana de Lyon e primeiro filme realizado por
Louis, mostra a saída do trabalho de operários e operárias da firma familiar. No início, as portas da fá-
brica se abrem, os operários saem em sequência. Depois da ultima pessoa sair, ocorre o fechamento
das portas. Fruto de uma observação metódica do cotidiano do lugar, assim como muitos outros filmes
do catálogo da empresa, esta obra pioneira possibilita a apresentação ao espectador do processo com-
pleto de uma ação estrategicamente escolhida, já que o início do filme coincide com o início do pro-
cesso, e o fim do filme, com o fim do processo.
Essa tomada constitui, como apontou Burch, uma nova experiência de observação do real, que
consiste em surpreender e registrar uma ação conhecida em suas linhas gerais, e, portanto, previ-
sível, mas, entretanto, aleatória em todos os seus detalhes. Cabe enfatizar que na maior parte das
Vistas gerais predominam inúmeras cenas de rua, nas quais transeuntes circulam em todas as dire-
ções. Um grande número de pessoas e de veículos nos são apresentados simultaneamente e de modo
não repetitivo. A generosidade visual, o aspecto buliçoso das Vistas gerais, feitas ao ar livre, leva os

1 Lumière, Louis e Auguste. “Les appareils et leur usages” (s.d) in Chardère, Bernard. Lumières sur Lumière. Lyon: Institut
Lumière/ Presses Universitaires de Lyon, 1987.

15
espectadores a colherem signos em toda a superfície da tela, em sua simultaneidade, sem que índices
evidentes venham hierarquizá-los.2
O movimento dos indivíduos sobre a tela, longe de corresponder a uma ordem ou sucessão prees-
tabelecida, parece traduzir a dimensão propriamente aleatória da existência humana. As trajetórias
espaciais realizadas no espaço do quadro são heterogêneas umas às outras. E o espectador assiste ao
desenrolar de ações às quais ele não pode de modo algum prever o devir, já que, depois de um certo
momento, os indivíduos presentes na imagem esvanecem no extracampo. Esses movimentos, por ou-
tro lado, dizem respeito a uma multidão de indivíduos e é esse aspecto que, ligado ao primeiro, dá ao
espectador a impressão de um movimento buliçoso aleatório.
Profusão quantitativa, mas também qualitativa, dos filmes Lumière: a projeção luminosa gera,
no escuro, o movimento de imagens maiores que aquele que olha, oferecendo uma qualidade de pre-
sença ao movimento do mundo jamais vislumbrada na história dos homens. Como observou Rosset,
é essa qualidade de presença que leva o espectador a entrar num alhures paradoxal tão semelhante ao
mundo que ele acabou de deixar a ponto de enganá-lo, razão pela qual essa outra realidade pode, du-
rante o tempo da projeção, aparentar tomar o lugar da realidade em si.3
O cinematógrafo oferece a todos uma nova abertura à observação das mudanças, por vezes infi-
nitamente sutis, que operam na duração e afetam o ar, a água, a luz, e converte em objeto visível a “vi-
bração das aparências que é o berço das coisas”4. Ao permitir a captura e a inscrição, num suporte
fotoquímico, da passagem do tempo, o novo dispositivo de registro abre um novo acesso ao sentimento
cósmico da mutabilidade do mundo e da fugacidade das coisas.
No ponto de vista sobre o movimento do mundo que a vista Lumière constitui, o enquadramento
deixa um grande espaço para o desenvolvimento da ação, em seu florescer em todas as direções. Para
Louis, trata-se de escolher um quadro o mais apto possível de capturar um instante do real, e, em se-
guida, de filmar esse quadro sem nenhuma preocupação em controlar ou centrar a ação. Esse respeito
ao aleatório permite oferecer ao espectador, de acordo com a expressão de um contemporâneo, a sen-
sação envolvente do movimento real da vida5.
O que é novo, na história do visível, é essa dimensão documental, a possibilidade de apreen-
são de um material prévio, sua inscrição em um suporte fotoquímico e sua projeção aumentada sobre
os muros da cidade, através da luz. Novo também é o acesso mais direto aos fragmentos de um real vi-
vido no fragmento da duração, qualquer que seja a forma que lhe for dada, posteriormente, a fim de
comunicar a experiência dessa duração a outrem.
Compreende-se, nessa perspectiva, que, a respeito de Lumière, Daney tenha evocado a dimen-
são moral do registro cinematográfico. Uma vez que é impossível tudo prever do que será inscrito so-
bre a película, resta aceitar o que vem a mais, pedaços do real que impedem o imaginário de fechar-se.
O cineasta deve levar em consideração a mistura do que ele restituiu, como visão, com aquilo que ele
não previu nem quis, como real6.
Nessa acepção, as imagens fornecidas pela vue Lumière são de fato o traço material de um en-
contro, o suporte que possibilita o acolhimento da contingência do outro, o imponderável da vida.
Daney falava do direito de preempção da técnica de registro sobre o arranjo icônico, do pequeno
deslocamento que imortaliza, ao lado do objeto almejado, o que o visor viu. E evocava a coexistência

2 Burch, Noël. La lucarne de l’infini. Paris: Nathan Université, 1990.


3 Rosset, Clément. “L’Autre réalité” in Beylie, Claude e Carcassonne, Philippe (ed). Le cinéma. Paris: Bordas, 1991.
4 Retomo aqui, num outro contexto, expressão utilizada por Merleau-Ponty para qualificar a démarche do impressionismo.
Merleau-Ponty, Maurice. “Le doute de Cézanne” in Merleau-Ponty, Maurice. Sens et non-sens. Paris: Ed. Nagel, 1963, p. 19.
5 Burch, op.cit, p.24; Aumont, Jacques. O olho interminavel: cinema e pintura. Sao Paulo, Cosac e Naify, 2004; Gervaiseau,
Henri Arraes. O abrigo do tempo. Abordagens cinematograficas da passagem do tempo. Sao Paulo: Editora Alameda, 2012.
6 Daney, Serge. L’exercice a-t-il été profitable, Monsieur ? Paris: P.O.L, 1993.

16
obrigatória do sujeito registrado e do seu entorno. Segundo ele, a figuração do contingente, suplemento
involuntário do ato fotográfico, representou o nascimento do direito de qualquer um ser representado,
e assim o nascimento estético do indivíduo moderno. Herdeiro da fotografia, o cinematógrafo Lumière
transformou o passante em ator involuntário e permitiu, enfim, a qualquer um o direito de ter acesso
à visão da duração vivida e do devir em ação.
Parece, agora, mais fácil compreender a emoção única provocada pela visão coletiva de instan-
tes quaisquer de nosso cotidiano mais banal registrado. E, do mesmo modo, compreender porque Louis
deu a seus cinegrafistas a instrução de filmar, por todo o mundo, cenas em que o público de cada país
atravessado por eles pudesse se reconhecer.
O dispositivo de projeção favorecia a eclosão de um processo de identificação do espectador
à ação dos personagens presentes sobre a tela. O sentimento de ser participante da cena estava ligado,
por um lado, à crença em uma autenticidade dessa cena, e, por outro, ao fato de que a imagem vista
sobre a tela representava o movimento de uma ação e constituía, por isso mesmo, um relato, uma his-
tória, por menor que fosse. O espectador se sentia, antes de mais nada, participante do movimento de
uma história, que dizia respeito a qualquer um, e por isso mesmo, a todos.
Em 28 de dezembro de 1895, quando da primeira projeção de filmes Lumière, em Paris, na pe-
quena sala do Grand Café do Hotel Scribe, uma ruptura decisiva teve lugar. Como poeticamente apon-
tou Labarthe, a realidade foi reativada pela projeção de imagens em movimento sobre uma grande tela7.
Surpreendidos, além de qualquer expressão, segundo o relato do futuro cineasta Georges Mé-
liès, presente na ocasião, os primeiros espectadores, na saída da projeção, transformaram os passantes
em testemunhos do seu maravilhamento, tornando-se, deste modo, difusores voluntários da encanta-
dora novidade.
Nos dias que se seguiram, as sessões se multiplicaram no Grand Café. Logo foi necessário, para
evitar empurrões e brigas, organizar um serviço de segurança na entrada do estabelecimento. A aten-
ção do público parisiense foi reativada em janeiro de 1896 pela projeção, no foyer da Opera de Paris, das
vistas Lumière, quando do primeiro baile de máscaras da estação. A partir daí, e muito rapidamente,
o cinematógrafo conquistou a Europa, a América, o mundo.

7 Labarthe, André. “La parenthése Lumiére” in Le Monde, 15 dezembro 1994.

17
18
DANSE AU BIVOUAC – MADRI, ESPANHA
ALVORADA DO CINEMA CARIOCA
– EM BREVE E SUAVE
Pedro Vasquez

TRAVELLING
Se algo, algum dia, já foi escrito nas estrelas e se é possível falar em predestinação
expressa em um patronímico familiar isso certamente ocorreu com os Lumière. Filhos da luz, os irmãos
Auguste e Louis Lumière empregaram a fotografia (cuja etimologia é: “escrita da luz” ou “escrita com
a luz”) e, multiplicando-a em uma sucessão cronográfica de quadros encadeados, inventaram o cine-
ma, a arte da imagem em movimento, a dramaturgia da luz.
Os Lumière não pararam por aí, efetuando uma série de inovações e de melhorias em processos
fotográficos e criando o mais efetivo meio de captação de imagens fixas em cor, o Autochrome, comer-
cializados no Brasil por um amigo carioca da família, o fotógrafo Marc Ferrez. Este último, já então con-
vertido também em exibidor cinematográfico, proprietário do Cinema Pathé, que perduraria durante
décadas a fio como uma dos mais importantes salas de exibição cinematográfica do país. Sempre sin-
tonizado com a evolução urbana do Rio de Janeiro, Ferrez instalou o Pathé primeiro na Avenida Central,
símbolo máximo da modernidade republicana, deslocando-o mais tarde para o coração brasileiro do
cinema, a Cinelândia, a terra do cinema. Território de sonho erguido em derredor da Praça Floriano, si-
tuada na extremidade final da avenida, já então rebatizada Rio Branco – em homenagem ao célebre ba-
rão, nosso mais importante Ministro das Relações Exteriores –, e se espraiando também em direção ao
Passeio Público e à rua Senador Dantas.
A ligação dos Lumière com o mundo da imagem começou com o pai dos célebres irmãos, An-
toine Lumière (1840-1911), fabricante de placas fotográficas. Emulando o exemplo paterno, Louis Lumière
(1864-1948) se revelou um talento precoce e autodidata que, com apenas 20 anos de idade, inventou
um novo tipo de placa de brometo de prata que consolidou a prosperidade da empresa familiar. É au-
xiliado em seus inventos pelo irmão, Auguste Lumière (1862-1954), menos dotado, porém companheiro
fiel de todos os momentos.

CENA UM
A primeira sessão de cinema foi realizada pelos Irmãos Lumière em Paris, no dia 28 de dezembro de 1895,
no Salon Indien do Grand Café, no Boulevard des Capucines. No programa, com 20 minutos de duração,
foram exibidos entre outros os filmes Sortie de l’usine Lumière à Lyon; Le Petit Espiègle (hoje mais co-
nhecido como L’Arroseur arrosé) e L’arrivée d’un train en gare de La Ciotat, que causou enorme como-
ção, não só em virtude da proeza técnica representada pela invenção, como e, sobretudo, em virtude
da impressão de que o trem que “se precipitava” sobre os espectadores, como se fosse atropelá-los,
sensação que era aumentada pela profundidade de campo das tomadas e também pelo fato de que as

19
nuvens de vapor expelidas pela locomotiva, em determinado momento preencherem todo o campo vi-
sual, provocando uma sensação de sufocamento.
Essa é considerada a primeira sessão de cinema da história, pelo fato de ter sido paga e aberta
ao público em geral. Mas antes, evidentemente, os irmãos Lumière já haviam realizado algumas demons-
trações em congressos científicos, pois o Cinématographe dos irmãos Lumière havia sido patenteado em
fevereiro do mesmo ano. O sucesso foi de tal ordem que, já em 1898, os irmãos Lumière possuíam um
catálogo com mil títulos, graças ao envio de operadores para a captação de imagens nos quatro cantos
do mundo. Apesar do sucesso, os dois irmãos não se acomodaram, prosseguindo em suas pesquisas,
de tal forma que, em 1899, criaram o Photorama, sistema que permitia a obtenção em uma única placa
fotográfica de uma vista panorâmica de 360º. Em 1903, inventaram o citado sistema de produção de fo-
tografias coloridas por síntese aditiva Autochrome, comercializado a partir de 1907, tendo como repre-
sentante no Brasil, Marc Ferrez, amigo da dupla que, em 1919, prestigiou a recepção de Louis Lumière
na Académie de Sciences, em Paris. Contudo, os Lumière não pararam por aí e, em 1935, foram mais
uma vez precursores, ao inventarem um sistema de projeção cinematográfica tridimensional baseado
na técnica dos anáglifos, que implica no uso de óculos especiais com lentes de duas cores diferentes.
Com impressionante velocidade e senso de oportunidade, já em 8 de julho do ano seguinte, os
empresários Paschoal Segreto e José Roberto da Cunha Salles inauguraram o primeiro cinema brasileiro:
o Salão Novidades de Paris, na rua do Ouvidor, a rua da moda durante todo o século XIX. Não tardou para
que um Omniographo também fosse instalado na mesma rua, e nos anos subsequentes diversos outros
sistemas de projeção se sucederam na cidade disputando o interesse do público, tais como o Animato-
grapho, o Cineographo, o Vidamographo, o Biographo, o Vistacopio e o Cinematographo.
No momento da chegada do cinema ao país, os brasileiros já tinham mais de meio século de rica
convivência com os meios de imagem técnica, pois a daguerreotipia havia sido introduzida na cidade
do Rio de Janeiro em 1840. Contando com o beneplácito do imperador Pedro II, ele próprio praticante
da nova arte, a fotografia se difundiu rapidamente no período imperial, quando ela foi acolhida nos sa-
lões de arte antes mesmo que isso ocorresse em diversos países do hemisfério norte. Com efeito, data
de 1842, a primeira participação da fotografia na Exposição Geral da Imperial Academia das Belas-Artes.
E, o que é mais importante em termos de primazia mundial, com uma praticante feminina, a Sra. Hi-
ppolyte Lavenue, que expôs uma série de retratos em daguerreotipia no Gabinete do Diretor. Desde en-
tão, a fotografia teve presença expressiva em diversas exposições da Academia, como em 1850, quando
foram exibidos, também no Gabinete do Diretor, quatro quadros de retratos em daguerreotipia de Bu-
velot & Prat e retratos sobre papel, de Cayrol. Em 1860, quando Revert Henrique Klumb recebeu uma
Menção Honrosa por uma série de mais de quinze imagens, incluindo retratos, reproduções de escultu-
ras e vistas diversas. Ou em 1884, data da última exposição do período imperial, quando apresentaram
fotografias Augusto Rauch, Carneiro & Tavares, José Ferreira Guimarães, Marc Ferrez, Modesto Ribeiro
e Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá. Sendo que nesse ínterim a fotografia havia recebido guarida
também na Seção Exposição de Artefatos da Indústria Nacional e Aplicações nas Belas-Artes, quando,
em 1859, mostraram seus trabalhos: Chaix & Zeferino, Joaquim Insley Pacheco e Manoel Banchieri. Por
outro lado, ao mesmo tempo em que o cinema começava a conquistar o público carioca, aconteceu,
em 1897, uma projeção de imagens fixas que merece menção pelo fato de ter causado grande comoção
e focalizar um tema candente da história nacional, a documentação da fase final da Campanha de Ca-
nudos, realizada pelo fotógrafo expedicionário Flávio de Barros. A projeção, realizada com o auxílio de
um aparelho de Lanterna Mágica (um ancestral do projetor de slides), ocorreu em um estabelecimento
da rua Gonçalves Dias, vizinho à confeitaria Colombo.
Não demorou muito para que as primeiras filmagens fossem realizadas no Brasil. A primazia
coube a Afonso Segreto, que havia sido enviado à Europa para adquirir equipamento e material fotos-
sensível por seu irmão, Paschoal Segreto. No dia 19 de junho de 1898, ele realizou as primeiras tomadas

20
21
a bordo do paquete Brésil no momento em que o transatlântico ingressava na Baía de Guanabara, fo-
calizando as fortalezas da entrada da barra e os navios de guerra fundeados na baía. Uma bela estreia,
exaltando já a paisagem daquela que não tardaria a merecer o epíteto de Cidade Maravilhosa. Dez dias
mais tarde o próprio Afonso Segreto iria focalizar um tema sério, de caráter histórico, prenunciando o que
viria a ser conhecido mais tarde como “cinejornal”, ao registrar o cortejo que conduzia os restos mor-
tais do marechal Floriano Peixoto, segundo presidente da República, para o Cemitério São João Batista.

CENA DOIS
O século XX teve início espetacular, com a realização, no ano de 1900, da Exposição Universal de Paris,
em que foram apresentadas as novidades da chamada Segunda Revolução Industrial, que se desdobrou
entre 1870 e 1918. A exposição não ficou restrita ao espaço oficial, transbordando por toda a cidade, que
brilhava, luzia e estalava de modernidade, graças à onipresença da iluminação elétrica, à imponência
das grandes avenidas e bulevares rasgados pelo barão Haussmann, ao metrô, ao Grand e ao Petit Palais,
à Place de la Concorde, à ponte Alexandre III e a uma quantidade de outras impressionantes e deslum-
brantes construções que valeram a Paris a mais do que justa alcunha de Cidade Luz.
O Rio de Janeiro, que havia passado em 1889 da condição de sede da Corte do Império à de
Capital da República, não tardou a emular o exemplo francês, sobretudo porque os novos donos do
poder se empenhavam em sepultar o legado imperial, na tentativa de ressaltar a superioridade da Re-
pública. Assim, logo nos primeiros anos do século XX o engenheiro Pereira Passos, que havia estudado
em Paris na École des Ponts et des Chausées, foi nomeado prefeito da Capital Federal pelo presidente
Rodrigues Alves (que governou entre 15 de novembro de 1902 e 15 de novembro de 1906), com plenos
poderes para efetuar uma reforma urbana radical na cidade. Dito e feito, durante sua administração,
Francisco Pereira Passos arrasou sem pestanejar grandes porções da antiga urbe, num movimento in-
coercível que entrou na história como “o Bota-abaixo”, para abrir a Avenida Central, da Praça Mauá até
a Avenida Beira-Mar, modificando no processo todo o perfil do Rio. Assim, a antiga cidade colonial de
matriz portuguesa, com suas ruas estreitas e múltiplas vielas, deu lugar a uma nova metrópole de as-
sumido modelo francês, para entusiasmo da burguesia carioca que não cessava de repetir, na imprensa
ou nas reuniões sociais da época, o entusiástico refrão: “o Rio civiliza-se”. João do Rio, um dos apósto-
los maiores dessa radical metamorfose era dos mais ditirâmbicos, chegando a afirmar que “A civiliza-
ção do Brasil divide-se em duas épocas: antes e depois da Avenida. Entre a rua do Ouvidor e a Avenida
vai uma distância assim como do Saara a Marselha....1 Sendo necessário ressaltar igualmente que, em
paralelo, e graças aos esforços do sanitarista Oswaldo Cruz – enfrentando em certos casos a incom-
preensão e a revolta popular – o Rio de Janeiro se livrou finalmente das constantes epidemias de febre
amarela, varíola e cólera, que lhe valera a sinistro alcunha de Cidade da Morte.
O processo de reforma urbana da Capital Federal não ficou restrito ao período Pereira Passos,
se desdobrou em verdade por todo o período da República Velha e tendo como pontos culminantes as
duas exposições nacionais republicanas, especialmente concebidas para obnubilar suas congêneres dos
tempos do Império. A primeira delas foi realizada na Urca em 1908, em comemoração ao centenário da
Abertura dos Portos às Nações Amigas, a segunda, em 1922, celebrando, evidentemente, o centenário
da Independência. Esta última teve caráter ainda mais simbólico de ruptura, pelo fato de ter sido rea-
lizada em área conquistada ao mar graças ao desmonte do Morro do Castelo, o primeiro núcleo de ur-
banização do Rio de Janeiro. O cinema teve papel de relevo em ambas as ocasiões, sobretudo pelo fato
de oferecer a boa parte dos visitantes oriundos de províncias mais longínquas o primeiro contato com

1 RIO, João do. “Reflexões para não serem lidas” (18 de março de 1916) in BARRETO, Paulo. Crônicas efêmeras. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2001, p. 66.

22
a sétima arte. Entusiasmados eles, assim como numerosos estrangeiros que compareceram às expo-
sições, enviavam notícias para casa por intermédio de outra grande novidade, o cartão postal fotográ-
fico, que – surgido em fins do século anterior – teve em ambos os eventos, seus picos de popularização
e difusão de fotografias no Brasil.

CENA TRÊS
O historiador Charles Dunlop coligiu informações precisas sobre os primórdios do cinema no Rio, assi-
nalando, por exemplo, que, em 1904, foram apresentados 13 filmes no Teatro Lírico em diversas sessões
com os seguintes preços: 15$000, camarote de primeira classe; 10$000, camarote de segunda classe;
3$000, cadeira; 1$000 galeria, o chamado “poleiro”. No ano seguinte, existe registro de algumas proje-
ções realizadas ao ar livre, no Passeio Público. Até que em 9 de agosto de 1907, foi inaugurada aquela
que pode ser considerada a primeira sala permanente de cinema do Rio, na Avenida Central esquina com
a rua Chile: Grande Cinematógrafo Parisiense, de J. R. Staffa, que apresentou “dois dramalhões”: A filha
do faroleiro, e D. Luiz IV. Pouco depois, no dia 18 de setembro, surgiu o Cinema Pathé, também na ave-
nida Central, nos números 147/149. Foi depois transferido para o lado oposto da avenida, no número 116,
onde ficou conhecido como “Pathésinho”, permanecendo em funcionamento até 1940. Ao passo que, no
endereço anterior, foi instalado o Cinema Palais. Em 1908, o cinema já estava bastante disseminado no
Rio de Janeiro, com o surgimento das salas: Ouvidor (rua do Ouvidor, 127); Rio Branco (rua Visconde do
Rio Branco, 8); Japonês (avenida Central, 154); Paris (Praça Tiradentes, 50); Brasil (Praça Tiradentes, 1)
e High Life (Praia de Botafogo no atual local do Guanabara). Foi a explosão do que se denominava jocosa-
mente então de “teatro para surdos”, com 123 cinemas licenciados e instalados, segundo Charles Dunlop.
Vale lembrar que um acontecimento ocorrido em 1907, e aparentemente sem relação com a in-
dústria cinematográfica, contribuiu enormemente para a expansão das salas de cinema cariocas, con-
solidando a posição da cidade como capital do cinema no período da Primeira República: a inauguração
da usina de Ribeirão das Lages, regularizando enfim o fornecimento de energia elétrica para a cidade
do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, a firma Marc Ferrez & Filhos se associou sigilosamente com Ar-
naldo Gomes de Souza – isso porque a Pathé não permitia que seus representantes fossem também exi-
bidores – na criação do cinema Pathé da Avenida Central. Foi a terceira sala exclusiva de cinema do Rio,
e o anúncio de sua inauguração prometia: “Projeções animadas isentas de trepidação, claras e perfei-
tas. Novidades! Surpresa!”. De fato, cumprindo o prometido, já no ano seguinte (1908), o Pathé exibia
o primeiro longa ficcional brasileiro: Nhô Anastácio chegou de viagem, de Júlio Ferrez. Sendo impor-
tante ressaltar que outra produção pioneira, deste mesmo ano, Os estranguladores, de Antônio Leal,
é considerada por alguns historiadores como a obra inaugural do gênero em nosso país.
Filmes inspirados em crimes reais encontram sucesso especial no Brasil, diferentemente do que
ocorria na Europa na mesma época. O assassinato mais célebre do início do século XX, perpetrado por
Michel Traad ao esquartejar Elias Farhat, colocá-lo em uma mala, embarcando com ela no Porto de
Santos, com o objetivo de jogá-la no mar. Esse crime, que chocou o Brasil inteiro na ocasião, deu en-
sejo a quatro produções distintas com uma peculiaridade curiosa, dificilmente reproduzível nos dias
de hoje: duas delas compartilhavam o mesmo título. O crime da mala foi realizado, respectivamente,
pela Empresa Cinematographica Paulista e pela Empresa F. Serrador, ao passo que A mala sinistra foi
filmado tanto pela Photo Cinematographia Brasileira quanto pela Ferrez e Filhos.

CENA QUATRO
Em 1910, considerado o “ano de ouro” do cinema nacional, pela qualidade e número de produções, Jú-
lio Ferrez realizou os filmes musicais Vissi d’arte, vissi d’amore e La Madrilena, produzidos por William

23
24
Auler, trabalhando também com o empresário na nova versão de Il Pagliacci e em Os efeitos do maxixe.
Com o grande rival de Auler, Francisco Serrador, o verdadeiro “Rei da Cinelândia”, que mais tarde seria
sócio dos Ferrez, Júlio fez A marcha do Cadiz, revista cantante sobre a implantação da república em
Portugal, e O cometa, sobre o aparecimento do cometa Halley. Em abril do mesmo ano, Marc Ferrez
e Arnaldo Gomes de Sousa passam a produzir no Brasil o Pathé Jornal, cinejornal que havia sido criado
no ano anterior pela matriz francesa, consolidando assim a vertente documental e jornalística do ci-
nema no Brasil. No ano seguinte, 1911, Júlio filmou o Theatro Municipal de São Paulo, para o Pathé Jor-
nal, e também o curta: Cultura da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo. E, prosseguindo na parceria
com Serrador, A serrana, opereta de “costumes brasileiros e portugueses”; outra opereta, O conde de
Luxemburg, e o cantante O cordão carnavalesco. Dois anos mais tarde, registrou para o Pathé Jornal:
Ascensão em funicular da montanha Corcovado no Rio de Janeiro e Passeio na baía do Rio de Janeiro,
e o voo em hidroavião do presidente Hermes da Fonseca.
O ano de 1910 também teve importância determinante para o cinema paulistano, pois, conforme
salientou o crítico e historiador Jean-Claude Bernardet, foi então que ocorreu o primeiro surto impor-
tante de cinema em São Paulo: “De fato, essa Idade do Ouro é muito pouco brasileira, tanto pela produ-
ção como pela exibição. Os filmes cariocas mal atingiam São Paulo.”2 Foi, com efeito, na década de 1910,
que a produção cinematográfica começou verdadeiramente a se organizar no Brasil e diversas grandes
obras da literatura nacional foram adaptadas para o cinema, tais como: Inocência, do Visconde de Tau-
nay; O caçador de esmeraldas, de Olavo Bilac; A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo; Iracema,
de José de Alencar; O Mulato, de Aluízio Azevedo. Em paralelo, começaram a surgir também os filmes
inspirados no teatro de revista, entre os quais se destaca Paz e amor. Tais produções eram estreladas
pelas vedetes em evidência, carreando público para o teatro, ao passo que as revistas atraiam público
para o cinema. Uma data que merece destaque no período é o dia 29 de junho de 1911, quando Fran-
cisco Serrador fundou a Companhia Cinematográfica Brasileira em sociedade com um grupo de em-
presários preocupados com o fomento da produção nacional. O que é considerado uma consequência
direta da visita, ocorrida em fevereiro do mesmo ano, de um grupo de capitalistas norte-americanos
interessados em investir no Brasil.
Contudo, ainda que a década de 1910 seja considerada a da efetiva profissionalização do cinema
no Brasil, as coisas não foram tão idílicas quanto poderíamos pensar e, a bem da verdade, o período
começou conturbado. De tal forma que, no ano de 1912, a crise havia atingido tal intensidade que so-
mente um filme de ficção foi rodado este ano no país, segundo Jean-Claude Bernardet. Um dos princi-
pais causadores da crise foi o poderoso empresário francês Charles Pathé que, em 1907, interrompeu
a venda dos seus filmes, passando a alugá-los. Isso porque, como explicou então Benoit Lévy, presi-
dente do seu monopólio: “o filme é uma propriedade literária e artística. Para apresentá-lo, é necessá-
rio pagar um direito.” Essa ideia foi encampada em 1909 pelo Congresso de Produtores da França, que
preconizava o aluguel de filmes que deveriam ser devolvidos quatro meses depois. Do outro lado do
Atlântico, nos Estados Unidos, Thomas Edson tomou medidas semelhantes para assegurar o monopólio
das suas produções. O importante crítico e historiador, Paulo Emílio Salles Gomes apontou igualmente
como motivo para a crise do cinema brasileiro, a transição do cinema de produção artesanal e indepen-
dente para a produção industrial dos grandes estúdios, que passaram a controlar o mercado mundial.
Os ventos começaram a mudar em 1917, quando o cinema nacional ensaiou uma retomada com
a produção de diversos filmes. Na década de 1920, teve início o processo de descentralização da pro-
dução, com o surgimento das experiências regionais, como a Aurora Filmes, em Pernambuco (1923)
e Humberto Mauro, em Cataguazes (MG), em 1925, assim como outros focos de produção em Pouso
Alegre, Guaranésia e Campinas. Jean-Claude Bernardet lembra também que: “Além disso, consultando

2 BERNADET, Jean-Claude. Historiografia clássica do cinema brasileiro. São Paulo: Annablume, 2008, p. 40.

25
a ‘Filmografia brasileira’ (Guia, 1985), constatamos a existência de filmagens, entre 1912 e 1922, em Bar-
bacena, Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Juiz de Fora, Fortaleza, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Pouso
Alegre, Recife, Salvador, São Luís do Maranhão e Uruguaiana. Trata-se às vezes de um pequeno docu-
mentário apenas; outras de uma produção mais complicada. A isso podemos acrescentar que, apesar
de a concentração carioca e paulista ter dominado a produção brasileira, a existência de produção fora
deste eixo tem sido uma constante, com momentos mais ou menos intensos.”3

CENA CINCO
No campo do cinema o marco indiscutível do ano de 1930 foi a criação da Cinédia, de Adhemar Gonzaga,
o primeiro grande estúdio brasileiro, que persiste em atividade, decorridos 80 anos, acumulando em
seu currículo 56 longa metragens e mais de 700 documentários e cinejornais, de média ou curta me-
tragem. Sua primeira produção foi Lábios sem beijos, dirigida pelo mestre mineiro Humberto Mauro e,
para se ter uma ideia da qualidade das suas instalações basta lembrar que, em 1942, seus estúdios fo-
ram alugados à empresa hollywoodiana RKO, para a filmagem de It’s All True, de Orson Welles. No âm-
bito da política, o ano assinalou o fim da Primeira República, ou República Velha, sacramentado quando
Getúlio Vargas assumiu a presidência em 3 de novembro, depois de sagrar-se vitorioso na Revolução de
30, contra o presidente eleito Júlio Prestes.
No ano seguinte, “Júlio Ferrez, representando a Marc Ferrez Filhos, e Adhemar Leite Ribeiro, da
CCB, redigem o memorial da 1ª Convenção Cinematográfica Nacional, promovida pela associação Bra-
sileira Cinematográfica. O documento é entregue ao presidente Getúlio Vargas em 25 de novembro de
1931, em reunião à qual compareceram, além dos autores, Luís Severiano Ribeiro, Francisco Serrador,
Pascoal Segreto Sobrinho, Alberto Torres Filho, Gomes Nogueira, Lafaiete Silva, J. Caruso, John L. Day,
da Paramount, e William Melniker, da Metro-Goldwyn-Mayer.”4 E, para concluir esse rápido sobrevoo da
fase inaugural do cinema carioca, cumpre mencionar ainda, na década de 1930, a criação do INCE (Ins-
tituto Nacional do Cinema Educativo), em 1937, que terá em Humberto Mauro seu mais importante
realizador. Com a Segunda Guerra Mundial já deflagrada na Europa desde 1º de setembro de 1939, a dé-
cada se encerrou de modo sombrio no Brasil, com a implantação, em dezembro do Departamento de
Imprensa e Propaganda do governo Vargas. Sob a mão de ferro de Lourival Fontes, o DIP garroteou as
atividades artísticas e jornalísticas brasileiras até sua extinção, em 25 de maio de 1945, em muito pre-
judicando a livre expressão e o adequado florescimento da cultura nacional. Mas essa já é outra histó-
ria, sem conexão com o presente trabalho...

FOCO SOBRE A FAMÍLIA FERREZ


Graças à amizade com Charles Pathé, que conhecera em Paris no ano anterior, Júlio Marc Ferrez (1881-
1946), filho do premiado fotógrafo Marc Ferrez, conseguiu em 1905 a representação da Société Pathé
Frères para o Brasil. Passou então a fornecer os filmes e os equipamentos da empresa francesa para
os exibidores ambulantes e as salas fixas que começam a surgir em diversos pontos do país. Mas, em
30 de maio de 1912, a firma Marc Ferrez & Filhos vendeu todos os seus ativos, inclusive o Cinema Pathé,
assim como a representação da Pathé Frères e de outras firmas francesas para a Companhia Cinema-
tographica Brasileira, de Francisco Serrador. Luciano Ferrez se tornou então gerente-geral da sucursal
carioca, com Júlio assumindo a gerência executiva. Pensando melhor, em 1915, a família rompeu com

3 BERNARDET, Op. Cit., p. 47.


4 VASQUEZ, Pedro Karp e SEGALA, Lygia. Família Ferrez: novas revelações. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2008,
194.

26
a CCB e restabeleceu a Marc Ferrez & Filhos, negociando dois anos mais tarde a retomada do Cinema
Pathé. No dia 10 de abril de 1928 foi inaugurado o Pathé Palace, que depois passaria a se chamar Pathé
Palácio e, em seguida, simplesmente, Pathé.
Na família Ferrez, o nome que merece maior destaque no campo do cinema é o de Júlio Marc
Ferrez, em virtude de seu pioneirismo como realizador. Em 1907, ele começou a atuar como documen-
tarista para a Pathé, registrando, por exemplo, a visita que o presidente francês fez ao Rio de Janeiro em
setembro deste mesmo ano: Viagem de S. Exa. Paul Doumer ao Brasil. Filmou, ainda em 1907, Indús-
tria de Madeira no Paraná + Colheita, preparação e embarque do café. Em 1908, ele lançou um drama,
O triunfo de Nero, com roteiro e direção de sua autoria, e a já citada comédia de costumes, Nhô Anas-
tácio chegou de viagem, sobre as trapalhadas de um caipira na Capital Federal. Júlio Ferrez realizou
também “filmes cantantes” para William Auler, um dos principais produtores do gênero: “Nesses mu-
sicais, os artistas ficavam atrás da tela, dublando ao vivo as imagens projetadas. Em geral, os filmes
apresentavam trechos de óperas ou músicas populares, William e Júlio colaboram nos musicais Bar-
carola, Duo de los patos, Duo da Africana, A mascote e Caracolito.”5
Enciumado com o sucesso da família Ferrez, o italiano Jacomo Rosario Staffa, dono do Cinema-
tographo Parisiense, denunciou a participação oculta da Família Ferrez na sociedade do Cinema Pathé.
Por sorte deles, sua intriga não vingou, de modo que, em agosto de 1908, eles renovam o contrato com
a Société Pathé Frères. No ano seguinte, os Ferrez produziram: Tarantela napolitana, Tosca, Copaca-
bana (que teve a peculiaridade de ser filmado no Arpoador, hoje considerado território ipanemense),
Fandanguassu, Chispino y la comadre, Couplets del café de Puerto Rico (Caracolillo), Chiribiribi, Cha-
teau Margaux, Ri Tu Che Manchiave, Sphinx, Sonho de valsa, I pagliacci (Vesti la giubba) e La nina
Pancha. Contudo, A viúva alegre, dirigida por Alberto Moreira, com fotografia de Júlio Ferrez, foi a pro-
dução de maior sucesso do ano, merecendo mais de mil projeções. Em dezembro do mesmo ano, Júlio
filmou um subproduto: A valsa da viúva alegre, com a cantora A. Pelissier; e, ainda, A gueixa. Júlio fez
ainda um importante documentário sobre o Carnaval carioca: Aspectos populares do Carnaval do Rio.

CLOSE FINAL NO PATRIARCA


Filho do escultor e gravador Zépherin Ferrez, escultor membro da Missão Artística Francesa, Marc Fer-
rez (1843-1923) completou seus estudos em Paris (França) na casa de outro escultor, Alphée Dubois,
após a morte de seus pais em 1851. Integrou a Comissão Geológica do Império, responsável pela explo-
ração do interior do país entre 1875 e 76, sob o comando do geólogo e geógrafo Charles Frederick Hartt.
Único profissional e merecer o título de Fotógrafo da Marinha Imperial, em 1880, sendo homenageado
com a comenda de Cavaleiro da Ordem da Rosa, em 1885. Aliando um profundo conhecimento técnico
à sua grande sensibilidade artística, se tornou pioneiro no uso do flash de magnésio nas minas da re-
gião de Morro Velho (MG). Ferrez foi autor de expressivos conjuntos de retratos, como os registros in-
formais dos membros da família imperial brasileira ou a série consagrada aos vendedores ambulantes
de origem europeia que começaram a substituir a mão de obra escrava nas ruas do Rio de Janeiro em
fins da década de 1880. Mas sua preferência era pela fotografia de paisagem, de modo que para ter con-
dições de viabilizar essa predileção, ou se dedicar a projetos como o Álbum da Avenida Central, Marc
Ferrez passou a representar aqui no Brasil fabricantes franceses de produtos e equipamentos fotográ-
ficos e, depois, cinematográficos, o que acabou o aproximando dos irmãos Lumière, que, além de só-
lida parceria comercial, firmaram amizade imorredoura.

5 VASQUEZ & SEGALA, Op. Cit., p. 194.

27
28
PANORAMA DU GRAND CANAL PRIS D’UN BATEAU – VENEZA, ITÁLIA
A MÚSICA E O CINEMA –
UM CASO DE AMOR
Alexandre Guerra

Este não foi um casamento anunciado, mas previsto. Não poderia ter sido diferente, foi
assim com todas as artes, sagradas ou profanas, todas dialogaram com a música, da tragédia grega
às encenações católicas, do teatro de sombras chinês de 3000 anos ao ritual do Kuarup no Alto-Xingu,
todas se amplificaram pelo poder expressivo que ela empresta a quem se associa, ou casa, aqui pro-
priamente dito.
Com o cinema, não podemos dizer que foi amor à primeira vista, embora ela tenha entrado na
sua vida desde os primórdios, logo nas primeiras projeções públicas realizadas pelos irmãos Louis e Au-
guste Lumière. No início, figurava mais como uma coadjuvante menor, quase um figurante. Na sala de
projeção, tocada ao piano, cumpria apenas a função de disfarçar o ruído dos projetores, ou a de criar
uma atmosfera mais aprazível ante o silêncio duro proposto pelos filmes mudos. No começo, estes não
passavam de recortes da vida cotidiana: um trem chegando à estação, uma passeata, trivialidades da
vida citadina. Mas, assim como o cinema de sua parte tratou de se sofisticar, a música por sua vez teve
de se repensar para acompanhá-lo. Agora, os filmes já narravam pequenas histórias, e a música pas-
sava a cumprir novo papel, o de sublinhar musicalmente cada gesto, no amor e na tristeza. Era a com-
panhia perfeita, nunca questionava nada, ecoava sempre concordante o que havia na ação; música
romântica para cena de beijo, um adagio profundo se houvesse morte, no ato heroico, triunfal, e tudo
ia bem, estavam em lua de mel.
Eis que um senhor, que não estava no roteiro, apareceu em cena: um tal de Einsenstein, russo
e cheio de ideias revolucionárias. Por que não fazemos ao contrário, diria ele, música dramática na cena
do beijo, uma marcha alegre diante da derrota dos soldados, e deu até nome para isso: contraponto au-
diovisual. Na ideia dele, agora a música seria emancipada, poderia ter um discurso diferente do da se-
quência num filme, vejam só, poderia até discordar dele. No início a relação pode talvez ter balançado,
mas logo frutificou, a distância entre seus discursos geraria um terceiro, filho legítimo deste embate. Hoje
quando assistimos a filmes de suspense onde sequencias românticas são acompanhadas por músicas
repletas de dissonâncias e tensão, não nos damos conta que estamos diante de um de seus herdeiros.
E o cinema mudo ia muito bem, obrigado. Os filmes já não eram acompanhados somente pelos
solitários pianistas, havia trios, quartetos, orquestras! A música ocupava espaço, no filme e na sala de
projeção. Música original já era composta para os filmes, começando pelo Assassinato do Duque de
Guise, composto por Saint Säens, em 1908, E, embora não houvessem sons e diálogos sincronizados
com os filmes, estes contavam muito bem suas histórias, tendo sempre sua fiel escudeira ao seu lado.
Mas, como não há bem que sempre perdure, ou mal que dure para sempre, em 1927 surgiu ele,
com ares de galã e a voz de Al Jolson: O Cantor de Jazz, ou melhor, o cinema sonoro! No inicio, não foi
assim, só flores não! Onde esconder os microfones? O que fazer com o sotaque caipira da protagonista?

29
O que devem dizer os atores? E a música, tem espaço para ela no meio dessa falação?! Bem, antes que
o cinema desse este importante passo para frente, teve que dar dois grandes para trás, reinventar-se,
questionar a forma com que desenrolava suas histórias. No início, a música perdeu espaço, afinal a no-
vidade eram os “Talking Pictures” (Filmes Falantes). O diálogo havia sido promovido ao primeiro plano
e a música foi morar no quarto dos fundos.
Mas, como quem foi rei nunca perde a nobreza, um dia ela voltou, repaginada. A novidade era
a música funcional. Com o advento da sincronização, a música poderia ficar indefinitivamente vincu-
lada ao filme, a cada um de seus frames, e isso possibilitava uma composição milimetricamente plane-
jada. As sequencias de ação poderiam ter, cada um de seus planos, marcados e ajudados pela música,
e que ritmo o filme ganharia com isso! De mão dadas, o filme e a música dançariam a valsa da eterni-
dade... seriam amantes e cúmplices, para sempre.
Mas a história não acaba aqui. Eis que um dia, alguém de nome Disney, teve a brilhante ideia
de a partir da música inventar um filme. A música, num passe de mágica passaria a rainha soberana,
e a seguindo logo atrás, num papel, digamos, mais submisso: o filme. Nascia o desenho animado Fan-
tasia. Pela primeira vez na história do cinema, um filme se submeteria à música, e esse fato não passou
despercebido aos produtores da época. Foi a emancipação definitiva que a trilha musical tanto espe-
rava. Tornara-se ali senhora do seu destino.
Tendo atingido a maior idade, foi permitido à música trilhar todos e quaisquer caminhos. Orien-
talizou-se, reocidentalizou-se e foi beber em todas as fontes musicais, do Jazz nos filme Noir da década
de 40, ao rock nos filmes musicais dos anos 70, ou ainda, da música eletroacústica de Stockhausen, ou
o dodecafonismo quase incompreensível de Schoenberg, explorado largamente nos suspenses e filmes
de terror. O cinema bateu na porta de todos sem distinção, até nosso Villa-Lobos foi procurado dentro
e fora do Brasil, fez trilha pro filme Descobrimento do Brasil de Humberto Mauro e do norte-americano
Green Mansions estrelado por Audrey Hepburn e Anthony Perkins e que acabou evoluindo à celebre
A Floresta do Amazonas.
Todos os estilos tiveram seus quinzes minutos de fama ao lado dos filmes e sobreviveram os
que melhor contribuíram com sua narrativa. Deixaram como legado as muitas canções e temas que se
eternizaram, ajudando a eternizar também os próprios filmes, como: E o Vento Levou, O Poderoso Che-
fão, Guerra nas Estrelas, A Pantera cor-de-rosa, Verão de 42, Era uma vez no Oeste, Cinema Paradiso
e muitos outros.
Estilos surgem e morrem, modismos passam, mas enquanto houver histórias para serem conta-
das, lá estará a música, soprando ares de sedução e encantamento nos seus ouvidos.

30
RUE TVERSKAÏA – MOSCOU, RÚSSIA

31
32
REPAS D’INDIENS – POPOTLA, MÉXICO
O MINUTO LUMIÈRE:
A INFÂNCIA DO CINEMA
Adriana Fresquet

Então, inicialmente, podemos apresentar os irmãos Lumière como inventores. A história


e as leituras que se fizeram de sua obra foram mudando. Considerados inicialmente como engenho-
sos comerciantes muito bem sucedidos em seus inventos, passaram a ser reconhecidos, com o tem-
po, como verdadeiros artistas, criadores de uma linguagem. Ou como quer Godard quando se refere
a Louis Lumière chamando-o de “o último pintor impressionista”1. Muitas foram as invenções dos ir-
mãos Lumière, mas uma em especial merece destaque: “os autocromos”, que revolucionaram a foto-
grafia ao imprimir cor às imagens capturadas graças à utilização de fécula de batata e placas de vidro.
Assim, em 1903, eles registram a patente do autocromo, “a cor por si mesma”2, que consistiu em “uma
placa que incorpora uma única tela tricromo para separar radiações coloridas da luz”3. O processo foi
comunicado à Academia de Ciências de Paris em 1904. Inventar significava um “brincar”, um aprender,
um desafio intelectual, uma contribuição para as artes – tornando possível um acesso cada vez mais
amador aos recursos –, melhorar as condições materiais de vida e também pesquisar e comunicar co-
nhecimento. Conhecer essa história surpreende e instiga pela quantidade e qualidade de inventos dos
irmãos na passagem do século xix ao xx. Será que alguém, ainda, poderá achar que imaginar é “per-
der tempo”, na escola?
Em relação às “vistas Lumière” a lenda conta que, ao se projetar A chegada do trem, muitas pes-
soas saíram correndo espantadas da sala. Não temos como comprovar o fato, embora tenha sido re-
criado nos filmes Truque de luz4 e A invenção de Hugo Cabret5. Hoje não aconteceria algo semelhante.
Talvez algumas crianças, e muito pequenas, poderiam acreditar nessa ilusão. O medo foi produto de
uma crença absoluta na imagem. Dessa impressão de realidade de que advêm o sucesso e a magia do
cinema, segundo Jean-Claude Bernardet, está impregnada a imaginação infantil6. Elas, como ninguém,
fazem de conta que tudo é possível. Vestir a fantasia de um diretor de cinema é uma possibilidade de
entender o brincar como coisa séria. Desprovidas de medos e vergonhas, as crianças se colocam cara
a cara com o fazer. E o cinema nos coloca “cara a cara” com a infância, afirma Bazin7. Ao propor às

1 AUMONT, Jacques. O olho interminável [cinema e pintura]. Rio de Janeiro: Cosac & Naify, 2004, p. 27.
2 FRÉMAUX, Thierry, PAÏNI, Dominique e LAMOTTE, Jean Marc. Autocromos. Lumière, o tempo da cor. Curitiba: Museu Oscar
Niemeyer, 2009.
3 FRÉMAUX, PAÏNI e LAMOTTE, Op. Cit., p. 39.
4 Um truque de luz. Dir. Wim Wenders, Alemanha, 1995.
5 A invenção de Hugo Cabret. Dir. Martin Scorsese, EUA, 2011.
6 AUMONT, Op. Cit., p. 12.
7 TEIXEIRA, I. A. C., LARROSA, J. e LOPES, J. S. M. (Org.). A infância vai ao cinema. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

33
crianças filmar “como se fossem” Louis Lumière, isto é utilizando pequenas hand-cam ou seus próprios
dispositivos móveis de comunicação “como se fossem” cinematógrafos, reinventamos este dispositivo.
Mas e o que é que chamamos “minuto Lumière”?
Os irmãos Louis e Auguste Lumière inventaram o cinematógrafo, que permite filmar e proje-
tar as imagens em uma tela grande, com uma qualidade significativa para a época. Em 19 de março de
1895, eles começaram a escrever algumas das primeiras páginas da história do cinema. Usando uma
câmera fixa, e um suporte de películas que tinha pequenos furos circulares nas margens, para facilitar
o deslocamento da película no seu interior, produziram filmes, também chamados “vistas”, de apro-
ximadamente 52 segundos de filmagem, cuja duração era determinada pelo tempo que a película, de
aproximadamente 17 metros de comprimento, levava para rodar 16 quadros por segundo. Tanto os ir-
mãos Lumière, como seus operadores – que, logo a seguir, enviaram para fora do país – registravam fun-
damentalmente cenas cotidianas. Alain Bergala e Nathalie Bourgeois idealizaram os Minutos Lumière
como atividades pedagógicas da Cinémathèque Française. Núria Aidelman trouxe para nós este curso,
em 2007. Trata-se de uma prática mágica, que permite fazer uma experiência inaugural do cinema ao
restaurar sua primeira vez com um exercício relativamente simples. Parafraseando Bergala, podemos
afirmar que, quando alguém se encontra no que há de originário no ato cinematográfico, torna-se o pri-
meiro cineasta, de Louis Lumière até uma criança de hoje8. Fazer um plano nos situa no coração do ato
cinematográfico. No simples ato de captar um minuto está toda a potência do cinema e, no enquadra-
mento, descobrimos um mundo que sempre nos surpreende.9
Essa tentativa de levar a experiência do Grand Café à sala de aula tem sido surpreendente. Em-
bora nenhum aluno tenha se assustado ao ver o plano de A Chegada do trem, é a própria entrada do
cinema na escola que gera surpresa e um certo “susto”. Especialmente, porque o desafio é criar, não
como solução de problemas ou forma de adaptação, mas como gesto de invenção. Aproximar o cinema
da educação como possibilidade de “fazer arte” na escola. Para isso, nesse exercício inicial, introduzi-
mos as crianças no conceito de enquadramento e plano, uma noção básica da linguagem e dos primór-
dios da história de cinema, simultaneamente.
A atividade começa com um exercício de sensibilização. Projetamos, por alguns minutos, slides
com autocromos e exaltamos a capacidade de invenção dos irmãos Lumière. E então, iniciamos a pro-
jeção de algumas vistas Lumière, de alguns trechos editados do filme de Lumière & Cia (1995) e alguns
minutos produzidos por outras crianças nas Mostras Mirins de Minutos Lumière. Convidamos os estu-
dantes a ter uma postura ativa e criativa como espectadores. Realizamos juntos uma análise criativa
desses filmes. Isto é, tentamos imaginar as emoções dos Lumière e seus operadores ao chegar a locais
distantes e fazer cuidadosos e bem pensados registros da vida cotidiana em cada lugar. E depois é par-
tir para fazer uma boa escolha de enquadramento, que será filmado com a câmera fixa e sem usar ne-
nhum recurso especial do dispositivo, nem terá edição posterior.
Eis aqui duas imagens bem particulares de minutos Lumière.
Apostamos que em cada oficina, aula ou curso em que propomos filmar Minutos Lumière, pre-
tendemos ensaiar esse colocar-nos “cara a cara” com a criança (mesmo a que habita em todo adulto)...
e que, ao aprender os gestos necessários para fazer um plano, restaura-se a própria infância do cinema.

8 BERGALA, Alain. L’hipothèse Cinéma. Petit Traité de Transmission du Cinèma à L’école et Ailleurs. Paris: Petit Bibliothèque des
Cahiers du Cinéma, 2006, p. 206.
9 BERGALA, Op. Cit., p. 131.

34
Este estudante quis desafiar a regra de não poder mexer na câmera. Ele tomou um espelho – bastante
sujo e embasado – e se colocou na frente da câmera filmando o espelho em movimento (conseguimos
ver a câmera nesta imagem). Embora estivesse cumprindo a regra, o produto foi um minuto em movi-
mento, que, até a imagem da câmera não aparecer, tudo indica que foi realizado desrespeitando o prin-
cípio de produção. Ficaram imagens de enjoar!

Esta imagem faz parte de um minuto filmado por um aluno em um dia de chuva. Fazia alguns dias que
tínhamos mostrado e relatado acerca das fotografias de árvores realizadas por Abbas Kiarostami, entre
as quais tinha algumas feitas dentro do carro em dias de chuva que distorciam a paisagem. Ele lembrou
dessa aula e, mesmo sem ver o que estava filmando, registrou esta vista lateral do Instituto Benjamin
Constant com significativa potência poética.

35
36
LE VILLAGE DE NAMO : PANORAMA PRIS
D’UNE CHAISE À PORTEURS – NAMO, VIETNÃ
CITAÇÕES

“O que interessava a Méliès era o ordinário no por tomar o lugar da realidade do mundo.” –
extraordinário, e a Lumière o extraordinário no Kijû Yoshida
ordinário. Louis Lumière, através dos impressio-
nistas, era, pois, descendente de Flaubert e tam- “Não podemos simplesmente engolir a imagem do
bém de Stendhal, cujo espelho passeou ao largo espectador ingênuo, cuja reação à imagem é uma
dos caminhos”. – Jean-Luc Godard de simples crença e pânico; ela precisa de diges-
tão. O impacto das primeiras projeções de filmes
“As imagens de Lumière estão longe de serem sim- não podem ser explicadas por um modelo meca-
ples recriações da realidade.” – José Luís Fecé nicista de um espectador ingênuo que, em um es-
tado psicótico temporário, confunde a imagem por
“As imagens de Lumière criam um novo espaço, um sua realidade.” – Tom Gunning
espaço que ultrapassa os limites da tela, o espaço
da filmagem.” – José Luís Fecé “Jamais acreditei que o cinema se limitasse a ser um
“enlatado” da história atual para o futuro. Creio que
“A imagem de Lumière institui um campo visual e, vá muito além disso. Mesmo quando as imagens
com ele, um fora de campo, um “mais além” da são puramente documentais, como no caso dos
imagem. E essa é a imagem do cinema, uma ima- Lumière, há uma espécie de recriação da atmos-
gem “imperfeita”; sua presença impõe igualmente fera da época que é exatamente o que hoje cha-
uma ausência.” – José Luís Fecé mamos de obra de arte”. – Jean Renoir

“Nos Lumière, não há acaso, há saber.” – “A tendência Lumière, ainda que motivada pelo
Henri Langlois desejo de reproduzir a realidade, é também uma
porta aberta à imaginação mais desenfreada”. –
“O Cinema não tem futuro comercial.” – Jean Renoir
Auguste Lumière
“A força vital, essa qualidade vital dos filmes dos
“Não se sabia o que ia acontecer.” – Louis Lumière Lumière, é que nelas está a atmosfera, o ambiente,
a filosofia da época.” – Henri Langlois
“O primeiro cineasta escolhe e aborda seus te-
mas com a ingenuidade de um pintor de domingo “Monet pintou a estação Saint-Lazare. Pois bem,
unida à habilidade de um grande talento.” – se produz uma certa transmissão dos poderes da
Vincent Pinel pintura, das artes plásticas pictóricas, à arte plás-
tica cinematográfica; da arte plástica fotográfica
“Pode durar seis meses, um ano, talvez mais, tal- à arte plástica cinematográfica. A estação Saint-
vez menos!” – Louis Lumière Lazare de Monet se converte na ‘Chegada do Trem
à Estação’ de Lumière. Toda a evolução da arte
“O que aparece sobre a tela é tão próximo da rea- desde meados do século XIX desemboca em Louis
lidade que o limite entre a realidade e sua repre- Lumière.” – Henri Langlois
sentação se desfez até desaparecer. A maioria das
pessoas receberam as imagens animadas como
a própria realidade e a representação terminou

37
BIBLIOGRAFIA SOBRE CARVALHO, Vladimir. Do cinematógrafo a um cinema
OS IRMÃOS LUMIÈRE cidadão. Acervo. Revista do Arquivo Nacional, Rio de
Janeiro, v. 16, n. 1, p 9-21, jan-jun, 2003.
ARAUJO, David Carvalho de. O cinema da ciência pop: a con- CESARINO COSTA, Flávia. O Primeiro Cinema. Espe-
tribuição do cinema na popularização dos avanços cien- táculo, Narração, Domesticação. São Paulo: Editora
tíficos. Dissertação de mestrado defendida no Programa Scritta, 1995.
de Mestrado em Comunicação da Universidade Anhembi ___. “Primeiro Cinema”. In: Fernando Mascarello (org.),
Morumbi. 2011. Disponível em: http://portal.anhembi.br/ História do Cinema Mundial. Campinas: Papirus, 2006.
wp-content/uploads/david_carvalho_araujo.pdf Daney, S. L’exercice a-t-il été profitable, Monsieur ? Pa-
Araújo, Vicente de Paula. A bela época do cinema bra- ris: P.O.L, 1993.
sileiro. SP – Ed. Perspectiva – 1976 DELGADO, Maikon Augusto. Dos irmãos Lumière
BERNARDES, Mariana Cordeiro. Cinema para paisagens: a Pathé e Gaumont. Revista Vernáculo. Disponível em
o espaço-tempo da exibição audiovisual como dimensão http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/vernaculo/article/
estética e criativa. Rio de Janeiro: 2011. Disponível em http:// viewFile/18464/12008
www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8213 FECÉ, José Luís. Do realismo à visibilidade. Efeitos de
Aumont, Jacques. O olho interminável: cinema e pintura. realidade e ficção na representação audiovisual. Dis-
São Paulo, Cosac e Naify, 2004 ponível em www.uff.br/contracampo/index.php/revista/
BERGALA, Alain. L’hipothèse Cinéma. Petit Traité de Trans- article/download/367/17
mission du Cinèma à L’école et Ailleurs. Paris: Petit Biblio- Figueiredo, Sara Costa. Chamo-me Irmãos Lumière
thèque des Cahiers du Cinéma, 2006. e Inventamos o cinema. RJ – Ed. Didática – 2012
BOMFIM, Leonardo. Moderno descoberto por filmes que FOIRRET, Jacques. Os irmãos Lumière e o cinema. São
pensam o cinema de Lumière ao pós-guerra. 2011. Dis- Paulo: Augustus, 1995.
sertação (Mestrado em Comunicação Social) – Pontifícia FRÉMAUX, Thierry; PAÏNI, Dominique; LAMOTTE, Jean
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Coordena- Marc. Autocromos. Lumière, o tempo da cor. Curitiba:
ção de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Museu Oscar Niemeyer, 2009.
Disponível em http://repositorio.pucrs.br/dspace/bits- GARÁTE, Miriam. João do Rio, Alcântara Machado, Al-
tream/10923/2034/1/000437014-Texto%2bCompleto-0.pdf. berto Cavalcanti: entre o filme de papel e a Crônica de
BRAGA, Felipe Fernandes. O tempo dos pioneiros: Cinema- Celuloide. Alea: Estudos Neolatinos 2014, 16 (2).
tografia no século XIX. Tese apresentada ao Programa de GARDNIER, Ruy. “A chegada do trem na estação”. IN:
Pós-Graduação em História Social da Cultura do Depar- Hou Hsiao-hsien e o cinema de memórias fragmen-
tamento de História da PUC-Rio como parte dos requisi- tadas. Catálogo: CCBB, 2010
tos parciais para obtenção do título de Doutor em História. GERVAISEAU, Henri Pierre Arraes de Alencar. O impon-
Rio de Janeiro, 2008. Disponível em http://livros01.livros- derável da vida. Paisagens de Louis Lumière. Comu-
gratis.com.br/cp077153.pdf. nicação & Política, Rio de Janeiro, v. 1, p. 22-26, 1995.
BRITTO, Denise Fernandes. O real e o pictórico nos auto- ___. O abrigo do tempo. Abordagens cinematográfi-
cromos dos irmãos Lumière. In: VII Encontro de Iniciação cas da passagem do tempo. São Paulo: Editora Ala-
Científica e V Encontro de Pesquisadores, 2009, Bebe- meda, 2012.
douro. Anais do VII Encontro de Iniciação Científica e V En- GUALDA, Linda Catarina. A primeira Sessão de Cinema
contro de Pesquisadores, 2009. da história e o cinema dos Irmãos Lumière. Revista Ci-
Burch N.: La lucarne de l’infini. Paris: Nathan Univer- nema Caipira, Rio Claro/SP,, v. 44, p. 01 – 03, 05 out. 2012.
sité, 1990 GUNNING, Tom. “O Cinema das Origens”, entrevista na
CARVALHO, Danielle Crepaldi. Luz e sombra no écran: rea- Revista Imagens 02, agosto 1994.
lidade, cinema e rua nas crônicas cariocas de 1894 a 1922. ___. Uma estética do espanto. O cinema das origens
Tese de doutorado defendida no Instituto de Estudos da e o espectador (in)crédulo. Imagens, Campinas, n. 5,
Linguagem (IEL) da Unicamp. p. 52-61, ago-dez, 1995.

38
HEFFNER, Hernani. Cinema e ciência, breve digressão. Noronha, Jurandyr. O Momento Mágico. Ed. EMC Edi-
Em: Ciência em Foco: o olhar pelo cinema. Rio de Ja- ções – RJ – 2008
neiro: Garamond, 2008. NUNES, Girlane de Souza. A representação burguesa
HURTADO, Tesoro Hinojosa. Os irmãos Lumière chegam da sociedade moderna nos filmes dos irmãos Lu-
ao Ceará. Trabalho de conclusão do curso de Gradua- mière. 2011.
ção em Comunicação Social. Universidade Federal do RITTAUD-HUTINET, Jacques. Os irmãos Lumière – a in-
Ceará, UFC, Brasil. Fortaleza, 1994. venção do cinema. São Paulo: Scritta, 1995.
JAPIASSU, Hilton. “A ciência e a revolução industrial.” IN: Rosset, C.: L’Autre réalité. In: Beylie, C. e Carcassonne,
As paixões da ciência. São Paulo: Letras & Letras, 1991. P. (dir.): Le cinéma. Paris: Bordas, 1991, pp. 183-186
KINZO, Carla. Cinematógrafo. São Paulo: 7 Letras, 2014. ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na Eu-
Labarthe, A.: La parenthése Lumière, in: Le Monde, ropa. São Paulo: EDUSC, 2001.
15 dezembro 1994. SADOUL, George. História do Cinema Mundial. Da ori-
LEITE, Ary Bezerra. A tela prateada : cinema em Forta- gem aos nossos dias. Vol. 1. Lisboa: Horizonte, 1983.
leza – 1897-1959: do cinematógrafo aos anos 50. For- SARAMAGO, Maria Emília Handam das Pedras. O fascí-
taleza: SECULT-CE, 2011. nio e a magia do cinema francês: dos irmãos Lumière
LEITE, Sidney Ferreira. No prinípio os irmãos Lumière. a Amèlie Poulan. Trabalho de Conclusão de Curso.
Jornal da Tarde, São Paulo, 15 jul. 2000. (Graduação em Publicidade e Propaganda) – Centro
LIMA, Everton de Oliveira. A relação entre as primei- Universitário de Belo Horizonte. Belo Horizonte: 2004.
ras experiências cinematográficas dos Irmãos Lumière SCHWARTZ, Vanessa R. O espectador cinematográfico
e a Linguagem atual do video autoral no Youtube. Tra- antes do aparato do cinema: o gosto do público pela
balho de Conclusão do Curso de Graduação em Co- realidade na Paris fim-de-século. In CHARNEY, Leo e SCH-
municação Social da Escola Superior de Propaganda WARTZ, Vanessa (Org.). O cinema e a invenção da vida
e Marketing de Porto Alegre. 2010. moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. P. 411-440.
Lumière, L. e A.: Les appareils et leur usages. Paris: SILVA, Fernanda Magalhães. Cinematographo: crônica
Ed Henri Gautier, Bibliothèque Scientifique des Eco- e sociedade na belle époque carioca. Dissertação apre-
les et des familles (s.d), in: Chardère, B.: Lumières sur sentada como requisito parcial para obtenção do grau
Lumière. Lyon: Institut Lumière/ Presses Universitaires de Mestre pelo Programa de Pósgraduação em Histó-
de Lyon, 1987, p.100-105. ria Social da Cultura do Departamento de História da
MACHADO, Arlindo. “Pré-cinemas: as Origens do Cinema” PUC-Rio. Rio de Janeiro: 2002.
e “O cinema das Origens” in Pré-Cinemas & Pós-Cine- TEIXEIRA, I. A. C.; LARROSA, J.; LOPES, J. S. M. (Org.). A in-
mas. São Paulo: Editora Papirus, 1997. fância vai ao cinema. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
___. Cinema e Arte Contemporânea. Revista Z Cultural TOULET, Emmanuelle. O cinema, invenção do século.
(UFRJ), v. 8, p. 1-10, 2012. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 1999.
Merleau-Ponty, M.: Le doute de Cézanne, in: Mer- VADICO, Luiz Antonio. Um Filme ou Dois? – A Paixão de
leau-Ponty, M.: Sens et non-sens. Paris: Ed. Nagel, Cristo de Lumière. Interin (Curitiba), v. 03, p. 01-15, 2007.
1963, p.15-49.. Xavier, Ismail. Sétima Arte: um culto Moderno. SP – Ed.
MÜLLER, Adalberto. João do Rio e o Cinematographo: Perspectiva – 1978
primeira modernidade literária e primeiro cinema.
Revista eletrônica Itinerários, Araraquara, n.36, 2013.
MANNONI, Laurent. A grande arte da luz e da som-
bra. Arqueologia do Cinema. São Paulo: Editora SE- FILMOGRAFIA SOBRE
NAC SP/ UNESP, 2003. OS IRMÃOS LUMIÈRE
MENEZES, Silvana de. E a luz se fez... irmãos Lumière.
Goiânia: Editora Le, 2009. Lumière.
NOGUEIRA, Louise da Silva Dourado. Vida de otário: Dirigido por Marc Allégret
A saída dos operários da fábrica de Lumière. Ano de Les Films de la Pléiade
Obtenção: 2005. França, 1966.

39
Louis Lumière Centre européen cinématographique
Filme para TV dirigido por Eric Rohmer. Rhône-Alpes
França, 1968. França, 1995.
Lumière et le cinématographe Le centième anniversaire du cinéma.
Dirigido por Jean-Claude Phillipe Dirigido por Paul Paviot
FR3 França, 1995
França, 1979 Le temps des Lumières
Dirigido por Michel Viotte
Nestor productions
Une préhistoire du cinéma França, 2000
Dirigido por Joël Farges The kingdom of shadows
Dédale films. Curta-metragem escrito e dirigido por
França, 1980 Ross Shepherd.
Incunables du cinéma scientifique Reino Unido, 2005.
Dirigido por Jean-Michel Arnold. Early cinema: primitives and pioneers
França, 1984. Dirigido por Berry Salt
Operários ao Sair da Fábrica (Arbeiter Reino Unido, 2005
Verlassen die Fabrik) The movies begin: a treasury of early
Dirigido por Harun Farocki. cinema (1894-1913)
Alemanha, 1995. Kino international
Lumière e Companhia EUA, 2005
Longa-metragem. La Premiere.
Roteiro: Philippe Poulet Curta-metragem dirigido por Michael Regalbuto
Direção: Theodoros Angelopoulos, Vicente Aranda, e Nick Regalbuto.
John Boorman, Youssef Chahine, Alain Corneau, EUA, 2009.
Costa-Gavras, Raymond Depardon, Francis Uma conversa sobre documentários –
Girod, Peter Greenaway, Lasse Hallström, Hugh Dos irmãos Lumière a Eduardo Coutinho
Hudson, Gaston Kaboré, Abbas Kiarostami, Cédric Vídeo realizado para o projeto “O Cinema vai
Klapisch, Andrey Konchalovskiy, Spike Lee, Claude à Escola”, do Programa Cultura é Currículo.
Lelouch, Bigas Luna, Sarah Moon, Arthur Penn, Dirigido por Eduardo Ramos.
Lucian Pintilie, Helma Sanders-Brahms, Jerry Brasil, 2012.
Schatzberg, Nadine Trintignant, Fernando Trueba, The Lumière Brothers
Liv Ullmann, Jaco Van Dormael, Régis Wargnier, Curta-metragem dirigido por Tamara Mihovilovic.
Wim Wenders, Yoshishige Yoshida, Yimou Zhang, Sérvia, 2013.
Merzak Allouache, Gabriel Axel, Michael Haneke,
James Ivory, Patrice Leconte, David Lynch, Ismail
Merchant, Claude Miller, Idrissa Ouedraogo,
Jacques Rivette FILMOGRAFIA DA EXPOSIÇÃO
França, 1995.
Fantasia 1. Instituto Lumière
Episódio nº 1 da série Cem anos de Luz, Panorama du Grand Canal pris d’un Bateau
exibida pela Rede Globo, em 1995, como (Cat. Lumière N°295))
homenagem aos 100 anos da primeira Opérateur: Alexandre Promio
projeção cinematográfica. Italie, Venise, 1896
Brasil, 1995. Entrée du Cinématographe (Cat. Lumière N°250)
Les mystères du premier film. Opérateur: [Charles Moisson]
Dirigodo por Jean-Pierre Ameris Angleterre, Londres, 1896

40
Halte à la gare (Cat. Lumière N°217) Rome : pont Ripetta (Cat. Lumière N°429)
Opérateur: [Alexandre Promio] Opérateur Lumière Inconnu
Tunisie, Hammam Lif, 1897 Italie, Rome, 1896
Panoptikum-Friedrichstrasse (Cat. Lumière Lancement d’un navire (Cat. Lumière N°57)
N°219) Opérateur : [Louis Lumière]
Opérateur Lumière Inconnu France, La Seyne-sur-Mer, 1896
Allemagne, Berlin, 1896 Sortie d’usine, I (Cat. Lumière N°91-1)
Danse au bivouac (Cat. Lumière N°266) Opérateur : Louis Lumière
Opérateur: Alexandre Promio France, Lyon, 1895
Espagne, Madrid, 1896 Arrivée d’un train à la Ciotat (Cat. Lumière
Avenue et Union Square (Cat. Lumière N°325) N°653)
Opérateur: Alexandre Promio Opérateur : Louis Lumière,
Etats-Unis, New York, 1896 France, La Ciotat, 1897
Rue Tverskaïa (Cat. Lumière N°307)
Opérateur: Charles Moisson 2. Arquivo Nacional
Russie, Moscou, 1896 Cenas domésticas no Meier
Patineur grotesque (Cat. Lumière N°117) A batalha do petróleo
Opérateur: Marius Sestier Centro do Rio de Janeiro
Australie, Melbourne, 1896
Le Village de Namo : Panorama pris d’une
chaise à porteurs (Cat. Lumière N°1296)
Opérateur: Gabriel Veyre UM POUCO DE CADA
Indochine française (aujourd’hui Vietnam), PARTICIPANTE
village de Namo, 1900
La gare (Cat. Lumière N°288) Adriana Fresquet
Opérateur: Charles Moisson Professora da Faculdade de Educação e do Programa
Italie, Rome, 1896 de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Place du Gouvernement (Cat. Lumière Federal do Rio de Janeiro. Coordena os projetos de
N°200) pesquisa Currículo e Linguagem Cinematográfica
Opérateur : Alexandre Promio na Educação Básica, Cinema no hospital? e Cinema
Algérie, Alger, 1896 e velhice: a imaginação atravessando a memória
Marché arabe (Cat. Lumière N°199) articulando-os com os projetos do Programa de
Opérateur : Alexandre Promio Extensão CINEAD, propondo experiências de ini-
Algérie, Alger, 1896 ciação ao cinema em diferentes cenários: escolas
Repas d’Indiens (Cat. Lumière N°351) públicas municipais, estaduais, federais, Cinema-
Opérateur : Gabriel Veyre teca do MAM, Instituto de Pediatria e Puericultura
Mexique, Mexico, 1896 Martagão Gesteira (UFRJ), Casas de idosos do Rio
Place Bel-Air (Cat. Lumière N°314) de Janeiro, Setor Geriátrico do HU/UFRJ. É membro
Opérateur : [Alexandre Promio] fundador da REDE KINO: Rede Latino-Americana de
Suisse, Genève, 1896 Educação, Cinema e Audiovisual. Coordena as co-
Bal espagnol dans la rue (Cat. Lumière leções Cinema e Educação (Ed. Booklink) e Alteri-
N°358) dade e criação (Ed. Autêntica). Aprendeu a prática
Opérateur : Gabriel Veyre do Minuto Lumière com Núria Aidelman, em 2007,
Mexique, Mexico, 1896 no I Encontro Internacional de Cinema e Educação
Le Forum (Cat. Lumière N°290) da UFRJ, e vem desenvolvendo essa prática ideali-
Opérateur Lumière Inconnu zada por Nathalie Bourgeois e Alain Bergala na Ci-
Italie, Rome, 1896 nemateca francesa, com motivo dos 100 anos da

41
invenção do cinematógrafo, em todos os níveis de arquitetura pela UFRJ (1986). Desenvolve seu tra-
ensino, com estudantes e professores. balho como cenógrafa em Teatro, paralelamente
às atividades como docente no departamento de
AíDA Marques Cenografia CLA - UNIRIO.
Aída Marques é professora e cineasta com mais Participou como artista convidada da Mostra
de trinta anos de carreira, Doutora em cinema Nacional Brasileira na Quadrienal de Praga 2011:
pela ECA – USP, estudou literatura e cinema em Espaço e Design Cênico com a cenografia de Fá-
Paris. Contemplada onze vezes com o prêmio de bulas Dançadas de Leonardo da Vinci. A Mostra
melhor montagem, em diversos festivais brasilei- nacional ganhou o Triga de Ouro, prêmio máximo
ros, decidiu investir na carreira de documenta- da Quadrienal de Praga.
rista. Entre seus trabalhos mais marcantes estão A mostra foi apresentada em São Paulo na
Expedito: Em Busca de Outros Nortes, de 2008, ga- FUNARTE em dezembro de 2011, seguiu, em 2012,
nhador da Margarida de Prata, a áurea oferecida para Festival Internacional de Salisbury no Reino
pelo CNBB aos trabalhos audiovisuais mais rele- Unido e fez parte do evento do Ano do Brasil em
vantes de cada ano; Abdias Nascimento, lançado Portugal no MUDE - Museu do Design e da Moda
no Festival do rio 2011; e as exposições Era Uma de Lisboa em 2012.
Vez... e Expo(r) Godard, ambas no Oi Futuro, RJ. Participou, ainda, como expositora da
Publicou em 2007 o livro Idéias em Movimento, re- WORLD STAGE DESIGN em setembro de 2013 em
ferência no ensino de cinema e audiovisual nas uni- Cardiff com a maquete-objeto a partir da sua ce-
versidades brasileiras e em 2014 o livro O Cinema nografia para Grafismos.
de Nelson Rodrigues. Atualmente, Aída é profes- Foi Curadora Adjunta da Representação Brasi-
sora associada do curso de Cinema e Audiovisual leira na 13º Quadrienal de Praga: Espaço e Design
da UFF, professora da Pós-Graduação da ECO – da Performance (PQ’15) em junho de 2015, além de
UFRJ e também atua como produtora e diretora. autora do projeto Expográfico da Seção dos Países
e Regiões da Representação Brasileira.
Alexandre Guerra
Alexandre Guerra é compositor especializado em Henri Arraes Gervaiseau
trilhas sonoras, membro da WSA (World Soundtrack Henri Arraes Gervaiseau é cineasta e professor da
Academy). Formou-se bacharel em composição ECA-USP. Tem artigos publicados em revistas brasi-
para cinema na faculdade americana Berklee Col- leiras e estrangeiras sobre autores tais como Pierre
lege of Music. No Brasil estudou harmonia e com- Perrault, Jean Rouch, Haroun Farocki, Jean-Luc
posição com Hans Koelheuter. Godard, Eduardo Coutinho. É autor de O abrigo do
Alexandre se dedica à criação e produção de tempo. Abordagens cinematográficas da passa-
trilhas sonoras, tendo atuado ao lado de diretores gem do tempo (SP: Alameda, 2012). Entre os seus
como Jayme Monjardim, Cao Hamburguer, Sérgio documentários, premiados no Brasil e no exterior,
Machado, Daniel Augusto, entre outros, em mais destacam-se: Tem que ser baiano ? (1994); Terra
de 80 produções audiovisuais, entre filmes e sé- Prometida (1997); Em trânsito (2005), Retrato de
ries de TV. Dentre eles, podemos destacar os lon- grupo (2009); Entretempos (2012). Henri Arraes
gas-metragens “O Tempo e o Vento” (indicado na Gervaiseau dedica-se atualmente a pesquisa O do-
categoria melhor trilha sonora pela Academia Bra- cumentário como meio de expressão da experiên-
sileira de Cinema) e as séries de TV: Maysa, da rede cia do deslocamento, bem como a realização do
Globo, Dino-Aventuras - primeira série produzida primeiro filme da sua Trilogia do deslocamento.
para a Disney no Brasil.
JOAO LUIZ Vieira
DORIS ROLLEMBERG Professor Titular do Departamento de Cinema e Ví-
Doutora em Teatro pela UNIRIO, onde também de- deo da Universidade Federal Fluminense. Doutor
fendeu dissertação de Mestrado, é graduada em em Cinema Studies pela New York University (1984),

42
com mestrado em Cinema pela NYU e em Comu- do Rio 2011. Em 2012 criou a trilha para a exposi-
nicação pela UFRJ. Foi bolsista da Fulbright, CA- ção “Rabin Akaw” no CCBB, produzida pela MP2.
PES e CNPq e professor visitante nas universidades Em 2015 dirigiu a trilha do filme “Betinho, uma es-
norte-americanas de New Mexico e Iowa. Durante perança equilibrista” de Victor Lopes e prepara
5 anos participou do Conselho Consultivo da Cine- a trilha do documentário sobre Angel Vianna de
mateca Brasileira e atualmente faz parte do Conse- Cristina Leal. Atualmente é consultor executivo
lho Consultivo da Cinemateca do MAM. É membro da Orquestra Ouro Preto e presidente da Musima-
fundador da SOCINE-Sociedade Brasileira de Estu- gem, associação de compositores para audiovisual.
dos de Cinema e Audiovisual, onde integra o Con-
selho Científico e da Society for Cinema and Media PEDRO AFONSO VASQUEZ
Studies, além do Centro de Pesquisadores do Ci- Escritor, tradutor, fotógrafo e curador, é autor
nema Brasileiro. Ensaísta, pesquisador e curador, de 25 livros, entre os quais figuram: Dom Pedro
além de organizar mostras, tem participação in- II e a Fotografia no Brasil; Fotógrafos Alemães no
tensa em júris de diversos festivais no Brasil (Gra- Brasil do Século XIX; O Brasil na Fotografia Oito-
mado, Brasília, Janela Internacional de Cinema de centista – consideradas obras de referência. For-
Recife, Recine, entre outros) e no exterior (Cape mado em Cinema pela Université de la Sorbonne,
Winelands International Film Festival) e publicado é mestre em Ciência da Arte pela Universidade
livros, capítulos de livros e ensaios também no Bra- Federal Fluminense, e trabalha como editor de
sil e no exterior. Seu mais recente ensaio, sobre não-ficção na Editora Rocco. Como administra-
Oscarito e Grande Othelo, será publicado na In- dor cultural, foi responsável pela criação do Ins-
glaterra na antologia Stars and Stardom in Brazi- tituto Nacional da Fotografia da Funarte, assim
lian Cinema a sair em 2016 pela editora Berghahn como do Departamento de Fotografia, Vídeo &
Books, de Londres. Novas Tecnologias do Museu de Arte Moderna do
Rio de Janeiro; tendo sido também diretor do Solar
Marcos Souza do Jambeiro. É membro titular do Instituto Histó-
Compositor, pianista e diretor da empresa Atelier rico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico
Cultural desde 98, Marcos Souza começou a car- e Geográfico de Niterói.
reira de músico homenageando seu pai Francisco
Mário (irmão do cartunista Henfil e do sociólogo Rafael Bucker
Betinho). Produziu e compôs trilha sonora para Rafael Bucker é designer gráfico formado pela
três peças da Cia de Teatro Artesanal, sendo indi- ESDI (UERJ), desde 2007 atua em projetos cultu-
cado pelo Prêmio Coca-Cola. Em 2004 lançou seu rais e já assinou o design de exposições em diver-
quinto CD “Marcos Souza”, com a trilha sonora do sos centros culturais ao redor do país. Seu trabalho
documentário “Evandro Teixeira – Instantâneos da transita pelas mídias impressa e virtual, o website
Realidade” de Paulo Fontenelle. Em 2005 lançou da Cidade das Artes e a identidade da exposição
o CD “Chapada Diamantina”, trilha do filme “Bri- Expo(r) Godard são alguns exemplos de projetos
lhante” de Conceição Senna. Produziu e idealizou mais recentes.
o filme sobre sua família “3 Irmãos de Sangue”,
dirigido por Ângela Patrícia Reiniger. Ainda em
2006 faz a trilha dos filmes “Iluminados” de Cris-
tina Leal e “Expedito” de Aída Marques. Foi produ-
tor do festival Novocine em Madrid e consultor de
filmes brasileiros do festival Beeld voor Beeld, além
de compor a trilha sonora ao vivo para a nova peça
AMOR do grupo de teatro Munganga, em Amster-
dam. Compôs a trilha sonora do filme Abdias Nas-
cimento de Aída Marques, que estreou no Festival

43
44
PLACE DU GOUVERNEMENT – ALGERS, ALGÉRIA
ENGLISH VERSION

the exhibition “Lumière aCtuaLities, 450 years (1862-1954) and Louis (1864-1948) – are consid-
of Rio, 120 Years of Cinema” reinforces the historical ered the “fathers of cinema” due to the produc-
and cultural ties between Rio de Janeiro and France. tion and public screening of the first films in the
This relationship begins even before the official late nineteenth century. In the old Lyon factory
founding of the city in 1565. Until Portugal could set- they founded the Lumière Company, and by de-
tle on the banks of Guanabara Bay, the French found- veloping the cinematograph they gave movement
ed and retained the experience of France Antarctique. to images, projecting thus a promising future for
On maps from that time, you can find the designation the seventh art.
Henriville, which was how they called the possession During this period of transition to the twentieth cen-
in Guanabara. tury, way back in 1895 and by using their new invention,
Despite the Portuguese victory, the French did not the two French – born in Besançon – proceeded with
fail to influence the construction of Rio’s identity over their ideas towards the cinematic art beyond France,
these 450 years. Member of the French Artistic Mis- pursuing a route that spread around the world, film-
sion, the artist Jean-Baptiste Debret is the main icono- ing landscapes, people and scenes of daily life in suc-
graphic source to get to know the habits and customs cinct three minutes. Known as “Lumière Actualities”,
of Rio in the early nineteenth century. Many other art- these famous documentaries are part of the import-
ists, architects and writers gave their contributions. ant archive of the Lumière Institute and compose the
Both photography and cinema were received with primary and memorable scenes in the long course of
enthusiasm by the locals. One of the greatest photogra- 120 years of film history.
phers of Rio, Marc Ferrez was also one of the promoters In this year of 2015, the project “Lumière Actualities”
of the development of cinematographic activity. By the celebrates both 12 decades of cinema and the 450th
first decades of the twentieth century, the cinemas at anniversary of the founding of the city of Rio de Janeiro,
the Central Avenue already exhibited short films that with an unusual proposal for watching films. The sev-
were shot and produced in the city. enth art exceeds the limits of the screens and invades
Hosting the exhibition of the Lumière Institute col- the exhibition space of the visual arts at the Correios
lection in the year of commemorations of four and a half Cultural Center. The 120-year-old “Lumière Actualities”
centuries of Rio is another important contribution of interact with recent “Actualities by Students from the
France to the commemorative calendar of 450 years. Benjamin Constant Institute”, in scenes of the “Mar-
May the visitors enjoy this incredible archive of moving velous City” shot with mobile phones, besides images
images and thus embrace the City of Light. from old films about Rio.
From the first film registers made by the “fathers
MARCELO CALERO of cinema” – in “Arrival of a Train at La Ciotat” and
Municipal Secretary of Culture “Workers leaving the Lumière Factory” – to the beauti-
and President of the Rio450 Committee ful angles of Rio de Janeiro, shown in old movies, and
those shot this year by blind students, the exhibition
is a journey through time, connecting past and present,
with a view to beauty, art, social inclusion, cultural de-
LUMIÈRE ACTUALITIES velopment and technological advances that endlessly
project the future for cinema: one of the most fasci-
they haVe Light in the surname they inher- nating arts of all time.
ited from their father, a photographer and pho- Light, cinematograph, camera, cell phone... Action!
tographic film producer, and as birthplace the Correios, as sponsor of the exhibition “Lumière Actuali-
country whose capital is identified worldwide ties”, marks with its brand one more of its actions as dis-
as “the City of Light”. Under this intense lumi- seminator of the arts in its various segments, as goods
nous beam, the Lumière brothers – Auguste destined for the cultural development of different kinds

45
of public, without distinction. The Company is proud to At the same time, alongside the biggest global cap-
invest in the realization of the show for its celeb ratory itals, the exhibition makes room for the city of Rio de
nature, its uniqueness, its beauty and especially for its Janeiro – from yesterday and today. Bringing together
social scope and great example of overcoming. Welcome! a vast photographic and audiovisual archive, the city is
rediscovered in its urban origin, its past, through a his-
CORREIOS CULTURAL CENTER – RIO DE JANEIRO torical and aesthetic archive that is related to the identity
of Rio’s citizens and is yet often unknown to the public.
On the other hand, Rio de Janeiro from today, vol-
atilized by digital technology and social networks, is
LUMIÈRE ACTUALITIES also included in the exhibition. One minute long films
450 YEARS OF RIO, made by public school students from the Benjamin
120 YEARS OF CINEMA Constant Institute and displayed on mobile phones
Aída Marques convey to the public a fresh look upon the contempo-
rary city as well as new discourses about filmmaking
And the world was made movement… in the middle of a digital revolution.
In 1895. In Paris. In late nineteenth century France. And now Lumière Actualities turns into this cata-
And movement was made light... log – which seeks, with word and image, to record the
The world was changing, becoming vibrant, fast and ephemeral: impressions and thoughts aroused by the
fantastic, almost a miracle. New odors, the images, the exhibition. In this opening text, there is room to greet
vapors, the men in constant wanderings, the women my partners and sponsors – I’m always grateful for the
getting rid of corsets and conquering spaces with wider gesture of trust and collaborative work – highlighting
and freer gestures. The world changed – a lot – and in the ideological, political and historical importance of
a short amount of time. The artistic vanguards succeeded: art, especially in times of crisis and transformation.
proposals, scandals and a swirl of innovations, inven- I appreciate the careful reading and hope that the book
tions, images, insanities – those were the “Crazy Years”. will serve as an opportunity for thinking more and more
Meanwhile, in 1895, two brothers, inventors, scientists about filmmaking. Whether in Rio de Janeiro in 2015 or
and artists, living in Lyon, projected a revolution without in nineteenth-century France. After all, the world seen
knowing it. They themselves said this invention would in the movies – the image projected by cinema – has
have no future – after all, they were far from guessing enough movement to connect us all, despite any distance.
what was to come. The cinematograph would rebuild the
world – at trade shows and in dark rooms. What kind
of world would it be? There were many, there are many
today and in the future there will be so many more, all THE IMPONDERABLE OF LIFE
of them registered by this same machine, invented one AND THE FEELING OF HISTORY
hundred and twenty years ago by the Lumière brothers. Henri Arraes Gervaiseau
History (with capital “h”) will be left for our panelists.
Here and now I just want to tell you how and why I de- “From the end of romanticism, there is a sort
cided to make this exhibition. Recently, I have brought of race between photography and painting
to my city, Rio de Janeiro, with great success, exhibi- for the instant impression of life. What is
tions whose raw material is the audiovisual. I need not impressionism, but the imponderable of life
to highlight their importance in Brazil to meet the de- that went to the screen, regardless of the value
mands of a specific audience, who, like me, wants to of matter? What was redirected to the Lumière
think about the image, movement and vanguard issues. films, but the imponderable of life? “.
Lumière Actualities, particularly now, at Rio’s 450 year Henri Langlois
anniversary, is an important, essential exhibition for
bringing for the first time to our country a collection Louis Lumière, occasional painter and ex=
of films that record the rapid growth and progressive perienced photographer, created with his broth-
transformation of cities throughout the twentieth cen- er Auguste the market for amateur photography
tury. Many of these films, which traveled around the in Europe. The two brothers published in 1894, in
world and through time right down to the present day, a popular and widely distributed collection, a li-
constitute a legacy left by the Lumière brothers. bretto about photography devoted to a series of

46
aesthetic considerations addressing the issue of or succession, seems to reflect the properly random
landscape photography. dimension of human existence. The spatial trajecto-
Heirs of Impressionism, they define the unan- ries conducted within the frame are heterogeneous
nounced take of the accidental combinations of nature to each other. And the spectator watches the un-
and, in the case of portrait, the fixing of accidental folding of actions which cannot be predicted, since
poses of individuals as two of the main missions of after a certain time, people in the image vanish in
the photographer. They establish as a condition to the off-screen. These movements, however, relate
understand the movement of nature the need for to a crowd and this aspect, when connected to the
analysis of the impressions experienced by the viewer. first one, gives the spectator the impression of a ran-
Finally they stress the importance of choosing the an- dom bustling movement.
gle and the device’s location as well as the variation Quantitative, but also qualitative, profusion of
of the point of view on the movement of the world1. the Lumière films: the light projection generates
In late 1895, the Lumière company has a hundred the movement of images in the dark that are larger
films about one minute long, forty of which correspond than who looks at them, offering a quality of pres-
to the work of Louis, cameraman and first among ence to the world’s movement that has never been
filmmakers. Most of the films directed by him belong glimpsed in human history before. As Rosset noted,
to the so called Actualities genre, taken outdoors. it is this quality of presence that takes the viewer
La sortie des Usines Lumière, a take from the city- to a paradoxical elsewhere that is so similar to the
scape of Lyon and the first film directed by Louis, world he just left that it can fool him. This is the rea-
shows the get off of working men and women from son why this other reality may, during the time of the
the family firm. At first, the factory doors open, the projection, seem to take the place of reality itself.3
workers come out in sequence. After the last person The cinematograph offers everyone a new vent to
leaves, the doors close. Result of a methodical obser- observe sometimes infinitely subtle changes that op-
vation of the place’s routine, as many other films of erate in duration and affect the air, the water, the light,
the company’s catalog, this pioneering work allows and that convert the “vibration of appearances which
the presentation of the complete process of a strate- is the cradle of things”4 into a visible object. By allow-
gically chosen action to the viewer, for the beginning ing the capture and inscription of the passage of time
of the film coincides with the beginning of the process onto a photochemical support, the new recording de-
and the end of the film, with the end of the process. vice opens a new access to the cosmic sense of the
This take constitutes, as pointed out by Burch, mutability of the world and the transience of things.
a new experience of observing the real that consists Within the perspective of the world’s movement
in surprising and registering an action that is known that the Lumière Actualities establish, the framing
in general terms, and therefore predictable, but si- leaves a large space for the development of action,
multaneously random in all its details. It should be flourishing in all directions. For Louis, it is about choos-
emphasized that in most Actualities innumerable ing the best possible frame able to capture an instant
street scenes prevail, in which passersby move in of reality, and then shooting this frame without be-
all directions. A large number of people and vehi- ing concerned about controlling or centralizing the
cles are presented to us simultaneously and in a not action. This respect for randomness offers the spec-
repetitive mode. The visual generosity, the bustling tator, according to the expression a contemporary,
feature of the Actualities, taken outdoors, lead the the engaging sense of the actual movement of life5.
viewers to reap signs across the whole surface of
the screen in their simultaneity, without them be- 3 Rosset, Clément. “L’Autre réalité” in Beylie, Claude e
ing hierarchized by any evident indicators.2 Carcassonne, Philippe (ed). Le cinéma. Paris: Bordas, 1991.
The movement of the individuals on the screen, 4 I return here, in another context, to the expression used
far from corresponding to any pre-established order by Merleau-Ponty to qualify the démarche of Impressionism.
Merleau-Ponty, Maurice. “Le doute de Cézanne” in Merleau-
Ponty, Maurice. Sens et non-sens. Paris: Ed. Nagel, 1963, p. 19.
1 Lumière, Louis e Auguste. “Les appareils et leur usages” 5 Burch, op.cit, p.24; Aumont, Jacques. O olho interminavel:
(s.d) in Chardère, Bernard. Lumières sur Lumière. Lyon: cinema e pintura. Sao Paulo, Cosac e Naify, 2004;
Institut Lumière/ Presses Universitaires de Lyon, 1987. Gervaiseau, Henri Arraes. O abrigo do tempo. Abordagens
2 Burch, Noël. La lucarne de l’infini. Paris: Nathan Université, cinematograficas da passagem do tempo. Sao Paulo: Editora
1990. Alameda, 2012.

47
What is new in the history of the visible is this screen represented the movement of an action and
documentary dimension, the possibility of seizure of therefore consisted on a report, a story, no matter
a previous material, the inscription in a photochemi- how small. The spectator felt, first of all, like a par-
cal support, and its enlarged projection on the walls ticipant in the movement of a story that could refer
of the city through light. New is also the more direct to anyone, and therefore, to everyone.
access to fragments of a real lived within the fragment On December 28th, 1895, when the first projec-
of duration, whatever form it is given later in order to tion of Lumière films occurred, in Paris, in the small
communicate the experience of this duration to others. room at the Grand Cafe Hotel Scribe, a decisive rup-
From this perspective it is comprehensible that, ture occurred. As Labarthe poetically pointed out,
regarding Lumière, Daney has evoked the moral di- reality was reactivated by the projection of moving
mension of the cinematographic register. Since it images on a large screen7.
is impossible to predict everything that will be in- Surprised, beyond any expression, according to
scribed on the film, we’re left to accept what comes the report of the future filmmaker Georges Méliès,
beyond, pieces of the real that prevent the imagi- present on the occasion, the first spectators leav-
nation from closing. The filmmaker must take into ing the screening made passersby into witnesses of
account the mix of what he restored, as vision, with their wonder, becoming thus volunteer diffusers of
what he did not foresee nor wanted, as real6. the charming novelty.
In this sense, the images provided by the Lumière In the days that followed, the sessions were mul-
vue are actually the material trace of an encoun- tiplied in the Grand Café. Soon it was necessary to
ter, the support that enables the acceptance of the organize a security service at the entrance of the
contingency of the other, the imponderable of life. establishment to avoid pushing and fighting. The
Daney talked about the right of preemption of attention of the Parisian public was reactivated in
the recording technique over the iconic arrange- January 1896 by the projection of the Lumière Actu-
ment, about the small displacement that immor- alities in the foyer of the Opera of Paris during the
talizes, next to the desired object, what the display first masquerade ball of the season. From there,
has seen. And he evoked the mandatory coexistence and very quickly, the cinematographer conquered
of the registered subject and its surroundings. Ac- Europe, America, the world.
cording to him, the figuring of the contingent, this
involuntary supplement of the photographic act, rep-
resented the birth of everyone’s right of being repre-
sented, and thus the aesthetic birth of the modern DAWN OF CARIOCA CINEMA –
individual. Heir of photography, the Lumière cine- IN SHORT AND SMOOTH
matograph transformed the passerby into an invol- Pedro Vasquez
untary actor and allowed anyone the right to access
the vision of lived duration and of becoming in action. TRAVELLING
Now it seems easier to understand the unique If anything has ever been written in the
emotion caused by the collective viewing of the reg- stars and it is possible to speak of predestination ex-
ister of any moments of our most banal routine. And pressed in a familiar patronymic, it certainly hap-
likewise to understand why Louis gave his camera- pened with the Lumières. Children of light, brothers
men the instruction to film, throughout the world, Auguste and Louis Lumière used photography (whose
scenes in which the public in each country crossed etymology is “writing of light” or “writing with light”)
by them could recognize itself. and, multiplying it in a chronographic succession of
The projection device favored the outbreak of an threaded frames, invented cinema, the art of moving
identification process between spectators and the image, the dramaturgy of light.
action of characters on the screen. The feeling of The Lumières did not stop there, making a num-
being part of the scene was attached, on one hand, ber of innovations and improvements in photographic
to the belief in the authenticity of this scene, and processes and creating the most effective way to cap-
on the other, to the fact that the image seen on the ture still images in color, Autochrome, sold in Brazil by

6 Daney, Serge. L’exercice a-t-il été profitable, Monsieur ? 7 Labarthe, André. “La parenthése Lumière” in Le Monde, 15
Paris: P.O.L, 1993. dezembro 1994.

48
a family friend in Rio, the photographer Marc Ferrez. This invented the aforementioned system of production of color
man, then already converted into film exhibitor, owner photographs by additive synthesis Autochrome, commer-
of Pathé Cinema, that would last for decades on end as cialized from 1907 on, having Marc Ferrez as representa-
one of the most important cinema rooms in the country. tive in Brazil. The friend of the couple who had honored
Always in tune with the urban evolution of Rio de Janeiro, the reception of Louis Lumière at the Académie of Sci-
Ferrez first installed Pathé in Central Avenue, ultimate ences, in Paris, in 1919. However, again the Lumières did
symbol of republican modernity, moving it later to the not stop. In 1935 they were precursors once again, by in-
Brazilian heart of cinema, Cinelandia, the land of cinema. venting a three-dimensional film projection system based
This dream territory erected around Floriano Square, lo- on the anaglyph technique, which involves the use of spe-
cated at the far end of the avenue, by then renamed Rio cial glasses with lenses of two different colors.
Branco – in honor of a famous Baron, our most important With amazing speed and sense of opportunity, on
minister of foreign affairs –, and also expanding toward July 8th of the following year, entrepreneurs Paschoal
the Public Garden and Senator Dantas street. Segreto and Jose Roberto da Cunha Salles opened
Lumière’s connection with the world of image be- the first Brazilian cinema: Paris Novelty Hall, at Ouvi-
gan with the father of the famous brothers, Antoine dor Street, the fashionable street throughout the nine-
Lumière (1840-1911), a manufacturer of photographic teenth century. It did not take long for a Omniographo
plates. Emulating their example, Louis Lumière (1864- were also installed on the same street, and in subse-
1948) proved to be a precocious and autodidact talent quent years several other projection systems have taken
that, at only 20 years old, invented a new kind of sil- place in the city vying for the public interest, such as
ver bromide plate which consolidated the prosperity Animatographo, Cineographo, Vidamographo, Biogra-
of the family business. He is aided in his inventions by pher, Vistacopio and Cinematographo.
his brother, Auguste Lumière (1843-1923), less gifted, Upon the arrival of cinema in the country, Brazil-
but a faithful companion of all times. ians already had more than half a century of rich living
with technical image media because the daguerreotype
SCENE ONE was introduced in Rio de Janeiro in 1840. Relying on
The first film screening was held by the Lumière Broth- the blessing of the Emperor Pedro II, himself a prac-
ers in Paris on December 28, 1895, at the Salon Indien of titioner of that new form of art, photography quickly
the Grand Café on the Boulevard des Capucines. In the spread during the imperial era, when it was accepted
program, 20 minutes long, it was shown among others in art salons even before this occurred in several north-
the movies Sortie de l’usine Lumière à Lyon; Le Petit Es- ern hemisphere countries. Indeed, date, 1842, the first
piègle (now known as L’Arroseur arrosé) and L’arrivée appearance of photography in the General Exhibition of
d’un train en gare de La Ciotat, which caused great the Imperial Academy of Fine Arts. And, what is more
commotion, not only because of technical prowess important in terms of global primacy, with a female
represented by the invention, but, above all, because practitioner, Ms. Lavenue Hippolyte, who exposed a se-
the impression that the train “rushed” on viewers, as ries of portraits in daguerreotype in the Director’s Office.
if it was going to run over them. That feeling was in- Indeed in 1842 occurred the first appearance of pho-
creased by the depth of field and the fact that the steam tography in the General Exhibition of the Imperial Acad-
clouds spewed by the locomotive, at one point, filled emy of Fine Arts. And, what is more important in terms
the entire visual field, causing a feeling of suffocation. of global primacy, with a female practitioner, Ms. Hip-
This is considered the first film screening in history, polyte Lavenue, who exhibited a series of portraits in
because it has been paid and open to the general pub- daguerreotype in the Director’s Office. Since then, pho-
lic. But first, of course, the Lumière brothers had done tography had a significant presence in several exhibitions
some demonstrations in scientific congresses, as the of the Academy, as in 1850, when four daguerreotype
cinematograph had been patented in February of that pictures of Buvelot & Prat and portraits on paper, by Cay-
year. The success was such that, as in 1898, the Lumière rol, were shown also in the Director’s Office.
brothers had a catalog with a thousand titles, thanks to In 1860, when Revert Henrique Klumb received an
sending operators to capture images all over the world. honorable mention by a series of more than fifteen im-
Despite the success, the two brothers did not settle and ages, including portraits, reproductions of sculptures
kept researching, so that, in 1899, they created the Pho- and various actualities. Or in 1884, imperial period ex-
torama, a system that made possible to get a panoramic hibition, when photographs by Augusto Rauch, Ram &
view of 360° on a single photographic plate. In 1903, they Tavares, Jose Ferreira Guimarães, Marc Ferrez, Modesto

49
Ribeiro and Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoa century the engineer Pereira Passos, who had studied
were shown. Meanwhile the photography had also re- in Paris at the Ecole des Ponts et des Chausées, was
ceived shelter in the Artifacts of the National Industry nominated mayor of the Federal Capital by President
and Applications in Fine Arts Exhibition, where, in 1859, Rodrigues Alves (who ruled between November 15th
Chaix & Zeferino, Joaquim Insley Pacheco and Manoel 1902 and November 15th 1906), with full power to make
Banchieri showed their works. On the other hand, while a radical urban renewal in the city.
cinema began to conquer its public in Rio, in 1897 took Said and done. During his administration, Francisco
place a projection of still images that deserves mention Pereira Passos razed, without bleaking an eye, large
for causing great commotion and focusing on a burn- portions of the ancient metropolis, an irrepressible
ing issue of national history, the documentation of the movement that entered history as “The Knock Down”,
final phase of Canudos War, conducted by the expedi- in order open the Central Avenue, froml Maua Square
tionary photographer Flavio de Barros. The projection, to Beira-Mar Avenue, modifying all of Rio’s outline in the
carried out with the aid of a magic lantern apparatus process. So the old colonial city of Portuguese matrix,
(a slide projector ancestor), took place in an emporium with its narrow streets and multiple lanes has given way
at Gonçalves Dias street, near Colombo confectionary. to a new metropolis that admittedly followed French
It did not take long before the first shots were made model, for enthusiasm of carioca bourgeoisie that never
in Brazil. The primacy fell to Afonso Segreto, who had ceased to repeat, in the press or in social gatherings
been sent to Europe to purchase equipment and pho- of the time, the enthusiastic chorus: “Rio is being civ-
toresist material by his brother, Paschoal Segreto. ilized”. Joao do Rio, one of the biggest proponents of
On June 19th, 1898, he did the first takes aboard the this radical metamorphosis was the most dithyrambic,
Brésil packet-boat when it was entering Guanabara even claiming that “Brazilian civilization is divided into
Bay, focusing on the inlet fortresses and warships at two periods: before and after the Avenue. Between Ou-
anchor in the bay. A beautiful debut, exalting the land- vidor street and the Avenue there’s a distance as well
scape of what would soon earn the epithet of Marvel- as from Sahara to Marseille.... 1 Being also necessary to
ous City. Ten days later Afonso Segreto himself would point out that, in parallel, and thanks to the efforts of
focus on a serious historical topic, foreshadowing what sanitarian Oswaldo Cruz – facing in certain cases the
would be later known as “newsreel” when registering misunderstanding and the popular uprising – Rio de
the procession which led the remains of Marshal Flori- Janeiro finally got rid of constant epidemics of yellow
ano Peixoto, the second president of Brazilian Repub- fever, smallpox and cholera, which had earned it the
lic, to the cemetery. sinister Death City nickname.
The process of urban reform of the federal capital
SCENE TWO was not restricted to Pereira Passos period. It was un-
The twentieth century had a spectacular start due to folded in fact for the entire period of the Old Republic,
the realization, in 1900, of the Universal Exposition in having as high points two national republican exhibi-
Paris, where the novelties of the so-called Second In- tions, specially designed to overshadow their counter-
dustrial Revolution, which unfolded between 1870 and parts of the emperial times. The first of them was held
1918, were presented. The exhibition was not restricted in Urca in 1908, celebrating the centenary of the Open-
to the official space, overflowing throughout the city, ing of the Ports to Friendly Nations; the second in 1922,
that shone, sparkled and crackled with modernity, celebrating, of course, the centenary of Independence.
thanks to the ubiquity of electric lighting, the magnifi- The latter had even more symbolic break, because it took
cence of the great avenues and boulevards torn out by place in an area recently occupied by the sea thanks to
Baron Haussmann, the subway, the Grand and the Petit the dismantling of Morro do Castelo, the first urbaniza-
Palais, Place de la Concorde, Alexandre III bridge and tion nucleus of Rio de Janeiro. Cinema had a prominent
to a few other impressive and stunning buildings that role on both occasions, especially by offering to many
gave Paris its fair nickname: City of Light. of the visitors from far provinces their first contact with
Rio de Janeiro, which in 1889 had gone from the the seventh art. Excited, they as well as numerous for-
condition of seat of the Royal Court to capital of the eigners who attended the exhibitions, sent news home
Republic, was quick to emulate the French example, es-
pecially because the new men in power strove to bury 1 RIO, João do. “Reflexões para não serem lidas” (18 de
the imperial legacy, trying to highlight the superior- março de 1916) in BARRETO, Paulo. Crônicas efêmeras. São
ity of Republic. Thus, in the first years of the twentieth Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p. 66.

50
through another big novelty, the photographic postcard, production of that year, Os estranguladores, by Anto-
which – being emerged at the end of the previous cen- nio Leal, is considered by some historians as that genre
tury – had, at both events, its popularity peaks. inaugural work in our country.
Movies inspired by real crimes are particularly suc-
SCENE THREE cessful in Brazil, unlike what occurred in Europe at the
Historian Charles Dunlop gathered precise information same time. The most famous murder of the early twen-
on the early days of cinema in Rio, noting, for exam- tieth century was perpetrated by Michel Traad when he
ple, that in 1904, 13 films were presented at the Lyric butchered Elias Farhat, put the body in a suitcase and
Theatre in several sessions at the following prices: $ boarded with it at the Santos port in order to throw it
15 000 first-class cabin; $ 10 000 second-class cabin; in the sea. This crime, which shocked all of Brazil at the
$ 3 000 chair; $ 1 000 gallery, so-called “perch”. The time, gave rise to four different productions with a cu-
following year, there is record of some projections held rious quirk, hardly repeatable nowadays: two of them
outdoors, at the promenade. Then, in August 9th, 1907, shared the same title. O crime da mala was conducted,
what can be considered the first permanent movie the- respectively, by Paulista Cinematographic Company and
ater in Rio was launched, in Central Avenue, on the cor- by F. Serrador, while A mala sinistra was filmed by both
ner of Chile street: The Great Parisian Cinematograph, Brazilian Photo Cinematographia and Ferrez and Sons.
owned by JR Staffa, who presented “two melodramas”:
A filha do faroleiro and D. Luiz IV. Shortly afterwards, SCENE FOUR
on September 18th, Pathé Cinema emerged also on In 1910, which is considered the “golden year” of na-
Central Avenue, the numbers 147/149. Later it was re- tional cinema both by quality and number of produc-
located to the opposite side of the avenue, at number tions, Julius Ferrez performed the musicals Vissi d’arte,
116, where it became known as “Pathesinho”, remain- vissi d’amore and La Madrilena, produced by William
ing operational until 1940. Meanwhile, at the previous Auler, and also worked with the entrepreneur in new
address, Palais Cinema was installed. By 1908 cinema version of Il Pagliacci and Os efeitos do maxixe. With
was already quite widespread in Rio de Janeiro, and Auler’s great rival, Francisco Serrador, the true “King of
new rooms were open: Ouvidor (Ouvidor Street, 127); Cinelandia,” who later became Ferrezs’ partner, Julius
Rio Branco (Visconde do Rio Branco street, 8); Japa- made A marcha do Cadiz, a singing cinemagazine on
nese (Central Avenue, 154); Paris (Tiradentes Square, the implementation of republic in Portugal, and O com-
50); Brazil (Tiradentes Square, 1) and High Life (Bota- eta, on the appearance Halley’s comet. In April of the
fogo Beach, at the current location of Guanabara super- same year, Marc Ferrez and Arnaldo de Sousa Gomes
market). It was the explosion of what was then jokingly start to produce in Brazil the Pathé News, newsreel that
called of “theater for the deaf”, with 123 licensed and was created the year before at the French headquar-
installed theaters, according to Charles Dunlop. ters, consolidating the documentary and journalistic
It is important to remember that a fact in 1907 and cinema school in Brazil. At the following year, 1911, Ju-
apparently unrelated to the film industry contributed lius filmed São Paulo City Theater for Pathé News and
greatly to the expansion of Rio’s movie theaters, con- also the short film Cultura da cana-de-açúcar no Es-
solidating the city’s position as the cinema capital in tado de São Paulo. And, still in partnership with Serra-
the period of the First Republic: the inauguration of dor, A serrana, operetta on “Brazilian and Portuguese
Ribeirao das Lages power plant, finally regulating the habits”; another operetta, O conde de Luxemburg, and
supply of electricity to the city of Rio de Janeiro. That the singing O cordão carnavalesco. Two years later, he
same year, Marc Ferrez & Sons firm secretly joined Ar- recorded for Pathé News: Ascensão em funicular da
naldo Gomes de Souza – because Pathé did not allow montanha Corcovado no Rio de Janeiro and Passeio
its representatives to also be exhibitors – for the cre- na baía do Rio de Janeiro, and the seaplane flight of
ation of Pathé cinema at Central Avenue. It was the third president Hermes da Fonseca.
room in Rio exclusively dedicated to cinema and the The year 1910 also had vital importance for the Sao
openning announcement promised: “animated projec- Paulo’s cinema because, as noted by critic and histo-
tions free of trepidation, clear and perfect. Novelties! rian Jean-Claude Bernardet, then occurred the first
Surprises!” Indeed, fulfilling the promise, in the fol- major film outbreak in that city: “In fact, this Golden
lowing year (1908) Pathé showed the first Brazilian fea- Age is very little Brazilian, both for production and for
ture film: Nhô Anastácio chegou de viagem, by Julius
Ferrez. It is important to note that another pioneering

51
exhibition. Films from Rio barely reached São Paulo.” 2 other production focus in Pouso Alegre, Guaranesia and
It was indeed in the 1910s that the film production re- Campinas. Jean-Claude Bernardet also points out that:
ally began to organize in Brazil and several large works “In addition, consulting ‘Brazilian Filmography’ (Guide,
of national literature were adapted for the screen, in- 1985) we find the existence of filming between 1912 and
cluding: Inocência, by Visconde de Taunay; O caçador 1922 in Barbacena, Belem, Belo Horizonte, Curitiba, Juiz
de esmeraldas, by Olavo Bilac; A Moreninha, by Joa- de Fora, Fortaleza, Maceio, Manaus, Porto Alegre, Pouso
quim Manuel de Macedo; Iracema, by José de Alen- Alegre, Recife, Salvador, Sao Luis and Uruguaiana. Some-
car; O Mulato, by Aluízio Azevedo. times it’s about just a little documentary; some other
Alongside films inspired by vaudeville began to emerge, times, a more complicated production. We may add that,
among which Paz e amor stands out. These productions although Rio and Sao Paulo concentration have domi-
were led by the starlets in evidence, carrying audience nated Brazilian production, the existence of production
to the theater, while the plays attracted audience to the out of this route has been constant, with more or less in-
cinema. A date that deserves mention in the period is tense moments.” 3
the June 29th, 1911, when Francisco Serrador founded
the Brazilian Film Company in partnership with a group SCENE FIVE
of businessmen concerned with the promotion of na- In the field of cinema the undisputed mark of 1930 was
tional production. This is considered a direct result of the creation of Cinedia, the first major Brazilian studio,
the visit of a group of American capitalists interested in by Adhemar Gonzaga. It remains active after 80 years,
investing in Brazil, in February of that year. accumulating 56 feature films and over 700 docu-
However, although the 1910s are considered the mentaries and newsreels, wheter medium or short
era of effective professionalization of cinema in Brazil, film. The first Cinedia production was Lábios sem bei-
things were not as idyllic as one might think and, to tell jos, directed by the master Humberto Mauro, and to
the truth, that period began in a troubled way. So that, get an idea of the quality of its facilities just remem-
in 1912, a crisis had hit the sector so intensely that only ber that in 1942, its studios were rented to Hollywood
one fictional movie was filmed during the entire year company RKO for the footage of Orson Welles’ It’s All
in the country, according to Jean-Claude Bernardet. True. When it comes to politics, the year assigned the
A major cause of the crisis was the powerful French end of the First Republic or Old Republic, sacrament
businessman Charles Pathé who, in 1907, discontin- when Getulio Vargas took charge of the nation on No-
ued the sale of his films, starting to rent them. This is vember 3rd, after being victorous in the Revolution of
because, as explained then Benoit Lévy, Chairman of 30 against the elected President Julio Prestes.
his monopoly, “a film is a literary and artistic property. The following year, “Julio Ferrez, representing Marc
To show it you need to pay rights.” This idea was ab- Ferrez and Sons and Adhemar Leite Ribeiro, from CCB,
sorbed in 1909 by France’s Producers Congress, which draw up the memorial of the 1st National Film Conven-
advocated the rental of films, that should be returned tion, promoted by the Brazilian Film Association. The
in four months. Across the Atlantic, in the United States, document is delivered to the President Getúlio Vargas
Thomas Edison took similar action to ensure the mo- on November 25th, 1931, at a meeting attended by, be-
nopoly of his productions. The important critic and his- sides the authors, Luis Severiano Ribeiro, Francisco Ser-
torian Paulo Emílio Salles Gomes also pointed out, as rador, Pascoal Segreto Sobrinho, Alberto Torres Filho,
a reason for Brazilian cinema crisis, the transition from Gomes Nogueira, Lafaiete Silva, J. Caruso, John L.
artisanal and independent film production to the in- Day, from Paramount, and William Melniker, from Met-
dustrial production of major studios, which began to ro-Goldwyn-Mayer.” 4 And to conclude this brief over-
control the world market then. flight of carioca cinema inaugural phase, it should be
The tables began to turn in 1917, when national cin- noted, also in the 1930s, the creation of INCE (National
ema rehearsed a recovery with the production of several Institute of Educational Cinema) in 1937, which will
films. In the 1920s the decentralization of the production have Humberto Mauro as its most important director.
process began, with the emergence of regional experi- With the Second World War erupted in Europe since
ences, such as Aurora Films in Pernambuco (1923) and
Humberto Mauro, in Cataguazes (MG) in 1925, as well as
3 BERNARDET, Op. Cit., p. 47.
4 VASQUEZ, Pedro Karp and SEGALA, Lygia. Família Ferrez:
2 BERNADET, Jean-Claude. Historiografia clássica do cinema novas revelações. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do
brasileiro. São Paulo: Annablume, 2008, p. 40. Brasil, 2008, 194.

52
September 1st, 1939, the decade had a dark end in Bra- Jealous of Ferrez family success, the Italian Jacomo
zil, with the installation of the Department of Press and Rosario Staffa, owner of Parisian Cinematograph de-
Propaganda (DIP) by Vargas government in December. nounced the hidden participation of Ferrez family in
Under Lourival Fontes’ iron fist, DIP strangled artistic Pathé Cinema Society. Luckily them, his intrigue did
and journalistic Brazilian activities until its extinction not work, so in August 1908, they renewed the contract
on May 25th, 1945, seriously damaging free expres- with Société Pathé Frères. The following year, the Ferrez
sion and the proper flourishing of national culture. But produced: Tarantela napolitana, Tosca, Copacabana
that’s another story, unrelated to the present work... (which had the peculiarity of being filmed in Arpoador,
now considered ipanema’s territory), Fandanguassu,
FOCUS ON FERREZ FAMILY Chispino y la comadre, Couplets del café de Puerto Rico
Thanks to his friendship with Charles Pathé, who he had (Caracolillo), Chiribiribi, Chateau Margaux, Ri Tu Che
met in Paris the year before, Julio Marc Ferrez (1881- Manchiave, Sphinx, Sonho de valsa, I pagliacci (Vesti la
1946), son of award winning photographer Marc Ferrez, giubba) and La nina Pancha. However, A viúva alegre,
managed to assume the representation of the Société directed by Alberto Moreira and having Julio Ferrez as
Pathé Frères in Brazil in 1905. Then he went on to prov. cinematographer, was the most successful production
ide films and equipment from the French company to of the year, earning more than a thousand projections.
the street exhibitors and fixed rooms that were begin- In December of the same year, Julio filmed a by-prod-
ning to emerge in many parts of the country. But on May uct: valsa da viúva alegre, with the singer A. Pelissier;
30th, 1912, Marc Ferrez & Sons company sold all of its and also A gueixa. Julio also shot an important docu-
assets, including Pathé Cinema, as well as the repre- mentary about the carnival in Rio: Aspectos populares
sentation of Pathé Frères and other French firms, to Bra- do Carnaval do Rio.
zilian Cinematographic Company, owned by Francisco
Serrador. Luciano Ferrez then became general man- FINAL CLOSE ON THE PATRIARCH
ager of Rio’s branch, and Julio took the executive man- Son of the sculptor and engraver Zepherin Ferrez,
agement. On second thought, in 1915 the family broke member of the French Artistic Mission, Marc Ferrez
with the CCB and restored Marc Ferrez & Sons, negoti- (1843-1923) completed his studies in Paris (France) at
ating two years later the resumption of Pathé Cinema. the home of another sculptor, Alphee Dubois, after
On April 10th, 1928 they opened Pathé Palace, which later the death of his parents in 1851. He joined the Geolog-
would be called Pathé Palace and then simply Pathé. ical Commission of the Empire, which was responsi-
In Ferrez family, the name that deserves greater ble for exploring the interior of the country between
emphasis in cinema is Julio Marc Ferrez, because of 1875 and 76, under the command of geologist and
its pioneering as a director. In 1907, he began work- geographer Charles Frederick Hartt. Unique profes-
ing as a documentary filmmaker for Pathé, recording, sional to deserve the title of Imperial Navy Photogra-
for example, the visit of the French president in Rio de pher in 1880, being honored with the insignia of Knight
Janeiro in September of that year: S Viagem de S. Exa. of the Order of the Rose, in 1885. Gathering a deep
Paul Doumer ao Brasil. He shot, still in 1907, Indústria technical knowledge and his great artistic sensitiv-
de Madeira no Paraná + Colheita, preparação e em- ity, he has become a pioneer in the use of magne-
barque do café. In 1908, he released a drama, O tri- sium flash in the mines of Morro Velho region (MG).
unfo de Nero, with script and direction of his own, and Ferrez authored expressive sets of pictures, like the
the aforementioned sitcom, Nhô Anastácio chegou de informal registers of members of the Brazilian impe-
viagem, about the antics of a redneck in the Federal rial family or the series dedicated to the street ven-
Capital. Julio Ferrez also performed “singing films” for dors of European origin that began to replace slave
William Auler, a leading producer of the genre: “In these labor in the Rio de Janeiro streets in the late 1880s.
musicals, artists were behind the screen, live dubbing But his preference was for landscape photography, so
the projected images. In general the films had popular to be able to enable this predilection, or engage in
operas snippets or music, and William and Julio col- projects like the Central Avenue Album, Marc Ferrez
laborate in Barcarola, Duo de los patos, Duo da Afri- came to represent, in Brazil, French manufacturers of
cana, A mascote and Caracolito.”5 photographic, and later cinematographic, products
and equipment, eventually approaching the Lumière
brothers, to whom, in addition to solid business part-
5 VASQUEZ & SEGALA, Op. Cit., p. 194. nership, he signed undying friendship.

53
MUSIC AND CINEMA – Original music was already composed for the films, start-
A LOVE AFFAIR ing with “The assassination of the Duke of Guise”, com-
Alexandre Guerra posed by Saint Saens in 1908, and although there were
no sounds and synchronized dialogue, they told their sto-
This was rather a planned than an announced ries very well, always having their faithful squire along.
marriage. It could not have been different, thus it But as there is no good that ever lasts or evil that
happened so with all the arts. Sacred or profane, they lasts forever, in 1927 he came up with the face of a star
all dialogued with music. From Greek tragedy to Cath- and Al Jolson’s voice: “The jazz singer”, or rather the
olic role-playings, from 3000 years Chinese shadow sound cinema! At first it wasn’t all good! Where to hide
theater to Kuarup ritual in the Brazilian region of Up- microphones? What to do with the hillbilly accent of
per-Xingu, all of them have been amplified by the ex- the leading lady? What should the actors say? And mu-
pressive power music lends to whom associates or sic... Will exist room for it in the midst of chatter ?! Well,
marries, better saying here, to it. before cinema took this important step forward, it had
With cinema we cannot say it was love at first sight, to take two big ones back, to reinvent itself, question-
although music has entered its life since the early days, ing the way in which the stories unfolded. At the be-
at the first public projections made by brothers Luis ginnings music lost ground, since the newsflash was
and Auguste Lumière. At first it appeared as a minor the “Talking Pictures”. Dialogue had been taken the
supporting role, almost an extra. In the screening room, foreground and music had to move to the back room.
played by the piano, it only fulfilled the function of mask- But once a king, always a king. One day music came
ing the noise of projectors or of creating a more pleas- back remodeled. The new sensation was the functional
ant atmosphere facing the hard silence proposed by music. With the arrival of synchronization, the music
silent films. In the beginning these weren’t more than could stay indefinitely linked to the film, to each one of
cuttings of everyday life: a train arriving at the station, the frames, and it enabled a planned down composition.
a march, trivialities of city life. But, just as cinema be- The sequences of action could have each plan marked
came more sophisticated, music in turn had to rethink and helped by music. And what a rhythm the film would
itself to follow it. Now films told short stories and mu- gain with it! Hand in hand, film and music would dance
sic met a new role, to emphasize every gesture, in love the waltz of eternity... as lovers and accomplices, forever.
and sorrow. It was the perfect companion, never ques- But the story does not end there. Behold, one day
tioning anything, always echoed in agreement to what someone named Disney had the brilliant idea to create
was in action; Romantic music for kissing scene, a deep a movie from music. Then music by magic would be-
adagio if there was death, triumphant at the heroic act, come the sovereign queen and following her, in a role,
and so it went well, as they were on their honeymoon. let’s say, more submissive: the film. The animation “Fan-
Behold, a man who was not in the script, appeared tasia” was born. For the first time in the history of cin-
on the scene. One such Eisenstein – Russian and full ema a film would submit to music and this wouldn’t go
of revolutionary ideas. Why don’t we go the opposite unnoticed by the producers of that time. It was the ul-
way?, He would say, dramatic music for the kissing timate emancipation that the soundtrack expected.
scene, a cheerful march for the soldiers defeat, and he It had gone in charge of its own destiny.
even gave it a name: audiovisual counterpoint. In his Having come of age, music was allowed to read any
idea music would now be emancipated, could have way and all ways. It was orientalized, reocidentalized
a speech that was different from the sequence’s one, and drank from all musical sources, from Jazz in noir
you see, it could even disagree with it. At first their re- films in the 40s to rock in 70s musicals or even from
lationship might have turned sour, but it soon bore fruit electro acoustic music from Stockhausen or almost in-
and the distance between their speeches would gen- comprehensible twelve-tone from Schoenberg, largely
erate a third legitimate son of this confrontation. Now- explored in thrillers and horror movies. Cinema knocked
adays when we watch thrillers with romantic scenes on the door of everyone without distinction and even
being accompanied by songs full of dissonance and Brazilian composer Villa-Lobos was recruited in and
tension, we do not realize we’re facing one of its heirs. outside of Brazil, was responsible for Humberto Mau-
And the silent cinema was going very well, thank you. ro’s “O Descobrimento do Brasil” soundtrack as for the
The films were no longer accompanied only by lonely pia- American film “Green Mansions” starring Audrey Hep-
nists, there were trios, quartets, orchestras! Music occu- burn and Anthony Perkins, that eventually evolved to
pied its space, both in the film and on the screening room. “The Amazon Forest.”

54
All styles have had their fifteen minutes of fame The child imagination is imbued with this impression of
alongside the movies and those that contributed more reality from which, according to Jean-Claude Bernadet,
to their narrative survived. They left as a legacy so many comes the sucess and magic of cinema. They, like any-
songs and themes that became eternal, helping to also one else, pretend everything is possible. To dress up as
perpetuate films such as “Gone with the Wind,” “The a film director is a possibility of understanding playing
Godfather,” “Star Wars,” “The Pink Panther” “Summer as a serious thing. Devoid of fear and shame, children
of 42”, “Once Upon a Time in the West”, “Cinema Par- are placed face to face with the act of making. And cin-
adiso” and many others. ema puts us “face to face” with childhood, says Bazin.
Styles come and go, trends fade away, but while By proposing to children that they shoot “as if they were”
there are stories to be told there will be music, blow- Louis Lumière, ie using small hand-cams or their own
ing seduction and enchantment air in your ears. mobile communication devices “as if they were” cine-
matographers, we reinvent this device.
But what is that we call “minute Lumière”?
The brothers Louis and Auguste Lumière invented
LUMIÈRE MINUTE: THE CHILDHOOD the cinematograph, which allows to film and project
OF CINEMA images on a large screen with a significant quality for
Adriana Fresquet the time. On March 19th, 1895 they started writing the
first few pages of the history of cinema. Using a fixed
So, initially, we can present the Lumière camera and a support that had small circular holes in
brothers as inventors. The history and the readings the edges to facilitate the rolling of the film, they pro-
that were made of his work changed along the time. duced films, also called “actualities”, approximately
Initially considered as ingenious traders very suc- 52 seconds long, whose duration was determined by the
cessful in their inventions, over time they began to ammount of time that the film – about 17 meters long –
get recognized as true artists, creators of a language. took to rotate 16 frames per second. Lumière brothers
Or as Godard wants when he refers to Louis Lumière such as their operators – which, soon after, also trav-
as “the last Impressionist painter.” Many were the in- eled abroad – mainly recorded everyday scenes. Alain
ventions of the Lumière brothers, but one in particu- Bergala and Nathalie Bourgeois idealized the Lumière
lar deserves attention: “the autochromes” which rev- Minutes as educational activities of the Cinémathèque
olutionized photography when printing color to the Française. Nuria Aidelman brought us this course in
images captured through the use of potato starch 2007. It is a magical practice that allows an inaugural
and glass plates. Thus, in 1903, they record the auto- experience of cinema since it restores its first time with
chrome patent, “the color itself,” which consisted of a relatively simple exercise. To paraphrase Bergala, we
“a plate that incorporates a unique trichrome screen can say that when someone finds theirselves in what is
to separate colored radiation of light.” The case was originating in the cinematographic act, they become
sent to the Paris Academy of Sciences in 1904. Invent- the first filmmaker, from Louis Lumière to a child today.
ing meant “playing”, learning, an intellectual chal- Making a plan places us in the heart of the cinematic
lenge, a contribution to the arts – making possible an act. Within the simple act of capturing one minute is
increasingly amateur access to resources –, improv- all the power of cinema and, in the framework, we dis-
ing the material conditions of life and also searching cover a world that always surprises us.
and communicating knowledge. Knowing this story This attempt to take the Grand Café experience to
surprises and excites for the quantity and quality of the classroom has been amazing. Although no student
the brothers’ inventions from the late nineteenth cen- has been frightened to see the The arrival of the train
tury to the twentieth. Can anyone yet suppose that scene, it is the entrance of cinema into school that gen-
imagination at school is a “loss of time”? erates surprise itself and a certain “scare”. Especially
Regarding “Lumière actualities”, the legend tells that because the challenge is to create, not as trouble solv-
when The arrival of a train was projected many people ing or way of adaptation, but as a gesture of invention.
ran off the room out of fear. We can not prove that fact, Approaching cinema and education as a possibility of
although it has been re-created in A trick of the light “making art” in school. For this, in this initial exercise,
and Hugo. Today it would not happen. Perhaps some we introduce children to the concept of framework and
children, at really early age, could believe this illusion. plan, a basic understanding of the language and the
Fear was the product of an absolute belief in the image. early history of cinema, simultaneously.

55
The activity begins with an awareness exercise. We Proj- “What appears on the screen is so close to reality
ect, for a few minutes, slides with autochromes and exalt that the boundary between reality and its repre-
the invention ability of the Lumière brothers. And then sentation faded to disappear. Most people received
we start the projection of some Lumière actualities, of the animated images as reality itself and the rep-
some edited excerpts from Lumière & Co. (1995) and resentation ended up taking the place of the real-
a few minutes produced by other children in the Child ity of the world.” – Kijû Yoshida
Minutes Lumière shows. We invite students to take an “We can not simply accept the image of the naive
active and creative attitude as spectators. Together we spectator, whose reaction to the image is simple be-
make a creative analysis of these films. That is, we try to lief and panic; it needs some digestion. The impact
imagine the emotions of Lumières and their operators of the first film screenings cannot be explained by
when arriving to remote locations and making careful and a mechanical model of a naive spectator who, in
well thought out records of everyday life in each place. a temporary psychotic state, mistakes the image
The following objective is to make a good frame choice, for reality.” – Tom Gunning
which will be shot with a fixed câmera, with no use of “I never believed that cinema was limited to being
any special feature of the device and no further editing. a ‘canned product’ from nowadays to the future.
Here there are two very particular imagens from I believe it goes far beyond that. Even when images
Lumière minutes: are purely documental, as with Lumière, there is
In every workshop, class or course in which we pro- kind of a recreation of the atmosphere of their time
pose to shoot Lumière Minutes, we intend to rehearse that is exactly what we call a ‘work of art’ today.” –
this “face to face” attitude with the child (even the one Jean Renoir
found in every adult)... and we believe that learning “The Lumière tendency, although motivated by the
the gestures to build a plan can restore the very child- desire to reproduce reality, is also an open door to
hood of cinema. the wildest imagination.” – Jean Renoir
“The life force, this vital quality of Lumière’s films is
that they carry the atmosphere, the environment,
the philosophy of their time.” – Henri Langlois
QUOTES “Monet painted the Saint-Lazare station. Well, there
“What interested Méliès was the ordinary in the ex- is a certain transfer of the powers of painting, of the
traordinary, and Lumière, the extraordinary in the pictorial arts, to the cinematographic art; from the
ordinary. Through the Impressionists, Louis Lumière photographic art to the cinematographic art. Mon-
was a descended from Flaubert and Stendhal, whose et’s Saint-Lazare station becomes Lumière’s ‘Arrival
mirror strolled off the way.” – Jean-Luc Godard of a train at La Ciotat’. The entire evolution of art
“Lumière’s images are far from being simple recre- from the mid-nineteenth century flows into Louis
ations of reality.” – José Luís Fecé Lumière.” – Henri Langlois
“Lumière’s images create a new space, a space that
goes beyond the boundaries of the screen, the space
of shooting.” – José Luís Fecé
“Lumière’s image founds a visual field and, along with BIBLIOGRAPHY ON THE LUMIÈRE
it, a counter-field, ‘beyond’ the image. And this is BROTHERS AVAILABLE IN BRAZIL
the image of cinema, an ‘imperfect’ image; its pres- ARAUJO, David Carvalho de. O cinema da ciência
ence also imposes an absence.” – José Luís Fecé pop: a contribuição do cinema na popularização dos
“In Lumière there is no coincidence, there is knowl- avanços científicos. Masters Dissertation Submitted to
edge.” – Henri Langlois the Communications Post-graduation Program from An-
“Cinema has no commercial future.” – Auguste hembi Morumbi University. Sao Paulo, 2011. Available
Lumière at: http://portal.anhembi.br/wp-content/uploads/da-
“No one knew what would happen” – Louis Lumière vid_carvalho_araujo.pdf
“The first filmmaker chooses and approaches his BERNARDES, Mariana Cordeiro. Cinema para pais-
themes with the ingenuity of a Sunday painter at- agens: o espaço-tempo da exibição audiovisual como
tached to the ability of a great talent.” – Vincent Pinel dimensão estética e criativa. Rio de Janeiro: 2011. avail-
“It can last six months, one year, maybe more, maybe able at: http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.
less!” – Louis Lumière php?codArquivo=8213

56
BOMFIM, Leonardo. Moderno descoberto por filmes GUNNING, Tom. “O Cinema das Origens”, entrevista na
que pensam o cinema de Lumière ao pós-guerra. Revista Imagens 02, agosto 1994.
2011. Masters Dissertation Submitted to the Com- ___. Uma estética do espanto. O cinema das origens
munications Post-graduation Program from PUC-RS. e o espectador (in)crédulo. Imagens, Campinas, n. 5,
Available at: http://repositorio.pucrs.br/dspace/bit- p. 52-61, ago-dez, 1995.
stream/10923/2034/1/000437014-Texto%2bCom- HEFFNER, Hernani. Cinema e ciência, breve digressão.
pleto-0.pdf. In: Ciência em Foco: o olhar pelo cinema. Rio de Ja-
BRAGA, Felipe Fernandes. O tempo dos pioneiros: Cin- neiro: Garamond, 2008.
ematografia no século XIX. PhD thesis Submitted to the HURTADO, Tesoro Hinojosa. Os irmãos Lumière chegam
Social History of Culture Post-graduation Program at ao Ceará. Conclusion work Submitted to the Commu-
PUC-Rio. Rio de Janeiro, 2008. Available at: http://liv- nications Graduation Program from Universidade Fed-
ros01.livrosgratis.com.br/cp077153.pdf. eral do Ceará, UFC. Fortaleza, 1994.
BRITTO, Denise Fernandes. O real e o pictórico nos au- JAPIASSU, Hilton. “A ciência e a revolução industrial.” IN:
tocromos dos irmãos Lumière. In: VII Encontro de Ini- As paixões da ciência. São Paulo: Letras & Letras, 1991.
ciação Científica e V Encontro de Pesquisadores, 2009, KINZO, Carla. Cinematógrafo. São Paulo: 7 Letras, 2014.
Bebedouro. Anais do VII Encontro de Iniciação Cientí- LEITE, Ary Bezerra. A tela prateada: cinema em For-
fica e V Encontro de Pesquisadores, 2009. taleza – 1897-1959: do cinematógrafo aos anos 50. For-
CARVALHO, Danielle Crepaldi. Light and shadow on the taleza: SECULT-CE, 2011.
screen : reality, movies and the street at the chronicle LEITE, Sidney Ferreira. No prinípio os irmãos Lumière.
printed in Rio’s press from 1894 to 1922. PhD Thesis Sub- Jornal da Tarde, São Paulo, 15 jul. 2000.
mitted to the Language Studies Institute at the Literature LIMA, Everton de Oliveira. A relação entre as primei-
Post-graduation Program from Unicamp. Campinas, 2014. ras experiências cinematográficas dos Irmãos Lumière
CARVALHO, Vladimir. Do cinematógrafo a um cinema e a Linguagem atual do video autoral no Youtube. Con-
cidadão. Acervo. Revista do Arquivo Nacional, Rio de clusion work Submitted to the Commnications Grad-
Janeiro, v. 16, n. 1, p 9-21, 2003. uation Program from Escola Superior de Propaganda
CESARINO COSTA, Flávia. O Primeiro Cinema. Espetá- e Marketing. Porto Alegre, 2010.
culo, Narração, Domesticação. Sao Paulo: Scritta, 1995. MACHADO, Arlindo. “Pré-cinemas: as Origens do Cinema”
___. “Primeiro Cinema”. In: Fernando Mascarello (org.), e “O cinema das Origens” in Pré-Cinemas & Pós-Cine-
Historia do Cinema Mundial. Campinas: Papirus, 2006. mas. São Paulo: Editora Papirus, 1997.
DELGADO, Maikon Augusto. Dos irmãos Lumière a Pathé ___. Cinema e Arte Contemporânea. Revista Z Cultural
e Gaumont. Vernaculo Magazine. Available at http:// (UFRJ), v. 8, p. 1-10, 2012.
ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/vernaculo/article/ MÜLLER, Adalberto. João do Rio e o Cinematographo:
viewFile/18464/12008 primeira modernidade literária e primeiro cinema.
FECÉ, José Luís. Do realismo à visibilidade. Efeitos de Revista eletrônica Itinerários, Araraquara, n.36, 2013.
realidade e ficção na representação audiovisual. Avail- MANNONI, Laurent. A grande arte da luz e da sombra.
able at: www.uff.br/contracampo/index.php/revista/ Arqueologia do Cinema. São Paulo: Editora SENAC SP/
article/download/367/17 UNESP, 2003.
FOIRRET, Jacques. Os irmãos Lumière e o cinema. São MENEZES, Silvana de. E a luz se fez. Goiânia: Editora
Paulo: Augustus, 1995. Le, 2009.
GARÁTE, Miriam. João do Rio, Alcântara Machado, Al- NOGUEIRA, Louise da Silva Dourado. Vida de otário:
berto Cavalcanti: entre o filme de papel e a Crônica A saída dos operários da fábrica de Lumière. Masters
de Celuloide. Alea: Estudos Neolatinos 2014, 16 (2). Dissertation defended in Communications Program at
GARDNIER, Ruy. “A chegada do trem na estação”. IN: Pontificia Universidade Católica. Rio de Janeiro, 2005.
Hou Hsiao-hsien e o cinema de memórias fragmenta- NUNES, Girlane de Souza. A representação burguesa da
das. Catálogo: CCBB, 2010. sociedade moderna nos filmes dos irmãos Lumière. 2011.
GERVAISEAU, Henri Pierre Arraes de Alencar. O im- RITTAUD-HUTINET, Jacques. Os irmãos Lumière – a in-
ponderável da vida. Paisagens de Louis Lumière. Co- venção do cinema. São Paulo: Scritta, 1995.
municação & Política, Rio de Janeiro, v. 1, p. 22-26, 1995. ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na Eu-
GUALDA, Linda Catarina. A primeira Sessão de Cinema ropa. São Paulo: EDUSC, 2001.
da história e o cinema dos Irmãos Lumière. Revista Cin- SADOUL, George. História do Cinema Mundial. Da ori-
ema Caipira, Rio Claro/SP, v. 44, p. 01 – 03, 05 out. 2012. gem aos nossos dias. Vol. 1. Lisboa: Horizonte, 1983.

57
SARAMAGO, Maria Emília Hanm das Pedras. O fascí- Lumière et le cinématographe
nio e a magia do cinema francês: dos irmãos Lumière Directed by Jean-Claude Phillipe
a Amèlie Poulan. Conclusion work for Marketing and FR3
Advertisement Graduation Course at Centro Universi- France, 1979
tário de Belo Horizonte. Belo Horizonte: 2004. Une préhistoire du cinéma
SCHWARTZ, Vanessa R. O espectador cinematográfico Directed by Joël Farges
antes do aparato do cinema: o gosto do público pela Dédale films.
realidade na Paris fim-de-século. In CHARNEY, Leo France, 1980
e SCHWARTZ, Vanessa (Org.). O cinema e a invenção da Incunables du cinéma scientifique
vida moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. P. 411-440. Directed by Jean-Michel Arnold.
SILVA, Fernanda Magalhães. Cinematographo: crônica França, 1984.
e sociedade na belle époque carioca. Dissertation Sub- Arbeiter Verlassen die Fabrik
mitted to the Social History of Culture Post-graduation Directed by Harun Farocki.
Program from PUC-Rio. Rio de Janeiro: 2002. Germany, 1995.
TOULET, Emmanuelle. O cinema, invenção do século. Lumière and Company
Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 1999. Directed by Theodoros Angelopoulos, Vicente Aranda,
VADICO, Luiz Antonio. Um Filme ou Dois? – A Paixão de John Boorman, Youssef Chahine, Alain Corneau, Cos-
Cristo de Lumière. Interin (Curitiba), v. 03, p. 01-15, 2007. ta-Gavras, Raymond Depardon, Francis Girod, Peter
Aumont, Jacques. O olho interminavel: cinema Greenaway, Lasse Hallström, Hugh Hudson, Gaston
e pintura. Sao Paulo, Cosac e Naify, 2004 Kaboré, Abbas Kiarostami, Cédric Klapisch, Andrey
Burch N.: La lucarne de l’infini. Paris: Nathan Uni- Konchalovskiy, Spike Lee, Claude Lelouch, Bigas Luna,
versité, 1990 Sarah Moon, Arthur Penn, Lucian Pintilie, Helma Sand-
Lumière, L. e A.: Les appareils et leur usages. Paris: ers-Brahms, Jerry Schatzberg, Nadine Trintignant,
Ed Henri Gautier, Bibliothèque Scientifique des Ecoles Fernando Trueba, Liv Ullmann, Jaco Van Dormael,
et des familles (s.d), in: Chardère, B.: Lumières sur Lu- Régis Wargnier, Wim Wenders, Yoshishige Yoshida,
mière. Lyon: Institut Lumière/ Presses Universitaires de Yimou Zhang, Merzak Allouache, Gabriel Axel, Mi-
Lyon, 1987, p.100-105. chael Haneke, James Ivory, Patrice Leconte, David
Daney, S. L’exercice a-t-il été profitable, Monsieur Lynch, Ismail Merchant, Claude Miller, Idrissa Oue-
? Paris: P.O.L, 1993. draogo, Jacques Rivette
Gervaiseau, Henri Arraes: O abrigo do tempo. Abor- France, 1995.
dagens cinematograficas da passagem do tempo. Sao Fantasia
Paulo: Editora Alameda, 2012. First episode of Cem anos de Luz, TV series exhibited
Labarthe, A.: La parenthése Lumière, in: Le Monde, by TV Globo in 1995.
15 dezembro 1994. Brazil, 1995.
Merleau-Ponty, M.: Le doute de Cézanne, in: Mer- Les mystères du premier film.
leau-Ponty, M.: Sens et non-sens. Paris: Ed. Nagel, Directed by Jean-Pierre Ameris
1963, p.15-49.. Centre européen cinématographique Rhône-Alpes
Rosset, C.: L’Autre réalité. In: Beylie, C. e Carcassonne, France, 1995.
P. (dir.): Le cinéma. Paris: Bordas, 1991, pp. 183-186 Le centième anniversaire du cinéma.
Directed by Paul Paviot
France, 1995
Le temps des Lumières
FILMOGRAPHY ON THE LUMIÈRE Directed by Michel Viotte
BROTHERS AVAILABLE IN BRAZIL Nestor productions
Lumière. France, 2000
Directed by Marc Allégret The kingdom of shadows
Les Films de la Pléiade Shortf film.
France, 1966. Written and directed by Ross Shepherd.
Louis Lumière UK, 2005.
TV film directed by Eric Rohmer. Early cinema: primitives and pioneers
France, 1968. Directed by Berry Salt

58
UK, 2005 Camera operator: Charles Moisson
The movies begin: a treasury of early cinema Italy, Rome, 1896
(1894-1913) Place du Gouvernement (Cat. Lumière N°200)
Kino international Camera operator: Alexandre Promio
EUA, 2005 Algeria, Algiers, 1896
La Premiere Marché arabe (Cat. Lumière N°199)
Short film directed by Michael Regalbuto and Camera operator: Alexandre Promio
Nick Regalbuto. Algeria, Algiers, 1896
EUA, 2009. Repas d’Indiens (Cat. Lumière N°351)
Uma conversa sobre documentários – Dos irmãos Camera operator: Gabriel Veyre
Lumière a Eduardo Coutinho Mexico, Mexico City, 1896
Directed by Eduardo Ramos. Place Bel-Air (Cat. Lumière N°314)
Brazil, 2012. Camera operator: Alexandre Promio
The Lumière Brothers Switzerland, Geneva, 1896
Short film directed by Tamara Mihovilovic. Bal espagnol dans la rue (Cat. Lumière N°358)
Serbia, 2013. Camera operator: Gabriel Veyre
Mexico, Mexico City, 1896
Le Forum (Cat. Lumière N°290)
Camera operator unknown
EXHIBITION FILMOGRAPHY Italy, Rome, 1896
1. Institut Lumière Rome : pont Ripetta (Cat. Lumière N°429)
Panorama du Grand Canal pris d’un Bateau (Cat. Camera operator unknown
Lumière N°295)) Italy, Rome, 1896
Camera operator: Alexandre Promio Lancement d’un navire (Cat. Lumière N°57)
Italy, Venice, 1896 Camera operator: Louis Lumière
Entrée du Cinématographe (Cat. Lumière N°250) France, La Seyne-sur-Mer, 1896
Camera operator: Charles Moisson Sortie d’usine, I (Cat. Lumière N°91-1)
England, London, 1896 Camera operator: Louis Lumière
Halte à la gare (Cat. Lumière N°217) France, Lyon, 1895
Camera operator: Alexandre Promio Arrivée d’un train à la Ciotat (Cat. Lumière N°653)
Tunisia, Hammam, 1897 Camera operator: Louis Lumière,
Panoptikum-Friedrichstrasse (Cat. Lumière N°219) France, La Ciotat, 1897
Camera operator unknown 2. Arquivo Nacional, Brazil
Germany, Berlin, 1896 Domestic Scenes in Meier
Danse au bivouac (Cat. Lumière N°266) A batalha do petróleo
Camera operator: Alexandre Promio Rio de Janeiro - Downtown
Spain, Madrid, 1896
Avenue et Union Square (Cat. Lumière N°325)
Camera operator: Alexandre Promio
USA, New York, 1896 A LITTLE BIT ABOUT EACH
Rue Tverskaïa (Cat. Lumière N°307) PARTICIPANT
Camera operator: Charles Moisson
Russia, Moscow, 1896 Adriana Fresquet
Patineur grotesque (Cat. Lumière N°117) Professor at the Faculty of Education and the
Camera operator: Marius Sestier Post-Graduation Program in Education at the Federal
Australia, Melbourne, 1896 University of Rio de Janeiro (UFRJ). Coordinates the
Le Village de Namo : Panorama pris d’une chaise research projects Curriculum and Cinematographic
à porteurs (Cat. Lumière N°1296) Language in Primary Education, Cinema in the Hos-
Camera operator: Gabriel Veyre pital? and Film and Old Age: the Imagination through
French Indochina (current Vietnam), Namo village, 1900 Memory, linking them with the projects of the Exten-
La gare (Cat. Lumière N°288) sion Program CINEAD and proposing experiences of

59
cinema initiation in different scenarios: local, state Alexandre is dedicated to creating and produc-
and federal public schools, the Cinematheque of the ing soundtracks, having worked alongside direc-
Museum of Modern Art in Rio, Martagão Gesteira tors like Jayme Monjardim, Cao Hamburger, Sergio
Institute of Pediatrics and Childcare (UFRJ), nurs- Machado, Daniel Augusto, among others, in more
ing homes in Rio de Janeiro, Geriatric Department than 80 audiovisual productions, including films and
at UH/UFRJ. She is a founding member of KINO NET- TV series. Among them we can highlight the feature
WORK: Latin American Network of Education, Cin- film The Time and the Wind (nominated in the cat-
ema and Audiovisual and coordinates the collections egory Best Soundtrack by the Brazilian Academy of
Cinema and Education (Ed. BookLink) and Other- Cinema) and the TV series Maysa, from Globo Tele-
ness and Creation (Ed. Authentic). Adriana learned vision Network, and Dyno Adventures, the first se-
to practice the Lumière Minute with Núria Aidel- ries produced for Disney in Brazil.
man in 2007 at the First International Meeting of
Cinema and Education at UFRJ, and has developed DORIS ROLLEMBERG
this practice, idealized by Nathalie Bourgeois and Doris holds a PhD and Master in Theatre from UNIRIO,
Alain Bergala at the French Cinematheque on the and a Graduation Degree in Architecture from the
occasion of the 100th anniversary of the invention Federal University of Rio de Janeiro (1986). In par-
of cinematography, in all levels of education, with allel to developing her work as a set designer for
students and teachers. theatre she works as a lecturer at the Scenography
Department at UNIRIO.
AÍDA MARQUES She participated as a guest artist in the Brazilian
Aída Marques is a professor and filmmaker with over Exhibition at the 2011 Prague Quadrennial of Scenic
thirty years of experience. She has a PhD in Cin- Space and Design with the set design Leonardo da
ema from the University of São Paulo and studied Vinci’s Danced Fables. The Brazilian exhibition won
Literature and Film in Paris. Eleven times awarded the Golden Triga, the highest honor of the Prague
for best editing in several Brazilian film festivals, Quadrennial. It was also presented at FUNARTE in
she decided to invest in the documentary film- São Paulo in December 2011, followed by the Salis-
maker’s career. Some of her outstanding works bury International Festival in the UK and the Year of
are Expedito, from 2008, awarded with the Silver Brazil event in Portugal at the Design and Fashion
Daisy Prize, the honor offered by the National Con- Museum of Lisbon in 2012.
ference of Brazilian Bishops to the most relevant She further participated as exhibitor at the
films of the year; Abdias Nascimento, launched WORLD STAGE DESIGN in September 2013 in Car-
at the 2011 Rio International Film Festival; and diff, with the mockup-object based on her set de-
the exhibitions Once Upon a Time... and Expo(r) sign for Graphics.
Godard, both held at Oi Futuro Cultural Center in Doris was assistant curator of the Brazilian Rep-
Rio de Janeiro. In 2007, Aída published the book resentation at the 13th Prague Quadrennial of Per-
Ideias em movimento, a reference in film and au- formance Design and Space (PQ’15) in June 2015,
diovisual teaching at Brazilian universities, and in and is author of the project of the Section of Coun-
2014 the book O cinema de Nelson Rodrigues. She tries and Regions of the Brazilian Representation.
is currently an associate professor at the Film and
Audiovisual Program of the Fluminense Federal Uni- Henri Arraes Gervaiseau
versity, as well as professor at the Post-Graduate Henri Arraes Gervaiseau is a filmmaker and profes-
Program in Communication at the Federal Univer- sor at the University of São Paulo (USP). He has pub-
sity of Rio de Janeiro. She is further acting as film lished articles in Brazilian and foreign journals on
producer and director. authors such as Pierre Perrault, Jean Rouch, Haroun
Farocki, Jean-Luc Godard and Eduardo Coutinho.
Alexandre Guerra He is the author of O abrigo do tempo - Abordagens
Alexandre Guerra is a soundtrack composer and cinematográficas da passagem do tempo (SP: Ala-
member of the WSA (World Soundtrack Academy). meda, 2012). Among his documentaries, awarded in
He graduated in Cinema Composition at Berklee Brazil and abroad, are: Tem que ser baiano? (1994);
College of Music. In Brazil, he studied harmony and Terra Prometida (1997); In traffic (2005), Retrato de
composition with Hans Koelheuter. Grupo (2009); Entretempos (2012). Henri Arraes

60
Gervaiseau is currently dedicated to the research Iluminados by Cristina Leal and Expedito by Aída
The Documentary as a means of expression of the Marques. Souza produced the festival Novocine
displacement experience as well as the comple- in Madrid and worked as a consultant for Brazilian
tion of the first film of his Trilogy of Displacement. films for the festival Beeld voor Beeld, besides com-
posing the live soundtrack for LOVE, a play by the
JOAO LUIZ Vieira theater group Munganga in Amsterdam. He com-
João Luiz Vieira is professor at the Film and Video posed the soundtrack of Aída Marques’ film Abdias
Department of Fluminense Federal University. Nascimento, which premiered at the 2011 Rio Inter-
He holds a PhD in Cinema Studies from New York national Film Festival. In 2012 he created the track
University (1984), a Masters degrees in Film from for the exhibition Rabin Akaw at the Centro Cultural
NYU and in Communication from the Federal Uni- do Banco do Brasil, which was produced by MP2.
versity of Rio de Janeiro. Vieira was a Fulbright, In 2015 Marcos Souza directed the soundtrack for
CAPES and CNPq scholar, and visiting professor the film Betinho by Victor Lopes. Currently he is pre-
at the American universities of New Mexico and paring the soundtrack of Cristina Leal’s film on An-
Iowa. During five years he attended the Advisory gel Vianna. He is executive consultant of the Ouro
Board of the Brazilian Cinematheque and cur- Preto Orchestra and president of Musimagem, an
rently serves on the Advisory Board of the Cinema- association of film soundtrack composers.
theque of the Museum of Modern Art in Rio. He is
a founding member of SOCINE – Brazilian Society PEDRO AFONSO VASQUEZ
of Cinema and Audiovisual Studies, taking part in Writer, translator, photographer and curator. Au-
its Scientific Council, and the Society for Cinema thor of 25 books, which include: Dom Pedro II e a Fo-
and Media Studies as well as the Brazilian Cinema tografia no Brasil; Fotógrafos Alemães no Brasil do
Researchers Center. Essayist, researcher and cu- Século XIX; O Brasil na Fotografia Oitocentista – all
rator, in addition to organizing exhibitions, Vieira of them considered reference works. Pedro Vasquez
has intense participation on juries of several fes- has a graduation degree in Cinema from the Univer-
tivals in Brazil (Gramado, Brasilia, Recife Interna- sité de la Sorbonne, an MA in Science of Art from
tional Film Window, Recine, among others) and Fluminense Federal University, and works as editor
abroad (Cape Winelands International Film Fes- of nonfiction at Editora Rocco. As a cultural admin-
tival) and published books, book chapters and istrator he was responsible for creating the Na-
essays also in Brazil and abroad. His most recent tional Institute of Photography at the Brazilian Art
essay on Oscarito and Grande Othello will be pub- Foundation Funarte, as well as the Department of
lished in England in the anthology Stars and Star- Photography, Video & New Technologies at the Mu-
dom in Brazilian Cinema, out in 2016, by Berghahn seum of Modern Art in Rio de Janeiro. He has fur-
Books publishing house from London. ther been director of the cultural center Solar do
Jambeiro and is a member of the Brazilian Histor-
Marcos Souza ical and Geographical Institute and the Historical
Composer, pianist and director of Cultural Ate- and Geographical Institute of Niteroi.
lier since 98, Marcos Souza began a career in mu-
sic honoring his father Francisco Mário (brother of Rafael Bucker
the cartoonist Henfil and the sociologist Betinho). Rafael Bucker is a graphic designer. He graduated
He produced and composed the soundtrack for from the College of Industrial Design (ESDI) of the
three plays of the Cia de Teatro Artesanal, where- State University of Rio de Janeiro (UERJ). Since
fore he was nominated for the Coca-Cola Award. 2007 he works in cultural projects and is respon-
In 2004 he released his fifth album, Marcos Souza, sible for the exhibition design at various cultural
with the soundtrack of Paulo Fontenelle’s documen- centers around Brazil. His work is both present in
tary Evandro Teixeira. In 2005 he released the al- printed and virtual media. The website of Rio’s cul-
bum Chapada Diamantina, soundtrack of the film tural complex City of Arts and the visual identity of
Bright by Conceição Senna. He also produced and the exhibition Expo(r) Godard are some examples
conceived a film about his own family, 3 Blood Broth- of his recent projects.
ers, directed by Angela Patricia Reiniger. In 2006 he
was responsible for the soundtrack of the movies

61
CRÉDITOS / CREDITS
Realização / Produced by Assistente de Pesquisa Equipe de Filmagem do
MP2 Produções Fotográfica/ Photographic “Minuto Lumière”/ Film Crew
Research Assistant “Minute Lumière”
Concepção e Curadoria Daiane Elias Daniel Nolasco e Maria Júlia de Paiva
Geral / Conception and
General Curatorship Pesquisa Filmes Nacionais / Edição / Editing
Aída Marques Brazilian Films Research Isabelle Valente
Clarisse Vianna
Curadoria – Filmes Instituto
Lumière – Filmes Nacionais / Film Textos da Divulgação /
Curatorship – Institut Lumière Promotional Texts Palestras / Panelists
and Brazilian Films Bernardo Florim Adriana Fresquet “O minuto Lumière:
Aída Marques a infância do cinema”
Tradução / Translation Pedro Vasquez “Alvorada do Cinema
Curadoria Fotografias / Clarisse Vianna Carioca – em breve e suave”
Photography Curatorship João Luiz Vieira “Lumière, espaço
Pedro Vasquez Projeção / Projection fora da tela e os princípios do
Nova Mídia realismo imersivo”
Curadoria Filmes Alunos Instituto Henri Gervaiseau “O Imponerável da
Benjamin Constant / Student Cenotécnica / Vida e o Sentimento da História”
Films Curatorship Exhibition Construction Alexandre Guerra “A Música
Adriana Fresquet Arte em Madeira e o Cinema – Um Caso de Amor”

Projeto Expográfico / Catálogo / Catalogue Filmes do Instituto Benjamin


Exhibition Design Rotaplan Gráfica Constant / Films of the Benjamin
Doris Rollemberg Constant Institute
Gráfica / Print
Design Gráfico / Graphic Design Gráfica Onida Alunos / Students
Rafael Bucker Kailany dos Santos Rodrigues de
Adesivagem / Vinyl Lettering Souza, Leonardo Rodrigues da Cruz,
Ambientação Sonora / Novaflex Luiz Henrique de Jesus Morais, Paola
Sound Design de Oliveira Moraes, Tatyane Chrystyne
Marcos Souza/MBr e Damião Lopes Assessoria de Imprensa / da Cruz Leite, Thays Fernanda da
Press Relations Silva Faria, Danilo Borges da Silva,
Direção de Produção / Production Meio e Imagem Comunicação Jeferson Marins da Silva, Luiz Gustavo
Martha Ferraris Ferreira dos Reis, Maiara Dias Cerca,
Mariana Bispo Oliveira, Andreza Paola
Assistente de Produção / Ribeiro, Daniel Pedrosa Barbosa, Davi
Production Assistant Documentação / Documentation Alberto Souza de Abreu, Julia Cavaline
Nina Morgenstern Medeiros, Ketlem Vitória Oliveira,
Vídeo / Video Lorrany Vitória R. de Assis, Maria
Produção Executiva / Daniel Nolasco e Maria Júlia de Paiva Carolina Santos, Samuel Pani Alves,
Executive Producer Adrielle Souza Medeiros, Bruno Jorge
Andréa Camargo Fotografia / Photography Lopes Silva, Carlos Eduardo Oliveira,
Vitor Vogel Daniel Dias, Drielle Vitória Carvalho
Pesquisa Fotográfica / de Lima, Evelyn Dayane da Silva Primo,
Photographic Research Giuliana C. Porto, Mateus Gabriel
Pedro Vasquez Souza Santos de Moura, Taiza Marcela
da Silva Faria, Thiago Luiz Vieira

62
Theotônio, Carina Domingos de Souza, Margriet Spikman
Gleiciane Martins de Souza, Juliana
Aparecida Ferreira Gonzaga, Marcos Arquivo Nacional
Junior Silva Santos, Wallace Oliveira Biblioteca Nacional
da Silva, Gustavo Brasiliense Costa, Museu da Imagem e do Som Rio
Vanessa Barbosa da Silva, Michel de Janeiro
Hugo Silva Pereira Magno, Deiviti de Instituto Benjamin Constant
Souza Gonçalves da Silva e Elian dos Alliance Française – Rio de Janeiro –
Santos Franco Borges Isabelle Diris e Jean-Paul Lefevre
Adair Rocha
Coordenadoras da Escola de Mauro Domingues
Cinema CINEAD “Adele Sigaud” / Professor Rubens Fernandes Júnior
Coordinators of the Cinema Ilda Santiago
School CINEAD “Adele Sigaud” Guillaume Pierre
Cristina Morais (pedagoga) e Josiane Paule Maillet
Saltarelli (professora) Marie De Palle

Assistente de Aluno /
Student’s Assistant
Walmir da Costa Penha

Diretor Departamento de
Educação / Director of the
Education Department
Paulo Augusto

Diretor Geral / Head of the IBC


Prof. Dr. João Ricardo Figueiredo
e Alan Pereira dos Santos Thomas
(PIBIC/FE/UFRJ)

Filmes e Fotografias / Films


and Photographs
Instituto Lumière
Arquivo Nacional
Biblioteca Nacional
Coleção Rubens Fernandes Júnior
Instituto Benjamin Constant
Museu da Imagem e do Som

Agradecimentos /
Acknowledgements
Institut Lumière
Diretor
Thierry Fremaux
AFL
Nathalie Morena

63
Visitação de 9 de dezembro a 21 de fevereiro de 2016
Terça a Domingo, das 12h às 19h
Visit December 9 to February 21, 2016
Tuesday to Sunday, 12:00 a.m. to 7:00 p.m.

Centro Cultural Correios


Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro
Rio de Janeiro – RJ

www.correios.com.br/cultura

64

Você também pode gostar