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Departamento de Ciências da Comunicação,

Artes e Tecnologias da Informação

Licenciatura em
Comunicação Aplicada em
Marketing, Publicidade e Relações Públicas

Análise de “A Metamorfose de
Narciso” de Salvador Dali

Trabalho Realizado no Âmbito da Cadeira de


Metodologia de Análise de Imagem

Discentes: Melissa Coelho nº 20073848


Nicole Carvalho nº 20071514
David Jorge nº 20070457

Turma: C.A 1D2

Docente: Miguel Caissoti

29 De Janeiro de 2008

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I – Introdução
Este trabalho, efectuado no âmbito da cadeira de Metodologia de Análise de
Imagem, consiste em analisar uma obra de Arte. Perceber em primeiro lugar, quando foi
pintada, por quem, em que contexto artístico. Por outro lado, o nosso estudo irá basear-
se na imagem propriamente dita: Qual o motivo, as cores, as técnicas, as mensagens
(…), de forma a perceber o funcionamento da obra e os objectivos do autor.
A nossa escolha é a obra A Metamorfose de Narciso, de Salvador Dali, pintada
em 1937. O nosso trabalho é composto, em primeiro lugar, pela vida e obra do autor. De
seguida, o contexto histórico e artístico do estilo do autor e da obra. Segue-se então a
análise da obra, juntamente com a explicação do mito de narciso e, por fim, algumas
curiosidades sobre o pintor.

II – Biografia do autor
Salvador Felipe Jacinto Dalí i Domènech, nasceu a 11 de Maio de 1904 na vila de
Figueres, Catalunha, Espanha. Filho de Salvador Dalí i Cusí (de origem árabe), um
homem de classe média e uma figura popular da cidade, e de Felipa Domenech (cuja
família era de origens judaicas, era oriunda de Barcelona), uma dona de casa
dedicada ao catolicismo.
Dalí, iniciou a sua educação artística formal na Escola de Desenho Municipal. E foi
em 1916, durante umas férias de verão em Cadaquès, passadas com a família de
Ramon Pichot (artista local), que teve o primeiro contacto com a pintura
impressionista.
No ano seguinte (1917), o próprio pai de Dalí organizou uma exposição dos
desenhos a carvão do filho. Dalí teve a sua primeira oportunidade de expor o seu
trabalho ao público geral numa exposição em 1919 no Teatro Municipal em
Figueres, sua cidade natal.
Em 1922, Dalí mudou-se para Madrid, onde frequentou a academia de artes de San
Fernando. Já então, Dalí chamava a atenção pelo seu estilo peculiar. Cabelo
comprido e patilhas, casacos compridos, um grande laço ao pescoço, calças até ao
joelho e meias altas, era considerado um excentrico. Contudo o que chamou maior
atenção por parte dos colegas foram os seus quadros onde fez experiências com o
cubismo.
Dalí experimentou igualmente o dadaísmo, que provavelmente influenciou todo o
seu trabalho.
Em 1926 Dalí foi expulso da Academia, declarando que ninguém na Academia era
suficientemente competente para o avaliar.

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Nesse mesmo ano, Dalí fez a sua primeira viagem a Paris. Aí, encontrou Pablo
Picasso, um dos seus idolos de há muito. Picasso já tinha ouvido falar bem de Dalí,
através de Juan Miró, sendo que as obras realizadas nos anos seguintes sofrem
grande influencia destes dois artistas. No entanto, Dalí foi simultaneamente
desenvolvendo o seu próprio estilo. Com 20 anos já evidenciava algumas
tendências no seu trabalho que permaneceram ao longo de toda a sua carreira,
mas conseguiu reunir influências de vários estilos de arte e produziu trabalhos
desde o classicismo mais académico à vanguarda mais avançada, por vezes em
obras separadas outras vezes combinados na mesma obra. As suas exposições em
Barcelona despertaram grande atenção no meio da arte, alguns elogios e inúmeros
debates por parte dos críticos.

A 1929, Dalí entra numa curta-metragem (Un Chien Andalou) realizada pelo
também espanhol Luis Buñuel. Em Agosto conhece a sua verdadeira musa. Elena
Ivanovna Diakonova, ou simplesmente Gala Éluard, uma imigrante nascida em
1894 na Tartária, Rússia com a qual acabaria mais tarde por casar pelo registo civil
(em 1934). Ainda no mesmo ano, Dalí integra um grupo surrealista num bairro de
Paris.
Em 1937 pintou o quadro “Metamorfose de Narciso”.

Dois anos mais tarde (1939), Dalí é expulso do grupo surrealista por motivos
politicos. Declara então a polémica frase “O surrealismo sou eu!” em tom de
resposta. Os restantes surrealistas não encararam bem este facto e como tal,
decidiram entre si referir-se a Dalí sempre no passado, como se este já estivesse
morto.

Dalí e a sua musa Gala mudam-se para os Estados Unidos a 1940 onde
permanecem até ao ano de 1948. Foi nesse periodo, mais concretamente a 1942
que publica a sua autobiografia, “A vida secreta de Salvador Dalí”.

No ano de 1948 muda-se para a Catalunha, Espanha, onde reside até ao fim dos
seus dias. Volta a casar com a sua musa Gala, a 1958, desta vez numa cerimónia
católica na capela de Àngels, perto de Girona, Espanha.

Em 1960, Dalí iniciou o seu trabalho no Teatro-Museu Gala Salvador Dalí, na sua
terra natal de Figueres. Foi o projecto de maior vulto de toda a sua carreira e o
principal foco do seu empenho até 1974, mas continuou a fazer acrescentos até
meados dos anos 80.

Com a morte de Gala, a 10 de Junho de 1982. Dalí entrou numa profunda


depressão, perdendo toda a vontade de viver. Recusava-se a comer, e acabou por
ser hospitalizado e alimentado por uma sonda nasal. “Amo Gala mais do que a
minha mãe, o meu pai, mais do que Picasso e mesmo mais do que o dinheiro.”

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Em Janeiro de 1989, Salvador Dalí morreu de pneumonia e falha cardíaca na sua
cidade de berço e foi sepultado em campa rasa no átrio principal do seu Teatro-
Museu Dalí.

A obra de Dalí é composta por mais de 1500 quadros (muitos deles da sua esposa e
musa Gala), ilustrações para livros, litografias, desenhos para cenários e trajes de
teatro, um grande número de desenhos, dezenas de esculturas e outros projectos
variados. Foi mais tarde proclamado um idolo e grande influencia para alguns
artistas da pop art, como foi o caso de Andy Warhol.

III – Surrealismo, contexto histórico


O surrealismo é um movimento artístico e literário que surge no princípio dos
anos vinte, em Paris, França. A palavra Surrealismo foi criada em 1917 pelo poeta
Guillaume Apollianaire e é adoptada pelos Surrealistas por reflectir a ideia de algo para
além do real. O que marcou o início deste movimento foi a publicação do Manifesto
Surrealista, feito pelo poeta André Breton, em 1924.

Este movimento reúne artista anteriormente ligados as Dadaísmo (movimento artístico e


literário, apareceu em França em 1916, vangloriava a volta a um primitivismo infantil),
que propunham apenas a destruição.

É fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, este


movimento pretende explorar a força criativa do subconsciente, valorizando assim um
anti-racionalismo, a livre associação de pensamentos e sonhos. Segundo Freud, o
Homem deve libertar sua mente da lógica imposta pelos padrões comportamentais e
morais estabelecidos pela sociedade e dar vazão aos sonhos e as informações do
inconsciente, ou seja, os artistas ligados a este movimento, além de rejeitarem os valores
ditados pela burguesia, criam obras repletas de humor, sonhos, utopias e qualquer
informação lógica. Os Surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e
a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases, desta forma, pretendiam
atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente.
Embora sejam muito radicais, os Surrealistas são atraídos para os mesmos estados de
espirito dos românticos, nos estados de tristeza, melancolia e fantasia.

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O Surrealismo destacou-se nas artes, principalmente por quadros ou esculturas que
expressavam os sonhos dos artistas, não bastavam ser sonhos comuns, deveriam ser
aqueles que tem formas variadas e confusas, como um boi com asas.

Os principais artistas deste movimento foram Salvador Dali, Joan Miro (Pintor
espanhol, autor de composições a principio surrealistas, depois abstractas), Hans Arp
(escritor frânces, é um representante da arte abstracta.), Kurt Schiwitters, Marcel
Duchamp (Pintor francês, inicialmente influenciado pelo Cubismo, teve participação
importante no movimento Dadaísmo e no surrealismo), Max Ernst (Pintor francês, teve
parte activa no movimento Dadaísta e no movimento Surrealista), André Masson
(Pintor francês, decorou o tecto do teatro Odéon), René Magritte (pintor belga é um dos
principais representantes do surrealismo), entre outros

Este movimento é considerado o mais forte e controverso do período entre guerras, pois
espalhou-se pelo mundo inteiro e influenciou varias gerações. Para além de França
(onde surgiu), os EUA onde vários artistas europeus se refugiaram durante a segunda
guerra mundial, inspirou o expressionismo abstracto.

Este movimento dividiu-se em duas correntes, a primeira representada por Salvador


Dali, que trabalhou a distorção e justaposição de imagens conhecidas. A sua obra mais
conhecida nesta corrente é a Persistência da Memória, aqui aparecem vários relógios,
desenhados de tal forma que parecem estar a derreter.

A Persistência da Memória – Salvador Dalí

A segunda corrente, é caracterizada principalmente por os artistas libertarem a mente e


expandirem o inconsciente, sem nenhum controlo. Os artistas que se destacam nesta
corrente é Miro e Max Ernst, as suas telas saem com formas curvas, linhas fluidas e com

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muitas cores. A pintura de Joan Miro O Carnaval de Arlequim representa muito bem
esta corrente do Surrealismo.

O Carnaval de Arlequim – Joan Miró

No final da década de 1960, o grupo entra em crise e acaba por se dissolver

André Breton define Surrealismo no manifesto publicado que lançou o movimento:


“Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, seja
por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento”.

O surrealismo e o Salvador Dali:

Dali incorporou-se no surrealismo (1929) quando este movimento já continha vários


elementos e alguns anos de existência, com a ajuda de Gala Eluard, a mulher que seria
mais tarde sua esposa, entre 1923-1939 criou as suas obras mais famosas, e
provavelmente as melhores, usando um método que ele próprio criara “crítico-
paranóico”. Este método envolvia várias formas de associações irracionais, que as
imagens variavam conforme a percepção do observador, de tal forma que num grupo de
soldados pudesse de repente ser visto um rosto de uma mulher. Separou-se deste
movimento relativamente rápido (entre 1937-1938), foi expulso do movimento por
André Breton que denunciou a “impureza”, por situar a sua arte numa zona (por
sugestão do classicismo), que, se é heterodoxa a respeito do surrealismo programático,
não deixando de estar ligado ao mesmo.

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A melhor definição sobre o que é o surrealismo pode ser obtida observando o quadro
quase fotográfico de Cristo, na obra de Dalí Cristo San Juan de la Crúz (1951), nesta
obra Cristo está sobre o mundo, mas a nossa visão está ainda acima de Cristo e acima do
mundo. Isto só pode acontecer numa visão surrealista.

Cristo San Juan de la Cruz

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IV– Análise da obra

A Metamorfose de Narciso é uma das primeiras obras a adoptar a técnica de


paranóia critica, inventada pelos surrealistas. É uma obra complexa pelos inúmeros
detalhes que nela se encontram.
Em primeiro lugar, a obra não passa despercebida a ninguém. De facto, as suas
cores são vivas, fortes, resplandecentes. O uso das cores primárias, azul, amarelo e
vermelho, sem mistura, dá ao conjunto da obra, uma enorme luminosidade.
Por outro lado, somos obrigados a olhar para a tela, para perceber de que se
trata e como funciona. Percebemos, por fim, que o quadro pode ser dividido em quatro
partes destinas. Encontramos dois planos que podem, ambos, ser divididos em dois. Há
uma constante oposição entre os elementos da obra.

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No primeiro plano, destacam-se duas figuras principais, divididas por um eixo
de simetria vertical, caracterizado pelo reflexo da falésia no rio, e pelo contraste das
cores entre os dois motivos.

A atenção do espectador é direccionada para a figura da esquerda. Esta está nua,


apresenta traços humanos, os braços e as pernas revelam um corpo musculado. A sua
cor é natural, as sombras que incidem sobre o corpo, deixam-nos imaginar que a
personagem se encontra debaixo da luz do pôr-do-sol. A figura é estática, recolhida
sobre ela própria, tirando o cabelo, que parece mover-se no vento. A personagem é tal
uma escultura, lembra-nos de uma certa forma, O Pensador de Rodin.

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A figura da direita aparece então como um duplo da primeira. Vemos uma mão a
segurar um ovo quebrado, de onde surge um narciso seco. A mão é estática, as suas
cores são pálidas e cadavéricas. Esta contrasta não só com as cores resplandecentes da
figura à esquerda, mas também com as formigas, que passam por cima dela, e com a
serpente, que se encontra no indicador. Podemos supor que a serpente representa a
tentação e a destruição de qualquer criação. A figura é sinistra, tal como toda a parte
direita da imagem. De facto, ao lado da mão aparece um cão de caça esquelético,
entretido a devorar uma carcaça que ali jazia.

Por outro lado, o primeiro plano é marcado pela presença do reflexo de Narciso
na água. Esta é sombria e faz referência ao rio Estige, um dos rios de Hades. A água foi,
durante muito tempo, utilizada como elemento representativo do inconsciente, do
desconhecido e das oportunidades. É o elo de ligação à segunda parte do quadro, situada
no segundo plano.

Como já referido, o segundo plano representa uma quebra com o primeiro,


parece não ter qualquer ligação com as figuras representadas. No entanto, é olhando
para a parte de trás que percebemos a lógica do quadro.

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No lado esquerdo, podemos observar oito mulheres nuas, que podemos supor
serem ninfas, a dançar de forma caótica, como nos cultos a Dionísio. Assim, o lado
esquerdo representa aquilo que Freud chama de “id” ou inconsciente. São os impulsos
primordiais do homem, que não se controlam, são caóticos e revelam a verdadeira
natureza do homem.

Em oposição, o lado direito é caracterizado pelo tabuleiro de xadrez, símbolo de


estratégia, calma e ordem. Mais uma vez, encontramos uma oposição, neste caso, entre
o preto e o branco do tabuleiro. No centro, vemos uma mulher encima dum pódio, que
faz referência a uma das musas de Apolo. Se continuarmos com a nossa teoria, este lado
representa o “superego” ou consciência de Freud. É o que controla os impulsos e impõe
limites.

Estes dois cenários continuam a ser divididos por um eixo de simetria vertical,
representado, neste caso, por uma estrada que continua para além do quadro. È o
símbolo do “Ego” ou eu freudiano. Encontra-se no meio destas duas forças opostas, e
lembra-nos o caminho da vida, com as suas possibilidades e barreiras.

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Assim, toda a obra está baseada num jogo de oposições entre elementos. No
primeiro plano, há uma oposição entre a vida e a morte, ou o sonho e a realidade. Mas
também entre a terra e a água. Por outro lado, o segundo plano é caracterizado pela
oposição entre a ordem e o caos, entre o ser e o parecer, o consciente e o inconsciente.
Podemos supor que Dali queria demonstrar que tudo nasce de oposições e
contradições. A vida gera a morte, o mal gera o bem, o inconsciente gera o consciente.
Esta ideia pode ser apoiada com a obra A Origem da Tragédia do Nietzsche, que faz
referência à oposição entre as coisas, com a ajuda de Dionísio e Apolo.

V – Poema sobre A Metamorfose de Narciso


No âmbito da criação desta obra, Dalí publica também um poema, que nos leva ainda
mais longe no que toca ao mistério deste quadro ( A única referência que encontrámos
foi em francês).

Narcisse s'anéantit dans le vertige


cosmique
au plus profond duquel
chante
la sirène froide et dionysiaque de
sa propre image.
Le corps de Narcisse se vide et se perd
dans l'abîme de son reflet,
comme le sablier que l'on ne retournera pas.
Narcisse, tu perds ton corps,
emporté et confondu par le reflet
millénaire de ta disparition,
ton corps frappé de mort
descend vers le précipice des topazes
aux épaves jaunes de l'amour,
ton corps blanc, englouti,
suit la pente du torrent férocement
minéral
des pierreries noires aux parfums âcres,
ton corps...
jusqu'aux embouchures mates de la nuit
au bord desquelles
étincelle déjà
toute l'argenterie rouge
des aubes aux veines brisées dans
«les débarcadères du sang».
Narcisse,

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comprends-tu?
La symétrie, hypnose divine de la
géométrie de l'esprit, comble déjà ta tête
de ce sommeil inguérissable, végétal,
atavique et lent
qui dessèche la cervelle
dans la substance parcheminée
du noyau de ta proche métamorphose.
La semence de ta tête vient de tomber
dans l’eau.
L'homme retourne au végétal
par le sommeil lourd de la fatigue
et les dieux
par l'hypnose transparente de leurs
passions.
Narcisse, tu es si immobile
que l'on croirait que tu dors.
S'il s'agissait d'Hercule rugueux et brun,
on dirait : il dort comme un tronc
dans la posture
d'un chêne herculéen.
Mais toi, Narcisse,
formé de timides éclosions parfumées
d'adolescence transparente,
tu dors comme une fleur d'eau.
Voilà que le grand mystère approche,
que la grande métamorphose va avoir
lieu.
Narcisse, dans son immobilité, absorbé
par son reflet avec la lenteur digestive
des plantes carnivores, devient invisible.
Il ne reste de lui
que l'ovale hallucinant de blancheur
de sa tête,
sa tête de nouveau plus tendre,
sa tête, chrysalide d'arrière-pensées
biologiques,
sa tête soutenue au bout des doigts
de l'eau,
au bout des doigts
de la main insensée,
de la main terrible,
de la main coprophagique,
de la main mortelle
de son propre reflet.
Quand cette tête se fendra,
Quand cette tête se craquèlera,
Quand cette tête éclatera,
ce sera la fleur,
le nouveau Narcisse,

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Gala - mon narcisse.

in Métamorphose de Narcisse,
Éditions surréalistes,
Paris, 1937

VI – O mito de Narciso segundo Ovidio

Nas Metamorfoses, Ovídio conta a história de uma ninfa bela e graciosa


chamada Eco que amava Narciso em vão. A beleza de Narciso era tão inigualável que
ele pensava que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo.
Como resultado disso, Narciso rejeitou a afeição de Eco até que esta, desesperada,
definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Para dar uma lição ao
rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio
reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco
do rio e definhou, olhando-se na água. As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando
foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso.

VII – Curiosidades

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Salvador Dalí é conhecido pelo seu carisma e extravagância. O facto é que Dali
permanece na mente e na vida dos apreciadores do surrealismo, nomeadamente graças
aos seus museus.
O mais interessante é, sem dúvida, o Teatro – Museu que ele criou na sua terra
natal, Figueres em Espanha.

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Expulsão da academia: Na Escola de Belas Artes de Madri, Salvador Dalí ficou
famosa por sua auto-suficiência. Em Junho de 1926, recusou-se a fazer as provas da
disciplina de Teoria das Belas Artes, por achar que nenhum professor tinha competência
suficiente para julgar seu trabalho. Em represália, o conselho disciplinar da instituição
decidiu pela expulsão do aluno rebelde.

Extravagâncias: Dalí adoravam chocar o público com suas declarações e aparições


inusitadas. Em 1936, na abertura de uma exposição surrealista em Londres, apareceu
vestido em trajes de mergulho. De outra feita, fez uma conferência com um pedaço
de pão sobre a cabeça. Ainda nos tempos da Academia em Madrid, quando um
professor propôs à classe uma estatueta da Virgem Maria como modelo para uma
aula de pintura e desenho, Dalí pintou uma balança.

Memórias precoces: Dalí escreveu suas memórias, o livro "A vida Secreta de
Salvador Dalí", aos 37 anos. "Normalmente os escritores começam a escrever suas
memórias depois de viver sua vida, mas, com meu vício de fazer tudo
diferentemente dos demais, achei que era mais inteligente começar escrevendo
minhas memórias e vivê-las depois", explicou.

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Dalí no cinema: Em Janeiro deste ano, anunciou-se em Hollywood que o actor Al
Pacino encarnará, em breve, Salvador Dalí nas telas do cinema. O filme promoverá
o reencontro de Pacino com o roteirista e director Andrew Niccol, com quem já
trabalhou em "Simone", de 2002. As filmagens devem começar em Junho. "Dalí &
I: The Surreal Story" se concentrará no período da maturidade do artista.

Por outro lado, Dalí também é conhecido pelas suas participações cinematográficas,
nomeadamente nos filmes de Luís Buñuel.

Algumas obras do pintor foram utilizadas de forma humorística. A mais conhecida


sendo A persistência da memória dos Simpson:

VIII – Citações

"Arte moderna é quando se resolve comprar um quadro para esconder uma parte da
parede cuja pintura está descascando e, depois de examinar umas 50 obras, se chega à
conclusão de que o melhor mesmo será deixar como está."

 "Eu vivo em permanente estado de ereção intelectual."

"Não tenha medo da perfeição. Você nunca vai atingi-la."

"A diferença entre as lembranças falsas e verdadeiras é a mesma das jóias: as falsas

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sempre aparentam ser as mais reais, as mais brilhantes."

 "Como posso querer que meus amigos entendam as coisas loucas que passam pela
minha cabeça, se eu mesmo, não entendo?"

”A cultura do espírito identificar-se-á com a cultura do desejo.”

 “A minha única diferença em relação a um homem louco é que eu não sou louco!

“O termómetro do sucesso é apenas a inveja dos descontentes.”

“Tão pouco do que pode acontecer acontece.”

VIII – Conclusão

O estudo da obra A Metamorfose de Narciso permitiu-nos conhecer mais


detalhadamente a vida e o estilo de Salvador Dali. Por outro lado, conseguimos
transmitir os objectivos e as técnicas do pintor, graças à análise da obra.
Assim, podemos concluir que A Metamorfose de Narciso. É complexa, repleta de
referências mitológicas, de simbologia e de filosofia, está directamente ligada ao
inconsciente, ao sonho e a vida do homem em geral. É uma obra surrealista, que nos
mostra outras perspectivas sobre assuntos já estudados. Embora esteja ligada a um estilo
particular, desprezado por muitos, adorado por outros, é compreensível para todos.
Esperemos que tenhamos conseguido despertar algum interesse para este autor
tão controverso.

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